revista energia nacional - edição 02

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Municípios: Nova Lima, a terra do ouro e do desenvolvimento >> Artigo: Aproveitamento Energético de Resíduos Sólidos Urbanos em Minas Gerais: riscos e oportunidades >> Infraestrutura: Os desafios da geração de energia através da atividade hidrelétrica >> ANAMUP: Dez anos de trabalho para o fortalecimento dos municípios Nesta edição: NOVO MARCO REGULATóRIO DA MINERAçãO Mudanças, avanços e perspectivas para o setor Impresso Especial 9912312209DR/BSB ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS MUNICÍPIOS SEDES DE USINAS HIDROELÉTRICAS - AMUSUH CORREIOS Junho 2013 [edição nº 02] Economia Seguradoras oferecem soluções para o setor minerário Entrevista Economista Paulo Haddad destaca o potencial econômico da mineração brasileira Legislativo Municípios alagados e sedes de usinas hidroelétricas ganham força política no Congresso Nacional Sustentabilidade Prevenir para não remediar

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Écom muita alegria e prazer que estou à frente da Associação Nacional dos Municípios Produtores – ANAMUP, uma entidade que trabalha em defesa dos interesses dos municípios do segmento produtivo e luta pelos diretos constitucionais, tributários, econômicos, fiscais e sociais dos entes federados.

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Page 1: Revista Energia Nacional - Edição 02

Municípios: Nova Lima, a terra do ouro e do desenvolvimento >> Artigo: Aproveitamento Energético de Resíduos Sólidos Urbanos em Minas Gerais: riscos e oportunidades >> Infraestrutura: Os desafios da geração de energia através da atividade hidrelétrica >> ANAMUP: Dez anos de trabalho para o fortalecimento dos municípios

Nesta edição:

Novo marco regulatório da miNeração

Mudanças, avanços e perspectivas para o setor

DEVOLUÇÃOGARANTIDA

C O R R E I O S

ImpressoEspecial9912312209DR/BSB

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS MUNICÍPIOS SEDES DE USINAS HIDROELÉTRICAS -

AMUSUHC O R R E I O S

Junho • 2013 • [edição nº 02]

economiaSeguradoras oferecem soluções para o setor minerário

entrevistaEconomista Paulo Haddad destaca o potencial econômico da mineração brasileira

legislativoMunicípios alagados e sedes de usinas hidroelétricas ganham força política no Congresso Nacional

SustentabilidadePrevenir para não remediar

Page 2: Revista Energia Nacional - Edição 02

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Page 3: Revista Energia Nacional - Edição 02

P esquisadores do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) estão percorrendo municípios brasilei-ros para mapear áreas sujeitas ao risco de en-

chentes, deslizamentos e inundações. O trabalho está nas ações do Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres Naturais, lançado no ano pas-sado pelo Governo Federal. As ações do plano estão divididas em quatro eixos temáticos - prevenção, ma-peamento, monitoramento e alerta e resposta a de-sastres. O trabalho está sendo coordenado pela Casa Civil da Presidência da República.

A meta da CPRM é mapear áreas de risco em 821 municípios brasileiros até o ano que vem.  Até o mo-mento, já foram mapeados 387 municípios no Sudeste, Norte, Nordeste e Sul.  As informações do estudo são compartilhadas com gestores municipais, Defesa Civil, Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desas-tres (Cenad) e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemadem). 

O geólogo Jorge Pimentel explica que o trabalho consiste em caracterizar e delimitar áreas que estão sujeitas ao risco de deslizamentos, enchentes e inunda-ções. “Às vezes, o município nunca viu um geólogo. Nós realizamos o mapeamento e compartilhamos os resul-tados com os gestores municipais. Isso também pode ser entendido como uma prática sustentável”, diz. O ge-ólogo destaca também a atuação das mulheres nesse trabalho. “Hoje metade da nossa equipe é formada por mulheres. Elas são responsáveis por mapear municípios da região amazônica”, destaca o geólogo.

Nova MEtodologiaO procedimento serve para identificar os locais que

estão sofrendo deformação em encostas sujeitas a pro-cessos de movimentação de massa, utilizando novas ferramentas na análise de imagens de alta resolução por satélite e radar. Com análise de imagens anteriores e posteriores aos eventos climáticos, os técnicos apli-carão o método da interferometria, que identifica as mudanças do terreno.

CaPaCitaçãoO curso de risco geológico e hidrológico busca

transmitir aos técnicos municipais conceitos, critérios e metodologias relacionados ao diagnóstico, mape-amento e planejamento de intervenções, visando à prevenção de desastres naturais, principalmente mo-vimentos de massa e inundações. Durante o curso os técnicos recebem a cartilha de educação ambiental Comunidade Mais Segura, publicação da CPRM apre-senta de forma didática conceitos sobre os movimen-tos de massa, as práticas comuns que condicionam as rupturas e acidentes, com o objetivo de diminuir a vul-nerabilidade das comunidades. 

Informe Publicitário

Serviço Geológico do Brasil está mapeando áreas de risco em municípios

Page 4: Revista Energia Nacional - Edição 02

[4] EnergiaNacional • 2013

editorial

associação Nacional dos Municípios Produtores - aNaMUPPresidentePrefeito de Cachoeiro de Itapemirim–ESCarlos Roberto Casteglionevice-Presidente/ Centro-oestePrefeito de Senador Canedo–GOMisael Pereira de Oliveiravice-Presidente/ NordestePrefeito de Teixeira de Freitas-BAJoão Boco Bitencourtvice-Presidente/ NortePrefeito de Araguaina-ToRonaldo Dimasvice-Presidente/SulPrefeito de Caxias do Sul-RSAlceu Barbosa Velhovice-Presidente/SudestePrefeito de Nova Lima-MGCássio Magnani Junior1.º SecretárioPrefeito de Rondonópolis-MTPercival Santos Muniz2.º SecretárioPrefeito de São José dos Pinhais–PRLuiz Carlos Setimdiretor administrativoPrefeito de Forquilhinha-SCVanderlei Alexandrediretor Financeiro Prefeito de São Sebastião-SPErnane Bilotte Primazzidiretora de ComunicaçãoPrefeita de Porto Real-RJMaria Aparecida da Rocha Silvadiretor técnicoDr. Edivaldo Pereira de BritoSalvador-BAConselho deliberativo e Fiscalassociação Nacional dos Municípios Sedes de Usinas Hidroelétricas - aMUSUHPresidentePrefeito de Salto do Jacuí-RSAltenir Rodrigues da Silvavice-PresidentePrefeito de Foz do Iguaçu-PRReni Pereiravice-PresidentePrefeito de Ilha Solteira-SPBento Carlos Sgarboza1.º SecretárioPrefeito de Presidente Figueiredo-AMNeilson da Cruz Cavalcante2.º SecretárioPrefeito de Piratuba-SCClaudirlei Dorinidiretora administrativaPrefeita de Miracema do Tocantins-TOMagda Régia Silva Borbadiretor FinanceiroPrefeito de Aratiba-RSLuiz Angelo Polettodiretor de ComunicaçãoPrefeito de Itarumã-GOWashington Medeiro do PradoSecretária Executiva da aNaMUP e aMUSUH:Terezinha SperandioREviSta ENERgia NaCioNalEditora-Chefe e Jornalista ResponsávelBruna Lima (DF 9800)Reportagens: Bruna Lima, Daniel Guerra e Fernando Meira DiasProjeto gráfico e diagramação: Pablo FrioliMarketing: Marcos Alcântaraassessores/Colaboradores: Izabelle Galheno Pieri, Renata Guedes, Arthur Kunz Ferreira, Adriana Malgarezi, Vanessa Szewinsk, Nicollas Silva Pieri, Francisca Picanço

aNamuP: 10 anos de luta em defesa do segmento produtivo

É com muita alegria e prazer que estou à frente da Associação Nacio-

nal dos Municípios Produtores – ANAMUP, uma entidade que traba-

lha em defesa dos interesses dos municípios do segmento produtivo e luta

pelos diretos constitucionais, tributários, econômicos, fiscais e sociais dos

entes federados.

Sei dos desafios que teremos ao longo da gestão, mas tenho certeza que,

juntamente com a diretoria executiva, realizaremos as deliberações e posicio-

namentos inerentes à atuação da entidade. Destaco que as demandas vindou-

ras são de indiscutível importância para o municipalismo - como a Reforma

Tributária, o Novo Marco Regulatório da Mineração, entre tantos outros temas.

Caro leitor, aproveite a 2ª edição da revista “Energia Nacional”, desfrute

das matérias relacionadas ao setor e junte-se a nossa luta, faça sua adesão a

nossa entidade. A ANAMUP quer continuar contribuindo com os municípios

que convivem com produção energética, mineral, petroquí-

mica e os grandes geradores de ICMS do Brasil.

Carlos CasteglionePresidente da ANAMUP

Prefeito de Cachoeiro de Itapemirim - ES

amuSuH na luta pela aprovação do Plc 315

v enho externar a profunda alegria de ter me tornado presidente da Asso-

ciação Nacional dos Municípios Sedes de Usinas Hidroelétricas - AMUSUH,

para o biênio 2013-2014. Sei dos grandes desafios que terei, por isso espero contar

com o apoio da diretoria e associados para que possamos obter êxito frente às

demandas dos municípios geradores de energia elétrica. Entre outras propostas

que tramitam atualmente no Congresso Nacional, por hora, vale destacar a impor-

tância da aprovação do PLC 315/2009, assim como a necessidade emergente de

capacitar os gestores municipais.

Teremos um ano de muito trabalho. Portanto, convido a todos os municí-

pios sedes de usinas hidroelétricas do Brasil para se unirem a AMUSUH, que

é a legitima representante do segmento hidrelétrico. Sobre a realidade e os

desafios desse setor tão indispensável ao desenvolvimen-

to do nosso país, segue a nossa contribuição. Boa leitura!

Altenir Rodrigues da SilvaPresidente da AMUSUH

Prefeito de Salto do Jacuí - RS

Page 5: Revista Energia Nacional - Edição 02

24

06

caPa

artigoS deSta edição

eNcarte aNamuP 12

eNcarte amuSuH 14

eNtreviSta

Cinco anos de esperaGoverno Federal

apresenta Novo Marco Regulatório da Mineração

28Bruno GomesUM NOVO MOMENTO DA MINERAçãO

Mineração, democracia e desenvolvimento sustentável

40FEAMAPROVEITAMENTO ENERGéTICO DE RESíDUOS SóLIDOS URBANOS EM MINAS GERAIS: RISCOS E OPORTUNIDADES

Sumário Junho • 2013 • [edição nº 02]

O potencial econômico da mineração brasileira

Economista, Paulo Haddad

economiaImposto da mineração gera dúvidas 18Analistas do setor acreditam que a mudança em termos de royalties e taxa de participação especial virá antes da criação da Agência Nacional de Mineração

Um crescimento refinado 20Brasil precisa ampliar suas instalações para refino de petróleo. Setores envolvidos, como o de engenharia industrial, afirmam estarem preparados para conduzir os novos projetos

O seguro morreu de velho 22A atividade minerária em geral envolve máquinas grandes e caras, além de risco à saúde. Seguradoras oferecem soluções para o setor

legislativoMunicípios alagados e sedes de usinas hidroelétricas ganham força política no Congresso Nacional 42Anamup conta com mais um aliado na Câmara dos Deputados 44À espera da regulamentação 46Setor da mineração aguarda ansioso pela criação da agência de governo que o regulamentará

municípios

Nova Lima 48A Terra do Ouro e do Desenvolvimento

Entidades em luta pela aprovação do PLC 315/2009 52Salto do Jacuí – RS 54

Sustentabilidade

Avanço verde ou marrom? 34As possibilidades de conciliação entre o petróleo extraído do pré-sal e a sustentabilidade são o principal foco de discussão entre ambientalistas, economistas, políticos e população

Prevenir para não remediar 37Não basta extrair: é preciso pensar em maneiras de não agredir o meio ou ajudá-lo a se recuperar dos inevitáveis danos ocasionados pela mineração. No Brasil, a atividade continua sendo alvo de constantes críticas

infraestruturaAtividade desafiadora 30A geração de energia através da atividade hidrelétrica envolve diversos desafios para quem gera e, também, para quem consome a produção

Qualidade, a palavra de ordem 32Resolução surgida a partir de audiência aberta ao público determina padrões de qualidade para as usinas hidrelétricas

Page 6: Revista Energia Nacional - Edição 02

[6] EnergiaNacional • JUN/2013

Entrevista Economista, Paulo Haddad

Em entrevista exclusiva à Energia Nacional, o economista Paulo Roberto Haddad, ex-

-ministro do Planejamento e da Fazenda no Governo Itamar Franco e atual professor do IB-MEC/MG, fala sobre o potencial econômico da mineração bra-sileira, destacando o papel do setor na geração de emprego e renda no país. Em suas declara-ções, Haddad aponta, ainda, a importância da diversificação das bases econômicas nos municí-pios como caminho para enfren-tar a fase de exaustão das minas. Confira os principais trechos.

energia Nacional >> Em linhas gerais, como o Sr. avalia o papel da mineração no con-texto econômico brasileiro? o que essa atividade econômica representa para o PiB nacional?Paulo Haddad >> é um erro técnico avaliar a importância de determinado setor produtivo considerando apenas a sua par-ticipação relativa na composição do PIB nacional. De forma mais precisa tecnicamente, é preciso considerar a importância históri-ca do setor nos vários estágios de evolução da economia na-cional, assim como considerar a importância da cadeia produtiva

o potencial econômico da mineração brasileira

a que pertence para a dinâmica de ciclos de expansão da eco-nomia nacional.

Historicamente, é possível mostrar como a mineração se si-tuou em cada um dos modelos de crescimento que prevalece-ram na evolução da economia brasileira, desde o seu valor de uso para oferecer utilidade dire-tamente até como insumo para o sistema produtivo. Destaca-se

a sua elasticidade para respon-der às demandas crescentes que ocorreram nos dois ciclos de ex-pansão do Pós-II Grande Guerra (os anos do Plano de Metas de JK e os anos do “milagre econômi-co” do regime militar) e sua flexi-bilidade para se adaptar ao mo-delo de integração competitiva.

No modelo primário-exporta-dor, a mineração não apresenta efeitos multiplicadores impor-

Page 7: Revista Energia Nacional - Edição 02

EnergiaNacional • JUN/2013 [7]

tantes para a economia brasilei-ra. Entretanto, depois que esta avançou por diferentes estágios de industrialização (substituição de importações de bens de con-sumo não duráveis, de bens de consumo duráveis, de bens inter-mediários e de bens de capital), a mineração passou a ser o elo estruturador de muitas cadeias produtivas dinâmicas no País. Particularmente, a mineração se articulou com setores-chave da economia nacional, os quais pe-los seus efeitos para frente e para trás e pelos seus efeitos induzi-dos (que incorporam a demanda dos consumidores via distribui-ção de renda), têm a capacidade de potencializar ciclos de expan-são de maior grandiosidade para a geração de renda, de empre-go, de tributos e de excedentes exportáveis no País.

eN >> É inquestionável a im-portância dos insumos minerais para o desenvolvimento do país no que diz respeito à agri-cultura, à construção civil e à atividade petrolífera, entre ou-tras áreas. Mas como atividade econômica em si, a mineração contribui significativamente para o crescimento nacional em termos de exportação e geração de emprego e renda?PH >> Desde o início dos anos 1990, o Brasil fez uma opção por um modelo de crescimen-to fundamentado na abertura de sua economia em termos de integração competitiva. Essa opção se deu após uma longa

fase de meio século do mode-lo de crescimento com base na substituição de importações, predominantemente. Desta for-ma, o País passou a se integrar crescentemente no processo de globalização econômica e finan-ceira. O avanço desse processo resultou em grandes transfor-mações em escala mundial e na economia brasileira.

As barreiras econômicas caí-ram de maneira significativa de-vido às sucessivas rodadas de negociações do comércio inter-nacional. Avanços tecnológicos nos sistemas de comunicação e de transporte reduziram custos de acessibilidade e estimularam fortemente a expansão do co-mércio. Uma revolução nos ne-gócios econômicos internacio-nais ocorreu, na medida em que as empresas multinacionais e os

investimentos externos diretos ti-veram um impacto profundo em quase todos os aspectos da eco-nomia mundial. A desregulamen-tação financeira e a criação de novos instrumentos financeiros, além dos avanços tecnológicos nas comunicações, contribuíram para a formação de um sistema financeiro internacional muito mais integrado e, frequentemen-te, mais instável.

Em muitos aspectos, as transações financeiras interna-cionais, atualmente, vem supe-rando em muito as transações de bens e serviços. Estima-se que ocorrem diferentes tipos de transações financeiras (moe-das, ações, derivativos, etc.) no valor superior a dois trilhões de dólares por dia. Como muitos destes fluxos financeiros são de curto prazo, altamente voláteis e especulativos, as finanças inter-nacionais tornaram-se a dimen-são mais instável da economia capitalista globalizada, as quais estão na raiz da atual crise mun-dial. De qualquer forma, o coe-ficiente de comércio brasileiro (o valor das exportações mais importações de bens e serviços dividido pelo PIB) saiu de cerca de 10%, em 1990, para cerca de 30%, em 2012. O Brasil exporta e importa por mês atualmente mais do que exportava e impor-tava por ano há vinte anos atrás.

Destaca-se o excelente de-sempenho da mineração brasi-leira no período de 2003 a 2012, num ambiente de estabilidade e de consistência econômica,

“Antes da atual crise econômico-financeira mundial, a mineração contribuiu com um superávit na balança comercial superior a 17 bilhões de dólares (2008); em 2011, este superávit quase atingiu 43 bilhões de dólares, e 32 bilhões de dólares em 2012”

Page 8: Revista Energia Nacional - Edição 02

Entrevista

[8] EnergiaNacional • JUN/2013

Economista, Paulo Haddad

num regime cambial de taxas flutuantes e de promoção de ex-portações. Antes da atual crise econômico-financeira mundial, a mineração contribuiu com um superávit na balança comercial superior a 17 bilhões de dólares (2008); em 2011, este superávit quase atingiu 43 bilhões de dó-lares, e 32 bilhões de dólares em 2012. Na última década, o setor extrativo mineral (exceto petró-leo e gás natural) foi responsável por mais de 170 bilhões de dó-lares na formação das reservas cambiais brasileiras. Através dos seus efeitos multiplicadores nas cadeias produtivas da economia brasileira, o setor extrativo-mine-ral tornou-se um dos mais impor-tantes segmentos na geração de renda e emprego no País. é cres-cente a grandeza da mão de obra que vem sendo utilizada na mi-neração. A indústria da minera-ção é composta por uma extensa gama de produtos, sendo que o Brasil se destaca na produção e na exportação de muitos deles. Os produtos têm características e especificidades próprias, quer seja no que se referem às suas propriedades físico-químicas, às suas utilizações, quer seja aos seus aspectos econômicos e dos mercados onde são negociados, sendo que alguns são mais inten-sivos de mão de obra.

eN >> Na sua avaliação, quais Estados do país apresentam hoje os melhores potenciais quando se fala em atividade mineral?

PH >> Uma das questões mais inquietantes que se colocam no processo de desenvolvimento sustentável do Brasil é a do de-sequilíbrio entre as condições de vida dos habitantes de suas diferentes regiões. Quando se comparam os indicadores econô-micos e sociais das áreas do SUL e do SUDESTE com os das áreas do NORTE e do NORDESTE, é pos-sível vislumbrar como é crítica a questão dos desequilíbrios regio-nais de desenvolvimento no País.

Neste contexto, é possível identificar como os projetos de investimentos de mineração es-tão contribuindo para reduzir os desequilíbrios regionais de desenvolvimento no Brasil. Esta contribuição pode se potencia-lizar, ainda mais, se os protago-nistas sociais e institucionais das regiões onde se localizam os pro-jetos compreenderem que o seu

processo de desenvolvimento depende do esforço endógeno de mobilização e de promoção do empreendedorismo local.

Dada a diversidade na dispo-nibilidade de recursos minerais do Brasil, é possível afirmar que são muitos os Estados beneficiá-rios dos projetos de investimento do setor. Entretanto, entre estes, destaca-se a concentração de projetos nos Estados do Pará e de Minas Gerais. Estima-se que, ao se retomar o ritmo de investi-mentos pré-crise (de 2002 a 2008), tanto o Sudeste do Pará quanto o Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais são regiões cujas econo-mias tendem a crescer mais ra-pidamente do que a China. Por outro lado, outros Estados come-çam a se destacar como as no-vas fronteiras minerárias do País, como é o caso da Bahia.

eN >> No que diz respeito ao transbordamento da econo-mia para o setor mineral, que benefícios podem ser apon-tados como mais relevantes para as comunidades das regi-ões afetadas?PH >> Grandes Projetos de in-vestimento em mineração, pela sua escala e complexidade tec-nológica, são projetos de natu-reza estruturante. Um projeto estruturante tem a capacidade de modificar as tendências e os padrões de crescimento econô-mico das regiões e localidades em que se localiza. Um projeto estruturante se contrapõe a um projeto incrementalista que atua

“Estima-se que, ao se retomar o ritmo de investimentos pré-crise (de 2002 a 2008), tanto o Sudeste do Pará quanto o Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais são regiões cujas economias tendem a crescer mais rapidamente do que a China“

Page 9: Revista Energia Nacional - Edição 02

EnergiaNacional • JUN/2013 [9]

consolidando as estruturas eco-nômicas das regiões e localida-des, reforçando os elos fracos destas estruturas, ao eliminar pontos de estrangulamento e ao complementar atividades de suas cadeias produtivas. Parti-cularmente, quando os projetos estruturantes se localizam em municípios relativamente menos desenvolvidos, de economia tra-dicional e que vêm apresentando baixo ritmo de crescimento, os impactos sobre suas estruturas econômicas, sociais e ambientais são profundos, interdependentes e, muitas vezes, não esperados.

Empresas conscientes de sua responsabilidade social amplia-da, procuram lidar com os im-pactos de seus projetos estru-turantes de forma sistemática e programada. Reconhecem, de início, que estes projetos trazem grandes benefícios para as co-munidades onde se localizam, aumentando os seus níveis de renda, de emprego e de base tri-butável; melhorando a qualidade da infraestrutura econômica e so-cial local; ampliando as oportuni-dades de novos negócios para as micro, pequenas e médias em-presas no âmbito regional; etc.. Reconhecem, também, que a in-ternalização dos benefícios e dos efeitos multiplicadores dos seus projetos estruturantes depende-rá da capacidade do empreen-dedorismo local, o qual sempre poderá contar com o apoio das empresas mineradoras quando da seleção de seus pequenos e médios fornecedores, particular-

mente através de Programas de Desenvolvimento de Fornecedo-res (PDFs).

Essas empresas, na busca da ecoeficiência e dos efeitos distributivos de seus investi-mentos, procuram monitorar e avaliar seus projetos, não ape-nas em termos de sua competi-tividade sistêmica, mas de uma concepção de desenvolvimento sustentável, que se exprime por três dimensões. O uso racional e sustentável dos ecossistemas locais, em benefício das gera-ções atuais e futuras. A criação de um ambiente de desenvolvi-mento, e não apenas de cresci-mento econômico, onde venham a ocorrer uma vasta gama de oportunidades e múltiplos em-preendimentos para realização das populações locais. A amplia-ção significativa do salário médio real e das condições de empre-gabilidade regional e local, assim como o aporte de recursos para que o Poder Público possa finan-ciar maior quantidade e melhor qualidade dos serviços sociais básicos de saúde, educação e infraestrutura.

eN >> Na economia dessas re-giões, quais são os setores que tendem a ser afetados?PH >> Não resta a menor dú-vida de que são muitas as ati-vidades que podem ser bene-ficiadas local ou regionalmente pelos projetos de investimento de mineração. Eles têm a capa-cidade de criar um amplo campo de novas oportunidades para os

empreendedores locais. Entre-tanto, o desenvolvimento local se sustenta, ao longo do tempo, quando se baseia na ativação e na canalização de forças sociais e na melhoria da capacidade asso-ciativa e do exercício da iniciativa inovadora. O desenvolvimento de um município, no longo pra-zo, depende profundamente da sua capacidade de organização social e política para modelar o seu próprio futuro. Ele ocorre quando, endogenamente, se manifesta uma energia capaz de estruturar recursos tangíveis (capital físico, capital natural) e intangíveis (capital social, capital institucional), que se encontra-vam latentes ou dispersos.

Assim, um processo de de-senvolvimento endógeno local é concebido e implementado a partir da capacidade que dispõe determinada comunidade para a mobilização social e política de recursos humanos, materiais e institucionais. Passa, normal-mente, por diversas etapas. Não é um processo que brota no ter-reno do conformismo, da apa-tia, da inércia ou da passividade dos habitantes de um município onde uma dinâmica de organi-zação social e política ainda não se faz presente. Não há desen-volvimento onde não há incon-formismo com relação ao mau desempenho dos indicadores econômicos, sociais e de sus-tentabilidade ambiental. Assim, numa primeira etapa, é impor-tante organizar a estruturação deste inconformismo.

Page 10: Revista Energia Nacional - Edição 02

Entrevista

[10] EnergiaNacional • JUN/2013

A etapa seguinte tem sido procurar diagnosticar, técnica e politicamente, as razões e as cau-sas do mau desempenho destes indicadores. Não se trata apenas de preparar documentos elabo-rados por especialistas mas, prin-cipalmente, de conscientizar as li-deranças políticas e comunitárias sobre o que deve ser feito para transformar as condições atuais, visando a obter melhores índices de desenvolvimento humano, de competitividade econômica, etc.

A terceira etapa envolve a transformação de uma agenda de mudanças em um plano de ação. Um plano que seja não apenas tecnicamente consisten-te, mas essencialmente gerado a partir de uma intensa mobili-zação dos segmentos da socie-dade civil, em regime de pacto e parceria com as autoridades e instituições locais e supra-locais.

eN >> durante 2º Workshop de Mineração para Jornalis-tas, promovido pela anglo american, em São Paulo, em maio deste ano, o Sr. declarou ser equivocado o que se tem apregoado quanto ao caráter predatório da mineração, ne-gando que a atividade com-prometa o bem-estar das futu-ras gerações. Em que o Sr. se fundamenta quando apresenta essas posições? No Brasil, hoje, é possível afirmar que a mine-ração é realizada de forma sus-tentável? Em Minas gerais, que municípios o Sr. citaria como exemplos da extração mineral

compatível com a preservação ambiental? Qual é o “modelo” adotado nessas cidades?PH >> Em 1985, a participação relativa do PIB do Estado de Mi-nas Gerais em relação ao PIB do Brasil a preços correntes era de 9,61%. Sem ultrapassar a marca dos 10%, esta participação che-ga a 9,32%, em 2010. Da mesma forma, o PIB per capita de Mi-

nas, que representava 91,6% do PIB per capita do Brasil em 2000, chega a 90,7% em 2010.

Considerando que, ao longo dos últimos 15 anos, houve va-rias experiências bem sucedidas de promoção industrial visando a atrair novos projetos de inves-timento para o Estado, porque esta situação de persistência de uma posição relativamente es-tagnada da economia de Minas no cenário nacional? Basta ob-servar que dos 853 municípios do Estado, 453 tinham PIB per capita inferior à metade do PIB per capita brasileiro, em 2010. Quase todos esses municípios se

localizam no Norte de Minas, no Vale do Jequitinhonha, no Vale do Mucuri e em algumas micror-regiões do Vale do Rio Doce e da Zona da Mata. Desses 453 muni-cípios, 159 têm o PIB per capita inferior a 30 por cento do PIB per capita brasileiro.

Como sobrevivem economi-camente? Em geral, cerca de 60 por cento de suas famílias estão protegidas por alguma política social compensatória do Gover-no Federal e mais de 70 por cen-to dos recursos orçamentários de inúmeras de suas Prefeituras vêm de alguma forma das transferên-cias fiscais do Governo Federal.

O que esses municípios têm em comum em sua dinâmica econômica? Uma história do uso predatório ou não sustentável de sua base de recursos natu-rais renováveis e não renováveis. Historicamente, é possível situar essa degradação ambiental ao longo do ciclo do ouro, do ciclo do diamante, do desmatamento da Mata Atlântica, da ocupação desordenada do cerrado, etc. A perda da qualidade dos recursos ambientais nessas regiões resulta em sensível redução da produti-vidade dos seus recursos naturais e, em sequência, a formação dos bolsões de pobreza. Esses bol-sões se contrapõem à prosperi-dade econômica e ao progresso social das áreas do Triângulo Mi-neiro, do Sul de Minas, do Alto Paranaíba e do Noroeste de Mi-nas, configurando uma dualida-de espacial no desenvolvimento do Estado.

“O desenvolvimento de um município, no longo prazo, depende profundamente da sua capacidade de organização social e política para modelar o seu próprio futuro“

Economista, Paulo Haddad

Page 11: Revista Energia Nacional - Edição 02

EnergiaNacional • JUN/2013 [11]

Contudo, atualmente, para atender às rigorosas normas e es-truturas regulatórias das políticas públicas ambientais, as empre-sas de mineração capitalistas e globalizadas têm mantido rígido controle dos impactos ambien-tais decorrentes da implantação e da operação de seus projetos de investimento. Esses projetos passam por audiências públicas democraticamente organizadas, pela avaliação e pela supervisão recorrentes de órgãos da admi-nistração pública dos três níveis de governo e pelo olhar critico de competentes e especializa-dos profissionais dos diferentes meios de comunicação.

Há muitos preconceitos quanto às possibilidades de um município, cuja base econômi-ca é a atividade de mineração, vivenciar um processo de de-senvolvimento sustentável. Na verdade, em quase todos os municípios menos desenvolvi-dos do país onde está localizado um grande projeto de investi-mento de mineração, os bene-fícios socioeconômicos são mui-

to expressivos. O salário médio na fase de operação do projeto chega a ser até cinco vezes supe-rior ao salário médio que preva-lecia na economia formal. A arre-cadação tributária do município (CEFEM, VAF, ISS, etc.) tende a se multiplicar por dez. O merca-do de trabalho se dinamiza e se diversifica. Ocorre também uma modernização da sua infraestru-tura econômica e social.

A Fundação João Pinheiro elaborou e divulgou o índice Mineiro de Responsabilidade Social (IRMS), um indicador que expressa o nível de desenvolvi-mento de cada município minei-ro. O índice de 2009 considera mais de 240 indicadores munici-pais, organizados nas dimensões saúde, educação, renda, segu-rança pública, meio ambiente e saneamento, cultura, esporte e lazer, finanças públicas. Elabo-rado com extremo rigor técnico pela equipe da FJP, o IMRS con-segue identificar, sem dúvida, quais os melhores municípios de Minas em termos do seu nível de desenvolvimento socioeconômi-

co. Destacam-se, entre os cinco melhores municípios do Estado, três que têm na sua base eco-nômica a mineração: Nova Lima, Itabira e Catas Altas.

De qualquer forma, é indis-pensável que os municípios mi-neradores estabeleçam como objetivo de longo prazo a diver-sificação de sua base econômica para enfrentar a fase de exaustão das minas e a sua consequente decadência econômica.

Uma economia regional ou local, cuja base produtiva é constituída predominantemen-te de um único tipo de bem, é extremamente vulnerável. Os choques adversos no pre-ço deste bem nos mercados extrarregionais, o aparecimen-to de substitutos ou a exaus-tão do mesmo, sem que, num dado lapso de tempo, a estru-tura produtiva regional tenha se diversificado, coloca problemas de difícil solução, pelo menos no curto e médio prazo. O prin-cipal deles são os passivos am-bientais numa economia estru-turalmente estagnada.

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[12] EnergiaNacional • JUN/2013

A Associação Nacional dos Municípios Produtores (ANAMUP) completou, no mês de junho, 10 anos de muito trabalho na defesa e no fortalecimen-

to dos municípios com capacidade de produção. Desde 2003, as ações da entidade estão anco-radas nos interesses comuns de seus associados.

O início da ANAMUP se deu na necessidade de aprovação de uma proposta tributária que garan-tisse os direitos constitucionais dos municípios. E por meio de um trabalho realizado junto ao Gover-no Federal, parlamentares e demais entidades mu-nicipalistas, surgiu a primeira vitória: a garantia da manutenção dos critérios do artigo 158 da Cons-tituição Federal (repasse de 75% dos critérios de distribuição do Valor Adicionado Fiscal (VAF) do ICMS produzido no território municipal).

Do inicio da década passada até os dias atu-ais, a ANAMUP vem colecionando e somando vi-tórias. Em 2008, juntamente com outras entidades municipalistas coroou um acordo que representou uma significativa conquista para os municípios do segmento produtivo: a criação de um teto nos cri-térios de repasse do ICMS visando aparar as ex-ceções nacionais.

Concomitante a essas ações e vitórias, a ANA-MUP também trabalha no estreitamento com ou-tros diversos segmentos produtivos, ampliando sua área de atuação. O trabalho que era desen-volvido com base em um perfil fundamentado em variáveis, como o VAF e o ICMS, se expandiu

dez anos de trabalho para o fortalecimento dos municípios com segmentos produtivos

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eNcarte eSPecial aNamuP

EnergiaNacional • JUN/2013 [13]

10 aNoS da aNamuP: Palavra doS ex-PreSideNteS

“Numa década em que o País prosperou, entidades im-portantes como a ANAMUP tem importante papel por congregar municípios que foram, sem dúvida, o alicerce de muito o que o país produziu e, hoje, temos certeza de que: só há ordem se houver progresso e só há progresso se hou-ver produção.”

Dilson Cesar Moreira JaCobuCCi

“A ANAMUP é uma entidade política que assume compro-misso com a ética e a democracia. Por isso, temos dez anos de luta diante de processos tão necessários para o Brasil. Parabéns a todos os seus associados.”

ClerMont silveira Castor

“Parabéns à Anamup pelos 10 anos de lutas em defesa dos municípios brasileiros, verdadeiros produtores das riquezas do nosso país. Te-nho muito orgulho por ter escrito um dos capítulos desta his-tória. Continuamos juntos pelo municipalismo, pela redistri-buição dos royalties do petróleo, pela reforma tributária e por um Brasil mais justo e igualitário.”

luiz Carlos Caetano

“é uma enorme satisfação ter ficado à frente da ANAMUP por um perí-odo. Essa entidade, a cada dia que passa, vem conquistando impor-tantes vitórias para o desenvolvimento econômico dos municípios com segmentos produtivos. Parabéns ANAMUP, que estes 10 anos de sucesso se multipliquem por muito e muitos anos.”

túlio sérvio barbosa Coelho

“Tenho muito orgulho de ter presidido a ANAMUP de 2010 a 2013, uma entidade séria, comprometida com o for-talecimento do municipalismo brasileiro e com um trabalho extre-mamente profissional, contribuindo para uma atuação cada vez mais qualificada dos municípios, consórcios municipais ou associa-ções regionais. De forma substantiva, A ANAMUP esteve junto aos prefeitos e prefeitas, na luta pela Reforma Tribu-tária, royalties do petróleo, Novo Marco Regulatório da Mineração, entre outros temas.”

MoeMa GraMaCho

para nichos, como: petróleo e mineração.

PetróleoA ANAMUP sempre atuou

para uma distribuição justa dos royalties do petróleo, mas com um diferencial para os municípios confrontantes e para os municí-pios que são embarque e desem-barque de petróleo e gás natural, a fim de garantir que o rateio das receitas se dê de uma maneira justa para todos os envolvidos.

miNeraçãoA ANAMUP trabalha na

conscientização dos municí-pios mineradores acerca da atual realidade da ativida-de mineradora no Brasil, com destaque para as questões da Compensação Financeira pela Extração Mineral – CFEM e a implementação do Novo Mar-co Regulatório da Mineração.

Após esses 10 anos de traba-lho, lutas e vitórias, a ANAMUP segue fortemente na busca do desenvolvimento social e econô-mico dos municípios brasileiros. Porque é no município, enquan-to ente federado, que se sente a doçura do sucesso e amargura da derrota. E como não poderia deixar de ser, é também no muni-cípio que começa a estrada para o caminho das transformações que se fazem necessárias para o crescimento de uma nação.

ParabÉNS aNamuP!

em freNte SemPre.

Page 14: Revista Energia Nacional - Edição 02

[14] EnergiaNacional • JUN/2013

A Associação Nacional dos Municípios Sedes de Usinas Hidroelétricas – AMUSUH é uma entidade municipalista que atua na defesa dos interesses dos

municípios geradores de energia, visando fortale-cê-los como entes federados.

O trabalho teve início em 1993, quando co-meçaram a surgir pressões sociais e políticas por reformas na área tributária. Sempre alerta e acompanhando de perto a tramitação da reforma tributária no Congresso Nacional, a AMUSUH foi uma das entidades responsáveis pela retirada de pauta de vários pontos importantíssimos que, fa-talmente, comprometeriam as receitas municipais. Como exemplo, citamos a alteração do artigo 158 da Constituição Federal, em que a distribuição do ICMS poderia ser estabelecida por lei complemen-tar, e da estadualização do ISSQN.

Juntamente com outras entidades municipalis-tas, a AMUSUH coroou, ainda, um acordo que re-presentou uma significativa conquista para os mu-nicípios sedes de usinas hidroelétricas: A criação de um teto nos critérios de repasse do ICMS visan-do aparar as exceções nacionais num período de transição de 07 anos em até quatro vezes a média do ICMS per capita do Estado.

A AMUSUH continua diversificando nas suas ações no sentido de melhor atender às demandas dos municípios sedes de usinas hidroelétricas. A atuação em prol da aprovação do PLC 315/2009 - projeto que altera o percentual da CFURH de 45%

amuSuHdesde 1993 atuando em defesa dos municípios geradores de energia

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eNcarte eSPecial amuSuH

EnergiaNacional • JUN/2013 [15]

para 65% - é um exemplo dessa percepção mais abrangente do contexto político, econômico e so-cial que perfaz a realidade desse segmento. A en-tidade também trabalha pela aprovação do projeto que distribui ,de forma mais equilibrada, as receitas do Pré-Sal, que assegure os direitos dos municípios produtores, por suas particularidades, mas contem-ple também os demais municípios brasileiros.

A AMUSUH busca atuar de maneira participativa em todas as esferas dos poderes legislativo e execu-tivo, sempre lutando pelos direitos dos municípios:

• Participa das negociações com o gover-no federal nos assuntos de interesse dos municípios;

• Defende os critérios constitucionais do Valor Adicionado do ICMS;

• Acompanha em tempo real os processos legislativos;

• Define e orienta os municípios, pensando propostas para uma melhor gestão;

• Elabora agenda própria junto ao governo;• Busca parcerias com as demais entidades

municipalistas; • Promove debates e troca de experiência de

êxitos entre os municípios do segmento de energia;

Criação da Frente Parlamentar miSta em deFeSa doS muniCíPioS SedeS de uSinaS HidroelétriCaS é o reConHeCimento do traBalHo da amuSuH

Em abril deste ano, a Associação dos Municípios Sedes de Usinas Hidroelétricas (AMUSUH) ganhou uma força extra dentro do cenário nacional: a Frente da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Municí-pios Sedes de Usinas Hidroelétricas.

O grupo presidido pelo deputado Vilson Covatti (PP-RS) tem o objetivo de debater, estudar e encami-nhar as demandas e desafios do setor, visando uma melhor interlocução dos municípios com os órgãos do governo federal e com Judiciário, fortalecendo os interesses dos municípios geradores de energia

traga Seu muNicíPio Para amuSuH. uNidoS SeremoS aiNda maiS forteS!

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que são responsáveis pela sustentabilidade econô-mica do país.

O presidente da AMUSUH, Altenir Rodrigues da Silva, afirmou que a força que tem uma Frente Parla-mentar atuante mostra que a entidade cada vez está mais forte na defesa dos municípios, e por isso, é um momento histórico para a associação. “A Frente Par-lamentar é o reconhecimento do trabalho da entida-de que vem desenvolvendo com muita seriedade a mais de 20 anos em suas ações. é o reconhecimen-to da importância dos municípios sedes de usinas hidroelétricas, para o desenvolvimento do país no contexto nacional”, disse Altenir.

A Frente Parlamentar vai promover debates pelo Brasil, auxiliando na criação de políticas públicas que promovam as demandas dos municípios. O de-putado Vilson Covatti explicou que o trabalho será sempre feito em parceria com a Associação dos Mu-nicípios Sedes de Usinas Hidroelétricas (AMUSUH) Para ele, a Frente Parlamentar será o cartão de visita destes municípios. “A partir de agora os municípios sedes de usinas e também alagados terão a força ne-cessária dentro do Congresso Nacional para terem suas demandas atendidas”, disse Covatti.

A curto prazo, a AMUSUH defende a aprovação do PLC 315/2009, que está em tramitação no Sena-do Federal. O PLC aumenta a compensação finan-ceira pela utilização dos recursos hídricos destinadas aos municípios sedes de 45% para 65%.

Outra demanda dos municípios é criar alternati-vas para minimizar os impactos da Lei 12783/13 que

reduz o ICMS na venda de energia, prejudicando futuramente os investimentos em educação, saúde e saneamento básico, o que pode deixar inviável a governabilidade.

1ª reunião deliBerativa da nova diretoria da amuSuH Contou Com audiênCiaS no PaláCio do Planalto, Senado Federal e miniStério da PeSCa e aquiCultura

A Associação Nacional dos Municípios Sedes de Usinas Hidroelétricas (AMUSUH) realizou no mês de março a primeira reunião deliberativa sob o coman-do do presidente Altenir Rodrigues da Silva.

Foram realizadas diversas audiências em Brasília com o objetivo de atender as demandas dos municí-pios sedes de usinas.

A diretoria da AMUSUH foi recebida pelo Sub-chefe de Assuntos Federativos da Secretaria de Re-lações Institucionais da Presidência da República (SAF), Olavo Noleto, pelo Subchefe adjunto, Olmo Xavier e pelo assessor especial Gilmar Dominici. A AMUSUH pediu apoio ao Governo Federal na apro-vação do PLC 315/2009, que é de extrema impor-tância para os municípios sedes de usinas.

Sobre o mesmo tema, a AMUSUH também se reuniu com o presidente da Comissão de Consti-tuição e Justiça (CCJ) do Senado Federal, Vital do Rêgo (PMDB-PB).

A reunião deliberativa também contou com uma visita ao Ministério da Pesca e Aquicultura. A AMUSUH e integrantes do governo discutiram a ampliação do Plano Safra e também à implementação de parques aquícolas nas áreas alagadas pelas usinas.

A AMUSUH explicou para os integrantes do mi-nistério que a utilização destas áreas será de extre-ma importância para o desenvolvimento dos muni-cípios, gerando empregos, aquecendo a economia, promovendo a assistência técnica e a extensão rural à 120 mil famílias de pescadores.

A primeira reunião da nova diretoria também contou com uma audiência na Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL.

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Altemir Rodrigues (Presidente da AMUSUH)

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amuSuH e ciNdra Se uNem Para aProvação do Plc 315/2009

Primeira reunião Foi realizada em Porto aleGre - rS

A Associação Nacional de Municípios Sedes de Usinas Hidroelétricas - AMUSUH e a Comissão de In-tegração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia – CINDRA se unem na luta pela aprovação do PLC 315/2009, que está em tramitação no Sena-do Federal. A primeira reunião entre as duas entida-des aconteceu em abril, em Porto Alegre – RS.

O PLC aumenta a compensação financeira pela utilização dos recursos hídricos (CFURH) destinadas aos municípios sedes de 45% para 65%.

Para a secretária executiva da AMUSUH, Tere-zinha Sperandio, o movimento que nasceu no Rio Grande do Sul é de extrema importância para a saú-

de financeira das cidades, pois ajuda a equilibrar as perdas que os municípios estão sofrendo.

“Demos o primeiro passo. Começamos hoje aqui no Sul e certamente vamos espalhar essa cam-panha de aprovação desta importante proposta em todo o país. Os prefeitos não tinham noção dos pre-juízos que tudo isso está provocando nas suas comu-nidades”, disse Terezinha Sperandio.

O presidente da CINDRA, deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) alerta que o dinheiro recebido como compensação financeira pelos Estados não cumpre sua verdadeira finalidade, que é a preservação do meio ambiente. “Estamos iniciando uma grande mobiliza-ção nacional para corrigir esta distorção, fazendo com que a pressão leve à aprovação do PLC 315/2009, que estabelece novos critérios de divisão desta compensa-ção. é um reforço de caixa importante para que os pre-feitos possam enfrentar os desafios com a preservação dos mananciais”, esclareceu o presidente da CINDRA.

eNcarte eSPecial amuSuH

EnergiaNacional • JUN/2013 [17]

Avenida Princesa Isabel, 629 - Ed. Vitória Center - Sala 401 - Centro - Vitória - ES - CEP: 29010-904Fone: (27) 3227-3077 - E-mail: [email protected] - Twitter: @amunes1

A FORÇA DO MUNICIPALISMO ESPIRÍTO-SANTENSE

Conheça mais em: www.amunes.org.brAssociação dos Municípios do Espírito Santo

A Associação dos Municípios do Espírito Santo - AMUNES atua desde 1972 na defesa e garantia dos interesses dos municípios capixabas.

• Criação do Comitê de Articulação Estadual: busca a formulação de estratégias e implementação de ações coordenadas entre estado e municípios.

• Criação do Fundo de Redução das Desigualdades Regionais;

• Uso efetivo dos recursos do FRD pelos municípios;

• Programa Fidelidade Banescard: estimula o pagamento do IPTU e dá benefícios a população.

• Parcerias com instituições de ensino e pesquisa para elaboração de projetos para os municípios, o que permite, entre outros benefícios, maior facilidade ao acesso de recursos.

• Criação do Portal dos Municípios: criação de páginas na internet para os municípios capixabas.

LUTAS• Criação do Fundo de Combate à Pobreza - Lei

Complementar Nº 336/2005: criou o Fundo de Combate à Pobreza e Conselho Gestor do mesmo, que estabelece áreas de aplicação de recursos.

• Retenção do ISS pelas instituições estaduais dos prestadores de serviço –ISS Retenção; dentre outras.

• Co-financiamentopeloGovernodoEstadodaAtençãoPrimaria a Saúde;

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Economia

[18] EnergiaNacional • JUN/2013

Cobrança

Analistas do setor acreditam que a mudança em termos de royalties e taxa de participação especial virá antes da criação da Agência Nacional de Mineração

imposto da mineração gera dúvidas

A metodologia de cál-culo e a forma como será feita a cobran-ça de impostos para

a produção de minério existente e quanto ao que será produzido no futuro seguem em um pata-mar de indefinições. A discussão sobre o marco regulatório do setor de mineração, por sua vez, ainda está recheada de pontos nos quais o tema não vai além de projeções sobre o que pode-rá acontecer.

As grandes empresas do se-tor – a exemplo da Vale, MMX

SAUS QUADRA 4 Bloco A Lotes 9/10, Ed. VICTÓRIA OFFICE TOWER, Sala 1010, BRASÍLIA-DF Telefones: (61) 3226-5789 e (61) 9593-4000 E-mail: [email protected]

A SOCIEDADE DE ADVOGADOS, COM SEDE EM BRASÍLIA-DF E INSCRITA NA OAB/DF SOB Nº 1921/11, TEM ADVOGADOS ESPECIALIZADOS EM DIREITO ADMINISTRATIVO, TRABALHISTA E CÍVEL E ATUA:

• noTCU(TCE,TCA,LicitaçõesePrestaçõesdeContasemRepasseseConvênios)

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Mineração e Metálicos S.A. e Companhia Siderúrgica Nacio-nal (CSN) – optaram por não comentar o assunto por consi-derarem-no ainda precoce. Pro-curada, a direção do Instituto Aço Brasil também optou por não opinar sobre o tema. Neste caso, as previsões ficam mesmo por conta dos analistas. Pedro Galdi, da SLW Corretora, tem a opinião-padrão da maioria. Ele acredita que o aumento na co-brança de royalties para o setor virá antes mesmo da criação da Agência Nacional de Mineração.

“O que se espera é que a mudança na cobrança dos royalties virá antes mesmo da criação da Agência Nacional de Mineração, ou seja, será anun-ciada uma medida provisória onde os royalties serão eleva-dos de 2% sobre o faturamen-to líquido para 4% sobre o fa-turamento bruto. Junto virá um novo imposto sobre pelotas, que antes não era cobrado do setor”, comenta o analista. Ain-da segundo ele, o grande te-mor das empresas do setor é a inclusão de uma nova compen-

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EnergiaNacional • JUN/2013 [19]

sação financeira a ser paga pe-las grandes reservas.

“Mas ainda não há clareza so-bre este tema. Hoje é cobrada do setor de petróleo uma taxa de participação especial, mas que não deve ser tão elevada e tende a ser direcionada a projetos ainda em criação. O governo tem sina-lizado há algum tempo a criação da Agência Nacional de Minera-ção e com ela novos conceitos de cobrança de royalties. Esta medi-da seria lançada no ano passado, mas decorrente de preocupações do governo com o fraco cresci-mento da economia brasileira buscou interferir em outros te-mas, como a redução dos juros, dos spreads bancários, da redu-ção da tarifa elétrica, entre outras medidas”, acrescentou.

diScrePâNciaSUm relatório produzido pela

Goldman, Sachs & Co. aponta que a discussão sobre a possível criação de um Imposto de Parti-cipação Especial para a indústria de mineração está no radar dos investidores, uma vez que, rela-

ta o documento, este não é um tipo de imposto comum na in-dústria de mineração em outros países do mundo.

Pela análise da Goldman Sachs algumas questões sobre as mudanças para o setor ainda não foram respondidas, entre elas a metodologia de cálculo do imposto e se este imposto terá impacto sobre a produção existente ou na produção ainda em desenvolvimento.

O documento segue mos-trando que há “diferenças signifi-cativas entre a mineradora brasi-leira e as indústrias de petróleo e gás”, o que, avaliam os analistas do Goldman Sachs, poderia ser

considerado pelos órgãos regu-ladores durante o processo de decisão sobre as novas regras. Na análise do Goldman Sachs, a diferença mais visível, na compa-ração do setor de mineração com o de petróleo é que a concorrên-cia no setor de petróleo e gás no Brasil tem na Petrobras um virtual monopólio do setor, enquanto as mineradoras vivem “dura com-petição a nível mundial”.

Outro ponto destacado pelo documento é que os preços dos combustíveis são definidos pelo governo brasileiro, enquanto os preços para a mineração são de-finidos globalmente, com base na oferta e procura.

Para uma fonte próxima do setor, a aprovação na mudança dos royalties e a criação de um imposto de participação espe-cial deverão ser mesmo postos em prática por meio de decreto ou medida provisória. O que, na avaliação do especialista, acon-tecerá ainda esse ano. Para ele, a taxa será aplicada em grandes projetos com alto potencial de produção de minério de ferro.

Galdi acredita que o aumento dos royalties não tardará

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Economia

[20] EnergiaNacional • JUN/2013

Investimento

No primeiro semestre de 2013 – em especial nos primeiros meses do período – a balança comercial brasileira sofreu alguns prejuízos em função do au-mento da importação de petróleo e derivados. O

abastecimento interno, em uma primeira análise, ficou compro-metido. E a crescente e natural necessidade de obter combustí-veis sugeriram um agravamento, que logo foi contornado pelas políticas energéticas.

O panorama passou a ser alvo de uma sugestão comum vin-da de vários estados brasileiros, principalmente os produtores: o investimento no parque de refino brasileiro. Governos e po-pulação acreditam que o país precisa dar passos no sentido de dominar o seu próprio processo industrial do petróleo.

Dois projetos – um em Pernambuco e outro no Rio de Janeiro – figuram no quesito construção de refinarias no Brasil. A nordestina Refinaria Abreu Lima deve começar sua operacio-nalização entre novembro de 2014 e maio do ano subsequente. Um mês antes, em abril de 2015, é a previsão para o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro ter sua primeira fase iniciada.

um crescimento refinado

Brasil precisa ampliar suas instalações para refino de petróleo. Setores envolvidos, como o de engenharia industrial, afirmam estarem preparados para conduzir os novos projetos

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EnergiaNacional • JUN/2013 [21]

a imPortâNcia daS refiNariaS

Após a extração, o petróleo bruto passa por di-ferentes etapas de transformação nas refinarias, que são grandes indústrias de beneficiamento. Esse pro-cesso tem por objetivo realizar a separação dos di-versos tipos de hidrocarbonetos presentes no petró-leo, proporcionando a produção de seus derivados.

A primeira fase de uma refinaria são as colunas de fracionamento, onde ocorre o aquecimento em

altas torres de aço divididas horizontalmente, cuja temperatura reduz conforme se direciona ao ápice da torre. Em seguida, ocorre a evaporação e, pos-teriormente, o produto passa por diversos níveis de condensação. Em cada um deles é possível se ob-ter um derivado do petróleo. Portanto, as refinarias são estruturadas para processar o petróleo e obter uma grande variedade de derivados.

A capacidade da empresa flumi-nense deverá ser elevada a 2,4 milhões de barris diários.

Para Antonio Müller, enge-nheiro e presidente da Associa-ção Brasileira de Engenharia In-dustrial (ABEMI), a pressão pela demanda deve ser aliviada com o aumento na produção. “En-tretanto, será insuficiente acom-panhar a expansão do consumo nacional de derivados no médio prazo, pois está estimado entre 3,2 e 3,4 milhões para o ano de 2020”, pondera.

NordeSte Na freNteTambém há a previsão, para

os próximos anos, da constru-ção das refinarias Premium I (Maranhão) e Premium II (Ceará). A fase atual de trabalhos, resumi-damente, é a seguinte: os pro-jetos encontram-se em fase de avaliação pela Petrobras, que busca ainda parceiros interna-cionais para viabilizar os empre-endimentos, essenciais para a ampliação da oferta interna de derivados do petróleo.

O Diretor de abastecimen-to da Petrobras, José Carlos Cosenza, já anunciou que a Re-finaria do Ceará entrará em ope-ração em dezembro de 2017. Outro ponto levantado por ele

foi o crescimento da deman-da por combustíveis no Brasil. “Essa oferta já levou o País a importar gasolina. Na minha avaliação, a refinaria é uma ne-cessidade para o País e para o Ceará”, entende Cosenza.

O empresariado brasilei-ro tem trabalhado em todas as frentes para chegar aos mesmos padrões de qualidade e compe-titividade da engenharia interna-cional. Em ações conjuntas com a Petrobras, as companhias do setor modernizaram seus pro-cedimentos, investiram na ca-pacitação os profissionais, com treinamento e reciclagem de en-genheiros e também formação de trabalhadores especializados em montagens industriais.

Além disso, a engenharia brasileira já começa a trabalhar também com a variável de utili-zação e manutenção do futuro empreendimento. Desta forma é possível calcular o custo glo-bal do projeto, incluindo a ope-ração e manutenções ao longo de sua vida útil.

“Na minha avaliação, a refinaria é uma necessidade para o País e para o Ceará”

João Carlos Cosenza,Diretor de abastecimento

da Petrobras

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Economia

[22] EnergiaNacional • JUN/2013

Prevenção

De acordo com dados levantados pelo Ins-tituto Brasileiro de Mineração (Ibram)

junto às principais mineradoras em atividade no País, uma ge-nerosa cifra de R$ 150 bilhões – US$ 75 bilhões – será investida, até 2016, em projetos de mine-ração no solo brasileiro. Trata-se

A atividade minerária em geral envolve máquinas grandes e caras, além de risco à saúde. Seguradoras oferecem soluções para o setor

de 20% de tudo o que será apli-cado no setor em todo o mun-do. Um estudo da consultoria PriceWaterhouseCoopers (PwC) mostra que, enquanto o Brasil receberá R$ 150 bilhões, a cifra global alcançará R$ 800 bilhões – US$ 400 bilhões – no mesmo período. Os estados de Minas Gerais e Pará merecem destaque

nessa conjuntura por represen-tarem, respectivamente, 48% e 28% da produção nacional.

Para explorar bem essas ri-quezas e evitar maiores danos à natureza, três ferramentas são fundamentais: pesquisa, tecno-logia e segurança. Entretanto, mesmo que se previnam e pla-nejem suas ações, as multina-cionais do setor estão sujeitas a todos os tipos de adversidades desde o projeto, passando pela construção da planta, pela ma-nutenção de suas operações e pelo transporte.

“Visando a excelência em todos as etapas, a contratação de um seguro amparando todo o risco operacional torna-se im-prescindível”, afirma Alexandre Mucida, diretor da Intermezzo Seguros. “O negócio envolve o uso de equipamentos pesados, em locais de acesso cada vez mais difíceis, e com força de tra-balho humana, daí a necessidade de um seguro que possa cobrir todas as demandas”, diz Mucida.

O diretor ressalta que a inter-rupção no fornecimento de água, combustíveis ou até mesmo de energia por causas naturais, ou pela falta momentânea de segu-rança, impacta diretamente na geração de receita, alterando o fluxo de caixa da planta, “poden-do ser necessária a contratação de empréstimos bancários, nem sempre conseguidos em tempo hábil. Vale mencionar também, problemas relativos à segurança e saúde dos colaboradores e vizi-nhança”, informa Mucida.

o seguro morreu de velho

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EnergiaNacional • JUN/2013 [23]

PrejuízoSUm estudo divulgado há dois

anos pela corretora Willis revelou que a capacidade do mercado se-gurador para reter os riscos desse segmento diminuiu 30% (conside-rado danos patrimoniais e lucros cessantes). Segundo o relatório, em 2010 as perdas seguradas em catástrofes naturais que afetaram as apólices de mineração soma-ram 2,7 bilhões de dólares. En-tre os principais acontecimentos estão os terremotos na Nova Zelândia e Austrália e as inunda-ções no Brasil e na África do Sul.

Outro ponto importante é que a mineradora deve informar o va-

lor correto do que será segurado, mesmo que apenas uma parte seja segurada. Segundo Mucida, se o projeto está avaliado em um valor e é declarado um valor me-nor, a diferença entre o que vale e o que for passado para a compa-nhia é assumida pela empresa em caso de prejuízo.

Existem coberturas específi-cas para cada etapa e setor de uma mineração, protegendo as operações, o patrimônio físico e o contingente humano, com responsabilidades ligadas às áre-as ambientais, fiscais, políticas e civis. “O conhecimento técnico por parte do corretor de seguros

torna-se imprescindível na hora da contratação das apólices, para que todos esses riscos estejam cobertos”, alerta o diretor. “Estu-dos de engenharia, ambientais e logísticos são comuns na hora da construção da apólice, minimi-zando a possibilidade de ocorrer algum problema”, afirma.

Alexandre Mucida

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Capa

[24] EnergiaNacional • JUN/2013

Novo Marco Regulatório da Mineração

Depois de mais de cin-co anos de espera, o Governo Federal apresentou no mês de

junho o Novo Marco Regulatório da Mineração. A proposta que será enviada para o Congresso Nacional sob a forma de projeto

de lei, com urgência constitucio-nal, terá que ser debatido e vota-do até setembro, ou passa a tran-car a pauta.

O Novo Marco da Mineração vai proporcionar maior planeja-mento do setor e permite ao Es-tado garantir o uso racional dos

recursos minerais para o desen-volvimento sustentável do País.

A criação do Conselho Nacio-nal de Política Mineral, órgão de assessoramento do presidente da República e da Agência Nacional de Mineração, alterações no cál-culo da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Mi-nerais (CFEM) e mudança do re-gime de concessão de lavras por licitações ou chamadas públicas, são as principais mudanças pro-postas pelo governo no texto.

O Projeto de Lei pretende substituir as regras anteriores, datadas de 1967. A alíquota da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) terá teto máximo de 4%.

Governo Federal apresenta Novo Marco Regulatório da Mineração

cinco anos de espera

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EnergiaNacional • JUN/2013 [25]

Além disso, entre as grandes no-vidades anunciadas está a confi-guração da distribuição da CFEM. Os municípios produtores ficarão com a maior fatia (65%). Os esta-dos produtores ficarão com 23% e a União com 12%. Os valores são os mesmos, no entanto, a base de cálculo mudou. O percentual será baseado no valor bruto da venda e não mais no valor líquido.

Na ocasião, o Ministro de Mi-nas e Energia, Edison Lobão, dis-se que é momento histórico para o Brasil e exaltou o papel da pre-sidente Dilma Rousseff. “Um ato corajoso da nossa presidenta ao encaminhar para exame do Con-gresso Nacional o marco para o setor mineral. Apesar do vasto território e imensas riquezas mi-nerais, o Brasil aproveita muito pouco essas riquezas. ”disse o ministro de Minas e Energia.

O presidente da ANAMUP, Carlos Casteglione, ressaltou a importância e o avanço do novo Código, mas lembrou que um

dos pleitos municipalistas não foi atendido no Projeto. “Reconhe-ço que avançou, muitos temas importantes para os municípios foram incluídos no texto, no en-tanto, o Governo não colocou na matéria qual será o índice arreca-dado sobre as diversas atividades minerais,” disse.

O Governo quer regulamen-tar esses percentuais (índices) por decreto. O presidente da ANAMUP, disse que esta é uma medida vulnerável. “A não de-finição em lei pode deixar os

municípios frágeis, já que de-creto pode ser feito a qualquer momento. Por isso vamos lutar no Congresso Nacional para que seja regulamentado em lei, qual o índice de cada atividade mineral”, disse o presidente da ANAMUP, Carlos Casteglione.

O ex-secretário de Geologia e Mineração do Ministério de Minas e Energia, Claudio Scliar ressaltou a importância do novo Código de Mineração. Realmente era neces-sária uma atualização nas regras para gerir a mineração no Brasil

Diretoria da ANAMUP e entidades municipalistas acompanham o lançamento do Novo Código da Mineração

Page 26: Revista Energia Nacional - Edição 02

Capa

[26] EnergiaNacional • JUN/2013

Novo Marco Regulatório da Mineração

PriNciPaiS mudaNçaS• Criação do Conselho Nacional de Política

Mineral1. órgão de assessoramento da Presidência da Re-

pública na formulação de políticas para o setor mineral. O conselho também selecionará as áreas de exploração que serão licitadas, de acordo com nova regra de leilões do marco.

• Criação da agência Nacional de Mineração1. órgão responsável pela regulação, gestão das in-

formações e fiscalização do setor mineral.2. Autarquia Especial dotada de autonomia adminis-

trativa e financeira vinculada ao Ministério de Mi-nas e Energia.

3. Extinção do Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM.

4. A agência garantirá o equilíbrio do mercado, coibindo práticas que possam comprometer o funcionamento do setor mineral.

ProPoStaS Para NovoS regimeS de aProveitameNto miNeral:

Os direitos minerários serão outorgados a brasi-leiros ou sociedades, organizados na forma empre-sarial ou em cooperativas, com sede e administra-ção no país.

• Contrato de Concessão para Pesquisa e lavra

1. As concessões serão precedidas de licitação ou chamada pública.

2. Título único para pesquisa e lavra.

Novo marco regulatório da miNeração

“A mineração é regida no có-digo desde 1967. Precisávamos nos adequar ao mundo de hoje. Com o novo Código, os princi-pais bens minerais do país, ago-ra, serão geridos através de licita-ções e contratos, e não mais pra quem chegar antes”, disse Scliar.

Ele também lembrou que após aprovação do Projeto, essas empresas que vão gerir os futu-ros contratos terão que se ade-quar a novas exigências e cer-tamente a preservação do Meio Ambiente será uma das funda-mentais contrapartidas.

O superintendente do Depar-tamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) em Santa Cata-rina, Ricardo Moreira Peçanha, também comemorou as mudan-ças propostas, mas elencou a nova base de cálculo da CFEM

como a principal vitória dos mu-nicípios. “Calculando a compen-sação pelo valor bruto da venda é mais vantajoso e seguro para as cidades”, disse.

O Novo Marco Regulató-rio da Mineração vai reduzir a

Mais de 700 pessoas, entre prefeitos, vereadores e presidentes de entidades, estiveram no Ministério de Minas e Energia acompanhando

o Workshop do Novo Marco Regulatório da Mineração

especulação improdutiva que ronda o setor e permitir maio-res investimentos na pesqui-sa e na produção de minérios, assim como o aproveitamento racional dos recursos minerais do país.

Page 27: Revista Energia Nacional - Edição 02

EnergiaNacional • JUN/2013 [27]

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3. Prazo de 40 anos renováveis por 20 anos, sucessivamente.

4. Critérios de habilitação técnicos e econômico-financeiros.

5. Exigência de conteúdo local.6. Previsão de uma fase de pesquisa com prazo

definido.

• licitações1. Rodadas de licitação em áreas definidas pelo

Conselho Nacional.2. Os critérios poderão incluir: Bônus de Assinatu-

ra; Bônus de Descoberta; Participação no Resul-tado da Lavra e programa exploratório mínimo.

• Chamadas Públicas1. A chamada pública tem por finalidade identifi-

car eventuais interessados na obtenção de uma concessão em áreas não classificadas pelo Con-selho Nacional como de Licitação Obrigatória.

2. Processo de seleção simplificado.

• autorização de Exploração de Recursos Minerais

1. Dispensa de licitação para exploração de mi-nérios destinados à construção civil, tais como: argilas para fabricação de tijolos, telhas, rochas ornamentais, água mineral e minérios emprega-dos como corretivos de solo na agricultura.

2. Prazo de 10 anos, renováveis por igual período.

comPeNSação fiNaNceira Pela exPloração de recurSoS miNeraiS (cfem) • Nova Base de Cálculo1. Receita bruta da venda deduzidos os tributos

efetivamente pagos incidentes sobre a comer-cialização do bem mineral.

• alíquotas1. Valores mínimos e máximos das alíquotas defini-

dos em lei (0,5% a 4%).2. Alíquotas especificas para cada bem mineral

definidas em regulamento.

• Critério de distribuição1. A regra permanece a mesma. A distribuição da

CFEM será feita da seguinte forma:a) 65% para os municípios.b) 23% para os estados.c) 12% para a União.

Page 28: Revista Energia Nacional - Edição 02

Artigo

[28] EnergiaNacional • JUN/2013

Bruno Gomes

bruno gomes é diretor

de projetos da Agenda

Pública, uma OSCIP

fundada em 2009, que reúne

uma equipe diversificada

de profissionais trabalhando

pelo aprimoramento

da gestão pública e

promovendo a participação

popular e o controle social.

v ivemos um novo mo-mento no setor da mineração. Hoje há

uma preocupação cada vez maior das instituições públi-cas, privadas e da sociedade civil acerca da repartição justa dos benefícios gerados pela atividade de exploração das reservas minerais (preocupa-ção esta que vai além da mera divisão dos royalties) e sobre os modelos e as formas de atuação (das empresas e do Estado) que promovam um verdadeiro desenvolvimento sustentável, em uma dinâmica de longo prazo.

Esse cuidado se explica pelo alto grau de investimento brasileiro, nos últimos anos, na ampliação de sua infraestrutura, na exploração de suas riquezas minerais e na realização de seu potencial energético. Grandes empreendimentos de iniciativa pública, privada ou mista são realizados muitas vezes atra-vessando ou mesmo ocupando o território de pequenos e mé-dios municípios do interior do Brasil. A mineração foi um dos setores mais dinâmicos nesse contexto, aumentando rapida-mente o número de projetos

em andamento ou ainda em fase de implementação.

fortalecimeNto daS caPacidadeS iNStitucioNaiS

Transformar os impactos da mineração em um desenvolvi-mento sustentável, autônomo e perene passa, necessaria-mente, pelo fortalecimento das capacidades institucionais da administração pública local e pela reconstrução de um capital social em torno da participação e do controle social.

Trabalhando desde 2009 em contextos de mineração, a Agenda Pública, instituição que trabalha para aprimorar a gestão pública e a governança democrática e incentivar a par-ticipação social, desenvolveu uma metodologia de atuação, constituída de uma série de atividades que apoiam o mu-nicípio: o Programa de Forta-lecimento Institucional e Par-ticipação Social. O programa, desenvolvido atualmente no estado de Goiás, proporciona uma série de benefícios para a comunidade que o acolheu e colabora para consolidar a presença da mineradora como

Um novo momento da mineraçãoMineração, democracia e desenvolvimento sustentável

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EnergiaNacional • JUN/2013 [29]

agente do desenvolvimento da região. Além dos inúmeros benefícios gerados pelo em-preendimento, os municípios puderam contar, por exemplo, com a Escola de Governo e Ci-dadania, um programa de for-mação dos quadros que atuam na administração e nos conse-lhos municipais.

Assim, o Programa de For-talecimento Institucional e Par-ticipação Social trabalha para a implementação de políticas públicas que ofereçam respos-tas às demandas sociais, vol-tando-se para o fortalecimento dos serviços públicos e para a garantia de direitos. Também procura abrir espaços para que a sociedade local, hoje mais in-teressada em participar e mais consciente de seus deveres e direitos, seja elemento deter-minante das escolhas e rumos tomados pelo poder público na construção de uma cidade mais humana, com mais qualidade de vida e com oportunidades reais para todos.

Uma atuação nessa dire-ção requer o reconhecimento por parte da mineradora, mas também da gestão municipal, da necessidade de investir no desenvolvimento de capacida-des institucionais dos órgãos públicos, assim como na qua-lificação da participação social por meio de instâncias como os conselhos municipais. é pre-ciso uma sólida parceria entre governo, empresa, sociedade para que sejam priorizadas e

pautadas as ações e discussões mais relevantes.

gruPo de diálogo: miNeração, democracia e deSeNvolvimeNto SuSteNtável

Além da atuação local, ou-tras iniciativas são importantes para incentivar e produzir co-nhecimento sobre práticas e modelos que possam promover o desenvolvimento sustentável e o aprimoramento do exercício da cidadania e da governança em contextos de exploração mineral. Nessa reflexão e de-bate devem se reunir, mais uma vez, os três setores interessados – mineradores, governos, socie-dade – e essa é a proposta do Grupo de Diálogo: Mineração, Democracia e Desenvolvimento Sustentável.

O grupo nasceu durante a Rio + 20, do encontro da Agen-da Pública com atores de diver-sos países da América Latina que, além de coordenar seus próprios grupos de diálogo na-cionais, se organizavam em um grupo regional latino-america-no. No Brasil, apesar de diver-sas iniciativas locais, não havia

ainda uma coordenação nacio-nal que reunisse governos, em-presas e sociedade para discutir a mineração como um motor de desenvolvimento sustentável e um elemento propulsor de uma governança mais democrática. A Agenda Pública assumiu o compromisso de articular e co-ordenar o grupo brasileiro.

Desde então, foram reali-zadas diversas discussões bila-terais com empresas do setor, representantes do governo brasileiro, governos locais e re-gionais de cidades e estados produtores, organizações so-ciais, iniciativas locais, órgãos internacionais, associações de prefeitos e municípios, associa-ções de empresas, entre outros. O grupo, representado pela Agenda Pública, esteve pre-sente também em encontros internacionais no Equador, na Argentina e no Canadá, divul-gando a experiência brasileira. Em abril deste ano, foi realizada a primeira reunião do Grupo de Diálogo, em Brasília, com parti-cipação do Ministério de Minas e Energia e do Instituto Brasi-leiro de Mineração (Ibram), de empresas e de organizações so-ciais nacionais e internacionais.

“O Programa de Fortalecimento Institucional e Participação Social trabalha para a implementação de políticas públicas que ofereçam respostas às demandas sociais, voltando-se para o fortalecimento dos serviços públicos e para a garantia de direitos.”

Page 30: Revista Energia Nacional - Edição 02

Nome matériaSustentabilidade

[30] EnergiaNacional • JUN/2013[30] EnergiaNacional • JUN/2013

Hidrelétricasinfraestrutura

A geração de energia através da atividade hidrelétrica envolve diversos desafios para quem gera e, também, para quem consome a produção

O Sistema Elétrico Brasileiro tem, em se funcionamento, grande participa-

ção das usinas hidroelétricas – ou hidrelétricas. Esse fato, por si só, já seria suficientemente forte para fazer de tais centrais de ge-ração elétrica ímpares no cená-rio econômico nacional. Porém, soma-se a isso o fato de a mes-ma geração energética ser bas-tante dependente dos regimes hidrológicos da bacias hidrográ-ficas, dando uma relevância ain-da maior à hidreletricidade.

Os números também não mentem. Levantamento do Mi-nistério de Minas e Energia reve-la que 71% da energia brasileira provém da atividade hidrelétrica. E uma das razões que explicam o fato de esse índice não ser ainda

maior é o desequilíbrio regional que existe em termos de dispo-nibilidade de água. Prova disso são os períodos de seca que a região Nordeste enfrenta e os próprios riscos socioambientais de cada região.

Com esse panorama de cons-tantes mudanças, é inevitável que surja o questionamento: qual é a dimensão dos desafios da hidre-letricidade no Brasil? Condições climáticas, economia, disponibili-dade de investidores e dos go-vernos... O próprio maquinário é uma incógnita, afinal, tanto os novos como os antigos empreen-dimentos hidrelétricos estão, em maior ou menor grau, vulneráveis às mudanças do tempo. E o Brasil, enquanto país tropical, atravessa muitas transições de temperatura e clima ao longo do ano.

atividade desafiadora

Gigantes como Itaipu e Belo Monte (foto) demandam grandes desafios

Page 31: Revista Energia Nacional - Edição 02

EnergiaNacional • JUN/2013 [31]

Para o engenheiro elétri-co Lavoisier Perceu, os desafios para se produzir energia a partir da água são vários. Segundo ele, um dos principais diz respeito aos gastos financeiros. “ A água é um recurso de grande valor econômico e social. Seu custo não sofre flutuações no merca-do, o que já é um ponto de parti-da muito bom. O desafio, então, é manter o preço da geração da energia hidrelétrica atraen-te. Você não pode pegar a única grande fonte renovável, que é a hidreletricidade, e transformá-la em algo com o custo maior que o benefício”, resume.

Não agreSSivaPerceu também acredita que

a hidreletricidade tem a missão de continuar sendo uma for-ma limpa de geração elétrica. “A atividade em geral produz quantidades muito pequenas de gases do efeito estufa. Os em-preendimentos hidrelétricos são investimentos de longo prazo que podem beneficiar diversas gerações, durando 50, 60, 100 anos. Não é imediatista, precipi-tada”, conclui.

Na visão de José Goldemberg, físico e professor da Universidade de São Paulo (USP), cada ponto tido como negativo pela socieda-de em relação às hidrelétricas é um desafio. Mas segundo ele, os aspectos positivos fazem um con-traponto com aqueles que são al-vos de críticas.

“As usinas têm tópicos que entraram na pauta negativa,

10 motivoS Para Promover a Hidreletricidade

No site da Usina Hidrelétrica de Itaipu Binacional (www.itaipu.gov.br) foram elencadas razões em defesa da geração hidrelétrica de energia.

1. é uma fonte renovável de energia.

2. Viabiliza a utilização de outras fontes renováveis.

3. Promove a segurança energética e a estabilidade dos preços.

4. Contribui para o armazena-mento de água potável.

5. Aumenta a estabilidade e a con-fiabilidade do sistema elétrico.

6. Ajuda a combater mudanças climáticas.

7. Melhora o ar que respiramos.8. Oferece contribuição

significativa para o desenvolvimento.

9. Significa energia limpa e barata para hoje e amanhã.

10. é um instrumento fundamental para o desenvolvimento sustentável.

como a inundação de áreas que afetam populações de ribeiri-nhos. Em compensação, essas mesmas desapropriações benefi-ciam até milhões de pessoas que vivem a grandes distâncias. Além de virem, em 90% das vezes, com uma solução bem elaborada e vi-ável”, opina.

O professor Goldemberg afirma que há várias outras ativi-dades mais passíveis de críticas. “Os ambientalistas têm dificul-dades em aceitar, mas deveriam reexaminar. Alagar centenas de quilômetros quadrados para pos-sibilitar a montagem de um reser-vatório pode parecer muito, mas é pequeno comparado ao des-matamento da Amazônia, que, mesmo reduzido, é ainda de pelo menos de cinco mil quilômetros quadrados por ano”, compara.

“Alagar centenas de quilômetros quadrados para possibilitar a montagem de um reservatório pode parecer muito, mas é pequeno comparado ao desmatamento da Amazônia”

José Goldemberg,físico e professor da USP

Page 32: Revista Energia Nacional - Edição 02

Nome matériaSustentabilidade

[32] EnergiaNacional • JUN/2013[32] EnergiaNacional • JUN/2013

Rigorinfraestrutura

A ideia nasceu da audiência pública Nº 89/2012, enca-beçada pela Agên-

cia Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que estabeleceu o novo conjunto-padrão de qualidade do serviço de geração de ener-

Resolução surgida a partir de audiência aberta ao público determina padrões de qualidade para as usinas hidrelétricas

gia pelas usinas hidrelétricas. To-das aquelas que tiveram as con-cessões renovadas terão dois modelos de desenvolvimento da qualidade para encaixe, fi-cando a adoção condicionada às características operacionais variadas, e que, portanto, mere-

cem controle e medição diferen-ciados. Os padrões aplicam-se às usinas despachadas ou não pelo Operador Nacional do Sis-tema Elétrico (ONS).

Frente aos estabelecimentos da audiência, a partir de março todas as hidrelétricas despa-chadas e subordinadas ao ONS terão a obrigatoriedade de con-siderar os seguintes pontos dis-postos no documento: “manter ou melhorar o índice de indispo-nibilidade total, formado pelas Taxa de Indisponibilidade For-çada (TEIF) e Indisponibilidade Programada (IP), consideradas no cálculo da garantia física de energia; os novos valores de TEIF e IP em caso de revisão da garantia física, se houver, passa-rão a servir como referência”.

O histórico de indisponibi-lidade das usinas hidrelétricas, por sua vez, será computado a partir do mês subsequente àque-le no qual houve a assinatura do contrato. A medida visa criar a identificação entre qualidade do serviço prestado com o ponto de partida da vigência do aditivo contratual ou novo acordo. Em resumo: a apuração do padrão de qualidade está mair rigorosa.

Logo após tomar posse na agência reguladora, quando questionado sobre os novos pa-drões, Romeu Donizete Rufino, diretor-geral da Aneel, foi enfá-tico. “Já que há a renovação do prazo das concessões, parte-se do pressuposto de que as em-presas devem ter um nível mí-nimo de qualidade para a ope-

Qualidade, a palavra de ordem

Page 33: Revista Energia Nacional - Edição 02

EnergiaNacional • JUN/2013 [33]

A Associação Mineira de Municípios - AMM - atua como estrutura de articulação política legislativo e judiciário como representante legíti-ma das 853 cidades, o maior número de municípios reunidos do Brasil. Ao mesmo tempo em que defende os interesses e os direitos dos municípios mineiros, oferece a eles ferramentas para se tornarem autônomos econômica e juridicamente através da implementação de uma gestão e�ciente.

A l é m d a i m p o r t a n t e r e p r e s e n t a ç ã o p o l í t i c a , a A M M e s t á e s t r u t u r a d a p a r a p r e s t a r a s s e s s o r i a n a s s e g u i n t e s á r e a s :

Meio Ambiente

Saúde

Jurídico

Assistência Social

DesenvolvimentoEconômico

Educação

Contábil /Tributário

Captação de Recursos

Economia

Serviços Especializados

Convênios

Somos 853.Somos Minas.E, juntos,somos muito mais.

C

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CM

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CY

CMY

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anuncio institucional_sangria.pdf 1 27/05/2013 17:18:45

racionalização, dentro de suas características”, observou.

PoNto maNtidoUm outro desdobramento

da audiência pública Nº 89/2012 é a manutenção, na íntegra, do Manual de Redução de Ener-gia Assegurada (MRA), que será trabalhado sem nenhuma in-conformidade com o que está atualmente disposto em termos de apuração de indisponibilida-des. A Aneel promete fiscalizar de maneira rigorosa, também, o acréscimo de receita percebi-da pelo agente em caso de ul-trapassar o limite e de reduzi-la caso não atinja o mínimo.

Uma questão também me-rece destaque por suscitar dúvi-

das e questionamentos: a situa-ção das usinas hidrelétricas não despachadas pelo ONS. Como possuem um nível considera-velmente maior de autonomia sobre sua própria geração de energia, o compromisso dessas empresas é potencializar as ati-vidades geradoras para garantir seu rendimento. As concessio-nárias desse grupo específico devem, agora, melhorar o de-sempenho ou pelo menos man-tê-lo conforme as faixas de aten-dimento pré-definidas.

Ronaldo Schuck, diretor de operação do ONS, explica um outro ponto definido na audiên-cia. “As usinas não despachadas (pelo ONS) terão seu valor mé-dio de geração comparado ao

teto definido entre a garantia física e 40% da potência instala-da. Isso determinaria uma refe-rência em termos de capacidade fatorial”, elucida.

A inclusão de estímulo eco-nômico para geração acima dos padrões de qualidade e uma pe-nalidade em caso contrário tam-bém valem para as usinas des-pachadas pelo ONS. O prazo estipulado pela resolução para a adequação total das usinas ao padrão de qualidade é de três anos. Nesse período, os índices de eficiência serão aferidos. En-tretanto, somente após o último dia do terceiro ano de vigência do contrato é que os padrões serão totalmente considerados para fins de medição.

Page 34: Revista Energia Nacional - Edição 02

Sustentabilidade

[34] EnergiaNacional • JUN/2013

Petróleo

As possibilidades de conciliação entre o petróleo extraído do pré-sal e a sustentabilidade são o principal foco de discussão entre ambientalistas, economistas, políticos e população

avanço verde ou marrom?

A plataforma Majuro, da

Petrobras, é ferramenta do pré-sal

Page 35: Revista Energia Nacional - Edição 02

EnergiaNacional • JUN/2013 [35]

Que ele é único na história brasileira por suas peculia-ridades e possi-

bilidades econômicas e ener-géticas, ninguém há de negar. Sobre o fato de a sua descober-ta ter aberto novas perspecti-vas em relação à caminhada do Brasil rumo à autossuficiência, também não restam dúvidas ou questionamentos. Mas em ter-mos de sustentabilidade, o que o pré-sal tem a oferecer ao Brasil e sua população?

O debate sobre a mais recen-te – e uma das mais ricas – ca-madas brasileiras surge em um momento onde soluções para amenizar a crise ambiental es-tão sendo demandadas. A sus-tentabilidade é um assunto am-plamente debatido e um tópico muito requerido pela população mundial, chegando a ser moda em muitas das principais cida-des do mundo. No entanto, sua prática se reduz a um número relativamente pequeno de pes-soas e que dificilmente conse-guem, de fato, colocar em prá-tica o termo e suas implicações.

Do ponto de vista econômi-co, a descoberta de tanto di-nheiro é um convite certo à ex-ploração e ao comércio, o que consequentemente agravará o efeito estufa. Se explorado de maneira verdadeiramente sustentável, o petróleo prove-niente do pré-sal pode ser a alavanca econômica para o de-senvolvimento de fontes ener-géticas mais limpas. A questão

que surge, então, é se é possí-vel explorar o pré-sal de manei-ra econômica sem provocar o desequilíbrio ambiental.

“O investimento em energia renovável é necessário, mas por enquanto não podemos esque-cer o petróleo, que é responsá-vel por cerca de 87% da matriz energética mundial e continu-ará nessa posição por um bom

tempo”. As palavras são da Presidente da Petrobras, Graça Foster, em um debate que tra-tava exatamente da relação do pré-sal com a sustentabilidade, ocorrido em São Paulo há três meses.

Segundo Foster, o pré-sal é uma boa alternativa para su-prir a demanda mundial por petróleo e, ainda, pode auxiliar no desenvolvimento sustentá-vel da sociedade. Isso porque o governo brasileiro instituiu, em 2010, um marco regulató-rio para a extração no pré-sal, que prevê que parte dos lucros obtidos com a atividade serão destinados ao Fundo Social, uma poupança pública de lon-go prazo, que será usada para medidas de desenvolvimento social no país.

extraçãoO petróleo e o gás estão

geralmente confinados a gran-des profundidades, tanto abai-xo dos continentes como dos mares. Em geral, o petróleo fica disperso em cavidades e em fraturas de formações rochosas. O tipo mais valioso, conheci-do como leve, contém poucas impurezas de enxofre e gran-de quantidade de compostos orgânicos facilmente refináveis em gasolina. Quanto menor for a quantidade de enxofre, me-nor a quantidade de dióxido de enxofre lançado na atmos-fera. O petróleo menos valio-so, por sua vez, é chamado de pesado e possui muitas impure-

“O investimento em energia renovável é necessário, mas por enquanto não podemos esquecer o petróleo, que é responsável por cerca de 87% da matriz energética mundial e continuará nessa posição por um bom tempo”

Graça Foster,Presidente da Petrobrás

Page 36: Revista Energia Nacional - Edição 02

Sustentabilidade

[36] EnergiaNacional • JUN/2013

Avanço verde ou marrom?

triSte memória

Para que o Brasil não faça do pré-sal um vilão ambiental, um caso recente pode servir de exemplo para manter todos alerta. Às 22h do dia 20 de abril de 2010 houve uma explosão no Golfo do México. Onze funcionários da empresa British Petroleum fi-caram desaparecidos no acidente. Desde então, formou-se uma corrida contra aquele que tornou-se o maior derramamento de óleo já ocorrido nos Esta-dos Unidos, e um dos maiores da história – somando todas as manchas, a área é comparável ao tamanho de um país como Porto Rico.

O acidente ocorreu em uma região de intensa exploração de petróleo, a 65 quilômetros da cos-ta do estado americano da Louisiana. Quando a plataforma Deepwater Horizon pegou fogo, um sistema automático deveria ter fechado imediata-mente uma válvula no fundo do mar. Deveria, mas não fechou. O equipamento de emergência falhou e, quando a plataforma afundou, dois dias depois, a tampa do poço ficou aberta. Por quase 15 dias o petróleo vazou sem interrupção.

zas, o que exige maiores recur-sos de refino para obtenção de gasolina.

Para garantir a sustentabi-lidade de qualquer atividade econômica, a variável socioam-biental tem que estar no centro das decisões, desde o plane-jamento inicial até o consumo. A sustentabilidade enfatiza a durabilidade e a permanência, bem como um futuro garanti-do para um número razoável de seres humanos, em vez de um consumo e uma população sempre crescente.

A conciliação entre pré-sal e sustentabilidade é uma ques-tão que incomoda, inclusive, o governo federal. Ativistas am-bientais e a própria população entenderam que a camada si-tuada a sete quilômetros de profundidade é sinônimo de desenvolvimento, mas resta sa-ber se esse avanço será verde (ecologicamente correto) ou

marrom (conduzido sem seguir normas de respeito ao meio ambiente).

O Brasil é hoje um dos paí-ses que têm a matriz energéti-ca mais limpa do mundo com 45% da sua energia vinda de fonte renovável, principalmente das hidrelétricas. Mas continuar limpo e manter esta liderança na corrida verde em termos de pré-sal? A ministra do Meio Am-biente, Izabella Teixeira, é direta na resposta: “Se alguém souber de alguma maneira que propo-nha a transição para um novo modelo de desenvolvimento que não passe pelo combustí-vel fóssil, me avise porque eu gostaria de conhecer”, enfatiza. Na ocasião – o Fórum Sustentá-vel, em dezembro de 2012 – a ministra acrescentou que o país vai sim investir em energias al-ternativas, mas a pergunta que ela fez continua em aberto.

“Se alguém souber de alguma maneira que proponha a transição para um novo modelo de desenvolvimento que não passe pelo combustível fóssil, me avise porque eu gostaria de conhecer”

Izabela Teixeira,Ministra do Meio Ambiente

Page 37: Revista Energia Nacional - Edição 02

Sustentabilidade

EnergiaNacional • JUN/2013 [37]

Recuperação

Prevenir para não remediarNão basta extrair: é preciso pensar em maneiras de não agredir o meio ou ajudá-lo a se recuperar dos inevitáveis danos ocasionados pela mineração. No Brasil, a atividade continua sendo alvo de constantes críticas

Por sua própria natu-reza e pelo seu con-junto de peculiarida-des, a mineração é

uma atividade não sustentável em quase todas as suas verten-tes. Baseia-se na extração de minerais cujos estoques são fi-nitos. Uma vez exauridos, a úni-ca opção será reciclar os me-tais já extraídos. Mas será que governo e sociedade pensam, articulam e, principalmente, agem para que esse desgaste seja amenizado?

Por via de regra, na maior parte dos casos busca-se ex-trair um elemento valioso que está presente no minério em teores de gramas por tonela-da. Para chegar ao minério, é necessário remover quase tudo o que há no caminho, surgindo o primeiro imbróglio: achar um local para despejar tudo isso. O lugar designado para tal é adequadamente chamado de bota-fora. é nele que se des-cartam montanhas de material processado, rebaixado agora ao termo ‘estéril’.

No caso da mineração de ouro, por exemplo, gera-se cerca de uma tonelada de es-téril para se obter três gramas do precioso metal. Dependen-do de seu teor de água, o es-

Em muitas localidades, plantações são mantidas próximo às jazidas

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Sustentabilidade

[38] EnergiaNacional • JUN/2013

Prevenir para não remediar

téril é empilhado ou recolhi-do em bacias de decantação, cujos diques teimam em sofrer infiltração ou, pior, rompimen-to, geralmente em época de chuva.

As pilhas de estéril, por sua vez, causam outro problema: a drenagem ácida. Os miné-rios são frequentemente ricos em enxofre, material que na-turalmente forma sulfatos, o combustível das bactérias sul-fato-redutoras cuja atividade incessante gera ácido sulfúri-co. O chorume formado nessas pilhas de estéril pode ter aci-dez suficiente para matar deze-nas de quilômetros da bacia de drenagem rio acima.

PreocuPaçãoDemonstrando interesse

em interar-se e, principalmen-te, buscar a resolução de ques-tões ligadas ao tema, o Insti-tuto Brasileiro de Mineração (Ibram) lançou, no ano passa-do, a publicação “Gestão para a sustentabilidade na minera-ção: 20 anos de história”. No material, são abordados o per-fil do setor; mercado e efeitos econômicos; regulamentação da mineração; gestão ambien-tal; barragem de rejeitos; ener-gia e emissões de gases de efeito estufa; biodiversidade; desempenho econômico; in-vestimento social; práticas tra-balhistas; saúde e segurança; impactos sociais; participação em políticas públicas; engaja-mento; gestão de riscos do ne-

gócio; novos empreendimen-tos; e combate à corrupção.

Lançado durante a Confe-rência Rio+20, o documento

“Nossa expectativa é a de que a sociedade passe a compreender melhor uma das principais atividades econômicas nacionais, responsável, por exemplo, por manter o Pará no topo do ranking da geração de empregos nos últimos doze meses na região norte”

José Fernando Coura,Dirtor-presidente do IBRAM

apresenta um sumário preli-minar dos resultados e o in-dica como as empresas têm progredido no que se refere à governança e gestão de aspec-tos ambientais, econômicos e sociais. A publicação integral, a ser lançada no segundo se-mestre de 2012, incorporará as questões debatidas durante a Conferência quanto ao pro-gresso dos temas do desen-volvimento sustentável e quais suas implicações para o setor de mineração.

José Fernando Coura, dire-tor-presidente do Ibram, acre-dita que a mineração pode conversar não somente com a sustentabilidade como tam-bém com bons resultados so-ciais. “Nossa expectativa é a de que a sociedade passe a compreender melhor uma das principais atividades econômi-cas nacionais, responsável, por exemplo, por manter o Pará no topo do ranking da geração de empregos nos últimos doze meses na região norte”, avalia.

As informações nas quais Coura se baseia são de levan-tamentos do Departamen-to Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). “Essa compreensão de que a atividade minerado-ra traz benefícios sociais, além dos econômicos, é importante para que a população passe a enxergar o setor mineral como aliado na construção de um fu-turo mais sustentável”, ressalta o diretor-presidente do Ibram.

Page 39: Revista Energia Nacional - Edição 02

Localizada a 29 km de Belo Segundo a Copasa, a capital Horizonte. A questão ambiental não se Horizonte, Rio Acima é a única mineira consome mensalmente cerca restringe a demarcações geográficas”, cidade mineira com 100% de seu de 30 milhões de metros cúbicos de afirma o Prefeito.

território localizado dentro da APA Sul - água e 63% deste volume são A água captada em Rio Acima é área de proteção ambiental da Grande captados no Rio das Velhas. Com os considerada de Classe Especial (dis-BH. Além disso, a cidade está dentro da afluentes, a cidade fornece 30% do pensa tratamento prévio) e abastece Estrada Real, do Santuário Natural da volume do Rio das Velhas que chega à as casas da própria cidade. São 38 mil Serra do Gandarela e tem o Rio das capital. Ou seja, Rio Acima manda para metros cúbicos de água captados Velhas como um dos mais belos Belo Horizonte cerca de seis milhões diariamente para abastecer a popu-cartões postais. de metros cúbicos de água todos os lação que, ao contrário do que

meses. acontece na maioria das cidades de Considerada um paraíso das Minas, não paga o consumo de água no águas, Rio Acima possui setenta e município.cinco cachoeiras identificadas, embora

há quem diga que este número supera a casa dos cem. As mais conhecidas são a Cachoeira Chicadona, que tem cerca de 60 metros, a Cachoeira do Viana, com suas quatro quedas imponentes e

Para o Prefeito Municipal, a Cachoeira do Samsa, uma raridade, já Antônio César Pires de Miranda Júnior, que se encontra bem no centro da a preocupação com a preservação das cidade, ao lado da Matriz de Santo águas da cidade não é algo só de Rio Antônio. Acima, mas de toda a região, inclusive

A cidade ainda conta com 16 em Belo Horizonte. “Temos que cuidar

afluentes do Rio das Velhas, entre eles de nossas águas, pois se houver algum

o Mingu, Capivara, Fazenda Velha, comprometimento dos mananciais, o

Água Limpa e Enforcado. Estes impacto não será somente em Rio

mananciais fornecem água para outros Acima, mas em toda a região

municípios da região metropolitana e metropolitana, inclusive em Belo

até mesmo para Belo Horizonte.

Temos que cuidar de nossas águas, pois se houver algum comprometimento dos mananciais, o impacto não será somente em Rio Acima, mas em toda a região, inclusive em Belo Horizonte.

Com inúmeras cachoeiras, Rio Acima/MG guarda um verdadeiro patrimônio natural das águas. Seus mananciais abastecem a cidade e outros municípios, como a própria capital mineira.

O Paraíso das Águas

Rio Acima manda para Belo Horizonte cerca de seis milhões de metros cúbicos de água todos os meses. "

"Antônio César Pires de Miranda Júnior

Prefeito de Rio Acima

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Page 40: Revista Energia Nacional - Edição 02

Artigo

[40] EnergiaNacional • JUN/2013

FEAM

gerência de energia e mudanças climáticas – Fundação

Estadual do Meio Ambiente

(FEAM)

o estado de Minas Ge-rais, por exigência das Políticas Estadual e

Nacional de Resíduos Sólidos, constante em leis promulga-das respectivamente em 2009 e 2010, tem como princípios orientadores ou objetivos a se-rem seguidos: não geração, pre-venção, redução, reutilização e reaproveitamento, reciclagem, tratamento e a disposição fi-nal ambientalmente adequada. Seguindo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), os municípios terão até agosto de 2014 para implementar a dispo-sição final ambientalmente ade-quada dos seus rejeitos.

O Programa Minas sem Li-xões, desenvolvido pela Funda-ção Estadual do Meio Ambiente (Feam) desde 2001, tem propi-ciado um aumento significativo da população urbana com desti-nação adequada de resíduos só-lidos urbanos (RSU), que atingiu ao final de 2012 o patamar de 58,7%. Porém, o corresponden-te a 23% da população ainda dispõe os resíduos em lixões e 16,2% em aterros controlados (solução paliativa para adequa-

ção temporária das áreas de depósito de lixo até a implan-tação de sistemas tecnicamente adequados), o que representa um total de 558 municípios em situação irregular no tocante à destinação final de RSU.

Ainda é reduzido no estado o número de indústrias recicla-doras e de municípios estrutu-rados para a coleta seletiva de RSU, sendo que grande parte dos resíduos são coletados mis-turados, em caminhões com-pactadores, o que contamina os potencialmente recicláveis e dificulta a triagem, contribuindo para a inviabilidade técnica da reciclagem de alguns materiais.

Diante desse cenário, o aproveitamento energético de RSU, desde que utilizando-se de rotas tecnológicas apropriadas e devidamente analisadas quanto aos riscos de implementação, apresenta-se como uma alter-nativa ambientalmente correta de tratamento desses resíduos e uma oportunidade de negócios.

A tecnologia de incineração tem se mostrado bem conso-lidada na Europa e no Japão, abrangendo mais de 60% dos

Aproveitamento Energético de Resíduos Sólidos Urbanos em Minas Gerais: riscos e oportunidades

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EnergiaNacional • JUN/2013 [41]

RSU tratados em países como Suíça e Dinamarca. A digestão anaeróbia também tem assumi-do papel importante entre os métodos de tratamento de RSU europeus, bem como o aprovei-tamento energético de biogás de aterros sanitários. No entan-to, esses empreendimentos ain-da apresentam elevados custos de investimentos, principalmen-te no que tange ao sistema de controle de emissões atmos-féricas para atendimento aos rigorosos padrões de emissão das normativas internacionais. A viabilidade econômica depende ainda, além do balanço entre receitas e despesas, de um ade-quado modelo de negócios com a(s) prefeitura(s) municipal(is) para garantia na obtenção des-ses resíduos.

Nesse contexto, a Feam, con-siderando sua atribuição legal de fomentar e orientar boas práticas de gestão ambiental, disponibili-zou, em 2012, um Guia de Orien-tações sobre o Aproveitamento Energético de Resíduos Sólidos Urbanos (disponível em http://feam.br/mudancas-climaticas/

publicacoes), elaborado com o apoio técnico da U.S. Envi-ronmental Protection Agency (USEPA).

A publicação decorre da constatação do grande número de propostas de projetos vol-tados para o aproveitamento energético de RSU em diversas localidades do estado e da con-sequente necessidade de com-pilação das informações técni-

cas relativas ao tema em uma única publicação, de forma que possam ser mais facilmente ava-liadas por tomadores de decisão em nível local e regional (prefei-turas e potenciais consórcios), assim como um maior esclareci-mento por parte do público lei-go no assunto.

O Guia foi desenvolvido com o intuito de prover as equipes técnicas de governos locais com uma visão geral das oportunida-des e riscos associados ao apro-veitamento energético de RSU.

Por meio de uma linguagem mais didática, o Guia aborda os questionamentos mais frequen-tes relacionados ao tema como: O que são os tratamentos tér-mico e biológico de resíduos? Em que os tratamentos térmico e biológico de resíduos podem ser aplicados? Quais as tecno-logias de tratamento térmico de resíduos existentes? Quais as tecnologias mais utilizadas para aproveitamento energé-tico de resíduos e por quê? Quais os avanços tecnológicos em andamento?

Destaca-se também a apre-sentação das informações neces-sárias nos estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental — que devem anteceder a deci-são de implantação de qualquer uma dessas tecnologias —, a pertinência da formação de con-sórcios públicos intermunicipais — para melhor gestão desses resíduos, facilidade na obtenção de recursos financeiros e redu-ção de custos operacionais —,

as instituições financeiras com programas que contemplam também tais tecnologias e as exigências ambientais do estado de Minas Gerais no licenciamen-to dessas atividades.

Devido à complexidade do tema, a Feam alerta que o Guia não tem a pretensão de ser defi-nitivo e esgotar o assunto, extre-mamente vasto e em constante processo de aperfeiçoamento, mas sim contribuir para uma avaliação preliminar estrutura-da e consistente para análise e apreciação de possíveis projetos em Minas Gerais. Dessa forma, não visa ser usado como ferra-menta única para basear as deci-sões finais de aprovação de em-preendimentos e investimentos, sendo altamente recomendado que sejam realizadas análises adicionais detalhadas e obtida orientação profissional qualifica-da, antes de qualquer decisão.

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Legislativo

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Congresso Nacional

J á atua na Câmara dos De-putados a Frente Parla-mentar Mista em Defesa dos Municípios Alagados e

Sedes de Usinas Hidroelétricas. A Frente tem como finalidade debater, estudar e encaminhar as demandas e desafios do setor, visando uma melhor interlocução dos municípios com o governo federal e com o poder judiciário.

De acordo com o deputado Vilson Covatti (PP-RS), presiden-te da Frente Parlamentar, o tra-balho é realizado em parceria com a AMUSUH e tem como missão defender os interesses dos 187 municípios sedes de

usinas hidroelétricas e dos 698 municípios que possuem áreas alagadas por reservatórios. “So-mente no Rio Grande do Sul, 14 municípios possuem 16 usinas e outros 66 são alagados”, desta-ca o deputado.

Para o presidente da AMUSUH, prefeito municipal de Salto do Jacuí - RS, Altenir Rodrigues da Silva, a instalação da Frente no Congresso Nacio-nal foi fundamental para agre-gar força política a esses municí-pios. Ainda segundo o prefeito, “os principais problemas sociais causados pela construção de uma hidrelétrica são arcados

pelos municípios. Por isso, é ne-cessário debater esse assunto e defender os interesses dessas cidades que, embora tanto con-tribuam para o desenvolvimento do país, ainda não têm recebido a contrapartida necessária para combater o passivo social e am-biental gerado em razão desses empreendimentos”.

Conforme a agenda de tra-balho da Frente, uma série de debates devem ser promovidos. O objetivo, segundo os parla-mentares, é auxiliar na criação de políticas públicas que aten-dam às demandas dos municí-pios, criando alternativas para

municípios alagados e sedes de usinas hidroelétricas ganham força política no congresso Nacional

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EnergiaNacional • JUN/2013 [43]

ANR-ENERGIA NACIONAL-200X132,5-SEDEIS.indd 1 6/20/13 11:22 AM

minimizar os impactos, como por exemplo, da Lei 12.783/13, que reduz o ICMS na venda de energia, prejudicando os inves-timentos em educação, saúde e saneamento básico. Outro pon-to a ser reivindicado pela Frente é a aprovação do PLC 315/2009, em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça do Sena-do Federal, que aumenta para 65% a parcela destinada aos municípios alagados e sedes de usinas. Atualmente, a divisão é de 45% para os Estados, 45% para os municípios e 10% para a União. “Nesse sentido, a Frente passa a ter um papel fundamen-tal na defesa dos interesses dos

municípios, lutando favoravel-mente por essa matéria que es-tabelece critérios mais justos de divisão da CFURH”, defende o presidente da AMUSUH.

O presidente da Comissão de Integração Nacional, Desenvolvi-mento Regional e da Amazônia – CINDRA,  deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), também de-fende a aprovação do PLC 315.

“A nova divisão da CFURH daria um reforço de caixa importante para que os prefeitos possam enfrentar os desafios com a recu-peração e preservação do meio ambiente, pois o recurso rece-bido como compensação finan-ceira pelos Estados não cumpre sua verdadeira finalidade, que é a preservação do meio ambien-te”, declara.

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Legislativo

[44] EnergiaNacional • JUN/2013

Câmara dos Deputados

O deputado federal Edinho Bez (PMDB/SC) que participou efetivamente como

membro da Comissão Perma-nente de Minas e Energia por 16 anos e que hoje é o atual presi-dente da Comissão de Fiscali-zação Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, é um parlamentar atento à área de energia e tem feito reiterados pronunciamentos, participando de inúmeras reuniões, seminá-rios e vários eventos, defenden-do com vigor que o Brasil não poderá abrir mão de nenhuma alternativa energética.

anamup conta com mais um aliado na câmara dos deputados

Para o deputado Edinho Bez, entre várias modalidades do con-texto energético nacional, a ener-gia gerada por diversas matrizes move o Brasil, com importância irrefutável para o desenvolvimen-to do país. “Pois considero que a energia elétrica é tão importan-te que não sobreviveremos mais sem ela, tudo gira em torno da energia”, disse o parlamentar.

“Quero parabenizar os mem-bros da Associação Nacional dos Municípios Produtores pela or-ganização do IV Ciclo ANAMUP de Fóruns Regionais dos Muni-cípios Mineradores, que será re-alizado entre os dias 03 a 05 de

julho de 2013 em Nova Lima – Minas Gerais”.

Durante o evento serão deba-tidos inúmeros temas, “cito como exemplo a lei de fiscalização do CFEM - Compensação Financei-ra pela Exploração de Recursos Minerais, a sua aplicabilidade, e os investimentos em tecnologia”, concluiu Edinho Bez.

nova diretoria da anamuP em ação

a nova diretoria e conselhos da Associação Nacional dos Municípios Produtores – ANAMUP tomaram pos-se em janeiro de 2013. O prefeito de Cachoeiro do Itapemirim-ES, Carlos Casteglione, é o novo presi-

dente da entidade e, juntamente com os demais membros, já deu início às reuniões com o Governo Federal, sempre com o intuito de defender e promover o desenvolvimento dos municípios com segmento produtivo.

Posse Diretoria e Conselhos da ANAMUP biênio 2013/2014

Reunião com a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República

Encontro com Ministros para debater o Marco Regulatório da Mineração

Reunião com o Ministério Minas e Energia

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amiG na luta para Construção do novo marco regulatório da mineração

d esde o início das ações desenvolvidas pelo Governo Federal através do Ministério de Mi-nas e Energia, para a construção do “Novo

Marco Regulatório da Mineração Brasileira”, a AMIG (Associação Mineira de Municípios Mineradores de Minas Gerais), vem participando assiduamente junto ao MME de oficinas, debates, reuniões de trabalho e assembleias que discutiram, amadureceram e conclu-íram por parte do Executivo Federal esse importante documento.

A AMIG alimenta uma grande expectativa de que as contribuições, pleitos e considerações propostas pelos municípios mineradores, estejam contemplados no instrumento que regerá as atividades desse impor-tantíssimo segmento da economia nacional. No Brasil, centenas de municípios dependem diretamente da extração mineral para o crescimento e desenvolvimen-

to de suas comunidades e cidadãos, que merecem e precisam ter retorno da atividade da mineração, uma maior contribuição para a sustentabilidade econômica e social de seus milhões de munícipes.

Quando da implantação da CFEM através do de-creto 01/91 os municípios e Estados produtores das co-módites minerais, se sentiram razoavelmente contem-plados pela nossa participação nos resultados sociais e econômicos oriundos da atividade de mineração. Po-rém com o passar do tempo, mudanças na legislação como a introdução da Lei

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Page 46: Revista Energia Nacional - Edição 02

Legislativo

[46] EnergiaNacional • JUN/2013

Agência

Ansiedade é a pala-vra que rege a mi-neração brasileira no atual cenário.

O novo marco regulatório do setor contemplará três Projetos de Lei: o novo Código Mineral Brasileiro, a extinção do Depar-tamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) para criar a Agência Nacional de Mineração (ANM) em seu lugar e a criação do Conselho Nacional de Polí-tica Mineral. Os projetos serão encaminhados à Presidência da República, que poderá fazer al-terações antes de enviar os tex-tos para o Congresso Nacional.

Dos três PL enumerados, a criação da Agência Nacional de Mineração é, sem dúvidas, o desdobramento mais impor-tante em termos políticos, eco-nômicos e administrativos. O ór-gão terá papel regulador como as outras agências ligadas ao setor energético, petroleiro, de telecomunicações, de águas e de transportes terrestres, por exemplo. Segundo o minis-tro de Minas e Energia, Edison Lobão, um dos objetivos com a criação da agência é recuperar áreas concedidas para a minera-ção, mas que causam prejuízos ao patrimônio público por não

serem exploradas. O Conselho Nacional de Política Mineral, por sua vez, será formado por vários ministérios e responsável por cuidar das políticas do setor – a exemplo do Conselho Nacional de Política Energética.

O governo decidiu flexibili-zar o novo código nos dois pra-zos previstos para pesquisa e lavra em jazidas que serão con-cedidas. O minerador poderá renovar o período de 35 anos para a exploração, com direi-to à renovação a critério da Agência Nacional de Minera-ção. Além disso, todas as con-cessões devem ser regidas por contratos e vão estabelecer um prazo de cinco anos (prorrogá-veis por mais três anos) para pesquisa.

O secretário de Geologia, Mi-neração e Transformação (SME) do Ministério de Minas e Energia (MME), Carlos Nogueira, reve-la que será instituído um termo de Autorização de Lavra, que torna-se uma das mais notáveis mudanças. Tal medida será dire-cionada à extração de minérios independentemente da realiza-ção de pesquisa mineral prévia. Também ficou determinado por lei o combate às práticas especu-lativas e improdutivas que com-prometem o setor.

À espera da regulamentaçãoSetor da mineração aguarda ansioso pela criação da agência de governo que o regulamentará

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EnergiaNacional • JUN/2013 [47]

ProgreSSoAs diretrizes que fundamen-

taram o PL são baseadas no de-senvolvimento social e tecnoló-gico do setor e na precaução e prevenção dos danos causados pela atividade mineral, visan-do à exploração responsável e sustentável para a mineração. Com relação ao aproveitamen-to mineral estão estabelecidas normas sobre as atividades de pesquisa, lavra, beneficiamen-to de substâncias minerais e de recuperação ambiental, bem como o fechamento da mina. Nogueira ressalta a autorregu-lamentação em alguns casos. “Os minérios que constituem monopólio da União possuem legislação própria que rege suas atividades”, elucida.

Outra proposta importante contempla a criação e destinação de Áreas Especiais – extensões que contenham minerais consi-derados estratégicos para o País – para pesquisa mineral e lavra. O PL prevê, ainda, o incentivo à pequena mineração e à redução da importação de bens minerais, dando assim, condições diferen-ciadas à produção nacional.

Os regimes de aproveita-mento podem ser de autoriza-ção de Pesquisa ou de Autoriza-ção de Lavra, sendo necessária a comprovação do investimento mínimo. Já o Contrato de Con-cessão de Lavra será regido por cláusulas essenciais e será reali-zado em caso de requerimento, após a fase de pesquisa, ou com o vencedor de licitação. Quan-

do for licitada a celebração dos Contratos de Concessão, serão seguidas normas pré-estabele-cidas. Em caso de infrações, os mineradores estarão sujeitos a multas estabelecidas em lei, ca-ducidade e apreensão de bens e equipamentos.

SubStâNciaSO novo código de mineração

não terá capítulos específicos para fertilizantes. Mesmo assim, os minérios para a produção desses insumos terão tratamen-to diferenciado na nova lei. Po-tássio e fosfato, por exemplo, e todas as matérias-primas impor-tantes na produção de fertilizan-tes, serão considerados minerais estratégicos.

O governo espera garantir que a exploração desses insu-mos seja estimulada, resultando em melhores resultados para a agricultura brasileira. “Nós im-portamos 85% dos fertilizantes que consumimos. E somos um país exportador de produtos agrícolas, que são dependen-tes de fertilizantes. Então, essa é

uma questão muito importante”, disse o ministro.

Lobão disse que os estudos sobre fertilizantes continuam sendo feitos por técnicos dos Ministérios de Minas e Energia e da Agricultura, e uma proposta sobre o assunto será encaminha-da à Presidência da República. Na proposta, segundo o minis-tro, pode estar a criação de uma nova estatal para o setor. “A cria-ção de uma estatal de fertilizan-tes é uma hipótese, não uma de-cisão ainda”, disse Lobão.

As minas estratégicas recebe-rão tratamento diferenciado das demais no novo código. Elas não serão concedidas por cinco anos, prorrogáveis por mais três, como prevê a nova lei para todo os ou-tros minerais. Ao serem identifi-cadas as áreas de “extrema im-portância”, segundo o ministro, elas serão bloqueadas por três anos e colocadas em leilão.

A nova regra também será aplicada para as áreas atualmen-te concedidas que não são ex-ploradas. Lobão disse que, com a criação da nova agência regu-ladora para o setor, as empresas que estão com a concessão des-sas áreas serão chamadas para esclarecer qual a situação delas. Atualmente existem cerca de 150 mil áreas concedidas, das quais aproximadamente 50 mil estão sendo exploradas. Nos casos em que ficar comprovado que não foram feitos os estudos de viabi-lidade e não há exploração, elas serão retomadas e postas em lei-lão em até três anos.

Secretário de Geologia, Mineração e Transformação (SME) do Ministério de

Minas e Energia (MME), Carlos Nogueira

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Municípios

[48] EnergiaNacional • JUN/2013

Nova Lima

Nova limaa terra do ouro e do desenvolvimento

Page 49: Revista Energia Nacional - Edição 02

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Nova Lima está locali-zada na Região Me-tropolitana de Belo Horizonte, a cerca

de 20 quilômetros da capital mi-neira. é conhecida como a Ter-ra do Ouro por abrigar a mina (atualmente, desativada) que se transformaria na mais pro-funda e famosa do mundo. Um trecho do seu hino, escrito pelo poeta Cássio Magnani (pai do atual prefeito, Cássio Magnani Júnior), resume um pouco da história da cidade: “Nova Lima do rico metal / Terra do ouro de lúcido brilho / Nas entranhas da terra e também / Dentro do co-ração de teu filho”.

Seguindo a tradição do Es-tado, o nova-limense é um povo hospitaleiro e acolhedor. Da in-fluência inglesa que contribuiu para o crescimento da cidade, se sobressaem as construções e os costumes como a queca (bolo de natal inglês) servida com chá no café da tarde. A ligação com os ingleses, inclusive, também está retratada no brasão da ci-dade, que ainda traz a imagem da padroeira, Nossa Senhora do Pilar, os leões do Villa Nova (time de futebol profissional do município) e as iniciais do nome Nova Lima.

De temperatura agradável, a cidade conta com 800 nascentes e 62% do território formado por reservas naturais (espécies ra-ras da fauna e da flora fazem de Nova Lima única e especial). Seu posicionamento, junto a rodo-vias estratégicas para o país (MG

0-30 e BR 0-40), por sua vez, con-tribui para um desenvolvimento cada vez mais dinâmico. Além da atividade mineradora, Nova Lima também investe fortemen-te no ecoturismo e em empresas tecnológicas e de energias lim-pas que estão construindo a vo-cação do futuro da cidade.

PrefeitoCássio Magnani Júnior foi

eleito vereador pela primeira vez em 1982, tornando-se um dos mais jovens parlamentares da cidade. Após seis mandatos como vereador e uma vasta ex-periência pública, desde janeiro de 2013 tem o desafio de estar à frente da Prefeitura de Nova Lima. Aos 55 anos, sua adminis-tração pode ser resumida por meio do conceito de desenvol-vimento econômico com susten-tabilidade social e ambiental.

Partindo desse princípio, o prefeito prioriza investimen-tos em áreas como educação e saúde, o que tem assegurado a melhoria dos serviços presta-dos à população. Além disso, também é prioridade do seu governo consolidar e ampliar

Cássio Magnani Júnior: Prefeito de Nova Lima.

Teatro Municipal e Igreja Pilar.

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Municípios

[50] EnergiaNacional • JUN/2013

Nova Lima: A Terra do Ouro e do Desenvolvimento

os programas de política social, com destaque para a constru-ção de moradias, para transfor-mar Nova Lima em uma cidade cada vez mais justa e humana.

Cassinho, como é conhe-cido, está consciente dessa missão. “Se eu tiver que defi-nir nossa administração, diria

que as palavras de ordem são: planejamento, gestão, ação e resultado”, afirma. “Estamos implantando uma gestão parti-cipativa, comprometida com o bem-estar coletivo, com a coi-sa pública e com os avanços estruturais, tecnológicos e so-ciais”, finaliza.

cidade miNeradoraNova Lima se orgulha pelo

fato de ser uma cidade minera-dora. Hoje, a cidade ocupa o 1º lugar no ranking Estadual e 5º na classificação Nacional dos prin-cipais municípios mineradores. Por isso, grande parte dos recur-sos que arrecada é oriunda da

Seis Pistas Praça Bernardino de Lima Rego dos Carrapatos

Torre AltaVila e a vista de Nova Lima

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EnergiaNacional • JUN/2013 [51]

atividade relacionada à extração do minério de ferro. Essa carac-terística do município contribuiu para o prefeito Cássio Magnani Jr. assumir o cargo de vice-pre-sidente da Região Sudeste da Anamup (é o único representan-te do Estado de Minas Gerais na diretoria da entidade). Além dis-so, também tomou posse como diretor-financeiro da Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais (Amig).

“A Anamup é uma entida-de que aglutina os municípios mineradores. Por isso, me sinto honrado em fazer parte dessa instituição que se mobiliza em torno de causas importantíssi-mas para o desenvolvimento

das cidades e do país”, desta-ca o prefeito. “Também é fun-damental dizer que Nova Lima está preparada e orgulhosa em receber a 4ª Edição do Ciclo de Fóruns Regionais da Mineração, quando, além de debatermos questões essenciais para o nos-so futuro, vamos comemorar os 10 anos da Anamup”, completa.

ecoNomia e Qualidade de vida

Nova Lima ficou  1º lugar no índice de Desenvolvimento Bási-co (IDEB) do Estado e em 1º lu-gar no índice Mineiro de Respon-sabilidade Social, da Fundação João Pinheiro. Esses reconheci-mentos proporcionaram à cida-

de um dos maiores índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país. Além disso, Nova Lima conta com um dos maiores PIBs de Minas Gerais, o que significa a 1ª renda per capita estadual.

Nesse sentido, nos últimos anos foram gerados mais de 10.000 empregos diretos e mais de 1200 empresas foram instala-das no território nova-limense. Ga-nham destaque empresas como a Biomm Technology, que chegará à cidade para marcar a retomada da produção de insulina no país. Atualmente, Nova Lima passa por um momento único, de transfor-mações inéditas em sua história, que prometem projetá-la para um futuro de grandes oportunidades. 

Serra da Calçada

Capela São Sebastião das Águas Claras

Serra do Souza

Praça da Bíblia

Morro do Elefante

Praça da Igreja São José

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Mobilizaçãomunicípios

[52] EnergiaNacional • JUN/2013

A Associação Nacional de Municípios Sedes de Usinas Hidro-elétricas - AMUSUH e a Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia – CINDRA pro-moveram, dia 22 de abril, em Porto Alegre – RS, uma audi-

ência pública para debater a importância da aprovação do PLC 315/2009, que está em tramitação no Senado Federal. O PLC aumenta, de 45% para 65%, a Compensação Financeira pela Utilização dos Recursos Hídricos (CFURH) destinada aos municípios sedes de usinas hidroelétricas.

entidades em luta pela aprovação do Plc 315/2009

Campanha começou no Rio Grande do Sul e deve se espalhar pelo Brasil

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EnergiaNacional • JUN/2013 [53]

“Demos o primeiro passo. Começamos hoje aqui no Sul e certamente vamos espalhar essa campanha de aprovação desta importante proposta em todo o país. Os prefeitos não tinham noção dos prejuízos que tudo isso está provocan-do nas suas comunidades”, declarou a secretária execu-tiva da AMUSUH, Terezinha Sperandio, que, na ocasião, apresentou aos convidados um estudo técnico sobre o volume de recursos que as prefeituras estão deixando de receber. Se-gundo estimativas, só no caso do Rio Grande do Sul, o incre-mento no caixa seria de aproxi-madamente R$ 9 milhões.

O presidente da CINDRA, deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), alerta que o dinheiro recebido como compensação financeira pelos Estados não cumpre sua verdadeira finalida-de, que é a preservação do meio ambiente. “Estamos iniciando uma grande mobilização nacio-nal para corrigir esta distorção, fazendo com que a pressão leve à aprovação do PLC 315/2009, que estabelece novos critérios de divisão desta compensação. é um reforço de caixa importan-te para que os prefeitos possam enfrentar os desafios relativos à preservação dos mananciais”, esclareceu o deputado.

Como resultado da reunião, ficou estabelecida a criação de uma comissão formada pelos mu-nicípios alagados por barragens hidrelétricas - Três Palmeiras, Al-

pestre, Erval Grande, Campos Borges e Ibarama – para encabe-çar a mobilização para aprovação da PEC.

Os prefeitos, deputados e es-pecialistas presentes na audiên-cia também discutiram alterna-tivas para compensar as perdas de arrecadação com a queda do ICMS provocada pela Lei 12.783.

A nova norma determinou a re-dução da energia elétrica para os consumidores a partir da re-novação automática das conces-sões das hidrelétricas.

O evento realizado em Por-to Alegre foi promovido pela CINDRA, Amusuh e Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs).

Page 54: Revista Energia Nacional - Edição 02

Municípios

[54] EnergiaNacional • JUN/2013

Turismo

Salto do Jacuí possui 11.880 Habitantes, po-rém seu potencial tu-rístico é imenso. Está

localizado na região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, sendo membro da Associação dos municípios do Centro Serra e Alto Jacuí.

O município Capital da Ener-gia elétrica tem como os princi-pais pontos turísticos e maiores riquezas, a Usina Hidrelétrica Passo Real, Usina Jacuí Leonel de Moura Brizola, Barragem José Maia Filho, Lago do Passo real, Jazidas de Pedra Ágata, Aldeia Indígena e o Parque Municipal de Exposições Victor Hugo Pinto

Salto do jacuí – rS

Borowiski, que inclusive é o ce-nário de grandes Eventos como a Exposalto, shows, rodeios e eventos religiosos.

Salto do Jacuí é uma cidade com belezas naturais incríveis, muita água e mata que contem-plam os olhos e a alma de quem conhece o lugar. é o Solo das be-las pedras Ágatas, é o município que cultiva raízes e também as tra-dições, é onde vive um povo que planta e sabe o valor do grão, um povo acolhedor e hospitaleiro.

Terra de valorosas qualida-des, banhado pelo inesquecível Rio Jacuí de onde inclusive vem o seu nome, antes da emanci-pação era chamado de Salto

Conheça a capital da energia elétrica e cidade rica em belezas naturais

Grande do Jacuí, isto porque nas imediações da cidade existe uma bela cascata circundada por flo-resta nativa chamada de “Que-das do Salto Grande”, originan-do então o nome da cidade.

Salto do Jacuí convida você! Venha nos visitar, conheça nos-sas potencialidades e as riquezas naturais que conquistam a todos que passam por aqui.

“E por andar e andar a esmo eu fui parar nas margens do Jacuí, seguindo o curso das águas ver-melhas me fez caminhos pra che-gar a ti... Canto, canto, canto ao Rio, canto ao Rio Jacuí, quem te conhece meu Rio jamais esquece de ti!”

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EnergiaNacional • JUN/2013 [55]

a Associação Estadual de Municípios do Rio de Janeiro - AEMERJ tem como missão o fortale-cimento dos Municípios do Estado do Rio de

Janeiro, a ampliação de espaços democráticos de diálo-go e de cooperação multi-institucional e a consolidação do pacto federativo como ética para a gestão pública. Nossos eixos de atuação são:

• Criação e manutenção de uma rede de comuni-cação e informação entre gestores públicos mu-nicipais e articulação entre políticas, programas e recursos estaduais e federais para aperfeiço-amento e estimulo à praticas sustentáveis nas gestões locais.

• Promoção de espaços formativos de intercâmbio técnico, político e socioambiental .

• Desenvolvimento de projetos que auxiliem as mu-nicipalidades na adoção de praticas sustentáveis de gestão territorial.

A fim de contribuir para a incorporação estratégica das dimensões ligadas a sustentabilidade nas administra-ções locais, a AEMERJ incluiu em sua estrutura a coorde-nação técnica de meio ambiente e sustentabilidade cujo principal desafio é o de contribuir para construção de no-vas lógicas políticas e novas culturas junto aos gestores locais que permitam incorporar a sustentabilidade como a centralidade da gestão municipal.

CoMPRoMiSSo CoM a Mata atlâNtiCa Um exemplo de contribuição neste sentido é a exe-

cução do projeto “Elaboração de Planos Municipais de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica no Noro-este do Estado do Rio de Janeiro” fruto da bem sucedi-

da parceria entre a AEMERJ, a Secretaria de Estado do Ambiente através da Superintendência de Biodiversida-de e Florestas, e a ONG ISER. O referido projeto conta ainda com a e com apoios institucionais da ANAMMA e do COSEMMA – Conselho de Secretários Municipais de Meio Ambiente do Noroeste. Os Municípios Envolvi-dos nesta ação são: Aperibé, Bom Jesus do Itabapoana, Cambuci, Cardoso Moreira, Italva, Itaocara, Itaperuna, Miracema, Natividade, Porciúncula, Santo Antônio de Pa-duá, São Fidelis, São José do Ubá, Varre-Sai.

O Processo de Elaboração dos PMMA contou com um Seminário Regional, onde houve oficinas de capa-citação e a participação de mais de 680 pessoas (poder público municipal e estadual, conselheiros, associações rurais, agenda 21, ONG, etc ). No Seminário foram apre-sentadas mais de 907 propostas para conservação e recu-peração da Mata Atlântica, elaboradas de forma partici-pativa. Juntos os municípios do Noroeste possuem 62,5 mil hectares de Mata Atlântica e potencial de refloresta-mento de 74,9 mil hectares.

A elaboração dos PMMA por um lado, permite a afir-mação de existência de Mata Atlântica na região Noroes-te do Rio de Janeiro e por outro aponta com clareza os enormes desafios colocados às gestões publicas e à so-ciedade local com relação a conservação do que resta em pé e com a recuperação sustentável da mata atlântica.

Informe Publicitário

a aemerJ fortalecendo gestões municipais sustentáveis no rio de Janeiro

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ANAMUP – ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS MUNICÍPIOS PRODUTORESSAUS – Setor de Autarquias Sul, Quadra 04, Bloco A, nº 30, Sala 1011 (10° Andar),

Edifício Victoria Office Tower - Brasília – DF, CEP 70.070-040Fone: (61) 3224-4747 e 3225-7748 • www.anamup.org.br • E-mail: [email protected]

*Obra “Bandeira” do artista Carlinhos Brown