revista capital 56

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Publicação mensal da S.A. Media Holding . agosto de 2012 . 100 Mt Nº 56 . Ano 05 DESTAQUE Moçambique entre os 10 mais do continente africano ENTREVISTA Portucel Moçambique vai exportar 800 milhões de USD/Ano ECONOMIA O busílis da biomassa em Moçambique FINANCIAMENTO Porto de Nacala a Velha em busca de investimento OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO Fundação Getúlio Vargas lança Fundo de Nacala Roupagem verde para a economia? Green dressing for the economy?

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Publicação mensal da S.A. Media Holding . agosto de 2012 . 100 Mt Nº

56 .

Ano

05

DESTAQUEMoçambique entreos 10 mais do continente africano

ENTREVISTAPortucel Moçambique vai exportar800 milhões de USD/Ano

ECONOMIAO busílis da biomassaem Moçambique

FINANCIAMENTOPorto de Nacala a Velhaem busca de investimento

OPORTUNIDADE DE NEGÓCIOFundação Getúlio Vargaslança Fundo de Nacala

Roupagem verdepara a economia?Green dressing for the economy?

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ÍNDICE DE ANUNCIANTES

TDM, p 02SAMSUNG, p 03IMAGEM GLOBAL, p 04MCEL, p 05STANDARD BANK, p 08EDITORA CAPITAL, p 11

AFRIN, p 15SAL E PIMENTA, p 19HABITAR, p 47SUPERBRANDS, p 50CORRE, p 51BCI, p 52

6

DOSSIER

20ECONOMIA

35

SUMÁRIO

DOSSIER ECONOMIA ENTREVISTA

20 24 26

EMPRESAS

Economia verde: Um duplo desafio para Moçambique

O País ambiciona um modelo de desenvolvimento económico amigo do meioambiente. Se por um lado, a OIT garante que a economia verde poderá trazer 60 milhões de empregos, por outro lado, Pravin Gordhan, o ministro das finanças sul-africano, em pleno fórum do G-20 defendeu que vê riscos em se abraçar o modelo económico verde.

Há um gigantesco empurrão dos megaprojectos às exportações moçambicanas. Mas o facto só nos permite comemorar as metades. Isto porque o diagnóstico dos economistas verifica que a econo-mia não absorve o que devia nas referidas exportações impulsionadas pelos mega-projectos.

Impulso dos megaprojectos gera 3.020 milhõesde dólares em exportações

19

DR DR

DR

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ENTREVISTA

26

SUMÁRIO

DESENVOLVIMENTO TECNOLOGIAENTREVISTA ESTILOS DE VIDA

26 40 46 48Portucel Moçambique prevê exportar 800 milhõesde dólares por anoO projecto de produção de pasta de papel irá ganhar adeptos dos ambientalistas por um motivo óbvio: Estar de braços dados com o reflorestamento. A iniciativa é da Portucel, que se instalou em Moçambique em 2009. O crescimento do empreendimento, que ex-plora também o ramo de energia, revela a ambição de uma equipa que é liderada por Pedro Moura e que aceitou partilhar tudo na página 26 da presente edição.

TECNOLOGIAS

46O sistema de governo electrónico poderá materializar-se em Moçambique com a ajuda da ANO, a Companhia Portuguesa de Software. Esta empresa pretende ajudar o país a dar o salto para a modernização da Administração Pública. Mas o que realmente está confir-mado é que a ANO, definitivamente se apaixonou pelo mercado moçambicano.

Administração Pública moçambicana precisade modernização

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9EDITORIAL

agosto revista capital

Propriedade e Edição: Southern Africa Media Holding, Lda., Av. Mao Tsé Tung, 1245 – Telefone/Fax (+258) 21 303188 – [email protected] – Director Geral: André Dauane – [email protected] – Directora Editorial: Helga Neida Nunes – [email protected] – Redacção: Arsénia Sithoye - [email protected]; Sérgio Mabombo – [email protected] – Secretariado Administrativo: Indira Mussá – [email protected]; Cooperação: CTA; Ernst & Young; Ferreira Ro-cha e Associados; PriceWaterHouseCoopers, ISCIM, INATUR, INTERCAMPUS – Colunistas: António Batel Anjo, E. Vasques; Elias Matsinhe; Federico Vignati; Fernando Ferreira; Hermes Sueia; Joca Estêvão; José V. Claro; Leonardo Júnior; Levi Muthemba; Maria Uamba; Mário Henriques; Nadim Cassamo (ISCIM/IPCI); Paulo Deves; Ragendra de Sousa, Rita Neves, Rolando Wane; Rui Batista; Sara L. Grosso, Vanessa Lourenço; Fotografia: Luís Muianga, Amândio Vilanculo; Gettyimages.pt, Google.com; – Ilustrações: Marta Batista; Pinto Zulu; Raimundo Macaringue; Rui Batista; Vasco B. Capa: Rui Batista– Paginação: Arlindo Magaia – Design e Grafismo: SA Media Holding – Tradução: E. Vas-ques – Departamento Comercial: Neusa Simbine – [email protected]; – Distribuição: Nito Machaiana – [email protected]; SA Media Holding; Mabuko, Lda. – Registo: N.º 046/GABINFO-DEC/2007 - Tiragem: 7.500 exemplares. Os artigos assinados reflectem a opinião dos autores e não necessariamente da revista. Toda a transcrição ou reprodução, parcial ou total, é autorizada desde que citada a fonte.

FICHA TÉCNICA

Helga [email protected]

Economia Verde é uma ideia que, ao primeiro impacto, entusiasma e motiva. Cheira a frescura e evita a poluição, seja ela a comum ou a financeira. Em termos abstractos, soa bem. Porém, quando se quer passar à prática, as opiniões não coincidem. Temos assistido a essa dessincronização em todas as reuniões e con-

ferências que se realizam no sentido de tentar estabelecer planos de acção.

Os participantes têm opiniões diferentes, interesses diferentes, critérios diferentes por diversas razões. A opinião pessoal é secundária e os interesses dos países que represen-tam têm naturalmente prioridade. Em geral, o regionalismo é mais importante que o glo-balismo. Depois, é preciso chegar a acordo sobre onde deve ser posta a tónica do debate. Será sobre a economia ou sobre a saúde pública? As empresas vão crescer ou haverá mais escolas e assistência médico-sanitária para todos?

Quem estabelece as regras universais? Quem fiscaliza? Quem disciplina? Qual será a grande obrigatoriedade e quais as sanções para o seu não cumprimento? Como se corri-gem os defeitos?

Para os economistas é importante a disciplina monetária e fiscal, o aumento de rendi-mento e uma melhor distribuição da riqueza. Para os políticos é importante o fortaleci-mento das economias nacionais e o apoio popular com o indispensável combate à pobre-za, à fome e a necessária melhoria das condições de vida. Para os ambientalistas é preciso evitar a poluição, o efeito de estufa e promover a preservação do ambiente e melhoria da saúde pública.

Sendo a corrupção um factor tão prevalente na contaminação da moral social (uma espé-cie de poluição psicológica), a filosofia política sofre distorções e passa a ser enferma de maleitas ideológicas que a razão não consegue harmonizar. E a economia verde converte--se numa charada de opiniões diversificadas, qual palete de cores ou motivo para provo-cações daltónicas.

A esse propósito, veja-se o patamar dos créditos de carbono. Os que já esgotaram as suas quotas, compram quotas aos que ainda não as usaram com o intuito de poderem poluir mais o planeta. Os que vendem créditos de carbono recebem dinheiro que, muitas vezes, corrompe mais. É dinheiro que não vem da produção. É dinheiro que cai do céu, sem esforço nem trabalho. Quando se sabe que economia saudável sem produção é coisa que não existe.

Todos estes processos parecem envoltos numa capa de ‘ficção política’ para consumo de massas, de onde sobressai a manutenção duma paz aparente, uma vez que existem con-flitos reais em tantos lugares deste nosso Mundo. Será que a Economia Verde proíbe ou coíbe o financiamento dessas guerras? Eis outra questão pertinente.

Economia Verde: Motivo para provocações daltónicas

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EM ALTA

10

EM BAIXA

BOLSA DE VALORES CAPITOON

COISAS QUE SE DIZEM…

Ainda há quem não atine«Alguns bancos têm ainda que aprender a lição da crise e deixar de manipular os mercados». Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso.

Um americano severo … «Já basta. Vamos continuar a ser firmes e exigir que a China opere pelas mesmas regras que todos os outros países. Não queremos que continuem a ter vantagem e aproveitar-se dos EUA»Barack Obama, no âmbito das acusações que faz à China de manter a sua mo-eda, o yuan, artificialmente desvalorizada o para promover as exportações.

… E um chinês irredutível«Se as regras forem decididas por países terceiros, a China não tem obrigação de cumpri-las»Pang Sen, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, em res-posta aos pronunciamentos de Barack Obama.

Um alerta sobre “mãos alheias” «O regime toma o risco de explorar a riqueza do País, não com as próprias mãos, mas com as mãos dos investidores»Bispo emérito da Beira, Dom Jaime Gonçalves.

FINANÇAS PÚBLICASAs gasolineiras agravam a dívida interna em 86.505 milhões de meticais. A dívida interna pú-blica moçambicana deverá crescer cerca de 86.505 milhões de meticais, entre 2010 e 2030, devido à emissão de Bilhetes de Tesouro de curto prazo. As causas do agravamento da dívida incluem ainda as obrigações de tesouro de longo prazo para o pa-gamento às gasolineiras, assim como subsídios a combustíveis suportados pelo Governo.

TRANSPARÊNCIA DO INSSA ministra do Trabalho, Helena Taipo, anulou um concurso do Instituto Nacional de Segurança So-cial por alegada falta de transparência na selecção de uma empresa que apresentou uma proposta de produção de material de escritório, orçado em 720 mil euros. A invalidação do concurso volta a atin-gir a reputação do Instituto Nacional de Seguran-ça Social (INSS), a única instituição em Moçambi-que que gere as pensões dos trabalhadores.

PORTO DE NACALAA morosidade no manuseamento de carga e os al-tos custos operacionais tornam o Porto de Nacala menos competitivo, segundo um estudo da Agên-cia Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID). O estudo revela que para um operador conseguir exportar uma carga con-tentorizada precisa, em média, de 14 dias, contra os cinco gastos noutros portos da região austral de África. Por outro lado, revela o estudo, nos aspec-tos ligados ao funcionamento do porto e às alfân-degas, leva-se muito tempo para a rotação de ca-miões de carga de e para fora do recinto portuário. Neste cenário, o tempo médio que um camião leva desde que entra no Porto de Nacala para carregar até sair do recinto é de 6 horas. Em outros portos concorrentes leva-se entre uma hora e 15 minutos.

CRECIMENTO ECONÓMICO Moçambique figura entre os 10 mercados africa-nos com maior potencial de crescimento econó-mico. Segundo o relatório da Economist Intelli-gence Unit (EIU), as economias africanas ainda representam apenas 3 por cento da economia glo-bal e a África Sub-sahariana (excluindo a África do Sul) representa menos de metade do Produto Interno Bruto do continente. No entanto, este naipe de países, do qual Moçambique faz parte, está a crescer mais depressa do que qualquer ou-tro no mundo e os investidores estão a despertar para o enorme potencial da Região.

FINANCIAMENTO INDIANOA empresa indiana Videocon Industries irá inves-tir 200 milhões de dólares na constituição de um fundo de investimento privado centrado no pe-tróleo e no gás. A empresa pretende que o fundo atinja uma dimensão elevada, de cerca de mil mi-lhões de dólares, com o montante a ser angariado junto de investidores nacionais e estrangeiros. Em todas as ocasiões em que a Videocon Indus-tries tomou uma participação em actividades de prospecção (Brasil, Moçambique, Indonésia, Ti-mor Leste e outros países) houve descobertas de grandes reservas de hidrocarbonetos.

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MUNDO NOTÍCIAS12

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EUAFacebook sem planos de oferecer produtos empresariais

O enorme sucesso do Facebook traz um di-lema para os diretores de informação. Com cerca de 900 milhões de usuários, o site tem uma presença crescente nos locais de trabalho, onde muitas pessoas o usam no sentido de comunicar e colaborar. As pró-prias empresas gastam muito dinheiro com publicidade no Facebook, cultivando co-munidades de usuários e fãs, administran-do as suas relações dentro desses grupos, e extraindo dados deles. No entanto, e apesar desses vínculos entre seu site e as empre-sas, o Facebook não oferece produtos em-presariais como fazem outras empresas de tecnologia de consumo, como a Google, a Amazon e a Apple. E, ao que parece, o Face-book não dispõe de planos imediatos para desenvolver uma versão empresarial da sua plataforma, segundo o entendimento dos pesquisadores da área. No início de 2011, o gigante Facebook deixou claro que não pos-sui intenção de entrar no mercado de redes sociais para empresas.c

PORTUGAL650 ex-trabalhadoresdo BPN vão serdespedidos O Estado já decidiu que, a partir do final de 2012, não terá qualquer encargo com os trabalhadores que herdou do BPN e que não transitaram para o Banco BIC. Em alguns casos, haverá rescisões amigá-veis seguidas de despedimento colectivo; noutros, ou são vendidas as unidades nas quais esses trabalhadores estão incluídos ou essas empresas serão liquidadas. O re-sultado é que no final de 2012, os cerca de 650 trabalhadores vindos do BPN ou irão passar para o privado ou irão perder o em-prego. Esta estratégia terá já sido comuni-cada à gestão demissionária dos veículos

que agrupam os activos do BPN que não foram vendidos ao BIC. Também as co-missões de trabalhadores de algumas uni-dades já têm conhecimento, após reuniões com a Secretária de Estado do Tesouro, Maria Luís Albuquerque, que tem dirigido todo o processo relativo ao BPN.c

JAPÃO Produção mundialda Toyota sobe 144 por cento em Maio

A produção mundial da Toyota no mês de maio chegou a 860.885 veículos, o que corres-ponde a uma elevação de 144,3 por cento em relação ao reportado no mesmo período do ano anterior, de acordo com informações di-vulgadas recentemente pela companhia.Apenas no Japão, foram produzidos 353.428 carros, o equivalente a um aumento anual de 126 por cento, chegando ao oitavo mês conse-cutivo de crescimento. Os resultados sinalizam uma recuperação da marca após os desastres naturais ocorridos no Japão e na Tailândia, em 2011.A produção, excluindoo Japão, alcançou 507.457 veículos, o que representa um aumen-to de 158.8 por cento. Entre Janeiro e Maio, a marca nipónica produziu 4.359.616 unidades automóveis no mundo, 61.8 por cento a mais do que o mesmo período de 2011.Em Maio, a Toyota vendeu 176.048 unidades, só no Japão, registando um aumento de 109,2 por cento em relação ao mesmo mês em 2011. No acumulado do ano, a alta chega a 74.1 por cento com 1.090.224 unidades vendidas.c

CHINAMercado imobiliário reage e ajuda economiaO mercado imobiliário chinês volta a evo-luir, fortalecendo um importante pilar do crescimento do país. O facto reduz as chances de que a desacelerada economia da China venha a parar de vez, no segundo

semestre do ano.De acordo com uma pesquisa com incor-poradoras e corretores de imóveis, o preço médio do metro quadrado em cem gran-des cidades chinesas subiu em Junho em comparação com o mês anterior — depois de nove meses consecutivos de queda. A pesquisa sobre o assunto registou outros sinais de que o declínio no mercado chinês pode ter chegado ao fim, incluindo a reto-ma em Maio do investimento imobiliário e uma queda bem menor na venda de imó-veis em comparação com Abril.c

ALEMANHA Aloys Wobené o maior empresário de tecnologias limpas a nível mundial

O Alemão Aloys Wobben, com uma fortuna avaliada em 2.3 biliões de dólares, lidera o Ranking da Forbes que compreende os empresários que fazem fortunas investin-do em tecnologias limpas e energias reno-váveis. Aloys Wobben é dono da Enercon, uma gigante do sector de construção de geradores eólicos, que já instalou mais de 17 mil aparelhos em 30 países pelo mundo, além de empregar mais de 12 mil pessoas. Em segundo lugar, com uma fortuna de 1.9 biliões de dólares, está o brasileiro Rubens Ometto. O executivo é dono da Cosan, a maior exportadora mundial de açúcar e etanol e detentora da marca Esso no Brasil. O chinês, Zhu Gognshan dono da GCL Energia Poly, maior empresa chinesa de policilício, principal matéria-prima para a fabricação das placas de energia solar está em terceiro lugar. A sua fortuna é calcu-lada em 1.4 biliões de dólares. Em quarto lugar está o americano Elon Musk, do fa-brico de carros eléctricos Tesla, cuja for-tuna vai até 1.2 biliões de dólares. A lista compreende ainda o chinês Fan Zhaoxi, os americanos Vinod Khosla e Christy Wal-ton, todos eles com pouco menos de 1.3 biliões de dólares.c

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BANCA BCI 13

BCI eleito “Melhor Banco Comercial” em Moçambique pela WorldFinance 2012

agosto 2012 revista capital

Pela segunda vez consecutiva, a prestigiada revista internacional “World Finance” publicou no seu site a eleição do BCI como vence-

dor do Prémio “The Best Commercial Bank 2012 – Mozambique”, ou seja, o melhor Banco Comercial a actuar no nosso País.O BCI ficou posicionado em primeiro lugar entre todos os Bancos Comerciais a operar no mercado moçambicano, em critérios como o nível dos resultados al-cançados e das boas práticas, inovação e qualidade dos produtos, assim como pela sua contribuição efectiva para o de-senvolvimento do mercado e excelência dos serviços.c

BCI patrocina edição e lançamentodo livro “Chaves das Portas do Social”do Prof. Carlos Serra

A Mediateca do BCI acolheu a ce-rimónia de lançamento do Livro “Chaves das Portas do So-cial – Notas de Reflexão e

Pesquisa” da autoria do Prof. Dr. Car-los Serra. O livro, prefaciado por Paulo Granjo, antropólogo e investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, aborda com seriedade analítica os fenómenos mais relevantes e incómo-dos da realidade actual, abanando e fa-zendo ruir a cómoda possibilidade de os ignorarmos, ou de os encararmos à luz da displicência dos lugares comuns, caso prezemos a nossa integridade intelectual e cidadã. Estas notas de reflexão e pesquisa são produto de trabalhos publicados pelo in-vestigador desde 2006. A sua edição em livro tem a chancela da Imprensa Uni-versitária da UEM e conta com o patro-cínio exclusivo do BCI, no âmbito da sua política de Responsabilidade Social.c

Esta eleição é mais um reconhecimento inequívoco do sucesso da estratégia de crescimento e desenvolvimento do Ban-co, e vem juntar-se a outras distinções recentemente atribuídas ao BCI, a nível nacional e internacional, de entre os quais se destacam:

· Prémio “International Dia-mond Prize for Customer Sat-isfaction 2012”, pela ESOR – European Society for Qual-ity Research (Roma, Junho de 2012)

· “Melhor Banco da África Austral”, nos African Banker Awards 2012 (Arusha, Maio de 2012)

· “Melhor Banco de Moçambi-que” (Golden Arrow Award 2012), pela PMR.africa (Mapu-to, Maio de 2012)

· Prémio “International Qual-ity Summit Award (IQS)” pela BID – Business Initiative Di-rections (Nova Iorque, Maio de 2012)

· “Troféu Internacional Euro-pa à Qualidade”, pela Global Trade Leaders’ Club (Madrid, Maio de 2012)

· Prémio “International Arch of Europe (IAE)” pela BID – Business Initiative Directions (Frankfurt, Abril de 2012)

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BREVES DOS PALOP´S

ÁFRICA NOTÍCIAS14

ANGOLAGrupo portuguêsinaugurou três fábricasem AngolaTrês unidades industriais especializadas na produção de postes em betão, gases medicinais, alimentares e industriais e de aço laminado a frio foram inaugura-das pelo ministro angolano da Geologia e Minas e da Indústria, Joaquim David.As três fábricas decorrem de um investi-mento de 38 milhões de dólares da em-presa Acail Angola, subsidiária do grupo português Acail, com uma oferta com-petitiva, constante e estável em quanti-dade e variedade no mercado angolano.Uma das unidades vai produzir 16 mil postes por ano em betão para os apoios de cabos eléctricos de transporte de energia, postos de transformação aére-os e 12 mil tubos por ano em betão para transporte de água.No Pólo Industrial de Viana, a Acail An-gola vai produzir aço laminado a frio, malha-sol em rolo e painel bem como armaduras para estacas de fundações. A terceira unidade vai produzir gases medicinais, alimentares e industriais, nomeadamente oxigénio líquido medi-cinal, até uma capacidade instalada de 25 mil litros por dia.c

CABO VERDEPaís cria centro de formação energias renováveisCabo Verde terá, até finais de 2013, um centro de formação profissional para as energias renováveis e a manutenção in-dustrial para qualificar a mão-de-obra especializada neste sector para o pró-prio arquipélago e a sub-região oeste--africana.Financiado pelo Luxemburgo em 6.5 milhões de euros, este centro juntar-se--á ao Centro para as Energias Renová-veis e Eficiência Energética (CEREEC) da África Ocidental, sedeado igualmente na capital cabo-verdiana.O futuro centro de formação é mais um passo para a concretização da meta esta-belecida pelo Governo do primeiro-mi-nistro cabo-verdiano, José Maria Neves, que, desde 2008, vem implementando um vasto projecto de produção de ener-gia a partir de fontes renováveis.Em Cabo Verde já se encontram em fun-cionamento quatro parques eólicos que garantem uma potência instalada de cerca de 25,5 MW, duas centrais foto-voltaicas (7,5 mw), que permitem uma poupança anual em termos de combus-tíveis de 12 milhões de euros (2,3 % do Orçamento do Estado) para 2012.c

Um relatório do Economist Intelli-gence Unit (EIU) revelou que até 2016, Angola deverá substituir a África do Sul, no lugar de maior

economia do continente, e coloca também Moçambique entre os 10 mercados afri-canos com mais potencial. Estimativas do EIU indicam que pelo menos 28 países do

Continente Africano deverão crescer a uma média anual superior a 5%, nos próximos cinco anos. Angola surge no grupo das eco-nomias com crescimentos previstos entre 5 a 7,5 %, enquanto Moçambique aparece no grupo seguinte, com crescimentos anuais médios entre 7,5 a 10%, juntamente com a Etiópia, Libéria, Níger e Uganda.c

CONGOUnião Europeia concede 82,2 milhões de euros

O Congo e a União Europeia assinaram um acordo de financiamento de 82,2 mi-lhões de euros com vista a apoiar o me-lhoramento da governação nos transpor-tes rodoviários e no desenvolvimento do transporte fluvial. Este acordo inscreve-se no âmbito dos novos projectos financiados pelo 10º Fundo Europeu de Desenvolvi-mento (FED), que se iniciam este ano e visam o reforço dos recursos humanos em saúde na República do Congo bem como a eficiência da ajuda técnica ao desenvol-vimento.O projecto de apoio à navegabilidade flu-vial tem como objectivo dotar o Congo de um sector de transportes fiável na área flu-vial com finalidade de resolver, de modo eficiente e perene, os problemas da acessi-bilidade dos portos pelo rio.c

NÍGER E CHADE Rubricado acordo de construção de oleoduto

Um oleoduto com quase 600 quilóme-tros de extensão que permitirá ao Níger exportar o petróleo extraído do bloco de Agadem será construído, no âmbito de um acordo assinado entre o Níger e o Chade.«Isto é um primeiro marco para a expor-tação de crude do Níger», disse o ministro do Petróleo do Níger, Foumakoye Gado, após a assinatura do acordo.Não foi avançada nenhuma data concreta para o início da construção nem o valor do investimento. Apenas se detalhou que haverá um primeiro troço de 193 quilóme-tros entre o bloco petrolífero de Agadem (Níger) e o Chade, onde outros 400 qui-lómetros de oleoduto farão a ligação à in-fraestrutura partilhada entre o Chade e os Camarões.O Níger é um dos mais recentes produto-res de petróleo em África, depois de em Novembro do ano passado ter inaugurado uma refinaria de 5 biliões de dólares em parceria com a China National Petroleum Corporation.c

DESTAQUE

Moçambique entre os top + de África

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FINANCIAMENTOProcura-se financiamento para porto industrial

O Governo moçambicano procura finan-ciamento para a construção do porto in-dustrial de águas profundas, no distrito de Nacala-a-Velha, em Nampula.As autoridades moçambicanas já estão a negociar com o Banco Chinês de Desen-volvimento um crédito de um 1,5 biliões de dólares norte-americanos, montante necessário para viabilizar as obras.O ministro da Planificação e Desenvol-vimento, Aiúba Cuereneia, referiu que a futura infraestrutura portuária irá ter ca-pacidade para manusear 20 milhões de toneladas por ano. O Governo pretende construir um novo porto em Nacala-a-Velha, uma linha férrea que saia de Moatize para Nacala e ainda instituir companhias siderúrgicas naquela zona. O governante garantiu ainda que esta

iniciativa governamental com suporte fi-nanceiro do Banco de Desenvolvimento da China, uma das maiores instituições bancá-rias do mundo, não vai colidir com o pro-grama da multinacional brasileira Vale.c

INVESTIMENTO Aplicados 13 milhões de dólares em projectos do Prosavana

O Instituto de Investigação Agrária de Mo-çambique vai aplicar, nos próximos cinco anos, 307 milhões de meticais (13 milhões de dólares norte-americanos) em projec-tos relacionados com o Prosavana, disse Carolino Martinho, um quadro superior da instituição.Financiado pelos parceiros de Moçambi-que no Prosavana, nomeadamente o Ja-pão e o Brasil, aquela verba será aplicada na construção e equipamento de um labo-ratório para a realização de experiências e na formação dos técnicos.O Prosavana, que abrange uma área de 700 mil hectares, está a ser desenvolvido em 12 distritos das províncias de Nampu-la, Cabo Delgado e Zambézia, no norte e

centro de Moçambique, e visa promover uma agricultura empresarial, com uma forte componente de transferência de tec-nologia.c

INDÚSTRIA Moçambique vai criar centro de investigação científica do cajuMoçambique irá dispor de um centro espe-cializado na investigação científica de toda a cadeia de produção e comercialização do caju, visando melhorar o desempenho das diferentes fases do subsector, informou Filomena Maiopué, directora do Instituto Nacional do Caju (Incaju).Filomena Maiopué disse ainda que o cen-tro deverá vir a ser construído na provín-cia de Nampula e que será coordenado pelo Instituto Agrário de Moçambique (IAM), entidade que responde pela área de pesquisa no Ministério da Agricultura.No decurso de uma reunião realizada no distrito do Dondo, em Sofala, a directora do Incaju disse que, para o efeito, deslo-cou-se a Moçambique um consultor tanza-niano que se encarregou da elaboração do desenho das necessidades para a instala-ção do referido centro.O organismo em causa vai igualmente dedicar-se ao estudo do mercado do caju, visando a diversificação deste, ao invés de depender exclusivamente das exportações para a Índia.Na próxima campanha, irão ser distribuí-dos pelos produtores cerca de três milhões de mudas de cajueiros, devendo as expor-tações de castanha de caju situar-se entre as 75 mil e 80 mil toneladas. c

MOÇAMBIQUE NOTÍCIAS16

AGENDA

Formação em Qualidadee NormalizaçãoJulho e Agosto de 2012

Em estreita colaboração com a equipa de peritos internacionais de reconhe-cido valor, da AENOR/OGIMATHEC, o Instituto Nacional de Normalização e Qualidade - INNOQ vai realizar no ano em curso um conjunto de acções de formação sobre sistemas de gestão ori-entadas para quadros de empresas que pretendam melhorar suas competências. Abaixo, seguem as áreas e as respectivas datas em que vão decorrer as acções de Formação:

- Abordagem Prática a Sistemas de Gestão Integrados: 25 e 26 de Julho.- Abordagem Prática da ISO 22000: 7, 8 e 9 de Agosto.As inscrições são limitadas e deverão ser fei-tas através do e-mail: [email protected]

Missão Empresarial26 de Agosto a 3 de Setembro de 2012

A NERSANT Associação Empresarial da Região de Santarém encontra-se a orga-nizar uma Missão Empresarial a Moçam-bique (Maputo), que se realizará de 26 de Agosto a 3 de Setembro, e que tem como

objectivo promover a internacionaliza-ção das empresas. Esta Missão surge no seguimento das missões empresariais a Moçambique, realizadas em 2010 e em 2011, e após a análise deste mercado e das oportunidades de negócio detecta-das.A participação nesta Missão Empresarial engloba ainda a participação em stand conjunto na FACIM - Feira Internacional de Maputo 2012, a maior feira realizada em Moçambique e na qual a NERSANT já participou em edições anteriores, com resultados francamente positivos. c

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DESENVOLVIMENTO CPLP 17

agosto 2012 revista capital

O presidente da República, Arman-do Guebuza, passa, a partir de 18 de Agosto, a presidir à SADC. Como tal, este ano, José Eduardo

dos Santos entrega a Guebuza duas enor-mes responsabilidades: dirigir a CPLP e a SADC.Mais uma vez, Maputo será palco duma ci-meira internacional que irá reunir, à mes-ma mesa de debate, presidentes de vários países, desta vez, da Comunidade dos Paí-ses para o Desenvolvimento da África Aus-

tral (SADC).A cimeira da SADC terá lugar passados apenas 28 dias depois da cimeira da Co-munidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP) que também teve lugar em Maputo.A 32ª Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da SADC tem a particularidade de incumbir ao presidente moçambicano, Armando Guebuza, a missão de dirigir o órgão por um ano, ou seja, até Agosto 2013.A partir de 10 de Agosto, todas as provín-cias moçambicanas estarão envolvidas nas

festividades do dia da SADC, que se assi-nala a 17 desse mês e que coincide com o arranque desta cimeira.As cerimónias centrais de 17 de Agosto terão lugar na província de Maputo, mais concretamente no Município da Matola.O ponto mais alto a ser debatido no encon-tro de Maputo passará pela análise do pla-no director sobre a rede básica dos secto-res de transportes, turismo, energia, água, meteorologia e tecnologias de informação e comunicação.c

Moçambique assume a presidênciada CPLP

Moçambique assume agora a presidência rotativa da Comu-nidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), após re-

ceber o testemunho de Angola, país que conduziu os seus destinos desde Julho de 2010. O facto decorreu no final da IX Ci-meira dos Chefes de Estado e de Governos realizada em Maputo, na qual o diplomata moçambicano Isac Murargy foi eleito se-cretário executivo da organização.Falando no encerramento da cimeira, o Chefe do Estado moçambicano, Armando Guebuza, indicou como desafios no con-texto da presidência moçambicana para os próximos dois anos a promoção do re-forço da cooperação, não somente a nível intracomunitário como também com ou-tros organismos sub-regionais, regionais e internacionais, em busca de sinergias para assegurar a implementação da Estratégia

de Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP, sempre em articulação com os Es-tados-membros.O país irá continuar a promover uma maior aproximação da organização aos diversos parceiros, tais como a sociedade civil, as instituições académicas, o sector privado e as organizações especializadas da família das Nações Unidas. Tais desíg-nios serão materializados através da troca de experiências, mobilização dos diferen-tes parceiros, reforço do multilateralismo e do diálogo entre diferentes actores.A IX Cimeira dos Chefes de Estado e de Governos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa decorreu sob o lema “A CPLP e os Desafios da Segurança Alimen-tar e Nutricional”. A este propósito, o Pre-sidente Guebuza afirmou que Moçambique espera contribuir para a melhoria da capa-cidade de cada um dos Estados-membros

da comunidade de reduzir a incidência da desnutrição.Espera ainda contribuir para que cada um dos países garanta a realização progressiva do direito humano à alimentação adequa-da para todos, através daquele conjunto de iniciativas. Aliás, o Chefe do Estado afirmou que o tema da Cimeira de Maputo desafia os Estados-membros a redobrar as acções no combate à fome e à pobreza.

Conselho de Segurança Alimentar e Nu-tricional será criadoA criação do Conselho de Segurança Ali-mentar e Nutricional, que fará a coorde-nação da implementação da Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP, constitui um dos marcos da conferência. Trata-se de um mecanismo que simboliza a reafirmação clara e ine-quívoca do compromisso dos Estados--membros com a erradicação da fome e da pobreza.Numa retrospectiva sobre os 16 anos de existência da organização, o Presidente da República disse ter ficado demons-trado que a acção da CPLP vai para além do espaço comunitário. O seu contributo para a manutenção da paz e segurança no mundo faz dela um actor relevante que está a ganhar crescente visibilidade inter-nacional.No que diz respeito à paz e segurança no seio da Comunidade, Armando Guebuza destacou como desafio a situação que se vive na Guiné-Bissau. Segundo avançou, o golpe de Estado naquele país gerou uma crise política e social que põe em risco a estabilidade interna e da região, em par-ticular, comprometendo os programas nacionais de desenvolvimento social e económico.c

Maputo acolhe cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da  SADC

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REGIÕES NOTÍCIAS18

OPORTUNIDADES DE NEGÓCIO

Fundação Getúlio lança “Fundo de Nacala”

A Fundação Getúlio Vargas (FGV) lançou no dia 4 de Julho, em Brasília, o Fundo de Nacala, que vai beneficiar a província

de Nampula. O Fundo de Nacala é um projecto que visa promover o desenvol-vimento social, ambiental e económico

ao longo do Corredor de Nacala, usando a experiência do Brasil na área do agro--negócio.O projecto conta com o apoio da Agên-cia Brasileira de Cooperação (ABC), da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), da

Empresa Brasileira de Pesquisa Agro--pecuária (EMBRAPA), da Câmara de Comércio, Indústria e Agro-pecuária Brasil-Moçambique (CCIABM) e da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), veja mais informação na pag. 32.c

GAZAProdução de alimentosé alvo de investimento

O regadio de Ponela, no Baixo Limpopo (Gaza), conta com uma máquina para fa-zer o assoreamento dos campos de cultivo, para que os camponeses possam aumen-tar os níveis de produtividade de arroz, trigo e demais cereais.No regadio de Ponela estão a ser investi-dos 200 milhões de dólares para a pro-dução de arroz, trigo e outras culturas, financiados pelos governos moçambicano e chinês.A máquina para fazer o assoreamento cus-tou 8 milhões de meticais (290 mil dólares norte-americanos) e tem capacidade para assorear cerca de 700 hectares por dia, e, segundo estimativas, cerca de 12 mil hec-tares de áreas de cultivo no regadio preci-sam de limpeza.Armando Ussivane, responsável do rega-dio, afirma que para aumentar a capacida-de de limpeza está prevista a aquisição de mais uma máquina similar que irá actuar em outras zonas integradas no sistema de regadio.Entretanto, está em curso o processo de

aquisição de outros materiais na perspec-tiva de se criar condições de aproveita-mento da terra de cultivo e de incremen-to de produção de comida, bem como de melhoria e normalização da segurança alimentar das comunidades.c

CABO DELGADOMais 80 triliões de pés cúbicos de gás

Oitenta triliões de pés cúbicos de gás natu-ral foram descobertos em duas áreas loca-lizadas nos distritos de Palma e Mocímboa da Praia, na província de Cabo Delgado, no âmbito das actividades de pesquisa de hidrocarbonetos.Esta informação foi dada por Eliseu Ma-chava, governador da província, durante a apresentação do informe do Plano Econó-mico e Social da província ao Presidente da República, Armando Guebuza, aquan-do da presidência.Como resultado de várias pesquisas, fo-ram descobertos jazigos de níquel e ou-tros metais associados, grafite, mármore e rubi, nos distritos de Montepuez, Ancua-be, Chiúre e Balama.c

No total, segundo o governador, existem sete áreas de ocorrência de hidrocarbo-netos, as quais se localizam nos distritos de Palma, Mocímboa da Praia, Macomia, Ibo, Quissanga, Metuge e Mecúfi. Em Montepuez, foi estabelecida uma empresa moçambicana para a comercialização de metais. Machava apontou que como resul-tado dos trabalhos de pesquisa foram cria-dos, durante o primeiro trimestre 1.500 empregos para jovens moçambicanos.

SOFALAUm novo terminalde combustíveis para o porto da BeiraSerão iniciadas, em breve, as obras de construção de um terminal de combustí-veis no porto da Beira, levando 15 meses até à sua conclusão. O novo terminal, cujo estudo de impacto ambiental foi apresen-tado na Beira, terá uma capacidade de 85 mil metros cúbicos e exigirá um investi-mento de 50 milhões de dólares.No total, serão construídos quatro tan-ques para armazenar gasóleo, gasolina e Jet A1, combustível para aviação.O porto da Beira serve vários países do interior do continente africano, casos do Zimbabué e Malawi.c

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EMPRESAS 19

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“Da simplicidade vem a classe”

A Delta Trading foi distinguida como a maior distribuidora de Ar Condicionados na África Austral, da marca Samsung, em 2010 e

2011. O certificado foi entregue pelo repre-sentante da marca Samsung em Moçambi-que, Clif Cardor, durante a Conferência de Ar Condicionados Samsung, realizada em Junho em Maputo.Com esta conferência, a Samsung tinha

como objectivo apresentar as suas novi-dades tecnológicas exclusivas em ar con-dicionados, que colocam esta marca como a mais inovadora e amiga do ambiente da actualidade. O seu vasto leque de produtos abrange soluções para habitação, superfí-cies comerciais, grandes edifícios de escri-tórios, comerciais e serviços.A Samsung apresenta-se como fornecedo-ra de soluções perfeitamente adequadas a

regiões com oscilações de corrente, com elevada protecção à corrosão, de baixo consumo energético, redução mínima de ruídos e utilizando componentes amigas do ambiente.Estes produtos estão já disponíveis na Del-ta Trading, o distribuidor oficial da marca Samsung e através da sua rede de lojas Sa-msung. A Conferência de Ar Condicionados Sam-sung foi promovida pela Samsung e pela sua distribuidora nacional e teve a parti-cipação dos maiores clientes de ar condi-cionados Samsung no país, que incluem empresas de construção, consultoria, re-frigeração e revenda.A Samsung felicitou ainda a Delta Trading pelos seus excelentes serviços que vão des-de a execução de projectos, consultoria, montagem à assistência técnica qualifica-da e certificada pela marca.A Samsung Moçambique está a registar muitos progressos com a sua melhoria de qualidade e serviços e está prevista para breve a abertura de duas lojas, em Tete e Nampula.c

Samsung distingue Delta Trading como a melhor distribuidorade Ar-Condicionados da África Austral

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20 DOSSIER ECONOMIA VERDE

Economia verde: um duplo desafio para Moçambique

Assegurar que a economia nacional se desenvolva sem causar danos ir-reparáveis ao meio-ambiente é por si só uma tarefa difícil. No entanto, tentar realizar esta tarefa num contexto onde as mudanças climáticas já impõem a tomada de medidas urgentes e enérgicas é mais difícil ain-da. Daí que materializar a economia verde no país torna-se um desafio com duas facetas de grande peso: explorar os recursos naturais de for-ma sustentável para o meio ambiente e implementar as estratégias exis-tentes tendo em vista a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.

O conceito de economia verde aceite internacionalmente não possui uma definição exacta, sendo usada em função dos

contextos e interesses das instituições. No entanto, de acordo com a FAO (Food and Agriculture Organization of United Nations), em qualquer que seja o contex-to usado deve estar claro que a “economia verde” implica “fazer mais e melhor com menos”, e que a sua aplicação deve ser ba-seada no princípio da “responsabilidade comum mas diferenciada”. Os países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) concordam que o conceito de economia verde não substi-tuirá o de “desenvolvimento sustentável”,

mas que será um meio no sentido de alcan-çar a sustentabilidade, não só ecológica e económica, mas também social. Neste quadro, a FAO define o desenvolvi-mento sustentável como sendo a gestão e a conservação da base de recursos naturais e a orientação da mudança tecnológica e institucional de forma a garantir a realiza-ção e a satisfação contínua das necessida-des humanas para as gerações presentes e futuras. Basicamente, em qualquer que seja o sector, a visão da FAO sobre o de-senvolvimento sustentável contempla a conservação da terra, água, plantas e re-cursos genéticos animais; uso de meios que não degradem o ambiente; que sejam tecnicamente apropriados, economica-

mente viáveis e socialmente aceites. No caso de Moçambique, a questão ambien-tal sempre foi tomada em conta na agenda governativa, mas actualmente esta apare-ce com maior ênfase, dada a conjuntura criada pelo aquecimento global bem como devido às crescentes descobertas e à explo-ração de recursos naturais no país. Os desafios ambientais que Moçambique enfrenta hoje são característicos de uma economia em franco desenvolvimento, sendo no entanto acrescidos aos colocados pelo fenómeno do aquecimento global, que por si só são suficientes para consumir avultados fundos em programas de miti-gação dos seus efeitos.c

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A posição de Moçambique

A questão ambiental é assumida como sendo de capital impor-tância pelas autoridades gover-namentais em Moçambique. É

neste quadro que o Presidente da Repú-blica, Armando Guebuza, lançou no mês passado, no Brasil, aquando da sua par-ticipação na Conferência Ri0+20 o “Ro-teiro” através do qual o país vai trilhar os caminhos para a implementação da economia verde no país.Mais do que um documento que espelha a ambição de Moçambique no que tange à economia verde, o roteiro é um sinal

claro de que há vontade política de pro-teger o meio-ambiente no país.Na essência, o documento ora lançado vem elucidar os caminhos a seguir por Moçambique na implementação da eco-nomia verde, tendo em conta os desafios colocados pelo desenvolvimento susten-tável e pelas mudanças climáticas.No entanto, a economia verde não é um projecto que se concretiza do dia para a noite, havendo necessidade de criar todo um aparato a nível nacional de modo a viabilizar o plano. Neste contexto, são reconhecidos pelo

Presidente da República enquanto desa-fios: a socialização do conceito no con-texto moçambicano; o acesso a recursos financeiros e tecnológicos e a capacita-ção institucional. O documento em alusão vai impor direc-trizes nos sectores da agricultura, ener-gia e urbanismo. Além destes sectores, o roteiro vai ser determinante no processo de planificação e tomada de decisão nos diversos sectores de actividade no país, de modo a que Moçambique se desen-volva de forma ambientalmente susten-tável. O Ministério da Coordenação da Acção Ambiental justifica a escolha do sec-tor Agrícola pelo facto de ser a base da economia nacional. No caso da Energia, pesou o potencial de fontes renováveis de energia que podem constituir uma grande porta de entrada aos investimen-tos no país. Quanto ao Urbanismo, ele é seleccionado porque se tende a assistir uma expansão cada vez mais intensa dos centros urbanos, impulsionada em parte pela migração de pessoas das zonas ru-rais para os centros urbanos.Para que o Roteiro não fique apenas nos discursos, os próximos Orçamentos de Estado irão incluir percentagens a alocar a implementação do projecto, de forma directa e indirecta.c

21DOSSIER ECONOMIA VERDE

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O ministro das Finanças da Áfri-ca do Sul, Pravin Gordhan, foi citado pela imprensa brasileira como sendo o defensor da tese

de que alterar o modelo económico actual para um modelo económico verde pode trazer riscos aos países menos desenvol-vidos. Gordhan falava na reunião dos mi-nistros de Finanças do G20 sobre como implantar uma economia verde, durante Conferência das Nações Unidas sobre De-senvolvimento Sustentável, a Rio+20. De acordo com o tutelar da pasta de Fi-nanças da África do Sul, caso os países desenvolvidos utilizem a economia verde como forma de vantagem comercial, os países com menor desenvolvimento irão ser discriminados. Gordhan defende que é financeiramente mais fácil para um país com mais recursos colocar-se no patamar da economia verde. Daí que, caso eles uti-

lizem isto na negociação com os subde-senvolvidos para adquirir vantagens, os mais carentes serão marginalizados por não possuírem o mesmo potencial.Gordhan acredita na importância da eco-nomia verde, mas não vê nela a solução para todos os problemas da África do Sul e dos demais países. «O crescimento ver-de não é a solução para todos os nossos problemas, mas apenas uma das respos-tas. Ele deve ser integrado a diversos outros sectores, como social, ambiental e principalmente político», afirma. Em sintonia com este raciocínio está uma pesquisa desenvolvida pelo Professor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília, Donald Sa-wyer, que defende que a economia verde implica grande risco de se transformar em algo muito diferente do desenvolvi-mento sustentável.

O estudioso entende que por tratar do atendimento às necessidades da presente e futura gerações, ou seja, no fundo por compreender a equidade intra e interge-racional, o desenvolvimento sustentável é necessariamente sistémico. Já a econo-mia verde poderá não passar do acréscimo superficial de alguns sectores ou camadas adicionais, podendo resumir-se a activi-dades ou projectos verdes actualmente na moda, tais como painéis foto-voltaicos, moinhos eólicos, pontos de reciclagem de lixo, hortas orgânicas e pousadas ecotu-rísticas na selva, sem mudar o principal, que são os padrões de produção e consu-mo insustentáveis. O académico brasileiro conclui a sua tese defendendo que a economia verde corre o risco de se limitar a gestos simbólicos.c

Os riscos previstos

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A Organização Internacional do Trabalho (OIT ) publicou um relatório no mês de Maio deste ano, onde apresenta alguns ra-

mos de actividade que se devem apostar para viabilizar a economia verde. A OIT estima, no documento, que 60 milhões de empregos decentes e sustentáveis podem ser criados se o sistema actual de produ-ção e consumo for direccionado para a economia verde.As oportunidades apresentadas pela pu-blicação podem contribuir para a redução dos 74,8 milhões de jovens desemprega-dos no mundo. A pesquisa refere que são necessários investimentos em oito secto-res que juntos respondem pelo emprego de 1,5 biliões de pessoas — a metade da força de trabalho mundial. Seriam os sectores: energia; indústria; agricultura; reciclagem; construção; pesca; florestas e transporte. Entretanto, nem todos os ramos de actividade poderão gerar em-

pregos, a curto e médio prazos, se a eco-nomia verde for adoptada. Um exemplo prático é o da indústria pesqueira. As pre-visões indicam que as acções necessárias para recompor o stock marinho podem desempregar mais do que gerar ofertas

de trabalho. No entanto, a perspectiva muda a longo prazo. Ainda assim, outros sectores, como o da energia, já apresen-tam crescimento no número de empregos gerados nos últimos cinco anos. c

As estimativas de emprego nos oito sectoresEnergia: O sector da energia não represen-ta uma grande parcela da oferta de empre-go mundial. Contudo, a influência directa do sector na emissão de gases causadores do aquecimento global faz com que inves-timentos em novas fontes de energia reno-vável fomentem o mercado de trabalho. Em 2006, havia 2,3 milhões de empregos verdes no sector. Em 2010 serão 5 milhões.Indústria: Responsável por 23% da oferta de emprego mundial (660 milhões de em-pregos), a indústria usa 35% da electrici-dade produzida no mundo, responde por 20% das emissões de gases, por 17% da po-luição do ar, consome 10% da água e é res-ponsável por 25% da extracção de recursos naturais. Uma produção mais consciente e eficaz pode estimular a criação de novos empregos, como no aproveitamento de re-síduos para a geração de energia que em-prega 800 milhões de pessoas e em 2020 empregará 2 biliões. Agricultura: Para alimentar as 9 biliões de pessoas que estarão no planeta em 2050, a agricultura vai precisar de aumentar a pro-dução em 70% (em comparação com o ano de 2000).Os métodos da agricultura que tendem a causar menor impacto no meio--ambiente são os que precisam de mais tra-balho. Dar estímulo e suporte a pequenos e médios agricultores, prover tecnologia e implantar técnicas com mais eficiência e

melhor uso do solo e promover a produção de alimentos orgânicos são as acções que podem fomentar o emprego no sector. Reciclagem: Em 2010, 11 biliões de tone-ladas de resíduos sólidos foram recolhidas. Só o processamento do lixo já é uma indús-tria que gera 410 biliões de dólares anual-mente. Incluir no sector as operações de colecta, transporte, separação e prepara-ção para a reutilização pode gerar milhares de empregos. As estimativas indicam que o processo de reciclagem pode empregar até 24 vezes mais do que lixeiras e aterros sanitários normais.Construção: A indústria de construção ci-vil usa um terço do uso de energia global, responde por um terço das emissões de gases e emprega 111 milhões de pessoas por ano. Se as políticas de economia verde forem adoptadas, o sector é o que possui o maior potencial para a redução de emis-sões de gases e também para a geração de empregos verdes. Novas oportunidades aparecem na construção de novas edifica-ções ecologicamente mais eficientes, nas reformas, no design e na produção de no-vos materiais e produtos. Estimativas indi-cam que o investimento de 470 bilhões de dólares em 5 anos para “esverdear” o sec-tor possa gerar 17,5 milhões de empregos.Pesca: A pesca gera 180 milhões de em-pregos. A redução dramática nos stocks de

peixes devido à pesca industrial ameaça a actividade dessas pessoas. No entanto, se medidas forem tomadas com um investi-mento até 198 milhões de dólares ao ano, haverá 50% mais de ofertas de emprego no sector, em 2050.Florestas: A devastação das florestas ame-aça o meio de vida de até 64 milhões de pessoas empregadas em actividades de processamento de madeira, produção de papel e colecta. Mas, empregos directos e indirectos foram criados ao promover a protecção, o reflorestamento e o uso sus-tentável das florestas. De acordo com o relatório, pelo menos 2 milhões de pessoas são empregadas na indústria de florestas. Segundo as estimativas, um investimento anual de 36 biliões de dólares em florestas sustentáveis pode gerar até 17 milhões de postos de trabalho. Transportes: O sector dos transportes con-some mais da metade dos combustíveis fósseis extraídos do planeta. Também é responsável por boa parte da poluição do ar nas cidades. Uma das grandes medidas da economia verde é a melhoria do trans-porte público. O investimento em ferro-vias — com maior eficiência energética e menos poluição — deve ganhar prioridade. Portanto, a construção de linhas férreas de alta velocidade irá empregar muito mais pessoas nas próximas duas décadas.c

22 DOSSIER ECONOMIA VERDE

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Surgem outras oportunidades de emprego

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23

Um estudo do Banco Mundial indi-ca que o comércio inter-regional no COMESA – Mercado Comum da África Oriental e Austral cor-

responde apenas a 5% do total da mercado-ria importada.Entre os problemas que estrangulam as economias africanas, de acordo com um apontamento da revista África 21, nada pa-rece tão contraproducente e bizarro como as barreiras comerciais e administrativas que se colocam ao comércio inter-regional. Criadas localmente, algumas vezes inspira-das em questões mesquinhas, e em vigor há mais de 30 anos, estas barreiras têm conse-quências nefastas.Um estudo do Banco Mundial indica que o comércio inter-regional no COMESA – Mercado Comum da África Oriental e Aus-tral corresponde apenas a 5% do total da mercadoria importada pelos países deste mercado.A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) regista um sco-re relativamente melhor, mas nada que jus-tifique celebrações. Aqui o comércio inte-restados equivale apenas a 10% do volume

de importações. Em contrapartida na zona correspondente à ASEAN, o comércio entre vizinhos representa 20% das importações. Na Nafta estas operações chegam a 35%, na União Europeia vão aos 60% e no Mercosul andam pelos 15%.De acordo com o Banco Mundial (BM), as barreiras incluem autorizações para impor-tação, taxas às exportações, tarifas adua-neiras, licenças para circulação, proibições impostas a alguns produtos, e falta de coor-denação entre instituições responsáveis por fiscalização, regulação e autorização.Ainda segundo o BM a cadeia sul-africana de supermercados Shoprite gasta semanal-mente na Zâmbia 20 mil dólares no paga-mento de emolumentos para fazer passar a sua mercadoria. O Shoprite manuseia em média 100 processos para fazer passar cada um dos seus camiões. «Nalguns casos podem ser necessários 1600 documentos», diz o estudo do BM.Perante estes números ninguém se surpre-endeu com o tom que a vice-presidente do BM, Obiageli Ezekwesili, empregou por al-tura da apresentação do relatório. «O mercado africano envolve mil milhões

de pessoas, e pode gerar comércio no va-lor de dois biliões de dólares. É importante pois que os líderes africanos respondam às aspirações da população com atos capazes de remover as barreiras, e suficientes para dinamizar o mercado regional».c

Moçambique entreas 10 maiores economias

ECONOMIA

Angola deverá ultrapassar a África do Sul, actualmente a maior eco-nomia do continente, até 2016, revela um relatório do Econo-

mist Intelligence Unit (EIU), que coloca também Moçambique entre os 10 merca-dos africanos com mais potencial.No relatório “Para dentro de África: Oportunidades de negócio emer-gentes”, o gabinete de estudos da revista Economist conclui que o papel das econo-mias africanas ainda representa apenas 3 por cento da economia global e que a África Subsahariana (excluindo a África do Sul) representa menos de metade do PIB do continente.No entanto, sublinha que este grupo de países está a crescer mais depressa do que qualquer outro no mundo e que os investidores estão a acordar para o enor-me potencial da região: “a corrida para participar no crescimento africano já começou”. O relatório aponta como sec-

tores com maior potencial de crescimento a agricultura e a agro-indústria, as infra--estruturas, os serviços e os bens de con-sumo, mas recorda que ainda há grandes dificuldades, a começar pela corrupção, que continua a aumentar, a ineficiência dos serviços públicos, o risco político e a falta de mão-de-obra qualificada.Além disso, o EIU recorda que África não é um país, mas sim 56, com outros tantos sistemas e governos, e aconselha os in-vestidores a prepararem-se bem para as oportunidades, os riscos e o potencial. Se-gundo as estimativas do EIU, pelo menos 28 países do Continente Africano deverão crescer a uma média anual superior a 5 porcento nos próximos cinco anos.Angola surge no grupo das economias com crescimentos previstos de 5 a 7,5 por cento, enquanto Moçambique aparece no grupo seguinte, com crescimentos anuais médios de 7,5 a 10 por cento, juntamen-te com a Etiópia, a Libéria, o Níger e o

Uganda.O relatório identifica igualmente os 10 mercados que deverão ter os melhores desempenhos nos próximos 10 anos em quatro categorias: os países com menor risco político, os maiores reformistas, os países com maior investimento e os maio-res em território. Angola é o segundo com maior investimento, depois da África do Sul, e o quarto maior em dimensão, ao passo que Moçambique surge em três das quatro categorias: É o segundo com mais potencial na rapidez com que faz refor-mas, o sétimo com menor risco político e o décimo com maior investimento.“As reformas estão a acontecer depressa, encabeçadas pela Etiópia, Moçambique, Namíbia, Zâmbia e Uganda, enquanto as economias gigantes de Angola e Nigé-ria, que deverão ultrapassar a África do Sul em 2016, oferecem vantagens signifi-cativas aos investidores”, conclui o Eco-nomist Intelligence Unit.c

Consequências nesfastas das barreirasao comércio em África

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24 ECONOMIA ENERGIA

O busílis da biomassa no país

Em Moçambique, 75% dos agre-gados familiares dependem da energia da biomassa para cozi-nhar. As estimativas ditam que se

utiliza, anualmente, cerca de 16 milhões m3 de floresta para produzir carvão ve-getal, com um valor estimado superior a 700 milhões de dólares para a madeira, embora se produza apenas cerca de 300 milhões de dólares no mercado de car-vão local (Estratégia de Biomassa (BEST Mozambique - resultados preliminares de 2012).Em 2011, as cidades com maior ritmo de crescimento em Moçambique - Maputo, Beira e Nampula - consumiram 8 milhões de sacos de carvão vegetal com 60kg cada, fazendo os preços aumentar a uma razão de 200%.Embora a região norte ainda possua re-cursos de biomassa abundantes, capazes de satisfazer a procura durante os próxi-mos 25 anos, a região sul, onde vive mais de 30% da população, encontra-se actu-almente numa situação crítica. Nessa re-gião cada vez é mais difícil aos agregados familiares sustentarem as suas necessi-dades em termos de energia de biomassa, sobretudo quando se trata das famílias de baixa renda.As previsões para Moçambique deixam claro que, mesmo com um investimen-

to real de 2 biliões de dólares até 2020, mais de 60% da população continuará a não ter acesso à rede de energia eléctrica, ficando desse modo dependente da bio-massa para satisfazer as suas necessida-des energéticas. Nesse âmbito, sabe-se que as condições de acessibilidade e de produção vêm-se tornando mais difíceis e mais caras, en-carecendo também os preços ao consu-midor final. Como tal, o investimento em fontes alternativas à biomassa é conside-rado estratégico no âmbito de uma políti-ca energética comprometida com os ob-jectivos do PARPA – Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta.

Maputo: um mercado atractivoEm 2011, foram consumidos em Maputo três milhões de sacos de carvão movi-mentando um mercado de 70 milhões de dólares. Do ponto de vista ambiental, o impacto da demanda por carvão em Maputo nas florestas é enorme: A produção de carvão que se destina, actualmente, à cidade per-corre cerca de 400 km de distância, en-quanto que há 10 anos era produzido na província. Por que motivo tal acontece? Porque não há mais florestas.Evidentemente que maiores dificuldades em produzir e distribuir o carvão impli-

cam um impacto no preço, elevando-o. Entre 2010 -2012, o preço disparou de 250 meticais por saco de carvão para os actuais 650 meticais, e nada impede que este preço continue a subir. Aliás, os au-mentos de preço mais elevados têm sido observados na região sul, sobretudo na província de Maputo.Embora o carvão em Maputo ainda seja conveniente, no sentido de ser vendido em diversos pontos e em diversas quanti-dades e a um preço accessível, o consumo mensal por família nas zonas peri-urba-nas, varia em torno dos 650 aos 750 me-ticais por mês. Este novo patamar de preços e de gasto das famílias de baixa renda, cria uma ver-dadeira oportunidade de mercado para a introdução de alternativas ao carvão, entre as quais o gás se apresenta como a opção mais indicada e desejada.De acordo com o estudo realizado recen-temente pela SNV, numa parceria com o FUNAE, e o Conselho Municipal da Cida-de, no bairro da Mafalala (em Maputo), 63% ou 1.800 famílias já percebem que o gás é uma alternativa ideal para cozinhar. Neste bairro, 30% das famílias já combi-nam o carvão com o gás, e tudo indica que isto seja uma tendência.De acordo como o estudo, as famílias que tradicionalmente consomem carvão, hoje

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25ECONOMIA ENERGIA

O Conselho Municipal de Ma-puto e a SNV (Cooperação Holandesa para o Desenvol-vimento) assinaram um me-

morando de entendimento para o desen-volvimento de um programa conjunto que pretende promover a introdução de soluções eficientes e alternativas para atender à demanda de energia de mais de 360 mil famílias de baixa renda que hoje utilizam carvão na cidade.

A ideia passa de acordo com o director nacional da SNV, Rik Overmars, por di-vulgar uma energia mais sustentável, ba-rata e amiga do ambiente, que substitua o uso do carvão vegetal. Nesse âmbito, o gás assoma-se como uma opção bas-tante atractiva para um projecto-piloto. O projecto será levado a cabo em alguns bairros da zona peri-urbana, podendo destacar a Mafalala, entre outros.O presidente do Município pretende com

esta iniciativa ajudar a transformar Ma-puto numa das cidades sustentáveis do país e refere que até Outubro de 2013, o gás será distribuído pela cidade enquan-to energia doméstica. «Moçambique vai-se tornar o quarto produtor de gás natural do mundo e não queremos que esse gás seja consu-mido apenas lá fora. Maputo que estar na liderança e ajudar o país dando o exemplo», garante Simango.c

teriam condições e desejo verdadeiro de pagar pelo gás, coisa que há apenas pou-cos anos, seria impensável. O mercado potencial de consumidores de gás hoje na cidade de Maputo, isto é, com capacida-de de comprar gás em bases de mercado, situa-se em torno de 100 mil famílias ou 36% dos consumidores de carvão. Neste contexto, e de acordo com o estudo realizado, transformar pessoas de baixa renda em consumidores de gás não é ape-nas um grande desafio institucional ou do Governo, mas, sobretudo, uma importan-te oportunidade de mercado para o sector privado.

A dicotomia entre oferta e demandaBaseado em informações de mercado re-colhidas, compreende-se que actualmen-te mais de 100 mil famílias em Maputo estão a formar um novo mercado consu-midor de gás. Considerando ainda que os gastos dos agregados familiares em ener-gia de biomassa estão a crescer, rapida-mente este número tende a aumentar.De momento, não há um mecanismo bem desenvolvido que forneça gás às famílias de baixo rendimento em zonas peri-urba-nas. Na última década, lançaram-se di-versos projectos para promover técnicas de cozinha, utilizando fogões eficientes e fontes de energia alternativas. Contudo, estes projectos registaram uma procu-ra reduzida e insuficiente para provocar uma mudança sustentável. Nos dias que correm, o mercado é com-pletamente diferente, com elevados pre-ços do carvão vegetal, e um gasto médio por família entre os 650 e 750 meticais por mês. Valores que ultrapassam os cus-tos de GLP e de eletricidade pelo que se considera ser este o momento ideal para a introdução de gás, em Maputo. Do ponto de vista económico, atender à

demanda de famílias de baixa renda de Maputo representa além de respeitar o direito a fontes limpas de energia, uma oportunidade de mercado que poderá trazer rentabilidade às empresas que in-vistam em modelos de negócio inclusivo e dirigidos à base da pirâmide. Devido à actual estrutura do mercado, fo-cada no segmento da classe média alta e no mercado industrial, a oferta e o siste-ma de distribuição de gás, em particular, não contemplam o atendimento eficaz às famílias de baixa renda.As famílias de baixa renda gastam até um terço da sua renda em fontes sujas e pre-cárias de energia, gastam valores propor-cionais muito superiores aos que gasta uma família da classe média de Maputo (estimado em 600 meticais por mês). A situação actual é que não existe, de momento, uma oferta desenhada para os consumidores de baixa renda. Constata--se que enquanto indústrias como as das telecomunicações conseguem alavancar a sua performance atendendo à população de baixa renda, com pacotes acessíveis, e com uma ampla variedade de preços e pontos de venda, no segmento da energia ainda não se exploram estes modelos. É evidente que há poucos anos um esforço neste sentido seria inviável sob o ponto de vista financeiro, mas hoje a realidade é outra e há que explorá-la no bom sentido.A mudança tecnológica dos consumido-res, principalmente pela via da aquisição da botija de gás (3kg/9kg) e do fogão a gás são naturalmente os principais impe-dimentos, de acordo com o Estudo sobre o mercado do carvão no Bairro da Mafa-lala da SNV (2012).

O que pode ser feitoA demanda já está sensibilizada, entre-tanto é possível ampliar o seu conheci-

mento sobre as vantagens do gás em de-trimento do carvão. E é preciso que sejam organizados movimentos de sensibiliza-ção.O segmento de consumidores de baixa renda que já têm capacidade de migrar para o gás, está composto por pelo menos 100 mil famílias e tende a crescer na me-dida em que, por um lado, o número de empregos e a renda crescem na cidade, assim como o preço do carvão.Um grande contingente de consumidores de carvão tem condições de sustentar o seu consumo de gás ou combinar o uso de gás com outras fontes de energia. Ou seja, o desafio consiste no desenvolvimento de uma oferta ajustada a este segmento. O desenvolvimento de uma oferta ajustada em termos de: Produto, Preço, Pontos de Venda, Forma de Pagamento e Promoção à realidade dos consumidores da base da pirâmide é o maior desafio que se enfren-ta do ponto de vista da oferta. A questão, no entanto, não é se o sector privado terá condições de atender a este segmento, mas se, de momento, o seg-mento da base da pirâmide, se encaixará ou não nas estratégias comerciais de em-presas distribuidoras de gás. Entretanto, as informações indicam que existe uma demanda emergente e suficientemente robusta para justificar que as empresas de distribuição iniciem “exercícios” no sentido de atender ou fornecer a este seg-mento. Federico Vignati da SNV crê que a dis-tribuição subsidiada de botijas de gás de 3kg, ou mesmo a subvenção das actuais de 9kg, seja um passo importante e refe-re que maiores detalhes sobre o que pode ser feito deverão resultar do diálogo mul-tisectorial e do desejo de colaboração en-tre os diversos actores.c

Município de Maputo e SNV promovem energias alternativas ao carvão

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Arsénia Sithoye [texto] | Helga Nunes [Fotos]

26 PEDRO MOURA, ADMINISTRADOR DA PORTUCEL MOÇAMBIQUE26

O grupo português Portucel Soporcel que actua fabrico de papel instalou-se no mercado moçambicano em 2009, com um projecto integrado de produção florestal, de energia e de pasta de papel, prevendo exportar cerca de 800 milhões de dólares por ano. Pedro Moura, administrador da Portucel Moçambique, fala do empreendimento, cujo compromisso é vir a contribuir para a valorização da floresta, fomentar o emprego local e o tecido empresarial, dinamizar a agricultura de rendimento, numa lógica de preservação ambiental e responsabilidade social.

A Portucel baseou-se em Moçambique em 2009. O que motivou a empresa a abraçar o mercado moçambicano?A Portucel, na sua actividade de longos anos, vendendo os seus produtos num conjunto de países muito alargado, en-tendeu ser o momento de expandir e in-ternacionalizar a sua produção. E olhou para várias geografias no sentido de po-der desenvolver projectos de produção industrial fora do país. Olhamos para a América Latina e para África e Moçam-bique mostrou ser um país que tinha aptidões muito importantes, nomea-

damente na produção florestal, por ter uma posição geoestratégica importan-te em relação aos mercados asiáticos, e pela forte afinidade cultural com Portu-gal. Nesse sentido, começamos a estudar o potencial para o projecto. Verificamos que haviam condições e apresentamos uma proposta de investimento ao Gover-no moçambicano. E para implementar esse projecto foi constituída a Portucel Moçambique, a 1 de Abril de 2009.

A partir de 2025 a Portucel pretende investir 2.3 biliões de euros nos seus

projectos e criar 7.500 empregos em Moçambique. Qual é o actual grau de implementação deste projecto? Até 2025, o total de investimento será de 2.3 biliões de dólares e prometemos criar 7.500 postos de trabalho directos. Estamos à vontade para, ao longo da im-plementação do projecto, virmos a atin-gir esse número e ultrapassá-lo.

Algumas populações residentes em Manica ficaram menos receptivas em relação à concessão de 220 mil hecta-res à Portucel para o projecto de pro-

Portucel Moçambique prevê exportar 800 milhõesde dólares por ano

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27ENTREVISTAdução de papel. Até que ponto já foi superada esta situação? De facto, tivemos algumas hesitações em algumas comunidades. E o princípio que adoptámos é que sempre que houvesse hesitações nós não iríamos forçar e aca-bamos por encontrar áreas alternativas. Hoje, o assunto está resolvido. Houve um debate na província de Manica e obtivemos a respectiva aprovação pelo Conselho de Ministros em Dezembro do ano passado (2011). Portanto, está de facto ultrapassada essa dificuldade.

Além de Manica, quais são outras regi-ões em que estão instalados? Temos um DUAT (Direito de Uso e Apro-veitamento de Terra) para a província da Zambézia, no qual também estamos a trabalhar. Portanto, estamos em Manica com 183 mil hectares e na Zambézia com 173 mil hectares, e estamos a trabalhar de acordo com o plano do projecto. Ago-ra, estamos na fase de instalação de en-saios para podermos testar o melhor ma-terial vegetal e assim podermos, quando tivermos a selecção feita, passar à fase da plantação industrial. Ao mesmo tempo, estamos a desenvolver alguns estudos na área da logística, porque não é pos-sível partir para este investimento sem termos a garantia de que vamos poder escoar o produto de forma competitiva. O Executivo moçambicano mostra-se a favor da criação de negócios que re-velam um potencial de implementar uma cadeia de valores e mais postos de trabalho. Como é que se manifesta esta mais-valia nos negócios da Portucel?O negócio da Portucel já pressupõe a ins-talação de uma cadeia de valores e esse é o grande efeito estruturante que este negócio tem para a economia nacional. E quando estamos a produzir pasta es-tamos a desenvolver, a incentivar uma cadeia de valor que começa com a produ-ção da matéria-prima e que vai garantir a sua transformação num produto com a possibilidade de viajar muito melhor para mercados de destino, comparado com a madeira. Portanto, dá sustenta-bilidade à produção de madeira no país. Acrescenta-lhe esse valor.O grande impulsionador de mão-de--obra é de facto a componente florestal. A parte industrial já nem tanto, porque a fábrica a ser instalada será uma fábri-ca moderna, de alta tecnologia, mas tem essa enorme vantagem que é a de fixar esta cadeia de valor e de ter um papel muito forte de estruturação da econo-mia, consolidando os postos de trabalho

a montante e naturalmente dotando o país de tecnologias de ponta, o que vai ser importante para o desenvolvimento de quadros. Existe também a possibilidade de, a par-tir daí, se desenvolver outro tipo de ne-gócios porque em torno de uma fábrica destas são múltiplas as pequenas e mé-dias empresas que irão actuar nas áreas de manutenção no campo da electrónica, mecânica, engenharia civil, entre outros.

Qual é o destino da pasta de papel pro-duzida?O destino é o mercado asiático. Moçam-bique tem uma posição geoestratégica muito boa, e pode ser uma plataforma importante para negociar com os merca-dos asiáticos, fundamentalmente a Chi-na e a Índia.

Moçambique está a receber muitos me-gaprojectos, abrindo possibilidades de melhores negócios para fornecedores. Até que ponto a Portucel já assegurou alguma ligação rentável com os referi-dos megaprojectos? Os megaprojectos de que ouvimos falar não têm interface com o projecto da Por-tucel, pois este é um projecto que come-ça por criar a matéria-prima, portanto ele não vai utilizar um recurso que o país tem, ele vem criar recursos. Como tal, viemos ajudar a desenvolver recursos no país que são transformados totalmente no interior do país e depois saem já com um valor acrescentado muito alto, daí a previsão no impacto das exportações do país de cerca de 800 milhões de dólares por ano. Se compararmos esse valor com aquilo que é hoje o nível das exportações do país, e se a fábrica estivesse a funcio-nar, estamos a falar de um crescimento que corresponderia a mais de 20% das exportações moçambicanas, na base do valor acrescentado interno.

A Portucel Moçambique aposta no mer-cado nórdico ou é suposto Portugal for-necer àquele mercado?Temos na nossa produção papel e ven-demos para 119 países, neste momento. Vendemos também a pasta de papel e os nossos clientes são fundamentalmente da Europa, ao passo que a produção aqui em Moçambique tem em vista os merca-dos asiáticos. Pode acontecer que algu-ma produção seja enviada para a Europa que é deficitária em produtos florestais, mas aqui o foco principal é o mercado asiático. É um mercado muito concorrencial por-que temos que competir com os brasilei-

ros. Eles têm hoje uma posição compe-titiva fortíssima no que concerne à pro-dução de pastas com base em eucalipto. Esse é um dos grandes desafios no pro-jecto em Moçambique – sermos compe-titivos com os brasileiros.

A que fins é que se destina essa pasta? A pasta tem um leque de aplicações mui-to grande. Desde o papel de impressão e de escrita ao papel para fins de higiene - como lenços, guardanapos, toalhas de papel – ao papel para fins de embalagem de sumos e leite, trata-se de um produto que pode ser misturado com outro tipo de fibras no sentido de fazer embalagens em cartão. Portanto, existe uma panó-plia de aplicações muito alargada. A pas-ta tem essa multiplicidade de aplicações, e inclusivamente pode ser usada até em mobiliário.

O que esperam fazer nos primeiros cin-co anos em termos de produção?A capacidade está planeada entre um mi-lhão e 1.5 milhões de toneladas por ano. O escoamento far-se-á através dos por-tos, e esta é uma questão que hoje nos preocupa seriamente. No caso de Mani-ca, o porto adequado será o da Beira e teremos de garantir a capacidade a nível da linha e a nível do porto. No caso da Zambézia, estamos a estudar uma solu-ção alternativa, porque a que possuímos obriga a operações logísticas muito ca-ras e, eventualmente, podem condenar o projecto. Portanto, estamos a estudar alternativas, as quais pensamos apresen-tar em breve ao Governo para podermos verificar se há viabilidade.c

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Arsénia Sithoye [Interview] | Helga Nunes [Photos]

Portucel Moçambiqueforecasts exports of USD 800 million per year

2828 PEDRO MOURA, ADMINISTRATOR OF PORTUCEL MOÇAMBIQUE

Portucel established itself in Mozam-bique in 2009. What motivated the company to embrace the Mozambican market? Portucel has been selling its products for many years in a very broad range of coun-tries and thought that it was the time to expand and internationalize its produc-tion. It looked at various areas of the globe that would allow it to develop in-dustrial production projects abroad. We looked at Latin America and Africa and Mozambique seemed to be a country that had very important skills, particularly in forest production, as it occupies an im-portant geostrategic position in relation

to the Asian markets, with a strong cultu-ral affinity with Portugal. Thus, we star-ted studying the potential of the project. We found that the conditions were there and we submitted an investment propo-sal to the Mozambican government. To implement this project we incorporated Portucel Moçambique, on April 1st, 2009

From 2025 Portucel Moçambique inten-ds to invest 2,3 billion Euros in its pro-jects and create 7,500 jobs in Mozam-bique. What is the current status of the implementation of the Project?By 2025, the total investment will be USD 2,3 billion and we promised to crea-

te direct employment for 7,500 workers. We are confident that during the imple-mentation of the Project we will reach these figures and even exceed them.

Some of the local population in Manica were less receptive in relation to the concession of the 220 thousand hecta-res to Portucel for the paper production Project. How has this situation been re-solved?Yes, there was a certain hesitation in cer-tain communities. The principle that we adopted is that whenever there is hesita-tion we would not force the issue and in the end we found alternative locations.

The Portuguese group Portucel Soporcel that is involved in paper manu-facture have established themselves in Mozam-bique since 2009 with a combined project com-prising forestry, electri-city and cellulose (paper pulp) are forecast to ex-port approximately USD 800 million per year. Pedro Moura, Director of Portucel Moçambique, talks about the under-taking, which is commit-ted to adding value to forests, promoting local employment as well as local businesses, promo-ting income generating agriculture, within a framework of environ-mental conservation and social responsibility.

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29INTERVIEWToday the issue has been solved. There was a discussion in the Manica province and we obtained the respective approval from the Council of Ministers in Decem-ber last year (2011). Therefore, the situa-tion has in fact been overcome.

Besides Manica, in which other areas are you present?We have a DUAT (Right of Use and En-joyment oif the Land) for the province of Zambezia, in which we are also working. Thus, we are in Manica with 183 thou-sand hectares and in Zambezia with 173 thousand hectares, and are working ac-cording to the project plan. Now we are in the testing phase in order to identify the best plant material, and when we have made the selection, we will move to the stage of industrial planting. At the same time, we are developing some stu-dies in the area of logistics, because it is not possible to decide on an investment of this scale without having the assuran-ce that we will be able to harvest the pro-duct competitively.

The Mozambican Government favours the creation of businesses with poten-tial to implement a chain of value and create employment. How is this gain reflected in the Portucel business? Portucel´s business model is already ba-sed on the idea of installing a value chain and this is the major structural effect that this business brings to the national economy. While we are producing paper pulp we are developing and encouraging a value chain that starts with the pro-duction of raw materials and will ensure their transformation into a product whi-ch has the ability to travel much better to target markets, compared to wood. Therefore, it gives sustainability to the timber production in the country. It adds that value.The major driver of labor is in fact the forest component. Not so much the in-dustrial part because the plant to be ins-talled will be a modern factory, with sta-te-of-the-art technology, but it has this enormous advantage that is to establish this value chain that will play an impor-tant role in structuring the economy, consolidating the workplaces upstream and, of course, providing the country with cutting-edge technologies, which will be important for the development of qualified labour.There is also the possibility from that to develop other types of business given that around a plant of this nature there are multiple small and medium enterpri-

ses that will operate in the fields of main-tenance of electronics, mechanics, civil engineering, among others.

Where is the paper pulp produced des-tined for?The product is destined for the Asian market. Mozambique is in a very good geo-strategic position and can become an important platform for business with the Asian markets, mainly China and In-dia.

Mozambique is receiving many mega-projects, opening the possibility for better business for suppliers. How far is Portucel in ensuring profitable rela-tions with such megaprojects? The megaprojects that we have heard about do not have an interface with Portucel´s project, because this is a pro-ject that starts with the creation of raw material, as it will not use a resource al-ready available in the country, it creates resources. As such, we came to help de-velop resources in the country that are processed entirely within the country and then leave with a very high added value, hence the prediction on the im-pact of the country’s exports of around $ 800 million per year. If we compare this value with the current exports of the country and if the factory were already in operation, we would be talking about an increase that would represent more than 20% of Mozambican exports, based on the domestic added value.

Is Portucel Mozambique looking at the Nordic market or this that market is to be supplied from Portugal? We have paper in our production and we currently sell to 119 countries. We also sell paper pulp and our customers are mainly from Europe, while the pro-

duction here in Mozambique is aimed at Asian markets. It may happen that some production is sent to Europe which is deficient in forest products, but here the main focus is the Asian market.It is a very competitive market because we have to compete with the Brazilians. They currently have a very strong com-petitive position in relation to the pro-duction of pulp from eucalyptus. This is a major challenge in the project in Mo-zambique - to be competitive with the Brazilians.

What is the pulp used for?The pulp has a very large range of appli-cations. From printing paper and writing to paper for hygienic purposes - han-dkerchiefs, napkins, paper towels – pa-per for milk and juice packaging, it is a product that can be mixed with other fibers in order to make cardboard packa-ging. Therefore, there is a very wide ran-ge of uses. The pulp has this multiplicity of applications and can be used even in furniture.

What do you intend to do in the first five years in terms of production?Planned capacity is between one million and 1.5 million tons per year. The pro-duct will be channeled through the ports, and this is an issue that seriously con-cerns us today. In the case of Manica, the port of Beira may be appropriate and we must ensure the capacity of the rai-lway as well as the port. In the case of Zambezia, we are studying an alternati-ve solution, because the one we have re-quires very expensive logistic operations and, possibly, may condemn the project. Therefore, we are studying alternatives, which we think will be soon submitted to the Government in order to assess its viability.c

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Sérgio Mabombo [Texto]

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Os organismos presentes no debate sobre a RSC na Indústria Extrac-tiva em Moçambique, realizado em Julho, foram unânimes num

ponto: Nem sempre as iniciativas de RSC das mineradoras se enquadram nos planos de desenvolvimento dese-nhados para as localidades e os distri-tos onde actuam.Segundo Cláudia Manjate, Oficial de Go-vernação no WWF (Fundo Mundial para a Natureza), através de iniciativas de RSC as empresas podem contribuir para o desen-volvimento das comunidades. Porém, para o efeito e importante que elas conheçam os planos de desenvolvimento local. «Este conhecimento possibilita que as empre-sas, através das acções de RSC ajudem na materialização do referido plano.» sugere Cláudia Manjate.O debate sobre as possibilidades das inicia-tivas de RSC apoiarem os objectivos susten-táveis de longo prazo para o desenvolvimen-to económico e redução da pobreza motivou o MIREM a encomendar um estudo sobre a matéria que iniciou em Fevereiro último e que compreendeu consultas e discussões sobre o assunto com as partes interessadas em Tete, Cabo Delgado e Manica. Cerca de 10 empresas do sector responde-ram a questionários do referido estudo. E os

dados resultantes revelam que os montantes investidos em projectos de RSC variam en-tre os 10 mil a 1 milhão de dólares por ano. O valor em causa representa o.4 por cento das receitas brutas das empresas questionadas. Entretanto, se as iniciativas que absorvem estes fundos não tiverem integração na vi-são geral de desenvolvimento dos distritos directamente abrangidos, o impacto será reduzido ou mesmo nulo. João Viseu, Consultor no citado estudo, afir-ma que é frequente construir-se hospitais sem haver antes uma coordenação com o Ministério de Saúde. «Depois verifica-se que não há Recursos Humanos disponíveis para trabalhar no empreendimento». Este desacerto pode ser evitado. Além do devido enquadramento das iniciativas de RSC nas directrizes de desenvolvimento local, revela--se fundamental a participação da popula-ção visada pelas iniciativas através de con-sultas e auscultações acerca do que realmen-te elas precisam. Este facto contribui para a apropriação e envolvimento dos beneficiá-rios nas iniciativas de RSC, garantido desta feita a sua eficácia e sustentabilidade. É pre-ciso lembrar que o sucesso destas iniciativas garante às empresas a “licença social” para operar, segundo explica Cláudia Manjate.Entretanto, a Oficial não deixa de esclare-cer que não são exclusivamente as acções

de responsabilidade social que irão trazer desenvolvimento ao País. O entendimento é de que deve haver uma melhor ligação entre os sectores extractivos e a economia local, sendo a colecta de impostos e a forma como estas receitas são utilizadas pelo Governo um dos mecanismos para dinamizar esta li-gação. Este quadro é que faz do Governo a entidade que tem a responsabilidade de tra-zer o desenvolvimento em todos os sentidos.A interacção com outras realidades, já de-senvolvidas, inspira que em Moçambique haja uma política de responsabilidade so-cial. Esta orientará as empresas e recomen-daria sobre os parâmetros a serem obser-vados. Os países menos desenvolvidos, mas ricos em recursos, poderão adoptar o mecanis-mo visando obter um maior contributo do sector extractivo no desenvolvimento. Por outro lado, o mecanismo poderá contribuir para inverter o actual cenário em que os recursos constituem uma “maldição”, na medida em que ao invés de potenciarem o desenvolvimento potenciam um cenário para divisões internas, conflitos sociais e armados.c

Responsabilidade Socialdeve “casar” com planosde desenvolvimento

O tecido económico moçambicano cresce a alta velocidade sobretudo devido à emergente indústria extractiva. Este facto oferece espaço a um número cada vez maior de iniciativas de Responsabilidade Social Corporativa (RSC). Entretanto, quando se questiona como é que a RSC é feita em Moçambique, inicia o debate so-bre o seu valor acrescentado.

AMBIENTE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL30

Com o apoio do WWFA informação, imagens e opiniões emitidas nesta página não reflectem necessariamente o ponto de vista do WWF Mozambique Country Office.

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31AMBIENTE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Social responsibility should“marry” to development plans

Sérgio Mabombo [Text]

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Com o apoio do WWFA informação, imagens e opiniões emitidas nesta página não reflectem necessariamente o ponto de vista do WWF Mozambique Country Office.

The organisations present at the deba-te on CSR in the extractive indus-try in Mozambique, held in July, were unanimous on one point: The

CSR initiatives of the mining compa-nies are not always aligned with the development plans designed for ci-ties and districts where they operate. According to Claudia Manjate, Governance Officer at WWF (WorldWide Fund for Na-ture), through CSR initiatives companies can contribute to the development of the com-munity. However, it is important that they are aware of the local development plans. “This knowledge enables businesses, through CSR action, to help in the materialisation of this plan.” suggests Claudia Manjate.The debate on the possibilities of CSR ini-tiatives to support long-term sustainable objectives for economic development and poverty reduction motivated MIREM to commission a study on the subject, which started last February and comprised con-sultations and discussions on the subject with stakeholders in Tete, Cabo Delgado and Manica.Around 10 companies in the sector res-ponded to questionnaires of this study. The resulting data shows that the amounts invested in CSR projects range from USD

10 thousand to USD 1 million per year. This amount represents 0,4 % of the gross revenue of the companies questioned. Ho-wever, if the initiatives that absorb these funds are not included in the general over-view of the development of the districts di-rectly concerned, they will have a reduced or even a zero impact.João Viseu, a consultant of the above stu-dy, says that it is common for hospitals to be built with no prior coordination with the Ministry of Health. Later it is conclu-ded that there are no Human Resources available to work in the enterprise. “This mismatch can be avoided. Besides the ne-cessary integration of CSR initiatives in the guidelines for local development, the participation of the population targeted by the initiatives is fundamental, through consultations and public hearings about what they really need. This contributes to ownership and involvement of the bene-ficiaries in CSR initiatives, thus guaran-teeing their effectiveness and sustainabili-ty. We must remember that the success of these initiatives gives businesses a “social license” to operate, according to Claudia Manjate.However, the Official also points out that social responsibility actions are not the

only factor that will bring development to the country. The understanding is that there must be a better connection betwe-en the extractive sectors and the local economy, and tax collection and the way these revenues are used by the Govern-ment are one of the mechanisms to foster this link. This scenario is what turns the government into the entity that has the responsibility to bring development in all directions.Interaction with other realities, already developed, inspires that there is a social responsibility policy in Mozambique. This will guide companies and bring recommen-dations on the parameters to be observed. Less developed countries, but rich in re-sources, may adopt a mechanism to obtain a greater contribution from the extracti-ve sector for development. On the other hand, the mechanism could contribute to reverse the current scenario in which the resources represent a “curse”, in the sense that rather than strengthen development they create a scenario of internal divi-sions, social and armed conflict.c

Social responsibility should“marry” to development plansThe Mozambican economy is growing at high speed mainly due to the emerging extractive industry. This gives space for a growing number of Corporate Social Responsibility (CSR) initiatives. However, when one questions how the RSC will work in Mozambique, this triggers a debate about what is the added value.

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FACTOS & NÚMEROS32

CÁ DENTRO LÁ FORA

30 milhões de toneladasde carvão Até 2015, Moçambique poderá produzir 30 milhões de toneladas de carvão nos distritos de Benga, Moatize e Changara na província de Tete. A produção comercial ini-cia este semestre.

40 mil postos de trabalhos40 mil postos de trabalho poderão ser aprovados ainda este ano, em virtude de 300 projectos avaliados em cerca de quatro biliões de dólares, que entrarão na fase de im-plementação. Está prevista a aprovação de cerca de mil novos projectos para os próximos três anos.

+ 60 Profissionais no turismo Um total de 60 pessoas graduadas em hotelaria e turismo pelo Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissio-nal (INEFP) de Manica, irão reforçar o mercado hoteleiro e turístico daquela região, após três meses de formação nas especialidades de cozinheiro, empregado de mesa e de bar.

Empresária angolanacontrola 28,8% Zon MultimédiaA empresária angolana Isabel dos Santos passou a controlar 28,8% da empresa portuguesa Zon Multimédia após o gru-po financeiro estatal português Caixa Geral de Depósitos ter vendido a participação de 10,88% à sociedade gestora de participações sociais - Jadeium, igualmente controlada por Isabel dos Santos.

Guiné-Bissau: Cajúrepresenta 90% do OGEGuiné-Bissau prevê exportar este ano 150 mil toneladas de caju. Já foram exportadas até agora 22,5 mil toneladas, havendo pedidos de exportação na ordem das 42 mil tone-ladas. A comercialização do produto representa 90% do or-çamento do Estado sendo o principal pilar da economia da Guiné-Bissau.

PSA elimina 10%dos trabalhadores A PSA Peugeot Citroën pretende eliminar até 10% da sua força laboral na França, ainda este ano, numa altura em que as vendas estão a regredir e a administração procura obter poupanças de custos adicionais.

A Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Moçambique (CCIBM) e a Fundação Getulio Vargas apresen-taram uma proposta técnica para

o fundo de investimento global intitulado Nacala Fund. O objectivo daquele fundo é o de que, através de recursos brasileiros e japoneses, seja possível desenvolver a agri-cultura no Corredor de Nacala, em Nam-pula. O Nacala Fund visa proporcionar capital de investimento substancial para projectos agrí-colas de grande escala e de desenvolvimentos relacionados à infraestrutura no Corredor de Nacala, no Norte de Moçambique. Trata--se, na verdade, de uma iniciativa triangular entre os governos de Moçambique, Japão e Brasil, para a promoção do desenvolvimento económico e social de Moçambique.No Rio de Janeiro, o presidente CCIBM, Sin-frônio Júnior, apresentou a proposta ao pre-sidente Guebuza. “O projecto será lançado no mês de julho em Brasília, com a presen-ça do ex-presidente Lula, como também na

província de Nampula, norte de Moçambi-que, e no início de agosto, em Tóquio”, afir-ma Sinfrônio. O Nacala Fund é um fundo de capital pri-vado com prazo de 10 anos. O fundo de in-vestimento irá captar recursos no Brasil e no Japão para enviar para Nacala. A intenção é desenvolver projectos avícolas, de etanol e de alimentação, para erradicar a pobreza no

continente africano, principalmente em Mo-çambique. A iniciativa de desenvolvimento regional visa promover, a longo prazo, o crescimento eco-nómico sustentável e a geração de empregos. É a imensa riqueza em recursos naturais da região que fornece um promissor potencial de desenvolvimento com retornos atraentes do capital para investidores de longo prazo.c

Nacala Fund junta Brasil, Japãoe Moçambique

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33VALORES

Capital Humano

Fernando Borgescomanda TVCABO Moçambique

Fernando Borges Azevedo, de 40 anos de idade, é o novo director da TVCABO Mo-çambique. O novo líder é licenciado em Engenharia Electrónica e Telecomunica-ções pela Universidade de Aveiro (Portu-gal), e frequenta um MBA em Administra-ção de Empresas. Inicialmente, trabalhou em investigação científica durante três anos, integrado no Grupo de Sistemas de Banda Larga da Universidade de Aveiro. Trabalhou em dois fabricantes de equipa-mentos de Telecomunicações (Siemens e Lucent Technologies). Em 2001, iniciou na Cabovisão a área de Engenharia de Rede e Soluções para clientes empresariais (Ca-bovisão Business Solutions), progredindo, sucessivamente, com a acumulação de ou-tras áreas de responsabilidade no Depar-tamento de Engenharia, nomeadamente Rede IP, Rede de Voz (TDM e VoIP), Ser-viços de Televisão analógica e digital, até ser nomeado director de Engenharia.

Paulo Kakinoffassume as redeas da brasi-leira Gol

Paulo Kakinoff é o novo presidente da Gol, uma das maiores companhias aereas brasileiras. Paulo Kakinoff assumiu o car-go em Junho de 2012. O novo timoneiro da GOL promete estar perto dos clientes da empresa: «Vou viajar nas aeronaves, conversar com as pessoas. Meu desejo é interagir mesmo, no check-in, no avião.»

A actuação de Kakinof não será feita só na fase inicial, mas regularmente colocando--se na posição do cliente «desde o momen-to em que ele faz a reserva no nosso site até quando recolhe a bagagem na esteira».

Kwon Oh-hyun, ideal para liderar a Samsung

A Samsung nomeou Kwon Oh-hyun como seu novo director executivo. Kwon Oh--Hyun é considerado ideal no actual ce-nário da crise económica global. Kwon Oh-hyun sucede Choi Gee-sung, que pas-sa a liderar a estratégia corporativa da empresa. Com Choi, a Samsung espera ir atrás de mudanças significativas. Entre-tanto Kwon, o novo director executivo, é conhecido como tendo sido o responsável pela condução da Samsung à liderança no segmento dos processadores de memória, no qual a empresa detém actualmente cer-ca de 50 por cento do share do mercado mundial.c

agosto 2012 revista capital

Representantes de ONGs, empre-sas, sociedade civil, chefes de Estado e de governo voltaram a reunir-se para debater quais os

rumos que o planeta deve tomar para manter um crescimento sustentável e reduzir as agressões ao meio ambiente, vinte anos depois da Conferência Rio-92. Desta feita, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Susten-tável - a Rio+20 - tinha como objectivo estimular novas medidas rumo a uma “economia verde”.Tendo a crise financeira como pano de fundo, o desafio do encontro foi definir como todos os países, juntos, podem pro-mover o chamado desenvolvimento sus-tentável, que atenda às necessidades das gerações presentes sem comprometer a habilidade das gerações futuras de supri-rem as suas próprias necessidades.O resultado da Rio + 20 é o documento “O Futuro que Queremos”, que se resu-me essencialmente numa longa lista de

promessas para avançar para uma “eco-nomia verde”, que impeça a degradação do meio ambiente, combata a pobreza e reduza as desigualdades.No documento não são apontadas origens dos recursos para se realizar essa trans-formação – os meios de implementação, repetindo-se de forma sistemática um dos problemas da histórica conferência antecessora, a Rio-92.A presidente brasileira, Dilma Rousseff, considera os resultados da conferência um avanço em relação aos elaborados em outras convenções da ONU e como um fracasso por ser pouco ambicioso por parte das delegações e ONGs ambientais.Entidades da sociedade civil denuncia-ram o fracasso e a falta de ambição da conferência. «O acordo final é abstracto e não corresponde à realidade», afirmou Kumi Naidoo, do Greenpeace Interna-cional. Mary Robinson, ex-presidente irlandesa que também já ocupou o posto de Alta Comissária da ONU para os Di-

reitos Humanos, disse que os termos do documento não são suficientes e revelam inlusive um fracasso de liderança.Em paralelo às principais negociações no Rio, empresas e governos firmaram mais de 200 compromissos de acções voluntá-rias em diferentes áreas. Energia, água e alimentos estão neste pacote, embora a maioria das promessas sejam de inclusão do tema ‘desenvolvimento sustentável’ em programas educacionais.c

ECONOMIA

Rio + 20 demonstrou fracassoe falta de ambição

Page 34: Revista Capital 56

Os citrinos produzidos em Mo-çambique, concretamente a laranja e toranja, são cada vez mais apreciados no exigente

mercado europeu. Este novo quadro de comércio tem a Citrum como um dos poucos produtores moçambicanos a ven-cer o desafio dos padrões de qualidade e a colocar no mercado europeu mais de 105.750 caixas de citrinos, o que corres-ponde a 1.800 toneladas de fruta. Agora, dissipa-se a percepção do senso comum segundo a qual a Africa do Sul é que coloca a banana que produz no mer-cado moçambicano, num esquema uni-lateral uma vez que a Citrum apresenta dados que contrariam essa ideia. Só em 2011 a Citrum exportou 80 mil caixas de banana para a África do Sul e já se projecta que as quantidades po-derão elevar-se consideravelmente este ano. «A “banana bonita,” a marca ge-nuinamente moçambicana irá vincar no mercado sul-africano», segundo garan-te Paulo Negrão, director da empresa,

acrescentando que apenas um terço da produção é comercializada no mercado moçambicano.Existe, por outro lado, numerosos pro-dutores, sobretudo os de castanha de caju, que se queixam das barreiras im-postas aos seus produtos no mercado europeu. Paulo Negrão refere, a propósito, que é altura do empresariado nacional ser mais proactivo. O mesmo defende ainda que as dificuldades de acesso ao merca-do europeu não podem ser imputadas ao Governo moçambicano ou às normas co-merciais do velho continente. «Quem não tem qualidade não terá acesso ao mercado europeu, que é mais exigente em termos de consumo. Não vale a pena pensar-se que é por sermos moçambicanos que não conseguimos ter portas abertas ao mercado europeu». Com efeito, a proactividade da Citrum tem permitido a recolha de ganhos no-táveis. A evolução das exportações de citrinos para a Europa alcança as 1.800

toneladas em 2011 depois das 1.100 to-neladas conseguidas em 2010. Em 2009 foram 66 mil as toneladas de citrinos vendidas para o velho continente. Pau-lo Negrão explica que a fruta exportada pela empresa destina-se concretamente aos mercados do Reino Unido, França, Bélgica e dos Países Baixos, onde são co-locados à venda em grandes cadeias de supermercados. Actualmente, a Citrum emprega cerca de 200 trabalhadores permanentes, mas no período da colheita o organismo eleva o número para 400 trabalhadores.c

ECONOMIA34

Sérgio Mabombo [Texto]

Fruta moçambicanaà conquista do Mundo

revista capital agosto 2012

Page 35: Revista Capital 56

NOTA DE RODAPÉ

País exporta 9.3 mil metros cúbicos de madeira em toros

Moçambique exportou no pri-meiro trimestre de 2012 cerca de 9.3 mil metros cúbicos de madeira em toros, um aumen-

to de 24 por cento relativamente ao mes-mo período de 2011. A Direcção Nacional de Terras e Florestas, citada pela impren-

sa, refere que a maior parte das exporta-ções tiveram como destino o mercado asi-ático, em particular a China. Estima-se que, no mesmo período, foram emitidos 467 certificados para o escoa-mento de cerca de 22 mil metros cúbicos de toros de madeira, um aumento de 19

por cento relativamente ao primeiro tri-mestre de 2011. A produção das indústrias de processamento de madeira caiu no mesmo período, cerca de 9 por cento, atin-gindo 38.2 mil metros cúbicos.c

35ECONOMIA 35

Sérgio Mabombo [Texto]

As exportações de Moçambique irão alcançar cerca de 3.020 milhões de dólares em 2012 contra 2.574 milhões conseguidos em 2011, se-

gundo avança o Instituto de Promoção de Exportações (IPEX). Os valores represen-tam um crescimento de 17 por cento em comparação com o valor previsto para 2011. Segundo o Plano Económico e Social de 2012, a subida do nível de exportações em 2012 será impulsionada pelo desempenho do subsector dos grandes projectos, onde se espera um aumento de 22 por cento para alcançar uma receita anual bruta de 2.384 milhões de dólares. A colocação no exterior de carvão é um dos principais factores que impulsionam o actual crescimento das ex-portações.Entretanto, se a grandeza das cifras alcan-çadas nas exportações têm como base os grandes projectos então a mesma encontra um travão na análise já clássica tecida pelos economistas. Estes têm explicado repeti-damente que a riqueza gerada pelos gran-des projectos pertence às corporações que os possuem e controlam e não à economia como um todo. A análise de Castel Branco, Director do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE) refere que o impacto dos grandes projectos depende de como é que a eco-nomia retém e absorve parte do valor de produção e das vendas destes. «Não basta dizer que o impacto é grande porque os megaprojectos contribuem com três quar-tos das exportações de bens. Essas exporta-ções geram riqueza para os megaprojectos que, com ela, podem pagar as suas impor-

tações», explica o economista.Castel Branco explica que a crise da indús-tria automóvel, por exemplo, pode reduzir a procura de alumínio. Estando as expor-tações de Moçambique concentradas no alumínio, esta crise pode ter um impacto dramático nas receitas das exportações. A análise sugere que uma economia mais di-versificada seria tamém menos vulnerável.Por outro lado, existem as exportações tra-dicionais cujo impacto é menos contestado. Estas exportações serão dinamizadas pelo aumento das receitas de castanha, madeira, açúcar e tabaco, gerado pela expectativa do aumento da procura no mercado interna-

cional, segundo projecta o IPEX.De acordo com os dados, as previsões apon-tam para um crescimento de 4 por cento das exportações tradicionais em 2012. Por seu turno, as importações irão subir 11 por cento em 2012 comparativamente a 2011, alcançando um montante de pouco mais de 4.289 milhões de dólares. A produção global para 2012 é calculada em 8.5 por cento. E esta projecção é fundamen-tada pelo desempenho positivo dos sectores da Agricultura, Transporte e Comunica-ções, Indústria, Comércio e Pescas.c

Impulso dos mega-projectos gera 3.020 milhões de dólares em exportações

agosto 2012 revista capital

Page 36: Revista Capital 56

SECTOR BANCA36

O Standard Bank ofereceu à Esco-la de Xadrez materiais diversos como tabuleiros, livros, entre outros, como forma de apoiar o

projecto de massificação da prática do xa-drez nas Escolas primárias, a nível da cida-

de de Maputo, uma iniciativa da Escola de Xadrez de Matola, e do Ministério da Edu-cação.O administrador delegado do Standard Bank, António Coutinho, afirmou que o Banco, no âmbito da sua responsabilidade

social, tem um compromisso com a Educa-ção no País. Nesse sentido, decidiu juntar--se ao projecto uma vez que a prática da modalidade desperta nas crianças habili-dades indispensáveis para o seu desenvol-vimento intelectual.«O Standard Bank apoia a iniciativa como forma de contribuir para que cada vez mais moçambicanos tenham uma for-mação de qualidade e oportunidades de desenvolvimento humano e intelectual», acrescentou.Na primeira fase do projecto, serão forma-dos 150 professores de xadrez para leccio-nar em 104 escolas primárias, na cidade de Maputo. Mas estima-se que até 2013 sejam capacitados 3.000 professores e que o pro-jecto beneficie 9.000 alunos, em 1.000 es-colas primárias espalhadas em todo o terri-tório nacional.c

Pela segunda vez consecutiva, a prestigiada revista internacional “World Finance” publicou no seu site a eleição do BCI como ven-

cedor do Prémio “The Best Commercial Bank 2012 – Mozambique”, ou seja, o me-lhor Banco Comercial a actuar no nosso País.Critérios como o nível dos resultados al-cançados e das boas práticas, inovação e qualidade dos produtos, e a sua contribui-ção efectiva para o desenvolvimento do mercado e excelência dos serviços foram preponderantes para que o BCI fosse posi-cionado em primeiro lugar entre todos os Bancos Comerciais a operar no mercado moçambicano. Esta eleição é mais um reconhecimento inequívoco do sucesso da estratégia de crescimento e desenvolvimento do Banco, e vem juntar-se a outras distinções recen-temente atribuídas ao BCI, a nível nacio-nal e internacional, de entre os quais se destacam: - Prémio “International Diamond Prize for Customer Satisfaction 2012”, pela ESOR – European Society for Quality Research (Roma, Junho de 2012)- “Melhor Banco da África Austral”, nos African Banker Awards 2012 (Arusha,

Maio de 2012)- “Melhor Banco de Moçambique” (Gol-den Arrow Award 2012), pela PMR.Africa (Maputo,Maio de 2012)- Prémio “International Quality Summit Award (IQS) ” pela BID – Business Ini-tiative Directions (Nova Iorque, Maio de 2012) - “Troféu Internacional Europa à Qualida-de”, pela Global Trade Leaders’ Club (Ma-drid, Maio de 2012) - Prémio “International Arch of Europe (IAE) ” pela BID – Business Initiative Di-rections (Frankfurt, Abril de 2012)

A World Finance é uma das mais presti-giadas revistas financeiras internacionais, publicada bimestralmente em Londres pela World News Media, há 203 anos, sen-do uma referência de jornalismo financei-ro em todo o mundo. Os Prémios World Finance são instituídos desde 2007. Desde o ano passado, a me-todologia de eleição de entidades premia-das não depende de uma lista fechada de Bancos, o que permite uma eleição livre e justa dos melhores através de processo de votação desencadeado entre os leitores da revista, maioritariamente empresários

e quadros superiores de empresas e insti-tuições.

BCI / Universidade Pedagógica Protocolo de Cooperação é celebradoO BCI e a Universidade Pedagógica (UP) formalizaram a assinatura de um Protoco-lo de Cooperação cujo objectivo é desen-volver uma cooperação em determinadas áreas de natureza financeira e comercial.A assinatura do Protocolo decorreu nas instalações da Universidade Pedagógica, em Maputo, tendo as entidades sido repre-sentadas por Ibraimo Ibraimo, presidente da Comissão Executiva do BCI, e pelo Ro-gério José Uthui, reitor da Universidade Pedagógica, na presença de diversos qua-dros superiores de ambas as instituições.O Protocolo assinado permitirá que a UP, instituições associadas e respectivos colaboradores dispersos por todo o País, tenham acesso a uma vasta gama de ser-viços e produtos financeiros em condições especiais. De entre esses benefícios, desta-cam-se o Limite de Crédito Ordenado nas Contas à Ordem; o Crédito Pessoal BCI, o Leasing Auto BCI e o Crédito à Habitação BCI, para aquisição, construção e obras, assim como aos cartões BCI Visa Electron e Tako.c

BCI eleito “Melhor Banco Comercial” em Moçambique pela World Finance

Standard BankO apoio para a massificação do xadrez nas escolas

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37COMUNICADOS 37

MCEL / INCMContrato de Prestaçãode Serviços de Acesso Universal foi celebrado

O Instituto Nacional das Comunicações de Moçambique (INCM) e a mCel celebraram um Contrato de Prestação de Serviços de Acesso Universal cujo objectivo é a pres-tação de serviço de telefonia móvel celular (GSM/GPRS), no âmbito de projectos de acesso universal de telecomunicações sub-sidiados pelo Fundo do Serviço de Acesso Universal. Enquadram-se no âmbito do deste contra-to os serviços de telefonia móvel celular nas vertentes de voz, dados e Internet ba-seados em tecnologia 2G.Serão abrangidos por este projecto cerca de 353 mil pessoas, em 22 distritos, 22 postos administrativos e 22 localidades em seis províncias do país, designadamen-te, Maputo, Gaza, Inhambane, Zambézia, Nampula e Cabo Delgado, avaliado em 62.169.000,00 MT. O primeiro contrato do género foi assina-do, em 2011, para a cobertura de 21 postos administrativos. Actualmente, a mCel é a operadora do país com 100% de cobertura distrital, o que corresponde a 128 distritos cobertos.c

ÁGUA DA NAMAACHA Lançada Linha Namaacha JúniorA Água da Namaacha fez o lançamento da sua nova Linha, a Namaacha Júnior, to-talmente dedicada às crianças e jovens. A Namaacha Júnior apresenta um rótulo di-ferente, onde surgem vários super-heróis para rapazes e meninas e a oferta de um

autocolante com estes super-heróis para as crianças e jovens brincarem.A Dama do Bling, que apoiou pessoal-mente este lançamento, acredita que esta iniciativa da Água da Namaacha é muito benéfica para o desenvolvimento harmo-nioso das crianças e jovens do país.Tico Tico, que também deu o seu contribu-to a este lançamento, afirmou que a Nama-acha Júnior é uma inovação em Moçam-bique e irá constituir uma prenda para as crianças e, ao mesmo tempo, uma forma de lhes ensinar a importância do consumo de Água Mineral da Namaacha.O director de Marketing da Água da Na-maacha, Miguel Padrão, referiu, na oca-sião, que «a nova Linha da Água da Na-maacha, a Namaacha Júnior, pretende ser inovadora ao nível do mercado na-cional, apresentando sempre novidades nos seus rótulos, de maneira a contribuir para ensinar às crianças e aos jovens a importância do consumo de água mineral para que o seu desenvolvimento físico e psíquico seja o mais saudável, potencian-do assim o futuro de cada um e o futuro do país.» Miguel Padrão afirmou ainda que “sob o lema Cresce Saudável”, a Namaacha Júnior estará presente em todo o país, tendo como alvo as crianças e os jovens, assumindo-se como um produto novo e moderno.c

ADIDAS Canceladacomercialização de calçado que recordaa escravidãoO fabricante de calçado desportivo Adidas decidiu cancelar a comercialização de um modelo de ténis adornado com uma espé-cie de corrente que, para alguns, como o reverendo negro Jesse Jackson, recorda a escravidão.A Adidas indica que o modelo JS Roun-dhouse Mid Handcuff, que possui grilhões de borracha amarela - cujo lançamento no mercado estava anunciada na página do

Facebook da empresa para Agosto - não tem nada a ver com a escravidão.O designer Jeremy Scott sempre teve um estilo excêntrico, com criações que in-cluem, inclusive, cabeças de panda e do Mickey Mouse, recorda a Adidas.O reverendo Jackson denunciou o ténis à CNN, afirmando que eram um “insulto chocante” por recordar a escravidão. E anunciou a sua intenção de, caso a Adi-das insistisse no lançamento, de boicotar a marca.c

IFLOMA Empresa investena plantação de árvores e fábrica de papelA empresa Indústrias Florestais de Mani-ca - Ifloma irá investir 348 milhões de dó-lares na plantação de árvores e na constru-ção de uma fábrica de papel nas províncias de Manica e Sofala. Em 2011, a empresa iniciou os processos de concessão de terrenos para a plantação de árvores e um outro de obtenção de um espaço para a construção da fábrica de processamento de estilhaças de madeira, no porto da Beira.Em Manica, a Ifloma pretende vir a plan-tar 73 mil hectares de pinheiros e euca-liptos para alimentar a futura fábrica de papel que dará à empresa liderança do mercado do papel a nível de Moçambique, segundo Cremildo Rungo, director da uni-dade industrial.Actualmente, a empresa dispõe de uma plantação de pinheiros e eucaliptos que se estende por uma área de 25 mil hectares, tendo já plantado mais de 7 mil hectares.c

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Page 38: Revista Capital 56

OBSERVATÓRIO DO TURISMO38

A continuação do ritmo forte e sus-tentado de crescimento recente da economia de Moçambique irá depender da superação do ‘défi-

ce’ de infraestruturas como portos, aero-portos ou linhas de caminhos--de-ferro, tirando o máximo partido do potencial agrícola e mineral do país.Essas mesmas infraestruturas são consi-deradas essenciais ao cabal funcionamen-to do sector turístico, em que, por exem-plo, tanto estrangeiros como nacionais gradualmente preferem viajar de avião no interior de Moçambique, segundo dados do Estudo de Satisfação ao Turista reali-zado pelo Observatório do Turismo.Os aeroportos são as infraestruturas que apresentam mais carências, e, de acordo com dados divulgados pela empresa Ae-

roportos de Moçambique, os mesmos irão receber um investimento total de 500 mi-lhões de dólares ao longo dos próximos três anos. Valores que, por sua vez, serão tanto aplicados em nova construção como em obras de modernização.Segundo dados divulgados pelo Depar-tamento Económico e Comercial da Em-baixada da China em Moçambique, parte deste montante já está a ser aplicado na construção de novos aeroportos em Pem-ba, Nacala e Tete, bem como na moder-nização do Aeroporto Internacional de Maputo.O novo terminal doméstico do Aeropor-to Internacional de Maputo, orçado em cerca de 24 milhões de euros, vai estar pronto em Outubro. Uma boa notícia para quem viaja para aquelas paragens

bem como para os operadores turísticos locais. Ao mesmo tempo, o aeroporto de Vilanculos foi recuperado, na província de Inhambane, e decorrem actualmente obras de transformação da base aérea de Nacala em aeroporto civil, na província de Nampula.O objectivo, segundo o presidente dos Aeroportos de Moçambique, Manuel Ve-terano, é o aumento da taxa de utilização do sistema aeroportuário, quer de passa-geiros quer de carga. Devido à entrada de novas empresas operadoras no mercado moçambicano, o número global de pas-sageiros aumentou 13% nos últimos anos, induzido pelo crescimento em 43,8% e 11,6% dos viajantes regionais e interna-cionais, respectivamente.Os mesmos constrangimentos têm vindo a ser sentidos na utilização de estradas, portos e outras infraestruturas necessá-rias aos agentes económicos, numa altura em que o país recebe avultados investi-mentos, que são mormente canalizados para projectos de mineração de carvão ou explorações agrícolas.Para o Banco Mundial, a história de suces-so do crescimento económico sustentado em Moçambique é “lendária”, nas últimas duas décadas, mas o Governo “enfrenta questões prementes sobre como continu-ar a expandir esse crescimento”, no que tange às infraestruturas.A par da evidente aposta em termos de in-vestimento no sector da agricultura e dos minérios, o desenvolvimento do turismo poderá decorrer por osmose.Os dados são inequívocos, Maputo, Gaza, Inhambane, Cabo Delgado, Nampula e Zambézia registam um maior número de hóspedes bem como bons níveis de dor-midas nos seus estabelecimentos hotelei-ros, entre 2011 e 2012.c

As tão necessárias infraestruturas

Visitas a amigos e familiarestrazem estrangeiros e nacionais a Maputo

A primeira vaga do Estudo de Sa-tisfação ao Turista na Cidade de Maputo realizada pelo Observa-tório do Turismo revelava que

eram os negócios que traziam mais es-trangeiros à capital de Moçambique (36% face a 17% dos nacionais), em Agosto de 2011, ao passo que os nacionais visitavam mais Maputo motivados pelas visitas aos amigos e familiares (34% contra apenas

17% dos estrangeiros).Já a segunda vaga do Estudo, realizada em Novembro de 2011, indicava que o propósito principal da vinda dos turistas estrangeiros a Maputo prendia-se com o Passeio e o Turismo (47%) ao passo que a categoria dos negócios surgia logo a seguir na lista de intenções, com 41%. Quanto aos nacionais, 65% dos mesmos acorriam à capital do País para visitar

amigos e familiares.O Estudo de Satisfação ao Turista na Ci-dade de Maputo (3ª vaga), que decorreu em Janeiro último, revela desta feita um dado curioso: é que a maior parte dos turistas estrangeiros (49%) desloca-se a Maputo para visitar amigos e familiares, ficando a motivação dos negócios e das férias para segundo plano (com 39% e 35%, respectivamente).

revista capital agosto 2012

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39OBSERVATÓRIO DO TURISMO 39

Quanto aos nacionais, a tendência para a visita a amigos e familiares mantém--se incólume (59%), sendo sucedida pe-las férias (57%) e pelo passeio e turismo (28%). Esta evolução faz pensar que se a Cidade de Maputo apostar num turismo mais vocacionado para a família poderá vir a atrair não só mais turistas nacionais como estrangeiros. Aliás, a evolução face a esse propósito de vinda é extremamente significativo para os estrangeiros, tendo evoluído de 17% (Agosto de 2011) para 25% (Novembrode 2011) e 49% (Janeiro de 2012).c

Passeio /Turismo

Férias

Negócios

Visitas a amigos e familiares

Sem informação

Estudos

20%

35%

39%

15%

1%

28%

57%

17%

59%

3%

2%

49%

NACIONAISESTRANGEIROS

Fonte: Observatório do Turismo da Cidade de Maputo (Janeiro 2012)

Angola já é o terceiro país emissor de turistasDos 89 por cento de estrangeiros que re-sidem fora de Moçambique e chegam ao Aeroporto Internacional de Maputo, che-ga-se à conslusão que os angolanos vêm subindo no ranking de turistas, segundo a terceira vaga do Estudo de Satisfação ao Turista conduzida pelo Observatório do Turismo e realizada tecnicamente pela empresa Intercampus.Na primeira vaga do Estudo de Satisfação, Angola situava-se na sexta posição dos países emissores de turistas. Na segunda vaga passou para o quarto lugar e na ter-ceira vaga surge na terceira posição (15%), a seguir à vizinha África do Sul (25%) e a Portugal (17%).

A tendência leva a crer que os angolanos irão visitar cada vez mais a cidade de Ma-puto. Fica na dúvida é se as suas intenções de visita se quedam apenas pelas férias e lazer ou se por motivo de negócios, sendo que o sector imobiliário e o da energia pa-racem atrair a sua atenção para Moçambi-que.Em simultâneo, Portugal mantém o se-gundo lugar desde a 2ª vaga, ao passo que na 1ª vaga era o terceiro país do ranking.Face à crise que assola o território portu-guês e o continente europeu, sabe-se que um segmento dos empreendedores se des-loca a Maputo ao abrigo do turismo de ne-gócios.c

25%

15%

9%

8%3%

17%

3%3%3%3%

10%2%

Africa do SulAngola

Outros paises de ÁfricaPaquistão

Outros Países da ÁsiaPortugal

AlemanhaInglaterra

HolandaOutros Países Europeus

BrasilUSA

Fonte: Observatório do Turismo da Cidade de Maputo

Queda de estrelas prevista em estâncias hoteleiras

O Ministério do Turismo vai de-sencadear em breve, e à escala nacional, um programa de re-classificação dos estabelecimen-

tos hoteleiros existentes no país, com o objectivo de aferir os níveis de padrões de serviços oferecidos aos clientes, factor pri-

mordial para a manutenção da categoria que ostentam.“Já foi feito um trabalho piloto ao nível da cidade de Maputo, que possibilitou a harmonização da teoria com a prática”, es-clareceu Leo Jamal, porta-voz da direcção provincial de Turismo em Nampula onde,

segundo o próprio, a possibilidade de al-guns hotéis perderem as suas “estrelas” são maiores.O grande constrangimento de Nampula, relaciona-se com a falta de recursos hu-manos qualificados, facto que acaba inter-ferindo na qualidade dos serviços ofereci-dos.“O que observamos actualmente é que há disparidade na oferta de serviços, veja que a qualidade de serviços de um hotel de quatro estrelas de Maputo, é diferente de Nampula, Niassa e Cabo Delgado, o que frustra os hospedes e outros beneficiários dos serviços”.Além da escola do “dia-a-dia”, os trabalha-dores do ramo hoteleiro, turismo e simila-res, podem aceder aos serviços de forma-ção profissional do Instituto de Emprego e Formação Profissional da Direcção de Trabalho, bem como de algumas capaci-tações “ad hoc” promovidas pela Direcção Provincial do Turismo.c

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DESENVOLVIMENTO GAPI40

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Nas comemorações dos 50 anos da Frelimo, o Dr Mário Machungo recordou que em finais dos anos 80, quando Moçambique deci-

diu mudar o seu modelo económico para uma economia de mercado, o Governo de que era Primeiro-ministro adoptou uma estratégia de incentivo ao surgimento de uma classe empresarial. “Criámos várias instituições para o efeito. Criámos o Gapi, que era uma organização para o financia-mento às Pequenas e Médias Empresas… Criámos um conjunto de instituições para o apoio ao sector empresarial emergente. E funcionou. Apoiou o surgimento de mui-tas empresas, na área da avicultura, agri-cultura, carpintaria, etc”.1

Investir no surgimento de uma classe em-presarial é um exercício complexo e que tem conduzido à falência de muitas das instituições que se pretendem dedicar a essa missão. Desde o final da Segunda Guerra Mundial e particularmente com o emergir das independências africanas, os bancos de desenvolvimento e, em geral, as instituições financeiras de desenvolvi-mento, foram tomadas pelos dirigentes políticos como instrumentos financeiros decisivos para a solução dos problemas sócio-económicos dos respectivos países. Contudo, as interferências políticas, as fraquezas na governação e a complexida-de desta área de negócio levaram a maio-ria daquelas instituições à falência e ou à

dependência de avultadas e sistemáticas injecções financeiras por parte dos Tesou-ros nacionais, como ainda recentemente aconteceu com o “Lands Bank” da África do Sul. Em Moçambique a Gapi é a única das instituições então criadas pelo Gover-no, que conseguiu sobreviver.

Parceria Público-Privada: solução insti-tucionalA decisão que o Governo coordenado por Mário Machungo tomou em 1989 não foi pacífica, pois a cultura política então rei-nante em alguns sectores da Governação era a de que este tipo de instituições finan-ceiras deveria ser de propriedade inteira-mente estatal. Depois de vários meses de debate o Conselho de Ministros acabou por aprovar a constituição da Gapi como uma empresa financeira com uma compo-sição de accionistas reflectindo uma par-ceria público-privada. A Fundação Friedrich Ebert (30%) e o Banco Popular de Desenvolvimento (70%), nessa altura dirigido pelo Dr. Her-menegildo Gamito, actual Presidente do Conselho Constitucional, estabeleceram regras que asseguraram as boas práticas de gestão. As demais instituições então criadas e já desaparecidas eram inteira-mente estatais.Dez anos depois, assistiu-se a um proces-so paradoxalmente inverso. No final dos anos 90, o radicalismo liberal impunha-

-se. Em condições e sob pressões ainda por esclarecer forçou-se a privatização do BPD. M Machungo disse na sua entrevista a “O País” publicada a 19 de Junho:“A privatização do BPD, como foi feita, não foi correcta. A privatização do BPD podia ter sido feita de outra maneira, que ressalvasse as funções do banco de desen-volvimento… Privatizar tudo não foi mui-to correcto. Havia coisas que precisavam de uma reflexão muito grande.” – opinou M.Machungo que entretanto já estava fora do Governo e, como reconheceu, não acompanhou certos processos. Mas o que propõe foi em grande medida o que, de facto, aconteceu. Nem tudo foi privatiza-do!O então Ministro do Plano e Finanças, To-maz Salomão, teve a habilidade de, discre-tamente, retirar a participação do BPD na Gapi do pacote de privatização. As acções do BPD na Gapi (70%) foram “nacionali-zadas” passando a ser propriedade do Te-souro. Contra a tendência do radicalismo liberal então dominante, o que o Ministro das Finanças fez foi assegurar a continui-dade da parceria público-privada daquela instituição, contra a expectativa de entre-gar tudo a privados.Através de um acordo reflectido em novos estatutos o Estado assegurou a continui-dade da missão da Gapi, continuando a participar com 30%, atraindo ainda inves-tidores nacionais e instituições devotadas

Desafios do DesenvolvimentoInclusivo

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41DESENVOLVIMENTO GAPI 41

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ao desenvolvimento social e rural a toma-rem os restantes 70%.Os princípios da boa gestão foram protegi-dos por uma estrutura de accionistas que tem sabido cuidar do desenvolvimento, mas também da sustentabilidade.A instituição de que o primeiro Primeiro--ministro de Moçambique independente se orgulha e referencia foi criada com um capital inicial na ordem dos 70 mil dó-lares americanos, mas hoje tem Fundos Próprios superiores a 14 milhões de dóla-res e activos totais que ultrapassam os 33 milhões de dólares. O crescimento foi na ordem de centenas de vezes superior ao valor inicialmente investido..

Sustentabilidade, impacto e abrangênciaOs casos e exemplos mais emblemáticos de desenvolvimento sócio-económico in-clusivo e com impacto nas zonas rurais ocorridos nas últimas duas décadas em Moçambique estão geralmente ligados a intervenções da Gapi: o relançamento da indústria de cajú; a liderança no processo de reinserção sócio-profissional de mais de 12 mil trabalhadores dos CFM; a con-cepção e participação em projectos de es-truturação da cadeia de valor avícola em Nampula e Manica; o apoio à criação e fi-nanciamento das principais organizações de produtores agrícolas de pequena esca-la, (associações, cooperativas e grémios) em todas as regiões do País e envolvendo mais de 40 mil famílias; a participação, fi-nanciamento e relançamento de unidades produtivas estratégicas em sectores como as florestas, citrinos e pescas,.. e a lista po-deria ainda ser alongada para mais convic-tamente se concluir que as componentes de impacto e abrangência têm combinado consistentemente com a da sustentabili-dade.Sob a protecção de uma estrutura accio-naria “like-minded” e balanceada, tem-se edificado uma organização profissionali-zada capaz de conceber e prestar serviços aos promotores de programas de desen-volvimento.Sendo um banco de desenvolvimento fo-cado no fomento empresarial, a Gapi é reconhecida pelos seus pares a nível da SADC pelo facto de sem ter que solicitar injecções do Tesouro, ter mantido uma consistente história de resultados positi-vos, ter sobrevivido a várias crises e, ter sido capaz de mobilizar mais de USD 30 milhões que hoje continuam a financiar o crescimento do empresariado nacional.

Uma estratégia assente na credibilidadeEm Março de 2012, a Gapi-SI assinalou 22 anos. Os principais 40 quadros dirigentes da instituição reuniram-se por dois dias e

reflectiram sobre os desafios que enfren-tam face às grandes expectativas de desen-volvimento que se vivem em Moçambique. Neste contexto, os quadros clarificaram que a estratégia da Gapi de desenvolvi-mento do sector privado nacional será fo-calizada em três programas interligados: i) Fomento do empresariado nacional com prioridade nos sectores agri e pescas; ii) Expansão de uma rede descentralizada de bancos rurais; e iii) Implementação de um sistema nacional de garantias específico às PMEs.Os quadros da Gapi concluíram ainda que no processo de materialização desta es-tratégia, os projectos específicos devem priorizar intervenções que promovam i) O desenvolvimento económico local; ii) O papel da mulher no desenvolvimento sócio-económico; iii) A segurança alimen-tar; e iv) A protecção do meio ambiente e as energias renováveis.A implementação desta estratégia de pro-moção do empresariado nacional pressu-põe uma maior mobilização de recursos. A Gapi é uma instituição financeira des-de sempre registada no sistema bancário e fiscal. Como tal deve suportar os custos decorrentes destas obrigações. No pas-sado, decisores nacionais e parceiros da cooperação contornaram estas responsa-bilidades criando ONGs e diverso tipo de veículos que os desobriga a prestar contas ao público e às autoridades competentes. Os quadros da Gapi interrogaram-se sobre o que será preciso fazer para uma inter-venção mais consistente em vez iniciativas de “reinvenção da roda” que se traduzem em dispersão e desperdício de recursos. Nos dados analisados na reunião de qua-dros evidenciou-se que 70% dos Fundos Próprios da Gapi, e que ascendem a cerca de USD 14 milhões são provenientes de

recursos mobilizados junto de parceiros internacionais. “A implementação da es-tratégia da instituição e o seu contributo para um desenvolvimento sócio-económi-co mais inclusivo do País, dependem do valor de um activo chamado credibilidade. Precisamos de proteger e consolidar sem-pre este activo.” – opinaram os quadros, reafirmando que no sistema de gestão da Gapi, os recursos disponibilizados sempre foram correctamente aplicados no desen-volvimento da missão.O urgente e inadiável desenvolvimento socioeconómico inclusivo pressupõe que se financie o emergente sector privado na-cional. O que é que os decisores nacionais e parceiros da cooperação irão priorizar: Consolidar um instrumento nacional que comprovadamente funciona, ou arriscar na dispersão? c

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revista capital agosto 2012

FISCALIDADE PRICEWATERHOUSECOOPERS42

Jessica Sargento*

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As transacções económicas, nos tempos que correm, verificam-se à escala mundial, de forma cada vez mais globalizada, im-pondo-se da parte das administrações cen-trais, um controlo rigoroso das práticas co-merciais, tanto mais quando grandes gru-pos de empresas se estendem e operam em diversos continentes, incluídos no mesmo grupo de empresas, perante as orientações e directivas de uma sociedade mãe. Neste enquadramento jurídico-económico surge o conceito de preços de transferência, em situações em que empresas incluídas num mesmo grupo multinacional ou num gru-po de empresas a operar no mesmo país e de alguma forma relacionadas, praticam, entre si, preços mais favoráveis aos que se-riam praticados se não houvesse qualquer relação de grupo entre elas, com a conse-quente diminuição da incidência fiscal. Neste enquadramento no presente artigo propomo-nos a analisar o enquadramen-to juridico-fiscal referente aos preços de transferência em Moçambique.

ConceitoAprofundando o conceito numa perspec-tiva jurídico fiscal, considera-se preço de transferência o valor cobrado por uma empresa na venda ou transferência de bens e/ou serviços a outra empresa a ela relacionada, não negociado em mercado livre e aberto, podendo desviar-se do valor que teria sido estabelecido entre parceiros comerciais independentes e não relaciona-dos, conforme resulta da análise do Artigo 49º do Código do Imposto sobre o Ren-dimento das Pessoas Colectivas (CIRPC), aprovado pela Lei n.º 34/2007, de 31 de Dezembro.Esta realidade tem implicações directas na determinação da matéria colectável do sujeito passivo, considerando que, nos ter-mos do disposto no Artigo 15º do CIRPC, a matéria colectável obtém-se:

- pela dedução ao lucro tributável, dos prejuízos fiscais apurados; - pela dedução ao rendimento glo-bal dos custos comuns e outros imputáveis aos rendimentos sujeitos a imposto e não isentos; - pela dedução ao lucro tributável imputável a esse estabelecimento; e

- pelos rendimentos das várias categorias determinados à luz do Código mencionado, relativamente a entidades não residentes que obtenham em territó-rio Moçambicano não imputáveis a esta-belecimento estável aí situado.

Tratamento fiscal dos preçosde transferênciaTendo presente o acima exposto, à Admi-nistração Tributária é concedida, a prorro-gativa de efectuar as correcções que sejam necessárias para a determinação do lucro tributável, sempre que, em virtude das re-lações especiais existentes entre o sujeito passivo e outra entidade, seja ela sujeita ao imposto em referência ou não, (dando com exemplo, as situações resultantes da prestação de serviços, vendas, compras, entre outras), tenham sido fixadas condi-ções mais favoráveis das que seriam nor-malmente aplicáveis a entidades indepen-dentes e não relacionadas.Daí que, da aplicação de tais correcções, possa resultar no desvio de lucros de uma empresa para outra (quer tenha ou não, estabelecimento estável), com reflexo no montante de imposto a pagar por cada uma delas.No entanto, as correcções mencionadas apenas poderão ser efectuadas, desde que se verifiquem, cumulativamente, as se-guintes condições:

- A existência de relações espe-ciais entre os intervenientes da operação; - O estabelecimento, entre as partes, de condições diferentes das que seriam normalmente acordadas entre en-tidades independentes; - O apuramento de lucro diferen-te do que se apuraria se não existissem tais relações.À luz do disposto no Artigo 49º do CIRPC, dever-se-á, então, ponderar a execução ou a contabilização de operações comerciais realizadas entre determinada empresa e os seus sócios ou empresas associadas, na medida em que as condições negociais acordadas o sejam numa base diferente das que seriam normalmente fixadas entre entidades independentes, conduzindo a que o lucro apurado com base na contabi-lidade seja diferente do que se apuraria na

O Regime Fiscal dos Preços de Transferência em Moçambique

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43FISCALIDADE PRICEWATERHOUSECOOPERS

ausência dessas relações. Para que sejam evitadas as correcções por parte da Administração Tributária, as em-presas devem manter registadas e docu-mentadas as suas operações de forma que lhes permita fazer prova de que os preços ou condições que hajam sido estabelecidos, coincidem com os praticados no mercado.De salientar ainda que, se a Administração Tributária efectuar quaisquer correcções ao lucro tributável de uma empresa em função das relações especiais com outro sujeito passivo de IRPC ou IRPS (Impos-to sobre o Rendimento de Pessoas Sin-gulares), está este igualmente obrigado a efectuar os ajustamentos adequados, de modo a reflectir as correcções feitas ao lu-cro tributável apresentado pela empresa associada.

Análise comparativaAnalisando a orientação adoptada por países de grande proximidade em termos legislativos, como é o caso de Portugal, verifica-se também que, no que respeita à prática de preços de transferência nas operações comerciais efectuadas entre de-terminado sujeito passivo e qualquer ou-tra entidade, com a qual detenha relações especiais, devem ser contratados, aceites e praticados termos ou condições substan-cialmente idênticos aos que normalmente seriam aplicados entre entidades indepen-dentes, em operações comparáveis.Contudo, é de salientar que a legislação portuguesa vai mais além uma vez que es-tipula, no seu Artigo 63º do Código do Im-posto sobre o Rendimento das Pessoas Co-lectivas (CIRC), que, para a determinação dos termos e condições que seriam nor-malmente fixados entre entidades inde-pendentes, o sujeito passivo deve adoptar o método ou métodos susceptíveis especí-ficos para assegurar o mais elevado grau de comparabilidade entre as operações ou séries de operações que efectua, em situa-ções normais de mercado ou de ausência de relações especiais, tendo em conta, em termos gerais, os seguintes elementos:

- as características dos bens, direi-tos ou serviços; - a posição de mercado; - a situação económica e financeira;

- a estratégia de negócio; e - demais características relevantes dos sujeitos passivos envolvidos (designa-damente, as funções desempenhadas, acti-vos utilizados e a repartição do risco).O CIRC, aborda de forma extensiva as si-tuações em que se considera existirem relações especiais entre duas entidades nas situações em que uma tem o poder de exercer, directa ou indirectamente, uma influência significativa nas decisões de gestão da outra, facilitando, assim o en-quadramento jurídico fiscal das situações a monitorizar e a aplicação das necessá-rias correcções para efeitos de determina-ção do lucro tributável. Assim, de forma sumária podemos referir que para além da existência de relações comerciais, fi-nanceiras, profissionais ou jurídicas entre duas entidades relacionadas, directa ou in-directamente estabelecidas, o CIRC consi-dera existirem relações especiais quando: (i) uma entidade e os titulares do respectivo capital, ou os cônjuges, ascen-dentes ou descendentes destes, detenham, directa ou indirectamente, uma partici-pação não inferior a dez por cento (10%) do capital ou dos direitos de voto; (ii) se esteja perante entidades em que a maioria dos membros dos órgãos sociais, ou dos membros de quaisquer órgãos de adminis-tração, direcção, gerência ou fiscalização, sejam as mesmas pessoas ou, sendo pes-soas diferentes, estejam ligadas entre si por casamento, união de facto legalmente reconhecida ou parentesco em linha recta, entre outras situações.Também em Portugal, recai sobre o sujeito passivo a obrigação de manter organiza-da a documentação respeitante à política adoptada em matéria de preços de trans-ferência, nomeadamente as directrizes ou instruções relativas à sua aplicação, os con-tratos e outros actos jurídicos celebrados com entidades que com ele estão em situa-ção de relações especiais, juntamente com as modificações que ocorram e com infor-mação sobre o respectivo cumprimento, a documentação e informação relativa àque-las entidades e bem assim às empresas e aos bens ou serviços usados como termo de comparação, as análises funcionais e fi-nanceiras e os dados sectoriais, bem como demais informação e elementos que tomou

em consideração para a determinação dos termos e condições normalmente acorda-dos, aceites ou praticados entre entidades independentes e para a selecção do méto-do ou métodos de preços utilizados.

OCDE e prática recomendadaA Organização para a Cooperação e De-senvolvimento Económico (OCDE) tem-se debruçado recorrentemente sobre a análi-se da prática dos preços de transferência, concedendo orientações de boas práticas para empresas multinacionais e adminis-trações fiscais, contribuindo, assim, para a uniformização de procedimentos e para a orientação das autoridades fiscais sobre a forma de lidar com esta realidade, dada a evidente proliferação de empresas de ca-rácter multinacional à escala mundial pro-liferação esta em que Moçambique não é excepção. No conceito em análise e comum aos orde-namentos fiscais a nível global é o respeito pelas condições de mercado e pelo princí-pio de plena concorrência, em condições de igualdade, quer haja relações preferen-ciais ou de grupo entre as empresas envol-vidas na transacção em apreço. No nosso caso, pela análise efectuada, recomenda--se a delimitação legislativa mais aprofun-dada das situações em que se considera existirem relações preferenciais, atenden-do a que o conceito em si poderá ser muito vago e abrangente, com as consequentes dificuldades de interpretação e aplicação dos conceitos entre a Autoridade Tributá-ria e os contribuintes.

Jessica SargentoConsultora

PwC

Este artigo é de natureza geral e meramente informativa, não se destinando a qualquer

entidade ou situação particular, e não substitui aconselhamento profissional adequado para

um caso concreto. A PricewaterhouseCoopers Legal não se responsabilizará por qualquer

dano ou prejuízo emergente de uma decisão tomada (ou deixada de tomar) com base na

informação aqui descrita.

O Regime Fiscal dos Preços de Transferência em Moçambique

agosto 2012 revista capital

Page 44: Revista Capital 56

MERCADO DE CAPITAIS PRIME CONSULTING MOÇAMBIQUE44

A negociação de “títulos” na Bolsa de Valores – Parte IIIRaúl Peres*

Nos artigos anteriores descreve-mos o modelo de negociação implementado na Bolsa de Va-lores de Moçambique, e vimos

também como decorrem, em concreto, as sessões da bolsa. A abordagem do assunto em título não ficaria completa sem algumas anotações finais, respeitantes nomeadamente aos processos de confirmação e informação, associados à realização de operações e a algumas vicissitudes que afectam os va-lores em negociação.

Notas de compra e de vendaPara efeitos de validação jurídica das transacções, por cada ordem de bol-sa executada deverá ser emitida uma “nota” de compra ou de venda, ainda que a execução dessa ordem haja dado origem a mais que um negócio indivi-dualizadamente considerado. Dito de outra forma, cada nota de compra ou de venda emitida deverá abranger todos os negócios realizados numa mesma sessão de bolsa, respeitantes a um mesmo va-lor mobiliário e a uma mesma ordem de bolsa.As notas de compra e de venda devem ser datadas e numeradas sequencial-mente, e delas deverão constar obriga-toriamente os seguintes elementos:- Identificação do ordenante;- Data e número da ordem de bolsa a que respeitam;- Data de realização da operação;- Sistema, de chamada ou de registo, no qual a operação foi realizada;- Identificação do valor mobiliário tran-saccionado, natureza da operação e quantidade transaccionada, sendo caso disso por cada operação;- Cotação ou preço praticado;- Montante da transacção ou transac-ções e, sendo o caso, dos juros ou outras remunerações de natureza similar;- Montante da taxa de realização de ope-rações de bolsa, da comissão de correta-gem e, sendo o caso, de outros encargos

a suportar pelo ordenante;- Custo total a suportar pelo ordenante;- Data da liquidação financeira da ope-ração.

Interrupção técnica da negociaçãoExistem vicissitudes na “vida” de um va-lor mobiliário que tornam de tal forma complexa a manutenção da negociabili-dade em bolsa desse valor, durante um particular período, que a experiência re-comenda que seja preferível interromper essa negociação durante esse mesmo pe-ríodo. Estas vicissitudes traduzem-se em geral em razões de ordem jurídica que têm a ver, normalmente, com a capacida-de de determinar de forma inquestioná-vel a titularidade de direitos associados a esse valor, ou o direito à titularidade do próprio valor mobiliário em si. Por estas razões, é automaticamente interrompida a negociação:- Dos valores mobiliários que permitam o exercício de direitos de preferência na subscrição ou compra de outros valores mobiliários, e das ações que permitam o exercício de direitos de incorporação, nas sessões de bolsa abrangidas pelo pe-ríodo, em dias úteis, imediatamente an-terior à data em que se inicie o exercício de tais direitos, igual ao prazo de liqui-dação das operações de bolsa fixado para os valores em causa; - Das acções relativamente às quais haja pagamento de dividendos, nas sessões de bolsa abrangidas pelo período, em dias úteis, imediatamente anterior à data em que se inicie o pagamento de tais divi-dendos, igual ao prazo de liquidação das operações de bolsa fixado para os valores em causa;- Dos valores mobiliários representa-tivos de dívida relativamente aos quais haja lugar a pagamento de juros ou ren-dimentos similares, nas sessões de bolsa abrangidas pelo período, em dias úteis, imediatamente anterior à data em que se inicie o pagamento de tais juros, igual

ao prazo de liquidação das operações de bolsa fixado para os valores em causa;- Dos valores mobiliários representati-vos de dívida quando a amortização se fizer por sorteio que não seja de séries completas, nas sessões de bolsa abrangi-das pelo período, em dias úteis, iniciado tantos dias antes da data da realização do sorteio quantos os que se encontrem fixados para a liquidação das operações de bolsa para os valores em causa, e ter-minando na data de publicação do resul-tado do sorteio.Uma vez iniciado o período estabelecido para o exercício de quaisquer direitos, e cessada a interrupção técnica da nego-ciação, os valores mobiliários a que es-ses direitos são inerentes passam a ser transacionados sem estes. Com este mecanismo se evitam dúvidas quanto a saber-se a quem pertencem os direitos dos valores transaccionados em cada momento (imediatamente antes, e imediatamente depois, da data de exer-cício do direito).Uma vez que o conteúdo jurídico-econó-mico do valor mobiliário se altera subs-tancialmente a partir do momento em que dele sejam destacados os direitos em causa, a formação da primeira cotação, subsequente ao reinício da negociação de valores mobiliários que hajam sido objecto de interrupção técnica da nego-ciação, não está sujeito ao limite de va-riação máxima de cotações que já carate-rizámos anteriormente.

Negociação autónoma dos “direitos”Os direitos destacáveis de valores mobi-liários e que tenham um conteúdo jurí-dico-económico autónomo são equipa-rados, por sua vez, a valores mobiliários e são, assim, susceptíveis de negociação autónoma na bolsa de valores.Anote-se que os direitos em causa são negociados de acordo com as regras ge-rais previstas, sendo contudo o lote mí-nimo considerado correspondente a uma unidade.

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45MERCADO DE CAPITAIS PRIME CONSULTING MOÇAMBIQUE

A negociação de “títulos” na Bolsa de Valores – Parte III

Deste modo, os direitos de preferência na subscrição ou compra de quaisquer valores mobiliários, destacáveis de va-lores mobiliários admitidos à cotação, são negociáveis autonomamente desde o dia do início do período de exercício desse direito até à última sessão de bol-sa anterior ao número de dias, antes do termo do prazo de exercício do direito, igual ao prazo de liquidação das opera-ções de bolsa fixado para os valores em causa, acrescido de mais um dia útil, os direitos de incorporação destacáveis de acções admitidas à cotação são negociá-veis autonomamente, desde o dia do iní-cio do período de exercício desse direito, nas sessões de bolsa compreendidas no prazo de trinta dias seguidos a contar dessa data.

Interrupção excepcionaldas transacções de um valor mobiliárioSempre que surja no mercado ou se tor-ne pública alguma notícia ou informação que possa influir de maneira sensível na cotação de qualquer valor mobiliário e que não provenha da entidade emiten-te nem se encontre confirmada ou des-mentida por esta, ou que (e ainda que

provenha da entidade emitente, pelos termos em que se encontre formulada) seja susceptível de induzir em erro os in-vestidores, a Bolsa de Valores deverá in-terromper a negociação desse valor pelo período de tempo necessário ao escla-recimento, confirmação ou desmentido da notícia ou informação em causa pela entidade emitente.

Indisponibilidade do sistemade negociaçãoPor razões inerentes a qualquer tipo de anomalia (falha nas linhas de comuni-cação, por exemplo), o sistema de nego-ciação pode encontrar-se inoperacional, determinando a incapacidade de acesso ao sistema a partir da bolsa de valores, ou por parte de todos os operadores de bolsa, ocasionando assim a impossibili-dade de nele serem registadas ofertas ou realizadas operações.Porém, não se considera indisponibi-lidade do sistema a ocorrência de ano-malias nas linhas de comunicação dos próprios operadores de bolsa, que de-terminem a impossibilidade de acesso ao sistema apenas daqueles em que tais

anomalias se verifiquem.A critério da Bolsa de Valores, a indispo-nibilidade do sistema pode determinar a inexistência de negociação pelo período por que perdure, ou, em alternativa, a determinação da cotação e o fecho das operações pelos serviços da bolsa de va-lores, com base na entrega a estes, pelos operadores de bolsa, de ofertas escritas e encerradas em envelope fechado, de acordo com os horários e procedimentos que a Bolsa neste caso indicará.

*Administradorda Prime Consulting Moçambique

[email protected]

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Arsénia Sithoye [texto]

TECNOLOGIAS 46

Administração Públicamoçambicana precisa

de modernização No âmbito de uma parceria entre Portugal e Moçambique, foi realizado no mês de Maio em Maputo o Ciclo de Seminários de “Tecnologias em Moçambique”, subordinado ao tema “Inovação e Modernização na Gestão Pública e Privada”. No evento, que teve um vasto leque temas, a companhia Portuguesa de software – ANO, através do tema “Desmaterialização de Processos & EGovernment”, apresentou os seus produtos e as suas vantagens competitivas.

A Ano actua em quatro principais áreas de negócio, nomeadamente: Sistemas de gestão de multas de trânsito; sistemas de gestão electró-

nica de documentos; plataforma de compras públicas electrónicas; e sistema de governo electrónico para entidades públicas.O presidente do Conselho Administração da ANO Portugal, Manuel Amorim, explica que as soluções da ANO obedecem a uma metodologia de implementação rápida, de-nominada MIR, e que são as mais rápidas de implementar no mercado mundial, tendo prazos de implementação entre os 3 e os 6 meses.De acordo com Manuel Amorim, a ANO apresenta soluções bastante flexíveis e ajus-táveis aos diferentes níveis de formação, so-ciais e económicos. Por outro lado, são usá-veis localmente ou através da Internet, pelo que se pode construir soluções redundantes que podem minorar determinadas condições de falha.

«As nossas soluções estão implementadas nos mais variados países, instituições, con-dições sociais e económicas. Por isso, temos soluções implementadas nas mais avança-das metrópoles do mundo, como Lisboa, Porto, Madrid, S. Paulo, mas também temos as mesmas soluções implementadas, em pleno interior de vários países», explica Ma-nuel Amorim.Segundo aquele dirigente, o mercado mo-çambicano apresenta muitas oportunidades para as soluções da ANO, pelo que estão neste momento a fazer a validação das áre-as de negócio que lhes são mais oportunas, e posteriormente procurarão parceiros ade-quados. «O mercado moçambicano está nos planos da ANO, porque sabíamos por estudos feitos que poderiam existir várias oportunidades de negócio e isso confirmou-se», afirmou.

Moçambique à vista?A Ano prevê trazer para Moçambique pro-

dutos de governo electrónico que possam permitir a rápida modernização da Adminis-tração Pública, produtos da gestão electróni-ca de documentos, para entidades públicas e privadas, produtos de gestão de multas para as zonas mais urbanizadas de Moçambique e onde a gestão do trânsito é um problema a resolver.«Entendemos que a ANO pode permitir que a Administração Pública moçambica-na possa modernizar-se de forma rápida e usando uma tecnologia avançada, testada e preparada para responder às necessida-des que a legislação moçambicana exige e desta forma recuperar de forma rápida o atraso natural que neste momento possui. A nossa experiência nessa área é muito gran-de e queremos colocá-la ao dispor das ins-tituições moçambicanas», revelou Manuel Amorim.A ANO tem escritórios no Porto, Lisboa e S. Paulo e actualmente desenvolve negócios em Portugal, Espanha, Angola e Brasil.c

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Page 48: Revista Capital 56

ESTILOS DE VIDA48

Stewart Sukuma e banda Nkhuvude malas aviadas para Austrália e Angola

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Depois do sucesso registado na recente actuação no Jardim dos Poetas, na Matola, aquan-do do espectáculo com a fadista

portuguesa Ana Moura, Stewart Suku-ma seguiu a 19 de Julho para a Áustria, na Europa, onde tinha agendado quatro concertos.O autor de “Wulombe” exibiu a sua classe no famoso Ost Klub, em Viena, fazendo--se acompanhar por um naipe de artistas de luxo que compõem a banda Nkhuvu, designadamente Nelton Miranda na viola baixo, Dodó na guitarra, Stélio Mondlane na bateria, Pappy Miranda nos teclados, Pymenta e Fernando, na percussão e ain-

da as dóceis vozes de Lenna Bahule e Si-zaquel Matchombe.O concerto de Stewart e a banda Nkhuvu em Ost Klub constituiu o início de uma di-gressão pelo velho continente, que inclui Gmunden, em Toscana Congress, Linz no Smaragd em Graz no Mariahilferplatz.Nos quatro shows na Áustria, Stewart contou, em palco, com os préstimos de Werner Puntigam (trombone e concha), artista com quem trabalha há mais de 10 anos e que é responsável pelas digressões naquele país. O famoso quarteto de cor-das da Áustria - os “Spring String Quar-tet” fez ainda uma participação especial no show de Gmunden.

A banda Nkhuvu levou na bagagem um reportório acústico, com músicas novas ainda inéditas e, como não podia deixar de ser, o improviso do tipo invenções es-pontâneas para dar um sabor especial à tertúlia.Da agenda do compositor e intérprete moçambicano, constou ainda a sua parti-cipação na 4ª edição do Luanda Interna-tional Jazz Festival, de 27 a 29 de Julho, no Cine-Atlântico. Em Luanda, Stewart partilhou o palco e ainda estilos de vida com nomes como os de Manu Dibango, Sara Tavares, Marcus Miller, Boyz ll Men, Cassandra Wilson, Maceo Parker, só para citar alguns.c

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bran

ding

Júlio Ribeiro, fundador e sócio-presi-dente da Talent, lançou no dia 26 Ju-nho o livro “Marketing de Atitude”, em São Paulo.

A obra tem como objectivo conscienciali-zar os gestores sobre a importância de se adoptar a atitude certa, aquela que poten-cializa as chances de êxito dos seus em-preendimentos.Para Júlio, atitude não é uma coisa abs-tracta, de fundo meramente psicológico. Quando aplicada directamente ao traba-lho, ela pode modificar radicalmente o desempenho de uma empresa. O ponto de partida para o livro — o quarto escrito por Ribeiro — foi uma componente que passou a aparecer em pesquisas reali-zadas pela sua equipa. Entre as respostas e levantamentos distintos, a palavra “ati-tude” passou a ser ouvida com frequência.

Sinal, para o autor, da importância que passou a ter na criação da boa relação en-tre empresas, funcionários e clientes.É na conjunção de “atitude” e “paixão pelo que se faz” que, segundo Ribeiro, se cons-trói uma relação forte e consistente entre marcas, seus representantes e os consu-midores. «Trate bem seus funcionários. Se você gostar deles, eles também vão gostar do seu cliente — e o cliente não te abando-nará nunca mais», afirma, resumindo a premissa do livro.Com o livro, Ribeiro oferece, além de con-selhos, um compêndio para educar esta e as próximas gerações sobre o modo de engajar pessoas. Num momento em que a comunicação virou diálogo (e não mensa-gem, como antes) não poderia ter sido mais pertinente o lançamento deste livro.c le

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“A visita da velha Senhora” revela ganância social

A última proposta teatral do Mu-tumbela Gogo revela o come-timento deste grupo em trazer clássicos com temáticas globais,

adaptando-os ao quotidiano moçambica-no. Desta vez, ao elenco de sempre (Ade-lino Branquinho, Graça Silva, Jorge Vaz e Lucrécia Paco) juntaram-se novos actores assim como músicos cuja sonoplastia pin-

tou a peça com alguma emoção relaxante. Sem, no entanto, pender muito para a es-perada comédia, a peça revela-se séria e apela a uma reflexão sobre uma socieda-de extremamente materialista. Com a di-recção do alemão Friedrich Dürrenmatt, a história escrita nos anos 50 pelo suíço Jenis Neumann narra o regresso da velha senhora, a Clara, à sua Cidade, passados

45 anos. O regresso de Clara visa materializar uma desforra ao Alfredo, o seu ex-namorado. Para o efeito é feita uma proposta diabó-lica: Um bilião de dólares pela cabeça da sua antiga paixão. Com interpretações bem conseguidas pe-los actores, muito cenário e recurso a pro-jecção de vídeo para auxiliar a narração.c

Marketing de Atitude, segundo Júlio Ribeiro

49ESTILOS DE VIDA 49

Doce como açúcar

Consegue imaginar a sua vida sem açúcar? Não precisa nem tentar, pois ela seria impossí-vel. Pode até parecer exagera-

do mas não é, pois está cientificamente comprovado que a espinha dorsal do nosso DNA é constituída por molécu-las de açúcar. O açúcar é ainda uma fonte de energia para o corpo humano, o seu uso em excesso faz mal mas a sua falta também. O açúcar é um dos principais produ-tos agrícolas do nosso país, visto que está dentro da agricultura, o sector da economia que recebe maior apoio e que emprega a maior parte da popu-

lação. Dessa forma, o açúcar não traz apenas benefícios ao corpo humano traz também grandes benefícios à eco-nomia moçambicana. A produção nacional do açúcar tende a crescer a cada ano que passa, e as necessidades do consumo doméstico também e com muita rapidez. Algu-mas vezes, chega a provocar escassez do produto, dificultando o processo de exportação. E com esse crescimento vem também crescendo o número de empresas que actuam nessa área. Con-sequentemente, o número de ofertas é cada vez maior. E havendo concor-rência é preciso criar estratégias que

contribuam para que a marca tenha maior visibilidade diante do concor-rente.A Distribuidora Nacional de Açú-car – DNA é uma das distribuidoras que percebeu o aumento do consumo do açúcar no mercado nacional, e ado-ptou como estratégia da sua marca o aumento de postos de venda e coloca-ção do açúcar nas zonas mais recôn-ditas do país, e igualmente uniformi-zou o preço do açúcar por todo País. Não há duvidas que a Distribuidora Nacional de Açúcar sabe que este produto constitui o nosso DNA.c

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