revista energia nacional - edição 03

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Desenvolvimento: As maravilhas de Foz do Iguaçu >> Artigo: Mineração nos Municípios: uma fonte de solução ou de problemas? >>Parceiros: Exposibram 2013 - Novos negócios e clima de otimismo marcam o evento >> AMUSUH 20 anos: uma história de vitórias e desafios Nesta edição: ITAIPU A GIGANTE QUE ORGULHA O BRASIL Impresso Especial 9912312209DR/BSB ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS MUNICÍPIOS SEDES DE USINAS HIDROELÉTRICAS - AMUSUH CORREIOS Novembro 2013 [edição nº 03] Economia Energia hídrica freia diante de barreiras ambientais e legais Entrevista Jorge Samek ressalta o potencial da maior geradora de energia limpa e renovável do planeta Legislativo Mobilização da aMUSUh no Senado garante rejeição do PLS 93/2012 Sustentabilidade Amazonas, a nova fronteira da exploração mineral no País

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Em recente determinação no Senado, a Comissão de Assuntos Econômicos - CAE rejeitou o PLS 93/2012 e garantiu a manutenção da Compensação Financeira pela Utilização dos Recursos Hídricos – CFURH aos municípios sedes de usinas hidrelétricas e alagados, nos moldes como ocorre atualmente. O cenário, no fatídico dia 24 de setembro, era de mobilização. Não por acaso, afinal, a matéria, se aprovada, acarretaria àqueles que sediam os empreendimentos de geração de energia elétrica um rombo da ordem de até 99,35% na receita oriunda da Compensação.

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Page 1: Revista Energia Nacional - Edição 03

Desenvolvimento: As maravilhas de Foz do Iguaçu >> Artigo: Mineração nos Municípios: uma fonte de solução ou de problemas? >>Parceiros: Exposibram 2013 - Novos negócios e clima de otimismo marcam o evento >> AMUSUH 20 anos: uma história de vitórias e desafios

Nesta edição:

ITAIPUA gIgANTe qUe orgUlhA o BrAsIl

DEVOLUÇÃOGARANTIDA

C O R R E I O S

ImpressoEspecial9912312209DR/BSB

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS MUNICÍPIOS SEDES DE USINAS HIDROELÉTRICAS -

AMUSUHC O R R E I O S

Novembro • 2013 • [edição nº 03]

economiaEnergia hídrica freia diante de barreiras ambientais e legais

entrevistaJorge Samek ressalta o potencial da maior geradora de energia limpa e renovável do planeta

legislativoMobilização da aMUSUh no Senado garante rejeição do PLS 93/2012

sustentabilidadeAmazonas, a nova fronteira da exploração mineral no País

Page 2: Revista Energia Nacional - Edição 03

Informe Publicitário

U ma das mais ousadas iniciativas no campo da cultura e desenvolvimento local em andamento hoje no País, o

Instituto Gandarela encerra o ano de 2013 com chave de ouro. 

E não é por menos: situado em Rio Acima, município a 40 quilômetros de Belo Horizonte, o Instituto é responsável pela construção do Shakespeare Globe Theatre brasileiro e pelo Circuito Gandarela de Minas - conjunto de ati-vidades culturais gratuitas oferecidas para a po-pulação dos municípios da região. 

Sessões de cinema, espetáculos teatrais e circenses, shows e oficinas de formação são al-gumas das ações que fizeram parte da progra-mação do Circuito Gandarela de Minas em 2013, que tem patrocínio exclusivo da Petrobras. 

Os espetáculos que fizeram parte do Circuito em 2013 circularam por nove cidades e tiveram

cerca de sete mil espectadores, além de benefi-ciar diretamente cerca de 350 pessoas por meio de nove diferentes oficinas oferecidas apenas no período entre julho e novembro de 2013. 

ShAkESPEArE à brASiLEirAA base de atuação do Instituto Gandarela é

o Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais, mas a organização avança fronteiras nacionais e inter-nacionais ao firmar parcerias com comunidades, empresas, poder público, universidades, ONGs,  grupos e associações que compartilham de seus valores e compromissos. 

E é no terreno de 20 mil m2 que abrigará o Complexo Cultural Gandarela que o Shakespe-are Globe Theatre, primeira réplica do célebre teatro inglês fora de Londres, será inaugurado em 2016 - ano em que serão celebrados os 400 anos da morte do dramaturgo.  

Instituto Gandarela: desenvolvimento econômico e cultural para o Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais

Page 3: Revista Energia Nacional - Edição 03

17 a 20 de novembro de 2014 November 17-20, 2014Local | Venue: Hangar - Centro de Convenções da Amazônia - Belém - Pará - Brasil

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150.000,00

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100.000,00

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70.000,00

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40.000,00

CategoriaCategories

InícioBeginning

TérminoEnd

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Montagem básica

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Montagem Chave na mãoFull set up area

Área Externa Descoberta

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A partir de 16 m² Min. 16 m²

Obrigatório até 15 m²

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A partir de 100 m²

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Patrocinadores / Associados IBRAMSponsors /IBRAM Membership

30/09/13 01/12/13 400,00 560,00 720,00 230,00

02/12/13 02/02/14 430,00 600,00 770,00 250,00

03/02/14 07/11/14 520,00 730,00 910,00 290,00

Expositor 2012 / 2013Exhibitor 2012/2013

02/12/13 02/02/14 520,00 730,00 910,00 290,00

03/02/14 07/11/14 550,00 780,00 970,00 340,00

Demais Interessados Other Interested Parties

03/02/14 07/11/14 550,00 780,00 970,00 340,00

MODALIDADES DE PATROCÍNIO (Preços em R$) - SPONSORSHIP CATEGORIES (Prices in R$)

TABELA DAS ÁREAS DE EXPOSIÇÃO (Preços em R$/m²) - EXHIBITION AREA TABLE (prices in R$/m²)

Comercialização e Secretaria Executiva:Marketing and Executive Office:

Page 4: Revista Energia Nacional - Edição 03

[4] EnergiaNacional • 2013

editorial

Associação Nacional dos Municípios Produtores - ANAMUPPresidentePrefeito de Cachoeiro de Itapemirim–ESCarlos Roberto CasteglioneVice-Presidente/ Centro-OestePrefeito de Senador Canedo–GOMisael Pereira de OliveiraVice-Presidente/ NordestePrefeito de Teixeira de Freitas-BAJoão Bosco BitencourtVice-Presidente/ NortePrefeito de Araguaína-ToRonaldo DimasVice-Presidente/SulPrefeito de Caxias do Sul-RSAlceu Barbosa VelhoVice-Presidente/SudestePrefeito de Nova Lima-MGCássio Magnani Junior1.º SecretárioPrefeito de Rondonópolis-MTPercival Santos Muniz2.º SecretárioPrefeito de São José dos Pinhais–PRLuiz Carlos SetimDiretor AdministrativoPrefeito de Forquilhinha-SCVanderlei AlexandreDiretor Financeiro Prefeito de São Sebastião-SPErnane Bilotte PrimazziDiretora de ComunicaçãoPrefeita de Porto Real-RJMaria Aparecida da Rocha SilvaDiretor TécnicoDr. Edivaldo Pereira de BritoSalvador-BAConselho Deliberativo e FiscalAssociação Nacional dos Municípios Sedes de Usinas hidroelétricas - AMUSUhPresidentePrefeito de Salto do Jacuí-RSAltenir Rodrigues da SilvaVice-PresidentePrefeito de Foz do Iguaçu-PRReni PereiraVice-PresidentePrefeito de Ilha Solteira-SPBento Carlos Sgarboza1.º SecretárioPrefeito de Presidente Figueiredo-AMNeilson da Cruz Cavalcante2.º SecretárioPrefeito de Piratuba-SCClaudirlei DoriniDiretor AdministrativOPrefeito de Araguari-MGRaul José de BelémDiretor FinanceiroPrefeito de Aratiba-RSLuiz Angelo PolettoDiretor de ComunicaçãoPrefeito de Itarumã-GOWashington Medeiro do PradoSecretária Executiva da ANAMUP e AMUSUh:Terezinha SperandiorEViSTA ENErGiA NACiONALEditora-Chefe e Jornalista responsávelBruna Lima (DF 9800)reportagens: Bruna Lima, Daniel Guerra e Fernando Meira DiasProjeto Gráfico e Diagramação: Pablo Friolirevisão: Aline CarvalhoAssessores/Colaboradores: Izabelle Galheno Pieri, Arthur Kunz Ferreira, Adriana Malgarezi, Ana Carolina M. de Jesus, Francisca Picanço

Dias melhores virão

A ANAMUP já registra 10 anos de história e o caminho trilhado em busca

do fortalecimento do municipalismo se mostra, a cada dia, mais desafia-

dor. Felizmente, mesmo diante de tantas demandas a serem atendidas, o que

nós da ANAMUP podemos declarar com satisfação é que alcançamos impor-

tantes vitórias. A mais recente delas diz respeito ao Novo Marco Regulatório

da Mineração. O Código, que se encontra na Comissão Especial da Mineração,

na Câmara dos deputados, já contempla pontos que em muito beneficiarão os

municípios mineradores, como é o caso da definição em lei das alíquotas da

compensação de minério, que passam de 0,5 a 2%, para 0,5 a 4%, calculado

pelo valor da venda menos os impostos.

Conquistas como essa validam a promoção de eventos do porte do Ciclo

ANAMUP de Fóruns Regionais dos Municípios Mineradores, que reúne cen-

tenas de prefeitos para o debate de questões pertinentes ao setor. E o traba-

lho continua. Perseverantes na luta, certamente teremos pela

frente ainda muito por comemorar.

Boa leitura!

Carlos CasteglionePresidente da ANAMUP

Prefeito de Cachoeiro de Itapemirim - ES

AMUsUh: Unidos e avante!

em recente determinação no Senado, a Comissão de Assuntos Econômi-

cos - CAE rejeitou o PLS 93/2012 e garantiu a manutenção da Compen-

sação Financeira pela Utilização dos Recursos Hídricos – CFURH aos municípios

sedes de usinas hidrelétricas e alagados,nos moldes como ocorre atualmente.

O cenário, no fatídico dia 24 de setembro, era de mobilização. Não por acaso,

afinal, a matéria, se aprovada, acarretaria àqueles que sediam os empreendi-

mentos de geração de energia elétrica um rombo da ordem de até 99,35% na

receita oriunda da Compensação.

Para a AMUSUH, a decisão configura uma conquista frente ao trabalho que

a entidade tem desenvolvido em defesa do segmento. E ela não poderia se

dar em momento mais oportuno, já que, este ano, comemoramos 20 anos de

atuação. Como presidente no biênio 2013/2014, o meu sentimento é de orgulho

em fazer parte dessa história de sucesso. Mas é preciso pensar avante, porque

os desafios são muitos, como se mostra, por exemplo, a luta pela aprovação

do PLC 315/2009. A união dos municípios, nesse contexto, é peça fundamental

para a nossa vitória e deve ser encarada como uma premissa. Só

assim, acreditamos, agregaremos mais força ao municipalismo.

Boa leitura!

Altenir Rodrigues da SilvaPresidente da AMUSUH

Prefeito de Salto do Jacuí - RS

ANAMUP

Page 5: Revista Energia Nacional - Edição 03

34

06

cAPA

ArTIgos DesTA eDIção

eNcArTe ANAMUP 14

eNcArTe AMUsUh 17

eNTrevIsTA

A gigante que orgulha

o Brasil

32Eduardo Moreth Loquez MINERAçãO NOS MUNICíPIOS: UMA FONTE DE SOLUçãO OU DE PROBLEMAS?

45Nelton Miguel FriedrichPROGRAMA CULTIVANDO ÁGUA BOA: AçõES COLETIVAS DE RESULTADOS

sumário Novembro • 2013 • [edição nº 03]

Itaipu: modelo de sucesso econômico e sustentável

Jorge Miguel Samek

economiaUm freio no progresso 20Energia hídrica, uma das frentes responsáveis por impulsionar o desenvolvimento nacional, freia diante de barreiras ambientais e legais.

Bom até que ponto? 22Forte na mineração, Brasil se vê dependente de uma outra economia emergente: a China, que compra quase metade da produção. Resta saber, internamente, o quanto isso é positivo

Cadê os concorrentes? 24No primeiro leilão do pré-sal, quatro gigantes ficam de fora do certame. Apenas 11 empresas candidataram-se e um ‘superconsórcio’ foi o vencedor

Aquicultura brasileira ganha impulso e já colhe grandes resultados 28

legislativoAmusuh comemora mais uma vitória no Congresso 52Entidade mobiliza prefeitos e garante a rejeição do PLS 93/2012 que mudaria a forma de distribuição da CFURH. Prejuízos eram estimados em até 99,35% da receita oriunda da Compensação, atingindo 716 municípios brasileiros

ANAMUP tem demandas atendidas no novo Marco Regulatório da Mineração 56Alíquotas devem passar de 0,5 a 2%, para 0,5 a 4%. Municípios impactados também são beneficiados e, segundo o relatório a ser apresentado, terão direito a 10% da CFEM

sustentabilidadePrazer, Hidrelétrica Jirau 40Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) autorizou e no dia 6 de setembro teve início a operação comercial da Usina Hidrelétrica de Jirau, em Rondônia

O oásis do minério brasileiro 42Amazonas desponta como mais nova área promissora para a exploração mineral no País. Extração, no entanto, deve ser cuidadosa e avaliada de perto pelos órgãos ambientais

ParceirosEXPOSIBRAM 2013 38

DesenvolvimentoAs Maravilhas de Foz do Iguaçu 48Às vésperas de comemorar seu centenário, a cidade desponta como polo turístico nacional e internacional. Investimentos em políticas ambientais e sociais completam o cenário para o desenvolvimento da região

Page 6: Revista Energia Nacional - Edição 03

[6] EnergiaNacional • Nov/2013

entrevista Diretor-geral brasileiro da Itaipu, Jorge Miguel Samek

Em entrevista exclusi-va à Revista Energia Nacional, Jorge Samek fala sobre a

gestão da Itaipu Binacional e res-salta o potencial que faz da usina a maior geradora de energia lim-pa e renovável do planeta.

energia Nacional >> Ad-ministrar uma gigante como itaipu envolve desafios e, em grandes empreendimentos, é ideal que não haja surpre-sas. A capacidade instalada de geração da usina é de 14 GW, com 20 unidades gerado-ras. Produz uma média de 90 milhões de megawatts-hora (MWh) por ano. Com toda essa engrenagem, essa me-cânica, como se dá o planeja-mento para garantir que tudo corra conforme o esperado?samek >> Itaipu completa-rá 40 anos em 17 de maio de 2014. Nestas quatro décadas, esta empresa pública binacional, que pertence em partes iguais ao Paraguai e ao Brasil, tornou--se um modelo de cooperação e integração energética. A his-tória da construção de Itaipu é

Itaipu: modelo de sucesso econômico e sustentável

bem conhecida, pesquisada e documentada. Havia uma dis-puta de fronteira que perdurava desde meados do século 19. A solução criativa encontrada pela diplomacia brasileira foi negociar com o Paraguai um acordo para

o aproveitamento conjunto do potencial hidráulico do Rio Para-ná, desde Sete Quedas, área do contencioso de fronteira, até a foz do Rio Iguaçu. A Ata do Igua-çu, assinada em 1966, definiu as bases e abriu caminho para o

Page 7: Revista Energia Nacional - Edição 03

EnergiaNacional • Nov/2013 [7]

Tratado de Itaipu, que seria fir-mado em 26 de abril de 1973. O princípio basilar deste megapro-jeto hidrelétrico é a igualdade de direitos e obrigações. Foi sobre essa cláusula que se construiu um modelo inovador de empre-sa binacional, com um regime jurídico singular, que respeita o direito internacional e a vontade soberana do Estado brasileiro e paraguaio. A Itaipu adotou, des-de a sua criação, um sistema de cogestão, o que significa que Brasil e Paraguai têm exatamen-te o mesmo número de assentos no Conselho de Administração e na Diretoria Executiva. Todas as decisões são tomadas de forma negociada e consensual. O que exige uma disposição permanen-te de dialogar e conciliar interes-ses. Este modelo tem funcionado maravilhosamente bem nestes 40 anos. Uma das áreas que mais avançou na última década foi justamente a de planejamento estratégico. A Assessoria de Pla-nejamento Empresarial, subordi-nada diretamente aos diretores--gerais paraguaio e brasileiro, é responsável pela coordenação do processo de planejamento estratégico, seguindo as diretri-zes estabelecidas pelo Conselho de Administração. Trabalhamos com objetivos empresariais es-tratégicos e metas para 2020. Itaipu tem uma visão de futuro, centrada no princípio da susten-tabilidade. Isso dá coerência às nossas ações e permite avaliar os resultados alcançados e fazer as correções necessárias de rumo.

energia Nacional >> Sus-tentabilidade é a palavra do momento e tem a ver com itaipu. Percebe-se que a mar-ca itaipu busca uma apresen-tação cada vez mais “verde” ao mundo, entrando na ver-tente sustentável sugestiona-da às nações, principalmente, após a rio+20. Quais me-canismos e práticas existem para que ela seja a maior ge-radora de energia limpa e re-novável do planeta?

samek >> A partir dos anos 80, foi orquestrada uma campa-nha internacional contra gran-des projetos de hidrelétricas em países em desenvolvimen-to. Os poderosos grupos que se mobilizaram para financiar e promover esta tentativa de con-denar a opção brasileira pela hidroeletricidade, sob o falso argumento de que seria social e ambientalmente insustentá-vel, conquistaram importantes

aliados locais em movimentos sociais e ambientais que de-fendiam interesses legítimos de populações atingidas pela im-plantação de projetos de gran-de porte e reivindicavam uma legislação ambiental mais rigo-rosa. Os bancos de desenvolvi-mento e organismos financeiros multilaterais acabaram cedendo ao lobby internacional contra a construção de novas hidrelé-tricas e suspenderam o finan-ciamento de novos projetos. É importante esclarecer que esta campanha era irradiada a partir dos países desenvolvidos, que já haviam esgotado ou estavam muito próximos de esgotar o aproveitamento do seu poten-cial hidráulico. Os interesses escusos por trás desse lobby es-tavam ligados a empresas sedia-das nesses países que queriam abrir novos mercados para os seus produtos, vendo tecnolo-gias muito mais caras e poluen-tes para geração de energia elé-trica, em detrimento da opção pela hidroeletricidade. Acuados por este movimento e sem vi-são de longo prazo, sucessivos governos deixaram de investir na construção de novas hidre-létricas. E aí veio o apagão de 2001, no final do governo FHC. O país ficou literalmente às es-curas e descobriu que precisava de energia para voltar a crescer. A falta de planejamento custou muito caro e teve graves conse-quências. Mas serviu para acor-dar o Brasil. No governo Lula, o Estado recuperou sua capa-

“Itaipu tem uma visão de futuro, centrada no princípio da sustentabilidade. Isso dá coerência às nossas ações e permite avaliar os resultados alcançados e fazer as correções necessárias de rumo”

Page 8: Revista Energia Nacional - Edição 03

entrevista

[8] EnergiaNacional • Nov/2013

Diretor-geral brasileiro da Itaipu, Jorge Miguel Samek

cidade de planejamento ener-gético de longo prazo e voltou a investir em grandes projetos, indispensáveis para assegurar o crescimento do país. A questão energética está no centro do debate sobre desenvolvimento sustentável. O Brasil tem uma grande vantagem comparativa, que é a sua matriz energética baseada predominantemente em fontes renováveis. A Rio+20 marcou uma inflexão no debate sobre hidroeletricidade, reco-nhecida hoje pelos organismos internacionais como uma fonte limpa e renovável. Itaipu vem servindo como um bom exem-plo de projeto que concilia ex-celência na geração de energia com responsabilidade socioam-biental. Hoje, a sustentabilidade é um valor incorporado à missão da Itaipu, que se orgulha de ser a maior geradora do mundo de energia limpa e renovável.

energia Nacional >> A inclusão de jovens no merca-do de trabalho pauta a agen-da das grandes empresas de todo e qualquer ramo de atua-ção. Na hidrelétrica de itaipu, como isso acontece? Por favor, comente sobre o Programa de iniciação e incentivo ao Traba-lho (PiiT).samek >> O capital mais va-lioso de uma instituição são os seus colaboradores. Quando Itaipu foi criada, na década de 70, foram recrutados os melho-res quadros das empresas do setor elétrico brasileiro para

formar o seu corpo técnico. Uma verdadeira seleção de en-genheiros e técnicos de alto nível. O Paraguai também con-tribuiu com seus profissionais mais qualificados, muitos deles formados em universidades bra-sileiras. Assim, Itaipu começou com o que tinha de melhor em termos de gente capacitada nos dois países. A cultura organiza-cional de excelência que se de-senvolveu a partir daí marcaria não apenas aquela primeira ge-ração, mas seria repassada aos novos empregados que foram sendo incorporados ao quadro de pessoal da empresa. O PIIT teve início de 1988 e desde en-tão já atendeu cerca de 5 mil adolescentes e jovens. Concebi-do inicialmente com o objetivo de proporcionar oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional para adolescentes de baixa renda e orientá-los para a sua inserção no merca-do de trabalho, este programa tornou-se complementar à es-cola na formação de cidadãos ativos e produtivos. Ao longo do tempo, o PIIT virou um ver-dadeiro celeiro de talentos. Os resultados alcançados são sur-preendentes. Grande parte dos jovens que passam pelo progra-ma se encaminha para cursos superiores e muda suas trajetó-rias de vida. Uma das conquistas que mais nos orgulham são os ex-PIIT que retornaram á Itai-pu como estagiários e 11 deles como empregados, mediante aprovação em concurso pú-

blico. Esses são prata da casa. Gente formada como aprendiz e que um dia ocupará cargos de gerência e chefia. Poucos pro-gramas apresentam resultados tão expressivos como o PIIT nos seus 25 anos de existência.

energia Nacional >> Muito se fala no caráter binacional da nossa gigante. Porém, o gran-de público desconhece essa gestão bipartite, até pelo pou-co volume – ou quase nada – que a mídia divulga sobre este tema específico. Como se dá essa gerência com os vizinhos sulamericanos? Na prática, como acontece a gestão com-partilhada com o Paraguai?samek >> Quando Itaipu foi criada, não havia um modelo pronto a ser copiado. O mun-do ainda vivia sob o clima tenso da Guerra Fria. A maioria dos países da região estava sob re-gimes ditatoriais. Não se falava na língua da integração. Vencer as desconfianças recíprocas e lançar as bases para um acordo inovador nos moldes do Tratado de Itaipu parecia desafiar a lógi-ca e a racionalidade. É por isso alguém já disse que Itaipu é um verdadeiro milagre. Prefiro dizer que Itaipu é, antes de tudo, uma obra de engenharia diplomática e jurídica. Tudo o mais foi cons-truído em bases sólidas sobre os princípios consagrados no tratado, entre eles o princípio da binacionalidade. O sistema de cogestão ou de gestão com-partilhada é uma aplicação do

Page 9: Revista Energia Nacional - Edição 03

EnergiaNacional • Nov/2013 [9]

espírito do Tratado. Nenhuma decisão administrativa em Itaipu tem validade jurídica sem res-peitar as normas internas que asseguram a plena igualdade de direitos e obrigações dos direto-res e conselheiros investidos nos respectivos cargos pelos Chefes de Estado dos países-sócios, Brasil e Paraguai. Toda estru-tura organizacional de Itaipu é espelhada, o que significa que do cargo de diretor-geral ao de gerente de divisão, perpassan-do todos os níveis hierárquicos, há um brasileiro e um paraguaio com atribuições e competências equivalentes. Longe de gerar ineficiências ou sobreposições, esta estrutura garante celerida-de aos processos decisórios e isonomia na gestão. Todas as decisões da diretoria executiva são tomadas de forma consen-sual, o que requer capacidade de diálogo e negociação dos di-rigentes de ambas as margens. O mesmo acontece no Conse-lho de Administração. O fato de nunca ter havido um impasse que tenha atravancado o bom funcionamento da Itaipu serve como melhor atestado da fun-cionalidade e eficiência do mo-delo de gestão adotado.

energia Nacional >> O brasil foi acusado pelos vizi-nhos, muitas vezes, de manter uma gestão imperialista da usi-na. Como o senhor enxerga e explica tais críticas?samek >> As relações bila-terais entre o Brasil e Paraguai

vivem um momento excepcio-nalmente favorável. Desde que o Presidente Horácio  Cartes tomou posse, no último dia 15 de agosto, em cerimônia que contou com a presença da Pre-sidenta Dilma, eles já voltaram a se encontrar outras quatro vezes, uma delas em Brasília, no dia 30 de setembro, quando ela o recebeu na sua primei-ra visita de Estado ao Brasil. A última delas aconteceu no dia 29 de outubro, na Subestação da Margem Direita de Itaipu, quando ambos se reuniram em clima de congraçamento para a inauguração do novo Sistema de Transmissão de 500 kV, obra viabilizada com recursos do Fun-do de Convergência Estrutural do Mercosul (FOCEM). Esta in-tensa agenda de encontro dos dois Chefes de Estado reflete o bom momento das relações bilaterais. A realização recente da 5ª Expo Paraguai-Brasil, em Assunção, atraiu centenas de empresas brasileiras, que de-monstraram interesse em inves-tir no país. Portanto, os críticos que repetem sempre o mesmo refrão, acusando o Brasil de im-perialista e condenando o Trata-do de Itaipu como sendo lesivo ao Paraguai, perderam contato com a realidade e se negam a reconhecer o óbvio, que são os imensos benefícios que este bem-sucedido empreendimen-to binacional trouxe para os dois países. É um discurso ultrapas-sado, que cheira a naftalina. Itai-pu é um símbolo da integração.

“Os críticos que repetem sempre o mesmo refrão, acusando o Brasil de imperialista e condenando o Tratado de Itaipu como sendo lesivo ao Paraguai, perderam contato com a realidade e se negam a reconhecer o óbvio, que são os imensos benefícios que este bem-sucedido empreendimento binacional trouxe para os dois países. É um discurso ultrapassado, que cheira a naftalina. Itaipu é um símbolo da integração”

Page 10: Revista Energia Nacional - Edição 03

entrevista

[10] EnergiaNacional • Nov/2013

energia Nacional >> Qual a importância da revitaliza-ção da Ponte da Amizade no contexto socioeconômico dos dois países?samek >> Desde março de 1965, quando foi inaugurada, a Ponte Internacional da Amizade, sobre o Rio Paraná, unindo a ci-dade de Foz do Iguaçu a Ciudad del Este, no Paraguai, tornou-se um importante elo de ligação entre os dois países, tornando--se vital para a dinamização da economia regional. À sua épo-ca, a construção desta ponte representou um tremendo desa-fio para a engenharia brasileira. Com sua belíssima arquitetura, emoldurada por um arco engas-tado com 290 metros, a Ponte da Amizade se destaca na paisa-gem exuberante da região. Pres-tes de completar 50 anos, a ação prolongada das intempéries, somada ao tráfego intenso de veículos e pedestres, incluindo o tráfego pesado de caminhões, vem causando progressiva de-preciação da ponte e do seu entorno. O que já foi um cartão--postal da região foi perdendo o brilho. Neste contexto surgiu em boa hora a ideia de elaborar um projeto de recuperação e revi-talização da Ponte da Amizade, como passo inicial de um pro-jeto mais ambicioso de ocupa-ção racional e desenvolvimento planejado e sustentável da mar-gem brasileira do Rio Paraná, denominado Projeto Beira Foz. O Fundo de Desenvolvimento e Produção Turística do Iguaçu se

incumbiu de contratar o projeto de revitalização da ponte, que já foi entregue em agosto passa-do ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), órgão vinculado ao Mi-nistério dos Transportes. Os custos das obras estão orçados em R$ 10 milhões. Acredita-mos que a realização das me-lhorias propostas e a execução de obras complementares de

paisagismo e iluminação vão devolver o esplendor que esta realização notável da engenha-ria brasileira já teve, resgatando um dos principais monumentos turísticos da região.

energia Nacional >> his-toricamente, os críticos do modelo de criação e expansão da Usina hidrelétrica de itaipu acusam o empreendimento de ter desapropriado pessoas, na

contramão do desenvolvimen-to que trouxe. Ambientalistas, por sua vez, criticam a degra-dação e demais danos à flora. Existem programas voltados à recuperação causada por possíveis danos urbanos e am-bientais? Se sim, quais são?samek >> Os impactos so-ciais, ambientais e econômicos da implantação de grandes pro-jetos hidrelétricos sempre foram colocados na balança e contras-tados com os benefícios pro-porcionados pelo uso racional de uma das maiores dádivas da natureza, que é a água, recurso finito e precioso para a sustenta-bilidade de todas as formas de vida na terra. Itaipu trouxe gran-des impactos, não há dúvida. O que diferenciou este projeto foi a grande preocupação que hou-ve desde o início em minimizar e compensar esses impactos, numa época em que a questão ambiental não tinha o destaque que hoje ocupa na agenda da sociedade brasileira e, sobre-tudo, na agenda internacional. Muitas medidas tomadas antes da formação do reservatório demonstram o extremo zelo com que os gestores do projeto assumiram a responsabilidade de realizar um minucioso levan-tamento de todas as famílias e comunidades que seriam atingi-das e de todas as propriedades rurais e urbanas afetadas. Os memoriais produzidos são de-talhistas. As medidas compen-satórias adotadas são passíveis de críticas. Foram suficientes?

Diretor-geral brasileiro da Itaipu, Jorge Miguel Samek

“Para nós é sempre motivo de orgulho sediar eventos relacionados à temática ambiental, ainda mais quando se trata de um encontro da importância da 4ª Conferência Estadual de Meio Ambiente”

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EnergiaNacional • Nov/2013 [11]

Foram justas? A mobilização dos desalojados pelo reservatório de Itaipu, num período em que o País não vivia sob o regime democrático, foi determinan-te para os avanços que seriam conquistados na Assembleia Nacional Constituinte. É cômo-do julgar decisões do passado com base nos valores abraçados hoje pela sociedade brasileira. O que a nossa geração pode orgulhar-se é de ter conquista-do a redemocratização e com ela a garantia dos direitos e li-berdades individuais. Itaipu não ficou imune à redemocratização do Brasil e Paraguai e teve que se reinventar para responder aos novos anseios das sociedades brasileira e paraguaia, como o de adotar políticas transparen-tes. Hoje, Itaipu é vista como modelo de boas práticas am-bientais no setor elétrico bra-sileiro. O Programa Cultivando Água Boa colocou num novo patamar a política de respon-sabilidade socioambiental em Itaipu. Baseado na mobilização e participação social, este pro-grama envolve mais de 2.400 parceiros nos 29 municípios da Bacia do Paraná 3, onde vive uma população de mais de um milhão de pessoas. Hoje, Itai-pu está inserida neste contexto e é vista como uma instituição comprometida com o desenvol-vimento local sustentável. Esta legitimidade só pode ser manti-da com políticas transparentes e diálogo permanente com as co-munidades do seu entorno.

energia Nacional >> Como foi, para itaipu, sediar a Conferência Estadual de Meio Ambiente?samek >> Para nós, é sem-pre motivo de orgulho sediar eventos relacionados à temáti-ca ambiental, ainda mais quan-do se trata de um encontro da importância da 4ª Conferência Estadual de Meio Ambiente, co-roamento de um processo que

envolveu cerca de 20 mil pes-soas que participaram das seis Conferências Macrorregionais e das 187 Conferências Municipais de Meio Ambiente. Ficamos, portanto, muito felizes com a es-colha de Foz do Iguaçu para a re-alização desta Conferência, que aconteceu no Cineteatro dos Barrageiros, na Itaipu. Para nós, representa o reconhecimento do firme compromisso assumi-do com a proteção do meio am-biente. Os municípios da Bacia do Paraná 3, na margem brasi-

leira do reservatório de Itaipu, onde atuamos mais fortemente, tornaram-se exemplos de boas práticas em gestão ambiental. O Programa Cultivando Água Boa, desenvolvido por Itaipu desde 2003, já recebeu diversos prêmios nacionais e internacio-nais e é considerado modelo de gestão por bacia hidrográ-fica no setor elétrico brasileiro. Uma das ações desenvolvidas por Itaipu que mereceu desta-que na 4ª Conferência Estadual de Meio Ambiente é o estímulo à produção de biogás. Com a colaboração de outros parcei-ros, Itaipu ajudou a implantar o Condomínio de Agroenergia para Agricultura Familiar San-ga Ajuricaba, no município de Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná. Este projeto reúne 33 pequenos produtores rurais. Os dejetos de suínos e de gado leiteiro são aproveitados para a produção de biogás, em pequenos biodigestores insta-lados em cada propriedade. O biogás produzido é transporta-do por meio de 22 quilômetros de gasodutos até uma micro central termoelétrica, que gera energia elétrica para abastecer as propriedades rurais. A experi-ência é um dos modelos de sus-tentabilidades que estão sendo replicados.

energia Nacional >> O turismo é, sem dúvidas, um dos carros-chefes da Usina. No mês de agosto, o número de visitantes na usina cresceu

“O turismo em Itaipu tornou-se uma atividade autosustentável. A qualidade dos serviços oferecidos aos visitantes refletem o grau de profissionalismo com que o turismo é gerido em Itaipu”

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entrevista

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67% em relação ao mesmo período de 2012. há razões específicas? Como a gestão do turismo é realizada?samek >> O turismo vive um bom momento. Foz do Iguaçu é um dos principais destinos turísticos do país e Itaipu tem contribuído de diversas for-mas para dinamizar ainda mais esta atividade, de fundamental importância para o desenvol-vimento da região. Estamos tendo um excelente segundo semestre, com um expressivo crescimento do número de vi-sitantes. Em parte, este bom desempenho deve-se a uma campanha criada pela nossa competente equipe de comu-nicação para promover os atra-tivos turísticos oferecidos aos visitantes, com o mote “Itaipu como você nunca viu”. Outro fator importante foi o interesse gerado pela Exposição Múl-tiplo Leminski, sobre a vida e obra do grande poeta parana-ense Paulo Leminski, que está em exibição no Ecomuseu de Itaipu desde o dia 12 de julho e já recebeu mais de 112 mil visi-tantes. A estratégia de promo-ção do Complexo Turístico de Itaipu deu tão certo que rendeu até o prêmio Top de Marketing, na categoria Hotelaria, Turismo e Cultura, concedido pela Asso-ciação dos Dirigentes de Ven-das e Marketing do Brasil, Se-ção Paraná (ADVB-PR). Quando chegamos à Itaipu, a visitação era operada diretamente pela empresa, o que gerava custos

administrativos e operacionais, repassados para a tarifa de energia. Ou seja, o consumi-dor lá na ponta pagava a conta. Achamos que não era eficiente nem justo manter este modelo. Então partimos para a profissio-nalização da gestão do turismo em Itaipu, mediante contrato

com a Fundação Parque Tec-nológico de Itaipu (FPTI), que assumiu a gestão do Complexo Turístico. A idéia foi tornar esta atividade sustentável. Os visi-tantes passaram a pagar taxa de ingresso, com valores dife-renciados para Circuito Especial e Visita Panorâmica. Com isso, o turismo em Itaipu tornou-se uma atividade autosustentável. A qualidade dos serviços ofe-

recidos aos visitantes refletem o grau de profissionalismo com que o turismo é gerido em Itai-pu. Consideramos os resultados alcançados altamente satisfató-rio. Os recursos excedentes ge-rados ajudam a financiar o PTI, instituição educativa que está dando enorme contribuição ao desenvolvimento da região.

energia Nacional >> O que é o centro tecnológico demonstrativo de modelos, que FAO e itaipu vão criar em Foz do iguaçu (Pr)?samek >> A Organização das Nações Unidas para a Alimen-tação e Agricultura (FAO), se-diada em Roma, presidida por um brasileiro, José Graziano da Silva, está descentralizando e ampliando a sua atuação nos países em desenvolvimento. Ti-vemos o privilégio de receber o primeiro escritório descen-tralizado da FAO, instalado no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), por meio de uma parceria que envolve ainda a Secretaria Esta-dual de Agricultura do Paraná. A implantação do Centro Tecno-lógico Demonstrativo da FAO no escritório do PTI foi anuncia-da pelo diretor-geral do órgão, José Graziano, durante reunião que mantivemos em Roma em setembro, quando lá estivemos para divulgar o II Fórum Mun-dial de Desenvolvimento Eco-nômico Local, realizado em Foz do Iguaçu na última semana de outubro. Este centro terá como missão promover o intercâmbio

“O surgimento de uma Associação de Municípios-Sede de Usinas Hidrelétricas é uma iniciativa salutar e benvinda à medida que contribui para fazer avançar uma agenda positiva, seja por meio do aprimoramento da legislação, seja promovendo o intercâmbio de experiências”

Diretor-geral brasileiro da Itaipu, Jorge Miguel Samek

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de conhecimentos aplicados à agricultura familiar e produção de alimentos e estimular o de-senvolvimento de atividades de cooperação Sul-Sul, como é denominada a cooperação en-tre países do Hemisfério Sul, a partir de programas já implan-tados com sucesso por Itaipu e seus parceiros. Neste sentido, o centro abrigará unidades de-monstrativas nas áreas de ener-gias renováveis, gestão partici-pativa de bacias hidrográficas, plantio direto e agricultura de baixo impacto, educação am-biental, aquicultura, coopera-tivas e modelos inclusivos de participação social. Portanto, este centro ajudará a dinami-zar a cooperação com países africanos e latino-americanos, facilitando o acesso a tecno-logias que contribuam para o seu desenvolvimento. Ou seja, será mais um instrumento para compartilharmos as experiên-cias exitosas acumuladas na área de atuação de Itaipu, que vem se destacando pelas ino-vações tecnológicas e soluções criativas para a promoção do desenvolvimento sustentável. A FAO terá um papel-chave nes-te processo, articulando com os governos de países interes-sados em desenvolver coope-ração. Itaipu e seus parceiros aportarão capacidade técnica e as metodologias desenvolvidas e testadas em seus programas, que servirão como referência para o Centro Tecnológico De-monstrativo de Modelos.

energia Nacional >> Co-nhecimento para falar do universo das usinas hidrelé-tricas o senhor tem de sobra. Entretanto, deve também sa-ber que, infelizmente, poucas políticas públicas específicas são elaboradas para fortale-cer as cidades brasileiras que sediam usinas. A Associação dos Municípios-Sede de Usi-nas hidrelétricas (Amusuh) é uma entidade que congrega municípios nesta condição e prima pelo municipalismo. Na sua visão de gestor, qual a im-portância de associações do tipo? Em quais pontos deve--se focar?samek >> O Brasil avançou muito nas últimas décadas na formulação de políticas pú-blicas que fortalecem o papel dos municípios. Fui vereador por 12 anos em Curitiba e sou um ardoroso defensor da ges-tão local como instrumento mais eficaz para melhorar as condições de vida da popula-ção. Não concordo, portanto, com a afirmação de que o Bra-sil careça de políticas públicas específicas para compensar e fortalecer municípios que abri-gam hidrelétricas. A legislação que obriga o pagamento de royalties é um belo exemplo. Recentemente, detectamos o temor dos gestores dos mu-nicípios lindeiros de Itaipu de que em 2023 cessaria o pa-gamento de royalties. A con-fusão surgiu porque em 2023 toda a dívida de Itaipu estará

quitada e Paraguai e Brasil de-verão repactuar as cláusulas financeiras do Tratado, que fazem parte do Anexo C. Des-de que começou a gerar ener-gia, Itaipu já distribuiu cerca de U$ 8,5 bilhões a título de royalties. Para dissipar o boa-to de que a partir de 2023 os municípios afetados pelo re-servatório de Itaipu deixariam de receber esta compensação financeira, eu tenho repetido que a água é a matéria prima utilizada por Itaipu para gerar energia e que, portanto, en-quanto o estoque dessa ma-téria prima estiver ocupando parte das áreas dos municípios lindeiros, estes continuarão fa-zendo jus aos royaties. O sur-gimento de uma Associação de Municípios-Sede de Usinas Hidrelétricas é uma iniciativa salutar e ben-vinda à medida que contribuir para fazer avan-çar uma agenda positiva, seja por meio do aprimoramento da legislação, seja promoven-do o intercâmbio de experi-ências. Honestamente, crio que os municípios lindeiros de Itaipu souberam aproveitar os recursos obtidos por meio dos royalties e melhoraram consi-deravelmente a infraestrutura urbana e os serviços prestados à população. Nesta região, portanto, encontramos exem-plos muito positivos de muni-cípios que se desenvolveram muito mais em razão dos bene-fícios advindos da implantação de uma grande hidrelétrica.

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A Associação Nacional dos Municípios Pro-dutores – ANAMUP

escreveu este ano mais um im-portante capítulo da sua histó-ria e, dando continuidade ao trabalho em prol do municipa-lismo, promoveu, de 3 a 5 de julho, em Nova Lima – MG, o 4º Ciclo ANAMUP de Fóruns Re-gionais dos Municípios Mine-radores. O evento marca os 10 anos da entidade e consolida a mineração como uma de suas mais importantes bandeiras de atuação.

O público, estimado em 400 pessoas, confirma o sucesso do Ciclo que, além de prefeitos, vereadores e secretários munici-pais, reuniu também autoridades como o presidente da Associa-ção Nacional dos Municípios Pro-dutores – ANAMUP, prefeito de Cachoeiro do Itapemirim – ES, Carlos Casteglione; o prefeito de Nova Lima - MG, Cássio Magnani Junior; a secretária de Desenvol-vimento Econômico de Minas Gerais, Dorothea Werneck; o re-presentante do Governo Federal, Gilmar Dominici; o Diretor Geral

Evento reuniu autoridades e gestores municipais para o debate de questões ligadas ao Novo Marco Regulatório da Mineração

ANAMUP realiza 4º ciclo de Fóruns regionais dos Municípios Mineradores – edição sudeste

Cerimônia de abertura do 4º Ciclo de Fóruns Regionais - Edição sudeste

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eNcArTe esPecIAl ANAMUP

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do DNPM, Sérgio Dâmaso; além de representantes dos Ministé-rios do Meio Ambiente e Minas e Energia, IBRAM, DNPM e CPRM do estado de Minas Gerais.

Na cerimônia de abertura, o presidente da ANAMUP, prefei-to Carlos Casteglione, destacou a importância do evento, prin-cipalmente no que diz respeito à discussão do novo Marco Re-gulatório da Mineração no Con-gresso Nacional. “Os municípios mineradores tem um potencial enorme na geração de emprego e renda em âmbito nacional. Por isso, devemos nos unir para con-templarmos nossas demandas neste novo Marco.  Tenho certeza que juntos somos fortes e vamos conseguir que os municípios mi-neradores tenham uma compen-sação financeira maior pela extra-ção mineral. Isso desenvolverá os municípios e consequentemente a vida dos moradores de nossas cidades”, disse Casteglione.

Em discurso, o representan-te do Governo Federal, Gilmar Dominici, além de ressaltar a per-tinência dos debates promovi-dos, fez questão de parabenizar

a ANAMUP pelo trabalho reali-zado. “O Ciclo acontece em um momento importante. É preciso dialogar com todos da socieda-de civil, especialistas e gestores, para que essa futura lei contem-ple as necessidades do país, dos municípios e dos moradores des-tas regiões, por isso congratulo os organizadores deste evento”, comentou Dominici.

O anfitrião, prefeito de Nova Lima, Cássio Magnani Junior, res-saltou o papel da sua cidade na mineração brasileira. “Nova Lima é um município de exploração de minério de ferro e somos feli-zes com isso. Essa é a nossa rea-lidade e temos planos de expan-são por mais 30 anos. Além disso nos orgulha ter 62% do nosso território preservado ambiental-mente”, ressaltou o prefeito.

Sobre a Compensação Fi-nanceira da Extração Mineral – CFEM, Magnani alertou que os municípios mineradores devem continuar lutando para elevar a arrecadação. “Atualmente os municípios recebem 2% de com-pensação, vamos lutar para que no texto do novo Marco Regula-

tório esse percentual suba para 4%. Lembrando que as cidades da Austrália, nossa maior concor-rente, tem uma compensação de cerca de 8%”, enfatizou.

DeBATes e TrocA De exPerIêNcIAs

Como já aguardado pelos expectadores, os debates tive-ram como temática essencial os aspectos que envolvem o Novo Marco Regulatório da Minera-ção. O coordenador de Políticas e Programas para Mineração do Ministério de Minas e Energia - MME, Frederico Bedran Oliveira, proferiu a palestra “Políticas Pú-blicas para o Setor Mineral Bra-sileiro”; o diretor-presidente da SAMARCO, Ricardo Vescovi, fa-lou sobre “A Importância da Mi-neração no Brasil”; o diretor do Departamento de Desenvolvi-mento Sustentável na Mineração do MME, Professor Edson Farias Mello, apresentou o tema “Res-ponsabilidade Social das Empre-sas Mineradoras e do Município Minerador no uso da CFEM”.

“Valor de Legado da Minera-ção” foi o tópico abordado pelo economista e ex-ministro da Fazenda e Planejamento, Paulo Haddad. A Gerente de Assuntos Ambientais do IBRAM, Cláudia Salles, apresentou “A Mineração hoje e a Visão do Futuro”; e o secretário do meio ambiente de Nova Lima e ex–presidente do Ibama, Roberto Messias Franco, falou sobre “A Política e Licencia-mento Ambiental”. A advogada especialista em Direito Públi-Homenagem aos ex-presidentes da ANAMUP 

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co e Ambiental, Priscila Ramos Netto Viana; o diretor de proje-tos da Agenda Pública, Bruno Gomes; a vereadora de Poços de Caldas, Regina Cioffi; e o Diretor de Procedimentos Arrecadató-rios do DNPM, Marcos Antônio Valadares, comandaram um grande debate sobre a CFEM. Todas as palestras estão dispo-níveis para download no site da ANAMUP – www.anamup.org.br

sUsTeNTABIlIDADe eM Foco

Além das questões econô-micas, o 4º Ciclo ANAMUP de Fóruns Regionais dos Municípios Mineradores abriu espaço tam-bém para o reconhecimento de municípios e entidades que tra-balharam no desenvolvimento e aplicação de ações e políticas públicas voltadas à sustentabili-dade. De acordo com a secretá-ria executiva da ANAMUP, Tere-zinha Sperandio, o objetivo era promover a troca de experiên-cias em áreas como o reaprovei-tamento dos dejetos da minera-ção, a preservação ambiental e a qualidade de vida da população.

Ainda dentro da programa-ção Ciclo, a ANAMUP prestou uma homenagem aos cinco ex--presidentes da entidade. Três estiveram em Nova Lima e foram homenageados: Dilson César Moreira Jacobucci, Luiz Carlos Caetano e Túlio Sérvio Barbosa Coelho. Moema Gramacho e Clermont Silveira Castor não pu-deram participar do encontro, mas também foram lembrados.

ProJeTos PreMIADos

• São Gonçalo do Rio Abaixo – MGProjeto “Cercar para não secar” – Remunera os produtores rurais

que preservam as nascentes do município no eixo da gestão de desenvolvimento urbano e ambiental.

• Divinópolis – MGA cidade desenvolve políticas públicas que priorizam o desenvolvimento

sustentável, dando destaque à política dos resíduos sólidos.

• Mesquita – RJProjeto “Coleta Seletiva Solidária” – Une a sustentabilidade econômica,

social e ambiental levando cidadania a moradores do município.

• Santo Antônio de Pádua – RJA cidade se destacou pelo projeto que gerou inovações tecnológicas

a partir do pó das serrarias.

• Venda Nova do Imigrante – ESProjeto “Oficina escola de artesanato em mármore e granito”

– promove a cidadania através da valorização e resgate social dos adolescentes, educando-os e capacitando-os para o mercado de trabalho.

• Jeceaba – MG Projeto “Arquitetura Sustentável: minimizando os impactos pela

siderurgia e mineração” – projeto transforma resíduos oriundos da siderurgia em matérias de utilidade, como mesas e cadeiras.

• Associação Ambiental Monte Líbano (AAMOL) Projeto “Lama Abrasiva se Transforma em Argamassa” – desenvolvido

em parceria com o Instituto Capixaba de Gestão (ICG) de Cachoeiro do Itapemirim – ES, o projeto busca formulações para utilizar a lama com granalha para fabricar quatro tipos de argamassa.

• Consórcio de Municípios Mineradores do Noroeste do Espírito Santo (COMMINES)Doze municípios formam o Consórcio visando implementar o plano

diretor da mineração no noroeste do estado.

• Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM)Projeto “Prisma” – gera trabalho e renda a partir do aproveitamento

econômico de pequenos depósitos e rejeitos de mineração da extração de minérios no Estado da Bahia, com ênfase na região semiárida.

eNcArTe esPecIAl ANAMUP

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eNcArTe esPecIAl AMUsUh

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A Associação Nacional dos Municípios Sedes de Usinas Hidroelétri-

cas – AMUSUH comemora, em 2013, 20 anos de existência. A história é de luta e muito traba-lho, mas com um saldo que, fe-lizmente, enche de orgulho seus fundadores e sócios.

Em 1993, quando tudo come-çou, o cenário era de pressões sociais e políticas por reformas na área tributária. Já nessa épo-ca, a entidade acompanhava com atenção a tramitação no Congresso Nacional das maté-rias que, de alguma forma, pu-

dessem redesenhar a realidade dos municípios geradores de energia. E as primeiras conquis-tas não tardaram, a exemplo da alteração do artigo 158 da Cons-tituição Federal - em que a distri-buição do ICMS poderia ser es-tabelecida por lei complementar – e da estadualização do ISSQN.

Juntamente com outras enti-dades municipalistas, a AMUSUH coroou, ainda, um acordo que re-presentou uma significativa vitó-ria para os municípios sedes de usinas hidrelétricas: a criação de um teto nos critérios de repasse do ICMS visando aparar as exce-

ções nacionais num período de transição de sete anos em até quatro vezes a média do ICMS per capita do Estado.

Em abril deste ano, a AMUSUH ganhou uma força ex-tra dentro do cenário nacional, a Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Municípios Sedes de Usinas Hidroelétricas. O grupo, presidido pelo deputado Vilson Covatti (PP-RS), tem como objeti-vo debater, estudar e encaminhar as demandas e desafios do setor, visando uma melhor interlocução dos municípios com os órgãos do Governo Federal e com o Judici-

UMA hIsTÓrIA De vITÓrIAs e DesAFIos

AMUsUh 20 ANos

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ário, fortalecendo os direitos dos municípios geradores de energia que são responsáveis pela sus-tentabilidade econômica do país.

Segundo o presidente da AMUSUH, Prefeito de Salto do Jacuí-RS, Altenir Rodrigues da Silva, a criação da Frente é o reconhecimento não só das de-mandas latentes do segmento de geração de energia, como também do próprio trabalho de-sempenhado pela AMUSUH du-rante essas duas décadas.

UNIDos Pelo MUNIcIPAlIsMo

Mas se por um lado os 20 anos da entidade refletem bons motivos para comemorar, por outro apontam para um futuro desafiador que exige igualmen-te trabalho e comprometimen-to. Projetos como o PLS 93/2012 e PLC 315/2009 (saiba mais nas páginas 52 a 54) são prova da necessidade de continuar lu-tando e atestam a importância da união pelo fortalecimento do municipalismo.

Nesse contexto, a atuação da AMUSUH tem se focado na reali-zação de debates e reuniões em todas as regiões do país, promo-vendo, assim, a integração dos entes envolvidos, a troca de ex-periências e informações e a bus-ca por alternativas viáveis para a realidade dos municípios sedes de usinas e alagados. Para se ter uma idéia, só no segundo se-mestre de 2013, foram realizadas cinco reuniões, isso sem contar nas mobilizações que reuniram

no Congresso Nacional gestores municipais de todo o país.

FÓrUM NAcIoNAl Dos MUNIcíPIos seDes De UsINAs hIDroeléTrIcAs e AlAgADos

Considerando as demandas atuais, o último evento será o Fórum Nacional dos Municípios Sedes de Usinas Hidroelétricas e Alagados, em Foz do Iguaçu - PR, de 20 a 22 de novembro. De cará-ter mais abrangente, o encontro é uma parceria com a Itaipu Bi-nacional e a Prefeitura de Foz do Iguaçu-PR e visa debater o futuro do setor a partir da tramitação de diversos Projetos no Legislativo. 

“Vivemos em um momento de grandes definições para o se-tor. Conseguimos há pouco tem-po, com a união de todos, rejeitar o Projeto (PLS 93/2012) que era extremamente prejudicial às nos-sas cidades. Continuamos com afinco, trabalhando sempre para buscar soluções plausíveis para o desenvolvimento dos municí-pios. O Fórum certamente nos ajudará nessa luta e trará contri-buições para o desenvolvimento dos municípios sedes de usinas hidroelétricas e alagados”, res-salta o presidente da AMUSUH, Prefeito de Salto do Jacuí-RS, Altenir Rodrigues da Silva.

Durante a programação, além de painéis com a participação de autoridades e especialistas, será realizada uma homenagem aos ex-presidentes da AMUSUH, em alusão aos 20 anos da entidade.

“Vivemos em um momento de grandes definições para o setor. Conseguimos há pouco tempo, com a união de todos, rejeitar o Projeto (PLS 93/2012), que era extremamente prejudicial às nossas cidades.”

Altenir Rodrigues da SilvaPresidente da AMUSUH

Prefeito de Salto do Jacuí-RS

Associação Nacional dos Municípios Sedes de Usinas Hidroelétricas

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eNcArTe esPecIAl AMUsUh

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gAlerIA Dos ex-PresIDeNTes DA AMUsUh

eDsoN goMes

Mandatos: 1993 e de janeiro de 2009 à dezembro de 2010

oDílIA g. goMes

Mandato: janeiro à novembro de 2005

DoBrANDINo gUsTAvo DA sIlvA

Mandato: janeiro de 1994 à dezembro de 1997

JUrANDIr PINheIro

Mandato: novembro de 2005 à dezembro de 2006

hAry DAIJÓ

Mandato: janeiro de 1998 à janeiro de 2001

gIlBerTo lUIz heNDges

Mandato: janeiro de 2007 à dezembro de 2008

celso s. DA sIlvA

Mandato: fevereiro de 2001 à maio de 2002

DílsoN cézAr MoreIrA JAcoBUccI

Mandato: junho de 2002 à janeiro de 2004

FrANcIsco De AssIs PeIxoTo

Mandato: janeiro de 2011 à dezembro 2012

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economia

[20] EnergiaNacional • Nov/2013

Usinas hidrelétricas

Energia hídrica, uma das frentes responsáveis por impulsionar o desenvolvimento nacional, freia diante de barreiras ambientais e legais

Um freio no progresso

De um lado, ativistas ambientais e legis-ladores defendendo causas correlatas.

De outro, empresários e grupos do setor energético, que bus-cam alcançar desenvolvimento pela geração de energia hídrica no Brasil. Entre as duas partes, alguns impasses, com destaque para cartilhas sustentáveis e a própria legislação.

Renovável, a energia hídrica resulta do movimento da água

dos rios e de reservatórios que captam o volume da água das chuvas. Tanto o movimento na-tural quanto a queda dessas águas contêm energia cinética, que pode ser aproveitada para a conversão em energia hídri-ca. Mas, mesmo se tratando de uma fonte de energia renová-vel, quais as razões apresenta-das para surgirem críticas a essa modalidade?

Quanto às barreiras ambien-tais, especialistas definem como

principais desvantagens os fatos de ocuparem áreas extensas de produção de alimentos e flores-tas, causando erosão dos solos e alterações climáticas que po-dem comprometer a fauna e a flora. A própria construção da barragem é geradora de impac-tos geográficos e biológicos.

Procurada, a Organização Não Governamental Greenpeace informou, por sua assessoria de imprensa, que “até mesmo quando os Estudos de Impacto Ambiental (EIA) são corretamen-te executados – com a listagem dos reais impactos gerados por uma hidrelétrica – na maioria das vezes as ações de mitigação dos impactos ambientais não che-gam a compensar, proporcional-mente, os efeitos negativos”. Na mesma nota, alega que cada rio

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tem características únicas, espé-cies animais e vegetais próprias.

legIslAção resTrITIvA

A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) tem como um de seus instrumentos o li-cenciamento ambiental, que possibilita ao Estado compatibi-lizar o desenvolvimento econô-mico-social com a preservação da qualidade do meio ambien-te e do equilíbrio ecológico.

Em setembro, a Comissão de Integração Nacional, De-senvolvimento Regional e da Amazônia (CINDRA) se reuniu na Câmara dos Deputados para discutir o plano e o cronograma de construção das usinas hidre-létricas. Além dos parlamenta-res, participaram o secretário executivo adjunto do Ministério de Minas e Energia, Francisco Romário Wojcicki, e o diretor de Geração da Eletrobras, Valter Luiz Cardeal de Souza.

De acordo com o presi-dente da CINDRA, deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), fo-ram levantadas informações sólidas sobre o impacto pro-duzido por ações contrárias à realização dos projetos de in-fraestrutura. “O Brasil está tra-vado em várias frentes de de-senvolvimento, em especial nos grandes projetos de energia. Os principais obstáculos são os movimentos ambientalista e indigenista que, sob o pre-texto de proteger as florestas e os povos indígenas, promo-

vem ações articuladas para fre-ar nosso crescimento econômi-co”, destacou o parlamentar.

INIMIgos, NãoHenrique Cortez, coordena-

dor do portal EcoDebate, afir-ma que os ambientalistas, em sua maioria, não possuem res-trições ideológicas ou concei-tuais às hidrelétricas. “As acu-sações de que somos inimigos das hidrelétricas são originadas de dirigentes do setor elétri-co, das grandes empreiteiras e das empresas de consultoria fabricantes de EIA-RIMAs. São acusações inverídicas que en-contram apoio e voz na grande mídia”, lamenta.

Para ele, as divergências nascem quando surge a dis-cussão sobre os projetos am-bientais apresentados – ou não. “Somos e continuaremos a ser adversários de projetos sem responsabilidade social e am-

biental, sem controle social e concebidos a partir de um mo-delo de desenvolvimento equi-vocado”, resume.

Do outro lado, empresários, políticos e demais representan-tes do setor energético defen-dem-se. O secretário de De-senvolvimento e Planejamento Energético do Ministério de Mi-nas e Energia, Altino Ventura, revela que a expansão hidrelé-trica no Brasil vai até 2025 ou 2030. “Temos mais 12 ou 15 anos de crescimento sustentá-vel por meio da energia hídrica. É uma energia limpa e renová-vel, não nociva”, enumera.

Ventura lembra que o Brasil tem mais de mil hidrelétricas em funcionamento. “Os resulta-dos são muito positivos, dando muitos benefícios à comunida-de. Ser contra [as hidrelétricas] talvez se dê porque o setor não sabe se comunicar com a socie-dade”, opina. As alternativas à expansão hídrica seriam, de acordo com Altino, a geração eólica, solar e pequenas cen-trais hidrelétricas (PCHs). “Mas sozinhas elas não conseguem atender a demanda brasileira”, pondera.

Altino prevê que o Brasil irá apoiar sua expansão elétrica em energia térmica nos próximos anos. “O Brasil vai precisar de térmica de base com combustí-vel a preço baixo e competitivo, mas cada uma das alternativas tem limitações. No caso do car-vão, ele é um grande emissor de CO2”, disse.

Jerônimo Goergen (PP-RS) lembra que hidrelétricas geram desenvolvimento

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economia

[22] EnergiaNacional • Nov/2013

Nas últimas décadas, o Brasil vem mostran-do ao mundo uma das suas válvulas de

desenvolvimento mais significati-vas: a mineração. Com uma eco-nomia de destaque no cenário das nações emergentes, o setor é um dos responsáveis pelo fato de o país atingir metas importan-tes. Só no ano passado, a produ-ção de origem mineral bateu a marca dos R$ 115 bilhões.

Entretanto, mesmo com mar-cas tão significativas, alguns fa-tores foram responsáveis por fa-

Bom até que ponto?Forte na mineração, Brasil se vê dependente de uma outra economia emergente: a China, que compra quase metade da produção. Resta saber, internamente, o quanto isso é positivo

Sinodependência

zer com que o mercado nacional enfrentasse momentos de retra-ção e, por consequência, o lucro de empresas de mineração recu-asse. Especialistas apontam que a principal causa desse retroces-so é a dependência que o setor mineral brasileiro tem de merca-dos estrangeiros, como a China.

No mesmo ano em que o Brasil ultrapassou os R$ 115 bi-lhões de receita movimentados com a mineração, um montan-te de aproximadamente 80% da referida produção foi vendi-do para o exterior. Desse per-

centual, calcula-se que mais de 40% foram destinados à China, fazendo a economia nacional re-fém da chinesa a ponto de qual-quer anormalidade na indústria asiática afetar a brasileira.

o vAI e veMEm 2002, somente as vendas

da Vale do Rio Doce para a China bateram a marca de R$ 600 mi-lhões. Em apenas uma década, elas se multiplicaram por mais de 50, representando 37% do resul-tado operacional da mineradora brasileira em 2012. O segundo país mais importante é o próprio Brasil, com 16,9%, seguido pelo Japão, com 10,3%. O desempe-nho da economia chinesa, por-tanto, se tornou vital para a Vale. Se ela cresce, a Vale vai muito bem. Se os sinais são de desace-leração, a Vale sofre.

Uma prova disso foi o ano de 2012, realmente emblemático para a mineração brasileira. No primeiro semestre, o minério de ferro sofreu uma desvalorização sem precedentes: quase 37% de queda no preço. Entretanto, o segundo semestre foi de reto-

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EnergiaNacional • Nov/2013 [23]

mada devido ao crescimento in-dustrial apresentado pela China – o que comprova a real depen-dência em relação ao mercado asiático. A recuperação euro-péia também serviu como base de sustentação à brasileira.

E a aposta é a de que não só a China, mas todos os países emer-gentes, vão continuar sustentan-do o crescimento da indústria de mineração global nos próximos anos. “Não tenho dúvidas de que é a hora dos grandes centros emergentes. A China e a índia ainda se defrontam com grandes problemas de urbanização, por mais que tenham apresentado números fantásticos nos últimos anos”, disse o diretor-presidente da Vale, Murilo Ferreira.

De acordo com ele, nos pró-ximos 15 anos, o mundo deve ganhar cerca de 1 bilhão de con-sumidores, a maioria vinda de países emergentes, e somente a China vai construir mais seis me-gacidades. Para sustentar a alta do consumo e os investimentos em infraestrutura, será preciso comprar minério para fazer aço, o que deixa o setor otimista.

Murilo acredita que ter a China como “cliente” jamais será negativo. “A China, há mui-to tempo, persegue uma eco-nomia moderna e, para isso, vai precisar de uma boa infraestru-tura”, afirma. Para ilustrar a con-fiança, ele mostrou que em 2007 a China tinha 75 mil quilômetros de ferrovias, extensão que deve saltar para 120 mil quilômetros até 2015. Em rodovias, os 54 mil

quilômetros de 2007 devem che-gar a 139 mil quilômetros daqui a dois anos. Já o número de ae-roportos no país deve subir de 148 para 240 no mesmo período. Tudo isso, aliado à urbanização do país e ao crescimento do mer-cado consumidor.

Durante evento em São Paulo que reuniu, em outubro, presi-dentes das maiores siderúrgicas do mundo, o diretor de Ferrosos e Estratégia da Vale, José Carlos Martins, afirmou que o mercado global de minério de ferro deve atingir equilíbrio entre oferta e demanda neste ano e seguir

com oferta “apertada” em 2014, antes de começar a ver sobra de capacidade produtiva a partir de 2015. Ele ainda ressaltou que, com investimentos na expansão das operações pelas principais mineradoras do mundo, a indús-tria de minério de ferro terá um excesso de capacidade produ-tiva de cerca de 100 milhões de toneladas entre 2018 e 2020. Atu-almente, segundo ele, o merca-do transoceânico da commodity movimenta 1,2 bilhão de tone-ladas por ano, volume que deve crescer para 1,5 bilhão de tonela-das em 2020.

UM rAIo-x Do MercADo chINês

A economia da República Popular da China é a segunda maior do mundo, superada somente pelos Estados Unidos. Seu produto interno bruto (PIB) nominal é estimado em US$ 8,2 trilhões (dados de 2012), enquanto seu poder de compra foi calculado em 2012 em pouco mais de US$ 12,4 trilhões. A China é a nação com o maior crescimento eco-nômico dos últimos 25 anos no mundo, com a média do crescimento do PIB em torno de 10% por ano.

Entretanto, nos últimos três anos a força econômica chinesa teve uma leve queda. Mesmo assim, é inegável que continua sendo um dos motores do crescimento mundial. Segundo o relatório “Projeções para a Economia Global”, divulgado pelo FMI em outubro, 10 países devem ter uma expansão do PIB ainda maior que a do gigante asiático.

O relatório aponta que a China deve crescer 7,6% em 2013; o Sudão do Sul, primeiro do ranking, deve saltar 24,6%. A lista mostra que, enquanto a projeção do FMI para o Brasil é de um crescimento de 2,5% em 2013, o Paraguai vive um período de pujança: o PIB do vizinho deve aumentar mais de 12% este ano.

Vale ressaltar, no entanto, que grande parte dos países a seguir parte de uma base de comparação baixa onde crescer a altas taxas, claro, é mais fácil. O Sudão do Sul, por exemplo, tem pouco mais de 2 anos de existência e tem sua principal fonte de recursos na exploração e exportação de petróleo.

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economia

[24] EnergiaNacional • Nov/2013

Pré-sal

No fim de setembro, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocom-

bustíveis (ANP) divulgou a rela-ção das 11 empresas que arca-ram com o valor da taxa – pouco mais de R$ 2 milhões – para poderem participar do leilão do Campo de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, que aconteceu 21 de outubro.

Apesar da presença da Pe-trobras, quatro das maiores em-presas do mundo não mostra-ram interesse pelo leilão: Exxon, Chevron, BP e BG. Mesmo que não tenha sido dito publicamen-te, a lista de inscritos frustrou as expectativas da ANP. A quanti-dade – a ANP esperava 40 inscri-ções, como confessou sua dire-tora-geral, Magda Chambriard - e a qualidade deixaram a de-

No primeiro leilão do pré-sal, quatro gigantes ficam de fora do certame. Apenas 11 empresas candidataram-se e um “superconsórcio” foi o vencedor

cadê os concorrentes?

sejar, observada a ausência das quatro grandes.

Entre as presentes estiveram apenas duas gigantes tradicio-nais: a anglo-holandesa Shell e a francesa Total. A espanho-la Repsol se associou à chinesa Sinopec (as duas têm opera-ções conjuntas no Brasil). Parti-ciparam as chinesas CNOOC e China National Petroleum e a in-diana ONGC.

O leilão foi vencido por um superconsórcio liderado por Pe-trobras (10%, mais os 30% obri-gatórios), Shell (20%), Total (20%) e as chinesas CNPC e CNOOC (10% cada). A disputa seguiu parcialmente o roteiro espe-rado, e apenas um consórcio vencedor apresentou proposta e obteve o direito de explorar por 35 anos o campo gigante de Libra, no pré-sal da bacia de

Campos, que consumirá R$ 400 bilhões em investimentos nesse período.

Não houve ágio em rela-ção à oferta mínima de 41,65% de retorno para o governo do petróleo produzido. No leilão sob o regime de partilha, vence quem ofereceu o maior retorno

cadê os concorrentes?

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EnergiaNacional • Nov/2013 [25]

em petróleo para o governo, além de pagar um bônus de R$ 15 bilhões (recursos que serão usados para chegar à meta de superávit primário, a economia para o pagamento de juros da dívida, deste ano) e se compro-meter a um conteúdo local míni-mo de bens e serviços.

INcerTezAsPara o presidente do Institu-

to Brasileiro do Petróleo (IBP), João Carlos França de Luca, um conjunto de fatores levou à de-sistência das quatro grandes. “O que me surpreendeu foi a Exxon não participar. Mas cada empre-sa tem sua estratégia. Libra é

muito grande, exige investimen-tos elevadíssimos, com alto risco e muitas incertezas regulatórias do modelo de partilha. Restam dúvidas”, opinou.

Desde a descoberta do pré-sal, em 2007, o governo teve uma longa discussão sobre o marco regulatório a ser adota-

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economia

[26] EnergiaNacional • Nov/2013

Cadê os concorrentes?

leIlão gerA

ProTesTos

Cerca de 15 dias após o anúncio das onze em-presas interessadas em explorar Libra, deputados, senadores e ativistas de movimentos sociais e am-bientais organizaram, na Câmara dos Deputados, um seminário e um ato público.

Para o deputado Chico Alencar (Psol-RJ), trata-se de uma área de energia de alto interesse estratégico para o Brasil, e a ANP deveria negociar um contra-to de partilha com a Petrobras. “É uma entrega in-devida, não se justifica dos pontos de vista técnico, econômico ou da soberania nacional”, disse Alencar sobre o leilão.

Magda Chambriard, por sua vez, defendeu o lei-lão e o modelo de exploração adotado pelo gover-no. Segundo ela, o início estimado da produção é de cinco anos após a assinatura do contrato. E cada pla-taforma de exploração deve ser instalada com capa-cidade de 150 mil barris por dia. “Façam as contas. É um projeto estruturante para o País”, declarou.

Um outro problema apontado pelo líder do PR, deputado Anthony Garotinho (RJ), é a espionagem das comunicações da qual o Brasil foi vítima recen-temente. Para ele, isso poderia colocar em risco o equilíbrio da disputa entre as nove empresas ou gru-pos que apresentaram as garantias para disputar a exploração do campo de Libra. Garotinho propôs, em vão, o adiamento do leilão.

do e só retomou os leilões este ano — em 2008 chegou-se a fazer uma licitação, mas os blocos do pré-sal foram excluídos. Enquanto o Brasil debatia que rumo tomar, outras áreas foram desenvolvidas ao redor do mundo. As empresas comprometeram seus recursos e, agora, não dispuseram de tempo ou dinheiro para rever suas estratégias.

A Petrobras, além da participação obrigatória por lei de 30% no consórcio vencedor e de lide-rar os rumos da exploração e produção do campo, ficou com uma fatia adicional de 10%. Para espe-cialistas, a oferta veio na pior hora para a empresa, que está endividada e com fraca geração de caixa diante do represamento, por parte do governo, do reajuste da gasolina.

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“O que me surpreendeu foi a Exxon não participar. Mas cada empresa tem sua estratégia. Libra é muito grande, exige investimentos elevadíssimos, com alto risco e muitas incertezas regulatórias do modelo de partilha. Restam dúvidas”

João Carlos França de Luca,presidente do Instituto Brasileiro do

Petróleo (IBP)

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Magda Chambriard

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EnergiaNacional • Nov/2013 [27]

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sAIBA MAIs

O poço de Libra situa-se a 183 km da costa do Rio de Ja-neiro, mais próximo que Tupi – campo do pré-sal já em explo-ração  –, que está a 300 km do litoral. A menor distância pode facilitar a exploração, mas a perfuração é muito profunda e há fronteiras tecnológicas a se-rem superadas. Até o momen-to, a profundidade atingida no poço em Libra é de 5.410 me-

tros, com 22 metros perfurados no pré-sal. A perfuração ainda deve alcançar 6.500 metros de profundidade.

O volume in situ esperado para a área de Libra é de 26 a 42 bilhões de barris de petróleo, podendo chegar a um volume recuperável de petróleo de 8 a 12 bilhões de barris. Supondo-se que Libra vá produzir 10 bilhões de barris, a um valor de US$ 100

por barril e uma taxa de câmbio de R$ 2,3 por dólar, Libra poderá gerar uma receita bruta de R$ 2,3 trilhões ao longo de aproxima-damente 35 anos. Admitindo-se um custo de produção de R$ 300 bilhões e royalties de R$ 345 bi-lhões, tem-se um excedente em óleo de aproximadamente R$ 1,6 trilhão para ser repartido entre a União e o contratado sob o regi-me de partilha de produção.

Fonte: Petrobrás

Campos de exploração do Pré-sal

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economia

[28] EnergiaNacional • Nov/2013

Pesca

A aquicultura ga-nhou um grande impulso  no Brasil, especialmente,   a

partir deste ano.   Ao tornar-se uma das prioridades do gover-no federal, as políticas públicas de desenvolvimento susten-tável da atividade aquícola no país ganharam celeridade e re-sultaram em importantes avan-ços ao longo de 2013.

Um deles foi a ampliação do acesso de aquicultores a águas sob domínio da União. Exemplo disso é que, de ju-nho até o último dia 10 de ou-tubro, o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) destinou cer-ca de 900 hectares de áreas para o aumento da produção aquícola em mais 210 mil tone-ladas de pescado por ano, en-tre peixes, ostras e mexilhões.

As áreas estão localiza-das em reservatórios de usi-nas hidrelétricas e ambien-tes marinhos em  13 estados: Mato Grosso, Santa Catarina, Alagoas, Rio Grande do Nor-

Aquicultura brasileira ganha impulso e já colhe grandes resultados

Page 29: Revista Energia Nacional - Edição 03

EnergiaNacional • Nov/2013 [29]

te, Minas Gerais, São Paulo, Tocantins, Pernambuco, Goiás, Mato Grosso do Sul, Bahia, Paraná e Rio de Janeiro.

“Facilitar o acesso dos aqui-cultores a águas da União é uma prioridade do governo fe-deral”, afirma a secretária de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura do MPA, Maria Fernanda Nince. “Estas licita-ções movimentam a economia dos estados, aumentam o nú-mero de empregos, geram ren-da, melhoram a qualidade de vida dos produtores e ampliam a quantidade e a qualidade de pescado à população”, com-pleta a secretária.

Outro importante avanço para a aquicultura brasileira foi a aprovação - no início de se-tembro e com total empenho da Sepoa/MPA - de nova re-solução do  Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). A partir das novas diretrizes na-cionais do Conama - que alte-ram a Resolução 413/2009  -,  o licenciamento ambiental para empreendimentos aquícolas torna-se mais simplificado e ágil (sem perder a eficácia).

“Vai ser muito mais fácil conseguirmos implementar empreedimentos aquícolas e aumentar a produção em dez vezes. Esperamos que o li-cenciamento de parques, que antes demoravam de  cinco a seis anos, sejam agora viabi-lizados em até três meses”, destaca o ministro da Pesca e Aquicultura, Marcelo Crivella.

De acordo com a resolu-ção aprovada, a licença am-biental  para parques aquícolas que se situarem em reservató-rios artificiais passa a ser única e por meio de procedimento simplificado.

Atualmente, o licenciamen-to para a aquicultura em águas de domínio da União é realiza-do pelos órgãos estaduais com critérios e procedimentos dife-renciados. Eles são definidos por legislação local, o que pode acarretar tratamento desigual a empreendedores aquícolas de uma mesma atividade e a con-

sequente dificuldade de regula-rização da atividade.

“Todos os órgãos ambien-tais estaduais deverão atender a esta nova resolução do Cona-ma, alicerçada no seguinte tripé: preservação da biodiversidade, proteção sanitária para as espé-cies cultivadas e maior celerida-de no processo de licenciamen-to”,  observa a secretária Maria Fernanda Nince.

INvesTIMeNTo FINANceIro

Para fomentar a ativida-de aquícola no país, o gover-no federal conta com recur-sos do Plano Safra da Pesca e Aquicultura da ordem de R$ 4,1 bilhões. Com este investimento, a expectativa do Ministério da Pesca e Aquicultura é que a pro-dução nacional de pescado atin-ja dois milhões de toneladas até o próximo ano. 

Os recursos do Plano Safra  são acessados por meio da apresentação de projetos junto a bancos públicos, que oferecem juros abaixo da infla-ção e das taxas praticadas pelo mercado, com três anos de ca-rência e dez anos para a quita-ção do empréstimo. 

APoIo TécNIcoAlém do investimento finan-

ceiro, o Plano Safra da Pesca e Aquicultura oferece apoio com-plementar aos aquicultores, como assistência técnica, mo-dernização das atividades de comercialização do pescado e

“Facilitar o acesso dos aquicultores a águas da União é uma prioridade do governo federal”.

Maria Fernanda Nince,secretária de Planejamento

e Ordenamento da Aquicultura do MPA

Page 30: Revista Energia Nacional - Edição 03

economia

[30] EnergiaNacional • Nov/2013

Aquicultura brasileira ganha impulso e já colhe grandes resultados

desenvolvimento da pesquisa e da inovação, além da compra do pescado por meio do Pro-grama de Aquisição de Alimen-tos (PAA). 

O MPA também desenvolve parcerias - com entidades de re-nome, como o Sebrae e o Senar - para oferecer capacitação a aquicultores de todo o país.

rUMos ProMIssoresRecente estudo do Instituto

Earth Policy mostra que, pela primeira vez no mundo, a produ-ção de peixes e frutos do mar ul-trapassou a de carne bovina. Se-gundo o estudo, em 2012 foram 66,5 milhões de toneladas de frutos do mar contra 63 milhões de toneladas de carne vermelha.

No Brasil, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), entre 2000 e 2009, o consumo de peixe per capita aumentou cerca de 30% no Brasil, enquanto o de carne bovina cresceu 10%.

A aquicultura (cultivo de pescado de água doce e sal-gada) é, atualmente, um dos segmentos da produção ani-mal que mais cresce no mundo, segundo a FAO. No Brasil, ela já responde por quase metade (40%) de toda a produção de pescado: 1,3 milhão de tonela-das por ano.

A atividade gera um PIB pesqueiro nacional de R$ 5 bi-

lhões, mobiliza 800 mil profis-sionais e proporciona 3,5 mi-lhões de empregos diretos e indiretos.

A meta do Ministério da Pesca e Aquicultura é incenti-var a produção nacional para que, em 2030, o Brasil alcance a expectativa da FAO: se torne um dos maiores produtores do mundo, com 20 milhões de to-neladas de pescado por ano.

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Page 31: Revista Energia Nacional - Edição 03

EnergiaNacional • Nov/2013 [31]

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Page 32: Revista Energia Nacional - Edição 03

Artigo

[32] EnergiaNacional • Nov/2013

Eduardo Moreth Loquez

eduardo Moreth loquez é Advogado

especialista em Direito

Empresarial e Minerário

Mineração nos Municípios: uma fonte de solução ou de problemas?

o Brasil é um país rico em recursos minerais que constituíram rele-

vante fonte de nossa economia desde a época colonial. Ainda hoje essas riquezas têm expres-siva participação na produção nacional, seja economia inter-na, ou na inserção do País no mercado internacional. Essas riquezas são integradas pela produção de ouro, minério de ferro, cobre, bauxita, fosfato, cimento, nióbio, níquel, água mineral e tantos outros cita-dos nas publicações periódicas do Departamento Nacional de Produção Mineral.

Além de grande geradora de riqueza a atividade mineral também implica esgotamento de recursos naturais das regi-ões onde praticada, além alte-rar significativamente o modo de vida das pequenas cidades onde instalada.

A atividade mineral causa impactos de toda ordem como poeira, ruídos, trepidações, su-perpopulação, exigência de mais infraestrutura e serviços públicos de toda natureza. Tudo isso requer investimentos locais muitas vezes superiores à capa-cidade do orçamento municipal.

Por este motivo que foi ins-tituída a Compensação Finan-ceira pela Exploração de Recur-sos Minerais – CFEM, da qual a maior fatia, 65%, se destina aos municípios onde é feita a exploração mineral que origina seu recolhimento, cabendo aos estados 23% e à União 12%.

Embora grandemente be-neficiados pela destinação da CFEM, os municípios onde as riquezas minerais são explora-das não detêm controle do pro-cesso de exploração nem da correção nos valores dos reco-lhimentos da CFEM, onde a fis-calização é de responsabilidade do Departamento Nacional de Recursos Minerais.

Nesse processo, o Municí-pio é um mero recebedor de repasses sem conhecimento da retidão ou não da conduta das empresas mineradoras, seja quanto ao preço de operações sobre o qual incide a CFEM, seja em relação aos abatimen-tos legais admitidos sobre esse mesmo preço que excluem va-lores da base de cálculo.

Além disso, é amplamente conhecida a insuficiência dos recursos operacionais do De-partamento Nacional de Produ-

Page 33: Revista Energia Nacional - Edição 03

EnergiaNacional • Nov/2013 [33]

ção Mineral para dar conta de seu encargo de conceder auto-rização para pesquisa e extra-ção de recursos minerais e fis-calizar o recolhimento da CFEM em todo o território nacional.

Atualmente, os percentuais de incidência da CFEM sobre a atividade da mineração são de-finidos pelo Decreto nº 1, de 11 de janeiro de 1991, nas seguin-tes bases:

I. minério de alumínio, manganês, sal-gema e potássio: 3% (três por cento)

II. ferro, fertilizante, carvão e demais substâncias minerais: 2% (dois por cento)

III. pedras preciosas, pe-dras coradas lapidáveis, carbonados e metais no-bres: 0,2% (dois décimos por cento)

IV. ouro: 1%

Grande tem sido o deba-te sobre a pertinência dessas bases de recolhimento, encon-trando-se já em tramitação no Congresso Nacional o Projeto de Lei nº 5807/2013, que trata de sua revisão com objetivo de ampliar a participação governa-mental e por via de consequên-cia das comunidades envolvi-das com atividade minerária no produto da exploração destas riquezas.

Esse mesmo projeto não descuidou do importante papel desempenhado pelo DNPM na produção mineral e prevê sua

transformação em Agência Na-cional de Mineração, autarquia especial vinculada ao Ministério de Minas e Energia.

Além disso, o projeto prevê a possibilidade de delegação de competência de autorizar e fiscalizar os entes federados envolvidos o que, sem dúvida contribuirá para envolver os maiores interessados e, por que não dizer necessitados dos re-cursos, no processo de arreca-dação da CFEM.

Porém, pelo curso até ago-ra seguido pelo projeto de lei, nada faz crer que seu desfecho esteja próximo, devendo a atual situação de desconforto e inca-pacidade de ação dos estados e municípios continuar por muito

tempo, principalmente se tiver em conta que o próximo ano é de eleições para Presidente de República e Governadores.

Portanto, para resguardar os direitos dos municípios onde se desenvolvem ativida-des de mineração os Prefeitos devem procurar meios de atu-ação eficientes, com a equipe interna da prefeitura ou através de consultorias terceirizadas especializadas em Direito Mi-nerário. A importância de estar atento à isso é para fiscalização dos valores dos repasses da CFEM, muitas vezes recolhi-dos e não repassados e, assim, perdidos importantes recursos para execução de políticas pú-blicas.

A atividade mineral causa impactos de toda ordem como poeira, ruídos, trepidações, superpopulação, exigência de mais infraestrutura e serviços públicos de toda natureza. Tudo isso requer investimentos locais muitas vezes superiores à capacidade do orçamento municipal.

Vale

Page 34: Revista Energia Nacional - Edição 03

capa

[34] EnergiaNacional • Nov/2013

Itaipu

A gigante que orgulha o Brasil

Itaipu tem quase oito quilômetros de extensão e uma área alagada que soma quase 1,5 mil metros. Tamanha estrutura é capaz de produzir 14 mil MegaWatts, energia que move boa parte do País

Page 35: Revista Energia Nacional - Edição 03

EnergiaNacional • Nov/2013 [35]

A Usina Hidrelétrica Itaipu Binacional, gerida por Brasil e Paraguai, é dona

de um dos projetos de enge-nharia mais complexos e ousa-dos do mundo. Para construí--la, o trajeto do Rio Paraná – o

segundo maior da América do Sul e o sétimo do mundo – foi bloqueado, envolvendo o tra-balho de 40 mil operários sob temperaturas escaldantes e as ameaças constantes de gran-des inundações. Tudo para ver a gigante funcionando.

Não haveria outro adjetivo para descrever a usina. Sua pro-dução é de 90 mil GigaWatts por ano, o suficiente para abas-tecer com energia elétrica uma cidade do tamanho de Londres por três anos ininterruptos. A altura da barragem de Itaipu equivale a um prédio de 65 an-dares, que consumiu boa parte dos US$ 20 bilhões injetados em sua construção ao longo dos nove anos que as obras du-raram. O peso da barragem é de impressionantes 61 milhões de toneladas.

Sua estrutura conta com 18 tubos gigantes para direcio-nar a água às turbinas, cada uma com 800 toneladas e altu-ra equivalente à de prédios de 30 andares. As linhas de trans-missão que partem de Itaipu são longas o bastantes para dar duas voltas completas ao redor do planeta Terra, com uma energia capaz de acender simultaneamente 120 milhões de lâmpadas.

O diretor brasileiro da usi-na, Jorge Samek, revela que a receita para gerir a gigante tem como base o planejamen-to. “Administrá-la exige um modelo de gestão diferencia-do, atento ao contexto político

e social, sensível às demandas democráticas das sociedades brasileira e paraguaia, empe-nhado em alcançar e manter padrões de excelência na pro-dução de energia e compro-metido com a recuperação e conservação ambiental em a toda área de influência do seu reservatório”, resume.

PArAgUAI TAMBéM gANhA

No início de outubro, co-meçou a ser energizada a li-nha de transmissão em 500 kV entre a usina de Itaipu, em Hernandárias, no Paraguai, e a subestação de Villa Hayes, vizi-nha à capital Assunção. Esta é a última etapa de testes de con-fiabilidade, e a linha de trans-missão deve entrar em opera-ção definitiva em 30 dias.

De acordo com a assesso-ria da Usina de Itaipu, o siste-ma de 500 kV, inclui 348 km de linhas de transmissão e 759 torres para levar a energia ge-rada na usina até a capital do Paraguai. Com o novo sistema, a capacidade do país vizinho de aproveitamento será aumenta-da em 1,2 mil megawatts (MW), o equivalente à demanda de energia somada dos estados do Amazonas, Rondônia, Rorai-ma e Tocantins.

O uso da energia será feita gradativamente. Dos 1,2 MW, por exemplo, o Paraguai deve-rá usar inicialmente entre 250 e 300 MW. A demanda atual do mercado paraguaio de energia

Div

ulg

ação

Foto aérea de Itaipu

Page 36: Revista Energia Nacional - Edição 03

capa

[36] EnergiaNacional • Nov/2013

A gigante que orgulha o Brasil

elétrica, em horário de pico, gira em torno de 2,5 mil MW.

A entrada em operação des-te sistema representará um sal-to para a economia do Paraguai, essencialmente agrícola. Com mais energia assegurada, o país espera atrair grandes investi-mentos na indústria, em espe-cial de investidores brasileiros. A segurança energética tem sido uma das bandeiras dos úl-timos presidentes paraguaios como Fernando Lugo – em cujo governo se acordou a constru-ção da nova linha – e Federico Franco. O próximo passo será a reestruturação do sistema de distribuição de energia.

recoNhecIMeNTo PolíTIco-socIAl

No início de outubro, a Câ-mara de Vereadores de Foz do Iguaçu-PR entregou uma moção de aplauso em homenagem aos 10 anos do Parque Tecnológico

Itaipu (PTI). A honraria, propos-ta pelo vereador Nilton Bobato, foi entregue pelo presidente do Legislativo municipal, José Carlos Neves da Silva, ao dire-tor Jorge Samek.

Nilton Bobato justificou a homenagem dizendo que o PTI ajudou a transformar a cidade

em polo da educação e do co-nhecimento. “Uma das atribui-ções da Câmara é reconhecer boas ações e bons projetos. E poucas vezes a Câmara fez uma homenagem tão necessária como essa ao PTI”, afirmou.

Segundo Bobato, “desde 2003 Itaipu passou a cumprir novas funções sociais (além da produção de energia) e talvez o alicerce desse processo seja a implantação do PTI”.

PArcerIAEmpreendimentos gigantes

devem associar-se a projetos arrojados, de magnitude seme-lhante. Dona de um invejável parque tecnológico, Itaipu fir-mou uma parceria em outubro com a Renault para fabricação de carros elétricos no Centro de Pesquisa de Desenvolvi-mento e Montagem de Veículos Elétricos de Itaipu, em Foz do Iguaçu-PR.

Nesse sentido, a usina e a montadora pretendem desen-volver carros elétricos para o mercado brasileiro. O acordo de cooperação tecnológica prevê a montagem de 32 Twizy, minicar-ro de uso estritamente urbano.

O chefe da assessoria de mobilidade elétrica sustentá-vel de Itaipu, engenheiro Celso Novais, afirma que o acordo prevê estudos de nacionaliza-ção de componentes e a identi-ficação de futuros fornecedores no Brasil e no Paraguai.

“Queremos aproveitar o grande know how da Renault

Jorge Samek fala no anúncio do acordo do carro elétrico

A vista do mirante central da usina impressiona turistas

JIE

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ação

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EnergiaNacional • Nov/2013 [37]

em veículos elétricos para aju-dar a desenvolver um braço im-portante da cadeia produtiva, que é o segmento de subforne-cedores de peças”, diz Novais.

Segundo ele, a escolha do Renault Twizy se deve ao fato de a montagem desse mode-lo ser menos complexa. “É um carro que agrega muita tecno-logia e inovação, um autêntico city car, feito para duas pessoas. Assim, teremos menos dificul-dade para a absorção da tecno-logia”, afirma.

DADos e cUrIosIDADes soBre ITAIPU

FUNcIoNAMeNToA usina recebe água do rio Paraná, que tem seu

nascedouro na cota 40, dentro da área privada. Esta água, então, desce por um túnel de 118m de queda livre, passando em seguida por uma turbina ligada por um cabo a um gerador elétrico. Este, por sua vez, transforma a energia de movimento ou cinética em elétrica, pronta para o uso.

ProDUçãoO recorde de Itaipu foi de 94 milhões de Mega-

Watts por hora, atingido em 2008. O recorde ante-rior foi em 2000, quando Itaipu gerou 93 milhões de MegaWatts por hora. A usina produz em média 90 milhões de megawatts-hora a cada ano. Com o aumento da capacidade e em condições favoráveis do rio Paraná, a geração poderá chegar a 100 mi-lhões de MegaWatts por hora. Itaipu supre a de-manda energética de 24 milhões de pessoas no Rio de Janeiro e em São Paulo.

esTrUTUrAA quantidade de concreto utilizada na cons-

trução de Itaipu daria para construir 210 estádios

de futebol do tamanho do Maracanã. O volume de concreto, 12,57 milhões de metros cúbicos é 15 vezes maior do que o usado na construção do Eurotúnel (o maior da Europa). Já o ferro e aço utilizados permitiriam a construção de 380 Torres Eiffel. O Brasil teria que queimar 434 mil barris de petróleo por dia para gerar em usinas termelétri-cas a potência de Itaipu. O volume de escavações de terra e rocha em Itaipu é 8,5 vezes superior ao do Eurotúnel. A barragem principal tem 196 me-tros de altura, o que é equivalente a um prédio de 65 andares.

recoNhecIMeNToItaipu faz parte da lista das “Sete maravilhas

do mundo moderno”, realizada pela Associação Norte-Americana de Engenheiros Civis (ASCE). Além dela, fazem parte da lista a ponte Golden Gate (EUA); o canal do Panamá, que liga o oceano Atlântico ao Pacífico; o Eurotúnel, que liga a França à Inglaterra; os Projetos do Mar do Norte para o controle das águas (Holanda); o prédio Empire States (EUA) e a torre da Canadian National (CN Tower) no Canadá.

A estrutura de Itaipu faz os ônibus da imagem parecerem minúsculos

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ação

Page 38: Revista Energia Nacional - Edição 03

Nome matériasustentabilidade

[38] EnergiaNacional • Nov/2013[38] EnergiaNacional • Nov/2013

Parceiros

Um cenário promissor de novos negócios e muito otimismo marcaram a progra-

mação da EXPOSIBRAM 2013 e do 15º Congresso Brasileiro de Mineração, realizados de 23 a 26 de setembro, pelo Instituto Bra-sileiro de Mineração (IBRAM), no Expominas, em Belo Horizonte.

Considerado o evento mais relevante da América La-tina na área de mineração, a EXPOSIBRAM contou com 420 expositores em 545 estandes, utilizando o espaço de 16 mil m2 do Expominas. Mais de 50 mil pessoas circularam pela fei-ra, que movimentou negócios da ordem de R$ 500 milhões. Cerca de 300 toneladas de equipamen-tos de grande porte estiveram em exposição durante os quatro dias de evento, vindos de países

como Austrália, Alemanha, Brasil, China, Chile e Estados Unidos.

Já a 15ª edição do Congresso contou com aproximadamente 1300 congressistas e mais de 70 palestrantes de 25 países, em de-bates de alto nível, que giraram em torno do tema “Mineração: Investindo em sustentabilidade e desenvolvimento”. Dirigentes e representantes de algumas das mineradoras mais importantes do mundo deram sua contribuição, fazendo análises positivas a res-peito do setor, um dos principais motores da economia global.

Um exemplo foi o presidente da Vale, Murilo Ferreira. Em sua palestra durante o 15º Congres-so Brasileiro de Mineração sobre “As perspectivas da mineração no Brasil”, o executivo ressaltou que são esperados 1 bilhão de novos consumidores nos próxi-

mos 15 anos, o que demanda-rá grande volume de minérios do Brasil. Ele citou como países demandantes especialmente a China, a índia e os demais países com alta densidade populacio-nal. “A urbanização das econo-mias emergentes e o consequen-te crescimento das cidades se constituirá em uma das alavancas da expansão econômica global nos próximos 15 a 20 anos”.

Também da Vale, o diretor executivo de Fertilizantes e Car-vão, Roger Downey, avaliou que a demanda por fertilizantes sal-tou de 3,1 milhões de toneladas em 1990 para 12,2 milhões de toneladas em 2012. A indústria de fertilizantes ainda tem uma dependência do potássio impor-tado de 93%. “O Brasil experi-menta situação única para se tor-nar a maior potência agrícola do mundo. Há terra arável, clima e água disponíveis. As operações de fosfato da Vale, no Peru e no Canadá, vão produzir o mineral

Exposibram

Novos negócios e clima de otimismo marcam o evento

exPosIBrAM 2013

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EnergiaNacional • Nov/2013 [39]

importado com bandeira verde--amarela para abastecer o mer-cado brasileiro. Temos, também, o desafio de otimizar a logística do produto, para chegar ao con-sumidor final”, destacou.

MAIs INvesTIMeNTosO consagrado evento da

área de mineração teve diversas tônicas como o Novo Marco Re-gulatório, além de projeto anun-ciado pelo Grupo Gerdau de au-mento da produção de minério de ferro. “Recém terminamos o projeto de expansão de capaci-dade de extração para 11,5 mi-lhões de toneladas. A meta ago-ra é chegar a 18 milhões em 2016 e, em 2020, 24 milhões de tone-ladas/ano”, disse André Gerdau, presidente da siderúrgica.

Em coletiva à imprensa, Gerdau citou a alta do dólar como um dos fatores que pode alavan-car as exportações. “Para sermos mais competitivos precisamos do dólar acima de R$ 2,30. A moeda mais forte acaba trazendo uma competitividade para toda a ca-deia industrial, para a Gerdau e seus clientes. Isso também ajuda a estancar esse processo de de-sindustrialização que já está le-vando a participação da indústria da transformação a 13% do PIB, sendo que já foi mais de 30% no passado”, contextualizou.

Novo MArcoO Ministro de Minas e Ener-

gia, Edison Lobão, também marcou presença no Congresso e falou sobre a polêmica envol-

vendo o Novo Marco Regulató-rio da Mineração, que foi retira-do do regime de urgência para votação no Congresso Nacional por solicitação de deputados e senadores. Lobão garantiu que o marco regulatório deve ser aprovado ainda em outubro, até o dia 20, mesmo fora do regime de urgência.

“Não violamos a lei e as re-gras existentes. Tudo que foi feito dentro da lei será mantido”, res-pondeu o Ministro, a respeito dos contratos vigentes desde autori-zação de pesquisa até a lavra final. Lobão disse ainda que o governo tem por objetivo estabelecer uma “política mineral de longo prazo, que assegure sustentabilidade ao setor, em um ambiente de esta-bilidade legal e regulatória” que permita a atração de investimen-tos à mineração.

O Ministro representou a Presidente da República, Dilma Rousseff, na solenidade de aber-tura do evento e enalteceu a im-portância do setor mineral para o Brasil. “Nas últimas décadas, o setor tem anunciado investimen-tos recordes no País; em 2012, o valor da produção mineral foi de US$ 51 bilhões e o setor mine-ral ainda é responsável por 24% das exportações brasileiras e por 4% do Produto Interno Bruto (PIB)”, disse, acrescentando que “o mundo é muito dependente da mineração” e que é preci-so assegurar sustentabilidade à indústria da mineração porque se deve levar em conta desde agora o atendimento às deman-

das por minérios tanto da atual quanto das futuras gerações.

O Presidente da Comissão Especial da Câmara dos Depu-tados que analisa o projeto do Poder Executivo que institui um novo Código Mineral, deputa-do federal Gabriel Guimarães (PT-MG), assegurou que “ne-nhuma decisão da Comissão prejudicará os direitos adquiri-dos e todos os contratos serão respeitados. Temos consciência da importância do setor mine-ral que enfrenta muitos desafios, como a incerteza do resultado da pesquisa mineral, de investir sem saber se terá retorno”.

Para o Diretor-Presidente do IBRAM, José Fernando Coura, o setor empresarial tem “confian-ça de que todos os interessados no novo Código Mineral – em-presários, trabalhadores, muni-cípios, estados, ambientalistas, entre outros – serão ouvidos nesse período de discussão da matéria pelo Congresso Nacio-nal, de modo a assegurar o res-peito aos contratos vigentes, a segurança jurídica e a atrativida-de para investimentos”.

Diretor-Presidente do IBRAM, José Fernando Coura

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sustentabilidade

[40] EnergiaNacional • Nov/2013

Jirau

Uma construção a cargo do consórcio Energia Sustentável do Brasil, formado

pelas empresas Suez Energy (60%), Eletrosul (20%) e Chesf (20%). Juntamente com a Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, ela compõe o Complexo do Rio Madeira.Trata-se de Jirau, a maior produtora de energia re-novável registrada no Mecanis-mo de Desenvolvimento Limpo das Nações Unidas.

Tendo a água do Rio Madeira como fonte propulsora, Jirau terá capacidade de geração máxima de 3,75 mil MegaWatts (MW) em 2015, quando a im-plantação de suas 50 turbinas

Prazer, hidrelétrica JirauAgência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) autorizou e no dia 6 de setembro teve início a operação comercial da Usina Hidrelétrica de Jirau, em Rondônia

Jirau será a quarta maior usina do Brasil

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EnergiaNacional • Nov/2013 [41]

estiver concluída. Cada turbina produzirá 75 MW.

O montante de energia gerado pela primeira máqui-na será direcionado ao eixo Acre-Rondônia. Quando a linha de transmissão do Madeira es-tiver pronta para operar comer-cialmente, a energia produzi-da pela usina já concluída terá potência suficiente para abas-tecer mais de 10 milhões de residências.

Com os números, Jirau será a quarta maior hidrelétrica do país em capacidade total de geração, ficando atrás da bi-nacional Itaipu, que tem 14 mil MW de capacidade, Belo Monte, que ainda está em cons-trução e terá capacidade insta-lada de 11.233 MW, e da usina de Tucuruí, no Pará, que possui capacidade de 8.535 MW. Mun-dialmente, será a 14ª usina.

José Lúcio de Arruda Gomes, diretor institucional da hidrelé-trica, conta que a maior meta da construção da usina foi atin-gida. “Conseguimos desviar o Rio Madeira pelo verdedouro e com isso recuperamos meses de obra. Isso nos proporcionou começar as atividades no início de setembro. Esperamos cum-prir o ritmo de duas turbinas en-trando em funcionamento por mês”, enfatiza.

De cIDADe MéDIA A grANDe

Há estimativa que a constru-ção da usina injete na econo-mia de Rondônia 42 bilhões de reais em seis anos, contribuin-do para elevar – em conjunto com a Usina de Santo Antônio – Porto Velho de cidade média a cidade grande. Em 2008, já se observaram efeitos positivos no

comércio, na rede hoteleira, no emplacamento de veículos e no setor imobiliário.

Para José Lúcio, todas as exi-gências legais para não agres-são ao meio ambiente são cum-pridas nas usinas brasileiras. Em termos de royalties, Jirau trará um salto de receita à ca-pital. “Só com o dinheiro dos royalties, excluindo as compen-sações sociais, teremos R$ 31 milhões para a prefeitura de Porto Velho-RO. Ao total, serão R$ 77 milhões por ano, contan-do royalties, ISS, ICMS”, elucida.

O diretor acredita ainda que, se a verba for corretamente apli-cada no município, Porto Velho--RO tem tudo para ser uma das cidades com maior qualidade de vida no Brasil. “Educação, saúde, transportes, todos os setores po-dem ser beneficiados. É desen-volvimento certo”, prega.

o coNsÓrcIo resPoNsável

A Energia Sustentável do Brasil S.A. foi criada especialmente para investir na Usina Hidrelétrica de Jirau (UHE Jirau), empreendimento que integra o Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira.

É responsável pela construção, manutenção, operação e venda da energia a ser gerada pela usina de Jirau. A empresa venceu o leilão de con-cessão organizado pela Aneel em 19 de maio de 2008, ao oferecer a melhor proposta para os 70% da energia a ser produzida pela usina para os consu-midores cativos atendidos pelas distribuidoras de energia, a partir de janeiro de 2013.

O consórcio garante que a usina está sendo construída com base em princípios de sustentabili-

dade socioambiental, aplicando as melhores práti-cas de implantação de grandes projetos no relacio-namento transparente com as comunidades e no cuidado com o meio ambiente. O projeto apresen-tado pela Energia Sustentável do Brasil permitiu a redução global dos custos da obra em R$ 1 bilhão, que será repassado para o consumidor na forma de energia mais barata.

O contrato de concessão, com duração previs-ta de 35 anos, também promete fornecer energia limpa e barata, suficiente para assegurar o cres-cimento industrial, o desenvolvimento regional e nacional e atender à demanda do mercado pelos próximos anos.

Page 42: Revista Energia Nacional - Edição 03

sustentabilidade

[42] EnergiaNacional • Nov/2013

Mineração

Ao longo da história da mineração brasi-leira, o país passou por várias fases ex-

ploratórias distintas. Em comum a todas, o fato de terem sido ditadas pelo mercado mundial e suas expectativas. A evolução foi drástica. Mudaram as com-modities, a metodologia, a tec-nologia, os enfoques, a estraté-gia e a eficiência.

Na década de 1970, a tecno-logia começou a aliar-se defini-tivamente aos métodos explo-ratórios. Era o primeiro boom da mineração, que teve sua re-petição em 2004. Este, por sua vez, parece ser mais sólido que o anterior.

Um novo momento, então, se consolida na história da ex-ploração mineral no Brasil. E este marco responde pelo

o oásis do minério brasileiroAmazonas desponta como mais nova área promissora para a exploração mineral no País. Extração, no entanto, deve ser cuidadosa e avaliada de perto pelos órgãos ambientais

nome de Amazonas, o maior estado brasileiro e dono das maiores reservas brasileiras co-nhecidas dos minérios silvinita, caulim e nióbio.

Entretanto, a extração de minério na Amazônia se dá em níveis altíssimos. Para debater o tema, a Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consu-midor e Fiscalização e Controle (CMA) do Senado debateu, em setembro, a exploração de mi-nérios na região por iniciativa da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).

A sessão teve a presença do diretor de Geologia e Recur-sos Minerais da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais e Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Roberto Ventura Santos; o secretário de Mineração, Geo-diversidade e Recursos Hídricos

Page 43: Revista Energia Nacional - Edição 03

EnergiaNacional • Nov/2013 [43]

DéFIcIT NA BAlANçAUm dos temas debatidos na

audiência foi a exploração co-mercial da silvinita, de onde se extrai o potássio, um dos três elementos fundamentais para corrigir o solo, ao lado do fósfo-ro e do nitrogênio.

Na ocasião, a senadora sau-dou o lançamento da Frente Parlamentar da Autossuficiên-cia em Potássio, ocorrida exata-mente na audiência pública da CMA. A parlamentar informou que o Brasil é o 3º maior consu-midor mundial de potássio, atrás

do estado do Amazonas, Daniel Borges Nava; o deputado esta-dual Sinésio Campos, os pre-feitos de Autazes, Raimundo Sampaio, e de Nova Olinda do Norte, Josias Lopes; Jonatas da Trindade, do Ibama; e o senador Blairo Maggi (PR-MT).

Page 44: Revista Energia Nacional - Edição 03

sustentabilidade

[44] EnergiaNacional • Nov/2013

O oásis do minério brasileiro

APoIo MINIsTerIAl

Blairo Maggi e Vanessa Grazziotin foram ao mi-nistério de Minas e Energia falar com o ministro so-bre a urgência de viabilizar-se a retirada de potássio em reservas existentes naquele estado. De acordo com Maggi, Lobão afirmou que o governo tem in-teresse na exploração. “Não podemos ficar o resto da vida dependentes deles (outros países), temos que produzir internamente”, afirmou o ministro para os senadores.

Maggi ampara seu otimismo em favor dessa ex-ploração em estudos que revelam a disponibilidade de potássio no Amazonas em quantidade suficiente para livrar o Brasil de importações. Ela acrescenta que a localização da jazida no Amazonas é estra-tégica para o transporte do metal via rio Madeira. “Com o volume da jazida de 40 milhões de tonela-das temos capacidade para 100 anos de explora-ção. É suficiente para abastecer o mercado interno e ainda exportar”, disse ele ao voltar do ministério.

Ao falar na CMA, o diretor de geologia e recur-sos minerais da Companhia de Pesquisa de Recur-sos Minerais e Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Roberto Ventura Santos, disse que o Brasil é de-tentor da terceira maior reserva do planeta – “uma área que abrange 14 municípios nos estados do Amazonas e Pará, na confluência dos rios Amazo-nas e Madeira, mas que ainda não foi explorada”.

da China e dos Estados Unidos, mas produz apenas 8% do que consome, o que gera um déficit de US$ 6 bilhões na balança co-mercial. Paradoxalmente, obser-vou, o país detém a maior reser-va de silvinita do planeta.

Vanessa Grazziotin informou que uma jazida de silvinita em operação em Sergipe é estima-da em 500 milhões de tonela-das. “Já uma reserva próxima a Manaus ainda não explorada co-mercialmente tem aproximada-mente 1,1 bilhão de toneladas”, argumentou. A senadora previu que cada tonelada de potássio produzida no Amazonas irá ge-rar uma economia de US$ 178.

A frente, informou a represen-tante amazonense, será coman-dada pelo senador Blairo Maggi que capitaneou a audiência pú-blica como presidente da CMA.

A senadora lembrou que hoje a região tem fontes de energia (ele-tricidade ou gás) para a produção de potássio e aguarda a criação de um polo de fertilizantes.

Senadora Vanessa Grazziotin

Frente Parlamentar da Autossuficiência em Potássio

Page 45: Revista Energia Nacional - Edição 03

Artigo

EnergiaNacional • Nov/2013 [45]

Nelton Miguel Friedrich

Programa Cultivando Água Boa: Ações coletivas de resultados

N a fronteira entre o Brasil e o Paraguai, especificamente no

município de Foz do Iguaçu, está instalada a Usina Hidrelé-trica de Itaipu, a maior gerado-ra de energia do mundo.

Mas a sua missão vai além da produção de eletricidade. A binacional, geograficamente lo-calizada na Bacia do Prata - no rio Paraná -, atua desde junho de 2003, num amplo programa socioambiental: o Cultivando Água Boa (CAB).

São 20 programas desdobra-dos em 65 projetos interconec-tados e estruturados de maneira conjunta e participativa com a sociedade. As ações/programas tratam da qualidade e da quanti-dade das águas e dos solos, mas

principalmente, da qualidade de vida das pessoas. O modelo sis-têmico desenhado retrata novos valores. Valoriza, sobretudo, a vida. Os seres vivos.

O início desse processo parti-cipativo permanente, voltado às mudanças estruturais necessárias para a sustentabilidade, foi total-mente baseado no compromisso da “Ética do Cuidado” e com o futuro sustentável do planeta.

O programa estabelece uma estreita relação entre o desafio da sustentabilidade planetária, com a realidade e a necessária ação local, a partir de uma visão sistêmica, integral e integrada da relação do homem com seu meio, estabelecendo como no-vos modos o de ser/sentir, viver, produzir e consumir.

Nelton Miguel Friedrich é Diretor

de Coordenação e Meio

Ambiente da Itaipu

Binacional

Programa Juventude e Meio Ambiente

Page 46: Revista Energia Nacional - Edição 03

Artigo

[46] EnergiaNacional • Nov/2013

Programa Cultivando Água Boa: Ações coletivas de resultados

O lançamento do Cultivando Água Boa surpreendeu ao nascer fundamentado em conceitos, va-lores, metodologia, documentos planetários e nacionais, e gente. Gente diversa.

Houve a desconstrução do medo do novo, de inovar, de ousar - tanto no nosso universo interno das organizações como na rede de relações externas - para possibilitar o fazer mais e diferente, de pensar e agir jun-tos nas transformações para um futuro sustentável e na ascen-são de novos paradigmas (até porque, diante das questões críticas da nossa época a “repe-tição do mesmo só pode gerar o mesmo”).

Integrando equipes, conhe-cimentos e iniciativas existentes na Itaipu Binacional desde sua construção, agregamos outros quadros e diversas novas ações. Mudamos o modelo de gestão (matricial, integral, integrada, participativa) e com muitos so-nhadores fizemos emergir uma proposta inovadora, unificado-ra, de dinâmica não linear, com abordagem sistêmica, multidi-mensional, inclusiva e com con-tornos e elementos de política pública (atuar menos por deman-da ou emergência e mais por programas estruturantes e inter-conectados). Pautamo-nos na máxima de Paulo Freire, que diz: “Mudar é difícil, mas é possível”.

cAMINhANDo JUNTosAs pessoas foram estimula-

das. Houve e ainda há o desper-

tar para o olhar inovador no cui-dado socioambiental, ao difundir a prática de pensar e fazer juntos; de reflexão/ação. Afastou-se a prática do “prato feito” e cria-mos espaços públicos para dis-cutir, decidir, implementar inicia-tivas, avaliá-las e corrigir rumos. Abriu-se um horizonte de fecun-da participação popular/comuni-tária, de exercício da cidadania, de florescer de atores sociais, de sujeitos coletivos e de parceria.

E como o “caminho se faz ao caminhar” aprendemos mui-

to no andar. A verdade é que constituímos um laboratório a céu aberto. Até porque, diante de novos paradigmas, quando se vive a época de mudança tão profunda todos somos aprendi-zes. E não temos segredo. Com-partilhamos a experiência com quem quer que seja. Falamos de nossos erros e mostramos acer-tos, pois sistematizamos uma boa prática e consolidamos uma tecnologia social.

Os desafios são inúmeros. Fazemos parte de uma aprendi-zagem transformadora.

Temos números. Números expressivos. Resultados interes-santes. Mas, o mais importante: temos pessoas comprometidas com o fazer à diferença.

rePlIcABIlIDADeO programa Cultivando Água

Boa possui grande potencial de replicabilidade nacional e inter-nacional, servindo de exemplo de boa prática aplicável para ou-tros ambientes e diferentes ato-res sociais.

A implementação da gestão por Bacia Hidrográfica, que tem como referência os objetivos do Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) é uma dessas características, onde a base de execução do projeto é a bacia, a sub-bacia e a microbacia, o que contextualiza o indivíduo em um novo território, dando-lhe noção de espaço e a interdependência sistêmica de suas ações, que são representadas pela circulação das águas.

O programa Cultivando Água Boa possui grande potencial de replicabilidade nacional e internacional, servindo de exemplo de boa prática aplicável para outros ambientes e diferentes atores sociais.

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EnergiaNacional • Nov/2013 [47]

Citamos também a meto-dologia das Oficinas do Futuro, que propicia o estabelecimento do Pacto das Águas, que é outra inovação com potencial de repli-cabilidade, conferindo enverga-dura e inspirando iniciativas para além do território da Bacia do Rio Paraná 3.

A aplicação do ciclo PDCA (planejar, executar, verificar/ava-liar e agir/corrigir) em conjunto com o grande papel catalizador da empresa (que vai além de co-locar recursos - é articular, com-partilhar, somar esforços e dividir responsabilidades) identifica e envolve parcerias, constrói alian-ças estratégicas e promove siner-gias de projetos e ações compro-metidos com o desenvolvimento sustentável das respectivas terri-torialidades hídricas.

A Gestão Participativa é um dos pilares do programa. O es-tabelecimento dos Comitês Gestores de programa e ainda, com a institucionalização legal dos Comitês Gestores de Bacias Hidrográficas, onde estão repre-

sentados todos os segmentos da sociedade possibilita a constru-ção coletiva, pois o compromisso com a execução das ações, o en-volvimento, o comprometimento e a efetiva participação possuem relação direta com a atuação do indivíduo nas discussões, nas de-cisões e nas práticas.

Assim, as competências re-gionais participam ativamente no desenvolvimento e execu-ção das ações, inclusive com o compartilhamento dos custos com os parceiros locais, obten-do o aporte de recursos finan-ceiros ou de bens economica-mente mensuráveis.

O monitoramento e avaliação dos processos e resultados ocor-rem também de forma coletiva.

O programa atua em coo-peração com o Comitê Intergo-vernamental Coordenador dos Países da Bacia do Prata, com a Unesco, com a Universidade de Pisa (Itália), Centro Internacional de Hidroinformática, Plataforma Itaipu de Energias Renováveis e Parque Tecnológico Itaipu (PTI),

além de outras instituições na-cionais e internacionais.

Recentemente foi feita a re-plicação do Cultivando Água Boa pela Usina Binacional de Yacyretá em sua região de abrangência, abarcando 30 municípios. A usi-na situa-se no Rio Paraná entre a Argentina e o Paraguai.

vIsão De FUTUroPara alcançar os resultados

preconizados em sua missão: “Gerar energia elétrica de quali-dade, com responsabilidade so-cial e ambiental, impulsionando o desenvolvimento econômico, turístico e tecnológico, susten-tável, no Brasil e no Paraguai” e, na sua visão de até 2020, a Itaipu Binacional se consolidar como a geradora de energia limpa e renovável com o melhor desem-penho operativo e as melhores práticas de sustentabilidade do mundo, a binacional estabeleceu objetivos estratégicos e ações.

O Cultivando Água Boa é um conjunto de programas e ações que está em conformida-de com a visão e a missão da empresa, o que confere a ele um caráter de continuidade em termos corporativos.

No contexto externo, a em-presa não tem poupado esforços para atender às inúmeras solicita-ções do compartilhamento dessa experiência, catalisando assim o processo de replicação da boa prática em nível regional e global.

A verdade é que o aprendiza-do é constante e estamos fazen-do história.Vista aérea da faixa de proteção

Page 48: Revista Energia Nacional - Edição 03

Nome matériasustentabilidade

[48] EnergiaNacional • Nov/2013[48] EnergiaNacional • Nov/2013

Foz do IguaçuDesenvolvimento

As Maravilhas de Foz do IguaçuÀs vésperas de comemorar seu centenário, a cidade desponta como polo turístico nacional e internacional. Investimentos em políticas ambientais e sociais completam o cenário para o desenvolvimento da região

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EnergiaNacional • Nov/2013 [49]

Foz do Iguaçu é ca-racterizada por seus habitantes e visitan-tes como uma cida-

de única. E não é clichê. Além da excelente infraestrutura de serviços e da diversidade de atrações ofertadas, as paisa-gens naturais despertam fascí-nio e são um verdadeiro convite à contemplação. As famosas Cataratas do Rio Iguaçu são prova desse encantamento e, pela sua beleza exuberante, foram consagradas internacio-nalmente como uma das Sete Maravilhas da Natureza.

A cidade é palco, ainda, da maior geradora de energia limpa e renovável do plane-ta, a Itaipu Binacional. A usina fica localizada no Rio Paraná, na fronteira entre o Brasil e o Paraguai e foi construída por ambos os países no período de 1975 a 1982. Com 20 unidades geradoras e 14.000 MW de po-tência instalada, a Itaipu forne-ce cerca de 17,3% da energia consumida no Brasil e 72,5% do consumo paraguaio. Só em 2012, a Itaipu produziu um to-tal de  98.287.128 megawatts--hora (98,2 milhões de MWh), quebrando seu próprio recorde mundial de produção de ener-gia, que ocorreu em 2008, com a geração de 94.684.781 me-gawatts-hora (MWh). Por seus números superlativos, a obra faz parte da lista das Sete Ma-ravilhas do Mundo Moderno e configura um dos pilares do de-senvolvimento nacional.

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[50] EnergiaNacional • Nov/2013

Desenvolvimento As Maravilhas de Foz do Iguaçu

“Foz do Iguaçu é uma so-matória de belezas naturais e, principalmente, de questões que só existem aqui. Somente aqui temos mais de 70 etnias convivendo harmonicamente, somente aqui existe uma Itai-pu Binacional. É uma cidade realmente única e agora, pres-tes a completar seu centenário, a cidade vai estar em um time seleto de cidades que se pre-pararam e estão prontas para receber visitantes de qualquer lugar do mundo. Temos muita honra de estar nesse momento histórico administrando o mu-nicípio”, sintetiza o prefeito do município, Reni Pereira.

TUrIsMo eM exPANsãoApesar do crescimento re-

gistrado também na área in-dustrial, o turismo, de fato, é a maior vocação econômica de Foz. A cidade está no topo do ranking das cidades do interior que mais capta eventos nacio-nais e internacionais e, segundo pesquisa da EMBRATUR, é o se-gundo destino dos turistas es-trangeiros que visitam o Brasil. A cidade do interior com ar de cosmopolita está, ainda, em primeiro lugar entre as cidades não capitais no Estudo de Com-petitividade dos 65 Destinos In-dutores do Desenvolvimento Turístico Regional, feito pela

Fundação Getúlio Vargas para o Ministério do Turismo.

Os dados da Secretaria Mu-nicipal de Turismo confirmam toda essa preferência. Em 2012, mais de dois milhões de turistas visitaram a cidade e o número, já bastante expressi-vo, tende a aumentar em 2014. Classificada pela FIFA como “roteiro turístico oficial do país”, Foz do Iguaçu também será um dos centros de treina-mento da Copa do Mundo.

A rede hoteleira local pro-mete não fazer feio diante dos turistas. Atualmente, a cidade dispõe de 26.368 leitos. São estabelecimentos para todas

Triplice fronteira: Brasil, Argentina e Paraguai

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EnergiaNacional • Nov/2013 [51]

as necessidades e expectati-vas dos visitantes, desde hotéis com moderna estrutura para eventos, com inúmeros equi-pamentos e atividades de lazer, até estabelecimentos de estru-tura média, pequena, e pousa-das, acessíveis àqueles que bus-cam conforto com baixo custo.

O Prefeito Reni Pereira res-salta que Foz do Iguaçu é uma cidade nova, mas que “cresce em ritmo acelerado”. “A melhor homenagem que nós podemos fazer à cidade é cultivar a me-mória daqueles que nos antece-deram, sejam eles autoridades ou heróis anônimos que desbra-varam essa terra. Para os próxi-mos 100 anos, a projeção é de muito desenvolvimento social e econômico e, principalmente, muita felicidade para os nossos moradores”, finaliza.

INvesTIMeNTos eM DIreção à qUAlIDADe De vIDA

Para fortalecer ainda mais todo o potencial turístico da re-gião e “garantir mais qualidade de vida para a população”, a prefeitura de Foz do Iguaçu tem investido em ações direciona-das à preservação do meio am-biente, como limpeza de rios, revitalização de parques e abas-tecimento de água tratada em 100% dos domicílios. “O meio ambiente é uma das priorida-des não só para Foz do Iguaçu, mas para o mundo, e nós temos que fazer a nossa parte como gestores públicos. Isso será um

exemplo que será expandido para conscientizar a população e principalmente trazer benefi-cio às novas gerações”, explica o prefeito Reni Pereira.

Ainda de acordo com o pre-feito, R$ 14 milhões serão libera-dos pelo Ministério das Cidades para ações voltadas à recupe-ração e preservação ambiental, entre elas a recuperação do Rio Boicy, que corta o município e está degradado. Técnicos, en-genheiros ambientais, diretores e secretários, juntamente com representantes da Itaipu Bina-cional, também têm discutido medidas técnicas para a reali-zação do plano de redução dos impactos socioambientais e a recuperação da microbacia do Arroio Monjolo. O aspecto pai-sagístico e estrutural também deverá ser revitalizado.

O Terminal Turístico de Três Lagoas, que ficou fecha-

do desde o início deste ano, está sendo reaberto. Segun-do a prefeitura, investimentos da ordem de R$ 150 mil foram feitos para a recuperação dos banheiros, pintura do telhado, forro, rampas de acesso aos cadeirantes, torneiras e cons-trução de um espaço de lazer para terceira idade.

Nos sistemas de esgotamen-to sanitário e abastecimento de água, o investimento garantido será de R$ 60,9 milhões. O re-curso é proveniente do Progra-ma de Aceleração do Cresci-mento (PAC II), repassado por empréstimo pela SANEPAR (Companhia de Saneamento do Paraná). “Uma cidade que in-veste em saneamento está pen-sando no cidadão. Isto é quali-dade de vida. A cada um real de investimentos em saneamento, economizamos quatro na saú-de”, garante o prefeito Reni.

Vista aérea de Foz do Iguaçu

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legislativo

[52] EnergiaNacional • Nov/2013

A Comissão de Assuntos Econômicos - CAE rejeitou por unanimidade, no dia 24 de setembro, em caráter ter-minativo, o Projeto de Lei do Senado

– PLS 93/2012. Pela proposta, de autoria do sena-dor Magno Malta (PR-ES), os 45% dos recursos da Compensação Financeira pela Exploração de Re-cursos Hídricos – CFURH, atualmente destinados aos municípios sedes de usinas e alagados, seriam distribuídos de forma igualitária a todos os mais de 5.600 municípios brasileiros. Na prática, essa altera-ção na forma de distribuição acarretaria aos cofres dos 716 municípios sedes de usinas e alagados uma perda de até 99,35% da receita oriunda da CFURH.

O relator do projeto, senador Sérgio Souza (PMDB-PR), ao ler o seu parecer disse que consi-derou a compensação indissociável “dos impactos ambientais em áreas que, como se diz no jargão do

Amusuh comemora mais uma vitória no congresso

Entidade mobiliza prefeitos e garante a rejeição do PLS 93/2012 que mudaria a forma de distribuição da CFURH. Prejuízos eram estimados em até 99,35% da receita oriunda da Compensação, atingindo 716 municípios brasileiros

CFURH

Mobilização Nacional em defesa dos municípios sedes de usinas hidroelétricas

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EnergiaNacional • Nov/2013 [53]

setor elétrico, são ‘molhadas’ pelos reservatórios de hidrelé-tricas”. “Esses recursos são uma importante fonte de receita de vários municípios, para aplica-ção em educação, saúde e se-gurança”, disse Souza.

O resultado, favorável aos municípios sedes de usinas hi-droelétricas e alagados, foi atri-buído pelos próprios senado-res à atuação da AMUSUH, que acompanhava com atenção a tramitação da matéria e pro-movia, regularmente, debates a fim de conscientizar os pre-feitos e parlamentares. Ciente dos prejuízos que a possível aprovação poderia gerar, a en-tidade organizou, ainda, uma mobilização e, em parceria com a Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Municípios Sedes de Usinas e Alagados, e o apoio da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados (CFFC) e da Comissão de Integração Regional e da Amazônia (CINDRA), reuniu em Brasília

mais de 250 gestores munici-pais. O encontro aconteceu nos dias 23 e 24 de setembro.

“Esta foi uma vitória justa. Os municípios sedes de usinas e alagados não sobreviveriam com o corte brutal de receitas. E a mobilização nacional foi funda-mental para essa vitória”, ressal-tou o presidente da AMUSUH, prefeito de Salto do Jacuí – RS, Altenir Rodrigues da Silva. A re-jeição do projeto foi comemora-da também pela secretária exe-cutiva da entidade, Terezinha Sperandio. “Trabalhamos muito

na conscientização dos prefei-tos e gestores municipais, fize-mos diversas reuniões regionais, unimos a força dos municípios, trouxemos centenas de prefei-tos para Brasília para sensibilizar os senadores de que era neces-sário rejeitar esse Projeto. Estou feliz e honrada com o trabalho e a luta de todos”, declarou.

Durante a sessão no plená-rio, diversos senadores se mani-festaram sobre o tema. A sena-dora Ana Amélia Lemos (PP-RS), vice-presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa

Reunião da AMUSUH durante a mobilização nacional dos municípios sedes de usinas hidroelétricas

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legislativo

[54] EnergiaNacional • Nov/2013

Amusuh comemora mais uma vitória no Congresso

dos Municípios Sedes de Usinas e Alagados, fez questão de res-saltar que o projeto que foi rejei-tado era uma questão de sobre-vivência dos municípios. “Temos que defender os municípios. É lá que tudo acontece. Esse PLS inviabilizava qualquer cida-de brasileira”, falou a senadora gaúcha. Segundo Pedro Taques (PDT-MT), a proposição retira dos municípios o que eles mais necessitam hoje – recursos. “Em Mato Grosso, 11 municípios te-riam prejuízos na nova fórmula de distribuição”, acrescentou.

Os senadores paranaen-ses Roberto Requião (PMDB) e Álvaro Dias (PSDB) disseram que a iniciativa de Magno Malta visa enfrentar as injustiças na distri-buição dos recursos públicos, mas, em contrapartida, prejudi-ca os estados e municípios pro-dutores de energia elétrica.

O deputado Edinho Bez (PMDB-SC) destacou o fato de encontrar o plenário lotado de prefeitos e ressalvou que a união foi fundamental para a obtenção do resultado positivo. “Sei da importância deste tema e fico feliz em ver que a mobili-zação deu o resultado esperado. A presença de todos vocês aqui foi essencial para a rejeição des-se projeto na Comissão”, dis-se Bez. A importância da união dos prefeitos pela rejeição do projeto foi comentada ainda pelo presidente da CINDRA, deputado Jerônimo Goergen (PP-RS). Em suas declarações, o parlamentar parabenizou o tra-

balho da AMUSUH e lembrou a primeira reunião sobre o tema. “Fizemos um dos primeiros en-contros para debater este tema lá no Rio Grande do Sul e pos-so perceber o quanto cresceu a união de vocês prefeitos. Tenho certeza que após essa vitória es-tamos mais fortes ainda para de-fender os interesses municipalis-tas,” comemorou o deputado.

Plc 315/2009: A lUTA AgorA é PelA AProvAção

No caminho contrário à re-jeição, garantida no PLS 93/2012 por meio de mobilização, os pre-feitos dos municípios gerado-res de energia lutam agora pela aprovação do PLC 315/2009, de autoria do ex-deputado Chico da Princesa (PR-PR). O projeto al-tera a Lei 8.001/1990, aumentan-do de 45% para 65% o valor da Compensação Financeira pela Utilização dos Recursos Hídricos – CFURH destinado aos municí-pios sedes de usinas e alagados.

A matéria está na Comissão de Constituição e Justiça – CCJ do Senado Federal sob a rela-toria do senador Sérgio Souza (PMDB-PR) e a tramitação segue, temporariamente, suspensa.

Segundo o presidente da AMUSUH, Altenir Rodrigues da Silva, a estratégia, neste mo-mento, é contribuir nas nego-ciações com diversos órgãos públicos para a reformulação da proposta de modo que o au-mento da Compensação para os municípios seja revertido em ações e políticas públicas de sustentabilidade socioambien-tal, como, por exemplo, a revi-talização dos lagos e a geração de emprego e renda. “A aprova-ção desse projeto é de extrema importância para os municípios, já que poderemos investir ainda mais na preservação do meio ambiente e em projetos sus-tentáveis. É a garantia de poder levar aos nossos moradores me-lhores serviços e programas”, ressaltou Altenir.

DIsTrIBUIção DA cFUrh

Atualmente Com a aprovação do PLC 315/2009

45% - Estados45% - Municípios

10% - União

25% - Estados 65% - Municípios

10% - União

Page 55: Revista Energia Nacional - Edição 03

SOMENTE UNIDOS SEREMOS FORTES E

VITORIOSOS

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Page 56: Revista Energia Nacional - Edição 03

legislativo

[56] EnergiaNacional • Nov/2013

Mineração

O Presidente da As-sociação Nacio-nal dos Municí-pios Produtores

(ANAMUP), Carlos Casteglione, participou, no dia 31 de outubro, de uma reunião com o relator da Comissão Especial que analisa o Novo Marco Regulatório da Mineração, deputado Leonardo Quintão (PMDB). A Associação dos Municípios Mineradores do Brasil (AMIB) e a Associação dos Municípios Mineradores de Mi-nas Gerais (AMIG) também par-ticiparam da reunião.

“O encontro foi muito bom, pois conseguimos ser atendi-dos em todas as demandas que eram reivindicações da ANAMUP e de outras entidades ligadas ao setor. A definição em lei das alíquotas da compensa-ção de minério está inserida no relatório que será apresentado”, comemorou Casteglione. Com o novo Marco, os valores pas-

ANAMUP tem demandas atendidas no novo Marco regulatório da MineraçãoAlíquotas devem passar de 0,5 a 2%, para 0,5 a 4%. Municípios impactados também são beneficiados e, segundo o relatório a ser apresentado, terão direito a 10% da CFEM

Lançamento do Novo Marco Regulatório da Mineração

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EnergiaNacional • Nov/2013 [57]

sam de 0,5 a 2%, para 0,5 a 4%. “Isso foi uma vitória dos municí-pios. Além do mais, as alíquotas serão calculadas pelo valor bru-to da venda”, explica o prefeito.

A definição em lei de quais são os municípios impactados diretamente pela atividade de mineração como, por exemplo, os que são impactados por ferro-via, mineroduto, portos, dentre outros, também foi contempla-da no novo Código, conforme requereram a ANAMUP, a AMIB e a AMIG. Esses municípios te-rão direito a 10% da CFEM, que será gerido por um fundo, e re-passado aos municípios como forma de compensação.

o qUe FAlTADurante a reunião, as entida-

des destacaram a importância de garantir 10% da CFEM tam-bém para os municípios impac-tados socialmente – aqueles que geralmente são vizinhos das cidades onde há produção. “Esses municípios não têm pro-dução, mas são impactados, já que são limítrofes de cidades produtivas e nem sempre têm condições de suportar esse im-pacto”, ressaltou o presidente da ANAMUP.

Quanto à fiscalização, Casteglione também se mos-trou insatisfeito. “Atualmente é o Governo Federal, por meio do DNPM, que faz a fiscalização para liberar ou não a produção de miné-rio em um município. Queríamos que os municípios tivessem essa autonomia”, declarou.

cINDrA DeBATe o Novo cÓDIgo DA MINerAção

A Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Re- gional e da Amazônia (CINDRA) da Câmara dos Deputados reali-zou, no dia 5 de novembro, uma audiência pública para discutir alguns pontos relativos ao Novo Marco Regulatório da Mineração. Embora o relatório prévio a ser apresentado em plenário pela Comissão Especial que analisa

a matéria esteja já em proces-so de finalização, a Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa Mineral (ABPM) propôs alterações no texto original a fim de fortalecer o papel do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) como fonte básica das informa-ções geológicas do país.

O presidente da ABPM, Elmer Prata Salomão, manifestou boas expectativas em relação ao relatório da Comissão Especial do Novo Código da Mineração. “Não sei se será melhor do que o código vigente, mas, com certe-za, será melhor do que o projeto de lei apresentado pelo gover-no”, disse.

eNTeNDA Melhor o Novo MArco regUlATÓrIo DA MINerAção

O Novo Marco Regulatório da Mineração, também chamado de Código Minerário ou Código da Mineração, foi enviado ao Congresso em junho deste ano pelo Executivo, inicialmente em regime de urgência. O que, es-perava-se, seria apresentado sob a forma de Medida Provisória, chegou à Câmara Federal como o PL 5.807/13. O projeto dispõe sobre a atividade de mineração, trata do aumento de impostos, mudança da legislação e a cria-ção de órgãos para estabelecer o controle estatal do setor mineral brasileiro.

Para o Governo Federal, a proposta moderniza as normas que regem o setor desde os anos

“Atualmente é o Governo Federal, por meio do DNPM, que faz a fiscalização para liberar ou não a produção de minério em um município. Queríamos que os municípios tivessem essa autonomia”

Carlos CasteglionePresidente da Associação Nacional dos Municípios

Produtores (ANAMUP)

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legislativo

[58] EnergiaNacional • Nov/2013

ANAMUP tem demandas atendidas no novo Marco Regulatório da Mineração

1960, eleva os royalties cobrados pela exploração mineral e esta-belece novos prazos para os de-tentores de direitos minerais ini-ciarem as etapas de exploração e produção.

No total, o Projeto de Lei 5.807/13 do governo recebeu 372 emendas. Ao todo, 45 parla-mentares apresentaram propos-tas que vão, desde mudanças no texto enviado pelo governo, até a inclusão de novos dispositivos no marco regulatório. Entre elas está a manutenção de uma po-lítica de estímulo ao beneficia-mento de minerais em território nacional através de tratamento diferenciado. Outras visam a ma-nutenção do atual código e a re-jeição das mudanças de legisla-ção para acesso ao subsolo.

O tema do meio ambiente e sustentabilidade foi o que rece-beu o maior número de emen-das, 61 no total. A finalidade é impor regras mais contundentes para o setor mineral com relação à sustentabilidade e os impactos socioeconômicos e ambientais, dificultando ainda mais a ativida-de de mineração.

A CFEM é o terceiro tópico com maior número de emendas. Foram apresentadas 42, ao todo. Segundos especialistas, há uma possibilidade muito grande que o relator não acate as emendas que propõem a retirada dos tópi-cos que tratam das mudanças de regime para acesso ao subsolo.

O projeto, entretanto, ainda poderá receber novas emendas, uma vez que durante a fase de co-

missões e quando for enviado ao Senado outras proposições deve-rão ser encaminhadas. Um prazo maior para a votação também não está descartado, já que o re-gimento interno do Congresso Nacional não permite a tramita-ção de um código em regime de urgência, uma vez que foi apre-sentado como projeto de lei.

coMIssão esPecIAlA Comissão Especial da

Câmara dos Deputados que ana-lisa o novo Código de Mineração foi criada em 02 de julho com a finalidade de proferir parecer so-bre a matéria. Composta por 28 membros titulares e igual núme-ro de suplentes, é presidida pelo deputado Gabriel Guimarães (PT/MG), com relatoria do deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG).

reTIrADA De UrgêNcIAA presidente Dilma Rousseff

encaminhou mensagem ao Congresso Nacional no dia 22 de setembro, solicitando que fosse retirada a urgência constitucio-

nal ao Projeto de Lei 5.807, de 2013, que cria o novo Código da Mineração. A retirada da urgência vinha sendo negociada com lide-ranças políticas e com o presiden-te da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e defendida pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), para permitir a ampliação das discussões sobre o projeto do governo. A propos-ta do marco da mineração estava trancando a pauta da Câmara e impedindo a votação de matérias importantes. A própria Comissão Especial que analisa a proposta já havia pedido mais prazo para analisar melhor a matéria e fechar um relatório.

DePUTADo PeDe DesMeMBrAMeNTo Do ProJeTo De leI

Um requerimento do de-putado federal Vítor Penido (DEM-MG) sugere desmembrar o Projeto de Lei 5.807/13, que institui o novo marco regulatório da mineração. A proposta é se-pará-lo em três temas: o aumen-to da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem); a substituição do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) pela Agência Nacional de Mineração (ANM); e a nova le-gislação mineral. Para o autor do Requerimento, os três assuntos devem ser debatidos separada-mente devido a sua complexida-de e relevância. O requerimento, apresentado em 11 de setembro, deverá ser apreciado antes da votação do projeto. Deputado Gabriel Guimarães (PT/MG)

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NENHUMA GRANDE VITÓRIA É POSSÍVEL SEM QUE TENHA SIDO PRECEDIDA DE PEQUENAS

VITÓRIAS SOBRE NÓS MESMOS.A ANAMUP FOI CONSTRUÍDA EM CIMA

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