revista feuc em foco - edição 20 (março/2015)

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1 Fundação festeja aniversário cercada por aqueles que a constroem em foco Revista Ano 6 Nº 20 março de 2015 www.feuc.br/revista NASCIDOS EM 1960 55 ANOS

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NASCIDOS EM 1960: Fundação festeja aniversário cercada por aqueles que a constroem | Fundação Educacional Unificada Campograndense - FEUC, Rio de Janeiro - RJ http://www.feuc.br/revista

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Page 1: Revista FEUC em Foco - Edição 20 (março/2015)

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Fundação festeja aniversário cercada por aqueles que a constroem

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aAno 6 • Nº 20 • março de 2015 • www.feuc.br/revista

NASCIDOS EM 1960

55 ANOS

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Há um comentário de Aristóteles em que ele afirma que os espartanos desmoronaram como so-ciedade quando veio a paz, após vencerem a Guerra do Peloponeso. A paz é muito boa. Mas é nas turbu-lências, dificuldades e desafios que mais ousamos. E pela criatividade emergem grandes estrelas, va-lorosos guerreiros e guerreiras, revelados, muitas vezes, pela “escuridão” causada pelas guerras.

A FEUC, nesses 55 anos de histórias, sempre vi-veu uma luta intensa, mas virtuosa. Luta pela so-brevivência — institucional e econômica, para se impor, perante incrédulos e opositores da criação da faculdade. Luta pela sua sede, luta contra movi-mentos espúrios e oportunistas, além de tentativa de apropriação particular, na época da ditadura mi-litar. Por isso se pode afirmar que, mesmo na paz, vivemos guerras e lutas. Muitas solitárias, mas que tomaram forma e força, tal a importância ética ou estratégica para a sobrevivência da Faculdade de Fi-losofia e, principalmente, pelos ideais que fizeram surgir a FEUC e proporcionar à nossa região melho-rias no espaço cultural, profissional e intelectual.

Alcançamos metas incríveis: uma boa sede, no-vos cursos nas Faculdades e no CAEL, importante prestígio na comunidade, promovendo e contri-buindo para a melhoria e a ascensão social das pessoas, das famílias e da comunidade, com mais conscientização e qualificação profissional. Mas há no ar, no espaço FEUC, uma condição que talvez ex-plique não termos desmoronado como ocorreu em Esparta, após a vitória sobre Atenas: a força do tra-balho coletivo, o compromisso de todos e o clima de harmonia e integração tornou a fundação cada vez mais viável. Estamos em paz, mas inquietos e aten-tos contra a acomodação e as mesmices, a leniência e a intransigência, contra a arrogância e a tirania no trato com as pessoas, na convivência e na gestão em geral e em todos os setores no âmbito da FEUC.

Resultado dessa ambiência, o patrimônio físico, a infraestrutura, a qualidade do trabalho e o prestígio

junto à comunidade consolidam a imagem da FEUC, sobressaindo a maior riqueza que a fundação acu-mulou nesses 55 anos: as PESSOAS e o compromisso inalienável com o humanismo e a solidariedade que orienta nossos fazeres. E, ao contrário do ocorrido em Esparta, a paz não desmoronou a FEUC, mas fez emergir FUNCIONÁRIOS, PROFESSORES, COLABO-RADORES, DIRIGENTES e INSTITUIDORES, guerrei-ros e guerreiras, apaixonados por uma causa que dá mais prazer e realização do que exaustão.

Festejamos, com os 55 anos de existência, con-quistas realizadas, mas queremos afirmar nossa disposição e energia para enfrentar sacrifícios e avançar lastreando mais segurança e sustentabili-dade. E para isso precisamos estar prontos a aten-der e acolher a todos como uma grande família, porque “a FEUC somos todos nós”, filhos legítimos, nascidos da cooperação, crença, coragem, vontade inabalável de servir, e servir bem.

Nossa responsabilidade aumenta a cada ano, e é necessário estar cada vez mais preparados para recepcionar e acolher os novos alunos e ajudá-los a vencer, superando obstáculos, ganhando voo pró-prio e autonomia plena como cidadãos, com a cer-teza de que o êxito deles é o combustível que move a FEUC a ir em frente. Trabalhemos de forma que sempre se possa dizer que a FEUC foi, e continua sendo, útil e boa na vida de seus alunos, respeitan-do-os acima de tudo, pois eles são diferenciados, uns são estudantes que trabalham e outros traba-lhadores que, com muito sacrifício, estudam.

E a Fundação, ao cumprir suas finalidades sociais, de forma tenaz e consequente, também estará fazen-do de tudo, por intermédio de seus dirigentes, nos vá-rios níveis da hierarquia funcional, para proporcionar um ambiente de trabalho agradável, organizado e de satisfação para seus servidores, que são os maiores responsáveis pelo vigor e pela alma da FEUC.

Muitas felicidades a todos neste novo ano letivo que se inicia. ■

Institucional

FEUC: 55 anos de histórias

Durval Neves da SilvaPresidente da FEUC

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Em torno da degustação dos minibolos comprados para pro-duzir a foto de capa desta edição, depois das velinhas apagadas e da cena clicada, deu-se um momento que — olhando agora pelo retrovi-sor — percebo que representa com exatidão o espírito da FEUC: oito pessoas espremidas numa sala, umas acomodadas em cadeiras, outras de pé, comendo cada uma o minúsculo pedaço de bolo que lhe coube. Uns já deveriam estar em casa, pois seu expediente havia terminado; outros chegaram antes da hora de trabalhar, para atender à convocação do fotógrafo. Sua-dos, porque fazia lá fora um calor de matar. Todos rindo e falando de suas ligações entre si e com a ins-tituição, lembrando boas histórias e torcendo para que o resultado da sessão de fotos tivesse sido o me-lhor. Foi. E o bolo, apesar de peque-no, estava muito gostoso! Assim tem sido a história da FEUC nesses 55 anos: uma criação coletiva e so-lidária — e é disso que tratamos a partir da página 16.

A edição traz também matérias sobre a Feira de Estágios que será aberta no próximo dia 25 de mar-ço; o I Simpósio do PIBID, realizado em dezembro passado; os vence-dores do Prêmio FEUC, entre eles o campograndense ilustre Alcir Pi-menta; um perfil do professor de geografia Isaac Rosa e muito mais.

E no artigo da última página você poderá ler a carinhosa descri-ção que a professora Irene Vianna faz da FEUC que ela viu se desen-volver diante de seus olhos nas quase cinco décadas em que está presente, desde os tempos de alu-na. Boa leitura, família! ■

FEUC em Foco é uma publicação impressa e online da Fundação Educacional Unificada Campograndense.

Presidente: Durval Neves da Silva; Diretor Administrativo: Hélio Rosa de Araujo; Diretora de Ensino: Arlene

da Fonseca Figueira; Diretora Superintendente: Mônica Cristina de Araújo Torres; Concepção editorial e

edição: Tania Neves; Reportagem e Diagramação: Gian Cornachini; Periodicidade: trimestral; Tiragem:

5.000 exemplares; Site: www.feuc.br/revista; E-mail para contato: [email protected]

Considerações e opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade

de seus autores, não refletindo, necessariamente, a posição da FEUC.

CAPA: Completando 55 anos junto com a FEUC, os funcionários Jesuíno, Rita, Arnaldo, Francisco, Willians e

Arlene sopram as velinhas do bolo. Foto: Gian Cornachini

Editorial

Tania NevesEditora

CapaAniversário entre amigos: tudo de bom!

Oportunidades de trabalho a caminho

Tudo que ela tem evocê talvez nem saiba

Isaac Rosa: no chão daescola e na academia

Alunos de História visitam acervos da Catedral do Rio

Primeiras reflexões doPIBID em Simpósio

A FEUC pelo terno olhar da professora Irene Vianna

Feira de Estágios

Biblioteca

Trajetória

Aula Empírica

Futuros docentes

Artigo

Alcir Pimenta vencena categoria Nacional

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Prêmio FEUC

ÍndiceFoto: Helcio PeynadoFoto: Gian Cornachini

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MUNDO

Geografia traz Rogério Haesbaert para Aula Inaugural

O autógrafo que se pode ver na foto ao lado é de um galã de cine-ma? De um político famoso? De um cientista premiado? Nada disso. É do queridíssimo professor de português Erivelto Reis, que não resistiu aos apelos de uma fã! O assédio — diga-mos assim — aconteceu na Reunião de Docentes na véspera do início do ano letivo, quando a professora de espanhol Lucy Cristine de Abreu Ju-lião exigiu uma dedicatória do cole-ga em um exemplar da FEUC em Foco em que ele é o destaque da capa. “Ele escreveu: ‘Lucy, um beijo’, e assinou. Não me conformei: ‘isso se escreve para desconhecidos, não para mim’, disse a ele”. O chororô surtiu efeito, e a frase cresceu: “Para a querida e ad-mirada Lucy, um beijo”. Aí sim. “Vou guardar com o maior carinho. Não é sempre que se pode ter o autógrafo de um ídolo”, valorizou Lucy. É preci-so registrar: esta é a segunda celebri-dade lançada pela revista. A primeira foi o Tonhão, em 2013, que fez calos nos dedos de tanto autografar... ■

O curso de Geografia programou para o próximo dia 6 de abril uma palestra especial — com status de Aula Inaugural, embora tardia — a ser ministrada pelo geógrafo Rogé-rio Haesbaert, que é pós-doutor em Geografia e professor da UFF. A ati-vidade, intitulada “Des-territoriali-zação em tempos de in-segurança e contenção territorial”, incluirá também o lançamento de “Viver no limite”, o mais recente livro deste

que é um dos nomes mais impor-tantes da geografia brasileira con-temporânea. Na obra, entre outras coisas, o autor aborda o processo de desterritorialização em sua rela-ção com as políticas de segurança e a precarização provocada por mo-delos econômicos que levam parce-las da população à exclusão social. O evento acontecerá no auditório, das 18h30 às 21h, e é aberto a todos os alunos das FIC e visitantes. ■

As (doces) consequências de ser querido e famoso

Valioso exemplar da FEUC em Foco: autógrafo de um ídolo

Foto: Divulgação

Foto: Gian Cornachini

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Quem se lembra de um comentá-rio do presidente da FEUC, professor Durval Neves, durante a comemo-ração de fim de ano de 2014, sobre uma professora que se despediu da instituição naquele dia e sequer fi-cou para a festa porque temia não conseguir parar de chorar? Era Re-nata Gomes, vice-coordenadora de Letras. Aprovada em concurso para o Cefet de Itaguaí, em regime de dedi-cação exclusiva, ela se viu obrigada a nos deixar. E sofreu, embora estives-se abraçando uma nova experiência que muito desejou e que, espera-

mos, a fará tão feliz quanto foi aqui durante os seis anos em que esteve conosco. “O que tive na FEUC não se encontra em todo lugar. Uma equipe fantástica de professores muito de-dicados e de alunos querendo tanto aprender”. Tarcila Formiga, profes-sora de sociologia, também deixou a casa depois de seis meses, igualmen-te aprovada para um cargo de de-dicação exclusiva, no Cefet de Nova Friburgo. Sentimos a perda das duas, mas torcemos para que sigam suas carreiras com o mesmo brilhantismo que aqui demonstraram. ■

VAI ACONTECER

■ No próximo dia 11 de abril acontecerá a XIII Jornada Pedagógica da FEUC, intitulada “Educação especial e inclusiva: valorizando saberes para novas práticas pedagógicas”. O evento contará com mesa-redonda na parte da manhã e grupos de discussões e troca de experiências à tarde.

■ A temporada de eventos acadêmicos dos cursos das FIC começa no dia 18 de maio, com a abertura da XXVI Semana de Pedagogia”, que se estenderá até o dia 20, com programação de palestras e debates, entre outras atividades, no turno da manhã e da noite. O tema deste ano é “O professor e as práticas pedagógicas”.

Lá se vão elas, sentindo e deixando saudades

Renata evitou despedidas em festa de Natal, para não chorar

■ Já a XXIV Semana de Letras, marcada para os dias 26, 27 e 28 de maio, abordará “Língua e Literatura: comunicação, mídia e redes sociais”. As inscrições para apresentação de trabalhos estão abertas, e as propostas deverão ser enviadas ao Núcleo de Estudos da Linguagem Poeta Primitivo Paes (NEL) pelo e-mail [email protected] até as 23h59 do dia 28 de abril. Impreterivelmente! As fichas de inscrição podem ser consultadas no endereço http://feucnel.blogspot.com.br.

Tarcila ficou pouco tempo na FEUC, mas fez muitos amigos

■ As semanas acadêmicas de Geografia e Ciências Sociais serão realizadas novamente em conjunto este ano, nos dias 1, 2 e 3 de junho, com o tema “Transformações socioambientais no Estado do Rio de Janeiro”. As atividades, porém, começam na sexta-feira anterior, dia 29 de maio, com a execução dos trabalhos de campo previstos.

Foto: Tania NevesFoto: Gian Cornachini

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Educação Musical

Das salas da Pós para o mundo do espetáculoProfessor de música e graduado em Matemática, Tuninho Dias encontrou na

especialização lato sensu as ferramentas para uma reinvenção profissional

Ilário Antônio Dias, o Tuninho, sem-pre gostou de música. E também de matemática. E de crianças. A primei-

ra paixão o levou desde cedo a tocar instrumentos, compor, fazer cursos na Escola Villa-Lobos, dar aula de música e se apresentar em casas de espetá-culos e bares da região. A segunda o conduziu à faculdade, onde cursou Li-cenciatura em Matemática. E a terceira — em associação com as outras duas — gerou um “filho”, o personagem Ti-tuninho, na pele do qual ele interage com a criançada cantando músicas que

abordam de operações matemáticas ao cultivo de bons hábitos de higiene, num misto de diversão e educação. “Eu trabalhei num abrigo de crianças em Mangaratiba, então usava muito a mú-sica para interagir com os pequenos, para criar um clima legal”, diz.

Com a prática nas salas de aula e nos abrigos, Tuninho foi alongando a lista de composições para crianças. Come-çou com os versos de “Aprendendo a somar”, que ele compôs no abrigo de Mangaratiba, enquanto conquistava a confiança e a admiração do menino Marconi: “Ele não gostava de estudar, então a diretora me pediu ajuda. Como

o Marconi se interessava muito pelo violão, usei isso para atrair sua aten-ção. Deu certo”, conta o músico, que a partir daí foi sempre transformando em música as mensagens que achava importante passar às crianças.

Ao iniciar na FEUC um curso de pós-graduação em Educação Musical, com o intuito de atualizar seus conheci-mentos teóricos e melhorar o enqua-dramento funcional como professor de música do município de Mangaratiba, Tuninho alcançou mais do que pre-tendia: “As aulas da professora Eliete Vasconcelos me inspiraram. Ela me estimulou a tirar do papel o projeto

Tituninho: músicas coreografadas e personagem para interagir com os pequenos

Fotos: Gian Cornachini

Por Tania Neves

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Das salas da Pós para o mundo do espetáculode criar um personagem, que era uma ideia antiga, e transformar isso numa atividade mais profissional”. E assim surgiu o Tituninho, um garotão que gosta de estudar e também de cantar e dançar, e convida a criançada para fa-zer tudo isso com ele. Eliete ficou feliz com o desfecho: “O curso de pós-gra-duação lato sensu tem como objetivo exatamente isso, auxiliar o profissional diretamente em sua área de atuação”, afirma a professora.

Nas apresentações que faz em esco-las ou festas infantis — com o auxílio das titunetes Aline Dias, sua filha de 14 anos, e a amiguinha dela Gabriele Go-mes, de 12 — Tuninho canta uma série de músicas e depois conta a história do primo, o Tituninho, que ele vai buscar para encerrar a festa com a criançada, entrando assim na pele do personagem.

A empreitada já rendeu um CD, que pode ser comprado no site www.tituninho.wix.com/tituninho. O autor também disponibiliza faixas gratuitas para download em www.facebook.com/tituninho, no link do “Palco MP3”. ■

PÓS-GRADUAÇÃO: CAmINhO PArA O SUCESSO NA CArrEIrA

A pós-graduação em Educação musical é um dos mais de 20 cursos de especialização lato sensu que a FEUC mantém hoje em sua grade. É voltado para todos que já têm formação de nível superior (não necessariamente na área de música) e suficientes conhecimentos musicais em leitura e escritura de pautas musicais e a capacidade de solfejar sem desafinar. Abrange, além de disciplinas ligadas à música, outras voltadas para a didática. Tem atraído principalmente professores que já lecionam música, embora sem formação na área, e aqueles que desejam se atualizar nos conhecimentos específicos ao mesmo tempo em que obtêm o título de especialista para melhorar seu enquadramento funcional no magistério – o que significa aumento de salário, é bom lembrar.

A professora Gabriela Barbosa, coordenadora de Extensão, Pós-Graduação e Pesquisa da FEUC, chama a atenção para o fato de que o mercado de trabalho hoje em dia dá preferência àqueles profissionais que adotam a filosofia da educação

continuada – e os cursos de pós-graduação têm papel fundamental nesse processo, já que mantêm os recém-graduados na trilha do conhecimento e atualizam os profissionais formados há mais tempo para dar-lhes melhores condições de atuar em um mundo que se renova o tempo todo: “A pós lato sensu atualiza seus participantes sobre as reflexões científicas mais recentes em sua área de atuação, contribuindo também para a elaboração de projetos de mestrado e propiciando novas colocações no mercado de trabalho”, afirma Gabriela.

Nossos cursos abrangem as áreas de Educação, Ciências humanas, Ciências Exatas, Ciências Ambientais e Letras. Têm carga horária de 360 horas/aula e três possibilidades de horários: 2as e 4as ou 3as e 5as de 19h às 21h50, ou aos sábados de 8h às 17h. A formação pode ser feita em 13 meses corridos, com defesa de monografia ainda dentro deste prazo – para aqueles que forem bem disciplinados – ou nos três meses subsequentes. As turmas se iniciam sempre em março, maio, agosto e outubro.

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reconto os azulejos do banheiroPerco a conta das gotasque nascem da torneira prateada

minhas ideias se confundemcom as idas e vindas das formigas negrasque esbarram nos meus pés

A toalha esticada sobre o basculanteo sabonete amareloo papel higiênicoo chuveiro elétricoSou a única peça estranhano quadrado pintado de salmão

A porta não está trancadamas tenho medo de girar a maçaneta

Deito no chão frioAbraço o vazioBeijo a pedra marrom

Sou flor só na pintura

Sou eu só por dentro

Sou super-herói só em quadrinhos.

Bicho-homem, difuso, re-cheio de desejos.Olho-te de fora como se eu fosse uma estrela.Olho-te por dentro como se eu fosse uma veia.Bicho, homem repleto de certezas e ilusões.Olho-te para além dos olhos com compaixão.Atravesso membranas, egos, ecos, elos, ímã.Bicho, homem, triste, gente, carne da alegria.Bicho-homem, eu vim te ver. Conhecer-te. Amar-te!Vim como você, nu!Quase sem limites. Como tu. Sem tirar nem pôr. Vim assim.Sem temor! Sem morte! Sem sentir nada. Frio. Seco.Bicho da terra, homem do barro, de eternos brados.Vim ver-te. Verter meu dom. Vasculhar-te profundo.Enraizar minhas próprias dores.

Conhecer-te, sendo tu. De carne e osso...De mil amores, vim “ser-te” agora, hoje, sempre!Exatamente igual, seu pai, seu filho.Vim roubar-te o espírito e mostrá-lo às aves.Vim amar-te e pousar sob o teu coração, tocar-lhe a mão.Pegar os pesos dos sonhos, os sons de instrumentos.Dizer-te palavras e desnudar-te a alma.Vim ser poeta.Inventar almas, vivas e mortas.reinventar a vida numa rima explícita.Fazer coloridos, criar lágrimas e dar alegrias.Vim ser artista com acento agudo.Vim ser apenas uma radiografia que revela o cálcio,mas deixa passar o espírito!

Entre o desespero e o gritoConvivem em afinado desacordoO mudo discurso caduco,A eloquência do destemperoE um rosilho que escoiceiaEntre as lâminas de dois punhais.Certa vez me contaramQue os duelos sangrentos se dãoNo caminho sem curvas,Entre a pele e o coração.hoje eu sei.

SUPER-HERÓI EMQUADRINHOS (Júlio Correa)1º

RADIOGRAFIA (Helton Tinoco)2º É (Gui Soarrê)3º

Com vocês, os vencedores de 2014Prêmio FEUC

Júlio e Helton: semelhanças físicas, de idade e na paixão por teatro e poesia

Gui Soarrê: premiada nos três anos da graduação de Letras

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Muitas semelhanças unem os vencedores da edição de 2014 de nosso Prêmio de Li-

teratura na categoria Alunos da FEUC: os três são atores, escrevem poesia desde a adolescência e vieram buscar, nas Letras e na Pedagogia, suporte para melhor desenvolver suas atividades nas artes. Júlio Corrêa, que faz pós-gradu-ação em Estudos Literários, ficou em 1º lugar; Helton Tinoco, aluno de Peda-gogia, em 2º; e Suely Resende Oliveira (Gui Soarrê), que está se formando em Letras, cravou o 3º lugar.

Na categoria Âmbito Nacional os vencedores foram Wesley Moreira de Almeida, da Bahia, em 3º lugar; Mano-ela Frances, de Pernambuco, em 2º; e Alcir Pimenta, aqui de Campo Grande, que conquistou o primeiríssimo lugar com um soneto em homenagem ao poeta Manuel Bandeira. Nas páginas seguintes, publicamos um perfil deste ilustre morador da Zona Oeste.

De acordo com o poeta e professor Américo Mano, que coordena o Prê-mio FEUC junto com a também poeta e professora Rita Gemino, o nível da competição cresce a cada ano, tanto em quantidade de inscritos — foram 571, nas duas categorias — quanto na qualidade dos poemas: “O aumento do número de inscrições permite uma se-leção de textos com mais apuro, tanto na parte objetiva, técnica, quanto na parte subjetiva, causadora da emoção”.

Voltando aos alunos premiados, nosso encontro com os dois primeiros colocados foi curioso. Constatamos

que Júlio e Helton têm a mesma idade (40 anos), ambos são atores e escrito-res, guardam uma incrível semelhança física entre si e concorreram na cate-goria Alunos pela primeira vez. Mas as coincidências terminam aí, porque Helton é absoluto estreante em con-cursos, ao tempo que Júlio é assíduo em disputas desse tipo, foi finalista do Prêmio FEUC em Âmbito Nacional por diversas vezes, venceu vários outros concursos e tem três livros publicados. E os dois ainda não se conheciam!

Júlio é oficial da Marinha, formou-se em Letras, estuda Artes Cênicas e escolheu a pós em Estudos Literários por causa da atividade como escritor. É conhecido no meio literário da região e saudado como destaque da nova gera-ção de poetas. Já Helton é ator e drama-turgo, e cursava Teatro na UniRio antes de se transferir para Pedagogia na FEUC, à cata de mais subsídios para sua práti-ca dramatúrgica, pois escreve e monta pelo menos uma peça infantil por ano.

Gui Soarrê, detentora do primeiro lugar nas duas edições anteriores do Prêmio FEUC, recebeu a notícia da ter-ceira colocação em 2014 com surpresa. Não por ter caído de posição, mas por figurar entre os vencedores. A atriz e maquiadora — que cursa Letras por uma satisfação pessoal — conta que es-colheu de última hora um poema para inscrever, mas sem esperanças, pois não o considerava bom para concurso: “Pelo inesperado, a premiação teve um sabor diferente. E também porque é o meu último período e estou feliz por ter tido meus versos premiados duran-te os três anos que aqui estive”, conclui.

Com vocês, os vencedores de 2014Premiados dois estreantes na categoria Aluno

e uma veterana – todos poetas de longa data

Por Tania Neves

Foto: Gian Cornachini

Foto: Arquivo Pessoal

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Prêmio FEUC

É de Campo Grande o vencedor de Âmbito Nacional

Escrever poesias, inscrevê-las em concursos e ser premiado não é novi-dade para o professor de português e político aposentado Alcir Pimenta, mas esta vitória teve gosto especial: “Foi meu primeiro soneto premiado”, diz Alcir, que sempre foi leitor de poesias, mas só ousou escrever as primeiras de-pois dos 40 anos. Dono de memória invejável, aos 81 anos, ele recita de cor os versos alexandrinos que aprendeu ainda menino, com o avô. E comenta sobre o soneto em homenagem a Ban-deira: “É minha resposta a ‘Re-núncia’, que li na adolescência”.

Aluno da pri-meira turma de Letras Neolatinas da antiga Socie-dade Universitária Campograndense (SUC — precurso-ra da FEUC), o professor Alcir Pimenta lembra com saudades seus tempos de universitário: “Além do português, tí-nhamos aulas de francês, latim, italia-no e espanhol. A professora de francês, dona Guida, era tradutora do Itamara-ty. E tínhamos também nomes como o José Ricardo da Silva Rosa, um erudito de cultura vastíssima. Para ver a quali-dade do corpo docente”, recorda.

Sua carreira no Magistério se ini-ciou em 1953, no Colégio Belizário dos Santos. Também lecionou no Cesário de Melo e depois ingressou no ensino público estadual, tornando-se, em 1962,

chefe do Distrito Educacional de Santís-simo a Santa Cruz. E conta que mais do que triplicou o número de escolas em cinco anos. “Quando assumi, havia pou-quíssimas escolas aqui, principalmente na região do Mato Alto. Diziam que era bobagem construir escolas ‘nesses can-tões que nem gente tem’, mas eu ia nos lugares, consultava a comunidade e le-vava à chefia uma lista de famílias com filhos querendo estudar. E assim conse-guia abrir as escolas”, conta.

A admiração conquistada nas co-munidades onde “plantou” escolas foi o que alavan-cou a carreira política do profes-sor. Ao constatar o quanto ele era querido, um alto dirigente do MDB sugeriu que saísse candidato a depu-

tado estadual. Ele consultou a família e topou, mas por fim o que lhe restou foi a vaga para concorrer a deputado fe-deral, disputa muito mais difícil. A po-pulação, porém, abraçou sua candida-tura e ele conseguiu se eleger, em 1970, para o primeiro dos três mandatos que cumpriria em Brasília.

Casado há 57 anos com Marina dos Santos Pimenta, pai de duas filhas — a jornalista Tereza Cristina e a econo-mista Dila Maria — e avô de Luiza (fi-lha de Dila), o professor Alcir Pimen-ta hoje se dedica a escrever poesias e memórias, tem vários livros editados

Professor e político aposentado, Alcir Pimenta

escreve poesias desde seus 40 anos

“Tudo de bom que

me ficou na vida

veio a partir da

minha atividade

como professor”

Poetas e amigos: Mano, o coordenador, festejou vitória de Alcir no Âmbito Nacional

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Segue comigo pela vida aforaUma dor tão grande, tanta tristura,Que sempre temo nunca vá embora,Transformando-se em perene amargura.

Lembra-me, então, um verso de Bandeira:“Só a dor enobrece e é grande e é pura”,O que parece colossal asneiraDo bardo sempre ao pé da sepultura.

Por que vamos amar um mal sem cura,Se o mundo não tolera choradeira,Antes sendo feliz que sofredor?

Quem pensa seja, pois, esse Bandeira:Um simples vate da fama à procura,Ou de Cristo na terra sucessor?

UM VERSO DE BANDEIRA (Alcir Pimenta)

e planeja em breve lançar uma auto-biografia. Os convites para palestras e homenagens ele já não atende com tanta frequência: “A idade trouxe cer-ta dificuldade de locomoção, por isso saio pouco”, diz. E quando sai — quem revela é o amigo Américo Mano — costuma ter momentos de superstar: “Certa vez, saímos de um evento no Calçadão e tivemos que andar umas quadras até o carro. No caminho, as pessoas com quem cruzávamos diri-giam saudações a ele. Nem dava tem-po de abaixar o braço e já era preciso acenar de novo. E ele comentava, a cada aceno: ‘foi meu aluno’, ‘foi minha aluna’, ‘esse também’...”, conta Mano.

Seu legado? “Meu projeto mais importante foi o do Estágio Profissio-nal, transformado em Lei Ordinária em 1977, e que deu aos estudantes de cursos técnicos e superiores a possibi-lidade de complementar seus conhe-cimentos em atividades práticas. Em meus mandatos, sempre me empenhei muito pela nossa região, mas minha maior alegria mesmo é ter sido profes-sor. Tudo de bom que me ficou na vida veio a partir da minha atividade como professor”, completa. ■

Foto: Gian Cornachini

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Um corredor de oportunidades

Feira de Estágio

Evento do CEMT trará empresas com vagas de estágio e

cursos, além de palestras sobre o mercado de trabalho

AFeira de Estágios da FEUC, pro-movida pela Coordenação de Estágios e Mercado de Trabalho

(CEMT), já está se tornando mais um dos grandes eventos anuais da insti-tuição, chegando em sua 5ª edição em 2015. Marcada para os dias 25 e 26 de março, das 9h às 21h, a feira levará ao pátio principal 20 estandes com diver-sas empresas ofertando vagas de está-gio e cursos de capacitação.

Apenas no último ano o CEMT me-diou 1.237 estágios obrigatórios e 546 não obrigatórios, e ainda totalizou 227 convênios com instituições particulares, 20 com instituições públicas, seis com empresas públicas e 85 com empre-sas privadas. A 5ª Feira de Estágios será mais uma oportunidade — além das va-gas ofertadas diretamente pelo CEMT — para o estudante conseguir uma ex-periência profissional em sua área de

aprendizado, como explica Elisabete Boti, responsável pelo setor: “O estágio é importante para se aperfeiçoar naqui-lo que está sendo estudado, e para in-gressar no mercado com uma vivência profissional”, ressalta Elisabete. “E a fei-ra vai concentrar aqui na FEUC diversas empresas ofertando vagas diferentes, todas ao mesmo tempo”, adianta ela.

Até o fechamento desta edição, con-firmaram presença empresas como o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), Fundação Mudes e Provedor de Talentos, além de órgãos como a Se-cretaria de Estado de Trabalho e Renda (Setrab). Essas três grandes parceiras, segundo Elisabete, são essenciais para diversificar as oportunidades na fei-ra: “Elas também funcionam como o CEMT, fazendo a ponte entre centenas de empresas e o estudante. Então, no final das contas, um monte de empre-sas estará aqui dentro por intermédio desses centros de integração”, ressalta

ela. As oportunidades serão destina-das a alunos do Ensino Médio (como jovens aprendizes) e do Ensino Técnico do CAEL, além dos estudantes dos cur-sos de graduação e, também, de alunos de outras instituições de ensino, visto que a feira será aberta à comunidade local e terá entrada franca.

Os dois dias de evento contarão também com oito palestras relaciona-das ao mercado de trabalho em geral, como a de Leonardo Souza, arquiteto de sistemas e soluções e instrutor no InfNet, que abordará “Novas tecnolo-gias e demandas do mercado de TI”. Marcada para o primeiro dia da feira, em dois horários (das 10h às 11h e das 19h às 20h), a fala de Leonardo terá o objetivo de reforçar a importância de os estudantes estarem preparados para um universo profissional cada vez mais tecnológico. Outro palestrante será Marcelo Lopez, professor de dis-ciplinas nas áreas de gestão e didática

Por Gian Cornachini

Fotos: Gian Cornachini

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da Pós-Graduação da FEUC. Marcelo trará a sua vasta experiência profis-sional para falar sobre “Gerenciamen-to de Projetos: Conceitos, Carreiras e Certificações”, uma vez que já atuou como gerente de projetos de grandes companhias, como a ExxonMobil, e em auditorias de diversas multinacionais como Braskem, Shell e Petrobras. Sua palestra acontecerá no primeiro dia, das 9h às 10h, e no segundo dia, das 19h às 20h. A participação em cada palestra da Feira de Estágios renderá cinco ho-ras de atividades complementares para os estudantes das FIC.

O evento contará também com em-presas oferecendo descontos e bolsas de estudo integrais em cursos de idio-mas e profissionalizantes. Entre elas, a WSA Idiomas, a MegaWorks, a Red Zero e, ainda, a rede de escolas de mú-sica Elite Musical, que além de ofertar cursos, trará vagas de estágio e um ins-trumento musical para sorteio.

Diversas empresas estarão fazendo cadastro de estudantes

Oportunidades se estenderão também à comunidade local

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Feira de Estágio

Acertando no currículo e na entrevistaAssessor da Fundação Mudes tira dúvidas sobre o assunto

Se você está em busca de uma opor-tunidade no mercado de trabalho, con-fira as dicas de Rodrigo Pereira, asses-sor da Fundação Mudes — instituição tradicional na integração entre empre-sas e vagas de estágio:

FEUC em Foco: Quais as informações básicas que deve conter um currículo e a formatação correta do documento?

Rodrigo Pereira: Nome, idade, estado civil (com ou sem filhos), bairro onde re-side, telefone residencial, telefone celular e um e-mail de contato. Para estágio, tam-bém devem constar escolaridade e cursos. Curso de idioma, quando houver, também deve ser mencionado, pois pode ser o dife-rencial do candidato em um processo sele-tivo. Na formatação do documento, reco-mendo utilizar sempre a fonte ‘Times New Roman’, tamanho 12, e folha tamanhoA4.

FF: O que não deve conter de jeito ne-

nhum em um currículo?

RP: Erros de português e erros de digitação, número do Registo de Identidade e demais documentos. Fotos retiradas de redes sociais como o Facebook também não é interessan-te, pois em muitos casos são bem informais.

FF: E sobre as entrevistas, há caracte-rísticas padrões observadas pelos ava-liadores? Quais são?

RP: Proatividade, comprometimento, responsabilidade, criatividade, comuni-cação, poder de argumentação. É preciso saber falar na hora certa, evitar falar de-mais, focando-se em responder aquilo que lhe foi perguntado. Bocejar e manusear o celular enquanto outro candidato se apre-senta são atitudes mal vistas.

FF: Para além dessas fórmulas, qual sua recomendação para quem acredi-ta que errou na escolha do emprego e

quer uma oportunidade melhor?

RP: Caso a prática não seja aquilo que foi almejado, reveja os conceitos de planos para o futuro. O importante é não desistir, ser focado e conhecer bastante o caminho que pretende seguir. Hoje, a internet fornece bastante informação sobre as carreiras e profissões. Mas é bom também, conversar com profissionais das áreas envolvidas. ■

Rodrigo: ‘O importante é não desistir’

INSTrUTOrA ENSINA MAQUIAGEM LEVE PArA O TRABALHO“muitas mulheres gostam de andar bem ma-

quiadas durante o dia a dia de trabalho, mas a gente mora em uma cidade muito quente e derrete com esse sol. O legal é algo mais leve. Quem tem muita imperfeição no rosto recorre à maquiagem em grande quantidade para cobrir, e exagera.

Os erros mais comuns são corretivos claros de-mais. A pessoa que tem olheira acaba ficando com o efeito ‘panda invertido’, que é quando em volta dos olhos o tom fica mais claro que o da pele natural. A base, por exemplo, é melhor ser passada com um

pincel de topo reto ou dual fiber, em movimentos

circulares, para que ela fique bem uniforme. mas deve ser específica para o tipo de pele (mista, oleosa, seca).

Para a pele negra, os tons cintilantes não ficam muito bem. Geralmente, usa-se tons corais, que dão um ar de mais saúde ao rosto. Um delineado básico, um rímel e um batom (que pode ser um gloss) com-pleta. Já para a pele branca não há muita diferença. Apenas o contorno do rosto, que você pode fazer com um tom um pouco mais escuro que a pele.”

Maria Izabel Marçal de Souza, Instrutora de pen-teando e maquiagem na Embelleze de Campo Grande

Maria Caroline Lopes, aluna na Embelleze, exibe resultado

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CAEL

Campo Grande em focoAlunos do Fundamental têm dois dias dedicados à história do bairro

Estudantes do 6º ao 9º ano do CAEL deram início, nos dias 25 e 26 de fevereiro, ao Projeto de Trabalho do Co-légio deste ano, que tem como tema base os 450 anos

da cidade do Rio de Janeiro. Porém, antes de iniciar a in-trodução dos estudantes na temática central, que engloba o município todo, a professora de iniciação científica Georgi-na Duarte convidou-os a fazer uma viagem ao passado no bairro de Campo Grande, contrapondo imagens antigas do local com as atuais: “Muitos de vocês desconhecem a his-tória do nosso bairro, então queremos com essa atividade desenvolver um novo olhar sobre onde moramos e criar vín-culo com nosso patrimônio histórico e cultural”, explicou a professora no primeiro dia da atividade com os estudantes.

O fotógrafo e morador de Campo Grande Helcio Peynado esteve presente no segundo dia do evento para abordar a história da fotografia e a importância do registro fotográfi-co para a História. Assim como a professora Georgina, Hel-cio focou sua apresentação em mostrar imagens autorais e antigas do bairro, além de trazer uma linha do tempo da evolução das câmeras fotográficas. Defensor ferrenho da mídia impressa como documento histórico, ele deu algumas dicas aos estudantes: “Aquela foto que você fez na casa do amigo, pode ser que, daqui a 20 anos, lá seja um shopping. E se você perder o celular amanhã? Então é importante ter um registro e imprimir”, recomendou o fotógrafo. ■

Fotos: Gian Cornachini

A história dos monumentos do bairro foi ponto de destaque

Fotógrafo fez uma pequena exposição de câmeras antigas

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CAPA

meia idade entre amigos: tudo de bom!

É a partir do primado estabelecido no início dos anos 90 — “Empregado satisfeito, aluno respeitado e melhoria da infraestrutura” —

que gostaríamos de falar dos 55 anos que a insti-tuição completa em 2015. Não à toa, escolhemos para figurar na capa os funcionários que foram dados à luz no mesmo ano de 1960: uns estão há mais tempo aqui, outros menos; atuando em se-tores variados, da Conservação ao Conselho Di-retor; uns edificando e organizando a estrutura física, outros contribuindo para o florescimento intelectual do nosso patrimônio humano; todos partícipes de uma história ainda em construção.

E que história é essa? A de uma faculdade que — descreviam alguns “míopes” no final dos anos 50 – não precisava ser criada, pois esta era uma zona rural produtora de laranjas. Quem olha em volta hoje e vê no que se transformou a Zona Oes-te do Rio e adjacências, tem que tirar o chapéu para os “teimosos” que insistiram nisso lá atrás, entre eles o saudoso deputado Miécimo da Silva e as professoras Carmen Navarro e Leda Noronha, últimas representantes do grupo de fundadores que continuam fazendo parte da vida da FEUC, Carmen somente no Conselho de Instituidores, Leda também presente cotidianamente, dirigindo a Universidade Aberta à Terceira Idade Leda Noro-nha, rebatizada ano passado em sua homenagem.

Muito do desenvolvimento da região, princi-

palmente nos aspectos cultural e educacional, deveu-se à presença da FEUC, com sua missão de formar bons professores e centralizar atividades e debates voltados para os interesses da comunida-de. De uma salinha emprestada em igreja à sede espaçosa que agora ocupa, dos poucos cursos iniciais ao leque mais variado que hoje oferece — indo da creche ao pós-médio no CAEL, gradua-ção e pós-graduação nas FIC — a instituição vem crescendo de forma sustentável porque jamais se afastou de seus propósitos iniciais e sempre con-tou com seu povo: “Acredito que esse momento muito promissor que a FEUC vive, apesar das na-turais dificuldades financeiras, se deve principal-mente às nossas pré-ocupações com o fortaleci-mento da infraestrutura, modernizando espaços e ambientes educacionais, e a preocupação com o funcionário e seu bem estar dentro da instituição, com aprimoramento intelectual e profissional para melhor atender àqueles que são a razão de tudo: o nosso aluno e sua família, que precisam ser profundamente respeitados e compreendidos em suas necessidades e dificuldades”, afirma o presidente, professor Durval Neves.

Com a clareza de quem acompanhou essa his-tória desde o primeiro minuto, a professora Leda concorda, e acrescenta: “No século XXI a FEUC procura manter vivo o ideal inicial de sua criação, que é servir a comunidade de Campo Grande. Que Deus proteja toda sua trajetória atual, para construir um futuro e um Brasil melhores”.

Ao ‘chamar para a festa’ seus companheiros de mesmo ano, a

FEUC homenageia todos os funcionários que ajudam a construí-la

Por Tania Neves

Capa

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Os professores Hélio, Durval e Arlene – membros do Conselho

Diretor – discutem planos para o futuro da FEUC, que em seus 55

anos vem perseguindo a meta de crescer com sustentabilidade

Fotos: Gian Cornachini e Arquivo FEUC

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Capa

O momento que permitiu à FEUC começar a se expandir estruturalmente remonta ao ano de 1997, quando o setor administrativo preparou a Fundação para ser enquadrada oficialmente como instituição filantrópica, obtendo os títulos de utilidade pública municipal, estadual e federal, e assim se qualificando a um tratamento especial nos trâmites de órgãos federais e, futuramen-te, até internacionais. O que pode significar, por exemplo, acesso a convênios acadêmicos e proje-tos oficiais que venham a ser disponibilizados e se encaixem em nossos interesses e possibilidades.

Aliás, é graças ao fato de ser uma instituição filantrópica que a FEUC pôde se candidatar — e, com a qualidade da pro-posta apresentada por seus professores, ser selecionada — para o Programa Institu-cional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), que hoje envolve cerca de 170 alunos das licenciaturas (à exceção de Computação) e 15 profes-sores coordenadores, todos recebendo auxílio financei-ro do Governo federal, por meio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), para desenvolver em escolas públicas da região uma série de projetos que visam a aprimorar a formação dos futuros professores e modificar a realidade da escola básica, a partir da discussão e implantação de metodologias mais singulares e adequadas aos diferentes contextos observados. Diretora de Ensino da FEUC e coordenadora do curso de Letras, a professora Arlene da Fonseca Figueira ressalta o quanto o engajamento dos alunos nessas ações os tem transformado e ins-tigado a questionar mais o papel do professor e a realidade da escola, o que saltou aos olhos duran-te as apresentações das fases iniciais dos proje-tos durante o I Simpósio Institucional PIBID/FIC,

No DNA, marca impressa da comunidade

Fazer-se fundação foi a chave para não se desviar do caminho

realizado em dezembro passado: “Nenhum licen-ciando ou licencianda passa pelo PIBID da mesma forma como iniciou o projeto. O PIBID faz a dife-rença na formação docente”, afirma.

Diante disso, nunca é demais lembrar o orgu-lho com que o professor Wilson Choeri exaltava o momento em que, lá atrás, os pioneiros da então Sociedade Universitária Campograndense (SUC) decidiram transformá-la em Fundação — dando origem ao nome FEUC — justamente para livrá-la do risco de ser transferida para algum dono de ocasião, como aconteceu com diversas instituições de ensino que nasceram com o projeto de servir a comunidade e logo caíram em mãos particulares.

Nossa instituição é privada — cobra mensalidades pelos cursos que oferece — mas não tem um dono a quem deva proporcionar lucros, por isso suas receitas são integral-mente aplicadas na melhoria de seus serviços, na expansão de seu alcance e no atendi-mento às necessidades da co-munidade em que está inse-rida, com a concessão de um percentual de bolsas de estu-dos, descontos e facilidades para que o aluno de parcos

recursos financeiros consiga concluir seus estudos.Como fundação, a FEUC tem um Conselho de

Instituidores composto por professores e funcioná-rios da própria instituição, profissionais notórios do Estado do Rio e pessoas da comunidade de Campo Grande com ilibada reputação e experiência em tra-balho comunitário, e que orienta os rumos a tomar.

Nos últimos 10 a 15 anos, a FEUC se impôs como meta investir em sua infraestrutura, que na vira-da para os anos 2000 se apresentava ainda muito pobre e inadequada. Assim, o período entre 2001 e 2005 foi marcado por grandes construções, como a do prédio D, da Pós-Graduação; a amplia-ção do prédio B, com o acréscimo de um andar;

Grandes obras de

ampliação dos

prédios e para

readequar os

espaços físicos

marcaram começo

dos anos 2000

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Uma série de obras e melhorias vem mudando a cara da FEUC para melhor nos últimos anos: no alto, o prédio da Pós-Graduação, que ganhou mais um andar, revestimento de pastilhas e elevador

panorâmico; acima, um dos cinco laboratórios de informática que foram modernizados e reequipados

e do prédio A, que além de mais um andar rece-beu a complementação da ala direita, com novas salas de aula, biblioteca, laboratórios e elevador. De novo, entre 2008 e 2009 as instalações físicas receberam um robusto pacote de melhorias, com instalação de ar-condicionado nos setores admi-nistrativos e da Educação Infantil nos prédios B e C, o revestimento de todas as fachadas em pasti-lhas nas cores da instituição e os acabamentos em tetos, corredores e outras áreas. A continuidade da climatização se iniciou em 2013 nas salas e la-boratórios do prédio B e em 2014 no prédio A, em vias de conclusão nos próximos meses.

“Foi um período em que tivemos que enfrentar algum sacrifício nas questões de pessoal, com en-xugamento da folha e limitações de ganhos sala-riais apenas ao que a lei determinava, pois se fazia urgente adequar fisicamente a FEUC para melhor atender seus alunos. Nunca nos arredamos do compromisso com a qualidade da educação, mas já não era mais possível conviver com a estrutura deficitária que tínhamos”, explica o presidente.

Ainda assim, a instituição logrou implantar os planos de carreira para funcionários e professores em todas as suas unidades e permanentemente estimula a formação e qualificação profissional, tanto internamente quanto em instituições ex-ternas, por acreditar que o aprimoramento é fun-damental para que avancem em suas carreiras.

De olho no futuro, o presidente projeta já para iniciar em 2015 uma série de intervenções que co-locarão a FEUC cada vez mais nos trilhos da sus-tentabilidade, tanto ambiental quanto financeira. No rastro da implantação da Unidade de Proces-samento e Tratamento de Resíduos (UPTR), com reciclagem de materiais e redução nos gastos com coleta de lixo, virá um sistema de coleta de águas pluviais para uso nos sanitários — que poderá re-duzir em até 50% o consumo de água tratada — e de geração de energia solar para a iluminação das áreas de circulação do campus. O planejamento está a cargo do professor de Meio Ambiente do CAEL Luiz Carlos Moura e envolverá também o novo curso de Sistemas Elétricos.

Fotos: Arquivo FEUC e Gian Cornachini

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Capa

Transformações agora em outras áreas

Fase de modernização de equipamentos e criação de novos cursos

De cinco anos para cá, a “paisagem física” teve modificações menos vistosas, mas as transforma-ções continuaram, sobretudo em adequação para atender aos novos cursos criados — Bacharelado em Sistemas de Informação e Licenciatura em Computação — e suporte para outras graduações que viriam, como o Administração de Empresas (iniciado em 2014) e os tecnólogos em Sistemas Elétricos (neste semestre) e Automação Industrial (início em breve). Como ressalta o diretor das FIC, professor Hélio Rosa de Araú-jo, cada um desses passos foi sendo dado a partir da fir-meza dos passos anteriores: os laboratórios e a expertise dos profissionais do CAEL, com seus cursos técnicos, nos puseram no caminho de ampliar a antiga Faculdade de Filosofia e acrescentar à vocação de formar professo-res a missão de atender aos anseios da comunida-de com cursos em outras áreas demandadas pelo crescente mercado de trabalho da região.

Hoje a FEUC tem 6 laboratórios de informática, com mais de 100 computadores modernos e pro-gramas sofisticados para atender a todas as ne-cessidades de seus cursos, incluindo ferramentas para modelagem 3D. Em breve, a FEUC Print se instalará num espaço mais amplo no andar tér-reo, ao lado da Reprografia, com um laboratório específico para a realização de pesquisas, equipa-do com 40 novos computadores diretamente li-gados às impressoras. Como explica Victor Abreu, assistente técnico de suporte de informática, ali os alunos poderão realizar suas pesquisas e tra-balhos e imediatamente imprimi-los, facilitando a vida dos que não dispõem desses equipamentos em casa. Matheus de Paula Souza, que atua no atendimento do setor, está empolgado: “Teremos uma estrutura bem melhor aqui, para dar mais conforto aos nossos alunos e professores”, diz.

No grupo de funcionários que em 2015 com-

pletam 55 anos junto com a FEUC, temos traje-tórias que se confundem com a própria história da instituição. A professora Arlene da Fonseca Figueira, há 24 anos na casa, é hoje coordenado-ra do curso de Letras e diretora de Ensino da fun-dação. Testemunhou e participou de importantes modificações nessas duas décadas e meia, e não esconde a paixão ao falar do que vive e viveu aqui: “Desde os tempos de aluna, a energia que sempre me moveu vem do modo como todos trabalham

por objetivos comuns”, diz. Rita Gemino, também pro-fessora – primeiro do CAEL, depois das FIC – chegou aqui como aluna, em 1990. Fez duas graduações (Pedago-gia e Letras) e pós-gradua-ção: “Sinto que tenho uma ligação embrionária com a FEUC, pois ela marcou minha vida em todos os sentidos”.

Willians Garbelotto, operador de máquina copiadora, foi e voltou: soma 15 anos de traba-lho em duas passagens pela instituição, sempre atuando no mesmo setor. Já Jesuíno de Souza Júnior começou há 16 anos como inspetor de alunos, formou-se em Letras e hoje atua na bi-

O segredo: cada

novo passo foi

sendo dado a partir

da firmeza dos

passos anteriores

O funcionário do setor de informática Matheus no local para onde irá a FEUC Print

Foto: Gian Cornachini

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02/10 22/09 05/09 21/12 26/04 26/03

A FEUC já completou 55 anos no dia 20 de janeiro, mas seus ‘companheiros de maternidade’ ainda vão festejar. Jesuíno no dia 2 de outubro, Arnaldo em 22 de setembro, Rita em 5 de setembro, Francisco no

dia 21 de dezembro, Willians em 26 de abril e Arlene em 26 de março. Eles aceitam parabéns e presentes!

blioteca. Ainda se lembra do primeiro curso de aperfeiçoamento que fez aqui, sobre análise de valores: “Aprendi coisas que me fizeram crescer como funcionário e pessoa, e até hoje uso esses ensinamentos”. Arnaldo Luís Moreira, profes-sor dos cursos de Eletrônica, Eletrotécnica e Au-tomação Industrial do CAEL há 15 anos, destaca o diferencial da FEUC com relação a outras institui-ções: “Além da amizade que se cultiva fácil aqui dentro, é gratificante trabalhar numa instituição que sempre busca melhorar, prima pela excelên-cia e não tem medo de mudanças. Acomodação aqui não existe, e isso é o que diferencia a FEUC”.

Outro que pode dizer (e diz) com orgulho que construiu junto com a FEUC parte dessa linda his-tória é o serralheiro Francisco Dias de Almei-da, há 18 anos no setor de Conservação: “Todas as janelas aqui fui eu que troquei ou coloquei. E também todas as coberturas, tudo que tem serra-lheria. Já construí mais de mil cadeiras e consertei

outras tantas. E espero não ir embora antes de re-alizar o que mais quero: refazer a frente da FEUC, para ficar mais imponente”, diz Francisco, refe-rindo-se ao muro e à grade da entrada principal.

Fica claro que, se a FEUC é hoje o que seus fundadores um dia sonharam, é por causa das boas mãos e mentes que souberam erguê-la. E, como coisas boas sempre atraem mais coisas boas, a casa tem sido frequentemente agraciada com estudantes espetaculares, empolgados com a perspectiva de cursar o ensino técnico, uma graduação ou pós-graduação, apesar de todas as dificuldades que a vida lhes impõe, pois, de modo geral, o aluno da instituição — principal-mente nos cursos superiores — é o cidadão tra-balhador, que encara um expediente laboral pe-sado e ainda tem fôlego para dedicar um turno do dia aos estudos. É também a ele que a FEUC deve sua longevidade, e somente por causa dele que tem valido a pena perseverar. ■

Foto: Gian Cornachini

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Aula Empírica

Catedral Metropolitana do Rio guarda fontes de inestimável valor para o

estudo sobre a Igreja, família e sociedade de diferentes períodos históricos

No subsolo da igreja, séculos de história

A Catedral Metropolitana de São Se-bastião do Rio de Janeiro, no Cen-tro da cidade, foi destino de uma

nova atividade de campo do curso de História das FIC, realizada em 16 de de-zembro, logo após o término das aulas. O objetivo passou longe de acompanhar uma missa: o foco esteve no subsolo da

igreja, onde está o Arquivo da Cúria — um dos mais ricos e completos conjuntos documentais do Brasil, que compreende processos de habilitação matrimonial, registros de batismo, casamento e óbitos de homens livres e escravos e, até mes-mo, processos de divórcio e nulidade de casamento datados do século XVII. “Essas fontes são de inestimável valor, não só para o estudo da história da Igreja Cató-

lica, como também para uma análise so-bre as famílias, as redes de sociabilidade, a sexualidade e o cotidiano de diferentes períodos de nossa história”, explica a professora Vivian Zampa, coordenadora do curso. “Cabe ressaltar que os estudos produzidos nas últimas décadas sobre as temáticas da família, da infância, da morte e das relações entre senhores e escravos ganharam novas abordagens a

Por Gian Cornachini

Fotos: Gian Cornachini

Estudantes puderam manusear documentos antigos

Grupo guiado pela professora Vivian visitou Museu de Arte Sacra

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partir da utilização de fontes guardadas nos Arquivos Eclesiásticos”, ressalta.

Historiadora e técnica em documen-tação do Arquivo da Cúria, Silvia de Souza liberou documentos antigos para os estudantes folhearem e os levou para conhecer os corredores do depósi-to. Segundo ela, um dos serviços que o acervo possibilita é o de resgatar regis-tros para conseguir a dupla cidadania: “Se você quer ser um cidadão italiano, cidadão espanhol, precisa comprovar isso através de um batismo, de um ca-samento ou de um óbito de seus an-tepassados, pois os consulados exigem isso. E aqui é onde as pessoas vêm bus-car esses documentos”, destaca ela.

Museu de Arte Sacra

No mesmo subsolo da Catedral en-contra-se o Museu de Arte Sacra, um relevante patrimônio sociocultural da cidade que reúne mais de 5 mil peças, entre esculturas, pinturas, mobiliários, pratarias, porcelanas e indumentárias religiosas, que abarcam representações de relevantes estilos de arte, tais como o barroco e o rococó.

Segundo a museóloga Marli Assis, res-ponsável pelo setor, o público conhece no local não só a arte sacra, mas a his-tória do Rio de Janeiro e do Brasil: “No século XVIII não existia a fotografia. En-tão, como retratar os fatos? Através das pinturas. E aqui a gente tem um quadro que retrata o Rio de Janeiro setecentista: a tela de Leandro Joaquim sobre o incên-dio do Recolhimento do Parto”, revela Marli. A pintura, que não pode ser foto-grafada (assim como todo o espaço do museu), ilustra as cenas durante e depois do incêndio que destruiu o prédio onde havia a igreja de Nossa Senhora do Par-to e o abrigo do Recolhimento do Parto — destinado a ex-prostitutas. É possível visualizar elementos da cultura da época, como carroças na rua, mulheres de ca-misolão, homens com trajes refinados e os curiosos acompanhando o desespero.

Peças da família real portuguesa também compõem o acervo do mu-seu, como a rosa de ouro presenteada à Princesa Isabel pelo papa Leão XIII, em setembro de 1888, como forma de re-conhecimento da Igreja pela abolição da escravatura no Brasil. Há, ainda, ob-jetos inusitados e mais recentes, como

um bloco de concreto de 20 centímetros quadrados retirado da pista de pouso do Aeroporto Tom Jobim, onde João Paulo II beijou o solo brasileiro, em 1980, durante a primeira visita de um papa ao país.

A estudante Aline de Souza, do 5º pe-ríodo, terminou a visita na Catedral im-pressionada com tudo o que viu: “Para mim foi uma surpresa e um grande aprendizado. Foi meu primeiro contato com um arquivo, e já pude botar a mão nos documentos”, conta ela. “Eu tam-bém nem sabia que tinha um museu aqui embaixo. Gostei muito!”.

O Arquivo da Cúria é aberto para visi-tação pública às terças, quartas e quintas-feiras, de 14h às 18h. Já o Museu de Arte Sacra funciona às quartas-feiras, da 9h às 12h e das 13h às 16h, e aos sábados e do-mingos, de 9h às 12h. ■

Historiadora apresentou o depósito do Arquivo da Cúria

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Infraestrutura

Do impresso ao digital, a Biblioteca Joa-quim Ribeiro, fundada na FEUC em 1966, oferece hoje um vasto número de livros

e publicações que atendem a todos os cursos da instituição, além de serviços e atividades para complementar a formação acadêmica dos estu-dantes. Peça fundamental para a avaliação das graduações junto ao MEC, o setor é responsável também por contribuir com as boas notas atri-buídas aos cursos, como explica o bibliotecário Guilherme Carneiro Santos: “Os avaliadores do MEC ficam encantados em verificar que uma ins-tituição pequena na Zona Oeste tem investimen-to pesado em conteúdo digital e ferramentas que em instituições de ensino públicas, inclusive nas de origem dos avaliadores, às vezes não tem”, res-salta Guilherme. “Nessa dimensão, eles dão nota máxima na avaliação setorial, e isso potencializa muito as notas finais dos cursos”, afirma ele.

Conheça, a seguir, os serviços e futuras ativida-des desenvolvidas na biblioteca da FEUC.

Tudo o que há e o que está por vir

Por Gian Cornachini

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Acervo físico e digital

Mais de 16 mil títulos impressos estão disponí-veis para consultas e empréstimos. Há também assinaturas de 45 revistas e periódicos específicos por área, como a revista Administração de Empre-sas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), as publica-ções da Sociedade Brasileira de Computação e a Revista Brasileira de Educação. A disponibilidade do exemplar é consultada por um sistema infor-matizado na entrada do setor. Basta inserir infor-mações como o nome do livro ou autor para fazer a verificação. O uso do acervo se faz por meio de um cadastro na biblioteca para obter uma cartei-rinha de acesso. O valor da emissão do documen-to é de R$ 4,00 (bolsistas do Pronatec estão isen-tos da taxa). Os empréstimos são gratuitos.

Em 2010, a FEUC implementou a Biblioteca Virtual Universitária, um ambiente on-line que sozinha oferece hoje 3.200 livros digitais de edi-toras associadas, como Contexto, Papirus, Scipio-ne, e Companhia das Letras, entre outras. A partir de 2014, o acervo mais do que dobrou de tama-

Por dentro da biblioteca

Horário de atendimento:Seg. - Sex.: 8h às 22h; Sáb: 9h às 15h.

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nho com a inserção da “Minha Biblioteca”, um outro ambiente virtual de publicações digitais de editoras diferentes da Biblioteca Virtual Uni-versitária, como Saraiva, Atual, Santos, Artmed. O acervo digital passa hoje dos 8 mil títulos, po-dendo ser acessado pelos interessados a partir de qualquer computador, celular ou tablet conecta-do à internet. Para isso, é só se “logar” na área restrita do aluno pela página da FEUC (www.feuc.br) e verificar no menu as opções “Biblioteca Virtual Universitária” e “Minha Biblioteca”, que automaticamente o usuário será redirecionado para o acervo das editoras. É possível ler o livro completo e imprimir uma quantidade restrita do arquivo, visto que a lei de direitos autorais não permite a reprodução completa da obra. O acer-vo digital oferecido pelas duas bibliotecas on-line está contemplado, em média, com 50% a 70% do acervo físico por curso.

Bibliografia e normas ABNT

A fim de minimizar erros de formatação de trabalhos com base na Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a biblioteca dispõe de uma assinatura direta com a Associação para ofe-recer as diretrizes de referências mais recentes para consultas. Outra ferramenta para ajudar a montar, por exemplo, monografias, é o “More”, um sistema que cria automaticamente todos os tipos de referência bibliográfica, bastando inserir os dados dos livros. A referência, então, é gerada e, depois, é só copiá-la e colá-la no editor de tex-to. Informações sobre como utilizar esses recur-sos podem ser consultadas com os funcionários do balcão de atendimento da biblioteca.

Cursos de capacitação

Dois cursos serão ofertados ainda neste semestre pela biblioteca: “Introdução à pesquisa bibliográ-fica”, voltado para estudantes do primeiro período de quaisquer cursos; e “Seminários de monografia” para alunos matriculados na disciplina. A primeira capacitação terá como objetivo apresentar os recur-sos da biblioteca e ensinar a utilizar as ferramentas digitais. A segunda funcionará como uma atividade para tirar dúvidas sobre formatação do trabalho mo-nográfico. Ambas serão gratuitas e renderão horas de atividades complementares. Assim que estiverem disponíveis, os alunos serão informados. A ideia é que a partir do próximo semestre os cursos sejam sempre oferecidos no início de cada período letivo.

A biblioteca também está planejando lançar dois cursos de extensão em agosto: “Metodologia da Pesquisa Educacional”, que tem a proposta de tornar o aluno apto a preparar projetos científi-cos e tomar ciência dos diferentes métodos de pesquisa; e “Tecnologia de Informação Aplicada à Educação”, que capacitará futuros professores a utilizar tecnologias em sala de aula. Os cursos ain-da estão em fase de planejamento, portanto sem carga horária, datas e valores definidos.

Núcleo do IBGE

Recentemente, a FEUC assinou um termo de cooperação técnica com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que fará da insti-tuição um núcleo base do IBGE na Zona Oeste. A biblioteca receberá este ano todas as publicações editadas pelo Instituto e se tornará referência na região para o acesso ao conteúdo oficial do IBGE. ■

Fotos: Gian Cornachini

Cabines individuais e salas de estudo em grupo no segundo andar

Acervo digital possui mais de 8 mil títulos diferentes e completos

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PIBID

Dia de reflexão para futuros docentes

O I Simpósio Institucional PIBID/FIC, realizado em dezembro passado na FEUC, foi um evento voltado para expor as atividades desenvolvidas pelos alu-

nos bolsistas no primeiro ano do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) nas FIC. Em sua etapa de abertura, além da fala de cada professor orientador dos subprojetos, aconteceu a palestra de Lana Fonseca, pró-rei-tora adjunta de Extensão na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e ex-coordenadora institucional do PIBID na UFRRJ. A professora, que em outubro teve a oportunidade de ver um grupo de alunos das FIC apresentar, na Rural, co-municações sobre as fases iniciais de seus projetos em anda-mento, não poupou elogios aos nossos graduandos: “Vocês

não ficam a dever em nada para nenhum aluno que eu te-nho na universidade pública”, disse Lana.

Paralelamente aos depoimentos e à palestra no auditório, acontecia no pátio uma exposição com elementos dos tra-balhos desenvolvidos, como vídeos produzidos nas escolas e materiais didáticos em construção para a realização dos pro-jetos. À tarde os bolsistas apresentaram seus trabalhos. Es-tudantes de Matemática expuseram metodologias de ensino lúdicas, como jogo com cartas para memorizar operações, ábaco para adição e subtração e tabuada com as mãos, que começaram a usar semanas antes com crianças da escola Baltazar Lisboa, onde atuam: “Nunca ouvi falar desses mé-todos, e isso nunca foi me passado nas séries iniciais. Mas eu consigo ver que os alunos enxergam a matemática com os jogos”, disse Vinicius Ferreira Carvalho Vilar, do 4º período.

I Simpósio fez balanço das atividades iniciais de graduandos das FIC no

programa federal que tem por objetivo aprimorar a formação de professores

Por Gian Cornachini e Tania Neves

Alguns bolsistas e orientadores na palestra da professora Lana: relatos e troca de experiências

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Já na exposição do grupo de Pedagogia, o destaque foi a experiência da estudante relatada pela estudante Valquíria de Sousa, do 4º período: “Aconteceu algo muito especial em minha vida. Eu não queria ser mais professora e nem terminar a faculdade. Vir para cá estava terrível”, revelou ela. “Mas quando cheguei no PIBID e pisei pela primeira vez na escola onde estamos indo, quando passei a estar com os alunos, o amor e a sinceridade deles me despertaram. Eu nasci para ensinar e aprender com meus alunos”, declarou.

Como ainda não havia iniciado o trabalho nas escolas, o grupo do PIBID Interdisciplinar, integrado por estu-dantes de Letras, História, Pedagogia e Ciências Sociais, apresentou um resu-mo dos estudos da fase preparatória, sobre literaturas africanas e afrodes-cendentes. O objetivo é entender como essas literaturas têm sido trabalhadas nas escolas e construir alternativas metodológicas para o ensino delas. Janice Souza, professora que orienta o projeto Interdisciplinar com a colega Norma Jacinto, resumiu suas expectativas para o segundo seminário: “No ano que vem pretendemos estar aqui de novo e contar experiências ma-ravilhosas como os outros grupos contaram”, concluiu.

Três grupos de Geografia apresentaram comunicações. O primeiro traçou um panorama dos estudos e discussões teó-ricas produzidas na preparação do subprojeto “Audiovisual, geografia e sala de aula”, destacando as vantagens de uma aula com audiovisual: torná-la mais dinâmica e interessante para a turma. O segundo abordou “Educação ambiental e jovens — O audiovisual como ferramenta pedagógica”, res-saltando que o objetivo é levar os alunos a usar dispositivos como celular para registrar situações ligadas ao meio am-biente no entorno de onde vivem e depois problematizar as questões. E o terceiro deu ênfase aos subsídios recebidos na

oficina de audiovisual oferecida pelo professor Yan Navarro, do Colégio Pedro II, e que serão importantes para o desen-volvimento de todos os subprojetos da disciplina.

“O sentido da História nas práticas docentes” foi o tema apresentado pelo grupo de História. Fazendo uma crítica contundente às metodologias que valorizam a memoriza-ção de datas e fatos históricos, os bolsistas ressaltaram que pretendem propor novos caminhos a partir do uso da expe-riência do aluno para construir reflexões e estimular deba-

tes: “Queremos ir além dessa História que retira dos anônimos o poder de ser sujeitos históricos”, afirmou o aluno Fabrício Ferreira de Medeiros.

O grupo de Ciências Sociais, que está trabalhando o projeto “Biografia como construção de saberes para o ensino de sociologia”, falou sobre o método de Pesquisa-Ação: “Como pesquisadores,

nosso papel será o de estimular os alunos a pensarem as questões de seu entorno. Eles é que vão discutir os temas e ir a campo buscar seus materiais, e na volta estaremos lá para auxiliá-los sobre o que fazer com isso, mas não para fazer por eles”, explicou o bolsista Pedro Pimenta.

Os bolsistas de Letras apresentaram o subprojeto “Produ-ção de acervo de áudio: ações para o letramento literário”, que consiste na pesquisa e gravação de obras literárias em domínio público para distribuição a quem esteja impossibi-litado de ler, como cegos, pessoas acamadas ou ainda não alfabetizadas. O primeiro grupo destacou alguns dos obje-tivos do trabalho — melhorar o nível de leitura dos alunos, provocar interesse pelas obras literárias e elevar a autoesti-ma por meio da participação. E o segundo abordou a impor-tância do letramento, que não é o mesmo que alfabetização: “Paulo Freire já dizia que o maior analfabeto é o que sabe ler e não o faz”, disse a aluna Flávia Daiana. ■

Fotos: Gian Cornachini

No pátio, exibição de materiais didáticos e vídeos

Debate e reflexões após apresentação dos trabalhos

Entusiasmo foi a

marca principal nas

falas dos bolsistas

do PIBID

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Trajetória

Estudar, praticar, estudar mais... Conciliando sala de aula com pesquisa e formação acadêmica, o professor Isaac prega aproximação entre escola básica e academia

Ele tem nome comprido, de prínci-pe – Isaac Gabriel Gayer Fialho da Rosa – mas disposição e força de

trabalho de um operário: aos 30 anos, acaba de completar seu doutorado em Geografia na UFRJ, coroando um ciclo de mais de 23 anos ininterruptos de estudo, que na última década correu em paralelo com a atividade de pro-fessor e pesquisador. Acumula hoje a docência e pesquisa no Colégio Pedro II de Realengo com aulas também na Faetec de Marechal Hermes e aqui nas FIC, onde ainda coordena, com a pro-fessora Rosilaine Silva, o subprojeto de Geografia no PIBID. Há quatro anos no quadro de professores da instituição, Isaac recebeu, na Reunião de Profes-sores que abriu este semestre letivo, a tradicional plaquinha entregue pelo diretor Hélio Rosa aos que completam mestrado ou doutorado. E já faz planos para o pós-doutorado...

“Minha carreira sempre seguiu pari passu com as aulas no ensino básico e a continuidade da formação acadêmi-ca. Acredito que uma coisa alimenta a outra. O professor que está no chão da escola, principalmente se for de edu-cação básica e pública, tem um olhar diferente na pesquisa, e é disso que precisamos para melhorar a educação como um todo”, diz Isaac.

No mestrado em Educação, na Uerj, o professor abordou o tema da gestão escolar. Era docente em Mesquita, e pesquisou lá como se deu a implemen-tação dos mecanismos de gestão de-mocrática na rede pública de educação (eleição direta para diretores, autono-mia financeira, discussão do projeto

pedagógico etc.). Por ser um município novo, imaginava-se que haveria menos dificuldade de levar para a prática o discurso político tão em voga de de-mocratização do espaço escolar. Nem tanto: “A pesquisa identificou, sim, avanços com relação a alguns pontos, mas outros mantinham o mesmo atra-so que se vê na rede em geral. Princi-palmente a questão do autoritarismo continua muito presente”.

No doutorado, Isaac mudou de ins-tituição e área — Geografia, na UFRJ — mas manteve a educação como fio condutor, estudando a implantação de tecnologia nas escolas municipais do Rio, no projeto Escolas do Amanhã. Se o discurso oficial era o de que um pacote de intervenções de cunho tec-nológico — computadores, programas multimídia, banda larga — bastaria para melhorar a realidade das escolas de baixo rendimento, localizadas em áreas de conflito, não foi isso que ele constatou no estudo: “O Ideb dessas escolas não apresentou grandes avan-ços, e a transformação da realidade es-colar também foi muito pequena”.

As razões? Isaac sustenta em sua tese que houve uma fetichização da tecnologia, uma crença de que a sim-ples disponibilização de máquinas e programas de computador para alunos e professores resolveria. “Houve gran-de investimento em tecnologia, assim como transferência de muito dinheiro público para fundações privadas que dão suporte ao projeto, mas pouco in-vestimento na formação continuada do professor. Este foi tratado como o obstáculo, aquele que rejeita mudan-ças. Faltou escutar o professor e dar a ele uma formação para que pudesse se

Por Tania Neves

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apropriar criticamente da tecnologia e assim conseguir tirar vantagem dela em sala de aula”, observa.

Especificamente com relação a sua disciplina, Isaac exemplifica como esse aporte tecnológico poderia ter sido bem empregado: “Se aos professores tivessem sido oferecidos cursos de ca-pacitação e atualização, eles poderiam, por exemplo, usar os computadores e programas para criar pirâmides etárias e mapas feitos pelos próprios alunos, realizar pequenos documentários so-bre a realidade geográfica de seu en-torno, entre outras coisas”.

Isso que não viu nas Escolas do Ama-nhã, Isaac se empenha para mostrar que é possível acontecer, com o subpro-jeto do PIBID que orienta junto com a professora Rosilaine, coordenadora do curso de Geografia. Eles estão levando os bolsistas (alunos de geografia das FIC) a discutir o audiovisual como me-todologia para o ensino da disciplina na educação básica e criar condições para a produção de curtas-metragens sobre temas como meio ambiente e mercado de trabalho, com estudantes da escola onde desenvolvem o projeto, o Pedro II de Realengo, a partir do conteúdo estu-dado em sala de aula e dos elementos recolhidos em trabalhos de campo que farão nas próprias regiões onde os es-tudantes moram. “A conquista do PIBID para a FEUC é muito importante, porque coloca na formação de seu licenciando um elemento prático de pesquisa, com reflexão e ação sobre a realidade da es-cola. E como esses futuros profissionais depois vão atuar aqui mesmo na região, assim poderemos construir uma escola básica diferente, enriquecida pela apro-ximação com a academia”. ■

Fotos: Gian Cornachini

Isaac Rosa acaba de concluir o doutorado em Geografia e já

pensa no pós-doutorado

Estudar, praticar, estudar mais... Conciliando sala de aula com pesquisa e formação acadêmica, o professor Isaac prega aproximação entre escola básica e academia

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Artigo

Irene da Silva Vianna da SilvaGraduada em Letras Neolatinas e especialista

em Português e Literaturas, é a mais antiga funcionária da FEUC ainda em atividade

Minha atuação como educadora se baseia pri-mordialmente nas palavras de Pestalozzi: “O ensi-no para ser efetivo tem que ser afetivo”.

Afeição é a palavra chave para o desempenho prazeroso de um propósito. Leva-nos a amar o que fazemos, a nos importar com o outro.

Nestes meus tantos anos de existência, exerci al-gumas atividades (inspetora de alunos, escriturária), mas só ser educadora me faz fe-liz. Desde 1958, dedico-me a essa tarefa. Empenho-me em motivar o aluno, mostrando-lhe as diversas maneiras que ele pode usar para avançar e crescer como criatura e cida-dão. Avançar é aprender.

Na FEUC, desde 1966, re-alizo-me plenamente. É mi-nha segunda casa. Aqui me formei em Letras, em 1969. No ano seguinte co-mecei a lecionar na instituição, junto ao saudoso professor Almo Saturnino. Hoje, em que pese o fato de estar aposentada, continuo na FEUC com muita honra e alegria.

Durante toda essa trajetória, acompanhei o crescimento da FEUC e procuro dar uma parcela de contribuição exercendo minha tarefa educativa.

Nos idos dos anos 60/70, quando meu cami-

nho se cruzou com o da FEUC, tudo era bastante diferente do que vejo hoje. O crescimento da fa-culdade se deu de forma expressiva. O pequeno prédio sede da instituição se tornou um amplo edifício com muito mais conforto e comodidade. A modernidade chegou e trouxe junto de si a in-ternet, as redes sociais, novas e diversas formas

de comunicação causando grande revolução no ensino. E a nossa instituição acom-panhou passo a passo todas as transformações.

Vi o crescimento da FEUC no seu aspecto físico, sua modernização, sua pujança. No entanto é o que existe in-trinsecamente na FEUC que me encanta e seduz. Forma-mos uma família com os al-tos e baixos desse tipo de re-

lacionamento. Juntos, durante toda a trajetória da instituição, enfrentamos e vencemos dificuldades.

Há entre os que aqui trabalham e estudam um elo fraterno, um companheirismo concreto, uma dedicação carinhosa. Esse clima manifesta-se e contagia. Faz com que se estreitem e se fortaleçam os laços que nos unem e o entusiasmo que nos leva sempre a aumentar nosso orgulho de pertencer aos quadros da consagrada casa de ensino. ■

Juntas, trilhando um caminho de longevidade e afetividade

“Em que pese

o fato de estar

aposentada,

continuo na FEUC

com muita honra e

alegria”

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