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Revista Dashboard Livre, Volume 1, Brasília-DF, 2019 - 1
Revista Dashboard Livre, Volume 1, Brasília-DF, 2019 - 3
Revista Dashboard Livre, Volume 1, Brasília-DF, 2019 - 5
Expediente
Revista Dashboard Livre
Primeira Edição
Título: Águas mais profundas
Organização
Paloma Amorim
Diagramação
Fernando Aquino
Revisão
Bianca Damacena
Autor convidado
Christian Puhlmann Brackmann
Autores selecionados
Arnaldo V. Carvalho
Carlos Eduardo de Oliveira
Carlos Sanches
Felipe Neves de Almeida
Louise Fhaedra da Silva Pereira
Ody Marcos Churkin
Sady Sidney Fauth Junior
Sibere Duarte Araújo
Thiago Marques Franco
Pesquisa
Natália Stanzioni
Marta Raquel
Wanderson Amorim
Assessoria de imprensa
Alen Guimarães
Apresentação
A primeira edição da Revista Dashboard
Livre está de capas abertas para inovação e
transversalidade. Traz temas relacionados a
arte e tecnologia; estudos de casos em gestão
e marketing; mecanismos neurológicos de
aprendizagem e recepção do conhecimento;
HVSHFLÀFLGDGHV� GD� FLrQFLD� GH� GDGRV�� EHP�
FRPR� D� JDPLÀFDomR� H� VXD� LQÁXrQFLD� QRV�
indivíduos, o pensamento computacional e
VXDV�DGMDFrQFLDV�H�PXLWR�PDLV��
A revista Dashboard Livre é formada por uma
seleta de autores, dentre os quais convidados
e selecionados via chamada pública. É uma
ação do Dashboard Livre, empreendimento
em Arte, Tecnologia e Cultura, patrocinado
pelo Fundo de Apoio à Cultura e Economia
Criativa do Distrito Federal.
&RQÀUD�HP�ZZZ�GDVKERDUGOLYUH�FRP�EU
Organização responsável
Dashboard Livre
Periodicidade
Anual
Patrocínio
Fundo de Apoio à Cultura da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal
Revista Dashboard Livre, Volume 1, Brasília-DF, 2019 - 7
Sumário
9 Computação na Educação Básica Brasileira: Uma necessidade primordialChristian Puhlmann Brackmann
23�2�-RJR�GRV�'DGRV��*DPLÀFDomR��FRPSRUWDPHQWR�H�KiELWRALMEIDA, F.; MELO, F.
33 Arte e tecnologia: além da comunicação entre o fazer e o pensar arte.Thiago Marques
39 GERENCIAMENTO DE PROJETOS POR MEIO DA PRESTAÇÃO DE CONTAS: O CASO DOS PROJETOS DE INOVAÇÃO DO CENTRO DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - CDT/UNBSady Sidney Fauth Junior, Marcilene Barros Lima, Edson Rodrigues da Silva, Oscar Galdino de Oliveira Junior, Roseane Souza de Aquino
55�%DQFR�GH�GDGRV��QRUPDOL]DomR��IRUPDV�QRUPDLV�H�GHSHQGrQFLD�IXQFLRQDOCarlos Eduardo de Oliveira
63 CONTRIBUIÇÕES DA NEUROPSICOLOGIA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUALARAÚJO; Sibere Duarte
73 O desenvolvimento do Pensamento Computacional na Educação BásicaCarlos Sanches
79 O PAPEL DO PROFESSOR DE DANÇA DO SÉCULO XXI: DIÁLOGOS SOBRE A ARTE-EDUCAÇÃOLouise Fhaedra da Silva Pereira
83 CURADORIA NA EDUCADUÇÃO EM CINCO TÓPICOS: DESAFIOS NA CONECTIVIDADE E UBIQUIDADEOdy Marcos Churkin
97 REVER E RENOVAR PARA INOVAR: A EXPANSÃO CULTURAL DOS JOGOS DE TABULEIRO MODERNOS EM COMPASSO COM AS NOVAS IDEIAS PARA A EDUCAÇÃOArnaldo V. Carvalho
Revista Dashboard Livre, Volume 1, Brasília-DF, 2019 - 63
CONTRIBUIÇÕES DA NEUROPSICOLOGIA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS
COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
ARAÚJO; Sibere Duarte1
Resumo
Partindo de uma perspectiva inclusiva em busca de uma compreensão
mais profunda sobre o desenvolvimento dos processos mentais em crianças com
GHÀFLrQFLD�LQWHOHFWXDO��FRP�REMHWLYR�GH�IDYRUHFHU�VXD�DSUHQGL]DJHP��HODERUDPRV�
este trabalho de pesquisa com ênfase nas contribuições da Neuropsicologia. A me-
WRGRORJLD�XWLOL]DGD�IRL�D�SHVTXLVD�ELEOLRJUiÀFD��2�PDUFR�WHyULFR�TXH�GHX�VXVWHQ-
tação ao trabalho se baseou nas ideias de Fuentes (2014), Fonseca (2004), Luria
(2004), entre outros. O estudo se inicia com a teoria de representação cerebral
que estabelece a divisão do cérebro em três unidades funcionais principais que
abrangem todas as atividades mentais com as quais podemos, assim, compreen-
der melhor sobre o processo de aprendizagem. Essa divisão possibilita entender o
aspecto dinâmico cerebral, e proporcionar a criação de algumas estratégias peda-
JyJLFDV�GH�LQWHUYHQomR��PDLV�GLUHFLRQDGDV�jV�GLÀFXOGDGHV�HQFRQWUDGDV�QR�SURFHVVR�
GH�DSUHQGL]DJHP�HP�FULDQoDV��HP�HVSHFLDO�DTXHODV�FRP�GHÀFLrQFLD�LQWHOHFWXDO��QR�
caso deste trabalho.
3$/$95$6�&+$9(��1HXURSVLFRORJLD��'HÀFLrQFLD�,QWHOHFWXDO��$SUHQGL]DJHP�
1 Psicóloga CRP 11/10874. Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em Gestão Escolar e Neu-ropsicologia, e-mail: [email protected].
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Introdução
O presente trabalho tem como tema central as contribuições da neurop-
VLFRORJLD�QR�SURFHVVR�GH�DSUHQGL]DJHP�GH�FULDQoDV�FRP�GHÀFLrQFLD�LQWHOHFWXDO��$�
educação de crianças com necessidades educacionais especiais (NEE) passou por
GLYHUVDV�PRGLÀFDo}HV�DR� ORQJR�GRV� WHPSRV��2�SURFHVVR�GH� LQFOXVmR� WURX[H�XPD�
visão mais integradora e complexa das capacidades e limites das crianças com va-
ULDGDV�GHÀFLrQFLDV��'H�DFRUGR�FRP�0DQWRDQ��3LHWUR��������S������´6H�IRU�XPD�GDV�
razões fortes de mudanças, temos condições de romper com os modelos conserva-
GRUHV�GD�HVFROD�FRPXP�EUDVLOHLUD�H�LQLFLDU�XP�SURFHVVR�JUDGXDO��SRUpP�ÀUPH��GH�
redirecionamento de suas práticas para melhor qualidade de ensino para todos”.
Partindo de uma perspectiva inclusiva, tivemos o interesse de pesquisar:
como a Neuropsicologia pode contribui no processo de aprendizagem de crianças
FRP�GHÀFLrQFLD�LQWHOHFWXDO"
A escolha dessa temática deve-se a experiências em diversas escolas, visto
que, atuando como professora do Atendimento Educacional Especializado (AEE), é
visível a importância de um maior entendimento e desenvolvimento de práticas
TXH�IDYRUHoDP�DOJXPDV�FRPSHWrQFLDV�H�KDELOLGDGHV�GH�FULDQoDV�FRP�GHÀFLrQFLD�
intelectual, estimulando as suas potencialidades, a sua autonomia e interações
sociais, daí a necessidade de aprofundamento no tema. Nesse contexto, o obje-
tivo deste trabalho é investigar as possíveis contribuições da neuropsicologia no
âmbito da educação, visto que como ciência e especialidade da psicologia, estuda
H� FRPSUHHQGH� FRPR�DV� IXQo}HV� FHUHEUDLV� LQÁXHQFLDP�QDV� IXQo}HV� FRJQLWLYDV��$�
PHWRGRORJLD�XWLOL]DGD�IRL�GH�FXQKR�ELEOLRJUiÀFR��HP�TXH�R�UHIHUHQFLDO�WHyULFR�VH�
baseou nas ideias e concepções dos autores: Fonseca (2004), Fuentes (2014), Luria
(2004), entre outros.
Desenvolvimento
Aleksander Romanovich Luria (Psicólogo e Neurologista Russo), ao reali-
zar estudos em seus pacientes com sintomas mentais e neurológicos, propôs uma
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teoria da representação cerebral dando um passo importante para a neurologia
comportamental ou como ele mesmo preferia chamar: Neuropsicologia (EIZIRIK;
AGUIAR; SCHESTATSKY, 2015, p.51).
Luria, em 1977, através de seus estudos, estabeleceu a divisão do cérebro
em três unidades funcionais principais. Essa divisão possibilitou uma compreensão
maior do aspecto dinâmico cerebral, essas unidades abrangem todas as atividades
mentais, Luria (apud Campos & Cabral 2014, p. 52) explicita a seguir:
a) Primeira Unidade Funcional: É composto pelos sistemas
reticular, vestibular e proprioceptivo, sendo estruturas ana-
tômicas a medula, o tronco cerebral, cerebelo e estruturas
talâmicas, responsáveis por dois fatores psicomotores – a
tonicidade e equilibração – que consubstanciam o papel e a
importância da postura. Regulam o tônus e respondem pela
função da atenção e da integração sensorial, da memória e da
emoção.
b) Segunda Unidade Funcional: É composta pelas áreas associa-
tivas corticais (secundárias e terciárias) e o centro associativo
posterior. Suas estruturas são o córtex, hemisfério esquerdo e
direito, lóbulo parietal (tátil cinestésico), lóbulo occipital (vi-
sual) e lóbulo temporal (auditivo), responsáveis pelos fatores
psicomotores, lateralização, noção de corpo, estruturação es-
paço-temporal. Esta unidade regula o armazenamento, a aná-
OLVH��D�VtQWHVH��D�FRGLÀFDomR�H�D�GHFRGLÀFDomR�GD�LQIRUPDomR��
A unidade também executa o processamento de informação,
como o corpo processa a informação, como ele recebe infor-
mação, como se orienta em relação ao espaço, como é que na
realidade ele integra a noção de espaço.
c) Terceira Unidade Funcional: É composta pelo sistema pi-
ramidal ideocinético, áreas pré-frontais e centro associativo
anterior. Suas estruturas são; córtex motor (psicolingüístico),
córtex pré (psico) motor, lóbulos frontais, responsáveis pela
SUD[LD�JOREDO�H�SUD[LD�ÀQD��$�XQLGDGH�H�UHVSRQViYHO�SHOD�SUR-
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JUDPDomR��UHJXODomR��YHULÀFDomR�GD�DWLYLGDGH��LQWHQo}HV��SOD-
QLÀFDomR�PRWRUD��H[HFXomR��FRUUHomR�H�VHTXHQFLDOL]DomR�GDV�
RSHUDo}HV�FRJQLWLYDV��1HVVD�iUHD�GR�FpUHEUR��PDLV�HVSHFLÀFD-
mente, nos lóbulos frontais, é que se organizam as atividades
conscientes do ser humano, local onde ocorrem a programa-
omR�� D� UHJXODomR� H� D� YHULÀFDomR� GD� DWLYLGDGH�PRWRUD�� H�RX�
FRP�GLÀFXOGDGH�GH�DSUHQGL]DJHP�
Kabarite (2014, p.12) mostra que “as funções cerebrais, tem a partir des-
ses estudos, uma localização dinâmica e não restrita e estática como tinha até
então”. Dessa forma, as capacidades cognitivas estabelecem entre si um trabalho
dinâmico e com sincronismo apesar de diferença na estrutura funcional e anatômi-
ca. Essas unidades atuam nas atividades mentais, em movimentos voluntários, na
produção da linguagem, também na elaboração práxica e no sistema psicomotor,
como observamos a seguir:
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1HVVD� SHUVSHFWLYD�� /XULD� �DSXG� )RQVHFD�� ������ GLVFRUUH� TXH� D� GHÀFLrQ-
cia intelectual ilustra certa desestruturação cognitiva do movimento voluntário e
representa diversas disfunções nas unidades funcionais: atenção, processamento
VHTXHQFLDO�VXFHVVLYR�H�VLPXOWkQHR�H�SODQLÀFDomR�GR�DWR�PRWRU��3RQWXD�TXH�D�DWLYL-
GDGH�QHUYRVD�VXSHULRU�WtSLFD�GD�GHÀFLrQFLD�DSUHVHQWD�OHQWLGmR�QD�WUDQVPLVVmR�GH�
LQÁX[R�QHUYRVR��SHUWXUEDo}HV�QR�IXQFLRQDPHQWR�GRV�DQDOLVDGRUHV��VLVWHPD�IXQFLR-
nal integrado que comporta os sentidos), subdesenvolvimento dos sistemas funcio-
nais que traz perturbações motoras quer na motricidade em geral, quer na fala em
especial, assim como fragilidade no segundo sistema de sinalização, bem como na
sua dinâmica, e ainda facilitação e inibição neurodinâmica e interativa alteradas,
inércia do analisador motor que tende a provocar desorganização e instabilidade
motora.
2�0DQXDO�GH�7UDQVWRUQRV�0HQWDLV��'60���������S������SURGX]LGR�SHOD�$PH-
ULFDQ� 3V\FKLDWULF�$VVRFLDWLRQ� GHÀQH� TXH�� ´GHÀFLrQFLD� LQWHOHFWXDO� �WUDQVWRUQR� GR�
desenvolvimento intelectual) é um transtorno com início no período do desenvol-
YLPHQWR�TXH�LQFOXL�GpÀFLWV�IXQFLRQDLV��WDQWR�LQWHOHFWXDLV�TXDQWR�DGDSWDWLYR��QRV�
domínios conceitual, social e prático”. E menciona os três critérios que devem ser
preenchidos ao realizar o diagnóstico:
D��'pÀFLWV� HP� IXQo}HV� LQWHOHFWXDLV� FRPR� UDFLRFtQLR�� VROXomR�
de problemas, planejamento, pensamento abstrato, juízo,
DSUHQGL]DJHP� DFDGrPLFD�� H� DSUHQGL]DJHP� SHOD� H[SHULrQFLD�
FRQÀUPDGD�WDQWR�SHOD�DYDOLDomR�FOtQLFD�TXDQWR�SRU�WHVWHV�GH�
LQWHOLJrQFLD�SDGURQL]DGRV�H�LQGLYLGXDOL]DGRV�
E�� 'pÀFLWV� HP� IXQo}HV� DGDSWDWLYDV� TXH� UHVXOWDP� GH� IUDFDV-
sos para atingir padrões de desenvolvimento e socioculturais
HP�UHODomR�D�LQGHSHQGrQFLD�SHVVRDO�H�UHVSRQVDELOLGDGH�VRFLDO��
6HP�DSRLR�FRQWLQXDGR��RV�GpÀFLWV�GH�DGDSWDomR�LPLWDP�R�IXQ-
cionamento em uma ou mais atividades diárias, como comuni-
cação, participação social, e vida independente, e em múlti-
plos ambientes, como em casa, na escola, no local de trabalho
e na comunidade.
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F��,QtFLR�GRV�GpÀFLWV�LQWHOHFWXDLV�H�DGDSWDWLYRV�GXUDQWH�R�SHUt-
odo de desenvolvimento.
$LQGD�GH�DFRUGR�FRP�R�'60����������S�������D�GHÀFLrQFLD�LQWHOHFWXDO�GHYH�
VHU�HVSHFLÀFDGD�GH�DFRUGR�FRP�VXD�JUDYLGDGH�FRPR�� OHYH��PRGHUDGD�� JUDYH�RX��
SURIXQGD��7DO�GHÀQLomR�VH�Gi�FRP�EDVH�QR�IXQFLRQDPHQWR�DGDSWDWLYR��MXQWDPHQWH�
com escore padronizado de Quociente de Inteligência (QI), sendo necessária para
a realização do diagnóstico a observação dos três aspectos conceituais: domínio
conceitual, domínio social e domínio prático. Diversas leis e documentos interna-
FLRQDLV�HVWDEHOHFHP�RV�'LUHLWRV�GDV�SHVVRDV�FRP�GHÀFLrQFLD�HP�QRVVR�SDtV��$�&RQ-
ferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais, realizada pela UNESCO,
na Espanha em 1994, resultou na Declaração de Salamanca (1994, p.17-18) sendo
R�PDLV�FRPSOHWR�WH[WR�VREUH�LQFOXVmR�H�HGXFDomR�DÀUPD�TXH�
As escolas devem acolher todas as crianças, independentemen-
te de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais,
OLQJXtVWLFDV�RX�RXWUDV��'HYHP�DFROKHU�FULDQoDV�FRP�GHÀFLrQFLD�
e crianças bem-dotadas; crianças que vivem nas ruas e que tra-
balham; crianças de populações distantes ou nômades; crian-
ças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de
outros grupos ou zonas desfavorecidas ou marginalizadas
A perspectiva do processo inclusivo é que todas as pessoas com algum tipo
GH�GHÀFLrQFLD�WHQKDP�RV�PHVPRV�GLUHLWRV�H�GHYHUHV��YDORUL]DQGR�DV�GLIHUHQoDV��ID-
vorecendo o desenvolvimento e potenciais. Para que o trabalho em sala de aula se
efetue de forma positiva, vindo assim a favorecer o desenvolvimento de crianças
FRP�GHÀFLrQFLD�LQWHOHFWXDO�SRGHPRV�QRV�HPEDVDU�VREUH�DOJXQV�SURFHVVRV�FHUHEUDLV�
TXH�DWXDP�QDV�IXQo}HV�FRJQLWLYDV�SDUD�WUDoDU�HVWUDWpJLDV�PDLV�HÀFLHQWHV�H�VXSHUDU�
DV�GLÀFXOGDGHV�HQFRQWUDGDV�QR�SURFHVVR�GH�HQVLQR�
A Neuropsicologia traz contribuições nesse processo, pois como ciência
cognitiva estuda também alguns distúrbios das funções superiores cerebral, fun-
ções estas que são a base para o desenvolvimento da cognição. De acordo com
Miranda et al (Apud Fuentes 2014 p.418) “dependendo da disfunção neurológica,
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pode ser difícil o estabelecimento de tarefas que tenham como pré-requisito a
atenção e a memória, ou um domínio das funções executivas, sem que estas es-
tejam desenvolvidas ainda, e isso requer tempo que pode variar de acordo com
cada criança”.
A compreensão do processo mental e da capacidade de regeneração ce-
rebral através da construção de estruturas devido à plasticidade cerebral pode
ampliar o olhar do professor em direcionar estratégias que estimulem o desen-
YROYLPHQWR�GH�FULDQoDV�FRP�GHÀFLrQFLD� LQWHOHFWXDO�)XHQWHV�HW�DO� �������S�������
menciona que:
Hoje, educadores podem atuar não mais às escuras ao habili-
tar ou reabilitar indivíduos com transtornos de aprendizagem,
GH�FRPSRUWDPHQWR��FRP�GpÀFLWV�LQWHOHFWXDLV�RX�FRP�P~OWLSODV�
GHÀFLrQFLDV� �VXUGH]�� FHJXHLUD� RX�EDL[D� YLVmR���PDV� j� OX]� GR�
conhecimento das correlações cérebro-função-aprendizado.
Corroborando esse pensamento, Guerra (2007, p.207) discorre sobre as
estratégias pedagógicas como estimuladoras da reorganização do sistema nervoso,
mudando comportamentos, e levando à aprendizagem, de maneira que os pro-
fessores contribuem com ações que propiciam novas conexões neurais, atuando
também como agentes nas mudanças neurobiológicas.
Podemos destacar que a compreensão da análise da atividade cerebral e
de como esta favorece o processo de aprendizagem cria possibilidades de estraté-
JLDV�HIHWLYDV�H�GLIHUHQFLDGDV�SDUD�SHVVRDV�FRP�PDLRUHV�GLÀFXOGDGHV�QDV�HVWUXWXUDV�
e funcionamento do cérebro, pois entendem-se as relações dinâmicas que se dá
HVVD�DSUHQGL]DJHP��'H�DFRUGR�FRP�&LDVFD��������S������
O cérebro é o órgão privilegiado da aprendizagem, conhecer
suas estruturas e funcionamento é fundamental na compreen-
são das relações dinâmicas e complexas da aprendizagem. Na
busca pela compreensão dos processos de aprendizagem e seus
distúrbios, é necessário considerar os aspectos neuropsicoló-
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JLFRV��SRLV�DV�PDQLIHVWDo}HV�VmR��HP�VXD�PDLRULD��UHÁH[R�GH�
funções alteradas. As disfunções podem ocorrer em áreas de
input (recepção de estímulo), integração (processamento da
informação), e output (expressão de resposta).
$�DXWRUD�DLQGD�HQIDWL]D��������S������TXH�´R�SURFHVVR�GH�DSUHQGL]DJHP�
exige certo nível de ativação e atenção, de vigilância e seleção de informações”.
Como vimos anteriormente, de acordo com Luria (apud Fonseca, 2004), essas
KDELOLGDGHV� VmR� DOJXPDV� GDV� DIHWDGDV� QD� GHÀFLrQFLD� LQWHOHFWXDO�� GLÀFXOWDQGR� D�
aprendizagem. Ao compreender isso, pode-se direcionar estratégias pedagógicas
HVSHFtÀFDV�GH�DFRUGR�FRP�D�QHFHVVLGDGH�GH�FDGD�FULDQoD�H�TXH�DWHQGDP�DV�VXDV�
GLÀFXOGDGHV��RX�VHMD��DWLYLGDGHV�TXH�HVWLPXOHP�DV�iUHDV�DIHWDGDV��PHOKRUDQGR�VHX�
desenvolvimento acadêmico, como também o respeito aos seus limites e tempo de
execução dessas atividades.
$OXQRV�TXH�DSUHVHQWDP�GHÀFLrQFLD�LQWHOHFWXDO�WrP�GLÀFXOGDGH�SDUD�SOD-
nejar e regular seus processos de conhecimentos, necessitando da instrução do
SURIHVVRU�SDUD�FRPSUHHQGHU�DV�HVWUDWpJLDV�H�VHXV�VLJQLÀFDGRV�H�FRPR�JHQHUDOL]DU�
essa aprendizagem. Ao aprender, o cérebro produz sinapses que possibilitam novos
conceitos e ideias. A utilização de conhecimentos da Neuropsicologia nos proces-
sos didáticos encontra-se em expansão, visto que o processo de aprendizagem do
cérebro humano envolve funções cognitivas.
Conclusão
$WUDYpV�GD�DQiOLVH�ELEOLRJUiÀFD�UHDOL]DGD�QHVWH�WUDEDOKR��FRQFOXL�VH�TXH�D�
1HXURSVLFRORJLD�SRGH�IDYRUHFHU�R�SURFHVVR�GH�DSUHQGL]DJHP�HP�FULDQoDV�FRP�GHÀ-
FLrQFLD�LQWHOHFWXDO��SRLV�DX[LOLD�QD�DQiOLVH�GR�IXQFLRQDPHQWR�FRJQLWLYR�YHULÀFDQGR�
SRWHQFLDOLGDGHV�H�GLÀFXOGDGHV�WUD]LGDV�SHOD�SUySULD�GHÀFLrQFLD�HP�UHODomR�D�HQVL-
no e aprendizagem, permitindo que o professor direcione seu olhar, compreenda e
desenvolva estratégias de intervenções pedagógicas pautadas no respeito dos limi-
tes do tempo e da capacidade de cada criança, preservando sua individualidade,
contribuindo assim para o seu desenvolvimento.
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Despertar nas crianças que apresentam limitações o desejo e o prazer de
DSUHQGHU�DWUDYpV�GR�ROKDU�GLIHUHQFLDGR�SDUD�DOpP�GD�VXD�GHÀFLrQFLD�H�GR�TXH�HOH�
é capaz de fazer é o caminho para o seu desenvolvimento em diversos aspectos.
A Neuropsicologia considera que os mecanismos neurocognitivos são importantes
para o processo de aquisição da aprendizagem, trazendo uma maior compreensão
acerca do funcionamento cerebral, suas unidades funcionais, plasticidade para
formar novas estruturas e novas formas de aprendizagens, trazendo como ciência
contribuições importantes para o entendimento dos processos mentais, favorecen-
GR�SDUD�XPD�PHOKRU�FRPSUHHQVmR�GR�HQVLQR�GH�FULDQoDV�FRP�GHÀFLrQFLDV�LQWHOHF-
tuais.
REFERÊNCIAS
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