revista feuc em foco - edição 18 (setembro/2014)

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1 em foco Revista Ano 5 Nº 18 setembro de 2014 www.feuc.br/revista TERCEIRA IDADE UNATIC faz 20 anos e se torna UNATIL, em homenagem à fundadora

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TERCEIRA IDADE: UNATIC faz 20 anos e se torna UNATIL, em homenagem à fundadora. Fundação Educacional Unificada Campograndense - FEUC, Rio de Janeiro - RJ http://www.feuc.br/revista

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aAno 5 • Nº 18 • setembro de 2014 • www.feuc.br/revista

TERCEIRA IDADE

UNATIC faz 20 anose se torna UNATIL, emhomenagem à fundadora

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Iniciamos o segundo semestre de 2014 com a oferta de uma nova graduação em nossa grade, Administração de Empresas, e já temos a grata satisfação de anunciar para 2015 mais uma vitó-ria: o nosso primeiro tecnólogo, em Sistemas Elé-tricos. Estaria, com isso, a Fundação Educacional Unificada Campograndense se distanciando de sua vocação original — a formação de professo-res? Certamente, esta questão até poderia acor-rer a alguns dos que acompanham a trajetória histórica da FEUC e sabem que seu prestígio foi conquistado principalmente por seu verdadeiro fascínio pela formação de professores. Com toda convicção, porém, podemos garantir que é eter-no o nosso amor pelo Magistério — o que, evi-dentemente, não nos impede de estar atentos aos apelos da sociedade contemporânea frente ao elevado ritmo das mudanças tecnológicas.

É nessa perspectiva, e face ao enorme cresci-mento populacional e de serviços que tem ca-racterizado a Zona Oeste da Cidade do Rio de Janeiro nos últimos anos, que solicitamos ao MEC e fomos autorizados a oferecer o curso de Administração de Empresas, que abre amplas possibilidades de atuação profissional aos seus concluintes. O curso proporciona conhecimen-tos nas áreas de Marketing, Operações, Pessoas e Finanças, além de possuir uma base humanista e favorecer um melhor entendimento da socie-

dade e do mundo dos negócios.Mais recentemente, obtivemos autorização

para uma graduação que já nasce como vencedora. Trata-se do Curso Superior de Tecnologia em Siste-mas Elétricos, que foi aprovado com conceito final 5, apresentando um perfil excelente de qualida-de, segundo a comissão avaliadora do INEP/MEC. Numa época em que tanto se fala em preservação do meio ambiente, o curso formará profissionais com visão multidisciplinar e sistêmica, capazes de contribuir para o desenvolvimento sustentável.

É bom que se esclareça que estas novas gradua-ções, embora sejam atreladas às Faculdades Integra-das Campo-Grandenses, por serem de nível superior, tiveram sua inspiração no CAEL, que possui cursos profissionalizantes correlatos e forneceu seus talen-tos para a composição do corpo docente e para a elaboração dos projetos submetidos ao MEC. Aliás, o CAEL, que é, em quantidade de cursos, a maior es-cola técnica privada do Rio de Janeiro, tem merecido destaque face aos altos quantitativos de estagiários e de egressos absorvidos pelas empresas da região e pela grande procura das vagas disponibilizadas ao governo federal para o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

Temos consciência de que a FEUC está em pleno desenvolvimento, o que significa que está crescen-do, mas sem perder de vista a qualidade e a sua vo-cação primeira, que é a valorização do Magistério. ■

Institucional

Antenados com o novo cenário, sem abandonar a tradição do Magistério

Prof. Hélio Rosa de AraujoDiretor das FIC

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Diz-se que o Brasil já foi um país jovem e agora está envelhecendo. O que é verdade, mas a matéria de capa desta edição mostra que se pode também falar em “jovem de cabelos grisalhos”, em alusão à terceira idade que busca se reciclar e ter uma vida mais ativa que a de seus antepassados. Assim é a Uni-versidade Aberta à Terceira Idade em Campo Grande, que acaba de fazer 20 anos e ganhar um comple-mento em sua denominação, incor-porando o nome de sua fundadora, a professora Leda Noronha, que em 1994 teve a feliz ideia de criar este grupo que hoje encanta a FEUC.

Acompanhamos também a vi-sita que alunas da Pós-Graduação em Libras fizeram ao Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), seguindo a tradição dos cursos das FIC de aproximar teoria e prática de um modo instigante.

E mais: encarnando o papel de “repórter por um dia”, a professora Vivian Zampa, coordenadora de His-tória, inaugurou em alto estilo a nova seção de entrevistas feitas por profes-sores, sabatinando Denize e Barbara Goulart, filha e neta do ex-presiden-te João Goulart, que vieram à FEUC para o XVI Encontro de História.

Sua FEUC em Foco traz ainda os preparativos de alunos e professo-res para a prova do ENADE, que será aplicada em novembro; resumos dos projetos que as licenciaturas se preparam para começar a desenvol-ver no âmbito do PIBID; e os primei-ros detalhes do Curso Superior de Tecnologia em Sistemas Elétricos, aprovado pelo MEC com nota 5 e que será oferecido em 2015.

Boa leitura. E envie sugestões para [email protected]!

FEUC em Foco é uma publicação impressa e online da Fundação Educacional Unificada Campograndense.

Presidente: Durval Neves da Silva; Diretor Administrativo: Hélio Rosa de Araujo; Diretora de Ensino: Arlene

da Fonseca Figueira; Diretora Superintendente: Mônica Cristina de Araújo Torres; Concepção editorial e

edição: Tania Neves; Estagiário (texto, foto e diagramação): Gian Cornachini; Periodicidade: trimestral;

Tiragem: 5.000 exemplares; Site: www.feuc.br/revista; E-mail para contato: [email protected]

Considerações e opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade

de seus autores, não refletindo, necessariamente, a posição da FEUC.

CAPA: Foto de Gian Cornachini

Editorial

Tania NevesEditora

CapaOs 20 anos da UniversidadeAberta à Terceira Idade

Vivian Zampa conversacom Denize e Barbara Goulart

Conheça os projetos daslicenciaturas no PIBID

Renata Gomes: ela quase optou pelo jornalismo

Novos coletores de resíduospara elevar ecoeficiência

Sistemas Elétricos: tecnólogoque já estreia com nota 5

Nosso tributo ao professorJosé Ricardo da Silva Rosa

Professora Entrevista

Formação Docente

Trajetória

Meio Ambiente

Nova Graduação

Memória FEUC

Saiba como as FIC estão sepreparando para o Enade

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Avaliação

ÍndiceFotos: Gian Cornachini

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MUNDO

Prêmio FEUC recebe inscrições até dia 30 de setembro; 1º lugar ganhará R$ 500

O primeiro evento do novo curso de Administração da FEUC aconte-ceu antes mesmo de a graduação co-meçar. No dia 15 de julho, a palestra “Tendências empresariais no cenário econômico atual”, de Vladimir Lei-te Gonçalves, coordenador do curso, reuniu estudantes das FIC e de outras instituições de ensino da região para debater a importância de diversos fa-tores que impactam diretamente no sucesso das organizações.

O ponto central da fala de Vladimir foi a figura do líder. De acordo com o professor, é nele que as empresas depositam a confiança para gerenciar todas essas inovações. “A grande ten-dência das organizações é apostar na liderança. Sem líder, a gente não gera inovação”, explicou ele.

E o perfil de um líder, para o pro-

Continuam abertas até o próximo dia 30 de setembro as inscrições para a 21ª edição do Prêmio FEUC de Lite-ratura. Os interessados poderão en-viar seus poemas para a Comissão Or-ganizadora, que promete anunciar os classificados na primeira etapa até o fim da segunda quinzena de novem-bro. Os vencedores serão conhecidos na segunda quinzena de dezembro. Os organizadores do Prêmio FEUC, Américo Mano e Rita Gemino, infor-mam que os integrantes da comissão julgadora serão anunciados em breve.

Em www.migre.me/lxLGf, você pode conferir o regulamento comple-to do Prêmio FEUC. Mas já adianta-mos algumas informações:

Foto: Gian Cornachini

Foto: Gian Cornachini

Cenário empresarial é tema de palestra de Administração

Vladimir Gonçalves: ‘Sem líder, a gente não gera inovação’

As categorias são duas: Aluno da FEUC (matriculados na Faculdade, na Pós-graduação, no CAEL ou no Colégio Magali); e Âmbito Nacional (todos que não estejam matriculados na FEUC). A modalidade é única (poema) e o tema é livre para ambas as categorias. Cada candidato pode inscrever apenas um poema, que deve ser enviado para o e-mail [email protected]. A obra deve ser digitada em Word; fonte Times New Roman, tamanho 14, espaço simples, máximo de 30 linhas incluin-do espaço entre as estrofes, quando houver. Os vencedores de cada cate-goria receberão certificados e os va-lores de R$ 500 (1º lugar); R$ 350 (2º lugar) e R$ 250 (3º lugar). ■

A modalidade é ‘poema’ e o tema é livre para as categorias

fessor, é alguém que saiba conduzir sua equipe rumo ao sucesso: “O líder é aquele que atinge resultados por meio das pessoas. É quem ouve mais do que fala, que suplanta estratégias com foco nos resultados. Se você for

capaz disso, certamente será um bom líder”, ressaltou Vladimir, lembrando que esse é um dos principais focos do novo curso: “Vamos estudar tudo isso. É prioridade na formação que quere-mos oferecer a vocês”, completou. ■

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21ª edição da Octobermática discutirá o Enade

O CAEL e as FIC se juntaram este ano para promover dois de seus gran-des eventos em parceria, na mesma semana: a tradicional Expo X, semana de ciência e tecnologia do Colégio; e a Feuctec, semana acadêmica das cur-sos de Licenciatura em Computação e Bacharelado em Sistemas de Informa-ção da FEUC, acontecerão de 27 a 31 de outubro. A programação, que está em fase de fechamento, promete in-cluir mostra de trabalhos científicos e tecnológicos dos estudantes de todos os cursos do Ensino Técnico do CAEL e dos cursos de Informática das FIC.

“O maior objetivo dessa união é pro-mover a integração entre as ciências do Cólegio e faculdades da FEUC”, explica

o professor Carlos Vinicius Nascimen-to, coordenador do Ensino Técnico do CAEL. “Este ano, o evento está muito mais organizado e a nossa expectativa é de ele cresça em parceria com os es-tudantes da graduação”, afirma ele.

Ainda de acordo com o professor, podemos esperar boas ideias nesta edição do evento: “A gente tem proje-tos inovadores para serem apresenta-dos, principalmente do curso técnico em Edificações”, revela o professor, sem adiantar mais detalhes.

A abertura para o público interno da instituição acontece no dia 28 de outu-bro, às 10h, no Auditório FEUC. Já os visitantes externos poderão conferir a feira no mesmo dia, a partir das 14h. ■

O Exame Nacional do Desempenho do Estudante (Enade), que acontece este ano em 23 de novembro, virou tema da 21ª Octobermática. Programa-do para a semana de 6 a 10 de outubro, o evento anual do curso de Matemáti-ca das FIC discutirá “As dificuldades da Matemática na visão do Enade”, e con-tará com palestras e oficinas sobre todo o universo relacionado às questões des-sa avaliação, que é fundamental para qualificar os cursos (leia a reportagem específica sobre o Enade na página 12 desta edição da reivsta).

A programação da Octobermática ainda está em fechamento, mas, de acordo com o professor Alzir Fourny Marinhos, coordenador do curso de

Matemática, um dos pontos interes-santes da semana será uma peça te-atral que os alunos estão preparando em cima da temática do evento: “Eu ainda não sei bem qual é o roteiro da peça, mas vai estar envolvendo o Ena-de. São os próprios estudantes que es-tão preparando, e eu acredito que vai ser show!”, destaca o professor.

Em outro momento da semana, es-tudantes do 7º período do curso apre-sentarão um relatório do Exame que revela as questões que tiveram mais acertos e erros. O objetivo, com isso, é fazer um estudo para analisar em quais partes específicas os estudantes estão com mais dúvidas, a fim de ajudá-los na preparação para a avaliação. ■

VAI ACONTECER

■ A XXV Semana de Pedagogia da FEUC acontece nos dias 22, 23 e 24 de setembro. Com a aproximação do Enade, a prova do Ministério da Educação (MEC) também virou tema do evento, que discutirá “Avaliação: reflexões e práticas”. No entanto, a proposta da Semana é ir além do assunto Enade e abrir o leque para questões como avaliação institucional e avaliação de aprendizagem. “Não há qualidade sem avaliação, que é parte do processo de aprender, e o pedagogo precisa compreender a importância disso”, aponta Maria Licia Torres, coordenadora do curso de Pedagogia das FIC.

■ No próximo dia 26 de setembro, a Orquestra da FEUC e o Coral Ecos Sonoros serão a grande atração da noite de gala dos 60 anos do Colégio Estadual Professor Fernando Antônio Raja Gabaglia. A festa será realizada no Clube dos Aliados. Feliz com o convite, o maestro David de Souza promete caprichar no repertório musical em homenagem a esta que foi a primeira escola pública de Campo Grande a oferecer o antigo Curso Ginasial, quando ainda éramos Distrito Federal.

Uma semana de boas ideias com Expo X e Feuctec

■ Marque aí na sua agenda: no próximo 15 de outubro, Dia dos Professores, acontece aqui na FEUC a tradicional confraternização de funcionários, com delicioso almoço seguido de música, dança, sorteio de prêmios e muita animação. E uma pergunta que não quer calar: os craques do Mortinho Futebol Clube estariam treinando para a tal volta triunfal às quadras nesse dia? Ou foi alarme falso?

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Professora entrevista

‘Ele foi, isso sim, um democrata’

Vivian Zampa, coordenadora do curso de História, estreia esta nova seção da FEUC em Foco: entrevistas feitas por professores com personalidades ligadas a seus temas de interesse. A ocasião não poderia ser melhor — o XVI Encontro de História, realizado entre 8 e 12 de setembro — nem as entrevistadas mais significativas neste momento político: a historiadora Denize Goulart e a cientista social Barbara Goulart, mãe e filha, que depois participaram de debate com alunos no auditório. Aqui você lê um resumo da conversa, que pode ser acessada da íntegra em www.feuc.br/revista.

Filha e neta de João Goulart, Denize e Barbara falam sobre o ex-presidente e os 50 anos do golpe de 64

Vivian Zampa: Falem um pouco sobre o João Goulart.

Denize Goulart: Nesse ano em que se completam 50 anos do golpe de 64, acho que é importante ressaltar o legado que ele dei-xou, principalmente que a História hoje, depois de tanto tempo de esquecimento e omissão, mostra que ele foi um grande democrata, o presidente que mais lutou por um Brasil mais justo, soberano, e que tinha realmente um projeto de Nação, ao contrário do que tentavam mostrar na época: que ele não tinha projeto, uma série de mentiras que, de tanto repetir, acabaram acreditando nelas. Ele foi, isso sim, um democrata. Ele simplesmente queria um Bra-sil com menos desigualdade. E, apesar de tantos anos de difama-ção e de silêncio, a maior prova que a gente tem hoje é essa revisão que a História está fazendo em relação ao João Goulart.

Barbara Goulart: Ele foi um político que é muito difícil de se encontrar, tanto naquela época quanto hoje em dia, um político que realmente buscava mudar a política. Ele não queria deixar no ‘status quo’. Realmente buscava mudar a máquina política. Acho que essa ideia negativa que as pessoas têm da política hoje é resultado dessa incapacidade de implantar esse projeto que ele queria, porque se ele tivesse tido oportunidade de fazer – não vou nem dizer tudo o que ele queria, mas pelo menos algumas coisas – a política de hoje não seria a mesma que a gente tem aí.

Vivian: Denize, qual a sua memória sobre os momentos an-teriores a 64, o que você poderia falar para a gente?

Denize: Eu era muito pequena. Tenho poucas lembranças, prin-

cipalmente do golpe. As lembranças que ficaram mais foi quando a gente saiu do Brasil para o exílio, talvez porque tenham mar-cado mais a minha vida depois do exílio com os meus pais. A gente via as dificuldades que eles estavam passando, o clima era diferente, o sofrimento do meu pai, a solidão, a tristeza. Então, eu acho que ficou muito mais marcado a partir do exílio.

Vivian: O que vocês acham do trabalho que vem sendo feito pela Comissão da Verdade? Denize: Super importante, só que eu acho que não vai ter tempo hábil para apurar tudo. E não é só isso, estão encontrando mui-tas dificuldades. Agora mesmo, vários militares estão dizendo que não vão responder. A Comissão da Verdade tem autoridade para chamar para depor, mas não pode obrigar a falar. Então fica uma coisa muito difícil, mas ao mesmo tempo acho que só o fato de estar apurando crimes, torturas, mortes, como conseguiram agora com Rubens Paiva, já é um passo adiante.

Barbara: A Comissão é o primeiro passo. Sou um pouco mais cética que a minha mãe, porque eu acho que se a gente ficar es-perando o resultado da Comissão, como uma instituição, a gente vai ficar com um vazio. O que a gente pode fazer, nós que não somos parte da Comissão, é aproveitar esse momento para gerar discussões sobre o assunto, sobre o que foi a ditadura e o que a gente pode fazer para isso não acontecer mais.

Vivian: E as expectativas de vocês para o resultado da exu-mação do corpo do Jango? Acham que a morte foi suspeita?

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‘Ele foi, isso sim, um democrata’Filha e neta de João Goulart, Denize e Barbara falam sobre o ex-presidente e os 50 anos do golpe de 64

Após a entrevista, Denize e Barbara debateram ‘O Brasil de João Goulart e o Golpe de 1964’

Denize: Para mim é uma hipótese que em nenhum momento descartei, acho que existe a possibilidade. Mas existem, sim, pro-vas de que meu pai era vigiado constantemente, e nós continua-mos sendo vigiados depois que ele morreu, existe um documento sobre isso. Ele sofreu um atentado na Argentina, a gente sabe que outros líderes foram mortos no exílio. Então existe essa possibili-dade, mas só depois do resultado da exumação é que a gente vai ter certeza. Ou não, porque também pode não ser conclusivo. Barbara: Ia falar mais ou menos isso, que as pessoas não devem criar essa expectativa toda sobre a exumação. Como já faz muito tempo que ele morreu, é possível que não tenha mais rastros quí-micos, se ele foi envenenado ou não. É uma pergunta que pode ser que a gente nunca consiga responder.

Vivian Zampa: Nesses 50 anos do golpe, com tantos even-tos e debates, muita coisa girou em torno do governo João Goulart. Queria que vocês fizessem uma avaliação...

Fotos: Tania Neves

Denize: Acho muito importante, desde março estou participan-do, é o primeiro momento que se debate assim tão abertamente. Fui em Porto Alegre, e tinha políticos de todos os partidos deba-tendo os 50 anos do golpe. Há o interesse das pessoas, não só nas universidades, mas de toda a sociedade em saber o que aconteceu. Quando fiz faculdade de História, não tinha nada sobre o golpe de 64. E eu fiz na PUC, que era mais avançada. Agora o debate está no colégio, no vestibular, nas universidades.

Barbara: Fico feliz, e acho que duas coisas mudaram. Primeiro, a questão da ditadura já vem sendo levantada há muito tempo. Só que antes o Jango não aparecia, ou se aparecia era para fala-rem mal. Por isso é importante que essas documentações estejam sendo disponibilizadas. O cara tinha uma história política! E as pessoas resolveram apagar, ignorar, e isso justamente é o resulta-do da ditadura. Foi a destruição da memória do Jango e de outras pessoas. Então, é a oportunidade de redescobrir a memória dele de uma forma mais completa. ■

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Arte na FEUC

Explosão de talentos em uma semana

Não há mais desculpas para esconder os dons em casa: Explosarte é o seu

palco anual para soltar a voz, o corpo e a criatividade artística

Para comemorar o Dia Nacional das Artes — que acontece anual-mente em 12 de agosto — a coor-

denadoria de teatro da FEUC promoveu não apenas um dia, mas uma semana inteira repleta de atividades voltadas para quem ama música, dança, teatro e diversas manifestações artísticas. O evento, que aconteceu entre 11 e 16 de agosto, ganhou um nome bem signifi-cativo: Explosarte — Explosão de Artes — e já está incorporado ao calendário

anual de atividades fixas da FEUC. “O objetivo do Explosarte é revelar ta-

lentos no canto, na dança, em desenhos e nas artes livres de nossa comunidade”, conta Adriano Marcelo, estudante do curso de Letras das FIC e o responsável pela coordenadoria de teatro.

Talento, obviamente, não faltou du-rante a semana inteira de apresentações. A principal modalidade foi o Concurso de Música, que teve as primeiras audi-ções ainda em maio e junho. Das 17 pes-soas que chegaram à reta final do con-curso, apenas três ganharam os troféus

de 1º, 2º e 3º lugar. Foram eles, respecti-vamente, Isadora da Rocha (6º período de Letras), que se destacou na final com a música “At Last”, gravada por Beyon-cé; Roberto Silva (2º ano do técnico em Administração), com a canção “Espírito Santo”, do Ministério Sarando a Terra Ferida; e Vanessa de Oliveira (3º ano do técnico em Química), que interpretou a música “Listen”, da Beyoncé. “Foi uma vitória para mim, porque eu nunca par-ticipei de nenhum concurso, por medo. Entrei apenas para perder esse medo de ser avaliada e saí ganhando”, comemora Isadora. O 1º e o 2º lugares ganharam, além dos troféus, uma premiação em dinheiro de R$ 100 e R$ 50.

Já no Concurso de Dança, quem saiu vitorioso foi um grupo da Escola de Dança Compasso, de Campo Grande, com a coreografia “As Panteras”. Isaque D’Erick, de 23 anos, foi o dançarino do grupo que mais chamou a atenção por executar passos complexos em cima do salto alto: “Foi muito divertido parti-cipar do concurso e uma surpresa ga-nhar o primeiro lugar. Estaremos aqui de novo no ano que vem”, afirma ele.

Para assistir a vídeos das apresenta-ções da primeira edição do Explosarte, entre no novo canal da revista FEUC em Foco no YouTube:

www.youtube.com/user/revistafeuc ■

Por Gian Cornachini

Na primeira edição do Explosarte, Isadora da Rocha, Roberto Silva e Vanessa de Oliveira levam o 1º, 2º e 3º lugar no Concurso de Música

Fotos: Gian Cornachini

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1 - Ana Carolina Fernandes (2° ano de Turismo) vence concurso de desenho; 2 - Grupo ‘Sabendo ou não, fazemos arte’, composto por estudantes do CAEL, fica em segundo lugar com a coreografia ‘Talk’; 3 - Escola de Dança Compasso vence competição de coreografias; 4 - Mariana Teixeira (2° ano Edificações) apresenta monólogo

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Alguma coisa começa a mudar na paisagem de pátios e corredores da FEUC por esses dias: a insta-

lação dos novos coletores de lixo, agora em duas versões — uma para resíduos recicláveis e outra para resíduos não recicláveis. Trata-se de mais uma eta-pa do projeto FEUC Ecoeficiente, que visa a adequar as ações da instituição aos preceitos da sustentabilidade. Os novos coletores trarão mais eficiência ao processo de reciclagem do lixo pro-duzido internamente. “Em um ano de funcionamento da Unidade de Proces-samento e Tratamento de Resíduos – a UPTR, como chamamos — consegui-mos separar do lixo comum mais de 16 toneladas de resíduos recicláveis que puderam ser vendidas no mercado, re-duzindo assim nosso gasto com coleta de lixo”, relata Álvaro Martins, chefe do setor de Patrimônio e Segurança.

A conta é animadora: com a ven-da dessas 16 toneladas de recicláveis, a FEUC obteve cerca de R$ 5 mil; além disso, como a reciclagem significou re-dução do lixo geral, a conta mensal de

R$ 3 mil que era paga a uma empresa terceirizada da Comlurb para o recolhi-mento do lixo da instituição caiu pela metade, passando a R$ 1,5 mil. Soman-do a economia na conta com os ganhos da reciclagem, chega-se a um valor anu-al de R$ 23 mil. Junto com o funcioná-rio Eremilton Lacerda, responsável pela

implantação e dinamização da UPTR, Álvaro Martins já planeja tornar o se-tor autossuficiente e até lucrativo: “A primeira meta é que essa economia e a renda obtida sejam suficientes para pa-gar a infraestrutura investida e o salário de quem lá trabalha. Mas, se continu-armos nos aperfeiçoando, a reciclagem poderá ser, no futuro, uma fonte de re-cursos financeiros para a instituição”.

Eremilton explica como: “Aumen-tando o volume de reciclados. Hoje, uma parte do que poderia ser recicla-do acaba sendo perdida, pois a mistura de lixo molhado com lixo seco danifica principalmente o papel. Os novos co-letores devem trazer melhorias para o processo, pois o usuário terá recipien-tes diferentes para descartar cada tipo de resíduo”. E Álvaro completa: “Além disso, quando o esquema estiver bem ajustado, podemos passar a recolher material reciclável de nossos vizinhos e processar aqui”. Ele mesmo já come-çou a trazer de casa latinhas de alumí-nio, embalagens plásticas e papelão para descartar na FEUC, e tem estimu-lado outros funcionários a também fazê-lo: “Teremos também um tonel

Por Tania Neves

Meio Ambiente

Cada qual no seu quadrado

Nova etapa do projeto FEUC Ecoeficiente

implanta coletores de lixo identificados para

separar com mais facilidade os resíduos

recicláveis e os não recicláveis

Coletores identificados para diferentes tipos de resíduos

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para recolher óleo de cozinha usado, e quem quiser poderá trazer o óleo de casa para descartar aqui”, diz.

Os novos coletores estarão em pon-tos estratégicos das áreas comuns. Nos de resíduos recicláveis devem ser des-cartados plásticos, alumínio, ferro, pa-péis e papelões limpos e secos; papéis sujos e/ou molhados, assim como res-tos de comida, de-vem ser descarta-dos nos coletores de resíduos não recicláveis. Por exemplo, ao ter-minar de fazer um lanche na cantina, nada de enfiar o restinho do san-duíche dentro do copo plástico e jogar fora tudo junto: descarte o copo no coletor de reciclá-veis e o guardanapo com o resto do san-duíche no outro. E nunca jogue o copo ou a latinha de refrigerante ainda com líquido dentro, pois isso danificará os papéis secos que estiverem no coletor.

Nesse primeiro ano da UPTR, os campeões na reciclagem foram o papel

(4,5 toneladas), o papelão (3,5 tonela-das) e o plástico PP dos copos de guara-ná natural (1,3 tonelada), mas garrafas PET, ferro, latinhas de alumínio, jornal e óleo de cozinha também apareceram bastante na lista.

Sílvio Gomes da Silva — um dos funcionários mais antigos da FEUC, há 27 anos na casa — é hoje o respon-

sável por fazer a separação dos re-síduos recicláveis. Ele conta que a maior dificuldade advém justamen-te do lixo molha-do e dos restos de comida mistura-dos. E já come-mora a chegada

dos novos coletores: “O trabalho vai render mais”, diz Silvinho, conhecido de todos pelos dotes de dançarino e a animação nas festas internas. “Dan-çar é muito bom, faz bem. Dançar e caminhar são as melhores coisas para a saúde”, ensina o funcionário, que atribui às caminhadas diárias seu bom humor e o vigor para o trabalho. ■

Fotos: Gian Cornachini

A reciclagem

poderá ser, no

futuro, uma fonte de

recursos financeiros

para a instituição

Silvinho em ação na tarefa diária de separar os recicláveis

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Avaliação

Enade: fator de qualidade do curso e do diplomaObrigatório aos formandos, exame do Ministério da Educação

representa 70% da nota final do conceito de cursos

O Exame Nacional de Desempenho de Estu-dantes (Enade), parte do Sistema Nacio-nal de Avaliações da Educação Superior

(Sinaes), acontece este ano no dia 23 de novem-bro. Como o próprio nome diz, o Exame tem o objetivo de mensurar o desempenho dos alunos de graduação em relação a todo o conteúdo e competências previstas para a sua formação. O comparecimento à avaliação é obrigatório para os alunos que se formam no semestre em que o Enade é aplicado e, também, para os que conclui-rão o curso em até 6 meses depois do exame. A prova não é classificatória nem eliminatória — ou seja: mesmo que o estudante tire zero ou entre-gue a prova em branco, ele não será impedido de colar grau. Porém, como a nota do Enade é um dos pontos que compõem o Conceito Preliminar de Curso (CPC) — que também engloba a avalia-ção do corpo docente da instituição de ensino, da infraestrutura e dos recursos didático-pedagó-gicos, entre outros — um desempenho ruim do aluno na prova jogará para baixo a nota do curso em que ele estará se formando. O Enade repre-senta 70% da nota final do CPC (que varia de 1 a 5), e para um curso ser oferecido normalmente ele precisa ter conceito a partir de 3.

Importância da boa prova

Segundo a professora Arlene da Fonseca Fi-gueira, Diretora de Ensino da FEUC, o Enade é, além de um instrumento de avaliação do MEC, um certificado de qualidade do diploma do estu-dante: “Se você está em uma faculdade que tem um bom desempenho, seu currículo está à frente daquele que não tem”, afirma Arlene.

No entanto, nem sempre os estudantes en-caram o Enade dessa maneira. De acordo com

Por Gian Cornachini Maria Lícia Torres, coordenadora do curso de Pedagogia das FIC, no mesmo dia do Enade de 2011 houve uma prova de concurso público que interessou aos alunos, e a maioria dos estudantes optou por apenas assinar o nome na avaliação, en-tregá-la incompleta e partir para a prova do con-curso. Isso impactou diretamente no conceito de Pedagogia, conferindo-lhe a nota 2 e impossibili-tando a abertura de vestibular para novas turmas. “Nós pedimos uma reavaliação do curso, e uma comissão do MEC veio à FEUC para verificá-lo de perto. Revimos todo o nosso projeto pedagógico e a bibliografia básica, e fizemos mais investimen-tos. Fomos além das exigências do MEC, e a conse-quência foi o novo conceito 4”, explica Maria Lícia. “Queremos que os estudantes se esforcem para manter esse 4, porque a qualidade do certificado deles depende de uma boa prova”, completa ela.

A Licenciatura em Computação das FIC tam-bém passou pelo mesmo problema no último Enade das licenciaturas, que aconteceu em 2011. O professor Rodrigo Neves, coordenador dos cur-sos de informática das FIC, conta que, na ocasião, os estudantes não se dedicaram à prova, e o curso foi rebaixado para o conceito 2. Após uma visita do MEC para a reavaliação, foi notada a qualidade da estrutura das FIC para oferecer a graduação, e mais um curso recebeu a nota 4. “Agora, é im-portante mantermos a nota, porque o curso de Licenciatura em Informática tem pouca disponi-bilidade em nossa região, não existe em todas as faculdades, e é importante se manter como uma referência”, afirma o professor Rodrigo.

Já o curso de Ciências Sociais das FIC teve uma ótima surpresa após o último Enade. Segundo a professora Célia Neves, coordenadora do curso, a turma avaliada no exame era bastante aplicada e interessada em valorizar o diploma, e a dedicação dos estudantes, somada à estrutura das FIC, ren-deu a nota 4 ao curso, conferindo-lhe o posto de

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Enade: fator de qualidade do curso e do diploma

segunda melhor licenciatura em Ciências Sociais do Rio de Janeiro, atrás apenas da PUC-Rio. “Hoje a titulação do nosso corpo docente é melhor do que era em 2014. Os aspectos que dependem ex-clusivamente da instituição estão em um grau su-perior a 2011. E a turma deste ano está à altura de fazer uma excelente avaliação, o que me faz acre-ditar que manteremos nosso 4 ou garantiremos a nota 5”, pondera a professora.

Preparativos para o Enade

Desde o começo do ano, e mais intensifica-mente a partir de agosto, todos os cursos das FIC — exceto o Bacharelado em Administração (que ainda não está em fase de avaliação) — estão tra-balhando para garantir que os estudantes tenham suporte para se destacarem na avaliação. O curso de Matemática, por exemplo, lançou em março, no YouTube, o canal “FEUCMAT”, onde vídeos são postados com as resoluções e comentários de questões dos Enades anteriores, sempre com o objetivo de focar na avaliação e, também, treinar os estudantes para serem futuros professores. Le-andro de Sousa Martins, de 20 anos, que está no 6º período do curso, foi o primeiro aluno a gravar um vídeo para o canal. O jovem aprovou a ativida-de e a oportunidade de aprender ao mesmo tem-

po em que ensina: “Além de a gente desenvolver essas habilidades de professor, temos que estudar muito, porque as questões são rebuscadas e o ní-vel da prova é elevado”, avalia Leandro.

Todos os cursos das FIC, exceto História, abri-ram uma disciplina específica voltada ao Enade para os alunos do 6º e 7º períodos (e 8º, no caso de Bacharelado em Sistemas de Informação). História, Geografia, Letras e Pedagogia optaram por aplicar simulados nessas turmas, a fim de testarem seus conhecimentos e treiná-los para a avaliação de novembro. Geografia, História e Pedagogia apostaram, ainda, em “aulões” para trabalhar os componentes de Formação Geral e Formação Específica para o Enade. Durante di-versos sábados, até o início de novembro, profes-sores estarão disponíveis para retomar e reforçar conhecimentos já trabalhados em sala. Alunos de todos os cursos podem participar dos aulões, principalmente aqueles voltados para a Formação Geral. A programação completa está disponível pelo seguinte link: http://migre.me/lvGsk.

O portal da FEUC na internet também está com uma área dedicada ao Enade. Na aba “Principal” da página www.feuc.br, o internauta encontrará a opção “Enade”, onde poderá conferir diversas in-formações a respeito da avaliação e baixar provas e gabaritos de edições anteriores. ■

Curso de Matemática cria canal no YouTube com resoluções de questões do Enade

Imagem: Reprodução da Internet

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Aula Empírica

Teoria e prática no mesmo diaPós-Graduação em Libras leva alunas ao Instituto Nacional de Educação de Surdos e faz debate sobre a visita

Sabe aquelas aulas em que os exem-plos citados pelo professor são tão perfeitos e pertinentes que fica

facílimo compreender o conteúdo e transformá-lo imediatamente em co-nhecimento? Foi assim a aula especial da Pós-Graduação em Libras realizada no último dia 2 de setembro, em duas etapas: primeiro, uma visita guiada ao Instituto Nacional de Educação de Sur-dos (INES), em Laranjeiras; depois, um longo debate sobre a experiência, já na FEUC. As estudantes tiveram a chance não somente de ver in loco a aplicação da teoria que estudam em sala de aula, mas também de sentir na pele algumas consequências da exclusão – tema re-corrente quando se trata da educação

de alunos ditos “diferentes”.O grupo, conduzido pelo professor

de Teoria da Linguística Aplicada Victor Ramos e a professora de Libras Maria José Brum, foi formado pelas alunas da pós Alexandra, Ana Cláudia, Daniel-le, Inaiara, Maria Aparecida, Nilcéia, Rosemary, Sandra e Vanessa, além da graduanda em Pedagogia Sheila e de Maxwell, primo de Inaiara que costu-ma acompanhar algumas atividades da turma, atuando como “ponte” entre a teoria e a vivência prática das questões, pois é surdo. No INES, a professora da casa Gisele Joia apresentou o instituto e falou das atividades ali desenvolvidas, fazendo um breve histórico de como a educação para surdos se desenvolveu no país ao longo das décadas, desde a criação da primeira escola (hoje o

INES), há 157 anos.Um pequeno detalhe alavancou as

discussões no debate: na visita, talvez por falta de tempo, a professora Gise-le não levou o grupo para conhecer os trabalhos desenvolvidos por surdos na Divisão de Qualificação e Encaminha-mento Profissional (Diepro), o que acabou acontecendo depois, quando a aluna Alexandra (que também estu-da no INES) convocou as colegas para comprar peças de artesanato à venda no bazar do setor, produzidas pelos alunos surdos que frequentam os cur-sos de formação para o trabalho. “Ou-vimos histórias que já conhecíamos e vimos paredes e portas fechadas”, disse a aluna Aparecida ao iniciar sua fala no debate, gancho que o profes-sor Victor aproveitou para introduzir

Por Tania Neves

Fotos: Tania Neves

A professora Maria José traduz para Maxwell as explicações dadas pela professora Gisele, do INES

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Teoria e prática no mesmo diaPós-Graduação em Libras leva alunas ao Instituto Nacional de Educação de Surdos e faz debate sobre a visita

o tema das culturas linguísticas e os estudos sobre minorias que são feitos pela Linguística Aplicada: “Perguntei às alunas se elas se sentiram excluí-das em algum momento. Ao falarem que sim, completei que, na escola re-gular, o surdo é considerado a mino-ria e que, na estrutura do INES, nós, ouvintes, é que éramos a minoria e, portanto, tratados de modo diferen-te”, disse o professor.

A professora Maria José se disse muito feliz em rever tantos conhecidos da área atuando no instituto, e feste-jou o fato de ter finalmente consegui-do fazer a ponte que sempre quis para a aquisição de materiais didáticos do INES, que poderão ser solicitados pela FEUC gratuitamente e que farão parte, em breve, do acervo da instituição. ■

O grupo da Pós em Libras diante da fachada do INES, em Laranjeiras

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Universidade Aberta agora tem nome e sobrenome

Quem esteve na festa dos 20 anos da Universidade Aber-ta à Terceira Idade em Cam-

po Grande, no último dia 9 de agos-to, percebeu a força e a importância desse grupo quando o presidente da FEUC, professor Durval Neves, fez uma brincadeira durante seu discurso: “Te-nho um anúncio importante a fazer: é o último dia da UNATIC, hoje ela se desfaz”, disse ele, provocando primeiro um grave silêncio, seguido de um bur-burinho de vozes amuadas e queixosas. E que explodiriam em alegria após o presidente completar a frase: “A partir de agora teremos a UNATIL – Universi-dade Aberta à Terceira Idade em Cam-

Por decisão de seu Conselho Diretor, a

FEUC presta homenagem à fundadora

da UNATIC e rebatiza a unidade, em seu

aniversário de 20 anos, como Universidade

Aberta à Terceira Idade em Campo Grande

Professora Leda Noronha — UNATIL

Por Tania Neves e Gian Cornachini

Os alunos Arnaldo e Carmen Lúcia dançam com muita vitalidade ao som de “Tico-tico no fubá”

Fotos: Gian Cornachini

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Universidade Aberta agora tem nome e sobrenome

po Grande Professora Leda Noronha”. A tristeza dos alunos por pensar que

era o fim, depois a euforia ao ver ho-menageada a professora Leda Noronha, que criou o grupo há 20 anos e o dirige até hoje, foi a maior prova de amor ao projeto e à sua fundadora. E ela agrade-ceu bem a seu jeito, misturando sobrie-dade com uma indisfarçada emoção, de-pois de ouvir do professor Hélio Rosa de Araújo, diretor Administrativo da FEUC, que a troca do título da UNATIC, incor-porando o nome dela, fora uma decisão do Conselho Diretor: “Isso foi uma trai-ção, para início de conversa. Sou contra esse tipo de homenagem, mas não te-nho poder para desfazer uma decisão do Conselho, então aceito. E sou humana, é claro que gostei”, disse a professora,

longamente aplaudida por seus alunos, colaboradores e convidados presentes.

A festa, que a esta altura estava qua-se no fim, havia brindado o público com uma série de apresentações de dança, ginástica, teatro e canto — resultado de algumas das atividades a que alunos e alunas se dedicam durante seus qua-tro encontros semanais. E alguns dos principais colaboradores da professora Leda na condução do grupo estavam lá: a professora de dança, Sheyla Quinta-neiro, que dirigiu um grupo de alunas na belíssima e bem-humorada coreo-grafia “Rock dos anos 60”, ao som da música “Broto legal”, e um grupo de alunos e alunas dançando o carimbó; o professor de ginástica, Luiz Camillo, que apresentou o “Tikun com bola” e

o “Tai-chi-chuan com leque”; o maes-tro Enéas Romano, que regeu o coral em canções como “Maria, Maria” e “A majestade e o sabiá”; a professora Sônia Abreu, conduzindo uma demonstração de yoga; o professor de canto, Luiz An-tônio, que fez dueto com a aluna Onei-da em “O fantasma da ópera”.

Apresentando tudo isso, o fiel locu-tor que há tempos empresta sua bela voz e o humor finíssimo para animar as festas do grupo: Paulo Accioly, pro-fessor de Direito do CAEL. E que de-finiu assim o espírito da UNATIL: “É a única universidade que não reprova o aluno, mas também não deixa o deixa passar: ele fica aqui por anos e anos e não é um repetente, porque a cada ano tem uma história nova para viver”.

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A Universidade Aberta à Terceira Idade em Campo Grande é uma modalidade de educação per-manente, não formal e sem frequência obrigatória, para pessoas de ambos os sexos, com mais de 60 (sessenta) anos. Nela inexiste a preocupação com a definição de um currículo, com a emissão e recepção de documentos e menos ainda com a aferição de aprendizagem; as ati-vidade decorrem das necessidades e interesses da faixa etária e a disponibilidade de profissionais qualificados para dirigir as atividades programadas.

Existe a preocupação de dar a todos a chance de transmitir aos demais os seu conhecimentos e expe-riência; não se despreza nenhum recurso existente no grupo – ao contrário, procura-se estimular que eles sejam estendidos àqueles que o desejarem.

A UNATIL – Nas palavras de sua fundadora

Uma história repleta de emoçõesQuando começou, em 1994, a então UNATIC tinha um

grupo pequeno, que foi crescendo pelo mesmo método que cresce ainda hoje: a propaganda feita pelos próprios inte-grantes, que provam de suas delícias e passam a atrair ami-gos, vizinhos e até mesmo desconhecidos que os veem passar pelas ruas de Campo Grande, vestidinhos de azul e festejan-do a vida. “Quem me vê sorrindo nessa idade e pergunta a receita, logo respondo que é a UNATIC”, contou-nos tempos atrás Wanda Braga Campos, de 81 anos, a aluna mais antiga do grupo, presente desde o primeiro ano, com algumas pou-cas interrupções. “Não imagino minha vida hoje sem isso. É mais uma família que eu tenho, muito bem conduzida pela professora Leda”, diz ela, que costuma rebater, com argu-mentos lógicos, os muxoxos de quem diz que “não tem tem-po” para frequentar o grupo: “Quem quer, arruma tempo. A essa altura da vida, nosso tempo tem que ser pelo menos uma boa parte para a gente e não somente para os outros”.

Secretária da unidade há quase um ano, Patrícia Cristina de Oliveira conta que uma das maiores satisfações que tem é ver a mudança no ânimo de alguns novos alunos depois das primei-ras semanas de convivência. “Tem muitos que vêm em busca de companhia, por se sentirem mais sozinhos, às vezes depois de perder pessoas queridas na família. Daí são mais tímidos e

fechados no início, mas depois se soltam”, diz Patrícia, reve-lando que o grupo sempre “abraça” as dores dos que chegam e os ajuda a superar momentos difíceis. Iraci Gomes de Lima, de 64 anos, passou por isso. Após frequentar a FEUC com o marido, fazendo um curso Livre de Informática, em 2011, ela ficou viúva e viveu momentos de muita tristeza. “Eu estava chorando muito depois que meu marido faleceu. E a professo-ra Edna Solange, que dava aula de ‘Português para concursos’ nos Cursos Livres e que frequenta a minha igreja, pediu que eu fosse conhecer a UNATIC”, lembra a aposentada, que em 2013 se integrou ao grupo e encontrou ali uma nova família.

Hoje, além da UNATIL, ela é aluna também do curso de Pedagogia: “Eu nem imaginava que um dia ainda iria entrar para uma faculdade, mas tive muito incentivo de minhas no-vas amigas. Se Deus permitir e a minha idade deixar, eu ain-da serei professora!”, afirma Iraci. Já Delci Gonçalves Fróes, de 73 anos, conheceu o grupo por intermédio de sua esposa, Maria de Fátima Alves Faustino Fróes, aluna do curso de Ci-ências Sociais. Grande incentivador da mulher, ele passou a frequentar a Universidade Aberta à Terceira Idade para “estar no mesmo prédio que ela” — e tornou-se um fã de cartei-rinha. Até porque adora dançar, não gosta de ficar em casa parado e encontrou um ambiente totalmente alto astral: ■>

Foto: Gian Cornachini

Professora Leda Noronha entre os professores Hélio Rosa (esquerda) e Durval Neves (direita)

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Está sempre presente a preocupação de que as pessoas ampliem suas oportunidades de acesso ao saber e fazer, permitindo-se pensar em si mesmas; procurando dar-se oportunidades de vivenciar o que até então lhes era desconhecido. Isto implica não somente conhecimentos novos, mas atividades e amizades novas – procura-se criar oportunidades e despertar o interesse pelo que ocorre ao seu redor, na sociedade brasileira e no mundo, sendo fundamental a troca de experiências.

Há preocupação em discutir os problemas que atingem os integrantes do grupo, visando a não so-mente construir um mundo melhor, mas também melhorar a inserção de cada um nele.

Pretende-se construir e manter um espaço onde

as pessoas possam interagir livremente, respeitando e sendo respeitadas; onde as atividades possam ser realizadas de modo prazeroso e não por obrigação. Um espaço, enfim, onde possam buscar o que é bom para si, sentindo-se livres e felizes. Estimula-se a par-ticipação na maior parte das atividades, sem que haja pressão para que isto ocorra.

As exigências para admissão restringem-se ao do-mínio da Língua Portuguesa e ao desejo de conhecer, aliado ao interesse e à vontade de conviver. As ativida-des sociais são estimuladas, em especial os passeios e a visita a museus e instituições culturais e de pesquisas.

Todas as pessoas são tratadas com respeito e da mesma maneira, independente de idade, sexo, instrução, situação econômica. Todas possuem o mesmo valor: são

pessoas, e sua dignidade merece a consideração de todos.A UNATIL objetiva estimular a plena vivência da

cidadania e promover a valorização da terceira idade, fundamentando suas ações no respeito e no amor ao próximo. Espera-se que seu integrantes possam desenvolver novos interesses, a fim de buscar maior ajuste social e administrar melhor seu futuro. Em 2014 a UNATIL conta em seu quadro com mais de 100 (cem) pessoas, que cumprem as seguintes atividades: ginástica oriental, yoga, dança, artes cênicas, coral e canto. As atividades desenvolvem-se de 2ª a 5ª feira, das 14h às 17h, sendo servido um lanche diariamen-te, comprometido com a alimentação saudável.

Professora Leda Noronha

A UNATIL – Nas palavras de sua fundadora

1 - Luiz Antônio em dueto com Oneida; 2 - O casal Vanda e Jorge; 3 - O animado Delci e sua esposa Maria de Fátima; 3 - Professora Sheyla Quintaneiro com as alunas de dança; 5 - Mostra de yoga; 6 - Iraci com a família UNATIL

Fotos: Gian Cornachini

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“Gosto muito daqui, e tô emocionado com a homenagem que fizeram à professora Leda”, disse ele durante a festa dos 20 anos, após se esbaldar na pista de dança em companhia da sua amada Maria de Fátima.

E se muitos chegam ao grupo lamentando a perda de um companheiro, outros encontraram ali a possibilidade de re-fazer laços sentimentais. É o caso de Jorge Cruz, de 71 anos, e Vanda Vasconcelos, de 63, que eram viúvos quando se co-nheceram em uma dança de salão. Foi há seis anos, e Jorge tinha acabado de ingressar na UNATIC – e não perdeu tempo: convidou Vanda para participar das atividades e poderem fi-car mais tempo juntos. A companhia deu tão certo que eles em seguida se casaram, e a festa para os apaixonados foi feita na própria UNATIC: “O pessoal sabia que a gente iria se casar e fez uma festa surpresa para nós. Tinha bastante gente, mesa ornamentada. Foi linda!”, relembra Vanda. “É, não foi brinca-deira, não. Nós nos casamos e vamos continuar frequentando a UNATIL juntos, com a bênção de Deus”, completou Jorge.

Além das atividades desenvolvidas dentro da FEUC, os alu-nos também participam de eventos externos, como passeios culturais. No dia 8 de maio, eles visitaram a Fundação Oswal-do Cruz (Fiocruz), onde puderam fazer um tour pelo famo-so Castelo Mourisco e entrar em contato com exposições e atividades científicas no Museu da Vida. Em seguida, ainda partiram para um passeio guiado ao Museu de Arte do Rio (MAR), a fim de fechar com chave de ouro um dia repleto de cultura e conhecimento — bandeiras que fazem parte do escopo da UNATIL e que enchem os olhos da diarista Maria das Graças, de 59 anos, que se juntou ao grupo no começo de maio: “Eu já estive com o pessoal em outros passeios, pois sempre quis conhecer esses lugares que eles visitam. Troquei meu dia de serviço para não perder essa oportunidade”, con-tou ela, valorizando a UNATIL: “Estou encantada com tudo o que nós temos feito aqui. Esse lugar é a melhor coisa que existe para mim!”, ressalta.

Os alunos também fazem apresentações de canto e dan-ça, atendendo a convites da comunidade. O coral, regido pelo maestro Enéas Romano, volta e meia canta em igrejas, centros culturais e na Farmácia Popular. No último dia 5 de setembro, o grupo que dançou o carimbó na festa dos 20 anos foi chamado a repetir a apresentação na Rua Barcelos Domingos, a convite do Centro Cultural Compositor Adelino Moreira. E foi um verdadeiro sucesso.

Um entusiasta do trabalho desenvolvido pela agora reno-meada UNATIL, o presidente da FEUC reitera os votos de vida longa ao grupo: “Muito se fala em responsabilidade social das empresas, e esse nosso programa se encaixa bem nesse espí-rito. Fico feliz de ver o quanto a professora Leda é querida e o quanto a UNATIL é importante para os seus integrantes. E con-sidero que a nossa comunidade, que sempre soube prestigiar e apoiar a FEUC, é mais do que merecedora desse carinho”. ■

No MAR, alunos da Unatil observam exposição com a estátua do Grou Japonês, a ave do origami de tsuru

Grupo visita Castelo Mourisco, prédio principal da Fiocruz, em uma manhã de conhecimento científico

■>Foto: Gian Cornachini

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Um encontro para empreender ideias

ConectaFEUC

Cursos de computação das FIC criam evento para discutir negócios em inovação

OConectaFEUC, ciclo de eventos dos cursos de computação das FIC, promoveu o I Encontro de

Inovação e Empreendedorismo no dia 23 de agosto. O objetivo foi fazer de um sábado inteiro, na Zona Oeste, um momento de debates e disseminação de conhecimentos sobre empreendi-mentos e inovações na área de Tecno-logia da Informação (TI). O encontro foi focado no tema “Startups”, que são pequenas empresas formadas por um grupo de pessoas com grandes ideias, mas que ainda estão em fase de desen-

tender que beleza é fundamental”, co-meçou ele. Segundo Victor, um bom produto é aquele que atende a neces-sidade do cliente, é dotado de boa usa-bilidade, ou seja, eficaz e performático em sua proposta, e tem uma aparência que cative o seu público: “No desenvol-vimento, é preciso ter em mente que o produto deve ser tão bom a ponto de você querer usá-lo novamente. Ele tem que proporcionar as melhores ex-periências para as pessoas, e o valor da experiência sensitiva é o ponto chave em qualquer negócio”, destacou ele, concluindo: “Inovar é resolver um pro-blema e ressignificar o que já existe”. ■

volvimento e aceitação do público.Um dos palestrantes foi Thomas

Low Beer, esportista da equipe olím-pica brasileira de vela, que apresentou ao público o site “Navegue Temporada” (www.naveguetemporada.com.br), uma espécie de classificado online para alu-guel de barcos. O projeto é inovador e foi lançado em agosto de 2013 após Thomas perceber que poderia investir em um nicho ainda não explorado: “As pessoas estão procurando uma nova forma de turismo, e os proprietários de barcos não os usam sempre. Eles aca-bam ficando parados a maior parte do ano, apenas dando gastos com manu-tenção”, explicou ele. “Minha proposta é oferecer experiências novas e únicas para quem sempre sonhou em andar de barco”, destaca Thomas, aconse-lhando o público a empreender: “Uma ideia sem ser colocada em prática não vale nada. A execução é o que multipli-ca a sua ideia”, ressaltou o esportista.

Victor Gonçalves, coordenador de Design Estratégico da ADDTECH, em-presa de consultoria de TI e desen-volvimento de softwares, chamou a atenção em sua palestra sobre a im-portância de pensar o design e expe-riência do consumidor na criação de quaisquer produtos. “Design é mais do que enfeitar o pavão. É a gente en-

Por Gian CornachiniFotos: Gian Cornachini

Thomas apresenta ao púplico seu site de aluguéis de barcos

Victor Gonçalves: ‘Design é mais do que enfeitar o pavão’

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As FIC estão iniciando em 2014 uma série de projetos no âmbi-to do Programa Institucional de

Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), após se habilitar no Edital 61/2013 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), agência brasileira de fomento à pes-quisa ligada ao Ministério da Edu-cação. O programa federal, que tem como objetivo valorizar o professor do ensino básico e contribuir para o aper-feiçoamento da formação docente, destina bolsas (no valor individual de R$ 400 por mês) a alunos de licencia-turas para que estes sejam inseridos no

Formação Docente

PIBID: mais do que um estágio

Por Tania Neves

INTERDISCIPLINAR25 bolsistas, orientados pelas professoras Janice Souza e Norma Jacinto, no Instituto de Educação Sarah Kubitschek.Ações: Desenvolver propostas de ações didático-pedagógicas a partir da utilização de livros da literatura africana e afro-brasileira, com o intuito de contribuir com alternativas para a incorporação dessa temática na prática pedagógica, que passou a ser obrigatória nos currículos de educação básica e nos cursos de licenciatura a partir das leis 10.639/03 e 11.645/08 e das Diretrizes Curriculares para as Licenciaturas. Um dos objetivos é mapear como é feita hoje a incorporação dessa temática e propor novos olhares. Constará de estudos sobre a produção científica acerca do uso dessa literatura nas escolas de educação básica e a organização de grupos de estudos para análise do material coletado, envolvendo os professores de Ensino Médio, os alunos bolsistas e os professores convidados das licenciaturas das FIC.

HISTÓRIA25 bolsistas, orientados pelos professores Vivian Zampa e Jayme Ribeiro, no Colégio Estadual Professor Fernando Antônio Raja Gabaglia.Ações: Fomentar a reflexão dos discentes sobre a educação e o ensino de História, a partir de levantamento bibliográfico e observação em sala de aula do que estimula e do que não estimula alunos e professores no ensino e aprendizagem da disciplina. A partir daí, propor novas metodologias e a produção/utilização de materiais didáticos mais motivadores, como quadrinhos, vídeos e jogos eletrônicos, que promovam uma aproximação ao universo dos alunos. O projeto prevê o lançamento do “Festival do Minuto”, com produção de curtas-metragens de 1 a 6 minutos sobre a diversidade étnico-cultural brasileira, e a criação de um blog para divulgar internamente as atividades desenvolvidas e estender seu alcance à grande rede.

CIÊNCIAS SOCIAIS5 bolsistas, orientados pela professora Célia Neves, no Colégio Estadual Irineu José Ferreira.Ações: Realizar, junto aos estudantes do ensino básico, oficinas temáticas sobre a realidade social em que se inserem e o modo como a Sociologia pode contribuir para formular questões e conduzir análises acerca desta realidade. A partir dessa problematização, estimulá-los a ir a campo colher material (depoimentos, vivências, situações cotidianas) e produzir vídeos, com seus telefones celulares, acerca das temáticas eleitas, para serem exibidos em festival “Curta na escola”. Pretende-se com o projeto contribuir para a formação de docentes criativos, dinâmicos e abertos a buscar alternativas para o processo do ensinar e aprender, e que percebam a importância do trabalho de interação dos estudantes do ensino básico com a realidade social vivida por eles e o modo como esta dinâmica contribui para desenvolver sua consciência crítica.

GEOGRAFIA25 bolsistas, orientados pelos professores Rosilaine Silva e Isaac Rosa, no Colégio Pedro II de Realengo.Ações: Discutir o audiovisual como metodologia no ensino de Geografia e criar condições para a produção – pelos bolsistas e os alunos do Ensino Fundamental e da Educação de Jovens e Adultos – de curtas-metragens a partir dos temas geradores “Meio ambiente” e “Mercado de trabalho, globalização e redes sociais”. O projeto se iniciará com oficinas de audiovisual para os participantes e depois será feito trabalho de campo para colher o material a ser usado na produção dos filmes, como depoimentos e impressões acerca do território em que vivem os estudantes. Os trabalhos realizados serão exibidos em mostra no Colégio Pedro II e também inscritos em festivais universitários e disponibilizados nas redes para uso público.

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contexto das escolas públicas de ensi-no básico ainda durante sua formação acadêmica, desenvolvendo atividades didático-pedagógicas sob a orientação de seus professores da faculdade. “Isso traz ganhos não somente para nossos alunos, que acumularão importante experiência para sua futura atuação docente, mas permitirá também aos professores da instituição expandir suas atividades de extensão e pesqui-sa”, afirma o coordenador Acadêmico das FIC, Valdemar Ferreira da Silva, lembrando que a instituição é a única particular da região que teve projetos aprovados no edital da CAPES.

Ao todo, foram concedidas às FIC 170 bolsas de iniciação à docência, divididas pelos diversos cursos de li-

cenciatura (com exceção de Informá-tica). A coordenadora geral do PIBID/FIC é a professora Maria Licia Torres, que está entusiasmada com as pers-pectivas abertas: “Sou professora há muito tempo e também orientadora de estágio, e um programa como esse sempre foi meu sonho de consumo para a formação de um professor. Ele é muito mais do que um estágio, pois no estágio o estudante acaba apenas observando e, em muitos casos, fazen-do trabalhos que nada têm a ver com sua formação. No PIBID ele de fato vai aplicar um projeto educacional, aprendendo a ser docente e a ter au-tonomia”, comemora a coordenadora.

Confira abaixo os resumos dos projetos que serão desenvolvidos no PIBID/FIC. ■

Maria Licia: mergulho na rotina escolar dará experiência e autonomia ao licenciando

LETRAS - PORTUGUÊS25 bolsistas, orientados pelos professores Arlene da Fonseca Figueira e Erivelto Reis, na Escola Municipal Euclides da Cunha.Ações: A partir da identificação das principais dificuldades de leitura apresentadas pelos estudantes, estimular a prática de leitura de textos de diferentes gêneros literários (poesia, conto, crônica, romance), por meio de oficinas e integração no projeto “Produção de acervo de áudio: ações para o letramento literário”, que constará da gravação de CDs com textos literários em domínio público, selecionados a partir de pesquisa, para o uso em atividades de letramento literário. Os bolsistas trabalharão com os alunos não somente a parte literária, mas também a desinibição, estimulando que emprestem suas vozes para o registro em áudio das histórias. No final, será gravada uma série de CDs, que serão disponibilizados para instituições que apoiam cegos e também compartilhados nas redes.

LETRAS – INGLÊS5 bolsistas, orientados pela professora Renata de Souza Gomes, no Instituto de Educação Sarah Kubitschek.Ações: Observação, por parte dos bolsistas, do trabalho desenvolvido pelos professores de língua inglesa em sala de aula, com o objetivo de identificar pontos fortes e pontos fracos no ensino e na aprendizagem, e a seguir promover reflexões, análises e debates sobre os métodos empregados. Numa etapa seguinte, a partir dessa interação, haverá a elaboração de materiais didáticos em língua inglesa a serem utilizados ao longo do projeto, que visa a estreitar os laços entre os estudos acadêmicos e a vivência em sala de aula, contribuindo para promover uma prática de ensino mais reflexiva e transformadora. O foco estará nas diferentes habilidades linguísticas, como a fala, a escrita e a compreensão auditiva e de leitura.

PEDAGOGIA30 bolsistas, orientados pelos professores Luiza Alves Ribeiro e Marco Antônio Chaves, nas Escolas Municipais Collechio e Eusébio de QueirozAções: Trabalhar a alfabetização e o letramento de alunos do 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental, por meio de contos, parlendas, cantigas de roda, quadrinhos e outros elementos da cultura popular. Serão promovidas oficinas de leituras de textos para os bolsistas e os professores regentes. Os bolsistas participarão ainda das demais atividades da escola, como administração, avaliação e planejamento, para ter uma visão global das funções do pedagogo. Eles se dividirão entre duas escolas de características bem diferentes (tamanho, quantidade de turmas etc.) e depois trocarão de posição, para que possam perceber pontos altos e pontos fracos de cada modelo. Ao fim do projeto serão editados livros com a produção textual dos alunos, para futuro uso em alfabetização e letramento.

MATEMÁTICA30 bolsistas, orientados pelos professores Alzir Fourny Marinhos e Gabriela dos Santos Barbosa, na Escola Municipal Baltazar Lisboa.Ações: Na primeira etapa, analisar os históricos escolares de alunos do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental para identificar os que se encontram em situação de distorção idade/série e verificar quais as principais dificuldades enfrentadas por eles com relação às quatro operações com números naturais. A partir desse diagnóstico, os bolsistas desenvolverão, sob supervisão de seus orientadores, materiais didáticos manipuláveis a serem utilizados em atividades que possam auxiliar no melhor desenvolvimento cognitivo dos alunos. Esses materiais ficarão depois disponíveis no laboratório para uso nos processos de ensino e aprendizagem dos conceitos associados às quatro operações.

Foto: Gian Cornachini

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Na esteira do curso de Administração de Empresas, iniciado neste segundo semes-tre de 2014, as FIC já têm novidade confir-

mada para 2015: o Curso Superior de Tecnologia em Sistemas Elétricos, que abrirá turmas nos tur-nos de manhã, tarde e noite, com 60 vagas por turno a cada semestre. O ingresso será feito por vestibular e também por transferência externa (alunos matriculados em outra IES), isenção de vestibular (portadores de diploma de graduação) e ENEM (nota acima de 400 pontos). A nova gra-duação foi aprovada pelo Ministério da Educação com a nota máxima, 5. “Os avaliadores estiveram na FEUC e esquadrinharam cada espaço da ins-tituição, saindo daqui encantados com a infra-estrutura que temos para oferecer aos alunos”, disse a professora Luciane de Rezende Souza, co-ordenadora de Sistemas Elétricos.

O Núcleo Docente Estruturante do novo curso conta com a própria coordenadora, que é mes-tre em Física, e com os professores Alzir Fourny Marinhos (mestre em Matemática), Gabriela dos Santos Barbosa (doutora em Matemática), Kattia Eugênia Noboa Cardoso Medeiros e Ricardo Tos-

Nova Graduação

Ligados na nota máxima, desde o inícioSistemas Elétricos — o

primeiro de uma série

de cursos superiores

tecnológicos que a

FEUC passará a oferecer

— é aprovado pelo MEC

com nota 5 e abrirá suas

primeiras turmas em 2015

Por Tania Neves

cano (mestres em Engenharia). Para os três se-mestres iniciais, Sistemas Elétricos já conta com 9 professores, todos pós-graduados, sendo 2 dou-tores, 3 mestres e 4 especialistas. Jorge Luiz dos Santos Ferraz, especialista em Engenharia de Pro-dução, foi um dos professores que acompanha-ram a visita dos avaliadores do MEC, e comemora o 5: “Eles gostaram muito dos nossos laboratórios e do projeto do curso. Agora vamos trabalhar in-cansavelmente para continuar merecendo essa nota nas futuras avaliações”, afirmou.

Além das salas de aulas convencionais, alguns dos principais espaços que serão utilizados pelos alunos de Sistemas Elétricos são os laboratórios de Informática, Automação Industrial, Eletricidade e Eletrônica, Máquinas Elétricas e Instalações Elé-tricas. O curso será realizado em 6 semestres, com carga horária de 3.450 horas, sendo 480 de ativida-des complementares. Entre as principais disciplinas da grade estão física, cálculo, eletrônica, eletricida-de e desenho técnico. O tecnólogo em Sistemas Elétricos atua em planejamento, projeto, implan-tação, construção, manutenção e operação de sis-temas de distribuição de energia elétrica urbana e rural, em empresas públicas, privadas e do terceiro setor, ou ainda como profissional autônomo.

Coordenador Acadêmico das FIC, o professor Valdemar Ferreira da Silva lembra que, assim como aconteceu com o curso de Administração, a opção de oferecer o tecnólogo em Sistemas Elétricos partiu de um levantamento sobre as ne-cessidades da região. Segundo ele, o crescimento comercial e industrial da Zona Oeste e dos muni-cípios vizinhos mostra a importância de se abrir à comunidade formações profissionais que facili-tem a inserção no mercado, que é cada vez mais exigente. “Esse panorama econômico demanda não somente mais mão de obra especializada, mas principalmente profissionais antenados com o novo cenário que privilegia a sustentabilidade e a inovação. Os tecnólogos que formaremos terão esse espírito”, afirma Valdemar, completando: “E é importante ressaltar que foi a partir da experti-se acumulada pelo CAEL, o nosso colégio técnico, que pudemos construir esse projeto de curso tão bem avaliado pelo MEC”. ■

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Ligados na nota máxima, desde o início

Os professores Ferraz e Luciane no Laboratório de Máquinas Elétricas e Instalações Elétricas: infraestrutura

encantou avaliadores do MEC

Foto: Gian Cornachini

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Trajetória

Uma fã de literatura e cinema

Renata Gomes — a ‘Glória Maria da educação’ — é professora

de inglês e vice-coordenadora do curso de Letras

Foi nas salas de aula das FIC que a professo-ra de inglês Renata de Souza Gomes teve o insight do que viria a ser o seu tema de pes-

quisa no doutorado em Linguística Aplicada, que ela defendeu em junho passado no Programa In-terdisciplinar de Linguística Aplicada da Universi-dade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O título, ela chama a atenção, “parece até enredo de escola de samba”: “Estudo sobre possíveis ressignifica-ções de A Streetcar Named Desire, de Tennessee Williams, na sala de aula de literatura dramática em um curso de Letras”. Trocando em miúdos, Renata investi-gou o quanto a literatura cir-cula de forma mais fluente quando adaptada ao cinema.

“Quando comecei a dar aulas na faculdade, em 2009, já explorava essa interação entre literatura e cinema, levando à sala de aula versões cinematográficas de textos estudados, para estimular o interes-se dos alunos. E foi essa experiência que acabou moldando a tese”, conta Renata, que também é vice-coordenadora do curso de Letras. De tanto ouvir questões do tipo “Se vi o filme, posso deixar de ler o livro?”, “Gostei mais do filme do que do livro” e “Acho que o diretor do filme corrompeu o sentido do livro”, a professora se interessou por investigar mais a fundo até que ponto o uso do

cinema tinha o poder de alavancar o letramento crítico literário dos alunos, e para isso escolheu um autor de língua inglesa — o dramaturgo Ten-nessee Williams — e uma obra específica dele: a peça “Um bonde chamado desejo”.

Ela então formou três grupos focais de alunos: um que somente leu a peça, outro que apenas viu o filme e um último que leu a peça e viu o filme. E pôs todo mundo para debater, longamente. “Mi-nha pesquisa consistiu em analisar essas falas, ob-servando o modo como cada grupo construiu seu entendimento a partir do acesso que teve à obra,

e de que maneira o cinema auxiliou nessa construção”, revela Renata. Segundo a professora, uma das prin-cipais conclusões da tese é que o uso do cinema na edu-cação dá mais voz ao aluno, dessacralizando um pouco a literatura e tornando-a aces-sível a públicos maiores.

Especificamente no caso estudado, Renata observou que os estudantes se sentiram mais empoderados no campo literário, a partir da perspectiva de poderem atuar também como críticos: “Vendo que a versão cinematográfica era um modo de o diretor interpretar a obra literá-ria, eles se permitiram também interpretar, o que é extremamente positivo no letramento crítico”, ex-plicou a professora, que sempre sonhou fazer uma tese que não fosse engavetada depois. Para ela, os resultados obtidos apontam para a total pertinência

“Eu me encontrei,

e na mesma hora

disse: quero dar

aula de literatura

inglesa!”

Por Tania Neves

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da integração entre cinema e literatura na sala de aula: “Quan-do o professor se concentra apenas no estudo da crítica literá-ria, o aluno se torna mero consumidor de teoria”, acredita.

Renata Gomes começou a cursar Letras muito cedo, aos 16 anos, e naquele momento ainda tinha uma pontinha de dúvi-das sobre se deveria trocar para Jornalismo. Mas, quando teve a primeira aula de literatura de língua inglesa, as dúvidas se dis-siparam: “Eu me encontrei, e na mesma hora disse: quero dar aula de literatura inglesa!”, conta a professora, fã de literatura e cinema, que além do ensino superior leciona também no bá-sico, dando aula de língua inglesa em uma escola municipal.

O longo período de pesquisa no doutorado, somado ao trabalho diário e a problemas de saúde vividos em família, tornaram Renata meio reclusa nos últimos tempos. Tem

poucos meses que ela voltou, timidamente, a se entregar a alguns prazeres, como sair com os amigos e pôr o cinema em dia. Para o futuro, os planos são ao mesmo tempo sim-ples e trabalhosos: profissionalmente, fazer um pós-douto-rado em letramento literário; na vida pessoal, aprender a cozinhar, construir sua casa e... casar — não necessariamen-te nesta ordem: “Não sei fritar um ovo!”.

E se o caro leitor sentiu falta da referência à idade da professora neste breve perfil, saiba que não foi por esque-cimento de perguntar: “Eu não revelo! Sou uma espécie de Glória Maria da educação: ninguém sabe a minha idade. Meus alunos vivem fazendo apostas para descobrir. Então, se eu contar, acabo estragando um dos maiores prazeres de-les”, despista a professora. ■

A professora Renata Gomes defendeu em junho sua tese de doutorado, sobre o auxílio do cinema no letramento literário de alunos, e recebeu da FEUC uma plaquinha em homenagem à conquista profissional

Fotos: Gian Cornachini

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MEMÓRIA

Adeus ao mestre, com carinho

Personagem importante na história da FEUC, o professor José

Ricardo parte deixando saudades e uma importante obra literária

Não são poucas as gerações para as quais um pu-nhado de livros didáticos assinados por Jesus-Ri-cardo-Roberto e Adriano-Ricardo foi sinônimo

de um jeito descomplicado de aprender bem o portu-guês. “Português Interpretação” (4 volumes) e “Por-tuguês Instrumental” eram essas obras. E um de seus autores — o Ricardo — era ninguém menos do que o professor José Ricardo da Silva Rosa, um dos fundadores da Faculdade de Filosofia de Campo Grande (precursora das FIC) e membro do Conselho de Instituidores da Fun-dação Educacional Unificada Campograndense (FEUC) até julho passado, quando faleceu, aos 83 anos.

Formado em Letras Clássicas em 1957 pela Univer-sidade do Brasil (hoje UFRJ), o jovem José Ricardo era um entusiasmado e idealista professor, que já leciona-va na UERJ e no Colégio Militar, quando se juntou ao grupo que arduamente trabalhava para implantar a primeira instituição de ensino superior na Zona Oes-te do Rio. Era o começo dos anos 60, e ele encarava o trem da Central do Brasil, depois de um dia inteiro de aulas, para chegar a Campo Grande no início da noite e entregar-se a mais uma jornada de trabalho.

Por Tania Neves

Risonho, ao lado da mulher, Maria Aura, José Ricardo na festa de seus 80 anos, em 2011

Foto: Acervo da Família

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“Ele adorava dar aulas. Saía de casa de manhã ce-dinho e às vezes só voltava depois de meia-noite, nos dias em que ia a Campo Grande. Nunca reclamou. Ao contrário, falava com um entusiasmo muito grande sobre a faculdade na Zona Rural”, conta sua viúva, Maria Aura da Silva Rosa, que muitas e muitas vezes o acompanhou nas visitas à instituição, depois que ele deixou de lecionar aqui e cumpria apenas suas funções no Conselho: “Eu vi a FEUC ainda nos tempos das salas de chão batido. A cada ano que voltava, observava o crescimento e as melhorias, e isso muito nos orgulha-va. Ficava a certeza de que a luta dele teve um sentido”, analisa dona Maria Aura.

O professor José Ricardo também lecionou no Colé-gio Estadual Visconde de Cairu, no Méier, e foi um dos fundadores da Rede MV1 de Ensino. Publicou muitos li-vros didáticos e apostilas para concurso, e teve atuação importantíssima na Academia Brasileira de Filologia, da qual era membro titular. Na UERJ, trabalhou por 50 anos consecutivos. E assim definiu o encerramento desse ci-clo, segundo dona Maria Aura: “Me aposentaram!”.

Atual diretor das FIC, o professor Hélio Araujo foi aluno do professor José Ricardo nos anos 70, na então Faculdade de Filosofia de Campo Grande, e lembra que suas aulas eram momentos de absoluto êxtase para a turma, pois ele dominava como ninguém o conheci-mento sobre a língua e transmitia isso com muita fa-cilidade: “Era uma sumidade. E também mexia com o coração das jovens, pois era um homem de ex-celente aparência e extrema ele-gância. Mas o que sobressaía mes-mo era sua capacidade intelectual inesgotável”, opina Hélio.

Lembrança parecida tem o pre-sidente da FEUC, professor Durval Neves, que não foi aluno de José Ricardo, mas conviveu com ele no Conselho: “A postura elegante e o amor ao nosso idio-ma e ao ofício de professor eram marcantes. Eu o via como um professor artista, porque tanto suas obras literárias quanto a obra humanística — os alunos que formava — eram forjadas com o esmero de um artis-ta”. Mesmo depois que deixou de dar aulas na facul-dade e permaneceu apenas como conselheiro, não se

furtava a atender aos chamados, como lembra Sílvia Neves, professora do curso de Letras: “Nas nossas se-manas acadêmicas, sempre que o convidávamos para dar palestras ele vinha, com muita alegria”.

Fora do trabalho, o professor José Ricardo dedica-va-se à família e a uma vida muito reservada. Teve três filhos com dona Maria Aura: Ricardo José, que

é cirurgião ortopedista e mora na França; Márcia Regina, que é engenheira de petróleo; e Tere-sa, professora de sociologia. Os netos são quatro: Marie Claire, Paolo, Sophie (filhos de Ricardo José) e Leonardo (filho de Már-cia). Teresa, a filha professora, conta que até os últimos anos de vida o pai sempre esteve cercado de antigos e novos alunos: a casa

da família vivia sempre cheia de colegas professores e alunos que se reuniam para estudar e trocar ideias. “Ele gostava muito de ler, sobretudo sobre mitologia grega. Quando ia visitar meu irmão, na França, pas-sava dias e dias nas bibliotecas, pesquisando, e nas li-vrarias, garimpando novidades. Voltava com as malas repletas de livros”, conta. ■

Dona Maria Aura (sentada) com a nora Claire, a irmã Fabiana, a neta Sophie e a filha Teresa,

em seu apartamento na Tijuca: tarde de lembranças do professor e da FEUC

A postura elegante

e o amor ao nosso

idioma e ao ofício

de professor eram

marcantes

Foto: Tania Neves

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Artigo

Victor Ramos da SilvaPesquisador (UFF/GEPEX) e professor de Extensão e

Pós-Graduação nas FIC

Costumo dar cursos sobre preparação de mo-nografias, artigos e projetos, e sempre observo como essa etapa da vida acadêmica – a produção de textos científicos – tem o poder de assombrar o graduando. Do friozinho na barriga ao pâni-co absoluto, os relatos são variados. Mas, afinal, como evitar tanta preocupação, nervosismo e noites mal dormidas?

Acredito que o fundamental seja a questão da disciplina e da organização. Você deve começar a pesquisar sobre seu tema bem antes do início da produção. Quanto às tantas regras da ABNT, bas-ta ter um modelo de monografia (ou projeto) e digitar por cima. Não é crime, não é pecado, não é errado... Se você já está em fase final e não sabe lidar muito bem com o computador (não deixe isso acontecer!), pode ter ajuda de pessoas da área da informática: pagar por formatação e revisão adequadas não é errado também. O único erro é plagiar ideias. O uso da criatividade alheia, seja quando você “compra” um trabalho, seja quando “copia” páginas de alguém, isso sim é CRIME! E seu orientador, profissional experiente no assun-to, tem mecanismos para detectar a fraude.

Se tem dificuldades na redação, a leitura de bibliografias e os conselhos de seu orientador vão ajudá-lo a evoluir, mas você também pode encontrar dicas na internet sobre a produção de textos (inclusive textos acadêmicos). Esmerar-se nessa arte é garantia não apenas de uma bela monografia, mas também de estar pronto(a) para questões discursivas, redação ou projeto que tenha de desenvolver ao longo de sua carreira. As instituições que fomentam pesquisas (CAPES, FAPERJ etc.) abrem editais para financiar pesqui-sas e sempre exigirão um projeto bem elaborado. Esses financiamentos são altos, além das bolsas ofertadas nos cursos de mestrado (R$ 1.500) e doutorado (R$ 2.200). Ganha bolsa aquele com melhor produtividade e capacidade de relatar

seus “feitos” nesse tipo de texto. Você ainda acha que a monografia e o projeto são desnecessários em seu processo de formação?

Algumas dicas de ouro:

1. As recomendações de seu orientador devem ser seguidas, afinal ele quer o melhor de seu trabalho - que também trará benefícios a ele;

2. Você só terá autonomia para “mandar no seu tex-to” após o doutorado. Até lá, guarde para si suas “opini-ões”; afinal, você está escrevendo um trabalho científico;

3. Salve tudo em vários lugares, preferencialmente online, pois pendrive some, computador quebra, note-book é roubado, papel molha e ideias somem;

4. Tenha um arquivo (ou caderno) chamado “cita-ções” para reunir trechos longos e curtos que pretende usar em seu trabalho, separados por assunto, com nome do autor, obra e página, para não ter que abrir tudo quanto é livro na hora de escrever;

5. Leia tudo o que puder antes de começar a escre-ver, pois estando por dentro do tema terá mais tran-quilidade na hora da escrita;

6. Organize-se e cumpra prazos, reservando horá-rio para pesquisar, coletar dados, analisar e escrever. Eu, por exemplo, na fase de elaboração, cursava 7 dis-ciplinas e dava aula para 27 turmas em 3 cursos e 2 escolas... e não precisei ficar noites sem dormir;

7. Quando estiver sem inspiração para escrever, vá revisando, formatando e cuidando das partes pré-tex-tuais. Revise sempre e tenha um amigo revisor, para que seu orientador preocupe-se apenas com o conteúdo.

Se ainda assim precisar de ajuda, o curso “Me-todologia do Trabalho Acadêmico: Monografia, Artigo e Projeto” será oferecido a partir do dia 19/09/2014, em dois horários semanais, de ma-nhã e à noite. As inscrições podem ser feitas na Secretaria da Pós. Custa R$ 40 e inclui material didático, certificado e cinco aulas. ■

Monografia: essa palavra assusta?

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