techne 134

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a revista do engenheiro civil techne téchne 134 maio 2008 www.revistatechne.com.br IPT apoio Edição 134 ano 16 maio de 2008 R$ 23,00 Especializações Construção metálica Caixas de gordura Instalações hidráulicas Retrofit Pára-raios Steel frame ISSN 0104-1053 9 7 7 0 1 0 4 1 0 5 0 0 0 0 0 1 3 4 Mercado busca especialistas Quem são eles? Veja as especializações com mais futuro na construção civil. Planejamento, sustentabilidade e logística estão em alta PÁRA-RAIOS Como se proteger COMO CONSTRUIR Caixas de gordura STEEL FRAME Instalações da Petrobras em Coari (AM) RETROFIT Cases bem- sucedidos capa tech 133c.qxd 6/5/2008 09:25 Page 1

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‘a revista do engenheiro civil

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www.revistatechne.com.br

IPTapoio

Edição 134 ano 16 maio de 2008 R$ 23,00

Especializações■

Construção metálica ■

Caixas de gordura■

Instalações hidráulicas■

Retrofit■

Pára-raios■

Steel frame

ISSN

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97

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Mercado buscaespecialistasQuem são eles? Veja as especializações commais futuro na construção civil. Planejamento,sustentabilidade e logística estão em alta

PÁRA-RAIOS

Como seproteger

COMO CONSTRUIR

Caixas degordura

STEEL FRAME

Instalações da Petrobras emCoari (AM)

RETROFIT

Cases bem-sucedidos

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SUMÁRIO

SEÇÕESEditorial 2Web 6Cartas 8Área Construída 10Índices 14IPT Responde 16Carreira 18Melhores Práticas 22Técnica e Ambiente 32P&T 70Obra Aberta 74Agenda 76

CapaLayout: Lucia LopesIlustração: Digitalife e Silvia Bukovac/Shutterstock

ENTREVISTAPadrões de desempenhoSecretário-geral do CIB diz por que

o conceito de desempenho estámodificando a construção em todo o Mundo

46

24

CAPAMercado de oportunidadesEscolas e consultores apontam as

especializações mais procuradaspelas construtoras

34 OBRAHotel na selvaSteel frame viabiliza instalações

provisórias da Petrobras em plenaselva amazônica

38 RETROFITDa teoria à pratica Incorporadoras investem no segmento

de retrofit e já surgem cases desucesso imobiliário

54 PÁRA-RAIOSDescargas sob controleConfira os Sistemas de Proteção contra

Descargas Atmosféricas maisempregados

60 INSTALAÇÕESHIDRÁULICAS – PINI 60 ANOS

Industrialização plásticaNovos materiais revolucionam os

sistemas de condução de águaquente e fria

64 ARTIGOQuando construir em aço?Consultor propõe avaliação de escolha do

sistema construtivo que aponta quandoo aço pode ser mais competitivo

78 COMO CONSTRUIRInstalação de caixa de gordura

pré-fabricada de ABSVeja como instalar caixa de limpeza em

PVC para retenção de gordura

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2 TÉCHNE 134 | MAIO DE 2008

EDITORIAL

VEJA EM AU

Épocas de crescimento costumam criar vetores de transformação

nos modos de produção.Por conseqüência,mudam também as

profissões.O processo de expansão vivido hoje pelo setor,em especial

na área imobiliária, tem acentuado algumas novas expectativas em

relação aos profissionais da construção civil.O que se exige do

engenheiro civil de hoje certamente é bastante distinto do que se

valorizava há 30 anos.Há quem aponte,com alguma razão,que

estamos dando cada vez mais importância à gestão e menos à

engenharia civil.Óbvio que, sem os conhecimentos elementares da

técnica,nenhum princípio de gestão tornará boa uma obra

malprojetada ou mal-executada.Mas também é verdade que, sem

uma gestão adequada,obras não são entregues no prazo,não geram o

retorno esperado e acabam prejudicando as empresas.A função

primordial da engenharia está justamente nessa linha tênue entre

controle de custos,cumprimento de prazos e boa técnica.E como

ninguém é capaz de dominar todos os conhecimentos,é natural que

os profissionais acabem se especializando nas áreas mais diversas:

orçamento,planejamento,coordenação de projetos,estruturas,

fundações, fachadas, impermeabilização, sustentabilidade etc.

Embora os detratores da especialização levantem a voz,a realidade é

que o mundo caminha nessa direção.Não é predisposição ou

capricho de escolas – são nos canteiros e nos escritórios que batem as

novas demandas.Possuir diferenciais de conhecimento e saber

aproveitar o novo ciclo de expansão do setor poderá impedir que

engenheiros vocacionados tenham que bater à porta de bancos,

financeiras e seguradoras para ganhar a vida.Vale fazer, entretanto,

uma ressalva.Bons generalistas são como faróis do conhecimento.

Sugerem,ponderam e analisam o todo com propriedade.Exatamente

por isso serão sempre imprescindíveis. Infelizmente, restam poucos.

Paulo Kiss

Especialistas x Generalistas

� Restauro da Faculdade deMedicina de São Paulo

� Raquel Rolnik� Escritório CoOperAtiva� David Chipperfield

� Corrida das imobiliárias� Entrevista com João

Fernandes, Cofix� Arco Metropolitano do Rio� Construção industrializada

VEJA EM CONSTRUÇÃOMERCADO

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4 TÉCHNE 134 | MAIO DE 2008

Fundadores: Roberto L. Pini (1927-1966), Fausto Pini (1894-1967) e Sérgio Pini (1928-2003)

DDiirreettoorr GGeerraall

Ademir Pautasso Nunes

DDiirreettoorr ddee RReeddaaççããoo

Eric Cozza [email protected]

EEddiittoorr:: Paulo Kiss [email protected]:: Kelly Carvalho RReeppóórrtteerr:: Bruno Loturco; Renato Faria (produtor editorial)

RReevviissoorraa:: Mariza Passos CCoooorrddeennaaddoorraa ddee aarrttee:: Lucia Lopes DDiiaaggrraammaaddoorreess:: Leticia Mantovani e Renato Billa; Leonardo Kaneshiro (trainee)

IIlluussttrraaddoorr:: Sergio Colotto PPrroodduuttoorraa eeddiittoorriiaall:: Juliana Costa FFoottóóggrraaffoo:: Marcelo Scandaroli

CCoonnsseellhhoo AAddmmiinniissttrraattiivvoo:: Caio Fábio A. Motta (in memoriam), Cláudio Mitidieri, Ercio Thomaz,Paulo Kiss, Eric Cozza e Luiz Carlos F. Oliveira CCoonnsseellhhoo EEddiittoorriiaall:: Carlos Alberto Tauil, Emílio R. E.

Kallas, Fernando H. Aidar, Francisco A. de Vasconcellos Netto, Francisco Paulo Graziano, Günter Leitner,José Carlos de Figueiredo Ferraz (in memoriam), José Maria de Camargo Barros, Maurício Linn Bianchi,

Osmar Mammini, Ubiraci Espinelli Lemes de Souza e Vera Conceição F. Hachich

EENNGGEENNHHAARRIIAA EE CCUUSSTTOOSS:: Bernardo Corrêa Neto PPrreeççooss ee FFoorrnneecceeddoorreess:: Juliana Cristina Teixeira

AAuuddiittoorriiaa ddee PPrreeççooss:: Ariell Alves Santos e Anderson Vasconcelos FernandesEEssppeecciiffiiccaaççõõeess ttééccnniiccaass:: Ana Carolina Ferreira

ÍÍnnddiicceess ee CCuussttooss:: Andréia Cristina da Silva Barros CCoommppoossiiççõõeess ddee CCuussttooss:: Mônica de Oliveira Ferreira

SSEERRVVIIÇÇOOSS DDEE EENNGGEENNHHAARRIIAA:: Celso Ragazzi, Luiz Freire de Carvalho e Mário Sérgio PiniPPUUBBLLIICCIIDDAADDEE:: Luiz Carlos F. de Oliveira, Adriano Andrade, Jane Elias e José Luiz Machado

EExxeeccuuttiivvooss ddee ccoonnttaass:: Eduardo Yamashita, Bárbara Salomoni Monteiro, Danilo Alegre e Ricardo CoelhoMMAARRKKEETTIINNGG:: Ricardo Massaro EEVVEENNTTOOSS:: Natália Coelho VVEENNDDAASS:: José Carlos Perez

RREELLAAÇÇÕÕEESS IINNSSTTIITTUUCCIIOONNAAIISS:: Mário S. Pini AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO EE FFIINNAANNÇÇAASS:: Durval Bezerra

CCIIRRCCUULLAAÇÇÃÃOO:: José Roberto Pini SSIISSTTEEMMAASS:: José da Cruz Filho e Pedro Paulo MachadoMMAANNUUAAIISS TTÉÉCCNNIICCOOSS EE CCUURRSSOOSS:: Eric Cozza

EENNDDEERREEÇÇOO EE TTEELLEEFFOONNEESS

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AAllaaggooaass (82) 3338-2290 AAmmaazzoonnaass (92) 3646-3113 BBaahhiiaa (71) 3341-2610 CCeeaarráá (85) 3478-1611

EEssppíírriittoo SSaannttoo (27) 3242-3531 MMaarraannhhããoo (98) 3088-0528

MMaattoo GGrroossssoo ddoo SSuull (67) 9951-5246 PPaarráá (91) 3246-5522 PPaarraaííbbaa (83) 3223-1105

PPeerrnnaammbbuuccoo (81) 3222-5757 PPiiaauuíí (86) 3223-5336

RRiioo ddee JJaanneeiirroo (21) 2265-7899 RRiioo GGrraannddee ddoo NNoorrttee (84) 3613-1222

RRiioo GGrraannddee ddoo SSuull (51) 3470-3060 SSããoo PPaauulloo Marília (14) 3417-3099

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ttéécchhnnee:: ISSN 0104-1053Assinatura anual R$ 276,00 (12 exemplares)Assinatura bienal R$ 552,00 (24 exemplares)

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva do autor e não expressam,necessariamente, as opiniões da revista.

VVeennddaass ddee aassssiinnaattuurraass,, mmaannuuaaiiss ttééccnniiccooss,, TTCCPPOO ee aatteennddiimmeennttoo aaoo aassssiinnaanntteeSegunda a sexta das 9h às 18h

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Para solicitar reimpressões de reportagens

ou artigos publicados:

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PINIrevistasRReeddaaççããoofone (11) 2173-2303fax (11) 2173-2327e-mail: ccoonnssttrruuccaaoo@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

PINImanuais tØcnicosfone (11) 2173-2328e-mail: mmaannuuaaiiss@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

PINIsistemasSSuuppoorrtteefone (11) 2173-2400e-mail: ssuuppoorrttee@@ppiinniiwweebb..ccoomm

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6 TÉCHNE 134 | MAIO DE 2008

Fórum TéchneO site da revista Téchne tem um espaço dedicado ao debate técnico e qualificado dos principais temas da engenharia. Confira o temaem andamento.

Corretores têm condições deavaliar imóveis?A avaliação de imóveis deve ser feitapelos corretores, pois a área deengenharia já teve sua competência aolegalizar o processo construtivo daedificação em si – a menos que oprofissional não garanta isso e que operíodo de sobrevida seja um fator aser levado em consideração. Osconselhos de fiscalização deengenheiros e arquitetos cumpremsua finalidade protecionista de seumercado restrito e não dizem àsociedade que existem profissionaishabilitados em nível universitário,como o caso dos tecnólogos. Elias Dietrich [26/04/2008]

Além da falta do conhecimentotécnico, temos que salientar ointeresse dos corretores deinflacionar o mercado, tornandosuas comissões mais gordas e,assim, com uma "avaliação"tendenciosa. Com uma visãoimparcial, qualquer pessoa excluiriao corretor como um técnicoavaliador, e o colocaria como umpalpite especulativo.Lucimar Galvão [26/04/2008]

Estamos nos esquecendo de um fatoextremamente importante: no Estadode São Paulo, quem faz avaliações namaioria dos casos não é o engenheiro,tampouco o corretor de imóveis, massim o oficial de justiça. Mauro Aparecido Caetano [27/04/2008]

Veja mais fotos do centro tecnológico e administrativo do grupo Mahle Brasil,implantado em área de preservação ambiental. Localizado na Serra dos Cristais, emJundiaí (SP), edifício convive com fauna silvestre e conta com arquitetura que favoreceo conforto térmico.

Território dividido

Confira um exemplo de como calcular a instalação de um SPDA(Sistema de Proteção ContraDescarga Atmosférica).

Pára-raios

Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdospublicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista

www.revistatechne.com.br

Veja imagens de projetosdesenvolvidos por Paulo Andrade.O engenheiro, destaque da seçãoCarreira desta edição, foi um dosprincipais responsáveis peladivulgação das estruturasmetálicas no setor.

Estrutura metálica

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CARTASAvaliação ambiental de edifícios

Considero desprovido de signifi-cado de desempenho o resultado daavaliação ambiental de edifício prove-niente do velho sistema de pontuação.Nisso tenho que me defrontar comtodos os meus grandes mestres, pro-fessores, colegas, pesquisadores e ins-tituições nacionais e internacionaisque classificam e certificam edifíciossem considerarem o fator eqüidade.Ricardo Wagner Reis Duarte

Engenheiro civil, mestre em Habitação pelo IPT

(Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de

São Paulo). Especialista em Estruturas pela UFMG

(Universidade Federal de Minas Gerais)

Belo Horizonte (MG)

ERRATAS

IPCEA variação do IPCE acumulada pu-

blicada na edição 133, na pág. 14 daseção Índices está incorreta.Veja os va-lores corretos.

Produtos & TécnicasO telefone, e-mail e site da em-

presa Mercotrade publicados na

Envie sua crítica ou sugestã[email protected]

Variações % referentes ao último mêsglobal materiais mão-de-obra

mês 0,07 0,15 0,00

acumulado

no ano 0,68 1,44 0,00

acumulado

em 12 meses 5,29 4,72 5,82

seção Produtos & Técnicas, pág. 83,foram trocados com os da empresaUnasol. Veja as informações corre-tas do fabricante do Unifix.

Adesivos e selantesA nova linha Unifix da Mercotradereúne adesivos e selantes variados.Entre eles, a empresa destaca a massareparadora Lite, recomendada parapequenos consertos em áreas internase externas, e o Tapa Trincas, ideal paracorrigir fissuras em concreto, madeira,tijolo ou pedras.Fone: (11) [email protected]

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TÉCHNE 134 | MAIO DE 200810

ÁREA CONSTRUÍDA

Via Expressa seráconstruída entre BR-324 e porto de Salvador

As obras da Via Expressa, ligação diretaentre a rodovia BR-324 e o porto deSalvador, deverão começar até o finaldeste ano. O projeto, que levou sete mesespara ser elaborado e aprovado, foidesenvolvido em conjunto pelo Governodo Estado da Bahia, pela Prefeitura deSalvador, pela Companhia Docas do Estadoda Bahia e pelo DNIT (DepartamentoNacional de Infra-estrutura deTransportes). O Conselho Municipal deMeio Ambiente aprovou por unanimidadeas questões ambientais. Segundo ocoordenador do Projeto Via Expressa,Armindo Gonzáles, a decisão reduz osatrasos nos trabalhos por motivosambientais. A previsão é de que as obrasdurem 26 meses. A Via Expressa terá 4,3 km de extensão, com três túneis,quatro passarelas, 14 elevados, umaciclovia, 35,5 km de passeio e 23,2 km depista de rolamento. A estimativa é quetrafeguem pela via 62,3 mil veículosdiariamente, sendo 3,4 mil de carga e 58,9 mil comuns. Além disso, as avenidasMário Leal, Castelo Branco e San Martinnão farão mais parte do caminho de quemtransita entre a BR-324 e o porto deSalvador, desafogando o trânsito nesseslocais. A via custará R$ 380 milhões – R$ 340 milhões provenientes do PAC(Programa de Aceleração do Crescimento)

Uma das principais preocupações dasequipes de salvamento que trabalhamem edifícios com a estrutura abaladasão os riscos de desabamento do con-junto. Em situações emergenciais, acomplexidade do sistema estrutural e afalta de informações imediatas, preci-sas e confiáveis sobre a construção difi-cultam as operações de resgate e eva-cuação rápida. O problema motivoupesquisadores da Universidade de Illi-nois em Urbana-Champaign, nos Es-tados Unidos, a desenvolverem o pro-jeto preliminar de um sistema capaz defornecer dados em tempo real sobre ascondições estruturais das construções.A caixa-preta para edifícios é produzi-

Pesquisadores desenvolvem caixa-preta para edifíciosda com tecnologia avançada de isola-mento térmico e com geopolímeros dealta resistência a choques e a altas tem-peraturas. Ela contém um banco dedados com os projetos da construção eestá conectada ao sistema de automa-ção e a câmeras e sensores espalhadospelo edifício. É equipada também comum software de monitoramento docomportamento da estrutura e confi-gurada com um sistema sem fio detransmissão de dados, que permite acomunicação com computadores noambiente externo. O artigo dos pesqui-sadores foi publicado no último mês deabril no periódico Journal of Informa-tion Technology in Construction.

As fôrmas tipo túnel, que permitemexecutar simultaneamente pilares-parede e lajes,estão retornando ao mer-cado brasileiro. A francesa Outinordtem a intenção de importar e vender osistema no País. A idéia é atuar de ma-neira mais agressiva no segmento,apro-veitando o momento de elevada de-

Empresa traz fôrmas tipo túnel de volta ao Brasilmanda das construtoras por novas so-luções técnicas. Até o momento, a faltade escala no segmento da construção e apequena praticidade do sistema – que,pesado, demanda gruas ou guindastespara seu transporte – implicavam baixaprocura pela tecnologia. As fôrmas-túneis podem ser usadas na execução deempreendimentos térreos ou de edifí-cios de múltiplos andares. Dentro dasfôrmas,são inseridos antes da concreta-gem os conduítes,os caixilhos e os enca-namentos. As peças da Outinord, feitasde aço, têm uma produtividade estima-da em até 1.500 utilizações.

O TC71 (Comitê Técnico 71) da ISO(International Organization for Stan-dardization) reconheceu que a normaNBR 6118:03 – Projeto de Estruturas deConcreto: Procedimento – possui qua-lidade,abrangência,conteúdo e coerên-cia de padrão internacional. A decisãofoi ratificada pela maioria absoluta dos88 países membros do comitê. Decisão

Qualidade da NBR 6118 é reconhecida pela ISOconfirmada, a norma brasileira de pro-jetos estruturais de concreto passa a sera 10a norma aprovada e reconhecidapelo CT 71 – as outras são do Japão (3),dos Estados Unidos (2), Europa (1), daAustrália (1),da Colômbia (1) e da Ará-bia Saudita (1). Um projeto elaboradocom base na norma pode ser aceito emqualquer lugar do mundo.

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Á R E A C O N S T R U Í D A

TÉCHNE 134 | MAIO DE 200812

A Universidade Federal de Santa Catari-na está realizando, em parceria comuma fabricante, uma pesquisa para de-senvolver um bloco de concreto imper-meável, que dispense revestimento ex-terno e pintura. O desafio é desenvolverum componente com essas característi-cas e ainda de baixo custo, para uso emalvenaria estrutural de edifícios de atéquatro pavimentos. Nos testes, blocosproduzidos em escala laboratorialficaram até três horas submersos emágua sem que sua estrutura fosse pene-trada. Em geral, um bloco comum, deconcreto ou alvenaria, sem revestimen-to, fica encharcado em poucos minutos

UFSC desenvolve blocos de concreto impermeáveisao ser submerso. Os pesquisadoresacreditam que o novo bloco deva ficarcerca de 5% mais caro do que os conven-cionais, mas o custo maior seria com-pensado pelo fato de dispensar revesti-mentos.Esse aspecto,aliás,implica a exi-gência de qualificação da mão-de-obrade assentamento, pois a execução da al-venaria,que depois ficará aparente,exigemais cuidados. Com o novo material, aconstrução ficará pronta mais rápido,pois elimina-se a etapa de execução dasfachadas. O projeto tem apoio da Finep(Financiadora de Estudos e Projetos),por meio do Programa de Tecnologia deHabitação (Programa Habitare).

Conhecido como Grande Inga, oprojeto prevê a construção de umasuperbarragem no rio Congo, naRepública do Congo. A hidrelétricateria uma potência instalada de 39mil MW gerados a partir de umaqueda d'água de 205 m de altura.Sua capacidade seria duas vezesmaior do que a da Usina de TrêsGargantas (18 mil MW), em cons-trução na China, e quase o triploda Usina de Itaipu (14 mil MW).Dois estudos de viabilidade foramconduzidos entre 1993 e 1997, eum novo estudo financiado peloBanco de Desenvolvimento Africa-no em 2007. Segundo o WEC(Conselho Mundial de Energia, eminglês), organização não-governa-mental que lidera o projeto, aGrande Inga produziria energiasuficiente para suprir toda a de-manda do continente africano eainda geraria um excedente quepoderia ser exportado para paísesno Sul da Europa. Grandes vias detransmissão seriam construídasem direção ao Norte (até o Egito),ao Sul (até a África do Sul) e aOeste (até a Nigéria). A entidadeafirma que, mesmo transmitidadesde a barragem (próxima à costaoeste africana) até a fronteira daItália, por exemplo, a energia elé-trica teria um custo menor do queo praticado atualmente no país eu-ropeu. A WEC procura angariarinvestidores interessados em fi-nanciar o projeto, cujo custo esti-mado é de US$ 80 bilhões. Além dealguns países africanos, algunsbanqueiros de países do G8 – osoito países mais industrializadosdo mundo – e o Banco Mundial es-tariam dispostos a investir no pro-jeto. Se ele sair de fato do papel, asobras devem começar em 2014 eser concluídas entre 2020 e 2025.

África quer construirhidrelétrica maior queTrês Gargantas

O Metrô de Fortaleza (Metrofor) estárealizando o estudo de viabilidadepara a implantação de uma nova linhano sistema. O trecho Leste ligará a es-tação João Felipe, no centro da cidade,ao campus da Unifor (Universidadede Fortaleza), na região leste da capi-tal cearense. Segundo o projeto pre-liminar, os 12 km da linha serão sub-terrâneos e terão 13 estações, duasdelas de integração: a estação João Fe-lipe, que permitirá a baldeação com a

Estudos de viabilidade de nova linhade Metrô em Fortaleza

linha Sul, e a estação Papicu, que seráintegrada ao ramal do Mucuripe. Ocronograma previsto para a realiza-ção dos estudos é de 12 meses. Caso acidade seja escolhida sede da Copa doMundo de 2014, porém, o processoserá tratado como prioritário. "Alinha adquire importância por passarpróximo de um pólo hoteleiro de For-taleza, a Avenida Beira-Mar", afirma ogerente de transporte e integração daMetrofor, Régis Tavares.

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ÍNDICESCustos ficamabaixo da inflaçãoAlta de abril em São Paulo fica abaixo daalta do IGP-M

Em abril, o custo médio global doIPCE (Índice PINI de Custos de

Edificações) encerrou o mês com altade 0,05%, índice inferior à inflação,queno mês foi de 0,69% segundo o IGP-M(Índice Geral Preços de Mercado) me-dido pela Fundação Getúlio Vargas.

Devido ao aumento da matéria-prima, insumos como porta lisa demadeira encabeçada com miolo sarra-feado de 0,80 m x 2,10 m para receberverniz ou cera e assoalho de madeira(espessura 20 mm e largura 200 mm),que no mês de março não apresenta-vam variação representativa no índice,no mês de abril registrou alta de preçorespectivamente de 2,26% e 2,44%.

O preço da pedra britada no 2 subiu1,49%, passando de R$ 53,60/m³ emmarço para R$ 54,40/m³ em abril.

O tubo de ferro fundido PP paraesgoto e águas pluviais (Ø 100 mm),que em seguidos meses apresentou pe-quenas altas, no mês de abril tevequeda de preço de 2,47%.

Insumos como o lavatório delouça de embutir (cuba) padrão po-pular, cal hidratada CHII e cimentoPortland CPII mantiveram-se compreços estáveis.

De acordo com o índice global doIPCE, construir em São Paulo ficouem média 5,32% mais caro nos últi-mos 12 meses. No entanto, o percen-tual apresentou índice inferior à in-flação registrada pelo IGP-M, queacumulou alta de 9,81% sobre omesmo período.

SSuuppoorrttee TTééccnniiccoo:: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:[email protected]. Assinantes poderão consultar indíces e outros serviços no portal www.piniweb.com

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Data-base: mar/86 dez/92=100MÊS E ANO IPCE - SÃO PAULO

gglloobbaall mmaatteerriiaaiiss mmããoo--ddee--oobbrraaAAbbrr//0077 111100..331155,,8811 5533..112255,,0066 5577..119900,,7766mai 113.722,37 53.493,24 60.229,13jun 113.900,14 53.671,02 60.229,13jul 114.065,53 53.547,83 60.517,71ago 114.197,13 53.679,42 60.517,71set 114.636,80 54.119,10 60.517,71out 114.860,42 54.342,72 60.517,71nov 115.225,62 54.707,92 60.517,71dez 115.335,12 54.817,42 60.517,71jan 115.733,11 55.215,41 60.517,71fev 116.040,01 55.522,30 60.517,71mar 116.121,80 55.604,09 60.517,71AAbbrr//0088 111166..118855,,5577 5555..666677,,8866 6600..551177,,7711Variações % referente ao último mêsmês 0,05 0,11 0,00acumulado no ano 0,74 1,55 0,00acumulado em 12 meses 5,32 4,79 5,82Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir dasvariações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado porpesquisa realizada em São Paulo. Período de coleta: a cada 30 dias com pesquisa na última semana do mês de referência.Fonte: PINI

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Envie sua pergunta para o email [email protected]

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IPT RESPONDEMelhor areia Para o uso como emboço, a areia devepossuir quais características? É precisorealizar ensaios de caracterização?Armando Lemos Ueldi

Goiânia

As argamassas, tanto de assentamen-to quanto de revestimento, represen-tam custo muito importante na cons-trução, chegando seu preço a superaro próprio preço do concreto. Paraaplicações idênticas, em função daforma do grão, do módulo de finura eda distribuição granulométrica daareia, podem ser produzidas arga-massas com grande variação no con-sumo de aglomerante (por exemplo,desde 300 kg/m3 até 450 kg/m3), po-dendo-se daí inferir a grande influên-cia da areia no consumo necessáriode aglomerante e, conseqüentemen-te, na composição do custo da arga-massa. Dos pontos de vista econômi-co e técnico, as melhores areias parapreparação de argamassa são as areiasmédias a grossas (módulo de finuraentre 3 e 4, por exemplo), com distri-buições granulométricas contínuas(grãos pequenos encaixam-se nosmédios, que por sua vez encaixam-senos graúdos etc.). Quanto maior omódulo de finura, menor a quantida-de de água necessária para lubrificá-los e menor a quantidade de pasta ne-cessária para revesti-los – conseqüen-temente, menor consumo de aglome-rante, menor custo, argamassa menosretrátil, menos fissuras, argamassa

com maior poder de assimilar defor-mações impostas etc. Mais decisivaque a própria granulometria, é aforma do grão. Grãos arredondadosapresentam menor atrito interno emenor área específica que, por exem-plo, grãos achatados ou lamelares –conseqüentemente, melhor trabalha-bilidade com menor consumo deágua e de aglomerante, potenciali-zando-se ainda mais as vantagensapresentadas no parágrafo anterior.Areias naturais tendem a apresentargrãos arredondados. Nas areias artifi-ciais, obtidas a partir da britagem derochas, os grãos geralmente são angu-losos, ásperos e lamelares, exigindomaior quantidade de água e de aglo-merantes. Tais desvantagens podem

ser contrabalanceadas com o empre-go de aditivos plastificantes e incor-poradores de ar, o que muitas empre-sas fabricantes de argamassa indus-trializada já vêm fazendo. O empregodessas areias artificiais tornou-sequase que obrigatório nos grandescentros urbanos, onde as jazidas deareias naturais foram praticamenteexauridas. Além das característicasacima, é importante que a areia nãoapresente teores consideráveis de ma-téria orgânica, argila, mica e outrasimpurezas, recomendando-se semprea realização de ensaios de caracteriza-ção e o atendimento da areia à normaNBR 7211.Ercio Thomaz

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ração), cura adequada do concreto,cintamento/introdução de armadurasnas alvenarias, retardamento ao máxi-mo do encunhamento de paredes etc.Relativamente às lajes de cobertura,onde o problema se manifesta com in-tensidade muito maior, alguns dos re-cursos que podem ser utilizados são:� sombreamento da laje/introduçãode telhado;� utilização de telhas-sanduíche, comrecheio isolante térmico;� pintura da face superior das telhascom tinta branca ou reflexiva;� emprego de subcobertura que impe-ça ou minimize o calor irradiado a par-tir da face inferior das telhas;� ventilação do ático;� subdivisão da laje de cobertura comdiversas juntas de dilatação;� aplicação de camada de isolação tér-mica sobre a laje;

� reforço/entelamento do revestimentoda parede no encontro entre a alvenariae a viga superior;� criação de friso, rebaixo ou junta fle-xível no mesmo encontro;� no caso de alvenaria estrutural, cria-ção de apoio deslizante entre a laje decobertura e a alvenaria.Ercio Thomaz

Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente Construído)

Qual o tipo de tinta mais indicado parauso em banheiros, mesmo que tenhaventilação? Existem tintas que impedema formação de bolor?Gerson M. Dias

Santo André (SP)

As pinturas de paredes e,principalmen-te, de tetos de banheiros providos comboxe de chuveiro são submetidas a soli-citações extremamente adversas, comsubseqüentes ciclos de umedecimento esecagem. Além disso, de encontro a su-perfícies resfriadas, principalmente noinverno, ocorre condensação do vaporde água, que favorece o umedecimentoda película e a proliferação de fungos.Assim sendo, as pinturas sintéticasdevem possuir grande flexibilidade eimpermeabilidade, com teor de resina

suficiente para dificultar ao máximo oacesso da umidade aos pigmentos e car-gas que compõem a tinta, materiais quesão, em última instância, os responsá-veis pelas movimentações higroscópi-cas.Caso os materiais das paredes e tetosapresentem boa porosidade e razoávelcapacidade de "respiração", a caiaçãopode ser a solução ideal. Caso contrá-rio, bases de concreto por exemplo, érecomendável o uso de tintas à base deborracha clorada, poliuretano, resinaepóxi ou resina acrílica. Em qualquersituação, para evitar o desenvolvimen-to de microrganismos, é recomendávelque a tinta seja formulada com aditivosfungicidas e bactericidas.Ercio Thomaz

Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente

Construído)

Trincas de alvenariaQuais podem ser as causas de trincas entre a alvenaria e a laje? É possível evitá-las?Jorge Reski Santos

São Paulo

Tais patologias normalmente estãoassociadas a movimentações das lajes,desde a retração de secagem do con-creto até as contrações e dilataçõestérmicas nas lajes de cobertura. Flexi-bilidade de lajes pode provocar fissu-ras em alvenarias estruturais que lhessirvam de apoio. Retração de seca-gem/encunhamento precoce de alve-narias também podem causar fissurasou destacamentos. Para evitar o pro-blema há uma série de recursos rela-cionados ao projeto e aos processosconstrutivos, ou seja: adequado di-mensionamento estrutural da laje (ri-gidez e armaduras de combate à fissu-

Tinta para área úmida

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CARREIRA

As estruturas metálicas quase nãoexistiam no Brasil quando o enge-

nheiro Paulo Andrade se apaixonoupela tecnologia. No final da década de40, contava-se nos dedos de uma mãoas empresas que trabalhavam com osistema – e, mesmo assim, montavamapenas pequenas estruturas de obrasindustriais, feitas geralmente com per-fis importados ou reaproveitados deantigos edifícios demolidos. Esse entu-siasmo, que o fez conhecido nesse seg-mento da Construção, se mantém atéhoje, seis décadas depois de se formarem Engenharia Civil pela Escola de En-genharia da Universidade Mackenzie,em São Paulo.

Por muito tempo em sua infância eadolescência,Paulo Andrade acreditouque seguiria carreira em Medicina."Meu pai era químico e eu vivia em umambiente médico", conta. Sua históriacomeçou a mudar quando foi matri-culado, no fim do ginasial, no colégioMackenzie. Influenciado pelo profes-sor de Matemática e pelo ambienteuniversitário que circundava o colégio,começou a cursar Engenharia Indus-trial na mesma instituição. No terceiroano de faculdade, matriculou-se tam-bém em Engenharia Civil. Formou-senas duas especialidades em 1948.

Seu primeiro emprego foi comoengenheiro de manutenção de umaempresa industrial chamada AndersonClayton. Pouco depois de sua contrata-

Paulo AndradeApaixonado pelas estruturas metálicas desde o início de suaprodução no Brasil, engenheiro militou pela divulgação datecnologia no setor da Construção brasileiro

PERFIL

Nome: Paulo Alcides AndradeIdade: 84 anosGraduação: Engenharia Industrial eCivil pela Escola de Engenharia daUniversidade Mackenzie, em 1948Onde trabalhou:Anderson Clayton,União dos Construtores Metálicos,Fábrica de Estruturas Metálicas da CSN(Companhia Siderúrgica Nacional),Andratell, Paulo Andrade Engenhariade Estruturas MetálicasCargos exercidos: membro doconselho deliberativo e consultivo doIE-SP (Instituto de Engenharia de SãoPaulo) e do conselho diretor da Abcem(Associação Brasileira da ConstruçãoMetálica), professor no Mackenzie eco-fundador da Abcem e da Abece(Associação Brasileira de Engenharia eConsultoria Estrutural)

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ção,um amigo lhe pediu a indicação dealgum engenheiro civil que conhecesseestruturas metálicas. Ele se ofereceu efoi admitido, então, na UCM (Uniãodos Construtores Metálicos), empresade origem belga que executava estrutu-ras metálicas em instalações indus-triais. "Eu diria que minha carreira co-meçou aí", explica Andrade.

Aos poucos, o engenheiro foi sen-do promovido – engenheiro de fábri-ca, engenheiro de montagem, coorde-nador de projetos. Em 1955, foi convi-dado também para lecionar na facul-dade onde se formara anos antes. Ocurso de Engenharia Civil do Macken-zie era o único do País com a cadeira deEstruturas Metálicas. O professor cate-drático responsável pela disciplina,Antonio Luis Hipólito, vendo o ex-aluno adquirindo experiência no seg-mento, chamou-o para ser seu assis-tente. Foi professor durante dez anos.

Em meados da década de 1950, aCSN realizava a primeira expansãode sua história. Começava a instalar,também, sua Fábrica de EstruturasMetálicas – passo importante na di-fusão da tecnologia no Brasil. Da pri-meira grande obra em que ela foi uti-lizada, com materiais e projetos com-pletamente brasileiros, Paulo Andra-de participou: o Edifício GaragemAmérica, no Centro de São Paulo. ACSN fornecia as estruturas metálicase a UCM as montava. O trabalho

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C A R R E I R A

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Obras marcantes das quaisparticipou: Edifício GaragemAmérica, Clube Atlético Paulistano, cúpulas e silos graneleirosna região Sul do País

Obra significativa da engenhariabrasileira: viadutos da rodovia dosImigrantes sobre a Serra do Mar

Realização profissional: orgulho-me de ter militado tecnicamentepelas atividades no setor dasestruturas metálicas

Mestres: Antonio Luis Hipólito, do Mackenzie; Pierre Galler, Heitor Lopes Correia

Dez questões para Paulo AndradePor que escolheu a engenharia:por influência de meu professor de Matemática e do ambiente no colégio Mackenzie, junto da faculdade

Perspectivas para seu campo de atuação: boas perspectivas em função do interesse e do apoio do setor siderúrgico

Conselho ao jovemprofissional: aprenda, apaixone-se e milite em seu ramo deespecialização

Um avanço tecnológicorecente: o desenvolvimento da

ras metálicas. "As encomendas tota-lizavam 2,5 mil t. Todo mundo fezfesta, menos eu", recorda-se Andra-de. "Todos estavam com a corda nopescoço, nas concorrências jogaramos preços lá em baixo. Seria necessá-ria uma grande eficiência na produ-ção." O que Andrade mais temia,aconteceu: até outubro daquele ano,a empresa havia conseguido produ-zir apenas 50 t. A Andratell era "en-golida" pela mesma onda que levoumuitas empresas do setor.

Desde então, até meados da déca-da de 1990, a construção metálica su-cateou-se, na opinião de Andrade.Mas ele esteve firme ao lado “dela”, naalegria e na tristeza, e montou um es-critório de projetos em estrutura me-tálica, que mantém até hoje em SãoPaulo. Nos últimos anos, Andradeacredita que o setor saiu da UTI e co-meça a se recuperar. No entanto, fazum alerta aos construtores: "atual-mente, apenas em São Paulo, há 650empresas atuando no setor da cons-trução metálica. Muitas delas são pe-quenas e médias empresas completa-mente despreparadas, que cometemverdadeiras aberrações".

Renato Faria

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conjunto aproximou Andrade e aentão estatal, que o convidou paramontar um escritório técnico-co-mercial para a comercialização dasestruturas metálicas que a empresafabricava. "Na época, meu trabalho sechamava Engenharia de Ligação, poiseu fazia a ligação entre o cliente, oprojeto e a fábrica", explica.

Sua nova empregadora o envioupara os Estados Unidos, para estagiarpor cinco meses em várias obras e co-nhecer a construção metálica norte-americana. Ao voltar, participou dediversas obras com a tecnologia, queengatinhava no País. Palácio do Co-mércio, em São Paulo; Edifício Gale-ria Central, Montepio dos Funcioná-rios da Prefeitura do Rio, Edifício-garagem no Jóquei Clube, no Rio deJaneiro; Edifício Santa Cruz, emPorto Alegre. Este último, aliás, exi-giu uma solução criativa para serprojetado: com seus empregadostodos focados nas obras de expansãoem Volta Redonda (RJ), a CSN nãotinha desenhistas para produzir asmais de 500 folhas do projeto do edi-fício. Andrade pediu o apoio doentão presidente da estatal e montouum escritório que contratava, para

trabalhos free lance, alguns dos seusmais de 100 alunos do Mackenzie.

Em 1958,saiu da CSN e fundou,emsociedade com um amigo, a própria fá-brica de estruturas metálicas, a Andra-tell. Dois anos depois, seu amigo seguiuoutro rumo profissional e deixou a em-presa nas mãos de Paulo Andrade.A fá-brica cresceu e se mudou de um peque-no galpão alugado em Santo Amaropara um terreno de 500 m² em São Ber-nardo do Campo, no ABC paulista.

Em 1974, querendo aproximaras empresas que produziam estru-turas metálicas, a Andratell fundou,com outras fábricas do setor, aAbcem. Esse também foi o períodoáureo da Andratell, que, entre ou-tros, forneceu perfis metálicos paraas obras da Rodovia Transamazôni-ca ("algumas peças eram lançadasde pára-quedas", recorda-se) e, emfunção de uma parceria com a cons-trutora Andrade Gutierrez, chegoua exportar peças para Bolívia, Ango-la e Costa do Marfim.

Depois do bom momento, po-rém, vieram os problemas da Andra-tell. No início de 1984, a empresahavia fechado quatro grandes con-tratos para fornecimento de estrutu-

informática e sua aplicação na Engenharia Civil

Indicação de um livro:O Mundo é Plano: UmaHistória Breve do Século XXI,de Thomas L. Friedman, e A Decolagem de Um Sonho,de Ozires Silva

Um mal da engenharia:a falta de consciência doengenheiro sobre seu própriovalor, sobre sua importânciano desenvolvimento do País, e a desvalorização da experiência dosengenheiros idosos

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MELHORES PRÁTICAS

Corpos-de-provaColeta, transporte e armazenamento dos corpos-de-prova deconcreto exigem cuidados simples, mas essenciais para estimar o desempenho do concreto aplicado em obra

Moldagem eidentificação

Armazenagem em obraApós a moldagem, os corpos-de-prova permanecem por 24 horasno canteiro, preferencialmente emlocal coberto, plano e isento devibrações. Esses procedimentosvisam garantir a integridade dosCPs durante a cura inicial,fundamental para estimarfielmente o desempenho doconcreto aplicado em obra.

Após descarregar 0,5 m3 do concreto docaminhão-betoneira, coletar uma amostrade aproximadamente 30 l. Desse volumeserão retirados os CPs (corpos-de-prova)para ensaio. De acordo com a NBR7212/84 – Execução de Concreto Dosadoem Central, no mínimo dois exemplaresde CPs devem ser recolhidos a cada 50 m3

de concreto. Para CPs com 10 cm dediâmetro a moldagem deve ser feita emduas camadas de 12 golpes cada. O corpo-de-prova deve ser então identificado comuma etiqueta para facilitar localização erastreamento dos dados.

ColetaNo dia seguinte à moldagem, osCPs são coletados já endurecidos.Devem ser transportados dentrodas fôrmas, evitando vibrações

excessivas e choques entre asamostras. Para tanto, podecontar com separações ou areiapara isolá-los.

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Colaboração: engenheira Carine Hartmann, da Engemix

Em ambiente plano e isento detrepidações e vibrações, os corpos-de-prova aguardam a data do rompimento. A cura, promovida desde a desenformaaté o momento do ensaio, pode ocorrer

Recebimento no laboratório

Preparo pararupturaNo dia do rompimento os corpos-de-prova recebem acabamento. Parauniformizar as superfícies planas doscilindros, estas são retificadas oucapeadas. Dessa forma, recebemuma camada de pasta de enxofre.Outros materiais têm surgido, mas oenxofre ainda é o mais comum.

Ao receber os CPs, os técnicos dolaboratório realizam a desenforma efazem uma análise visual do corpo-de-prova. Descartam aqueles queapresentam bicheiras, moldageminsatisfatória ou que tenham sido

recebidos fora de prazo. Também énesse momento que o técnico avalia adata do rompimento. Quando houverquatro CPs moldados, os com melhorapresentação são rompidos aos 28 dias,os outros dois aos sete dias de idade.

em câmara úmida – normalmentepresente em centrais de concreto comgrande volume de produção – ou porimersão em tanques de água saturadacom hidróxido de cálcio.

Cura

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ENTREVISTA

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WIM BAKENS

Formou-se no curso de EngenhariaArquitetônica da Universidade deTecnologia de Eindhoven, naHolanda, em 1975. Na mesmainstituição, concluiu seu Doutoradoem 1992, com um trabalho sobre "OFuturo da Construção". Depois detrabalhar durante sete anos noMinistério da Habitação holandês,passou a coordenar pesquisas esistemas regulatórios no segmentoda construção. Na BakkenistManagement Consultants – uma dasmaiores empresas de consultoria dopaís, da qual foi consultor sênior edepois sócio –, coordenou um grupode consultores especialistas no setorda indústria da construção. Desde1994, é secretário-geral do CIB(International Council for Researchand Innovation in Building andConstruction).

Novidade no Brasil, o conceito dedesempenho vem ganhando força

no mercado europeu da Construção.Segundo o secretário-geral do CIB (emportuguês, Conselho Internacionalpara a Pesquisa e Inovação na Constru-ção), Wim Bakens, isso é resultado docrescimento da demanda por qualidadeentre os consumidores de imóveis nocontinente. Além disso, acredita, é uminstrumento que proporciona maiortransparência nas relações comerciaisentre cliente e construtor. Projetartendo em mente o conceito de desem-penho não é tarefa fácil. Exige dedica-ção e treinamento técnico. É verdadeque novas tecnologias da informática,como alguns softwares de checagem deprojetos, vêm sendo desenvolvidas paraauxiliar esses profissionais a superar osdesafios técnicos. Por outro lado, aconstrução baseada em desempenho,

segundo Bakens,estimula a criatividadedo projetista e o incentiva a desenvolvernovas soluções tecnológicas."Ele é obri-gado a pensar, porque tem diversas op-ções disponíveis",acredita.O engenhei-ro defende o papel do Poder Públicono processo de industrialização daconstrução. Na Holanda, exemplifica,duas décadas depois da Segunda Guer-ra Mundial, o governo estimulou a in-dustrialização do setor por meio deuma troca com os construtores do seg-mento residencial: se essas empresaspassassem a utilizar sistemas indus-trializados, o governo lhes garantirianovas obras para os anos seguintes.Emsua opinião, o setor da construção bra-sileiro deveria reivindicar o mesmo. "Osegmento da construção também devefazer sua parte, forçando a criação deregulamentações, reivindicando subsí-dios", conclui.

Padrões de desempenho

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Para engenheiro, construção baseada em desempenho torna relaçãoentre cliente e construtor mais transparente. Além disso, tornarequisitos de sustentabilidade mais precisos

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Como evoluiu o conceito dedesempenho na construção européia?O desempenho é mais exigidoagora do que no passado. O que euvejo nos países mais desenvolvidosé uma maior demanda por qualida-de. As pessoas podem e querempagar mais por melhor qualidade,seja na habitação, seja nos demaistipos de edifícios. A preocupaçãocom os sistemas prediais vem cres-cendo cada vez mais na concepçãoda construção. As pessoas acredi-tam ser importante ter um sistemade climatização de qualidade, porexemplo, e querem investir nisso,pagar por isso. Às vezes, mais de50% da verba de construção de umedifício é destinada ao projeto e àexecução dos sistemas prediais. NaEuropa de 20 ou 30 anos atrás ascasas eram pequenas, baratas, fá-ceis de construir; hoje as casas sãomaiores, com maior ênfase emadaptabilidade.

Há diferenças entre edifícios comunse de alto desempenho?Acredito que o conceito de desem-penho não se aplica a um outrotipo de edifício, mas sim a umoutro processo. Eu, como consumi-dor de sistemas de climatização,posso definir, se quiser, que o siste-ma que eu adquiri deverá ter umnível mínimo de desempenho. Se ofizer, o projetista e o construtor de-verão me apresentar exatamenteessa solução. Isso evita que o clien-te contrate um projeto de edifíciode desempenho mínimo e o cons-trutor lhe apresente um projeto ca-ríssimo de alto desempenho. Oconceito de desempenho deixa ascoisas bem claras: isso é o que euquero; então, traga-me as melhoressoluções construtivas.

Aplicar o conceito a umempreendimento encarece o produto final?Para se desenvolver esse tipo deprojeto não é necessário gastarmuito dinheiro, mas muita energiacriativa. Recentemente, em umapesquisa do World Business Coun-

cil, perguntou-se aos construtoresde diversos países qual seria, naopinião deles, o custo adicional naconstrução de um edifício energe-ticamente eficiente. As respostasgiraram em torno de 20%. Entre-tanto, o valor real, segundo a enti-dade, é de 5%. Esse valor tem sidobastante utilizado por defensoresda Construção Sustentável queafirmam que, investindo um pou-quinho a mais de dinheiro e exi-gindo um pouco mais de dedicaçãodos profissionais envolvidos, épossível obter um edifício muitomais econômico durante o uso,que utilizará 20% menos energia,terá 20% menos manutenção, serámais adaptável. Pode não ser im-portante agora, mas talvez o sejadaqui a dez anos. Vale a pena? Ocliente é quem decide.

Onde estão os obstáculos para adisseminação do conceito?Em licitações para obras públicas, porexemplo,os construtores geralmente sãoobrigados a apresentar propostas com omenor custo possível. Em outras pala-vras, se alguém aparece com uma pro-posta 5% mais alta, mas que resultaráem uma economia de 50% durante ouso, essa pessoa não ganhará a licitação.Portanto, isso é decisivo.Acredito que,seos clientes se derem conta disso, exigin-do não apenas menor custo de constru-ção, mas também menor custo de utili-

zação durante a vida útil do empreendi-mento, e fazendo um investimento ini-cial maior, eles poderão também ter lu-cros ou benefícios maiores.

Há alguma obra pública que tenhaadotado requisitos de desempenho?Na Holanda, neste momento, umórgão ligado ao governo, responsá-vel pela construção e administra-ção de instalações prisionais, con-tratou empresas para construir dezpresídios pelo país. O órgão des-creveu o que queria e abriu umprocesso de licitação. Como con-tratante, ele definiu que o sistemade segurança dos presídios é aparte mais importante da edifica-ção. Dessa forma, o próprio órgãodefinirá o tipo de sistema a ser uti-lizado nas instalações, não deixaráa escolha a critério do construtor.Para o resto da construção, foramestabelecidos determinados requi-sitos de desempenho que deverãoser atendidos pela construtora.Esta definirá os sistemas construti-vos mais adequados.

O uso de sistemas construtivosindustrializados garante melhordesempenho a um edifício?Em uma situação normal, todo edifí-cio é um projeto singular. Nele, osconstrutores cometem erros, que vãose repetir em um outro projeto sin-gular. Em um processo de produçãoindustrial, alguém – no caso, a fábri-ca – está olhando para o sistema eaprendendo, adaptando. Erros sãocometidos apenas uma vez. Em umambiente industrial é possível obtertambém uma precisão muito maior,reduzir o desperdício de materiais,projetar melhor etc. Estou convenci-do de que há um salto de qualidade ea prática mostra isso.

Isso implica aumento da vida útil daconstrução?Isso não significa automaticamen-te uma vida útil maior para a cons-trução. Trata-se de uma questãocompletamente diferente. Muitosedifícios deveriam ser projetadospara existir por apenas dez ou 20

“O que eu vejo nospaíses maisdesenvolvidos é umamaior demanda porqualidade. As pessoaspodem e querempagar mais pormelhor qualidade,seja na habitação,seja nos demais tipos de edifícios”

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anos, mas o normal é concebê-lospara existir por 100 anos. Achoisso bastante insustentável. É pre-ciso diferenciar a parte estruturaldos edifícios e seus sistemas inter-nos. A parte estrutural pode serprojetada para durar 50 ou 100anos. Mas os sistemas internospodem ser projetados para seremadaptáveis ou trocados em um pe-ríodo menor. Seria muito mais ba-rato concebê-los para duraremapenas 20 anos, usando sistemasindustrializados ou não.

É possível melhorar a performancede construções já existentes?Se é possível? Antes de tudo, é ne-cessário. Quase todas as constru-ções que temos são edificações an-tigas, talvez menos de 1% sãonovas. Com as mudanças de nos-sos estilos de vida e de nossas ne-cessidades, precisamos aproveitaros edifícios já existentes em vez deconstruir novas unidades. O pro-blema é que, no passado, as cons-truções não eram projetadas paraserem flexíveis ou adaptáveis. Porisso, é muito caro adaptá-las hoje.Atualmente, temos desenvolvido oconceito de projetar tendo emvista a adaptabilidade no futuro.No final das contas, fica muitomais barato.

Como isso vem ocorrendo?Na Europa, por exemplo, váriasigrejas, construídas séculos atrás,não são mais usadas com essa fina-lidade. Como sua demolição seriamuito cara, elas adquiriram novasfunções – muitas são hoje constru-ções residenciais, escritórios, mu-seus etc. Adaptá-las exigiu um in-vestimento alto. Há casos tambémde renovação de edifícios residen-ciais, em que pequenos apartamen-tos contíguos são unidos para for-mar unidades maiores. Isso tam-bém teve um custo alto porque aadaptabilidade nunca foi um con-ceito presente em seus projetos. In-cluir a adaptabilidade como umprincípio nas construções é im-prescindível. Elas existirão por

mais de 100 anos e terão, nesse pe-ríodo, pelo menos cinco tipos deutilização diferentes.

Qual a ligação entre construçãobaseada em desempenho esustentabilidade?Vou começar com um exemplosimples. Imagine que você contra-ta uma empresa para construir umnovo edifício, energeticamentemuito eficiente. No entanto, comoprojetar e como saber se um edifí-cio é energeticamente eficiente? Énecessário descrever precisamen-te, quantificar o que você entendepor "eficiência energética". É pre-ciso, ainda, um método para veri-ficar se a construção é energetica-mente eficiente. A construção ba-seada em desempenho vai definirde maneira precisa o que você querdizer com "eficiência energética".O mesmo vale para produção deresíduos, emissão de CO2 ao longoda vida útil do edifício etc. O mo-vimento da Construção Sustentá-vel já existe há mais de dez anos.Para muitas pessoas, porém, o queexiste são apenas boas intenções,mas afirmações e políticas bastan-te imprecisas. O que nós precisa-mos é de definições claras.

A mesma norma de desempenhopode ser usada em construçõesdiferentes?O conceito de desempenho é dife-rente para cada tipo de edifício e

para cada país. Os requisitos paraum edifício de escritório são dife-rentes dos de um industrial. E o edi-fício de escritórios no Brasil é muitodiferente de um similar holandês.Em cada situação, em cada tipo deconstrução é preciso ser muito claroquanto ao que se quer, quantificar asdemandas, mostrar como medi-las.E deixar que os especialistas tragama melhor solução. Este é o conceitoda construção baseada em desempe-nho. Pode haver, sim, edifícios debaixo desempenho: por exemplo, ar-mazéns temporários para estocarprodutos por cinco anos ou menos.Que se construa um edifício debaixo desempenho, barato, de exe-cução fácil.

A informática pode ajudar osprojetistas a aplicar o conceito emseus projetos?Existem softwares de projeto muitointeligentes, com ferramentas quetestam as soluções de acordo com osrequisitos de desempenho. Eles fun-cionam não na elaboração do proje-to, mas na checagem dos desenhos.Estamos desenvolvendo, também,softwares inteligentes voltados para aprodução nos canteiros, como o BIM– modelo para compartilhamento deinformações durante todas as fasesda construção. Com um modelo ade-quado, você lança no sistema os re-quisitos de desempenho e eles conti-nuam disponíveis durante todo oprocesso e, conforme a obra avança –,vão sendo melhor especificados. Evocê pode testar que requisitos sãorelevantes para o empreendimento,que soluções podem ser utilizadas,quais podem ser descartadas. Emminha opinião, os modelos de infor-mação para a construção, que têmapresentado crescimento nos últimosdois ou três anos em todo o mundo,são uma tecnologia importante queajudará a construção baseada em de-sempenho, pois deixa as informaçõese os links para os requisitos bem ex-plícitos, mais fáceis de controlar.

De que forma esse tipo de construçãoincentiva inovações técnicas?

“Se [em licitaçõespara obras públicas]alguém aparece comuma proposta 5%mais cara, mas queresultará em umaeconomia de 50%durante o uso, essapessoa não venceráa licitação”

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E N T R E V I S T A

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Se você tem um projeto tradicional,tão detalhado que mostra não ape-nas a aparência da construção, mastambém os materiais e sistemas quedevem ser utilizados, o construtoracaba não pensando nas opçõespossíveis de soluções tecnológicaspara aquela obra. Ele constrói exa-tamente como foi determinado. Naconstrução baseada em desempe-nho, ele é obrigado a pensar, por-que ele tem diversas opções dispo-níveis e pode desenvolver soluçõesinovadoras. Um problema quepode surgir é que, algumas vezes,ele vai precisar provar que determi-nada solução ou tecnologia estáadequada aos requisitos. Nesse ca-so, ele deverá procurar um labora-tório, realizar ensaios, verificar aeficiência do sistema construtivo e,finalmente, apresentar ao clienteum laudo que atesta o desempenhoda solução adotada.

Qual o caminho seguido pelos paísesdesenvolvidos para industrializar osetor da construção?Na Holanda, nós temos um sistemano qual casas são construídas porempresas públicas de construção.Elas detêm a propriedade dos imó-veis e os alugam para os interessados.No passado, mais de 90% do merca-do de construção residencial tinha aparticipação dessas empresas, queeram reguladas pelo governo. O estí-mulo ao uso de sistemas industriali-zados vinha da agência governamen-tal, que assegurava novas obras aessas construtoras caso passassem autilizar essas soluções. Surgia ummercado grande e promissor, queatraiu as empresas de construção.Garantia-se a elas que, nos anos se-guintes, haveria obras suficientespara viabilizar o uso das novas tec-nologias. No entanto, trata-se deum mercado protegido. Duas outrês décadas depois da SegundaGuerra Mundial, os governos esti-mularam a industrialização, investi-ram em pesquisa e desenvolvimen-to. E tinham que fazê-lo, porque asempresas não possuíam condiçõesde assumir essa responsabilidade.

Essa industrialização aconteceu sob certo protecionismo. Ela pode ocorrer em um sistema de livre iniciativa?A industrialização na Construção équase impossível em um mercadolivre. Porque o risco fica todo porconta dos construtores. Em algunscasos, isso pode acontecer. Veja oexemplo de algumas grandes em-presas de construção japonesas, queinvestiram bilhões de dólares emtecnologias construtivas industriali-zadas. Elas supõem que vão cons-truir cinco, seis grandes edifícios deescritórios semelhantes no Japão eno Sudeste Asiático e desenvolvemsistemas construtivos rápidos paraexecutá-los de forma seriada. Mas éum risco assumido pelo mercado.Investe-se em um produto se há acerteza de que ele será usado tão re-petidamente que possibilitará gera-ção de lucro.

Como fazer isso acontecer no Brasil? É fácil dizer que existe uma responsa-bilidade do governo nisso. Mas o seg-mento da construção também devefazer sua parte, forçando a criação deregulamentações, reivindicando sub-sídios, uma política efetiva [de indus-trialização do setor]. E, se há um mo-mento ideal para que isso ocorra, éagora, que o mercado brasileiro daConstrução está vivenciando umboom. Daqui a dois anos ninguém

mais se interessará por isso, pois todosterão muito trabalho, estarão lucran-do muito. Agora é o momento paraimplementar esse tipo de mudanças.

Quais foram as dificuldadesenfrentadas na Europa à época dolançamento das primeiras normas dedesempenho?Não basta simplesmente publicaruma norma e dizer "agora todosvocês deverão segui-la". É precisomuito treinamento, dos engenhei-ros de obra, dos projetistas. É preci-so treinar os arquitetos, pois cadatipo de edifício tem uma norma dedesempenho correspondente. Oprofissional terá de mudar suaforma de projetar. Há outra ques-tão importante aqui: a capacidadede fiscalização do governo. No Bra-sil e em vários outros países, podehaver normas descrevendo as ne-cessidades mínimas, mas, se nin-guém as fiscaliza, elas acabam setornando inúteis. Estive há cincoanos em São Paulo e um colega medisse que 70% das habitações da ci-dade são construídas pelos pró-prios moradores, sem normas, semcontrole algum. Isso nunca aconte-ceria na Europa. Há uma necessida-de de reforçar os sistemas de fiscali-zação existentes.

É possível garantir qualidade mínimaàs casas autoconstruídas?Já que essas pessoas irão construirsuas próprias casas não importa oque se faça, que seja dado a elas umtreinamento básico, com conceitossimples sobre tecnologias construti-vas, questões básicas de segurança naconstrução. Em cursos rápidos, ofe-recidos pelo governo, mesmo. Àsvezes encontramos verdadeiros ab-surdos nessas casas autoconstruídas,temos certeza de que as estruturaspodem ruir a qualquer momento. Épreciso oferecer-lhes, também, infra-estrutura básica, como água encana-da, tratamento de esgoto, energiaelétrica. Há inúmeros casos seme-lhantes que deram certo, na Vene-zuela, no México.

Renato Faria

“Incluir aadaptabilidadecomo um princípionas construções éimprescindível.Elasexistirão por mais de100 anos e terão,nesse período,pelomenos cinco tiposde utilizaçãodiferentes”

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TÉCNICA E AMBIENTE

Metade do terreno ocupado pelocentro tecnológico e administra-

tivo do grupo Mahle Brasil, dedicadoao desenvolvimento de motores, éclassificado como APP (Área de Pre-servação Permanente). Localizado naSerra dos Cristais, em Jundiaí, cidadedo interior de São Paulo, o terreno ficano entroncamento das rodovias Ban-deirantes e Anhangüera, no km 48, efoi doado pela Prefeitura.

A preservação da mata nativa e aconvivência harmoniosa com os ani-mais que residem na região é inerenteàs obras em APPs.E como esse terrenoé localizado dentro de uma microba-cia, foi necessário restaurar a mata ci-liar das duas lagoas existentes no local.

Com a implantação do Programade Gestão da Racional Engenharia,empresa responsável pela execução daobra, foram identificados riscos e im-

Território divididoImplantado em área de preservação ambiental, centro tecnológico convive com fauna silvestre e contacom arquitetura que favorece o conforto térmico

pactos decorrentes da atividade cons-trutiva.Daí foram definidos controlesoperacionais e planos de emergênciaque contemplaram, inclusive, a coletaseletiva de resíduos.

Uma das primeiras ações,então, foicercar a APP com arame liso e mourõesde eucalipto. Assim, a cada 30 m decerca foram deixadas aberturas de 1 mde largura para permitir a passagem deanimais e restringir a circulação de pes-soas.Como complemento a essa medi-da, foram instituídos serviços de rondae vigilância patrimonial para impedir oacesso de terceiros, além de treinamen-tos e trabalhos de conscientização decolaboradores, fornecedores e visitas."Não se pode entrar na APP sem justi-ficativa e sem comunicar os órgãos res-ponsáveis", salienta Luciana Biondi,coordenadora do Sistema de GestãoIntegrada da Racional.

De acordo com os preceitos da ISO14001 (norma que define os requisitospara estabelecer e operar um sistemade gestão ambiental), a Racional adotamateriais recicláveis ou reciclados paramontagem do canteiro. Caso, porexemplo, do uso de painéis de madeirae telhas de cimento recicladas semamianto e das telhas translúcidas paraminimizar o consumo elétrico. "Ocusto de montagem de canteiros é atémenor por usar material reciclado",afirma Wilson Pompílio, diretor-exe-cutivo da construtora. Além disso, oscaminhões que saem do canteiro têmas rodas lavadas em sistema que contacom duas caixas de decantação.

O restauro da mata ciliar se deucom a implantação de um programade manutenção de plantio de mudas.Entre quatro e cinco mil espécimesvegetais nativas foram reintroduzidasao meio. A escolha por mudas nativasvisou a melhor adaptação às caracte-rísticas climáticas da região.

Como a área onde se encontra aobra não conta com redes para abaste-cimento de água e coleta de esgoto, acaptação de água, desde o início daconstrução, é feita em poço artesiano eos dejetos são acondicionados em tan-ques até a transferência para a estaçãode tratamento presente no empreendi-mento. Após tratamento, a água é ar-mazenada em tanque de reúso, com150 m3 de volume. A estação de trata-mento tem capacidade para processaraté 30 m3 de água por dia. Toda essaágua será reutilizada para jardinagem,lavagem de áreas externas, arrefeci-mento dos motores em teste, em vasossanitários e mictórios.

Projeto sustentávelParte dos efluentes será aproveitada

nos espelhos d'água existentes nas lajesdo primeiro e do segundo pavimento.Acobertura do terceiro anel e das mar-

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quises conta com telhas zipadas ou tra-pezoidais.Além do efeito arquitetônico,os espelhos aumentam a inércia daslajes e diminuem os efeitos da carga tér-mica decorrente da insolação. Comoconseqüência direta, há o incrementono conforto ambiental dentro da edifi-cação e a redução no consumo de ar-condicionado. A impermeabilizaçãodessas lajes foi feita com manta dupla e,devido à minimização da oscilação tér-mica, demanda menos manutenção aolongo dos anos.

A implantação do edifício no terre-no íngreme propiciou, além da criaçãodos espelhos d'água e de melhor apro-veitamento da iluminação natural,a in-corporação do talude à construção e,logo,sua proteção.A arquitetura,do ar-

quiteto Ricardo Loeb, deixou os taludesaparentes em locais como restaurante,recepção e biblioteca para criar um efei-to visual diferenciado. A preocupaçãocom os taludes se deu já no início daobra, com a construção dos acessos aocanteiro. Embora com custo mais ele-vado, uma das vias de acesso foi execu-tada com gabiões para diminuir o pé dotalude e evitar invasão à APP.

A estrutura foi executada com ele-mentos pré-moldados e moldados inloco, a depender da solicitação e da pe-culiaridade do local. Em alguns pontosadotou-se a execução de vigas pré-mol-dadas em canteiro, pois a inclinação doterreno impediria a chegada de peçaspré-moldadas com 16 m de compri-mento.A empresa prioriza o uso de ele-

mentos pré-moldados devido à raciona-lização e ao menor impacto ambientalproporcionado pelo uso de fôrmas me-tálicas. "Adotamos pré-moldados porquestões logísticas e de melhor execu-ção",aponta o gestor de contratos da Ra-cional, engenheiro Waldemar Marotta.

O projeto de distribuição elétricadentro do empreendimento tambémlevou em conta a otimização no uso deenergia elétrica. Previu a instalação desubestações separadas e com divisõesde acordo com os usos. Dessa maneira,foi possível receber a energia da con-cessionária em média tensão e redis-tribuí-la internamente. Essa estratégiaacarretou menor perda de carga aolongo do deslocamento.

Bruno Loturco

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OBRA

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Hotel na selvaConstrução industrializada e seca confere o controle de impacto ambientalnecessário a projeto de complexo hoteleiro em Coari, na selva amazônica

Q ualquer construção de médio egrande porte em meio à Floresta

Amazônica requer ações especiais, sejapor causa das condições do local – pre-cária na maior parte das vezes em fun-ção da falta de infra-estrutura e do climatipicamente tropical – seja pela necessi-dade de rigoroso controle ambiental.

Esses desafios foram enfrentadostambém durante as obras do conjuntode alojamentos que fazem parte doComplexo Hoteleiro Vitória-Régia, naestação de Urucu, em Coari (AM), a650 km a sudoeste de Manaus. Ali,onde há um campo de extração de pe-tróleo e gás natural em operação desde1986, os trabalhadores até então utili-zavam alojamentos erguidos de formaimprovisada e dispersa. Um novo pro-jeto, porém, atualmente em andamen-to, deve concentrar a estrutura emuma área de 100 km², incluindo não

só os alojamentos, como também pré-dio de escritórios, restaurante, centrode treinamento e um centro de inte-gração (com espaço para a prática deesportes e atividades de lazer).

A prioridade era garantir a criaçãode uma infra-estrutura compatívelcom as necessidades atuais, minimi-zando os impactos ambientais de suaconstrução ao máximo. Uma dasprerrogativas era a de que a produçãodos campos de petróleo não é eterna.Portanto, quando se decidir suspen-der as atividades, será preciso des-montar toda a infra-estrutura cons-truída e devolver à selva a sua condi-ção inicial. Ao mesmo tempo, busca-va-se uma solução construtiva limpa,que não exigisse o uso de madeira na-tiva, que trouxesse baixo risco am-biental à floresta e com o mínimo dedesperdício de materiais.

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RESUMO

Complexo Hoteleiro Vitória-Régia – 1a faseLocal: Base Operacional de Urucu,Coari (AM)Área do terreno:aproximadamente 100 km²Área construída: doisalojamentos de 1.386 m² cada, umprédio central com 2.035 m² e umedifício de recepção com auditóriode 610 m²Duração da obra: seis mesesSistemas construtivosadotados: fundação com radier de concreto; estrutura em steel frame; fechamento externocom placas cimentícias;fechamento interno com drywall; cobertura com telhas metálicastipo sanduíche

O Pólo de Urucu produzdiariamente 54 milbarris de petróleo, 9,7 milhões de metroscúbicos de gás natural e 1.600 t de GLP

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Na primeira etapa do empreendi-mento, recém-concluída, foram er-guidos dois alojamentos para 260 pes-soas e um prédio central, somando 5mil m². A necessidade de reduzir osdanos ambientais justificou a especifi-cação do steel frame como solução es-trutural. Alexandre Mariutti, diretorda construtora Seqüência, responsávelpela execução da obra, explica que aescolha levou em conta o peso global ea quantidade de insumos demanda-dos para se construir com o sistema.Isso porque todos os materiais deve-riam ser levados até o meio da selva,exigindo rigoroso planejamento logís-

tico e custando emissões de CO2 de-correntes do transporte (veja boxe).

Também por influenciar direta-mente a sustentabilidade, a quantida-de de entulho gerado, bem como a suacapacidade de ser reciclado, foi consi-derada. Todo o material remanescenteda obra era armazenado em um pátioe, ao final, foi retirado da floresta e de-volvido a Manaus para ser separado ereciclado. Dos 53 contêineres de mate-rial de construção transportados atéUrucu, apenas meio retornou à cidadena forma de entulho.

Outro item que pesou na avaliaçãoda eco-sustentabilidade do empreen-

Com os materiais trazidos principalmentede São Paulo – perfis estruturais, painéisde vedação externa e interna,acabamentos etc. – a logísticarepresentou uma etapa crucial para osucesso da empreitada na Amazônia.Após meses de planejamento rigoroso,foram transportados de navio 53contêineres com materiais e insumos deSão Paulo até Manaus. A partir da capitalamazonense, os contêineres seguiam debalsa, por 15 dias, até finalmente chegarao rio Urucu. Desse ponto até o local onde

estava sendo construído o alojamento, otransporte era terrestre até o alojamento.O tempo necessário para todo o trajeto,da saída do material das fábricas em SãoPaulo até a chegada na obra, era deaproximadamente dois meses.Um desafio, portanto, era garantir queesse material estivesse na obra nomomento e na quantidade certa. Emboranão houvesse como fazer a reposição demateriais na obra com agilidade, insumosem excesso deveriam ser evitados sob orisco de comprometer o empreendimento

tanto sob o aspecto ambiental, quantofinanceiro (custo de frete).Nesse quesito, a maior precisãodimensional característica das soluçõesindustrializadas, ajudou. "Temos comoprever quantos metros de aço serãousados, quantas placas cimentíciasprecisaremos para o fechamento etc.",diz Alexandre Mariutti. Para eventuaisperdas, como as provocadas por erros decorte na obra, a construtora trabalhoucom uma margem de folga de poucomais de 3%.

Logística sofisticada

dimento foi o número de profissionaisenvolvidos na obra. A construção in-dustrializada permitiu redução daquantidade de mão-de-obra em apro-ximadamente 40%, em comparação auma construção tradicional, confor-me dados do construtor. O perfil dopessoal também é diferente. "Umaobra baseada em montagens envolvemaior participação de profissionaismais capacitados. Proporcionalmentehá mais técnicos que ajudantes", dizMariutti.

Um grupo de montadores foi deslo-cado de São Paulo para a reserva deUrucu. Divididos em duas turmas, elesse revezavam no trabalho em regime deconfinamento durante 15 dias. Umaconseqüência desse tipo de escala ésobre a produtividade, que inevitavel-mente cai. "Sabíamos que a cada trocade equipe haveria uma quebra noritmo", conta Mariutti. Segundo ele,para minimizar esse efeito, preferiu-sesubstituir o pessoal aos poucos. Assim,em vez de trocar uma equipe inteira poroutra, a cada semana apenas dez mem-bros eram substituídos.

Produção e segurançaAs edificações foram concebidas,

desde o início, para serem estrutura-das com perfis leves de steel frame. Aocontrário do que ocorre na maiorparte das obras que empregam essesistema construtivo, a velocidade deexecução era algo importante, masnão prioritário. A estratégia foi inves-tir tempo e dinheiro em planejamen-

O impacto da construção das novas instalações foi rigorosamente analisado. A idéiaé que um dia toda a infra-estrutura construída possa ser desmontada e reciclada

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Construção e montagem em cinco momentos

Terraplanagem e fundaçãoEmbora fosse tecnicamente simples, aexecução do radier de fundaçãoacabou se mostrando uma operaçãocomplicada. Isso principalmente emfunção da grande quantidade deconcreto e agregados que precisou serdeslocada até o local. A necessidade demonitorar os impactos ambientais daconstrução levou à inspeção de todosos equipamentos utilizados. Diante deuma betoneira com vazamento deóleo, por exemplo, a determinação eraa de parar tudo.

Estrutura e coberturaDepois de uma longa viagem, os perfisleves de aço chegaram ao canteiroprontos para a montagem. Os perfisforam fixados diretamente sobre oradier. A cobertura foi executada comtelhas de aço com recheio de EPS para

reduzir as transmissões de calor. A grande exposição à umidade dolocal exigiu que o aço empregadorecebesse tratamentos como agalvanização (imersão em banho dezinco) para evitar corrosão.

Instalações hidráulicas e elétricasA racionalização de materiais e apreocupação em prover facilidade deacesso às instalações, no caso deeventual reparo, levaram àespecificação de tubulação depolietileno reticulado flexível (PEX) edistribuição por shafts.

Vedação externa e internaSistemas de construção seca foramprivilegiados. Para os fechamentosexternos chapas cimentícias, com 10mm de espessura, 100% recicláveis eresistentes à umidade. Já o

fechamento interno foi feito comdrywall. Para garantia da salubridadedo ambiente interno, a temperaturanas edificações não poderia variarmais do que 8°C em relação àtemperatura externa. Para atenderessa exigência, além da implantaçãode um sistema de ar-condicionadocentral, nas paredes, foram inseridaslã de vidro a fim de manter baixacondutibilidade térmica.

AcabamentosInternamente foram empregadosrevestimento laminado nas paredes eplacas de “Courodur” e granito (áreasfrias). A compatibilização entreprojeto estrutural e de interiorespermitiu que alguns itens domobiliário, como a cama dosalojamentos, por exemplo, fossemembutidos nas paredes.

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FICHA TÉCNICA

Construção: Construtora SeqüênciaArquitetura: Marcos JunqueiraProjeto estrutural: DaruixEngenhariaPerfis metálicos (steel frame): Roll-forAço: UsiminasDrywall: PlacoPlaca cimentícia: BrasilitLã de vidro: IsoverLaminado de madeira: MadeparTelhas metálicas: PanisolSistema hidráulico: AstraElétrica: Tigre

to, o que conseqüentemente permitiuque a obra ocorresse em um bomritmo, apesar das restrições e cuida-dos adicionais decorrentes de suasparticularidades.

Durante dois meses, a equipe deengenheiros e arquitetos se dedicouao desenvolvimento de protótipos

que permitiram avaliar a compatibi-lidade de materiais, identificar oscustos de transporte etc. Somentequando esse protótipo foi aprovadocom todas as interfaces – caixilho,calha, acabamentos – foi dado inícioà parte executiva.

Mesmo assim foi preciso lidarcom algumas situações que não sãocompletamente previsíveis, como achuva, por exemplo. "Durante asobras choveu praticamente todos osdias e, para não comprometer as boascondições de trabalho, o canteiro eraparalisado sempre que se via algumrisco de acidente", comenta o diretorda construtora Seqüência.

Segundo ele, aliás, um dos desa-fios foi conciliar a produção com oatendimento às rigorosas diretrizesdo SMS (segurança, meio ambiente esaúde) do cliente. Em alguns momen-tos, para cada montador trabalhando,havia três profissionais do SMS fisca-lizando. Mas não sem motivo. Além

de evitar os transtornos provocadospor acidentes de trabalho, o empreen-dimento estaria sujeito a multas deórgãos governamentais, caso nãoatendesse às boas práticas de respon-sabilidade ambiental.

Juliana Nakamura

A construção como linha de montagempermitiu a redução do número deoperários na obra em 40%

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RETROFIT

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Já é um consenso entre especialistasque o retrofit ou reconversão de

um edifício (ou área urbana) é, antesde tudo, uma requalificação tecnoló-gica. Em geral, o que se faz é reconfi-gurar e otimizar espaços, melhorarsua eficiência energética e, em conse-qüência, aumentar seu valor agrega-do. Segundo a arquiteta doutora Ro-berta Consentino Kronka Müilfarth,do Labaut (Laboratório de ConfortoAmbiental e Eficiência Energética daUniversidade de São Paulo), essa re-qualificação pressupõe tornar o edifí-cio mais "sustentável", pois ataca-se oproblema do consumo exagerado deágua e energia, apostando na ventila-ção natural do edifício, reúso de água,uso de água de chuva e outras alterna-tivas. "É uma prática arquitetônicadentro do desenvolvimento sustentá-vel", acredita Roberta (quadro 1).

Um edifício pode ser readequadopara o mesmo uso ou adaptado parausos diferentes. Já o retrofit urbanotransforma áreas obsoletas e até comproblemas sociais em áreas economi-camente e socialmente ativas, onde adegradação e violência dão lugar à re-novação urbana e maiores consciên-cia e cuidado com o meio. "Na Euro-pa é muito comum a requalificaçãourbana onde até bairros inteiros sãotransformados, em oposição à expan-

Da teoria à práticaMercado de requalificação tecnológica de edifícios estimulainovações em prol da sustentabilidade

Executado pela Método, o retrofit do EdifícioPanorama tem a grife do arquiteto IsayWeinfeld. Em vez de escritórios, o edifícioabriga agora luxuosos apartamentos

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são urbana", explica Roberta. Deacordo com a pesquisadora, a expan-são urbana é cara pois implica alterara infra-estrutura básica e de transpor-tes (greenfields), enquanto que o rea-proveitamento de áreas degradadasou subutilizadas (brownfields) tira

partido de equipamentos existentes ereconecta o tecido urbano truncadode áreas subutilizadas da cidade.

Os avanços tecnológicos têm per-mitido que construções antigas consi-gam se adaptar a novas necessidadesmesmo com restrições construtivas.

"Pode-se, por exemplo, instalar piso ra-diante gelado em edifícios com pé-di-reito pequeno, como alternativa ao sis-tema de ar-condicionado pelo forro",diz Roberta. A inserção de brises, alte-ração nos tipos de vidros e esquadrias,mudanças nos revestimentos externos

O Estádio Olímpico de Berlimganhou cobertura e, debaixo dasarquibancadas, modernosespaços de laser e compras

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Quadro 1 – ANÁLISE DOS IMPACTOS GERADOS PELA DEMOLIÇÃO E CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO NOVO E PELO RETROFITDE UM ANTIGO Etapa Subprodutos gerados Impactos causadosDemolição e construção de novo edifícioEtapa de demolição Construção: entulho Poluições sonora, atmosféricados elementos (partículas em suspensão), biosfera, outroscomponentes do edifício Transporte do entulho: emissões gasosas Redução de recursos naturais não renováveis,

poluição atmosférica, entre outrosPreparação para reciclagem ou reutilização: Poluições sonora, atmosférica e da biosfera.emissão de efluentes líquidos e geração Poluição do ar, água e terra por de resíduos sólidos metais pesados

Produção dos materiais de Fabricação: Resíduos sólidos, emissões Redução de recursos naturais não construção a serem novamente gasosas e de efluentes líquidos resultantes renováveis, poluição atmosférica, biosfera, incorporados ao edifício dos processos de fabricação poluição dos recursos hídricos

e descargas tóxicasDistribuição, armazenamento e transporte Redução de recursos naturais não na obra: poluição atmosférica por renováveis, poluição atmosférica, emissões gasosas biosfera, outros

RetrofitRecuperação, manutenção e Readequação do edifício: entulho Poluições sonora, atmosférica e da biosfera. restauração do meio edificado Poluição do ar, água e terra por metais pesadosFase de funcionamento Funcionamento e manutenção do edifício: Redução de recursos naturais não renováveis,

emissão de efluentes e resíduos poluição atmosférica, biosfera, poluição dossólidos domésticos, emissões gasosas recursos hídricose alto consumo hídrico e energético

Etapa de demolição do edifício Mesmos produtos gerados na etapa Mesmos impactos ocorridos na etapa dede demolição descrita acima demolição dos componentes do edifício

Fonte: Marília Sayuri Chino, adaptado pela Téchne

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A arquiteta mestranda Viviane CarolineAbe desenvolveu em seu trabalho dedissertação o retrofit hipotético de umprédio de escritórios de 1971, no Centrode São Paulo. O trabalho ganhoumenção honrosa no prêmio Paviflex e foiorientado pela professora doutoraDenise Helena Silva Duarte, do Labaut. O edifício objeto da intervençãoapresentava problemas de conforto, máeficiência energética e risco de incêndiopor falta de rota de fuga. Além disso, aanálise das fachadas mostrou um altoíndice de absorção de calor. A caixilhariaestá desgastada e apresenta baixodesempenho quanto à vedação,aumentando a demanda de ar-condicionado. As instalações elétricas eeletromecânicas (elevadores),hidrossanitárias e de telefoniaencontram-se defasadas em relação àstecnologias atuais. Não há sistema decondicionamento de ar central, sendoque os aparelhos de ar-condicionadoindividuais são instalados nas janelas.Também não há sistemas decabeamento e automação predial. A avaliação técnico-funcional estudou osespaços propostos pelo projeto dearquitetura e mostrou que o pé-direitoútil nos escritórios, de apenas 2,50 m,dificulta a implantação de um sistemade condicionamento de ar central, comdifusores no teto. Além disso, o edifícionão é adequado ao uso para deficientesfísicos, inclusive os sanitários.

SoluçãoUm estudo apurado serviu de base parasimulações computacionais de confortotérmico, luminoso e acústico, por meiode softwares específicos, além dolevantamento do consumo energético detodos os equipamentos comuns. Tambémforam realizados estudos do clima einsolação em cada fachada. O resultadode todas as análises levou a arquitetaViviane a propor a inserção de brises,lightshelves e chapas metálicas paraimpedir a radiação solar direta nasuperfície opaca da fachada. A estruturacompõe-se de perfis metálicos verticais ehorizontais, além dos contraventamentos.

Projeto premiado mostra viabilidade de retrofit de um edifício comercial

A carga térmica produzida pelosequipamentos também foi reduzidadevido à alteração do sistema deiluminação artificial. A troca da caixilhariafoi recomendada, junto com a escolha deoutros vidros com melhor desempenhoacústico, mantendo-se o mesmo modelode dois panos projetantes. O vidrolaminado proposto possui uma camadade vidro de 1/8", uma película de PVB de0,030" e outra camada de vidro de 1/8".O nível de ruído resultante é de 40 dB(A),dentro dos limites estabelecidos pelaNorma Brasileira (NBR 10152). Paraotimizar a perda de calor do interior dosambientes, Viviane recomendou aabertura dos panos superiores das

janelas no período noturno. O layoutinterno do escritório também sofreualterações devido à necessidade de umaárea para a casa de máquinas, quedeveria estar localizada em um pontocentral do escritório. Como o pé-direitoreduzido impedia a instalação dedifusores de ar sob o forro foi escolhidoo sistema de insuflamento por meio deum piso elevado monolítico, com alturade 15,5 cm (acabado), que tira partidode uma menor vazão de insuflamento eda redução da dimensão dosequipamentos e casa de máquinas. O sistema também favorece o uso deciclo economizador, resultando emmenor consumo de energia.

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e internos, instalação de novos sistemaselétricos, hidráulicos e de ar-condi-cionado, adequação à acessibilidade,todas as melhorias que garantam me-lhores usos e aproveitamento do po-tencial construtivo são ações de retrofit.

Projetar um edifício já pensandoem seu possível reúso é um conceitoestranho à grande maioria dos arqui-tetos brasileiros. A idéia implica defi-nir sistemas construtivos que permi-tam desmontagem, e não demolição."Na Europa, o termo reciclagem é oúltimo empregado na cadeia da sus-

tentabilidade", esclarece Roberta."Antes de reciclar existe o conceito dereutilizar", conclui. A reutilizaçãoexige a definição de sistemas constru-tivos mais industrializados e secoscomo lajes moduladas, divisórias des-montáveis, sistemas elétricos e hi-dráulicos de fácil acesso e reparo,entre outros. Em muitos países euro-peus, principalmente na Holanda, aslojas de materiais de construção nãocomercializam produtos novos, masusados, tirados de outras edificações.

Além de requalificar a estrutura e

Conhecido mundialmente, o projeto de requalificação de Puerto Madero, em Buenos Aires, transformou antigosgalpões em lojas e restaurantes

os sistemas dentro de um mesmo espa-ço, é possível revalorizar a construçãoinserindo novos espaços, caso dos edi-fícios chamados simbióticos, ou seja,construídos a partir do aproveitamentoda estrutura de outros mais antigos, demaneira a complementar usos e agre-gar novos valores. De acordo com a ar-quiteta doutora e também pesquisado-ra do Labaut, Denise Helena SilvaDuarte,essas construções eram chama-das de parasitas, "Parasite Buildings",mas como o nome remete a algo nega-tivo e restritivo, os especialistas têm

Além da valorização do imóvel, o retrofitdas fachadas diminui gastos com amanutenção, aumenta a durabilidade daenvoltória e os cuidados que cadacondômino dispensa ao edifício. De acordocom o engenheiro Paulo Maccaferri, daAdapt Tecnologia e Engenharia, empresaresponsável por projetos de requalificaçãode fachadas, a modernização das fachadasrepresenta um ganho de 10% a 15% novalor total do imóvel. "É um ganhotecnológico e financeiro ao mesmo tempo",explica. Um dos projetos desenvolvidospela Adapt é de um condomínio residencialque apresenta problemas como odesplacamento das pastilhas brancas querevestem as fachadas, caixilhos comvedação deficiente e contramarcosoxidados, de modo que a umidade externaentre facilmente dentro dos apartamentos.Além disso, apresentava problemas gravesde oxidação nas armaduras dos pilares evigas de concreto, ausência de juntas de

Retrofit de fachadasdilatação e movimentação e argamassa deemboço esfarelada. Junta-se a isso adeterioração da tubulação externa deesgoto e gás. O projeto de melhoriapropôs soluções para cada um dosproblemas com o desenvolvimento de umprojeto executivo de revestimento defachada que define um posicionamento

mais adequado das juntas. O serviçocomeça pela remoção completa dorevestimento cerâmico, da argamassa debase e dos caixilhos, substituídos por novoscaixilhos de alumínio com pinturaeletrostática branca e pingadeiras.Tubulações de esgoto e gás novas passama ser embutidas na argamassa.

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Uma das grandes Energy Save Companiesque trabalham principalmente em São Pauloe no Rio de Janeiro é a Ecoluz. A empresadesenvolveu diversos projetos de economiade energia como o da Sala São Paulo, o doCentro Cultural de São Paulo e o do aeroportode Cumbica, ambos em São Paulo, e o JockeyClube do Brasil, no Rio de Janeiro, entreoutros. Além de edifícios, equipamentosurbanos como o metrô também sofreramintervenção em seus pontos de iluminação. É o caso do metrô Praça da Árvore, em SãoPaulo. Depois de uma análise do gastoenergético com as luminárias instaladas nasplataformas os especialistas propuseram atroca dos equipamentos por refletoresespeculares aluminizados brilhantes, comespessura de 0,4 mm, com soquetes eminox e acessórios de fixação, e, maissignificativo, propuseram a redução de duaslâmpadas fluorescentes para uma de 110 Wtipo HO. Além disso, os reatores duplosfluorescentes de 2 W x 110 W foramsubstituídos por reatores simplesfluorescentes de 1 W x 110 W. Foram

Metrô Praça da Árvore: busca pela eficiência energéticainstaladas lâmpadas fluorescentes HO/110 Wtipo "trifósforo" IRC = 85 , temperatura de cor4.000 K. De acordo com a empresa, aimplementação das ações de eficiênciaenergética nas luminárias da Estação Praça daÁrvore reduziu em cerca de 50% o consumo daenergia elétrica destinada à iluminação dasplataformas. Além disso, as medições luximétricasrealizadas em campo verificaram um aumento nonível de iluminamento da estação.As tabelas a seguir mostram condições pré e pós-implementação do novo sistema de iluminação:

Tabela 1 – SISTEMA DE ILUMINAÇÃO – PRÉ-IMPLEMENTAÇÃOGrupo Tipo Quantidade Potência Potência

unitária (W) total (kW)1 Fluorescente 2 W x 110 W 100 250 25,0Total 100 – 25,0

Tabela 2 – SISTEMA DE ILUMINAÇÃO – PÓS-IMPLEMENTAÇÃOGrupo Tipo Quantidade Potência Potência

unitária (W) total (kW)1 Fluorescente 1 W x 110 W 100 125 12,5Total 100 – 12,5

Na região da Vila Nova Conceição, zonanobre de São Paulo, um edifício comercialfoi transformado em residencial pelasmãos do arquiteto Isay Weinfeld. O edifíciode oito pavimentos, sendo o último umdúplex, apresenta quatro tipologias deapartamentos. O processo derequalificação iniciou-se pela definição daconstrução de uma estrutura anexa àestrutura de concreto do antigo edifício,para aumento das lajes e áreas úteis. Essanova estrutura foi construída de maneiraconvencional, com fundações, lajes e vigasem concreto, e pilares dispostos naperiferia para a obtenção de uma plantalivre, conceito fundamental dosapartamentos. De acordo com o diretor deempreendimentos imobiliários da Método,o engenheiro Ricardo Guedes, ainterferência entre as duas estruturas sedeu nas lajes do estacionamento, quetiveram que ser perfuradas para aexecução da fundação e pilares do anexo.Além disso, como as estruturas não foram

Edifício Panorama: retrofit com grife

solidarizadas, a construção teve que sermilimetricamente controlada para aperfeita coincidência dos níveis. Asinstalações hidráulicas e elétricasexistentes foram todas retiradas, e tiveramsuas prumadas fechadas, enquanto quenovas prumadas foram executadas com ainstalação de tubos de água quente e fria,cabeamento estruturado e facilidadescontroladas por um sistema de automação.A tubulação de esgoto galvanizada tinhaum fluxo livre de trabalho inferior ànecessária para a nova demanda e tambémfoi inteiramente trocada, com novas

furações e diâmetros adequados ao fluxoresidencial. "A criatividade do arquitetoestá em interligar os projetos de hidráulica,elétrica e estrutura com os novos espaços eusos", explica Guedes. Para o diretor édifícil quantificar aos investidores quantose gasta e quanto se ganha narequalificação de um edifício, pois asanálises de custos não podem ser asmesmas utilizadas para edifício novo e arapidez do processo muitas vezes impede abusca por cálculos mais adequados. "O retrofit ainda é um nicho de mercado enão uma tendência" acredita Guedes.

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preferido chamar esses "anexos" comoedifícios simbióticos, conceito que re-mete a uma interdependência positivaa ambos. "Já foram feitos todos os tiposde estruturas simbióticas, desde umacaixa pendurada do lado de fora de umprédio até a construção de andares in-teiros novos sobre a cobertura de umedifício antigo", conta Denise. A cons-trução nas coberturas garante um pisoelevado que pode abrigar diferentesfunções necessárias à cidade, que nãotêm espaços disponíveis no solo, alémde constituir um espaço valorizado nascidades adensadas. "Essas construçõespodem ainda testar novos conceitos,

sempre respeitando o edifício existentee o entorno", explica Denise. No entan-to, os edifícios simbióticos devem pri-mordialmente possuir estruturas levese de construção rápida, tendo em vistao sobrepeso estrutural do novo conjun-to, além de preverem rotas de fugas fa-cilitadas e atenderem a todas as normasde desempenho. "Adicionar uma nova'camada' de uso pode trazer vida àconstrução e fazer a cidade contempo-rânea respirar, não só para habitação,como para outras funções", conclui.

Seja qual for a estratégia de projetopara reabilitação de edifícios ela deveconsiderar as exigências dos usuáriosquanto ao clima e o desempenho doedifício ao longo do ano, deve analisarnovas demandas e possíveis conflitos(acústica x ventilação, proteção solar xiluminação natural) e diagnosticarcondições atuais (visitas em diferenteshorários, desenhos de observação,medições, simulações), de maneira asubsidiar a analise de alternativas e aescolha da melhor solução.

Da teoria a práticaO retrofit pode dotar o edifício de

atualidade tecnológica que se traduzaem conforto, segurança, custos maisbaixos de operação e funcionalidadepara o usuário tendo em vistas a viabi-lidade econômica para o investidor.Deacordo com a arquiteta Marília Sayuri

Antes uma igreja agora um edifício de apartamentos, a Scotts Church é um exemplo de construção simbiótica

Chino, que desenvolveu uma tese degraduação sobre retrofit, a possibilida-de de obtenção de valores aceitáveispara o investimento requer um estudode viabilidade econômica que não seencontra na mera análise por parâme-tros convencionais. Uma simples aná-lise de custos poderá negligenciar tantovalores mensuráveis, como a valoriza-ção do imóvel e melhoria da eficiênciaenergética, quanto intangíveis, como apreservação da memória, melhoriados padrões de segurança e conforto.

Diferentemente, mensurar o re-torno de investimentos em eficiênciaenergética é mais fácil. Já existemhoje, mesmo no Brasil, as chamadasEnergy Savings Companies, empresasresponsáveis pelo processo de retrofitque visam à eficiência energética. Elasatuam com um contrato de perfor-mance em que são responsáveis pelosinvestimentos iniciais, mas passarão areceber uma porcentagem da econo-mia gerada pelas intervenções por umdeterminado período de tempo. Apósesse período a economia se reverte ex-clusivamente para o proprietário.Além de realizarem diagnósticosenergéticos em um edifício, tambémnegociam junto às concessionárias deenergia as tarifas mais adequadas paraa edificação, além de acompanharema instalação do novo sistema.

Simone Sayegh

Incluir forros, pisos elevados deserviços e atualizar as instalaçõessão desafios para os arquitetos elimitações para os edifícios

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Mercado de oportunidadesAquecimento do setor gera oportunidades para engenheiros civisespecializados. Confira as principais necessidades das empresas

Foi-se o tempo das vacas magras nomercado de trabalho dos enge-

nheiros civis.Se na "década perdida" de1980 a oferta de vagas era tão baixa queos recém-formados preferiam migrarpara o setor financeiro, onde erammais bem remunerados,hoje o aqueci-

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mento da Construção gera tanta de-manda por profissionais qualificadosque os alunos já são contratados antesmesmo de se formar. No entanto, maisdo que engenheiros "genéricos",as em-presas precisam de especialistas – emgestão, produção, orçamento, coorde-

nação de obras, entre outros. E, comfalta de "material humano" de qualida-de no mercado, as empresas estãoapostando cada vez mais na formaçãode seus próprios quadros internos.

O setor está crescendo e deve con-tinuar assim nos próximos anos. In-

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Alunos em aula de curso de pós-graduação oferecido pelo Programa de Educação Continuada da Escola Politécnica da USP

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corporadoras e construtoras aprovei-tam o momento favorável para lançarmais empreendimentos. Com tantosprojetos tocados ao mesmo tempo, aprincipal dor de cabeça dessas empre-sas é como supervisionar todas asobras simultaneamente e com quali-dade. Dessa necessidade imediata de-riva o primeiro dos campos de espe-cialização mais promissores do mer-cado: o planejamento de obras.

O papel do engenheiro de planeja-mento é fundamental para determi-nar a velocidade e a estratégia com queas obras serão executadas. "Com ogrande volume de lançamentos, cadavez mais o planejamento deverá serelaborado como visão da empresa enão por cada gestão de obra", afirma odiretor técnico e de obras da Goldzs-tein Cyrela, Rogério Raabe. Para ovice-presidente do SindusCon-SP(Sindicado da Indústria da Constru-

Logística: o engenheiro é responsável por otimizar a organização espacial docanteiro e racionalizar o transporte na obra. Com isso, é possível reduzir perdas demateriais e aumentar a produtividade na execução dos sistemas

Manutenção: na fase de construção de um empreendimento, oengenheiro deve cuidar para que os projetos prevejam a facilidadede manutenções futuras. No pós-venda, faz o diagnóstico e asanálises estatísticas das ocorrências para aperfeiçoar os projetos

Mercado queixa-se de falta de projetistas estruturais esistemas prediais – hidráulica, elétrica, ar-condicionado. Há espaço para profissionais qualificados, já que há atéprojetistas dispensando trabalhos

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ção Civil do Estado de São Paulo),Francisco Vasconcellos Neto, os enge-nheiros dessa área não podem se ilu-dir, achando que basta dominar umsoftware de planejamento para fazerbem seu trabalho. Em sua opinião,falta no mercado um curso de especia-lização forte nesse segmento.

Com o aumento do número deobras é preciso, também, lidar com um

grande número de projetistas. Portan-to, há espaço também para engenhei-ros capacitados em Gerenciamento deProjetos. O diretor de engenharia daCCDI (Camargo Corrêa Desenvolvi-mento Imobiliário), Cláudio Sayeg,cita três das principais competênciasnecessárias a esse profissional. Primei-ro, ele precisa ter um domínio técnicobásico,mas amplo,das várias especiali-dades que compõem a edificação. Se-gundo, deve conhecer as tecnologiasmais usadas no segmento de constru-ção em que atuará – popular, comer-cial ou de alto padrão. Por fim, devesaber interpretar os diversos projetosde um empreendimento e identificaras implicações no orçamento, na exe-cução, no cronograma etc. "Não bastaler superficialmente os desenhos, épreciso saber o que há em suas entreli-nhas", explica Sayeg.

Outra implicação do mesmo pro-blema é a crescente demanda por pro-jetos disciplinares e de sistemas pre-diais – fundações, estruturas, instala-ções elétricas, hidráulicas, ar-condi-

"O coordenador de projetos é oprofissional que recebe todas as pastas deprojetos de um empreendimento e fazcom que ele aconteça. Ele deve ser hábilnas relações interpessoais, ter liderança,dominar questões gerenciais – comoplanejamento e administração de receitase despesas da obra –, conhecer astecnologias usadas pela empresa e osmateriais disponíveis no mercado."

Paulo Sanchez, diretor presidente daSinco Engenharia

"Na área técnica, precisaremos deespecialistas em planejamento eorçamento, além de gestores daprodução. Esses profissionais precisam tervisão estratégica, conhecimento de obrase em Tecnologia da Informação e, acimade tudo, bom relacionamentointerpessoal. Cursos sobre liderança eadministração do tempo, por exemplo,são extremamente importantes."

Carlos Alberto Borges, diretor técnicoda Construtora Tarjab

"Nós precisamos de profissionais nãomuito fáceis de encontrar no mercado. O orçamentista que buscamos é maisevoluído do que aquele comumenteencontrado em outras empresas. Além dabusca pela redução de custos, ele deveconhecer e estudar a viabilidade detecnologias alternativas. É um engenheirocapaz de intervir na escolha de umasolução construtiva."

Cláudio Sayeg, diretor de engenharia daCCDI

Do que eles precisam

cionado, impermeabilização e assimpor diante. Para os interessados emseguir por essas áreas de especializa-ção, as perspectivas são atraentes. "Osprojetistas contratados pelas constru-toras acabam sendo sempre os mes-mos, pois são os que têm mais expe-riência para atender às demandas domercado", afirma o diretor presidenteda Sinco Engenharia, Paulo Sanchez."Há escritórios dispensando traba-lhos porque não têm condições deatender a tantos pedidos."

A área de Engenharia de Produçãona Construção é também apontadacomo promissora. "Faltam pessoasque façam projetos executivos de qua-lidade, que ajudem a melhorar a pro-dutividade nos canteiros", revela San-chez. Como exemplos, ele cita a carên-cia por projetistas de fôrmas e de alve-naria. Rogério Raabe, da GoldzsteinCyrela, acredita que há muito tambéma ser explorado por engenheiros deLogística. "Esta função é muito impor-tante para a produção devido à grandedemanda por equipamentos, ferra-

Planejamento de obras: profissionaldeve ter domínio de conceitos teóricos ede ferramentas de informática. Deverádesenvolver um planejamento conjuntodas obras da empresa, e não cada casoisoladamente

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"Com a necessidade das empresascapitalizadas em obter um banco deterrenos para seus negócios, foinecessário desenvolver um Engenheiro deNegócios – profissional com fortepreparação em incorporação, comhabilidade comercial e de negociação.Para essa função, ele tem que desenvolveruma visão que alia produto, projeto ecusto, além de ter habilidade financeira."

Rogério Raabe, diretor técnico e deobras da Goldzstein Cyrela

"O ideal é que a sustentabilidade naConstrução não seja umaespecialidade, mas umconhecimento agregado já naformação acadêmica básica de umengenheiro. Ele precisa sair dafaculdade com o conceito jáabsorvido, de maneira que possaaplicá-lo em qualquer ramo deespecialização que ele siga depois."

Luiz Henrique Ceotto, diretor deConstrução da Tishman Speyer

mentas e sistemas construtivos indus-trializados." Para Luiz Henrique Ceot-to, diretor de Construção da TishmanSpeyer, a figura do engenheiro de ma-nutenção também tende a adquiririmportância dentro das construtoras.Trata-se de um profissional que super-visiona se os sistemas do edifício estãosendo projetados de forma a facilitarintervenções futuras para reparos e re-novações. Atua também no pós-venda, realizando o levantamento es-tatístico e o diagnóstico das ocorrên-cias de manutenção. "Ele deve ter do-mínio de elétrica ou hidráulica, masprecisa ser, antes de tudo, um enge-nheiro civil", explica.

Falta experiênciaDepois de anos seguidos vendo os

engenheiros civis formados migrandopara outras áreas de atuação, as em-presas do ramo da Construção vêmenfrentando dificuldades para encon-trar profissionais qualificados para oscargos de maior responsabilidade. Emuma trajetória normal, assumem os

Execução: são bem-vindos no mercadoprojetistas especializados em detalharprocesso executivo de sistemas – comofôrmas, alvenaria, revestimento. Assimcomo os engenheiros de logística, têmpapel importante no aumento deprodutividade no canteiro

Gestão de projetos: grande volume deempreendimentos das empresas exigeprofissionais aptos a coordenar o tambémgrande volume de desenhos eespecificações. Engenheiro deve conhecertodos os tipos de projetos executivos e terhabilidades de gestão e planejamento

postos de gerência os funcionáriosmais experientes dos quadros inter-nos, que já acompanharam pelomenos o ciclo completo de uma obra.Os promovidos, com auxílio financei-ro da empresa, complementam seuconhecimento prático com uma for-mação teórica em cursos de pós-gra-duação de médio e longo prazo, comoas especializações lato sensu e osMBAs. Porém, com o aumento repen-tino do volume de trabalho, as empre-sas não têm conseguido esperar queseus funcionários adquiram maiorexperiência antes de assumir tais pos-tos. "Muitos aumentaram seu pata-mar salarial e de responsabilidade,mas em alguns casos não estavam pre-parados para isso", afirma Sanchez, daSinco. "Pode ser que colhamos frutosnão muito bons desse crescimentoabrupto", alerta.

Para o professor Francisco Ferrei-ra Cardoso, coordenador do curso deMBA em Tecnologia e Gestão na Pro-dução de Edifícios da Escola Politéc-nica da Universidade de São Paulo, os

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SÃO PAULO

USP - Escola Politécnica � Engenharia de Segurança do Trabalho� Gestão de Projetos de SistemasEstruturais – Edificações� Real Estate: Economia Setorial eMercados (MBA)� Gerenciamento de Facilidades� Gestão e Tecnologias Ambientais (àdistância)� Tecnologia e Gestão na Produção deEdifícios (MBA)Fone: (11) 2106-2400 (SP) 0800-7260660 (outras localidades)

Fundação Vanzolini� Gestão de Projetos� Logística Empresarial� Qualidade e Produtividade� Gestão de Operações – Produtos eServiços (MBA)� Administração Industrial� Administração de ServiçosFones: (11) 3814-7366(11) [email protected]

Fipe� Economia da Construção eFinanciamento Imobiliário (MBA)Fone: (11) [email protected]

UFSCar� Gestão e Tecnologia de SistemasConstrutivos de Edificações� GeoprocessamentoFone: (16) [email protected]

RIO GRANDE DO SUL

UFRGS – Norie � Ambiente Construído Sustentável� Gestão de Empreendimentos naConstrução Civil

� Tecnologia e Patologia das EdificaçõesFone: (51) [email protected]

PUC-RS� Perícias e Avaliação de Bens� Produção CivilFones: (51) 3320-3540/3320-3543 ramal 4094

PARANÁ

UTFPR Curitiba� Engenharia de Segurança do Trabalho� Gerenciamento de Obras� Patologia das ConstruçõesFone: (41) 3310-4607

PUC-PR� Avaliação de Bens e Perícias � Engenharia de Produção� Engenharia de Segurança do Trabalho � Engenharia e Gestão de Projetos� Gestão da Qualidade em Produtos eProcessos� Gestão Técnica do Meio UrbanoFone: (41) 3271-2633

RIO DE JANEIRO

Poli-UFRJ� Engenharia de Segurança do Trabalho � Engenharia Urbana� Gestão e Gerenciamento de Projetos –MPM – Master in Project Management� Planejamento, Gestão e Controle deObras Civis� Tecnologia e Gestão na ConstruçãoCivilFone: (21) 2562-7300

MINAS GERAIS

UFMG� Gestão e Tecnologia na Construção Civil� Gestão e Avaliações nas ConstruçõesFone: (31) 3409-1047

GOIÁS

UFG� Planejamento e Gerenciamento deRecursos Hídricos� Engenharia de Segurança do Trabalho � Construção Civil� Gestão e Gerenciamento de Obras� Tratamento e Disposição Final deResíduos Sólido e LíquidoFone: (62) 3209-6091

BAHIA

Poli-UFBA� Gerenciamento dos Recursos Hídricos(à distância)� Engenharia de Segurança do Trabalho� Gerenciamento dos Recursos Hídricos:Aspectos Técnicos Jurídicos eInstitucionais (presencial)� Rochas Ornamentais –Pavimentação� Gerenciamento de ObrasFones: (71) 3283-9787/3283-9757/3283-9787/3283-9860/ 3283-9898/3283-9725

PERNAMBUCO

Poli-UPE� Tecnologia e Gestão da Construção deEdifícios (MBA)� Engenharia de Segurança do Trabalho� Gestão e Controle Ambiental� Gestão da Qualidade e daProdutividade� Gestão da ManutençãoFone: (81) [email protected]

PARÁ

UFPA� Gestão Hídrica e Ambiental - GHA (àdistância)Fone: (91) 3201-7619

Escolha certaConfira alguns dos cursos lato sensu de especialização e MBAs atualmente oferecidos no País.

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Como escolherO professor Francisco Cardoso, da Poli-USP, dá dicas para quem está à procura deum bom curso de especialização.

� Defina uma estratégia de carreira, ouseja, quais os seus objetivos profissionaisno longo prazo � Converse com profissionais que jáfizeram especialização, veja quais são as áreas profissional e financeiramentemais atraentes e defina três ou quatro cursos possíveis� Converse com a empresa, saiba se suasaspirações vão ao encontro dasnecessidades dela. Verifique se ela garanteapoio no financiamento do curso

� Escolhido o curso, investigue acredibilidade da instituição. Dê preferênciaa cursos de pós-graduação estabelecidosno mercado, oferecidos há bastante tempo� Bons cursos de especialização mesclamprofissionais com grande experiênciaacadêmica e de mercado

engenheiros devem conter a ansieda-de e não ter pressa para realizar suapós-graduação. "Se o aluno tem umavivência profissional maior, os con-teúdos abordados são mais bem ab-sorvidos, há uma troca de conheci-mentos mais efetiva", explica. Na sele-ção dos alunos para o curso que coor-dena, Cardoso dá preferência àquelesque tenham entre cinco e sete anos deexperiência de mercado. Alunosrecém-formados até são admitidos,mas são exceções. "Geralmente nãopassam de três em uma turma de 30."

Esses cursos, portanto, não seprestam às empresas ou aos profissio-nais que procuram resultados maisimediatos. Para isso existem os cursosde curta duração, de até seis meses,criados pelas instituições de ensinopara atender a demandas pontuais."São cursos que oferecem conheci-mentos em áreas mais específicas", ex-plica o coordenador do Pece (Progra-ma de Educação Continuada da Poli-

USP), Jorge Luis Risco Becerra. "Elestambém são procurados por ex-alunos de faculdades com currículosdeficientes, que querem preencher la-cunas na formação." Segundo ele,

atualmente os cursos de treinamentoda instituição mais procurados porengenheiros civis são os de Engenha-ria de Túneis e de Pavimentação.

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PÁRA-RAIOS

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Não é possível proteger completa-mente uma estrutura contra as

descargas atmosféricas. Os pára-raios, tecnicamente chamados deSPDA (Sistemas de Proteção contraDescargas Atmosféricas), atuam naproteção contra incidência direta e,mesmo assim, sempre haverá riscos,ainda que substancialmente minimi-zados, de ocorrerem descargas na edi-

Descargas sob controleProteção de estruturas e de pessoas contra descargas atmosféricasdemanda cuidados com escolha da metodologia adequada

ficação. A função desses sistemas é re-ceber o raio e encaminhá-lo para dis-sipação no solo pelo caminho maiscurto e rápido.

O nível de proteção desejávelpara uma edificação é definido pelaNBR 5419 – Proteção de Estruturascontra Descargas Atmosféricas, quetraz tabelas que classificam a edifi-cação de acordo com o tipo de ocu-

pação, o tipo de construção, seuconteúdo, localização e topografiada região. Conforme for a classifica-ção da estrutura, a norma indicará anecessidade de haver ou não SPDA,além do nível de proteção e respecti-va eficiência. É necessário levar emconta, ainda, o mapa de curvas iso-ceráunicas*, que indica a quantida-de anual de cargas por quilômetro

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Depois de captar a descarga, o sistema de proteção contra descarga atmosférica deve dividir a corrente entre as diversas descidaspara condução ao aterramento. Eficiência e segurança estão ligadas à quantidade de condutores

* Curva isocerâunica é a que une dois pontos da superfície terrestre a um idêntico número de dias em que são observadastrovoadas (se só se vêem relâmpagos, não são computados), em um intervalo de tempo

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quadrado. Em São Paulo, por exem-plo, ao dividir a quantidade de raiospela quantidade de prédios, as esta-tísticas indicam que os prédios sãoatingidos por um raio a cada 15anos, em média. "As descargas têmpreferência pelos prédios mais altose com maior massa", explica o enge-nheiro Duílio Moreira Leite, diretorda Encontre Engenharia.

O diretor da divisão de potência doIEE-USP (Instituto de Eletrotécnica eEnergia da Universidade de São Paulo),Hélio Eiji Sueta, conta que a revisão danorma está sendo feita com base nas nor-mas do IEC (International Electrotech-nical Commission). A norma do IEC écomposta por quatro partes,sendo,res-pectivamente, referentes a aspectos ge-rais e principais conceitos; gerencia-mento de riscos e probabilidades; pro-teção das estruturas e seres vivos; e pro-teção de equipamentos eletroeletrôni-cos internos. "Vai modificar bastante aatual norma brasileira", prevê Sueta,que participa do comitê de revisão.

Uma das mudanças é a ênfase naproteção de equipamentos, especial-

mente contra danos decorrentes desurtos provocados pela alta intensi-dade das descargas. Para tanto, divi-de as áreas externas do prédio deacordo com a sujeição à queda diretade raios. Assim, determina os prote-tores a serem colocados em cada am-biente a partir do risco de descargas.

Proteção compostaApós definir os riscos a que está

sujeita a edificação e qual é o nível deproteção desejado, são tomadas asdecisões técnicas de projeto com re-lação a cinco pontos fundamentais:sistema de captadores, sistema dedescidas, sistema de aterramento,distâncias de segurança e equipoten-cialização. Os dois últimos dizemrespeito, respectivamente, ao distan-ciamento das descidas em relação aportas e janelas e à continuidade dadescarga durante sua trajetória até oaterramento. "Curvas no sistema decondução podem afetar a continui-dade da descarga", alerta Sueta.

Para entender o funcionamentode um SPDA, é importante conhecer

os três subsistemas que o compõem,pois são os mesmos em qualquermetodologia de cálculo adotada. Osubsistema de captação é responsá-vel por receber as descargas diretas.De acordo com o engenheiro e con-sultor da Guismo Engenharia, Job-son Modena, "tudo o que for metáli-co e estiver no topo de uma edifica-ção pode ser considerado elementode captação". O mesmo vale paraobjetos metálicos localizados nas la-terais a mais de 20 m de altura a par-tir do solo. É esse subsistema que di-ferencia a metodologia de cálculo doSPDA, como veremos adiante.

O segundo subsistema é respon-sável por receber a descarga dos cap-tadores e dividir e conduzir, por meiodas chamadas descidas, a correntepara o aterramento. Não afeta o cál-culo para disposição dos captadores,mas a quantidade de descidas podeinfluenciar a eficiência da condução."A quantidade mínima está ligada ànorma e ao nível de proteção", eluci-da Modena. Se a corrente estiver con-centrada em poucas descidas, pode

Para utilizar a estrutura do edifício comocondutora da descarga recebida, énecessário garantir que as ferragensapresentem continuidade elétrica. Testeé feito com equipamento que mede aresistência à corrente

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Região mais sujeita à queda de raios, beiradas devem ser protegidas com anelperiférico que interliga os condutores

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Eletrodutode PVC ø1”

Abraçadeiratipo D 1”com cunha

Caixa deinspeção deaterramento

Cabo decobre nu#50 mm²

Terminal aéreo (h = 60 cm) em planta

Terminal aéreo (h = 60 cm) em vista

Fachada A

Planta baixa da coberturaFachada A

Detalhe 1

Detalhe 3

Cabo de cobre nu#35 mm²

Detalhe 2

Cabo de aço galvanizadoa quente (seção 50 mm²)

Descida e caixa de inspeção deaterramento em planta

Caixa de inspeção de aterramentoe haste de aterramento em vista

Condutor (cabo de cobrenu ou aço galvanizado)

Simbologia

Cabo de cobre nu#50 mm² aterrado

Cabo de cobre nu#16 mm²

Eletrodutode PVC ø1”

Soldasexotérmicasentre cabospassantese lateralda haste

Caixa deinspeção deaterramentocom tampa

Abraçadeiratipo “D” ø1”

Cabo decobre nu#50 mm²

Haste cobreada5/8” x 2,40 m(alta camada)

Suporte-guiacurto ousimilar

Parafusocom bucha

Terminal aéreoh = 60 cm

Conectorcom rabicho

Cabo decobre nu#35 mm²

5 cm

Externos (como no caso dailustração) ou naturais à estrutura,todos os métodos de cálculo exigemsubsistemas de captação, condução eaterramento. Eficiência da proteçãorelaciona-se à coberturaproporcionada pelos captadores, mastambém à condução e à capacidadede dispersão da corrente no solo

Confira a disposição de elementos em um SPDA

Detalhe 1 – Captador

Detalhe 2 – Condutor Detalhe 3 – Aterramento

Fonte: engenheiro Hélio Eiji Sueta, do IEE-USP

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saltar para janelas, por exemplo. Porisso, ao utilizar as ferragens da pró-pria estrutura para condução, "a dife-rença é brutal", reforça.

Em vez de utilizar entre 15 e 20descidas externas, exigidas pela nor-ma, toda a ferragem da estrutura con-duz a corrente. Considerando quecada pilar tem, pelo menos, quatrobarras de aço, bastariam cinco paraigualar a eficiência. "É muito mais ba-rato. Não é usado por desconheci-mento e por achar que pode estragar opilar, o que não é verdade", lamentaModena. É importante, no entanto,atentar para que todas as barras este-jam em contato e bem amarradas. "Ocampo magnético gerado pela corren-te faz com que as barras tendam a seatrair", explica Leite.

Alternativas para evitar o roubode cobre, apontadas por NormandoVirgílio Borges Alves, da Termotécni-ca, são o uso de materiais mais discre-tos e menos visados, que não prejudi-quem também a estética da fachada.Ele sugere barras chatas de alumínioou aço galvanizado a fogo, pintadasna cor da fachada ou instaladas antesda aplicação do reboco.

O mesmo princípio vale para osubsistema de aterramento. "Se asferragens da estrutura estiverem liga-das às das fundações, o aterramentoestá pronto", afirma Sueta. O volumede metal dentro dos blocos de funda-ção aliado à umidade do subsolo ga-rante a dispersão da corrente naterra. Nos casos em que a fundaçãonão é usada para esse fim, os condu-tores de descida devem ser interliga-dos por um anel que contorna toda aestrutura. Esse deve distar 1 m da pe-riferia do prédio e estar enterrado a50 cm de profundidade. O recuoevita que a diferença de potencialentre o interior e o exterior provoquea chamada tensão de passo. Ainda écostume enterrar uma haste ligadaaos condutores para compor o ater-ramento. No entanto, "essa recomen-dação será retirada da revisão danorma", alerta Sueta, pois dissipamenos a corrente do que o anel.

Há uma tendência, inclusive compreferências indicadas pela norma,

para o uso de elementos naturais àedificação para composição doSPDA. "Fica muito mais econômico.Só precisa instalar os captadores",afirma Leite. As edificações com es-trutura metálica configuram umbom exemplo. Embora sejam alvosmais fáceis para descargas, desde queatendam aos requisitos da norma re-ferentes à continuidade elétrica doselementos e à condição de receptivi-dade quanto à perfuração, "a estru-

tura pode ser considerada autopro-tegida", observa Modena. "É o queocorre em tanques de combustívelfeitos em chapas metálicas com maisde 5 mm de espessura", compara. Emprédios metálicos, a corrente se divi-de muito entre as colunas, eliminan-do os riscos aos usuários.

A proteção contra descargas paraapartamentos de cobertura não foge àsregras gerais e considera a proteçãocontra descargas diretas. Isso significa

Uso da estrutura como condutora de descargas é preferido pela norma. Custospodem ser reduzidos e capacidade de dispersão da corrente é maior devido à divisãoentre as ferragens dos diversos pilares

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� Elementos de captação:responsável pela recepção das descargasatmosféricas� Elementos de descida:responsáveis por conduzir as correntesda descarga até o aterramento. Paraedificações com mais de 20 m de altura,também atuam como elementos decaptação lateral

�Elementos de aterramento:responsáveis por dissipar as correntes no solo� Equipotencialização: reduz osriscos de centelhamentos perigosos,preservando equipamentos, instalações e pessoas. Pode ser feita de forma diretaou indireta, via DPS (Dispositivos deProteção contra Surtos)

Componentes de um SPDA

Fonte: Normando Virgílio Borges Alves, da Termotécnica

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que a área ao ar livre, assim como aspessoas que nela estiverem, estão teori-camente protegidas contra descargasdiretas. Ainda assim, no entanto,podem ocorrer descargas laterais oucentelhamentos perigosos que nãocabem ao SPDA evitar. "A recomenda-ção, nesses casos, é que as pessoas se di-rijam às áreas cobertas quando come-çar a trovejar", resume Jobson Modena.

Descarga direta"O que diferencia os sistemas são

os captadores. O restante é o mesmo",

afirma Duílio Moreira Leite. É seme-lhante, inclusive, a necessidade dehaver um anel na periferia da cobertu-ra, que é muito alvejada por raios. Se-gundo dados apresentados por Leite,se não existissem pára-raios, 85% dosraios cairiam nos cantos do prédio.Outros 10% atingiriam o restante dasbeiradas e apenas os 5% restantes acer-tariam o meio da laje de cobertura.

Sendo assim, existem três méto-dos para cálculo de SPDAs. O maisadotado, por ser mais simples deconceber, é o do tipo Franklin, que

recebe esse nome em homenagem aBenjamin Franklin. O cálculo consi-dera que cada mastro vertical que re-cebe as descargas protege o volumede um cone com vértice na ponta docaptor. A angulação depende donível de proteção desejado e da altu-ra do mastro. "Conforme aumenta aaltura, diminui o ângulo e a superfí-cie de proteção", explica Leite.

A função de recepção de descargaspode ser exercida não por mastros,maspor malhas condutoras instaladas nacobertura. É o chamado método dasmalhas ou gaiola de Faraday, em refe-rência ao físico inglês Michael Faraday.Consiste na distribuição de cabos deaço em torno de toda a estrutura, in-cluindo as laterais, para a formação deuma gaiola. Os distanciamentos sãodefinidos em norma. Leite explica que"se uma malha envolve o corpo, ocampo elétrico em seu interior é nulo".

O método mais moderno de con-cepção e cálculo é o eletrogeométrico,ou método da esfera rolante. Foi de-senvolvido para proteção de linhas detransmissão e considera que, como aeletricidade vem aos saltos da nuvempara a terra, a proteção tem que serfeita com base no comprimento dessesalto.Uma vez que o salto pode ser emqualquer direção, a área passível dedescarga direta é esférica e definida apartir da proteção exigida, em norma,de acordo com o tipo de edificação.

Nenhum ponto da edificaçãopode estar descoberto. Então, esferasimaginárias com 20 m a 60 m de raiosão roladas sobre o prédio. Os capta-dores, mastros ou malhas devemestar dispostos de maneira tal que aesfera não toque o prédio em ne-nhum ponto.

"A diferença entre os métodosem relação à eficiência é desprezível.Há diferenças comerciais", ponderaModena. A afirmação refere-se aofato de que o método eletrogeomé-trico tende a consumir menos mate-rial do que o Franklin. Além disso,conta Duílio Leite, "[o método das es-feras] exige certo conhecimento degeometria e não se popularizou de-vido à dificuldade de cálculo".

Bruno Loturco

Além do anel periférico na cobertura, anéis de interligação intermediários,que envolvem a fachada, auxiliam na distribuição da corrente e promovema equipotencialização do sistema

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� A cada um milhão de pessoas, 0,6 morte é causada por raios� Cerca de 100 pessoas morrem acada ano no Brasil em decorrência de raios� São a causa de 5% do total defatalidades que ocorrem no mundo,matando mais do que tornados e furacões� Uma tempestade típica de raiostem 25 km de largura e duraaproximadamente 25 minutos

Fatos sobre raios� No Mundo, ocorrem cerca de dezdescargas por segundo, resultando emoito bilhões de descargas por dia e trêsbilhões por ano� Uma descarga elétrica é uma grandetransferência de cargas� Tem diâmetro de 1 cm� As correntes de pico variam entre 2 mil A e 300 mil A� As tensões oscilam entre 100 milhõesde V a 1 bilhão de V� A temperatura ultrapassa os 30 milºC

Informações: engenheiro Hélio Eiji Sueta, do IEE-USP

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INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ESPECIAL 60 ANOS

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Leves, baratos e de fácil execução,os tubos e conexões plásticos do-

minaram o mercado de instalaçõeshidráulicas prediais. O precursor dasubstituição tecnológica foi o PVC(policloreto de vinila), que começoua aparecer e a ganhar importância nomercado brasileiro nos anos 70. Atéentão, as tubulações hidráulicas, sejapara esgoto,água quente ou fria, erammetálicas, com muito uso de chum-bo, ferro galvanizado, ferro fundido,latão e cobre.

Em geral, as leis de mercado deter-minam os caminhos da evolução tec-nológica, mas, no caso das instalaçõeshidráulicas, as demandas por desem-penho têm papel fundamental. Tendonas conexões seus pontos mais vul-neráveis, o mercado buscou desenvol-ver soluções que as viabilizassem deforma mais produtiva e eficaz. "A evo-lução ocorre muito nas conexões, nabusca de sistemas mais fáceis de exe-cutar", salienta o engenheiro RobertoBarboza, diretor técnico da Sanhidrel.É impensável, atualmente, realizar co-nexões em tubos de ferro fundidopara esgoto, por exemplo, utilizandochumbo derretido, como ocorria nadécada de 70. "Além do custo dessassoluções, o encanador precisava serquase um artesão", ilustra Barboza.

Nem mesmo o advento das juntasem borracha diminuiu as vantagensdo PVC sobre o ferro fundido. OPVC, mais barato e fácil de instalar,passou a ser amplamente adotado.Hoje, raramente o ferro fundido é

Industrialização plásticaCom leveza, facilidade de instalação e estanqueidade, os plásticostomaram conta do mercado de tubulações. Metais como o cobre, apesarde eficientes, sofrem com a alta dos preços

Materiais plásticos de diversas composições dominaram o mercado detubos e conexões hidráulicos devido à capacidade de reduzir custos eotimizar a produtividade da instalação

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utilizado em obras de alto padrão. Ascaixas sifonadas metálicas tambémcederam lugar para o PVC e, poste-riormente, para o PPR (polipropilenocopolímero random). No entanto,este último ainda não tem preço com-petitivo. De acordo com o pesquisa-dor do IPT (Instituto de PesquisasTecnológicas do Estado de SãoPaulo), Adilson Lourenço Rocha, apredominância do PVC é esmagado-ra. "É a primeira alternativa em mate-riais plásticos, 99% das instalações deesgoto são em PVC", afirma.

Barboza pondera,no entanto,sobreas vantagens de um material em relaçãoa outro. Na opinião do engenheiro, em-bora o PVC apresente uma boa resistên-cia química, o ferro fundido tem me-lhor resistência mecânica, além de pro-piciar melhor conforto acústico. "Oferro fundido de hoje é revestido comresina de epóxi para resistir aos deter-gentes", comenta. Antes esse materialapresentava problemas,principalmentequando utilizado para instalações deágua quente. Nesses casos, criava in-crustações por reação química que pro-vocavam entupimento. "A conexãocom rosca era difícil de fazer, assimcomo o controle de vazamentos, commão-de-obra muito cara", explica.

O PVC marrom, para água, tam-bém exige cuidado quando utilizadoem edifícios altos. Além da maiorpressão de água, as movimentaçõesnormais de estruturas altas são pro-blemáticas para a rigidez do PVC. Porisso, Barboza recomenda seu uso emedifícios de até 20 pavimentos. Emoutros casos o cobre ainda é preferí-vel, apesar do custo. "Há cinco anos a

tonelada do cobre custava US$ 2 mil.Hoje custa US$ 8,8 mil, o que quaseinviabiliza o seu uso", conta.

Custo competitivoCom mais força a partir do final

dos anos 1990, o PEX (polietileno re-ticulado) e o PPR tornaram-se alter-nativas aos materiais tradicionais.Ambas as tecnologias contam com

Apesar da evoluçãodos materiais, projetosainda sofrem com faltade industrialização.Conceito dos shaftsainda não foicompletamentedifundido, resultandoem muitas tubulaçõesembutidas

Mesmo apresentando bom desempenho para as mais diversas aplicações,o cobre continua perdendo espaço para os materiais plásticos. Motivo é ocusto crescente no mercado internacional

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conexões amigáveis e mais segurançacontra vazamentos. "A grande vanta-gem do PEX é dispensar algumas co-nexões", resume Rocha, do IPT. Alémdisso, são bons adversários ao cobrepor terem fabricação nacional, o quereduz custos. Em janeiro do ano 2000,a Téchne trouxe um artigo intitulado"Choque sistêmico" que tratava justa-mente da integração de sistemas in-dustrializados de construção, como asparedes de drywall e o próprio PEX.

Barboza lembra, ainda, que os fa-bricantes têm oferecido garantia de 15anos para o PEX e de 50 para o PPR.Nocaso do PEX,ainda há a opção multica-mada para água quente, em que o re-vestimento é em alumínio. Essa, no en-tanto,ainda é uma opção que destoa darealidade de custos brasileira.

O cobre também tem perdido es-paço nas tubulações para gás. Se nosanos 70 conquistou o mercado queantes era do aço carbono soldado e doferro galvanizado rosqueado, hoje di-vide espaço com o PEAD (polietilenode alta densidade). Especialmenteagora, com a chegada do polietilenocom alma de aço para uso no interiordas edificações. "É o que há de maismoderno para gás", conta Barboza.

sprinklers trabalham com água parada,ocobre pode apresentar corrosão.

Tendência por industrializaçãoEmbora as normas para instalações

hidráulicas não tenham sofrido altera-ções significativas, cada vez mais os pro-dutos novos buscam oferecer garantia àestanqueidade nas juntas, obtida compouco treinamento aos operários.O pes-quisador do IPT critica, no entanto, osprojetos que ainda não absorveram porcompleto a idéia de shafts. "Ainda hámuita tubulação embutida", lamentaRocha. "A parcela de mercado que usanovas tecnologias ainda é pequena."

Alguns fatores, no entanto, impul-sionam mudanças de pensamento econcepção no mercado. É o caso da ne-cessidade por medição individualizada."Há uma pressão para a adoção dessetipo de sistema no mercado,e aí teremosnovidades do ponto de vista de projeto eexecução tanto para água quanto paraesgoto", aposta Adilson LourençoRocha. Mudanças também estão sendoinfluenciadas pelas demandas por usode água da chuva e aquecimento solar.

Atualmente, as construtoras e insta-ladoras têm trabalhado com kits pré-montados para instalação em obra. "Hápreferência por materiais que deman-dem pouca mão-de-obra e que contemcom garantia", salienta Roberto Barboza.Assim, a concepção do projeto já prevê autilização dos kits, que, revela, conso-mem 15% da mão-de-obra em compa-ração com o sistema convencional, alémde eliminar o desperdício de materiais.

Bruno Loturco

LEIA MAIS

Água quente. Téchne 122.Instalações hidráulicas com PEX.Téchne 105.Instalações hidráulicas. Téchne 104.Ruídos em tubulações podem tervárias causas. Téchne 72.Duas maneiras de utilizar o PEX nosistema hidráulico. Téchne 71.Instalações elétricas prediais combarramento blindado. Téchne 47.O incômodo ruído das instalaçõeshidráulicas. Téchne 35.

ESGOTOAntes dos anos 1970: chumbo, ferrogalvanizado, caixas sifonadas em cobre oulatão, conexões em chumbo derretido e,posteriormente, juntas de borracha.Anos 1970 e 1980: surgimento do PVC(policloreto de vinila), com menor custo,mais leveza e conexões facilitadas.Anos 1990: surgimento do PPR(polipropileno copolímero random), com juntas por termofusão.Atualmente: ferro fundido revestido com epóxi.

ÁGUAAntes de 1970: ferro galvanizado.Anos 1970: surgimento do PVC marrompara água fria e do cobre para água quente.Anos 1990: chegada do PPR e do PEX(polietileno reticulado) para água quente.

Atualmente: surgimento do PEXmulticamada, revestido com alumínio.

SPRINKLERAntes de 1970: materiais em ferrogalvanizado com rosca e aço carbonoeletrossoldado.Anos 1980: uso do cobre.Anos 1990: volta do ferro galvanizado edo aço carbono e surgimento e aprovação,pelo Corpo de Bombeiros, do CPVC(policloreto de vinila clorado).

GÁSAntes de 1970: aço carbonoeletrossoldado e ferro galvanizado com rosca.Atualmente: além dos anteriores,difusão do cobre e aprovação, pelaComgás, do polietileno com alma de aço.

Linha do tempo

Com aprovação do Corpo de Bombeiros,plásticos chegaram até aos sprinklerscomo alternativa ao ferro galvanizado e aoaço carbono. Por trabalharem com águaparada, o cobre pode apresentar corrosão

O plástico chegou até mesmo nocampo dos sprinklers. O CPVC (poli-cloreto de vinila clorado) foi aprovadopelo Corpo de Bombeiros do Estado deSão Paulo em edificações de risco leve,conforme Instrução Técnica 023/2004,para uso entre forros. No subsolo per-manece o uso do ferro galvanizado e doaço carbono, que retomaram o espaçoque foi do cobre nos anos 1980. Como

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Envie artigo para: [email protected] texto não deve ultrapassar o limitede 15 mil caracteres (com espaço).Fotos devem ser encaminhadasseparadamente em JPG.ARTIGO

64

A pergunta “Quando construir emaço?”é freqüentemente repetida.E

as respostas estão quase sempre apoia-das em uma lista de vantagens e em es-tudos comparativos de custos que nãoavaliam o impacto no investimento.

Em muitos casos, a simples afir-mação de que a estrutura em aço fi-caria mais cara encerra uma análise.Em outras situações, a opção por sis-temas ditos convencionais é feitapelo desconhecimento de outros sis-temas, e não garante que a decisãoseja a mais correta.

A escolha do sistema construtivonão deve ser uma competição entre ostipos de estrutura, mas uma decisãocom base nas necessidades da obra enas características de cada sistema.

Portanto, a pergunta que deveser feita, sem qualquer tipo de ten-dência ou preferência, é: “Que es-trutura é mais adequada para aminha obra?”.

A maior dificuldade para identifi-car o tipo de estrutura mais adequada éa falta de uma metodologia de avalia-ção que leve em conta diferentes quali-dades e desempenhos, e a influência daestrutura nos demais serviços, quepodem beneficiar o custo total da obra.

O tipo de estrutura mais adequadaUma metodologia de avaliação

que identifica a estrutura mais ade-quada deve examinar alguns pontosimportantes, como:a) foco no melhor resultado para aobra;b) existência de um momento idealpara a escolha;c) análise das características da obra;d) base no conhecimento de cada sis-tema.

Quando construir em aço?

O momento da escolhaExaminando o gráfico 1, obser-

vamos que durante o estudo de via-bilidade e a definição da concepção, apossibilidade de interferência é alta eos custos acumulados são aindamuito baixos, podendo ser este omomento ideal para a escolha do sis-tema estrutural. Quanto mais cedofor feita a escolha, maior será otempo para a otimização do sistemaescolhido, obtendo-se assim um re-sultado ainda melhor.

Análise das características da obraO primeiro passo será o levanta-

mento das características da obra que

possam influir na escolha do sistemaestrutural, identificando sempre asmais importantes para os objetivosdo empreendimento.

Conhecimento de cada sistemaTodo sistema estrutural tem

sempre várias alternativas de solu-ção para os seus componentes, seuselementos, seus subsistemas e seussistemas complementares. A esco-lha das opções corretas para cadaitem irá configurar o sistema estru-tural para um melhor desempenhoda obra.

Escolha do sistema estruturalA metodologia proposta é o cru-

zamento das características maisimportantes da obra com os diver-sos sistemas estruturais compatí-veis. Para uma comparação correta,

Fernando Ottoboni PinhoEngenheiro consultor da Gerdau Açominas

[email protected]

A escolha do sistema construtivo não deve ser meramente baseada em custos

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cada sistema deve estar configuradopara o seu melhor desempenho naobra (organograma 1).

Método de escolhaDas características identificadas

da obra vão existir sempre as mais im-portantes. A idéia então é hierarqui-zar, definindo um peso, de acordocom a sua importância e, em seguida,estabelecer notas para os sistemas es-truturais que representem o seu méri-to para responder a cada característicaanalisada, independente da impor-tância que possa ter para a obra.

É claro que quando um sistemaestrutural tem um mérito alto parauma característica que é muito im-portante para a obra, o sistema se po-tencializa favoravelmente na compa-ração (organograma 2).

Muitas características podem serde difícil interpretação e quantifica-ção, e, muitas vezes, vão existir itensconflitantes, mas a análise Caracterís-tica x Sistema será sempre melhor doque a simples intuição. Uma escolhabem estruturada agrega valor ao pro-cesso e, certamente, conduz para umadecisão final mais acertada.

Uma planilha pode ser usadapara organizar os pesos das caracte-rísticas da obra e as notas dos siste-mas, e ao final calcula-se a médiaaritmética ponderada para cada sis-tema. As maiores médias devem in-dicar os sistemas mais adequadospara a obra. Essa metodologia deveser desenvolvida pela própria empre-sa, ser a mais impessoal possível eaperfeiçoada continuamente.

Comentaremos a seguir algumasdas principais características quedevem ser analisadas, isoladamente eem conjunto,para um sistema estrutu-ral em aço. Pressupõe-se, obviamente,a análise de características semelhantespara os outros sistemas estruturais.

Tempo

%

Estudo deviabilidade Concepção

Construção

Possibilidade de interf erência

Custo acumulado da obra

Momento ideal para a escolhado tipo de estrutura e seusmelhores partidos

Fase do projeto, reservar um tempopara otimizar a escolha é tão importantequanto a própria escolha

Dimensionamento

Obra e seusobjetivos

Sistema Bconfiguradopara a obra

Conhecimentos dosistema estrutural

Sistema B

Característicasimportantes da obra

Sistema estruturalmais adequado

Sistema Aconfiguradopara a obra

Conhecimentos dosistema estrutural

Sistema A

Métodode escolha

Gráfico 1 – Custo acumulado x possibilidade de interferência

Organograma 1 – Obra e seus objetivos

11 –– TTiippoo ddee ffuunnddaaççããooA influência da redução das car-

gas devido ao menor peso das estru-turas de aço nas fundações de umapequena estrutura, em um solomuito resistente, pode ser pequena.Entretanto, a redução das cargas emuma grande estrutura, em um solomuito ruim, pode viabilizar a pró-pria construção.

Portanto, o custo e o prazo dasfundações podem ser um importante

fator de decisão sobre o tipo de estru-tura a ser usada em uma obra.

22 –– TTeemmppoo ddee ccoonnssttrruuççããooSem dúvida a mais forte caracterís-

tica das estruturas de aço é a rapidez,diferentemente da construção conven-cional que normalmente tem o cami-nho crítico na fase da estrutura, o queacaba por limitar a velocidade da obra.

Para uma obra comercial,qualquerantecipação representa redução do

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A R T I G O

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A R T I G O

tempo de amortização do investimen-to e é bem-vinda. Existe ainda a obrapolítica ou estratégica, onde o tempode construção é determinado por umevento fixo, independente de eventuaiscustos adicionais. Para uma obra resi-dencial a rapidez da construção podeser usada para retardar o início da obrade forma a usar o capital dos clientes ereduzir o custo do dinheiro e aindaassim cumprir os prazos acordados.

As fundações podem ser executa-das enquanto as estruturas de açoestão sendo fabricadas e a possibili-dade de abertura de diversas frentesde serviço simultâneas (lajes, pare-des, instalações etc.) pode, em umcronograma bem elaborado, reduziro tempo de obra em até 40%.

33 –– TTiippoo ddee ooccuuppaaççããooDependendo do tipo de ocupação

(edifícios comerciais, edifícios residen-ciais, hotéis, hospitais, shoppings, esta-cionamentos, universidades etc.) e dosistema de comercialização, um siste-ma estrutural pode ser mais ou menosadequado. Portanto, é importante co-nhecer bem a localização,a arquiteturae a utilização prevista para a edificação.

44 –– DDiissppoonniibbiilliiddaaddee ee ccuussttoo ddooss mmaatteerriiaaiissÉ importante acompanhar sem-

pre a disponibilidade e o custo dosmateriais básicos usados para as es-truturas e para os sistemas comple-mentares, porque mudanças ocorremconstantemente e podem alterar a si-tuação da oferta de material. Algumasregiões oferecem determinados mate-riais de forma abundante, e outras,por dificuldade de transporte e/ouprocessamento, praticamente inviabi-lizam a utilização de alguns materiais.No caso de existirem sucedâneos, ve-rificar sempre a relação de custo e ascondições de fornecimento.

55 –– RReeccuurrssooss ddoo ccoonnssttrruuttoorrMuitas vezes os equipamentos e

outros recursos do construtor podeminfluenciar na escolha do sistema es-trutural para uma obra. Se o constru-tor possui alguns equipamentos jáamortizados, há uma tendência deutilizá-los para reduzir custos, assimcomo poderia utilizar sua mão-de-obra já treinada para a construção.

Os recursos do construtor podemajudar a definir o sistema estrutural,mas não devem inibir a utilização de

novas tecnologias. Existe, portanto, omomento certo para testar o desem-penho e investir em novos sistemas.

66 –– LLooccaall ddaa oobbrraa ee aacceessssoossÉ sempre muito importante conhe-

cer bem o local da obra e seus acessos.As condições das estradas, as restriçõesao trânsito, as distâncias a serem per-corridas, as condições topográficas, adisponibilidade de energia e outras,podem definir o sistema estrutural.

A simples falta de observação deuma linha aérea eletrificada na entra-da de uma obra, por exemplo, podeexigir o desligamento temporário oua remoção da linha, demandando emaumento de prazos e custos.

77 –– PPrreevviissããoo ddee aaddaappttaaççõõeess ee aammpplliiaaççõõeessIdentificar se uma obra necessitará

ou não, em curto ou médio prazo, deadaptações, ampliações e até de des-montagem, pode ser importante paraa definição de um sistema estruturalque acompanhe essas modificaçõescom poucos transtornos operacionaise menores custos em longo prazo.

Isso ocorre principalmente comas edificações industriais, onde sãomuito freqüentes as mudanças, taiscomo o aumento das cargas de proje-to, retirada de elementos estruturaisque passam a interferir com novosequipamentos, e ainda modificaçõesmais drásticas, como a colocação deum novo nível de piso.

88 –– CCoommppaattiibbiilliiddaaddee ccoomm ssiisstteemmaassccoommpplleemmeennttaarreess

A maior precisão das estruturas deaço, com tolerâncias em milímetros,associada à característica de quasesempre conduzir para estruturas maismoduladas, tem viabilizado cada vezmais a indústria dos sistemas comple-mentares que necessitam de padroni-zação, como as lajes pré-fabricadas eas vedações internas e externas. Ob-serva-se também que a industrializa-ção da construção é um processo quenão tem volta.

99 –– MMaannuutteennççããoo ee rreeppaarroossA vida útil das estruturas envolve

uma análise abrangente de todas as

Médias aritméticasponderadas para

cada sistema estrutural

Média =Peso

(Peso x Nota)� .

Sistema estruturalmais adequado

Classificação dos sistemasestruturais para ascaracterísticas da obra

Nota � mérito1 – não avaliado

2, 3 – não atende4, 5 – atende abaixo

6 a 8 – atende9, 10 – atende acima

Classificação dascaracterísticas relevantesda obra

Peso1 – indiferente2 – pouco importante3 – importante4 – muito importante5 – importantíssimo

� importância

Organograma 2 – Classificação das características relevantes

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etapas do processo construtivo, douso e ocupação. Os engenheiros jápensam normalmente no ciclo devida das estruturas, e estão cada vezmais conscientes da necessidade de sefazer o monitoramento e a manuten-ção das estruturas.

Hoje, se sabe que cada sistema temsuas características e seus cuidados es-pecíficos. A durabilidade das estrutu-ras depende basicamente do cuidadocom os detalhes no projeto, do nível deexposição da estrutura e de sua prote-ção. Os problemas com as estruturasde aço são mais facilmente identificá-veis e têm, normalmente, baixo custode reparo.

1100 –– VVããooss lliivvrreess ee aallttuurraa ddaa eeddiiffiiccaaççããooA construção moderna exige que

o sistema vença grandes vãos e gran-des alturas ocupando o menor espaçoestrutural e liberando áreas para aocupação da edificação.

As vigas de aço, quando traba-lhando isoladamente ou como vigamista em conjunto com a própria laje,podem alcançar grandes vãos livres,sempre com as menores alturas finais.

1111 –– PPrrootteeççããoo ccoonnttrraa aa ccoorrrroossããooHoje, se entende que todos os

sistemas estruturais necessitam deproteção contra a corrosão para ga-rantir um desempenho adequadodurante a vida útil prevista para aobra. Essa proteção pode ser intrín-seca do próprio material ou obtidapor meio de revestimentos proteto-res, como a pintura. É aceito tam-bém que toda a proteção precisa demanutenção periódica que deman-da eventuais interrupções para osusuários e envolve custos.

Portanto, um cuidado especialdeve ser dado na escolha dos materiaise seus respectivos sistemas de proteção.Deve-se analisar se uma proteção ini-cial maior pode representar uma esco-lha de menor custo em longo prazo,levando-se em conta os reflexos das in-terrupções e os custos dos reparos.

1122 –– PPrrootteeççããoo ccoonnttrraa ffooggooTodas as estruturas devem ser

analisadas quanto a sua resistência

frente ao fogo em caso de um incên-dio. As normas estabelecem para cadatipo de utilização o tempo requeridode resistência ao fogo (TRRF). Algunselementos estruturais podem necessi-tar de revestimentos protetores paracompletar a resistência necessária.Esses revestimentos podem ser arga-massas projetadas, tintas intumescen-te ou, ainda, o aumento do seu reco-brimento normal.

1133 –– EEssttééttiiccaaA estética de uma obra é sempre

importante, mas para alguns tipos deedificações ela é fundamental, comonos edifícios-sede e alguns tipos deobras públicas.

A estética das estruturas de açoinspira normalmente uma caracterís-tica de modernidade nas obras e porisso mesmo existe uma tendência deexpor a estrutura como parte princi-pal da arquitetura. Mas é importantelembrar que estrutura exposta é es-trutura com maiores custos de prote-ção e manutenção. Portanto, deve-sedosar o nível de exposição ao mínimonecessário para garantir uma estéticacompatível com o tipo de edificação.Na arquitetura do aço, quando se tirapartido estético de elementos estrutu-rais, tudo parece bem, mas se os ele-mentos estéticos são apenas adereços,sem função estrutural, o resultado es-tético quase sempre não é bom.

1144 –– DDeessppeerrddíícciioo ddee mmaatteerriiaaiiss ee mmããoo--ddee--oobbrraa

Sabe-se que é muito grande o des-perdício de materiais e de mão-de-obra na construção convencional ar-tesanal, e que a solução para reduziresse desperdício aponta para a racio-nalização da estrutura e o emprego deindustrialização, conseguindo assimmelhor aproveitamento dos materiaise serviços e reduzindo os índices dedesperdícios a praticamente zero.

A construção em aço é industria-lizada por natureza, o que garanteníveis mínimos de perdas. Entretan-to, a chave para uma obra sem des-perdícios é o planejamento, otimi-zando o emprego de cada material esuas interfaces.

1155 –– SSeegguurraannççaa ddoo ttrraabbaallhhaaddoorrAs estruturas em aço, assim como

toda construção industrializada, in-corporaram nos últimos anos muitasdas conquistas da indústria.A mais im-portante talvez seja a redução dos índi-ces de acidentes nas obras pelos esfor-ços de conscientização associados àutilização de equipamentos modernosde proteção individual.

Como o processo de construçãodas estruturas de aço é totalmentecontrolado, desde a fabricação até amontagem final, para o trabalhador osníveis de segurança são semelhantesaos alcançados pela indústria.

1166 –– CCuussttooss ffiinnaanncceeiirroossConhecer os custos financeiros de

qualquer empreendimento pode ser achave de uma escolha. Os ganhos finan-ceiros com a antecipação do cronogramade um edifício comercial podem ser demesma grandeza que o custo das pró-prias estruturas.O que importa é consta-tar que, independentemente da estrutu-ra ter custos mais altos,ela pode estar via-bilizando o melhor resultado financeiropara o empreendimento. Cada em-preendimento tem,portanto,uma equa-ção financeira a ser resolvida, e poderáconduzir para um sistema estruturalmais rápido como as estruturas de aço.

1177 –– AAddeeqquuaaççããoo aammbbiieennttaallA construção em aço é o método

de construção mais rápido e limpo. Aracionalidade no uso dos materiais ebaixo nível de desperdícios, são carac-terísticas que favorecem o aço quantoao impacto no meio ambiente.

Esgotada a vida útil da edificação,o aço pode ainda retornar sob formade sucata aos fornos das usinas side-rúrgicas para ser reprocessado.

1188 –– QQuuaalliiddaaddee ee dduurraabbiilliiddaaddeeNa comparação entre sistemas,não

devemos levar em conta apenas os cus-tos relativos, mas também a qualidadee a durabilidade de cada um. A durabi-lidade de uma estrutura depende doprojeto, da execução e do controle dosmecanismos de deterioração quepodem gerar patologias em médio elongo prazos.

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A R T I G O

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PLANILHA EXEMPLO Pontuação/Mérito

Características da obra Peso Sistema A Sistema BTipo de fundação 3 10 7Tempo de construção 5 10 8Tipo de ocupação 5 10 7Disponibilidade e custo dos materiais 4 8 10Recursos do construtor 2 7 9Local da obra e acessos 4 9 7Possibilidade de ampliações e adaptações 3 10 6Compatibilidade com sistemas complementares 4 10 6Manutenção e reparos 4 9 7Vãos livres e altura da edificação 4 9 7Proteção contra a corrosão 4 8 10Proteção contra fogo 4 6 9Estética 3 9 9Desperdício de materiais e de mão-de-obra 5 10 6Segurança do trabalhador 5 9 6Custos financeiros 4 10 7Adequação ambiental 5 9 8Qualidade e durabilidade 5 9 8Desempenho 5 8 8Incômodos para as áreas próximas 4 9 6MMééddiiaa ppoonnddeerraaddaa == ΣΣ ((PPeessoo xx NNoottaa)) // ΣΣ PPeessoo →→ 99,,00 77,,55

As estruturas de aço têm sua fabri-cação quase que totalmente executadaem indústrias sob condições controla-das, resultando então em um númeromuito pequeno de variáveis a contro-lar, o que faz com que as estimativas dedurabilidade sejam muito mais fáceis econfiáveis do que para outros sistemasmais complexos, com um númeromaior de mecanismos de deterioração.

Sistemas mais caros e melhor qua-lidade podem, portanto, apresentaralgumas vantagens importantes, mes-mo que a diferença só apareça em mé-dio ou longo prazo.

1199 –– DDeesseemmppeennhhooOs sistemas estruturais podem ter

diferentes desempenhos.As estruturasde aço, por exemplo, têm comporta-mento uniforme, mas podem apre-sentar maiores deformações e sãosempre mais elásticas para responderàs ações dinâmicas. Já as estruturas deconcreto podem apresentar mudançasde comportamento ao longo dotempo e são mais rígidas. O importan-te é dimensionar corretamente cadasistema, dentro dos limites das nor-mas e observando as características decada um. O desempenho de um siste-ma pode influenciar a escolha, comojá acontece nas obras industriais.

2200 –– IInnccôômmooddooss ppaarraa áárreeaass pprróóxxiimmaassA construção em aço pode reduzir

dramaticamente o impacto das ativida-des da obra nas áreas vizinhas, princi-palmente nos locais próximos a áreasresidenciais,hospitais e escolas.A cons-trução em aço, além do menor prazo,produz muito menos ruídos e poeira,além de quase não gerar lixo e entulhos.A montagem pode ser programadapara os horários mais favoráveis, mini-mizando as interferências nas vias.

Para demonstrar o método pro-posto vamos simular a aplicação, fasea fase, em um edifício comercial demúltiplos andares.

Fase 1 – Levantamento das caracte-rísticas relevantes para a obra.

Fase 2 – Classificação das característicasrelevantes em função da sua importân-

cia para a obra. Foi estabelecido paracada característica um peso (entre 1 e 5).

Fase 3 – Identificação dos sistemas es-truturais compatíveis com a obra, noexemplo: Sistema A – estrutura de açoe Sistema B – estrutura de concreto.

Fase 4 – Configuração dos sistemasestruturais para o melhor desempe-nho em função das característicasclassificadas da obra.

Fase 5 – Classificação dos sistemas es-truturais para as características daobra. Foi estabelecido para cada ca-racterística uma nota (entre 1 e 10)em função do mérito do sistema, quepode ser baseada nas análises de cus-tos e/ou simples comparativos.

Fase 6 – Cruzamento dos pesos das ca-racterísticas com as notas de cada siste-ma por meio de uma média ponderadapara cada sistema.A maior média indicao sistema mais adequado para a obra.

A planilha acima é um exemplo daaplicação do método para uma obracomercial.

Médias muito próximas podem in-dicar que mais de um sistema estrutu-ral pode atender bem às necessidadesda obra. Lembramos ainda que quantomais cedo se identifique o sistema queserá usado, mais tempo teremos paraotimizar o sistema escolhido e assimobter um resultado ainda melhor.

LEIA MAIS

Manual da Construção em Açopublicado pelo CBCA (CentroBrasileiro da Construção em Aço):� Treliças Tipo Steel Joist � Pontes e Viadutos em Vigas Mistas� Steel Framing: Arquitetura� Interfaces Aço–Concreto� Steel Framing: Engenharia� Transporte e Montagem� Painéis de Vedação� Resistência ao Fogo das Estruturasde Aço� Tratamento de Superfície e Pintura� Alvenarias� Galpões para Usos Gerais� Ligações em Estruturas Metálicas� Edifícios de Pequeno PorteEstruturados em Aço

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PRODUTOS & TÉCNICAS

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MASSA CIMENTÍCIA A massa cimentícia Brasimassa,da Brasilit, é adequada paratratamento de juntas invisíveisentre painéis Masterboard. O consumo estimado do produtovaria, segundo o fabricante,entre 350 g e 400 g por metrode juntas.Brasilit0800-16299www.brasilit.com.br

ACABAMENTOS

TRATAMENTO CONTRAUMIDADE A Sika está incrementando seuportfólio com um novo produtopara o tratamento de umidadede rodapés em paredesmofadas: Sika Imper Mur. O produto é aplicado na formade pintura, e sua baixaviscosidade lhe permite penetrarprofundamente no substrato eformar uma barreira invisível e impermeável.Sika(11) 3687-4600www.sika.com.br

PORCELANATOA Neostone lança novosmodelos, novas cores, formatose acabamentos para suas linhasjá existentes. Destaque para alinha Ecotech de porcelanatos,cujos produtos são fabricadoscom 70% de matéria-primareutilizada da indústria do porcelanato.Neostone(11) 4688-0415 (lojas Recesa)www.neostone.com.br

FACHADASA Hunter Douglas acaba delançar uma linha de fachadasventiladas em cerâmicaTerracota. As peças sãocompostas por placas,oferecidas em diversas formas,tamanhos e cores. Dentre asdiversas linhas de produtos daempresa, TerrArt Large dispõe deum diferencial: conta com placascom largura de 60 cm ecomprimentos de até 1,8 m.Hunter Douglas(11) 2135-1000 www.hunterdouglas.com.br

ACABAMENTOS

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COBERTURA,IMPERMEABILIZAÇÃOE ISOLAMENTO

ADESIVOS E SELANTES A nova linha Unifix reúneadesivos e selantes variados.Entre eles, a empresa destaca amassa reparadora Lite,recomendada para pequenosconsertos em áreas internas eexternas, e o Tapa Trincas, idealpara corrigir fissuras emconcreto, madeira, tijolo ou pedras.Unifix(11) 3796-6100www.unifix.com.br

CONCRETO E COMPONENTES PARA A ESTRUTURA

FÔRMA O Sistema Flex, da Weiler,possibilita que uma grandevariedade de perfis sejaproduzida em uma única pistade produção. O sistema écomposto de uma base denivelamento padrão, leitos(fundos), laterais (moldes) e umsistema de fixação queproporciona, segundo ofornecedor, agilidade eflexibilidade na troca de moldes.Weiler(19) [email protected]

ESTRUTURAS EPEÇAS METÁLICAS

BALDRAME A Maxi Lajes lança o MaxiBaldrame. O produto écomposto por peças pré-moldadas de concreto paralelas,cada uma com 3 cm deespessura e 25 cm de altura. O concreto usado atingeresistência final de 25 MPa e osestribos de interligação sãofeitos com aço CA-50 ou CA-60.A largura das peças varia emfunção da espessura da parede.Maxi Lajes(12) [email protected]

INSTALAÇÕES COMPLEMENTARES E EXTERIORES

ANTICORROSIVOBrascolub, da Brascola, é umspray desingripante eanticorrosivo de uso geral. Elereduz o atrito das partesmetálicas, lubrificando-as eevitando seu desgaste. O produto protege tambémcontra a ferrugem e intempéries.Brascola0800-7702660www.brascola.com.br

BARRAS ANTIPÂNICOAs barras antipânico da DKS sãoconformes com a norma NBR11785, ensaiadas noslaboratórios do centrotecnológico Falcão Bauer e do IPT. Elas possuem sistemade funcionamentoantiesmagamento de dedos que garantem a segurança para seus usuários. DKS(11) 6484-2013www.dksbarras.com

RESERVATÓRIO A cisterna de polietileno daFortlev é uma alternativa àscisternas de alvenaria,conferindo mais agilidade àsobras e, segundo o fabricante,maior praticidade e segurançano armazenamento de grandesvolumes de água. Voltada para autilização em áreas comerciais,residenciais, industriais e agrícolas.Fortlev(27) 2121-6700www.fortlev.ind.br

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PRODUTOS & TÉCNICAS

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VEDAÇÕES, PAREDESE DIVISÓRIAS

DRYWALLAs fitas JT, da Lafarge Gypsum,combinadas com as Massas deRejunte Gypsum, são utilizadasno tratamento das juntas entrechapas em todos os sistemasGypsum Drywall. Fabricadascom papel especialmicroperfurado, proporcionam,segundo a fabricante, maioraderência e praticidade ao instalador.Lafarge Gypsum(21) 2262-2396www.gypsum.com.br

DISCOS DIAMANTADOSPara garantir, segundo afabricante, maior segurança aousuário e mais produtividade naoperação, a Carborundum tem alinha de discos diamantadosPremier. Os produtos podem serutilizados em operações a secoou refrigerados. Encontradosnas versões Turbo, Segmentadoe Contínuo, com 110 mm dediâmetro.Carborundum0800-7273322www.carbo-abrasivos.com.br

MÁQUINAS,EQUIPAMENTOS EFERRAMENTAS

JANELAS, PORTASE VIDROS

MAÇANETASA Altero, empresa com 25 anosde mercado, desenvolve diversosprodutos para residências.Dentre eles, suas maçanetaspassam por um tratamentodiferenciado, recebendocamadas extras de proteçãocontra corrosão que assegurama durabilidade do produto.Altero(51) 2108-1000www.altero.com.br

ACESSÓRIOS A Plena, controlada pela TigreS/A, anuncia sua chegada aosegmento de acessórios parabanheiro, lavanderia, áreasexternas e complementoshidráulicos. Conta com umportfólio de mais de 200produtos, que deverá dobrar atéo final de 2009.Plenawww.plenaweb.com

INSTALAÇÕESHIDRÁULICAS

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OBRA ABERTA

David LibeskindLuciana Tombi Brasil160 páginasEdusp (Editora daUniversidade de São Paulo)Fone: (11) 3091-4008www.edusp.com.brParte da coleção OlharArquitetônico, composta deensaios de monografias,dissertações e tesesapresentadas em escolasbrasileiras de arquitetura, esselivro apresenta as idéiaspresentes na dissertação demestrado "A obra de DavidLibeskind – Ensaio sobre asResidências Unifamiliares",defendida no programa depós-graduação da FAU-USP(Faculdade de Arquitetura eUrbanismo da Universidade deSão Paulo). O arquitetoretratado na obra, autor doprojeto do Conjunto Nacionalna Avenida Paulista, nuncahavia sido objeto de livromonográfico. Além de exploraros detalhes de projeto dediversas residências ao longodo livro, há um capítulodedicado à análise de 12residências que pretendebuscar uma linguagemcaracterística para aarquitetura de Libeskind.

Livros

Infra-estrutura daPaisagem*Juan Luis Mascaró, LuciaMascaró e Ruskin Freitas196 páginasMasquatro EditoraVendas pelo portalwww.lojapini.com.brAo propor uma novaabordagem para a infra-estrutura dos espaços urbanosabertos, o livro salienta aimportância das alternativasao tratamento adicional dapaisagem urbana, reforçandoa busca por uma sintoniaambiental das cidades. Paratanto, afirma que os conceitosde cunho ambiental são oponto de partida para otrabalho paisagístico emcontrapartida ao desenhomeramente estético. Trata dosdiferentes aparelhos eequipamentos urbanos, comoescadas, pavimentos, sistemaviário e estacionamentos,trazendo exemplos desoluções adotadas em locaispúblicos de todo o mundo.

Manual de Técnicas deProjetos Rodoviários*Wlastermiler de Senço760 páginasEditora PINIFone: 4001-6400 (regiõesmetropolitanas) ou 0800-5966400 (demais regiões)www.lojapini.com.brApresenta técnicas de projetopara rodovias, considerandodesde os levantamentospreliminares até o orçamento.A obra contempla o projetotradicional, mas também o usode recursos tecnológicosmodernos, como GPS esensoriamento remoto. O autorinicia o livro apresentandogeneralidades e um resumohistórico dos transportes.Depois, parte para definiçõesbásicas e de grandezasintervenientes para, então,falar sobre normas técnicas eestudos econômicos. Nocapítulo IV, fala de projetobásico, abrangendo desdelevantamentos até audiênciaspúblicas. O projeto executivo,com informações mais voltadasà execução e ao uso dasrodovias, é abordado nocapítulo V, seguido deintersecções e licitações de obras.

Código de Obras eEdificações do Municípiode São Paulo –Comentado e Criticado*Manoel Henrique CamposBotelho e Sylvio Alves deFreitas456 páginasEditora PINIFone: 4001-6400 (regiõesmetropolitanas) ou 0800-5966400 (demais regiões)Vendas pelo portalwww.lojapini.com.brEscrito por um arquiteto e umengenheiro, ambos com maisde 40 anos de profissão, apublicação reúne e organiza osnovos textos da legislaçãomunicipal paulistana relativosà construção, bem como leis,decretos, normas técnicas,portarias, atos e resoluções.O livro traz parte dedocumentos legais paraauxiliar na compreensão einterpretação. Os comentáriosdos autores acompanham otexto na lateral das páginas esão compostos por ilustraçõesque pretendem dirimir asdúvidas técnicas mais comuns.Para consultas rápidas, contacom índice remissivo.

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Análise Estrutural paraEngenharia Civil eArquitetura – EstruturasIsostáticas*Moacir Kripka184 páginasUPF Editorawww.lojapini.com.brA obra traz os conceitosfundamentais da engenhariaestrutural para guarnecer oleitor – especialmenteestudantes de cursos degraduação de engenharia civil earquitetura – de condições paraentender como se dá e do quedepende o equilíbrio dos corposrígidos. Também aborda assolicitações a que estão sujeitase as tipologias das estruturas.O autor restringiu os exemplose ilustrações às obras civis ebuscou a elaboração de ummaterial didático quecorrelacionasse teoria àrealidade. O leitor pode optarpor uma leitura superficial oupode querer se aprofundar natécnica. Para tanto, estãoindicados com asteriscos ositens considerados nãoessenciais para a compreensãoglobal dos temas.

ArchiCAD Start Edition 2008*PINI SistemasFone: (11) 2173-2424www.lojapini.com.brDirecionada aos escritórios depequeno porte e também aosprofissionais autônomos, essaversão do ArchiCAD foiconcebida para aumentar aeficiência do trabalho no quediz respeito ao tempodemandado e ao resultadofinal. O ambiente virtual emque é desenvolvido o projetoapresenta uma grande riquezade detalhes desde o desenhodas primeiras paredes até omomento da plotagem detoda a documentação final.Conta com recursos essenciaispara o desenvolvimento deprojetos, sendocompletamente adaptável aotrabalho do projetista. Maisinformações, bem como aaquisição do sistema, podemser obtidas por meio dotelefone ou do portal devendas da Editora PINI.

Sil Fios e Cabos ElétricosFone: (11) 6488-2000www.sil.com.brO site passou por mudançasvisuais que trouxeram novascores e tornaram o layoutmais limpo. Agora oseletricistas contam com umespaço exclusivo, onde,mediante cadastro gratuito,podem receber catálogos deprodutos e tabelas. Na seçãoDúvidas o internauta temrespostas para perguntascomuns sobre instalaçõeselétricas. Ainda na páginainicial há acesso direto paralocalização de representantesda empresa em todo o Brasil.Informações técnicas sobretodos os produtos podem seracessadas na página.É possível, ainda, assinar oinformativo quinzenal daempresa, com o registro dosacontecimentos do mercado.

Revista da CasaLeroy Merlinwww.leroymerlin.com.brO portal da loja de materiaispara construção, acabamento,bricolagem, decoração ejardinagem Leroy Merlinabriga também a Revista daCasa, uma publicaçãoeletrônica que traz as últimasnotícias em lançamentos deprodutos, eventos e cursos,dentre outros. Também contasempre com o perfil de umprofissional do setor, como foio caso da design de interioresCarolina Szabó e do arquitetoArthur de Mattos Casas.A seção de dicas trazinformações úteis parasolucionar pequenosproblemas de construção,decoração e manutenção deimóveis. Edições anteriorespodem ser acessadas no menude acesso, na parte superior àdireita de cada página.

Site

* Vendas PINIFone: 4001-6400 (regiões metropolitanas)ou 0800-596 6400 (demais regiões). Portalwww.lojapini.com.br

Software

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Seminários e conferências

Sinco 200822 a 24/5/2008Sobral (CE)O IV Simpósio Internacional sobreConcretos Especiais discutirá oscomponentes dos concretos especiais,características, propriedades epossibilidades de aplicações. O Sinco érealizado pelo Ibracon (Instituto Brasileirodo Concreto), Iemac (Instituto de Estudodos Materiais de Construção) e a UVA(Universidade Estadual Vale do Acaraú).Fone: (88) 3611-6796

Eco Building 200823 a 25/5/2008São PauloO evento, para construtores, engenheiros,incorporadores, arquitetos e demaisprofissionais do setor, apresentará asnovidades nacionais e internacionaissobre sustentabilidade, como tecnologiase soluções construtivas, regulamentaçõese tendências do mercado. São esperadostrês mil profissionais por dia no local.Fone: (11) 3871-3626www.anabbrasil.org/ecobuilding2008

Desafios e Oportunidades noMercado de Baixa Renda29/5/2008São PauloO seminário proporcionará a troca deexperiências e informações entre osprofissionais da indústria da construçãocivil ligados ao chamado mercado debaixa renda, de habitações para famíliascom renda a partir de cinco saláriosmínimos. O público-alvo são os diretorestécnicos e de incorporação, analistas deinvestimentos, arquitetos, projetistas,executivos de empresas fornecedoras edemais profissionais envolvidos com oprojeto e a execução de obras. Fone: (11) 2173-2395www.piniweb.com/DesafiosBaixaRenda

Nordesteinvest28 a 30/5/2008RecifeO turismo nordestino será o assunto dediscussão do Nordesteinvest 2008.O evento reunirá grandes nomes do ramoimobiliário tanto do Brasil quanto daEuropa, a fim de incentivar novos acordos,parcerias e oportunidades por meio deuma conferência, do salão de exposição eda rodada de negócios realizados dentrodo Centro de Convenções de Pernambuco.Fone: (82) 3327-3465www.nordesteinvest.com.br

Cimpar 200825 a 28/6/2008AveiroA Universidade de Aveiro, em Portugal,realizará o 4o Cimpar (CongressoInternacional sobre Patologia eReabilitação de Estruturas) paraapresentar novos conhecimentos,técnicas e tecnologias para osprofissionais do setor. [email protected]

Construmetal 20089 a 11/9/2008São PauloA terceira edição do Construmetal teráconferencistas brasileiros e internacionaisque discutirão os principais avançostecnológicos e inovações da construçãometálica. O evento é organizado pela ABCM(Associação Brasileira da ConstruçãoMetálica) com o apoio da AARS (Associaçãodo Aço do Rio Grande do Sul), do CBCA(Centro Brasileiro da Construção do Aço),do Ilafa (Instituto Latinoamericano delFierro y el Acero) e do AISC (AmericanInstitute of Steel Construction).Fone: (11) 3816-6597www.construmetal.com.br

80o Enic22 a 24/10/2008São Luís

O Enic (Encontro Nacional da Indústria daConstrução) debaterá as perspectivas e osdesafios do crescimento do setor nospróximos anos por reflexo das obras doPAC (Programa de Aceleração doCrescimento) e da Copa do Mundo de2014. O evento atrairá diversosprofissionais da construção e as inscriçõesjá podem ser feitas no site do evento.Fone: (62) 3214-1005www.qeeventos.com.br

Feiras e exposiçõesConstruir Minas 200818 a 21/6/2008ContagemO Construir Minas 2008 é direcionadopara construtores, engenheiros,arquitetos, decoradores e lojistasinteressados em conhecer novosprodutos, tecnologias, máquinas,equipamentos e serviços para a indústriada construção. A previsão é que 30 milvisitantes compareçam durante os quatrodias do evento.Fones: (31) 3542-9637/(21) 2178-2315www.construirminas.com.br

Construfair 200819 a 22/6/2008Caxias do Sul (RS)A Construfair é uma das feiras maiscompletas da região Sul e terá, neste ano,três atrações principais: palestras técnicassobre materiais de construção, oseminário Grandes Obras & Infra-Estrutura, e a exposição Mobillar, voltadapara arquitetos e designers. O eventoacontece em parceria com a Fecomac(Federação das Associações dosComerciantes de Materiais deConstrução) e Acomac (Associação dosComerciantes de Matérias de Construção)de Caxias do Sul.Fone: (54) 3214-6886www.construfair.com.br

AGENDA

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Expo Construção Bahia 200819 a 23/8/2008SalvadorA feira, organizada pela Fagga Eventos epelo Sinduscon-BA (Sindicato daIndústria da Construção Civil do Estadoda Bahia), apresentará o que há de maismoderno no setor da construção daregião Norte e Nordeste e promoveráparalelamente o IV Fórum Nacional deArquitetura e Construção (Fonarc), oFórum Nordeste PAC, Dry Wall & SteelFrame Show, Loja Modelo, VI SeminárioTecnológico da Construção Civil eConcurso A Ponte.Fone: (71) 3797-0525www.expoconstrucao.com.br

Cobramseg 200823 a 28/8/2008Búzios (RJ)O tema do XIV Congresso Brasileiro deMecânica dos Solos e EngenhariaGeotécnica terá como tema aExploração e Distribuição de Energia –Uma Visão Geotécnica. Serão seissessões plenárias com duas mesas-redondas sobre novas tecnologias, 12sessões paralelas, um dia especial paraos geojovens, sete palestras dentro do"Encontro com Indústria" e quatrominicursos, além de uma visita técnicaàs obras de construção de umabarragem. O evento é [email protected]

Concrete Show South América 200827 a 28/8/2008São PauloO evento é dirigido para a indústria deconcreto tanto nacional quantointernacional e possuirá exposições,demonstrações, seminários, workshops epalestras para apresentar novastecnologias, aplicações e forma de usodo material na América do Sul. O objetivoé estimular negócios e parcerias entrediversos construtores e distribuidores.Fone: (11) 4689-1935www.concreteshow.com.br

Bauma China 200825 a 28/11/2008ShangaiA maior e mais importante plataforma da

indústria do mundo vai ser aberta pelaquarta vez para a visitação deespecialistas em materiais,equipamentos, veículos e máquinas de construção. A idéia é que osfabricantes possam mostrar seusprodutos, adquirir novos lançamentose principalmente aproveitar aoportunidade de novos negócios.www.bauma-china.com

Cursos e treinamentosDiretrizes para a Documentação deSistema de Gestão da QualidadeABNT ISO/TR 10013:200211/6/2008São PauloO curso discutirá a documentaçãonecessária do sistema de gestão daqualidade, descrição do SGQ,elaboração do manual da qualidade da organização.Fone: (11) [email protected]

Patologias da Construção20 e 21/6/2008São PauloO palestrante Ercio Thomaz analisaráas patologias mais freqüentes emedificações e destacará suas causas,agentes, mecanismos de formaçãoe formas de recuperação. O cursoé direcionado para arquitetos eengenheiros civis e tem cargahorária de 12 horas.Fone: (11) [email protected]

Gerenciamento de Obras20 e 21/6/2008São PauloAs aulas darão ao profissional umametodologia completa para atuar nogerenciamento de pequenas, médias egrandes obras de construção civil. Sãotrês módulos: Planejamento e Orçamentoda Obra para Concorrência, Programaçãoda Obra após a Contratação, Controle deOperação da Obra: Posturas eProcedimentos Gerenciais.Fone: (11) [email protected]

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COMO CONSTRUIR

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Os recursos de transformação deáguas usadas ou brutas em água

potável são lentos, frágeis, limitados ecada vez mais onerosos. Sendo assim, aágua deve ser manipulada com raciona-lidade,precaução e economia,para asse-gurar a sustentabilidade desse recurso.

A água não é uma doação gratuitada natureza, tem um valor econômico:algumas vezes a água é rara e dispen-diosa, e pode escassear em qualquerregião do mundo. Por isso a gestão daágua impõe um equilíbrio entre a suaproteção e as necessidades de ordemeconômica, sanitária e social.

A sua utilização implica respeito àlei. Sua proteção constitui uma obri-gação jurídica para todo homem ousociedade que a utiliza. Questão quenão deve ser ignorada nem pelo cida-dão nem pelo Estado.

Algumas soluções são encontra-das para a preservação desse preciosolíquido e que já constam em leis.Entreelas temos a caixa de gordura.

Caixa de gorduraEla possibilita a retenção e poste-

rior remoção de gorduras evitando suaentrada na rede coletora e conseqüenteincrustações nas paredes da tubulação,estrangulando a seção de escoamento.

Em uso residencial, é obrigatória ainstalação da caixa de gordura sifona-da para água servida das pias e pisos decopas e cozinhas em mais de três milmunicípios brasileiros. Essa caixaretém a gordura e, também, pela suaação de sifonagem, evita o mau cheiroe a entrada de baratas e ratos na casa.

Instalação de caixa de gordurapré-fabricada de ABS

No uso corporativo (hospitais, restau-rantes, indústrias) a sua obrigatorieda-de abrange todo o território nacional.

A caixa de gordura pode ser cons-truída com tijolos maciços queima-dos, rejuntados e revestidos.

As caixas de gordura pré-fabricadasou pré-moldadas podem ser construí-das em concreto armado, argamassaarmada, plástico ABS, fibra de vidro,cerâmica, placas de PVC, polietileno,polipropileno ou outro material com-provadamente resistente à corrosãoprovocada pelos esgotos.

As caixas de gordura pré-moldadasem concreto apresentam o inconve-niente de não se adaptarem aos tubosem PVC, provocando trincas com opassar do tempo e posterior infiltra-ções. Já as fabricadas em plásticos deengenharia (ABS, PVC) ou, mesmo,em fibra de vidro, permitem a conexãoatravés de anel de PVC flexível.

Tipos de caixa de gorduraDe acordo com a NBR 8160/99, as

caixas de gordura podem ser:� Pequena ou simples, para a coletade apenas uma cozinha;Nesse caso existem caixas pré-fabri-cadas,em diversos materiais,tornando otrabalho mais rápido e econômico, co-mo o passo a passo descrito e ilustradona pág. 80.� Simples ou dupla, para a coleta deduas cozinhas;�Dupla,para coleta de até 12 cozinhas;Para essas duas modalidades tambémexistem soluções prontas.� Especial, para a coleta de mais de 12cozinhas, ou, ainda, para cozinhas derestaurantes, escolas, hospitais, quar-téis, clubes etc. Nesse caso, requer pro-jeto específico, caso a caso, por especia-listas em hidráulica – consultar normasda empresa de saneamento do municí-pio em que se encontra a obra.

Edson Ramacho, engenheiro civil ediretor da Sanifix

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Dimensões De acordo com a NBR 8160/99, as

dimensões das caixas de gordura re-feridas são:a) CGP – caixa de gordura pequena,cilíndrica e com as seguintes dimen-sões mínimas: diâmetro interno iguala 0,30 m; parte submersa do septoigual a 0,20 m; capacidade de retençãode 18 l e diâmetro nominal da tubula-ção de saída igual a 75 mm;b) CGS – caixa de gordura simples,cilíndrica e com as seguintes di-mensões mínimas: diâmetro inter-no igual a 0,40 m; parte submersado septo igual a 0,20 m; capacidadede retenção de 31 l; e diâmetro no-minal da tubulação de saída igual a100 mm;c) CGD – caixa de gordura dupla, ci-líndrica e com as seguintes dimensõesmínimas: diâmetro interno igual a0,60 m; parte submersa do septo iguala 0,35 m; capacidade de retenção de

120 l e diâmetro nominal da tubula-ção de saída igual a 100 mm;d) CGE – caixa de gordura especial,prismática (retangular ou cilíndrica) ecom as seguintes dimensões: distân-cia mínima entre o septo e a saída =0,20 m; o volume da câmara de reten-ção de gordura obtida pela fórmula [V= (2 x N) + 20], onde N é o número depessoas servidas pelas cozinhas quecontribuem para a caixa de gordurano turno em que existe maior fluxo, eV é o volume em litros; altura molha-da = 0,60 m; parte submersa do septo= 0,40 m e diâmetro nominal mínimoda tubulação de saída = 100 mm.

Dimensionamento de caixa de gordura do tipo especial

Exemplo: para uma cozinha queserve aproximadamente 150 refei-ções diárias, o volume da caixa degordura deverá ser calculado da se-guinte maneira:

Número de refeições diárias – N = 150 refeições/diaVolume: V = (2 x N) + 20V = (2 x 150) + 20V = 320 l

Esse é o valor mínimo, no entan-to a maioria das empresas de sanea-mento adota a tabela acima.

Cuidados com a manutenção Caixa de gordura doméstica

Ao ser utilizada a rede de esgotodas pias de cozinha, e após o reserva-tório da caixa estar completo, a gor-dura e/ou óleo, por serem mais levesque a água, estarão na parte superior(superfície da água) da caixa. Dessamaneira, pressionarão a água, fazen-do com que esta escoe sem resíduospelo septo (sifão), colocado no re-servatório adequadamente.

A gordura e/ou óleo deverão ser re-movidos periodicamente – recomen-da-se entre 15 e 30 dias, no máximo –

CAIXA DE GORDURA PRISMÁTICA (BASE RETANGULAR)Quantidades Dimensões internas mínimas (cm)

Número de Número de Capacidade da Comprimento Largura Altura Altura da cozinhas refeições (n) caixa (l)(a x c x l) (c) (L) (H) saída (A)*1 – *18 * * * *2 – 31 44 22 47 323 – 44 50 25 50 354 – 50 52 26 52 375 – 56 54 27 53,5 38,56 – 63 56 28 55 407 – 71 58 29 57,5 42,58 – 77 59 29,5 59 449 – 83 60 30 61 4610 – 90 62 31 62 4711 – 97 64 32 62,5 47,512 – 105 66 33 63 4813 – 111 68 34 63 4814 – 118 70 35 63 4815 – 124 72 36 63 4816 a 28 100 216 90 40 75 6029 a 36 125 288 120 40 75 6037 a 43 150 360 120 50 75 6044 a 57 200 432 120 60 75 6058 a 73 250 504 120 70 75 6074 a 86 300 588 140 70 75 6087 a 100 350 756 140 90 75 60101 a 115 400 810 150 90 75 60116 a 129 450 918 170 90 75 60*Informações a respeito de caixas de gordura menores e/ou de formato cilíndrico constam da norma NBR 8160 - Sistemas Pre-diais de Esgoto Sanitário – Projeto e Execução.

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C O M O C O N S T R U I R

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pela tampa de inspeção da caixa e des-cartadas no lixo (saco plástico), evitan-do que os componentes provenientesda limpeza da caixa escoem livrementepela rede, ocasionando sua obstrução.

Caixa de gordura até 12 cozinhasDe forma análoga,no entanto,a lim-

Medição da altura total da caixa everificação da profundidade final deinstalação (considerar o piso acabado),conferindo se haverá necessidade deadquirir prolongadores. Atenção: aprofundidade final das caixas deve serlimitada a, no máximo, 1 m (de acordocom a norma NBR 8160), para garantiade resistência e acesso para limpeza.Preparação da base para oassentamento: escavação do solo elançamento de uma camada de areia(ou solo granulado sem elementos

pontiagudos) no fundo da vala.Compactação firme da camada de areiapara o assentamento da base da caixa.Para facilitar a compactação da camadade base, molhar a areia. Se o nível dolençol de água for muito elevado,drenar o local antes da instalação.Assentamento da base da caixa nofundo da vala, previamente preparadae nivelada, usando um nível de bolha.Ligar os tubos na caixa – seguirrecomendações para a execução dejuntas elásticas e instalação de esgoto.

Montar o anel na caixa, evitandotorções; aplicar pasta lubrificante.Encaixar o tubo de esgoto.Reaterro lateral: o solo de reaterroem volta da caixa deve ser muitobem compactado, para garantir umapoio firme da porta-tampa.Testar a colocação e acabamento daporta-tampa.Fazer o acabamento do piso emvolta da porta-tampa, com a tampainstalada, para evitar deformaçãolateral da porta-tampa.

Instruções de montagem

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peza deve ser semanal. Dependendo dautilização,a freqüência é a cada dois dias.

Caixa de gordura especialRecomendamos a sua limpeza

por empresas especializadas em de-sentupimento e drenagens de fos-sas sépticas.

Caixa de gordura de ABS� Material ABS;�Entrada e saída DN 100 (4' ou 100 mm);� Estanqueidade garantida por anéisde PVC flexíveis;�Volume de retenção de 18 l (exigidopela norma NBR 8160), atendendo auma pia de cozinha residencial.

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