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ARQUITETURA - DECORAÇÃO - DESIGN - ARTE - ESTILO ANO VII - Nº 56 - DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA WWW.REVISTASIM.COM.BR desenhando CARLOS AUGUSTO LIRA

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Revista sobre arquitetura, design e artes

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ARQUITETURA - DECORAÇÃO - DESIGN - ARTE - ESTILO

ANO VII - Nº 56 - DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA

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d e s e n h a n d o CARLOS AUGUSTO LIRA

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Reprodução de retrato: Carlos Augusto Lira pintado por Gil Vicente.

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FIQUE POR DENTRO - 08As novidades e tendências do mercado de decoração.

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Diretor Executivo Márcio Sena([email protected])

Coordenação Gráfica e EditorialPatrícia Marinho ([email protected])Felipe Mendonça([email protected])

REDAÇÃOAriella Dias([email protected])Flaviano Quaresma([email protected])Paula Delgado([email protected])Maria Leopoldina([email protected])

RevisãoFabiana Barboza([email protected])

Consultoria EditorialRoberto Tavares

Arquiteto ColaboradorAlexandre Mesquita

Operações ComerciaisMárcio Sena([email protected])

ComercialEliane Guerra (81) 9282.7979([email protected])

Assessoria JurídicaAldemar Santos - O.A.B. 15.430

SIM! é uma publicação bimestral daMIRAIMÍDIA DESIGN E EDITORA LTDA

Redação R. Rio Real, 49 - Ipsep - Recife - PE CEP [email protected] / Fax: (81) 3471.3705

ComercialR. Bruno Veloso, 603 - Sl 101Boa Viagem - Recife - PECEP [email protected] / Fax: (81) 3327.3639

Os textos e artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da revista.

ESPECIAL - CARLOS AUGUSTO LIRA - 14Os 30 anos de um consolidado e admirado escritório de arquitetura.

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Esta edição é uma homenagem aos 30 anos do escritório Lira Arquitetos Associados. Mais do que isso... é um SIM! ao grande arquiteto Carlos Augusto Lira, que leva consigo uma história de muito sucesso, sabedoria e beleza. Tentamos desenhar Carlos Augusto, mas, acreditem, as páginas são poucas para mostrar porque seu trabalho é tão admirado. Um homem múltiplo, apaixonado pelo que faz, amante das artes, exercitando sempre a sua criatividade...

O que mais impressiona em seu trabalho é como consegue captar a alma do cliente; seus projetos têm personalidades diferentes porque transmitem histórias de vida. Visitar um projeto ou uma mostra dele é sempre uma surpresa. Uma feliz surpresa. Para a SIM! é uma honra poder desfrutar das suas idéias. Parabéns! Muitos anos de vida! SUCESSO SEMPRE!!!

Não perca tempo! Leia a SIM!Patrícia [email protected]

“Porque se a arquitetura é mandada por leis da natureza e por leis humanas, tanto sociais como individuais do homem, disso resulta uma forma, que a gente decora em seguida”.

Luiz Manoel do Eirado Amorim

Modernismo Recifense: uma escola de arquitetura, três paradigmas e alguns paradoxos

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Embutidos GX Desenvolvidos para atender as mais variadas necessidades de um projeto luminotécnico, os embutidos GX permitem compor módulos de lâmpadas fluorescentes, sem para isso ficar preso a uma estrutura fixa, o que facilita sua montagem em variadas composições. O sistema pode ser encontrado em formatos geométricos, quadrados e retangulares, em diferentes tamanhos. A linha técnica dos embutidos foi desenvolvida com bordas arredondadas e, para ampliar suas possibilidades de uso, o sistema também pode ser encontrado na versão no frame (moldura interna no gesso).Light Design | Fone: (81) 3327.0845

Recicla Vidro no IF Design 2008 Errata. A Light Design não foi a única empresa pernambucana a receber o selo do IF Design 2008, como mencionamos na edição 55 da SIM!. O Atelier Moema Cardoso, com a "Recicla Vidro" pastilhas de vidro feitas de vidro reciclável, está entre os 17 brasileiros contemplados com o prêmio internacional. As pastilhas foram desenvolvidas, quando Moema Cardoso começou a aproveitar as muitas sobras de vidros de seu ateliê. As peças visam um nincho ainda não explorado: revestimento em vidro, com aplicação de texturas e opções de cores variadas.As dimensões das pastilhas são de 10 x 10cm, nas cores preta, vermelha, azul, amarela, laranja, verde, branca e tranparente.As pastilhas transparentes devem ser acentadas com argamassa branca, mas as coloridas com argamassa normal cinza para acentamento de porcelanato. A limpesa e a manutenção são normais, como para qualquer outro revestimento.A comercialização é feita diretamente pelo atelier de Moema e o prazo de entrega é de aproximadamente 20 dias, dependendo da quantidade solicitada. O preço do metro quadrado é de R$ 233,00 para a transparente, as demais cores sob consulta. Atelier Moema Cardoso | Fone: 81 3251.1159 - 9954.0831 | [email protected]

30 Novos TapetesA empresa A.Carneiro lança na feira Abimad, em São Paulo, 30 novos desenhos de tapetes. Entre as opções estão a linha Damme, o Street, o Ur-bain, o Vintage e o Vogue. Após o evento, todos os lançamentos estarão disponíveis nas lojas A.Carneiro. A.Carneiro | Fone: 3081.9192

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Revestimentos naturaisAtendendo à necessidade de manter o equilíbrio ecológico e preservar a bio-diversidade, as lojas Luthier estão com um estoque de produtos elaborados com materiais naturais. São várias opções de pisos e revestimentos ecológicos, entre eles madeira, ardósia envelhecida, coco, couro e cortiça. A diversidade traz a possibilidade de usar os revestimentos em vários lugares da casa, desde a porta de entrada até os quartos e móveis. Na imagem, as pastilhas de coco utilizadas pela arquiteta Érika No-vaes! Luthier | Fones: (81) 3241.6364/ 3091.1068

MammaUma das vedetes da loja DaLuz é sem dúvida a luminária decorativa Mamma. A peça traz no design e no nome a alusão às formas femi-ninas. Com releitura às peças clássicas indus-triais, sua cúpula parabólica cria a sensação de infinito. Além disso, a mudança de cores em uma mesma luminária proporciona um astral muito interessante ao objeto. Com luz difusa eficiente, sua indicação é para mesas em ambientes comerciais ou residenciais. Daluz Iluminação | Fone: (81) 3465.9433

Sommelier digital Importado com exclusividade pela Enoteca Fasano, o Wine Master é um computador de mão que apresenta todas as informações que o enófilo precisa para apreciar a experiência de beber vinhos e outras bebidas. Oferece um enorme volume de conhecimento, normalmente reservado apenas aos grandes conhecedores de vinho. A novidade funciona como um sommelier pessoal, que pode ser consultado a qualquer momento e em qualquer lugar.Enoteca Fasano SP - www.enotecafasano.com.br Fone: (11) 3074.3959

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Ultra & ElianeA Ultra Distribuidora fechou mais uma marca para o seu portfólio, a Eliane Revestimentos Cerâmicos. Apesar da empresa já comercializar em Pernambuco, a parceria rentabiliza um fornecedor com atendimento personalizado de show rooms. Entre os destaques disponíveis na Ultra, estão: a coleção Corpus (formada por peças com motivos tribais que lembram tatuagens) e a Printemps, foto, (invadida por flores com suavidade nas cores, ao estilo barroco). Ultra DistribuidoraFones: (81) 3463.2100/ 3463.2122

ApoioA Florense Recife está apostando na funcionalidade das mesas de apoio. O que antes servia apenas como base de sustentação para livros e lanches, por exemplo, hoje ganhou novos espaços, favorecendo opções para home theaters, livings e quartos. Aumentando a funcionalidade, os designs transitam entre formas e tamanhos, podendo, inclusive, se adequar ao tamanho dos estofados. As mesas da linha Trasso (foto) têm pés em inox escovado e se encaixam em outros móveis, como em sofás e mesas de centro. Já as mesas com pés de madeira que se cruzam, com inclinação e tampos redondos ou quadrados, são uma opção para os ambientes mais tradicionais. Florense Recife | Fone: (81) 3302.3800

Hidromassagem com cromoterapia por LED Associando o relaxamento oferecido pela hidromassagem à energia oferecida pelas cores, através da cromoterapia, a Pretty Jet lançou a condução de luz por LED (Light Emitting Diode) para banheiras de hidromassagem. O equipamento é adaptável a qualquer modelo e o fabricante afirma obter um efeito superior ao da Fibra Ótica. A novidade possibilita gradações na mudança de uma cor para outra, estabilizando, se necessário, ou deixando em modo seqüencial — em que aparecem todas as cores. Pretty Jet | www.prettyjet.com.br/

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Além dos 30, ainda de manhã, no outro dia...

"Sou filho 'temporão', Aquele que veio depois do tempo adequado. Na época, meus irmãos já eram todos adolescentes e Nilton, meu irmão mais velho, já fazia arquitetura, umas das influências de minha escolha pela área"

(Carlos Augusto Lira)

Flaviano Quaresma | Maria Leopoldina | Paula Delgado

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Janete Costa

Acácio Borsoi

Burle MaxCarlos Augusto Lira

Carlos Augusto Lira no começo de sua carreira no escritório de Janete Costa e Acácio Borsoi,

acompanhando os arquitetos e o paisagista Burle Max em viagem para projeto no Piauí.

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Arquivo passoal do arquiteto

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É... São 30 anos de atividades. Mas, na verda-de, é muito mais. Mais porque se pode dizer que Carlos Augusto Lira é um profissional completo. Arquitetura, Interiores, Paisagismo, Arte, Carna-val, Vida. Há valores que nasceram com ele, em Natal, Rio Grande do Norte, e vieram com ele para o Recife, lugar onde tem a grande influên-cia para a sua experiência profissional e de vida. "Nasci quase que por acaso em Natal, fui o único dos cinco irmãos", complementa.

A carreira de arquiteto era muito nova na época, em meados de 1960, antes da Revolução. Entre-tanto, a curiosidade de Lira foi o primeiro indício de que nada poderia separá-lo da profissão. Além de conviver com desenhos, Carlos Augusto tam-bém vivia de freqüentar os casarões da família, como o da sua avó. Lá, ele ficava encantado com as estruturas arquitetônicas e com os móveis. Na época de colégio, quando estudava no Marista, em Recife, era conhecido como "rato de obras" porque entrava em prédios em construção só por curiosidade. Também nessa fase, o irmão Nilton montou seu escritório no Edifício Pirapama, no centro da cidade. Antes mesmo de ser estagiário de Borsoi e Janete, Lira já freqüentava as obras dos arquitetos, conta.

Essa história da arquitetura de Lira começou em em 1972 com a primeira turma de arquitetura na antiga Escola Belas Artes do Recife, hoje UFPE, com número excedente de estudantes. Carlos lembra que a turma deveria ser composta por 20 selecionados, mas, pela primeira vez, um nú-mero maior de inscritos conseguiu notas excelen-tes e assim se formaram duas turmas. Lira foi o 6º lugar no vestibular e o campus funcionava na Avenida Conde da Boa Vista. "Era uma época de ouro porque tudo acontecia no centro da cidade. Quando virávamos a noite estudando, no siste-ma de ateliê da época, recordo que íamos para o Cais de Santa Rita. Havia um movimento político muito forte e os estudantes de arquitetura car-regavam essa fama de politizados e elitizados", conta. Na época, acontecimentos culturais im-portantes ocorriam no Teatro de Arena.

O primeiro estágio foi com o irmão, mas todo mundo da faculdade sonhava em ser discípulo de Janete e Borsoi e esse também era o desejo de Lira. Quando Janete comprou a casa de Olinda, em seguida, Lira foi chamado para ser estagiá-rio no escritório situado na Rua das Ninfas, na Boa Vista. O inusitado e o moderno em Borsoi influenciaram muito o trabalho de Carlos Augus-to Lira. "O escritório dos arquitetos era o maior do Nordeste, lugar de vanguarda. Foi a chance que eu tive de acompanhar essa vanguarda e o melhor de tudo é que eles incentivavam isso. Os desenhos, o planejamento arquitetônico, as novi-dades. Foi um grande aprendizado conviver com Janete e seu trabalho. Eu vesti a camisa porque havia um prazer em estar e aprender", relata.

Há também um jogo de coincidências nessa re-lação entre Lira e Borsoi, que já se conheciam desde criança devido a uma relação ainda mais estreita entre o arquiteto e a sua família. A expe-riência foi para lá de especial, como conta Lira. O lugar onde se pensavam conceitos em arqui-tetura: Janete e Borsoi criticavam as formas de trabalho, "via-se muito a forma e esquecia-se o fluxo e a funcionalidade". Havia uma integração muito forte entre os dois, revela.

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Mas foi no estado do Piauí que Carlos Augusto teve seu primeiro desafio: a confiança em seu trabalho rendeu a responsabilidade depositada por Borsoi quando mandou o estagiário para tomar decisões das obras de um hotel, do palácio do governo e do teatro na capital piauiense. "Foi uma grande opor-tunidade profissional e financeira. Foi quando eu comprei minha casa em Apipucos", disse. Foram anos entre o Piauí e o Recife, o que lhe renderam elogios e projetos independentes. Pôde conviver com Torquato Neto, um dos muitos amigos que fez no Piauí.

Depois dessa experiência fora de Pernambuco, vol-tou para o escritório de Borsoi e decidiu deixar o trabalho e caminhar com seus próprios pés. Mon-tou seu primeiro escritório e contou com a ajuda de muita gente para fazer nome. Entre estas pessoas estão: Maria Helena — da Construtora Eloy que abriram as portas para mim —, Eurico Louro, Amé-lia, Cristina Maranhão, Carol Loyo, Paulo Coelho Diesel, Augusto Coelho, a família Peixoto, Imperial, Relian Bandeira, entre muitos. Todos fizeram parte do meu crescimento profissional", relata.

Foto: Eudes Santana

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O pensamento de trabalho que começou a se con-figurar e que Carlos Augusto Lira investiu foi o de "conhecimento". Conhecimento de quem quer a reforma, o projeto da casa, a casa onde mora o cliente, criar elo. E muitos deles acabaram virando amigos de Lira, senão todos. "É preciso trabalhar com a vaidade do cliente, trazer alguma coisa para a sua casa, trazer história. A casa precisa da alma das pessoas e é isso que procuro, que procura-va quando tudo começou", conta emocionado. Lira sempre quis ser o arquiteto que ouve, aquele que tem a missão de não impor, mas de unir sua expe-riência com as experiências das pessoas.

Carlos Augusto acredita que credibilidade e experi-ência pesam na escolha do profissional. E o pon-to que o arquiteto toca é quanto à globalização e ao consumo: "o perigo está em basear projetos na moda do momento. Eu fujo disso e aconselho que fujam dessa armadilha, tanto clientes quanto pro-fissionais", disse. Lira acrescenta ainda que pode caracterizar dois perfis do cliente pernambucano: o tradicional, que é seguro em relação aos seus coneitos, e o que busca os profissionais da moda. "Os comportamentos são diferentes e é preciso co-nhecer bem os dois perfis", pontuou.

São muitos os trabalhos e Lira admite que foi difícil escolher entre tantos. Além de uma aula de ex-periência em Arquitetura, esta edição especial em comemoração aos 30 anos de profissão de Car-los Augusto Lira é também a demonstração de que ele adora "os vários cenários de trabalho porque é a maneira de aprender mais", como afirmou. Por isso, além dos 30, existe ainda de manhã, no outro dia... "se tudo pode acontecer", como na música de Adriana Calcanhoto.

Carlos Augusto surgiu na minha vida do nada e hoje somos grandes amigos. Há vinte anos, o contratei para construir minha casa no bairro do Parnamirim. É a mesma casa em que moro até hoje e mesmo após algumas reformas, só confio nas mãos dele.

Ele tenta descobrir o cliente por inteiro. Tem arquite-to que impõe o seu gosto, mas ele é diferente: ouve os gostos do cliente, para depois sugerir. No primeiro contato, conversamos um pouco e dias depois ele já me apresentou uma proposta que não precisei mudar uma linha.

Até hoje me sinto realmente muito à vontade na minha casa, mesmo depois de ter casado meus três filhos (inclusive Carlos Augusto é padrinho de casa-mento deles) e morar só com o marido numa casa enorme. A casa ficou grande para nós dois, mas mes-mo assim, não tenho coragem de sair de um cantinho que diz muito de mim.

Uma curiosidade é que nesses 20 anos, a casa não ficou ultrapassada. Ele idealizou um projeto arrojado e ao mesmo tempo clássico: sem muita informação, do jeito que eu gosto, utilizando muito da transparên-cia. Fico lisonjeada quando recebo Carlos Augusto em minha casa e ele comenta: “Você é uma ótima clien-te, consegue mesmo manter a ambientação da casa do jeito que o projeto prevê”.

(Fernanda Oliveira - empresária)

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Arquivo pessoal do arquiteto

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Trabalhar com meu pai me permitiu aprender aspectos da profissão que são essenciais a um bom projeto e a um bom arquiteto, como coordenar e gerenciar uma equipe e entender e responder as necessidades do cliente.

(Pedro Lira - filho e arquiteto)

Meu pai, como eu, é muito intenso e emotivo. O que faz a gente bater de frente algumas vezes e criar uma boa explosão, como em qualquer família. Uma coi-sa muito importante para mim é que ele sempre me apoiou em todas as decisões que fiz na vida, das mais sensatas às mais desmioladas.

Posso dizer também que é um pai babão. Brinco que é preciso ter alguém carregando um balde atrás dele, para a baba não afogar as pessoas quando o assun-to são os filhos. Um exagero! É uma pessoa de muito bom humor. Pra cima mesmo. Adora viajar e conhecer coisas bonitas. Odeia ouvir falar em problemas. É sem-pre cheio dos "deixa pra lá", quando o assunto é chato.

Adora o trabalho que realiza, tanto que sua diversão se confunde com trabalho e seus melhores amigos são seus clientes. Super guloso e vaidoso, cozinha maravi-lhosamente bem e sabe receber as pessoas nos janta-res que realiza com maestria. Concorridíssimos, diga-se de passagem! Sem dúvida, é uma pessoa marcante!

(Joana Lira - filha e artista plástica)

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Fotos: divulgação

Casa no Recife.

Competência em

construir um projetoque

não se desgasta

esteticamente pela

influência de modismos

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Entre os trabalhos mais importantes do início de sua carreira estão casas nos bairros

de Apipucos e do Espinheiro, no Recife e projetos no Piauí, local onde o arquiteto co-

meçou a dar os primeiros passos firmes na criação de seu escritório de arquitetura..

Carlos Augusto Lira faz questão de enfatizar que o trabalho é feito sempre em equipe.

“Somos um coletivo que deu certo. Plantamos uma semente e agora estamos colhen-

do os frutos”, diz orgulhoso.

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Ventilação e comunicação com a natureza não podem faltar em suas concepções.

Para ele, o calor humano é imprescindível. “Além de respeitar os desejos dos

clientes, procuro realizar, através dos ambientes, os sonhos de cada um. Recente-

mente, fiz três projetos residenciais nos quais um pomar, uma cozinha de gour-

met e uma pista de skate vão animar a vida dos moradores”.

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Entres os inúmeros projetos que levam a sua assinatura, Carlos Augusto Lira cita as

residências no açude de Apipucos como as primeiras e as mais marcantes da sua

trajetória. Além delas, Lira assinou tantas outras no Brasil e no exterior. “Fiz residências

no Piauí, em João Pessoa, Natal e até Portugal”. Muito requisitado, diz que o grande

segredo de um bom profissional é fazer o papel de psicólogo do cliente. “Nós, arquitetos,

precisamos, antes de tudo, saber ouvir e respeitar o desejo do cliente. É muito importante

também saber conservar trejeitos da sua personalidade e história de vida”, explica.

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Mais um projeto de destaque em 30 anos de escritório:

transparência integrando ambientes internos e externos;

artesanato local e maestria na composição de espaços.

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Foto: Felipe Mendonça

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Era recém-formado quando fui chamado para trabalhar com Carlos Augusto. Passei quatro anos respeitando e usufruindo demais dessa convivência. E hoje, que estou no ramo de vestuário e fora da área de arquitetura, posso assumir isso com mais empenho. Aprendi com Carlos Augusto uma experiência que vou levar comigo para a vida toda: saber ouvir o cliente e atendê-lo da forma que ele merece. No meio co-mercial isso é muito exigido e foi com Carlos Augusto que eu aprendi.

Sempre admirei a forma como ele trata os clientes, como ele encara o lado profis-sional, os projetos, muito rigoroso com os prazos, sem se estressar, mas também sem estressar os clientes. A estratégia de marketing que Carlos Augusto repassa para toda a equipe de colaboradores é algo que até hoje aplico no ramo empresa-rial. O fato de escutar mais o cliente, do que falar. Só desse jeito o empresário ou o arquiteto consegue atendê-lo da forma como ele quer, precisa e merece.

(Frederico Queiroz - empresário)

Trabalho no escritório de Carlos Augusto Lira desde 1992. São 16 anos comparti-lhando as atividades do dia-a-dia. Trabalhar com Lira é uma grande escola, onde se aprende diariamente. Ele é "brilhante" e o que mais me surpreende nesse longo período de trabalho é a sua criatividade e agilidade em solucionar arquitetonica-mente os espaços. Não tenho outra palavra senão 'brilhante' para ele. Sua criativi-dade é infinita, revela.

(Eduardo Lira - arquiteto colaborador)

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Foto: Felipe MendonçaC

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Neste projeto recente, Carlos Augusto integra os ambientes internos e externos com uso de

paredesde vidro, além de um espelho d'água que sai da piscina para o interior da casa. No interior,

a diferença entre os níveis do piso e o pé direito demonstram um sentimento de movimento,

conforto e leveza para quem está dentro do imóvel. Móveis rústicos populares, clássicos e

modernos compõem, em harmonia com as obras de arte, ambientes dignos de contemplação.

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Mostras com a identidade Lira

"Eu trabalho em cima de todo um contexto. Há história, há vidas dialogando com o espaço e com os objetos"

(Carlos Augusto Lira)

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Não é de hoje que Carlos Augusto Lira par-ticipa de mostras de ambientação e arqui-tetura em vários pontos do Brasil. Para ele só há um sentimento: "é o lugar de fazer o que não se costuma fazer no escritório". E é a partir desse sentimento que o arqui-teto constrói o seu partido arquitetônico, o visual do projeto interior e a alma do am-biente. "Eu penso que uma mostra como Casa Cor, por exemplo, me desculpe, mas eu não faço quartos da Moça, Livings... acho que uma mostra não pede isso. Pede verdade, arte e novidade", revela.

Um exemplo desse sentimento de que fala Lira está expressa na Casa Cor 2000, a da Rosa e Silva com a Rua Amélia, no bairro das Graças, no Recife. O arquiteto, envol-

vido com a atmosfera da Usina Catende, trouxe a alma de um casal que convivia com esse ambiente canavieiro para o pro-jeto de interior. Do vitral de Lula Cardo-so Ayres, passando pelas gravuras de José Cláudio e chegando aos objetos desse pe-ríodo de Ouro de Pernambuco, a ambienta-ção contou também com a própria cana.

Na Mostra Artefacto de 2006, Carlos Au-gusto Lira homenageou o escritor Ariano Suassuna, com os seus 80 anos, tendo como partido para a sua "arte" na ambien-tação, o mamulengo, simplesmente "por-que foi o primeiro contato que Ariano fez com a arte popular, o que influenciou mui-to na vida dele", conta.

Outras mostras também proporcionaram aos visitantes viagens pelas riquezas da arte, que acabavam contando histórias como as obras de Franz Kaus do século XIX, a Conceição dos Crioulos, o Quilom-bo, Abelardo da Hora. Com a Casa Cor de 1999, localizada no Poço da Panela, Lira fez uma homenagem aos 500 anos do Brasil, trazendo a Família Imperial como tema central para o ambiente, onde es-tavam belíssimas porcelanas francesas. "Sempre trago referência. Essa é a minha marca quando participo de mostras e acho que esse deve ser o espírito de um evento como esse", pontua.

Entre as capitais onde esteve mostrando um pouco do seu trabalho estão Maceió, Natal, Salvador, São Paulo e Aracaju (onde fez homenagem aos artistas, acadêmicos e populares locais).

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Intervenção UrbanaOito anos a frente dos projetos cenográficos do Carnaval Multicultural do Recife, Carlos Augusto Lira revela que não entende até hoje porque foi chamado, mas assume que ama planejar o cenário de uma das maiores festas populares do mundo.

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"Carlos Augusto Lira tem uma relação representativa com a cultura e o artesanato pernambucano, tem uma relação de identidade com eles" — talvez esse tenha sido o motivo pelo qual o escritório de arquite-tura de Lira fôra escolhido para comandar o planeja-mento da maior festa urbana ao ar livre do mundo: o Carnaval Multicultural do Recife. Pelo menos foi isso que disseram, quando o próprio Lira perguntou. De certo, o maior desafio que se apresentou ao arquiteto durante esses 30 anos de história.

A surpresa foi tão marcante quanto o desafio de en-trar numa área em que, nem de longe, havia expe-rimentado. O primeiro não se esquece e isso foi no ano de 2001. Principalmente porque havia tudo que não ajudava no trabalho do arquiteto: sem planta de-talhada rua por rua, ponte por ponte, prédio por pré-dio. "Começar do zero", era assim que deveria ser. Foi necessário fazer um levantamento completo da cidade e "foi aí que comecei a 'descobrir' o Recife e o quanto ele estava deteriorado", revela.

Fotos: Tiago LubamboC

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Fotos: Tiago LubamboC

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A equipe de trabalho não descansou até conse-guir criar pelo menos uma identidade para a fes-ta. Peças usadas na decoração do período na-talino, foram reutilizadas para o carnaval. E os desenhos de Joana Lira, esses sim, puseram a festa com a cara que o trabalho precisava. Lira conta que os desenhos de Joana são hoje "a alma do carnaval do Recife" e que a sintonia que existe entre todos da equipe é extraordinária. "Os dese-nhos de Joana foram caracterizando a cenografia do carnaval, que nos renderam elogios de uma parte, e críticas da população por outro lado em relação à reciclagem de material", conta.

Carlos Augusto Lira explica que é muito difícil tra-balhar com os projetos do carnaval do Recife. Pri-meiro, porque não se trata de um projeto de ar-quitetura, mas "de uma intervenção urbana" num espaço que é público e onde há uma população heterogênea que vai "aprovar ou não" a idéia. O cuidado então, segundo Lira, é triplicado. "É pre-ciso justificar a cenografia do carnaval para a noi-te e para o dia, pesquisar material. Estar prepara-do para a restrição de recursos, para os vândalos que roubam parte da cenografia e que é preciso repor todo o material. Pensar nos fluxos de pes-soas, principalmente nas pontes. Prestar atenção ao que a população pensa e fala", ressalta.

"A cada ano, um aprendizado", enfatiza, "é preciso pensar nos efeitos da cenografia em escala urbana e isso é muito grande. O efeito do brilho é muito importante. As pessoas que são do Recife não que-rem ver lixo reciclado na decoração, querem gla-mour, brilho, luxo", completa. O tema da festa tem seguido a idéia das homenagens e isso, de acordo com Lira, influencia muito no que vai ser definido para a cenografia.

Neste ano, o artista Abelardo da Hora, o maestro Admir Araújo e o radialista Hugo Martins foram os homenageados. Na cenografia, as referências for-tes das obras de Abelardo: as mulheres sensuais tomam conta dos postes, como se esperassem ser cortejadas pelo público. A idéia também lembra os tempos em que o Recife Antigo era cenário dos famosos cabarés repletos de cortesãs. E saiba que até pesquisa de faixa etária é feita para pôr figuras nas ruas.

Em 16 pólos, distribuídos em vários bairros do Re-cife, as personagens multiculturais conhecidas há oito anos vindas da criatividade de Joana Lira e as pitadas de Arte dos homenageados da festa dão nome a uma das maiores festas populares do mun-do: o multiculturalismo.

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"Seria pretensão demais dizer que sou um colecionador, que coleciono Arte, objetos, mobiliário.

Desde cedo, me lembro que, desde a infância, aprendi a admirar a 'expressão humana',

como a arquitetura do casarão da minha vó e os móveis.

Mas colecionador não sou, gosto apenas de 'juntar coisas'".

(Carlos Augusto Lira)

A arte de "juntar coisas"

Foto: Felipe MendonçaC

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Carlos Augusto costuma dizer que o processo de gosto pela Arte aconteceu desde a infância e a con-vivência com ela, durante a faculdade, no escritório de Janete Costa e Borsoi, como estagiário, também teve sua influência. Entretanto, Lira também cos-tuma dizer que é preciso feeling e nem tudo sofre influências do ambiente. Na verdade, durante 30 anos, a observação, o contato e o conhecimento foram ferramentas importantes nesse processo e afirma: "não sou um expert, nem me considero um colecionador. Vou adquirindo peças que gosto e acabo juntando coisas".

Como, desde a adolescência, Lira sempre esteve em busca de descobrir a beleza nas estruturas, não foi diferente com a Arte. Durante seu longo perío-do de estágio com Janete e Borsoi, a convivência com peças de antiguidade foi o impulso inicial para alimentar o desejo de adquirir peças de arte e prin-cipalmente dos antiquários. Lira conta que no Pátio de São Pedro, na Manuel Borba (antiquários que não existem mais), havia o Dr. Manoel que ven-dia em antiquário. "Ele era conhecido na época. Também comprávamos de um pessoal de Caruaru, Seu Osvaldo, peças antigas e mobiliário. Lembro-me que era o caminho mais fácil de conseguir sem atravessadores. Eu ficava encantado, mas não po-dia comprar", diz.

Lira ressalta que a importância numa peça de Arte não é o lado mercantil, mas o sentimentalismo, o prazer. No escritório, enquanto conversávamos, ele mostrava várias peças adquiridas com o passar dos anos, como móveis que já fizeram parte do cenário de sua residência e agora estão no escritório (os santos do século XIII). "Eu amo o móvel popular, tem muita identidade e sentimento", enfatiza.

Mas, saindo do popular para os artistas mais co-nhecidos, o arquiteto revela que é apaixonado pelos artistas pernambucanos como João Câmara, que conheceu por meio de Luciano Pinheiro. O primeiro quadro que adquiriu de João Câmara, conta Lira, foi à prestação. "Com o tempo fui começando a

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Ao lado, peças de Francisco Brennand

e santos do pau oco estão entre as diversas

"coisas" que carlos Augusto "junta"

em seu acervo particular.João Câmara: primeira pintura da série de quadros

que compõem a coleção do arquiteto apaixonado por arte.

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adquirir outras peças, receber de presente também, como o meu retrato desenhado por Gil Vicente. Também adquiri coisas inusitadas, como uma cai-xa de máquina que tem uma boa história", disse. Entre outros artistas, Miguel dos Santos, de João Pessoa (PB); Flávio Tavares; José Cláudio (de quem tem um quadro de 1976, chamado Olha o Lance); além de Gil Vicente; o arquiteto também admira as obras de Samico (onde freqüentava por amizade); Bacaro (por quem teve contato ainda mais estrei-to por causa da história do próprio Bacaro, grande colecionador, vendedor e comprador de Arte); Nara Roesler (em sua fase artista e também com o Arte Espaço, agora em SP).

Lira admite que tem fascínio por cadeiras, mas não é apenas por elas. A arte popular tem endereço certo: partindo para Tracunhaém, passando por Caruaru (de onde tem 5 Vitalinos da época em que ele não assi-nava), Galdino de Alagoas, Minas, Paraíba e Vale do Jequitinhonha. Entre os contemporâneos estão: Mar-celo Silveira, Christina Machado, Joelson, Zé Paulo, Eudes Mota, Montez Magno, Roberto Lúcio, entre ou-tros. "Também adoro pintura figurativa", revela.

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Pratarias diversas e de várias épocas,

raridades dos mestres Vitalino e

Galdino e pinturas de Bajado, José

Cláudio e mais João Câmara.

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Vaso Brennand da década de 70 e dois ambientes

da casa de Carlos Augusto Lira que demonstram

a paixão que o arquiteto tem por obras e objetos de arte.

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Arte e ArquiteturaPara Carlos Augusto Lira, num projeto de interior, é preciso pen-sar em espaço, principalmente quando se planeja inserir objetos de Arte. "É preciso ter sempre a idéia de que no espaço existem pes-soas, móveis e objetos de Arte. Para esculturas ou peças externas, cabe um pé direito duplo. É preciso administrar. Casar idéias. A proporção é importante no planejamento", explica. Significa, para Lira, "cuidar da arquitetura em vários campos, do detalhamento, da coerência".

Isso também envolve, segundo o arquiteto, a compatibilização do projeto com tudo que é possível ser realizado: elétrica, hidráulica e também automação, acústica, refrigeração do ambiente.

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Rua do Espinheiro, nº 337. Essa é a lembrança que guardarei de Carlos Au-gusto Lira para sempre. E posso dizer que foi a casa de meus sonhos. Esta casa era de meus pais e herdei. No dia em que resolvi fazer uma reforma, procurei um arquiteto, no momento nem tanto falado, mas com ótimas referências. Carlos Augusto Lira tinha acabado de sair do estágio no escri-tório de Janete Costa. Posso dizer que a minha casa foi uma das primeiras que teve a assinatura, única e exclusiva dele.

Na hora em que o chamei não tinha tantas pretensões, mas depois que ficou pronta, me senti morando numa casa de cinema. Ela simplesmente ficou linda! Foi capa de várias revistas. A casa era antiga, de arquitetura simples. Mas ele a transformou em um local aconchegante e especial. Seu maior dom é conseguir, na minha concepção, uma proeza: conciliar o mo-derno e o clássico, aproveitando bem os móveis herdados por meu avô.

Do oitão da casa, fez um jardim de inverno que acompanhava toda a casa. A visita que chegava já era bem recebida daí. Abriu todas as salas, otimi-zou espaço antes não utilizado.

A partir daí, ele só fez me encantar. Tanto no quesito profissional, como no pessoal. Hoje, ele é um amigo e de toda a minha família. Tenho honra em dizer que sou sua fã número 1 e, ouso dizer que devo ter colaborado para ele ser ainda mais conhecido.

Conchita Amaral Amorim - Empresária

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Dentro da arquitetura, Carlos Augusto também se envolve no ramo do de-sign de objetos. Mais uma vez, vale destacar o trabalho da dupla como de-signers de objetos: “Janete pensava em um produto e eu dava forma”, relata Carlos Augusto sobre o tempo em que trabalhavam juntos. A atividade, que teve início há 20 anos, continua até hoje e tem grandes influências dos en-sinamentos de Janete Costa e Acácio Gil Borsoi. “Desenhar as mesas, ca-deiras, bancadas e afins que compõem um projeto é uma vaidade particular minha. Gosto de expor um mobiliário exclusivo com a cara do espaço e a alma do cliente”, confessa Lira.

Um dos desenhos mais marcantes e recentes foi o de uma mesa de ma-deira natural lacada e vidro para a casa do casal Nizete e Reginaldo Paes Mendonça. “O meu forte é fazer mesas de todos os tipos e tamanhos; mas já fiz uma luminária com cúpula feita em cabaça de se beber tacacá quan-do projetei o Café-Bar da Casa Cor Pernambuco, em 2001; desenhei uma linha de tapetes para Adroaldo Carneiro e também fui convidado para fazer uma interferência com inspiração indígena em um jeans da Levi s quando a marca fez 25 anos de Brasil”, revela o arquiteto.

Design

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Hoje, amanhã e depoisReforma no Museu do Estado de Pernambuco e projeto de um hotel em Olinda além dos projetos residenciais e "carnavalescos" mostram que ainda há muito por vir na carreira e no escritório de Carlos Augusto Lira.

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Como tudo que tem o bedelho de Carlos Au-gusto Lira vira ouro, a convite da diretora do Museu do Estado de Pernambuco, Margot Monteiro, o arquiteto será o responsável pela grande reforma do local, programada ainda para o primeiro semestre deste ano. Entre as novidades, o espaço ganhará uma livra-ria, uma loja e um café, fazendo com que o museu se torne mais vivo e mais presente na história do Estado.

“O maior cuidado nesta obra será o respeito pela história do museu. É preciso pesquisar os mínimos detalhes: parque de esculturas, iluminação, segurança das obras que ali re-sidem e a cor original da fachada, que será mantida e terá como patrocinadora as tintas Iquine.”, adianta Carlos Augusto.

Além do Museu do Estado, o próximo passo é por a mão na massa no projeto da Pousada Museu Vila Mabruc, uma construção ambienta-da em Olinda e de propriedade de um colecio-nador de obras, o italiano Fabrizio Baccione.

O mega projeto é baseado na conservação da estrutura original dos quatro casarios que o compõem. O grande desafio do arquiteto é fazer com que a história de mais de dois séculos do lugar conviva em perfeita harmo-nia com a tecnologia de ponta disponível nos dias de hoje.

Carlos Augusto revelou que, na futura pousa-da, haverá 20 suítes de até 40m², ideais para um casal que mesmo junto gosta de privaci-dade. Para isso, o profissional usará portas que, ora se comunicam, ora garantem a pri-vacidade dos hóspedes. Além desse recurso, quem estiver na Pousa Vila Mabruc vai contar com serviço particular de camareira, massa-gista e ainda poderá optar por ser acordado com um belo café da manhã à base de fru-tas tropicais ou champanhe. Também haverá uma adega e um espaço específico para azei-tes de várias partes do mundo.

Mesmo conservando o antigo assoalho exis-tente na atual construção, Lira propôs calefa-ção no piso e um sistema luminotécnico que permita que o hóspede vá ao banheiro guiado por um caminho de luz, sem precisar acordar a companhia que dorme ao lado.

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Desafio. Pousada com nome de museu deverá ser mais um

case de sucesso do escritório de Lira além de um grande ganho

para o turismo na cidade histórica de Olinda.

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Conheci Carlos Augusto ainda quando era universitária. Passei um ano como estagiária e doze como arquiteta colaboradora. Doze anos é uma grande parte da vida profissional de uma pessoa e sinto que foram anos de aproveitamento intenso. Tanto do pon-to de vista de aprendizado, como do ponto de vista pessoal. A equipe de arquitetos sempre foi um grupo grande, de cerca de 15 pessoas, e em sua maioria um grupo íntegro, capaz de juntos se dar totalmente ao trabalho.

Mas uma característica em especial de Carlos Augusto conquis-tou meu maior carinho. Foi o jeito de tratar o marceneiro ou seu melhor cliente: era o mesmo! Ficava impressionada como ele con-seguia se adaptar às situações, mas sempre muito educado e res-peitoso. Fazia questão, como sempre faz, de acompanhar a obra de perto e discutir o projeto com o cliente.

Para mim, Carlos Augusto Lira nunca foi só um chefe, foi bem mais do que isso: um chefe amigo, que acompanhou várias eta-pas importantes de minha vida, como o casamento, o fato de eu ser mãe, entre tantos outros acontecimentos. Mesmo distante, ele está sempre perto de mim nos momentos importantes.

Dulce Ximenes - Arquiteta

Posso dizer que o trabalho com Carlos Augusto Lira foi a base para toda a minha vida profissional. Fui uma das poucas arquitetas colaboradoras que passou tanto tempo em seu escritório – foram ao todo 16 anos. E o que mais impressiona, é que em todos os projetos, seguíamos a mesma linha de trabalho, ou seja, na maioria das vezes, nossas idéias conciliavam, favorecendo a troca de sugestões. E como na época, não tínhamos softwares modernos, tudo tinha que ser feito a mão, como um trabalho coletivo. Cada um desenvolvia seu trabalho, mas tudo passava pelo crivo de Carlos Augusto.

Durante este tempo de trabalho, a equipe do escritório também virou minha famí-lia. Eu já considerava o escritório, o complemento de minha casa. O momento da saída, embora soubesse que estava na hora, foi difícil. Acho que fui a única arquite-ta que recebeu uma festa de despedida em grande estilo, organizada pelo próprio Carlos Augusto. E como na época eu tinha uma disponibilidade maior, a convivência com Carlos Augusto foi muito além da profissional. Fazíamos happy hour depois do trabalho e íamos para as festas juntos, como bons amigos.

Ivanilda Carvalho - arquiteta

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Foto: Rodrigo Urquiza

O convívio direto por 4 anos com Carlos Augusto Lira, como arquiteto cola-borador, influenciou muito minha vida profissional. Desde o começo de mi-nha vida acadêmica, já percebia uma certa identificação com o trabalho de Carlos Augusto. Nessa época, nos anos oitenta, ele já estava no auge e eu, ainda como estudante, fazia questão de visitar várias obras dele. Era como se elas inspirassem também as minhas idéias. Posso dizer que ganhei um verdadeiro presente quando, assim que me formei, fui chamado para ser arquiteto colaborador no escritório dele, através de um amigo em comum Frederico Queiroz. Neste momento, percebi que estar ali era um motivo de orgulho. Sinto-me envaidecido de ter podido colaborar com ele.

Vi como os projetos cresciam em qualidade quando chegavam em suas mãos. Ele tem uma capacidade grande como projetista e desempenha como ninguém as funções de arquiteto. Posso dizer com toda certeza que ele é daqueles profissionais que já nasceram com o feeling, com o dom.

Surpreendia-me com a facilidade de ele visualizar um projeto. Enquanto eu ainda estava no início, nos primeiros passos, ele era rápido, com os senti-dos a flor da pele.

O que me admira mais nele é que são 30 anos de escritório, e 30 anos de sucesso. Ele não é daqueles profissionais que fazem a carreira em um perí-odo e depois se ofuscam. O projeto que Carlos Augusto coloca a mão, fica iluminado. Ele é uma estrela. E melhor: uma estrela acessível, por mais que brilhe todo o tempo. Ele sempre conseguiu dividir os tempos perfeita-mente e com uma sincronia invejável. Nunca vi Carlos Augusto tendo que trabalhar nos finais de semana, ou dando plantão fora do expediente nor-mal. Ele se organizava antecipadamente. Ao contrário, quando um dia me viu marcando com um cliente fora do horário e me deu uma lição de moral, dizendo que um profissional decente não precisa fazer isso.

Posso dizer com toda certeza que ele é um dos principais nomes de refe-rência nacional da arquitetura brasileira. Com destaque para a maneira como se relaciona com as pessoas, desde o marceneiro até o cliente mais sofisticado de sua lista. Com simplicidade e sensibilidade. E isso eu aprendi muito com ele: a ter respeito pelos colaboradores. E mais: a repassar ao cliente as informações registradas em planta, não seguindo apenas uma intuição, mas com argumentos embasados. Uma decisão que saia de seu escritório era uma decisão pensada em conjunto com toda a equipe.

Resumindo, eu me sinto agradecido pelo fato de ter sido ajudado por Car-los Augusto.

Lourival Costa - arquiteto

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SONHOCom uma carreira consolidada, Carlos Au-gusto Lira é simples na hora de falar sobre seus sonhos. Quando perguntando, afirma que só tem dois: o primeiro é desmistificar a sua fama de profissional careiro. “Meu preço é o do mercado, nem mais nem me-nos. Gostaria muito que as pessoas sou-bessem disso para que eu pudesse fazer projetos para aqueles que têm vontade de trabalhar comigo”, explica.

O outro grande anseio de Lira envolve a contribuição social. “Quero muito ter tem-po para fazer um trabalho direcionado à co-munidade carente de Apipucos, tanto com crianças e jovens quanto com idosos. O ob-jetivo do trabalho é dar ocupação integral que forneça sustentação para a vida adulta e a velhice”, arremata.

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Em dezembro, o Núcleo de

Decoração de Pernambuco

reuniu profissionais e em-

presários para comemorar

um ano cheio de conquistas

e premiar os arquitetos que

mais vestiram a camisa da

instituição. Confira as fotos!

INFORME PUBLICITÁRIO

O casal Florense Sandro e Elizabeth Curra;

o trio campeão Zezinho Santos, Márcia

Nejaim e Mônica Paes;

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Eliane Guerra com Dóris Davis e Edite Araújo;

Deoclécio Vedana da Bontempo e sua esposa Bernadete;

Adroaldo com os arquitetos André Carício e Saulo Barros;

A empresária da loja Onda, Miram Moura e o marido Samuel;

Eliane Guerra e as garotas da Luthier Leila e Tânia

Fotos: Eudes Santana

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