revista papo reto - 1ª edição

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Material da CUFA-RS referente ao Projeto Papo Reto 2013 - setembro

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Page 1: Revista Papo Reto - 1ª Edição
Page 2: Revista Papo Reto - 1ª Edição

Papo Reto |2| setembro

Inaugurada no dia 3 de setembro, a República Junto atende 24 usuários em tempo integral. O intuito é proporcionar serviços que ofereçam proteção, apoio e moradia subsidiada a grupos de pessoas entre 18 e 59 anos em estado de abandono, situação de vulnerabilidade e risco pessoal e social, com vínculos familiares rompidos ou extremamente fragilizados e sem condições de moradia.

Distribuído em espaços escolares e instituições de ensino desde 2009, o livro O Escudeiro da Luz em: Os Zumbis da Pedra é uma ferramenta importante e pertinente na luta contra as drogas. Por meio de uma linguagem simples aborda assuntos delicados de forma natural, provocando a reflexão dos leitores quanto às formas de abordagem e educação necessárias para a conscientização e prevenção ao uso de drogas.

Criada a partir de uma brincadeira em uma cesta de lixo, a Liga Internacional de Basquete de Rua (LIIBRA) é o maior evento de cultura de rua da América Latina. São dez anos de basquete embalado com o break, os MC’s e o hip hop, que compõem o espírito do torneio. Realizada em diversos estados do Brasil, a atração conecta esporte e música, estimulando a criatividade dos jogadores e explorando suas habilidades físicas.

Com o objetivo promover a integração das comunidades por meio do esporte, a CUFA-RS criou o Torneio Bola Comunitária. O projeto consta em um torneio de futebol entre jovens de 15 a 17 anos, todos moradores de comunidades da região metropolitana. A intenção também é de levar debates e serviços para estes locais, garantindo novas oportunidades para os jovens que as integram e dando visibilidade aos talentos esportivos.

Projetos

Page 3: Revista Papo Reto - 1ª Edição

|3|

UMA TECNOLOCIA SOCIAL O Papo Reto é uma tecnologia social desenvolvida pela CUFA para abordar assuntos espinhosos da sociedade, e, principalmente, da juventude, permitindo que crianças e adolescentes se relacionarem com os problemas de uma maneira direta, sem vícios sociais. Isso é feito a partir de linguagens lúdicas e culturais. Assim, nós entramos no universo desses jovens de maneira interdisciplinar utilizando conhecimento e a relação empírica que eles tem com os problemas e com os dilemas sociais a favor deles mesmos.

JOVEM COMO PARTE DA SOLUÇÃOO conceito Papo Reto compreende que o jovem não é parte do

problema nem vítima do mesmo. Ele é parte da solução e ele se torna multiplicador do processo de solução. Nós entendemos que eles tem essa função. A partir do momento em que uma criança se relaciona com os problemas de uma forma mais simples,mais tranquila e em uma estética de solucioná-lo, ela pode inclusive ajudar os adultos. Por exemplo, um dos objetivos do projeto nos últimos dois anos foi trabalhar a questão da drogadição vendo o usuário de droga na condição de um doente, não na condição de um criminalizado como a sociedade acredita. Quando nós fazemos a criança compreender esse usuário como um doente, ele passa a demonizar menos o seu pai, o seu irmão, sua mãe e conforme ele vai crescendo com esse conceito, ele vai, inclusive, propondo novas soluções.

OS DOIS DESTINOSA CUFA entende que um menino de 10 anos que hoje sofre com

o problema da drogadição, por exemplo, no seu ambiente escolar, daqui cinco ou seis anos ela vai ter dois destinos: vai se revoltar com a situação ou vai pegar esse doente químico e vai leva-lo para uma clínica ou para um CAPS. Sendo assim, o Papo Reto entra para que ele escolha sempre a segunda opção.

Page 4: Revista Papo Reto - 1ª Edição

Escolas p 20

A instituição que conta com três propostas para os alunos ter mais referencias dentro da escola

Gabriel Obino

Martim AranhaMuitos jovens para um oficineiro. Duas turmas dispostas e interessadas no projeto Papo Reto

Opinião p 7Coluna do Manoel O crack é uma oportunidade de nós retomarmos a nossa conexão com a geração que está vindo

Palavra da LisaO resultado dos seminários é a riqueza do conteúdo vindo dos palestrantes e professores

Galerias p 8

SemináriosAs palestras que ocorrem no auditório da SMED contam com egressos, um psicólogo e muito mais

PalestrasManoel Soares compartilhou experiências e apresentou o trabalho da CUFA em instituições

Perfil p 18Secretaria de SaúdePromover o bem-estar em saúde, de acordo com as diretrizes do SUS é a missão da SMS

Hospital Divina Providência

Desde 1969 prestando assistência hospitalar qualificada, com responsabilidade social

O que vem por aí

Papo Reto |4| setembro

. .

. .

Page 5: Revista Papo Reto - 1ª Edição

|5|

A CUFA é algo que faz ecoar o grito do mudo e

destapa a visão dos cegos. Por muito tempo, as perfierias

queriam falar mas não eram ouvidas e estavam invisíveis

aos olhos da sociedade. A CUFA tem um DNA pró-ativo

e é impossivel ver a situação em que nos encontramos de

alta complexidade e continuar estáticos. Fizemos rufar os

tambores e colocamos as pastoras na avenida. Ou seja,

juntamos cabeças pensantes das comunidades. Vamos fazer

algo para salvar o nosso povo e nesta criação chegamos a

isso, ao Papo Reto. Usando de franqueza ao falar para os

jovens, sem fragilizá-los, respeitando os pais e dando a real,

além de ser um braço direito dos educadores. Em resumo,

intersetorialidade real. No nosso segundo ano, temos mais

segurança no que estamos fazendo pois o projeto já não

é desconhecido. Ao chegarmos nas escolas, os jovens já

sabem o que é a CUFA. É imperativo da nossa parte nos

fazermos ser ouvidos por todos. Como diz Augusto Cury do

seu livro “Cinco códigos da inteligência”, “quando somos

abandonados pela sociedade a solidão é suportável, mas

quando somos abandonados por nós mesmos a solidão

é insuportável”. E é isso que as drogas fazem com essas

pessoas: destroem o seu censo crítico do que é bom e do

que é ruim, e elas se abandonam. Vem com a CUFA nessa

luta. Estamos juntos?

Ivanete Pereira

A coordenadora participa ativamente dos seminários

Alexandre Bertolazi | CUFA-RS

Editorial

Expediente

Manoel Soares/Coordenador da Cufa-RSIvanete Pereira/Coordenadora InstitucionalLisandra Félix/Coordenadora do Papo RetoDinora Rodrigues/Coordenadora AdministrativaMariana Soares/Coordenadora de ComunicaçãoDanilo Santos/Coordenador de AudiovisualPaulo Daniel Santos/Pres. Conselho Estadual Cufa-RS

Alexandre Bertolazi/FotografiaAiran Albino/Diagramação e ReportagemEduardo Bertuol/Reportagem, Foto e RevisãoJéssica Mazzola/Reportagem e FotoIgor Grossmann/Reportagem e FotoBianca Oliveira/ReportagemCarolina Reck/Reportagem

Page 6: Revista Papo Reto - 1ª Edição

galeriapapo reto

Em 2012, as palestras aconteceram em 51 escolas para os alunos da Rede Municipal de Educação de Porto Alegre alcançando mais de 12.000 jovens. Enquanto as oficinas com foco sócio cultural abrangeram cerca de 3.200 jovens com o objetivo de formação múltipla na prevenção contra as drogas. Em 2013, o projeto quer aumentar em 50% o número de jovens atendidos diretamente nas ações.Mais aprimorada, este ano a equipe do Projeto Papo Reto se expandiu. Os seminários são formados por médicos psiquiatras, psicólogos, advogados, escritores, profissionais da saúde em geral, educadores sociais, pedagogos e oficineiros, totalizando mais de 30 profissionais e especialistas no tema, desde a elaboração até a execução do projeto. Confira a galeria de fotos dos melhores momentos:

Papo Reto |8| setembro

Page 7: Revista Papo Reto - 1ª Edição

Papo Reto |18| setembro

Palestras

Danilo Santos | CMET Paulo Freire

Danilo Santos | EMEF Monsenhor L. Neis

Danilo Santos | CMET Paulo Freire

Danilo Santos | EMEF Monsenhor L. Neis

Danilo Santos | EMEF Monsenhor L. Neis

Danilo Santos | CMET Paulo Freire

Danilo Santos | EMEF Monsenhor L. Neis

Danilo Santos | EMEF Monsenhor L. Neis

Danilo Santos | EMEF Monsenhor L. Neis

Page 8: Revista Papo Reto - 1ª Edição

SemináriosFotos: Alexandre Bertolazi | Auditório da SMED

Page 9: Revista Papo Reto - 1ª Edição

Oficinas

Gilmar dos Santos | EMEF Afonso G. Lima

Luciana Domiciano | EMEF Nossa Sra. de Fátima

Gildo dos Santos | EMEF José M. Beck Aloísio Dias | EMEF Alberto Pasqualini

Luciana Domiciano | EMEF Dolores Alcaraz

Gilmar dos Santos | EMEF Libertato SalzanoDaniel Santos | EMEF Lygia Morrone

Melissa Dornelles | EMEF Presidente VargasMelissa Dornelles | EMEF Rincão

Page 10: Revista Papo Reto - 1ª Edição

seminário papo reto

O Seminário Papo Reto faz parte do Projeto Circuito Papo Reto Porto Alegre que ocorre entre agosto e novembro, com foco na formação dos professores municipais sobre a temática do crack, enfatizando o papel da escola na prevenção. A inciativa tem o tema “Prevenção às drogas: Qual o papel da escola?” e é ministrado por especialistas da área: Psiquiatria, Psicologia, Direito, Brigada Militar, Egressos do Sistema Penal e Representante da Fundação de Assistência Social e Cidadania de Porto Alegre. Com esse banquete de profissionais especialistas em suas áreas, as palestras do seminário trazem surpresas aos professores que participam, além de conhecimento sobre a prevenção nas escolas e interação com os palestrantes.

Papo Reto |12| setembro

Page 11: Revista Papo Reto - 1ª Edição

Luiz Carlos Coronel

Dr. Luis Carlos lllafont Coronel - Formção em

Medicina pela UFCSPA - CEJBF. Atualmente trabalha

na psiquiatria do Hospital Mãe de Deus, Caps AD IAPI

e no pronto psiquiátrico - Cisame.

Na palestra, Coronel fala sobre “Os Códigos neurais

da Pedra”. Ele afirma que o crack promove mudanças

na estrutura e no funcionamento de cérebro. E ainda

que o vício do crack se torna uma patolofia crônica. Ou

seja, uma vez instalada no organismo, ela nunca mais

sai, apenas adormece.

Coronel afirma ainda “os pais e familiares não

podem deixar com que a culpa por ter um filho usuário

de drogas tome conta deles e que atrapalhem suas

vidas. Todos estão procensos a passar por isso. E, se

não sabem como agir, precisam procurar que possa

auxiliar. O que não podem fazer é ficar sofrendo e

calados com a situação”.

Maurício PadilhaPadilha ingressou na Brigada Militar em 1997. É

Bacharel em Direito pela Universidade Cruzeiro do Sul

de São Paulo. Atua na Secretaria da Justiça e Direitos

Humanos. Hoje Major da BM, ele chega no Seminário

Papo Reto para apresentar uma visão de quem convive

diretamente na luta contra o crack. Assim como outros

palestrantes, ele salienta a importância de conhecer os

jovens, sendo essa a principal atitude que um professor

deve ter. Pela experiência do trabalho com segurança,

Padilha frequentemente ajuda os professores, que são o

público dos seminários, com dicas ao agir com seus alunos.

A forma de abordar um estudante que possivelmente tem

relação com as drogas é um exemplo. O major afirma que

esse contato nunca deve ser realizado individualmente e,

também, tem de ser feito em um ambiente afastado, longe

do grupo de amigos do aluno.

|13|

Alex

andr

e Be

rtola

zi | C

UFA-

RS

Coronel fala sobre as mudanças que o crack provoca no cérebro

Padilha fala na importância de conhecer os jovens

Alexandre Bertolazi | CUFA-RS

Page 12: Revista Papo Reto - 1ª Edição

Mano LenneA história de Leonardo Faleiro Cordeiro, de 27 anos,

tinha tudo para terminar como outras semelhantes à

sua. Ex-usuário de crack e há dois anos em liberdade,

o hoje chamado Mano Lenne se envolveu com o rap na

penitenciária de Charqueadas através do projeto MC’s

Para a a Paz, que dissemina a cultura hip hop com foco na

inclusão social e no desenvolvimento de multiplicadores

da cidadania para paz. Mano Lenne já gravou música

e clipe, que pode ser visto no YouTube. A composição se

chama “O Crack”, na qual o egresso do sistema penal

e cantor narra a aflição de um viciado em fumar as

chamadas pedras. “O rap é uma ferramenta onde exploro

o meu lado bom e controlo o lado mau”, diz o rapper.

“Minha história não é diferente de muitas, mas o

detalhe é que eu estou vivo”, diz Mano Lenne. Ele começou

a usar drogas por curiosidade, pois via pessoas fumando

em praças. Após três detenções e várias internações,

todas ligadas ao consumo de crack, agora sua história

pessoal com as drogas e o crime pode auxiliar professores

a entenderem alunos que passam pelo mesmo problema.

Sobre a postura do professor quando percebe que um

aluno está consumindo drogas, Manno Lene é objetivo.

“O professor tem que procurar conhecer o grau de

envolvimento do aluno e ver o que está levando ele para

aquele caminho. Se é a família que está desvalorizando

ele ou se falta carinho na sua vida. Se ele está excluído

ou se está fazendo apenas por malandragem, para

aparecer”, argumenta.

Rodrigo RamosHá dois anos em liberdade, Rodrigo Ramos, 30

anos, possui uma história igual a de muitos jovens da

comunidade e que convivem na escola, a única diferença

é que ele conseguiu vencer a situação adversa. Filho de

doméstica solteira que criava ele e o irmão. Aos oito anos

de idade se mudou para a comunidade onde passou a

conviver com ocasiões em que não estava acostumado,

“um mundo novo, um local com violência, armas e

drogas.” Entrou no mundo do crime, mas graças ao apoio

psicológico e principalmente de sua mãe, hoje, Ramos é

empresário de um galpão de reciclagem.

Segundo Rodrigo, a mãe dele foi a pessoa que mais

sofreu com tudo isso, mas mesmo assim em nenhum

momento ela deixou de apoiar. A partir daquele momento

eu parei para repensar em uma maneira que eu pudesse

retribuir tudo o que ela fez por mim. Então comecei a criar

formas de fugir daquele ambiente. Na época, meu irmão

também foi preso e minha mãe tinha que visitar nós dois.

Queria achar uma maneira para me sentir melhor e deixar

a minha mãe bem. Consegui realizar algumas metas e

projetos que eu tinha traçado na minha vida, ainda faltam

muitos, mas aos poucos eu estou correndo atrás.

Papo Reto |14| setembro

Lenne já assaltou duas vezes o mesmo lotação por drogas

Rodrigo afirma que ficar preso foi horrível para a sua mãe

Alex

andr

e Be

rtola

zi | C

UFA-

RS

Alexandre Bertolazi | CUFA-RS

Page 13: Revista Papo Reto - 1ª Edição

Fernanda BassaniFernanda é psicóloga e Mestre em Psicologia Social

e Institucional. Trabalha no sistema penitenciário do Rio

Grande do Sul há 10 anos e é Especialista em Segurança

Cidadã. Está participando do Circuito de Seminários do

Projeto Papo Reto com a palestra “Juventude e Drogadição

- itinerários de exclusão e criminalização”.

“A vida do crime tem três Cs: cadeia, cadeira de rodas

ou caixão. Mas antes que ela comece, para prevenir que

isso aconteça, existe a figura do professor. Eles mentiram

para vocês quando disseram que seu trabalho era ensinar

a ler e escrever. Na verdade, seu trabalho é salvar vidas.

Pode não parecer, mas o jovem quer limites, ele precisa

desse limite. E não só os jovens, mas todos nós. Prova disso

é que qualquer tipo de atitude na adolescência é para

chamar a atenção. Durante esse período de mudanças,

a boca puxa o jovem de está no ócio. Provar drogas é a

forma de fazer amizades, de ser aceito em um grupo. Por

isso da atenção especial das escolas com turnos inversos

e atividades extracurriculares. E mesmo assim, pesquisas

mostram números espantosos. Nos últimos 10 anos, subiu

150% a população carcerária no Rio Grande do Sul por

parte dos homens. 600% no caso das mulheres. Além de

que, 60% da população carcerária tem idade entre 18 e

29 anos”.

|15|

Patrícia Schuler

Patrícia é pedagoga e Representante da Fundação

de Assistência Social e Cidadania (FASC). Também é

Especialista em Psicologia Social e Alfabetização e Técnica

Referência da Abordagem Social de Rua do CREAS -

Centro, Ilhas, Humaitá e Navegantes em Porto Alegre.

No projeto Papo Reto Circuito de Seminários, ministra

a palestra “Educação e Assistência Social - Construindo

Redes de Atenção e Cuidado”.

“A escola é o maior espaço de socialização. Porém,

ela não é a total responsável pela criação de caráter de

um jovem. Tenho dúvidas sobre apenas a escola fazer

a função de proteção integral do adolescente. Afinal, o

professor não tem que fazer visitas domicialiares para

resolver o problema do aluno. Eles devem, escola e

família, trabalhar juntos, manter uma relação, para

juntos, auxiliar essa criança da melhor maneira possível.

Juntamente com essa dupla, está a assistência social.

Fernanda fala que status é fator de entrada no uso de drogas

Patrícia afirma que uma escola é um lugar de socialização

Alexandre Bertolazi | CUFA-RS

Alexandre Bertolazi | CUFA-RS

Page 14: Revista Papo Reto - 1ª Edição

Dr. Luiz Arena Coronel é psiquiatra

formado em Medicina pela UFCSPA-

CEJBF. Atualmente trabalha na

psiquiatria do Hospital Mãe de Deus,

Caps AD IAPI e no Pronto Psiquiatria.

Em 2009, a prefeitura de Montenegro

solicitou ao doutor para que mapeasse

o que havia de estudo sobre crack no

Brasil e traçar um perfil do usuário.

O envolvimento com crime é muito

comum para os usuários de crack.

Um estudo de São Paulo acompanhou

durante cinco anos 131 usuários dessa

droga e 20% morreu neste período. O

estranhamento foi que poucos deles

morreram de overdose, AVC ou infarto.

Geralmente foram eventos trágicos

externos, como facadas, tiro. Então, o

envolvimento com a droga tem matado

essa população, os números mostram

que um a cada cinco usuários. Crianças

de mães que utilizaram crack durante a

gravidez tem tendencia de virar usuário

da mesma droga.

Formado em Ciências Jurídicas e

Sociais pela Pontifícia Universidade

Católica do Rio Grande do Sul

(PUCRS), Schmitt é o coordenador

jurídico da Comissão de Segurança

e Serviços Públicos da Assembleia

Legislativa do Rio Grande do Sul.

Durante suas falas no Seminário

Papo Reto, ele elogiou os professores

pelo trabalho de educar os jovens e

sempre ressaltou a importância da

pessoa que leciona. Um dos pontos

levantandos pelo coordenador

foi que os professores devem

fazer esforços além do normal.

“Conhecer bem os seus alunos é a

chave para uma boa aula e, assim,

poder ajudar os jovens e possíveis

problemas que os cercam”, disse o

advogado.

Advogada formada em Ciências

Jurídicas e Sociais pela Pontifícia

Universidade Católica do Rio Grande

do Sul (PUCRS), Kellen Pontes tem

Pós Graduação em Processo Civil

pelo Centro Universitário Ritter dos

Reis e atua na área criminal além de

possuir um escritório no área penal.

Durante a faculdade trabalhou

três anos no setor de Defensoria

Pública interagindo bastante com a

área de internação de usuários de

droga dentro do direito de família.

Na palestra durante os seminários,

Kellen aborda o tema “Drogas

e Sociedade: Aspectos Jurídicos

e Morais” trazendo a parte da

legislação na área.

“Apesar do Seminário ter foco

na área de prevenção, eu não

acredito tanto que o Direito seja

preventivo, vejo ele vindo depois

de uma situação já instalada, mas

é necessário que nós cidadãos

conheçamos nossa legislação.”

Kellen Pontes Ismael Schmitt

Papo Reto |16| setembro

Luiz Arena CoronelFotos: Alexandre Bertolazi | CUFA-RS

Page 15: Revista Papo Reto - 1ª Edição

|17|

A CUFA tem sido um divisor de águas não apenas

na minha vida profissional, mas sobretudo como

ser humano que não consegue ficar inerte diante da

injustiça e do sofrimento das pessoas, principalmente

das crianças que sentem na pele tanta dificuldade.

Considero-me uma educadora social, e é com este olhar

apurado, de quem dedica 20 anos para a educação,

sempre remando contra a maré, que administro este

poderoso projeto.

A primeira edição do projeto foi realizada em 2012,

com o apoio das Secretarias da Saúde e Educação.

Neste ano contamos também com a parceria do

Hospital Divina Providência, e a novidade é o seminário

de prevenção para os professores da rede municipal

de ensino. O resultado qualitativo seguramente dessas

palestras é a riqueza do conteúdo das explanações

técnicas dos palestrantes e os relatos dos professores

em relação à temática do crack.

Encerro revelando que nesta minha caminhada

coordenei um projeto cultural em que o grupo artístico

sempre encerrava suas apresentações cantando e

dançando um rap. As palavras que o compõe são

como um hino para nós: “A vida me ensinou a caminhar

saber cair depois se levantar, o tempo não espera não

há espaço pra chorar, andei no escuro e agora vou

brilhar. Sobreviver é necessário, também quero ser feliz,

permaneço no combate, meu resgate é a minha fé,

minha luta causa medo e alegria, tô na fita venha o que

vier não vou amarelar, seja o que Deus quiser, seja o

que Deus quiser na fé”. (M.V. Bill, Marginal Menestrel).

Ninguém nasce para usar drogas. As pessoas nascem

com um desejo natural de transcender a sua existência,

de conhecer sensações que lhe darão prazer, alegria e

sucesso. Por isso cabe a nós, atores sociais, criarmos

caminhos que dêem a esses jovens acesso a essa

felicidade. A partir do momento em que nós abrimos

mão da nossa função de gerar espaços de realização

de sonhos, com o tempo esses sonhos começam a se

vulgarizar e isto leva essa geração ainda inexperiente

para caminhos extremamente arriscados, como a

prostituição, o crime e a violência. Eles contemplam

esse momento e nós não podemos negá-los. Porém, nós

precisamos compreendê-los e guiá-los. Tentar controlar

o ímpeto rebelde e provocativo desses jovens é como

tentar cavalgar o vento. O máximo que você pode fazer

é criar rotas de fuga para que essas pessoas sofram

menos. Por isso nós precisamos gostar de verdade, nos

aproximar, olhar nos olhos sem medo do sentimento

que vai eclodir por conta disso. Eu não vejo o crack

como um problema, mas como uma oportunidade de

nós retomarmos o que a gente perdeu por muito tempo,

que é a nossa conexão verdadeira com a geração que

está vindo. Por mais que eles estejam conectados de

maneira tecnológica com o mundo, eles precisam se

conectar visceralmente conosco porque computador

não engravida, Twitter não aconselha, Facebook não

faz carinho. Quem faz isso somos nós, seres humanos.

A partir daí, podem ter certeza que o tráfico, a violência

e a criminalidade vão ter muito mais dificuldades em

capturar esses jovens.

Manoel Soares Coordenador da

Cufa-RS

Lisandra Félix Coordenadora-

Executiva Papo Reto

Coluna

Page 16: Revista Papo Reto - 1ª Edição

Papo Reto |6| setembro

A Escola Municipal de Ensino Fundamental

Leocádia Felizardo é regida há 15 anos

pela diretora Gislaine Robaina. Professora

com experiência de sala de aula por cerca

de 30 anos, ela já trabalhou em quatro

diferentes escolas e quando se aposentou, entrou para a

área administrativa. Quando questionada sobre qual ser

a maior dificuldade da direção de uma escola municipal,

ela responde que é a falta de professores. “ Os atestados

e licenças são constantes, deixam o quadro docente

desfalcado e consequentemente acumulando a carga

horária dos demais educadores. E manter a atividade em

funcionamento acaba por se tornar muito complicado,”

comenta ela. Porém, na visão da diretora, “a prioridade é

o aluno, não existe escola sem eles.”

Mesmo em um bairro mais periférico, para Gislaine, a

escola tem alunos bastante empenhados. “Comparando

com outros lugares, nossos alunos são muito tranquilos

e participativos. “Conseguimos muitos resultados rápidos

dessa interação”. A professora também conta que a escola

passou por uma grande revitalização no ano passado e

que os alunos continuam a mantê-la com muito cuidado

e poucas depradações.

Porém, como qualquer outro ambiente escolar inserido

dentro de uma periferia, existem as suas exceções. “Já

tivemos alunos que entraram armados na escola, mas não

atacaram, era mais para se exibir mesmo”, ela revela.

Segundo a professora, esse tipo de atitude é reflexo do

que alguns deles vivem em sua casa. “Uma das nossas

maiores dificuldades são as próprias famílias. A escola

se encontra muito sozinha, atualmente, no processo de

educação do jovem.”

A diretora comenta que é possível notar uma grande

diferença entre os alunos envolvidos nos projetos oferecidos

pela instituição e os que não participam, “é uma maneira

lúdica de mantê-los dentro do ambiente escolar”.

Gislaine ainda conta que dentro desse universo das

drogas e do crime, os alunos já se encontram bastante

munidos sobre o assunto. Para ela, “alguns estudantes

nem vivenciam essa fase, já aprendem na escola o que é

certo e o que é errado. Outros são mais difíceis de atingir.

Porém, o exercício de prevenção é contínuo.”

Como recado para outros educadores e pais de jovens,

a diretora afirma que “se não tivesse esse tipo de iniciativa

dos projetos sociais, a situação estaria muito pior! por

mais sozinhos que esses adolescentes passam sua fase

mais crítica, a escola e a família estão sempre buscando o

melhor para oferecer um futuro cheio de oportunidades,”

finaliza a professora.

Perfil do Professor

Gislaine aponta a falta de professores como a maior dificuldade de uma escola municipal em Porto Alegre

Jéssica Mazzola | CUFA-RS

por Jéssica Mazzola

Page 17: Revista Papo Reto - 1ª Edição

|7|

Nos meses de abril, maio e junho, foi desenvolvido o projeto da Brigada Militar PROERD(Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência) com três turmas de B20( 5º ano) da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dep. Marcírio Goulart Loureiro, situado no bairro partenon (Campo da Tuca). Tenho uma das turmas que foi desenvolvido o projeto e para dar

continuidade ao programa e proporcionar uma retomada e um diálogo sobre tema “Drogas”, os alunos em grupo de 6 alunos construíram cartazes sobre as drogas com base no que aprenderam no programa e também sobre a retomada e diálogo.

Para que o tema “Drogas” contemplasse também as outras turmas, participamos em julho da Semana Pedagógica da escola, entre as turmas de B20 titulamos a Semana Pedagógica: “Interlaçando saberes”, onde cada grupo apresentou os efeitos que as drogas causam no corpo de quem utiliza e de quem convive no caso do cigarro ,dividido os grupos em:Crack,Maconha,Inalantes, Cigarro e Álcool.

O diálogo com os colegas das outras turmas foi mediado por mim professora Luciane, foi bem interessante pois os alunos trouxeram bastante informações e dúvidas, pois a comunidade da escola está inserida em uma comunidade conhecida pelo tráfico de drogas, onde muitos já vivenciam o contato direto ou indireto com as drogas.

Abordar o tema, é bem delicado, pois o contato com as drogas pelos alunos acontece na maioria das vezes desde muito cedo, seja com seus familiares ou amigos, isto é fato, pois moro também no bairro Partenon, perto da “Maria da Conceição” e crianças de apenas 1mês de idade já frequentam os pontos de venda com seus pais.Por isso a importância da escola(professor) abordar através do diálogo de conscientização, não temos o caráter de punição, denúncia, salvo em outras situações, mas será em caráter de instituição(escola).

O diálogo foi com o objetivo de alertar e conscientizar sobre a ilusão das propagandas referentes ao cigarro e bebidas,uma droga lícita que deve ser comercializada somente para adultos (acima de 18 anos), a utilização correta dos medicamentos (drogas), e que os alunos resistam ao uso e comércio das drogas, mesmo que a oferta seja tentadora. O diálogo com as turmas será um exercício constante de conscientização contra as drogas.

A importância de termos uma vida saudável, sem sermos refém do tráfico, com o direito de ir e vir, libertos para conquistarmos nossos sonhos com dignidade.

Carta do Professor

Luciane de Oliveira MachadoProfessora das séries iniciais e finais

Graduada em Letras e Pedagogia com ênfase em Orientação Educacional

Especialista em Gestão e Administração Escolar

Luciane Machado | Arquivo Pessoal

Page 18: Revista Papo Reto - 1ª Edição

HaFoi muito bom a experiencia pois

consegui tirar grandes dúvidas. Obrigado. xw

Adorei a possibilidade

de poder trocar grandes experiencias com os palestrantes.

2Excelente! Permitiu ligar as

relações dos alunos entre si e com os professores e é a

extensão da influência de um sobre o outro.1.-

Boa palestra tocou em bons pontos, principalmente

no fato de nos ensinar a lidar com cada aluno de uma maneira especifica e

diferente.

TSMuito legal a

palestra clara e objetiva.

NMMuito bom, bem

explicativo e nos trouxe bastante dados novos.\[

Muito legal a palestra sai aprendendo muito. Meus parabéns.

HbFoi bastante positiva, clara e esclarecedora.

Mural do Professor

4Gostei muito achei a

palestra muito boa para o nosso conhecimento.1

Aqui é o espaço onde o professor pode dar a sua opinião sobre o Circuito Papo Reto. Nos seminários, os docentes tem um espaço para preencher avaliando as palestras. Essa é a hora de se expressar e mostrar como é válida essa troca de experiência. E de que maneira essa iniciativa mudou a sua forma de pensar.

HÓtimas palestra, bem

explicativo e informativo sobre a situação escolar e familiar quanto ao uso e tráfico de drogas. Achei excelente.G6

Trouxe subsídios técnicos para entender o uso de

drogas como uma doença e, desta forma, desmistificar a

drogadição.5 #A oportunidade de

discutir com profissionais de diferentes áreas é

importante para o professor que se sente sozinho em

sala de aula, com todos os problemas que aparecem.$Papo Reto |20| setembro

Page 19: Revista Papo Reto - 1ª Edição

wNM#$ |21|

escolasolução

Em Porto Alegre, a iniciativa de prevenção ao crack nas escolas foi pioneira. Abrangendo os alunos de 51 escolas municipais da capital, a CUFA-RS realiza desde 2012 o Projeto Circuito Papo Reto Porto Alegre, projeto em parceria com a Prefeitura de Porto Alegre através da Secretaria Municipal de Saúde e Educação e que neste ano ganhou outro parceiro importante: o Hospital Divina Providência. Em 2013 o objetivo é superar em 30% o número de atendimentos dos ano passado, através das ações realizadas nos pátios e salas de aula, com palestras, oficinas e atividades culturais inspiradas na ferramenta de prevenção “O Escudeiro da Luz em os Zumbis da Pedra“. Nesta edição, destacamos as seguintes escolas:

Page 20: Revista Papo Reto - 1ª Edição

Quem entra na Escola Municipal Gabriel Obino não

imagina a trajetória de 25 anos de comprometimento

com os alunos. Dentro de diversos projetos promovidos

por professores e orientadores educacionais estão os

projetosetos Papo Reto CUFA-RS, Mais Educação e Cidade

Escola. Para atender alunos em turno integral, a escola

recebeu recursos e oferece atividades na parte no contra-

turno, além de refeições para seus estudantes.

COMO SE FOSSE UM GUARDA-CHUVA

O professor de educação física e também coordenador

de atividades, Carlos Fabre Miranda, explica que, junto

com o currículo da escola, existe uma espécie de guarda-

chuva que compõe a área de projetos. “A instituição é o

cabo e as três propostas são a base para que nossos alunos

tenham mais referencias dentro da escola”, comenta ele.

PAPO RETO NA ESCOLA

A proposta do Papo Reto, da CUFA, é oferecer oficinas

de teatro que mostrem aos jovens a importancia da

educação e da prevenção às drogas. A oficineira que

trabalha com ambas as instituições, Carolina de Oliveira,

conta que a turma que ela atende é muito participativa.

“São vários níveis de maturidade dentro de uma pequena

turma. Temos que saber atender as necessidades desses

alunos com atividades que chamem a atenção de todos

eles”, afirma a educadora. Para Carlos, a maior dificuldade

em manter os projetos é o tempo na organização das

atividades. “Como somos do município, temos poucos

professores em atividade, o que nos tira muito tempo de

planejamento pedagógico”, revela ele.

PREVENÇÃO É A MELHOR SOLUÇÃO

Segundo o educador, “mostrar o caminho legal,

previnir, dizer que é possivel ter sucesso, é mais interessante

e melhor como estratégia para conquistar os alunos que

estejam sozinhos no mundo entre a escola e a família”,

finaliza o coordenador.

Gabriel Obino

Papo Reto |22| setembro

por Jéssica Mazzola

Vila Monte CristoA Escola Municipal de Ensino Fundamental Vila Monte

Cristo, localizada no bairro Vila Nova, zona sul de Porto

Alegre, foi a primeira instituição escolar da cidade a

implementar o sistema de ciclos de ensino, há 18 anos.

PROJETOS DE PREVENÇÃO

Além das oficinas do Projeto Papo Reto realizadas pela

CUFA há dois anos, existe um outro projeto de prevenção

às drogas e valorização da vida criada pelo professor

de teatro Mateus Gonçalves, que leciona há oito anos

na escola. Ex-coordenador da Educação de Jovens e

Adultos (EJA), que tem sua programação no turno da

noite, o professor flagrava quase que diariamente seus

alunos consumindo maconha e álcool antes das aulas

Decidido a mudar este panorama, mas sem querer tratar

o tema com individualmente com cada aluno que via se

entorpecendo antes das lições, Mateus criou uma série

de atividades para abordar estas e outras questões. Foi

por Igor Grossmann

Jéssica Mazzola | CUFA-RS

A escola participa de diversos projetos extra-classe

Page 21: Revista Papo Reto - 1ª Edição

Aramy Silvapor Airan Albino

Realidade é a palavra que bate na porta da Escola

Municipal de Ensino Fundamental Aramy Silva, localizada

no bairro Camaquã, na zona sul de Porto Alegre. O

colégio conta com cerca de 750 estudantes divididos nas

turmas da manhã e da tarde, e que vão até o nono ano.

Este ano as atividades extra curriculares estão chamanado

a atenção dos alunos, porque no ano passado houve

pouca procura pelas oficinas.

PARCERIA FORTE

No segundo ano em parceria com a Central Única

das Favelas do Rio Grande do Sul, o projeto Papo Reto

teve maior adesão de jovens em 2013. Segundo a vice-

diretora da escola Adriane Jardim, na primeira vez que

as atividades propostas pela CUFA chegaram na Aramy

Silva, apenas dois alunos participaram da oficina. Hoje, a

turma cresceu, chegando a quase 20 alunos. Neste ano o

oficineiro que está ministrando as aulas é Gildo dos Santos.

Fato comprovado, durante a aula de introdução do livro

Escudeiro da Luz e os Zumbis das Pedra constantemente

o professor tinha que chamar a atenção dos estudantes

pela disperção. Entretanto, com calma o objetivo do

educador foi captado, as brincadeiras de aquecimentos e

os exercícios de improvisação foram executados por todos

os presentes, ninguém quis ficar de fora.

ENCENAÇÃO

Curioso no trabalho proposto por Gildo foi a encenação

de uma das histórias da obra. A turma foi dividida em dois

grupos, pode-se dizer grupo do Bolinha e da Luluzinha.

A brincandeira tomou conta das duas apresentações.

Termos, discussões, gestos, tudo muito bem reproduzido.

O que mostra que apesar da pouca idade, o contato com o

crime e situações de violência está presente na vida desses

estudantes. O projeto Papo Reto tem como principal meta

chegar nesse público, mostrar para esses jovens que já

tem acesso ao mundo das drogas, que esse caminho não

é o único, por meio de seminários, palestras, oficinas,

conversas e troca de experiências.

então que, em 2010, aconteceu o primeiro Mês da

Saúde d@ Estudante. “Somos humanos e, se algo nos

afeta como humanos, isto pode ser tratado no ambiente

escolar”, diz o professor.

BOA IDEIA

A sua ideia era tratar abertamente de questões que

estão presentes na comunidade e na escola, como

drogas, gravidez na adolescência e Aids. Inicialmente,

a programação, que incluía palestras e seminários,

era voltada apenas para os jovens e adultos atendidos

pelo EJA. Assim foi nos meses de setembro dos anos

de 2010, 2011 e 2012. Neste ano, Mateus poderá

estender o projeto para toda a comunidade escolar, que

conta com 1.300 alunos. “O sucesso foi tanto, que os

alunos passaram a solicitar temáticas”, conta.

Igor Grossmann | CUFA-RS

|23|

Os alunos da oficineira Melissa topam todas as atividades propostas

Page 22: Revista Papo Reto - 1ª Edição

Campos do CristalA EMEF Campos do Cristal traz na história a vontade

de fazer uma escola na comunidade. A instituição nasceu

em 1994 na avenida Diário de Notícias por insistência

dos moradores para receberem alguma assistência

educacional no local. Tempos mais tarde, devido a

questões empresarias, a população juntamente da escola

foi transferida para o bairro Vila Nova. Foi com esta

persistência por formar uma comunidade e um identidade

que o local se manteve e busca dar a melhor educação

para seus mais de 500 alunos.

OS PROJETOS

Hoje, com estudantes entre o JB e o 9º ano, a Campos

do Cristal é parceira de diferentes projetos que mantem as

crianças na escola com plena educação.O Cidade Escola,

do Governo Municipal, permite um acompanhamento

maior com os alunos. Esses projetos se tornaram

incentivos para os professores da Campos do Cristal

criarem oficinas diárias para trabalharem nos turnos

inversos com os alunos. Uma delas é de reciclagem que

propõem a mistura entre o ambiental e a arte. A outra é

oficina possui o nome de contadores de história. Nelas,

os alunos organizam sessão de contação e ensaios. Esses

programas ocorrem de forma seletiva pelos estudantes de

uma a duas vezes por semana. Muitas das crianças que

estão desmotivadas na escola acham voz nesses projetos

e se tornam destaque sendo mais participativos.

CUFA É DESTAQUE

No quesito trabalho de drogas, a Cufa é destaque

na instituição no ensino aos alunos com uso do livro “O

Escudeiro da Luz em Os Zumbis da Pedra”. Além disso, os

professores procuram alertar as crianças sobre os perigos

e danos que as drogas causam ao individuo.

por Eduardo Bertuol

ALÉM DO PAPO RETO

Dentro do projeto do governo federal, o Mais

Educação, quem realmente vai atrás são os pais das

crianças e adolescentes, visando um lugar para que

seu filho não fique na rua, no turno inverso da aula. As

oficinas continuam acontecendo, porém, trabalhos como

informática e robótica não foram realizados no mês de

agosto.

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Trabalhar com o livro do Escudeiro da Luz é o foco da oficina

Contar histórias é comum na escola que tem uma oficina nesse tema

Eduardo Bertuol | CUFA-RS

Papo Reto |24| setembro

Page 23: Revista Papo Reto - 1ª Edição

|25|

Com cerca de 900 estudantes e 60 professores a Escola

Municipal de Ensino Fundamental Vereadore Martin

Aranha, localizada no bairro Camaquã está no seu

terceiro ano junto do projeto Papo Reto. As edições

anteriroes deixaram a sua marca, uma oficina de grafite

fez uma arte no ginásio da instituição, e a vontade dos

alunos de participar das ações propostas pela Central

Única das Favelas.

OFICINAS DE TEATRO

Neste ano a oficina de teatro está sendo trabalhada

pela CUFA com o oficineiro Bruno Koch. O número de

alunos inscritos é tão grande que o período destinado

para oficina, das 14h às 16h, tem de ser dividido em uma

hora de duração para duas turmas. Na faixa etária entre

11 e 13 anos, os jovens são bastantes agitados e, muitas

vezes, testam a paciência do professor. Durante uma

chamada, a falta de respeito aperece para a infelicidade

do educador Bruno.

MÚSICA PARA ALEGRAR AS AULAS

Notando o interesse da turma em aprender teatro,

Bruno se dispõem a por música, da preferência dos alunos,

para animar o tempo de aula. O sucesso do momento

foi a sensação entre as meninas e meninos da oficina,

todo mundo dançou O Show das Poderosas, de Anitta. Há

dois anos a escola ensina os passos do tradicionalismo

em suas dependências e junto com a Fundação Tênis

apresenta um esporte diferente para os jovens, todas

segundas e quartas. Porém, a maior tradição do colégio é

o seminário de julho, segundo o vice-diretor Dario Peres.

Este ano aconteceu a 13ª edição do seminário, que tem

uma temática diferente a cada ano. Dessa vez, currículo

escolar foi o tema escolhido.

Martin Aranhapor Airan Albino

Airan Albino | CUFA-RS

Por ter duas turmas, Bruno procura aproveitar o tempo de aula

Page 24: Revista Papo Reto - 1ª Edição

Papo Reto |26| setembro

Localizada no bairro Cristal, a Escola Municipal de Ensino

Fundamental José Loureira da Silva, Zona Oeste de Porto

Alegre, busca sempre projetos de incetivo a educação que

beneficiem seus alunos. A coordenadora dos programas

da escola, Rosane Trindade, avalia a situação do centro

educativo como um local para levar mais do que

conhecimento para as crianças. “Buscamos o máximo

possível de parcerias para a educação chegar até aos

alunos de várias formas possíveis”, enaltece Rosane.

OUTROS PROJETOS

Um dos trabalhos realizados é a dança que existe desde

a década de 1980. Com incentivo e estrutura desejável, o

programa inciou com o nome Dança Criança e em 2007

foi expandido para o Projeto Centro de Dança. Além da

sala de dança, o local possui vestiário, roupeiro e salão

para apresentações. Nas aulas, os jovens desenvolvem

várias modalidades de ritmos, como street, clássico, salão.

Lá também ocorre um trabalho de musicalização para as

crianças menores denominado de Criar. O curso ocorre

todos os dias com professores diferentes para cada lição

e respeita o calendário da escola com a apresentação de

um espetáculo no final do ano. “Desde o ano passado, nós

envolvemos todos os projetos na exibição, então desde a

robótica, capoeira até a própria dança é envolvida nisso

com todos os alunos que parte dos programas”, ressalta.

ALUNA DESTAQUE

Foi neste programa de musicalização oferecido na

Escolal José Loureiro da Silva que uma aluna se destacou

como violinista. Hoje, ela compõe a Orquestra Jovem de

Porto Alegre. Porém, sem esquecer suas origens, a jovem

costuma retornar a escola para realizar apresentações aos

alunos como forma de incentivo a continuação do projeto.

PAPO RETO SERVIU DE INSPIRAÇÃO

Em relação as drogas, além do trabalho prestado pela

CUFA com oficinas, a diretora Célia Trevisan destaca que

duas professoras da biblioteca realizaram o curso EAD

(Ensino à Distância) de capacitação e qualificação pelo

MEC (Ministério da Educação) sobre o uso de drogas

e elas estão implantando um projeto chamado “Os

Guardiões da Saúde”. Desta forma, eles estão compondo

um grupo de alunos que colaboram com a biblioteca,

como monitores, para dar dicas e ajudar na construção

do programa e fazer essa discussão sobre a utilização das

drogas.

TRANSFORMANDO VIDAS

As parcerias para projetos transformaram a vida da

escola e principalmente dos alunos. Hoje, o turno integral

com oficinas de diversas formas de conhecimentos dão aos

alunos do colégio José Loureiro da Silva a oportunidade

de crescimento na vida, fazendo com que elas mudem a

forma de pensar e de ver o mundo.

José Loureiro da Silva por Eduardo Bertuol

Eduardo Bertuol | CUFA-RS

Exercícios de expressão corporal fazem parte da aula

Page 25: Revista Papo Reto - 1ª Edição

Além das oficinas do Projeto Papo Reto realizado pela

CUFA na escola Escola Municipal de Ensino Fundamental

(EMEF) Neusa Goulart Brizola, outros iniciativas

educacionais ocorrem na instituição. Uma delas é o

Projeto Cidade Escola implantado no colégio desde junho

de 2006. A coordenadora do programa na instituição,

Luciane Beheregaray, conta que as atividades das oficinas

funcionam em tempo integral.

ATIVIDADES NO TURNO INVERSO

Implantado pela Secretaria Municipal de Educação

(SMED), a proposta de Educação Integral na Rede Municipal

de Ensino, contempla atividades em turno inverso das

aulas. Desta forma, ocorre a construção de parcerias com

instituições da comunidade, a fim de ampliar e qualificar

a aprendizagem dos alunos. Com este projeto, as escolas

possuem várias atividades ligadas ao núcleo de ampliação

de estudos, artes, polos de educação para o trabalho

e protagonismo, além de direitos humanos e sociais de

crianças e adolescentes. Assim também como atividades

esportivas, artísticas, matemática e outras. Todas sendo

atendidas por professores pertencentes ao quadro do

município de Porto Alegre.

PIONEIRA

A Escola Neusa Goulart Brizola foi a pioneira na

implantação do Projeto Cidade Escola e vem colhendo

bons frutos desta parceria. “Na oficina de arte circense

o aluno do terceiro ciclo, Isaías, de 15 anos, era visto

como rebelde pelos colegas e transformou essa rebeldia

em arte”, relata a coordenadora Luciane com entusiasmo.

“Hoje, ele é representante do conselho escolar da escola,

sendo eleito pelos colegas do colégio. Casos como esse

dão orgulho aos professores das oficinas”, ressalta.

OUTRAS ATIVIDADES

Com convênio firmado entre a SMED e a Fundação de

Educação e Cultura do Sport Club Internacional, os alunos

também possuem oficinas com educadores capacitados

para o desenvolvimento de atividades de letramento,

numeramento e ludicidade, com a ampliação de três

horas diárias na jornada escolar.

PRINCIPAL ATIVIDADE É DA CUFA

Ao falar sobre projetos voltados no combate ao crack,

Luciane destaca que a principal ação que ocorre na escola

é desenvolvido pela CUFA com o Escudeiro da Luz. “Os

professores das oficinas costumam reforçar a importância

de estar limpo e costumam usar o livro do Escudeiro para

além de incentivar a leitura, como forma de ajuda ao

combate as drogas na vida dos alunos”, complementa a

professora.

|27|

Neusa G. Brizolapor Eduardo Bertuol

Bruno Koch | CUFA-RS

Os alunos aprendem a trabalhar em grupo com a oficina

Page 26: Revista Papo Reto - 1ª Edição

Há cerca de três anos, a Escola Municipal de Ensino

Fundamental Leocádia Felizardo, da zona oeste de Porto

Alegre, participa de diferentes atividades. Cerca de 700

crianças estudam lá e, segundo a pedagoga responsável

pelas atividades, Tatiana Julius Stahlhoefer, a maioria

das oficinas segue com todas as vagas praticamente

preenchidas. “Esse tipo de iniciativa tem bastante procura

e resultados dentro da instituição”, conta a coordenadora.

Juntamente com um convênio firmado com o Sport

Club Internacional, os alunos participam de treinos e

campeonatos de futebol. “Eles ficam bastante animados

com os eventos fora da escola, além de que sempre há

olheiros nesses jogos, o aluno se sente muito valorizado”,

complementa a professora.

PROFESSORAS ACREDITAM NO BOM RESULTADO

Sobre o contexto das drogas, a escola trabalha em

parceria com a CUFA oferecendo oficinas de teatro e

de leitura para os alunos. O livro “O escudeiro da luz”,

produção do próprio projeto social trabalha com imagens

e figurações do mundo do crack, mostrando que esse é

o pior caminho a ser seguido. Tatiana conta que no ano

passado, as professoras trabalharam de forma intensa

com esse projeto e que acreditam que tenham alcançado

bons resultados.

UM EXEMPLO POSITIVO

Para escolas como essa, localizadas em zonas afastadas

do centro da cidade e com um indício muito grande de

marginalização, esses projetos acabam por trazer uma

diferente visão do que pode ser o futuro daquele aluno.

Elas inspiram e incentivam o jovem a não entrar no mundo

das drogas e do crime. A pedagoga relata um exemplo:

“Tínhamos um aluno bastante dificil de se relacionar,

esquivo e com notas baixas. Depois que ele começou a

participar de um dos projetos, o resultado chegou muito

rápido até nós. De aluno baderneiro, ele se tornou o mais

amigo da turma. até premio de valorização ele recebeu

no ultimo semestre.”

A ESCOLA CONCORRE COM A RUA

Exemplos como esse surgem cada dia mais dentro

dessas iniciativas municipais. É possível envolver o jovem

mostrando a ele que existe uma saída ao crime. “Toda

oportunidade de sair do ambiente confuso em que o jovem

vive, já é um aprendizado à ele. Afinal, a escola concorre

diretamente com a rua”, conta Tatiana. Ela comenta que

a maioria dos alunos que procura esse tipo de atividade

é por livre escolha, mas que os mais necessitados ainda

ficam receosos de participar. “Os alunos que mais

precisavam estar inseridos nesses projetos, muitas vezes

tem que ser puxados, já que não apararecem por falta de

incentivo em casa tambem”.

FAMILIA DEVE ACOMPANHAR DE PERTO

Muitos são os casos em que os adolescentes passam

praticamente sozinhos por todas as suas mudanças e

isso é algo que afeta diretamente no desenvolvimento

do mesmo. “A escola apoia e dá todo o suporte possível,

porém a família deveria ajudar nesse processo bem de

perto. A questão não é pontual e sim social. A falta de

parceria entre os educadores e familiares complica e

impede grandes avanços que poderiam acontecer’”,

revela a pedagoga.

Papo Reto |28| setembro

Leocádia F. Prestes por Jéssica Mazzola

Jéssica Mazzola | CUFA-RS

Além do Papo Reto, outros projetos são desenvolvidos na escola

Page 27: Revista Papo Reto - 1ª Edição

|29|

Localizada no alto da Glória, a escola municipal de

educação fundamental Monsenhor Leopoldo Neis possui

mais de 270 alunos divididos em 12 turmas, seis pela

manhã e tarde. Sem muitos projetos firmados, a instituição

aposta na parceria com a CUFA para unir forças contra

as drogas. A professora Janice destaca que existem casos

que ocorrem fora das salas de aula que afetam os alunos.

“Precisamos deste apoio para seguir ajudando os alunos

nesses episódios. A leitura do livro deixou as crianças

bem empolgadas”, ressalta. “Logo quando começamos

a trabalhar a obra, eles foram se identificando com as

histórias contadas”, observa a professora.

O AMOR PELA ESCOLA

Com estudantes receptivos e comprometidos,

os professores perceberam que a comunidade não

tem espaço cultural para os jovens desenvolverem a

criatividade. “O único espaço de cultura para as crianças

é a escola, então aproveitamos as oportunidades com

projetos que são oferecidos”, analisa Janice. A diretora

Simone Schmidt Rodrigues Lopes traz na história o amor

pela escola, ela foi aluna e hoje ajuda a oportunizar um

futuro melhor para as crianças. “As oficinas, as palestras e

o livro vão colaborar para conseguirmos o nosso objetivo”,

destaca. “Tudo o que a gente conseguir oportunizar para

as crianças a gente agarra com unhas e dentes”, conclui.

A PALESTRA

Ao chegar na Escola Fundamental Monsenhor Leopoldo

Neis, o coordenador da CUFA-RS e repórter da RBS TV,

Manoel Soares, foi recebido com um “Bom dia” animado

dito por mais de 140 crianças. A palestra faz parte de uma

série de conversas com crianças do ensino fundamental

no Circuito Papo Reto.

ALTAS RISADAS

Utilizando atividades instrutivas e brincadeiras, Manoel

iniciou o papo com brincadeiras e arrancando risadas de

alunos e professores que estavam no local. Ao formar um

coração com a mão, ele alertava que o uso das drogas

fere os sentimentos da mãe. Logo após pediu um batom de

uma professora emprestado e deixou a amostra em cima

de uma mesa causando curiosidade para as crianças.

Com um violão na mão, o coordenador da CUFA-RS

mobilizou o salão para cantar uma paródia da música

“Show das Poderosas”, da cantora Anitta.

SUPERANDO EXPECTATIVAS

As professoras cuidaram da coreografia enquanto

as 6 turmas cantavam animadas “Prepara que agora é

hora de dizer não as drogas”. Para a diretora da escola,

Simone Lopes, a palestra superou as expectativas e

atingiu o objetivo. “O Manoel trouxe de forma lúdica com

brincadeiras, sem usar sentidos fortes e sem espantar. As

crianças vivem a realidade das drogas na comunidade e

essa conversa foi importante para ajudar a dizer não”,

ressalta a diretora.

Monsenhor Leopoldo Neispor Eduarto Bertuol

Eduardo Bertuol | CUFA-RS

O oficineiro procura prender a atenção dos alunos com o teatro

Page 28: Revista Papo Reto - 1ª Edição

Entre seus mais de 70 alunos, que vão do ensino

fundamental até o EJA, todos eles são especiais. Não apenas

por serem diferentes no modo como se comunicam, mas

por fazerem parte de uma escola municipal que incentiva

e participa ativamente do desenvolvimento de cada um.

A Escola Municipal Surdos Bilingues, localizada no bairro

Partenon em Porto Alegre, recebe crianças a partir dos

6 anos de idade e conta com um grupo de professores

preparados para atendimento em turno integral.

DIFERENTES PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO

Muitos dos alunos que ali frequentam não estão

matriculados regularmente naquele ambiente e sim em

outra escola. Isso acontece, pois na Surdos Bilingues

existem vários programas de educação e estímulo com

40 horas de serviço semanais. Um deles é o Atendimento

Educacional Especializado (AEE), onde os alunos são

instruídos desde cedo com a língua dos sinais. Outras

atividades extracurriculares disponíveis envolvem um clube

de xadrez, oficinas de teatro e até uma horta comunitária.

PROFESSORES ESPECIALIZADOS

A vice diretora Thaís Monteiro, que atua há mais de

2 anos na administração da escola, conta que todos

os professores que atendem na Surdos Bilingues tem

formação especializada em múltiplas deficiencias e que

sabem como atender melhor esse tipo de aluno. “Nosso

corpo docente lida diariamente com demandas que exigem

atenção, paciência e muita maestria. São alunos que tem

potencial, mas passam pela dificuldade de aprendizado”,

comenta a profissional. Uma das antigas oficineiras da

Cufars desenvolve, semanalmente, atividades com os

estudantes. E esse ano, o Projeto Papo Reto da CUFA,

segue com atividades na escola. Dessa vez, o foco é no

aprendizado em desenhos com o oficineiro Daniel Santos.

ALUNOS APRESENTAM MELHORAS

Para Thaís, todos os alunos que se envolvem nas

atividades apresentam, sim, melhoras no seu desempenho

escolar. “O lúdico é uma ótima ferramente de trabalho,

assim conseguimos chamar a atenção dos jovens e

colocá-los na posição de descobridores de suas próprias

habilidades”. A atividade da horta comunitária é mais

uma das tarefas extracurriculares disponíves aos alunos.

Eles praticam desde a teoria da botânica, na aula de

ciências, até a plantação e seu desenvolvimento.

ALUNOS ENTENDEM A GRAVIDADE

Sobre o assunto marginalização e drogadição, a

educadora conta que, com o auxilio das atividades

tanto da CUFA como o Proerd, existe pouca presença do

problema no ambiente escolar. “Não temos enfrentado

muita resistencia dos alunos ao falar sobre o assunto. Eles

entendem bem a gravidade da situação e tem a escola

como local seguro e de aprendizado”, finaliza a vice-

diretora Thaís.

Papo Reto |30| setembro

Surdos S. Watnick por Jéssica Mazzola

Daniel Santos | CUFA-RS

Quem participa das oficinas melhor no desempenho escolar

Page 29: Revista Papo Reto - 1ª Edição

|31|

Localizada no bairro Hípica, a Escola Municipal de Ensino

Fundamental Anísio Teixeira apresenta uma disparidade

na sua estrutura. Bons e maus exemplos. A instituição fica

em um local de classe média, e o terreno foi doado por

um morador da região, pois seria impróprio construir uma

instituição de ensino em um dos morros da zona sul de

Porto Alegre. A Central Única das Favelas do Rio Grande

do Sul mantém uma parceria há dois anos com a escola,

os alunos e professores já conhecem o Circuito Papo Reto

Porto Alegre, e ficaram felizes com a retomada do projeto

em 2013.

PAPO RETO NA ESCOLA

No período da tarde, às quintas-feiras, acontece a

oficina de teatro, ministradas pela professora Luciana dos

Santos. A turma é composta por jovens de 10 a 14 anos.

Luciana foi pega de surpresa no começo da aula devido

à lembrança do seus alunos, que não esqueceram o seu

aniversário e lhe presentearam. Um golpe baixo, mas

super válido, Luciana se emocionou e teve mais disposição

para lecionar a arte de interpretar, improvisar e brincar.

COINCIDÊNCIA

Exercitando o corpo e a mente, os adolescentes

aprenderam um pouco de teatro e participaram das

atividades propostas. Naturalmente a turma se divide em

dois grupos: os superempolgados com a oficina e os que

só querem atrapalhar a aula. Quatro meninos desse perfil

se afastavam e depois voltavam. Por “mera coincidência”

os quatro rapazes têm uma ligação com as drogas,

problemas familiares, logo, problemas para se relacionar.

Uma criança que cresce em meio a violência, outra que

antes dos 15 anos já lida com a morte, pois sabe que esse

é o destino quando se está envolvido no crime. Reflexos

do mundo que a Cufa/RS entra para mostrar que existe

outra opção, uma vida diferente.

OUTRAS ATIVIDADES

Além do projeto Papo Reto, o colégio Anísio Teixeira

tem tradição em atividades do turno inverso, chamado de

contra-turno. Na década de 1990 o colégio possibilitava

escolinhas de futebol, entre outros esportes. Com o tempo

mais opções surgiram e em 2010 veio o programa Mais

Educação, do Governo Federal. Em 2013, recreação,

percussão, capoeira, letramento e dança de rua foram as

oficinas escolhidas. Letramento é a oficina mais importante

da rede, serve para aperfeiçoamento da escrita e do

raciocínio lógico, através da leitura, contação de histórias,

informática e filmes.

ASSISTÊNCIA PARA OS ESTUDANTES

Segundo a professora Mônica Goulart, que cuida dos

projetos extra classe, isso serve como assistência para os

estudantes. “O grande desafio da atividade extra em si

é que tenha uma integração com o currículo da escola,

e que ajude os professores, a equipe diretiva, nesse

trabalho com o aluno, para que o aluno tenha realmente

um ganho na sua aprendizagem”, afirma. A escola tem

outros projetos, no chamado “grande guarda-chuva” pela

professora Mônica, como educação ambiental, cinema,

esportes e robótica. Todas as atividades fora do turno de

aula se enquadra no cidade-escola.

Anísio Teixeirapor Airan Albino

Luciana Domiciano | CUFA-RS

As turmas B21 e B23 têm interesse em aprender teatro

Page 30: Revista Papo Reto - 1ª Edição

Papo Reto |18| setembro

A Congregação das Irmãs da Divina Providência foi

fundada pelo Padre Eduardo Michelis, em 1842, na cidade

de Münster, Alemanha. Foi uma resposta de fé e de amor,

dentro de uma situação concreta do abandono de crianças,

fruto da guerra e de uma sociedade discriminadora.

Profundamente sensibilizado, Michelis encontrou, junto

a quatro jovens, a colaboração para uma ajuda eficaz

para as órfãs das camadas populares, oferecendo-lhes

lar, pão, carinho e educação cristã. Foi este o início da

Congregação das Irmãs da Divina Providência.

O espírito missionário trouxe ao Brasil as primeiras

Irmãs, em março de 1895. Elas se estabeleceram em

Tubarão, Santa Catarina. No Rio Grande do Sul, a

congregação atua desde 1918. Hoje, as Irmãs exercem

suas atividades nas áreas da educação, na pastoral –

paroquial, urbana, de periferia, na saúde curativa e

preventiva, atuando em obras próprias e em Instituições

de Saúde como o Hospital Divina Providência (HDP).

A ideia do Hospital Divina Providência começou a

surgir em 1960, quando, diante da realidade precária de

saúde da população do bairro Cascata e Glória, Dom

Vicente Scherer, então Arcebispo de Porto Alegre, convidou

e desafiou as Irmãs a responderem a esta realidade.

Depois de dois anos de estudos, projetos e avaliação da

viabilidade, a construção inicia em 1962 e leva sete anos

até a sua conclusão, sendo inaugurado em 31 de maio

de 1969.

Em mais de quatro décadas de atuação, o Hospital

Divina Providência busca promover a vida de forma

humanizada, prestando assistência hospitalar qualificada,

com responsabilidade social e em harmonia com o meio

ambiente. Com 1229 funcionários, em 2012 o Hospital

atendeu 55.861 pacientes.

Em 2013, o HDP fechou parceria com a Central

Única das Favelas do Rio Grande do Sul (CUFA-RS) para

a realização do Circuito Papo Reto Porto Alegre, com

seminários, palestras e oficinas de teatro sobre como tratar

a prevenção às drogas voltados para os professores da

rede municipal de educação. O Hospital Divina Providência

entende que a prevenção ao uso de drogas precisa ser

considerada tarefa de toda sociedade. Este tema exige

muito mais do que apenas um debate pedagógico, mas

ações concretas de educação e prevenção. Nesse sentido,

é necessário que as instituições de ensino adotem uma

postura de enfrentamento conjuntamente com os demais

setores sociais para esclarecer e prevenir os jovens dos

perigos de consumir substâncias nocivas à saúde.

Muitos são os problemas enfrentados pelos usuários

de drogas, assim como pela família e demais setores da

sociedade que acabam arcando com as consequências. É

um problema de todos, pois de alguma forma ele acaba

interferindo nas nossas vidas. Esta parceria com a CUFA

na prevenção ao uso da drogas, direcionada as escolas,

educadores e alunos soma-se à responsabilidade social

do Hospital Divina Providência, uma vez que o hospital

tem um papel fundamental no desenvolvimento sadio

das pessoas, como também na formação dos jovens e da

sociedade.

Parceiros

Hospital Divina Providência

Hospital Divina Providência | Divulgação

O Divina Providência procura formas de ajudar no combate às drogas

Page 31: Revista Papo Reto - 1ª Edição

|19|

Secretaria de Saúde

Promover o bem-estar em saúde, de acordo com as

diretrizes do SUS, por meio de gestão única que garanta

aos cidadãos o acesso universal, equânime e o cuidado

integral, com controle social e respeitando as pactuações

interfederativas, esta é a missão da Secretaria Municipal

de Saúde (SMS). Conforme o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), a SMS de Porto Alegre

gerencia um sistema de saúde para uma população em

torno de 1.409.351 pessoas que vivem na Capital. Além

disso, é referência para mais 3 milhões de pessoas dos

municípios da região metropolitana.

Carlos Henrique Casartelli assumiu a secretaria e

apoia o Projeto Circuito Papo Reto Porto Alegre, que vai ao

encontro dos seus princípios. A entidade coordena também

um conjunto de áreas técnicas de políticas públicas que

abrangem os seguintes segmentos: criança e adolescente,

idosos, saúde do trabalhador, medicamentos, saúde

bucal, saúde mental, saúde da mulher, população negra e

indígena, doenças sexualmente transmissíveis (DST/Aids),

pneumologia e saúde nutricional, entre outros.

Os serviços do SUS de Porto Alegre estão distribuídos

nos territórios dos 17 Distritos Sanitários (DS), que formam

as Gerências Distritais (GD). Os DS são: Ilhas, Humaitá/

Navegantes, Centro, Noroeste, Norte, Eixo Baltazar,

Leste, Nordeste, Glória, Cruzeiro, Cristal, Sul, Centro-Sul,

Paternon, Lomba do Pinheiro, Restinga e Extremo-Sul.

As GD são estruturas administrativas e gestoras

regionais e também espaços de discussão e prática

onde são operacionalizadas todas as estratégias para a

atenção à saúde na esfera do SUS. São compostas por

Unidades de Saúde, Centros de Especialidades e Serviços

Especializados Ambulatoriais e Substitutivos.

Sob a Coordenadoria Geral de Urgências, nos territórios

dos DS e das GD estão os Pronto-Atendimentos (PA), as

Bases do SAMU e os hospitais gerais e especializados

próprios e conveniados ao SUS, com portas de urgência

e emergência. Esse conjunto de equipamentos de saúde

e seus serviços, o que inclui também os serviços de

internação hospitalar e domiciliar, formam a rede de

serviços do SUS em Porto Alegre.

A SMS administra dez Farmácias Distritais, que

mantêm em estoque os remédios constantes da Relação

Municipal de Medicamentos (REMUME), em acordo com

as normas do Ministério da Saúde. Além das Farmácias

Distritais, as Unidades Básicas de Saúde também

possuem dispensadores de remédios. A distribuição dos

medicamentos receitados é gratuita.

“o professor que tenha

vinculo com o aluno, as vezes um professor que consegue se

identificar com o aluno, esse professor pode ser aquela pessoa que é necessaria

na vida desse individuo pra que ela tenha uma vida posterior de sucesso

que seja uma vida saudável”

Fabio Paranhos | Divulgação PMPA

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