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ônibus EDIÇÃO 110 ANO XX AGOSTO 2020 www.revistaonibus.com.br PAULO VICTOR PINHEIRO | MARIA DOS ANJOS FREITAS | NATANAEL MARCELINO | MARCO AURÉLIO VARGAS GARCIA | REGIANE ALVES DE OLIVEIRA | MARCOS VINÍCIO ALMEIDA DE ARAÚJO | MARCOS ANTONIO SILVEIRA SILVINO | GILBERTO SANTOS DA ROCHA | UBIRATAN JORGE DE LIMA COSTA | ERILBERTO ARRUDA BATISTA | LUCIANO CASTRO | PAULO VICTOR PINHEIRO | MARIA DOS ANJOS FREITAS | NATANAEL MARCELINO | MARCO AURÉLIO VARGAS GARCIA | REGIANE ALVES DE OLIVEIRA | MARCOS VINÍCIO ALMEIDA DE ARAÚJO | MARCOS ANTONIO SILVEIRA SILVINO | GILBERTO SANTOS DA ROCHA | UBIRATAN JORGE DE LIMA COSTA | ERILBERTO ARRUDA BATISTA | LUCIANO CASTRO Os heróis do transporte Como os profissionais desse serviço essencial estão enfrentando a pandemia 8 MOBILIDADE OS EFEITOS DA PANDEMIA ENTREVISTA OTÁVIO CUNHA, PRESIDENTE DA NTU ENCARTE 20 MERCADO RESSIGNIFICAÇÃO DO TRANSPORTE POR ÔNIBUS 16

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ônibus EDIÇÃO 110

ANO XX

AGOSTO

2020

www.revistaonibus.com.br

PAULO VICTOR PINHEIRO | MARIA DOS ANJOS

FREITAS | NATANAEL MARCELINO | MARCO AURÉLIO

VARGAS GARCIA | REGIANE ALVES DE OLIVEIRA |

MARCOS VINÍCIO ALMEIDA DE ARAÚJO | MARCOS

ANTONIO SILVEIRA SILVINO | GILBERTO SANTOS

DA ROCHA | UBIRATAN JORGE DE LIMA COSTA |

ERILBERTO ARRUDA BATISTA | LUCIANO CASTRO

| PAULO VICTOR PINHEIRO | MARIA DOS ANJOS

FREITAS | NATANAEL MARCELINO | MARCO AURÉLIO

VARGAS GARCIA | REGIANE ALVES DE OLIVEIRA |

MARCOS VINÍCIO ALMEIDA DE ARAÚJO | MARCOS

ANTONIO SILVEIRA SILVINO | GILBERTO SANTOS

DA ROCHA | UBIRATAN JORGE DE LIMA COSTA |

ERILBERTO ARRUDA BATISTA | LUCIANO CASTRO

PAULO VICTOR PINHEIRO | MARIA DOS ANJOS

FREITAS | NATANAEL MARCELINO | MARCO AURÉLIO

VARGAS GARCIA | REGIANE ALVES DE OLIVEIRA |

MARCOS VINÍCIO ALMEIDA DE ARAÚJO | MARCOS

ANTONIO SILVEIRA SILVINO | GILBERTO SANTOS

DA ROCHA | UBIRATAN JORGE DE LIMA COSTA |

ERILBERTO ARRUDA BATISTA | LUCIANO CASTRO

| PAULO VICTOR PINHEIRO | MARIA DOS ANJOS

FREITAS | NATANAEL MARCELINO | MARCO AURÉLIO

VARGAS GARCIA | REGIANE ALVES DE OLIVEIRA |

MARCOS VINÍCIO ALMEIDA DE ARAÚJO | MARCOS

ANTONIO SILVEIRA SILVINO | GILBERTO SANTOS

DA ROCHA | UBIRATAN JORGE DE LIMA COSTA |

ERILBERTO ARRUDA BATISTA | LUCIANO CASTROERILBERTO ARRUDA BATISTA | LUCIANO CASTRO

Os heróis do transporte

Como os profi ssionais desse serviço essencial estão enfrentando a pandemia

8MOBILIDADE

OS EFEITOSDA PANDEMIA

ENTREVISTA

OTÁVIO CUNHA, PRESIDENTE DA NTU

ENCARTE20MERCADO

RESSIGNIFICAÇÃO DO TRANSPORTE

POR ÔNIBUS

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Saiba mais:

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os momentos de gran-de perigo ou na imi-nência de uma tragé-dia, algumas fi guras se destacam, assumindo

riscos para lutar pela proteção alheia. Pessoas que se esquecem delas mes-mas para ajudar o próximo, sem pa-rar para pensar. Em alguns casos, tor-nam-se heróis ou heroínas conheci-dos, em outros, rostos perdidos na multidão, protagonistas de histórias de coragem e dedicação exemplar cujos nomes desconhecemos.

Nesta pandemia de Covid-19 que a humanidade inteira enfren-ta ainda, muitos foram os casos de anônimos heróis, que se arriscaram e venceram, ou que foram vencidos no campo de batalha da vida. Cien-tistas, médicos, enfermeiros, técni-cos das áreas de saúde, funcioná-rios da cozinha ou da limpeza de hospitais, trabalhadores de super-mercados, de farmácias, caminho-neiros que distribuem produtos de primeira necessidade para os pon-tos de venda. E os rodoviários, que permitiram que outros guerreiros pudessem se manter em suas lu-tas, sabendo que teriam como che-gar ao front, e dele voltar para casa.

Julho é o mês do rodoviário, e aproveitamos para enaltecer o tra-balho de todos os profi ssionais que permaneceram atuando, durante todo o período de isolamento so-cial, nas garagens ou nas ruas, em prol do direito de ir e vir dos cida-

dãos, daqueles que se protegeram e até daqueles que, ao não o fazer, colocaram todos os demais em ris-co. Esses rodoviários enfrentaram e enfrentam o perigo diário da expo-sição ao vírus, para que as pessoas que precisam se deslocar consigam atravessar as distâncias que as se-param de seus objetivos.

São pessoas comuns, que têm suas famílias, seus sonhos e medos, suas aspirações materiais e espiri-tuais, pessoas que amam e sofrem como nós. São muitos homens e mulheres, exemplos de determina-ção e compromisso com sua mis-são de manter o transporte rodo-viário de passageiros funcionan-do, nas condições possíveis dian-te da realidade de cada cidade e da determinação do poder conceden-te local. São heróis do nosso dia a dia, com sobrenomes comuns, bra-sileiros que não desistem nunca, cuja atuação manteve e mantém o País funcionando. Nas difíceis con-dições em que nos encontramos, e com muitas limitações, mas funcio-nando. Diuturnamente.

Para eles, só podemos ter um único desejo: que continuem aten-dendo à população, e que seu anô-nimo esforço seja reconhecido co-mo parte de uma frente de comba-te essencial para as nossas cidades. A esses heróis nossos de cada dia, que vêm garantindo que possamos ir e vir, quando necessário, só uma palavra: OBRIGADO!

AGRADECIMENTO AOSHERÓIS NOSSOS DE CADA DIA

Julho é o mês do rodoviário, e aproveitamos para enaltecer o trabalho de todos os profissionais que permaneceram atuando, durante todo o período de isolamento social, nas garagens ou nas ruas, em prol do direito de ir e vir dos cidadãos”

EDITORIAL

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MOBILIDADE

PANDEMIA ATINGE TRANSPORTE POR ÔNIBUS

8

SUMÁRIORovena Rosa / Agência Brasil

14TERMÔMETRO

PREJUÍZOS PASSAM DE 700 BILHÕES DE REAIS

16ENTREVISTA

OTÁVIO VIEIRA DA CUNHA FILHO, PRESIDENTE DA NTU

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EU, RODOVIÁRIO

OS HERÓIS DO TRANSPORTE

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EDIÇÃO 110 | ANO XX | AGOSTO 2020

www.revistaonibus.com.br

Uma publicação da

Federação das Empresas de Transportes

de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro

www.fetranspor.com.br

Revista Ônibus

Gerente de Comunicação e Eventos:

Verônica Abdalla

Editora chefe: Tânia Mara Gouveia Leite

Redação: Tânia Mara, Roselene Alves,

Arquimedes Celestino e Alex Amaral

Fotografi a: Arthur Moura, Carol Veras

e Arquimedes Celestino

Revisão: Tânia Mara

Projeto gráfi co: Insight Comunicação

Editoração e produção gráfi ca:

Ideiatrip Comunicação e Design

Arquimedes Martins Celestino

e Marina Nunes

Publicidade:

Verônica Lima (21) 98787-5730

[email protected]

ônibus

E MAIS...

6 NO RADAR | Willian Aquino De volta à cidade do futuro... desejado

20 MERCADO Ressignifi cação do transporte por ônibus

24 COLUNA ÔNIBUS Novidades em produtos e serviços

25 RIOCARD MAIS INFORMA Medidas preventivas contra a Covid-19

40 PONTO A PONTO Campanha de retomada Solidariedade em alta Sest e Senat: essenciais para os rodoviários

46 TERMINAL

PAULO VICTOR PINHEIRO | MARIA DOS ANJOS

FREITAS | NATANAEL MARCELINO | MARCO AURÉLIO

VARGAS GARCIA | REGIANE ALVES DE OLIVEIRA |

MARCOS VINÍCIO ALMEIDA DE ARAÚJO | MARCOS

ANTONIO SILVEIRA SILVINO | GILBERTO SANTOS

DA ROCHA | UBIRATAN JORGE DE LIMA COSTA |

ERILBERTO ARRUDA BATISTA | LUCIANO CASTRO

| PAULO VICTOR PINHEIRO | MARIA DOS ANJOS

FREITAS | NATANAEL MARCELINO | MARCO AURÉLIO

VARGAS GARCIA | REGIANE ALVES DE OLIVEIRA |

MARCOS VINÍCIO ALMEIDA DE ARAÚJO | MARCOS

ANTONIO SILVEIRA SILVINO | GILBERTO SANTOS

DA ROCHA | UBIRATAN JORGE DE LIMA COSTA |

ERILBERTO ARRUDA BATISTA | LUCIANO CASTRO

Arquivos pessoais e Carol Veras

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dem de 40% do fluxo, provavelmen-te mais nos transportes de massa2.

Mas estes valores podem ser ainda maiores nos primeiros meses, embora a tendência seja de rever-são mais rápida para os transportes individuais. A queda destas viagens por automóveis irá ocorrer, mas, em médio prazo, o número voltará a su-bir e gerar mais congestionamentos.

O deslocamento urbano cus-ta ao País3 cerca de 550 bilhões de reais por ano, dos quais 80% pe-lo transporte individual, advindos

de congestionamentos. Se o siste-ma de transporte público, responsá-vel por mais de 70% das viagens diá-rias, se colapsar, apesar de seu cus-to econômico ser só de 20% do to-tal, este custo econômico anual po-derá aumentar em mais 300 bilhões de reais em deseconomias urbanas, com brutal ônus para a Nação.

As cidades deverão ser repensa-das, desde o funcionamento das ati-vidades e o escalonamento de ho-

DE VOLTA À CIDADE DO FUTURO... DESEJADO

NO RADAR

A MOBILIDADE E A PANDEMIAA mobilidade e a logística urba-

na já vinham se deteriorando há vá-rios anos. Podia-se observar pelos congestionamentos. A busca por qualidade de vida nas cidades tem sido uma grande demanda de to-dos, mas não tem sido dada a devi-da prioridade a isto.

A pandemia trouxe à tona al-gumas tristes e fortíssimas realida-des da nossa vida. Entre elas, saber que a imensa maioria das pessoas está vivendo muito mal nas nossas cidades.

E na mobilidade e logística urba-na estão duas das grandes mazelas das cidades, que são causa e conse-quência de anos de falta de valorizar como são fundamentais para a qua-lidade de vida.

IMPACTOS NA MOBILIDADE URBANA

A perda de empregos, redução na renda, novos hábitos irão gerar modificações e reduções nas via-gens urbanas, em quantidade e mo-tivos. Mudanças no trabalho e no fluxo urbano devem ser permanen-tes, muitos serão os reflexos a cur-to, médio e longo prazo.

Estima-se, ressaltando que fo-ram adotadas premissas pela total falta de experiência na história da mobilidade urbana em casos desta magnitude, que a demanda de via-gens em automóveis irá cair cer-ca de 5% do fluxo de 2019, enquan-to a de coletivos poderá cair da or-

rários de fluxos de transporte, até mudar a forma de planejar o siste-ma de transportes.

MUDANÇAS EMERGENCIAIS A mobilidade é essencial para a

economia do País, e deve ser tratada de forma emergencial, com um mo-delo de financiamento para as ope-radoras, sejam públicas ou privadas.

O modelo de contratação de serviços não pode permanecer co-mo está sendo vivenciado, com o ressarcimento de custos se dando apenas com base nas tarifas. Com a redução da demanda e o aumen-to de custo operacional previstos, dificilmente a conta vai fechar ape-nas baseada em tarifas pagas dire-tamente pelos usuários.

Entre as medidas emergenciais estará a priorização da circulação ur-bana para os transportes ativos, com alargamento de calçadas, implanta-ção de bloqueios e priorização para os coletivos. São imprescindíveis as mudanças das linhas, para que as de curta distância tenham tarifa reduzi-da e estejam integradas.

Um ponto importante será mu-dar a imagem da sociedade sobre o transporte, sim tem que mudar mui-ta coisa, mas o momento inicial será de emergência.

MUDANÇAS A MÉDIO PRAZONos anos seguintes, face à crise

econômica, modelo institucional ge-ral e visão política imediatista nos três níveis de governo, se não for fei-

O deslocamento urbano custa ao País cerca de

550 bilhões de reais por ano, dos quais

80% pelo transporte individual, advindos de

congestionamentos”

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Willian Alberto de Aquino Pereira 1

E isto poderá trazer um novo momento à mobilidade no Brasil.

Vai ser preciso usar muita cria-tividade, serão necessárias solu-ções “fora da caixa”, novas visões para resolver o problema, e traba-lho, muito trabalho, para suprir as dificuldades que vão surgir agora. Entender que vivemos em um País em dificuldades, com recursos em grande carência e necessidades, e que precisamos evitar que o qua-dro se torne caótico, em especial quando a economia for retornando e as taxas de mobilidade forem au-mentando, com reflexos no sistema viário e de transportes coletivos.

É imprescindível que os políticos sejam instruídos e conscientizados de que se trata de um tema fulcral para a vida da população, pois transporte é a forma de ter suas necessidades eco-nômicas e sociais atendidas.

TRANSPORTE HUMANO Em mobilidade e logística urba-

na, temos que partir na frente: aju-dando na tragédia atual; fazendo o melhor na transição e mirando uma vida decente para nós – o povo bra-sileiro.

Precisamos implantar propos-tas que gerem muitos empregos, em especial para os com menor poder aquisitivo e capacitação, e na mobili-dade e logística urbana existem mui-tas oportunidades para isso.

Será com vistas a esta bandei-ra: TRANSPORTE HUMANO: CIDADES COM QUALIDADE DE VIDA que todos nós, brasileiros, precisamos focar para irmos... de volta para o futuro que desejamos para o nosso povo.

Mas que cidade queremos para o futuro?

Não aquela em que estávamos. Será a hora de repensar em tudo, e

mobilidade e transportes serão itens fundamentais

para a vida urbana”

to um grande esforço para mudan-ças, infelizmente a crise de mobilida-de poderá aumentar.

Muitas empresas operadoras de ônibus poderão ficar em maior difi-culdade financeira, e daí, operacional. Como representam a maior quanti-

dade de operadores nas cidades, isto é preocupante. Se não forem toma-das medidas agora, aumentarão ris-cos de mais viagens por moto e mo-totáxi, transporte clandestino, surgi-mento de modelos simplórios, tipo “tuc tuc” e similares. Isso representa-rá incremento de acidentes de trânsi-to e mais violência urbana.

A MOBILIDADE QUE QUEREMOSMas que cidade queremos para

o futuro? Não aquela em que está-vamos. Será a hora de repensar em tudo, e mobilidade e transportes se-rão itens fundamentais para a vida urbana.

Não podemos voltar a um siste-ma de transportes em que a indivi-dualidade dos automóveis prevale-cia nos investimentos viários. Não a um transporte coletivo superlota-do nos picos, pois os custos são pa-gos apenas pela tarifa, sem dignida-de para a população.

Os investimentos em mudança de formas pontuais de integração, melhorando a acessibilidade e a cir-culação em geral, terão um grande incentivo. A melhoria das redes de alimentação e da adequação da ofer-ta (itinerários, frequência) será uma tendência muito forte.

A integração tarifária também deverá aumentar muito, e a neces-sidade de aperfeiçoar os investimen-tos aumentará a sua efetividade.

Sistemas integrados trazem ga-nhos para o cidadão e a sociedade como um todo, demandam menos recursos e são fundamentais para a estruturação urbana e metropo-litana.

1 Eng, Civil EEUFJF; M.Sc COPPE--UFRJ.; Coor-denador Regional Rio de Janeiro da ANTP; SINERGIA Estudos e Projetos Ltda. [email protected].

2 Baseado nas informações disponibilizadas pelo Plano Diretor de Transportes Urbanos da Região Metropolitana do Rio de Janeiro – PDTU - 2015

3 Estimativas da ANTP – Associação Nacional de Transportes Públicos – 2020 (ex pande-mia)

Arquivo pessoal

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Covid-19 (sigla para Co-ronavírus Disease 2019, ou doença gerada pe-lo coronavírus detecta-do em 2019), que gerou

milhões de mortes em todo o pla-neta, vem contaminando também a economia global, e colocando na UTI vários setores produtivos, que bus-cam desesperadamente a cura para os seus males, seja se reinventando, passando a atuar preferencialmente via internet, ou buscando ajuda go-vernamental.

Um dos setores mais atingidos aqui no Brasil foi o de transportes coletivos, em especial o modal ôni-bus, que já enfrentava dificuldades antes da pandemia. O fato de ser custeado, na quase totalidade das ci-dades brasileiras, unicamente pelos passageiros pagantes – raiz da séria crise que já se desenrolava há anos – tornou a situação ainda mais gra-ve quando as medidas de isolamen-to social provocaram uma queda brusca do número de passageiros. Por ser um serviço essencial, res-ponsável pelo deslocamento de 70% da população, criou-se um impas-se: precisava conti nuar funcionando, apesar da situação crítica, para que os demais serviços essenciais pudes-sem se manter em atividade.

Segundo estudo da Associação Nacional das Empresas de Transpor-tes Urbanos – NTU – atualizado em 30 de abril, 32 milhões de passagei-ros deixaram de ser transportados diariamente, com redução de oferta

PANDEMIA ATINGE TRANSPORTE POR ÔNIBUS E DEIXA GRAVES SEQUELASMOBILIDADE

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Fernando Frazão / Agência Brasil

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PANDEMIA ATINGE TRANSPORTE POR ÔNIBUS E DEIXA GRAVES SEQUELAS

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em sistemas de transportes de 314 cidades, dentre as quais 181 chega-ram à paralisação total. Os prejuízos do segmento, só no mês de março, foram de 2,5 bilhões de reais, o que levou as empresas a um patamar emergencial. A Medida Provisória 936/2020, aprovada em abril, per-mitiu uma redução temporária nos gastos com pessoal, mas sequer ace-nou com a desejada convalescen-ça. Como na maioria dos lares bra-sileiros, as despesas fixas continuam existindo, há compromissos a serem cumpridos, mas faltam os recursos com os quais se contava até então.

CAMINHOS DIFERENTES EM DIFERENTES CIDADES

Demissões, suspensões contra-tuais, afastamentos de funcioná-rios pertencentes aos grupos de ris-cos, medidas preventivas ao contá-gio foram caminhos buscados pe-las empresas, de formas diferentes, nas diferentes cidades, em especial de acordo com as determinações do poder público. Enquanto em Salva-dor (BA) houve suspensão, por qua-tro meses, dos contratos recentes de funcionários e dos aposentados que continuavam trabalhando, em Belo Horizonte (MG) e Goiânia (GO) houve parcelamento dos salários, em outros municípios, como Ma-naus (AM), foi criada escala de tra-balho, com revezamento dos traba-lhadores. Em Vitória (ES), onde hou-ve redução da frota, uma empresa enfrentou greve dos rodoviários pe-

la dificuldade de manter os salários em dia.

AJUSTES NA OFERTA Uma das medidas adotadas em

muitas das cidades foi o ajuste na oferta do transporte público, segun-do determinação do poder conce-dente local. Na maioria delas, po-rém, houve aumento, em relação à demanda, o que agravou ainda mais o prejuízo das operadoras. Por ser uma situação totalmente nova, é di-fícil para os gestores calcularem a demanda nessas circunstâncias, em especial porque não há como pre-ver o número de pessoas que irão ou não respeitar as orientações das autoridades de saúde. As diferentes recomendações dos governantes, no âmbito federal, estadual e munici-pal, também criaram muita confu-são na população.

RIO DE JANEIRO: PROBLEMAS GENERALIZADOS

No estado do Rio de Janeiro, on-de as empresas de ônibus já vinham enfrentando inúmeras dificuldades, desde perda de passageiros a pro-blemas de (in)segurança pública, como a Revista Ônibus vem mos-trando, a pandemia causa um es-trago que pode, em alguns locais, provocar a paralisação da presta-ção do serviço. Na cidade fluminen-se de Campos dos Goytacazes, por exemplo, o presidente do Sindica-to das Empresas de Transportes de Passageiros de Campos dos Goyta-

cazes (Setranspas), Gilson Menezes, afirma que “o problema aqui é crô-nico, e, neste momento, a opera-ção ficou reduzida a 25%. Continua-mos rodando por solicitação do po-der concedente, mas a população não está viajando, a diminuição che-gou a 90%, e, dentre os que viajam, poucos são os pagantes”, afirma. Se-gundo Menezes, o faturamento atu-al está entre 10% e 12% do que no período anterior à pandemia do no-vo coronavírus e, apesar de ter sido publicado decreto aliviando o isola-mento, a situação ainda é muito difí-cil, pois a maioria continua com me-do de usar o transporte público. Gil-son Menezes lembra que existe uma dificuldade de pagamento aos rodo­viários. Foi feito um acordo com o sindicato da categoria, pelo perío-do de 120 dias, e o fato de o gover-no ter assumido parte da folha, para tentar dar um fôlego aos empresá-rios, ajudou. Mas não há indícios de uma melhora significativa no núme-ro de passageiros pagantes que per-mita uma esperança para as empre-sas de ônibus da região.

BAIXADA TEM FECHAMENTO DE EMPRESAS

Na Baixada Fluminense, a si-tuação não é muito diferente. Se-gundo Jorge Murilo dos Santos Cor-rêa, diretor superintendente do TransÔnibus, sindicato da região de Nova Iguaçu, Belford Roxo, São João de Meriti, Mesquita, Nilópolis, Quei-mados, Itaguaí, Seropédica e Jape-

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ri, o setor está como “um avião ope-rando sem instrumentos, em noi-te de chuva, sem estrelas”, à mercê de uma grande insegurança jurídica, com ausência de decisões, rápidas como a ocasião exige, seja do po-der executivo, seja do judi ciário. Mu-rilo diz que a crise se abate sobre o sistema de transporte público como um todo, não apenas sobre o modal ônibus, e que a pandemia está agra-vando uma debilidade pré-existen-te, “pela fadiga do atual modelo ta-rifário, que onera apenas os passa-geiros pagantes”. Na região, a perda de usuários está em torno de 60%, 65%. Murilo ressalta que, no período anterior à pandemia, a diminuição já era preo cu pante: “janeiro é um mês tradicionalmente fraco, e, com o número decrescente de passagei-ros que já acontecia, houve difi cul­dade para o pagamento do 13º salá-rio dos trabalhadores do setor. Teve empresa que só conseguiu fazer is-so em março”, diz ele, que se preo-cupa com a situação dos meses vin-douros. Apesar de trabalhar em regi-me especial, em respeito às normas de prevenção contra o vírus, o Sindi-cato não parou, e permanece moni-torando todas as informações relati-vas ao segmento, desde a legislação até as possibilidades de ações que possam mitigar os problemas, orien-tações de higienização da frota e ou-tras, repassando-as aos empresários imediatamente.

Também na Baixada Fluminen-se, o empresário Manuel Luís Lavou-ras, da empresa Trel, relata as difi cul­dades encontradas: “Estávamos com 10% da frota, a partir de 20 de maio. Chegamos a 25% em junho, e agora estamos rodando com 35%. Mas es-tá muito difícil, mesmo com o gover-no arcando com 70% da folha. Não

mada à elevação dos custos da ope-ração, resulta em défi cit acumulado, no período 2017-2020, de cerca de R$ 1,2 bilhão. Com a pandemia de Covid-19, a perda de receita no pri-meiro semestre deste ano já passa dos R$ 500 milhões. Galhardi diz que a demanda média de março, com as medidas de restrição de circula-ção e isolamento social, foi de 40% do normal, com picos de até 74%. A média dos meses de abril e maio foi de redução de 70% nos dias úteis. Em junho, com a retomada de ativi-dades pelo cronograma da Prefeitu-ra, a média fi cou em 60% e, nos pri­meiros dias de julho, em 51%. A ex-pectativa do Sindicato é de que o se-gundo semestre alcance entre 60% e 70% da demanda estimada para o período.

Os acordos para redução da jor-nada de trabalho, amparados pela Medida Provisória 936, foram essen-ciais para a manutenção dos empre-gos de 26 mil rodoviários do Muni-cípio. A retomada gradual das ativi-dades vai promovendo a volta, tam-bém gradual, dos ônibus às ruas, mas o grande desafi o é a restrição da capacidade dos veículos, defi ni­da pelo poder concedente, pois ha-verá uma subutilização da frota, re-vela Galhardi.

Todas as pessoas ouvidas nes-ta reportagem foram unânimes em

MOBILIDADE

sei como será a partir do próximo mês, pois o nosso custo diário é mui-to grande”, diz. Manuel Luis explica que os meses de março, abril, maio e junho foram praticamente sem fa-turamento, mas as dívidas não pa-ram e, por isso, ocorre um acúmulo. Até mesmo a compra de produtos para higienização, como o álcool em gel, segundo ele, pesa no já mingua-do orçamento da empresa. O sindi-cato da região de Duque de Caxias e Magé, Setransduc, ao qual a Trel é associada, está fechado, mas passa remotamente para as empresas as orientações emanadas da Fetrans-por, e outras que julgue necessárias. Quatro empresas da região já fecha-ram as portas.

CAPITAL TAMBÉM TEMEMPRESAS FECHANDO

Na capital, o presidente executi-vo do Rio Ônibus, Eurico Divon Ga-lhardi, afi rma que a queda de passa­geiros foi “violenta e abrupta”, agra-vando um cenário anterior de gran-des difi culdades, em decorrência de ações como a criação de gratuidades sem as respectivas fontes de custeio, fraudes, regras de integração inade-quadas e queda de demanda ao lon-go dos anos. A falta de reajustes ta-rifários anuais previstos nos contra-tos de concessão do transporte ur-bano da cidade do Rio de Janeiro, so-

O setor está como um avião operando sem instrumentos,em noite de chuva, sem estrelas”

Jorge Murilo dos Santos CorrêaDiretor superintendente do TransÔnibus

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cá, também tem trabalhado intensa-mente no intuito de prestar apoio às empresas, em momento tão delica-do. Vem mantendo suas associadas informadas sobre toda e qualquer alteração na legislação que pos-sa atingi-las, deu suporte na sua in-clusão no Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Ren-da, do governo federal, e, através de parceria com o Sest Senat (Servi-ço Social do Transporte e Serviço Na-cional de Aprendizagem do Trans-porte) e o Sintronac (Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes Ro-doviários de Passageiros de Niterói a Arraial do Cabo), promoveu a apli-cação de testes rápidos de Covid-19 para os rodoviários de sua área de abrangência. Márcio Coelho Barbo-sa, presidente do Setrerj, diz que as empresas têm cumprido a sua par-te, na higienização de veículos, ga-ragens, pontos de maior fl uxo e Ter­minal João Goulart, a cada turno; en-trega de máscaras e álcool em gel 70% para os colaboradores; exigên-cia do uso de máscaras por motoris-tas e despachantes; abertura das ja-nelas nos ônibus, sempre que possí-vel, para maior circulação do ar; dis-tribuição de álcool em gel no termi-nal João Goulart, em Niterói. Algu-mas empresas implantaram cabines de isolamento para o motorista, au-mentando as barreiras para o vírus. O empresário Marco Henrique Alves Coutinho, da Auto Ônibus Brasília, está certo de cumprir o seu papel, mas preocupa-se com o futuro: “ago-ra, cabe ao poder concedente fazer sua parte, para que as empresas so-brevivam ao momento mais difícil da história do setor. Mesmo com a vol-ta das atividades, são três meses de prejuízo que nunca serão recupera-dos”, afi rma. Márcio Barbosa quer

apontar, como a maior difi culdade para o setor diante da realidade cria-da pela pandemia, a questão fi nan­ceira. Galhardi diz que, apesar de o usuário pagar uma tarifa de R$ 4,05, a média recebida por passageiro pe-la empresa é de apenas R$ 2, 62, de-vido ao elevado número de não pa-gantes. Na capital, uma empresa en-cerrou suas atividades durante es-te período e outras quatro estão em vias de também fechar. Para o pre-sidente executivo, “o empresário de ônibus, para operar, tem de fazer permanentemente gestão de crises. É um herói, um indutor do progresso nas cidades, que precisa ser ouvido”.

O Rio Ônibus estabeleceu um Comitê de Crise, que promoveu sé-rie de ações necessárias para aten-der às recomendações das autori-dades, como a adequação da frota à demanda, o desligamento do ar--condicionado e a abertura das ja-nelas para melhor circulação do ar, suspensão da limitação das gratui-

dades durante o período, alteração do calendário de vistoria dos veícu-los e outras. O Comitê também to-mou providências quanto ao poder público, pleiteando prorrogação de prazos, informando difi culdades fi ­nanceiras para renovação de frota e acompanhando processos de in-teresse dos seus representados. O Sindicato acompanha diariamente a movimentação de passageiros e da frota, assim como a prática das em-presas de ônibus em todo o Brasil e no mundo, em face da pandemia, e procura atender à imprensa, de for-ma a contribuir para que a popula-ção seja informada sobre os assun-tos inerentes ao transporte urbano na capital, e medidas de prevenção necessárias nos veículos.

NITERÓI E REGIÃO: PREVENÇÃOE PREOCUPAÇÃO COM FUTURO

O Setrerj, sindicato das empre-sas de ônibus que operam em Ni-terói, São Gonçalo, Itaboraí e Mari-

A queda de passageiros foi violenta e abrupta, agravando um cenário anterior de grandes dificuldades”

A queda de passageiros

Eurico Divon GalhardiPresidente do Rio Ônibus

Arth

ur M

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ve os benefícios dos seus colabora-dores, antecipou a ajuda compensa-tória, distribuiu álcool em gel e más-caras, fez medição de temperatura dos rodoviários e criou plano de con-tingência para os colaboradores que se encaixam no grupo de risco.

Para proteger a população, fez o destravamento das janelas dos ôni-bus e o desligamento dos apare-lhos de ar­condicionado, intensifi ­cou a desinfecção e higienização dos veículos, incentivou a utilização de máscaras de proteção, disponibili-zou álcool em gel e manteve a oferta de linhas. Para Francisco José Gavi-nho Geraldo, presidente do Sindica-to, “o cenário pós-pandemia se mos-tra incerto, e as empresas deverão criar ações assertivas para conseguir manter, de fato, uma retomada gra-dual de receitas e reverter a migra-ção de clientes”. A atuação e o supor-te dos governos também são consi-derados de grande importância pa-ra a sobrevivência do setor. Uma das maiores difi culdades apontadas por Gavinho é a falta de regularidade de política e ações por parte do gover-no. Ele reconhece que este também foi surpreendido por uma situação completamente inesperada, mas considera um fator de grande difi ­culdade para as empresas a neces-sidade de esperar por decisões dos poderes concedentes, e o curto es-paço de tempo que elas têm para se adequar, uma vez que há uma orien-tação a ser cumprida.

TURISMO:FATURAMENTO ZERADO

Se o transporte urbano e o inter-municipal foram grandemente afe-tados, o turístico sofreu impacto ain-da maior: parou de operar no esta-do do Rio de Janeiro, a partir de 16

tranquilizar a população: “Nosso maior desafi o, no momento, é asse­gurar aos usuários do transporte pú-blico de passageiros por ônibus que estamos fazendo tudo para minimi-zar riscos e aumentar a segurança dos passageiros na volta das ativida-des econômicas. Ainda estamos en-tendendo o ‘novo normal’, mas fare-mos tudo o que estiver ao nosso al-cance para que nosso cliente se sinta seguro em andar de ônibus”.

A queda da demanda na região, entre 16 de março e 31 de maio, te-ve média de 66,48%, com redução média da oferta em 70,58%. O preju-ízo das empresas dos quatro municí-pios da base do Sindicato foi calcula-do em R$ 22 milhões, só no sistema municipal (até 31 de maio).

PETRÓPOLIS:60% DE QUEDA NA OFERTA

Em Petrópolis, na região serra-na do Rio, a queda da oferta foi de cerca de 60%, enquanto os passa-geiros pagantes caíram de 3,19 mi-lhões para 1,76 milhão. Mesmo an-tes da pandemia, com a tarifa defa-sada e a queda de demanda, cálcu-los ofi ciais mostravam que o valor da passagem em Petrópolis deveria ser de R$ 5,16. Com a queda da de-

manda, o valor da tarifa que cobri-ria os custos do sistema de transpor-te em Petrópolis seria de R$ 8,53. O sindicato que reúne as empresas de ônibus da região, Setranspetro, pre-ocupa-se com a manutenção do ser-viço, e já enviou vários ofícios ao po-der concedente local, alertando para as difi culdades. Os passageiros po­dem consultar os ônibus em opera-ção e seus horários por aplicativos.

REGIÃO DOS LAGOS:QUEDA DE DEMANDA E CONCORRÊNCIA ILEGAL

Problema antigo do empresaria-do do setor da região, o aumento do transporte informal, que não preci-sa pagar impostos, atender a legis-lações, manter empregos e tem cus-tos operacionais bem abaixo dos de uma empresa de ônibus, já vinha causando grandes prejuízos. Duran-te a pandemia, houve aumento des-sa concorrência desleal, e as empre-sas não têm conseguido gerar recei-ta sufi ciente para manter a estrutura construída durante décadas. A perda de passageiros chegou a 80% no iní-cio do isolamento social, e, enquan-to escrevemos esta matéria, está em 60%. O Setransol, sindicato das em-presas da Região dos Lagos, mante-

MOBILIDADE

As empresas deverão criar ações assertivas para conseguir manter, de fato, uma retomada gradual de receitas e reverter a migração de clientes”

Francisco José Gavinho GeraldoPresidente do Setransol

Salin

eira

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de março. Algumas dessas empre-sas prestam também serviços de fre-tamento contínuo, sendo responsá-veis pelo deslocamento de funcioná-rios de indústrias e de grandes em-presas, no roteiro casa-trabalho-ca-sa. Essas ainda conseguiram man-ter, entre março e maio, movimen-to médio de cerca de 30%, com re-cuperação de até 50% a partir de en-tão. É que, apesar de muitos traba-lhadores passarem a atuar em ho-me offi ce, aqueles cuja presença fí-sica era necessária no ambiente de trabalho continuaram a precisar ser transportados. Esse transporte vem sendo feito de acordo com as nor-mas de distanciamento dentro do veículo, higienização e uso de más-caras.

O empresário Martinho Ferrei-ra de Moura, da Bel-Tour Turismo e Transportes, empresa tradicional do setor, diz que o transporte turístico “foi o primeiro a ter um baque, que foi vertiginoso, e acredito que seja o último a se recuperar, porque foi a zero”, lamenta. Ele espera um início de recuperação a partir de setem-bro, mas com algum resultado per-ceptível apenas por volta de novem-bro e dezembro. “O que nos deu al-gum oxigênio foi a mão do governo, que procurou dar uma ajuda ao em-presariado com medidas como a MP 936, a suspensão do pagamento das parcelas de fi nanciamento do Fina­me durante seis meses, assim como de impostos federais. Mas esse pe-ríodo vai acabar, e temos empresas com frotas paradas, não há sequer mercado para esses ônibus, então a situação é muito difícil”, afi rma. Mar­tinho mostra grande preocupação com a manutenção dos empregos no setor, e informa que demissões foram inevitáveis. No caso da sua

empresa, por exemplo, foram dis-pensados cerca de 15% dos colabo-radores. Isso foi feito com muito pe-sar, segundo o empresário, pois “o profi ssional que trabalha no turismo e fretamento é muito bem treina-do, a empresa investe muito nisso, e perder esse rodoviário é ruim para a organização”. Ele ressalta que a prin-cipal característica de uma transpor-tadora de turismo e fretamento é o cuidado com o cliente. Martinho diz que há atenção a todos os detalhes dentro dos veículos, e são designa-dos sempre os mesmos motoristas para atender a clientes do fretamen-to contínuo, e com o mesmo ônibus. O transporte é feito cuidadosamen-te, evitando-se riscos e freadas brus-cas, o profi ssional conhece cada pas­sageiro e está bem adaptado ao ve-ículo. “Com a frota operando com 120 carros ou com 12, nosso capri-cho é o mesmo”, conclui.

O Sinfrerj, sindicato ao qual a Bel-Tour é associada, segundo o em-presário, tem sido bastante atuante no apoio às empresas. Criou práti-cas para as associadas, e deu orien-tação preventiva ao contágio do co-ronavírus para os profi ssionais ado­tarem no trabalho, quando for o ca-so, e em suas casas.

FETRANSPOR: ESFORÇOPARA MANTER SERVIÇOS

A Fetranspor vem se mantendo bastante atuante em seu papel ins-titucional, usando seus canais de co-municação para orientação de traba-lhadores do setor, produzindo mate-rial para as empresas, participando de programa de recuperação de res-piradores, dentre outras ações em prol de seus representados. O pre-sidente executivo, Armando Guerra Júnior, ressalta a grande responsa-bilidade de uma atividade essencial em um momento como este: “Es-ta pandemia causou uma mudan-ça radical nas rotinas das pessoas, e as afetou de todas as formas: físi-ca, emocional, psicológica e fi nancei­ramente. E os setores produtivos re-fl etem isso, em todo o mundo. Aqui no Brasil, e especifi camente no esta­do do Rio de Janeiro, as empresas de transporte por ônibus foram gran-demente afetadas. O nosso esfor-ço maior é para continuarmos cum-prindo o papel de atividade essen-cial, que não pode deixar de servir à população. Desse esforço depende o funcionamento dos demais segmen-tos, pois transportamos a maior par-cela dos trabalhadores. É uma gran-de responsabilidade”.

Temos empresas com frotas paradas, não há sequer mercado para esses ônibus”

Martinho Ferreira de MouraEmpresário da Bel-Tour Be

l-Tou

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Prejuízos passam de R$ 700 milhõesTERMÔMETRO

os meses de março a junho de 2020, as empresas de trans-porte de passagei-ros por ônibus do

estado do Rio de Janeiro tiveram uma diminuição de 310 milhões de passageiros pagantes trans-portados (Gráfico 1), uma que-

GRÁFICO 1

Fonte: Fetranspor

da de 58%, em média, do que era transportado no período anterior à pandemia do novo coronavírus. Isso significou uma perda de re-ceita de 1,7 bilhão de reais (Grá-fico 2). A frota circulante também caiu, mas em proporção menor: cerca de 50%, ou seja, 8.978 veí-culos circulando na média do pe-

ríodo, comparada com a anterior, de 17.984 ônibus (Gráfico 3). Es-sa diminuição drástica de receita, somada à redução da quantidade de passageiros transportados por veículo operado, trouxe um pre-juízo total de 710 milhões de reais às empresas, em apenas quatro meses (Gráfico 4).

Empresas do estado do Rio de Janeiro apresentam grandeagravamento no desequilíbrio econômico durante a pandemia

-310 milhões de passageiros em 4 meses

N

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15GRÁFICO 2

Fonte: Fetranspor

- 1,7 bilhão de reais receita em 4 meses

GRÁFICO 3

50% da frotafora de operação

Fonte: Fetranspor

GRÁFICO 4

Fonte: Fetranspor

713 milhões de reais de prejuizo em 4 meses

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Otávio Vieira da Cunha Filho, presidente executivo da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU)

NÃO HÁ COMO FAZER PLANEJAMENTO DE TRANSPORTE SEM PARTICIPAÇÃO DOS ENTES PÚBLICOS

ENTREVISTA

Revista Ônibus ouviu o presidente executi-vo da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), Otávio Vieira da Cunha Filho, sobre a situação do setor empresa-rial de transporte por ônibus por todo o País.

Com mais de 40 anos de trabalho no segmento, Cunha é também membro do Conselho Diretor da Asso ciação Nacional de Transportes Públicos (ANTP).

Revista Ônibus: A pandemia do novo corona-vírus atingiu fortemente a economia do País. Quais foram os efeitos nas empresas de trans-porte por ônibus?Otávio Vieira da Cunha Filho: Os efeitos são mui-to graves. Estamos caminhando para o colapso. Cálculos recentes da NTU revelam prejuízo acu-mulado de R$ 3,72 bilhões, do início da pande-mia até o dia 30 de junho; queda de 60% no nú-mero de passageiros e aumento de 80% nas de-missões, além de redução e paralisações do ser-viço em várias cidades.

R.O.: Qual a principal dificuldade?Otávio: Nossa principal dificuldade é manter o equilíbrio econômico­financeiro das empresas. E para isso precisamos do auxílio do governo fe-deral, o que ainda não conseguimos. Esta é ou-tra dificuldade, ter nosso pleito atendido.

R.O.: Em que partes do País as empresas foram mais afetadas?Otávio: Temos empresas afetadas em várias partes do Brasil, mas em 182 sistemas, o ce-

NTU

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nário, até 15 de maio, era de para-lisação total dos serviços de trans-porte público por ônibus, dois a mais do que em abril. Nesse univer-so estão 176 municípios do estado de Santa Catarina, além das cidades de Ara guaína-TO, Ilhéus-BA, Jaboti-cabal-SP, Nova Pádua-RS, João Pes-soa-PB e Penápolis-SP.

R.O.: Quais foram as ações da NTU, como representante dessas empresas, para tentar combater esses problemas?Otávio: Como representante de mais de 500 empresas associadas, todas sofrendo com efeitos da pan-demia, sejam eles mais leves ou gra-ves, a NTU vem fazendo sucessivas reuniões com interlocutores do go-verno federal, seja diretamente ou com apoio de outras entidades par-ceiras ligadas ao setor de transpor-tes urbanos, como a Frente Nacio-nal de Prefeitos e outras, para ex-por a situação das empresas e pro-por alternativas para que se man-tenham em operação. Na segun-da quinzena de março, e até o dia

5 de abril de 2020, os prejuízos fo-ram completamente absorvidos pe-las empresas, sem qualquer apoio ou subvenção. Na segunda fase, de 6 de abril até 15 de maio, já com a vigência da Medida Provisória nº 936, os prejuízos foram parcialmen-te amortizados. Com a prorrogação da antiga MP, agora Lei 14.020, o se-tor terá mais 30 ou 60 dias de bene-fício às empresas, dependendo do caso, até somar 120 dias de suspen-são de contrato ou redução de jor-nada e salário. Não é suficiente para resolver a situação, só traz um alívio temporário.

Por essa razão, nossa principal proposta de resgate do setor, for-mulada até o momento, é o proje-to elaborado com base na propos-ta levada por entidades ligadas ao transporte público para o governo federal, ainda no início da pande-mia. A sugestão é criar um progra-ma que consiste na aquisição men-sal de créditos eletrônicos de pas-sagens, enquanto perdurar a crise de Covid­19, em volume suficien-te para cobrir a diferença entre re-

ceita e despesa das empresas. O transporte público é atividade es-sencial e precisa continuar rodan-do, mesmo com baixa demanda. Se-gundo a proposta, cada crédito ele-trônico de passagem corresponde a uma tarifa pública vigente no siste-ma de transporte coletivo por ôni-bus de cada localidade. Assim, o go-verno federal poderia usar os crédi-tos do programa Transporte Social como um estoque a ser empregado agora, depois da crise do coronaví-rus, para distribuir entre os bene-ficiários dos seus próprios progra-mas sociais. A proposta é assinada pelo Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Mobilidade Urbana, Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) e NTU. Desde que foi proposto, o programa já serviu de subsídio para a criação de proje-tos de lei no Congresso. Infelizmen-te, ainda não teve o desfecho que o setor espera, porque não foi acata-do pelo governo federal.

R.O.: Já se pode verificar algum resultado? Existe luz no fim des-se túnel?Otávio: Acreditamos que exis-te, sim. Está havendo uma discre-ta melhora na demanda, que che-gou a cair 80% no auge do distan-ciamento social, e agora a queda está em torno de 60%. Mesmo as-sim, as contas não fecham, porque o serviço depende dos usuários pa-gantes, e a oferta caiu menos que a demanda. Existem ainda as aglome-rações em determinados horários e cidades, mas isso depende das deci-sões do poder público. É ele quem

A sugestão é criar um programa que consiste na aquisição mensal de

créditos eletrônicos de passagens, enquanto perdurar a crise de Covid-19,

em volume suficiente para cobrir a diferença entre receita e despesa

das empresas. O transporte público é atividade essencial e precisa continuar rodando, mesmo com baixa demanda”

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ENTREVISTA

define quanto ao dimensionamento da frota, não nos cabe essa decisão. Efetivamente, a solução para o setor passa, inevitavelmente, pelo socor-ro financeiro do governo federal.

R.O.: Já há um consenso de que nada será igual, depois dessa pandemia, esperando-se um “no-vo normal”. O que vai mudar no relacionamento empresa de ôni-bus/rodoviário e empresa de ôni-bus/cliente?Otávio: Sim, acreditamos que pa-ra todos os setores, em geral, nada permanecerá do jeito que era antes da pandemia. Haverá mudanças em vários processos, formas de atuar. O mesmo vale para o transporte coleti-vo urbano. Como se trata de um vírus que veio para ficar por muito tempo fazendo parte da nossa rotina, enten-demos que o ônibus terá de mudar sua forma de operar, como já vem sendo cobrado das autoridades e da sociedade em geral. As empresas te-rão que investir cada vez mais em tec-nologia, para proporcionar maior se-gurança aos colaboradores e aos pas-sageiros. Já temos conhecimento de

PROTOCOLOS DE SEGURANÇA ADOTADOS:

Passageiros• Manter as janelas dos ônibus abertas para uma melhor circulação do

ar, sempre que possível;• Evitar os horários de pico nos transportes públicos;• Escolher rotas que envolvam apenas um meio de transporte, evitando

trocas de linhas ou modais que aumentam o risco de exposição, sem-pre que for viável;

• Lavar sempre as mãos com sabão até a metade do antebraço, esfre-gando também as partes internas das unhas, antes e depois de usar o transporte público; alternativamente, limpar as mãos com álcool em gel 70° INPM;

• Evitar cumprimentar com beijos, apertos de mãos e abraços;• Limpar com álcool em gel 70° INPM objetos tocados frequentemente;• Evitar tocar nas áreas do rosto (principalmente nariz, olhos e boca) an-

tes de higienizar as mãos• Quando tossir ou espirar, proteger a boca na parte interna do ante-

braço ou com um lenço descartável;• Procurar manter uma distância de, pelo menos, 1 metro de quem es-

tiver tossindo ou espirrando;• Utilizar lenços descartáveis quando estiver com o nariz escorrendo,

descartando o lenço usado imediatamente no lixo; • Evitar sair de casa, caso apresente sintomas de gripe ou similar;• Seguir as orientações oficiais do Ministério da Saúde e autoridades

sanitárias, evitando mensagens falsas que circulam pela Internet e WhatsApp (fake news).

Operadores• Desligar o sistema de ar-condicionado dos ônibus ou usar no modo de

ventilação aberto;• Manter as janelas dos ônibus abertas para uma melhor circulação do

ar, sempre que possível;• Reforçar a limpeza diária interna dos veículos, a desinfecção e limpeza

de balaústres e pega-mãos, fazendo a higienização dos veículos com mais frequência no decorrer do dia, sempre que possível;

• Disponibilizar espaços para cartazes e outros materiais informativos sobre a prevenção do coronavírus na frota e demais canais de comu-nicação da empresa (sites, redes sociais, TV de bordo);

• Orientar os funcionários sobre métodos de prevenção contra o coro-navírus;

• Colocar à disposição dos funcionários, nas áreas administrativas e nas garagens, álcool em gel 70° INPM.

As empresas terão que investir cada vez

mais em tecnologia, para proporcionar

maior segurança aos colaboradores e aos

passageiros”

montadoras e encarroçadoras que estão desenvolvendo modelos de ôni-bus coletivos com nova configuração interna, permitindo maior distancia-mento entre os passageiros. Temos muitas mudanças pela frente.

Enquanto tudo isso não se con-suma, o setor segue investindo ca-

da vez mais nos protocolos de se-gurança sanitária (quadro abai-xo), reforçando e cobrando o uso da máscara pelos colaboradores e passageiros, uso de álcool em gel e outros cuidados que devem per-durar por muito tempo, até que te-nhamos a vacina contra o vírus.

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R.O.: As crises, muitas vezes aca-bam por trazer avanços, novas maneiras de se ver as coisas, mu-danças de comportamento. Vê al-gum aprendizado trazido pela pan-demia de Covid-19 que possa ter efeito positivo para o operador de transporte urbano por ônibus?Otávio: Certamente que sim. O en-frentamento de um desafio dessa proporção não pode ocorrer sem provocar mudanças positivas, por-que nos tira completamente da zo-na de conforto. E, assim como te-mos buscado alternativas para a si-tuação econômico­financeira do se-tor, as empresas também estão se movendo para encontrar soluções

que atendam às novas demandas por segurança sanitária; por maior investimento em tecnologia; em inovação, mas nada disso será pos-sível sem que tenhamos o apoio do governo federal para superar os atuais desafios trazidos pela pande-mia.

R.O.: Que expectativas o empresá-rio do setor pode ter, pós-pande-mia?Otávio: Esperamos que essa pan-demia ajude o setor a concretizar a expectativa por mudanças profun-das e estruturais em todo o siste-ma de transporte coletivo urbano do Brasil, pois somente quando es-

se atual modelo for revisto podere-mos, de fato, acreditar que um no-vo transporte público vai surgir pa-ra atender às reais necessidades da sociedade por um serviço eficiente, de qualidade e a preços módicos. Somente com o apoio do Estado é que podemos caminhar nessa dire-ção, afinal nosso planejamento pas-sa por ações conjuntas entre poder público, gestores do serviço nos es-tados e municípios, e as empresas. O transporte coletivo urbano é um serviço de natureza essencial, públi-co e concedido à iniciativa privada, portanto, não há como fazer plane-jamento sem a participação dos en-tes públicos.

OTÁVIO VIEIRA DA CUNHA FILHO

Está havendo uma discreta melhora na

demanda, que chegou a cair 80% no auge do

distanciamento social, e agora a queda está em

torno de 60%. Mesmo assim, as contas não

fecham, porque o serviço depende dos usuários

pagantes, e a oferta caiu menos que a demanda”

NTU

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MERCADO

A indústria de carrocerias foi fortemente impactada pela pandemia, mas aposta na remodelação do sistema para viabilizar a manutenção e melhoria do transporte coletivo

á cerca de um ano, a Fabus, Associação Nacional dos Fabrican-tes de Ônibus no Brasil, nomeou Ruben Antonio Bisi como seu novo presidente. Engenheiro formado pela Universidade de Ca-xias do Sul, Bisi possui MBA em Gestão Organizacional, pela FGV, e em STC, pela Universidade de Northwestern, dos Estados Uni-

dos, e está há mais de 45 anos na Marcopolo. Em entrevista à Revista Ônibus, ele apresentou os números da crise atual e se mostrou otimista e engajado na construção de novos significados e novas formas de financiar o uso de ônibus pela população, para evitar o colapso do sistema.

“TEREMOS UMA RESSIGNIFICAÇÃO DO TRANSPORTE POR ÔNIBUS”

Em março, quando começou a pan-demia mesmo, a situação foi para baixo.

R.O.: E quais foram os efeitos ime-diatos da crise?Bisi: Nós temos o número fechado até maio, em 6.242 unidades. Anali-sando esses valores, vamos chegar ao final do ano com algo em torno de 14 a 15 mil ônibus. Números de produção parecidos com os anos de 2016/2017.

Então, hoje nós temos um ce-nário, que vocês da Fetranspor, no Rio de Janeiro, acompanham bem. O transporte escolar está parado, o turismo também. O rodoviário in-terestadual e o internacional estão operando com 10% da frota. Os in-termunicipais estão operando com 30% da capacidade. O fretamento eventual está parado. No fretamen-

Revista Ônibus: No início de 2020, antes da pandemia, qual era o ce-nário que a Fabus tinha para fabri-cação de ônibus no Brasil?Ruben Antonio Bisi: Vamos um pouquinho para trás. Em 2014, che-gamos a produzir 27 mil ônibus. Em 2015, foram 17 mil, em 2016 e 2017, 14 mil. Em 2018, começamos uma recuperação e fomos a 20 mil e, em 2019, chegamos a 22 mil. A nossa estimativa era que, em 2020, pudés-semos crescer mais 10%. Estáva-mos prevendo algo em torno de 24 ou 25 mil unidades. Esses números de produção são a soma do merca-do interno e exportação.

Então, prevíamos uma conti-nuidade da expansão, tanto é que as empresas, em janeiro e feverei-ro, começaram a contratar. A Mar-copolo estava pensando em contra-tar 1.000 funcionários e a Caio, 600.

to constante, as empresas estão até pedindo mais ônibus, por cau-sa de distanciamento, então exis-te um aumento de demanda, mas as transportadoras, que na maio-ria são de serviços múltiplos, estão usando os ônibus das linhas regu-lares, que estão paradas, para su-prir esta demanda. E o urbano es-tá operando com 60% da capacida-de, em média. Muitos municípios estão operando com 40% da recei-ta e 70% da frota, ou seja, tem aí um desequilíbrio entre a demanda e a receita. As prefeituras estão exigin-do que se coloque mais ônibus, pas-sageiros somente sentados etc. Es-se desequilíbrio é um dos proble-mas que nós temos no setor.

R.O.: Em relação ao ano passado, essa queda representa quanto da produção?Bisi: De janeiro a maio, os primei-ros cinco meses, a redução foi de 32% em relação ao ano passado, no cômputo geral. No ano passado, fo-ram 9.228 unidades nesse período, e este ano nós estamos em 6.242. Em janeiro, houve um crescimen-to significativo em relação ao mes-mo mês de 2019, mas em abril caiu 61%. Maio ficou em 41% a menos em relação ao ano anterior.

R.O.: Isso, no cômputo geral. E as exportações?Bisi: Nas exportações, em específi-co, no acumulado estamos com 53% a menos. Por quê? Porque a Argen-tina fechou, praticamente. Está em

H

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Ruben Antonio Bisi, Presidente

da Fabus (Associação

Nacional dos Fabricantes de

Ônibus)

Marcopolo

dos. A Caio e a Irizar criaram bar-reiras para que os profissionais, se-ja o motorista ou cobrador, fiquem protegidos. Barreiras que são facil-mente adaptáveis e fáceis de ins-talar. Também se fez alterações no ar-condicionado, que, com uma luz ultravioleta, consegue eliminar mi-cróbios e bactérias, e a instalação de uma luz semelhante nos sanitá-rios, a Biosafe, lançada pela Mar-copolo. Tem a higienização por uma fumaça seca, que mata mi-cróbios e bactérias por três dias. É uma névoa que descontamina to-

lockdown há 90 dias, não entram e não saem produtos. Este é o maior problema que nós temos hoje. Tí-nhamos, neste início de ano, a ques-tão do Chile e a questão da Colôm-bia, que estavam com grandes pro-blemas de greves, mas o Chile está retomando as importações. Nós es-tamos entregando vários produtos. A Caio está entregando, a Busscar e a Marcopolo também. O mercado africano também está bastante ex-plorado. Na África, a pandemia não pegou tão pesado ainda. A África é compradora, podemos dizer.

R.O.: Quais as ações das montado-ras para minimizar os riscos sani-tários nas próprias empresas e nos produtos? Bisi: Todas as empresas fizeram uma série de procedimentos e pro-tocolos. As indústrias de chassi e de carrocerias deram férias coletivas logo que começou a pandemia, afas-taram os que têm riscos, maiores de 60 anos, com qualquer tipo de doen-ça etc. Começou-se a trabalhar em home office, muitas pessoas estão em casa até agora, desde março.

E também tem a questão da Me-dida Provisória 936, que flexibilizou os horários, e houve suspensões de contrato. Tem fábrica que reveza, com 30 dias de trabalho e 30 dias parada.

Dentro das empresas foram fei-tos vários protocolos de higieniza-ção, medição de temperatura, tes-tes para ver a contaminação. Eu di-ria que hoje o trabalhador está mais protegido dentro da empresa do que em casa.

R.O.: E nos produtos?Bisi: Nos produtos, várias ações fo-ram tomadas por nossos associa-

O transporte urbano está operando com

60% da capacidade, em média. Muitos municípios

estão operando com 40% da receita e 70%

da frota, ou seja, tem aí um desequilíbrio entre a

demanda e a receita”

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do o ambiente e dá para ser aplica-da no ônibus urbano e no ônibus rodo viário. A Irizar lançou a ideia de retirar um assento para aumen-tar a distância entre os usuários, e a Marcopolo lançou a versão 3 por 1, ônibus com dois corredores com uma cortina com tecido antibacte-riano. Essas são algumas providên-cias que foram feitas neste mo-mento.

R.O.: Quais são os cenários futuros com os quais a Fabus trabalha?Bisi: No curto prazo, o governo aju-dou as empresas, tanto os opera-dores quanto a indústria, com a MP 936, para diminuir o impacto. Con-tamos com a desoneração da fo-lha, estamos trabalhando para is-so, pois, se não tiver essa desone-ração, vai aumentar a tarifa em tor-no de 5% a 6%. Foi suspenso o pa-gamento das prestações, pelo BN-DES, por três meses. Estamos bri-gando, a Anfavea, a Fabus, o Sime-fre e a Fiesp, pela volta do Reinte-gra, para viabilizar as exportações. Estamos trabalhando num progra-ma com o governo federal, chama-do Frota Verde, de reciclagem de ônibus.

Com o Ministério da Economia, temos falado bastante sobre a possi-bilidade de um programa, que esta-mos chamando de Programa Emer-gencial de Transporte Social, o PETS. O deputado Jerônimo Goergen apre-sentou este projeto ao ministro Pau-lo Guedes. A ideia é que o gover-no compre passagens antecipada-mente, para os beneficiários de pro-gramas sociais, como o Bolsa Famí-lia e esse auxílio emergencial de R$ 600,00, que poderiam ser usadas em até doze meses, fora do horário do pico.

R.O.: E a perspectiva para o longo prazo?Bisi: Para o longo prazo, vemos que o sistema de ônibus urbano não se sustenta mais. Ele já estava com pro-blemas muito sérios: receita, falta de demanda, excesso de gratuidades e é um sistema muito caro. Estava pe-sando aí de 14% a 15% no salário dos trabalhadores. Então, estão que-brando empresas. No Rio de Janeiro, e no Brasil inteiro. Neste momen-to estamos alertando, fazendo vá-rias reuniões, com a Frente Nacional de Prefeitos, a ANTP, o Ministério da

Economia, o da Infraestrutura, além de enviar cartas para o presidente, para o ministro Braga Neto, alertan-do que, se o governo federal não der um auxílio ao sistema de transporte coletivo, ele entrará em colapso. As receitas caíram e ele não consegue se sustentar. Não adianta oferecer financiamentos e prorrogação de pagamentos. É necessária, do nosso ponto de vista, uma remodelação do sistema de transporte urbano.

O ideal seria um sistema nacio-nal de transporte público, por de-manda, com integração dos modais, integração das cidades metropolita-nas, com adoção de um bilhete úni-co, receitas extratarifárias, como pe-dágio urbano, percentual sobre es-tacionamento, aumento do IPVA dos carros para subsidiar o sistema, ven-da de mídia interna e externa nos ônibus, a CID combustíveis... Então, estas receitas extratarifárias deve-rão formar um fundo que possa aju-dar as empresas.

Por outro lado, temos que ter uma redução do custo das empre-

MERCADO

Produção de ônibus no BrasilComparativo primeiro semestre 2019 / 2020

Fonte: FABUS

No curto prazo, o governo ajudou as empresas, tanto os

operadores quanto a indústria, com a

MP 936, para diminuir o impacto”

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sas. Redução ou eliminação de ICM sobre combustíveis, fim da função de cobrador, do dinheiro dentro do ôni-bus, os impostos – ISS, IPVA e outros.

E, por fim, o governo tem que in-vestir em infraestrutura: corredores, BRTs, vias segregadas, semáforos in-teligentes etc.

R.O.: A Fabus tem uma ideia de co-mo será o novo normal no serviço de ônibus?Bisi: Será uma ressignificação, como estou chamando. Vamos ter um no-vo protocolo de higiene e distancia-mento, mas o mais importante é a redução da tarifa, senão o sistema não se sustenta. O usuário vai para o transporte individual, para o patine-te, para a bicicleta. Ele vai a pé ou de transporte clandestino. O que pre-cisamos é de uma tarifa mais pala-tável, ônibus melhores, subsidiados uma parte pelo Estado, para o siste-ma se sustentar.

O que nós vemos é que existe um aumento das passagens aéreas. Em função da taxa cambial e da de-bilidade das empresas aéreas, elas não vão conseguir fazer tantas pro-moções como faziam, para atrair os passageiros de média distância, e aí o ônibus entra como alternativa de mobilidade das pessoas de uma ci-dade para a outra e de um estado para outro. Mas os ônibus também vão ter que ser ressignificados. A sa-nitização dos veículos; o ar-condicio-nado, que tem que tirar o ar conta-minado e jogar um limpo, sem con-taminação (para isso servem as lu-zes ultravioleta nos ares-condiciona-dos); tem que ter uma forma de au-mentar a capacidade dos ônibus. Es-tamos pleiteando um aumento do comprimento para versões com ca-bines individuais. No passado, nós

lançamos os semileitos, leitos e o transporte executivo, e eles foram ganhando devagarinho uma partici-pação no mercado.

O double deck também é um serviço diferenciado, em cima vai um tipo de passageiro, embaixo, outro. Nós acreditamos que, com um sistema de separar o passagei-ro numa microcabine com cortina, uma poltrona confortável, com wi-­fi, carregador de celular e compu-tador, conseguiremos trazer pas-sageiros que estavam dentro do avião. Então, no setor rodoviário estamos investindo pesadamente nesta questão de ressignificar.

Na questão de micro-ônibus, nós temos aí uma possível nova de-manda, que é o serviço on demand, ou seja, muitas cidades não vão dis-ponibilizar um ônibus grande de meia em meia hora, para transporte de passageiros em bairros de baixa demanda. Então, o usuário vai solici-tar, por aplicativo, um micro-ônibus, que o pegue e leve a um troncal ou a uma linha de BRT, com uma tarifa integrada. Essa é a forma de não dei-xar o sistema ir para um transpor-te individual, de continuarmos a ter um transporte público e administra-do pelo poder público, mas aciona-do pelo passageiro, sob demanda.

R.O.: Qual solução propõem para os horários de pico?Bisi: A questão é achatar o horário de pico, né? As políticas até já come-çaram, mas ainda são emergenciais e precisam se transformar em estrutu-rais, para você estender os horários de atividade e diminuir o fluxo no pi-co. As pessoas ficam menos aglome-radas e, em futuros surtos, que po-dem vir, terão mais proteção. Com is-so também se precisa de menos ôni-bus e dá para baratear a tarifa.

R.O.: O mercado exterior tem boas perspectivas?Bisi: Na exportação, o dólar é fa-vorável ainda, ele não vai para R$ 3,00, deve ficar em R$ 4,50. Nós te-mos uma desgravação de imposto de importação no México e nos paí-ses que estão debilitados, como Ar-gentina, Bolívia e Equador, em que muitas empresas de ônibus peque-nas, familiares, estão quebrando. Então, na hora em que reabrir esse mercado, eu acredito que a deman-da vai ser maior do que tínhamos anteriormente.

ENTREVISTA COM RUBEN ANTONIO BISI, PRESIDENTE DA FABUS (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS FABRICANTES DE ÔNIBUS)

Vamos ter um novo protocolo de higiene

e distanciamento, mas o mais importante é a redução da tarifa,

senão o sistema não se sustenta”

No sistema de fretamento acre-ditamos que vai aumentar a deman-da, porque os trabalhadores das empresas que contratam vão que-rer mais espaçamento, para eles te-rem menos lotação por ônibus. As empresas vão querer colocar higie-nizadores, um ar-condicionado que realmente filtre o ar. Estamos traba-lhando muito com os fornecedores de ar-condicionado para que o pas-sageiro volte para o ônibus e se sin-ta mais protegido. Nós temos uma oportunidade de retomar o passa-geiro que o avião nos roubou.

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COLUNA ÔNIBUS

TRANSPORTE PÚBLICO É INDISPENSÁVEL Pesquisa BID/Moovit revelou utilização mesmo na quarentena

A pesquisa foi promovida pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em parceria com o Moovit.O estudo considerou respostas de 33 mil usuários do aplicativo, em nove grandes cidades, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro. Também participaram usuários de Bogotá (Colômbia), Buenos Aires (Argentina), Cidade do México e Guadalajara (México), Guayaquil (Equador), Montevidéu (Uruguai) e Santiago (Chile).

Har

sco

BIOMETRIA FACIAL Tecnologia da Empresa 1 permite reconhecimento mesmo de máscaraEm junho, a Empresa 1 lançou a nova atualização do Sigom Vision, sistema de biometria facial para transporte público, que agora reconhece as faces dos usuários, mesmo usando máscaras de proteção. A novidade decorre de investimento em pesquisas e aprimoramento dos sistemas de bilhetagem e tecnologias para mobilidade.Buscando soluções que possam permitir aos gestores do transporte público operarem com mais eficiência, especialmente no período de retomada da economia e do mercado, a empresa testou o aprimoramento dos algoritmos de inteligência artificial. Com a nova tecnologia, mesmo sem a identificação de algumas áreas do rosto, como a boca e a ponta do nariz, a quantidade de pontos reconhecidos pelo algoritmo pode ser suficiente para realizar a comparação dos atributos entre a foto capturada e a cadastrada previamente no banco de dados.

Em pesquisa realizada durante a última semana de abril, ficou constatado que, mesmo durante a pandemia, o transporte público é indispensável para a maioria dos entrevistados: 54,6% o utilizaram, pelo menos uma vez, durante aquela semana. São Paulo, com 73,3%, e Rio de Janeiro, com 69,1%, foram as cidades com as maiores porcentagens de uso. A maioria (77,1%) fez pelo menos uma viagem ao trabalho no período analisado.

TRÂNSITO MAIS SEGUROProtran apresenta sistemas de Alerta de Manobra Segura e Detector de Ponto CegoA Protran Technology, divisão da Harsco Rail, referência no desenvolvimento de sistemas de segurança secundária para os setores de ônibus e transporte ferroviário, apresenta os sistemas STA (Safe Turn Alert - Alerta de Manobra Segura) e BSA (Blind Spot Awareness - Detector de Ponto Cego) na América Latina.São dois sistemas passivos e independentes e que não acrescentam nenhuma atividade adicional ao motorista. O STA foi projetado para alertar veículos, pedestres e ciclistas da intenção de manobra do ônibus e o BSA visa alertar o motorista quanto à presença de pessoas e/ou objetos fora do campo de visão durante a manobra.Em operação desde 2014 nos EUA, esses sistemas foram validados e são responsáveis pela redução de colisões entre ônibus e pedestres/ciclistas. Saiba mais em https://www.protrantechnology.com/bus-safety .

Empresa 1

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Rioc

ard

Mai

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EDIÇÃO 04 | SETEMBRO 2020

Coronavírus: veja as medidas tomadas pela Riocard Mais

Com a pandemia do Coronavírus, a Riocard Mais realizou diversas mu-danças para garantir a segurança dos seus clientes e colaboradores. Por is-so, a quarta edição do Riocard Mais Informa traz todas as ações que a em-presa realizou durante esse período, em que todos tiveram que fi car em su-as casas para evitar a propagação do vírus. Aconteceram lives com temas relevantes, webinar para empresas parceiras, novos fi ltros de realidade au-mentada no Instagram, lançamento de novos produtos na loja física e on--line. Além disso, a Riocard Mais promoveu diversas ações de conscienti-zação, incentivando os clientes a utilizarem as plataformas on-line e a fa-zerem a higienização correta dos cartões, dentre outras dicas.

Com a pandemia do novo coronavírus, a Riocard Mais realizou diversas mudanças para garantir a segurança dos seus clientes e colaboradores. Es-ta quarta edição do Riocard Mais Informa traz todas as ações que a empre-sa adotou durante esse período, em que a maioria das pessoas teve que fi -car em suas casas para evitar a propagação do vírus. Foram realizadas lives com temas relevantes, webinar para empresas parceiras, foram lançados novos fi ltros de realidade aumentada no Instagram, e novos produtos na loja física e on-line. Além disso, a Riocard Mais promoveu diversas ações de conscientização, incentivando os clientes a utilizarem as plataformas on-line e a fazerem a higienização correta dos cartões, dentre outras dicas.

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Adaptações necessárias

Com o objetivo de evitar a contaminação e a propagação do coronavírus e garantir a segurança dos clientes e colaboradores, as lojas Riocard Mais passaram por adaptações necessárias na estrutu-ra física e no atendimento. Os espaços das lojas são higienizados constantemente durante toda jornada de trabalho. Também foram colocados totens de álcool em gel, sinalizações que indicam ao cliente o local em que deve permanecer enquanto aguarda atendimento, além de marcações que mostram o flu-xo de saída. E para reforçar os cuidados, os clientes Riocard Mais têm a temperatura aferida na entra-da e precisam estar com máscaras para entrar no local. Àqueles que não estão protegidos, os aten-dentes oferecem máscaras descartáveis.

Para cumprir as medidas de segurança e lidar com esse novo cenário de atendimento, todos os co-laboradores das lojas passaram por treinamento e receberam instruções seguras para a utilização dos equipamentos de proteção individual, EPIs. Além disso, foi adotado o regime de escala e a Riocard Mais forneceu aos atendentes e líderes todos os materiais necessários, aprovados pela consultoria de medicina do trabalho da empresa, como más-caras de tecido duplo, protetores faciais de acrílico e luvas descartáveis. “Nossa empresa sempre este-ve presente para garantir total segurança aos nos-

Conscientização e livesDesde o início da pandemia, a Riocard Mais pro-

moveu diversas ações de conscientização para evitar a disseminação do novo coronavírus através do “Se Cuide +”, nas redes sociais. As postagens com ima-gens e vídeos mostravam dicas de como cuidar da saúde neste momento, como, por exemplo, orienta-ções sobre a maneira correta de higienizar as mãos e os cartões Riocard Mais. Além de sugestões de como lidar com o isolamento social e outras formas de pre-venção do coronavírus. Nas mídias sociais, a empre-sa publicou um vídeo de agradecimento aos profi ssio-nais de diversos setores da Riocard Mais que conti-

nuaram trabalhando nas ruas ou alocados para ga-rantir que todos os trabalhadores de serviços essen-ciais chegassem nos seus destinos diariamente.

A empresa também promoveu lives na sua página do Instagram, sobre temas relevantes, como autossa-botagem, autoconhecimento, aprendizado pós-pan-demia e maternidade durante a quarentena. Para as empresas parceiras, a Riocard Mais promoveu o we-binar “Reinventar – Como sair da crise”, em maio. Os encontros contaram com a participação de profi ssio-nais multidisciplinares, que apresentaram conteúdos relacionados à crise atual, ao futuro dos negócios e à gestão de crise. Os vídeos dos palestrantes do webi-nar estão na página do YouTube da Riocard Mais.

elementos�complementares

O�s�mbolo�de���ser��nosso�principal�elementogr�fico�de�apoio��marca�Riocard�Mais��podendoser�utilizado�sozinho��na�mesma�forma��o�do�logo�para�t�tulos�ou�na�necessidade�de�destaque�juntoa�texto��ou�em�conjunto��conforme�aplica��o�apresentadaposteriormente�

sos colaboradores e todos os equipamentos ne-cessários. Vale ressaltar que não tivemos conheci-mento de contágio da Covid-19 em nossa equipe”, afi rma Márcia Caldeira, líder da loja Central. A aten-dente Marília Tavares diz que se sente bastante confortável e segura em trabalhar, pois está receben-do todas as orientações.

As equipes que precisam se deslocar ou exercer algum trabalho externo também tiveram que se ade-quar. Os técnicos de manutenção das máquinas de recarga passaram a usar máscaras, face shields, lu-vas e álcool em gel. Além da necessária higiene das mãos, passaram a higienizar também as máquinas, principalmente as telas dos equipamentos. As equi-pes de operação e service desk da TI, que frequen-tam garagens de ônibus, estações das barcas e lojas, também aumentaram os cuidados: passaram a evi-tar os horários de pico no transporte público, a utili-zar os citados EPIs, respeitando o distanciamento no momento do atendimento e passando álcool em gel nos equipamentos em que fazem manutenção ou re-paros. Foi criado um regime de escala para os funcio-nários em home offi ce, e houve ampliação do atendi-mento remoto. As equipes de segurança da informa-ção, de vendas, do call center enfi m, todos mudaram suas rotinas para se adaptarem ao novo cenário.

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Filtros de realidade aumentada

A Riocard Mais lançou, na sua página do Instagram, novos filtros de realidade aumentada para os clien-tes que possuem o cartão Expresso, oferecendo-lhes uma nova experiência.

Voltada para os clien-tes que fazem uso de smartphones, que já são 60% dos que acessam os si-tes da empresa pelo telefo-ne celular, a ferramenta ofe-rece, de forma ágil e com fácil visualização, informa-ções sobre a Riocard Mais. São dois filtros disponíveis: o primeiro, fala sobre a ação de conscientização “Se Cui-de Mais”, ensinando como higienizar o cartão, e o segundo mostra as facilidades que a empresa oferece, como recarga, Valida Mais e os descon-tos do Clube de Vantagens.

Para acessá-los, basta ir até o espaço des-tinado aos filtros no Instagram, ao lado do íco-ne do IGTV. E para usar, é mais fácil ainda: ao es-colher um dos filtros e abri-lo, direcione a câme-ra traseira do seu celular para o seu Riocard Mais Expresso e pronto. Acesse o Instagram da @rio-cardmais e experimente essa novidade!

Chaveiro e pulseira chegam às lojas!

Desde o dia 13 de julho, o chaveiro e a pulseira da Riocard Mais, para pagamento de tarifas do trans-porte coletivo, estão disponíveis para aquisição no si-te lojaonline.riocardmais.com.br e nas lojas Central e Siqueira Campos. O valor da pulseira é de R$ 60,00, sendo R$ 10,00 referentes à carga inicial para o uso no transporte público, R$ 47,00 pela taxa de ativação e R$ 3,00 de depósito de garantia. Já o chaveiro tem o valor de R$ 40,00, com R$ 10,00 de créditos para o uso no transporte público, R$ 27,00 de taxa de ativa-ção e R$ 3,00 de depósito de garantia. A ativação es-tá com desconto promocional de R$ 10,00 pelo lan-çamento. O valor mínimo de recarga é de R$ 10,00. É possível cadastrar o CPF para ter os créditos devolvi-dos em caso de perda ou roubo.

Além de serem à prova d’água, a pulseira e o chaveiro já vêm com o benefício do Bilhete Único Carioca habilitado, e outros benefícios tarifários po-dem ser inseridos. O cliente ganha mais praticidade, pois basta encostar o dispositivo no validador pa-ra liberar a roleta. As novidades da Riocard Mais são excelentes alternativas para o período de pandemia do coronavírus, pois evitam manusear o cartão para pagar a passagem.

“Os nossos clientes estão voltando à rotina aos poucos e notamos que há uma preocupação ainda maior com a possibilidade de evitar o contato físico nos transportes. A pulseira e o chaveiro atendem a es-se anseio. São mais seguros, práticos e dão agilidade ao embarque”, explica Cassiano Rusycki, diretor execu-tivo da Riocard Mais, que ressalta a boa receptividade dos clientes aos produtos no carnaval, quando os dis-positivos foram distribuídos gratuitamente.

Avan

t Gar

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informa

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Comodidade através dos canais digitais

Serviços como solicitação de segunda via do car-tão e busca por informações permanecem acessíveis no site www.cartaoriocardmais.com.br, e também é oferecida a opção de entrega sem contato, para quem efe tuar a compra de cartão no site e escolher o recebi-mento domiciliar. Desta forma, o pacote é deixado on-de o cliente determinar, sem a exigência de assinatura.

Durante o isolamento social, diversos clientes dei-xaram de usar os seus cartões e, nesses casos, pode ocorrer o bloqueio. Para resolver isso, o aplicativo Va-lida Mais passou a reativar cartões há muito tempo sem uso. A ferramenta também faz a validação da re-carga recém-adquirida pelo celular em instantes, atra-vés da tecnologia NFC (Near-Field Communication).

“A tecnologia teve e tem papel fundamental duran-te a pandemia. Estamos trabalhando para buscar sem-pre novas soluções tecnológicas que possam tornar o dia a dia dos nossos clientes mais simples e prático.” afi rma Renata Faria, diretora executiva da RioCard TI.

Os aplicativos Riocard Mais e Valida Mais têm si-do de grande importância neste período de pande-mia, pois diminuíram a necessidade de compareci-mento às lojas, reduzindo a formação de fi las nesses locais e, assim, ajudando a evitar a disseminação da Covid-19. A empresa fez uma série de adaptações e melhorias no seu call center, reforçou o atendimento virtual do Tomais, a comunicação através de e-mail, SMS e pelas redes sociais. Além disso, o site está sendo atualizado constantemente para que os clien-tes continuem bem informados sobre as mudanças.

A Riocard Mais publicou diversos posts em suas redes sociais, recomendando aos clientes que serviços como compra de créditos de trans-porte, consulta de saldos e extratos e validação de recarga fossem feitos através das plataformas on-line. E, caso necessitassem de ajuda, procu-rassem priorizar o assistente virtual Tomais, que está 24 horas à disposição.

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O que signifi ca “essencial”? Segundo o dicionário, é o indispensável, o necessário, o primordial, algo ou alguém de fundamental importância, que não pode faltar, imprescindível, vital. Em uma das frases mais reproduzidas no mundo, de um dos livros mais famosos e mais lidos em todos os tempos, a palavra está lá: “O essencial é invisível aos olhos”, disse a Raposa ao se despedir do Príncipe, na obra do escritor e aviador Antoine de Saint-Exupéry, “O Pequeno Príncipe”. No poema “O amor é que é essencial”, de Fernando Pessoa, publicado em 1935, a mesma palavra se faz imponente no título, mostrando sua grandeza.

SER RODOVIÁRIOÉ SER ESSENCIAL

EU, RODOVIÁRIO - ESPECIAL

ao falar dos médicos, enfermei-ros e demais profi ssionais da saú­de, bem como dos funcionários de supermercado e farmácia, entre-gadores, agricultores, distribuido-res de alimentos e medicamentos, profi ssionais de segurança, de lim­peza e do transporte.

sta palavra poderosa, usada pela Raposa pa-ra dar ao Pequeno Prín-cipe a dimensão do que é realmente importante,

e por Fernando Pessoa, para falar do maior dos sentimentos, tomou conta dos noticiários nos últimos

meses, para se referir aos traba-lhadores cujas atividades não po-deriam parar durante a pandemia do novo coronavírus. Trabalhado-res essenciais, serviços essenciais, profi ssionais essenciais, atividades essenciais. Estas foram algumas das expressões usadas pela mídia

E

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EU, RODOVIÁRIO - ESPECIAL

O serviço de transporte públi-co, na verdade, já era classificado como essencial pela Constituição Federal. Sua importância e a de sua classe de trabalhadores, porém, pa-rece nunca terem sido de fato reco-nhecidas pela sociedade. Pelo me-nos até agora. A pandemia da Co-vid-19 não serviu apenas para evi-denciar a fragilidade do mundo e do ser humano diante de um vírus ainda pouco conhecido, mas pa-ra marcar uma mudança de pers-pectiva sobre alguns valores e tipos de trabalhos, antes pouco respei-tados. Sob essa ótica, os profissio-nais do transporte coletivo por ôni-bus subiram vários degraus em seu papel social. Ganharam reconheci-mento. Ninguém mais tem dúvida de que eles são essenciais. Cabe a eles garantir que muitos outros tra-balhadores consigam chegar a seus destinos; cabe a eles manter a ro-da girando, no sentido literal e fi-gurado.

“O motorista do transporte pú-blico não era tão notado no nos-so dia a dia. Mas, com a pande-mia, ficou evidente o quanto es-se trabalho é essencial. Eu preci-sei dos motoristas de ônibus pa-ra ir trabalhar, para que me le-vassem com certa segurança, pois eles cobravam o uso da máscara de quem embarcava sem a prote-ção”, defende a administradora Va-nessa Cristine da Silva. A represen-tante de vendas Cláudia Rodrigues da Rocha também acha que o tra-balho dos rodoviários é fundamen-tal e necessário, apesar do risco a que estão expostos. “Acredito que os mais velhos devem ser resguar-dados. Sempre tive respeito pela atividade desses profissionais, tan-to dos motoristas como dos cobra-dores”, disse. Marcondes Luiz Pe-reira, auxiliar de serviços gerais, é ainda mais enfático. “Eles não po-deriam deixar de trabalhar de jei-to nenhum. Precisamos mais deles

Está na Constituição

do que eles de nós. Principalmen-te, os agentes de saúde”.

A Revista Ônibus conversou com onze desses profissionais de empresas de ônibus do estado do Rio de Janeiro (oito motoristas, dois supervisores e um mecânico) pa-ra saber como têm sido suas roti-nas de trabalho em tempos de Co-vid­19, os medos que os afligem se contrapondo ao orgulho por se sen-tirem necessários, a relação com os passageiros e a família, e suas vi-sões de mundo pós-pandemia.

Paulo Victor Pinheiro, 34 anos, motorista da Viação Nos-sa Senhora de Lourdes há 3 anos, opera na linha 679 (Grotão – Méier). Pinheiro nasceu no Rio, mora em Olaria, é casado com Janaína Sales, que trabalha como promotora de vendas, em su-permercado, e tem dois filhos de uma união anterior (Juliana, 15

anos, e Ana Luiza, 3 anos). As filhas mo-ram em Piabetá (Magé) e, desde que

começou a pandemia, só as viu de longe, sem poder abraçá-

-las. Para matar a saudade, se falam todos os dias por chamada de vídeo. “A me-nor me mandou mensa-gem pedindo pra eu buscá--la. Machuca né? Aí, explico e peço pra ter paciência”.

O motorista do transporte público não

era tão notado no nosso dia a dia. Mas, com a

pandemia, ficou evidente o quanto esse trabalho é

essencial”Vanessa Cristine da Silva

Usuária de ônibus

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O novo dia a dia, o medo e a preocupação com a famíliaA rotina de todos os entre-

vistados é praticamente a mes-ma desde o início da pandemia, quando o assunto é higiene e lim-peza. Agora, além do uniforme e crachá, eles só saem para traba-lhar levando também: máscara, um vidro de álcool em gel ou um recipiente com álcool líquido (ou os dois) e luvas. Antes de come-çar a jornada, no caso dos moto-ristas, mesmo estando seguros de que a empresa fez a higienização dos ônibus, alguns ainda dão um toque final usando seu próprio produto para limpar cada pedaci-nho do espaço no qual passarão boa parte do dia, dirigindo.

“No terminal tem uma funcio-nária da empresa higienizando tudo, a cada viagem. Mas, mes-mo ela limpando, eu vou lá e lim-po de novo. É a primeira coisa que eu faço”, conta Maria dos An-jos Freitas, 50 anos, motoris-ta da Expresso São Fran-

cisco, empresa sediada em Niló-polis, na Baixada Fluminense. Ela também oferece o álcool em gel para os passageiros ao embarca-rem. “Eles gostam e agradecem”, afirma. O medo do contágio a acompanha durante todo o expe-diente. “Sempre fico apreensiva com quem está entrando no ôni-bus, imaginando se a pessoa está contaminada. É complicado, por-que o vírus está aí e contamina fácil. Eu já perdi amigos para es-ta doença e até colegas de profis-são, de uma empresa do Rio, on-de trabalhei”, lamenta.

Para Erilberto Arruda Batista, 41 anos, motorista da Viação Pon-te Coberta, de Mesquita, também na Baixada Fluminense, o mais difícil tem sido manter o distan-ciamento. “A turma é muito ape-gada, muito unida. A gente teve

que se adaptar para evitar o contato físico. Foi

uma mudança ra-

dical”, revela. Segundo o motoris-ta, a apreen são é grande quando sai de casa. “Eu me preocupo com minha família. A gente fica com medo, e às vezes até entra em pânico, porque sabe que o vírus mata. Mas, precisa trabalhar pa-ra manter os compromissos. Não podemos deixar de ir à luta”. Uma das preocupações de Erilberto é com a sogra, de 75 anos, que mo-ra com ele. “A gente a ama e quer que fique ainda muito tempo do nosso lado”.

O motorista de fretamento e turismo da Bel-Tour, que trans-porta funcionários da indústria naval, Marco Aurélio Vargas Gar-cia, 63 anos, confessa que, ape-sar dos cuidados adotados, não se sente seguro. “Quem não fi-ca apreensivo? A gente trabalha transportando pessoas. Mesmo com todo o aparato, os ônibus sendo higienizados e a empresa colocando um ônibus a mais pa-

Maria dos Anjos Freitas, 50 anos, mo-torista da Expresso São Francisco há 2 anos, na linha Nilópolis - Nova Iguaçu, é solteira e mora sozinha, em Mesquita, mas é vizinha da mãe, dona Teresa, de 75 anos, do irmão e da cunhada. “Minha preocupação é com ela, que é idosa”. Maria já recebeu o Prêmio Alberto Moreira, como melhor motorista, pelo Rio Ônibus, quando trabalhava em uma empresa do Rio. Em ou-tra ocasião, foi tema de matéria do jornal Extra, sobre mulheres na direção de ônibus. “Tenho muito amor pelo que faço”.

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nários nos terminais que também fazem esse serviço. Instalamos uma máquina para que os clientes, antes de entrar no ônibus, possam higie-nizar as mãos”.

Regiane Alves de Oliveira, 33 anos, supervisora comercial e

operacional da JH de Paula Trans-porte e Turismo, lembra as difi-culdades nos primeiros dias da pandemia. “A rotina da mudança foi árdua. Nossa vida, no começo, era correr atrás de álcool em gel, que estava em falta, pra garantir a proteção dos funcionários e dos clientes. Nós não podíamos parar o serviço, porque atendemos em-presas de energia e mineração, que também não tinham como parar. Meu papel, no início, foi o de organizar os EPIs e orientar so-bre seu uso. A máscara ainda não era obrigatória, mas, mesmo as-sim, disponibilizamos para os mo-toristas e fizemos luvas também. Colocamos adesivos nos ônibus e preparamos toda a equipe. Fize-mos um trabalho de conscientiza-ção para a prevenção”.

Na volta para casa, mais um ritual de prevenção, acompanha-do pelo medo de levar o vírus pa-ra algum membro da família. “Fi-ca tudo preparado no portão: já tem um local pra eu deixar a rou-

ra que cada um leve, no máximo, 23 pessoas para conseguir man-ter o distanciamento, a gente fi-ca com receio”, afirma. Na opi-nião de Garcia, parte da popula-ção tem sido muito negligente e falta conscientização. Ele defende a importância da prevenção. “O fim da pandemia depende de ca-da um de nós. Todo mundo tem que cumprir as recomendações. É questão de saúde”.

Atuando nos bastidores, orien-tando a equipe da operação e tam-bém os clientes, o supervisor da Via-ção Galo Branco, de São Gonçalo, Gilberto Santos da Rocha, 56 anos, conta que o dia a dia tem sido bas-tante trabalhoso, mas que o cuida-do dedicado aos funcionários tem valido a pena. “As pessoas não ti-nham noção do perigo que era. Nós temos trabalhado muito na orienta-ção do pessoal, sempre conversan-do sobre a importância do uso da máscara e como lidar com o passa-geiro. Nossos ônibus já saem da ga-ragem higienizados e temos funcio-

Natanael Marcelino, 48 anos, motoris-ta e instrutor da Viação Cidade do Aço

há 29 anos. Seu trabalho é tanto in-terno, orientando os demais mo-

toristas, como na rua, atuando nas diversas linhas da empre-sa. Casado com a babá Jociane Silvério de Souza Marcelino, Natal, como é mais conheci-do, tem dois filhos – Filipe, 20

anos, que está estudando pa-ra ser militar, e Lucas, 13 anos.

Mora em Barra Mansa com a fa-mília, que é sua prioridade em tudo

que faz. Já o trabalho é motivo de or-gulho. “Nosso objetivo é transportar vidas”.

Fica tudo preparado no portão: já tem um local pra eu deixar a roupa e a máscara de molho

e evitar contaminação, porque sei que tenho

grande possibilidade de levar o vírus pra dentro

de casa, por lidar com várias pessoas durante

todo o dia”Natanael Marcelino

Viação Cidade do Aço

EU, RODOVIÁRIO - ESPECIAL

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pa e a máscara de molho e evitar contaminação, porque sei que te-nho grande possibilidade de levar o vírus pra dentro de casa, por li-dar com várias pessoas durante todo o dia”, afirma Natanael Mar-celino, 48 anos, motorista e ins-trutor da Viação Cidade do Aço, empresa sediada em Barra Man-sa, no Sul Fluminense. “A gen-te lida com profissionais da área de saúde, de transporte, do co-mércio, todos os tipos de traba-lhadores. E não tem como saber quem está infectado”. Ele entende o perigo da pandemia. “Tem uma quantidade enorme de pessoas perdendo a vida para esse vírus. E, pelos relatos, quem pega sofre muito. Por isso, causa medo. Mas, a gente tem tentado ser preventi-vo. Diante desse desafio, não po-demos recuar. Temos que partir pra cima, pra vencer”.

Marcos Vinício Almeida de Araújo, 46 anos, motorista da Rio Ita, de São Gonçalo, também cum-pre todos os procedimentos reco-

mendados. “Trabalho de manhã com uma roupa e à tarde, com ou-tra. Minha mulher não me deixa entrar em casa com o uniforme, de jeito nenhum. Vou direto pra garagem, e ali mesmo me troco”, conta o profissional, que tem atu-

ado em dois turnos, atendendo à equipe de um hospital em Nite-rói. “De manhã, levo a turma que vai trabalhar e trago o pessoal da noite, que terminou o plan-tão. À noite, é o contrário”, diz. Marcos sempre pede proteção a Deus quando inicia seu dia, prin-cipalmente pelo fato de transpor-tar profissionais da área da saú-de. “Eu transporto enfermeiros e, apesar de não ter contato físi-co, fico preocupado. As pessoas à minha volta também ficam. Pare-ce que estão com medo de mim, porque sabem que trabalho para um hospital”.

Para Ubiratan Jorge de Lima Costa, 48 anos, motorista da Au-to Viação Reginas, empresa de Duque de Caxias, na Baixada Flu-minense, a profissão tem rendi-do vários sentimentos diferentes nos últimos meses. “Por um lado, a gente sente satisfação, por es-tar trabalhando e podendo ofe-recer alguma coisa pra nossa fa-mília. Por outro, tem muita res-

Marco Aurélio Vargas Garcia, 63 anos, motoris-ta de turismo e fretamento da Bel--Tour há 10 anos, é separado e tem três filhos (Pedro, 23 anos, Thaís, 29, e Marco Aurélio, 34), todos casados. Mora em Quintino, Zo-na Norte do Rio, e está ansioso para ser avô. “Enquanto os netos não chegam, me distraio com umas galinhas que crio no quintal”. Para ele, a crise servirá de aprendizado. “As pessoas irão ter mais consciência”.

Por um lado, a gente sente satisfação, por

estar trabalhando e podendo oferecer

alguma coisa pra nossa família. Por outro, tem

muita responsabilidade e medo, porque

transportamos vidas. É tudo misturado”

Ubiratan Jorge de Lima Costa

Viação Reginas

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O mecânico Luciano Castro, 49 anos, está há 25 na Cidade das Hortênsias, empresa sediada em Petrópolis, na Região Serrana. Pa-ra ele, que tem trabalhado duran-te todo o período da pandemia, a rotina ficou preocupante. “A gen-te mexe com ônibus, que vai pra rua e volta pra garagem o tempo todo. E a gente não sabe quem es-tá transportando, se a pessoa que viajou estava contaminada. Além da nossa preocupação normal com máscara, álcool em gel a to-da hora, ainda tem isso”, afirma. O dia a dia é praticamente o mes-mo dos demais trabalhadores. “A gente tem que tomar cuidados que antes não precisava. Outro dia, estava no meio do caminho para o trabalho e tive que voltar, porque tinha esquecido a más-cara. Ainda estamos nos acostu-mando com todo o processo de nos protegermos, tanto no traba-lho como em casa, tanto quando sai de casa. como quando chega”.

Salineira, de Cabo Frio, na Região dos Lagos, trabalha como plan-tonista. Sua rotina segue na mes-ma batida da dos demais colegas, tanto quando inicia a jornada de trabalho, como no final, ao retor-nar para casa. No começo, a doen-ça parecia algo ainda distante pa-ra ele. “A gente ouvia muito falar da situação no Rio, via os casos au-mentando, e só depois o problema foi se aproximando daqui”, lembra. Silveira fala da preocupação com a família e principalmente com a es-posa, hipertensa, e as netas peque-nas, que moram com ele. “Quando chego em casa, elas correm para querer abraçar. Tem que ter cuida-do e atenção o tempo todo”.

Para Paulo Victor Pinheiro, 34 anos, motorista da Viação Nossa Senhora de Lourdes, da cidade do Rio de Janeiro, o medo é conse-quência da exposição e do ma-nuseio de dinheiro que o traba-lho exige. “O mais perigoso é li-dar com as pessoas e lidar com o dinheiro. São situações que tor-nam a gente mais vulnerável”, diz. “Mesmo assim, agradeço a Deus porque estou trabalhando, en-quanto vejo tanta gente desem-pregada. Mesmo estando mui-to expostos, pelo menos estamos trabalhando e podendo sustentar nossa família”, completa. Pinhei-ro não vacila quanto aos cuidados com a higienização. “Quando dei-xo o ônibus na garagem, vou ao banheiro, lavo as mãos e antebra-ço pelo menos duas vezes e pas-so o álcool em gel. Quando chego em casa, deixo o sapato na por-ta e vou direto tomar banho, en-quanto minha esposa vem com o álcool pra limpar celular, sapato, maçaneta, chave de carro, tudo”.

Regiane Alves de Oliveira, 33 anos, trabalha há 11 anos na JH de Paula Transporte e Turismo. Atualmente, exer-ce o cargo de supervisora co-mercial e operacional. Casa-da com o mecânico Carlos Eduardo, Regiane destaca a união e o trabalho em equipe como fatores positivos advin-dos da crise. “Fiquei orgulho-sa da nossa equipe”.

ponsabilidade e medo, porque transportamos vidas. É tudo mis-turado”, diz. Uma de suas princi-pais preocupações é com o ma-nuseio do dinheiro. “Ao terminar cada viagem, no ponto final, vou ao banheiro, lavo as mãos, higie-nizo, passo álcool em gel. Mas, no momento em que pego a primei-ra nota, a higienização já não va-le mais. Quando chego em casa, só me aproximo da minha espo-sa e do meu filho depois de tomar um banho reforçado. Até porque minha esposa tem diabetes, é do grupo de risco”, explica.

Marcos Antônio Silveira Silvino, 46 anos, motorista da Auto Viação

Outro dia estava no meio do caminho para o

trabalho e tive que voltar, porque tinha esquecido a máscara. Ainda estamos

nos acostumando com todo o processo de nos protegermos, tanto no

trabalho como em casa”Luciano Castro

Cidade das Hortênsias

EU, RODOVIÁRIO - ESPECIAL

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Clientes, reconhecimento, realização e o novo mundoO grande segredo para se sen-

tir realizado no trabalho é gostar do que faz. Disso ninguém discor-da. Mas, quando esse trabalho se transforma em risco para o pro-fissional e sua família, o “gostar do que faz” ganha um peso ain-da maior. E o reconhecimento por parte dos clientes e da sociedade em geral passa a ser uma moti-vação para enfrentar os desafios. Os entrevistados da Revista Ôni-bus dizem sentir muito orgulho de seu papel social e têm cons-ciência da importância do seu tra-balho, principalmente neste pe-ríodo difícil pelo qual o Brasil e o mundo estão passando.

“A gente recebe vários elogios dos passageiros; eles dizem que a gente é muito guerreiro”, conta Maria dos Anjos. E reproduz uma das falas que já ouviu: “que Deus abençoe e guarde sua vida, por-que você está fazendo um traba-

lho arriscado”. Para a motorista, o que move seu dia a dia, princi-palmente neste momento de in-certezas, pode ser resumido em

ta terem consciência de que pre-cisam se cuidar, preservar a famí-lia e amigos. Para quem está re-almente vendo o sofrimento dos outros, com perda de parentes e amigos, vai haver mudança. Não é possível que, com um vírus desse, devastador, não se aprenda na-da. Acredito que a maioria verá o mundo de outra forma”.

De acordo com Erilberto, o ca-rinho já era algo evidente entre ele e os passageiros e, agora, ten-de a aumentar. “Os idosos são os que mais demonstram. Eles falam que mesmo com tudo isso, a gen-te está trabalhando e tendo cui-dado com todos”. O reconheci-mento dos clientes o deixa rea-lizado. “Quando você presta um serviço e vê que as pessoas reco-nhecem que você fez aquilo com amor e qualidade, você fica feliz”. E acrescenta: “eu gosto de ser mo-torista, amo fazer isso. Mas, nes-

Marcos Vinício Almeida de Araújo, 46 anos, motorista da Rio Ita há 10. “Foi meu pri-meiro trabalho como motorista de ônibus”. Antes da pandemia, ele operava na linha

Venda das Pedras – Candelária, mas atualmente está fazendo serviço de fretamento para um hospital de Niterói. Casado com a nutricionista Patrícia, Marcos tem dois

filhos – Jéssica, 23 anos, e Marcos Vinício, 19 anos, que está fazendo curso de aperfeiçoamento de barbeiro, na Califórnia. Uma das coisas que o deixa triste é não poder visitar o pai, de 82 anos, que mora com a irmã. “Ela não me deixa ir lá, mas está certa. Só quando passar a pandemia”.

A gente recebe vários elogios dos passageiros; eles dizem que a gente é

muito guerreiro”

Maria dos Anjos Freitas

Expresso São Francisco

uma frase: “tenho muito amor pe-lo que faço”. Maria acredita que o mundo será transformado após a pandemia. “Estou confiante de que as coisas vão melhorar. Bas-

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se momento, por causa da pande-mia, realmente tem sido um sa-crifício, não vou negar”. Sobre o pós-pandemia, Erilberto acredita que hábitos de higiene, limpeza e distanciamento serão mantidos. Ele também acha que “as pesso-as passarão a valorizar mais a vi-da, os parceiros, a oportunidade de fazer o que se gosta, irão in-vestir mais nelas mesmas, porque perceberam que tudo passa mui-to rápido. Desde que me entendo por gente, nunca vi nada assim. Este ano nos ensinará que a vi-da pode passar e mudar tudo, de uma hora pra outra”.

No serviço de fretamento, Marco Aurélio diz lidar com pes-soas muito conscientes, que obe-decem a todas as normas de se-gurança. E acredita que tudo is-so, pelo que a humanidade está passando, vai se transformar num grande aprendizado. “Infelizmen-te, ainda tem muita gente, até es-clarecida, que não entendeu o que está acontecendo. É questão

de educação. Mas, acho que vai melhorar em todos os sentidos e as pessoas irão ter mais consciên-cia. Eu espero que melhore. Afi-nal, o planeta está dando tanta di-ca, nos dizendo que está respiran-do com dificuldade”.

O supervisor Gilberto também desfruta da opinião de que o es-forço do setor de transporte tem sido reconhecido pelos passagei-ros. “Frequento muito o terminal e vejo os clientes falando que a em-presa se preocupou em colocar ál-cool em gel para eles, por exem-plo”. E acrescenta: “a gente lida com todo tipo de cliente, do ado-lescente ao idoso; e eles sabem que a gente se preocupa. Princi-palmente aqueles que nós já co-nhecemos, por serem passageiros diários”. Sobre a crise, Gilberto acredita que ficarão como apren-dizado a humildade e a empatia. “Vai ter mais amor ao próximo, mais aproximação. Porque esse vírus não escolheu entre ricos, po-bres, pretos ou brancos, ele veio para arrebentar mesmo”. E faz um alerta: “ainda não acabou. Mesmo com os cuidados, não se pode re-laxar, para não ter a segunda on-da, como em outros países”.

Para Regiane Alves, na relação entre passageiros e empresas de

Marcos Antonio Silveira Silvino, 46 anos, motorista plan-

tonista da Viação Salineira, de Cabo Frio, há 9 anos. “Cada

dia estou em uma linha”. Casado com a dona de ca-sa Maria Aparecida, tem duas filhas (Gabriela, 19 anos, e Karen, 24). Karen é casada e mora numa casa embaixo da dos pais,

em São Pedro da Aldeia. Ela tem três filhas, sendo

que as duas mais velhas, des-de pequenas, vivem com os avós.

As netas são os xodós de Silveira.

Fiquei orgulhosa da nossa equipe. A gente

conseguiu agir de maneira rápida, todo

mundo se envolveu, os próprios motoristas

ajudaram muito. Mostramos a importância

do trabalho em equipe e da união”

Regiane Alves de Oliveira

JH de Paula Transporte e Turismo

EU, RODOVIÁRIO - ESPECIAL

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ônibus, o saldo pós-pandemia se-rá positivo. “No nosso caso, tudo foi conversado e negociado, sem-pre fizemos tudo com muito cui-dado. Fiquei orgulhosa da nos-sa equipe. A gente conseguiu agir de maneira rápida, todo mundo se envolveu, os próprios motoristas ajudaram muito. Mostramos a im-portância do trabalho em equipe e da união”, afirma. Regiane acredita que, a partir de agora, a sociedade vai mudar no que diz respeito à hi-giene e à empatia. “As pessoas vão se conscientizar mais sobre a pre-venção. Acho que envolve também cuidar do próximo, porque isso não é algo individual. Temos que proteger quem está ao nosso lado e o meio ambiente. O excesso de consumo talvez tenha causado is-so tudo. Espero que as pessoas te-nham mais consciência”.

Para Natanael, a sociedade tem visto o profissional do trans-porte com outros olhos atualmen-te. “As pessoas respeitam bastan-te o nosso trabalho e sabem que

somos essenciais para o dia a dia delas”, afirma. Como uma das li-nhas que opera, quando está atuan do como motorista, liga Bar-ra Mansa à cidade do Rio de Ja-neiro, Natanael virou uma espécie de consultor dos passageiros so-

somos apenas condutores de ôni-bus, porém conscientes do nosso papel, cuidando das nossas vidas e das vidas daqueles que trans-portamos”. Ele defende que o transporte público não está entre as maiores fontes de contamina-ção do novo coronavírus. “Os es-tudos não conseguiram provar is-so. Mas, temos que continuar tra-balhando conscientes”.

Na visão de Marcos Vinício, vai demorar para a humanidade se adaptar à normalidade. “Mui-tos ainda vão sofrer com demis-são, empresas sem conseguir se manter, o retorno vai ser difícil”, diz. Mas, ele acredita na evolu-ção. “Ainda temos que aprender muita coisa com essa pandemia. A gente nunca imaginou que algo assim poderia acontecer. Depois que tudo acabar, a gente vai ten-tar ligar os pontos. Os governan-tes vão ter que olhar mais para o povo, em termos de prevenção. A família vai ser mais unida, o mun-do vai ser mais unido”, afirma. So-

Gilberto Santos da Rocha, 56 anos, supervisor da Viação Galo Branco, de São Gonçalo, há 31 anos. Seu trabalho é organizar a es-cala dos motoristas, cobrado-res e fiscais e as saídas dos ônibus. “Gosto muito daqui e do que eu faço. Às vezes fico em casa dois dias e já venho trabalhar no outro dia, cheio de gás”. Casado com a dona de casa Denise, Gilberto mora em Porto da Pedra e tem cinco filhos do relacio-namento anterior (Cintia, 35 anos, Maria Eugênia, 34, Rafael, 30, Jessica, 29, e Monique, 27). Os filhos estão todos casados e já lhe deram nove netos, sendo dois gêmeos.

Muitos ainda vão sofrer com demissão, empresas sem conseguir se manter,

o retorno vai ser difícil”Marcos Vinício Almeida de Araújo

Rio Ita

bre a situação da pandemia. “As pessoas perguntam como está o vírus na outra cidade. Elas passa-ram a nos ver como conhecedo-res do cenário. Mas, na realidade,

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bre o papel do rodoviário, Mar-cos Vinício se diz orgulhoso em poder atender à população neste momento tão difícil. “Eu gosto da minha profissão e me sinto reali-zado por estar contribuindo nes-ta época da pandemia. Nós tam-bém estamos na linha de frente”.

Ubiratan acredita que a so-ciedade sabe da importância do trabalhador rodoviário e do ser-viço que as empresas de ôni-bus prestam. “Muitos têm cons-ciência da nossa responsabilida-de e do quanto somos importan-tes, como serviço de primeira ne-cessidade. Pra mim, ser motoris-ta é tudo”. Sobre o mundo pós--pandemia, ele está esperançoso. “O povo está mais sensível e so-lidário. Acho que o vírus machu-cou a humanidade de uma ma-neira muito profunda. Vai mudar muito o ser humano em sua for-ma de olhar a vida e o próximo. Eu, sinceramente, acredito que o amor ao próximo vai ganhar uma dose de energia. Infelizmente, de

forma dolorida. Mas acredito que vai acontecer uma mudança nas pessoas que estão com o coração aberto, de querer o bem do pró-ximo”.

O reconhecimento por par-te dos clientes é fácil de ser per-cebido, segundo Silveira. “Eles fi-cam preocupados com a gen-te. Há uma certa solidariedade, e dá para notar a gratidão tam-bém. Eles, às vezes, falam entre si sobre isso. Alguns são passa-geiros de todos os dias e criamos até uma certa amizade. Por isso, nos preocupamos uns com os ou-tros. Eles perguntam como eu es-tou, como está a família, o traba-lho. Os mais idosos são os mais solidários”, diz. O motorista da Região dos Lagos é mais um que se sente orgulhoso pelo trabalho. “Nos colocamos na linha de fren-te, nos arriscando. A gente está ali, de cara, recebendo todo mun-do”, afirma. E completa: “Eu amo demais essa profissão, gosto de lidar com o público. Dizem que

Ubiratan Jorge de Lima Costa, 48 anos, motorista da Auto Viação Reginas, de Du-que de Caxias, na linha 017 (Variante – Piriquito). Casado com Jocenã, enfermei-ra, mas que não exerce mais a profissão, é pai de Gabriel, 19 anos, que este ano fará o Enem para tentar uma vaga em faculdade de Ciências da Com-putação. Todo dia ele sai de casa, ainda de madrugada, para pegar o ôni-bus às 3h05 na garagem. “Sempre converso com meu filho e minha es-

posa sobre coisas da jornada de trabalho e dos extremos que vivemos. É muito assustador, porque foi uma coisa que atingiu o planeta, to-dos os países, uns mais, uns menos, mas todos fo-ram atingidos”.

é estressante, mas só para quem não ama”. Silveira também fa-lou sobre como imagina o futuro. “Vai mudar muita coisa. Tudo isso aproximou as pessoas. Porque o vírus não escolheu quem iria afe-tar. Então, acho que as pessoas vão se unir e ter mais amor e me-nos orgulho entre elas”.

Segundo Paulo Victor, a maio-ria dos passageiros já se acostu-mou à nova realidade. “As pes-

As pessoas evitam encostar umas nas outras e passam álcool em gel o tempo todo. Dá pra sentir

o cheiro dentro do ônibus”Paulo Victor Pinheiro

Viação Nossa Senhora de Lourdes

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soas evitam encostar umas nas outras e passam álcool em gel o tempo todo. Dá pra sentir o chei-ro dentro do ônibus. Ontem vi uma senhora oferecendo para uma jovem. O povo está bem so-lidário”, conta. O motorista afir-ma que, mesmo com a redução do número de ônibus, no come-ço da crise, as pessoas demons-travam gratidão aos rodoviários. “Elas costumam dizer que sabem que o trabalho da gente é difícil”. Paulo Victor também faz parte do time dos profissionais realizados. “Eu me sinto feliz, porque faço o que eu gosto. A gente é de suma importância. Se a gente não tra-balhar, o médico não vai traba-lhar. Sei que a maioria dos mé-dicos tem carro, mas tem pesso-as que trabalham na farmácia, na expedição de algum hospital e dependem da gente, e os médi-cos dependem delas”, diz.

O mecânico Luciano se diz bastante orgulhoso do seu tra-balho. “Eu me sinto muito im-portante por estar na ativa num momento como este que esta-mos vivendo, em que grande par-te dos trabalhadores precisou fi-car em casa. Saber que a empre-sa conta comigo, que estou aju-dando, que meus colegas contam comigo, que os passageiros con-tam com meu trabalho para fa-zer a manutenção dos ônibus, me dá muito orgulho”. Para ele, tu-do isso vai passar, e a vida vol-tará ao normal. “Vai ser uma fa-se ruim, um momento ruim da vi-da do ser humano que ficou pra trás, mais uma doença que supe-ramos. Mas, vai mostrar que nós não somos nada, e temos que ter mais amor e mais união”.

Erilberto Arruda Batista, 41 anos, motorista da Viação Ponte Cober-

ta, de Mesquita, há 3 anos, atualmente na linha circular Rosa dos Ventos. Casado

com a dona de casa Ana Cristina, é pai de Lu-cas, 20 anos, e Samuel, 14. Nordestino, de Fortale-

za, chegou no Rio aos 13 anos e foi morar em Cabuçu, Nova Iguaçu, onde vive até hoje, com a esposa, o filho mais novo e a sogra, de 75 anos, uma de su-as preocupações na pandemia. Desde que começou a traba-lhar como motorista na empre-sa, opera na mesma linha, e co-nhece a maioria dos passagei-ros. “A gente pega um carinho por eles e eles por nós. Quan-do a gente faz alguma coisa por alguém, surge daí um relacio-namento, e, às vezes, até uma amizade”.

Luciano Castro, 49 anos, mecânico da Cida-de das Hortênsias há 25 anos. Como pro-fissional, começou aos 15 anos. Casado com a dona de casa Maria Eliane, é pai de Elaine, 27 anos, e Lidiane, 15. Mi-neiro de Cataguases, chegou em Pe-trópolis, com a família, ainda crian-ça. Atualmente, mora em Itaipava, distrito de Petrópolis. Trabalhou du-rante todo o período da pandemia e se sente orgulhoso por isso. “A gente se orgulha por fazer um trabalho que é importante. Isso ficou muito claro du-rante a pandemia”.

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volta das atividades econômicas no estado do Rio de Janeiro, na segunda semana de ju-nho, com a flexibiliza-

ção, após quase quatro meses de quarentena devido à pandemia da Covid-19, marcou o começo de uma nova forma de atuação por parte do empresariado fluminense e de seus trabalhadores.

Atenta às necessidades de um modo de vida diferente, que surge no pós-pandemia e deverá se es-tender ainda por longo período (al-guns acreditam que até o surgimen-

PONTO A PONTO

Rodoviários, empresas e clientes são orientados na volta das atividades no Rio

to de uma vacina contra o coronaví-rus), a Fetranspor, juntamente com seus sindicatos filiados, desenvol-veu uma campanha de conscienti-zação, voltada para as empresas de ônibus associadas, para os rodoviá-rios e para seus clientes.

“O foco da campanha é a orien-tação, quanto aos cuidados neces-sários que deverão ser adotados pe-lo sistema de transporte por ôni-bus do estado do Rio, nos próxi-mos meses de operação, para pre-venir a propagação do novo coro-navírus entre seus colaboradores e clientes”, explica Verônica Abdalla,

CAMPANHA DE RETOMADA

gerente de Comunicação e Eventos da Federação. De acordo com Ab-dalla, a ideia também é “facilitar a adaptação das empresas, rodoviá-rios e passageiros a esta nova rea-lidade, já batizada pela mídia e pela população de ‘novo normal’. Quere-mos oferecer informações objetivas aos usuários sobre os procedimen-tos que estamos adotando e sobre o que eles também podem fazer pa-ra aumentar sua segurança durante as viagens de ônibus”.

PEÇAS DE DIVULGAÇÃO E VIDEOAULA

A campanha conta com diver-sas peças publicitárias, como: carta-zes para o interior dos ônibus, bus-door, postagens nos perfis da Fe-transpor e da Riocard Mais no Face-

Fetranspor divulga informativos jurídicos sobre o novo coronavírus

Outra importante iniciativa da Fetranspor veio da gerência jurídica. O setor está elaborando informativos especiais sobre o novo coronaví-rus. As fontes oficiais das informações são: governo federal, Ministério da Saúde, Ministério da Justiça, Supremo Tribunal Federal (STF), Confe-deração Nacional do Transporte (CNT) Associação Nacional de Trans-portes Públicos (ANTP). Já foram produzidos mais de 20 informativos.

“A quantidade de normas publicadas na pandemia e a necessida-de de manter as empresas de ônibus informadas e atentas às publica-ções do poder público, nos levaram a compilar o que de mais impor-tante tem saído para o setor de transporte rodoviário, bem como tudo aquilo que foi modificado, temporária e definitivamente, em decorrên-cia do coronavírus. Desse modo, foi e está sendo possível para a Fede-ração, sindicatos e empresas se adequarem, ou mesmo questionarem a legislação publicada, garantindo a conformidade com o ordenamen-to jurídico. Nosso informativo é publicado às terças e quintas e disponi-biliza um resumo da legislação e notícias importantes dos últimos dias, com seus respectivos links de acesso direto”, afirma Daniele Massoto, gerente jurídica.

ABoas práticas no transporte público

para evitar a propagação da Covid-19.

Você também é responsável pelasua proteção.

Use a máscarade proteção.

Higienize as mãos com álcool em gel.

Evite tocar em dinheiro, use o seu Riocard Mais.

Se possível, evite horários de pico.

Se houver marcações, respeite-as.

Se possível, abra a janela para ventilar.

Cubra a boca ao tossir ou espirrar.

Evite tocar nos olhos,na boca e no nariz.

a suaparte!

Colaborefazendo

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book e Instagram, e spots de rádio veiculados em emissoras parceiras, nas regiões de atuação dos sindica-tos fi liados à Federação. Além dis­so, a campanha traz uma inovação: videoaula, ministrada pelo profes-sor de infectologia da Santa Casa de São Paulo e presidente do departa-mento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, Marco Auré-lio Safadi, orientando as empresas e rodo viários quanto à importância da higienização dos ônibus, do uso de máscaras de proteção e de ál cool em gel pelos funcionários. O espe-cialista reforça informações sobre como se dá o contágio e sobre co-mo diminuir as chances de propa-gação do vírus, a partir da rotina de limpeza e higiene.

Segundo o presidente executi-vo da Fetranspor, Armando Guerra, a participação dos sindicatos fi liados foi essencial, tanto na fase de produ-ção como na de distribuição das pe-ças, para que chegassem a seu des-tino fi nal e atingissem os públicos­-alvo. “Para que essa campanha al-cançasse os nossos passageiros e os nossos rodoviários, a ajuda dos sin-dicatos foi fundamental. Coube a eles nos orientar quanto ao mate-rial ideal a ser utilizado e o repasse desse material às empresas associa-das e a divulgação das ações”, afi r­ma Guerra.

A campanha foi desenvolvida a partir de debates entre a direto-ria de Mobilidade Urbana da Fede-ração, o Comitê de Marketing e os representantes dos sindicatos fi lia­dos, sobre as mudanças necessárias à retomada da operação do serviço de transporte coletivo por ônibus, e como passar segurança aos passa-geiros na utilização dos serviços ofe-recidos pelas empresas associadas.

SOLIDARIEDADE EM ALTA

Fetranspor integra rede voluntária + Manutenção de Respiradores

Fetranspor está parti-cipando da iniciativa + Manutenção de Respi-radores, uma rede vo-luntária que entrou em

operação em março, logo após o co-meço da pandemia da Covid-19 no Brasil. O propósito da rede é realizar a manutenção de respiradores mecâ-nicos sem uso e destiná-los a hospi-tais, ajudando no tratamento de pa-cientes da doença. A Federação pas-sou a integrar a iniciativa em junho, contribuindo com a doação de peças extremamente necessárias para a re-cuperação dos equipamentos.

“Estamos honrados em poder participar desta ação solidária, de tamanha importância, neste mo-mento de crise pelo qual o Brasil e o mundo passam. A entrada da Fe-transpor na rede voluntária + Manu-tenção de Respiradores foi determi-nante para o fornecimento de peças essenciais para esses equipamen-tos. Com a nossa adesão ao projeto, tem sido possível combater o pro-blema da falta de peças para o con-serto dos respiradores. Assumimos um compromisso e estamos total-mente empenhados nessa missão”, defende o presidente executivo da Federação, Armando Guerra.

TIME DE PESOA rede voluntária é formada pe-

lo Senai (Serviço Nacional de Apren-

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Boas práticas no transporte público para evitar a propagação da Covid-19.

Você também é responsável pelasua proteção.

Use a máscarade proteção.

Higienize as mãos com álcool em gel.

Evite tocar em dinheiro, use o seu Riocard Mais.

Se possível, evite horários de pico.

Se houver marcações, respeite-as.

Se possível, abra a janela para ventilar.

Cubra a boca ao tossir ou espirrar.

Evite tocar nos olhos,na boca e no nariz.

a suaparte!

Colaborefazendo

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PONTO A PONTO

dizagem Industrial), ArcelorMittal, BMW Group, Fiat Chrysler Automó-veis (FCA), Estúdios Globo, Ford, Ge-neral Motors, Honda, Hyundai Mo-tor Brasil, Instituto Votorantim, Ins-tituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e Poli-USP, Jaguar Land Ro-ver, Mercedes-Benz do Brasil, Mo-to Honda, Petrobras, Renault, Sca-nia, Toyota, Troller, Usiminas, Va-le, Volkswagen do Brasil e Volvo do Brasil. “O Senai tem enorme satis-fação em coordenar esse grupo de empresas, estruturando toda uma rede de serviços para ampliar a ca-pacidade de manutenção dos venti-ladores pulmonares”, afirma o dire-tor-geral do Senai, Rafael Lucchesi. “Esta é uma agenda extremamen-te importante, dado o cronograma crítico da Covid-19 e a necessidade determinante de ter o maior núme-ro de equipamentos com prontidão em funcionamento”, completa.

A Fetranspor integra a rede de parceiros do estado do Rio de Janeiro, sob coordenação da Jaguar Land Ro-

ver do Brasil, que inclui ainda: Funda-ção Oswaldo Cruz, Medical Sul, Petro-bras-BR, Conselho Regional dos Téc-nicos Industriais do Estado do Rio, Equipare, Nissan, Michelin, Rodo Fly, Penske Logistics e JM Transportes. “Coordenamos este trabalho nas co-munidades próximas à Itatiaia (RJ) e conseguimos reunir parceiros pa-ra ajudá-las nesse momento em que mais precisavam. Utilizamos nossa expertise e tecnologia para a manu-tenção, reparo de respiradores e pro-dução de protetores faciais, além de disponibilizar unidades do Land Ro-ver Discovery Sport para a Cruz Ver-melha, para o transporte de pessoas que estão na linha de frente no tra-tamento da Covid­19”, afirma o dire-tor de Operações da Jaguar Land Ro-ver do Brasil, João Mattosinho.

QUARENTA PONTOSSão 40 pontos para recebimen-

to dos equipamentos, sendo a me-tade deles composta por unida-des do Senai e a outra metade con-

centrada nos parceiros, de forma a atender todos os estados brasilei-ros e DF. Para o transporte dos ven-tiladores mecânicos de estados em que não há ponto de manutenção, o projeto conta com a parceria do Mi-nistério da Defesa. Também apoiam a iniciativa: Ministério da Saúde, Mi-nistério da Economia, Agência Brasi-leira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e Associação Brasileira de En-genharia Clínica (ABEClin).

Os respiradores mecânicos são fundamentais para o tratamen-to de pacientes com sintomas gra-ves da Covid-19. Entre eles, está a síndrome respiratória aguda gra-ve, uma das consequências mais sé-rias da doença. A estimativa é que cada ventilador recuperado pode-rá atender até dez pessoas duran-te o pe ríodo da pandemia. Até o dia 17 de julho, o projeto havia recebi-do 3.885 respiradores e entregue 1.820, impactando em 18.200 vidas. Ainda estão em manutenção 1.092 aparelhos e 185 em calibração.

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Entidades promovem ações de orientação e prevenção durante período da pandemia

esde o início da pan-demia do novo coro-navírus, o Sest Senat assumiu a responsa-bilidade de levar aos

trabalhadores do transporte ações importantes de prevenção, orienta-ção e combate à Covid-19, que in-tegraram o programa Transporte em Ação – Mobilização Nacional de Combate ao Coronavírus. “O traba-lho da entidade, que sempre foi fo-cado no bem-estar e desenvolvi-mento dos rodoviários, se intensifi-cou, com o objetivo de oferecer in-formação e recursos para esta clas-se profissional atravessar com mais segurança o período da pandemia e o pós­pandemia”, afirma a supervi-sora do Conselho Regional do Sest Senat do Rio de Janeiro, Mônica Lyra.

Entre as ações promovidas pela entidade para os rodoviários, no pe-ríodo de março a junho, destacam--se: vacinação contra a gripe; dispo-nibilização de serviços on-line; dis-tribuição de kits de alimento e higie-ne; medição da temperatura corpo-ral e realização de testes rápidos pa-ra a Covid-19. “Implementamos me-didas de prevenção à Covid-19 já no estágio inicial da pandemia no Bra-sil. O trabalho exigiu uma grande

mobilização das unidades e se de-senvolveu ao longo dos meses se-guintes. No estado do Rio de Janei-ro, o Sest Senat não parou um só dia, para apoiar os responsáveis por não deixarem o País parar: os traba-lhadores do setor de transportes”, disse a diretora da Unidade Deodo-ro, Marli Piay.

VACINAÇÃO CONTRA A GRIPESegundo dados preliminares do

Ministério da Saúde, 1.020.659 ro-doviários foram imunizados, duran-te a Campanha Nacional de Vacina-ção contra a Gripe, encerrada dia 30

SEST E SENAT: essenciais para os rodoviários

de junho. Os trabalhadores do trans-porte foram incluídos entre o públi-co prioritário para receber a dose da vacina, após solicitação da CNT (Con-federação Nacional do Transporte) e do Sest Senat ao Poder Executivo. Ca-minhoneiros autônomos, motoristas profissionais do transporte rodoviá-rio de cargas e do transporte rodoviá-rio interestadual de passageiros; mo-toristas e cobradores do transporte coletivo urbano de passageiros e tra-balhadores portuários foram benefi-ciados pela mobilização.

A etapa de vacinação voltada para essas categorias começou em

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16 de abril e disponibilizou, ao todo, 2,7 milhões de doses da vacina, que protege contra os três subtipos do vírus influenza que mais circularam no último ano no Hemisfério Sul, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). Em outra fase da campanha, as unidades do Sest Senat em todo o Brasil funcionaram como postos para vacinação da po-pulação local. A imunização contra a gripe foi importante também para a exclusão do diagnóstico, facilitan-do a detecção da Covid-19, já que os sintomas das doenças são pare-cidos.

SERVIÇOS ON-LINE E NAS ESTRADAS

Logo no começo da pandemia, o Sest Senat passou a oferecer aten-dimentos de saúde e bem-estar à distância, nas áreas de fisioterapia, nutrição e psicologia, além de aulas on-line de algumas modalidades es-portivas das Escolas de Esporte de suas unidades operacionais. A ini-ciativa teve como objetivo não inter-romper tratamentos já iniciados an-tes da exigência do distanciamento social, bem como possibilitar a rea-lização de novas consultas para as pessoas que sentissem necessida-de, especialmente na fase de qua-rentena.

Os serviços on-line conti nuam funcionando. As atividades espor-tivas variam de acordo com cada localidade. Para informações so-bre turmas, modalidades e horá-rios, os interessados podem acessar https://www.sestsenat.org.br/ unidades e buscar a unidade mais próxima. Já os atendimentos com psicólogos, nutricionistas e fisioterapeutas, que seguem diretrizes dos conselhos fe-derais de cada uma dessas profis-

PONTO A PONTO

sões, estão disponíveis em todas as unidades do Sest Senat e devem ser agendados no https://portaldoclien-te.sestsenat.org.br/. Para rodoviá-rios e dependentes, cujos cadastros estejam atualizados junto à entida-de, os atendimentos são gratuitos. Para o público em geral, os valores praticados são menores do que os de mercado.

Outra ação realizada pelo Sest Senat se deu em pontos específi-cos de algumas vias e estradas e nos portos, nos dois primeiros me-ses da pandemia. Motoristas de ca-minhão e ônibus, cobradores e tra-balhadores dos portos receberam kits de alimentação e higiene e pas-saram por medições de suas tempe-raturas corporais. Além disso, tam-bém receberam orientações sobre o novo coronavírus.

PAINEL DE TESTAGEMAté o dia 30 de junho, 36.692

trabalhadores rodoviários de to-do o Brasil passaram por testes pa-ra identificar se haviam sido conta-minados pelo novo coronavírus. To-do este trabalho e seus resultados

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estão reunidos no Painel de Testa-gem no Transporte Rodoviário, fer-ramenta que apresenta um retra-to do impacto da pandemia da Co-vid-19 sobre a saúde dos trabalha-dores do setor de transporte. O pai-nel permite que as informações se-jam consultadas a partir dos resulta-dos gerais, por perfi l (sexo e idade), por Unidade da Federação de resi-dência do profi ssional (por exem­plo: um motorista que saiu de Curi-tiba, mas foi testado em São Paulo, tem o resultado computado para o estado do Paraná), e por tipo de pú-blico testado.

Os testes rápidos, que levam em consideração a quantidade de anti-corpos (IgM e IgG) produzidos pelo corpo humano contra o vírus Sars--Cov-2, que provoca a Covid-19, fo-ram aplicados pelo Sest Senat em ca-minhoneiros autônomos, motoristas profi ssionais do transporte de cargas e motoristas e cobradores do trans-porte coletivo de passageiros. A tes-tagem começou no dia 8 de junho.

RESULTADOS NO RIOEntre os rodoviários testados,

90,5% (33.186) apresentaram re-sultados negativos para a doença e a taxa de infectados foi de 8,6% (3.163). O restante, 0,9% (343), foi considerado inconclusivo. Além dis-so, 6,9% dos trabalhadores que dis-seram não apresentar sintomas da Covid-19 foram diagnosticados com a doença. Entre os que apresenta-vam sintomas, 22% testaram posi-tivo.

Os estados com mais rodoviários atingidos foram: Pará (44,9%), Ma-ranhão (35,7%), Amazonas (28,2%), Ceará (27,5%) e Amapá (25,4%). No estado do Rio de Janeiro, onde fo-ram realizados 2.309 testes, a taxa

de confi rmação foi de 9,5%. Ou se­ja: 219 deram positivo, 2.077 negati-vo e 13 inconclusivos. Desses, 1.620 foram realizados em motoristas de ônibus, sendo que 157 deram posi-tivo, 12 inconclusivos e 1.451 negati-vos, e 157 em cobradores, sendo 17 positivos e 140 negativos.

AÇÃO SETORIAL INÉDITAO Painel de Testagem foi desen-

volvido pela CNT, em parceria com o Sest Senat. Seus dados são consi-derados estratégicos para direcionar ações das empresas do transporte e do poder público durante a pande-mia. Além disso, são produto de uma ação setorial inédita, com o propósi-to de aprimorar e ampliar a presta-ção de serviços do Sest Senat dentro do setor e para toda a sociedade.

“Desde o início da crise, o Sis-tema CNT tem trabalhado para re-duzir os impactos na produtividade das empresas e na saúde dos traba-lhadores do setor. Além disso, a ini-ciativa do Sest Senat é também uma forma de contribuir com as políticas públicas que estão sendo adotadas pelo governo federal e governos es-taduais no controle da pandemia no País”, afi rmou o presidente da CNT e dos Conselhos Nacionais do Sest e do Senat, Vander Costa.

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FÓRUM INTERNACIONAL DE TRANSPORTE Brasil é aceito como membro observador no ITFO Brasil acaba de se tornar membro observador no Fórum Internacional de Transporte (ITF), órgão administrativamente integrado à OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), mas politicamente autônomo. O ITF é uma organização intergovernamental, que atua como um laboratório de ideias, um think tank da política de transportes. Ele analisa tendências, compartilha conhecimento e promove o intercâmbio entre tomadores de decisão em transporte e a sociedade civil. O órgão é responsável pela Cúpula Anual de Ministros dos Transportes, principal plataforma mundial de políticas do setor. Sua missão é promover uma compreensão mais profunda do papel da atividade no crescimento econômico, na sustentabilidade ambiental e na inclusão social, além de aumentar o perfil público dessa política pública. O organismo é o único global que abrange todos os modos de transporte. Atualmente, conta com 60 países membros, que aprovaram, por unanimidade, a entrada do Brasil como observador. O status é concedido por um período renovável de dois anos.

IMPACTOS DA PANDEMIA NO ÔNIBUS NTU produz relatório diárioDurante o período da pandemia da Covid-19, a NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) divulgou, todos os dias, o Relatório Diário dos Impactos da Pandemia da Covid-19 no Transporte Público por Ônibus. O documento está disponibilizado no NTUapp e apresenta um resumo do cenário nacional. Em um mapa do Brasil são mostradas informações, em percentuais, sobre as reduções de oferta e demanda do transporte púbico por ônibus nas capitais. O Relatório traz também as cidades onde os sistemas de transporte estão totalmente paralisados, as empresas que encerraram e suspenderam as atividades e aquelas com perspectiva de falência, bem como as demissões e suspensões de contratos de trabalho.Outros dados importantes, dispostos em formato de tabela, são as medidas adotadas pelo transporte público em 130 cidades brasileiras. O documento mostra também ações de prefeituras quanto à suspensão de gratuidades, desoneração tributária e subsídios para que as empresas de ônibus possam continuar operando. Por fim, são apresentadas medidas que foram utilizadas em várias partes do mundo.

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CNT REALIZA NOVA CAMPANHA PARA VALORIZAÇÃO DO TRANSPORTEA CNT (Confederação Nacional do Transporte) lançou, dia 15 de maio, a campanha “O Transporte Move o Brasil”, que conta com o apoio de entidades do setor em todo o País. O objetivo é chamar a atenção para a importância do setor na garantia do abastecimento e dos deslocamentos necessários, principalmente no momento atual, tendo em vista a crise do novo coronavírus.O material da ação destaca o papel da atividade transportadora, que abastece, conecta e facilita a vida das pessoas e contribui para o desenvolvimento das cidades, estados e do País. A campanha chama a atenção para como

COLETIVO COMPLETA UM ANO e NTU faz maratona de lives

O Coletivo, programa de inovação da NTU, completou um ano em maio passado. A data foi celebrada com uma maratona de lives, transmitida pelo canal da NTU no YouTube. Foram apresentados os seguintes temas: Por dentro da pré-incubação do coletivo; Radar de startups do coletivo; Desafios da mobilidade nos tempos atuais; Desrrupção no setor de transporte e futuro em tempos de Covid, e Programação 2020. A diretora de Mobilidade Urbana da Fetranspor e membro do Conselho de Inovação da NTU, Richele Cabral, foi uma das palestrantes do tema Desafios da mobilidade urbana em tempos de pandemia.

O objetivo do Coletivo é fomentar a evolução do transporte público coletivo, visando à mobilidade sustentável nas cidades, ao desenvolvimento das pessoas e da qualidade de vida. Possui quatro focos de atuação: divulgação; captação de ideias; apoio a projetos de inovação, e promoção e qualificação.

o transporte está presente no dia a dia da população, ressaltando sua relevância para os demais segmentos da economia.As peças estão disponíveis para download no site otransportemoveobrasil.cnt.org.br. Todo o material pode ser customizado com a inclusão de marcas das entidades e empresas.

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PRÊMIO CNT DE JORNALISMO 2020 DESTACARÁ SETE CATEGORIASO Prêmio CNT de Jornalismo 2020 vai avaliar as matérias e fotografias veiculadas entre 5 de agosto de 2019 e 10 de agosto de 2020, quando encerraram as inscrições. As pautas devem abordar aspectos do transporte, seja ele rodoviário, ferroviário, aquaviário ou aéreo – nos segmentos de passageiros ou cargas. As matérias devem se enquadrar em uma das seguintes categorias: Impresso, Internet, Televisão, Rádio, Fotografia, Meio Ambiente e Transporte.Os melhores trabalhos concorrerão ao Grande Prêmio (R$ 60 mil) e às premiações por categoria (R$ 35 mil cada). No ano passado, o Grande Prêmio foi do jornalista Guilherme Ramalho de Melo, da GloboNews, com a série de reportagens “GloboNews em movimento”, sobre os desafios da mobilidade urbana no Brasil.Em função da pandemia do novo coronavírus, a cerimônia de entrega do Prêmio CNT, tradicionalmente realizada na primeira semana de dezembro, não está confirmada. Para a realização ou não do evento, a CNT seguirá as determinações das autoridades sanitárias locais.

RIO TERMINAIS IMPLANTA PLANO DE RETOMADA DA OPERAÇÃOA Rio Terminais, consórcio que administra os terminais Américo Fontenelle e Menezes Côrtes, no Centro do Rio, e de Nova Iguaçu e Nilópolis, implantou, no começo de junho, seu Plano de Ação Covid-19 para contenção de riscos. Foram adotadas medidas para a retomada da operação, após período de isolamento social e proibição da circulação dos ônibus intermunicipais, devido à pandemia.O consórcio realizou: demarcação dos pisos, readequando-os à disposição das longarinas e respeitando o distanciamento mínimo nos assentos e filas; intensificação dos processos de higienização de corrimãos, gradis, escadas, sanitários, longarinas, entre outros equipamentos; disponibilização de álcool em gel para os clientes, e instalação de lixeiras exclusivas para o descarte de máscaras, lenços e luvas. Também foi criado um esquema constante de organização e orientação quanto ao distanciamento e uso de máscaras. Para os colaboradores, foram fornecidos equipamentos de proteção individual, além de álcool em gel e líquido.

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LEI SECA COMEMORA 12 ANOS COM REDUÇÃO DE 14% DAS MORTES NO TRÂNSITOA Lei Seca, de tolerância zero para motoristas que dirigem sob o efeito do álcool, completou 12 anos, no dia 19 de junho, com resultado bastante positivo. Sua aplicação foi responsável pela redução do número de acidentes de trânsito no Brasil e de, pelo menos, 14% das mortes por esta causa. Antes da Lei, o consumo de álcool era o segundo maior responsável por essas mortes. Hoje, é o quarto.O projeto de Lei 11.705/2008, que instituiu a Lei Seca, é do deputado Hugo Leal (PSD-RJ). Até a sua aprovação, em 2008, o Brasil não possuía legislação de repressão aos efeitos do

DETRAN-RJ FAZ CAMPANHA PARA EVITAR CONTÁGIO ENTRE PROFISSIONAIS DO TRANSPORTEO Detran-RJ realizou, durante todo o mês de maio, a campanha “Detran em Ação – Todos Contra o Corona”, para orientar motoristas de ônibus, taxistas, motoristas de aplicativos e de transporte complementar, motofretistas e caminhoneiros da Ceasa sobre a necessidade de seguirem as recomendações das autoridades de saúde para evitar o contágio pelo novo coronavírus.A ação foi realizada em parceria com o Instituto Federal do Rio de Janeiro, que produziu o álcool, enquanto o Detran-RJ disponibilizou os frascos para o envasamento e as máscaras. O

Foto: Alexandre Simonini / Divulgação / Detran-RJ

álcool na direção de veículos – era permitida a ingestão de até 6 decigramas de álcool por litro de sangue (o equivalente a dois copos de cerveja). Quando a Lei foi sancionada, a tolerância passou a ser de 0,1 mg de álcool por litro de sangue. Depois, em 2012, foi estabelecida a alcoolemia zero, um marco na história da Lei Seca.

Departamento produziu também um manual digital com dicas de pequenos hábitos para que cada categoria saiba como se proteger. O conteúdo está disponível no site www.detran.rj.gov.br ou nas redes sociais do Detran-RJ.

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BEL-TOUR ESTÁ NO FACEBOOK E INSTAGRAMA Bel-Tour, empresa de fretamento e turismo, lançou suas páginas no Facebook e no Instagram (ambas @beltour.turismo). A empresa também está desenvolvendo um novo site, que será responsivo e terá um layout mais moderno. A iniciativa foi apresentada aos principais gestores, com o objetivo de explicar sua importância para a conquista de novos clientes e como cada setor pode contribuir para melhorar a experiência dos clientes com a empresa.

TURB PETRÓPOLIS ADOTA APP CITTAMOBIA Turb Petrópolis passou a adotar o aplicativo Cittamobi, que fornece aos clientes informações como: localização do veículo em tempo real, previsão de sua chegada ao ponto, duração aproximada do trajeto, melhores rotas, características do veículo (acessibilidade, refrigeração, serviços digitais, entre outros) e ainda permite ao usuário avaliar conservação, limpeza, lotação e conduta do motorista. A ferramenta está disponível, gratuitamente, nas versões Android e iOS.

FLORES TEM PERFIL E PLAYLIST NO SPOTFY

A Flores agora tem um perfil no Spotfy, com duas playlists feitas especialmente para seus clientes e colaboradores, que podem ser acessadas gratuitamente: “Músicas para curtir em casa”, que conta com cerca de 20 canções da MPB, de artistas como Gilberto Gil, Vanessa da Mata, Melim, Cássia Eller, Skank, Zeca Baleiro, entre outros, e “Flores na folia”, com músicas de pagode, samba-enredo, funk e axé. O acesso ao perfil da Flores é gratuito.

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