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Revista NPI – Núcleo de Pesquisa Interdisciplinar Volume II Número 2 2007
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REVISTA NPI – NÚCLEO DE PESQUISA INTERDISCIPLINAR
http://www.fmr.edu.br/npi.html
ENDEREÇO POSTAL
Faculdade Marechal Rondon – FMR
Endereço: Estr. Vicinal Dr. Nilo Lisboa Chayasco, 5000 - Chácara Saltinho, São
Manuel - SP, 18650-000 Telefone: (14) 3842-2000
FAC São Roque Rua Sotero de Souza, 104 – Centro, São Roque – SP, Brasil.
Telefone: (11) 4719-9300
EQUIPE EDITORIAL Editor Chefe: Prof. Dr. Anselmo Jose Spadotto – [email protected] Diretor Acadêmico: Prof. Jefferson Capeletti - [email protected] Suporte Técnico: Kleber Aparecido Rossi - [email protected]
Revista NPI – Núcleo de Pesquisa Interdisciplinar Volume II Número 2 2007
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SUMÁRIO
ANÁLISE DA VULNERABILIDADE À OXIDAÇÃO LIPÍDICA EM MANTEIGAS COM VARIAÇÃO DE TEMPERATURA DE ARMAZENAMENTO: ESTUDO INICIAL Clóvis José Vezotto, Rafael A de Lima Dálio 03 - 06 AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE ANÁLISE DE PERIGOS E PONTO CRÍTICO DE CONTROLE (APPCC) EM FRIGORÍFICOS DE MÉDIO PORTE NO ESTADO DE SÃO PAULO Luiz Carlos Venturine, Mário A. Melillo 07 - 09 EMPRESA BIOLÓGICA: UMA PROPOSTA PARA A AGROINDÚSTRIA BRASILEIRA Dener Gustavo de Albuquerque, Evandro Carlos Fernandes, Geraldo Galendi Júnior 10 - 11 EMPRESA QUÂNTICA: UMA PROPOSTA PARA A AGROINDÚSTRIA BRASILEIRA Jaqueline Oliveira S. Alvarenga, André Alvarenga, Nilton César Carraro, Cláudio Augusto Garbi 12 - 13 ESTUDO DA MICROBIOLOGIA DO SOLO: COMPOSTAGEM ORGÂNICA E VARIAÇÃO DE TEMPERATURA EM ASSUNTOS AMBIENTAIS Robson Fernando Pereira 14 - 15 INTERFERÊNCIA TÉRMICA NA CONSERVAÇÃO DE LEITE DE VENDA A VAREJO NA CIDADE DE BOTUCATU: ESTUDO INICIAL Mário Luiz de Medeiros, Beatriz Bento de Jesus 16 - 19 REVISÃO DE LITERATURA SOBRE A INFLUÊNCIA DOS RITMOS ASTRONÔMICOS NA AGRICULTURA Pedro Jovchelevich 20 - 25 SEGURANÇA ALIMENTAR E SEU ASPECTO LEGAL NO COMÉRCIO DA CARNE NO BRASIL Bruna Reale Ambrozin, Ricardo J Severino, Eliane C Rodrigues 26 - 28
Revista NPI – Núcleo de Pesquisa Interdisciplinar Volume II Número 2 2007
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ANÁLISE DA VULNERABILIDADE À OXIDAÇÃO LIPÍDICA EM MANTEIGAS COM
VARIAÇÃO DE TEMPERATURA DE ARMAZENAMENTO: ESTUDO INICIAL1
Clóvis José Vezotto, Rafael A de Lima Dálio
Faculdade Marechal Rondon
INTRODUÇÃO
A manteiga deveria ser acondicionada em materiais resistentes às
gorduras e impermeáveis à luz, como também às substâncias com odores estranhos,
e deveria ser protegida da umidade. Uma vez acondicionada, a manteiga é mantida
em refrigeração a 4,0 oC durante um curto período de tempo, mas deve ser congelada
a –25 oC se precisar ser armazenada por um período mais longo. Outras indicações
técnicas dão conta que a temperatura mínima de armazenamento não deve exceder a
16,0 oC. A manteiga, de um modo geral, é um produto altamente susceptível à
oxidação lipídica. Este produto de origem animal, apresenta uma curta vida em
prateleira face à oxidação lipídica que o torna inadequado para consumo após 60 dias,
a partir da data de fabricação. As normativas legais estão dentro do MAPA.
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho foi o de analisar manteigas armazenadas para
consumo em relação à sua vulnerabilidade de oxidação em face de possíveis
elevações de temperatura de armazenamento.
MATERIAIS E MÉTODOS
O delineamento adotado para a escolha dos estabelecimentos comerciais
foi casualizado, em uma região determinada do Estado de São Paulo.
Medidas de temperatura foram tomadas nos entrepostos de
armazenamento, ao longo do dia, e com intervalos regulares. O período experimental
foi de 9 dias, consecutivos. Os dados foram analisados no programa Microcal Origin
4.1.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados mostraram discrepância entre as temperaturas de
armazenamento sugeridas em trabalhos técnicos, ou seja, na revisão bibliográfica
foram encontrados valores de 4,0 oC a 16,0 oC. Neste atual trabalho, a temperatura
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variou entre 4,8 oC a 15,2 oC. Em face de altas temperaturas comparadas com as
temperaturas próprias ao armazenamento, infere-se que o índice de peróxido aumente
ao longo do tempo, sendo acompanhado pela intensificação do ranço. Também, nesse
estado constatado de armazenamento, a oxidação lipídica acabaria tornando a
manteiga inadequada para consumo após 60 dias a partir da data de fabricação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mesmo considerando-se as maiores temperaturas como as máximas de
armazenamento, observou-se que houve uma significante variação entre as
temperaturas de armazenamento nos diferentes locais de depósito. Outros trabalhos
deverão ser realizados para complementar este experimento.
BIBLIOGRAFIA:
BATALHA, M. O. (Coord.) Gestão agroindustrial. São Paulo : Atlas, 1997, vol. 1)
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Revista NPI – Núcleo de Pesquisa Interdisciplinar Volume II Número 2 2007
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AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE ANÁLISE DE PERIGOS E PONTO CRÍTICO DE
CONTROLE (APPCC) EM FRIGORÍFICOS DE MÉDIO PORTE NO ESTADO DE SÃO
PAULO: ESTUDO INICIAL
Luiz Carlos Venturine, Mário A. Melillo
Faculdade Marechal Rondon
INTRODUÇÃO
Dentro da Tecnologia de Produtos de Origem Animal, o sistema de Análise
de Perigos e Ponto Crítico de Controle (APPCC) se apóia em vários princípios,
destacando-se como os mais importantes a identificação de perigos e de pontos
críticos de controle (PCCs), somando-se com o estabelecimento dos procedimentos
de monitoramento dos PCCs.
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho foi o de analisar pontos críticos de controle em
pequenos frigoríficos dentro das sete etapas do fundamento do Sistema de Análise de
Perigos e Pontos Críticos de Controle.
MATERIAIS E MÉTODOS
O delineamento adotado para a escolha dos frigoríficos foi em blocos ao
acaso, na área central da região Centro Oeste do Estado de São Paulo, sendo o
experimento realizado em 2006. Foram utilizados fluxogramas de obtenção de corte
de carne bovina e realizadas verificações dos pontos críticos.
Os procedimentos estavam de acordo com as exigências estabelecidas
pela Portaria no 46 de 10 de fevereiro de 1998 do MAPA (e anteriores), e com a
Resolução n. 002, de 08 de março de 1999, do DIPOA.
Tomou-se como base os seguintes fundamentos:
a) A análise de todos os perigos e riscos envolvidos no empreendimento e nos
processos;
b) A identificação dos pontos críticos que precisam ser controlados;
c) O estabelecimento dos limites críticos para cada um dos perigos;
d) O estabelecimento de procedimentos de monitoramento;
e) A definição de ações corretivas a serem aplicadas;
f) A manutenção de registros contínuos sobre todos os dados do processo
(rastreabilidade);
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g) A implementação de mecanismos de averiguação final.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O APPCC depende em muito da própria empresa. Nos casos observados,
apenas o transporte, estocagem e expedição foram considerados como PCCs. A
alegação técnica para tal procedimento foi a de que o controle de temperatura e tempo
de resfriamento são fatores de difícil manipulação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados mostraram que, nas condições deste experimento, os
frigoríficos visitados apresentaram resultados satisfatórios em relação à
implementação do APPC. Também, em função da Tecnologia de Produtos de Origem
Animal, puderam ser classificados como dentro dos bons procedimentos técnicos.
BIBLIOGRAFIA
ANUALPEC 2006: Anuário da Pecuária Brasileira: São Paulo: Instituto FNP, 2006.
340 p.
BATALHA, M. O. (Coord.) Gestão agroindustrial. São Paulo : Atlas, 1997, vol. 1)
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LOPES, M.A.; MAGALHÃES, G.P. Análise da rentabilidade da terminação de bovinos
de corte em condições de confinamento: um estudo de caso. Arq. Bras. Méd. Vet.
Zootec. V. 57, n. 3. p. 374-379. 2005
MAYA, F.L.A. Produtividade e viabilidade econômica da recria e engorda de
bovinos em pastagens adubadas intensivamente com ou sem uso da irrigação.
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SPADOTTO, A. J.; SILVEIRA, A. C.; FURLAN, L. R.; ARRIGONI, M. B.; COSTA, C.;
OLIVEIRA, H. N.; PARRÉ, C. Avaliação da silagem de milho das variedades granífera
e forrageira no desempenho de bovinos das raças Nelore e Canchim em regime de
confinamento. Journal of the Brazilian Society of Animal Science, v.25, p.1-12,
1996.
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EMPRESA BIOLÓGICA: UMA PROPOSTA PARA A AGROINDÚSTRIA
BRASILEIRA
Dener Gustavo de Albuquerque, Evandro Carlos Fernandes, Geraldo Galendi Júnior
Faculdade Marechal Rondon
INTRODUÇÃO
O conceito ou a idéia de empresa biológica advém de tentativas dos
profissionais da área administrativa de desenvolver novos métodos para a
administração empresarial. O termo “empresa biológica” refere-se, assim, as tentativas
de copiar processos e estruturas naturais biológicas que tem funcionado com sucesso
por tempos imemoráveis. Nesse sentido, um dos pontos observados foi e de que não
se pode isolar a mudança, sabendo-se que tudo que ocorre interna e externamente
afeta toda uma organização. Os organismos vivos conseguiram sobreviver às
mudanças com sucesso, mesmo em um alto grau de complexidade, e a idéia de
empresa biológica é “fazê-la” a semelhança de um ser vivo. É importante ressaltar que
essa é uma linha da moderna administração de empresas. Palavras-chave:
Agroindústria, biológica, organização.
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho foi o de estudar e realizar comparações entre um
modelo de agroindústria convencional com um modelo de empresa biológica, a partir
de simulações coordenadas.
MATERIAIS E MÉTODOS
Foram revisados materiais básicos sobre a organização de empresas
agroindustriais nacionais convencionais. A partir dessa revisão ampla, aplicou-se uma
metodologia de pesquisa que adaptou os fundamentos da Biologia para diversos
níveis de comparação. O levantamento dos dados foi realizado pelo método de
pesquisa classificado como exploratório e envolveu os procedimentos de levantamento
bibliográfico e pesquisa documental (Gil, 2002). Simulações foram realizadas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados mostraram que a agroindústria nacional (em particular as
pequenas e médias) não possui uma destacada cultura organizacional voltada para
mudanças, tendo dificuldades de adaptações. O olhar para a empresa como uma
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máquina, formada de peças separadas é um ponto de vista que está sendo
ultrapassado, porém, a agroindústria nacional, em termos gerais, ainda não está
conseguindo coordenar esse novo nodo de administração empresarial.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O recente avanço na Ciência tem motivado novas pesquisas em muitas
áreas, inclusive na administração de empresas. Em muitos casos, os modelos naturais
biológicos têm se mostrado superior aos modelos mecanicistas e cartesianos. Para as
condições deste experimento, administração da agroindústria nacional precisa
incorporar esses novos avanços da Ciência.
BIBLIOGRAFIA
BARBOSA, Ricardo Rodrigues. Inteligência Empresarial: uma avaliação de fontes de
informação sobre o ambiente organizacional externo. DataGramaZero – Revista de
Ciência da Informação, Belo Horizonte, v.3, n.6, dezembro de 2002.
BORGES, Mônica Erichsen Nassif. A informação e o conhecimento na Biologia do
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GALBRATH, John Kenneth. A Era da Incerteza. Tradução por F. R. NICKELSEN. 9
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Paulo : Pioneira, 1998. 382 p.
MANDELBROT, B. B. The Fractal Geometry of Nature. W. H. Freeman, San
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Revista NPI – Núcleo de Pesquisa Interdisciplinar Volume II Número 2 2007
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EMPRESA QUÂNTICA: UMA PROPOSTA PARA A AGROINDÚSTRIA BRASILEIRA
Jaqueline Oliveira S. Alvarenga, André Alvarenga, Nilton César Carraro, Cláudio
Augusto Gorbi
Faculdade marechal Rondon
INTRODUÇÃO
Nos seus mais recentes avanços, a Ciência tem demonstrado que existe
interação entre os mais diversos fenômenos naturais e artificiais e, em particular, entre
os mais diversos ramos do conhecimento humano. Assim, uma das áreas científicas
que tem permitido ao homem entender esse fenômeno interativo é o da Física
Quântica. Até há pouco tempo, porém, dizer-se que as empresas tinham o que
aprender com a área da Física era um grande ponto de discórdia. Hoje, para as
empresas mais evoluídas, essa é uma realidade. Observou-se, assim, que fenômenos
sociais e empresariais poderiam ser explicados pela Física Quântica, surgindo,
mesmo, a denominação “empresa quântica”, denominação essa já consagrada nos
países e empresas mais avançadas.
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho foi o de estudar e realizar comparações entre um
modelo de agroindústria convencional com um modelo quântico, a partir de simulações
coordenadas.
MATERIAIS E MÉTODOS
Foram revisados materiais básicos sobre a organização de empresas
agroindustriais nacionais convencionais. A partir dessa revisão ampla, aplicou-se uma
metodologia de pesquisa que adaptou os fundamentos da Física Quântica para
diversos níveis de comparação. O levantamento dos dados foi realizado pelo método
de pesquisa classificado como exploratório e envolveu os procedimentos de
levantamento bibliográfico e pesquisa documental (Gil, 2002). Simulações foram
realizadas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A estrutura rígida de organização encontrada nas agroindústrias
convencionais foi superada por uma maior flexibilidade das estruturas quânticas.
Enquanto as empresas quânticas se ajustavam com maior facilidade a diversas
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situações de mercado, as agroindústrias convencionais, muitas vezes chegavam a
impasses administrativos ou operacionais de mercado. Fenômenos de mercado como
o da dualidade, puderam ser tratadas pela Empresa Quântica com mais facilidades,
além desta ter podido operar com mais facilidades nas incertezas do mercado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma Empresa Quântica parece estar mais adequada ao modelo atual de
desenvolvimento e estrutura mundial, funcionando com maior flexibilidade e
dinamismo. Também, no atual quadro de incertezas, o “mundo das incertezas” como é
chamado, uma Empresa Quântica pode ter maior chance de sucesso.
BIBLIOGRAFIA
GALBRATH, John Kenneth. A Era da Incerteza. Tradução por F. R. NICKELSEN. 9ª
edição. São
Paulo : Pioneira, 1998. 382 p.
LUHMANN, Niklas. A Nova Teoria dos Sistemas. Trad. Eva Machado Barbosa
Samios. Porto Alegre: Universidade/UFRGS, Goethe – Institut/ICBA, 1997. 111 p.
RIBEIRO, C.R.M. A Empresa quântica. Petrópolis: Vozes,1993. 102p.
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ESTUDO DA MICROBIOLOGIA DO SOLO: COMPOSTAGEM ORGÂNICA E
VARIAÇÃO DE TEMPERATURA EM ASSUNTOS AMBIENTAIS
Robson Fernando Pereira
Faculdade Marechal Rondon
INTRODUÇÃO
Estudos de microbiologia abrangem, também, trabalhos com
compostagem e processos ambientais, e é fundamental para o estabelecimento de
normas legais. A compostagem é um processo copiado de processos naturais de
regeneração de solos, onde o produto, o composto, deveria ser constituído de tal
forma que mais rapidamente se integrasse nos processos biológicos naturais. Todo
esse processo envolve uma população bastante heterogênea de microrganismos,
bactérias, fungos e actinomicetos. A fase de degradação ativa é necessariamente
termofílica, pois envolve a ação de microrganismos termófilos, aqueles ativos a altas
temperaturas, aumentando a eficiência do processo e eliminando microrganismos
patogênicos.
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho foi o de avaliar a temperatura de compostagem
orgânica nos 30 dias iniciais, inferindo observações quanto ao comportamento dos
microrganismos.
MATERIAIS E MÉTODOS
Quatro montes de uma mistura de forragem e esterco bovino, de natureza
orgânica, foram preparados na proporção de 3:1 e deixados para fermentar ao relento.
Através de um censor de haste longa, mediu-se a temperatura em dias alternados,
durante um período de 30 dias. Os dados foram analisados no programa Microcal
Origin 4.1.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados mostraram que, no período experimental, a temperatura
média foi de 43,0±2,1 o C em 16 medidas. As maiores temperaturas foram logo nos
três primeiros dias, caindo ao longo dos dias restantes. Isso pode indicar que a ação
de microrganismos termófilos ocorreu logo no início do processo.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A ação quase imediata dos microrganismos termófilos, leva a se
considerar que o início das operações de compostagem é crucial ao processo como
um todo. Portanto, a qualidade final, ou seja, o composto depende de um bom preparo
dos materiais, como homogeneidade, umidade e aeração.
BIBLIOGRAFIA
ELAD, Y.; SHTIENBERG, D. Effect of compost water extracts on grey mould (Botrytis
cinerea). Crop Protection, Oxford, v.13, n. 2, p.109-114, Mar. 1994.
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GEOTECHNOLOGY AND GLOBAL SUSTAINABLE DEVELOPMENT, 5, 2000. Belo
Horizonte, Brazil. Electronic Proceedings... UFMG,
2000. 1 CD-ROM.
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INTERFERÊNCIA TÉRMICA NA CONSERVAÇÃO DE LEITE DE VENDA A VAREJO
NA CIDADE DE BOTUCATU: ESTUDO INICIAL
Mário Luiz de Medeiros, Beatriz Bento de Jesus
INTRODUÇÃO
A Tecnologia de Produtos de Origem de Animal envolve trabalhos que vão desde o
preparo de recepção da matéria-prima até o momento do consumo. Ainda, alguns
autores consideram que, já na própria produção animal, estão inclusas algumas
características do produto que vai ser processado. Nesse sentido, o próprio aspecto
da segurança alimentar está envolvido.
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho foi o de avaliar como está sendo armazenado o leite que
está disponibilizado ao consumidor, em relação à temperatura de armazenamento.
MATERIAIS E MÉTODOS
Através de um delineamento casualisado, foram tomadas as temperaturas de
armazenamento em pontos de vendas de leite resfriado no Município de Botucatu/SP.
Foram comparadas as temperaturas de armazenamento ou normatizadas pelo MAPA
(TA) com as temperaturas medidas através de um termômetro digital de haste longa
(TM), nos horários de 09:00, 11:00, 13:00, 15:00 e 18:00 horas. Os dados foram
analisados no programa Microcal Origin 4.1.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O leite embalado em “saquinhos”, segundo as normas técnicas e legais deverá ser
armazenado a uma temperatura máxima (TA) de 10,0 o C. Porém, encontraram-se
temperaturas medidas (TM) superiores à recomendada, chegando em uma das
medidas ao valor de 13,5 o C. Não foram encontradas, em nível estatístico
significativo, as condições ideais de armazenamento. Considerando-se o leite como
um produto altamente perecível, inclusive por ser muito susceptível a perdas
nutricionais, entende-se que instrumentos de controle de temperatura de
armazenamento de produtos de origem animal deveriam ser colocados em prática, em
casos idênticos. Nesse sentido, não basta se considerar a tecnologia de produtos de
origem animal, no caso o leite em particular, como sendo aquela que envolve somente
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os processos de industrialização, mas toda a cadeia produtiva até o momento do
consumo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na região determinada por este experimento, foi possível estabelecer-se que o leite
em saquinhos não está sendo armazenado nas condições recomendadas pelas
normas técnicas. Outros trabalhos deverão ser realizados para complementar este
experimento.
BIBLIOGRAFIA
BATALHA, M. O. (Coord.) Gestão agroindustrial. São Paulo : Atlas, 1997, vol. 1)
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REVISÃO DE LITERATURA SOBRE A INFLUÊNCIA DOS RITMOS
ASTRONÔMICOS NA AGRICULTURA
Pedro Jovchelevich
Associação Biodinâmica
INTRODUÇÃO
Hoje em dia, com a maior parte das pessoas vivendo nas cidades,
poucos ainda conhecem alguma constelação no céu. A história das grandes
civilizações do passado (egípcios, babilônios, gregos, incas, astecas, etc) mostra a
importância dos ritmos astronômicos, não apenas na agricultura, mas em todas
atividades cotidianas. Os sacerdotes detinham o conhecimento destes ritmos e
orientavam o povo no seu dia a dia (MATSUURA, 1996). Este conhecimento foi
desaparecendo, e atualmente, ainda se verificam resquícios na sabedoria camponesa
no uso das fases da lua na agricultura, silvicultura e manejo animal (RIVERA, 2005).
A agricultura biodinâmica,desenvolvida por Rudolf Steiner em 1924,
revaloriza este conhecimento popular e o amplia, incorporando os outros ritmos da lua
e movimento dos planetas relacionados com as atividades agrícolas em geral.No seu
Curso Agrícola , STEINER fala da influência cósmica na vida aqui na Terra. Aborda a
qualidade dos vários planetas,Lua e Sol e suas relações com o solo,plantas e animais.
Logo na primeira conferência do curso agrícola, STEINER diz: “ não há
compreensão alguma da vida vegetal, a menos que se considere em que forma que
tudo que esta sobre a terra é em realidade somente um reflexo do que ocorre no
cosmos”. Ele diz que o Homem esta como que emancipado destas influências(o ciclo
menstrual da mulher segue o ritmo das fases da lua, mas o período não coincide com
o fenômeno m si) e o animal um meio termo. Steiner se reporta a uma classificação
proveniente de um antigo saber instintivo, onde considerava-se o Sol e a Lua como
planetas, então teríamos: Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno(todos
estes visíveis a olho nu). As civilizações antigas não conheciam Netuno, Urano e
Plutão,que foram descobertos depois do desenvolvimento de instrumentos óticos mais
sofisticados( a partir do século XIX).
Ainda na 1 Conf. Steiner diz “ ...que a vida das plantas anuais em suas limitações a
períodos de vida breves, tem relação com os planetas que tem órbitas breves”, no
caso seria a Lua, Mercúrio e Vênus. Enquanto que “... aquilo que transcende a vida
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passageira, que rodeia as árvores com córtex, que lhe dá persistência, é algo que se
relaciona com forças planetárias que tem órbitas prolongadas”, no caso Marte, Saturno
e Júpiter.
No movimento biodinâmico internacional, o calendário
astronômico/agrícola mais conhecido é o editado atualmente pela agricultora Maria
Thun, o qual é traduzido para várias línguas. Ela tem pesquisado de maneira mais
prática estas interações há quase 50 anos.
Nesta linha há pesquisadores que trabalharam com o tema de modo
científico, como Helmut Spiess. Durante seis anos fez várias semeaduras seqüenciais
de diferentes hortaliças e cereais e averiguou muitas interações. Mas na literatura
mundial há poucos trabalhos a respeito.
No Brasil, o professor da ESALQ Salim Simão defendeu sua tese de
doutorado neste tema há 50 anos atrás (SIMÃO, 1953), mas, a metodologia se
prendeu apenas a semeaduras em datas exatas do início das fases da lua, isto é
apenas quatro datas/mês.
REVISÃO DE LITERATURA
Kolisko apud Simão (1953) aceita como possível a influencia da lua na
fase de germinação das sementes . Para ervilha , couve, alface, feijão, e tomate indica
como momento mais favorável para a semeadura , dois dias antes da lua cheia. Assim
também para nabo, beterraba e cenoura .E ressalta que a influencia lunar só é
efetivamente completa se houver chuva ou regas durante o período de vegetação.
Simão (1953) em seu estudo sobre a influencia das fases da lua sobre a
produtividade de hortaliças usando apenas o dia de mudança da lua na
avaliação,concluiu que não houve influencia e quando houve alguma alteração foi
atribuída à variação de temperatura e fotoperiodismo. Tal trabalho busca tecer
conclusões muito abrangentes, porém, parte de uma experimentação pontual e
limitada.
Palmer (1974) estudou o ritmo biológico de diversos organismos marinhos.
Citando Brown and Chow (1973), fala de um experimento com feijão(Phaseolus
vulgaris), no qual as suas sementes secas que estavam estocadas em câmara fria são
imersas em água por 4 horas, todos dias ao meio dia por 2/3 do ano. Foram usadas
158 mil sementes e avaliado o incremento de peso. Como resultado notou- se uma
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relação da proporção de água nas sementes com o ritmo sinódico da lua(fases), sendo
que o ganho de peso é maior um dia antes da Lua cheia.
Spiess (1994) estudou a influência da Lua em várias plantas (rabanete,
centeio, cenoura, feijão e batata) por seis anos e notou a influência de vários ritmos no
rendimento destas culturas. Cenouras semeadas antes da lua cheia e na constelação
de Virgem teve maior produtividade. Enquanto que batata cultivada antes da lua cheia
teve menores produções enquanto que altas produções foram conseguidas com o
plantio feito próximo ao perigeo lunar . A produtividade do rabanete depende do ritmo
anomalístico e tropical da lua. No centeio as fases da lua maior influenciaram a
germinação das plantas. O ritmo tropical da lua influenciou o feijão.
Goldstein (2000) encontrou resultados em experimento nos EUA, em
relação à influência das fases da lua sobre o rendimento da cenoura. Quando plantou
um dia antes da Lua cheia gerou o efeito mais positivo, causando um aumento de 15%
na produtividade (11,5 t/há). Esse aumento percentual foi estatisticamente significativo
em p=1%. O plantio durante a lua nova pareceu reduzir a produtividade por 12%
(10,9t/ha), mas o nível de significância foi p=11%. O plantio durante a lua decrescente
reduziu 17% da produtividade (9,7t/ha). Esse contraste foi significativo em p=2%.
Lobreiro (2003) analisou a relação entre data de inseminação artificial e
sexo da cria de gado de leite com o ritmo anomalístico. A partir de 7 anos de
informação registrada em uma fazenda e de dados da ocorrência do perigeo lunar (
momento da lua mais próxima da Terra ) ,e apogeu (momento da lua mais próxima da
Terra no ciclo de 28 dias ) ele notou uma tendência de maior nascimentos de machos
próximo ao Apogeu e de fêmeas , próximo a data do perigeo , Principalmente quando
a inseminação ocorreu exatamente num dia de perigeo ou de apogeo.
Sixel (2003) , abordando a utilização do Calendário Agrícola cita Franz
Rulni como pioneiro nesta área no Movimento Biodinâmico .A partir de indicações
retiradas do Curso Agrícola de R. STEINER(1988) preferencialmente nas fases da lua
e com ênfase em semeadura e plantio em épocas de ascendência .Os dias de nodos
deveriam ser evitados por serem negativos para as plantas e o preparo do solo
deveria ser realizados em épocas de descendência.
Harald meller (2004), relata a descoberta em 1993 , do mais antigo disco
celeste conhecido. Data de 1600 a.C. e foi encontrado na colina Mittelberg na
Alemanha. Este disco de cobre com indicações astronômicas em ouro , vem sendo
estudado por astrônomos ,e descobriu-se que este indicava o movimento do sol entre
os Solstícios de Verão e Inverno , mostrando a época em que terminavam as geadas
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na região pela posição do nascimento do Sol em determinada colina , vista no
horizonte.
Elliott (2004) enumera vários estudos científicos ,mostrando a relação das
fases da Lua com o comportamento de animais ; principalmente aquáticos . Fala que
graças aos raios de luz da Lua que incidem sobre as moléculas do ar da atmosfera
terrestre e dispersados formam-se uma rede lê luz polarizada que serve de guia aos
besouros africanos Scarabeus zambezianos no momento de levar para a toca as
bolotas de esterco de antílope que eles coletam para se alimentar, sem se chocarem
uns com os outros. Nas noites sem luar eles não saem em busca de alimento.
Também relata que os Caranguejos-reais da América do Norte se acasalam nas luas
nova e cheia em maio e junho; Peixes-rei Leuresthes tenuis lançam-se à praia para se
reproduzir na Califórnia algumas noites após as luas cheia ou nova entre fevereiro e
setembro e ainda Pólipos coralinos, na Grande Barreira de Corais, se reproduzem
após a lua cheia de outubro e novembro.
Bueno & junior (2005) estudaram a padrão de atividade de animais
roedores em relação com as fases da lua no ambiente de Cerrado da Estação
Ecológica de Itirapina-SP. Notaram que algumas espécies destes animais evitam sair
na época da Lua cheia, pois a intensidade luminosa nestes momentos pode facilitar
sua captura por predadores noturnos, como a coruja suindara e lobo guará. Na Lua
nova o roedor Calomys tener foi capturado em numero quase o dobro que na Lua
cheia, em média durante 1 ano de observação.
Rivera (2005) editou um livro partindo do resgate de anos de conhecimento
popular sistematizado sobre a influencia das fases da lua na agricultura em diferentes
países da América Latina, inclusive o Brasil. Explica sua ação pelo aumento da
luminosidade , atuação sobre o fluxo da seiva das plantas, registra a influência sobre
culturas anuais e perenes ;nos tratos culturais e adubação. De maneira geral divide
essa ação em dois grandes períodos :
Período extensivo águas acima – 3 dias antes da lua crescente até 3 dias após a lua
cheia; 3 dias após a lua nova.
Período extensivo águas abaixo – 3 dias antes da lua minguante até Isto é
, não considera o conceito tradicional de fases, mas indica que o impulso se inicia em
torno de 3 dias antes de uma fase durando até 3 dias após a fase seguinte. Por
exemplo , para plantio de raízes (cenoura ) recomenda o período extensivo de águas
abaixo ; para tomate , período de águas acima.
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SEGURANÇA ALIMENTAR E SEU ASPECTO LEGAL NO COMÉRCIO DA CARNE
NO BRASIL
Bruna Reale Ambrozin, Ricardo J Severino, Eliane C Rodrigues
Faculdade Marechal Rondon
INTRODUÇÃO
Com o advento do crescimento do conhecimento humano nas ciências,
muitos métodos qualitativos e quantitativos foram desenvolvidos resultando em
impacto direto sobre a Ciência Jurídica. Nesse sentido, a área jurídica não pode mais
ignorar que certos métodos analíticos podem esclarecer certos pontos da atividade
humana, inclusive podendo mudar certas decisões antes intocadas. Os exemplos
disso estão espalhados pelo mundo, bastando citar que quantidades de certos
produtos tóxicos eram admissíveis nos alimentos, mas hoje não o são mais.
Sendo assim, definidos com mais clareza os aspectos técnicos que
servirão de base para o aprimoramento das leis, cabe ser abordado o tema
fiscalização. Como se sabe, não adianta para um país ter leis avançadas, com
substancial embasamento técnico, se elas não forem aplicadas com a devida
destreza. Desse modo, paralelamente aos aspectos jurídicos, a fiscalização deveria ter
condições para se impor, preparando o caminho para uma eventual ação jurídica.
O comércio da carne, e em particular da carne bovina, tem sido um dos
grandes vilões do Brasil. A prática do comércio da carne clandestina, hoje ainda muito
aceita popularmente, tem afetado a saúde do povo e onerado os cofres públicos, tanto
como em se tratando de impostos não recolhidos como na saúde pública. O atual
momento que vive o Brasil com o aparecimento de vários pontos de febre aftosa, e
com as possíveis graves consequências que isso pode levar, o tema deste trabalho
torna-se ainda mais importante.
O objetivo deste trabalho foi o de relacionar alguns aspectos relativos à
legislação com a segurança alimentar no Brasil, em particular no comércio da carne.
DESENVOLVIMENTO
O tema segurança alimentar, apesar de não muito conhecido mesmo por
muitos operadores do direito, é tratado na atual Constituição Brasileira: O seu artigo
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200, inciso VI, relata que ao sistema único de saúde compete, além de outras
atribuições e nos termos da lei, fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o
controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano.
Apesar das mudanças que estão ocorrendo em prol de uma melhor segurança
alimentar, através de um conjunto de idéias consagradas na Constituição Federal e
nas Leis Orgânicas da Saúde (Lei Federal nº 8.080/90 e 8.142/90), a população não
está informada a esse respeito e não tem quem a ajude a possuir de fato esse direito.
Não basta a existência das leis sem o expresso cumprimento dos seus ditames. O
exercício de cidadania do brasileiro está castrado na sua dinâmica, o que é mais difícil
de se diagnosticar. Se há evolução na consecução das leis brasileiras, por outro lado a
sua aplicação está defeituosa.
Existem alguns exemplos de leis favoráveis ao consumidor quanto à
defesa do seu direito a uma alimentação segura. Inicia-se com o próprio Código Penal
no seu artigo 272 que esclarece, inclusive, quanto a redução do valor nutritivo de um
alimento. A Lei no 8.078/90 do Código de Defesa do Consumidor constitui-se em um
importante diploma quanto às normas sanitárias. Já as Leis 8.080/90 e 9.712/98,
constituem-se em fortes instrumentos na repressão da irregularidade na segurança
alimentar. Também, é importante dizer que a aplicação da medida penal correrá em
tempo único com as outras medidas repressoras, em processo crime, por configurar
crime contra a saúde pública.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos aspectos observados neste trabalho, constatou-se que existem
interessantes normas legais para dar suporte à fiscalização para a comercialização da
carne no Brasil. Porém, paralelamente às leis, o preparo dos operadores da lei e a
conscientização do cidadão são elementos fundamentais no processo da evolução da
segurança alimentar no Brasil.
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