revista minas saúde #03

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Minas Saúde Minas Saúde Ano 3 l núMEro 3 l DEzEMbro DE 2010 Publicação anual da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais Publicação anual da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais A no 3 núMEro 3 DEzEMbro DE 2010 Eficiência na realização de exames Laboratório Intermunicipal

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Publicação Anual da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais

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Page 1: Revista Minas Saúde  #03

Minas SaúdeMinas SaúdeA n o 3 l n ú M E r o 3 l D E z E M b r o D E 2 0 1 0Publicação anual da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais

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O número de casos de dengue em Minas está aumentando a cada ano.A ameaça de epidemia no estado é gravíssima. Por isso, estamos em guerra contra a dengue. E precisamos que você também faça a sua parte.

Veja como ajudar:• Retire os pratinhos de vasos de plantas.• Não deixe acumular água em garrafas vazias ou pneus.• Tampe tambores, tonéis, barris, cisternas e caixas-d’água.• Feche bem o saco plástico dos lixos e mantenha as lixeiras sempre tampadas.

CONTAMOS COM VOCÊ.JUNTOS, VAMOS IMPEDIR QUE A

DENGUE ENTRE NA SUA CASA.

Eficiênciana realização de exames

Laboratório Intermunicipal

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Sumário

3 | Editorial

5 | Atendimento de qualidade com gestão participativa

8 | As águas de Minas

12 | Agora é guerra

16 | Redes sociais no combate à dengue

22 | Casas oferecem acolhimento às mães

26 | Qualidade, eficiência e agilidade

32 | Educação técnica a serviço da saúde

36 | Mais vida para os idosos mineiros

40 | Qualificação da gestão melhora o atendimento

44 | SUS em rede

48 | Educação sem fronteiras

52 | Plantas do Cerrado revelam poder medicinal

55 | HTLV é identificado pelo teste do pezinho

60 | Estado e município constroem Hospital Inteligente

66 | Um novo olhar para a saúde

71 | Mais qualidade no atendimento

76 | SES aposta nas crianças

82 | Rede de Urgência Norte completa dois anos

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EDITORIAL

Revista Minas SaúdePublicação da Secretaria de Estado de

Saúde de Minas Gerais

GovernadorAntonio Augusto Junho Anastasia

Presidente da Assembleia LegislativaAlberto Pinto Coelho

Secretário de Estado de SaúdeAntônio Jorge de Souza Marques

Secretário-Adjunto de Estado deSaúde

Wagner Eduardo Ferreira

Subsecretário de Inovação eLogística em Saúde

Jorge Luiz Vieira

Subsecretária de Políticase Ações de Saúde

Helidéa de Oliveira Lima

Subsecretária de Vigilância emSaúde

Gisele Onete Marani Bahia

Chefe de GabineteMarta de Sousa Lima

Assessora de Comunicação SocialGisele Maria Bicalho Resende

EditoraVívian Campos

Registro Profissional Nº 11592 JP

Diagramação e Projeto GráficoUbiratã Teixeira

Acompanhamento GráficoAutêntica Editora

Universalização das redes

esde 2002, o Governo de Minas temimplementado importantes mudançasem diversas áreas e desenvolvidoações e programas utilizados comoreferência no Brasil. O esforçoempreendido na área da saúde, nosúltimos oito anos, fez com que o esta-do alcançasse resultados expressivos,tais como a redução em 22,7% damortalidade infantil.Nesse período, diversos programas

foram desenvolvidos e implantadoscom o objetivo de assegurar aos minei-ros o acesso a serviços de saúde efeti-vos e de qualidade. Seguindo as orien-tações das políticas propostas pelogoverno de Minas, demos importânciaàs parcerias com as prefeituras eoutras entidades e fizemos crescer aRede de Atenção à Urgência e Emer -gência. Atualmente, são 11 microrre-giões de saúde oferecendo serviços deatendimento à urgência e emergência,com implantação e custeio do SamuMacrorregional. Isso significa unir osmunicípios, com o apoio do estado, emprol de um atendimento rápido e efi-ciente aos casos emergenciais. Com omesmo objetivo, foram investidos maisde R$ 500 milhões, aplicados em 128hospitais, por meio do Pro-Hosp. Onúmero de leitos de UTI no estadotambém teve um aumento significativo.Além do avanço na urgência e emer-

gência, é importante destacar a nossapreocupação com os cuidados básicos.Como meta para a promoção da saúdebásica, trabalhamos pela ampliação deprojetos de atenção à gestante, como oprograma Viva Vida. Já foram entre-

gues 20 Centros Viva Vida de atendi-mento especializado as mulheres, ges-tantes e recém-nascidos. Nos demaismunicípios, as mineiras e os mineiroscontam com mais de 4.000 equipes doPrograma Saúde da Família, númeroque representa o maior efetivo no país.E a motivação desses dois projetos é amesma: assumir e reiterar a responsa-bilidade do estado de Minas Gerias nocuidado básico da saúde da famíliamineira. No total, são 14 milhões demineiros assistidos pelo programa, oque representa a cobertura de 70,2%da população, em 835 municípios. Contudo, alguns pontos continuam

sendo parte importante da agenda dasaúde para os próximos anos. Agora, soba liderança do governador Anas tasia, umade nossas prioridades é o fortalecimentoda Atenção Primária à Saúde e a perma-nente qualificação dos profissionais envol-vidos no atendimento aos pacientes. EmMinas Gerais, a carência de preparo dosprofissionais de saúde tem sido sanadapelo Programa de Educação Permanenteem Saúde. Um de nossos objetivos pa ra2010 é expandir o programa para incluir55 microrregiões, 612 municípios, 3188médicos, 330 grupos, 12 escolas de medici-na e 145 salas de educação permanenteaté o mês de dezembro; ou seja, emmenos de dois anos, teremos o dobro deinvestimento em educação para a saúde.Para isso, serão aplicados recursos daordem de R$ 11,5 milhões. Temos certezade que esse salto, aliado à ampliação deprojetos, como o Viva Vida e o Pro-Hosp,trarão melhorias sensíveis no alcance e naqualidade do serviço público de saúde.

Antônio Jorge de Souza MarquesSecretário de Estado de Saúde

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oi um parto muito bom, pela primei-ra vez tive um filho aqui, minha ter-ceira filha. Foi muito emocionante,ela nasceu de parto totalmente natu-ral, enquanto os outros partos preci-sei fazer um pequeno corte. Foi umasensação muito boa, ainda maissendo no Dia das Crianças. Sou dePedra Azul e as pessoas sempre elo-giavam o Sofia. É bom demais, foimuito emocionante, consegui ver oparto todo e cortei o cordão umbili-cal”. Essas são palavras de VanusaSantos Souza e Daniel MarquesAlves, pais de Carolaine. A belacriança nasceu em 12 de outubro,Dia das Crianças, assim como AnaClara, filha de Andreza Luciene eFernando Torim. “Quando chegamos e vimos o

hospital – porque viemos de outro –,ficamos muito felizes em estar aqui.Para mim, a maternidade daqui é amelhor que já vi. Os profissionais são

Texto: Leandro HeringerFotos: Ramon Jader

Fernando Torim diz que foi uma experiência maravilhosa assistir ao parto de sua criança

Atendimento de qualidade com gestão participativaHospital Sofia Feldman, referência em partos normais, envolve a população, os trabalhadores e os gestores na administração da instituição

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Atendimento de qualidade

muito capacitados, tratam a gentesuper bem. No próximo filho, tentareiconseguir ver o parto todo. Acabei ton-teando um pouco”, relata Fernando,segurando o riso, ao lado de sua espo-sa Andreza, que conta com grande feli-cidade a sensação de ser mãe pela pri-meira vez. “Foi uma experiênciamaravilhosa! Não tem nem explica-ção. Nem precisou de corte.” Esses casais talvez não desconfiem

que por trás da qualidade do atendi-mento estão, além da estrutura hospi-talar e da competência e do acolhimen-to dos profissionais, um controle socialdiferenciado. Fundado em 1976, nobairro Tupi, na região norte de BeloHorizonte, o Hospital Sofia Feldmantem forte ligação com a comunidadelocal. O relacionamento vem desde seu

início, com doações e o firmamento deum compromisso: ser um hospital comparticipação efetiva da comunidade ecom atendimento totalmente público.“O hospital nasceu na comunidade, apartir do acordo que fiz com o funda-dor de que nunca tiraria o hospital dacomunidade. Essa participação é deprofunda importância no nosso traba-lho. A atuação da comunidade noSistema Único de Saúde (SUS) é umdireito constitucional. É a favor detodos”, declara o diretor administrati-vo Ivo de Oliveira Lopes.Nesse contexto, o controle social

funciona em duas vertentes, comoexplica Gislene Oliveira Nogueira,a referência técnica em serviçosocial e 1ª secretária da Fundaçãode Assistência Integral à Saúde:

“chamamos de controle social oConselho composto por uma divi-são paritária, sendo de 50% dosusuários, 25% dos trabalhadores e25% dos gestores do SUS, com umagestão participativa por meio daAssociação Comunitária. O contro-le social tem que estar inserido nasinstituições, pois ninguém controlao que não conhece. Assim, algumasferramentas em busca da excelên-cia são estabelecidas. “Utilizamosvários instrumentos para satisfaçãodo usuário. Percebemos onde teminsatisfação e conversamos”, desta-ca a conselheira.O tratamento especial, humaniza-

do e o carinho à gestante são perceptí-veis, prova disso é que aproximada-mente um terço dos partos em Belo

Mães, pais e bebês recebem atendimento humanizado no hospital

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Horizonte ocorrerem no Sofia. “Cercade 800 partos acontecem aqui. Temosuma rede ampliada. 40% dos usuáriosvêm de outros municípios. Temoscasas para mulheres que têm parto derisco”, aponta Gislene.Respeito e transparência

A participação efetiva do cidadãono hospital antecede a existência doConselho, estabelecido em 2006, comonarra Jorge Nolasco, presidente daAssociação Comunitária de Amigos eUsuários do Hospital Sofia Feldman(ACAU/HSF): “A Associação foi fun-dada em 1994, e fazemos controlesocial todos os dias, de segunda àsegunda. Nossa formação foi feita den-tro do Sofia, estamos aqui há 20 anos.

Criamos a Associação junto com odiretor administrativo e a comunida-de.” Para Nolasco, a maior conquistanesse processo foi mostrar às pessoasque “defendemos o usuário e o lema de100% Sistema Único de Saúde (SUS).Muitos projetos que conhecemos,como o médico da família, por exem-plo, já executamos há muito tempo. Acomunidade não aceita plano desaúde”, reforça. A construção e a consolidação

do controle social têm nos trabalha-dores parte reconhecidamenteimportante. Funcionária do hospitalhá nove anos e voluntária noConselho, representando os traba-lhadores, Marília Oliveira Santosfala sobre a mudança de percepçãodos trabalhadores em relação aocontrole social. “Quando foi criadoo Conselho, a visão do trabalhadorera de que o controle social iria con-

trolar o serviço sob uma ótica ruim.Com o passar do tempo, vimos quenão foi assim. Nossa visão mudou.O controle social envolve várioslados.” Sobre as implicações práti-cas, Marília destaca que, quando aparceria foi estabelecida, o própriotrabalhador começou a procurar oConselho. “Foi muito interessante.As relações interpessoais mudaram,melhoraram muito. Agora, todosparticipam, é a gestão participativa.O funcionário ficou mais motivado,se sentiu parte do sistema. Alémdisso, os trabalhadores também sãousuários.”A coordenadora técnica da

Ouvidoria da ACAU, Elen de FátimaMaria Santana, concorda com a repre-sentante dos trabalhadores sobre o tra-balho parceiro feito na instituição. Eladefine a ouvidoria como um canal decomunicação entre o trabalhador, ogestor e o usuário. “Como a comunida-de está aqui dentro, quem melhor queela para avaliar o hospital? Temos queescutar o usuário, senão fazemosações pelo que achamos certo, e nãopelo usuário. Também encaminhamos

Sofia Feldman é hospital amigo da criança

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elogios aos trabalhadores. É umaforma de o trabalhador saber que é elo-giado.” A necessidade de capacitaçãodo ouvidor é salientada por Santana.“Ouvidor é defensor do usuário e doSUS. Então, é preciso conhecer criti-camente o SUS.”Gestão participativa e controle

social são vistos, realmente, como for-mas complementares e interrelaciona-das, conforme comenta o presidentedo Conselho do HSF, Romeu deAraújo Pires: “Atuamos de formamuito parceira, quando formamos oConselho, já existia a Associação ecada um tem sua responsabilidade eseu trabalho. Nós, conselheiros,fomos muito bem recebidos e temostoda liberdade de atuar, acesso a todoo hospital e o visitamos semanalmen-te, além de termos reuniões mensais.Entrevistamos os usuários para saberdo atendimento; a relação do traba-lhador com o usuário é excelente.”“É fundamental a participação de

todos os envolvidos, gestores, traba-lhadores e cidadãos. O Sofia Feldmanestá de parabéns e é um exemplopara outras instituições”, declara odiretor da Gerência Regional deSaúde de Belo Horizonte, AntheroDrummond Júnior.Respeito e transparência entre

as partes são princípios estrutura-dores, como ressalta GisleneNogueira. “Questionou-se se o con-trole social deveria escutar tudo nagestão. Claro que sim. Não adiantasó falar em termos técnicos, temque ser aprendizado mútuo. Ousuário é que deve ser beneficiadocom a qualidade da assistência.” Se há outra forma de gerir sem

ser participativamente? Para o dire-tor administrativo Ivo Lopes, seriacomplicado, um grande desafio.“Hoje temos, depois de todos essesanos, uma gestão colegiada, e é pra-ticamente impossível trabalhar semeles. Não tem que esconder nada,tomamos juntos às decisões necessá-rias. O SUS é do povo. Apesar dasdificuldades financeiras, ele é basea-do em direitos.”

Sofia Feldman é hospital amigo da criança

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--As águas de MinasVigilância para garantir qualidade e controle da água consumida no estado

anhã de quinta-feira, em GovernadorVala da res, região Leste de Minas. Astécnicas que atuam na Vigilância Am -biental do município se preparam para

Texto: Keila MaiaFotos: Ramon Jader

Depois da coleta,a equipe deGovernadorValadares leva as amostras parao laboratóriomunicipal

mais um dia de trabalho. Pegam más-caras, luvas, frascos de vidro, total-mente esterilizados, e seguem parauma visita ao Serviço Autônomo de

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Água e Esgoto (SAAE) da cidade, ondevão coletar amostras de água tratada,verificando a qualidade do líquido quechega diariamente às milhares de resi-dência da cidade. A atividade faz partedas ações rotineiras determinadas peloVigiágua, programa do Ministério daSaúde que visa ao controle de qualidadeda água para o consumo humano. EmMinas, o programa está em funciona-mento desde 2006 e vem proporcionandomuitas melhorias em relação à água dis-tribuída nos 853 municípios do estado. “O Vigiágua envolve uma série de ati-

vidades que são realizadas por meio deparceria entre o estado e os municípios.Tudo começa com o cadastramento detodos os sistemas de abastecimento esoluções alternativas existentes em cadacidade. Isso é feito para que todos os ser-viços de distribuição possam ser monito-rados. A ideia central do programa é veri-ficar a qualidade da água tratada, já queaquela que não recebe tratamento é con-siderada imprópria para o consumohumano”, explica Maurício de FariaSoares, técnico da Vigilância Ambientalda Secretaria de Estado de Saúde deMinas Gerias (SES-MG). Em Governador Valadares, por

exemplo, são 24 pontos que, mensal-mente, recebem a visita das técnicas.Além desses locais, também é feito ummapeamento da cidade, determinandooutros lugares em que há maior concen-tração de pessoas, como hospitais,Unidades Básicas de Saúde, escolas,creches, entre outros, onde também éfeita coleta das amostras de água. “Aqui em nossa cidade, além das esta-

ções do SAAE, visitamos os pontos deSoluções Alternativas, que são, porexemplo, empresas e condomínios quedispõem de seu próprio sistema de abas-tecimento. Além disso, coletamos a águaem espaços de maior circulação de públi-co, colhendo amostras que vêm direto darua e também que passam por caixad’água”, explica Maria Célia AlvesFerreira, responsável pelo Vigiágua deGovernador Valadares. Dessa maneira, caso seja detectado

algum problema, é possível saber ondese deu o comprometimento da qualidade

Análises físico-químicas

e bacteriológicassão feitas noslaboratórios

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da água. Essa coleta aconteceem várias localidades da cidade,nos chamados pontos de inte-resse epidemiológico, e é feitaem todos os municípios, umavez que se trata de uma deter-minação do Vigiágua. Vigiágua

Colhidas as amostras, parte-se para a análise delas. É justa-mente nessa fase que se podeconstatar a existência de proble-mas. Em Minas, a maioria dosmunicípios não dispõe de labora-tório próprio, devido ao altocusto para implementá-los etambém por falta de estruturatécnica, e, por isso, o exame éfeito pela SES, nos laboratóriosimplantados nas 28 GerênciasRegionais de saúde (GRS). A Portaria nº. 518/2004, do

Ministério da Saúde, que regula-menta o Programa Vigiágua,determina que a realização deanálises físico-químicas (verifi-cando cor, turbidez, (pH), flúor ecloro residual livre) e bacterioló-gicas (avaliando apresença/ausência de colifor-mes), seja realizada por cadaSecretaria Municipal de Saúde,que deve encaminhar suas amos-tras para a GRS à qual pertence.“Temos um laboratório em

cada Gerência Regional deSaúde. Assim, qualquer municí-pio tem condições de saber comoestá a qualidade da água distri-buída à população num prazo dedois dias”, afirma Maurício.Algumas cidades, como Go -

ver nador Valadares, não enviamas amostras para serem analisa-das nas GRSs, pois contam comseus próprios laboratórios. Étambém o caso do município deContagem, na região Metro po -litana de Belo Horizonte, que hádois anos realiza os exames soli-citados para a Vigilância. “Aqui, realizamos o processo

São colhidasamostras que vêmdireto da rua e também que passampor caixa d’água

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11MinasSaúde

DOENÇAS RELACIONADAS COM O ABASTECIMENTO DE ÁGUA

Transmissão

Pela água

Pela falta de limpeza, higienização com água

Relacionada com a água

Associada à água

DoençasCólera, febre tifoide, leptospirose, giardíase,amebíase, hepatite infecciosa, diarreia aguda

Escabiose, pediculose (piolho), tracoma, conjuntivite bacterianaaguda, salmonela, trienríase, enterobiose,ancilostomíase, ascaridíaseMalária, dengue, febreamarela, filariose

Esquistossomose

Medidas para evitar Implantar sistema deabastecimento e tratamentoda água, com fornecimentoem quantidade e qualidadepara consumo, uso doméstico e coletivo.Proteção de contaminaçãodos mananciais e fontes de água.Implantar sistema adequadode esgotamento sanitário.Instalar abastecimento deágua preferencialmente comcanalização no domicílio.

Instalar melhorias sanitáriasdomiciliares e coletivas.Dar destinação final adequada aos resíduos sólidos.Controle de vetores e hospedeiros intermediários.

completo: cadastramos as fontes deabastecimento, coletamos as amos-tras, fazemos as análises em nossolaboratório e, depois, registramos osresultados no sistema de dados doMinistério da Saúde, o Siságua”, contaMaria Tereza Zanatta Coutinho,gerente de Vigilância em SaúdeAmbiental de Contagem.Além de lançar os dados no

Siságua e encaminhar para aSecretaria de Estado de Saúde, osmunicípios também informam osresultados das amostras para asempresas responsáveis pelo abasteci-mento de água, bem como para aque-les estabelecimentos que dispõem desoluções alternativas. Se forem detec-tados problemas com a qualidade daágua, é enviado ainda um ofício solici-tando que sejam tomadas as devidasmedidas para solucionar as falhas.“Quando é a GRS que faz a análise,

o resultado é encaminhado para aSecretaria Municipal de Saúde paraterem ciência da qualidade da água

consu mida e ainda para que elas pos-sam cobrar as providências dos seusfornecedores de água no caso de algu-ma irregularidade”, esclarece Mau rício.O foco do Vigiágua é verificar a

qualidade da água distribuída à popu-lação. Entretanto, em algumas situa-ções, também pode haver uma análi-se em residências. Os municípios tra-balham em parceria com as equipesde saúde da família, que informam àVigilância Ambiental sempre que hácasos de surto de diarreia ou deoutras doenças que possam ter sidoocasionadas pela água. Nessas situa-ções, a comunidade afetada é visita-da, para que se verifique de onde vema água consumida.“Em Contagem, muitas famílias

ainda utilizam água proveniente de cis-terna ou de outras fontes não adequa-das, sem saberem que aquele líquidopode estar contaminado. Nesses casos,oferecemos informação de comodevem usar cloro para tratamento ime-diato da fonte e orientamos as pessoas

sobre os perigos de consumir água nãotratada”, explica a técnica do municí-pio, Maria Tereza.Atendendo ao Vigiágua, estado e

municípios também promovemações de educação ambiental, com ointuito de conscientizar a populaçãosobre a importância da qualidade daágua para a saúde hoje e tambémdas futuras gerações. “Em um Estado como o nosso, com

853 municípios e uma extensão territo-rial do tamanho da França, instalaruma rede de laboratórios não foi tarefafácil. Hoje podemos dizer que a redeestá implantada e em operação, ga -nhando, com isso, uma resposta rápidapara desencadear ações corretivas noestado. Sabemos que muita coisa aindadeve se feita, mas os avanços consegui-dos até aqui foram significativos.Minas Gerais, hoje, pode se orgulharde uma Vigilância da Quali dade daÁgua para Consumo Humano definiti-vamente implantada”, destaca Mau -rício Soares.

Contagem é um dos municípios que realiza as análises em laboratório próprio

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objetivo do governo é, na verda-de, promover um chamado à popu-lação para que o estado não tenhaque enfrentar uma epidemia de den-gue. Em 2010 houve um aumentode mais de 300% no número de noti-ficações, em comparação a 2009,podendo chegar a mais de 500 milnovos casos em 2011, caso as açõesde prevenção e combate à doençanão sejam reforçadas.

De acordo com levantamentos daSES-MG, 80% dos focos se encon-tram dentro das residências, porisso, ações de mobilização social sãoferramentas estratégicas para com-bater a dengue, que só será vencidase cada indivíduo tomar para si aresponsabilidade pela eliminaçãodos focos do mosquito. Reunindo esforços do Governo

de Minas, Exército, Aeronáutica,

Ministério da Saúde, prefeituras,instituições privadas e sociedadecivil, foi lançado no dia 17 denovembro pelo GovernadorAntonio Anastasia, o ProgramaEstadual de Controle Permanenteda Dengue, que conta com ações demobilização social e propõe medi-das de combate aos focos do Aedesaegypti em órgãos públicos, indús-trias, comércio e canteiros de obras.

Texto: Silvane Vieira

Agora é guerra

12 Minas Saúde

“Agora é guerra. Todos contra dengue”. Esse é o slogan da nova campanha do Governo de Minas de combate à dengue

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Para o governador, Minas estádando um passo adiante. “Partindodo pressuposto de que a pessoas játêm informações sobre a doença,estamos agora focando numa mobili-zação maior. A palavra-chave dessaguerra talvez seja exatamente essa: amobilização. Estamos mostrandoque não basta a ação do governo, osanúncios na televisão, porque as pes-soas sabem o que devem fazer e mui-tas vezes não fazem. Então, temos demostrar a elas que é fundamentalfazer”, afirma Anastasia. De acordo com o secretário de

Estado de Saúde de Minas Gerais,Antônio Jorge de Souza Marques,dessa vez, o combate à dengue nãoserá tratado de forma sazonal, comovinha acontecendo, de certa forma,nos anos anteriores. O combate aosfocos do Aedes aegypti será realizadodurante todo o ano e no verão, perío-do de temperaturas mais altas e climachuvoso, o trabalho será intensifica-do, visto que a circulação do mosqui-to é maior nessa época. A intenção éque as ações se estendam até 2014,sem interrupções. “A gestão do pro-

blema ganhou contornos de umPrograma Estruturador. Vamos alo-car recursos de forma a melhorar agestão desse grave problema de saúdepública”, declara. O governo deMinas destinou para o primeirosemestre de 2011, cerca de R$60milhões para o combate à dengue. Força Tarefa

Como parte do ProgramaEstadual de Controle Permanente daDengue também foi criada a ForçaTarefa. Atuando nas áreas daAssistência, Comunicação eEpidemiologia, a Força Tarefa vaidesenvolver atividades de eliminação

dos focos do mosquito, a princípio,em 21 municípios mineiros, com ele-vado índice de infestação e de notifi-cação de casos. Belo Horizonte,Betim, Caetanópolis, Contagem,Coronel Fabriciano, Divinópolis,Governador Valadares, Ibirité,Ipatinga, Ituiutaba, Juiz de Fora,Montes Claros, Ribeirão das Neves,Sabará, Santa Luzia, Sete Lagoas,Teófilo Otoni, Timóteo, Uberaba,Uberlândia e Vespasiano receberãotodo apoio e infra-estrutura, por 15dias, para eliminar os possíveis focosde proliferação do vetor da dengue.A Força Tarefa é formada por 432

pessoas, sendo 200 soldados doExército, 40 da Aeronáutica e 192

Agora é guerraDÉBORA OZÓRIO

MARCELLA MARQUES

Criança em Juiz de Fora aprendesobre a dengue no almanaqueinfantil Edi e Gita

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agentes de saúde. Essas pessoas farãouma varredura nas áreas consideradasde risco, visitando casas, percorrendolojas comerciais e lotes baldios para eli-minar os possíveis focos do mosquito.Além disso, a Força Tarefa conta comdez ônibus para dar suporte às equipesde trabalho; 70 carros fumacê; 600bombas costais; nove caminhões(Dengue móvel) e 20 Dengômetros. As grandes inovações apresentadas

pela Força Tarefa são: o Denguemóvel e o Dengômetro. O Dengômetroé um espaço de convivência e acesso àsinformações sobre a dengue. Ele é ins-talado nos pontos de maior circulaçãode pessoas e em áreas de convíviosocial. Nos dengômetros, pessoas trei-nadas pela SES-MG alertam sobre aimportância da participação de todosna prevenção e controle da doença. ODengue Móvel, por sua vez, é umcaminhão que percorre os bair-ros trocando entulhos reci-cláveis por material esco-lar. Latas, garrafas petse pneus serão troca-dos por cadernos,borrachas elápis, paraestimular

a população a retirar de casa os objetosque possam acumular água e virarpossíveis criadouros do mosquito. Um bom exemplo de ação concre-

ta contra a dengue pode ser encon-trado em Ribeirão das Neves. A donade casa Marcelina da Silva VeigaSantana e o aposentado AfonsoXavier Santana, moradores da cida-de há 20 anos, afirmam que a dengueé uma preocupação constante nacasa deles. Marcelina garante quesempre faz o possível para manter adengue bem longe. “Além de mantero ambiente sempre limpo não deixonenhum objeto acumulando água.Até estou jogando fora os pratinhosdas minhas plantas, pois não querotrazer a dengue para dentro daminha casa”, conta. O marido de dona Marcelina,

Afonso Xavier, se considera um ver-dadeiro fiscal no combate à dengue,ajudando a esposa a eliminar qual-quer possível foco de proliferação domosquito. “Procuro ter precauçãocom tudo, inclusive com as vasilhasde água dos meus cachorros. E setem chuva, assim que ela para, vouolhando cantinho por cantinho paraque não permaneça nenhuma águaparada”, explica.Para o governador Antônio

Anastasia, se todo mundo agir comodona Marcelina e seu Afonso, vence-remos a guerra contra a dengue.“As pessoas já sabem o quedevem fazer para evitar adengue, agora preci-sam transformar

esse conhecimento em ação, partirpara a prática no combate ao mos-quito”, afirma o governador.Ações lúdicas

Outro destaque da guerra travadacontra a dengue é a peça “Um portodos e todos contra a dengue”, dogrupo teatral Saúde em Cena, forma-do por servidores da SES. O enredo éuma livre adaptação do clássico “Ostrês mosqueteiros”, de AlexandreDumas, que narra uma aventura umpouco diferente. Dessa vez, Athos,Porthos e Aramis têm um novo desa-fio: acabar com a mosquita MiladyGaga Dengue, da espécie Aedesaegypti, que deseja contaminar aspessoas com a doença e se tornaruma cantora lírica. E para ter suces-so na nova empreitada, os três “mos-quiteiros” vão precisar da ajuda detoda a comunidade.O coordenador do Núcleo de

Mobilização Social da SES-MG ,ator e diretor do grupo de teatroSaúde em Cena, Joney Fonseca,espera que o teatro consiga envolveras pessoas a ponto de fazê-las mudaros hábitos. “Ações de conscientiza-ção só, não bastam. O que precisa serfeito para combater a dengue todomundo já sabe. O que falta agora éque as pessoas tomem para si a res-ponsabilidade pela prevenção”, afirma.

Ônibus da força tarefa

OMAR FREIRE

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A apresentação integra as ações daForça Tarefa de Combate à Dengue,que rodará cidades do interior do esta-do nos próximos meses integrando asações de mobilização do ProgramaEstadual Permanente de Controle àDengue, lançado em novembro.Outras estratégias que despertam

para a importância de se prevenir adengue todos os dias são o manual docombatente e o almanaque infantilEdi e Gita. Voltado para liderançascomunitárias, o manual do comba-tente traz informações valiosas paraa prevenção e controle da dengue –como verdades e mentiras a respeitoda doença e dicas de como eliminaros focos do mosquito. Já o almana-que Edi e Gita ensina às crianças,com uma linguagem simples e diver-tida, todo o ciclo da dengue e o queelas podem fazer para ajudar a man-ter a casa livre do problema.Essas estratégias promovem a des-

contração ao mesmo tempo em quedisseminam conhecimento para aspessoas, que passam a entender adoença como um assunto sério que,independente da idade ou classesocial. “Ações de mobilização social,como essas, são estimuladas com ointuito de conquistar o apoio do cida-dão, principal aliado nessa luta, e des-pertar em cada um o envolvimento nacausa”, comenta o Superintendentede Epidemiologia da SES-MG,Francisco Lemos. O secretário Estadual de Saúde,

Antônio Jorge, reforça a atitude mili-tante e a necessidade de mobilizaçãodos moradores para eliminar a den-gue. “A dengue é uma questão desaúde pública, que envolve os cida-dãos e o governo. Esta guerra serápermanente e para alcançarmos avitória será necessário que todoscolaborem”, afirma.Dengue entra em campo

A “Guerra contra a Dengue”ganhou grandes aliados com a entra-da dos principais clubes de futebol deMinas na jogada. Antes das partidasem solo mineiro, são realizadas

ações educativas, com a participaçãodos mascotes dos clubes – Coelhão,Galo Doido e Raposão , para alertaraos torcedores para os perigos dadengue e mobilizá-los a fim de se evi-tar que a doença se transformenuma epidemia no Estado. As ações dos clubes em conjunto

com a SES, no entanto, não ficarãorestritas aos estádios. Jogadores doAmérica, Atlético Mineiro e Cruzeirogravaram pequenas chamadas, paraserem veiculadas na TV, com apelos einformações acerca da doença. O América, durante a temporada

última temporada (2009) doCampeonato Brasileiro da Série B,teve que jogar sem um dos principaisatacantes do time. Fábio Júnior tevedengue e ficou longe dos gramados porum bom tempo. “Eu já tive a doença esei muito bem como ela nos debilita.Por isso é importante que todostenham um cuidado maior e combataa dengue”, conta o jogador.

Wellington Paulista, atacante doCruzeiro, passou por uma situaçãosemelhante há um tempo. “Quandomorei no Rio de Janeiro, houve umaepidemia forte. Todo mundo passoua se cuidar, fazer a sua parte.Tomara que aqui aconteça igualpara que a doença não se alastremais”, lembra.O goleiro do Atlético, Renan

Ribeiro, concorda com os colegas econsidera fundamental somar forçasnessa guerra. “O combate à Denguenão pode ser de um ou dois, tem queser uma ação de várias pessoas, poiscombater esse mal é tarefa de todos”.Com as ações envolvendo o futebol,

a SES-MG espera alcançar um núme-ro maior de pessoas de modo que cadaum tome para si a responsabilidadepela prevenção e transforme em rotinaa limpeza de tudo que possa ser foco deproliferação dos mosquitos, afinal a“Guerra contra a dengue” deve seruma batalha de todos.

ANDRÉ BRANT

Apresentação do grupo deteatro Saúde em Cena

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Brasil é o quinto país no mundo quemais utiliza as redes sociais, com35,221 milhões de usuários, confor-me dados de agosto de 2010, da

empresa de análise de mercado digi-tal comScore. Acima do Brasil estãoapenas os Estados Unidos, em pri-meiro lugar, com 174,429 milhões deusuários, depois a China, com 97,151milhões, Alemanha, com 37,9 mi -lhões e a Rússia em quarto lugar,com 35,3 milhões.

Em todo mundo, o número deadeptos às redes sociais subiu 23%,totalizando 945,040 milhões em julhodeste ano, no ano anterior eram770,092 milhões de pessoas conecta-das às redes sociais.

Atenta a essa nova realidade, aSecretaria de Estado de Saúde deMinas Gerais (SES-MG) lançoumão das ferramentas digitais na lutacontra a dengue. Perfis no Twitter,criação do jogo virtual DengueVille, utilização do blog MinasContra a Dengue, criação de umhotsite específico com informações

Texto: Ricarda CaiafaFotos: Pedro Cisalpino

O Dengue Ville atraiu milhares de usuários do Orkut

Eliza Braz Cota, de9 anos, é estudantedo 4º ano e adorajogar Dengue Ville

Redes sociais nocombate à dengueOrkut, blog, Twitter são alguns dos recursos digitais que entraram na luta

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Eliza Braz Cota, de9 anos, é estudantedo 4º ano e adorajogar Dengue Ville

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sobre a dengue e comunidades noOrkut foram alguns exemplos.

Além de informar sobre as açõesda SES, o uso dessa nova estratégiaestabeleceu uma maneira peculiarde interagir com o cidadão, queagora, além de ser beneficiado pelasações produzidas pela Secretaria,pode, em tempo real, comentar, par-ticipar e divulgar as informações eesclarecer dúvidas.

Para atingir os jovens, públicoque reserva grande boa parte do diapara a internet, estabelecendo rela-ções e adquirindo conhecimentospor este meio, é necessário muitacriatividade, e as mídias sociais têmessa característica.

Para tanto não faltou inventivida-de à SES, que criou perfis no Twitter(@saudemg, @mgcontradengue),onde a informação é divulgada em,no máximo 140 caracteres, demaneira dinâmica, imediata, man-tendo, assim, o público fica perma-nentemente informado.

Outra ferramenta digital utilizadafoi o blog sobre a dengue(dengue.saude.mg.gov.br), que ofereceao cidadão a oportunidade e os instru-mentos para que ele seja também ummobilizador, já que pode divulgar açõescontra a doença da cidade onde mora,com textos e fotos e também acompa-nhar e comentar outras ações que este-jam acontecendo em saúde.

Para Kátia Báo, integrante dogrupo de teatro Saúde em Cena daSES, as redes sociais contribuempara a mobilização social por seremum meio que possibilita a aproxima-ção de milhões de pessoas. Alémdisso, as redes funcionam comouma fonte de informação para mui-tos desses usuários. “Grande partedos consumidores utiliza as redessociais como meio de busca deinformações, e a parceria com essasredes sociais é um ponto-chavepara nós, mobilizadores, desenvol-vermos questões sobre a dengue etornarmos as ações mais efetivasdevido à participação dos formado-res de opinião. É o meio que tem o

poder de influenciar pessoas, e issoé um ponto forte para a mobilizaçãosocial”, explicou ela.Dengue Ville

O principal projeto de inserçãoda saúde nas mídias sociais, foi oDengue Ville, aplicativo instaladono Orkut. Implantado no dia 16 demarço de 2010, o social game rece-beu, somente nas duas primeirashoras de existência, mais de 600acessos. O motivo da grande utiliza-ção dessa ferramenta é que os usuá-rios de internet brasileiros são osque mais navegam em sites de rela-cionamentos, conforme dados doIbope Netratings e NielsenCompany Global Faces andNetworked Places.

Resultados de uma pesquisa dainstituição citada divulgados emagosto de 2010 traçam um perfilsobre esses usuários. Das pessoasque acessam as redes sociais, 98%utilizam a internet do próprio domi-cílio e 54% acessam a rede mais deuma vez ao dia. Já em relação às fai-xas etárias, o público de 12 a 24 anosrepresenta 24% desses usuários, omesmo do social game produzidopela SES-MG.

Uma outra pesquisa, da mesmainstituição, indica que campanhason-line, partindo de blogs ou redessociais, têm um impacto 500 vezesmaior do que se a campanha partis-se do site da própria entidade.

O Dengue Ville funciona de manei-ra bem simples e dinâmica. Para come-çar, o usuário escolhe, dentre quatroavatares, qual será o seu personagem.O game é composto de oito cenários(casa, quintal, interior da casa, rua,lote vago, praça, prédio comercial, par-que), além do posto médico, nos quaiso jogador tem a missão de combater osfocos de dengue.

Ao clicar em objetos como pneus,vasos de plantas, garrafas pet, vasilha-mes de comida de animais e calhasd’água, entre outros, o jogador vai eli-minando os focos e pontuando.

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Também é possível ajudar outros ami-gos que também participam do jogo eassim, ir aumentando a pontuação.

Para cada tarefa realizada o usuá-rio recebe uma mensagem educativasobre prevenção da dengue, o que esti-mula e conscientiza o usuário sobre overdadeiro sentido do social game, queé combater a dengue em casa, na vizi-nhança, na escola e no círculo de con-vivência. Para Kátia Báo, esse aspecto,além de educar o jogador, alerta sobrefocos desconhecidos do Aedes, “por-que, você passa a identificar, além dosfocos mais comuns, como vasos deplantas, pneu e piscina, outros que sãodesconhecidos para muitas pessoas,como vaso sanitário, bromélias e ban-deja externa de geladeiras”, completou.

À medida que o internauta elimi-na os focos de Aedes aegypti, e exe-cuta as tarefas daquela etapa, elesobe de nível: iniciante, recruta dasaúde, caçador de focos, herói dobairro, até o décimo: o "extermina-dor da dengue".

Outra característica estimulantedo joguinho é que, caso o usuáriofique alguns dias sem jogar, aoretornar, deverá se dirigir a umaUnidade Básica de Saúde (UBS),já que seu avatar fica com dengue,pois ele não combateu a doençatodos os dias. Ao chegar ao posto desaúde, o usuário lê uma mensagemsobre o que fazer para se cuidar emelhorar. Depois de 15 minutos, oavatar retoma a aparência saudávele então é possível continuar caçan-do os focos de dengue.

Eliza Braz Cota, de 9 anos, éestudante do 4º ano e juntamentecom a mãe e a irmã mais nova,jogam Dengue Ville todos os dias.“Fiquei sabendo do jogo por minhamãe e desde então jogo sempre. Jáestou no 6° nível. Quando não possojogar, minha mãe joga pra mim, poisnão quero pegar dengue”, entusias-ma-se a estudante.

Eliza conta, ainda, que antes dojogo ela não sabia direito como seprevenir da dengue, mas que depoisaprendeu a evitar a doença. “Desde

que comecei a jogar, estou maisesperta. Agora não deixo água para-da em casa e sempre lembro minhamãe sobre isso. Falo com meus cole-gas sobre a dengue e também jácomentei com meus amigos e commeu primo, que já teve dengue,sobre o jogo. Temos que nos preve-nir, porque a dengue mata, entãotemos que ficar espertos”, relatou aconsciente menina.

Somente nos meses de abril e maiodeste ano o Blog Minas Contra aDengue teve 12.831 acessos, númeroum pouco superior ao HotSiteInfluenza, com 12.508 acessos.

Já o Twitter Saúde MG, contava,até maio de 2010, com 1.047 seguidorese, até abril do mesmo ano, foi atualiza-do 1.133 vezes. Com relação aoDengue Ville, os números são aindamais impressionantes, pois desde o dia16 de março até o fim de julho, cerca deum milhão de usuários participavamdo social game. Comunidade Escolar

Maria Suely Rocha é professora deHistória para 6ª e 7ª série na EscolaEstadual Dr. Simão Tamm BiasFortes, no Bairro Havaí, em BeloHorizonte. Antenada às novas tecno-logias, ela acredita no caráter infor-mativo e instrutivo das redes sociais eajudou a divulgar o social game paraseus alunos. Segundo ela, o resultadofoi imediato. “Logo após ter contadopara meus alunos sobre o DengueVille, eles começaram a interagir como jogo, a identificar os possíveis focosde dengue na escola, na casa deles enos vizinhos.”

Ela afirmou que a escola já vinharealizando um trabalho de conscien-tização sobre a dengue, mas que pelojogo o combate se tornou mais con-creto e efetivo junto à comunidadeescolar. “A ideia do Dengue Ville foiuma ótima iniciativa. Aqui na escola,por exemplo, em um trabalho sobrea Dengue, um aluno criou umamaquete inspirada no jogo, que ficouperfeita”, disse.

Para a mobilizadoraKátia Báo as redes

sociais ajudam a aproximar

idéias e pessoas

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Mobilização nas redes sociaisARTIGO

Frederico VieiraRelações públicas e jornalista - Consultor em

Mobilização Social da Secretaria de Estado de Saúde

tram, intercruzam, tecem discursosou nem isso: apenas acompanhamcomo voyeurs “a trajetória domundo”, por meio de interfaces digi-tais. Como se diz: “na internet, dá detudo”, sobre o que conjugaria “nainternet, dão de tudo”, pois as relaçõesvirtuais inexistem sem pessoas parapraticá-las. O que se quer “dar a ver”na rede, tornar publicamente visível,nasce de um atributo constituinte dosujeito: a vontade. Movidos pelo livrearbítrio, desnudamos a vontade emposts, scraps, troca de-mails; estabele-cemos conexões.

Sendo a mobilização social umprocesso gregário, que visa coletivizarproblemas de interesse público e vin-cular pessoas num movimento que sedirija para uma causa comum, natu-ralmente as redes sociais se tornamferramentas estratégicas de comuni-cação. Existe uma definição importan-te que Bernardo Toro e NísiaWerneck, estudiosos da mobilizaçãosocial, oferecem ao conceito: “mobili-zar é convocar vontades para atuar nabusca de um propósito comum, sobuma interpretação e um sentido tam-bém compartilhados”.1

Percebemos a centralidade dotermo “vontade” neste contexto, ele-mento que move o sujeito para aação transformadora da realidadeque o cerca.

Considerando que toda mudançade realidade desejada é, em si, umavirtualidade, um vir a ser, se torna evi-dente a aproximação entre a vidainternauta e a mobilização social inloco, presencial. Reunindo sujeitospara além das fronteiras geográficas;tornando as trocas mais rápidas econstituindo relações colaborativas, o

Facebook completou em março de2010 seis anos de existência; em poucotempo se tornou o segundo site maispopular da internet, perdendo apenaspara o Google. Considerada a maiorrede social on-line do mundo, aoFacebook estão conectadas mais de350 milhões de pessoas. Para se teruma ideia, apenas a China e a Índiatêm população maior que isso.

Além do Facebook, inúmerasoutras comunidades se multiplicam noespaço virtual, cuja lógica se tornacada vez mais colaborativa. Exemplodisso é o crescimento do uso de ferra-mentas wiki. Disponíveis para livrepostagem de conteúdos, elas permitemconsolidar informações de múltiplasfontes, numa espécie de obra escritacoletivamente, em grande parte poranônimos. Sob esse ponto de vista, ainternet produz uma modificaçãoradical na forma de registro da passa-gem do homem pela Terra; quemconta a história são indivíduos, comu-nidades, tribos e grupos. E o armaze-namento dos dados – a memória – estádisponível a qualquer tempo, basta cli-car. Sem discutir o mérito dessamudança, é fato inegável: o acesso àsinformações de interesse público,antes restritas ao domínio das elitesintelectuais, políticas e econômicas,ampliou-se. O ciberespaço é umaarena democrática.

Por traz das postagens em blogs etwitters existem sujeitos que comparti-lham, sejam informações qualificadasou banais; opiniões embasadas emreflexões teóricas ou manifestações dolivre pensar. Entre os limites do exibi-cionismo e das mais inovadoras pes-quisas científicas, há um espectro devocalizações. São vozes que se encon-

uso das redes sociais pode influenciar,e muito, o fortalecimento da perspecti-va transversal da mudança.

Há exemplos de processos demobilização que tiveram início nomeio virtual e que desembocaram emuma mobilização face a face, conduzi-da por lideranças que ocuparam oespaço da internet. O Projeto FichaLimpa, que se tornou LeiComplementar 135, é uma experiên-cia recente: dois milhões de cidadãossubscreveram o abaixo-assinado on-line favorável ao Projeto de Lei de ini-ciativa popular 2, sem contar as inú-meras comunidades “Ficha Limpa já,eu apoio!!” ou “Ficha Limpa neles”.Destacam-se também organizaçõescomo o MCCE, Movimento deCombate à Corrupção Eleitoral, e aTransparência Brasil, centralidadesde produção de conteúdo e de açõesmobilizadoras que ganharam a cenanacional não exatamente pelos tradi-cionais meios de comunicação demassa, mas pela mensagens dirigidasaos públicos internautas. A causa domovimento nas redes sociais estáclara: o combate à corrupção.

Nesse sentido, quando se pensa emSaúde Coletiva, não se pode desconhe-cer a potencialidade dessas ferramen-tas. Sabemos que o campo de trabalhona promoção, prevenção e assistênciada Saúde Coletiva é vasto, como étambém vasto o universo das redessociais. Há questões importantes aserem enfrentadas, como a da mortali-dade materna e infantil, a das doençasendêmicas tais como a dengue, alémda melhoria das condições de sanea-mento básico. E isso não se faz apenascom instrumentos técnicos adequados,equipamentos e profissionais qualifica-

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dos. É preciso mobilizar os cidadãosnos espaços de interação presenciais evirtuais, já que, em geral, a causa dosprojetos e programas com foco emSaúde Coletiva é a defesa da vida,direito maior de todo ser humano.

Aqui destacamos o diálogo face aface como uma ferramenta essencialao trabalho dos profissionais daSaúde. Panfletos, cartilhas, folderes,cartazes, sites, blogs, Twitter,Facebook, Orkut, Messenger, entreoutros, podem ajudar a mobilização aacontecer. Mas uma boa conversa,olhos nos olhos, além de convencer, étambém capaz de mover para a ação.Por isso, os agentes da saúde podempromover ações de mobilização socialnas escolas, clubes, associações e igre-jas de sua área de abrangência. O quesignifica operar em rede, onde a cola-boração é a tônica do que se faz.

Finalmente, cabe destacar anecessidade das parcerias. Parceriasignifica criar vínculos de continui-dade na relação entre os atoressociais e o projeto ou programa demobilização, numa visão de longoprazo. A interação que rende benefí-cios mútuos para as partes envolvi-das tem maior chance de atingir onível de corresponsabilidade das pes-soas com a causa do movimento.Identificamos a atuação correspon-sável quando o trabalho dos agentese seus parceiros gera um sentimentode solidariedade que passa a envol-ver reuniões, encontros, mutirões,visitas e outros espaços da experiên-cia social cotidiana, incluindo o cibe-respaço. É pela corresponsabilidadeque o discurso se torna prática per-manente, e as relações entre os sujei-tos mais amplas e democráticas.

1TORO A., Jose Bernardo & WERNECK, NísiaMaria Duarte. Mobilização Social: Um modo deconstruir a democracia e a participação. Brasília:Ministério do Meio Ambiente, Recursos Hídricose Amazônia Legal, Secretaria de RecursosHídricos, Associação Brasileira de EnsinoAgrícola Superior - ABES, UNICEF, 1996, 104 p.2 A iniciativa foi subscrita por 1,3 milhão de eleito-res, número que subiu para 1,7 milhão no momen-to em que o Projeto estava sendo aprovado pelaCâmara dos Deputados, aos quais se agregaramdois milhões de assinaturas on-line.

Star Plic – jogo didático quesimboliza a mobilização e aunião das diferenças

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--Casas oferecemacolhimentoàs mães

iminuição da mortalidade mater-noinfantil e atendimento aindamais qualificado e humanizadosão alguns dos resultados jáalcançados com a criação dasCasas de Apoio à Gestante naRede Fhemig, há cerca de doisanos. Atualmente, elas funcionamem quatro unidades: no HospitalJúlia Kubitschek e naMaternidade Ode te Valadares(Belo Horizonte), no HospitalRegional Antônio Dias (em Patosde Minas) e no Hospital RegionalJoão Penido (em Juiz de Fora).

As Casas da Gestante oferecemàs mulheres que passam por umagravidez de risco e às mães debebês internados na UTI Neonataluma estrutura domiciliar, bem dife-rente do ambiente hospitalar. São

dez acomodações mobiliadas, comquarto, cozinha, sala e banheiro.Outro diferencial é a assistênciaintegral às mães e aos bebês, feitapor uma equipe multidisciplinar –composta por médicos, enfermei-ros, técnicos, psicólogos, assisten-tes sociais, nutricionistas, fonoau-diólogos e fisioterapeutas.

Enquanto está na Casa, a mãetambém recebe todas as orienta-ções necessárias para cuidar deseu filho, desde a amamentaçãoaté os cuidados necessários e pró-prios de cada recém-nascido.Essas orientações ainda abrangema gestação, o trabalho de parto, oparto e o puerpério. Para isso, sãoformados grupos educativos e tera-pêuticos com a participação detoda a equipe. Além disso, as

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Texto: Michèlle de Toledo Guirlanda Fotos: Andrei Gomez 

Gestantes e bebês recebem acolhimento e carinho em casas implantadas pela rede FHEMIG

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Janete Godoi e o filho Vítor na UTINeonatal do HJK. Hoje, ele está em casa, e

é uma criança tranquila e saudável

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Casas oferecem uma programaçãode atividades de entretenimento,como oficinas de artesanato.Vantagens da Casa da Gestante

O maior benefício das Casas daGestante foi o estreitamento do vín-culo entre mãe e filho, o que propor-ciona melhorias clínicas perceptí-veis ao longo do tratamento. “Amédia de internação dos bebês pre-maturos tem diminuído desde aimplantação da Casa, facilitando aparticipação ativa da mãe no atendi-mento ao seu filho. Ela recebe todasas orientações necessárias de comocuidar do bebê, trazendo uma maiortranquilidade para ambos”, explicaa gerente assistencial TerezinhaFinamore, da Maternidade OdeteValadares (MOV).

A psicóloga Elaine CândidoPinheiro, da MOV, acrescenta que aCasa é fundamental para fortalecero vínculo materno: “A Casa facilitoumuito o vínculo dessas mães com osfilhos, diminuiu o cansaço e a ansie-dade delas. Sem falar que a criança,quando já está amamentando, serecupera mais rápido com as mama-das regulares”.

Cerca de 300 mulheres já sebeneficiaram da Casa da Gestanteno Hospital Júlia Kubitschek (HJK).A maternidade desse hospital é refe-rência estadual em gestações de altorisco, atendendo não só à região doBarreiro, que faz parte de BH, mastambém aos municípios de seuentorno. O HJK tem se destacado noatendimento às adolescentes grávi-das, já que também conta com aCasa da Criança e do Adolescente.

“Fico mais tranquila ao lado demeu filho, sei que estou ajudandona recuperação dele, que nasceucom apenas 27 semanas, compouco mais de um quilo. Moro acerca de 100 km daqui, não teriacomo vê-lo com tanta frequência”,confirma a mãe de Francisco,Telma Baeta Lacerda, deConselheiro Lafaiete. Ela está naCasa da Gestante do Hospital JúliaKubitschek, onde nasceu seu filho,no dia 15 de agosto.Aumento da demanda

Por ser um serviço relativa-mente novo na Rede, a demandatem crescido muito nos últimosmeses, vinda de várias regiões doestado. No Hospital RegionalJoão Penido, é comum receberem

Janete e Edna contam com acompanhia da técnica de

Enfermagem Rosineide CristinaTeixeira, uma das plantonistasdas Casas que acompanham

diariamente as mães

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gestantes e mães da zona ruralpróxima a Juiz de Fora. “Àsvezes, onde elas estão, não temum atendimento próprio paracada caso, e o acesso às unidadesde saúde é difícil em situações deemergência. Aqui, elas são moni-toradas 24 horas por dia por umaequipe especializada, o que garan-te sucesso na maioria dos casos”,conta a assistente social DaisyAguiar de Castro.

A primeira Casa inaugurada foia do Hospital Regional AntônioDias, em Patos de Minas, em 2008.“As mães afirmam que o atendi-mento é ótimo. Os funcionários seinteressam e compartilham o sofri-mento delas, fazendo com que aapreensão – comum nesses casos –seja amenizada e elas fiquem maisseguras para viver esse momento”,revela a coordenadora da Casa,Katiúscia Celestino.

A mãe de Heitor, JaquelineAbadia, veio de Patrocínio quandoo bebê estava para nascer, comapenas 27 semanas. Ele veio ao

mundo com inacreditáveis 675gramas e precisou ficar um bomtempo no hospital até ser liberado.Enquanto Jaqueline está na Casada Gestante, acompanhando arecuperação de seu filho, DalianaRuas Pereira saiu de Santiago,(distrito de Patos de Minas) paradar à luz Rafaela, que nasceu com26 semanas e já passou por duascirurgias. “Me sinto bem ao ladode outras mães que dividem comi-go esta experiência. Não sei o queseria de nós sem este acolhimen-to”, conta.Carinho de mãe

Vítor é o exemplo de comocarinho e assistência podem sergrandes aliados numa difícilbatalha. Ele nasceu com 27semanas, 1.030 gramas e 32 cen-tímetros, no dia 10 de novembrode 2009. Começava ali para amãe, Janete Oliveira SoaresGodoi, uma “temporada” de maisde quatro meses acompanhando,

dia a dia, todas as pelejas pelasquais Vítor passou.

Foram quatro cirurgias, váriasinfecções e pneumonias. A pri-meira operação aconteceu quan-do ele tinha apenas cinco dias,com 900g. “Não tinha como virtodos os dias e, ao mesmo tempo,queria ficar ao lado dele. Sei queisso foi importante, a melhora foirápida, tendo em vista tantos pro-blemas. A Casa da Gestante foiuma das melhores coisas que cria-ram. A gente participa, se ajuda,se sente útil no tratamento dopróprio filho”, diz Janete.

Vítor não teve nenhuma seque-la dos dias difíceis. Hoje pesaquase sete quilos e é um meninotranquilo e alegre, que cativa atodos por onde passa. “Só nãogosta de ficar sozinho”, revela amãe. Afinal, ele nun ca ficou sozi-nho desde que nasceu.

Enquanto aguardam a chegada dos filhos, as gestantescompartilham um espaço detranquilidade e segurança

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Estes fatores são marcantes no trabalho do Laboratório Intermunicipal de Análises Clínicas da Acispes

tualmente, dos 853 municípios minei-ros, cerca de 700 possuem menos de20 mil habitantes. Por isso, para que sealcance a eficiência e a racionalizaçãona área de análises clínicas, é necessá-rio que exista cooperação entre gesto-res públicos, de modo a viabilizar aimplantação de laboratórios comabrangência microrregional que con-centrem a produção de exames devários municípios, alcançando a escalanecessária para a automação e oganho em eficiência e economia.

Visando então a otimização derecursos e a eficiência na atençãoprestada aos usuários do SistemaÚnico de Saúde em Minas Gerais, aSecretaria de Estado de Saúde(SES) desenvolveu o projeto daRede de Apoio Diagnóstico emAnálises Clínicas, que se fundamen-ta nos princípios de escala, escopo,qualidade e acesso.

Aceitando o desafio de integraro projeto piloto da Rede de ApoioDiagnóstico em Análises Clínicasda SES, a Agência de CooperaçãoIntermunicipal em Saúde Pé daSerra (Acispes) inaugurou, em2007, o Laboratório Intermu nici -pal de Análises Clínicas Acispes,que em 2010 atendeu mais de 42mil pacientes e realizou mais de286 mil exames.

O Laboratório, que tem umaprodução mensal de 35 a 40 milexames, veio sanar uma necessida-de dos municípios associados àAcispes, que é proporcionar àpopulação exames laboratoriaiscom qualidade, rapidez e baixocusto, evitando a subutilização deequipamentos e  melhorando oatendimento ao usuário, que já nãoprecisa se deslocar para cidadesmaiores para ser atendido.

Com o sistema do Laboratórioda Acispes, as amostras são coleta-das nos municípios e encaminha-das para a sede, localizada em Juizde Fora, pelos veículos que fazemparte do Sistema Estadual deTransporte em Saúde daSecretaria de Estado de Saúde de

Texto e Fotos:Marcella Marques

Qualidade, eficiência e agilidade

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No LaboratórioIntermunicipal deAnálises ClínicasAcispes são realizados,em média, 35 a 40 milexames por mês

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Minas Gerais. No laboratório sãorealizados testes hematológicos, bio-químicos, hormonais, imunológicose sorológicos, microbiológicos, para-sitológicos e urinálises.

Segundo Leandro GonçalvesMartins, supervisor do laboratório,desde a fundação da instituição, o desa-fio de promover uma assistência cadavez melhor sempre fez parte do dia adia do laboratório. “Graças ao esforçoe à determinação de toda a equipe, con-seguimos implementar neste ano siste-mas de gestão da qualidade, programasde capacitação na área de análises clí-nicas e adquirimos equipamentos deúltima geração, aumentando a capaci-dade de assistência e principalmente aqualidade dos diagnósticos”, enfatizou.

O Laboratório Intermunicipal deAnálises Clínicas Acispes, atende atual-mente 18 municípios e quatro serviçosde saúde; em 2009 eram atendidos 10municípios e quatro serviços de saúde.

Para Paulo Mendes Soares, atualpresidente da Acispes e prefeito deEwbank da Câmara, falar doLaboratório Intermunicipal é umprivilégio e uma grande alegria.“Além do aspecto da economia, jáque na maioria das vezes realizamosexames abaixo da tabela do SistemaÚnico de Saúde (SUS), um dos prin-cipais benefícios de nossa instituiçãoé a agilidade de resposta. Posso dizerque, se não for o mais importante, oLaboratório é um dos serviços ofere-cidos pela Acispes que mais benefí-cios proporciona aos usuários. Aeconomia, a qualidade e a eficiênciano atendimento são fatores que con-sideramos primordiais”, assegurou.

De acordo com Paulo, não são ape-nas os municípios consorciados àAcispes que podem usufruir dos servi-ços ofertados pelo LaboratórioIntermunicipal. “Municípios que nãofazem parte da Acispes tambémpodem realizar análises no laboratório,com o mesmo custo que para os con-sorciados. Temos capacidade para rea-lizar os atendimentos e assim evitamosociosidade”, salientou.

28 Minas Saúde

No Laboratório são realizados testes hematológicos, bioquímicos, hormonais, imunológicos e sorológicos, microbiológicos, parasitológicos e urinálises

O Laboratório surgiu da necessidade dos municípios associados à Acispes de proporcionarem à sua população exames laboratoriais com qualidade, rapidez e baixo custo

QUADRO 1 – MUNICÍPIOS E UNIDADES ATENDIDAS

Unidades Atendidas - 1º Semestre 2009Municípios e outros Atendimentos

. Aracitaba

. Belmiro Braga

. Chácara

. Coronel Pacheco

. Ewbank da Câmara

. Goiana

. Matias Barbosa

. Oliveira Fortes

. Piau

. Rio Novo

. Centro CTA

. Hospital HMTJ

. PAM Marechal

. Programa Mais Vida

Unidades Atendidas - 1º Semestre 2010Municípios e outros Atendimentos

. Andrelândia

. Aracitaba

. Arantina

. Belmiro Braga

. Bias Fortes

. Chácara

. Coronel Pacheco

. Ewbank da Câmara

. Goiana

. Levy Gasparian - RJ

. Matias Barbosa

. Oliveira Fortes

. Piau

. Rio Novo

. Rio Preto

. Santana do Deserto

. Sapucaia – RJ

. Senador Cortes

. Hospital HMTJ

. PAM Marechal

. Programa Mais Vida

. UPA 24h Santa Luzia

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Atendimento de primeira

Aos 80 anos, Otávio AlvesCabral, morador de Cam pes tre,zona rural de Oliveira Fortes, é umdos pacientes do Mais Vida, progra-ma atendido pelo Laboratório daAcispes. Com essa parceria, osenhor, que, devido à idade, já apre-senta alguns problemas de saúde quedificultam sua locomoção, tem todoconforto e facilidade para a realiza-ção de exames laboratoriais.

As amostras são colhidas noCentro Mais Vida, que funciona nasede da Acispes em Juiz de Fora, portécnicos do laboratório. Para chegarao local, Otávio é transportado nomicroônibus do SETS, com todo con-forto e segurança. "Já estou maisvelho e, por causa das dores, não con-seguiria mais andar a pé até o postode saúde do município em que moropara fazer um exame de sangue, jáque minha casa fica longe, na roça.Aqui eu venho em um ônibus, muitobem acomodado, e ainda posso trazeruma pessoa para me acompanhar. Eo pessoal que tira o nosso sanguetambém é muito bom, nem dói", con-tou Otávio Cabral. Após as amostrasserem analisadas, os resultados dosexames dele serão disponibilizados nainternet e, dentro de 24 horas, podemser retirados na Unidade Básica deSaúde de Oliveira Fortes.

Trabalhando com um sistema labo-ratorial informatizado, o LaboratórioIntermunicipal de Análises ClínicasAcispes permite que a solicitação doatendimento, a identificação do pacien-te e da amostra com código de barras,o acompanhamento do status da análi-se e a impressão dos resultados na pró-pria Unidade ou município solicitantesejam realizados via internet, por meiode uma senha, evitando assim desloca-mentos desnecessários.

A proposta do Laboratório é entre-gar o resultado dos exames em até 24horas, a não ser que estes demandemtempo maior ou tenham que ser reali-zados no laboratório de apoio, localiza-do em São Paulo. “Atualmente 98%O Laboratório surgiu da necessidade dos municípios associados à Acispes de proporcionarem

à sua população exames laboratoriais com qualidade, rapidez e baixo custo

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QUADRO 2 - RELATÓRIO DE PRODUÇÃO

1º SEMESTRE 2009 X 1º SEMESTRE 2010 - PRODUÇÃO1º Semestre 2009 Crescimento 1º Semestre 2010Mês Produção % Mês ProduçãoJaneiro 17.063 exames 65,82% Janeiro 28.295 examesFevereiro 17.133 exames 48,88% Fevereiro 25.509 examesMarço 25.421 exames 62,78% Março 41.382 examesAbril 21.196 exames 78,63% Abril 37.863 examesMaio 26.236 exames 56,04% Maio 40.939 examesJunho 31.997 exames 15,82% Junho 37.059 examesTotal 139.046 exames 51,78% Total 211.047 exames

dos exames enviados ao nosso labora-tório são realizados aqui, porém, aque-les que não possuem uma demandasuficiente que justifique sua realizaçãosão enviados para outro laboratório,evitando gastos desnecessários” afir-mou Marcos Brigatto, bioquímico eresponsável técnico do laboratório.

Em 2009 os gastos com o laborató-rio de apoio chegavam a aproximada-mente R$ 40 em um mês, já em 2010esse valor atingiu o máximo de R$ 4mil mensais.

Cristiana Costa Bellei, enfermeiraresponsável pela coleta e pelo envio deamostras biológicas dos moradores deGoianá conta que, antes da criação doLaboratório Intermunicipal, muitasvezes o paciente tinha que se deslocarpara outro município para realizarexames e que quando o material eracoletado na própria cidade e enviadopara outro laboratório o resultadodemorava de 15 a 20 dias.

“Trabalhar com o laboratório daAcispes foi um enorme ganho para asaúde de nossos munícipes. Agora,os resultados das análises dos nossospacientes são liberados dentro de umou dois dias, com no máximo setedias, sendo que exames de urgênciatêm o resultado liberado no mesmodia. Isso agiliza o diagnóstico dopaciente evitando, inclusive, que oquadro de doenças oportunistas seagrave”, disse.

Outro fator destacado porCristina é a humanização do atendi-mento prestado no Laboratório. “A

prédio anexo ao HMTJ, sendo, tam-bém, um importante polo formadorde profissionais, já que o Labo -ratório tem um convênio firmadocom a Faculdade de Ciências Mé -dicas e da Saúde de Juiz de Fora(Suprema), recebendo acadêmicosde Bioquímica e Farmácia para arealização de estágio curricular.

“Esta parceria com Laboratório daAcispes, que é referência para a região,foi um grande ganho para o nosso hos-pital. Aqui temos 24 horas de atendi-mento eficaz e de qualidade, comgarantia de resultados seguros para osusuários de nossa instituição. Tenhoque ressaltar também a importânciado Laboratório na formação de profis-sionais éticos, com conhecimentos téc-nico-científicos e humanos, que veemagregar ainda mais dignidade aos servi-ços de saúde prestados à população denossa região e de todo o Estado”, des-tacou Jorge Montessi, diretor financei-ro do HMTJ e professor adjunto-dou-tor da Suprema.

sionais quanto à importância de se rea-lizar corretamente um procedimentode coleta, proporcionando, assim, aobtenção de amostras de qualidade;abordar a importância de um atendi-mento humanizado, oferecendo con-forto aos paciente; e falar sobre aimportância da redução de gastos demateriais, segurança no procedimentode coleta e atualização científica.

“Participaram destes treinamentosos funcionários do laboratório; os pro-fissionais dos municípios, do HMTJ eda UPA Santa Luzia que são respon-sáveis pela coleta dos materiais, alémde acadêmicos da Suprema. Esses trei-namentos são muito importantes jáque colaboram para que seja evitada arepetição de exames por erros de cole-ta e evitam, até mesmo, erros de diag-nóstico”, expôs Leandro.

Trabalhando como bioquímica noLaboratório Intermunicipal desde2008, Gilmara Benevenuto de Paulaafirma que trabalhar na instituição émuito bom. “Aqui temos equipamentos

equipe que trabalha na instituição éextremamente competente e aten-ciosa; quando algum exame realiza-do apresenta algum valor muito alte-rado; o técnico do laboratório entraem contato, imediatamente, com omunicípio, evitando possíveis com-plicações”, complementou.

Uma das instituições atendidaspelo Laboratório Intermunicipal é oHospital Maternidade Terezinha deJesus (HMTJ). Desde o final de2008, o laboratório funciona em um

Aprimoramento constante

Buscando melhorar continuamenteos procedimentos pré-analíticos, pro-porcionando, assim, um melhordesempenho técnico, maior otimiza-ção dos recursos e menos desperdício,o Laboratório Acispes, junto com seusparceiros, idealizou um Programa deTreinamento Continuado.

Segundo Leandro Martins, jáforam realizadas três capacitações quetiveram por objetivo: educar os profis-

Otávio Alves Cabral, 80 anos, morador de Campestre, zona rural de Oliveira Fortes, é um dos pacientes atendidos pelo Laboratório da Acispes

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modernos à nossa disposição, e asupervisão preocupa-se constante-mente com o nosso aprimoramento,oferecendo capacitações. Tudo isso,somado ao bom relacionamentoexistente entre a equipe, possibilitaque exerçamos um trabalho de qua-lidade, com a garantia de resultadosseguros para o paciente”, observou. Acispes

A Agência de CooperaçãoIntermunicipal em Saúde Pé daSerra (Acispes), criada em 1996, éum consórcio de municípios que temcomo foco a promoção da saúde,com a realização de consultas e exa-mes de média complexidade.

Atualmente, a Acispes conta com23 municípios consorciados, que uti-lizam a infraestrutura de procedi-mentos oferecidos pelo consórcioe/ou o transporte de pacientes.Fazem parte da Acispes:Andrelândia, Aracitaba, Arantina,Belmiro Braga, Bias Fortes, BomJardim de Minas, Chácara,Comendador Levy Gasparian,Coronel Pacheco, Ewbank daCâmara, Goianá, Lima Duarte,Matias Barbosa, Oliveira Fortes,Pedro Teixeira, Piau, Rio Novo, RioPreto, Sapucaia, Santana doDeserto, Santa Rita do Jacutinga,Santos Dumont e Simão Pereira.

Em Minas Gerais, osConsórcios Intermunicipais deSaúde (CIS) se tornaram um dospilares da política estadual desaúde. Os CIS são um dos instru-mentos mais eficazes para ampliara atuação dos municípios nocampo da saúde, sendo capazes desolucionar demandas que nãopoderiam ser resolvidas, de formaisolada, por cada município.

Ao mesmo tempo, os consórciosracionalizam o uso de recursosfinanceiros, humanos, de maquiná-rio e de instalações físicas, assimcomo viabilizam a criação de centrosde especialização, que seriam dispen-diosos para atender a apenas ummunicípio de pequeno porte. Otávio Alves Cabral, 80 anos, morador de Campestre, zona rural de

Oliveira Fortes, é um dos pacientes atendidos pelo Laboratório da Acispes

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á 13 anos na Prefeitura de Pirapora,Adriana Santos Silva integra a equipede saúde do município, atuando com asaúde bucal. Em 2010, a servidora rea-lizou um sonho antigo: fazer um cursotécnico de Saúde Bucal. Adriana,assim como outros profissionais dasaúde, engorda as estatísticas queapontam que cerca de 60% desses pro-fissionais têm formação de nível médio.“Eu já trabalhava na área, mas faltavauma formação específica. E o cursoque está sendo oferecido no municípiode Várzea da Palma é de ótima quali-dade, muito dinâmico, com reflexõessobre a mudança na forma de atuar ede ensinar. As aulas abrem uma gran-de janela, cheia de novas perspectivas.”

Segundo a profissional, já foi possívelcolocar em prática os conhecimentosadquiridos no primeiro módulo, e amudança de postura é nítida. “Os tra-balhos de dispersão, que envolvem asequipes multidisciplinares, promovemuma mudança em todos os profissio-nais de saúde da família, que passam avoltar os olhos também para a saúdebucal”, destaca Adriana.Esse tipo de formação – a educa-

ção técnica – faz parte da construçãode uma política de RecursosHumanos na Saúde, definida pelaConstituição de 1988, abrindo a possi-bilidade de formar trabalhadores comperfil pertinente às necessidades téc-nicas e sociais emergentes das

Texto: Daniela Venâncio e Letícia OrlandiFotos: Ernane Lopes

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A Escola de Saúde Pública de Minas Gerias capacita técnicos, ajudando a qualificar os profissiomnais de saúde do estado

Alunos do curso de Agentes Comunitários de Saúde apresentam mapa de abrangência para identificação de problemas na comunidade

Unidade GeraldoCampos Valadãoacolhe alunos docurso Técnico emSaúde Bucal

Educação técnica a serviço da saúde

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demandas locais e regionais, tendoem vista a garantia da consolidaçãodo Sistema Único de Saúde (SUS). A Escola de Saúde Pública do

Estado de Minas Gerais (ESP-MG) éuma instituição importante nesse con -texto e oferece, desde seus primeirosanos de funcionamento, ainda na déca-da de 1950, cursos voltados para a for-mação técnica dos profissionais queatuam no sistema de saúde mineiro.Durante a década de 1990, refor-

çou-se, no âmbito nacional, a neces-sidade da titulação para fins de legi-timação profissional, o que eviden-ciou a formação técnica de nívelmédio. Na ESP-MG, desde o pri-meiro curso técnico oferecido, em1953, de Dietista, até as atividadesdesenvolvidas hoje, como o curso deTécnico em Saúde Bucal, os concei-tos de formação envolvidos nessapolítica caracterizam a necessidadede elevação da escolaridade e os per-fis de desempenho profissional, de

modo a possibilitar o aumento daautonomia intelectual dos trabalha-dores, do domínio do conhecimentotécnico-científico, da capacidade degerenciar tempo e espaço de traba-lho, do exercício da criatividade, dainteração com os usuários dos servi-ços, da consciência da qualidade edas implicações éticas de seu traba-lho. (Veja quadro com os cursos ofe-recidos pela EJP-MG no final damatéria.)A diretora-geral da ESP-MG,

Tammy Claret Monteiro, defende aimportância da formação dos traba-lhadores, por meio dos cursos ofere-cidos pelas Escolas de Saúde. “A edu-cação profissional tem papel impor-tante no processo de humanizaçãodo homem e de transformação social,criando a perspectiva de que o traba-lho no SUS tem caráter formativo,possibilitando reflexões críticas sobreas práticas de atenção, gestão e edu-cação”, explica.Integração

A formação de nível técnico emsaúde tem algumas característicasespecíficas, como o desenvolvimentodo currículo integrado, a descentrali-zação dos cursos, a articulação esco-la-serviço-comunidade, os espaços econtextos de trabalho como loci pri-vilegiados da formação e o ensino emserviço. O curso de Técnico emSaúde Bucal (TSB), realizado desde2009 pela ESP-MG, em parceriacom a Secretaria de Gestão doTrabalho do Ministério da Saúde ecom a Secretaria de Estado deSaúde de Minas Gerais (SES-MG), éum exemplo disso. São nove turmasem execução, abrangendo 131 muni-cípios e 356 alunos. Da primeiraetapa participaram grupos formadosem Belo Horizonte, Juiz de Fora,Divinópolis, Lavras, Manhumirim,Teófilo Otoni e Várzea da Palma. Osegundo módulo começou em agos-to de 2010, e já existe demanda paraa realização do curso em outrosmunicípios.

A iniciativa atende a uma necessi-dade das equipes de saúde da família.Em mais de 3.600 equipes do PSF emMinas, apenas 350 trabalham comsaúde bucal na modalidade dois, ouseja, com a equipe completa, formadapor cirurgião-dentista, auxiliar e técni-co em saúde bucal. O objetivo é habili-tar, em todo o estado, 1.043 técnicos,além de capacitar pedagogicamente994 cirurgiões-dentistas para assumi-rem a docência nos períodos de disper-são e concentração do curso. A estrutura do curso tem como

princípio a articulação entre teoria eprática, ensino e serviço. A organiza-ção está sustentada na interdiscipli-naridade, e a carga horária total de1.300 horas está distribuída em 560horas de concentração (em sala deaula) e 740 horas de atividades de dis-persão (no local de trabalho). Sãotrês módulos, compostos por unida-des de estudo progressivas e integra-das. O primeiro é comum para todosos alunos que realizam cursos técni-cos na ESP-MG. Ele abrange o con-texto do trabalho em saúde no SUS eisso dá ao aluno a oportunidade deficar mais apto e fortalecido no localem que trabalha. Já o segundo e o ter-ceiro correspondem às competênciasdo profissional.Segundo Clarice Castilho Figuei -

redo, coordenadora de educação téc-nica da ESP-MG, a atividade carac-teriza-se pelo uso do currículo inte-grado, desenvolvendo o processo deensino-aprendizagem em momentosteóricos, em salas de aula, e práticos,no próprio serviço em que atua oaluno. “O caminho metodológico éconsiderado o mais apropriado parapromover a interação com o cirur-gião-dentista na construção doconhecimento, possibilitando a arti-culação da prática cotidiana e focan-do a formação profissional. A comu-nidade é beneficiada por um profis-sional habilitado e, acima de tudo, umcidadão mais envolvido, comprometi-do com o processo de trabalho e coma transformação da realidade”, con-clui Clarice.

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Tecnologia

O curso de Técnico em SaúdeBucal da ESP-MG conta com outracaracterística que define a estratégia dedescentralização de atividades adotadapela instituição mineira: lançada pelaESP-MG no segundo semestre de2009, a Educação a Distância (EaD)atende a aproximadamente 900 profis-sionais no Curso de QualificaçãoPedagógica em Educação Profissionalem Saúde, destinado aos docentes docurso Técnico em Saúde Bucal. Acarga horária é de 100 horas, sendo 16presenciais e 84 a distância. A cirurgiã-dentista Vânia Lopes

Lemos Figueiredo, docente na cidadede Teófilo Otoni, no Vale doJequitinhonha, avalia o curso comoimprescindível. “O formato semipre-sencial é desafiador e muito construti-vo. A qualificação forneceu uma basemuito boa de conhecimentos para quenós, que ficamos a maior parte dotempo no consultório, possamos pas-sar nossa experiência da melhorforma possível”, afirma. Segundo adocente, o trabalho desenvolvido naEaD abriu um mundo novo, e os tuto-res apresentaram questões pertinentesdo contexto de trabalho e da educaçãopermanente. “Os profissionais quebuscam a formação como técnico jáchegam com uma bagagem. As aulassão uma troca e promovem grandecrescimento entre os alunos, quemudam sua postura profissional. Elespassam a se apoderar da nova situa-ção, integrando efetivamente umaequipe de atenção à saúde de formaglobal, que inclui o conceito de quali-dade de vida, de odontologia-cidadã ede prevenção”, comemora Vânia. Para a cirurgiã-dentista, esse tipo de

iniciativa renova a crença na constru-ção do Sistema Único de Saúde (SUS).“Recebo sempre recadinhos – pessoal-mente, por telefone ou por e-mail – deagradecimento e de retorno sobre amudança que o curso técnico provocouna vida dos profissionais e da comunida-de na qual eles estão inseridos, que

34 Minas Saúde

Profissionais da saúde participam de qualificação pedagógica para se tornarem docentes do curso técnicos em saúde bucal

Fachada da Unidade Geraldo Campos Valadão que acolhe os cursos técnicos centralizados

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35Minas Saúde

também passa a conhecer mais aimportância da saúde bucal”, relata.Perspectivas

Por meio do Programa deFormação de Profissionais de NívelMédio para a Saúde (Profaps), a ESP-MG tem previsão de inaugurar, no pró-ximo ano, ações de educação paraatender a agenda de cursos técnicospropostos pelo Ministério da Saúde. OProfaps foi criado graças ao bem-suce-dido Projeto de Profissionalização dosTrabalhadores da Área daEnfermagem (Profae), desenvolvido apartir de 2002, que resultou na qualifi-cação de auxiliares de enfermagem emtécnicos pelo país. O objetivo doProfaps é qualificar e habilitar traba-lhadores em cursos de educação pro-fissional e de qualificação para o setorsaúde, já inseridos ou a serem inseri-dos no SUS.Segundo o superintendente de

educação da ESP-MG, ThiagoCampos Horta, a instituição, por per-tencer à Rede de Escolas Técnicas doSUS (RET-SUS), aderiu ao Profapsvisando à execução técnica-pedagógi-ca dos cursos de formação e qualifi-cação de trabalhadores em MinasGerais, prioritariamente em áreasonde a demanda por qualificação derecursos humanos são maiores.“Neste cenário, foi projetada para2011, entre outras formações, a qua-lificação profissional de 823 agentescomunitários de saúde, distribuídosem todo o território mineiro”, conta.O superintendente diz, ainda, quedesde 2006 a ESP-MG vem forman-do esses agentes, totalizando cerca de13.000 ACS qualificados como atoresde transformação e mudança. Essa formação se reflete nas práti-

cas de trabalho da agente comunitáriade saúde Maria Luiza de Oliveira, queatua no bairro Cabana, região Oestede BH. Ela elaborou um mural apre-sentando, em números, dados impor-tantes sobre a comunidade. O quadroreúne informações tais como a quanti-

dade de idosos, homens, mulheres,crianças e recém-nascidos. “Antes,ninguém tinha acesso a essas informa-ções. Falar em porcentagem é umacoisa, agora apresentar os númerosreais aproxima muito mais os usuáriose gestores das reais necessidades dapopulação”, relata a agente. Técnico em hemoterapia

Com o intuito de atender à deman-da de profissionais da área de hemote-rapia, a ESP-MG, por meio doProfaps, está em processo de criaçãode uma turma piloto do curso deTécnico em Hemoterapia. A iniciativa,que visa a formar 20 profissionais daFundação Hemominas, tem objetivode apoiar o desenvolvimento de estra-tégias para a organização e implemen-tação de cursos para formação de téc-nicos em hemoterapia. Para a criação do curso, foram

necessárias oficinas de trabalho quecontaram com a colaboração de profis-sionais da ESP-MG e da Hemominas.“As oficinas foram realizadas para quepudessem ser definidos os mapas decompetências dos profissionais queparticipariam da turma piloto e, emum segundo momento, possibilitar aconstrução do marco de orientaçãocurricular”, explica a supervisora daDiretoria Técnico-Científica daHemominas, Kátia Bretz.

O campo da hemoterapia refere-seaos procedimentos e ações que visam àrecuperação de pacientes pela infusãode sangue e derivados. O profissionalde nível médio com essa formaçãosabe identificar os objetivos e protoco-los da doação de sangue, identificar eavaliar os requisitos fisiopatológicos docandidato à doação, executar e anali-sar testes da triagem hematológica,caracterizar os diversos tipos de anti-coagulantes e conservantes e reconhe-cer as técnicas de coleta.Técnico em enfermagem

Outra iniciativa prevista para 2011é o curso de Técnico em Enfermagem,que se desenvolverá em duas etapas: aprimeira será a formação técnica de 60auxiliares do Hospital das Clínicas.Essa iniciativa contará com a parceriada Escola de Enfermagem da UFMG.Já na segunda fase, serão formadosmais 500 técnicos que já atuam comoauxiliares no estado. Os profissionais técnicos em enfer-

magem com exercício regulamentadopor lei integram uma equipe quedesenvolve, sob a supervisão de umenfermeiro, ações de promoção, pre-venção, recuperação e reabilitaçãoreferenciadas nas necessidades desaúde individuais e coletivas, determi-nadas pelo processo gerador de saúde edoença.

CONFIRA OS CURSOS DE FORMAÇÃO TÉCNICA JÁ OFERECIDOS PELA ESP-MGEducação TécnicaPeríodo Curso Nº de alunos1953-1954 Dietista 141969–1979 Gestão Hospitalar 1871972–1998 Radiologia 1191998–2010 Técnico em Saúde Bucal 8942003-2005 Técnico em Vigilância Sanitária 202

e Saúde Ambiental2007-2009 Enfermagem 5352008 Técnico em Gestão da Saúde 21Formação inicial 2006-2009 Formação Inicial Agente 12.898

Comunitário de Saúde – Módulo ITOTAL 14.870

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em visita o Centro Mais Vida daMacrorregião Norte, construídoem Montes Claros, no Norte deMinas, constata que ali o idoso étratado com zelo e prioridade. Issoé notado inclusive na arquitetura,que leva em conta as necessidadesdesses cidadãos. O acesso à recepção é facilitado

por meio de rampas espaçosas,com corrimãos firmes e seguros.As portas são largas e de fácil aber-tura. Lá dentro, as pessoas encon-

Texto: Vívian CamposFotos: André Brant

Mais vida para os idosos mineirosNo estado, mais de 11% da população já chegou à terceira idade

tram cadeiras confortáveis, bem-distribuídas e em número suficien-te para a quantidade de usuários.Os corredores são amplos, areja-dos e bem-iluminados, e o piso éantiderrapante. Já os banheiros eos bebedouros são adaptados paraos usuários que são portadores denecessidades especiais.Tereza Cordeiro Alves, 68 anos,

moradora de Montes Claros,aguarda na recepção o momentode ser chamada para sua primeiraconsulta no Centro Mais Vida. Elafoi encaminhada pela UnidadeBásica de Saúde do bairro JardimPalmares, onde reside. DonaTereza é diabética, tem artrose ereclama de dores no corpo e difi-culdades de audição. A consulta foi iniciada pela

enfermeira Cláudia Rodrigues, quefez o acolhimento da paciente. Aprofissional realizou uma avalia-ção preliminar e, em seguida, a

encaminhou para o médico.Tereza retornou à recepção, rece-beu um lanche, aguardou algunsminutos e, em seguida, seu nomefoi anunciado para a próximaetapa do atendimento. Dessa vezquem a atendeu foi a médica NoelySoares Veloso. Tereza, assim como todos os

idosos atendidos pela rede MaisVida, recebeu atenção exclusiva eparticularizada dos profissionaisde saúde. Durante a consulta, quedurou cerca de uma hora, a médi-ca teve a possibilidade de avaliar apaciente de forma minuciosa epôde enumerar quais eram osagravos de saúde. A médica reco-mendou a realização de algunsexames clínicos e indicou a consul-ta com outros profissionais daequipe, como nutricionista, fono -audiólogo e o fisioterapeuta. A aposentada terminou a con-

sulta com um sorriso no rosto e acerteza de que estava nas mãos debons profissionais. “Estou sendomuito bem tratada aqui. As pes-soas são muito educadas e atencio-sas; além disso, vou poder fazertodos os exames e conseguir cuidarmelhor da minha saúde agora”,comemorou.De acordo com a médica,

“durante a consulta é possívelconhecer melhor o paciente e iden-tificar quais são as reais necessida-des dele”. Ela também ressalta quetodos os procedimentos e consultasnecessários para avaliação global epara a complementação do plano

No Centro Mais Vida o atendimentoé humanizado e as pessoas aguardampouco tempo para serem atendidas

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37Minas Saúde

de cuidado para os pacientes sãorealizados no próprio centro, semnecessidade de deslocamentos.“Assim que a Dona Tereza sairdesta consulta, ela irá até a recep-ção para verificar se tem horáriocom algum dos especialistas. Senão tiver, ela irá agendar ali mesmoe já sairá sabendo quais serão osdias e horários de suas próximasconsultas”, esclarece Noely.A profissional de saúde também

explica que, quando Tereza retor-nar com todos os procedimentosrealizados, será possível estabele-cer um plano de cuidados para ela.“Neste plano de cuidados, infor-mamos quais são os problemas desaúde do idoso, sugerimos aos pro-fissionais da atenção primária ostratamentos mais adequados paraaquele paciente e prescrevemos autilização de medicamentos, entreoutras recomendações”, comenta.Como relata a coordenadora

administrativa do Centro MaisVida Eleneuza Luiz César, “aqui,o idoso é respeitado e visto demodo individualizado”. Segundoela, a rede Mais Vida disponibilizatoda a logística necessária para queo cidadão tenha tranquilidade paracontinuar o tratamento em todosos pontos de atenção. “Os idososque vêm do interior já chegam coma consulta previamente agendadano Centro Mais Vida e são trans-portados pelos ônibus do SistemaEstadual de Transporte em Saúde(SETS). Recebem lanche e almoçoe, se for necessário que o pacienterealize outros procedimentos maisdemorados, hospedagem na cida-de. Acabamos de finalizar uma lici-tação na rede hoteleira de MontesClaros e, em pouco tempo, ospacientes poderão ficar em umhotel durante o tratamento. Tudopago pela Secretaria do estadual deSaúde”, relata a coordenadora.

Plano de Cuidados

A geriatra Ariane MariaGonzaga Durante, coordenadoratécnica do Centro Mais Vida damacro Norte, explica como funcio-na os atendimentos. “Todos pas-sam por avaliação com profissio-nais de enfermagem e de medicinaque realizam exames multidimen-sionais, em que são observadosvários aspectos, como a parte físi-ca, psíquica, social, a do humor edos hábitos alimentares, entreoutros. Em seguida, são encami-nhados aos demais profissionaisconforme necessidades. O profis-síonal consegue estabelecer umalista de problemas desse paciente, ea partir dela é que será elaborado,em parceria com os profissionaisdas UBS, o plano de cuidados doidoso”, descreve.A coordenadora esclarece, ain -

da, que será dada prioridade aos

A médica Noely Veloso dá atenção exclusiva à Tereza

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idosos frágeis. “Mas os pacientes nãopoderão chegar diretamente aoCentro, ou seja, não será atendida ademanda espontânea. Antes, elesdeverão passar pelas unidades bási-cas, centros de saúde ou pelas equipesdo Programa de Saúde da Família(PSF). O médico deverá preencherum formulário, quando se tratar deidoso frágil, que será entregue àCentral de Regulação de Leitos (daSecretaria Municipal de Saúde deMontes Claros), cabendo a esta oagendamento, através do sistema ele-trônico”, informa Ariane Gonzaga. A especialista lista alguns dos cri-

térios para um idoso ser consideradofrágil: ter 80 anos ou mais, ou estaracima dos 60 anos e fazer uso decinco medicamentos diferentes pordia ou ter cinco diagnósticos queindiquem problemas de saúde co -muns na terceira idade, como osteo-porose, hipertensão, diabetes edepressão. Também são classifica-dos como frágeis os idosos com inter-nações hospitalares frequentes, comimobilidade total ou parcial, comdificuldades na marcha, com incapa-cidade cognitiva (delirium, depressãoou demência), além daqueles que so -frem de doenças neurodegenerativas(doença de Parkison ou Alzhei mer). Ariane Maria Gonzaga conta

que o Centro do Idoso tambémexerce o papel de qualificação dosprofissionais: “Além de oferecer um

atendimento de qualidade, o Centrode Assistência à Saúde do Idosodesempenha o papel de monitoriapara os profissionais que atuam nasunidades básicas”.Sobre isso, a também coordena-

dora técnica do Centro Mais Vida, ageriatra Natália Valadares SantosLopes, esclarece que os profissio-nais do Centro são também consul-tores para os profissionais da aten-ção primária, pois disponibilizamsuporte técnico para a implantaçãodo plano de cuidados. “Nosso papelé indicar e sugerir tratamentos eisso é possível porque avaliamos oidoso de forma multidimensional,com uma equipe interdimensional.O principal ganho para o idoso ésua independência”, defende. João Soares, 69 anos, morador de

Montes Claros, teve um infarto háduas semanas. “Cheguei quasemorto na Santa Casa, mas os médi-cos conseguiram me ajudar e agoraestou aqui para cuidar melhor daminha saúde”. O pedreiro aposenta-do relata que, quando tinha seteanos e morava em Coração de Jesus,no Norte de Minas, contraiu a doen-ça de Chagas e, desde então, precisater cuidado especial com a saúde. Aesposa dele, Elisabeth Silva Soares,também comenta que, agora que osenhor João foi encaminhado para oCentro Mais Vida, sente-se maistranquila. “Agora vou ficar ainda

mais atenta e acompanhar todo otratamento dele”, conta. O Centro Mais Vida da Macro

Norte conta com uma equipe multi-disciplinar de profissionais da Uni -ver sidade Estadual de Montes Cla -ros (Unimontes), composta por 20profissionais de saúde, entre médi-cos, enfermeiros, fonoaudiólogo,nutricionista, fisioterapeuta, farma-cêutico, psicólogo, terapeuta ocupa-cional, assistente social e 12 profis-sionais administrativos e de manu-tenção, que atuam na Unimontes,seguindo as normalizações do proto-colo e das linhas-guias de atenção àsaúde do idoso da SES. Em 2009, a secretaria destinou

mais de R$ 1.7 milhões em investi-mentos e, até o final de 2010, serãodestinados mais R$ 2.6 milhões. Envelhecimento populacional

Conforme dados do IBGE, maisde 10% da população brasileira éformada por idosos. Em MinasGerais, a proporção é ainda maior:mais de 11% dos mineiros são pes-soas que já chegaram à terceira

Após o atendimento, Terezaagenda a próxima consulta

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idade. Para 2025, a estimativa é quequase 16% dos brasileiros estarãonesta faixa etária. Esse rápido envelhecimento da

população, além de ter provocado umamudança no perfil demográfico, gerou

também modificações nas característi-cas epidemiológicas do país. Ou seja,hoje, as doenças mais comuns sãoaquelas ligadas ao envelhecimento,como as crônico-degenerativas. Diante desse novo desafio na

saúde pública, a Secretaria deEstado de Saúde de Minas Gerais(SES-MG) lançou, em 2008, a redeMais Vida, que tem como objetivogarantir que o idoso tenha condiçõesde recuperar sua capacidade funcio-nal, mantendo-se capaz de realizaras atividades da vida diária, as tare-fas simples do cotidiano. Para isso, ao Mais Vida foca a estruturação deuma rede macrorregional de atençãoà saúde da população idosa, pormeio de um sistema articulado eintegrado de ações em saúde queseja capaz de proporcionar aumentonos anos de vida dos idosos do esta-do, mas mantendo a capacidade fun-cional e a autonomia. A coordenadora da saúde do

idoso da Secretaria de Estado deSaúde de Minas Gerais (SES-MG),Eliana Bandeira, afirma que osCentros Mais Vida funcionam comoreferências para uma macrorregião(na saúde, o estado está dividido em

PROCEDIMENTOS – MAIO-DEZ Total EXAMES TotalConsultas médicas 1.839 Exames Laboratoriais 5.811Enfermagem 512 Densitometria Óssea 465Fisioterapia 408 Eletrocardiograma 238Psicologia 232 Tomografia Computadorizada de Crânio 155Nutrição 327 Ressonância Magnética de Crânio 02Fonoaudiologia 133Terapia Ocupacional 161Serviço Social 90TOTAL 3.702 6.671

ATENDIMENTOS DO CENTRO MAIS VIDA DA MACRO NORTE/2009

ATENDIMENTOS DO CENTRO MAIS VIDA DA MACRO NORTE/2010PROCEDIMENTOS – JAN-JUL Total EXAMES – JAN-JUL TOTALConsultas médicas 2.445 Exames Laboratoriais 9.555Enfermagem 930 Densitometria Óssea 936Fisioterapia 515 Eletrocardiograma 106Psicologia 376 Tomografia Computadorizada de Crânio 299Nutrição 493 Ressonância Magnética de Crânio 22Fonoaudiologia 179Terapia Ocupacional 254Serviço Social 83TOTAL 5.275 TOTAL 10.918

13 macrorregiões sanitárias). Essescentros estão inseridos dentro donível secundário (média complexi-dade) de atenção à saúde e execu-tam um trabalho articulado com aatenção primária (centros de saúde)e com a terciária (hospitais).Porém, a coordenadora esclareceque “o centro mais vida não é umponto isolado, mas representa umaconquista da rede de assistência aoidoso, que começa com as ações dasequipes da Atenção Primária àSaúde", reforça.Eliana Bandeira destaca ainda

que o foco do programa é a funcio-nalidade, e não a doença. O idosopode ser portador de várias doen-ças, mas independente para as tare-fas do cotidiano. “Nosso principalfoco é garantir a independênciafuncional do idoso, proporcionandouma melhor qualidade de vida aessa pessoa”, explica.O processo de implantação das

redes macrorregionais de atenção àsaúde do idoso começou com o CentroMais Vida da Macrorregião Sudeste,inaugurado em Juiz de Fora, emdezembro de 2008. Já em abril de2009, foi implantado o Centro MaisVida, da Macrorregião Norte deMinas, sediado em Montes Claros. Emjulho de 2010 foi inaugurado o CentroMais Vida da microrregião Centro 1,com sede em Belo Horizonte. Até 2014, todas as macrorregiões

de Minas possuirão um Centro MaisVida, atendendo a 100% da popula-ção idosa do estado. Na macroNorte, vivem cerca de 1,6 milhão dehabitantes; destes, cerca de 160 milsão idosos.

João Soares sesente mais

seguro com umCentro Mais

Vida na região

Fonte: Administração CMV/MOC

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O Hospital Regional de Patos de Minas é hoje uma referência na região,graças à gestão eficiente do estado e aos recursos do Pro-Hosp

Hospital Regional Antônio Dias(HRAD) de Patos de Minas, cidadelocalizada a 400 km de BeloHorizonte, foi inaugurado na décadade 1930. Na época, a instituiçãotinha um caráter assistencial e fun-cionava também como clausurapara as irmãs de caridade que aten-diam crianças órfãs, pessoas caren-tes e doentes mentais. Já na décadade 1960 o hospital passou a ser a

administrado exclusivamente pelaSecretaria de Estado da Saúde(SES-MG). De 1975 até outubro de1977, quem o gerenciou foi aFundação Ezequiel Dias, órgão liga-do à SES. Depois, o hospital tornou-se uma unidade da FundaçãoHospitalar do Estado de MinasGerais, ligada à SES-MG.Os pavilhões de psiquiatria e de

isolamento e o Pronto Atendimento

foram construídos nos anos 1980pela Associação de Amigos doHospital, formada pelos ProdutoresRurais de Patos de Minas. Somentedepois de 2004 o HRAD passou porgrandes reformas físicas e assisten-ciais, financiadas pelo Programa deFortalecimento e Melhoria daQualidade dos Hospitais doSUS/MG (Pro-Hosp), da SES-MG.Antes desse investimento, o HRAD

Texto: Lílian CunhaFotos: André Brant

Qualificação da gestão melhora o atendimento

Hospital Regional Antônio Dias na década de 1930, quando foi inaugurado

ARQUIVO HRAD

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Qualificação da gestão melhora o atendimentoestava com o seu espaço limitado, osequipamentos não eram adequadospara atender à demanda e a pinturado prédio estava deteriorada. Hoje épossível notar a diferença nas instala-ções, nos equipamentos modernos eno conforto e acolhimento que sãooferecidos aos pacientes. A instituição atualmente conta

com cerca de 670 funcionários e aten-de toda a Macrorregião No roes te deMinas Gerais, composta por mais de600 mil pessoas. No hospital a popu-lação tem acesso a procedimentosambulatoriais eletivos em ortopedia,cirurgia geral, otorrinolaringologia,cirurgia plástica reparadora, cirurgiabuco-maxilo facial e odontologia parapacientes portadores de necessidadesespeciais. A unidade tem convênioscom instituições de ensino técnico esuperior na formação de profissionais

na área de saúde e residência médicaem clínica geral.Maternidade de alto risco

Com a implantação da maternida-de de alto risco há quatro anos, foramadquiridos equipamentos, materiaispermanentes e instrumentos destina-dos ao complexo da UTI Neonatal,Alojamento Conjunto e CuidadosIntermediários. Por mês são realiza-dos aproximadamente 120 partos,além das internações clínicas e aten-dimentos.Ivani Cristina Soares dos Santos,

que já tem duas filhas de 17 e 19 anos,está na 36ª semana de gestação e fez osúltimos exames na triagem para aguar-dar a chegada da sua caçula, SarahIsabella. “Estou muito tranquila, fuiatendida de forma rápida e carinhosa

pela equipe e confio que tudo vai darvai dar certo”, relata a futura mamãe.Enquanto isso, Patrícia de Morais

Gomes, mãe de primeira viagem, diz,emocionada como foi a experiência:“o dia do nascimento do meu filhoMaycon foi o dia mais feliz da minhavida”. Escutei aquele chorinho e cho-rei. Agora estamos sendo superpapa-ricados pelas enfermeiras, e o pai estásempre presente, inclusive até ajudoua dar o primeiro banho. Tenho a pre-tensão de ter outro filho, e, se possível,o parto também será no HRAD”.Luís Rafael, filho de Eva Cristina

Pereira da Silva, está na UTINeonatal, pois nasceu prematuro. Amãe, que mora em Lagoa Grande,visita o filho todos os dias. “Com omeu apoio e de toda a equipe, ele embreve irá para o CTI Intermediário edepois para casa”, diz Eva.

Fachada em 2006, após pintura

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O Pro-Hosp (Programa deFortalecimento e Melhoria daQualidade dos Hospitais doSUS/MG) ajudou a melhorar aqualidade do atendimento, porquedesafogou os hospitais da capital edas grandes cidades, garantindoque o usuário tenha atendimentoespecializado e eficiente perto deonde mora, sem a necessidade dese deslocar para os grandes cen-tros urbanos. Atualmente, 128hospitais, entre públicos e filan-trópicos, integram o programa.Destes, 36 são macrorregionais e92 são microrregionais.Desde 2003, mais de meio

bilhão de reais foram investidospelo programa nesses hospitais,o que melhorou significativa-mente a infraestrutura hospita-lar e ampliou a oferta de servi-ços prioritários.O Pro-Hosp promove, tam-

bém, cursos de especializaçãoem Gestão Hospitalar, pelosquais já passaram 560 gestoresde todos os hospitais atendidospelo programa. Até o fim de2010, serão realizados diag nós -ticos da Organi zação Nacio nalde Acre ditação (ONA) em 50%dos hospitais do Pro-Hosp. Alémdisso, já foram realizadas duasedições do Prêmio Célio deCastro, que premia as experiên-cias bem-sucedidas.Os hospitais da Macroeste

receberam, por meio do Pro-Hosp, cerca de R$ 18 milhõespara melhoria da estrutura física,da gestão e para a compra deequipamentos de alta tecnologia ena implantação de novos serviçosnos hospitais. Desse montante, oHRAD já recebeu, nos últimosseis anos, mais de R$ 10,5milhões em investimentos.

CONHEÇA O PRO-HOSP

Ivani faz os últimos examesantes da chegada da sua terceira filha

Setor de Nutrição e Dietética, última obra do Pro-Hosp, terminada em setembro de 2010

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43MinasSaúde

Parque Tecnológico

O Parque Tecnológico foi o maiorinvestimento do Pro-Hosp Noroeste,sendo que o hospital adquiriu e substi-tuiu equipamentos modernos paratodas as áreas administrativas e assis-tenciais, como UTI Adulto, BlocoObstétrico, Pronto Atendimento e paraos leitos de Cuidados IntermediáriosAdulto para Paciente Semicrítico, pro-porcionando um atendimento de formaintegral para diagnose, internações eprocedimentos cirúrgicos, principal-mente de ortopedia e traumatologia.Além do Parque Tecnológico, a

construção do ambulatório de retorno,que atende especialidades como cirur-gia, ortopedia e ginecologia, tambémfoi outro grande avanço, pois houve aseparação das entradas de pacientes deretorno dos pacientes daurgência/emergência, proporcionandoserviços de qualidade e segurança.Também foi construído um prédio

exclusivo para a Farmácia HospitalarCentral, uma das melhores do interiormineiro, que visa a atender aos pacien-tes de forma humanizada e direciona-da. “Utilizamos o sistema de dispensa-

ção por dose unitária, no qual os medi-camentos são ensacados na quantida-de correta e por horário, para cadapaciente”, explica Luiz Henrique dosSantos, gerente assistencial doHRAD. O espaço é amplo e comportaum possível aumento na demanda,funciona 24 horas por dia e atende atodas as boas práticas de armazena-mento e dispensação. Determinada aoapoio, há a Farmácia Satélite parareceber rapidamente os pacientes quechegam na urgência e emergência.O Setor de Nutrição e Dietética

(SND) foi a última obra entregue comrecursos do Pro-Hosp. Antes, o refeitó-rio tinha um espaço físico específico,mas funcionava em condições precá-rias. Depois da reforma, há lugaresseparados para fogões, freezers, açou-gue, sala de nutrição especial, sala desobremesas, armazenamento de uten-sílios, estoque de mantimentos, câma-ra resfriada para armazenar o lixo eentradas separadas para funcionários,estoque e eliminação de resíduos.Agora, os funcionários fazem as refei-ções de forma mais confortável, poisdobrou o espaço destinado a eles. OSND melhorou também a forma de os

pacientes receberem as refeições. “Acomida é servida em pratos térmicoscom divisórias que são transportadosem carrinhos especiais, para evitar quea refeição esfrie até chegar ao leito”,explica a nutricionista responsável,Flávia Cris tina Caixeta.As oficinas do Plano Diretor de

Assistência Hospital realizadas noano de 2010 pela SES-MG tiveramcomo base as experiências interna-cionais exitosas e o objetivo é a rees-truturar a atenção nos hospitais querecebem recursos do Pro-Hosp,impactando na organização, melho-ria de gestão e atendimento. “Ocurso foi um grande avanço, pois nospossibilitou elaborar um planeja-mento para melhor aplicar os recur-sos do Pro-Hosp e direcionar asações que fortalecerão o papel doHRAD nas redes de assistência doViva Vida e Urgência e Emergência,cujo foco é o atendimento a patolo-gias como acidente vascular cere-bral, infarto do miocárdio e trauma,principais causas de morte não sóem Minas Gerais, mas no Brasil e nomundo”, completa Maria de FátimaBraz, diretora geral do HRAD.

Eva, após da à luz no HRAD, acompanha diariamente o seu filho na UTI Neonatal

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pesar dos avanços em 22 anos, o Sistema Único deSaúde (SUS) convive com dificuldades. No entantoPirapora, cidade do Norte de Minas, é um exemplode que os velhos problemas podem ser superados.Uma pesquisa realizada em junho pela prefeiturademonstra que 82% da população aprova o SUS nacidade. Um dos segredos deste olhar positivo dapopulação é a integração em rede, que conta, inclusi-ve, com o sistema de classificação de risco, que fun-ciona, tanto nas unidades de atenção primária quan-to na assistência mais complexa, no Hospital Dr.Moisés Magalhães Freire.A boa organização e estruturas modernizadas se

traduziram em vidas salvas, como a do senhor LuizFernando Rodrigues Alves, mais conhecido pela vizi-nhança do bairro Industrial II como Landinho. Emdezembro de 2009, ele sentiu um mal-estar em casa.As fortes dores no peito eram os primeiros sintomasde um infarto, que viria a ocasionar mais de 40 para-das cardíacas durante seu atendimento no Hospital. A esposa dele, dona Joedil Linces Alves, acompa-

nhava um neto que havia sofrido um acidente emUberaba. Sozinho, ele pediu ajuda à irmã. “Ele nãose lembra do que ocorreu no dia. Minha cunhada me

Texto e fotos: Ramon Jader

SUSem rede

44 Minas Saúde

Pirapora dribla as dificuldades do sistema de saúde, com boa gestão e ações integradas com o Estado

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telefonou falando que ele estava pas-sando mal e falei para levá-lo comurgência para o Hospital. Depois,fiquei sabendo que meu marido des-maiou na portaria. Já era o início dasparadas cardíacas”, conta Joedil. Quem vê seu Landinho, sem seque-

las, fazendo suas atividades rotineiras,dirigindo por toda a cidade, pode nãoacreditar que ele teve a vida por um fio.A lição que ficou desta história eleconta com orgulho: “Fumei por 54anos, comecei aos 12. Agora, aos 67parei de fumar. Estou aproveitando asegunda chance que tive de viver”. Além da boa estrutura para atendê-

lo, os profissionais que prestaram oatendimento foram fundamentais paraque o telegrafista aposentado sobrevi-vesse. O cardiologista Robson Bran -dão, acompanhado do colega de espe-cialidade Samuel Nery de Oliveira,estavam no lugar e no momento cer-tos. “Ele chegou com dores no peito aohospital e em minutos teve uma para-da cardiorrespiratória. Eu estava naUTI dando suporte a outro paciente enos disseram que havia um senhor jácom um desmaio e uma parada.Levamos o Luiz Fernando para a salavermelha da triagem, pedi ajuda ao Dr.Samuel e iniciamos os procedimentosde ressuscitação cardiorrespiratória,como choque com o desfibrilador, mas-sagem cardíaca, entubação e aplicaçãode medicamentos”, descreve o médico. Após mais de 45 choques, com

intensidade de 200 joules – unidadesque também medem energia –, elecomeçou a reagir. “Era um quadrograve. A artéria coronária direita esta-va fechada. Na manhã seguinte eleestava mais estável e procedemos paraque fosse transferido para a SantaCasa de Montes Claros. Nossos cole-gas de lá realizaram uma angioplastia,uma técnica hemodinâmica que utilizaum minúsculo balão inflado dentro daartéria obstruída com placas de gordu-ra e sangue. Isso possibilitou sua recu-peração”, conta. Uma segunda angio-plastia foi feita em outra artéria queestava obstruída, com o intuito de pre-venir outro infarto.

Robson Brandão aponta dois fato-res para o sucesso de todos os proce-dimentos: a UTI bem equipada e obom trabalho dos socorristas doSAMU na transferência de Piraporapara Montes Claros. Seu Landinhointervém e completa: “e teve tambéma persistência do Dr. Robson”, emtom de agradecimento. Atualmente, Luiz Fernando faz

acompanhamento a cada três ou qua-tro meses com o próprio RobsonBrandão, no Consórcio Intermuni -cipal de Saúde do Médio São Fran -cisco (CISMEF), que também temapoio do Governo de Minas. Outrosatendimentos são feitos na UnidadeBásica de Saúde do bairro IndustrialII, dentro do Programa de Saúde daFamília (PSF).Contrariando o clichê

Uma rápida visita ao Hospital Dr.Moisés Magalhães Freire é suficientepara comprovar que a instituição é dife-renciada. As imensas filas, pessoas espe-rando nos corredores por atendimento

Por meio do Consórcio de Saúde,

Sr. Landinho faz consultas com o cardiologista quesalvou sua vida

Em Pirapora o hospital não tem pessoas esperando nos corredores

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simplesmente não existem. Os corredo-res vazios são um claro sinal do sucessodo SUS na cidade. O superintendente da Fundação

Hospitalar Dr. Moisés MagalhãesFreire, Célio César Wanderley deAlmeida Júnior, considera o hospitalcomo um dos mais modernos do esta-do, graças ao apoio do Governo deMinas, que investiu mais de R$ 7milhões na sua construção e aindaaplica recursos dentro do Programa deMelhoria da Qualidade dos Hospitaisdo SUS/MG, o Pro-Hosp. “Com esteapoio estamos cuidando cada vezmelhor das pessoas e ainda mais agoracom a nossa entrada na rede deUrgência e Emergência do Norte deMinas. Nos sentimos ainda mais res-ponsáveis em salvar vidas”, contou.De acordo com o superintendente,

houve inclusive ganho de escala, sal-tando de 25 para 210 cirurgias realiza-das por mês. “Nos tornamos umamicrorregião mais resolutiva, commenos encaminhamentos, e estamoscada vez mais sendo referência para os

municípios vizinhos”, atesta. Mas essa tradução do bom atendi-

mento hospitalar não seria possívelse não houvesse ação articulada coma Atenção Primária à saúde nomunicípio, com o fortalecimento doPrograma Saúde da Família (PSF).“O estado nos apóia, por meio doprograma Saúde em Casa. Assim,organizamos a rede em torno daAtenção Primária. Até o protocolode classificação de risco foi implan-tando nas UBS. Isso nos dá a garan-tia que os casos graves serão atendi-dos no hospital. Os outros, de menorgravidade, podem ser direcionadospara a Unidade Básica de Saúde,que também serão atendidos”, avalia

o secretário Municipal de Saúde dePirapora, Sinvaldo Alves Pereira. Com a aplicação do protocolo

conhecido como “Manchester”, tam-bém os pacientes considerados maisgraves são atendidos primeiro nasUBS. A ordem de chegada ao postonão é mais considerada. “Implan ta -mos este método em julho de 2009.No início houve certa desconfiança,mas depois a população aceitou. Comisso, eliminamos as filas também nospostos, que começavam a ser forma-das com pessoas dormindo na portadas unidades nas madrugadas.Resumindo, temos bons resultados,conforto para o cidadão e certeza deatendimento”, relata o secretário.

46 Minas Saúde

No hospital, todos os pacientes são encaminhados à salas de cuidado de

acordo com a gravidade do caso

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Articulação

Baseado nesta boa experiência – omunicípio conta no total com mais deR$ 23 milhões de investimentos doGoverno de Minas, desde 2003 naárea da saúde –, o município obteveuma experiência vitoriosa, cominvestimentos em pouco tempo, quetransformaram a saúde da cidade. “Osistema de classificação de risco, queopera na Urgência e na Emergência,quanto na atenção primária, permitiuuma otimização dos fluxos de atendi-mento, reduzindo a demora e aumen-tando a satisfação das pessoas”, ava-lia prefeito de Pirapora, WarmillonFonseca Braga.

Braga ainda ressaltou que os pro-gramas e recursos aplicados no muni-cípio fazem com que a cidade tenhaferramentas para atuar em favor docidadão e que, no caso da saúde, essasparcerias resultaram em maior con-fiança das pessoas. “A população sesente mais acolhida”, garantiu.O secretário de Atenção à Saúde

do Ministério da Saúde, AlbertoBeltrame, foi a Pirapora em junhodeste ano para conhecer o sistema desaúde da cidade, que conta com açõesarticuladas dos três entes federados:Governos Federal, Estadual e Muni -cipal. “A integração entre os diversosníveis de atendimento proporcionaeconomia de escala, aumenta a reso-lutividade e a qualidade do serviçoprestado. Em nome do Ministério daSaúde posso dizer que o exemplo dePirapora nos deixa orgulhosos. Os três

entes que integram o SUS estão tra-balhando de forma articulada aqui,dando um exemplo de gestão compar-tilhada. Este é o SUS que dá certo”,comemora.Disseminando o cuidado

Esta confiança no sistema de saúdede Pirapora é demonstrada por IvaldoMendes Miranda, 42 anos. Impos sibi -litado de se locomover devido a um aci-dente de moto, o morador do bairroIndustrial recebe atendimento em casaa cada 15 dias. “Até dá para fazer ami-zade com as funcionárias. Elas cuidammuito bem da minha saúde”, declara.A mãe de Ivaldo, dona OnildaFrancisca Mota, 63 anos, tambémaprova o atendimento. “O pessoal étodo muito cuidadoso. Já conhecemostodos e somos bem atendidos”.

A classificação derisco na atençãoprimária tambémprioriza casosmais graves

Com a classificação de risco e a estruturação da saúde, o município reduziu em 70% os encaminhamentos para outras cidades

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Superação de obstáculos, como a distância, o tempo e até limitações físicas, transformam a realidade da saúde mineira

educação à distância ganha cada vezmais adeptos, desde estudantes quemoram em locais mais distantes, semacesso a boas escolas, até profissio-nais, neste caso os de saúde, que que-rem se especializar ou aprimorar seusconhecimentos. E em se tratandodesse tipo de aperfeiçoamento, MinasGerais deu um passo importante, coma criação do Canal Minas Saúde, querealiza ações de educação permanen-te para os profissionais do SistemaÚnico de Saúde (SUS). Criado pelaSecretaria de Estado de Saúde deMinas Gerais (SES-MG) como umarede estratégica multimídia (televisão,rádio e internet), tem a missão deimplantar e desenvolver o Programade Educação Permanente a Dis tância(PEPD), por meio de atividades deinformação e comunicação.Em funcionamento desde outubro

de 2008, mais de 40 mil alunos seenvolveram com a iniciativa, sendo

uma das maiores redes de televisãocorporativa do país, com mais de4.500 pontos de recepção em 820municípios, atendendo a todas asregiões do estado. As antenas são ins-taladas nas Unidades Básicas deSaúde (UBS), onde há equipes doPrograma Saúde da Família, nassedes das 28 Gerências Regionais deSaúde (GRS), nos Centros Viva Vidae Mais Vida e também nasSecretarias Municipais de Saúde enos Hospitais. A previsão é que maisde 11 mil pontos de recepção sejaminstalados até 2014.Atrativos não faltam para que mais

profissionais da saúde busquem essanova modalidade de ensino: combina-ção entre estudo e trabalho, liberdadede horário, menor custo por estudan-te, facilidade de comunicação a partirde qualquer lugar, ritmo de aprendiza-gem para todos os gostos e ampla ofer-ta de material de pesquisa pela inter-

net, além da comodidade, que permiteao aluno, muitas vezes, permanecerem seu ambiente familiar. Foi pensando nisso que o médico

Carlos Leonardo Cabral Giffoni, 32,se rendeu ao ensino a distância e deci-diu fazer o curso de Gestão da Clínica.Para ele, morador do município deLiberdade, na Zona da Mata mineira,com apenas 5.397 habitantes, essamodalidade de aperfeiçoamento possi-bilitou fazer um curso de qualidade,sem ter que se deslocar da pequenacidade para um centro maior. “Foi uma grande motivação a inter-

Texto: Débora OzórioColaboradora: Nathália Freitas

Educação sem fronteiras

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Carlos Leonardooptou pela educação à distância por nãoprecisar se deslocar

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net como ferramenta de estudo. Essemétodo incentiva a educação perma-nente, permitindo ao profissional apri-morar seus conhecimentos e, conse-quentemente, oferecer à comunidadeum trabalho com mais qualidade”.O profissional de saúde deve bus-

car atualização constante para queesteja em condições de prestar osmelhores cuidados à população. Nocaso de Giffoni, ele lembra que a qua-lificação abordou temas relevantessobre a Atenção Primária à Saúde. “As linhas-guia contribuem muito

para nossa prática diária na

Estratégia de Saúde da Família nonosso município. Os fóruns permiti-ram a troca de conhecimentos aplicá-veis no dia a dia. O processo de elabo-ração do projeto de pesquisa, o empe-nho na revisão de literatura do temaescolhido e o desenvolvimento do tra-balho de conclusão de curso tambémtrouxeram uma gama de conheci-mentos que já estão sendo aplicadosno exercício profissional cotidiano”,comentou o médico da estratégia desaúde da família/zona rural. O muni-cípio de Liberdade tem uma cobertu-ra de 100% na Atenção Primária,

conta com duas Unidades Básicas deSaúde, duas equipes de Saúde daFamília e 11 agentes comunitários.Educação qualificada

O Canal Minas Saúde permite aoespectador/aluno um aprendizado qua-lificado, mesmo estando a 337 km dacapital, como é o caso do médicoGiffoni. Para ele, o ensino a distância,além de vencer as barreiras geográficase de tempo, propiciam mais interação,comunicação e participação na relaçãoaluno/professor/grupo de estudo. “Isso significa democratizar o

acesso à educação. E tudo isso acon-tece mantendo a qualidade do ensinotradicional ou até mesmo num méto-do melhor, porque os tutores estãosempre presentes para tirar dúvidas,incentivar o aluno e avaliar comoanda seu desempenho”, declarou.Primeira especialização transmiti-

da pelo Canal Minas Saúde, o cursoGestão da Clínica esteve estruturadoem torno da coleção das Linhas-Guiade Atenção à Saúde, elaboradas pelaSES/MG e que têm por finalidadedeterminar, normatizar, padronizar eregular ações ou procedimentos rela-cionados à saúde em Minas Gerais.O conteúdo editorial cobre as maisdiversas áreas da atenção primária efoi redigido com base nos princípiosdo SUS e nas melhores evidênciascientíficas atuais. O curso gratuito foi aberto aos

cerca de 40 mil profissionais queatuam nas UBS de Minas Gerais.Os participantes, aqueles que têmcurso superior e que atuam noPrograma de Saúde da Família(PSF) – médicos, dentistas e odontó-logos, agentes comunitários desaúde, técnicos e auxiliares de enfer-magem –, tiveram material didáticoimpresso, aulas pelo Canal MinasSaúde e uma série de atividades emum portal exclusivo na internet. Paraesses profissionais, o curso teve ocaráter de pós-graduação, sendoconferido aos participantes o títulode especialista em Gestão da Clínica.

49Minas Saúde

MARCELLA MARQUES

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Além disso, o programa de televi-são Via Saúde foi especialmente cria-do para exibir as aulas do curso.Veiculado semanalmente, tem umahora de duração e é exibido, ao vivo,pelo Canal Minas Saúde. Durante asaulas, especialistas e convidados tra-tam de todos os temas relativos àAtenção Primária e ao PSF, e esclare-cem tudo o que precisa ser feito para aimplantação das linhas-guia nos muni-cípios mineiros. Os alunos telespectadores intera-

gem com os convidados, esclarecendosuas dúvidas por telefone, fax, e-mail evia videoconferência (para quem estáem uma das Gerências Regionais deSaúde). No portal, eles encontram indi-cações de leitura, exercícios, sugestãode sites de interesse e o material dasaulas. Além disso, um fórum aberto atodos os participantes recebe as dúvi-das, críticas, sugestões, relatos de boaspráticas e de experiências dos alunos.

Rubensmidt Riani, coordenador doCanal Minas Saúde de Rádio e TV,classifica a iniciativa do governomineiro como inovadora. “O profissio-nal não tem que se deslocar do seulocal de trabalho para fazer o curso,conforme preconiza o conceito de edu-cação a distância. E mais, o conteúdodesse primeiro curso inova também, jáque busca a transformação dos pro-cessos e práticas de trabalho. PelaGestão da Clínica, o profissional passaa trabalhar com a concepção de saúde,e não mais de doença. É socializarexperiências para fortalecer o SUS.”Riani lembrou, ainda, que mesmo aofinal das aulas virtuais, os alunos con-tinuam compartilhando informações,conhecimentos e interesses na área dasaúde por meio das redes socais, comoo Facebook, Orkut, Myspace, Twitter,entre outros. “Elas facilitam a intera-ção entre os membros em diversoslocais. Existem para proporcionar

meios diferentes e interessantes deinteração.”Sem limites

O ensino a distância permite quenão apenas profissionais graduados sequalifiquem, mas também os estudan-tes da área da saúde. Aluno do 6ºperíodo de Medicina na UniversidadeFederal de São João Del-Rei, campusDivinópolis, Alexandre Antônio G.Teixeira e Silva utiliza o computador,a internet, chats e videoconferênciapara aprender. As aulas veiculadas nocanal Minas Saúde são frequentemen-te assistidas e servem como comple-mento para entender os conteúdos dasaulas presenciais.“Quando descobri o Canal, achei a

ideia fantástica. Com as aulas, apren-do e me atualizo sobre os mais varia-dos temas de saúde pública. Foi nocanal que aprendi sobre os temas das

50 Minas Saúde

Mais de 40 mil profissionais já foram capacitados pelo Canal Minas Saúde

RAMO

N JADER

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51Minas Saúde

linhas-guia e como a saúde funcionano estado; já vi todas as aulas do ViaSaúde”, elogiou.Mas o crescimento dessa modalida-

de e as facilidades oferecidas, comoeconomia no tempo de deslocamento ea flexibilização do tempo para fazer asaulas na hora em que desejar e interca-lar com os horários de trabalho, fazemnecessário critério na hora de escolhertanto a instituição quanto o curso. “A escolha de um curso a distância

tem a ver com a relevância do tema,bem como conhecer um pouco a insti-tuição que o oferece. É preciso aindaque o aluno escolha o tipo de metodolo-gia a que melhor se adapte, compreen-da suas particularidades, tenha discipli-na e se dedique muito”, acredita.Além dos programas próprios e de

parceiros da área de saúde, o CanalMinas Saúde veicula, ao longo do dia, emsua grade de programação, conteúdos deinteresse público voltados para o desen-volvimento pessoal e para a cidadania.Atualmente, além do curso Gestão

da Clínica, iniciou-se, em junho, ocurso Gestão Microrregional, comduração de aproximadamente 15meses. Cerca de três mil técnicos serãocapacitados e vão discutir, em novemódulos, a importância da gestão naesfera microrregional e a construçãode um plano diretor que garanta gover-nança e o fortalecimento das redes deatenção à saúde, com o objetivo demelhorar o eixo estruturador dos ser-viços de promoção à saúde. Outrascapacitações oferecidas foram Proto -colo de Manchester e Vigilância emSaúde, ambos com cinco mil alunos.

Além da TV, rádio

Implantado em 2009, o CanalMinas Saúde de Rádio também é con-siderado estratégico, já que por meiodele são veiculados spots, notícias,novelinhas para carros de som e tam-bém uma radionovela, produzida eencenada pelos atores do grupo de tea-tro Saúde em Cena, formado por fun-cionários da Secretaria. Todas as pro-duções são distribuídas para os parcei-ros da saúde, tais como emissoras derádio locais, ONGs e prefeituras.

Todo o conteúdo do Canal MinasSaúde de Rádio tem caráter de edu-cação em saúde e é voltado, princi-palmente, para dois focos: reduçãoda mortalidade infantil e prevençãoe controle da dengue. Trata-se demais um instrumento estratégicocriado pela SES-MG para fomentara educação em saúde por meio damobilização social, uma forma detransformar a realidade do cidadãoa partir da parceria estabelecidacom representantes da sociedadecivil organizada.

Proposta para o futurol Novos públicos:l Agentes comunitários, agentes de endemias, agentes de vigilância à saúde, diversos públicos nos hospitais, conselheiros de saúde, assistência farmacêutica, consórcios;l Escolas públicas, usuários das UAPS, usuários do SETS,usuários de hospitais e hemocentros;l Faculdades de Medicina, Enfermagem, Odontologia, Farmácia, Fisioterapia, Psicologia e Nutrição.

Mais de 4.500 pontos em 820 municípios atendidos em todas as regiões do estado:Unidades de Atenção Primária à Saúde – 3.395 pontosSecretarias Municipais de Saúde – 806 pontosCentros Viva Vida – 17 pontosCentros Mais Vida – 2 pontosHospitais – 154 pontos (Pro-Hosp e contratualizados)Farmácia de Minas – 43 pontosMinistério Público – 1 pontoFaculdade de Medicina da UFMG – 1 pontoAssociação Médica de Minas Gerais – 1 pontoOutras instituições – 120 pontos

Estudante de Medicina, Alexandre Silva utiliza a tecnologia para estudar e se aperfeiçoar

ANDRÉ BRANT

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--

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Plantas do Cerrado revelam poder medicinal

Plantas da região do Cerrado de Minas foram coletadas para a realização do estudo

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53Minas Saúde

Plantas do Cerrado revelam poder medicinalPesquisa aponta que substância encontrada em plantas típicas doCerrado mineiro atua contra rotavíruse vírus da dengue

studos realizados nos laboratórios dePesquisa e Desenvolvimento da Fun -dação Ezequiel Dias (Funed), desde2006, revelam, agora, que uma subs-tância encontrada em plantas típicasdo Cerrado mineiro contém potenciaisagentes contra a multiplicação do rota-vírus (vírus causador de infecções nosistema gastrointestinal) e do denguevírus (vírus transmissor da dengue).Na pesquisa, 20 amostras de plan-

tas que foram coletadas na regiãoCerrado de Minas Gerais passarampor um processo de caracterização efracionamento em laboratório.Durante essa etapa, a equipe de pes-quisadores da Funed identificou apresença de várias substâncias emalgumas das plantas coletadas. Masum componente em especial, o flavo-noide, chamou a atenção dos profis-sionais. Durante os testes virais, rea-lizados em células (in vitro), essa

Texto: Marina de CastroFotos: Rodrigo Cardoso e

Marina de Castro

Plantas da região do Cerrado de Minas foram coletadas para a realização do estudo

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substância atuou diretamente contraos dois tipos de vírus (rotavírus e den-gue vírus). O flavonoide foi encontrado no

extrato bruto das amostras de plantasda família do jatobá (gênero Hyme -naea), da gabiroba (gênero Byrso -nima), da cagaita (gênero Eugenia) eda aroeira (gênero Myracrodruon). Acoordenadora da pesquisa e chefe doServiço de Virologia Molecular eBioprodutos da Funed, Alzira BatistaCecílio, alerta a população para o fatode que a pesquisa não revela a efetivi-dade da ação antiviral da substânciasimplesmente por meio do consumo dechás feitos a partir das plantas. “O pre-paro de chás para combater virosesnão é indicado, pois não foram feitaspesquisas com a aplicação desses pro-dutos, mas sim com o extrato bruto daplanta. Foi uma importante descobertaque poderá contribuir para o desenvol-vimento de novas pesquisas e de novos

medicamentos”, esclarece.O próximo passo do estudo, segun-

do Alzira Batista Cecílio, é desvendarcomo o flavonoide age contra a multi-plicação dos vírus. Na se quência, deve-rão ser feitos testes em animais e emhumanos (exames clíni cos) para, quemsabe, no futuro, serem produzidosmedicamentos eficazes no combate àsdoenças virais. “Isso é uma novidadeno Brasil, pois não te mos an tiviraisnaturais que efetivamente estejamsendo utilizados. E a inovação maior éque ele poderá vir de uma planta obti-da de nossa própria biodiversidade”,informa Alzira. Atualmente, segundo a pesquisado-

ra, não há no Brasil ou no mundo, comexceção dos medicamentos usados notratamento da Aids, uma droga queatue diretamente no combate aosvírus. “Os medicamentos, muitasvezes, são paliativos, com efeitos tem-porários. Com a pesquisa, podemos

caminhar para a produção de um anti-viral potente contra a infecção viral econtra a multiplicação dos vírus noorganismo das pessoas”, almeja.“A pesquisa, realizada na Fundação

Ezequiel Dias, contou com o apoio daUniversidade Estadual de MontesClaros e da Universidade Federal deMinas Gerais e recebeu financiamentoda Fundação de Amparo à Pesquisa doEstado de Minas (Fapemig)”.

Alzira Batista Cecílio acredita que a descoberta do flavonoide levará à produção de um potente antiviral

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Vinte amostras de plantas serviram como base para a pesquisa

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55MinasSaúde

Estudo desenvolvido no estado, com a participação daHemominas, preveniu contaminação de bebês pelo HTLV

e mapeou regiões com alta incidência do vírus

raças à pesquisa “Distribuição geo-gráfica do HTLV–1/2 em mães derecém-nascidos submetidos à tria-gem neonatal em Minas Gerais”,desenvolvida em 2007 pela FundaçãoHemominas, agora é possível identifi-car os locais de prevalência do víruslinfotrófico de células T humanas, oHTL, no estado. A pessoa portadorado HTLV pode desenvolver doençasgraves, como leucemia/linfoma decélulas T do adulto (ATL), parapare-sia espástica tropical (doença neuro-lógica) e uveíte (inflamação intraocu-lar), entre outras.O HTLV é um retrovírus que foi

descoberto em 1980, a partir do seu

isolamento em um paciente com umtipo raro de leucemia de células T. Otipo II do vírus foi identificado em1982, os tipos 3 e 4 em 2005. Emtorno de 5% a 10% dos portadores doretrovírus têm chance de desenvolveruma dessas doenças. A prevalênciado vírus é maior em mulheres do queem homens (cerca de duas mulherespara cada homem).A transmissão pode ocorrer pelo

contato com o sangue contaminado(transfusões de sangue, uso compar-tilhado de agulhas e seringas conta-minadas ou acidentes de trabalho emlaboratórios), durante a amamenta-ção e por relação sexual. No Brasil, a

obrigatoriedade para a realização doteste no sangue para a transfusão foiaprovada em 1993, pelo Ministério daSaúde. Os testes em candidatos adoação de sangue mostram que, emMinas Gerais, 0,08% das pessoaspodem estar infectados. De acordo com a coordenadora

do projeto, a médica hematologistaAnna Bárbara Proetti, presidente daFundação Hemominas e coordena-dora do Grupo Interdisciplinar dePesquisa em HTLV (GIPH), em1993 a instituição detectou a presen-ça do vírus HTLV em doadores desangue em Minas Gerais. “Ele é ummicroorganismo que pode causar

Texto: Heloísa MachadoFotos: Pedro Cisalpino

HTLV é identificado pelo teste do pezinho

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Maísa AparecidaRibeiro – médicapesquisadora da

Hemominas e umadas coordenadoras

da pesquisa

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várias doenças, como a leucemia, alémde provocar paralisia física e cegueira”,revela. Ela ainda comenta que “o estu-do realizado pela Hemominas tevecomo objetivo impedir a transmissãodo vírus HTLV pelo aleitamentomaterno e permitiu mapeá-lo entremulheres férteis em Minas Gerais.“Isso possibilitou recomendar aos ges-tores do SUS a inclusão de testes eacompanhamento no pré-natal emmunicípios com a prevalência alta dovírus”, completa.Um dos resultados da pesquisa foi a

criação da Lei Estadual n. 17.344, dejaneiro de 2008, que tornou obrigató-ria, mediante solicitação médica, a rea-lização de testes sorológicos para odiagnóstico da infecção pelo HTLV-1/2. Essa lei é a mais completa do paíssobre o assunto, porque abrange diag-nóstico, tratamento e prevenção dovírus. É mais um avanço na prevençãoda transmissão desse vírus e na melho-ria na saúde pública. O teste tambémserá oferecido a todas as gestantes dasregiões do estdado onde há grande inci-dência do vírus. O estado também for-nece o leite para substituir a amamen-tação materna, semelhante ao queocorre com os programas de apoio aosportadores do HIV.

Teste do pezinho

Todos os 853 municípios de Minasparticiparam da pesquisa, realizadacom recursos da Fundação de Amparoà Pesquisa do Estado de Minas Gerais(Fapemig). O trabalho envolveu váriasinstituições que formam o GrupoInterdisciplinar de Pesquisas emHTLV (GIPH), como a UFMG, pormeio do Instituto de CiênciasBiológicas e da Faculdade deMedicina, a FioCruz, a FaculdadeFederal de Diamantina, além deoutros parceiros nacionais e interna-cionais. Foi utilizada a estrutura doNúcleo de Ações e Pesquisa em ApoioDiagnóstico (NUPAD), órgão daFaculdade de Medicina da UFMG,que, em parceria com a Secretaria deEstado de Saúde de Minas Gerais(SES-MG), coordena o Programa

Estadual de Triagem Neonatal(PETN), esse projeto realiza, deforma massiva e gratuita, a triagem derecém-nascidos para detecção precocede fenilcetonúria, hipotireoidismo,hemoglobinopatias e fibrose cística. Essa foi a primeira vez que um pro-

grama de triagem neonatal foi utiliza-do para detectar mães positivas para oHTLV-1/2 e que medidas foram ado-tadas para bloquear a transmissão dovírus ao recém-nascido (interrupçãoda amamentação, com substituiçãopor um composto alimentar). A pro-posta da pesquisa era detectar o víruspor meio da triagem neonatal emmães de recém-nascidos submetidosao teste do pezinho. Esse método foi utilizado porque

evita a transmissão do vírus para ascrianças pelo leite materno das mãesportadoras. Foram analisadas 55.293amostras, com confirmação de infec-ção em 42 mães. Duas foram identifica-das como portadoras do HTVL-2, e asdemais do HTVL-1. Com a aplicaçãoda intervenção proposta pelo estudo,que era impedir a amamentação comleite materno, apenas um dos recém-nascidos (2%) foi infectado, conseguin-do-se evitar a infecção de cinco a nove

crianças, já que a taxa de transmissãovia aleitamento é de 15 a 25%. Por meio do estudo foi possível veri-

ficar correlação dos casos positivoscom determinantes de posição socioe-conômica, tendo como base de análiseas 12 mesorregiões geográficas doEstado. As maiores taxas de casoscoincidiram com aquelas que, emmédia, apresentam os piores indicado-res econômicos, como os Vales doMucuri e Jequitinhonha. O trabalhomostrou que a distribuição geográficado HTLV-1/2 foi heterogênea, mascom tendência de concentração nasregiões Norte e Nordeste de Minas. Jáas menores taxas foram registradasnas regiões Sul/Sudoeste de Minas eZona da Mata, e nenhum caso foiencontrado nas regiões CentralMineira e Campo das Vertentes. Com o estudo concluiu-se que o

conhecimento da prevalência da infec-ção pelo HTLV-1/2 na população femi-nina de gestantes propicia o planeja-mento de ações de saúde pública decontrole de disseminação, com priori-dades nas áreas com maiores prevalên-cias. A detecção das portadoras dovírus, por meio de triagem no pré-natalou neonatal, associada às medidas de

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intervenção, como fornecimento defórmulas lácteas aos recém-nascidosde soropositivas, pode reduzir o riscode transmissão vertical do vírus.Este estudo ajudou no planejamento e

na adoção de ações de saúde pública quevisem à identificação de mães portadorasdo vírus, no intuito de reduzir a transmis-são viral pelo aleitamento materno.Todo o estado

Todas as crianças encaminha-das para o PETN no período estu-dado, de setembro a novembro de2007, tiveram a permissão dos paisou responsáveis para que namesma amostra usada para a tria-gem das doenças de rotina fossetambém realizada a pesquisa deanticorpos maternos IgG anti-HTLV. Para cada amostra positivaou indeterminada para o HTLV-1/2, foram solicitados, através decontato com a Unidade de Saúdede origem da criança, novos exa-

mes das mães, que foram orienta-das sobre a doença e a pesquisa e,se estivessem de acordo, submeti-das a testes sorológicos e confir-matórios. Tanto as mães quanto ascrianças tiveram seus nomes pre-servados.As mães com sorologia positiva

para o HTLV-1/2 foram orienta-das a interromper a amamenta-ção, para evitar a transmissãopara a criança. Formulações lác-teas infantis foram fornecidas porno mínimo seis meses para substi-tuição do aleitamento materno. Asmães que tiveram a infecção con-firmada foram encaminhadas paraacompanhamento médico. A médica infectologista Maísa

Aparecida Ribeiro, da FundaçãoHemominas, uma das executorasdo estudo, explica que o HTLVpode levar a doenças graves, dedifícil tratamento, e que por issofoi essencial a implantação demedidas que procurassem o con-

trole da disseminação do vírus.Segundo ela, o conhecimento dasre giões com maior prevalênciadessa infecção na população degestantes propiciou o planejamen-to de ações de saúde públicanecessárias, como triagem no pré-natal ou neonatal. “Essas ações,associadas às medidas de interven-ção, como fornecimento de fórmu-las lácteas aos recém-nascidos demães positivas, podem apresentarum grande impacto na redução datransmissão do vírus”, afirmou.A médica disse que o controle

da disseminação do HTLV-1/2envolve medidas que visam a dimi-nuir os fatores de risco, relaciona-dos à transmissão sexual, usocompartilhado de seringas e agu-lhas e transmissão vertical. Nesseúltimo caso, o aleitamento mater-no constitui uma importante via detransmissão do vírus. Ela conta, ainda, que, segundo

a literatura médica, medidas têm

Distribuição da proporção de mães de nascidos vivos soropositivaspara o HTLV-1/2 de acordo com a mesorregião geográfica de residência - Minas Gerais, setembro a novembro de 2007

NUPAD/UFMG

58 Minas Saúde

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Presidente da Fundação Hemo -minas e coordenadora do GrupoInterdisciplinar de Pesquisa emHTLV (GIPH), a médica hematolo-gista Anna Bárbara Proietti enfati-zou a importância da realização daspesquisas na Fundação. “Temosresultados significativos, com núme-ro alto em publicações nacionais einternacionais de projetos aprova-dos por instituições de fomento bra-sileiras, como Fapemig, e de institui-ções de fomento estrangeiras, comdestaque para a pesquisa REDS(Retrovírus Epidemiology DonorStudy), que tem um impacto enorme.Trabalhamos para estreitar relaçõesde pesquisa com a maior agência defomento americana, o NIH(National Institute of Health), para aárea de sangue”, destacou, citandocomo exemplos as parcerias nasáreas da doença falciforme e medici-

na transfusional.

Desde 1992, a Hemominasmantém o Serviço de Ensino ePesquisa como incentivo à produ-ção de conhecimento e sua aplica-ção prática, melhorando a assis-tência oferecida aos pacientes edoadores voluntários. O setor éresponsável por cadastrar e acom-panhar todas as pesquisas realiza-das pela Fundação e ainda estabe-lecer e promover parcerias comoutras instituições de ensino e pes-quisa. O resultado é um grandeacervo de teses e dissertações emdiversas áreas, bem como artigoscientíficos e monografias técnicas,intercâmbio e estágios qualificadosoferecidos pela Hemominas a estu-dantes de nível médio e superior. AFundação mantém também parce-rias e convênios com universidades einstituições de pesquisa no país e noexterior, e conta com o financia - mento de agências de fomento, entreelas a Fapemig, para a realizaçãodas produções científicas. No últimoedital PPSUS, a Hemominas foicontemplada com quatro projetos, jácom recursos liberados em 2010.Desde 1997, com a implanta-

ção do Comitê de Ética emPesquisa (CEP), todos osprojetos de pesquisa daFundação Hemominas

que envolvem seres humanos sãorigorosamente avaliados sob seusaspectos éticos. O comitê é formadopor funcionários de diversos setoresda Fundação, um doador e umrepresentante dos pacientes. Segundo o Serviço de Pesquisa da

Hemominas, existem atualmente 45pesquisas em andamento, da Fun da -ção e parcerias, nas áreas de hema-tologia, hemoterapia, hemoglobino-parias, coagulopatias, doação de san-gue e imunohematologia.

Importância das pesquisas na Hemominas

sido adotadas com sucesso noJapão por meio da identificação degestantes soropositivas e recomen-dação de substituição da amamen-tação por fórmulas lácteas infan-tis. No entanto, no Brasil, essetipo de medida é adotada em pou-cos estados, como Minas Gerais. Segundo a pesquisa, conside-

rando as doenças triadas peloPETN, a prevalência de casos deinfecção pelo HTLV-1/2 encontra-

da em gestantes foi semelhante àincidência de casos de doença fal-ciforme e maior que a incidênciadas demais doenças triadas. Ao analisar essas informações

pode-se concluir que a prevalênciaencontrada da infecção pelo HTLV-1/2 em Minas Gerais, apesar de consi-derada baixa, justifica a elaboração deestratégias diagnósticas de portadoresdo vírus. Trata-se de uma infecçãocrônica com mecanismos de trans-

missão conhecidos e passíveis deintervenção e controle, além deapresentar risco de desenvolvimentode doenças de alta morbidade e deprognóstico ruim. É importante res-saltar a comprovação de que a infec-ção precoce, ou seja, transmitida damãe para o filho, pode predispor odesenvolvimento de doenças asso-ciadas ao HTLV-1, principalmente aleucemia/linfoma de células T doadulto (ATL).

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Primeira instituição pública ecologicamente correta está em Uberlândia

berlândia, Triângulo Mineiro. São quatro horas datarde e, apesar de as luzes estarem todas apagadas, ocorredor ainda está claro. Essa é uma cena real noHospital e Maternidade Municipal Doutor OdelmoLeão Carneiro (HMM). Sem mágicas, estado e muni-cípio conseguiram desenvolver soluções simples e cria-tivas para o projeto arquitetônico, de modo a garantiruma iluminação natural e a economia de energia elétri-ca, reduzindo os custos de manutenção do hospital,além de cooperarem com o meio ambiente. Racionalização de energia, dos recursos naturais

hídricos, economia operacional, humanização, controlede infecção, segurança e flexibilidade são as principaiscaracterísticas do projeto que o tornam, além de ecoló-gico e ambientalmente correto, uma obra inteligente eeconômica. Em parceria com o Governo de Minas, a

Texto: Priscilla FujiwaraFotos: André Brant

Estado e município constroem Hospital Inteligente

60 Minas Saúde

Nos corredores, para evitar insolação toda instenção superior é revestida por grades chamadas Brise Soleils, que atuam como quebra-sol

Corredores sem iluminação graças às clarabóias

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61Minas Saúde

Prefeitura de Uberlândia vai inaugu-rar em novembro deste ano o primeirohospital público inteligente do país e oprimeiro municipal da cidade. Foraminvestidos na obra e nos equipamentosR$ 45 milhões pelo Estado e R$ 19milhões pelo município. O hospitalconta com 258 leitos, sendo 50 paraUnidade de Tratamento In ten siva(UTI) e destes dez são neonatais. Antes mesmo de inaugurar, o hospi-

tal já é um dos orgulhos da cidade ereferência para a saúde. O prefeito deUberlândia, Oldemo Leão, acompa-nha as obras diariamente e explicouque sua intenção é construir um dosmelhores hospitais públicos do Brasil.“Quando nós determinamos a elabora-ção deste projeto, eu disse que queriafazer o melhor hospital público doBrasil, em parceria com o governo doEstado. E, para que isso pudesse acon-tecer, teríamos que ter acesso às últi-mas tecnologias que existem no siste-ma de saúde”, contou. A parceria entre o Governo de

Minas e Uberlândia faz parte da expan-são do Programa de Fortalecimento eMelhoria da Qualidade dos Hospitais doSUS/MG. Além de Uberlândia, osmunicípios de Belo Horizonte,Divinópolis, Juiz de Fora, Uberaba eSete Lagoas terão até 2012 um novohospital regional. No total, serão inves-tidos, aproximadamente R$ 400milhões, pelo estado, agrupados commais recursos municipais. Em BeloHorizonte será investido R$ 190milhões no Hospital Regional doBarreiro; em Juiz de Fora serão R$ 42milhões no Hospital Regional deUrgência e Emergência; emDivinópolis são R$ 36 milhões. EmSete Lagoas serão R$ 37 milhões noHospital Regional de Sete Lagoas e emUberaba, R$ 20 milhões. Até 2010, emMinas já foram beneficiados 127 hospi-tais pela parceria entre estado e muni-cípio na assistência hospitalar.Economia de energia e água

O ar-condicionado e a luz artificialsão os principais fatores que aumen-

tam o gasto de energia de qualquerlugar. Para melhorar a circulação dear e o aproveitamento máximo daluminosidade natural, algumas solu-ções foram adotadas na obra: corre-dores largos e abertos, janelas amplasem locais estratégicos, claraboias emambientes fechados e pés-direitosaltos ou rebaixados. As salas de espe-ra, as enfermarias e os corredores nãoprecisam de iluminação artificialdurante o dia. Ar-condicionadosomente nas unidades de tratamentointensivo (UTI), nos berçários e cen-tros cirúrgicos, por ser obrigatório.Todo o calor produzido pelos apare-lhos desses ambientes é reaproveita-do, transformado em energia, pormeio de um sistema de bomba de ar, eutilizado como nova fonte de energia. “O ar-condicionado é inteligente”,

explicou o assessor técnico daSecretaria de Obras, Cláudio Paes deAlmeida. “De um lado ele resfria oambiente, e do outro produz águaquente, o que permite ao hospital terágua a sessenta graus durante 24 horaspor dia”. Outra fonte de energia natu-ral são as telhas térmicas, que transfor-mam a energia solar em calor e man-têm a água quente. Ainda segundo otécnico, todo o hospital será abastecidocom essa água a custo zero. Os ambientes terão uma tempera-

tura agradável, porque toda a sua áreafoi coberta por “telhas sanduíches” quefuncionam como isolantes térmicos eacústicos e evitam o uso de ar-condi-cionado. “É uma espécie de espumaforte e dura, duas chapas metálicasrecheadas de poliuretano”, explicou oassessor técnico. Já nos corredoresabertos, para evitar a insolação, toda asua extensão superior é revestida porgrades, chamadas de brise-soleils, queatuam como quebra- sol e evitam achuva, sol e vento nas áreas abertas. Além da economia com a luz elé-

trica, de racionalizar o uso do ar-con-dicionado e toda a água ser aquecidade graça, ainda há grupos de gerado-res que são ligados em momentos depicos, que é quando a energia é maiscara e desliga-se a da rede pública, o

Nos corredores, para evitar insolação toda instenção superior é revestida por grades chamadas Brise Soleils, que atuam como quebra-sol

Corredores sem iluminação graças às clarabóias

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que reduz em 75% o custo de energia.O prefeito Odelmo Leão tambémenfatizou que todos os equipamentosestão sendo adquiridos considerandoos custos que podem gerar, como é ocaso dos computadores que têm seloverde por consumirem um terço deenergia elétrica.Além da energia, haverá uma eco-

nomia de 50% de água, porque o hospi-tal tem dois sistemas hidráulicos – umpara água potável e outro para asbacias sanitárias. O encanamento querecebe fezes e dejetos irá para a redepública, já o que é alimentado pela águade chuveiros, lavatórios, bebedouros epias irá para um esgoto reciclado nohospital, onde ficará armazenado emum reservatório à parte para recebertratamento e ser novamente utilizadonos vasos sanitários. O sistema é cha-

mado de reuso de água e é uma dasgrandes contribuições para o meioambiente, como ressaltou o assessortécnico Almeida, “no momento em quevocê economiza 50% do volume deágua para abastecer o hospital, vocêestá eco nomizando 50% do volume deágua que vai para o tratamento de esgo-to, então você alivia o tratamento deesgoto e racionaliza o que é lançandono final”. Humanização para os usuários

Quem conhece o Hospital, mesmoem obras, tem a impressão que estáentrando em um hotel ou um shopping,em razão da arquitetura moderna e dosmateriais de qualidade que podem serobservados mesmo por quem não é umespecialista. A estrutura do hospital

valoriza a população e pontua a impor-tância da qualidade estética e operacio-nal nas obras públicas. O prefeitoOdelmo afirmou que ao pensar o hospi-tal queria oferecer as melhores condi-ções de trabalho para os profissionais eum ambiente onde as pessoas pudessem“sentir-se dignas e respeitadas”. Todo o projeto arquitetônico pro-

porciona humanização para o usuário,o acompanhante e os trabalhadores:locais agradáveis, onde as pessoas sesintam bem com condições térmicasadequadas, e estrutura que respeite opaciente. A entrada principal é ampla,toda envidraçada, e com o pé-direitoalto. As portarias são descentralizadase as pessoas circulam no hospital deforma livre e sem barreiras físicas.Além da entrada principal, o hospitalainda tem a da maternidade, do centroobstétrico e de imagem. Até nas UTIs,mesmo com ar-condicionado, háentrada de luz natural para que opaciente perceba se é dia ou noite, paranão atrapalhar o metabolismo. Imagine ainda na sala de espera ter

notícias de um familiar que está sendooperado e poder vê-lo por meio de umvidro no exato momento que ele vaipara a recuperação pós-anestésica?Essa será uma realidade no Hospital e

Pés-direiros altos e janelas largas para racionalizar enregia

No Hospital deUberlândia,

soluções simples ecriativas garantemredução dos custosde manutenção ecooperam commeio ambiente

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Maternidade Municipal em Uber lân -dia. Ao lado do Centro Cirúrgico,uma Sala de Espera permite aos fami-liares acompanharem o pacientedurante a cirurgia, a partir de um fun-cionário, por meio de um interfone.Quando termina a operação e ele forencaminhado para a sala para recupe-ração pós-anestésica, os acompanhan-tes, na sala de espera poderão acompa-nhar o estado do paciente através deum vidro que separa os dois ambientes. Todo o mobiliário é padronizado e

planejado pensando no conforto dousuário. As camas são eletrônicas, eem cada apartamento há um armáriopara ser guardada a medicação dopaciente e um computador em quepoderá ser consultado o seu prontuá-rio. O motorista José Wilson Batista jáparticipou de uma das visitas guiadas eficou impressionado com a estrutura eos equipamentos. “É um hospital deprimeira classe. Eu vi as camas eletrô-nicas, vira de um lado, vira para ooutro, não é de levantar na munhecanão, é muito sofisticado”, contou. A poluição sonora foi uma outra

preocupação. O equipamento de ar-condicionado está instalado fora dohospital, para evitar que os ruídosincomodem os pacientes. Além disso,para não atrapalhar a vizinhança, eleestá em desnível e tem o formato côni-co para evitar que o barulho disperse. Manutenção de baixo custo

Além da economia de água e ener-gia elétrica, a obra já prevê redução decustos de manutenção. Toda a canali-zação hidrelétrica e hidráulica comocabos, fios e aquecedores fica em umporão técnico. A estrutura do ar-condi-cionado e de informática fica em umaárea técnica superior. “Se aconteceralguma coisa não precisa quebrarparede”, pontuou o arquiteto. Toda amanutenção pode ser executada nes-sas áreas (superior e inferior), o quediminui as obras dentro do hospital eos riscos de infecção. “É uma arquite-tura que reduz o custo operacional ede manutenção”, disse o assessor téc-

nico, “pois em hospitais similares essaestrutura fica enterrada”. O Hospital não é somente ecológi-

co, é uma obra inteligente que mini-miza os recursos operacionais tam-bém. Responsável pelo projeto, omédico e arquiteto DomingosFiorentini disse que os seus hospitaisnão são “baratos, mas sim econômi-cos”. O arquiteto também enfatizou aimportância da qualidade da obra, aoafirmar que “estamos quebrando umparadigma de que os hospitais públi-cos são ruins, pelo contrário, tem queter qualidade, porque é dinheiro dacomunidade. Dinheiro de construçãose gasta uma vez, mas o custo demanutenção é para a vida inteira. Aeconomia de água é para a vida toda,agora imagina o que isso gera parapopulação? Este hospital vai fazereconomia o resto da vida”. Com um custo de R$ 50 milhões

em 20 mil metros quadrados, a mé -dia por metro quadrado é de R$ 2,5mil. Segundo o assessor técnicoClaú dio Paes de Almeida, essa é amédia de custo de uma casa sofisti-cada, o que “para uma obra hospita-lar é uma grande vitória”, salientou. A planta do projeto já prevê a

expansão do hospital para dobrar onúmero de leitos. Construído em umúnico piso, a estrutura tem espaçopara a ampliação em áreas ajardina-das e as fundações já foram construí-das para receberem mais um pavimen-to e, na área de internação, pelo menosmais dois pavimentos. Qualquer ex -pansão futura já foi planejada, o queevitará construções desordenadas. Redução de riscos de infecção

A arquitetura contribui tambémpara redução de infecção. O hospitalfoi projetado com três eixos: circulaçãopública, industrial e interno. Os corre-dores para a circulação pública nãotêm obstáculos a e sempre termina nasala de espera ou secretaria, o queaumenta a segurança e a humaniza-ção. O industrial se destina ao trans-porte da comida, roupa, lixo e até cadá-

veres. E o interno, para a circulação demédicos, pacientes e funcionários. Osdepartamentos que têm interaçãoserão ligados a curtas distâncias, o queotimiza os recursos humanos e mate-riais, agrupando diversas funções nomesmo local e reduzindo os espaçosentre as partes que compõem uma ati-vidade. Segundo o arquiteto DomingosFiorentini, este planejamento da circu-lação reduz infecções, pois a circula-ção industrial não se mistura com amédica nem com a técnica.Como os ambientes são bem ilumi-

nados e ventilados, não são propíciospara fungos e bactérias. Em todos osapartamentos foram instalados siste-mas de persianas embutidas nas jane-las para evitar as cortinas de tecidosque acumulam bactérias. Essas persia-nas regulam a entrada de luz, podendoaumentar ou diminuir a luminosidadeno quarto. Impactos do Hospital na Região

O Hospital e Maternidade Munici -pal terá o acesso regulado. Quandonecessária a internação, o usuário seráencaminhado pelo Pronto Aten di -mento. Apesar de ser municipal e aten-der os 600 mil habitantes de Uber lân -dia, ele irá impactar indiretamente naregião, porque irá desafogar o Hospitalde Clínicas da Universidade Federalde Uberlândia, referência de média aalta complexidade, aumentando a ofer-ta de leitos para a região.Investir em Uberlândia é uma das

ações do Plano de Regionalização daSaúde do Governo de Minas. Segundoo diretor da Gerência Regional deSaúde de Uberlândia, Daltro CataniFilho, é importante e necessárioaumentar o número de leitos na cida-de, principalmente os de UTIs, porisso o Estado vem investindo naregião. “A defasagem é grande pelonúmero de habitantes e também porser uma cidade geograficamente bemlocalizada e funcionar como referên-cia de outros municípios para procedi-mentos que demandem alta complexi-dade. Nunca o Governo de Minas in -

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ves tiu tanto na região do Triân guloMi neiro”, destacou.Após a construção e a experiência

bem-sucedida do projeto, o prefeito deUberlândia pretende construir a pri-meira Unidade Básica de Atenção

Primária ecologicamente correta dopaís. De acordo com ele, já foi elabora-do um projeto arquitetônico arrojadonos mesmo moldes do hospital para aconstrução da Unidade da Família dobairro Canaã.

Médico e arquiteto, Do -mingos Fiorenti projetou oHospital Municipal DoutorOdelmo Leão Carneiro le -van do em conta a racionali-zação dos recursos naturais,financeiros, humanização,segurança e redução de infec-ções. Há 44 anos na área hos-pitalar e mais de 500 projetosno Brasil e no exterior, oarquiteto nunca se confor-mou com a arquitetura nasaúde. Além do projeto dohospital em Uberlândia, eletambém é responsável peloHospital Mu nicipal deDivinópolis, pelo Metro poli -tano de Belo Hori zonte, alémdos parti culares Albert Eins -ten e Ma drecor. “Não sei sepoderíamos chamar esseshospitais de verdes, ecológi-cos ou sustentáveis. Tenho44 anos de experiência, e osmeus projetos são anterioresa essa onda. São mais queecológicos, são inteligentes”,ressaltou o arquiteto.

Segundo o arquiteto, ocusto de uma obra inteligentenão é a mais barata. Fica emtorno de 20 a 30% mais cara,“é claro que fica mais cara,uma tubulação com águapotável e outra reciclada ficamais cara que uma normal.Os meus projetos não são osmais baratos, são os maiseconômico”. O projeto prevêa redução de 50% no uso daágua, além da economia eenergia e redução de custosde manutenção. “Será umaeconomia para o resto davida”, finalizou.

HOSPITAL E MATERNIDADE MUNICIPAL DR. ODELMO LEÃO CARNEIRO

Início das obras: janeiro de 2008Previsão de inauguração: novembro de 2010Previsão de trabalhadores: 1300

CAPACIDADE DO HOSPITALUTI adultos: 40 leitosUTI neonatal: 10 leitosBerçário de cuidados intermediários: 16 berçosMaternidade: 17 quartos (51 leitos)Pediatria: 15 quartos (45 leitos)Internação: 32 quartos (96 leitos)Total de leitos: 258 leitosCentro obstétrico: 4 salasCentro cirúrgico: 6 salasEstacionamento:

745 vagas de automóveis35 vagas de motos

Especialidades: Urologia, Otorrinolaringologia, Ortopedia, Saúde Bucal,Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Ginecologia e Obstetrícia, além dos exames de tomografia, ressonância e ultrassom.

64 Minas Saúde

Domingos Fiorentini

Telha sanduíche funcionam como insolante térmico e acústico, reduzindo o uso do ar condicionado

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Câncer de pele. Você pode prevenir.

Tire um dia para se cuidar, antes que o câncer tire muito mais de você.

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--Um novo olhar para asaúde

Em Betim, unidades de

saúde adotammedicamentosfitoterápicos notratamento dos

pacientes

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Práticas integrativas e complementares no SUS

oi com barbatimão que Gabriel deSantos, 7 anos, cicatrizou uma feri-da na laringofaringe. Ele chegou aoconsultório do cirurgião-dentistaRi cardo Murta, na Unidade Básicade Saúde (UBS) do bairro Angola,em Betim, na região metropolitanade Belo Horizonte, muito assusta-do. “Foi uma travessura. Ele estavabrincando de equilibrar uma varade bambu no dedo. Desequilibrou ecaiu. Na queda perfurou o céu daboca”, contou Ângela Santos, mãede Gabriel. O barbatimão é uma espécie da

flora original do cerrado, usada comfrequência no consultório odontológi-co da UBS. “A ação cicatrizantedesta planta é incrível! A ferida secicatriza em quatro dias. Além disso,eu a uso como substituta do anti-hemorrágico e do anti-inflamatório”,explicou o cirurgião-dentista. Grande parte dos tratamentos rea-

lizados no consultório é feita à base demedicamentos fitoterápicos. Emalguns casos, Murta administra umacomposição destes com os alopáticos(medicamentos comuns), dificilmentefaz uso exclusivo dos últimos.“Trabalho desta maneira porque, aovalorizarmos a cultura popular e aprática da medicina integrativa e com-plementar, favorecemos a adesão do

Texto: Juliana GutierrezFotos: Pedro Cisalpino

Construção de farmácias homeopáticas efitoterápicas éuma das propostas do estado para fortalecer as PICs municipais

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paciente e atraímos as pessoas para oconsultório. Com isso, o usuário confianos benefícios da planta e na sua capaci-dade de cura, já que ele a utiliza no dia adia”, explicou. A oferta, por meio do Sistema

Único de Saúde (SUS), de terapêuti-cas que utilizam os mecanismos natu-rais de prevenção de agravos e para arecuperação da saúde torna-se, cadadia mais, uma realidade em váriosmunicípios mineiros. Em 2007, a Superintendência de

Atenção à Saúde da Secretaria deEstado de Saúde de Minas Gerais reu-niu um grupo de trabalho formado porprofissionais e entidades atuantes e ela-boraram a Política Estadual dePráticas Integrativas e Comple men -tares (PEPIC). Fundamentada nas diretrizes da

política nacional, formulada peloMinistério da Saúde em 2006, a políti-ca estadual foi aprovada em maio de2009. Com ela, a SES busca normati-zar as várias experiências e valorizaras práticas já vivenciadas na culturapopular dos mineiros. A partir dessa iniciativa, os municípios

As PICs são terapêuticas que utilizam mecanismos nãonaturais de prevenção e recuperação da saúde

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passaram a contar também com os inves-timentos estaduais. Isso porque, além dedefinir as diretrizes técnicas adequadas,os insumos apropriados e as ações deacompanhamento e avaliação, aSecretaria Estadual de Saúde tambémpreviu orçamento para os serviços desaúde em Práticas Integrativas eComplementares (PIC).Investimentos em Farmácia Viva

De acordo com Thaís Corrêa deNovaes, a técnica da CPIC, o Estadobusca desenvolver um trabalho em par-ceria com os municípios, de modo quepossibilite a ampliação do acesso às prá-ticas e ofereça os serviços por meio doSistema Único de Saúde (SUS), comqualidade e racionalização. “Com a política tornamos as práti-

cas integrativas e complementaresuma realidade em Minas. Estamosdefinindo os protocolos técnicos e osrecursos orçamentários necessáriospara fortalecer as ações municipais epassamos a atuar ao lado dos municí-pios para que eles possam oferecer umserviço melhor e mais amplo”, expli-

cou a coordenadora.Uma das principais propostas da

política estadual é a construção de far-mácias públicas de manipulação demedicamentos homeopáticos, fitoterá-picos e antroposóficos. Para viabilizara iniciativa, o estado financia a farmá-cia para os municípios. Em Betim, por exemplo, o Estado

já destinou R$ 288 mil para a constru-ção de uma unidade. A manipulaçãodos fitoterápicos para os tratamentosdisponibilizados pelo SUS é realizadahoje no Hospital Regional de Betim,onde são atendidas, em média, 300receitas por dia. Com a nova unidade, a expectativa

é ampliar o acesso a esses medicamen-tos para os usuários do SUS no muni-cípio, elevando o número de beneficia-dos. “A procura por medicamentosfitoterápicos tem crescido muito. Oespaço que temos no Hospital não émais suficiente para nossa demanda.O Estado vai contribuir para ampliar efortalecer o serviço, garantindo aindamais qualidade e eficiência”, avaliouLorayne Caroline Resende, farmacêu-tica da UBS Angola.

Valorizando experiências

Nova Lima, também na RegiãoMetropolitana de Belo Horizonte, foioutra cidade beneficiada pelo Estado,com R$ 168 mil para a construção deuma unidade de farmácia pública demanipulação. O recurso irá fortaleceras iniciativas do Centro Municipal deAtenção Integral à Saúde (CEMAIS). O CEMAIS começou a funcionar

há mais de dez anos no município, pormeio de uma iniciativa do setor priva-do. Há dois anos, percebendo a impor-tância que ele tinha na construção emanutenção da saúde das pessoas, aprefeitura integrou o Centro e, assim,ele passou a ofertar os serviços gratui-tamente pelo SUS. Isso possibilitou uma oferta mais

sistemática e ampla aos moradores.Além disto, o CEMAIS passou a sersupervisionado e incentivado pelopoder público. Nele são oferecidos ser-viços de acupuntura, medicina homeo-pática, aulas de relaxamento, ioga, taichi chuan. O Centro também faz aten-dimentos em domicílio para pessoascom dificuldade de locomoção.

Práticas corporais coletivas beneficiam

pacientes do SUS emNova Lima

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--Mais de seis profissionais estão

envolvidos no projeto. Um médicohomeopata, um médico acupuntu-rista e quatro profissionais traba-lham em práticas corporais coleti-vas. Sema nalmente são realizados500 procedimentos no CEMAIS, oque perfaz uma média mensal de2000 atendimentos. A partir de agora, medicamentos

fitoterápicos e homeopáticos tambémserão disponibilizados aos usuários doCEMAIS. “É só isso o que faltavapara o município completar a oferta deserviços Integrativos e Com ple men -tares. No Centro, médicos homeopa-tas atendem aos usuários, mas aindanão disponibilizávamos os medica-mentos. Foi para superar esse vazioque solicitamos a construção daUnidade de Farmácia”, comentouMárcio Flávio Barbosa, SecretárioMunicipal de Saúde.Segundo Ângela de Souza Lopes,

pedagoga e coordenadora doCEMAIS, o Centro atende demandasespontâneas e também referenciadaspor médicos e psicólogos da rede públi-

ca de saúde do município. “O sucessodo projeto entre os moradores ocorreporque procuramos uma nova formade encarar os mesmos problemas.Buscar em nós mesmos a cura, oesforço pessoal de cada um para acura”, comenta Ângela.Marta Ferreira Souza, 64 anos, e

o marido Waldir José da Silva, 67anos, participam da aula de relaxa-mento do Centro. Marta asseguraque não teria conseguido superaruma forte depressão após a morte dopai se não fossem as aulas. “Eu esta-va no fundo do poço e me reergui.Mas o mais incrível foi a melhoria dasaúde do meu marido. Acredita queele teve AVC? Ficou sem falar e semandar. As aulas estão o ajudando avoltar à vida normal: ele até recupe-rou o movimento e a fala”, conta.Situação em Minas

Em 2008 a SES realizou um diag-nóstico nos municípios mineiros eidentificou mais de 70 deles com inicia-tivas de medicina integrativa e comple-

mentar, como a medicina tradicionalchinesa, acupuntura, práticas corpo-rais, meditação, orientação alimentar,medicina antroposófica. O objetivo das ações estaduais é

garantir a gratuidade das ativida-des que buscam estimular os meca-nismos naturais de prevenção erecuperação da saúde, por meio detecnologias eficazes e seguras quecontribuem para a integração doser humano com o meio ambientee a sociedade e o desenvolvimentodo vínculo terapêutico. Dessaforma é possível compar tilharuma visão ampliada do processosaúde-doença e a promoção globaldo cuidado humano, especialmentedo autocuidado.

“Os municípios estão encontrandonovas maneiras de oferecer saúde aosmoradores e alcançar bons resultados.As práticas integrativas e complemen-tares de saúde são capazes de manter erecuperar a saúde de forma eficaz enatural”, finaliza Thaís Novaes.

Colaboração: Layon Araújo

Usuários do CEMAIS recuperam a saúde com aulas corporais coletivas

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ovos modelos de saúde, participaçãosocial, logística e, principalmente,investimento na infraestrutura e emprofissionais qualificados podemmelhorar o quadro e a abrangênciado atendimento rumo a um maiorcontrole e assistência aos pacientesque precisam de leitos de terapiaintensiva (UTI). Em Minas, a atenção ao paciente

crítico toma outro rumo, a começarpela capacitação dos profissionais.Criada em fe vereiro deste ano, aespecialização em Assistência Hos -pitalar ao Neonato, oferecida pe loGoverno do estado, tem co mo objeti-vo o processo de formação de umarede mineira de qualificação da assis-tência perinatal. Além disso, no Estado, que possui

853 municípios e uma população deaproximadamente 20 milhões de pes-soas, estão disponíveis pelo SUS32.583 leitos hospitalares. Destes,

Texto: Guilherme TorresFotos: André Brant

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Mais qualidade no atendimento Novas UTIs garantem maior cobertura e representam mais acesso de qualidade para a população

Depois de um infarto e de ser operado às pressas e ser internado na UTI de Lavras, Nilton José Arruda, ao lado da esposa, diz estar vivendo uma vida nova

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UTI neonatal chega à Santa Casa de Lavras, com ajuda do Pro-Hosp. “Com estes novos leitos, a necessidade de deslocar pacientes cairá muito”, Célio de Oliveira

2.087 são de UTI, sendo 1.433 leitosadultos, 203 leitos pediátricos, 428 lei-tos neonatal e 23 leitos especiais. Secomparado com a média nacional,Minas desponta com saldo positivoquando o assunto são os leitos desti-nados para Terapia Intensiva, com6,4% leitos para cada mil habitantes,quase o dobro da média nacional.Segundo o Ministério da Saúde, a

proporção ideal é que existam de 2,5a 3% leitos hospitalares a cada milhabitantes. Desse total, de 4% a 10%devem ser de UTI. Hoje, o Brasilpossui 17.608 leitos de UTI para umtotal de 500.878 hospitalares, ou seja,3,5% leitos para cada mil habitantes. Segundo análises da área assis-

tencial da SES, a necessidade de lei-tos de UTI neonatal é encontradapela seguinte fórmula: para cada milnascidos vivos por ano, há necessi-dade de 1,5 leitos. A fonte utilizadapara se obter o número de nascidosvivos é o Sistema de Informação denascidos Vivos (SINASC-MG).Hoje a situação no estado é bempositiva em relação aos leitos de neo-natal, com superávit de leitos deUTI neonatal no estado, quandoavaliados isoladamente.Já análise dos dados para leitos de

UTI adulto, apresenta um déficit de421 leitos de UTI no estado. Entre asmedidas para reverter esse quadro eseguir de forma crescente no creden-ciamento de novos leitos adultos, oestado prepara um estudo para sabero número de leitos necessários, emvez de seguir estatísticas nacionais.“Entretanto, os estudos de neces-

sidades de leitos de UTI estão sendoreanalisados pela SES, além de ava-liarmos a necessidade de credencia-mento de leitos de CuidadoIntermediário, fato que influenciadiretamente na taxa de ocupação dosleitos de UTI”, conta a coordenadoraestadual de Terapia Intensiva,Renata Melgaço. Ela destada, ainda,que o credenciamento de leitos deUTI/UCI é feito pelo Ministério daSaúde, não dependendo somente daproatividade do estado.

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O estado de Minas foi beneficiadoem abril de 2010 com o credenciamen-to de mais 184 leitos de UTI, sendo 142leitos adultos, 12 pediátricos e 30 neo-natal. Esses novos credenciamentostêm hoje um importante significado emrelação à cobertura ao paciente doSUS que necessita de atenção imedia-ta. “Essa cobertura representa maisacesso de qualidade para a população,principalmente a adulta, visto que é apar cela da população que atualmentepossui maior déficit de leitos de UTI”,ressalta Renata.Medidas para minimizar o uso e,

consequentemente, os gastos com asUTI, para, assim, investir em outrossetores primários da saúde, são inicia-tivas importantes para um melhorequilíbrio e distribuição no atendimen-

to. Existem estudos que apontam que ogasto diário com esses leitos é de cercade R$ 1 mil/dia. Para frear essa situa-ção, é necessário investir na melhoriada estruturação da atenção primária,além de garantir atenção especial paraas gestantes (melhoria do pré-na tal) eprogramas para conscientização,visando a redução de acidentes auto-mobilísticos e violência urbana (trau-ma grave), fatores que influenciam nataxa de ocupação da UTI.Novos leitos de UTI

“A Coordenação Estadual deTerapia Intensiva, juntamente com aGerência de Programação Assisten cial(responsável pela ProgramaçãoPactuada e Integrada – PPI/SES),

desenvolve há um ano, estudos de taxade ocupação dos leitos de UTI no esta-do. O objetivo é a percepção dos leitosofertados aos pacientes do SUS, alémde identificar os principais problemasenfrentados pelos municípios em rela-ção à UTI, melhorando o acesso e aqualidade dos serviços prestados aosusuários”, explica a coordenadora deUTI.Lavras, no Sul do estado, com

população estimada em cerca de 100mil habitantes, vem suprindo de formapositiva a necessidade regional de leitosde terapia intensiva e acaba de inaugu-rar um novo UTI neonatal, na SantaCasa de Misericórdia. Antes, mãescom gestação de risco ou complicaçõeseram encaminhadas para cidades vizi-nhas, como Alfenas, Três Corações e

Equipe da Santa Casa deLavras que atua na UTI

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São João Del-Rei. Agora, é mais tran-quilo para as mães darem a luz, poiscontam com conforto e, principalmen-te, segurança.Com 10 leitos, a UTI neonatal foi

construída com recursos do hospital edo Estado, por meio do Programa deMelhoria e Fortalecimento dosHospitais de Minas Gerais (Pro-Hosp), que destinou R$ 190 mil para aaquisição de 10 respiradores. “A SantaCasa de Lavras realiza, em média, 150partos por mês. Agora, com os novosleitos, não será mais necessário deslo-car pacientes que necessitavam de cui-dados especiais. Esta nova estruturavai garantir mais segurança e umaassistência em saúde com qualidadeaos recém nascidos”, explica o prove-dor da Santa Casa de Misericórdia deLavras, Célio de Oliveira. A estrutura

da nova UTI dispõe de mais de 50 pro-fissionais, entre intensivistas, fisiotera-peutas, nutricionista, médicos, enfer-meiros e pessoal de limpeza.A UTI adulto que já operava com

seis leitos credenciados foi totalmentereformada com recursos do Pro-Hospe da própria Santa Casa deMisericórdia e mudou de andar. Emtermos de equipamento, o hospital estácom saldo positivo. Conforme a porta-ria ministerial que regulamenta o cre-denciamento desses leitos de UTI, énecessário um respirador para cadadois leitos, mas a Santa Casa deLavras dispõe de um respirador paracada leito. Para 2011, o hospital templanos de implantar uma UTI somen-te de cardiologia, devido à demandacrescente de cirurgia cardíaca. A vida de Nilton José Arruda, 66

anos, foi salva graças à UTI da SantaCasa de Lavras. O aposentado teveum infarto e precisou ser operado àspressas e ser internado em uma UTI.Ele fez angioplastia, cateterismo e tro-cou o stent (endoprórises). “Fui muitobem assistido e bem tratado, o atendi-mento foi imediato, se não fosse essaestrutura que temos na cidade e osprofissionais competentes, poderia termorrido, mas hoje me sinto muitobem”, relembra Nilson. Ele conta:“Esta UTI já salvou outras vidas,como da minha irmã, que estava comcâncer, e também meu cunhado, quepuderam desfrutar deste serviço semprecisar sair da cidade e ter o apoio eacompanhamento de toda a família, oque ajuda muito no tratamento”. A esposa de Nilton, Maria

Aparecida, de 59 anos, também se

Em novo espaço, maior e mais moderno e com quatro novosleitos credenciados, UTI da Santa Casa de Misericórdia deLavras é referência e recebe pacientes de outros municípios

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sente tranquila com a ampliação doserviço de saúde. “Senti uma seguran-ça total com meu marido aqui, a apa-relhagem é muito boa, assim como aequipe especial, que fez esse trabalhona área de cardiologia. Está excelente.Penso que em termos de UTI estamosseguros com o serviço oferecido aquiem Lavras.” Para o secretário municipal de

Saúde, José Mourão Lasmar, ademanda da cidade por leitos de UTI égrande, porém ele destaca excelênciado atendimento oferecido pela SantaCasa de Lavras. “Vejo os bons avan-ços que tivemos, mas percebo a neces-sidade de ampliarmos o serviço e esta-mos caminhando nesse sentido.Estamos com um projeto de ampliar oatendimento de UTI para nosso pron-to atendimento com uma espécie de

“semi-UTI”, oferecendo, assim, chan-ces de vida para pessoas que esperampor uma vaga”, disse. A licitação paraa implantação desse projeto já estásendo desenvolvida, com planos deincluir um médico intensivista e umenfermeiro; o investimento deve serem torno de R$ 150 mil. Quanto àdemanda de leitos de UTI neonatal, osecretário acredita que, com a amplia-ção dos leitos, os problemas dos partosmais delicados serão sanados. Acreditação

O hospital busca a certificaçãopela Organização Nacional deAcreditação (ONA), procedimentoque visa a garantir a qualidade e asegurança da assistência oferecidanas organizações de saúde. O proces-

so é contínuo e assegura que a insti-tuição estará comprometida com osprocedimentos que executa, com aética profissional, com a garantia dosserviços, com o seu público interno eexterno, com o equilíbrio no mercadoe, principalmente, com a excelênciado trabalho que desenvolve a favor doser humano. A vontade de integrar aAcreditação em nível I, que é estarem conformidade com os padrões daONA nos quesitos estrutura e segu-rança, surgiu depois da ampliaçãobem-sucedida de toda a UTI adulto eda criação da neonatal. Nessas uni-dades, os casos mais comuns são oscardiológicos, neurológicos e, princi-palmente, de acidentes trânsito, con-siderando que o município está próxi-mo a duas grandes rodovias de risco,a Fernão Dias e a BR 265.

PEDRO CISALPINO

Estudos de necessidades de leitos de UTI estão sendo reanalisados pela SES, além de avaliarmos a necessidade de

credenciamento de leitos de CuidadoIntermediário

Conta a coordenadora estadual de Terapia Intensiva, Renata Melgaço”

75MinasSaúde

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--Mobilização Social comemora os resultados da parceria de sucesso com as escolas

ovida pelo retorno imediato e irrestri-to das crianças, a equipe deMobilização Social que integra aAssessoria de Comunicação Socialda Secretaria de Estado de Saúde deMinas Gerais (SES-MG) tem busca-do identificar e conhecer as ações decombate à dengue promovidas pelasescolas e executadas por seus alunos,incansáveis parceiros dessa causa.Apresentado pelas secretarias

municipais de saúde, em parceriacom as secretarias de educação,vários municípios mineiros lança-ram um desafio a fim de que suasescolas capacitem os alunos parase transformarem em propagado-res de bons hábitos na prevençãoda dengue na comunidade decada um. Na rede municipal de ensino de

Lagoa Santa, as secretarias deEducação e Saúde lançaram aCampanha “Combatendo a dengue”,para vigorar durante todo o ano de

2010, uma vez que a doença é umproblema recorrente.A cidade foi dividida em quatro

regionais para execução do projeto –Norte, Sul, Leste e Oeste. A primeiraetapa do concurso foi realizada pelaRegional Norte, selecionada porregistrar o maior número de casos dedengue confirmados no município. Alunos, corpo docente, direção

e equipe administrativa de seteescolas da localidade desenvolve-ram diversas atividades para aconsolidação da proposta de com-bate e prevenção à doença. Foram ministradas palestras

sobre a biologia do mosquito AedesAegypti, criadouros, formas de com-bate e como se comportar diante deum provável caso da doença.Pesquisas e trabalhos de campo comos alunos foram efetuados com oobjetivo de identificar e contribuirpara eliminar os comprovados e osprováveis focos do mosquito trans-

Texto e fotos: Ana Rita Fernandes

SES apostanas crianças

76 Minas Saúde

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77Minas Saúde

Grupo mobilizador em Passos

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missor da dengue. Também foramdesenvolvidas produções textuais parafixação do conteúdo abordado. Alunodo 5º ano do ensino fundamental,Lucas Alves Cruz, 10 anos, expressoua aprendizagem que absorveu, ao dizerque “não pode ser só quando tem epi-demia, tem que combater todo dia”.No concurso finalizado na Escola

Municipal Mércia Margarida paraconcorrer à premiação de troféus emedalhas pelas melhores colocaçõesem diferentes categorias, os alunosproduziram diversos trabalhos arte -sanais – maquetes comparando am -bientes limpos com os propícios à pro-liferação do mosquito Aedes aegypti,cartazes, monóculos, jogos, com -posições musicais e outros, de mons -trando que internalizaram o aprendi-zado. “Hoje as crianças se tornaramresponsáveis pela difusão dos meca-nismos de combate à dengue”, diz acoordenadora pedagógica, SôniaTertuliana, que, junto com a diretoraLúcia Gonçalves, desenvolveu o pro-jeto de mobilização contra a dengue.Mais que participação no evento,

os alunos da educação infantil, ensi-

no fundamental e educação dejovens e adultos (EJA) demonstra-ram envolvimento e mobilizaçãopela causa. “Antes, onde eu moro erasujo e eu nem ligava. Agora, sempreque vejo algum entulho, pego umasacola plástica e já começo a limpare a alertar os vizinhos do perigo dadengue”, conta Guilherme AugustoRosa Siqueira, 8 anos, aluno do 3ºano do ensino fundamental.Nova Era em ação

O município de Nova Era tambémfoi tomado pela mobilização da redeescolar no combate à dengue. Os alu-nos receberam informações sobre adoença, por intermédio de palestrasaplicadas por agentes de saúde e oseducadores das escolas promoveramatividades eficientes, com resultadosimediatos. Foi o caso do professor deCiências André Alves Ferreira, daEscola Novaerense, que propôs umaatividade com “ares” de entretenimen-to: os alunos formaram grupos deacordo com os bairros em que resi-diam, cada grupo deveria entregar

cinco fotos de problemas que favore-ciam a proliferação da dengue, produ-zidas naquele bairro. O professorentão reuniu as fotografias e as enca-minhou para a prefeitura de NovaEra, solicitando providências.Outra proposta realizada foi o desafio

textual num concurso de redações e slo-gans. As vencedoras foram a EscolaNovaerense, com três premiados emredação: (para as alunas CatarinaDuarte Carvalho e Lívia Silva Araújodo 6º e Gustavo Silva Araújo do 7º anodo ensino fundamental) e a Escola,Municipal Desembargador Drumond,que além de garantir o terceiro lugar como slogan de Maria Júlia Alves FaustinoLaureano, “Dengue, tô fora! Querosaúde toda hora”, também venceu a gin-cana com o maior número de garrafaspets recolhidas para reciclagem, numtotal de 12.800, que resultaram em enfei-tes natalinos para toda a cidade.A mudança de atitude e o envolvi-

mento de todos traduzem a força damobilização com os alunos da rede deensino. Lívia, 13 anos, afirma que agorapresta mais atenção naquilo que podefuncionar como um criadouro do mos-quito da dengue e que antes parecia nãoter muito valor. Catarina, 13 anos,expressa que saber a semelhança dossintomas da dengue com os de outrasdoenças foi muito importante, principal-mente no que diz respeito ao uso deremédios inadequados e à necessidadede procurar assistência médica imediata. Gustavo, 14 anos, lembra que não

adianta prevenir por um tempo edepois deixar de lado. “Deveria havermais divulgação nas ruas, com maisfrequência e de uma forma mais dinâ-mica, exigindo das pessoas menos lei-tura e mais participação no combate àdoença, como atividades circenses eteatrais, na feira de todo sábado, porexemplo", declarou.Já a aluna Maria Júlia, 10 anos,

garante que, depois do que aprendeu,seu comportamento ficou muito dife-rente. “Hoje, eu me preocupo em nãojogar lixo no chão e em lembrar as pes-soas de que a única solução para a den-gue é a prevenção”, relatou.

78 Minas Saúde

Alunos da Escola Mércia Margarida, em Lagoa Santa,vencedores do concurso “Combatendo a Dengue” com as peças premiadas: monóculos

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Mobilizadores Mirins de Passos

Isso foi o que resultou da propostainicial da professora Neiva Mizael daEscola Estadual Abrahão Lincoln.Diante de inúmeros casos da doençano município de Passos e seu entorno,ela determinou que os alunos criassemfrases de alerta para serem distribuídasdentro do ambiente escolar, com oobjetivo de expor a situação, levá-los arefletir e, principalmente, a agir nocombate e prevenção da dengue.Por intermédio do conhecimento

sobre a doença, após essa primeiraexperiência, um grupo de oito alunosdo 9º ano fundamental da escola, comidade média de 14 anos, foi bem alémdos slogans. Por iniciativa própria, elesprocuraram o departamento de zoono-ses da Secretaria Municipal de Saúdede Passos, se muniram de conteúdo edesenvolveram uma apresentação emslides para orientá-los em palestrasque realizam sistematicamente, tanto

na escola em que estudam, como emvárias outras para as quais são convi-dados. Além disso, organizam panfle-tagem nas ruas que circundam a esco-la e bairros próximos, principalmenteem datas festivas que a instituição deensino celebra.Giovanni, Hítalo, Carla, Túlio,

Marcus, Júlia, Christian e Laudicena –esse é nome os membros do grupomencionado, formado por oito alunosque trilham o status de oito bons eatuantes cidadãos. Eles têm uma lin-guagem própria para o tema de preven-ção da dengue, arregimentam inúme-ros seguidores pelo Twitter, recebemtotal apoio da diretoria e coordenadoriada Escola em questão, são reconheci-dos no município e já ensaiam umacerta liderança no seu meio paraassuntos extracurriculares. “Esse é um projeto que começou na

sala de aula e se expandiu pela escolainteira, mudando o jeito de pensar eagir das pessoas sobre a dengue”, con-

ceitua o aluno Hítalo Bolzani. Com aconcordância de todos, Túlio Bolzanimanifesta que “a população é desinte-ressada e displicente, por isso precisa-mos de mais apoio e da adesão dequem quiser participar”.Além de demonstrarem compromis-

so, socialização, responsabilidade e inú-meras outras qualidades, os jovens emação aqui mapeados se sentem parte dasociedade, como ditam as velhas e boasnormas sobre a cidadania.Escola sem dengue

Com a participação de mais de doismil alunos da rede pública de ensino deBelo Horizonte que tiveram a oportuni-dade de aprender, de maneira lúdica,como combater a dengue, o Escola semDengue, que ocorreu no dia 19 de maiono Parque Ecológico da Pampulha, emBelo Horizonte, provou que investir naparceria com crianças é muito proveito-so. Numa iniciativa da SES-MG, em

Trabalho sobredengue e educação no trânsito/ EscolaMércia Margarida/

Lagoa Santa

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parceria com as Secretarias Municipaisde Saúde e Educação, o evento de mobi-lização ocorreu simultaneamente emoutros 21 municípios de Minas. Com a epidemia se propagando,

mesmo com a chegada de climas maisfrios, a ação reforçou o papel da pre-venção como meio mais eficaz nocombate à dengue e convocou criançase escolas para assumirem a tarefamobilizadora. Por meio de peças tea-trais, atividades práticas, exposições eoficinas, os alunos tiveram a oportuni-dade de aprender como cada um podeagir para prevenir e mobilizar suacomunidade contra o Aedes aegypti. Pelo Dengue Ville, o jogo social do

Orkut que simula ações de combate àdengue por uma interface virtual, osalunos puderam entender como amobilização social acontece. “Enquan -to eu jogava, uma colega minha apare-ceu no jogo pedindo ajuda pra limpar acaixa d’água dela. Achei muito legal!”,conta Camila Alves, aluna da 4a sérieda Escola Estadual FranciscoMenezes Filho. O professor de infor-mática Fábio Peixoto, da EscolaMunicipal Dom Orione, também apro-vou o jogo: “É interessante ver que,além de se divertirem, essas criançasestão realmente aprendendo algo atra-vés do jogo. Acho que isso também osajuda a perceber a importância quetêm nesse combate”, afirmou. Como assinala a coordenadora de

Mobilização Social da SecretariaMunicipal de Saúde de Belo Horizonte(SMS/PBH), Ione Costa, é preciso tirarproveito da energia e disposição dascrianças para se engajarem na luta con-tra a doença. “Nós estamos precisandode ações, de gente empenhada a agir. Ascrianças têm esse potencial, só precisa-mos mobilizá-las, porque elas é que vãorepassar o conhecimento que estãotendo aqui para suas famílias”, disse.Assim como Ione, o coordenador

de Mobilização Social da Secretaria deEstado de Saúde (SES-MG) JoneyFonseca Vieira também percebe nascrianças uma grande aliança no com-bate à dengue. “Por serem mobilizado-ras natas, as crianças agem como ver-

dadeiras multiplicadoras do conheci-mento que retiram daqui. Elas absor-vem rapidamente as informaçõesnovas e se responsabilizam por passá-las adiante”, explica coordenadoro.“Ver esses alunos introjetando o queaprendem é a legitimação de nossosesforços”, completa.Além de coordenar a mobilização

social na SES-MG, Joney também édiretor e integrante do Grupo deTeatro Saúde em Cena, que apresen-tou a peça “Deu a Louca no Mundo daFantasia” no Escola sem Dengue.Durante a apresentação, as criançasse juntaram à “Branca de Névoa” e aogrupo do bem para deter os planos doAedes aegypti de dominar o mundocom a ajuda dos personagens mausdas fábulas. “O que eu mais gostei dever foi o mosquito sendo derrotadopela Branca de Névoa. Eu tambémposso ajudar a fazer isso!”, entusias-mou-se, na ocasião, Marilda Isadora,

aluna da 3a série da Escola MunicipalSanta Terezinha.A professora Lívia Duarte, da

Escola Municipal Amílcar Martins,também aprovou a iniciativa: “Nasescolas nós já realizamos tantos traba-lhos para conscientizar os alunos daimportância dessa luta, então porquenão apresentar isso mais amplamen-te? Acho que o Escola sem Dengueserve de inspiração”, elogiou.

Colaboração: Alexandre Ribeiro

Grupo dos Mobilizadores Mirins de PassosGiovanni Belmiro MaiaCarla Beatriz Faria d MouraMarcus Vinícius PereiraLaudicena Alves de SouzaJúlia de OliveiraHítalo BolzaniTúlio Bolzani Christian Faria Santos

Catarina, Gustavoe Lívia – da EscolaNovaerense de

Nova Era, premia-dos em redação

80 Minas Saúde DS

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Da vida a gente não leva nada. Mas pode deixar. Seja um doador de órgãos e avise sua família.

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--

A organização da Rede de Urgência Norte garante à população do Norte de Minas acesso aos serviços de urgência

uase dois anos depois do início da regionalizaçãodo atendimento às urgências e emergências, aRede de Urgências Norte vive um novo desafio:consolidar as redes de atenção de forma que opaciente seja sempre encaminhado para o localadequado, onde irá receber assistência eficaz e nomenor tempo possível.Esse desafio vem sendo vencido gradativamen-

te, à medida que novas etapas são cumpridas.Uma delas foi a criação de um protocolo unifica-do de transferências e transporte inter-hospitalar,com base na Portaria Ministerial n.º 2048/GM,que regulamenta o serviço pré-hospitalar. “O

Texto e fotos: Jerúsia Arruda

Rede deUrgênciaNorte completadois anos

82 Minas Saúde

A enfermeira Priscila Leite e o paciente DjalmaFernandes no hospital Clemente Faria

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Page 83: Revista Minas Saúde  #03

83Minas Saúde

SAMU é o elemento ordenador daurgência e emergência na MacroNorte, e para garantir a segurança aousuário que espera receber uma assis-tência com qualidade e humanizada éimportante adotar protocolos que possi-bilitem a organização e padronizaçãodas atividades do setor”, explica EniusFreire Versiani, coordenador médicodo SAMU e médico do serviço deurgências do Hospital UniversitárioClemente Faria, de Montes Claros.De acordo com o coordenador, os

atendimentos às urgências acontecemem situações de pressão tanto sobre asestruturas hospitalares quanto sobreos profissionais que atuam diretamen-te nas portas de entrada das unidadesde pronto-atendimento. “Para auxiliarna dinâmica desse serviço, a equipetécnica do SAMU elaborou protocolosde atendimento clínico e trauma basea-dos em referências científicas nacio-nais e internacionais. Eles nivelam osatendimentos prestados aos mais ele-vados padrões de qualidade assistencialdos serviços de urgência e emergênciapré-hospitalar”, enfatiza. Enius explicaque a grande extensão territorial daregião, a baixa densidade demográficae a distância entre os municípios seconfiguraram como obstáculos no iní-cio da implantação da Rede. Porém, ele destaca que, com o

envolvimento dos gestores, da coorde-nação técnica, dos representantes dehospitais, dos conselhos municipais desaúde, do Corpo de Bombeiros, daPolícia Militar e da Polícia RodoviáriaFederal, através do Comitê Gestor, foipossível discutir, de maneira técnica, osaspectos relacionados a urgência eemergência e superar essas dificulda-des. “A importância da integração detodos esses atores faz com que a Redecresça de forma sólida, pois se alicerçanos pilares da discussão democrática,com embasamento técnico-científico,respeitando os direitos dos cidadãos,motivados pela solidariedade e corres-ponsabilidade nos sucessos e fracassosdo processo”, salienta.Outra etapa importante que vem

sendo cumprida é a implantação da

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classificação de risco nas unidades desaúde, pelo Protocolo de Manchester. “A triagem já está sen do feita em prati-camente todos os pontos de atenção.Nos municípios de Pirapora, Brasíliade Minas e outros próximos deles, porexemplo, houve uma redução na pro-cura pelos serviços de urgência porpacientes classificados como poucourgentes e não urgentes. Isso significaum melhor atendimento na AtençãoPrimária e, consequentemente, umamelhoria do fluxo da Rede”, pontua ocoordenador regional de urgências,Manoel Silvério Neto. Integração

Enquanto aguarda para entrar nobloco cirúrgico do HospitalUniversitário Clemente Faria, ocomerciante Djalma Luis FernandesFilho, de Montes Claros, conta umahistória que evidencia como a integra-ção dos pontos de atenção está facili-tando o acesso aos serviços de saúde.Ele diz que, no início de setembro,apresentou os sintomas da dengue e,ao ser examinado pelo médico doCentro de Saúde do Cintra e depois defazer os exames prescritos, além daconfirmação de dengue, descobriu quetambém tinha pedra na vesícula.“Quando procurei o centro de saúde,não tinha o cartão SUS, que imediata-mente foi providenciado pelos aten-

dentes. Depois dos exames, ao consta-tar que eu tinha pedra na vesícula, omédico me encaminhou para oHospital Municipal Alpheu deQuadros, onde fiz os exames necessá-rios. De de lá, seria encaminhado parao Hospital Universitário para a cirur-gia, mas como tive uma crise com for-tes dores no estômago, procurei opronto-socorro do hospital antes.Agora estou aqui, aguardando ser cha-mado para a cirurgia”, conta.Aos 50 anos, Djalma Fernandes diz

que foi a primeira vez que teve um pro-blema de saúde mais sério. “Nesses 25dias, desde que procurei pelo primeiroatendimento no centro de saúde, perdiuns 15 quilos, me alimentei mal e fiqueisem trabalhar. Mas como era precisofazer todos os exames para que o médi-co comprovasse se realmente precisavada cirurgia, fui acompanhado pela equi-pe do Programa Saúde da Família e tivetoda a assistência necessária. O quemais me surpreendeu foi chegar ao hos-pital, a enfermeira colocar uma pulseirano meu braço, dizer que seria chamadoem 10 minutos e ver isso se confirmarno prazo prometido, mesmo sem ela veros papéis com o resultado dos examesque havia feito”, relata Djalma.Priscilla Martins Leite, enfermeira

do setor de triagem do HospitalUniversitário Clemente Faria, explicaque, ao passar pela classificação, ocaso de Djalma Fernandes foi caracte-

rizado como muito urgente, devido aossintomas apresentados. “O objetivo datriagem não é fazer diagnóstico, masavaliar o grau de urgência das queixasdo paciente, colocando-o em ordem deprioridade para o atendimento. Nocaso de Djalma, só no momento emque foi atendido pelo médico é que eleteve a oportunidade de fazer o relato desua história”, esclarece. Apesar das dores, Djalma diz que

tem muito mais para comemorar quelamentar. “Com tanta dificuldade quevivemos hoje, é bom ver que a saúdepública está melhorando e que pode-mos contar com a assistência médicaquando precisamos”, avalia.Investimento nas microrregiões

Para fortalecer a integração dos pon-tos da Rede, os hospitais também vêmrecebendo uma atenção especial dogoverno de Minas. Todos foram equipa-dos para realizar a classificação derisco, e os hospitais microrregionais deBrasília de Minas, Pirapora eTaiobeiras foram ampliados, receben-do, cada um, 10 leitos de UTI. Somentena construção e na aquisição de equipa-mentos para o hospital de Piraporaforam investidos R$ 15,5 milhões. Naconstrução do Centro de TratamentoIntensivo de Taiobeiras e de Brasília deMinas foram investidos R$ 2.840milhões do Tesouro Estadual. Os trêshospitais também recebem, mensal-mente, custeio de R$ 130 mil reais,cada, por meio do Pro-Hosp.A criação dos novos leitos de UTI

permitiu a ampliação do número deprocedimentos de média e alta comple-xidade, reduzindo sensivelmente astransferências inter-hospitalares e otempo-resposta do atendimento. Atual -mente, os 39 hospitais da Macro Norteestão cadastrados no sistemaSUSFácil, e 22 deles estão integradosà Rede de Urgências Norte, dispondode 2.169 leitos, sendo 116 deles de UTI.Dezenove hospitais da região tambémparticipam do Programa de Forta -lecimento e Melhoria da Qua li dade dosHospitais (Pro-Hosp), por meio do

84 Minas Saúde

Central de Regulação da Macro Norte

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Page 85: Revista Minas Saúde  #03

qual já receberam, desde a criação doprograma, em 2003, até 2010, recursosno valor de quase R$ 76 milhões.Resultados

O diretor administrativo doHospital Municipal Senhora Santana,de Brasília de Minas, Antônio LuizAlves Cardoso, diz que a instalação daUTI adulto tipo II promoveu para amicrorregião de Brasília de Minas/SãoFrancisco e para os dez municípios damicrorregião de Januária um avançoenorme na qualidade do atendimentoprestado aos pacientes da média e altacomplexidade. “Antes da instalação daUTI, muitos pacientes perdiam a vidadevido à dificuldade de conseguir umavaga em uma UTI de Montes Claros,única cidade a dispor do serviço na

região. Hoje isso não ocorre mais, oque reflete benefício não só para amicrorregião, mas para toda amacro”, avalia o diretor. Além da instalação da UTI, o Se -

nhora Santana também recebeu, atra-vés do Pro-Hosp, desde 2003, recursosno valor de mais de R$ 4.2 milhões. Luiz Cardoso conta que, recente-

mente, o Senhora Santana vivenciouuma situação que revela como o fortale-cimento dos hospitais mi cror regionaistem contribuído para a melhoria do fluxode atendimento na região. “Em 15 dejunho de 2010, um grave acidente no dis-trito de Ser ra das Araras, município deCha pada Gaúcha, a 150 km de Brasíliade Minas, envolvendo 18 pessoas, resul-tou em três óbitos no local, seis vítimasem estado grave e três encaminhadaspara procedimentos clínicos e cirúrgicos.

O Senhora Santana recebeu as nove víti-mas, seis delas com tratamento na UTI.Há pouco mais de seis meses isso eraimpensável”, lembra Luiz.Luiz conta que mais recentemente

ainda, em 05/08/2010, Luiz conta queo hospital atendeu uma senhora quefoi vítima de uma chacina ocorrida emJaponvar, município vizinho, em esta-do extremamente grave. “A pacientefoi submetida a um procedimentocirúrgico e, logo em seguida, foi trans-ferida para a UTI, onde permaneceupor 10 dias. Era um caso em que haviamuita expectativa, considerando agravidade. Foi enorme a sensação derealização da equipe técnica do hospi-tal ao dar alta à paciente com a saúdeestável, sem risco de morrer”, descre-ve o diretor, ainda comovido.Desde que foi inaugurada, em

Classificaçãode risco

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Page 86: Revista Minas Saúde  #03

novembro de 2009, a UTI de Brasíliade Minas já atendeu aproximadamente200 pacientes, aliviando os hospitais deMontes Claros, que sempre foramreferência na região para este tipo deassistência. “Com a Rede, estamosregistrando uma redução dos óbitos esequelas em pacientes graves, devido àagilidade e à melhoria do acesso aoatendimento”, conclui Luiz. Os dados respaldam a conclusão de

Luiz. Nos dois anos de operação daRede de Urgências Norte, de 2009 atéjulho 2010, no Norte de Minas, onúmero de óbitos caiu de 6.194 para2.753, o que representa uma melhorasensível no acesso do cidadão aos ser-viços de saúde. Os óbitos por causasexternas caíram de 624 para 286, e porcausas mal definidas caíram de 1.449para 530. Já as mortes por doençascardiovasculares tiveram uma reduçãode 1.410 para 616.Os resultados são tão expressivos

que chamaram a atenção do Inter na -cional Manchester Triage Group e doGrupo Brasileiro de Classificação deRisco e levaram o governo de Minas aassinar, em maio, um termo de coope-ração entre o Hospital Universitáriode Rouen (França) e o SAMU Macro

Norte para troca de experiências.Minas Gerais vai contribuir com oconhecimento na urgência e emergên-cia em formato de rede, e os francesesvão qualificar os mineiros no enfrenta-mento de catástrofes.

Avanços

Iniciada em janeiro de 2009, naMacro Norte, a Rede de UrgênciasNorte integra 86 municípios do Nortede Minas, beneficiando cerca de 1,6milhão de pessoas. Da forma como foiorganizada, os municípios trabalhamintegrados, sob um só comando, comindicadores e linguagem única, demodo que toda a estrutura gire emtorno do paciente, não o contrário. A diretora da Gerência Regional de

Saúde de Montes Claros, Olívia Perei -ra Loiola, explica que com o amadure-cimento da Rede alguns conceitos fica-ram mais claros, foram feitas correçõesúteis e necessárias. “Nesse tempo defuncionamento da Rede, o principalavanço foi: garantir os direitos de uni-versalidade, equidade e integralidadepreconizados pelo SUS. Ao pensarmosem universalidade, por exemplo, amelhoria dos serviços de saú de, a regio-

nalização do SAMU e os investimentosna qualificação profissional garantematendimento à população do Norte deMinas nos diversos pontos de atençãoda Rede”, argumenta.No que se refere à equidade, de acor-

do com a diretora, os projetos técnicosredimensionaram os investimentosfinanceiros e logísticos, reestruturandouma realidade, antes fragmentada e fra-gilizada, em uma Rede sólida commelhoria dos serviços municipais emicrorregionais. “Assim percebemos queas regiões mais necessitadas foramincluídas”, arremata. Por fim, a integrali-dade, segundo a diretora, foi então garan-tida, por meio do atendimento ao usuárionão no serviço mais próximo mas sim,no serviço mais adequado a sua estabili-zação e seu restabelecimento, de acordocom a gravidade e a necessidade derecursos terapêuticos e logísticos. “São inúmeros os casos bem-suce-

didos de atendimentos, dentro e fora deMontes Claros, em função da organi-zação da Rede de Urgências Norte. Opróprio comportamento das pessoas jáé notadamente diferente. Muito temque ser feito, críticas existem, mas nin-guém fala ou propõe retorno ao queera anteriormente”, conclui Olívia.

86 Minas Saúde

UTI do HospitalSenhora Santana, deBrasília de Minas

NENEN LELIS

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Page 87: Revista Minas Saúde  #03

Sumário

3 | Editorial

5 | Atendimento de qualidade com gestão participativa

8 | As águas de Minas

12 | Agora é guerra

16 | Redes sociais no combate à dengue

22 | Casas oferecem acolhimento às mães

26 | Qualidade, eficiência e agilidade

32 | Educação técnica a serviço da saúde

36 | Mais vida para os idosos mineiros

40 | Qualificação da gestão melhora o atendimento

44 | SUS em rede

48 | Educação sem fronteiras

52 | Plantas do Cerrado revelam poder medicinal

55 | HTLV é identificado pelo teste do pezinho

60 | Estado e município constroem Hospital Inteligente

66 | Um novo olhar para a saúde

71 | Mais qualidade no atendimento

76 | SES aposta nas crianças

82 | Rede de Urgência Norte completa dois anos

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Minas SaúdeMinas SaúdeA n o 3 l n ú M E r o 3 l D E z E M b r o D E 2 0 1 0Publicação anual da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais

Publicação an

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as Gerais A

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O número de casos de dengue em Minas está aumentando a cada ano.A ameaça de epidemia no estado é gravíssima. Por isso, estamos em guerra contra a dengue. E precisamos que você também faça a sua parte.

Veja como ajudar:• Retire os pratinhos de vasos de plantas.• Não deixe acumular água em garrafas vazias ou pneus.• Tampe tambores, tonéis, barris, cisternas e caixas-d’água.• Feche bem o saco plástico dos lixos e mantenha as lixeiras sempre tampadas.

CONTAMOS COM VOCÊ.JUNTOS, VAMOS IMPEDIR QUE A

DENGUE ENTRE NA SUA CASA.

Eficiênciana realização de exames

Laboratório Intermunicipal