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Sivilvultura, madeira, painéis, móveis, construção civil e logística

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3

Edito

rialMesmo diante de adversida‑

des no mercado internacio‑nal a produção de madeira

de toras no Brasil vem apresentan‑do evolução. Nos últimos dez anos o crescimento médio anual foi de 3,9%, totalizando hoje cerca de 140 milhões de m3 . As exportações, que sempre se constituíram em um dos pilares de sustentação do setor, ainda não mos‑tram sintomas de recuperação.

Em 2012 as vendas externas de produtos de base florestal sofreram uma queda de 5,9%, chegando a US$

9,26 bilhões. A recuperação da eco‑nomia de países tradicionais importa‑dores ainda esta longe de acontecer

O mercado interno, entretanto, continua sendo o grande alento para a manutenção dos níveis favoráveis das vendas e produção.

Das florestas plantadas, o Eucalyp‑tus detém a maior fatia com 60% dos plantios, concentrado na região Sudeste. O grande consumidor des‑ta matéria prima são as empresas de papel e celulose e siderurgia a carvão vegetal localizadas nessa região. Da mesma forma, a maioria dos plantios

de Pinus continua a ser cultivado pró‑ximo às indústrias de painéis, serrados, compensados e produtos de madeira sólida, localizadas na região Sul.

O incentivo ao aumento no plan‑tio desta espécies depende sobretudo ao maior consumo e a um preço de mercado atrativo. Assim, o crescimen‑to do setor como um todo precisa passar por uma maior valorização da madeira como matéria prima, reforça‑do pelo forte apelo de matéria prima renovável, de rápido crescimento e perfeitamente adequada ás condi‑ções brasileiras.

Clóvis Rech Editor Responsável

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Editor: Clóvis RechCapa: Ronaldo L. CruzEdição de Arte e Produçã[email protected]

A Revista da Madeira é uma publicação da Lettech Editora e Gráfica Ltda, que também publica outras publicações.A reprodução total ou parcial de artigos ou matérias citados nesta edição é proibida, exceto em caso de autorização do editor.

EXPEDIENTE

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www.remade.com.brEdição 134

Novo conceito com muita informação para você

EDITORIAL

MERCADOprodutos florestais mostra evolução

EXPORTAÇÕESCrise mundial ainda limita exportações do setor

CONSTRUÇÃO CIVILcom grandes perspectivas para 2013

PRAGAS FLORESTAISPrevenção no controle a Vespa da Madeira

MÓVEIS & TECONOLOGIALIXAMENTO - Desgaste de lixas na quali-dade superficial da madeira

PRESERVANTESPrincipais agentes deterioradores de madeiras

ESQUADRIASCritério na produção

USINAGEMFundamentos da usinagem da madeira

SECAGEMProgramas de secagem obtidos por diferentes métodos

BRIQUETESProduzidos com resíduos

PÍNUSCultivo de Pínus: Propagação vegetativa

TRANSPORTECusto de diferentes veículos de carga no setor madeireiro

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Setor sofre limitações do mercado

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A cadeia produtiva do se‑tor brasileiro de florestas plantadas caracteriza‑se pela grande diversida‑

de de produtos, compreendendo um conjunto de atividades que incluem a produção, a colheita e a transformação da madeira até a obtenção dos produtos finais.

Um estudo da ABRAF – revela que no Brasil há basicamente três grandes grupos de produtores flo‑restais quanto ao porte e tipo da atividade desenvolvida:

• Empresas verticalizadas: em‑presas consumidoras de maté‑ria‑prima florestal própria, geral‑mente inseridas nos setores de papel e celulose, painéis de madei‑ra industrializada, lâminas e com‑pensados, serrarias e siderúrgicas a carvão vegetal. Possuem equipe própria para as operações flores‑tais, de modo a garantir a qualida‑de da matéria‑prima que será con‑sumida na fábrica. Os excedentes de produção florestal geralmente são comercializados no mercado.

• TIMos (Timberland Investment Management Organizations): em‑presas de gestão de investimentos florestais vinculadas ou não a fun‑dos de pensão estrangeiros (prin‑cipalmente nos Estados Unidos e Canadá) que adquirem ativos flo‑restais para atuar como refloresta‑doras independentes no mercado. Fazem a intermediação entre in‑vestidores e os investimentos flo‑restais a partir da concentração de recursos (fundos), da análise das potencialidades do mercado e da operacionalização/gerenciamen‑

to de plantios. Possibilitam maior rentabilidade aos investidores ao reduzir a imobilização do capital decorrente da aquisição de ativos. A madeira produzida é comercia‑lizada mediante contratos de for‑necimento aos consumidores, em geral grandes empresas que pro‑cessam a madeira, transforman‑do‑a em produtos de maior valor agregado.

• Proprietários independentes: proprietários de terras (pequenos e médios produtores) que inves‑tem em plantios florestais como fonte de renda a partir da comer‑cialização da madeira em tora. Podem estabelecer contratos de suprimento, sistemas de parceria operacional (fomento, principal‑mente) ou atuar independente‑mente no mercado.

O processamento da madeira

ocorre de quatro formas distintas, que caracterizam os seguintes ti‑pos de indústria:

• Indústria primária: realiza ape‑nas um processamento sobre a matéria‑prima (madeira), transfor‑mando‑a em madeira laminada, serrada e imunizada, além de car‑vão vegetal e cavaco.

• Indústria secundária: utiliza produtos obtidos do desdobra‑mento da matéria‑prima (processo primário) para obter o produto fi‑nal (processo secundário), destina‑do ao consumidor final ou outras indústrias do setor terciário.

• Indústria terciária: gera inúme‑ros produtos de maior valor agre‑gado, altamente especializados, para atender às diversas necessi‑dades do consumidor final.

• Indústria integrada (vertica‑lizada): possui dois ou mais níveis

Mercado de produtos florestais mostra evoluçãoM

ERCA

DO

MERCADO

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de agregação industrial (pri‑mária, secundária e/ou terciária) na fabricação de seu produto final, como as indústrias de celulose e papel integradas, que com‑preendem uma fase primária de produção de cavaco, a fase se‑cundária de produção da celulose, e a fase terciária de produção do papel. Já as indús‑trias de painéis de ma‑deira industrializada possuem a etapa pri‑mária de produção de cavaco, e a secundária de transformação em painéis de MDP, MDF, HDF, OSB.

No Brasil, 37,5% de toda a madeira produzida é utili‑

zada para a produção de celulose.

A produção de serrados, painéis

e compensados consome 15,8%, 7,8% e 3,5%, respecti‑vamente. O restante (35,4%) é destinado à produção de lenha, carvão vegetal e ou‑tros produtos flores‑tais

Ressalta‑se que com exceção da le‑nha, do carvão ve‑getal e dos painéis de madeira indus‑trializada, cujo con‑sumo está basica‑mente concentrado no mercado interno, os demais produtos destinam‑se, priorita‑riamente, ao merca‑do externo.

Boa parte dos produtos secundá‑

rios (móveis, papel, pisos, moldu

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ras, ferro e aço, etc.) também é ex‑portada, demonstrando, assim, a importância do cenário internacio‑nal para o setor florestal brasileiro.

Principais produtos

As dimensões continentais do Brasil favoreceram o desenvolvi‑mento do parque industrial de base florestal ao longo de todo o seu território. Entretanto, as em‑presas tendem a se concentrar em regiões onde aspectos regionais e logísticos favorecem a geração de economias de escala. As regiões onde ocorrem as concentrações de empresas ligadas ao setor de base florestal (clusters), cuja prin‑cipal fonte de matéria‑prima é o Eucalyptus, estão assinaladas no mapa.

Produção e Consumo

No Brasil, existem cerca de 220 empresas operando no segmento de papel e celulose. O país, em âm‑

bito mundial, é líder na produção de celulose de fibra curta (Eucalyp‑tus), sendo o 6º maior produtor de celulose e o 11º maior fabricante de papel. Há 10 anos, a indústria de celulose cresce em média 5,9% a.a. Em 2010, a produção nacional de celulose totalizou 14,1 milhões de toneladas, crescimento de 4,4% em relação a 2009. No mesmo perí‑odo, o consumo interno atingiu 6,1 milhões de toneladas, 8,9% supe‑rior ao registrado em 2009 (Gráfico 3.01).

A produção brasileira de papel é de aproximadamente 9,8 mi‑lhões de toneladas,e retomou o crescimento observado no perío‑

do pré‑crise ao registrar uma eleva‑ção de 5,4 % . O consumo superou em 9,5% , totalizando 9,2 milhões de toneladas, reflexo da melhoria do mercado interno e da retoma‑da das importações pelo mercado asiático .

O Brasil é o maior produtor mundial de carvão vegetal. Os prin‑cipais consumidores são os setores de ferro‑gusa, aço e ferros‑liga e, em menor escala, o comércio e o consumidor residencial. O carvão vegetal apresenta inúmeras vanta‑gens em relação ao carvão mine‑ral. É renovável, menos poluente (tem baixo teor de cinzas), pratica‑mente isento de enxofre/fósforo e

MERCADO

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a tecnologia para sua fabricação já está amplamente consolidada no Brasil.

Para a eco‑nomia florestal, a gama de em‑presas mais rele‑vante no quesi‑to consumo de carvão vegetal faz referência aos produtores independentes de ferro‑gusa, os quais são fornecedores de maté‑ria‑prima para a indústria do aço. A produção chega a 11,6 milhões

de m³ de carvão vegetal a partir de florestas plantadas, dos quais 66,2% foram consumidos pelos “guseiros” independentes.

Atualmente, apro‑ximadamente 55,0% da produção brasilei‑ra de carvão vegetal ainda é proveniente de florestas nativas. A tendência é que a cada ano o consumo de madeira nativa di‑minua, sendo substi‑tuída por madeira de florestas plantadas, em função do maior controle exercido pelos órgãos fiscaliza‑dores e também pelo aumento das pres‑sões sociais na preservação dos

recursos naturais.Já com relação aos painéis de

madeira industrializado, nos úl‑timos 10 anos a produção anual

cresceu de 2,7 milhões de tonela‑das para 6,4 milhões, ou seja, um crescimento médio de 8,2% a.a., consolidando sua participação em

determinados segmentos consu‑

midores, princi‑palmente na in‑dústria de móveis de madeira. Da mesma forma, o consumo por pai‑néis de madeira industr ia l izada também cresceu de 2,6 milhões de toneladas, em 2000, para 6,5 mi‑lhões, em 2010, um incremento de 8,7% a.a.

O mercado brasileiro de compensados é com‑posto por aproximadamente 300 empresas, as quais, em sua maioria,

estão concentradas na região sul do país. Esse mercado é caracteri‑zado pelos altos custos operacio‑nais e pela grande dependência

do mercado externo. A produção de com‑pensado chega a 2 milhões de tonela‑das produzidas

Com relação a madeira serrada es‑tima‑se que existam aproximadamente 600 serrarias destina‑das ao desdobro de madeira de plantios florestais, que juntas produzem, 9,0 mi‑lhões de toneladas de madeira serrada. Considerando o perí‑

odo dez anos , a produção brasilei‑

MERCADO

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ra de serrados cresceu a uma taxa média anual de 1,7% .

Apesar do forte crescimento da produção de madeira de Eucalyp‑tus, o volume de serrados desse gênero ainda é pequeno. Entre‑tanto, em médio prazo, estima‑se que essa tendência seja revertida.

Nesse mesmo período, o con‑sumo de madeira serrada diminuiu 21,8% em relação ao total consu‑mido, alcançando total de 6,1 milhões de toneladas de madeira serrada.

Em escala menor, a produção de outros produtos florestais, tais

como, briquetes, pellets, palan‑ques, pallets, postes e mourões continua a ser realizada. Todavia, a ausência de estatísticas referen‑tes ao mercado desses produtos

impede a real mensuração e a análise da potenciali‑dade desses mercados.

Com relação a ma‑deira em tora estima‑se

que a produção potencial de Pinus e Eucalyptus seja da ordem 258,6 milhões de m³/ano, ao considerar a atual área de plantios florestais e o incremento

médio anual (IMA) para cada região. Do total estimado, 74,9% correspondem à madeira de Eu‑calyptus e 25,1% à madeira de Pi‑nus .

Entretanto, essa estimativa não representa uma oferta de madeira efetivamente disponível para o pe‑ríodo considerado, mas sim uma oferta potencial estimada, uma vez que a idade dos plantios é variável.

A produção de madeira con‑centra‑se nas regiões Sudeste e Sul do Brasil. No Sudeste, há predomí‑nio do Eucalyptus (93,8%) em re‑lação ao Pinus (6,2%). No Sul, o Pi‑nus predomina em 71,9% da área

Fonte: ABRAF

plantada, enquanto o Eucalyptus representa apenas 28,1% .

Grande parte da concentração dos plantios de Eucalyptus na re‑gião Sudeste (60,3%) advém do significativo número de empresas de papel e celulose e siderurgia a carvão vegetal localizadas nessa região. Da mesma forma, a maioria dos plantios de Pinus continua a ser cultivado próximo às indústrias de painéis, serrados, compensa‑dos e produtos de madeira sólida, localizadas na região Sul (87,1%) do país .

Segundo o IBGE , a produção anual de toras a partir de plantios florestais totalizou 158,4 milhões m³. Desse total, 68,7% (108,8 mi‑lhões de m³) foram direcionados ao uso industrial, 27,0% (42,8 mi‑lhões de m³) à produção de lenha e 4,3% (6,8 milhões) ao carvoeja‑mento.

Nos últimos dez anos a produ‑ção anual média de madeira de to‑ras no Brasil foi de 139 milhões de m³ e o crescimento médio anual de 3,9%.

MERCADO

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12EXPORTAÇÃO

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As exportações brasilei‑ras de produtos de base florestal continuam com dificuldades para atingir

níveis positivos. Em 2012 os se‑tores de madeira, móveis, papel e celulose exportaram em conjunto US$ 9,26 bilhões, o que represen‑tou uma queda de 5,9% em rela‑ção as exportações do ano ante‑rior ( US$ 9,84 bilhões) .

A recuperação do principal mercado comprador – os Estados Unidos ‑ ainda é lenta , e a crise na Europa agora atinge vários paí‑ses e pouco tem reagido para for‑talecer nossas vendas externas. . Mesmo com foco em produtos de maior valor agregado, as indústrias

exportadoras encontram dificul‑dades no aumento das vendas. .

As indústrias , diante da crise mundial, contornam a situação com o momento favorável das vendas no mercado interno, que tem se mantido aquecida, e per‑mitir que muitas empresas migras‑sem parte de sua produção, volta‑da a exportação, para o mercado interno.

As exportações de madeira chegaram a US$ 1,88 bilhão em 2012, volume 0,6% menor que o mesmo período de 2011, quan‑do atingiu US$ 1,9 bilhão. O setor, entretanto, já chegou a exportar bem mais antes da crise, como em 2007, quando atingiu US$ 3,3 bi‑

lhões. Os itens de móveis também tiveram queda. Em 2012 totaliza‑ram US$ 723 milhões, uma queda de 4,3% sobre o volume de 2011.

A maior queda entretanto veio do setor de papel e celulose . As exportações totalizam US$ 6,65 bi‑lhões em 2012, o que representou uma queda de 7,4% em relação ao volume exportado no ano an‑terior.

Nas exportações de madei‑ra praticamente todos os itens de maior valor agregado cairam , incluindo artefatos de madeira, molduras,portas e janelas. As ven‑das externas de madeira com‑pensada chegaram a US$ 408,1 milhões, representando um au‑mento de 10% em relação ao ano anterior; a madeira serrada atingiu US$ 351,7 milhões em vendas ex‑ternas, ou seja, uma queda de 14% em relação ano anterior, e a madei‑ra perfilada totalizou US$ 507 mi‑lhões, uma redução de 3%.

Outros itens também tiveram variação como lâminas de madei‑ra com redução de 4,6% ( US$ 34,4 milhões ); painéis de madeira, com aumento de 5% ( US$ 28,1 milhões ); portas e janelas com re‑dução de 1% ( US$ 211 milhões); e molduras com incremento de 49% (US$ 20,4 milhões ). Aumento de 30% nas vendas de painéis de fibra (US$ 88 milhões ) e no item cava‑co, com 8,7% ( US$ 107 milhões)

O maior estado exportador dos itens de madeira continua sendo o Paraná, com US$ 724 milhões , vindo a seguir Santa Catarina, com

Crise mundial ainda limita exportações do setor

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US$ 401 milhões , e o Pará, com US$ 316 milhões.

Dos paises importadores os

Estados Unidos continuam sendo o principal comprador, com US$ 604 milhões , um aumento de 16%

em relação ao ano anterior (US$ 520 milhões ) .O Japão assumiu o segundo lugar em compras , com um total de US$ 118 milhões, um aumento de 15,7%. A Bélgica se manteve como terceiro mais im‑portante mercado, embora com expressiva queda . No total impor‑tou US$ 102 milhões, com redu‑ção de 24% em relação ao ante‑rior A Alemanha apresentou uma redução de 10% nas importações, chegando a US$ 95,6 milhões. As vendas ao Reino Unido se manti‑veram estáveis , chegando a US$ 91,8 milhões,

A França, que já foi o segun‑do principal mercado comprador de madeira do Brasil, apresentou uma queda muito forte, de 43%. O volume importado foi de US$ 90 milhões, distante dos US$ 159 mi‑lhões importados no ano anterior.

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Por outro lado, países como México e Venezuela surpreendera,. O México apresentou uma aumento de 163% em suas compras de madeira do Brasil, totali‑zando US$ 42 milhões . E a Venezuela passou dos US$ 15,8 para US$ 30 milhões, em um aumento de 92%.

Móveis

No segmento de móveis as exportações não rea‑giram.. Em 2012 as vendas externas do setor atingi‑ram US$ 723 milhões, valor 4,3% menor que os US$ 756 milhões conquistados no ano anterior. O estado de Santa Catarina já não é mais o maior exportador, tendo sido superado no ano passado pelo Rio Grande do Sul, que totalizou US$ 206 milhões vendidos ao exterior. Santa Catarina , fechou negócios em US$ 191 milhões e São Paulo, com US$ 130 milhões.

Móveis de madeira para quarto é o maior item exportado, com US$ 233 milhões, volume muito pró‑ximo ao ano anterior (US$ 236 milhões) . Móveis para cozinha totalizou US$ 45,7 milhões, ‘uma queda de 5% em relaçõo ao ano anterior (US$ 48 milhões ), e móveis diversos de madeira chegou a US$ 156 mi‑lhões.

O maior mercado comprador por muitos anos sempre foi os Estados Unidos, mas a partir de 2010 as compras caíram e tem se mantido a níveis inferio‑res, chegando a US$ 91 milhões em 2012, represen‑tando um acrescimo 7,5% em relação ao ano anterior. A Argentina, passou a ser a maior importadora dos produtos de móveis brasileiros, comprando US$ 128 milhões no último ano, volume 17% inferior ao ano anterior, devido a alguma limitações do governo lo‑cal para produtos brasileiros. A França que já foi o ter‑ceiro mais importante importador, teve nova queda,

EXPORTAÇÃO

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chegando a c US$ 28 milhões e o Reino Unido, US$ 75 milhões. Angola tem sido a grande surpresa com vendas crescentes que já che‑

gam a US$ 53 milhões.O segmento de papel de celu‑

lose é o mais expressivo em valor, com exportações de US$ 6,65

bilhões em 2012. O valor , embo‑ra elevado, representou a maior queda do setor, ficando 7,4% infe‑rior ao valor de 2011. O item pasta e celulose atingiu US$ 4,7 bilhões, e papel e papelão somaram US$ 1,9 bilhão.

Nas exportações de celulose a Bahia é a maior exportadora, com US$ 1,59 bilhão, e o Espírito Santo chegou a US$ 1,2 bilhão. Minas Gerais vem a seguir com US$ 601 milhões. Já em papel e papelão São Paulo exportou US$ 1,06 bi‑lhão, e o Paraná US$ 458 milhões.

Como países importadores de celulose todos os principais com‑pradores confirmaram queda nas compras. A China, entretanto, con‑tinua sendo a maior importadora, com US$ 1,23 bilhão comprados em 2012 . A Holanda, muito próxi‑mo da China, importou US$ 982 milhões, e os Estados Unidos im‑portaram US$ 906 milhões . A Itália totalizou US$ 444 milhões em im‑portação . Um dos poucos países que aumentaram suas compras foi a Bélgica, que chegou a US$ 236 milhões.

Já nos países importadores de papel e celulose a Argentina conti‑nua sendo a mais importante com US$ 382 milhões em 2012 ( queda de 16%) , vindo a seguir os Esta‑dos Unidos, com US$ 194 milhões ( queda de 5%). O Reino Unido teve uma queda maior nas com‑pras brasileiras de papel, com 22%, chegando a US$ 110 milhões em 2012 .

EXPORTAÇÃO

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O setor da Construção Ci‑vil deve crescer 4% em 2013, de acordo com a coorde‑

nadora de constru‑ção civil da Fundação Getúlio Vargas , Ana Maria Castelo. Este crescimento torna‑se também uma gran‑de oportunidade da setor da madeira que pode oferecer muitos itens na composição de uma unidade habi‑tacional ou comercial.

Em relação à eco‑nomia brasileira no ge‑ral, Ana Maria Castelo acredita que o crescimento em 2013 será entre 3,5% e 4%. “A mudança da taxa de juros foi muito im‑portante e a perspectiva é que ela se m a n t e n h a baixa. O go‑verno sinali‑za que quer manter in‑vestimentos, e se espera que a indús‑tria, depois de cair 2% em 2012, se recupere em 2013“,

afirma a economista. O Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer mais de 3% no próximo ano. De

acordo com Ana Maria, o Governo Federal está utilizando as parcerias

e concessões à iniciativa privada

para realizar investimentos em in‑fraestrutura. Porém, a taxa de in‑vestimento da economia precisa

ser maior que 22% para que o cresci‑mento seja susten‑tável.

Um estudo da Associação Brasilei‑ra da Indústria de Materiais de Cons‑trução (ABRAMAT), confirma as pers‑pectivas positivas. Entre elas, os da‑dos mostram que a produção física da indústria de mate‑

riais deve crescer à frente do PIB no próximo ano, contribuindo com a

recuperação da atividade.

A l é m disso, a de‑manda deve ser susten‑tada pelas compras das famílias, res‑p o n s á v e i s por mais da metade do destino final da produção de materiais de constru‑ção. Já os ju‑

ros mais baixos, câmbio mais alto

CONSTRUÇÃO

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Construção Civil com grandes perspectivas para 2013

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e níveis de demanda preservados devem favorecer a produção da indústria nacional.

Medidas como a redução pon‑tual em tributos e a redução dos encargos previdenciários são fa‑voráveis. O setor da construção contribui 3,9% de seu faturamento para a Previdência Social – número que poderia ser menor em sua visão.

Com relação aos canais de distribuição quase 60% das vendas da indústria de materiais tiveram como destino o comércio (ataca‑do e varejo) e 31,4% teve como destino as constru‑toras. Como esperado, o perfil de vendas do varejo é fortemente concentrado na famílias. Já o atacado atende a um público mais diferenciado, in‑cluindo construtoras, varejistas e compradores como condomínios, hospitais e empresas diversas.

A região Sudes‑te é a área do Brasil que representa o principal mercado nacional de serviços de construção civil, com um percentual de 44,7% de gastos realizados pelas fa‑mílias dos quatro Estados. O estudo também destaca o comportamento das famílias classi‑ficadas na faixa 1 de rendimento da Pesquisa de Orçamentos Fami‑liares. Ao contrário do perfil geral traçado pelo estudo, nota‑se que a classe de renda familiar men‑

sal mais baixa (R$ 840) dispõe a maior parcela dos seus gastos para a compra de materiais proceden‑tes da indústria de transformação (49,9%). A contratação de serviços corresponde a 33,9% e a indústria extrativa responde por 16,2%.

De um modo geral, o Brasil é

o paraíso para quem investe em construção civil. A afirmação é do engenheiro Deftle Dralle, diretor‑presidente da Hochtief do Brasil, empresa que desde fevereiro des‑

te ano é majoritária da Construtora Tedesco. Para os empresários em geral as perspectivas para o mer‑cado de construção civil brasileiro são as melhores possíveis desde

2006, quando se iniciou o boom dos empreendimentos imobiliá‑rios.

Agora, a expansão do setor está mais normalizada, mas o país ain‑da continua sendo um dos lugares mais favoráveis para investimentos no setor da construção civil, que

já representa 6% do PIB. O empresário destaca que há muito crédito na praça e recursos disponíveis do BNDES. É um lugar onde é mais barato captar dinhei‑ro. O juro real ainda é muito alto, mas bem mais baixo do que já foi um dia. A ren‑da per capita do brasileiro aumentou consideravel‑mente. Praticamente uma Alemanha, 80 milhões de

habitantes, migraram para a classe A, B e C.

O grande desafio do Brasil é formar mão de obra qualificada para o setor em todos os níveis. A

construção civil é feita por pessoas. E há escassez de operários e en‑genheiros. Estes profissionais tive‑ram seus salários aumentados em dois dígitos nos últimos seis anos. Os engenheiros nunca foram tão valorizados no

mercado como agora.As palavras de ordem devem

ser: treinamento sempre e investi‑mento em tecnologia.

19CONSTRUÇÃO

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A vespa‑da‑madeira (Sirex noctilio) é um inseto ori‑ginário da Europa, Ásia e norte da África e,no

Brasil, atingiu, aproximadamente 350.000 ha de Pinus taeda nos es‑tados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, até o ano 2002. As iniciativas para o controle des‑ta praga, no Brasil, foram tomadas pela Embrapa Florestas, com es‑tudos bioecológicos desse inseto. Os danos provocados são severos, podendo acarretar prejuí‑zo estimado em U$6,6 mi‑lhões anuais.

Os insetos adultos va‑riam de 1,0 a 3,5 cm de comprimento, apresen‑tam coloração azul escura metálica; os machos apre‑sentam partes alaranjadas em seu corpo e as fême‑as, ovipositor em forma de ferrão de até 2 cm de comprimento, partindo do abdômen.

As larvas de S. noctilio apresentam coloração geral bran‑ca, formato cilíndrico, fortes man‑díbulas denteadas e um espinho supra‑anal. As pupas são de cor branca e apresentam tegumento fino e transparente.

Durante a postura, além dos ovos, a fêmea introduz na árvore os esporos de um fungo simbion‑te, Amylostereum areolatum e uma mucosecreção. O fungo e o muco, juntos, são tóxicos à planta, causando clorose nas acículas.

As larvas eclodem cerca de 20

dias após a postura e logo iniciam a sua alimentação, construindo galerias no interior da madeira. A secreção salivar e os nutrientes são ingeridos e os fragmentos de madeira, em forma de serragem, são regurgitados e depositados em forma compacta, obstruindo as galerias.

Na fase de transformação em pupa, as larvas dirigem‑se para próximo à casca. Na maioria dos casos, o ciclo biológico dura um

ano. Entretanto, em árvores muito estressadas ou quando o ataque ocorre em uma bifurcação, pode ocorrer um ciclo curto, de 3 a 4 meses.

As árvores atacadas pela vespa‑da‑madeira apresentam os seguin‑tes sintomas:

• respingos de resina que surgem das perfurações feitas pelas fêmeas para depositar seus ovos; em alguns casos observa‑se o escorrimento de resina;

• amarelecimento da copa

após o ataque, variando desde um tom amarelado, em um está‑gio inicial, passando pelo marron‑avermelhado e seca, até a queda das acículas;

• orifícios de emergência facilmente visíveis na casca, por onde os adultos emergem;

• manchas azuladas em for‑ma radial na madeira atacada, cau‑sadas por um fungo secundário, Botryodiplodia;

• galerias no interior da ma‑deira, construídas pelas larvas.

A vespa‑da‑madeira é atraída para árvores estressadas que apre‑sentam condições ideais para o desenvolvimento das suas larvas. As pre‑feridas são as árvores de menor diâmetro e as do‑minadas.

O dano principal é provocado na ocasião da postura. O fungo e o muco injetados desenca‑

deiam várias reações nas árvores, culminando com a sua morte. A madeira das árvores atacadas tor‑na‑se imprópria para uso.

O ataque da vespa‑da‑madeira ocorre, geralmente, da segunda quinzena de outubro até a primei‑ra quinzena de janeiro. A partir do mês de março, grande parte das árvores já apresenta os sintomas de ataque.

A vespa‑da‑madeira é, essen‑cialmente, uma praga secundária e a prevenção contra ela pode ser

Prag

a

Prevenção no controle a Vespa da Madeira

PRAGA

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feita mediante vigilância e tratos silviculturais. Assim, é importante a observação das seguintes reco‑mendações:

• desbastar os povo‑amentos de Pinus nas épo‑cas adequadas para evitar a ocorrência de plantas estres‑sadas;

• remover do povoa‑mento as árvores mortas, do‑minadas, bifurcadas, doentes e danificadas, bem como restos de poda e desbaste com diâmetro maior que 5 cm;

• intensificar o mane‑jo em sítios de baixa qualidade, onde haja solos rasos e pedrego‑sos;

• não efetuar poda e des‑baste dois meses antes e durante o período de revoada (segunda

quinzena de outubro à primeira quinzena de janeiro);

• evitar o plantio em áreas declivosas, onde seja difícil realizar

tratos silviculturais; • tomar medidas de pre‑

venção e controle de incêndios florestais;

• treinar empregados rurais, de serrarias e de transporte de ma‑

deira na identificação da praga; • manter e intensificar a vi‑

gilância de rotina; O transporte de madeira das

regiões infestadas para outras aumenta a proba‑bilidade de dispersão do inseto. Assim, as medidas de quarentena são impor‑tantes.

O monitoramento da vespa‑da‑madeira é reali‑zado instalando‑se árvores‑armadilha. Como a vespa é atraída para árvores estres‑sadas, aplica‑se herbicida para promover esse estres‑

samento, tornando‑as atrativas ao inseto. Isso facilita a detecção precoce da praga, auxiliando na tomada de medidas rápidas como a liberação de inimigos naturais. As árvores‑armadilha devem ser

Prag

a

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instaladas em povoamentos com nível de ataque de até 1%. Em áre‑as com níveis maiores que este, deve‑se interromper a instalação das árvores‑armadilha e investir mais nas medidas de controle.

O monitoramento aéro‑expe‑dito é uma técnica muito eficiente, usada, rotineiramente, nos Estados Unidos, no monitoramento de da‑nos causados por pragas e doen‑ças em florestas. Esta técnica, ago‑ra disponível no Brasil, através da Embrapa Florestas, auxilia no mo‑nitoramento da vespa‑da‑madeira.

O controle biológico da vespa‑da‑madeira é feito utilizando‑se o nematóide Deladenus siricidicola e os parasitóides Ibalia leucos‑poides, Megarhyssa nortoni e Rhyssa persuasoria.

O nematóide é o prin‑cipal inimigo natural da vespa‑da‑madeira. Ele é criado, massalmente, no la‑boratório da Embrapa Flo‑restas. Ele parasita as larvas da vespa‑da‑madeira e se instala no aparelho reprodutor de machos e das fêmeas da vespa‑da‑madeira. Assim, uma fêmea pa‑rasitada, ao emergir, faz posturas em outras árvores mas seus ovos estarão inférteis, podendo conter de 100 a 200 nematóides cada um.

Para o controle biológico, os nematóides são inoculados em tronco de árvores atacadas para que infectem as larvas da vespa‑da‑madeira que estiverem nesse tronco. A quantidade de troncos a serem inoculados é determinada após um levantamento da intensi‑dade de ataque.

A vespa‑da‑madeira pode ser controlada mediante uso de para‑sitóides que são, também espécies da vespas. As fêmeas perfuram a

madeira, com o seu ovipositor, até encontrar uma larva da vespa‑da‑madeira que recebe uma picada e é paralisada. Um ovo é colocado sobre a larva hospedeira e, quando eclode, sua larva inicia a alimenta‑ção sobre o corpo do hospedeiro, destruindo‑o totalmente. As espé‑cies utilizadas como parasitóides são Rhyssa persuasoria e Mega‑rhyssa nortoni. Após atacarem as larvas da vespa‑da‑madeira, as lar‑vas de Rhyssa e de Megarhyssa per‑manecem nas galerias construídas pelas larvas da vespa‑da‑madeira.

Rhyssa persuasoria que é uma espécie de vespa, de corpo preto, com manchas brancas localizadas na cabeça, tórax e abdômen. As pernas são de cor marron‑aver‑melhada e as antenas totalmente pretas. O comprimento do corpo varia de 9 mm a 35 mm. As fême‑as apresentam ovipositor ligeira‑mente mais longo que o corpo. O abdômen do macho é alongado e levemente alargado na região pos‑terior;

Megarhyssa nortoni, também, uma vespa, de coloração marrom, preta e amarela, com uma filei‑ra de manchas ovais ao longo de cada lado do abdômen. O compri‑mento do corpo varia de 15 a 45 mm, com pernas amarelas ou leve‑

mente marrons e antenas pretas. As fêmeas apresentam ovipositor semelhante ao de R. persuasoria. No entanto, de comprimento duas vezes maior que o comprimento do corpo. O abdômen do macho é geralmente longo e estreito mas, nos espécimens muito pequenos, este é levemente alargado;

Ibalia leucospoides, também, é uma espécie de vespa, cujas fême‑as adultas, de tamanho variando de 7 a 14 mm, apresentam cabeça preta com antenas quase tão lon‑gas quanto o abdômen. Seu tórax

é preto e alongado. As asas apresentam coloração cinza e as pernas escuras, tenden‑do para cores avermelhadas. O abdômen, em vista dorsal, é semelhante a uma lâmina. A principal distinção nos machos, que medem entre 6,5 mm a 12 mm de compri‑mento, está no abdômen. Este, em vista lateral, apre‑senta um contorno distinto, com a porção posterior me‑nos aguda. Este parasitóide

é um endoparasitóide que coloca os ovos em larvas da vespa‑da‑madeira de primeiro e segundo estágios de desenvolvimento. Ele passa por quatro estágios de de‑senvolvimento larval, sendo três dentro das larvas da vespa e o úl‑timo, externamente, quando saem da larva, destruindo‑a. Nesta fase, permanecem nas galerias constru‑ídas pela vespa‑da‑madeira para empupar próximo à casca e emer‑gir, normalmente, um ano após a postura.

Susete do Rocio Chiarello PenteadEdson Tadeu Iede Wilson Reis Filho

Embrapa Florestas

Prag

a

PRAGA

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Atualmente madeiras pro‑vindas de florestas plan‑tadas dos gêneros Pinus e Eucalyptus vêm substi‑

tuindo o uso de madeiras nativas nos mais variados setores da in‑dústria madeireira e moveleira.

No Brasil o gê‑nero Pinus vêm sendo plantado há bastante tempo, tendo sido, inicial‑mente, introduzi‑do para fins orna‑mentais. Somente a partir de 1950 o gênero começou a ser plantado em escala comercial para produção de madeira. Sua principal utilização é como fonte de matéria‑prima para as indústrias de madeira serrada e laminada, chapas, resina, celulose e papel.

Por serem materiais de fácil usinabilidade comparada a outros materiais, como metais e cerâmi‑cas, talvez por isso há busca em melhorar os processos de fabri‑cação que envolve essas espécies não é tão grande comparado a ou‑tros tipos de materiais. No entan‑to, com a crescente expansão do setor e da maior utilização dessas

espécies, torna‑se importante es‑tudar e conhecer as interações e efeitos dos parâmetros que envol‑vem o processo de lixamento, cor‑relacionando‑os com a qualidade final do produto. O conhecimento

do processo de lixamento e as va‑riáveis que o cercam contribuem para um aproveitamento racional da matéria‑prima gerando maio‑res lucros e contribuindo para o fortalecimento do setor industrial madeireiro. Convém ressaltar que ainda é insuficiente o número de pesquisadores, em nível mundial, que vêm buscando compreender o processo de lixamento de ma‑deiras e as variáveis que o cercam. Processo este, que apresenta inú‑meras variáveis que influenciam na qualidade do componente fa‑

bricado. Em madeiras, o lixamento

torna‑se extremamente necessá‑rio sempre que se realiza o corte perpendicular às fibras, pois estas se rompem prejudicando o aca‑

bamento. Em muitas indústrias ainda há o conceito de que as li‑xas têm a função de corrigir os defeitos de processos que antece‑dem o lixamento. Na realidade, as lixas de‑vem corrigir somente defeitos da usinagem que tenham surgidos por causa da própria madeira e não por de‑feito na ferramenta de corte. O lixamento

deve remover pequenas impure‑zas que se incrustam na madeira durante o manuseio ou uma re‑moção de material para ajuste das dimensões. Pouco se conhece so‑bre os parâmetros que envolvem o lixamento de madeiras. Utilizam‑se muitos conceitos práticos sem um conhecimento das melhores con‑dições que envolvem esse proces‑so.

Pesquisadores estudaram o li‑xamento utilizando uma lixadei‑ra de banda larga, onde houve a variação de alguns parâmetros do

Desgaste de lixas na qualidade superficial da madeira

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equipamento com intuito de ob‑ter um melhor acabamento super‑ficial, menor consumo de potência e observar o tempo de vida de dois tipos de abrasivos no lixamen‑to paralelo as fibras. Foi observado que a redução no tamanho dos grãos melhora o acabamento su‑perficial; com o aumen‑to da profundidade de corte foi observado uma piora no acabamento superficial; a taxa de re‑moção de material apre‑sentou um crescimento conforme se aumentou a velocidade da lixa para mesma profundidade de corte. Com relação à eficiência dos abrasivos testados observou‑se que a taxa de remoção de material ao longo do tempo se manteve mais eficiente para o carbeto de silício em relação ao óxido de alumínio. Esse melhor desempe‑nho está atribuído a maior dureza do carbeto de silício. Para o con‑sumo de potência foi observado que aumentando a velocidade de alimentação e a velocidade da lixa tem‑se um maior consumo de po‑tência.

O monitoramento do proces‑so ou de uma máquina específica pode ser realizado por meio de inspeção humana, no qual é ve‑rificado o estado do processo ou ferramenta em determinados perí‑odos de tempo, ou através de sen‑soriamento onde o tempo de res‑posta é muito mais ágil e preciso. Com o aumento da produção nas

empresas e a necessidade de ga‑rantia de qualidade nos produtos fabricados houve a substituição do

monitoramento feito pelo homem pelo sensoriamento do processo que garante uma resposta mais rá‑pida e precisa em tempo real.

O sistema de monitoramento é uma composição de sensores, amplificadores de sinais, cabos e receptores. Diferentes tipos de sensores existem no mercado (sensores para medir força, torque, potência, vibração, emissão acústi‑ca, câmeras, laser etc.) bem como suas aplicações específicas para cada tipo de monitoramento de‑sejado.

O processo de lixamento en‑volve a mudança da topografia da superfície da madeira pela ação de um material abrasivo. O processo

de remoção de material por abra‑sivo produz pequenas partículas (cavacos), que são provenientes da remoção das fibras da madei‑ra, onde devido à variabilidade do material madeira podem ocorrer falhas neste local, sendo de suma importância o conhecimento das

características anatômi‑cas, físicas e químicas da madeira para o entendi‑mento do mecanismo de lixamento.

Tem‑se então no processo de lixamento variáveis controladas e não controladas. As va‑riáveis não controladas são aquelas relacionadas ao material usinado e ao processo, onde devido sua variabilidade carac‑terística são difíceis de serem dimensionadas e irão influenciar no resul‑

tado final, sendo necessário exe‑cutar o experimento com máxima aleatoriedade para a distribuição dessas influências. Exemplos des‑sas variáveis são: material anisotró‑pico (madeira), variação da densi‑dade etc. As variáveis controladas também irão influenciar no pro‑cesso de lixamento, sendo possível estipular seus valores e mantê‑los fixos em determinadas faixas e ve‑rificar sua influência sobre o resul‑tado final. Exemplos de variáveis controladas durante o processo de lixamento são: umidade da madei‑ra, pressão aplicada, velocidade de corte, velocidade de alimentação, tipo de abrasivo, granulometria do abrasivo etc.

A importância da escolha do abrasivo correto se deve a sua dureza. Materiais mais duros são usualmente mais friáveis, e com isso sofrem uma maior quebra de seus grãos abrasivos. O óxido de alumínio possui uma dureza Kno‑op de 2100 e o carbeto de silício de 2800.

Existe um efeito das caracterís‑ticas anatômicas da madeira sobre o processo de lixamento como: Anéis de crescimento, madeira

26

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anormal, proporção entre madeira de cerne e alburno, textura, extra‑tivos etc., que são características que devem ser consideradas. A proporção de anéis de crescimen‑to e madeira de cerne e alburno varia com a posição de corte na árvore, e suas proporções iram in‑fluenciar na força de lixamento e no resultado da qualidade da su‑perfície lixada.

Esse trabalho teve como ob‑jetivo avaliar as condições de li‑xamento da ma‑deira de dois tipos de lixa, óxido de alumínio e carbeto de silício, com três formas de desgaste dos grãos abrasivos e três granulometrias di‑ferentes (80, 100 e 120 mesh) anali‑sando a força de corte, potência de corte e sua rugosidade final.

Para a realização dos ensaios

foram confeccionados corpos de provas Pinus elliotti nas dimensões de 54x30x23mm.

Esses corpos de prova tiveram seu teor de umidade estabilizado em aproximadamente 15 % de‑

pois da estabilização, e foram de‑vidamente climatizados de acordo com a norma NBR 07190/1997 para “classe de umidade 1 ‑ 12% UE” em uma câmara climática .

Para a realização dos ensaios utilizou‑se lixadeira plana. O supor‑te para fixação do corpo de prova

e adição de massas para pressão e foi confeccionado em aço ABNT 1010 que possui uma chapa bas‑culante para a fixação da célula de carga com o suporte para o corpo de prova. Esse suporte é de fixação lateral à lixadeira.

Os ensaios foram realizados va‑riando 3 ve‑locidades de corte, utili‑zando dois ti‑pos de grãos abrasivos e três tempos de degastes desses grãos abrasivos.

Foram pré‑determinadas três tipos de condições para o desgas‑te dos grãos abrasivos, a primeira condição é sem o grão sofrer ne‑nhum desgaste, a segunda con‑dição são 30 segundos de des‑gaste e a terceira condição são 70 segundos de desgaste e este foi

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2828

realizado através do lixamento de um aço 1020 pelo tempo pré de‑terminado. Isso se deve ao motivo de acelerar o desgaste da lixa que

seria demorado quando usando madeiras.

Com o desgastes há a quebra dos grãos abrasivos, friabilidade. A friabili‑dade dos grãos diminui com a sua espessura e dimensão, diminuindo a taxa de remoção do material. Nesse perío‑do a rugosidade se tor‑na mais baixa, o nível de desgaste dos grãos abrasivos atinge seu máximo e depois disso permanece constante (a textura constante da lixa é igual à abrasivida‑de do grão). Isso induz a estabiliza‑ção da taxa de remoção do mate‑rial. Nesse momento, a rugosidade superficial depende somente da textura da lixa e consequente‑mente a rugosidade se torna constante.

Para a captação dos esforços de lixa‑mento (força e potên‑cia) utilizou‑se uma célula de carga para captação da força de lixamento e um Trans‑dutor de corrente al‑ternada monofásico para captação da po‑

tência consumida do motor du‑rante o lixamento.

A célula de carga teve que ser

calibrada para a obtenção dos seus esforços em N. Essa calibração foi

feita através de massas conhecidas e depois traçada uma curva para se achar a equação de calibração (Equação 1). Já a potência consu‑mida foi convertida através de cur‑vas de calibração fornecidas pelo fabricante (Equação 2).

Com base nos dados obtidos e trabalhados foram obtidos os re‑sultados apresentados a seguir.

As legendas horizontais das Fi‑guras 4, 5 e 6 nos mostra as con‑dições as quais os corpos de prova foram ensaiados, os números 80, 100 e 120 são as gramaturas das lixas e c1, c2 e c3 são as condições de desgaste da lixa com um corpo feito em aço 1020.

A Figura 4 nos apresenta os va‑lores médios de força de corte em Newtons (N) para os ensaios rea‑lizados com as lixas de granulometria 80, 100 e 120 mesh e para as 3 condições de desgas‑te dos grãos abrasivos.

Pode‑se perceber que os valores de for‑ça de corte tendem a diminuir conforme o maior desgaste da lixa. Isso se dá pela diminuição das ares‑

tas de corte do grão abrasivo que se fraturou com o desgaste. Com isso o grão passa a compactar o

material ao invés de removê‑lo com isso os esforços de força de corte diminuem, pois, o material é compacta‑do nas irregularidades superficiais ao invés de ser removido. Além do mais com a diminuição das arestas de corte há uma diminuição de área de corte, isso também influencia na diminuição dos valo‑res de força de corte.

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29

Nota‑se que nos ensaios com as condições 2 e 3 de desgaste na lixa de 120 mesh de óxido de alu‑mínio são maiores do que na con‑dição com carbeto de silício com lixa 120. Porém são ensaios com um valor de desvio padrão muito ele‑vados e com isso nas menores forças de corte obtidas acabam seguindo a tendência do gráfi‑co. Essas variações tão altas de desvio padrão são devido à alta heterogeneida‑de da madeira, esta que pode ter varia‑ção de espessura de anéis de crescimen‑to, madeira juvenil e adulta, nós etc.

A dureza depende da friabilida‑de (capacidade do grão abrasivo se fraturar) e do tamanho do grão abrasivo. Quanto maior for o tama‑

nho do grão abrasivo, ou quanto maior for sua friabilidade, maior é a facilidade em fratura‑lo, sugerindo

um menor grau de dureza para o disco abrasivo. Nota‑se que em sua maioria as forças de corte da lixa de carbeto de silício em sua maioria

foram sempre maiores que as for‑ças obtidas com o óxido de alumí‑nio. Isso se deve devido a dureza do carbeto ser maior que a do óxido de alumínio (2500 e 2100 knoop, respectivamente). Bianchi já ha‑

via estudado a dureza de grãos abrasivos em discos de corte e percebe‑se que a dureza do disco abrasivo influencia diretamente na força tangencial de corte necessária para se execu‑tar uma operação de cor‑te com discos abrasivos. Neste caso, quanto maior o grau de dureza do disco abrasivo, maior o respec‑tivo valor médio da força tangencial de corte. Nova‑mente os valores que fo‑gem essa tendência estão relacionados com a hete‑

rogeneidade da madeira, isso é no‑tado pela grande variação da força de corte durante as repetições do ensaio e com isso um desvio padrão

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30

muito alto.Ao observar o resultado nota‑

se que em geral as menores po‑tências de corte foram obtidas com a lixa de carbeto de silício e ainda nesse tipo de lixa a tendên‑cia da potência de corte cair com o desgaste dos grãos abrasivos. A lixa de óxido de alumínio obteve apenas um valor menor que a de carbeto de silício na última con‑dição da lixa de gramatura de 100 mesh, porém se for levar em con‑sideração o desvio padrão os en‑saios tem uma potência de corte parecida.

Nota‑se também que nos en‑saios com o de óxido de alumínio o único que segue a tendência do outro abrasivo é a de 100 mesh, po‑rém a maioria dos valores obtidos têm um elevado desvio padrão, novamente vale ressaltar a gran‑de heterogeneidade da madeira, e que apesar de todos os corpos de prova terem passado por uma caracterização do material ainda assim há uma grande heteroge‑neidade, assim como a variação de densidade entre corpos de pro‑va devido a mudança de anéis de crescimento e até mesmo por cau‑sa da madeira adulta e juvenil.

Os valores de rugosidade ob‑

tidos foram em sua maio‑ria valores muito próximos entre lixas. Nota‑se que há uma diminuição significati‑va nos valores que foram ob‑tidos através do des‑gaste das lixas e sendo que a lixa com grãos abrasivos de carbeto de silício foram as que sofreram melhor ga‑nho nos valores de ru‑gosidade após serem desgastadas, sendo que inicialmente sem desgaste o carbeto de silício sempre obteve valores maiores que os grãos de óxido de alumínio, e depois do desgaste obteve valores menores que os de óxido de alumínio.

Outro ponto que vale ressaltar que não há muita diferença entre os valores de rugosidade na condi‑ção inicial, sem lixamento, e depois de lixados. Isso devido os corpos de prova terem sido produzidos em plaina desengrossadeira com facas afiadas o que proporciona

bom acabamento. Contudo nota‑se uma acentuação dos valores depois do li‑xamento sendo que sem lixamento os desvios padrões, prin‑cipalmente do carbe‑to do silício que até extrapola o eixo indo para a direção dos valores negativos, são extremamente altos. Mais uma vez a responsável grande variação desse dado é a heterogeneidade da madeira, o ideal seria uma caracteri‑zação mais a fundo e não a olho nu. Mas esse tipo de caracte‑rização é demorada e dispendiosa tor‑nando‑se impossível a sua aplicação em

tempo real numa linha de produ‑ção.

Com este trabalho pode‑se concluir que:

‑ As forças de corte tendem a decrescer com o desgaste dos grãos abrasivos da lixa, isso se deve à diminuição de arestas de corte e consequentemente a menor su‑perfície de contato do grão com a peça devido a friabilidade e com o isso uma maior acomodação do material existente ao invés do cor‑te. O grão abrasivo vai se tornando plano quando desgastado melho‑rando o acabamento.

‑ Nota‑se que a lixa de carbeto de silício sofre uma melhora na ru‑gosidade de mais de 50% na rugo‑sidade par lixas desgastadas. Esse ganho na lixa de óxido de alumí‑nio é de cerca de 30%.

‑ O processo de lixamento em madeiras é extremamente indica‑do quando há a necessidade de um acabamento superficial mais fino para aplicação de tintas e ver‑nizes. Esse processo é de suma im‑portância devido a homogeneiza‑ção da superfície lixada, sendo que peças processadas com uma plai‑na ou desengrossadeiras possuem um boa qualidade superficial, mas essa varia muito ao longo da peça.

30

Francisco Mateus F. de A. VarasquimManoel Cleber de Sampaio AlvesLuiz Fernando Frezzatti SantiagoMarcos Tadeu Tiburcio Gonçalves

Engenheiros, FEG ‑ UNESP

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Page 32: Revista da Madeira - Ed. 134

32PRESERVANTE

Pres

erva

nte

Toda e qualquer peça de ma‑deira está sujeita a qualquer tipo de movimento. A ação do movimento mecânico

provoca um desgaste na madeira. Nada mais que uma altera o indese‑jável na sua estrutura. Ex.: dormen‑tes de estrada de ferro; degraus de uma escada; blocos de madeira usa‑dos para pavimentação de cais, etc.

Os principais agentes físicos que podem ocasionar a deterioração da madeira são o fogo: o principal res‑ponsável pela destruição de gran‑des peças de madeira; o calor: O aumento da temperatura ocasiona transformações químicas e estrutu‑rais na madeira, conferindo‑lhe um aspecto semelhante a carbonização; e a umidade: Peças de madeira situ‑adas em locais de abundante umi‑dade facilmente são atacados por fungos.

Já os agentes químicos são ácidos fortes, bases fortes, óxidos de ferro e enxofre, dentre outros, quando em contato com a madeira ocasionam uma redução nas suas propriedades físico‑químicas, sendo os responsáveis pela sua decompo‑sição. A madeira torna‑se normal‑mente amolecida, com aparência

desfibrada em forma de cabeleira. Identifica‑se o agente químico utilizan‑do um papel indicador umedecido (Tornassol). Pressiona‑se este contra a área afetada e caso o pH estiver entre 2,0 e 8,0 pode‑se concluir que o agente de origem quí‑mica. Alguns exemplos são madeiras em contato com ferragens; pregos cravados em madeiras; pisos de madeira de fábricas de pro‑dutos químicos.

No caso dos agentes biológicos, da estrutura anatômica da madeira, podemos destacar três principais componentes de fundamental in‑teresse para a biodeterioração de madeiras, quais sejam: celulose, he‑micelulose e lignina. Em segundo plano temos os materiais nitroge‑nosos, pectina, amido, açúcares, etc. que se encontram em menor quan‑tidade.

Diversos organismos na nature‑za podem, de uma forma direta ou indireta, utilizar estes componentes da madeira como fonte de energia, ocasionando com isso a chamada

biodeterioração da madei‑ra. Estes organismos são chamados “organismos xi‑lófagos”.

Os principais agentes biológicos causadores da maioria dos danos e per‑das em estruturas de ma‑deira são os: insetos, fun‑gos, moluscos, crustáceos e bactérias. Dentre estes, os principais responsáveis pela maioria das perdas em vários tipos de produ‑tos florestais são os fungos

e insetos. As bactérias produzem um ata‑

que vagaroso podendo levar até anos para notar‑se alterações consi‑deráveis na estrutura da madeira.

Inicialmente atacam materiais de reserva das células dos raios. Poste‑riormente atacam as próprias célu‑las dos raios. Estágio mais avançado atacam as fibras e os traqueídeos.

Além disso, exercem outros dois papéis importantes quais sejam: são os primeiros a colonizar em ambien‑tes úmidos e exercem influência so‑bre outros organismos, atacando‑os ou até inibindo‑os.

Dos vários tipos de fungos exis‑tentes na natureza, os principais res‑ponsáveis pela deterioração de ma‑deiras são os fungos apodrecedores, fungos manchadores e os fungos emboloradores. Estes fungos neces‑sitam de determinadas condições favoráveis para poderem desenvol‑ver o ataque na madeira.

Condições Favoráveis para o De‑senvolvimento de Fungos em Ma‑deiras

1 ) Umidade: ‑Em condições normais acima de

20% em relação ao seu peso seco. ‑Em condições ótimas acima do

PSF (30%). Valor máximo de umida‑de varia de acordo com a espécie da

Principais agentes deterioradores de madeiras

Page 33: Revista da Madeira - Ed. 134

33

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DE MADEIRAS LTDA

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erva

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madeira, sempre abaixo da umidade de saturação.

2 )Temperatura: ‑ Ideal 25 C, com intervalo de ata‑

que entre 10 a 40 C. 3 )Oxigênio (aera o): ‑Resistente a concentrações bai‑

xas, inferiores a 20%. ‑Algumas che‑gam até a 1% de oxigênio.

‑A ausência de oxigênio inibe o ataque do fungo.

4 )pH : ‑Valores óti‑

mos para o de‑senvolvimento entre 4,5 e 5,5 (a maioria do pH das madei‑ras).

‑Valor mí‑nimo de 2,0 e máximo de 7,0.

5 )Ausência de substâncias tóxicas:

‑Extrativos

formados durante a transição do al‑burno em cerne.

‑Microrganismos onde algumas bactérias produzem antibióticos que inibem o desenvolvimento do fungo.

‑Produzidas pelo homem como a impregna o de produtos químicos.

Tipos de Fungos

Fungos Apodrecedores Na sua maioria são constituídos

por basidiomicetos, ascomicetos e fungos imperfeitos os quais são responsáveis por diferentes tipos de podridão nas madeiras, tais como:

Podridão branca Pertence aos basidiomicetos. A

madeira perde progressivamente seu peso bem como sua resistência física e mecânica. O fungo destrói

a celulose, he‑micelulose e a lignina da ma‑deira.

Aspectos vi‑suais:

• A madeira perde seu as‑pecto lustroso e a cor natural.

• Torna‑se esbranquiçada devido a des‑truição dos pig‑mentos.

Page 34: Revista da Madeira - Ed. 134

34

• Alguns casos linhas escuras de‑marcam a região atacada.

Em nível celular: O ataque inicia no lúmen e pro‑

gride em direção a lamela média. Pode ocorrer ainda:

‑ aumento no diâmetro das pon‑tuações;

‑ fissuras radiais na parede celu‑lar;

‑ separação entre as células na região da lamela média e;

‑pequenas cavi‑dades rombóides na parede secundária.

Exemplos: Coriolus versicolor L.ex Fr. - Poly-porus versicolor L.ex Fr. - Ganoderma appla-natum Pers. ex Walh. - Polyporus sanguineus L. ex Fr.

B. Podridão parda Pertence aos basi‑

diomicetos. A madei‑ra perde progressiva‑mente seu peso bem como sua resistência física e mecânica. O fungo destrói a celu‑lose e a hemicelulose ficando a lignina pra‑ticamente intacta.

Aspectos visuais:• Aspecto de leve‑

mente queimada, ad‑quirindo uma colora o parda.

• Apresenta inú‑meras rachaduras perpendiculares e ao longo da direção das fibras.

• A madeira colapsa com facilida‑de.

Em nível celular: • A lignina mantém a estrutura da

célula, por isso não ocorre a degra‑dação da célula na direção lúmem/lamela média.

• A hifa do fungo no lúmem, se‑creta enzimas e difundem‑se através da parede celular destruindo os car‑boidratos.

• O colapso ocorre porque a lig‑nina residual não suporta as forças

exercidas sobre a célula. • O fungo produz perfurações na

parede celular. Exemplos: Lentinus lepideus Fr. -

Lenzites trabea Pers. ex Fr. - Poria mon-ticola Murr.

Podridão Mole Pertence aos ascomicetos e fun‑

gos imperfeitos. Compromete as características físicasmecânicas da madeira. Classe de fungo estudada por W.P.K. Findlay e J.G. Savory do

“Princes Risborough Laboratory” da Inglaterra desde 1950.

Aspectos visuais: • O ataque muitas vezes confun‑

dido com o de agentes químicos. • Capazes de atacar madeiras em

situações que outros são inibidos, sendo mais tolerantes a preservati‑vos de madeira.

• Seu ataque cria condições para o ataque de outros fungos xilófagos.

• O atraque se restringe a super‑fície da madeira não ultrapassando mais que 20 mm de profundidade.

• A região atacada facilmente é destacada.

• A madeira úmida quando ata‑cada apresenta sua superfície amo‑lecida, da o nome “soft rot” por J.G. Savory.

• Quando seca, a parte apodre‑cida, apresenta‑se escurecida lem‑brando ataque de podridão parda.

Em nível celular: • As hifas do fungo colonizam o

lúmem das células e passam de uma para outra através das pontuações.

• Utilizam as substâncias de re‑serva como fonte de energia.

• Algumas ve‑zes a hifa inicia a degradação da pa‑rede celular pelo lúmem.

• No caso da degradação em forma de “V”, hifas de diâmetro dimi‑nuto nascem late‑ralmente na hifa mãe, as quais atra‑vessam a parede celular.

• No caso da de‑gradação em for‑ma de “T” (t pica), da hifa mãe, pre‑sente no l ímem, parte uma hifa de diâmetro menor que penetra na ca‑mada S2 da parede secundária.

• Cada braço do “T” cresce em sentido oposto e penetra na cama‑da S2 no sentido das microfibrilas da celulose, formando cavidades rom‑bóides.

• Visto longitudinalmente ao mi‑croscópio óptico sob luz polariza‑da visualiza‑se inúmeras cavidades rombóides.

• Visto transversalmente, as célu‑las da madeira apresentam cavida‑des na camada S2 da parede secun‑dária.

Em estágio avançado de ataque

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toda a parede secundária e primária destruída. Exemplos: Chaetomium globosum Trichoderma viride

Fungos Manchadores Na sua maioria são constitu‑

ídos por fungos imperfeitos e ascomicetos. Alimentam‑se ba‑sicamente de amido e açúcares do lúmem das células de reser‑va da madeira.

Aspectos visuais: • Restringem seu ataque ao

alburno ficando o cerne pratica‑mente intacto.

• Iniciam o ataque logo após a derrubada da árvore e prolon‑ga‑se até a secagem.

• Algumas vezes as manchas não são visíveis na superfície da ma‑deira, porém existem em camadas mais profundas (ocorrem devido a secagem rápida).

Em nível celular: • Eventualmente podem afetar a

parede celular em estágio avançado de ataque.

• Alguns fungos desta clas‑se, em fase avançada de ata‑que, podem provocar podridão mole, afetando a parede celular da madeira.

• A colonização efetuada através do lúmem e as hifas atra‑vessam a parede celular através das pontuações ou diretamente através de pequenos orifícios feitos pelas hifas.

• Em alguns casos a extremi‑dade da hifa aumenta de volu‑me formando um apressório, daí sai uma hifa de diâmetro menor que atravessa a parede celular rea‑dquirindo seu diâmetro normal ao ultrapassar a parede celular.

Exemplos: Aureobasidium pulu-lans - Alternaria alternata

Fungos Emboloradores Pertencente aos fungos imper‑

feitos e ascomicetos. Alimentam‑se basicamente dos materiais de re‑serva das células. Não afetam a es‑trutura da parede celular a não ser quando há formação de apressório e consequente perfuração da pare‑de da célula em estágio avançado de ataque.

Aspectos visuais: • Muito comum em árvores re‑

cém abatidas devido a alta umidade

e grande quantidade de materiais de reserva.

• Em estágio avançado de ataque pode produzir podridão mole.

• Apesar dos esporos estarem na superfície da madeira as hifas pene‑tram fundo na madeira.

• Mesmo quando o teor de umi‑

dade for baixo (20%), se a U.R.A. for alta (90%) a madeira pode embolo‑rar.

• São resistentes a vários tipos de preservativos de madeira.

Insetos: • São organismos da Classe In‑

secta, popularmente conhecidos como “Brocas de Madeiras”, causam enormes danos às madeiras, sendo que seu ataque superado apensas pelos fungos. Os principais insetos que atacam as madeiras estão dis‑tribuídos dentro das cinco ordens abaixo relacionadas, dentre as 26 existentes:

• Isoptera (Cupins) • Coleoptera (Besouros, Carun‑

chos, Brocas) • Hymenoptera (Vespas,

Abelhas, Formigas) • Diptera (Moscas e Mosqui‑

tos) • Lepidoptera (Borboletas e

Mariposas) Contudo, as princi‑pais ordens que causam danos madeira são:

Isoptera (Cupins) Existem mais de 2.000 espé‑

cies de cupins no mundo, sendo que apenas algumas tem hábito xilófago. São considerados inse‑tos sociais que vivem em colô‑nias, cujas atividades são distri‑

buídas entre as diferentes castas da colônia.

Os cupins digerem a madeira através do auxílio de um protozoário que vive no seu intestino em perfei‑ta simbiose. A eliminação deste pro‑tozoário implica na morte do cupim, pois este não ter como digerir seu

alimento. Em uma colônia de cupins existem basicamente quatro castas:

1 ) Rainha: a responsável pela deposição dos ovos.

2 ) Reprodutores: são os responsáveis pela dispersão da espécie e forma o de novas co‑lônias.

3 ) Soldados: são os respon‑sáveis pela defesa da colônia.

4 ) Operários: são os respon‑sáveis pela construção dos ni‑nhos e também os que atacam

a madeira alimentando as outras castas.

A formação de novas colônias inicia com a revoada, onde ocorre o cruzamento entre um casal alado e posterior transformação da fêmea em rainha.

De acordo com os seus hábitos os cupins são agrupados em dife‑rentes categorias, quais sejam:

1 ) Cupins de madeira seca (Fam lia Kalotermitidae)

• Normalmente encontrados em regiões de clima quente.

• Instalam‑se e constroem seus ninhos em madeira com baixo teor

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de umidade.2 ) Cupins de madeira úmida

(Fam lia Hodotermitidae) • Atacam a madeira pelo ar du‑

rante o vôo, não entrando em con‑tato com o solo.

• Atacam madeiras úmidas com alto teor de umidade e com início de apodrecimento. Seu ataque pode estender‑se a peças ainda não atacadas.

3 ) Cupins de solo ou sub‑terrâneos (G nero Coptotermes, Fam lia Rhinotermitidae):

• Responsáveis pelo maior volume de madeira destruída no mundo.

• São os tipos mais destru‑tivos de cupins, encontrados principalmente em zonas de clima temperado e tropical.

• Seu corpo não é revestido de quitina, por isso necessitam de elevada umidade relativa, pois, quando em contato com o ar seco perdem muita umidade.

• Constroem seus ninhos a partir do subsolo em forma de tu‑bos, mantendo as condições neces‑sárias de umidade para desen‑volver o ataque s estruturas da madeira.

• Uma evidência do seu ata‑que é que eles mantém uma fina camada externa da madeira intacta, a qual quando pressio‑nada facilmente se romper .

• Ao perceber que uma peça de madeira está atacada por este tipo de cupim, pouco ou quase nada pode ser feito para recuperá‑la, pois esta já se en‑contrar em estado avançado de ataque.

Coleoptera (Besouros) Lyctus sp. • Ataca alburno contendo reser‑

vas de amido, gomas ou leite, umi‑dade abaixo de 40%. Atacam ma‑deira seca ou parcialmente seca até destruição total.

• Ele deposita os ovos nos vasos da madeira, oito dias depois nasce larva que escava túneis, a fase de lar‑va dura aproximadamente 7 meses, período no qual a madeira atacada, passando depois para ninfa e por úl‑

timo como indivíduo adulto. Exemplo: Lyctus brunneus Steph. • Ambrósia: perfurador de nome

“pinhole”. • Anobium punctatum: besouro

que ataca alburno de madeiras de interiores.

• Xestobium rufovillosum: besou‑

ro de móveis que ataca construções antigas.

• Hylotrupes bajulus: “serrador” ou “serra‑pau” ataca alburno de co‑níferas.

Hymenoptera (Formigas destrui‑

doras de madeiras) • Também chamadas formigas

carpinteiras. • Não se alimentam da madeira,

utilizando‑a apenas para se abriga‑rem. Iniciam a escavação em partes já apodrecidas da madeira, poden‑do se estender a outras áreas não atacadas.

Outros perfuradores de madeira:• Vespas e abelhas: escavam a

madeira apenas para efetuarem a postura dos ovos.

• Outros insetos da família dos Ce‑rambicideos, Platipodideos, Scolyti‑deos e Anobideos, os quais atacam a madeira tanto na fase larval como na fase adulta, preferencialmente em madeira verdes e troncos recém abatidos.

Perfuradores mais comuns en‑contrados em Coníferas Prosphe-res aurantiopictus, Calymmaderus incisus, Mitrostethes australiasiae.

Os moluscos e crustáceos são vulgarmente conhecidos como “Brocas Marinhas”. São pequenos animais que produzem grandes danos em peças de madeira fixas ou flutuantes que permanecem submersas em água salgada.

Os moluscos atacam a ma‑deira para abrigarem‑se e com‑plementar sua alimentação de plancton através da celulose e

especialmente hemicelulose digeri‑da. Infestam a madeira na fase larval e permanecem nela até atingirem a fase adulta.

Seu ataque severo no interior da madeira porém dificilmente percep‑

tível na superfície. Para inspe‑cionar uma peça atacada faz‑se necessário limpá‑la dos organis‑mos incrustantes como algas, cracas, etc.

Como exemplos temos Tere-do spp. (Teredo navalis); Bankia spp. e Martesia spp.

Os crustáceos atacam a ma‑deira para abrigar‑se e efetuar a postura de ovos. Produzem vários túneis logo abaixo da su‑perfície da madeira e infestam a madeira com dezenas de indiví‑

duos/ cm2.O animal recém‑nascido difere‑

se do adulto apenas pelo tamanho, pois já apresenta capacidade para escavar a madeira. São também os mais vorazes destruidores de madei‑ras pertencem ao gênero Limnoria sp.

professor Alexandre Florian, Universidade de Brasília

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FABA S.A. – A ferramenta moderna não precisa ter custo elevado, líder na Polônia e na comunidade européia, na pro‑dução das ferramentas para a cadeia produtiva da madeira e móveis, apresenta‑se agora também no Brasil.

FABA é o maior fornecedor das ferramentas profissionais para a indústria de serração e

moveleira da Polônia (a Polônia é o 4º exportador de móveis do mundo). É uma empresa com uma longa tradição cujos inícios do funcionamento alcançam o ano 1947. Apesar de expor‑tar as suas ferramentas apenas alguns anos, tornou‑se rapida‑mente uma marca reconhecida pela qualidade dos seus pro‑dutos, que estão nas maiores

serrarias da Suécia, Finlândia, Rússia, Nova Zelândia e da Aus‑trália (em suas modernas linhas produção de alto desempenho, como HewSaw ou Linck) e nas maiores fábricas de móveis e de pisos, da Grã‑Bretanha, Rússia, Bielorrússia, Finlândia, Bélgica, Ucrânia e Alemanha.

A FABA produtora das ferra‑mentas profissionais de alta tec‑

A FABA ‑ 4 ha de área4 galpões para produção320 empregados

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nologia para o processamento da madeira, dos derivados da indústria de serração e movelei‑ra. Todo o complexo produtivo da empresa ocupa uma área de 4 ha, onde se encontram 4 salas de produção com equi‑pamentos de última geração e onde trabalham projetistas e engenheiros. A empresa espe‑cializou‑se no desenvolvimento de ferramentas profissionais, e este profissionalismo não sig‑nifica somente uma ferramenta de produção, mas também ao tipo de material processado, nos parâmetros de trabalho da máquina, no método do pro‑cessamento e nas expectativas do cliente.

A FABA é um dos poucos for‑necedores do mundo que pro‑duz uma gama tão ampla das ferramentas profissionais para

o processamento industrial da madeira, serras, fresas soldadas, cabeças de cortador, fresas de topo, ferramentas com monta‑gem hidro ou PowerLock, HSK, ISO 30, ferramentas para juntas, kits para a produção das janelas e portas, lâminas e uma ampla variedade de ferramentas PCD são fabricadas. Uma das vanta‑gens importantes de FABA é o curto prazo da realização dos pedidos de ferramentas espe‑ciais, na maioria dos casos não excede as duas semanas.

Os principais produtos da empresa são, as serras para as indústrias de serração e move‑leira. Nos últimos meses FABA aperfeiçoou a construção das serras de corpo muito fino, des‑tinadas aos produtores de piso para cortar lâminas (2 posições exemplares: 200x1,3/0,9x65 z=30

ou 325x2,0/1,6x60 z=42+4). Devi‑do a essa caraterística, a FABA é hoje um dos maiores fabrican‑tes do mundo no fornecimento de serras de alta qualidade, que satisfaçam as expectativas dos clientes nos todos os tipos de cortes.

Entre os produtos da FABA, temos as ferramentas para jun‑tas que permitem alcançar uma qualidade perfeita, proporcio‑nando uma das melhores fresas para juntas do mercado.

Não é fácil apresentar o enor‑me potencial da empresa só em poucas palavras. Por isso FABA convida a visitar o seu estande na FIMMA 2013 durante a qual apresentará as mais recentes soluções técnicas, novas ferra‑mentas e uma oferta comercial completa.

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Existem, basicamente, dois critérios que balizam a uti‑lização de espécies de ma‑deira na fabricação de es‑

quadrias: a resistência à umidade e a sua maneabilidade na fabricação. Os dois quesitos estão vinculados diretamente às características in‑trínsecas da densidade das ma‑deiras, que define sua resistência mecânica.

Por esse critério, há alguns anos atrás as duas madeiras mais usadas na fabricação de caixilhos eram a imbuia e o mogno, que ocupam posições exatamente opostas, dentro dos limites toleráveis. A imbuia possui menor resistência, oferecendo maior trabalhabilida‑de que o mogno, que, no entanto, é uma madeira mais densa, por‑tanto, mais resistente.

Entretanto outras madeiras passaram a substituir esta espé‑cies. As madeiras indicadas para o uso em esquadrias (portas e jane‑las) sem tratamento preservativo são: Angico preto; Ipê roxo; Cabri‑úva parda; Mogno brasileiro; Cabri‑úva vermelha; Jatobá ou Jataí; Ca‑viúna ; Piquiá; Combaru; Piquiarana ; Copaíba; Sacambu; Coração do negro; Sapucaia vermelha; Faveiro ; Sapucaia amarela; Guarantã ; Vi‑nhático ; e Ipê pardo.

.Madeiras indicadas para o uso em esquadrias (por‑tas e janelas) com tratamento preservativo:Canafístula; Caovi; Freijó; Oiticica amarela; Pelada; Pe‑

roba rosa; e Pindabuna.O desempenho dos caixilhos,

além do tipo de madeira utilizada, depende de todas as etapas de manipulação de madeira, até mes‑mo do método de extrusão, por isso, é fundamental conhecer os processos utilizados pelos forne‑cedores, para aferir a qualificação de seus produtos.

Segundo os maiores fabrican‑tes, para se iniciar o processo de fabricação de esquadrias, é preciso

que as madeiras já estejam com os níveis de umidade bem baixos, indicados como pontos de seca‑gem. Algumas empresas inescru‑pulosas, porém, costumam traba‑lhar ainda com a madeira “verde”, isto é, sem estar completamente seca. Os resultados dessa atitude podem surpreender os compra‑dores menos avisados, pois depois de transformada nos perfis das ja‑nelas e portas, a madeira continua

seu processo de secagem e pode sofrer deformações irreversíveis, mesmo após fixada nas obras.

Processamento

A primeira etapa do processo de fabricação ocorre na mesa de corte e fresamento dos perfis. É nessa fase que as tábuas começam a ganhar a forma do perfil de ma‑deira que vai construir o caixilho.

Enquanto outros materiais utilizados em esquadrias sofrem agressões químicas (oxidação do aço, eletrólise do alumínio e de‑formação do PVC pelo excesso de calor) a madeira é suscetível ao ataque de insetos e microorganis‑mos. Por causa dessa característi‑ca, deve receber um tratamento especial que previna futuros pro‑blemas desse tipo. Os fabricantes possuem produtos que, segundo afirmam, garantem a resistência a esses ataques.

O tratamento da madeira é feito pela imersão total das peças em tanques que contenham os produtos químicos que irão dar a proteção. Usualmente, o tempo de permanência submerso pode variar de acordo com a tecnologia adotada pela indústria.

Após a imersão, as peças são armazenadas para uma nova se‑cagem ao ar livre, depois da qual se reduz a níveis mínimos a possi‑bilidade de haver empenamento. Pode‑se fazer o tratamento em

ESQUADRIAS

Esqu

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s Critério na produção de esquadrias de madeira

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autoclave, sob pressão, permitindo proteção com maior profundida‑de nos perfis.

As peças que já re‑ceberam o tratamento passam por máquinas que eliminam possí‑veis deformações das superfícies da madei‑ra, em etapas que são o desempeno das su‑perfícies por plainas e desempenadeiras; ca‑libragem das medidas; lixamento superficial até se chegar ao bitola‑mento desejado. É nesta fase que se desenha efetivamente o perfil a ser utilizado nos caixilhos. Os ân‑gulos devem ser exatamente cor‑retos e as superfícies precisam se

apresentar sem quaisquer defeitos.

Montagem

Com as peças acabadas, de‑senhadas com todos os encaixes

necessários, processa‑se a montagem dos qua‑dros e folhas, bem como a colagem de todo o material. Os encaixes utilizam sistemas co‑nhecidos, do tipo espiga ou cavilha, conforme a opção dos fabricantes.

Já as colas utiliza‑das são normalmente desenvolvidas pelos fa‑bricantes de produtos químicos em conjunto com as fábricas de es‑quadrias de madeira e constituem verdadeiros

segredos tecnológicos.Na verdade, a colagem é uma

das principais responsáveis pela durabilidade da montagem dos caixilhos e são comuns os pro‑

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s

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blemas que ocorrem exatamente pela inadequação da formulação química com a madeira das espé‑cies coladas.

Os maiores fabricantes, por isso mesmo, preferem desenvolver as formulações ideais e analisar sis‑tematicamente os produtos entre‑gues pelos fornecedores para veri‑ficar se preenchem as especificações corretas.

Após o fecha‑mento dos quadros, chega‑se à mon‑tagem final, com a fresagem para a co‑locação e fixação de rodízios, dobradiças, fechos, fechaduras e demais ferragens. Os produtos são ainda checados em mesas de esquadro e, para garantir sua montagem, recebem travamentos de madeira, que possuem também a função de manter o esquadramento.

ACABAMENTO

As esquadrias de madeira são normalmente entregues nas obras “in natura”, ou seja, sem qualquer proteção superficial. Para o esto‑que na própria obra, recomenda‑se utilizar uma demão de verniz fosco, de modo a proteger a ma‑deira contra possíveis ataques do cimento e da cal. A pintura, ou mesmo o envernizamento definiti‑vo, deverá ser feita após a instala‑ção, com aplicação sobre a superfí‑cie lixada novamente, para retirada da camada de verniz usada como proteção.

Nas obras ou nos depósitos dos fabricantes, os caixilhos de madei‑ra prontos devem ser estocados na vertical sobre piso nivelado, em ambientes protegidos das intem‑péries, sem fontes de calor próxi‑mas, em pilhas isoladas do solo.

Deve‑se evitar guardar os caixi‑lhos junto com outros materiais de

construção que possam prejudicar o acabamento final da madeira, tais como óleos, cimento, cal, tin‑tas e outros materiais comumente encontrados nas obras.

Os caixilhos de madeira são normalmente chumbados às alve‑narias com grapas ou pregos, ou fi‑xados em contrabatentes anterior‑mente chumbados, com parafusos auto‑atarrachantes.

Para a fixação dos quadros nos vãos devem ser tomados cuidados de modo a não envergar qual‑quer dos lados pela colocação de cunhas, que devem ser postas o mais próximo possível dos can‑tos do caixilho. Em caixilhos de vãos maiores, que não contem com montantes intermediários, recomenda‑se a colocação já na indústria de um travamento no

centro do vão que deverá ser reti‑rado somente depois da instalação completada. Recentemente, vêm sendo realizadas instalações utili‑zando outra forma de fixação dos caixilhos, com a injeção de espu‑ma de poliuretano nos vãos entre os quadros e as alvenarias. Embora a técnica ainda seja pouco conhe‑

cida, pode se tornar uma opção para as obras mais sofisti‑cadas. De qualquer forma, os caixilhos de madeira devem ser instalados com todas as suas travas de fábrica, não im‑portando o sistema adotado para insta‑lação. As travas só devem ser retiradas depois que a instala‑ção estiver comple‑

ta, inclusive com o preenchimento e cura das argamassas nos vãos.

Os vidros em caixilhos de ma‑deira podem ser fixados com mas‑sa ou baguetes. Mesmo no caso de se utilizar baguetes, os fabricantes recomendam a colocação de mas‑sa entre estes e os vidros, para evitar tensões desnecessárias. A prática, porém, mostra que muitas vezes os baguetes são colocados diretamente na colocação dos vi‑dros.

A manutenção depende do acabamento superficial adotado. Geralmente, a simples inspeção visual identifica a necessidade de se processar uma repintura. Reco‑menda‑se que a cada seis meses se faça uma inspeção geral nas fer‑ragens e nas pinturas, de maneira preventiva.

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46USINAGEM

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O corte convencional é definido como sendo a ação da ferra‑menta sobre uma peça de madeira, produzindo cavacos

de dimensões variáveis.O cavaco pode ser definido como

sendo o fragmento de madeira pro‑duzido pela ferramenta de corte. A formação destes cavacos depende da geometria da ferramenta, do teor de umidade da madeira e do movimento da ferramenta com relação à orientação das fibras.

Existem dois tipos básicos de corte, o ortogonal e o periférico.

O corte ortogonal é definido como sendo a situação na qual o fio de corte da ferramenta é perpendicular à dire‑ção do movimento da peça de madeira. A superfície obtida é um plano paralelo à superfície original.

O corte periférico é produzido pelo corte sucessivo das ferramentas (facas ou dentes) instaladas na periferia de um cabeçote. As ferramentas são colocadas de maneira a se obter um mesmo cilin‑dro de corte.

O corte ortogonal é, portanto, um caso especial de corte periférico com raio infinito. É a utilização de dois nu‑merais. O primeiro é o ângulo entre a aresta principal da ferramenta de cor‑te e a direção das fibras da madeira; e o segundo o ângulo entre a direção de corte e a fibra da madeira. Desta manei‑ra, ficam definidos três tipos de corte 90 ‑ 0, 90 ‑ 90 e 0 ‑ 90 como demonstra a figura a baixo.

CORTE 90 – 0: ÂNGULO DE 90º EN‑TRE A ARESTA DE CORTE E A DIREÇÃO DAS FIBRAS; MOVIMENTO DE CORTE PARALELO ÀS FIBRAS (DIREÇÃO LONGI‑TUDINAL OU AXIAL)

CORTE 0 – 90: ARESTA DE CORTE PARALELA À DIREÇÃO DAS FIBRAS; DI‑REÇÃO DO MOVIMENTO DE CORTE PERPENDICULAR ÀS FIBRAS (DIREÇÃO RADIAL/TANGENCIAL)

CORTE 90 – 90: ARESTA DE CORTE E A DIREÇÃO DO MOVIMENTO DE COR‑TE SÃO PERPENDICULARES À DIREÇÃO DAS FIBRAS (DIREÇÃO TRANSVERSAL) DIREÇÃO DO MOVIMENTO DE CORTE ÂNGULO DA ARESTA DE CORTE EM RE‑LAÇÃO À DIREÇÃO DAS FIBRAS

Para separar o cavaco da peça de madeira, durante qualquer processo de

corte, é necessário primeiro provocar a ruptura estrutural entre o fio da ferra‑menta de corte e a peça de madeira.

Tendo em vista que a resistência da madeira varia com a direção da fibra a configuração do cavaco, a potência de corte e a qualidade da superfície serão muito afetadas pela direção de corte.

Fundamentos da usinagem da madeira

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47

A figura ilustra a simbologia padrão utilizada para as forças e ângulos de corte ortogonal.

Forças de Corte

A usinagem tradicional é um pro‑cesso baseado na tensão de ruptura. A tensão é imposta à madeira por ação humana ou mecânica, com ajuda de uma ferramenta de corte. A orientação e a direção da força são controladas pelo tipo de ferramenta de corte e pela atuação do operador ou da máquina.

A ferramenta de corte tem sua ge‑ometria particular A madeira tem suas propriedades físicas e mecânicas parti‑culares.

A direção do movimento e a forma da ferramenta determinam o desen‑volvimento de tensões impostas à ma‑deira, e conseqüentemente a maneira como vai ocorrer a ruptura ou “corte”.

Dois fatores influenciam a ruptura:a) A superfície de corte (A), que

deve ser suficientemente pequena para que a força aplicada (F) com a ferramen‑ta possa causar uma tensão (F/A) supe‑rior à resistência da madeira;

b) As condições da madeira com re‑lação à umidade, temperatura, presen‑ça de defeitos, etc.

Alguns parâmetros relacionados ao corte da madeira interferem na usina‑gem da madeira:

a) ângulo de ataque ‑ Normalmen‑te as forças de corte decrescem com o

aumento de . Para cada espécie deverá existir uma faixa ótima para o ângulo de ataque, na qual será obtida a melhor qualidade de superfície.

b) ângulo de folga ‑ Este ângulo deverá ter um valor mínimo que permi‑ta a redução do contato da superfície de folga da ferramenta com a peça da

madeirac) ângulo da ferramenta ‑ Este ân‑

gulo está relacionado à resistência da ferramenta de corte ao choque e ao desgaste

d) espessura de corte (e) ‑ Estará diretamente relacionada às forças impli‑cadas no processo de corte

e) orientação das fibras em relação ao corte ‑ Tendo em vista que a madei‑ra apresenta resistências diferentes de acordo com a direção do esforço em relação às fibras, esta direção afetará as forças implicadas durante a usinagem.

f ) afiação da ferramenta de corte ‑ Quando a ferramenta de corte não está bem afiada ou quando está desgastada, o ângulo de ataque diminui ou torna‑se negativo, produz‑se um afundamento na superfície da madeira que ocasiona o aparecimento de forças de atrito ele‑vadas.

g) atrito entre o cavaco e a super‑fície de saída da ferramenta de corte A força de atrito é função do tipo de cava‑co, sendo pouco afetada pela rugosida‑de na face da ferramenta.

Esta força sofre menor variação em relação ao ângulo de saída e espessu‑

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agem

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48NOTAS

ra do cavaco quando comparado à influência do tipo de cavaco e espécie de madeira. A estrutura anatômica da madeira é, então, fator determinante na força de atrito.

h) vibração lateral ‑ A vibração la‑teral pode ocorrer em conseqüência da orientação das fibras em relação ao corte.

Quando as mesmas não estão per‑feitamente alinhadas (fibras retorcidas, desvio de fibras, etc.) podem ocorrer grandes esforços laterais durante o pro‑cesso de usinagem.

Corte ortogonal 90-0

Este tipo ocorre no corte paralelo às fibras. Em geral a máquina de pro‑cessamento de madeiras mais comum nas serrarias depois da serra é a plaina. A maior parte da madeira serrada é poste‑riormente aplainada para a retirada de defeitos inerentes e lascas.

Nas serras circulares, os dentes trabalham em uma situação de corte próxima ao tipo 90‑0 quando a serra é ajustada para fazer uma ranhura rasa. A qualidade da superfície e os defeitos de usinagem estão relacionados com o tipo de cavaco formado. Quando o processamento é ao longo das fibras, observa‑se a formação de três tipos dis‑tintos de cavacos:

- Cavaco tipo I

Formado quando as condições de corte são tais que a madeira rompe por fendilhamento em um plano à frente da ferramenta de corte e o cavaco se sepa‑ra como uma viga engastada. As etapas de formação são:

a) compressão paralela às fibras;b) abertura de fenda à frente da

aresta de corte da ferramenta;c) ruptura por fendilhamento se‑

guindo a direção da fibra;d) o fendilhamento continua até

que os esforços de flexão se tornam o fator limitante e o cavaco se quebra como se fosse uma viga engastada;

e) um outro ciclo se inicia.No caso deste tipo de cavaco, a rela‑

ção entre a resistência ao fendilhamen‑to e a resistência à flexão da madeira, condiciona o comprimento do cavaco. Madeiras com teor de umidade elevado podem produzir cavacos mais longos.

Os fatores que favorecem a forma‑ção de cavacos do tipo I são:

a) baixa resistência ao fendilhamen‑to combinada com elevada resistência à flexão;

b) espessura de cavaco grande (es‑pessura de corte);

c) elevado ângulo de ataque (g > 25o); ângulo de ataque de 25 à 35o, geralmente produz cavacos tipo I por‑que a força de corte normal (Fn) é ge‑ralmente negativa e pouco depende da espessura do cavaco e da umidade da madeira.

d) baixo coeficiente de atrito (µ) en‑tre o cavaco e a face de ataque da ferra‑menta de corte;

e) baixo teor de umidade.As características do cavaco tipo I

são:a) fragmentação da fibra;b) baixo requerimento de energia

porque a madeira resiste pouco à tração perpendicular às fibras ou fendilhamen‑to perpendicular;

c) baixo desgaste da ferramenta de corte. O fio da ferramenta de corte não trabalha muito, já que a ruptura se pro‑duz à frente da aresta de corte

- Cavaco tipo IIFormado quando a ruptura da ma‑

deira se produz ao longo de uma linha que se estende a partir da aresta de cor‑te da ferramenta. Neste caso, a ruptura se dá por cisalhamento diagonal e for‑ma um cavaco contínuo

Este tipo de cavaco se forma em condições limitadas. A ferramenta im‑põe à madeira uma compressão para‑lela e provoca tensões de cisalhamento

diagonais.À medida que o corte avança é for‑

mado um cavaco contínuo e levemente espiralado. O raio desta espiral aumenta à medida que a espessura do cavaco aumenta.

Existe uma continuidade na forma‑ção deste tipo de cavaco que é o tipo ideal do ponto de vista de qualidade de superfície gerada na usinagem.

Os fatores que favorecem a forma‑ção do cavaco tipo II são:

a) pequenas espessuras de corte;b) teores de umidade intermediá‑

rios;c) ângulos de ataque variando de

5o a 20o.A demanda de energia neste caso é

intermediária entre aquelas requeridas pelos cavacos dos tipos I e III.

- Cavaco tipo III

As forças de corte produzem ruptu‑ras por compressão paralela e cisalha‑mento longitudinal na madeira diante da aresta da ferramenta de corte. O ca‑vaco é sem forma definida e reduzido a fragmentos.

O cavaco tipo III é formado de ma‑neira cíclica, tem dificuldade de se des‑tacar da face de ataque da ferramenta e é, então, compactado contra esta face.

Tensões são transferidas às outras superfícies que por sua vez serão tam‑bém compactadas iniciando outro ci‑clo.

USINAGEM

Usin

agem

Page 49: Revista da Madeira - Ed. 134

Os fatores que favorecem a forma‑ção do tipo III são:

a) pequenos ângulos de ataque ;b) fio de corte da ferramenta muito

desgastado;c) coeficiente de atrito elevado en‑

tre o cavaco e a face do instrumento cortante.

Este tipo de cavaco provoca defeito na fibra, apresentando uma textura ru‑gosa que se assemelha à pelúcia.

Este tipo de defeito é produzido por‑que a ruptura da madeira se dá abaixo do plano de corte e igualmente porque a ferramenta de corte deixa os elemen‑tos anatômicos da madeira cortados de maneira incompleta na superfície.

A demanda de energia e o desgaste da ferramenta de corte são elevados.

Corte Ortogonal 90-90

O corte 90‑90 é de grande interesse prático, tendo em vista que este tipo de corte é o realizado pela serra de fita de corte longitudinal.

O aplainamento das bordas de uma peça de madeira também é o caso de corte 90‑90 que ocorre, por exemplo, no caso de respigadeiras (máquinas que produzem as ligações por encaixe “macho‑fêmea”).

O fio da ferramenta deve separar o cavaco através do corte longitudinal. Este corte deve produzir a separação da estrutura celular transversalmente à fibra. O cavaco é deslocado através de deformação de cisalhamento e rompe

por flexão.Posteriormente este

cavaco se desloca ou se move para fora da face de corte formando uma espécie de cordão com‑posto de pequenos seg‑mentos retangulares.

Tendo em vista que a ferramenta de corte deve separar as fibras perpen‑dicularmente, um ângulo de ataque pequeno de‑verá deformar drastica‑mente a madeira à com‑pressão perpendicular às fibras durante o corte.

Um efeito similar se produz através de uma ferramenta de corte (dente) desgastada e sem fio. Es‑tas condições fazem com que as fibras sejam mal cortadas, flexionadas na su‑perfície de corte ou ainda fendilhadas abaixo da superfície de corte.

Por esta razão, se recomenda o uso de ângulos de ataque maiores e ferra‑mentas de corte bem afiadas pois estas condições minimizam os danos superfi‑ciais na peça causados pelo corte.

O corte longitudinal da serra de fita é um caso especial de corte 90‑90. A serra de fita incorpora apenas parte da largura do elemento de corte, ou seja, a trava do dente, que é mais estreita que a peça de madeira a ser cortada.

Desta maneira, além da formação do cavaco, o dente deve separar e cor‑tar as faces laterais para passar livre‑mente dentro da ranhura de corte. Para evitar o atrito da serra contra os lados do corte, seus dentes devem ter uma geometria especial na ponta, ou seja, a espessura da serra deve ser mais larga que a espessura da fita.

No caso das serras circulares, a con‑dição de corte se apro‑xima ao tipo 90‑90 quando a serra é utili‑zada em sua máxima altura, ou seja, quando a serra corta o mais próximo possível de sua parte central.

No caso das folho‑sas os cavacos para este tipo de corte são uniformes e superfí‑cies de qualidade são obtidas com ângulos de ataque elevados (30° a 40°) se a ferra‑menta de corte estiver bem afiada. A Tabela 1 apresenta o efeito das

principais variáveis sobre as forças de corte ortogonal 90‑90.

Corte Ortogonal 0-90

Este tipo de corte ocorre no pro‑cesso de laminação por torneamento ou fatiamento (faqueado). As forças de corte são geralmente menores que no corte 90‑0.

Quando as condições são favorá‑veis, o cavaco formado durante este tipo de corte emerge de maneira contí‑nua, como no caso dos laminados. Se a ferramenta de corte está afiada adequa‑damente e o corte se dá em pequenas espessuras, uma folha contínua e de boa qualidade deverá ser obtida.

Durante o corte 0‑90 se diferenciam três zonas de ruptura:

1) Zona crítica de ruptura por cisa‑lhamento

2) Zona crítica de ruptura por ten‑são (tração)

3) Zona de ruptura por compressão perpendicular e

separação das fibras por tração per‑pendicular

Zonas de ruptura

USINAGEM49

Usin

agem

Page 50: Revista da Madeira - Ed. 134

50SECAGEM

Seca

gem

Uma das fases imprescindí‑veis para a transformação da madeira em produto acabado é a secagem. Esta

fase do processamento, através da redução do teor de umidade até um valor final próximo da umidade de equilíbrio média no local onde a peça será utilizada, tem como obje‑tivo melhorar a qualidade do mate‑rial. Dentre os diversos métodos, a secagem convencional tem desta‑que porque permite reduzir o tem‑po da secagem com con‑siderável controle sobre os defeitos. Dentre os pa‑râmetros controláveis na secagem convencional está o sentido do fluxo, a velocidade, a tempera‑tura e a umidade relativa do ar. A sequência destes dois últimos parâmetros em função da umidade da madeira é chamada de programa de secagem do tipo umidade‑temperatura.

Na definição do programa de se‑cagem, busca‑se o equilíbrio entre as taxas de secagem, relacionadas com a produtividade do sistema, com a intensidade dos defeitos de secagem e com a redução no cus‑to da madeira. Entre os fatores que influenciam nas taxas de secagem e na qualidade da madeira seca está a massa específica, a espessura da peça, o teor de umidade inicial, a proporção de cerne e de alburno e a propensão à formação de defeitos, relacionadas com as características químicas, anatômicas e com a re‑tratibilidade. Um programa de seca‑gem não é capaz de considerar to‑dos estes aspectos, mas busca levar em conta os mais significativos. Fo‑ram correlacionadas propriedades

físicas e características anatômicas com a taxa de secagem e a forma‑ção de defeitos, obtendo correla‑ções elevadas e significativas com a massa específica.

Entre os métodos utilizados para a definição de programas de seca‑gem se destaca o que se baseia na determinação da temperatura de bulbo seco e da depressão psicro‑métrica inicial a partir da massa es‑pecífica. Outro método partindo da massa específica básica para a de‑

finição dos códigos das tabelas de temperatura, depressão psicromé‑trica e umidade para a primeira mu‑dança na depressão psicrométrica do Dry Kiln Operator’s Manual. Entre as vantagens desses métodos estão à simplicidade e a facilidade na ob‑tenção de uma única variável inde‑pendente, a massa específica básica.

Entretanto o comportamento da madeira durante a secagem, espe‑cialmente a formação de defeitos, não é totalmente explicado pela relação com a massa específica. Dessa forma, há outras metodolo‑gias para definição de programas de secagem. A avaliação de pequenas amostras durante a secagem drás‑tica foi utilizada como metodologia para a definição de programas de secagem. O método leva em con‑

sideração aspectos importantes e influentes na retirada de água da madeira, como os efeitos das carac‑terísticas físicas da madeira na in‑tensidade de defeitos e nas taxas de perda de umidade. Existem também alguns aspectos negativos como a necessidade de medições periódi‑cas, longo tempo de experimenta‑ção, variável de acordo com cada espécie e eventuais dificuldades operacionais, embora todo esse pro‑cesso seja necessário para obter um

programa de secagem adequado à madeira em questão.

Dentre as diversas espécies madeireiras no país, as espécies jatobá (Hymenaea spp), cumaru (Dip‑teryx odorata) e mui‑racatiara (Astronium lecointei Ducke) fo‑ram selecionadas pelas características

desejáveis da madeira para a fabri‑cação de pisos e pelas dificuldades encontradas na secagem conven‑cional, especialmente os longos tempos de secagem.

O Jatobá (Hymenaea spp) é en‑contrado em quase todas as matas nativas do país. Apresenta cerne e alburno distintos pela cor, cerne variando do castanho‑amarelado ao castanho‑avermelhado, alburno branco‑amarelado; cheiro e gos‑to imperceptíveis, densidade alta, dura ao corte; grã regular a irregu‑lar; textura média; superfície pouco lustrosa. As espécies de Hymenaea spp são consideradas altamente re‑sistentes aos térmitas e fungos de podridão branca e parda. A massa específica aparente a 15% de umi‑dade é de 960 kg/m³.

Programas de secagem obtidos por diferentes métodos

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51

Seca

gem

O Cumaru (Dipteryx odorata (Aublet.) Willd) ocorre em toda a Flo‑resta Amazônica, da Venezuela ao Estado do Mato Grosso. Apresenta cerne e alburno distintos pela cor, cerne castanho‑claro‑amarelado; brilho moderado; cheiro e gosto imperceptíveis, den‑sidade alta; dura ao corte; grã revessa; textura fina a mé‑dia, aspecto fibroso atenuado; superfície pouco lustrosa. O cerne apresenta alta resistência ao ata‑que de organismos xilófagos e massa es‑pecífica aparente a 15% de umidade de 1.090 kg/m³.

A Muiracatiara (Astronium le‑cointei Ducke) ocorre na Floresta Amazônica brasileira; apresenta cerne e alburno distintos pela cor, cerne variável do bege‑rosado ao

castanho‑escuro‑avermelhado, com estrias mais escuras; brilho modera‑do; cheiro e gosto imperceptíveis; densidade alta; dura ao corte; grã irregular; textura média. A madei‑ra de muiracatiara é muito durável, não sendo atacada por insetos ou

cupins de madeira seca, apresenta massa específica aparente a 15% de 970 kg/m³.

O objetivo deste trabalho foi comparar programas de secagem elaborados a partir da massa espe‑

cífica com programas de secagem elaborados a partir de informações obtidas na secagem drástica.

Métodos

O método da secagem drástica se baseia no princí‑pio de que pequenas amostras de madeira, quando expostas aos efeitos de secagem drástica em estufa a 100°C, proporcio‑nam um comporta‑mento semelhante na secagem conven‑cional.

Para aplicação deste método fo‑

ram utilizadas 14, 10 e 12 amostras de cumaru, jatobá e muiracatiara, respectivamente, sendo que todas apresentavam 10 mm de espessu‑ra, 50 mm de largura e 100 mm de comprimento. As amostras das três

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52

espécies foram mantidas em estu‑fa a 100°C até alcançarem um teor de umidade inferior a 5%. Durante este período foram pesadas com intervalos de 1 hora e medidos os defeitos como comprimento e largura de rachaduras, utilizando pa‑químetro e calibrador de folga. A magnitude das ra‑chaduras foi transformada em escore.

Um dos método se baseia na massa específi‑ca básica como parâmetro para a definição da tempe‑ratura e depressão psicro‑métrica inicial. As tempe‑raturas de bulbo seco são mantidas constantes até que a madeira alcance 30% de umidade, em seguida são elevadas a uma taxa de 5,6°C para cada 5% de re‑dução no teor de umidade. A depressão psicrométrica é calculada em função da umidade da madeira e da depressão psicro‑métrica inicial.

Os programas de secagem foram comparados com fontes bibliográfi‑cas, quando disponíveis, sendo que os parâmetros utilizados como referências foram a temperatura de bulbo seco e o potencial de secagem, em cada uma das fases. As umidades de equilíbrio foram calculadas com as equações.

Como características fí‑sicas da madeira das espé‑cies utilizadas a madeira de cumaru apresentou massa específica que permite en‑quadrá‑la, de acordo com os critérios estabelecidos por Durlo , como muito pe‑sada.

A madeira de jatobá e de muiracatiara podem ser enquadradas como pesadas, segundo critérios apresentados por Durlo. Em relação à umidade inicial, o va‑lor obtido neste trabalho é inferior

ao apresentado por Simpson para as três espécies, sendo as maiores diferenças observadas para a muira‑

catiara e para o jatobá. Uma série de condicionantes influencia na umi‑dade inicial, porém, destaca‑se que o início da secagem drástica ocorreu com teores de umidade acima do

ponto de saturação das fibras.Nos resultados da secagem drás‑

tica os valores obtidos para o jato‑bá foram menores no tempo (T2) e maiores nas velocidades (V1 a V3) .

Uma explicação pode ser a massa específica básica e o teor de umidade inicial, que foram menores neste tra‑balho. A massa específica apresenta relação inversa com as taxas de secagem. Como conseqüência, as temperaturas inicial e final e o potencial de secagem resultaram em valores su‑periores

Para o cumaru, os valo‑res obtidos para temperatu‑ra inicial e potencial de se‑cagem foram inferiores , no entanto, a temperatura final se mostrou mais elevada.

Os valores de potencial de secagem para muira‑catiara ficaram dentro dos limites, de 2,0 a 2,5. Entre‑tanto a temperatura inicial

ficou abaixo e a temperatura final acima .

Massa específica básicaPara o cumaru, a temperatura

inicial de 39°C e a depressão psi‑crométrica inicial de 1,9°C estão próximas aos valores obtidos neste trabalho, de 37°C e 1,9°C.

Os valores de tempera‑tura inicial e depressão psi‑crométrica inicial obtidos para jatobá, de 42°C e 2,2°C foram idênticos aos apre‑sentados para o Hymenaea oblongifolia.

Para a muiracatiara os parâmetros iniciais do pro‑grama de secagem, de 42°C para temperatura inicial e 2,2°C para depressão psi‑crométrica inicial, são mais drásticos que os obtidos neste trabalho, de 39°C e 1,9°C. Estas variações estão diretamente relacionadas às variações na massa espe‑cífica.

Comparação entre métodos Os programas de secagem foram

SECAGEM

Seca

gem

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54

montados de acordo com as reco‑mendações contidas em Jankowsky e Simpson e apresentados nas Tabe‑las 3 a 5 na forma resumida.

Com relação à temperatura de bulbo seco prescrita para a secagem de cumaru, até 30% de umidade há diferença significativa entre os mé‑todos . Entre 30 e 25% de umidade a temperatura não difere, o mesmo ocorre abaixo de 15% de umidade.

Com relação ao poten‑cial de secagem, há dife‑rença significativa em todas as fases. Com valores infe‑riores a 30% de umidade os potenciais de secagem dos programas elaborados com base na massa específica se elevam, diferenciando‑se do programa elaborado a partir da secagem drástica, cujo potencial de secagem permanece constante .

Se recomendam pro‑gramas de secagem em que o potencial de seca‑gem decresce com o teor de umidade da madeira, o que também ocorre no programa de secagem ela‑borado a partir dos dados da seca‑gem drástica.

Para o jatobá, até alcançar os 30% de umidade, os métodos não diferem significativamente com re‑lação à temperatura de bulbo seco. Abaixo deste teor, a temperatura de bulbo seco obtida através da massa específica apresenta valores inferio‑res a secagem drástica, diferencian‑do‑se em todas as fases subsequen‑tes .

A mesma tendência observada para o cumaru no que se refere aos potenciais de secagem é encontra‑da no jatobá. O programa elaborado a partir da secagem drástica apre‑senta maiores e significativamente diferentes potenciais de secagem nas primeiras fases da secagem. Na faixa de 35% a 30% de umidade os métodos se sobrepõem, sendo que abaixo destes teores os métodos baseados na massa específica apre‑

sentam um acentuado aumento no potencial de secagem .

Da madeira das três espécies avaliadas neste trabalho, a de jatobá é a que dispõe de maior número de programas de secagem recomenda‑dos. A maioria dos programas inicia a secagem com a temperatura em torno de 40 e 45° C.

Até o teor de umidade de 30%,

o programa de secagem elaborado para muiracatiara a partir de infor‑mações obtidas na secagem drásti‑ca apresentou temperatura de bul‑bo seco significativamente menor que a obtida no programa baseado na massa específica. Há uma sobre‑posição dos métodos entre 30 e 25% e entre 25 e 15% a situação se inverte, com temperaturas significa‑tivamente superiores para o progra‑ma elaborado através da secagem drástica. Abaixo de 15% de umidade os métodos voltam a se sobrepor.

Para a muiracatiara, o padrão de potenciais de secagem encontrado, significativamente maiores no início da secagem, para o programa elabo‑rado através da secagem drástica se repetiu. Abaixo de 35% de umidade, os potenciais de secagem determi‑nados pela massa específica básica tendem a aumentar e novamente diminuir ao fim da secagem, como

observado também no jatobá .O programa apresentado por

Cirad apresenta apenas duas faixas de temperatura de bulbo seco, no início da secagem maior e no final menor que as calculadas pelos mé‑todos analisados. O potencial de se‑cagem recomendado é menor du‑rante todo o processo de secagem.

CONCLUSÕES

Com relação à tempe‑ratura de bulbo seco, os métodos diferem significa‑tivamente na ampla maio‑ria das fases dos programas elaborados para o cuma‑ru e para a muiracatiara e apenas abaixo do ponto de saturação das fibras para o jatobá.

As temperaturas nas primeiras fases do progra‑ma de secagem elaborado através da secagem drásti‑ca foram significativamente menores e nas fases finais significativamente maiores ou sem diferença estatís‑ticas quando comparadas àquelas dos programas

de secagem elaborados a partir da massa específica.

Os potenciais de secagem calcu‑lados seguindo os diferentes méto‑dos também apresentaram diferen‑ças significativas. A metodologia da secagem drástica resultou em valo‑res superiores nas fases iniciais da secagem e inferiores nas finais.

Os potenciais de secagem ob‑tidos através da secagem drástica estão mais próximos aos recomen‑dados pela maioria dos autores para as três espécies analisadas.

SECAGEM

Seca

gem

Jackson Roberto EleotérioEngenheiro Florestal, Prof. Doutor,

Programa de Pós‑Graduação em Engenharia Florestal. – FURB

Cláudia Mariana Kirchheim da Silva Graduanda em Engenharia Florestal,

Bolsista do PIBIC/CNPq, Centro de Ciências Tecnológicas, FURB

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56BRIQUETES

Briq

uete

s Briquetes produzidos com resíduos

Nos dias atuais é cons‑tante a discussão sobre a necessidade da ob‑tenção de alternativas

para fontes de energias renováveis como mecanismos de desenvol‑vimento sustentável. A gestão de resíduos sólidos urbanos também faz parte deste contexto e atual‑mente é um fator preocupante principalmente nos grandes cen‑tros urbanos.

Um tipo de resíduo sólido ur‑bano muito comum é o resultan‑te da poda de árvores e diversos outros vegetais que compõem a paisagem das cidades. Oriundo da extração de galhos finos e grossos, folhas, raízes e troncos, este mate‑rial é gerado ao longo de todo o ano, a e des‑tinação destes represen‑tam um problema tanto para as prefeituras como também para concessio‑nárias de energia de todo o país.

Outro exemplo de material bastante comum no meio urbano é o papelão ondulado, utilizado em diversos tipos de embalagens e com diferentes características de espessura e resistência, são fonte potencial de geração de resíduos. Embora o papelão seja passível de reciclagem, há um ponto em que os mesmos não serão mais ade‑quados para esse processo e deve‑rão ser dispostos em aterros.

Uma boa alternativa de gestão para esses tipos de resíduos sóli‑dos é a utilização como fonte ener‑

gética. Isto pode ocorrer através do beneficiamento utilizando‑os como matéria prima no processo de briquetagem, transformando‑os em um produto de maior valor agregado e minimizando os im‑pactos ambientais gerados pela sua disposição inadequada. A bri‑quetagem consiste na compres‑são em alta pressão de uma massa de partículas com consequente aumento de temperatura resultan‑do no produto chamado briquete. O briquete é caracterizado princi‑palmente por ser um combustível c o m maior densi‑

dade

por unidade de volu‑me que seu material de origem, e por possuir dimensões uniformes, que facilitam muito o manuseio, o transporte e a alimentação dos equipamentos de queima.

Através de um trabalho preli‑minar avaliou‑se briquetes feitos a partir de misturas de papelão on‑dulado e resíduos de poda urbana, a fim de verificar a viabilidade téc‑nica do produto. Esta pesquisa é parte de um projeto realizado pela Empresa Metropolitana de Águas

e Energia – EMAE em parceria com o Laboratório de Painéis e Energia da Madeira – LAPEM da Universi‑dade Federal de Viçosa.

Inicialmente foram determina‑das as condições experimentais (granulometria, massa e umidade) dos resíduos e suas características físicas e químicas. Na segunda eta‑pa determinaram‑se as condições de briquetagem e efetuou‑se a produção de briquetes em dife‑rentes proporções de resíduo de poda e papelão ondulado. Por fim, realizou‑se a caracterização física e mecânica dos briquetes visando a determinação da melhor propor‑ção de mistura para produção

dos briquetes. Os resíduos foram prepa‑

rados para análises físicas e químicas, para tanto se

utilizou um moinho do tipo martelo equipado com peneira para a tritu‑ração das amostras. Para as análises de densida‑

de básica do resíduo de poda e gramatura do pa‑

pel usou‑se parte dos resíduos não triturados.

Para fabricação dos briquetes, os resíduos de poda e o papelão já se encontravam com umidade adequada para compactação. Foi então utilizado o material que pas‑sou pela peneira (< 8 mm) em fun‑ção das características da matriz da briquetadeira (coluna de 15 cm e diâmetro de 3 cm). O papelão ondulado não foi peneirado nem seco previamente por não haver

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57

Briq

uete

s

necessidade. A densidade básica do resíduo

de poda foi calculada utilizando o material saturado em água. E a densidade aparente foi calculada no teor de umidade de trabalho do material. As determinações de densidade foram feitas com imersão em mercúrio, visando a não penetração do liquido nos pedaços de madeira. Foram sele‑cionados, ao acaso, 10 diferentes materiais oriundos dos 10 sacos de resíduos recebidos. No caso do papelão ondulado foi estipulada somente a densidade aparente e a gramatura.

As condições de briquetagem foram: pressão de 1500 PSI, tem‑peratura de 120 ºC, tempo de prensagem de 5 minutos e tem‑po de resfriamento de 5 minutos. A massa utilizada foi determinada

em função da matriz da briqueta‑deira e do resíduo de menor den‑

sidade. A coluna ocupada pelo re‑síduo podia ser de 10 cm de altura

e diâmetro de 3 cm. A proporção de papelão com o resíduo de poda em cada repetição foi de 0, 10, 20, 30, 40, 50, 60, 70, 80, 90 e 100 %, utilizando uma massa de 16 g de resíduo por briquete.

Para comparação da absorção de água e umidade de equilíbrio higroscópico, foram feitas pesa‑gens antes e após condiciona‑mento em câmara climática a 60% de umidade e 23°C.

Os parâmetros físicos e mecâ‑nicos avaliados nos briquetes fo‑ram: densidade aparente, taxa de retorno (variação dimensional), absorção de água em função da umidade de equilíbrio higroscópi‑co e resistência à compressão per‑pendicular.

O experimento foi montado segundo um delineamento in‑teiramente casualizado com dez

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58

repetições em esquema fatorial, em que foram analisados os efei‑tos de 11 proporções de misturas entre os resídu‑os sobre a qualidade dos briquetes produzidos na pressão de 1500 PSI e temperatura de 120 ºC, somando‑se um total de 110 corpos de prova (bri‑quetes).

Os parâmetros ana‑lisados estatisticamen‑te foram: variações das dimensões (diâmetro e altura), densidade apa‑rente, absorção de água, carga máxima e umidade de equi‑líbrio higroscópico. A variável car‑ga máxima e umidade de equilí‑brio higroscópio tiveram os dados baseados em cinco repetições enquanto as de‑mais tiveram em dez repeti‑ções.

Resultados

Propriedades físicas e químicas dos resíduos

Na Tabela 1 estão apre‑sentados os valores médios das propriedades físicas e químicas dos resíduos utili‑

zados para a produção dos brique‑tes.

O poder calorífico superior do papelão ondulado foi menor em relação ao obtido para os resíduos

de poda, o qual é composto em sua grande maioria de material lenhoso que é muito utilizado nos processos de combustão para ge‑ração de energia. Embora o valor calorífico do papelão tenha sido menor, evidencia‑se que é um valor relativamente alto quando comparado com outros resíduos usados para fabricação de brique‑tes, como por exemplo, casca de arroz e bagaço de cana, cujos va‑lores são 3.730 kcal.kg‑1 e de 3.700 kcal.kg‑1, respectivamente.

Com relação à densidade apa‑rente, o valor determinado para o

papelão foi inferior a do resíduo de poda, isto se deve principalmente ao aspecto volumoso em que este material ficou depois de passado em moinho. Já no resíduo de poda, a densidade a granel, básica e aparente apenas se mostrou con‑dizente com os relacio‑nados à madeira, visto que essas determinações foram feitas com o mate‑rial cavaqueado enviado.

Propriedades dos briquetes

Na Figura 1 é apresen‑tada a tendência dos da‑dos referentes à densidade dos briquetes em função do teor de papelão ondu‑lado adicionado à mistura.

De acordo com a fi‑gura, pode‑se observar que a densidade aparente diminuiu gradativamen‑te como o aumento da proporção de papelão na mistura até teores próxi‑mos de 80% e, logo após, houve uma pequena ele‑

vação nos teores de 90% e 100%. A diminuição pode ser explicada pela menor densidade do papelão em relação ao resíduo de poda fa‑zendo com que a haja maior com‑pactação conforme o seu teor na mistura aumente.

Já para a variável de resistência à compressão plana, apresentada em carga máxima, nota‑se tam‑bém uma tendência, como é apre‑sentado na Figura 2.

Observa‑se que à medida que o percentual de papelão aumen‑

BRIQUETES

Briq

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60

ta, ocorre também um aumento da resistência à compressão dos briquetes, ou seja, a força neces‑sária para ocasionar a ruptura dos briquetes foi maior confor‑me se atingia as maiores proporções de papelão. De‑vido a baixa densidade e as partículas serem menores e com maior superfície espe‑cífica, o papelão pôde pro‑porcionar uma maior com‑pactação dos briquetes, tornado‑os mais resistentes sob força.

A estabilidade dimensio‑nal dos briquetes, de modo geral, está diretamente rela‑cionada à higroscopicidade da matéria prima utilizada, além da pressão e da temperatura exer‑cida no processo de briquetagem. A higroscopicidade também é im‑portante para avaliar a estrutura física dos briquetes em relação aos impactos sofridos durante o arma‑zenamento e o transporte.

O ganho de massa, relaciona‑do à absorção de água pelos bri‑quetes até atingirem a umidade de equilíbrio higroscópico, teve valores mínimos próximos a 1% e máximos a 2%, sendo que os en‑contrados para os tratamentos de 40 a 90% de papelão são estatisti‑camente iguais entre si.

Os valores de absorção de água e umidade de equilíbrio higroscó‑pico também não apresentaram uma tendência definida.

Em mé‑

dia, os tratamentos tiveram um bom resultado de umidade de equilíbrio higroscópio compatível com as exigências para o uso. Ob‑

serva‑se que nos dois parâmetros os briquetes produzidos a partir de um só resíduo não apresentaram diferenças entre si.

Isto pode demonstrar que es‑ses resíduos, quando compacta‑dos, apresentam baixa influencia na sua umidade de equilíbrio hi‑groscópico em função de varia‑ções na taxa de absorção de água. O conhecimento da afinidade do material com água é importante, pois contribui para o entendimen‑to da estabilidade (dimensional?) e da resistência dos briquetes em função da exposição dos mesmos a diferentes condições climáticas

durante seu transpor‑te e armazenamen‑

to. Nos tratamen‑

tos de 30 a 90% de teor de pape‑lão não foi obser‑vado influencia na taxa de ab‑sorção de água.

Os tratamentos de 10 e 20% de papelão apresentaram a menor taxa de absorção de água

apesar de ainda apresentarem as maiores umidades de equilíbrio hi‑groscópico. Uma explicação para este fato seria que nesses teores

a compactação tenha se processado de forma a re‑ter a água proveniente da umidade das partículas e evitar sua saída. Assim, essa água permaneceu nos bri‑quetes após o resfriamento e estes foram para câmara climática mais úmidos que nos outros tratamentos.

Com base nas condi‑ções de análise podemos chegar às seguintes con‑clusões:

‑ É possível a produção de briquetes de misturas

de resíduos de poda urbana e pa‑pelão ondulado;

‑ Não houve tendência na taxa de retorno (altura e diâmetro) com relação aos teores de papelão agregados;

‑ As maiores densidades foram obtidas com as menores propor‑ções de papelão;

‑ As maiores resistências a com‑pressão plana foram obtidas com as maiores porcentagens de pape‑lão;

‑ A umidade de equilíbrio hi‑groscópico, em todos os trata‑mentos, apresentou‑se compatível com as necessidades para uso;

‑ É necessário o estudo da efici‑ência da combustão e da emissão de gases para melhor caracteriza‑ção dos briquetes.

BRIQUETES

Briq

uete

s

Tatiane da Silveira SilvaTecnóloga em Meio Ambiente e Bolsista

EMAE/UFVMarina Moura de Souza

Estudante Doutorado em Ciências Florestais, UFV

Benedito Rocha VitalProfessor da Universidade Federal de Viçosa

Rafael Rezende TeixeiraEngenheiro Florestal

Admilson Clayton BarbosaEstudante Doutorado, UFABC

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62PINUS

Pinu

s

A clonagem é uma técnica obtida por método de propagação ve‑getativa (clonagem), de grande utilidade tanto para o melhora‑

mento convencional de espécies florestais como para os plantios comerciais a partir da multiplicação de árvores superiores. A partir dela é possível obter indivíduos ge‑neticamente idênticos à planta original (matriz), visto que as características gené‑ticas são mantidas.

A propagação vegetativa é utilizada em pínus para se produzir mudas unifor‑mes e em curto período de tempo, a partir da enxertia (normal e top‑grafting), esta‑quia e cultura de tecidos (brotações ou embriões somáticos).

A enxertia em pínus é usada principal‑mente para fins de pesquisa e formação de pomares clonais de sementes. Quan‑do tecidos fisiologicamente maduros são enxertados sobre mudas, pode‑se obter a indução de florescimento precoce. Ge‑ralmente, propágulos para enxertia são coletados dos ramos do terço superior da copa da árvore. A época recomenda‑da para a enxertia de pínus compreende o final da primavera até o início do verão. O tipo de enxertia mais usado em pínus é a garfagem de topo ou fenda cheia que consiste em várias etapas, vide quadro ao lado.

Os diâmetros da haste do porta‑enxer‑to e do enxerto devem, de preferência, ser coincidentes na altura da enxertia, para que seus tecidos cambiais fiquem em con‑tato ao encaixar essas partes na enxertia.

Para que a enxertia tenha sucesso, al‑guns requisitos básicos devem ser obser‑vados: afinidade entre as plantas (grau de parentesco), analogia entre as plantas

Cultivo de Pínus: Propagação vegetativa

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(semelhança em relação à fisio‑logia, anatomia, consistência dos tecidos, porte e vigor), condições ambientais durante e após a en‑xertia (época do ano, temperatura, umidade), fatores de propagação (vigor do porta‑enxerto e do en‑xerto, materiais e instrumentos adequados), amarrio (manutenção do contato entre enxerto e porta‑enxerto até a completa união), ha‑bilidade do enxertador (cuidados no procedimento), entre outros.

Estaquia

Para espécies de pínus, a propa‑gação vegetativa por estaquia tem sido objeto de estudo há várias décadas. Apesar da tendência ge‑ral nas empresas em adotar e am‑pliar progressivamente o uso de estacas enraizadas, especialmente para a propagação de eucaliptos, no Brasil, o uso de estaca enraizada de pínus é restrito. Tal fato deve‑se, principalmente, à dificuldade de enraizamento e da recuperação da idade fisiológica da planta. Neste caso, é necessária a utilização de material juvenil para se ter êxito no enraizamento.

Uma das grandes dificuldades para o enraizamento de estacas de pínus é a incapacidade de re‑brota das cepas após o corte raso, além de não responder às outras técnicas para a indução de brota‑ções basais, como o anelamento. Deste modo, o resgate vegetativo de árvores superiores tem sido re‑alizado com o material maduro da copa, por intermédio da enxertia em série, visando ao seu rejuve‑nescimento.

Dentre os vários métodos de rejuvenescimento que podem ser empregados para pínus, tem se

destacado a enxertia seriada, prin‑cipalmente para as espécies tro‑picais. Resultados satisfatórios em termos de enraizamento têm sido obtidos para P. oocarpa e P. cari‑beae, enquanto que, para P. taeda, este procedimento não tem sido suficiente para melhorar os índices de enraizamento das estacas.

A propagação de pínus por estaquia depende de fatores que influenciam diretamente o pega‑mento, o desenvolvimento e o en‑raizamento do material. Entre es‑

ses fatores, destacam‑se a idade da planta a ser propagada, o período de coleta das estacas, a lignificação das brotações, a umidade relativa do ar no ambiente da estaquia, o estado nutricional e de turgidez da planta matriz, a temperatura am‑biente e a composição do subs‑trato. O uso de hormônios para a indução de enraizamento de pínus não tem surtido muito efeito. De maneira geral, os propágulos co‑

letados de ramos laterais enraízam melhor que os apicais.

Assim como nos eucaliptos, a miniestaquia vem sendo utilizada na propagação vegetativa de pí‑nus, em vários países. Este método apresenta vantagens em relação à estaquia, como: menor demanda de mão de obra nos procedimen‑tos de preparação das estacas e a juvenilidade das estacas, maior êxito no enraizamento e produção de mudas de boa qualidade, com baixo custo em todas as etapas do processo (implantação, irrigação e manutenção).

Na propagação vegetativa de Pinus taeda, por miniestaquia, recomenda‑se utilizar miniestacas de 5 cm a 8 cm de comprimento.

O sucesso na clonagem de pí‑nus com a técnica da miniestaquia depende da obtenção e manuten‑ção da juvenilidade das fontes de propágulos (cepas) e da identifica‑ção de genótipos com maior capa‑cidade de enraizamento.

Como alternativa na clonagem de pínus, por meio do enraizamen‑to de miniestacas, pode‑se reco‑mendar a multiplicação de famílias selecionadas ainda na fase juvenil (a partir de mudas de sementes). Desta forma, com base nas infor‑mações de famílias avaliadas nos testes de progênies, são identifi‑cados os melhores cruzamentos e destes são produzidas mudas como fonte de minicepas, visando à produção de miniestacas para o processo de produção de mudas por miniestaquia.

Ananda Virginia de AguiarIvar Wendling

Jarbas Yukio Shimizu Embrapa Florestas

Photos by Ananda V. Aguiar

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O setor florestal está forte‑mente inserido no agro negócio nacional, cujo desempenho movimenta

a balança comercial brasileira, res‑pondendo pela quase totalidade (91%) do superávit observado nos últimos anos. Pode‑se destacar que o transporte de madeira está intima‑mente ligado a produção de celulo‑se e papel, madeiras sólidas e seus derivados, com uma participação de aproximadamente US$ 9 bilhões em exportações .

O transporte madeireiro é ca‑racterizado por suas diversidades e ajustes de acordo com cada região. Contudo, mais do que um sim‑ples setor, é um serviço horizon‑talizado que via‑biliza os demais setores, afetan‑do diretamente a qualidade de vida e o desen‑volvimento eco‑nômico em todo o Brasil e mais especificamente em áreas onde existem plantios de reflorestamento.

Considerando que o transporte é um dos principais fatores da logística que, além de representar a maior par‑cela dos custos nesta área, tem papel fundamental no desempenho de di‑versas dimensões do serviço à socie‑dade. A escolha entre as alternativas de modais, entre eles o rodoviário (caminhões), ferroviário (trem), aéreo (aviões) e aquaviário (barcos), deve ser baseada nos impactos de serviços e custos na rede logística. É muito im‑portante verificar o tempo de trans‑porte entre a área de corte e a área de beneficiamento no caso específico das toras de madeira. As ferrovias são

responsáveis por 28% do transporte, enquanto os caminhões são respon‑sáveis por 67%, e os barcos por 5%; relativamente ao transporte em geral no Brasil.

Para a realização de uma análise do setor de transporte existe a neces‑sidade de considerar alguns aspec‑tos que são relevantes e abrangen‑tes, como econômicos, geográficos, meio‑ambiente e segurança. Alguns tópicos podem gerar certa instabili‑dade ou mesmo prejuízo, caso não sejam feitas análises completas de algumas variantes antes de se firmar o contrato. Pensando nisso deve‑se verificar a disponibilidade de veículos

preparados e com capacidade efetiva para este transporte.

A capacidade de produção e de melhoria da qualidade do produto final, em produtos que utilizam em parte ou totalidade a matéria‑prima madeira, apresenta com o aumento da demanda e o desenvolvimento tecnológico, um rápido e contínuo crescimento, refletindo no aumento de área florestal plantada com gran‑de dispersão geográfica em terras cada vez mais distantes. As indústrias de celulose e papel e de madeiras serradas estão entre as que promo‑vem maior distribuição espacial de florestas de produção. Como con‑

seqüência, o custo do transporte de madeira tornou‑se um dos mais im‑portantes componentes do custo fi‑nal desta matéria‑prima na indústria.

O cenário apresentado mostra que é possível avaliar vários aspectos relacionados ao transporte de madei‑ra. Visando a minimização dos custos de transporte e conseqüentemente maximização de lucro da empresa e menor preço ao consumidor final este artigo adota o aspecto econô‑mico.

Sendo assim este artigo teve por objetivo mensurar a viabilidade eco‑nômica do tipo de modal rodoviário, mais especificamente, alguns tipos

de composições de caminhões que podem ser utiliza‑dos na remoção e transporte de to‑ras,

Métodos Pode‑se consi‑

derar esta pesquisa como exploratório, pois busca “pro‑porcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná‑lo mais explícito”. Isto

é, analisar profundamente o caso de uma empresa representativa do setor de transportes, visando entender se realmente existe algum impacto no desempenho da companhia oriundo das características do tipo de cami‑nhão utilizado.

Realizou‑se ainda uma pesquisa individualizada com o atual quadro de despesas e receitas envolvidas com esse tipo de transporte. Esses valores foram obtidos sob a forma de entrevistas aplicada as várias áreas da empresa em questão, entre elas: ad‑ministração, contabilidade, estoque, manutenção e área comercial.

De acordo com o objetivo, bus‑

Custo de diferentes veículos de carga no setor madeireiro

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cou‑se uma situação real, para a qual, pudessem ser analisadas três com‑posições de caminhões, Caminhão Truck (A), Caminhão Truck com Julie‑ta (B) e Caminhão Carreta (C).

Resultados

O transporte de madeira através de modal rodoviário predomina há décadas no País. A maioria das em‑presas florestais opta por caminhões com grande capacidade de carga, exceto quando a capacidade do pa‑vimento não permite. Este é um caso comum e freqüente, dado ao tama‑nho e ao relevo, pois na época do plantio das madeiras reflorestadas, não se idealizava a comercialização nas escalas e valores atuais.

Entre diversos fatores, o custo da operação de transporte depende da distância, da existência de frete de retorno, das condições da rede viária, da eficiência das operações de carga e descarga, da quantidade de carga transportada por composição veicu‑lar, do pagamento de pedágios, com‑

bustível etc. Em virtude da privatização de al‑

gumas rodovias da região, o número de pedágios aumentou significati‑vamente, assim como a fiscalização quanto à observância da Lei da Ba‑lança, pela preocupação das conces‑sionárias quanto à conservação das estradas sob sua administração.

Portanto, o número de eixos na composição e o peso em cada eixo são hoje fatores de preocupação para o transportador, que sempre busca a otimização da quantidade de ma‑deira transportada por veículo, sem, contudo ultrapassar os limites esta‑belecidos na legislação.

Os custos operacionais têm liga‑

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ção direta com a rede viária, pois, o padrão das estradas irá refletir quan‑to à manutenção dos caminhões, a vida útil dos pneus, o consumo de combustível, a produtividade do transporte florestal, a composição que melhor se adapta etc.

A diferença entre os caminhões sim‑ples, articulados e conjugados, que são os objetos deste es‑tudo, é basicamente a quantidade de ei‑xos, consumo de combustível, valor do capital inicial empregado, etc.

Custos Fixos São custos fixos corresponden‑

tes aos custos de operação (CFO). Esses gastos não variam com a dis‑tância percorrida, isto é, continuam existindo, mesmo com o veículo pa‑rado. Normalmen‑te, são calculados por mês, entretanto cada empresa pode adequar às suas necessidades. A pe‑riodicidade que se fixam as variáveis e se consolidam as tabelas orçamen‑tárias devem estar de acordo com a neces‑sidade e pretensão de cada transpor‑tadora. Entretanto, cada transportadora possui realidades ad‑versas.

De acordo com a Associação Nacio‑nal do Transporte de Cargas observa‑se uma relação base para os custos fixos que é composto das seguintes parcelas:

• Remuneração mensal do capital investido

• Salário do motorista • Reposição do veículo • Licenciamento • Seguro do veículo • Seguro de responsabilidade civil

facultativo Custos Indiretos Os custos indiretos (CI), também

conhecidos como despesas admi‑nistrativas e de terminais (DAT), são aquelas que não estão relacionadas diretamente com a operação do ve‑ículo. Não variam, portanto, com a

quilometragem rodada. Assim, seu custo deve ser apurado dividindo‑se o seu valor mensal pela tonelagem mensal movimentada.

De acordo com a estrutura de custos adotada pela FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas da USP, este

item se subdivide em: • Salários, ordenados, honorários

de diretoria e encargos sociais; • Aluguéis de áreas e imóveis; • Tarifas de serviços públicos:

água; energia elétrica; correio, telefo‑ne, fax, etc;

• Serviços de manutenção, con‑servação e limpeza; serviços profissio‑nais de terceiros (Escritório Contábil);

• Impostos e taxas; IPTU; Imposto de Renda; ICMS; IOF; Outros impos‑tos;

• Outros custos, material de escri‑tório e limpeza; uniformes; despesas com conservação de bens e instala‑ções; despesas diversas; refeições e lanches.

Custo Fixo Total O custo fixo total

(CFT) é a soma dos custos fixos de ope‑ração (CFO) com os custos indiretos (CI).

Custos variáveis Os Custos Variá‑

veis, dizem respeito aos pagamentos que a firma terá de

efetuar pela utilização de fatores de produção variáveis. Os custos variá‑veis variam de acordo com o volume de produção da firma, e incluem itens

tais como, despesas com matérias‑pri‑mas, energia elétri‑ca, mão de obra etc. Estes custos serão iguais a zero quando não houver produ‑ção e aumentarão à medida que a pro‑dução aumentar.

O custo variável é composto dos se‑

guintes itens : • Peças, acessórios e material de

manutenção; • Despesas com

combustível; • Lubrificantes; • Lavagem e Lu‑

brificações; • Pneus e recau‑

chutagens. Receitas As receitas são

calculadas a par‑tir da quantidade

transportada, quantidade de viagens mensais e o valor por tonelada trans‑portada.

Resultados das Análises

Os resultados das análises é a comparação entre os resultados ob‑tidos em cada ferramenta de calculo, pois, cada ferramenta sozinha não é suficiente para se obter uma análise precisa, mas, a junção delas.

Para se realizar uma análise mais

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precisa sobre o transporte de toras de madeira necessita‑se considerar alguns aspectos que são relevantes, como, o aspecto geográfico, meio ambiente, segurança e o econômico.

O aspecto geográfico correspon‑de ao relevo encontrado na região, o qual não se apre‑senta como um terreno plano, em quase sua to‑talidade contem aclives e decli‑ves acentuados. Logo cada com‑posição de ca‑minhão se com‑porta de maneira diferente, pois, os custos variáveis têm ligação direta com a rede viária onde o caminhão trafega.

Essa condição de subidas e des‑cidas faz com que haja um aumento de manutenção, aumento no consu‑mo de combustível, diminuição da vida útil dos pneus e diminuição da produtividade, visto que a velocidade média diminui.

Logo, o padrão das estradas defi‑ne qual a composição veicular a ser utilizada. A seguir será apresentada a conclusão para cada composição vei‑cular.

• Caminhão A Essa com‑

posição é a que apresenta melhor resultado, pois se trata de cami‑nhões médios. Como, o seu PBT é baixo o aumento com manutenção não será significati‑vo, pois se está tra‑balhando dentro de suas condições normais, o mesmo acontece com o consumo de combustível, já que não está se usando a potência máxima do motor. No caso da diminuição da vida útil dos pneus, também não é signifi‑cativa, visto que, o peso é adequado e a carga está em cima do caminhão fazendo com que o desgaste por “patinar” seja pequeno. Porém, em relação à diminuição da produtivi‑dade, para essa composição se torna

expressiva, pois a sua capacidade de carga é pequena. Quanto ao acesso nos lugares de carregamento, essa é a composição que apresenta melhor acessibilidade às áreas de florestas, diminuindo assim o tempo de carre‑gamento.

• Caminhão B Essa composição não apresenta

um resultado tão expressivo quanto à do item anterior, pois se trata de caminhões médios acoplados a um reboque “Romeu e Julieta”. Nessa composição, o PBT é o mais alto das três composições analisadas, logo o aumento com manutenção é sig‑nificativo, pois se está trabalhando nas condições extremas do veículo, o mesmo acontece com o consumo de combustível, já que está se usan‑do a potência máxima do motor o

consumo será excessivo. No caso da diminuição da vida útil dos pneus, também é significativa, visto que, a quantidade é duas vezes maior ao da composição anterior, e como se tra‑ta de um reboque, os pneus do ca‑minhão em subidas muito íngremes tendem a “patinar”, fazendo com que aumente o desgaste prematuro dos pneus. Porém, em relação à diminui‑ção da produtividade, para essa com‑

posição não é muito expressivo, pois a sua capacidade de carga é a maior entre as três analisadas. Nessa condi‑ção o carregamento é mais demora‑do, pois são dois compartimentos de carga, e a composição é de difícil ma‑nobra em lugares com pouco espaço.

• Caminhão C Em relação à

manutenção o caminhão C apre‑senta um resulta‑do equivalente ao A, pois se trata de caminhões pesa‑dos, com elevada potência de mo‑tor e com sistemas de tração reforça‑

dos, logo o seu PBT é alto, porém não excessivo, com isso os caminhões trabalham dentro de suas condições normais, o mesmo acontece com o consumo de combustível, já que não está se usando a potência máxima do motor. No caso da vida útil dos pneus, essa composição é a que apresenta maior desgaste nos pneus de tração, devido à carga estar no reboque os pneus patinam aumentando o des‑gaste e por conseqüência diminuin‑do a vida útil. Porém, em relação à diminuição da produtividade, nessa

composição se tor‑na expressiva, se trata de caminhões muito compridos, dificultando assim sua acessibilidade nas florestas, po‑dendo até a não conseguir carregar.

Meio Ambiente Para esse as‑

pecto, a maior preocupação e a emissão de gases no ambiente pelo

escapamento devido à combustão do motor. Logo, a otimização do ca‑minhão contribui para essa questão.

O caminhão A devido ao seu baixo PBT terá que fazer um núme‑ro maior de viagens para conseguir transportar a mesma quantidade do que o caminhão B ou até mesmo o caminhão C, logo o tempo de funcio‑namento do motor será maior e por conseqüência a emissão de gases po‑

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luentes será maior. Em relação ao caminhão B e o C, a

questão da otimização não é tão sig‑nificativo, visto que eles transportam quase à mesma quantidade, porém, o consumo de combustível para o ca‑minhão B é maior que o caminhão C, com isso a emissão de gases de B é maior que a de C.

Segurança Quanto ao aspecto de segurança

as três composições não possuem problemas, pois, neste trabalho elas foram analisadas de acordo com o PBT, o qual é estabelecido por lei, seguindo nor‑mas especificas. Porém, para que a segurança des‑tes caminhões seja mantida, são necessárias cons‑tantes manuten‑ções em todo o veículo, e seus limites de carga não podem ser excedidos.

Econômico O aspecto

econômico é o mais relevante, visto que a visão de uma empresa é a maximização dos lucros, pois para ela se manter no mercado competitivo, o investimento necessita ser lucrativo. Nessa questão cada composição tem sua particularidade:

• Caminhão A: Nessa composição o investimen‑

to inicial e seus custos fixos e variá‑veis são menores se comparadas às composições B e C, em contrapartida devido a sua capacidade de carga ser menor e as quantidades de viagens serem iguais para as três composi‑ções, a receita é a menor, logo há um prejuízo econômico.

• Caminhão B: Para essa situação a receita bruta

é a maior, pois, é a composição que possui maior capacidade de carga por viagem. Porém, mesmo com ca‑pacidade superior seus custos são maiores do que a receita, fazendo com que a empresa opere em prejuí‑zo econômico.

• Caminhão C Essa configuração é a que apre‑

senta maior investimento inicial e maiores custos fixos, a receita bruta se equivale à receita do caminhão B, porém seus custos são maiores. Logo, essa composição não gera lucro e sim prejuízo econômico.

Porém, o calculo da viabilidade econômica podem conter outras variáveis, pois na prática os empre‑sários podem utilizar desses outros meios para se manterem no merca‑

do. Como exemplo: • O excesso de peso, caminhões

transportando quase o dobro de sua capacidade permitida;

• Jornadas de trabalho excessivas, que chegam até a 18 horas diárias, sem o pagamento de horas extras, adicionais noturnos etc.;

• Colaboradores sem descanso semanal, trabalhando nos finais de semana;

• Colaboradores sem o registro em carteira;

• Inadimplência fiscal. Porém, trabalhando dessa forma

o empresário não tem a certeza de sucesso em sua empresa, logo deve‑se buscar o equilíbrio em cada com‑posição de caminhão, pensando em medidas como:

• Trabalhar em sistemas de tur‑nos, para que o caminhão tenha mais tempo produtivo;

• Buscar cargas de retorno, otimi‑zando o caminhão;

• Rodovias com menos pedágios, diminuindo custos variáveis;

• Estradas em melhores estados, diminuindo consumo de combustí‑vel e manutenção;

• Controlar a queda do valor pago por tonelada pelas empresas.

Portanto, deve‑se analisar de for‑ma criteriosa antes de fazer um in‑vestimento ou firmar um contrato de transporte de toras de madeira, pois na situação atual os empresários que trabalham dentro da legalidade estão

“pagando para trabalhar”.

Analisando os aspectos anterior‑mente comenta‑dos e tendo como objetivo comparar qual das compo‑sições apresenta maior viabilidade econômica con‑clui‑se que:

Após os cál‑culos com os métodos deter‑minísticos, pode‑se observar que todas as opções operam em pre‑juízo econômico, isso se dá devido

aos custos serem maiores que as re‑ceitas.

Contudo, a alternativa B (Romeu e Julieta) é a que apresenta melhor resultado, com prejuízo econômico menor se comparado com as outras opções.

Logo, vale ressaltar que este es‑tudo pode ser de grande importân‑cia para as empresas , no âmbito da tomada de decisão em relação ao in‑vestimento em questão, pois trata‑se de dados regionais, e com resultados que retratam a realidade do setor de transportes rodoviários, em especial o de toras de madeira.

Antonio Francisco Savi Professor do Departamento de Engenharia

Industrial Madeireira, UNESP ‑ CE Itapeva Fernando de Lima Canepelle

Professor do Departamento de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, USP – Pirassununga Marcos Ricardo Garcia de Oliveira

Engenharia Industrial Madeireira, Campus Experimental de Itapeva – UNESP

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Fevereiro de 2013 é uma data importante para os pequenos e médios produtores de

madeira nobre do Brasil. Nasce o Clube da Ma‑deira Nobre! Com o objetivo de dar suporte aos pequenos e médios produtores de madeira no‑bre espalhados pelo Brasil, e que hoje sentem muita dificuldade em ter acesso ao que há de novo dentro deste mercado, o Clube da Madei‑ra Nobre deseja unir estas pontas e fazer com que estes produtores possam obter, os tão es‑perados resultados positivos que fizeram com que eles escolhessem plantar espécies nobres em suas propriedades.

Para Everton Regatieri, um dos fundado‑res do Clube da Madeira Nobre, após trabalhar por vários anos à serviço do mercado florestal, acumulando muita experiência no assunto, verificou que os pequenos e médios produto‑res de madeira nobre sofrem para conseguir qualquer tipo de serviço técnico especializados, desde o plantio até a comercialização. Segundo

Regatieri: “Já vimos muitos casos de produtores de madeiras nobres que, sem mercado para co‑mercialização de seu produto nobre, vendem suas madeiras a qualquer preço e para os mais variados fins, fins este que outros tipos de ma‑deira de ciclo curto serviriam, como é o caso de mourões de cerca”.

Outra área de atuação do Clube da Madei‑ra nobre será no treinamento de engenheiros florestais e agrônomos para o mercado de ma‑deira nobre. Oferecerá aos novos profissionais desta área a possibilidade de adquirirem conhe‑cimentos junto com a equipe técnica creden‑ciada pelo clube. Num curto espaço de tempo queremos treinar mão de obra em diversas re‑giões do país. Com isso conseguimos diminuir os custos dos produtores, especialmente em serviços técnicos, visitas e orientações, afirma o Eng. Carlos Anastácio Jr, também um dos fun‑dadores do clube.

A idéia do Clube da Madeira Nobre é juntar

estes produtores para que possam ter a opor‑tunidade de receber o que há de mais moder‑no no mercado de madeira nobre. Queremos também subsidiar custos técnicos e oferecer o que dificilmente é disponibilizado, informações técnicas especializadas para produtores de ma‑deira nobre.

O Clube conta e oferece aos seus clien‑tes uma experiente equipe jurídica, capaz de auxiliar produtores de madeira nobre, nas difi‑culdades que possam surgir desde orientações num simples contrato de arrendamento, até nas complexas questões tributárias e fiscais que en‑volvem a floresta.

Chegou o Clube da Madeira Nobre

Normas técnicas para madeira tratada

Depois de vários anos de trabalho, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas)

publicou as normas NBR 6232 ‑ Penetração e retenção de preservativos em madeira tratada sob pressão, e NBR 16143 ‑ Preservação de Ma‑deiras ‑ Sistema de categorias de uso, que a en‑tidade considera como um marco para o setor

Para trabalhar cada norma, a Diretoria Ad‑junta de Normatização cria uma comissão espe‑cífica. Sérgio Brazolin, biólogo do IPT, e coorde‑nador da comissão da NBR 16143, salienta que a utilização da madeira tratada na construção civil precisava de uma norma simples e didáti‑ca. “Essa ferramenta vai auxiliar engenheiros e arquitetos a decidirem a espécie de madeira e o tratamento adequado para que não ocorram

ataques de insetos e apodrecimento do mate‑rial, aumentando a vida útil do sistema cons‑trutivo. A escolha do produto e do processo de tratamento depende do tipo de madeira e das condições em que será utilizada.

“O setor da construção civil não tinha pa‑râmetros para a utilização da madeira tratada. Agora tem. E a nossa expectativa é consolidá‑la esse segmento, pois existe um grande espa‑ço a ser preenchido por ela”, Flávio C. Geraldo, presidente da ABPM. No Brasil, de acordo com dados estimativos da ABPM, o volume de ma‑deira tratada em autoclave por ano é de apenas 1,5 milhão de m³, sendo que apenas entre 5 e 10% é utilizado na construção civil (de 60 a 65% vai para a área rural, em especial mourões para cerca; 15% para o setor elétrico; e o mesmo per‑centual para o segmento ferroviário). Nos Esta‑dos Unidos são utilizados mais de 12 milhões de

m³ de madeira tratada por ano, e aproximada‑mente 70% da produção destinada ao setor da construção. No Canadá, 3,2 milhões de m³, e na Europa, 4 milhões de m³ somente em sistemas construtivos.

Além das questões técnicas, houve a pre‑ocupação com os aspectos legais, portanto to‑dos os princípios ativos dos produtos preserva‑tivos mencionados nesse texto normativo estão devidamente registrados no IBAMA.

Gisleine Aparecida da Silva, química, tam‑bém do IPT, foi a coordenadora da revisão da NBR 6232. “A última versão dessa norma era de 1973, e muita coisa em termos de métodos, equipamentos e produtos preservativos mu‑dou ao longo do tempo. Além disso, ela não contemplava ensaios de retenção, que agora constam da norma e foram acreditados pelo INMETRO”, explica.

Criada em 2011 pela ABRAFATI (Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas), a Cam‑

panha Madeira de Verdade entrou em uma nova etapa em 2013, buscando destacar forte‑mente os atributos diferenciados da madeira e promover as diversas possibilidades de sua uti‑lização, de maneira original e inovadora, na pro‑dução de móveis, na decoração, na construção e em inúmeras outras aplicações.

As crescentes exigências da sociedade relacionadas à sustentabilidade serão um dos direcionadores da campanha, que desenvolve‑rá ações para conscientizar os especificadores (como os designers, decoradores e arquitetos) e usuários finais de que a madeira é uma matéria‑prima de fonte renovável, que se decompõe sem gerar impacto e pode contribuir para a redução da utilização de outros materiais não

renováveis. Para isso, além de valorizar o mate‑rial, será necessário desfazer mitos relacionados ao seu uso, como o de que comprar madeira ou objetos feitos com ela significa contribuir para a destruição de florestas. “Temos de mostrar claramente que utilizar madeira de origem le‑gal ou comprar produtos feitos com ela é uma atitude correta do ponto de vista ambiental”, afirma Humberto Tufolo Netto, coordenador da Campanha.

Uma das questões a ser enfrentada é que no Brasil, por motivos culturais e por precon‑ceitos injustificados, ainda se usa pouca ma‑deira em aplicações mais nobres. Porém, o país possui condições extremamente propícias para produzir esse material com qualidade e em quantidade, de maneira legal e sustentável. Ao mesmo tempo, conta com empresas e profis‑

sionais de ponta para desenvolver projetos que envolvam a sua utilização. É necessário, assim, que o país se incorpore a uma tendência, exis‑tente em todo o mundo, de valorização da ma‑deira, que se reflete no universo da moda e do design. Hoje, no mercado de luxo, já se veem diversos exemplos de utilização do material em joias, bolsas e baús de viagem, armações de óculos e muitos outros.

Para fazer frente a seus objetivos, essa nova etapa da Campanha envolverá ações voltadas para diversos públicos, com especial ênfase nos formadores de opinião, nos designers e nos es‑pecificadores de materiais para obras e projetos de decoração. A participação em eventos será priorizada, para a disseminação de informações ao público, muitas vezes com a realização de palestras.

Campanha: MADEIRA DE VERDADE destaca diferenciais

Nota

NOTAS

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NOTAS

A necessidade de desenvolver profissionais de design e atender ao crescente mer‑

cado de bicicletas na Colômbia levou a Facul‑dade de Desenho Industrial da Universidade Pontifícia Bolivariana de Medellín a criar um projeto inusitado no qual a madeira laminada AraucoPly, foi a matéria‑prima principal. Até novembro, haviam sido fabricados pelos estu‑dantes 25 modelos de bicicleta .

Segundo o coordenador do curso, Prof. Andrés Valencia Escobar, existe uma tendência global que aponta a madeira como material para a fabricação dos quadros e outras partes da bicicleta. Foram utilizadas placas lami‑nadas, e a produtora HA bicicletas com sua marca GW, forneceu todos os componentes mecânicos. As bicicletas de madeira apre‑sentam atributos como leveza, resistência e maleabilidade para a concepção dos projetos, além de serem ambientalmente corretas. Em alguns projetos, as placas foram combinadas com partes de madeira maciça e bambu.

Para conferir os atributos desejados à placa de madeira laminada, a Arauco, líder mundial na fabricação de produtos florestais sustentáveis, empregou tecnologia de ponta desde o cultivo da madeira em florestas plan‑tadas até o desenvolvimento do modelo Arau‑coPly. O produto é destinado aos mercados de móveis e estruturas em madeira. Seu principal diferencial tecnológico é a alta resistência mecânica e grande estabilidade obtidas pelo processo de fabricação que alterna a posição das chapas perpendicularmente ao sentido da fibra. A resina fenólica utilizada para colar as placas é certificada segundo os padrões am‑bientais europeus.

A indústria italiana de máquinas para trabalhar madeira, uma das mais tradicionais do mun‑

do, apresentou em 2012 um ano pouco favorá‑vel, com números negativos . De acordo com estudo da Acimall confirmam‑se os problemas enfrentados pela indústria italiana, que nos últi‑mos cinco anos perderam 30 por cento de sua capacidade produtiva.

Comparado a 2011, a produção caiu 9.8 %, uma variação causada pela redução do merca‑do interno (menos 15 % ) e uma redução das exportação (menos 8 %). Nenhuma surpresa, infelizmente, o resultado negativo já era espe‑rado pois todos os indicadores de desempenho vinham caindo, depois da repercussão que es‑vaziou seu efeito em 2011. Também tem que se considerar que a estrutura de mercado mudou, e a indústria não está enfrentando uma ten‑dência temporária, mas uma situação nova que tem que levar em conta.

“Nós estamos pagando os efeitos da crise que atingiu os clientes italianos”, disse Paolo Za‑nibon, diretor geral de Acimall, associação ita‑liana de fabricantes de maquinas para trabalhar madeira. “A tendência negativa está presente nos setores de construção, mobília e artigos madeira‑e inevitavelmente resulta em retra‑ção de todos os investimentos em bens de produção.”

A redução de demanda também é clara nas

importações que diminuiram 13 %. Assim, até mesmo os fabricantes alemães e chineses es‑tão sofrendo, enquanto em 2011 apresentaram um desempenho melhor.

“É impossível inverter esta tendência sem ações efetivas do governo. A indústria de bens de capital sempre foi um pilar de nossa econo‑mia, dando uma contribuição significativa ao equilíbrio de comércio exterior.”, destaca Zani‑bon, acreditando que o ano de 2013 pode ser de consolidação e recuperação.

Através da Portaria 04, de janeiro de 2013, foi instituído no Rio Grande do Sul o Programa

de Educação Florestal Gralha Azul, que tem como objetivo a ampla divulgação da impor‑tância ecológica, social e econômica da flora e florestas nativas remanescentes no Estado, e seus ecossistemas associados. O Programa visa a educação e conscientização ambiental não formal, em cumprimento da legislação ambien‑tal/florestal vigente para um desenvolvimento sustentável e incremento da biodiversidade através de ações e projetos.

O programa foi criado pelo engenheiro Ro‑berto Ferron, diretor do DEFAP – Departamento de Florestas e Áreas Protegidas‑ SEMA‑Secre‑taria Estadual de Meio Ambiente. Segundo Ferron, o Código Florestal Estadual estabelece como instrumentos da política florestal esta‑dual, a educação ambiental. Portanto, havia a necessidade deste instrumento de educação, pois o órgão trabalhava priorizando ações de licenciamento e fiscalização. Agora, a SEMA/DEFAP terá um instrumento institucional para desenvolver ações de educação e conscienti‑zação ambiental na área florestal.

Com primeira atividade do Gralha Azul pre‑tende resgatar o valor histórico e econômico do o pinheiro brasileiro, e da erva mate. Deverá ser valorizado os elementos que compõem a flora e fauna gaúcha, como a araucária, a erva mate, a gralha azul e o papagaio charão, entre outras, já que todas são espécies endêmicas, ou seja, só existem aqui na região sul do Brasil. Este programa envolverá inúmeros parceiros, como outras secretarias e órgãos estaduais, prefeituras municipais, cooperativas, sindicatos, universida‑des, escolas, empresas e entidades. Pretende‑se trabalhar em 200 municípios da região de abrangência da araucária e erva mate. A meta é audaciosa, plantar 10 milhões de mudas e/ou sementes de espécies nativas nos próximos quatro anos, como o pinheiro brasileiro, erva

Bicicletas feitas em madeira laminada

Produção italiana de máquinas cai 10%

Projeto Gralha Azul distribui 700 mil mudas nativa no RS

De 6 a 10 de maio acontece na cidade de Han‑nover, Alemanha, a feira Ligna, ainda hoje o

evento de destaque mundial em novidades em maquinas para madeira e florestal. A Feira reúne cerca de 1.700 expositores, dos quais mais da me‑tade procedentes de 50 paises. Uma terça parte do publico visitante tambem vem de outros países. São 90 mil visitantes de 90 países, com alto grau de poder de decisão.

Entre os principais países expositores, reunidos nos 130 mil m2 de feira, se encontram Alemanha, Itália, Austria, Espanha, Suiça, Suécia, Dinamarca, Turquia, Taiwan e China.

Seguindo o lema central “ Ter mais da madeira: inovações, soluções, eficácia “ a feira reflete toda a cadeia produtiva de valor agregado, começando pela silvicultura, até o tratamento e elaboração da madeira.

Nesta edição protagonizam as apresentações de tendências como a produção sustentável inteli‑gente, as tecnologias de fabricação individualizadas, assim como a flexibilização em todos os âmbitos. As inovações como as tecnologias de tratamento de superfície, as construções rápidas, a bioenergia pro‑cedente da madeira e a fabricação de esquadrias e portas constituem seções da Ligna, apresentando‑se com uma grande variedade. Tambem se aguar‑dam grandes novidades no âmbito dos sistemas de controle aplicados a diferentes processos e as tecnologias de fabricação multifuncional.

Ligna mostra tendências em tecnologia

mate, e outras espécies florestais nobres ame‑açadas de extinção. Serão aproximadamente 25.000 hectares, ou seja 1% da área do estado.

Neste contexto estão inseridos os seguin‑tes programas: a) Programa de Repovoamento do Pinheiro Brasileiro, parceria com a empresa RGE; b) Programa Plante Árvores Nobres, tam‑bém em parceria com a RGE; c) Programa de Restauração de Matas Ciliares, parceria com a CEEE; d) Programa Ser Árvore – Erva Mate, par‑ceria com a AES SUL; e) Pedágio Verde da Soli‑dariedade.

Através da reposição florestal obrigatória devida por empreendedores, e além de proje‑tos comunitários, disponibilizamos aproxima‑damente 700 mil mudas de espécies florestais nativas aos proprietários rurais, prefeituras, co‑operativas, associações e ONGs, que tenham interesse em apresentar projetos técnicos de re‑cuperação de áreas degradadas, e até plantios comerciais de pinheiro brasileiro e erva mate. O Diretor do DEFAP, Roberto Ferron esclarece que as mudas serão cedidas gratuitamente, basta elaborar um projeto técnico simples individual ou coletivo, e ter responsável técnico. Para saber mais detalhes, acesse o portal oficial da SEMA www.sema.rs.gov.br

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O eucalipto arco-íris

Pode parecer estranho, mas a foto ao lado não é arte de grafiteiro, muito menos fruto

de imaginação de uma criança. O nome cien‑tífico dessa espécie de Eucalipto é Eucalyptus deglupta Blume, conhecida como Eucalipto Arco‑íris. A palavra deglupta deriva do latim degluptere, que significa perda da casca ou descamação da pele, referindo‑se à forma como ocorre o processo de separação da cas‑ca. É exatamente esse processo que resulta na coloração vistosa do seu tronco. Ao mover a casca ao longo do ano, o verde escurece para dar tons de azul, roxo, marrom, laranja, rosa ocre, dentre outros.

Madeira brasileira atrai estrangeiros

Investir em madeira brasileira pode render mais que uma aplicação em ouro e ser mais

interessante que os papéis do Tesouro america‑no. O anúncio parece exagerado. Mas é a men‑sagem que dezenas de fundos de investimento estão lançando em países ricos, em busca de pessoas interessadas em aplicar seu dinheiro. Com o setor imobiliário implodido nos países ricos e dúvidas em relação a aplicações tradicio‑nais, empresas apresentam segmentos alterna‑tivos, caso da madeira brasileira, como opção.

Uma dessas empresas é a Greenwood, que criou o que chama de “Projeto Acácia”. A com‑panhia estrangeira comprou cinco áreas em um total de 2,3 mil hectares para plantar de forma sustentável as árvores. Uma dessas áreas fica no Estado da Bahia.

O interessado aplica seu dinheiro, compra simbolicamente áreas nessas terras da empresa e será a venda dessa madeira para o mercado

Surge a Associação Goiana de Silvicultura, que tem como objetivo incentivar a participa‑ção dos produtores rurais nos grandes segmen‑tos de base florestal: celulose, papel, serrados, painéis de madeira, pisos, portas, molduras, carvão industrial.

Segundo Adilon de Souza, diretor da SGPA e um dos coordenadores da criação da Asso‑ciação Goiana de Silvicultura, “empreendedores europeus e de outros países e estados brasi‑leiros têm buscado em Goiás a viabilidade de implantação de parques fabris ou mesmo de compra de produtos de base florestal, tudo em vão devido à escassez de matéria prima e de

A espécie, nativa do sul das Filipinas, Indo‑nésia e Nova Guiné, já pode ser encontrada em várias regiões tropicais como Porto Rico, Ilhas Salomão, Fiji, Samoa, Taiwan, Malásia, Costa do Marfim, Costa Rica, Honduras, Brasil, Cuba e Porto Rico, pelo rápido crescimento em áreas ensolaradas, úmidas e de boa drenagem. Em condições ideais, pode crescer até três metros em um ano e isto fez com que o seu cultivo, assim como de outras espécies de eucalipto, se voltasse para a indústria do papel.

Foi comparado E. deglupta e E. saligna quanto às características da madeira e proprie‑dades da polpa Kraft, obtendo o E. deglupta superioridade nas características dimensionais das fibras e elementos de vasos da madeira, bem como melhores valores na polpa Kraft para resistência à tração, alongamento, arre‑bentamento e rasgo. É utilizada também como árvore ornamental e muito apreciada em jardi‑

nagem devido à beleza cênica proporcionada pelas suas cores marcantes.

O cerne do E. deglupta é de cor marrom avermelhada e o alburno é branco ou um rosa claro. O peso específico é maior para o mate‑rial de florestas antigas (0,45‑0,65 g por cm3) que o material de plantações jovens (de 0,35 a 0,40 g/cm3). O cerne é resistente aos besouros do gênero Lyctus, mas não resistente a cupins. A madeira não é durável quando em contato com o solo, sendo mais utilizada para móveis, molduras, casas, edifícios e barcos. E. deglupta é também usado, de forma limitada, para lenha e carvão. Os óleos aromáticos ocorrem em pe‑quenas quantidades, em torno de 0,2 por cen‑to, na folhagem e não têm interesse industrial. Apesar dessas utilidades, o uso mais frequente do E. deglupta se dá como árvore ornamental e de sombra, devido à sua casca atraente e ao rápido crescimento.

doméstico brasileiro e eventual exportação que garantirá o retorno do investimento. Os dividen‑dos, segundo a empresa, começarão a aparecer dentro de três anos. Por meio hectare adquirido, o investidor paga 6,2 mil euros. Os pacotes po‑dem chegar a 505 mil euros.

O Brasil é um mercado em expansão e que só pode ficar melhor com a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. “Nesse momento, muitos investidores estão saindo da Europa e indo ao Brasil na preparação desses eventos e o gover‑no está gastando bilhões em infraestrutura”, disse Fleming.

Casas popularesOutro fator que está impulsionando esses

fundos é a decisão do governo de lançar a cons‑trução de casas populares, que também exigi‑riam o fornecimento de madeira.

De fato, segundo a Wood Resource Quar‑terly, empresa que mantém um monitoramento

dos preços de madeira pelo mundo, o custo do produto no Brasil bateu um recorde em 2011, diante da demanda aquecida. De acordo com o levantamento, o recorde não se refere ape‑nas aos preços no Brasil nos últimos anos, mas também em comparação com regiões como Europa, Austrália, Chile e Rússia. A demanda externa também ajudou a elevar os preços, algo positivo para os investidores. Em 2011, as exportações aumentaram 6%, principalmente para China, México, Marrocos e Arábia Saudita.

políticas de desenvolvimento para o setor”.Adilon, que já foi deputado e prefeito,

adianta ainda que uma delegação da Holanda esteve em Goiânia buscando oferta de pellets em volume de 78 milhões de toneladas nos próximos dez anos. Isso significa 480 mil hecta‑res produzindo, simultaneamente, apenas para atender esse grupo, ou seja, de oito vezes a área total plantada em Goiás.

A implantação da AGS contribuirá para o equilíbrio do Cerrado, preservando a floresta nativa.. A associação dará novas chances de renda aos produtores goianos. “São novas ati‑vidades produtivas e que podem proporcionar

boas alternativas de investimentos com as flo‑restas plantadas.” O presidente interino da as‑sociação, Gilberto Sant’Anna Filho, espera que com as florestas plantadas de madeira, sejam rentáveis as atividades produtoras de celulose e papel, painéis de madeira reconstituída e si‑derurgia a carvão vegetal, além de produtos de madeira sólida e de móveis de elevado padrão de qualidade.

A integração lavoura e pecuária e silvicul‑tura estimula ao produtor diversificar, cada vez mais, suas atividades. E auferindo maior lucro com baixo risco.

Associação Goiana de Silvicultura

Nota

NOTAS

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Uma pesquisa iniciada pela Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas‑MG) e pelo Departa‑

mento de Agricultura dos Estados Unidos (US‑DA‑ARS) em 1998, que culminou na clonagem de um gene que confere tolerância ao alumínio no sorgo, trará benefícios para a cultura do eu‑calipto.

Na Embrapa, o projeto foi concluído em 2007 e, na primeira semana de dezembro de 2012, foi firmada uma parceria com a Futura‑Gene, empresa comprada pela Suzano Papel e Celulose, para introduzir esse gene em cultivares de eucalipto. A ideia é fazer com que as raízes das plantas de eucalipto se desenvolvam mais e possam extrair mais água e nutrientes em solos com toxidez de alumínio.

No sorgo, o gene atua formando uma es‑pécie de barreira que impede que o alumínio nocivo penetre na planta. Daí surge a tolerância.

Cada vez mais a produção agropecuária tem sido vista como fonte de biomassa que pode

substituir o petróleo como matéria‑prima para diversos produtos: combustíveis, compostos químicos, polímeros, outros materiais e também energia elétrica e calor.

Com o objetivo de subsidiar a elaboração de uma agenda estratégica para o avanço do co‑nhecimento e da inovação nessa área, a diretoria‑executiva da Embrapa estabeleceu o grupo de trabalho “Química e Tecnologia de Biomassa”, for‑malizado em 2012 e coordenado pelas unidades Embrapa Agroenergia (Brasília, DF) e Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza, CE). Chamada de Rede Biovalor, a equipe fez um levantamento das competências, infraestrutura e linhas de pes‑quisa com que a Empresa já conta na área.

O coordenador do grupo na Embrapa Agro‑energia, Alexandre Cardoso, diz que “diversas uni‑dades da Empresa realizam atividades nessa área, mas ainda de maneira dispersa, havendo neces‑

Tecnologia em Biomassa ganha rede pesquisa na Embrapasidade de integrar esses esforços para potenciali‑zá‑los”. O grupo de trabalho está finalizando uma nota técnica, que contextualiza a área de Química e Tecnologia de Biomassa no Brasil e no mundo, além de apontar temas para ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação na Embrapa.

Conforme o pesquisador Fábio Miranda, co‑ordenador do grupo na Embrapa Agroindústria Tropical, por causa da importância do tema, há uma expectativa de que um portfólio seja criado englobando as competências, as pesquisas e os projetos existentes nas diversas unidades da em‑presa.

Biorrefinarias

A ideia é trabalhar no contexto das biorrefi‑narias, abordagem que prevê a produção

integrada de diversos itens a partir da biomassa. Energia, produtos químicos e novos materiais são possíveis plataformas para atuação da Embrapa nesse contexto, de acordo com as informações levantadas. Dentro dessas três grandes áreas, há possibilidades para obtenção de diversos produ‑tos, tais como etanol, biogás, biodiesel, bioque‑rosene, substâncias aromáticas, biopesticidas, polímeros, adesivos etc. Para tanto, podem ser exploradas pelos menos quatro rotas tecnoló‑

gicas: química, físico‑química, termoquímica e biotecnológica.

Atualmente, apenas 7% dos produtos quí‑micos comercializados no mundo são de origem renovável. O Brasil tem condições privilegiadas para assumir papel de destaque no aumento da participação desses itens no mercado. É só lembrar que uma porção significativa da biodi‑versidade do planeta é encontrada em território nacional.

“Além de contribuir para a maior sustenta‑bilidade da nossa produção industrial, a expec‑tativa é que o crescimento do setor de química de biomassa agregue valor também à produção agropecuária, gerando mais renda no campo”, ressalta o chefe‑geral da Embrapa Agroenergia, Manoel Teixeira Souza Júnior. Vale destacar que o conceito de biorrefinarias preconiza o aproveita‑mento integral da biomassa, inclusive dos copro‑dutos e resíduos.

No entanto, investimentos expressivos em pesquisa ainda precisam ser feitos. Das 55 mil es‑pécies vegetais catalogadas no Brasil, menos de 1% tem sua composição química conhecida. Isso sem contar que existem pelo menos mais 300 mil espécies que nem estão catalogadas.

Em sorgo, esse gene possibilita a liberação para o meio externo de substâncias denominadas ácidos orgânicos. Quando no meio externo, tais compostos reduzem a toxidez causada pelo alu‑mínio.

A identificação do gene e sua clonagem podem permitir uma redução significativa na toxicidade causada pelo alumínio na cultura do sorgo em solos ácidos, que correspondem a aproximadamente 50% das terras cultiváveis em todo o mundo, incluindo o Cerrado brasileiro. Com isso, há dados preliminares em campo de que a presença do gene de tolerância ao Al con‑fere um ganho de produtividade de pelo menos uma tonelada de grãos de sorgo por hectare.

No eucalipto, esse gene será introduzido por meio de técnicas de transgenia. Os benefí‑cios serão uma maior absorção dos nutrientes pelas raízes, como o fósforo, e um maior apro‑

fundamento do sistema radicular da planta, já que o alumínio inibe o desenvolvimento das raízes. “Assim, espera‑se que a introdução des‑se gene em outras espécies como o eucalipto permita o maior desenvolvimento das plantas e, consequentemente, maior produção da cultura”, diz o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Jurandir Vieira Magalhães.

O trabalho de pesquisa que deu origem à parceria para a inserção do gene na espécie flo‑restal foi publicado na Nature Genetics.

O gene de tolerância ao alumínio em sorgo foi introduzido também em plantas de milho. Segundo a pesquisadora Claudia Guimarães, plantas de milho transformadas apresentam uma superioridade na tolerância ao Al em solu‑ção nutritiva e estão em fase de solicitação da aprovação pela CTNBio para os primeiros testes em campo.

Eucalipto ganha Gene de tolerância ao alumínio

Um fungo mortal, denominado Chalara fraxi‑nea, ameaça os 126 milhões de freixos das

ilhas britânicas. O primeiro alerta foi emitido no começo de 2012, quando o fungo foi detecta‑do em plantas importadas. Mas sua descoberta na natureza no outono boreal provocou como‑ção em todo o país. Em alguns meses, foi detec‑tado em 352 locais.

Este fungo se desenvolve nas folhas mor‑tas caídas no chão. Em seguida, suas esporas são transportadas pelo vento e depositadas na folhagem do freixo e em alguns anos suas fo‑lhas murcham e a necrose invade seus galhos. Quanto mais jovem a árvore, mais rápido ela

Fungo destrói as florestas britânicas morre.No inverno, a doença denominada chala‑

ropse é latente. O fungo é capaz de devastar as paisagens britânicas, alertou a Woodland Trust, uma associação de luta pela proteção das florestas, que teme um desastre ecológico. As importações de freixos foram proibidas, assim como a circulação de sementes ou plantas pelo país. Cem mil árvores foram derrubadas.

A única esperança é, por enquanto, conter a doença e encontrar freixos resistentes para reestruturar as florestas. Ninguém sabe como erradicar a doença, que surgiu pela primeira vez em 1992 na Polônia e afeta hoje 22 países onde os freixos são frequentes. Na Dinamarca já afe‑tou 90% deste tipo de árvores.

Nota

NOTAS

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Alguns produtores rurais acreditam que os eu‑caliptos absorvem muita água do solo e, por

este motivo, acreditam que substituir as árvores pela Acacia mangium, uma variedade também utilizada para reflorestamento poderia ser um bom negócio.

De acordo com a engenheira agrônoma Elisia Galvão, a substituição do eucalipto pela Acacia mangium não é vantajosa, pois o que um eucalipto consome de água em sete anos é bem menor do que o consumo de uma lavoura de soja. Trata‑se apenas de um mito e, no caso do produtor, é recomendável ele prosseguir com o reflorestamento através do eucalipto.

A partir de agora, um novo tipo de vege‑tação passará a constar oficialmente em

mapeamentos florestais do país. A Floresta Estacional Sempre‑Verde, que existe apenas no estado de Mato Grosso, já havia sido iden‑tificada há alguns anos, mas só agora passou a constar oficialmente no Sistema de Classifi‑cação da Vegetação Brasileira. A descrição do novo tipo de vegetação aparece na segunda edição do Manual Técnico da Vegetação Brasi‑leira, lançada pelo Instituto Brasileiro de Geo‑grafia e Estatística (IBGE).

O livro, elaborado por engenheiros flores‑tais, agrônomos, biólogos, geógrafos e geó‑logos, traz metodologias para a realização de estudos, mapeamentos e pesquisas da vege‑tação no país. Também chamada de Floresta

O setor de florestas plantadas do Paraná ago‑ra está diretamente ligado à Secretaria Esta‑

dual de Agricultura e Abastecimento (Seab). No fim de 2012, após uma reestruturação adminis‑trativa, foi criado o Departamento de Florestas Plantadas (Deflop). Diretores da Associação Pa‑ranaense de Empresas de Base Florestal (Apre) se reuniram com o secretário da Seab, Norberto Ortigara, para dar continuidade à implantação do Deflop.

Toda a reestruturação da Seab está conti‑da no decreto nº 6.883/12. De acordo com o diretor executivo da Apre, Carlos Mendes, fazia muito tempo que os produtores de florestas plantadas reivindicavam um órgão de desen‑

Departamento de florestas plantadas é prioridade no Paraná

volvimento específico no Paraná. Portanto, com a criação do Deflop esta demanda foi atendida. A reunião da Apre com o secretário Norberto Ortigara também tratou de temas como, por exemplo, a adequação do código florestal no Paraná, o incentivo ao uso de madeira na cons‑trução civil nos programas do Governo Estadu‑al e as ações das patrulhas rurais nas estradas municipais.

Para Carlos Mendes, este departamento irá criar ações conjuntas do Governo e da iniciati‑va privada e formatação da Política Florestal do Estado. Hoje, pelos números oficiais, há 850 mil hectares de florestas plantadas no Paraná.

Apesar da falta de dados oficiais, acredita‑

se que esta área é bem maior, podendo chegar a 1,4 milhões de hectares, dos quais 80% são de pinus e 20% de eucalipto. Toda a produção flo‑restal alimenta as indústrias de celulose, papel, chapas e compensados. Em todo o Paraná, o se‑tor florestal hoje é responsável pela manuten‑ção de 100 mil empregos diretos, 200 mil indi‑retos e 300 mil de efeito renda. Pelo menos 7,8% do Produto Interno Bruto (PIB) paranaense vêm do complexo exportador florestal, sendo supe‑rado apenas pela soja e pelas carnes de aves.

Reflorestamento : eucalipto ou acáciaNos casos onde os produtores já tenham ini‑

ciado a troca do eucalipto pela Acacia mangium, eles deveriam remover os tocos que restam no solo – proveniente das podas de árvores –, pois eles podem brotar novamente. Neste caso, po‑de‑se impedir a rebrota inclusive com o auxílio de produtos químicos que retardam este proces‑so e deixam por conta da natureza a decompo‑sição dos brotos.

Elisia Galvão também recomenda que o produtor plante as acácias nas entrelinhas, ou seja, entre uma linha e outra de eucalipto ele deve plantar uma linha de acácia (plantio flores‑tal misto).

Árvore de crescimento precoce, o eucalipto se reproduz através de sementes (reprodução sexuada) e dos clones, uma matriz (broto) que origina outras árvores. Também há uma variação entre os cortes, pois o eucalipto de semente tem uma poda inicial de 10 a 12 anos, sendo que para obter uma madeira mais nobre espera‑se de 20 a 24 anos. Já para o eucalipto clonado o corte pode variar entre 5 a 7 anos.

O eucalipto não tem tantas exigências como outras culturas. Teoricamente ele se desenvolve

em qualquer tipo de solo, qualquer tipo de con‑dição climática. Existem diferenças entre as varie‑dades, por exemplo, algumas sofrem mais com o déficit hídrico do que as outras. Mas, em geral, existem variedades específicas para cada região.

A Acacia mangium pertence à família Mi‑mosaceae e é encontrada naturalmente em algumas regiões da Ásia e América Latina, se desenvolvendo bem em solos que permanecem úmidos, porém com boa drenagem ao longo dos anos.

A Acacia mangium teve boa adaptação no Brasil, sendo utilizada principalmente na produ‑ção de celulose e papel, lenha e carvão, fabrica‑ção de móveis e na construção civil, além de ser indicada em sistemas silvipastoris, produzindo sombra para outras culturas ou para o rebanho durante o pasteio, colaboram na apicultura devi‑do à florada abundante (polinização) e na recu‑peração de áreas degradadas.

A reprodução da acácia ocorre através de sementes e o crescimento varia entre 2,5 a 3,5 metros por ano, sendo que o corte da árvore va‑ria entre 7 a 10 anos ou 15 a 20 anos para o corte final ou para madeira de lei.

Floresta Estacional Sempre-Verde: novo tipo de vegetação brasileiraEstacional Perenifólia, a vegetação se caracteri‑za pela manutenção de uma coloração muito verde, mesmo em períodos de estiagens.

A floresta se estende por toda a região da Bacia Sedimentar dos Parecis e parte das depressões do Guaporé, Paraguai, Araguaia e Planalto do Tapirapuã. Segundo o IBGE, a vege‑tação ocorre em áreas de clima tropical que tem duas estações bem distintas: uma chuvosa e uma seca (que varia entre quatro e seis meses).

Três subtipos da vegetação foram identi‑ficados: as variações aluvial, de terras baixas e de submontanha. Na floresta aluvial, que pode ser encontrada nas calhas dos rios Culuene, Te‑les Pires, Verde, Arinos, Sangue, Juruena, Juína, Jauru e Guaporé, as árvores têm, em média 25 metros de altura.

A floresta das terras baixas pode ser encontrada nos terrenos sedimentares das depressões dos rios Paraguai, Guaporé e Ara‑guaia, em altitudes em torno de 200 metros. Nesse subtipo de floresta, as árvores têm, em média, de 35 a 40 metros de altura.

Já a floresta de submontanha, que tem árvores medindo acima de 30 metros, ocorre nos terrenos sedimentares do Planalto dos Pa‑recis, especialmente na região do Alto Xingu, em altitudes que variam de 300 a 450 metros.

A Floresta Estacional Sempre‑Verde se junta a outros tipos de vegetação que ocor‑rem no Brasil, como as florestas ombrófilas (típicas da Amazônia e da Mata Atlântica), as savanas e a Caatinga.

Nota

NOTAS

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78SÍNTESE

Sínt

ese

Centro de BiomassaO município de Três Lagoas vai ganhar um

centro de pesquisas na área de biomassa. O pro‑jeto é do Senai‑MS e será implementado junto com a construção da nova unidade do SESI‑MS no município, com um investimento de R$ 61,5 milhões. Segundo a Fiems, o Instituto Senai de Inovação de Biomassa (ISI Biomassa) terá uma atuação voltada para todos os setores que uti‑lizam esse tipo de matéria‑prima, como o de energias renováveis, cosméticos, fármacos, fár‑macos veterinários, rações animais, química e resíduos industriais

Madeira apreendida A Justiça Federal em Santarém, no Pará,

autorizou a venda de 64.512 m3 de madeiras correspondentes a 23.040 toras que foram apre‑endidas pelo Instituto Chico Mendes de Con‑servação da Biodiversidade (ICMBio). O valor equivale a cerca de R$ 30 milhões. Os recursos decorrentes da venda da madeira ‑ que inclui espécies nobres como ipê, maçaranduba, mog‑no, cedro e itaúba ‑ serão destinados à Reserva Extrativista (Resex) Renascer, de 211,7 mil hec‑tares, criada a partir de 2009 no município de Prainha, região do Baixo Amazonas, no Pará.

Torre científica Com o objetivo é estudar atmosfera, chu‑

vas e ecologia da floresta está em construção torre de 320 metros de altura para pesquisas científicas na Amazônia. A Torre será maior que a Eiffel, na França devendo estar pronta em dezembro deste ano, conforme coordenador brasileiro do projeto, Antonio Ocimar Manzi, pesquisador do Inpa .Batizado de Observatório Amazônico com Torre Alta (ATTO, na sigla em inglês), o projeto é uma cooperação entre os governos do Brasil e da Alemanha, e terá inves‑timento inicial de R$ 22 milhões.

Retirada triplicadaSegundo o novo capítulo do Relatório

Florestas Vivas, da Rede WWF, o aumento da população, da demanda e do uso da madeira em bioenergia podem triplicar a quantidade de madeira que a sociedade retira anualmente das florestas e plantações florestais até 2050. O estudo foi apresentado na Alemanha durante o evento Paperworld Frankfurt e prevê também que a produção e o consumo de papel duplica‑rão nas próximas três décadas. Baseado nesses estudos, a meta de conservação das florestas da Rede WWF é alcançar zero desmatamento líqui‑do e zero degradação florestal liquida até 2020, o que significa não ter nenhuma perda de área nem de qualidade florestal.

Celulose no MSAs expectativas são as melhores possíveis

para as indústrias de celulose e papel em 2013. A estimativa é de que o segmento cresça 55% em 2013, movimentando algo em torno de R$

3,17 bilhões. Com a chegada da maior unidade do mundo de produção de celulose em linha única a Três Lagoas vai contribuir para alavancar o segmento. Conforme dados da Fiems, Mato Grosso do Sul tem 26 estabelecimentos no segmento de papel e celulose, juntos eles em‑pregam 1.999 industriários e em 2012 geraram receita líquida de venda de R$ 2,05 bilhões.

ImportaçãoO Brasil é o país que menos importa no

mundo, como proporção do seu PIB. Os da‑dos são do Banco Mundial, e mostram como a economia brasileira é fechada, apesar das recla‑mações de empresários sobre a concorrência externa. Em 2011, segundo o Banco Mundial, o Brasil teve exportações de bens e serviços equivalentes a 13% do PIB. Numa lista de 179 países, o Brasil é o que tem a menor relação en‑tre importações e PIB. No grupo dos Brics, por exemplo, a China tem importações de produ‑tos e serviços de 27% do PIB, a Índia de 30% e a Rússia de 21%. Entre as principais economias da América Latina, o México tem importações cor‑respondentes a 32% do PIB, a Argentina a 20%e a Colômbia a 17%.

TemperaturasO planeta está ficando mais quente. Glo‑

balmente, os dez anos mais quentes foram registrados nos últimos 15 anos e os recordes de temperaturas altas também estão sendo quebrados em diversos países. Enquanto isso, climas extremos se tornam cada vez mais co‑muns. A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA (NOAA, na sigla em inglês) anunciou que 2012 foi o ano mais quente da história norte‑americana. A média da tempe‑ratura nacional (de 12,9°C) subiu 0.6°C, ultra‑passando o recorde registrado em 1998. O ano passado também foi considerado pela NOAA o segundo com mais extremos climáticos devido à alta incidência de tempestades, precipitações e furacões.A Austrália também vem experimen‑tando alguns extremos indesejáveis.

Tijolos de resíduos Pesquisadores da Universidade Jaen, na Es‑

panha, descobriram uma maneira de criar uma versão mais verde de tijolos, utilizando resíduos de fábricas de papel na confecção do material de construção. Os tijolos verdes, além de des‑viarem resíduos dos aterros sanitários, também economizam energia e dinheiro na produção, pois precisam de menos tempo no forno. Os tijolos de papel também têm baixa condutivi‑dade térmica, proporcionando um bom isola‑mento. Os cientistas misturam os resíduos de fábricas de papel, juntamente com as lamas provenientes do tratamento de águas residuais. Depois, esse material é ligado à argila e envia‑do para máquinas de extrusão, onde os tijolos são obtidos. A única desvantagem apontada é que os tijolos de resíduos de papel não são

tão fortes como os tradicionais, embora a sua resistência mecânica seja superior ao mínimo necessário por lei para ser utilizado como um material de construção.

Carvão O carvão, grande gerador de gases de efei‑

to estufa, se aproximará em cinco anos do pe‑tróleo como primeira fonte de energia mundial e pode superá‑lo em dez anos. O consumo de carvão em 2017 será de 4,32 bilhões de tonela‑das equivalentes ao petróleo, contra 4,4 bilhões de toneladas de petróleo. E em 10 anos supera‑rá o petróleo devido ao crescimento de merca‑dos emergentes , como China e Índia. A China, que não para de inaugurar centrais elétricas de carvão, representou no ano passado 46,2% do consumo mundial deste combustível. A barreira dos 50% será alcançada a partir de 2014, o que significa que a China consumirá a partir deste ano mais carvão que todos os demais países do mundo juntos.A importação de carvão cresce‑rá de forma importante na América Latina, em particular no Brasil, onde as compras de carvão de coque aumentarão 45%, chegando a 20 Mtce (toneladas métricas equivalentes de car‑vão) em 2017.

Bicicletas A necessidade de atender ao crescente

mercado de bicicletas na Colômbia levou a Fa‑culdade de Desenho Industrial da Universidade Pontifícia Bolivariana de Medellín a criar um pro‑jeto inusitado no qual a madeira laminada Arau‑coPly foi a matéria‑prima principal. Segundo o coordenador do curso, Prof. Andrés Valencia Es‑cobar, existe uma tendência global que aponta a madeira como material para a fabricação dos quadros e outras partes da bicicleta. Foram utilizadas placas laminadas e a produtora HA bicicletas com sua marca GW, forneceu todos os componentes mecânicos. As bicicletas de madeira apresentam atributos como leveza, re‑sistência e maleabilidade para a concepção dos projetos, além de serem ambientalmente corre‑tas. Em alguns projetos, as placas foram combi‑nadas com partes de madeira maciça e bambu.

Pen drive de papelUma ideia pode virar uma tendência para

o material base de fabricação de um pen drive: confeccioná‑lo com papel e depois reciclá‑lo. O pen drive de papel foi criado por nove norte‑americanos da Intellipaper para aprimorar o uso da tecnologia e evitar o desperdício. A compo‑sição é feita por três camadas de qualquer pa‑pel e um microship de silício. O novo dispositvo recebe uma tecnologia que imprime o código no papel, capaz de ser reconhecido pela entra‑da USB do computador. Na hora de descartar o pen drive, a dica é retirar o microship e reciclar o papel. O pen drive ainda não chegou ao mer‑cado.

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