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Revista CIEE nº 83 - CIEE

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Page 1: Revista CIEE nº 83 - CIEE
Page 2: Revista CIEE nº 83 - CIEE

Conheça o Projeto Aprendiz Legal e dê uma oportunidade a quem não tem.O Aprendiz Legal é um programa de aprendizagem no trabalho para jovens de 14 a 24 anos, realizado na empresa,

em parceria com instituições educacionais. É a chance de formar profissionais qualificados para a sua empresa e ainda

cumprir a Lei da Aprendizagem (nº 10.097/2000). Afinal, um bom empresário não deixa uma boa oportunidade passar.

Aprendiz Legal. Mais que profissionais, formando cidadãos.

Acesse www.aprendizlegal.org.br e conheça o programa.

Iniciativa:

Talento ele já tem. Só falta a oportunidade.

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Page 3: Revista CIEE nº 83 - CIEE

Wálter Maierovitch e a luta contra o crime organizado. pág. 8

nº 83, setembro/outubro 2008

A tiragem desta edição é de 85.000 exemplares.

Auditada por

Professor Emérito – Troféu Guerreiro da Educação 2008: Evanildo Bechara. pág. 24

ENTREVISTA

CAPA

O legado deixado por Ciccillo Matarazzo. pág. 72

Novos cursos em áreas de crescimento. pág. 41

AGITAÇÃO JOVEM

Carta ao leitor .......................................................... 4

Ponto de Partida ....................................................... 6

Tendências ...............................................................16

Novas Idéias .............................................................18

Pesquisa ...................................................................19

Legislação .................................................................20

Escola .......................................................................32

Capacitação ..............................................................33

Serviço ......................................................................34

Suplência ...................................................................35

Empresa ....................................................................36

Comportamento ......................................................38

Esporte .....................................................................40

Direito ......................................................................49

Terceiro Setor ...........................................................50

Em Foco ...................................................................53

Gerais .......................................................................61

Análise ......................................................................62

Expo CIEE ................................................................64

Inventário .................................................................65

Eventos .....................................................................66

Inauguração ..............................................................70

CIEE Cultural ............................................................76

Dicas de português ...................................................78

Cartas .......................................................................80

Ponto Final ................................................................82

Luxo: um mercado em plena expansão no Brasil. pág. 12

TENDÊNCIAS

Aprendiz Legal .......................................................... 2

Programa Diálogo Nacional ..................................... 5

Nova Lei do Estágio ................................................. 39

Programa de Alfabetização Gratuita de Adultos ..... 57

Conta Universitária Bradesco ................................... 83

CIEE, estágio de qualidade ....................................... 84

DIVULGAÇÃO

CULTURAL

Page 4: Revista CIEE nº 83 - CIEE

4 Agitação set/out 2008

é editada pelo

Editor responsável: Luiz Gonzaga Bertelli, MTb 10.170 (Presidente executivo do CIEE).Conselho editorial: Ruy Martins Altenfelder Silva, Luiz Gon-zaga Bertelli, Jacyra Octaviano.Redação: Jacyra Octaviano (assessora de comunicação), André L. Rafaini Lopes, Andrea de Barros, Cláudio Barre-to, Elizabeth da Conceição, Erika Sarinho, Roberto Ma ttus e Rafael Dias (estagiário). Colaboradores: Lucíola Souza (Goiâ-nia/GO); Márcia de Freitas (São José do Rio Preto/SP); Hetth Carvalho (Salvador/BA). Revisão: Mário Gonzaga Athayde.Fotos: Servfoto.Arte: Edith Schmidt (edição de arte/capa); Wilson André Filho (ilustrações).Capa (foto): André Luiz Mello.Produção gráfica: PIC Comunicação.Impressão: Gráfica Plural.

As matérias publicadas nesta edição poderão ser reproduzi-das total ou parcialmente, desde que citada a fonte. Solicita-mos que as reproduções de matérias sejam comunicadas à redação. As opiniões expressas em artigos assinados não coincidem necessariamente com a opinião da revista.Agitação: Rua Tabapuã, 445 - 3º andar - Itaim Bibi - São Paulo/SP - CEP 04533-001 - Tel.: (11) 3040-6527/6526 - [email protected] atrasados podem ser solicitados à redação ou podem ser consultados acessando o site www.ciee.org.br.

Filiada à Agitação foi considerada a melhor publicação empresa-rial de 2002 pela ABERJE.

CARTA AO LEITOR

Internet PORTAL DO ESTÁGIO - www.ciee.org.br

Telefone do EstudanteSão Paulo: Tel.: (11) 3046-8211Rua Tabapuã, 516 - Itaim Bibi - 04533-001 - São Paulo/SP Atendimento a EmpresasTel.: (11) 3046-8222

Oficinas de CapacitaçãoTel.:(11) 3111-3003

Relacionamento com a ImprensaTel.: (11) 3040-6525/[email protected]

Eventos e SemináriosRelações Públicas - Tel.: (11) 3040-6541/6542 - Fax (11) [email protected]

FALE COM O CIEE

Atendimento ao assinante: Para alteração de nome ou endereço para recebimento de Agitação, favor enviar e-mail para [email protected], colocando no campo Assunto a seguinte indicação: Agitação – Alteração de cadastro.

São muitas as personalidades ligadas à educação que merecem ser homenageadas por suas realizações. Afinal, são elas que valorizam e dão dignidade a um setor cada vez mais desacreditado no Brasil, em função da crise na qualidade de ensino. Premiar com um título tradicional nos meios acadêmicos os profissionais que dedicam sua vida à educação é um prazer e, ao mesmo tempo, uma necessidade. Por isso, a escolha deve ser feita com a maior lisura e rigor possíveis, passando por reitores, educadores, empresários, jornalistas e con-selheiros do CIEE. Apesar do número de votantes, a escolha quase unânime do filólogo Evanildo Bechara para receber o título Professor Emérito – Troféu Guerreiro da Educação 2008 CIEE/Estadão compro-va mais uma vez o prestígio da premiação.

Professor de Língua Portuguesa e Filologia Românica, o pernambu-cano de Recife – que aos 12 anos chegou ao Rio de Janeiro para não sair mais – é o atual ocupante da cadeira 33 da Academia Brasileira de Letras (ABL) e um dos maiores conhecedores da língua pátria. Bechara é um símbolo da arte de ensinar. Sua vocação como docente manifestou-se muito cedo, ainda na puberdade, quando já ganha-va alguns trocados como professor particular. Foram trinta anos de carreira na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e outros tantos anos na pós-graduação da Universidade Federal Fluminense (UFF), além da passagem pelos ensinos fundamental e médio. Nesta edição de Agitação, um pouco da história marcante de um homem que nasceu para o ensino das letras.

Outro fato relevante, que merece atenção, é a aprovação da nova Lei do Estágio. Após 31 anos, as normas foram modernizadas, tra-zendo avanços para os estudantes, instituições de ensino, empresas e organizações públicas, envolvidas na estratégica responsabilidade de preparar, com a qualidade requerida pelo moderno mercado de trabalho, o profissional de amanhã. No dia 26 de setembro, após a assinatura do presidente Luís Inácio Lula da Silva, ela foi publicada no Diário Oficial, com o número 11.788. O CIEE, com sua experiência de 44 anos em administração de estágio, participou ativamente do processo de elaboração do novo texto, que incorpora várias posturas que já vinham sendo preconizadas pelo CIEE e acatadas pela totali-dade de suas organizações parceiras, embora sem estarem previstas na antiga lei. É o caso da bolsa-auxílio e do limite de dois anos para contratos de estágio na mesma empresa, sem falar na gratuidade – agora compulsória – de todos os serviços prestados pelos agentes de integração aos estudantes, mas que é praticada pelo CIEE desde sua fundação, a mais de quatro décadas. Na reportagem sobre a nova lei, um resumo das principais mudanças e as novidades que o CIEE está preparando para atender à nova realidade do estágio.

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Diálogo Nacional com Ruy Altenfelder

políticaeconomia

ciêncialiteratura

religiãorelações internacionais

artes plásticasmarketing político

cinemacomunidade

saúdemovimentação popular

medicinamarketing eleitoral

teatroesporte

educação urbanismo

Um programa de entrevistas com os maiores. E melhores.

Sintonize

4ª Feira – 23h TV Aberta São Paulo Canal 72 TVA e 09 Net5ª Feira – 19h30 Canal 8 Campinas – Canal 8 Net

5ª Feira 21h Canal de São Paulo – Canal 18 TVA6ª Feira 21h30 TV Com Santos - Canal 11 Net

Domingo 12h Canal de São Paulo – Canal 18 TVADomingo 12h Blue TV Rio de Janeiro – Canal 18 TVA

2ª Feira 23h TV Com Belo Horizonte – Canal 6 Net3ª Feira 20h TV Com Belo Horizonte – Canal 6 Net

4ª Feira 19h TV Cidade Livre Brasília – Canal 11 Net

www.dialogonacional.com.br

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6 Agitação set/out 2008

PONTO DE PARTIDA

Há um movimento para que o setor público ab-sorva alunos com condições sociais mais baixas. Mas sem outras medidas, as universidades não vão fazer um bom trabalho. Elas não sabem lidar com esses alunos.

Simon Schwartzman, mestre em sociologia, Ph.D em ciência

política e atual diretor-presidente do Instituto de Estudos do Trabalho

e Sociedade - IETS (Revista Ensino Superior, ano 10, nº 119).

ENTRE ASPAS

É preciso arriscar Para se tornar um profi ssional de suces-so é preciso ser ousado, palavra-chave na carreira de Luiz Henrique Barreto do Amaral, diretor de Novos Negócios da Fundação Padre Anchieta – mante-nedora da TV Cultura. Enquanto cur-sava Ciências Contábeis pela Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), ele aproveitou para correr atrás de sua primeira experiência no mercado e conseguiu: por um ano es-tagiou na extinta Secretaria do Tesouro da prefeitura de São Paulo. “No estágio, você tem contato com o pulsar de uma empresa, porque adquire a percepção de como funcionam as coisas no dia-a-dia”, enfatiza Amaral. Ao concluir a fa-culdade, ainda com 23 anos, conquistou uma vaga na área de Desenvolvimento Urbano, após passar no concurso pú-

blico do Banco Banespa. Mas o que pa-recia ser o sonho de consumo de todo recém-formado, que é a estabilidade fi nanceira, não foi o sufi ciente para ele. “Abri mão da segurança que o setor público me oferecia porque sabia que podia ir mais longe”, explica. A partir daí, ele deu um novo rumo na carreira. Partiu para o programa de trainee na

AGREGANDO VALORES

Quando descobriu a existência dos cursos de Educação a Distância (EaD) do CIEE, a estudante Camila Ferreira do Nascimento, 21 anos, que faz o segundo semestre de Pedagogia, da Universidade Nove de Julho (Uninove), em São Paulo, não parou mais de cursá-los. “As aulas do EaD do CIEE são de fácil compreensão”, afi rma. Camila já fez dez desses cursos e pretende continuar. De acordo com ela, as aulas estão agregando informações importantes para seu futuro profi ssional. “Meu

português está muito melhor”, revela, depois de acompanhar as au-las interativas de Atua-lização Gramatical. A cada curso concluído, a informação vai para um banco de dados do CIEE. Com isso, os es-tudantes que participam das aulas têm prioridade no encaminhamento de vagas para estágio.

empresa aérea Vasp, até chegar ao car-go de superintendente de serviços. Pas-sou por diversas áreas até se fi rmar na Fundação Padre Anchieta. Do estágio até os dias atuais, Amaral nunca parou e mantém um currículo invejável. De acordo com ele, não há receita para o sucesso: “Meu crescimento profi ssional se deu porque eu soube arriscar.”

O papel dos gerentes é possibilitar que outras pes-soas sejam criativas, dar a elas espaço e ajudá-las a tornar suas idéias viáveis.

Howard Gardner, professor da Universidade Harvard

(Você S.A., setembro de 2008).

”“

O mercado hoje exige uma escolarização crescen-te e progressiva. Quem tem um diploma está em melhores condições do que quem completou ape-nas o ensino médio.

Cláudio Dedecca, economista da Universidade Estadual

de Campinas (O Estado de S. Paulo, 24 de agosto de 2008)

”“

Page 7: Revista CIEE nº 83 - CIEE

7Agitaçãoset/out 2008

No quinto semestre do Curso de Hotelaria no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac/SP), a estudante Larissa Emy Kawasaka, 23 anos, completou um ano no programa de estágio da Accor Hospitality, empresa multinacional do ramo de hotelaria. Com a experiência na capacitação prática, Larissa já colhe frutos. Foi pelo estágio que a estudante decidiu o caminho profissional que quer seguir: a área administrativa. “Depois da faculdade de hotelaria, quero fazer ad-ministração e abrir meu próprio negócio”, revela. Larissa atua na área de Recur-sos Humanos da empresa, o que lhe permite uma visão abrangente de todos os setores da Accor. “No RH, tenho contato com todas as áreas da empresa, o que só melhora meu conhecimento sobre hotelaria”, enfatiza.

Gabriel Andrade Vieira tem ape-nas 20 anos e grandes sonhos pela frente. Um deles é tornar-se um grande profissional como o seu pai, Thomaz Barreto Vieira, ge-rente de Pessoal de um dos maio-res grupos médicos da Bahia, a Promédica, onde começou como estagiário há 29 anos. “Meu pai sempre trabalhou com muita res-ponsabilidade; ele nos ensinou com exemplos a importância de ter dedicação e respeito à sua pro-fissão”, ressalta Gabriel, estudante do quarto semestre de Sistemas de Informação do Centro Univer-sitário Jorge Amado (Unijorge) e estagiário, há um ano, na área de suporte do Centro de Processa-mento de Dados, também do gru-po Promédica. O jovem estudante conseguiu a oportunidade após passar pelo processo de seleção do CIEE. “Sempre procuro saber se as pessoas estão satisfeitas com o meu trabalho.” Assim como o pai, ele parece nunca perder o foco: “Também gosto de viajar, e quero ir a outros países fazer cursos, pois será um grande diferencial para a minha área.”

A paulista Marcela Giordano, 22 anos, terminou a graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e emendou um curso de pós-graduação em Adminis-tração de Recursos Humanos (RH) na Fundação Armando Álvares Pen-teado (Faap), em São Paulo. Com a nova matrícula, em janeiro deste ano, ela conseguiu seu primeiro estágio na Aon, uma consultoria de seguros. “Até então, só tinha feito os obrigatórios da faculdade”, conta. Não demorou para Marcela conquistar a confiança dos seus supervisores e, seis meses depois de seu contrato, assumiu o recruta-mento e seleção dos novos estagiários da Aon. “Ela é mais do que nosso bra-

DE PAI PARA FILHO

PARA COLHER FRUTOS

BRAÇO DIREITO DO RH

ço direito”, conta Nancy Bartos, dire-tora de RH. Um bom exemplo foi a participação da empresa na Feira do Estudante – Expo CIEE 2008: Marcela cuidou do estande nos quatro dias de evento, em busca de candidatos para seis vagas de estágio que tinham em aberto.

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8 Agitação set/out 2008

WÁLTER FANGANIELLO MAIEROVITCH, presidente do Instituto Brasileiro Giovanni Falcone.ENTREVISTA

Na linha de frente contra o crimeO desembargador Wálter Fanganiello Maierovitch lançou no fim de setembro o livro A criminalidade dos potentes, uma compilação de artigos do autor, publicados na imprensa, nos quais dis-cute a criminalidade transnacional e a máfia. Um dos maiores especialistas do mundo, consultor da União Européia, Maierovitch foi o primeiro a liderar a Se-cretaria Nacional Antidrogas (Senad), no governo Fernando Henrique Cardo-so. Nesse período, foi fechado o acordo

entre o CIEE e a Senad para a promoção da Campanha Nacional Antidrogas nas universidades. “Procurei o prestígio e a seriedade do CIEE para fazer o convênio com o governo e a Campanha Nacional Antidrogas nas Universidades, coorde-nada pelo CIEE, é a maior que existe hoje no Brasil”, diz.Seu extenso currículo na área judiciária inclui atuações na Vara das Execuções Criminais, na Corregedoria dos Presí-dios do Estado de São Paulo e no De-partamento de Inquéritos da Polícia. Nos anos 80, participou da prisão do mafioso italiano Tommaso Buscetta. Foi quando conheceu o juiz italiano Giovanni Falco-ne, um dos mitos na luta contra o crime internacional, assassinado em uma es-trada pela máfia siciliana, em 1992.Atualmente, Maierovitch preside o ins-tituto que leva o nome do juiz italiano e tem por objetivo promover estudos e re-flexões para o combate à criminalidade. Além disso, é vice-presidente do Con-selho de Administração do CIEE. Nesta entrevista a Agitação, fala do seu novo livro, revela peculiaridades de sua atua-ção na Senad e deixa claro por que é um dos maiores especialistas na luta contra a criminalidade.

Agitação – Seu novo livro, Criminalida-de dos potentes, lançado recentemen-te, aborda os grupos que sustentam a máfia, um tema bastante polêmico. Por que escrever sobre esse assunto?Maierovitch – Há um ano, faço um tra-balho em Roma sobre o problema da criminalidade sem fronteiras. É um tema que traz um aspecto novo à discussão, porque já se começa a descobrir, aci-ma das máfias, um estamento que dá sustentação à matriz mafiosa, que vem sendo chamado genericamente de cri-minalidade dos potentes. Os potentes

Seu mais recentetrabalho: início deuma série de trêslivros que farão a radiografia do crime organizado e seus tentáculos.

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9Agitaçãoset/out 2008

“É muito difícil combater a lavagem de

dinheiro, porque a criminalidade

dos potentes tem seus meandros

e consegue desinformar a

opinião pública.”

são os verdadeiros organizadores e co-mandantes do crime organizado, aqueles que, inclusive sob aparência de respeita-bilidade, atividades de prestígio e até do interesse público, manejam os cordéis. Estou trabalhando exatamente esse tema no livro, lançado dia 29 de setembro, o primeiro da série Linha de Frente para a Cidadania. Além de Criminalidade dos potentes, completam a série um livro so-bre a geopolítica das drogas e outro so-bre o terrorismo. Os dois últimos serão lançados no ano que vem.

Agitação – No que se apóia esse novo estamento? Maierovitch – A criminalidade dos po-tentes está apoiada em três pilares. A corrupção sistêmica é a primeira delas, pois mira o lucro e investe na corrup-ção. O segundo pilar é o controle do poder e o terceiro, o emprego de méto-dos mafiosos. Quando se fala em má-fia, pensamos na Itália, mas ela é um fenômeno transnacional, que hoje tem grupos organizados na Rússia, na China e em vários outros países. No Brasil, temos pré-máfias. No Rio de Janeiro, por exemplo, milícias e traficantes esco-lhem, seus candidatos às eleições para cargos públicos e impedem campanhas de outros candidatos dentro de territó-rios delimitados. Isso é extremamente preocupante.

Agitação – Quais as providências que se pode tomar nesses casos?Maierovitch – A Justiça Eleitoral pediu o reforço de tropas federais, para que o eleitor possa votar sem pressão. Mas e o antes? E o depois, quando as tro-pas saem de lá? A criminalidade orga-nizada consegue o controle do territó-rio e da comunidade porque difunde o medo e não é a presença de tropas do Exército,durante o breve período eleito-ral que resolverá isso.

Agitação – O caso do empresário Da-niel Dantas é emblemático para se en-

tender a criminalidade dos potentes?Maierovitch – Pois é. Criou-se foro pri-vilegiado para ele no Supremo Tribunal Federal. Os mortais, quando se sentem ameaçados por um delegado num in-quérito de prisão arbitrária, impetram habeas corpus a um juiz de primeiro grau. Se o juiz não delegar, vão ao tribu-nal estadual ou federal e, finalmente ao Superior Tribunal de Justiça e, só então, ao Supremo, o último grau. O senhor Daniel Dantas foi direto ao Supremo, contra todas as orientações jurídicas estabelecidas. Habeas corpus liberató-rio só se dá a liminar em situações ab-solutamente claras de constrangimento legal. E não era o caso.

Agitação – Essa situação é exclusiva do Brasil ou encontra-se também em outros países?Maierovitch – Esse problema já toma aspecto transnacional. Veja, por exem-plo, a parceria MSI [Media Sports Invest-ment] – Corinthians, pela qual se queria

transformar o clube na “lavanderia São Jorge” de magnatas russos, que não podem atuar na Rússia e têm de buscar outros países. É muito difícil combater a lavagem de dinheiro, porque a criminali-dade dos potentes tem seus meandros. Mais um exemplo: o partido mais forte da Itália, após a II Guerra Mundial, foi a Democracia Cristã. O espantoso é que o senador Giulio Andreotti foi sete ve-zes primeiro-ministro. Denunciado por ter se associado à máfia nesse período, foi absolvido no julgamento em primeiro grau, com grande estardalhaço da im-prensa, que falava em perseguição. O Ministério Público apelou e ele foi con-denado, já sem a mesma cobertura da mídia. Andreotti recorreu e, como tinha mais de 80 anos, foi declarada extinta a pena, por prescrição. Mas, para o povo, ele foi inocentado – e não foi isso o que aconteceu. Ou seja, a criminalidade dos potentes também consegue desinfor-mar a opinião pública.

Agitação – O senhor chegou a trabalhar com o juiz italiano Giovanni Falcone, um dos símbolos mundiais na luta contra a máfia. Como foi essa experiência?Maierovitch – Pela primeira vez na histó-ria, Falcone mostrou que a máfia existia, quando a criminalidade dos potentes di-zia que tudo isso era fantasia. Ele levou a julgamento 82 chefes mafiosos. Depois desse trabalho, criou-se um conselho antimáfia, e o Falcone não foi escolhido para participar. Criminalidade dos poten-tes! Isso demonstrou que ele não tinha prestígio entre os poderosos e estava dado o sinal para seu assassinato, como realmente aconteceu, dinamitado quando seu carro passava numa estrada. Nosso contato deu-se por ocasião da prisão, no Brasil, do mafioso Tommaso Buscetta, quando eu era responsável pelo sistema penitenciário do estado de São Paulo.

Agitação – Dentre as inúmeras funções que exerceu, o senhor foi o primeiro co-mandante da Secretaria Nacional Antidro-

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10 Agitação set/out 2008

“É preciso fazer um enquadramento das políticas públicas, criar

um observatório internacional e apreender mais drogas que

circulam no submundo.”

gas (Senad). Como foi sua atuação?Maierovitch – Numa assembléia especial da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre drogas, houve um compromisso internacional de que cada nação montaria uma secretaria nacional antidrogas, que seria um órgão de cooperação de forças na área da repressão, prevenção e trata-mento, e teria vinculação com o gabine-te da Presidência da República. O Brasil nada mais fez do que atender à sugestão da ONU, assim como outros países. Mas uma coisa é atender à sugestão e outra é ter vontade política para agir. Então, começou a haver problemas, pois nem a Polícia Federal e nem mesmo o Ministério da Saúde aceitavam coordenação exter-na. E não existia um presidente, no caso Fernando Henrique Cardoso, com pulso firme o suficiente para cumprir a missão. Então, o Brasil foi no oba-oba.

Agitação – O senhor teve dificuldades para cumprir seus objetivos?Maierovitch – Passei um ano e um mês na secretaria e caí fora, tão logo vi que isso era uma grande farsa. A partir do momen-to que saí, o presidente FHC, para mostrar sua pouca coragem, reestruturou a secre-taria, retirando a coordenação da repres-são, sob argumento medroso de que havia uma superposição de forças.

Agitação – Na sua visão, como deveria ser estruturada a secretaria para tornar-se mais eficiente?

Maierovitch – O grande problema do Brasil é de coordenação. A Polícia Civil não se comunica com a Polícia Militar, que não se comunica com a Polícia Fe-deral. Temos na unidade federativa as polícias civil, federal, rodoviária esta dual e rodoviária federal. São controles de nicho. Uma não conversa com a outra. Assim como acontece com os Ministé-rios Públicos Federal, Estadual e as Jus-tiças Estaduais e Federal. Enquanto isso, a situação se agrava. O vice-presidente da Colômbia, que visitou recentemente Portugal e Espanha – portas de entra-da da droga na Europa –, disse que um grama de cocaína corresponde a quatro metros quadrados de floresta tropical devastada para o plantio da coca. Ou seja, a cada ano são destruídos 300 mil hectares de florestas tropicais na Ama-zônia para produzir a cocaína colombia-na. Então, a questão implica também um problema ambiental. Mas essas informações não chegam à sociedade e não há um planejamento de atuação coordenada para tornar eficiente o com-bate ao narcotráfico.

Agitação – Mas existe uma forma efi-caz de combater ao narcotráfico?Maierovitch – Sim, existe. É preciso fazer o enquadramento das políticas públicas, criar um observatório interna-cional, estabelecer cooperações inter-nacionais mais efetivas, apreender mais drogas que circulam no submundo – as

polícias do mundo inteiro só conseguem recolher de 3% a 5% de toda a droga que circula. É um nada. Também é bom lembrar que o narcotráfico movimenta 400 bilhões de dólares no sistema ban-cário. São famílias, cidades inteiras e até mesmo países dependentes desse montante. No Marrocos (com o haxixe) e na Colômbia e Bolívia (com a cocaína), grande parte do Produto Interno Bruto (PIB) é dependente das drogas, o que torna ainda mais complicado o combate e a prevenção ao crime organizado. Não é uma solução simples.

Agitação – O que o senhor pensa das teses que defendem a descriminaliza-ção das drogas?Maierovitch – No Brasil, pensa-se que descriminalizar é liberar geral. Não é. O que se faz é separar o traficante, que é criminoso e perigoso, do usuário. Vários países entenderam que o usuário é um problema de saúde pública, sócio-sa-nitário, e não criminal. Já o traficante é um problema criminal, que precisa ser combatido com pena pesada. É preci-so separar os dois públicos para que se crie uma nova cultura, mais eficiente para se enfrentar o problema. Só que o sistema de saúde não está preparado para prestar esse atendimento. O rico vai para as clínicas especiais, que não resolvem muita coisa, e o que o Siste-ma Único de Saúde (SUS) oferece para a população? Nada.

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11Agitaçãoset/out 2008

A

Agitação – O que o senhor acha da atuação do CIEE na área de prevenção, com as palestras antidrogas realizadas nas principais faculdades e universida-des do país? Maierovitch – Quando eu era o secretá-rio, procurei o prestígio e a seriedade do CIEE para fazer o convênio com o go-verno e a campanha antidrogas do CIEE é a maior que existe hoje no Brasil. A idéia do governo FHC, que continua na administração Lula, era não fazer pro-gramas com relação às drogas, porque chama atenção e desperta a curiosida-de. Isso é uma ignorância total.

Agitação – O que o senhor falaria para os jovens, principalmente àqueles que têm curiosidade em relação às drogas?Maierovitch – O jovem tem de sair fora dessa, principalmente das drogas sin-téticas. A maioria delas é feita em fun-do de quintal e os fabricantes utilizam o potencializador do veneno de rato na mistura. É a famosa bala. Mas e se eles não conseguirem isolar o veneno? Esse é o principal problema das drogas sinté-ticas. Vendem para o jovem como ecs-tasy, mas não é. Os adolescentes estão muito desinformados. Quem usa droga se desidrata, ainda mais com a euforia dançante, e isso faz com que as dance-terias ganhem muito dinheiro com a ven-da de água e refrigerantes. Na Europa, são obrigatórios os bebedouros em casa noturna. Em São Paulo, por desconhe-cimento, um projeto nesse sentido foi vetado. Portanto, antes de mais nada, é preciso ter um mínimo de informação.

Agitação – Como foi sua opção pelo Direito?Maierovitch – Minha vocação surgiu na Faculdade de Direito do Largo São Fran-cisco. Antes, tinha inclinação para o jus-to e fui buscar o caminho do Direito, a arte do eqüitativo. Saí da Faculdade em 1971 e, após a necessária experiência como advogado, entrei na magistratura em 1979.

Agitação – O senhor chegou a fazer estágio?Maierovitch – Fiz alguns estágios na época da faculdade, em escritórios de advocacia. Na universidade, o aluno tem a teoria. E a prática? E a adequa-ção depois? Mesmo o primeiro aluno da faculdade pode não estar apto para o trabalho. O estágio é uma abertura, uma integração, como o próprio nome do CIEE indica. É importantíssimo na formação profissional dos jovens.

Agitação – O senhor atuou durante um longo período como juiz. Como foram esses anos na magistratura?Maierovitch – Primeiro fui para o interior, atuar em comarcas menores. Conheci os

“O estágio é uma abertura,

uma integração, como o próprio nome do CIEE

indica.”

pequenos problemas. O juiz das pequenas comarcas atende casos em geral: de júri, eleitoral, cível e da família, entre outros as-suntos. Isso dá uma boa bagagem para o início da carreira. Já em São Paulo, passei por todos os cargos difíceis. Fui juiz da Vara das Execuções Criminais, corregedor dos Presídios do Estado, juiz da Polícia e do Departamento de Inquéritos, juiz eleito-ral da 2.ª Zona, que cuida da propaganda política, e no Tribunal Regional Eleitoral (TRE); trabalhei, ainda, como juiz assessor de presidentes de tribunais, juiz do júri da Zona Leste, entre outros.

Agitação – E nesses cargos todos, o senhor sofreu muitas pressões dos po-tentes? Maierovitch – Nunca sofri pressão do poder dos potentes. Os que tentaram, eu prendi. Criei minha própria blindagem. Pressão para cima de mim, não. Enfren-to qualquer situação. Agora, ameaças fazem parte da vida de todo juiz. Paolo Borsellino, juiz que também foi assassi-nado pela máfia italiana, disse: “Quem tem medo, morre a cada dia; quem não tem medo, morre uma vez só.”

Agitação – Todas essas experiências foram fundamentais para seu trabalho como professor, inclusive nos Estados Unidos?Maierovitch – Gosto muito do contato com jovens idealistas, que precisam ver o mundo real. Muitas vezes, sou surpreendi-do positivamente quando encontro ex-alu-nos em cargos importantes, em empresas e no setor público. Na Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos, tive uma experiência muito interessante, pois havia uma grande comunidade hispânica interessada nas aulas. Cheguei a dar tam-bém um curso de Jornalismo Independen-te, na região do cultivo ilegal de coca na Bolívia. Eram cem jornalistas do mundo inteiro e quem estava lá, acompanhando tudo, era o senhor Evo Morales, então como presidente do Sindicato dos Coca-leiros e hoje, o presidente da Bolívia.

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12 Agitação set/out 2008

TENDÊNCIA

Um porta-níqueis de grife francesa a 96 reais, uma echarpe italiana de 1.600 reais ou uma pulseira de 86 quilates de diamantes a 800 mil reais. Esses são al-guns dos preços cobrados nas lojas do Shopping Cidade Jardim, que abriu as portas em maio deste ano, na capital paulista. Composto por 180 lojas - das quais seis internacionais, que colocam pela primeira vez sua marca no Brasil - um complexo de cinemas, uma acade-mia e um spa, o Shopping faz parte de um projeto mais ambicioso, chamado Parque Cidade Jardim, incorporado pela imobiliária JHSF. Orçado em 1,5 bilhão de reais, o conjunto terá outras doze torres, sendo nove residenciais, com apartamentos de 236 a 1.700 me-tros quadrados e com os preços mais altos de São Paulo – uma cobertura de 1.700 metros quadrados pode custar 18 milhões de reais, ou mais de 10 mil reais o metro quadrado. “A JHSF acredita que exista um merca-do amplo para produtos de alta quali-dade, principalmente para aqueles que são desenvolvidos de forma criteriosa, após um intenso trabalho de pesquisa, de identifi cação de demandas, de ade-quação exata ao público que pretende atingir”, diz Ana Auriemo Magalhães, diretora de mix da JHSF, referindo-se à proposta diferenciada do shopping. “O país tem hoje grande potencial para atrair capitais por sua economia estável e grande mercado interno”, completa.Entre as novidades do novo shopping está o primeiro espaço exclusivo Ro-

O LUXO EM ALTASegmento em expansão atrai consumidor sofi sticado e empresas aproveitam mercado estável para aumentar investimentos no país.

Desfi le Wilson Ranieri, 22ª edição da Fashion Week.

DIVULGAÇÃO

lex no Brasil. Seguindo sua política internacional, a marca mundialmente conhecida como pioneira na indústria relojoeira suíça não opera lojas pró-prias. Trata-se de uma parceria entre a marca e a joalheria Corsage, que tem agora uma loja inteiramente dedicada aos relógios Rolex e Tudor, linha es-portiva da marca. “Quando o homem começa a ganhar dinheiro, ele quer um carro bacana e um Rolex”, explica Síl-via Caruso, gerente comercial da Cor-sage. Um Rolex no pulso é sinônimo de status e sucesso para os comprado-res, divididos entre as classes A e B, na proporção de 70% homens e 30% mu-lheres (essas executivas de boa renda ou mimadas pelos maridos). A marca é clássica, com cem anos de tradição, e só nos últimos cinco anos os mode-los começaram a apresentar algumas inovações. O segredo para resistir a tantos anos no mercado é a fi delidade à proposta do seu criador, de fazer uma marca de alta relojoaria, com relógios mecânicos e a corda. Não perder o foco do negócio foi a grande sacada da empresa suíça e uma das estratégias de marketing para quem quer se dar bem no mercado de luxo, apontada pelo professor Silvio Passa-relli, coordenador do MBA Gestão de Luxo, na Fundação Armando Álvares

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13Agitaçãoset/out 2008

Penteado (FAAP). Segundo o professor, esse mercado movi-menta uma pequena fração de segmentos econômicos como moda, barcos, ali-mentos, bebidas, arte, jóias, objetos, serviços, imóveis, turismo, entre ou-tros. “Ele é um conjunto de três tipos de produto que convivem harmonio-samente: os de grife, produzidos por exclusividade; os de luxo, feitos em es-cala, de forma artesanal, quase exclu-sivos; e os premium, que são a ante-sala do luxo, têm bom design, material de alta qualidade, marcas prestigiosas, mas não tão restritivas como o luxo”, ensina Passarelli. Com faturamento anual de 5 bilhões de dólares e crescimento de 17% em 2007 (três vezes maior do que o do PIB), o mercado de luxo brasileiro já responde por 1% do faturamento mundial do setor, com fôlego para chegar a 2%, segundo analistas. Cer-

ca de 50 novas marcas de artigos de luxo deverão se estabelecer no país nos próxi-mos cinco anos. Entre os quatro emer-gentes que compõem o grupo dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), o Brasil é o que deverá atingir a maior taxa de cres-cimento na venda de artigos de luxo até 2013, previsão da especialista em consu-mo global e varejo, Claudia D’Arpizio, sócia da consultoria Bain&Company na Itália, que participou da 1ª Conferência Internacional de Mercado de Luxo, realizada de 1 a 3 de setembro, em São Paulo.

Investimento no estilo. Hoje, o ho-mem está mais interessado no estilo de vida e tem um nicho de mercado do “eu mereço”, de acordo com Sonia Regina Hess, presidente da Dudalina, marca tradicional especializada em moda masculina de luxo. No merca-do há mais de cinco décadas, a grife faturou 115 milhões de reais em 2007 e espera incrementar esse valor em 25% este ano. A empresa, que produz

produtos para as lojas da Daslu, Zara e Broksfi eld, estuda avançar suas ativi-dades no varejo para au-mentar a fi delização das próprias marcas Base, In-dividual e Dudalina. “Para isso, estamos fazendo um trabalho para colocar es-paço nosso dentro das lojas”, destaca. A empresa também está interessada em ampliar sua fatia no seleto mercado do luxo nacional e internacional,

já que responde por 65% das exporta-ções brasileiras de camisaria masculi-na. O mais novo lançamento da con-

Ana Auriemo Magalhães, da JHSF: muita pesquisa para montar o mix de lojas do shopping Cidade Jardim, entre elas seis grifes internacionais.

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Silvia Caruso, da Rolex, alta relojoaria que abriu

primeira loja no Brasil.

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14 Agitação set/out 2008

TENDÊNCIA

fecção é a camisa Dudalina Cult Gold, fabricada em fio 200 de puro algodão egípcio cultivado no delta do rio Nilo. A peça também tem botões Swarovski e é vendida a 1.250 reais.É dentro desse conceito de estilo de vida que os privilegiados financeira-mente escolhem não só as camisas, mas também onde desejam morar ou passar as férias. Pelo menos essa é a realidade identificada em 50% do pú-blico que acessa o site da Sotheby’s In-

ternational Realty no Brasil, braço imobiliário de uma das maio-res casas de lei-lões do mundo, que se instalou no Brasil no final de 2006 para atender à demanda, nacional e in-ternacional, de residências secundárias da classe A e AAA, sobretudo em luga-res paradisíacos como as praias do Nor-deste. A empresa busca condomínios de

alto luxo em capitais e grandes cidades. En-tre os projetos atuais constam apartamen-tos na Rua Haddock Lobo, região dos Jar-dins, na cidade de São Paulo, vendidos por 11 milhões de

reais, e casa na praia de Aca-pulco, no Guarujá/SP, que custa perto de 7 milhões de reais, entre outros. Há três razões que justificam

a vinda da empre-sa para o Brasil. “Primeiro, porque é um mercado de oportunidades, de valorização; nos-sa comida e nosso carro são tão caros como no exterior, mas o imóvel ain-da está aquém des-se mercado”, destaca Celso Pinto, diretor da Brasil São Paulo Sotheby’s. “Segundo, porque existe uma la-cuna no atendimento

especializado de alto padrão e terceiro porque a Sotheby’s está num plano de crescimento para o mundo e tem como meta ser uma empresa universal.” Ini-cialmente, a empresa instalou escri-tório em São Paulo, mas a expansão para Rio de Janeiro, Salvador e Recife já está planejada. Normalmente, os compradores do luxo são pessoas com formação téc-nica e cultural, apurado nível de exi-gência e alto padrão de expectativa. Isso faz com que esse mercado não se restrinja só ao glamour. “Terá mais sucesso nesse segmento o profissio-nal com sensibilidade para entender os valores do cliente com alto poder aquisitivo e aptidão para ligar-se a tudo o que acontece no mundo e o que existe de mais sofisticado”, destaca o professor Ismael Rocha, coordena-

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Sonia Regina Hess, da Dudalina: estudos para ampliar fatia no seleto mercado de luxo de moda masculina, nacional e internacional, firmando trabalho de meio século.

Ismael Rocha, da ESPM: informação e cultura, essenciais para prestar serviço de excelência.

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15Agitaçãoset/out 2008

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dor da pós-graduação avançada Mer-cado de Luxo, na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em São Paulo. As qualificações técnicas agregadas a uma boa formação cultural, como afirmam especialistas, são imprescin-díveis para o profissional que preten-de atuar no outro lado do balcão desse mercado. Para fazer jus ao perfil dos clientes, por exemplo, o atendimento deve ser um dos diferenciais. “O pro-fissional deve gostar de gente e estar bem preparado para responder às per-guntas do cliente”, destaca Silvia. Os funcionários que atendem a esse perfil têm nível superior, falam no mínimo dois idiomas, recebem prêmios e são treinados constantemente. Carolina Zanco, 22 anos, estudante do quinto semestre de Design Digital na Universidade Anhem-bi-Morumbi, não imagi-nava atuar no mercado de luxo, até que surgiu uma oportunidade de estágio na Sotheby’s, por intermédio do CIEE. “É um merca-do promissor e exige que a gente corra atrás de infor-mações não só nacionais, mas do mundo inteiro”, destaca a jovem, que cuida de artes gráficas, tratamen-to de fotos dos imóveis e o planejamento de mídia para divulgação dos empreendi-mentos. “Acabei adquirindo a habili-dade de aprimorar a cultura de mar-keting, essencial para atrair o público para os imóveis”, conhecimento que diz não ter ainda visto em sala de aula. De olho nas exigências do segmento, ela já retomou as aulas de inglês.Quem deseja aperfeiçoar seus conhe-cimentos para se aproximar dos clien-tes classe A pode contar com cursos de especialização, como os dois anos do MBA Gestão de Luxo, oferecido

pela FAAP, ou o curso de pós-gradua-ção avançada, de 180 horas, que pode ser realizado em menos de quatro me-ses na ESPM. A advogada Maria Rita Gradulone Sampaio Lunardelli, sócia do escritório de advocacia Lunardelli, em São Paulo, iniciou o curso em agosto na ESPM. “É engraçado pensar num advogado estudando mercado de luxo, mas tem tudo a ver com a pres-tação de serviços de excelência”, jus-tifica. Como o escritório é pequeno,

lida com Direito Tribu-tário e seus clientes são empresários, ela vem procurando diferenciar o atendimento. “Eu e o meu sócio temos procu-

rado oferecer um tratamento persona-lizado aos clientes, como se estivessem numa butique”, destaca Maria Rita, acreditando que o curso poderá acres-centar informações importantes para aprimorar seus serviços. Por tudo isso, nesse mercado seguramente há alguns itens que não são luxo, ao contrário, são matéria-prima básica para cons-truir o sucesso na carreira: competên-cia, dedicação, foco no desempenho e aprendizado permanente.

Celso Pinto e Carolina Zanco, da Sotheby’s: há dois anos no Brasil, empresa pretende expandir sua atuação com a venda de imóveis acima de um milhão de reais.

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16 Agitação set/out 2008

TENDÊNCIA

A China contou com uma delegação de 639 atletas na Olimpíada de Pe-quim deste ano. Esses esportistas fo-ram exaustivamente treinados durante o Projeto 119, criado pela Administra-ção Geral de Esportes da China, após a Olimpíada de 2004, em Atenas. O número 119 representa o total de me-dalhas de ouro que a nação objetivava atingir nos jogos, incluindo as moda-lidades em que o país não tem tradi-ção, como a esgrima, o boxe e a vela. Sede da Olimpíada, a China não con-seguiu atingir a meta, mas abocanhou

NEGÓCIO DA CHINA Um novo idioma, por mais diferente que seja, pode abrir portas.

Negócios sem intermediários. No Bra-sil, o Centro Cultural e Assessoria Em-presarial China-Brasil (Chinbra), esco-la de mandarim e intercâmbio cultural, fundada há sete anos, iniciou suas ati-vidades com 40 alunos e hoje tem mais de 400. “Este semestre abrimos sete novas turmas; o interesse de em-presários em negociar com os pró-prios chineses, sem intermediários, é grande e os estudantes também têm interesse em uma nova língua”, reve-la Liang Yan, vice-diretora e professo-ra da escola. Segundo ela, ter um ou-tro idioma que não seja o nativo vem sendo uma preocupação para jovens, executivos e empresários. “A maioria de nossos alunos é estudante, mas há muitos executivos também, pois o di-ferencial do nosso curso não é apenas ensinar a língua, mas a cultura chine-sa, que é bastante diferente da brasilei-ra”, afi rma a professora.Levantamento do CIEE aponta que as línguas mais pedidas como requi-

51 medalhas de ouro, 21 de prata e 28 de bronze, totalizando 100 medalhas, superando os Estados Unidos e fi can-do em primeiro lugar no quadro geral de medalhas. O “C” do Bric – acrônimo criado em 2001 pelo economista Jim O’Neill, do grupo Goldman Sachs, para defi nir os quatro países emergentes no mundo ao lado do Brasil, Índia e Rússia –, a China tem o mandarim como língua ofi cial, mas conta com muitos dialetos regionais. A ascensão do país tem fei-to com que o mundo volte seus olhos para sua cultura, idioma e religião. Prova disso, é a crescente procura de professores do idioma nos Estados Unidos. Os programas de ensino de chinês quase triplicaram nas escolas norte-americanas, desde 2004.

Legenda, texto falso para este espaço em branco

16 Agitação set/out 200set/out 200set 8

seguiu atingir a meta, mas abocanhou as línguas mais pedidas como requi-

Legenda, texto falso para este espaço em branco

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17Agitaçãoset/out 2008

sito para o estágio são o inglês e o es-panhol, seguidas, mesmo com certa distância, do alemão. Quanto mais o estudante se interessar por um idio-ma, maior será a chance de conseguir um estágio e, conseqüentemente, uma boa colocação no mercado de traba-lho. Convênios entre escola e empre-sas são alternativas que incentivam os alunos a terem contato com novas línguas. A Chinbra mantém convênio com a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), assim como o CIEE, que promove, em parceria com a Seven Idiomas, cursos gratuitos de inglês e espanhol para os estudantes cadastrados no site da instituição. O estudante do primeiro ano de Ad-ministração de Empresas da Universi-dade de São Paulo (USP), Rafael Maia

Marzocchi, visualiza um futuro pro-missor. O jovem tem fl uência no in-glês e espanhol, estudou russo e japo-nês e aprende mandarim desde março. “A China cresce muito e saber falar o mandarim é um diferencial”, diz. Al-gumas difi culdades, porém, precisam ser ultrapassadas, como a pronúncia. “Essa é minha maior difi culdade, mas existe um sistema fonético que ajuda a aproximar do nosso alfabeto”, explica. Performance na cortina de ferro. A curiosidade em aprender novas lín-guas torna-se aliada do estudante na hora de escolher que idiomas falar. Marzocchi cursou três anos de En-genharia Civil, mas percebeu que no futuro poderá haver escassez de admi-nistradores. “Decidi mudar de curso e estudar mandarim, pois acho que a China ainda precisará de gente capaci-tada”, comenta. O país tem atualmente mais de sete mil empresas americanas

Liang Yan: “Os estudantes têm interesse em aprender uma nova língua, tanto que abrimos sete novas salas.”

e pouco mais de 30 brasileiras, um pequeno demonstrativo de como o Brasil ainda pode melhorar sua performance na “cortina de ferro” chinesa. Além disso, é importante observar que apesar de o inglês e o espa-nhol serem fortes facilitadores de uma possível entrevista, o mercado exige mais. Como co-mentou Marzocchi, o diferen-cial é importante e isso deve ser levado em consideração pelo jovem na hora de escolher um segundo idioma. Anúncios de estágio e emprego em jornais demonstram a im-portância da fl uência em outro idioma, que, em muitos casos, são defi nidos como requisito para a vaga. Ou seja: “se você

não tem um idioma não entre em con-tato.” A facilidade que algumas pes soas têm em aprender também deve ser aproveitada. No caso de Marzocchi, ele pretende partir para o francês em sua próxima empreitada lingüística. “Acho que esse será meu próximo pas-so depois de terminar o mandarim”. Quando questionado se chegou a utilizar o mandarim em alguma oca-sião, ele não hesita em dizer: “Uma vez estava na USP e vi um grupo de orientais um pouco perdidos; cheguei perto e perguntei, em inglês, se preci-savam de ajuda. Eles disseram que sim e que procuravam o prédio de Letras, pois eram chineses”, revela. Rafael ar-ranhou um pouco de chinês e fi cou feliz em perceber que mesmo tendo pouco tempo de aula já conseguia se comunicar. Aliás, para quem vive na era da comunicação e da informação, falar uma língua diferente da nativa é essencial nos dias de hoje.

Marzocchi iniciou o curso de mandarim há seis meses e acredita que terá muitas oportunidades. A

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18 Agitação set/out 2008

Luiz Gonzaga Bertelli NOVAS IDÉIAS

Recursos humanos, a prioridade

LUIZ GONZAGA BERTELLI É PRESIDENTE EXECUTIVO DO CIEE, PRESIDENTE DA ACADEMIA PAULISTA DE HISTÓRIA (APH) E DIRETOR DA FIESP.

Entre 2006 e 2007, mais de dois milhões

de casas passaram a ter computador com acesso

à internet.

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Enquanto a montanha russa do mercado financeiro tira o fôlego dos investidores, o cenário econômico que afeta o dia-a-dia do brasileiro dá sinais de que vai bem, obrigado. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) registrou melhora em diversos indicadores sociais, tais como renda, trabalho com carteira assinada, percentual da população com mais de dez anos de estudo e, por fim, a taxa de alfabetizados.A Pnad mostra que a inclusão social dos brasileiros está se dando pela porta da frente. Qual melhor exem-plo do que o que segue? Entre 2006 e 2007, mais de dois milhões de ca-sas passaram a ter computador com acesso à internet. Se bem utilizada, a internet é fonte de cultura e co-nhecimento. Para se ater ao site do CIEE, os cursos gratuitos somam 22 opções de preparação para o mundo do trabalho e podem ser feitos tan-to por um candidato a estágio da capital paulista quanto por um mo-rador do interior do Amazonas. O avanço social e econômico, aliado à queda de fronteiras resultante da globalização, colocará o país frente a um novo desafio, apontado por Nils Kastberg, diretor da Unicef na Amé-rica Latina: “O Brasil, décima potên-cia econômica mundial, precisa ter como objetivo ser também a décima potência quanto a seus recursos hu-manos. Hoje, está muito longe disso.”

está implícito que, se nesse período o investimento não produzir os resul-tados esperados, não será surpresa se a empresa procurar novos ares. Vale lembrar que, por resultados, enten-de-se o mesmo rendimento dos pro-fissionais que atuam nas unidades da Ubisoft instaladas no Canadá, na China e no Leste Europeu – três parâ-metros de alto desempenho. É hora de, uma vez mais, acender a luz amarela, válida para pratica-mente todos os setores que estão funcionando como locomotiva de nova arrancada e os que têm po-tencial para tanto. Ainda mantido o exemplo anterior, a indústria de jogos eletrônicos existe há mais de quatro décadas e, por aqui, um balanço da associação de produto-ras de games indica que, em julho, apenas 560 profissionais estavam empregados, em pouco mais de 40 organizações. O fantasma aponta-do por Nils Kastberg bate à nossa porta. O país precisa priorizar a formação de recursos humanos e, para isso, não há melhor estratégia do que incentivar todas as moda-lidades eficientes de capacitação e qualificação profissional, entre as quais se destaca o estágio, que pre-para os estudantes na exata medida do mercado. Não podemos esquecer que a nova economia tem o ritmo da juventude. Aqui e agora, a ques-tão é acelerar os estudantes.

Ou seja, quando o país deixar a série B – para manter as metáforas futebo-lísticas que tanto agradam ao nosso presidente –, o nível da concorrência também será outro e as exigências de qualidade do trabalho, também. Por exemplo, há poucos meses, instalou-se em São Paulo a Ubisoft, produtora multinacional de jogos eletrônicos de última geração. Em entrevistas dadas por seu presidente, fica clara a intenção de se criar uma massa crítica de bons programadores, com planos de chegar a 200 funcionários nos próximos quatro anos. Também

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19Agitaçãoset/out 2008

PESQUISA

Salário, desemprego e estudoUma boa e uma má notícia sobre os jovens, trazidas pelas estatísticas. A positiva: pes-quisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revela que, desde 2004, o salário médio dos jovens de 15 a 29 anos vem registrando um crescimento anual de 10,5%. A negativa: a participação dos jovens na população economicamente ativa (PEA) caiu de 26,3% para 23,1% no período 1992-2006, segundo relatório elaborado em conjunto pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvi-mento e a Organização Internacional do Trabalho. A causa, segundo os especialistas, é a mesma: os jovens estão passando mais tempo na escola. Anteriormente, o brasileiro de 15 a 29 anos tinha, em média 9,7 anos de estudo, tempo hoje esticado para 10,4 anos. Se a exigência do mercado por maior escolaridade difi culta sua inserção no mercado de trabalho, também o estimula a investir mais em educação. Em resumo, os jovens que passam mais tempo em sala de aula colhem melhores resultados.

2008 R$ 414,05

2004 R$ 277,73

JOVEM É FATOR DE MUDANÇA

O CIEE perguntou aos jovens se eles acreditam que podem mudar a política no Brasil. Dos 6.822 entrevistados, 72% confiam no poder do voto e afirmam que o papel do cidadão não termina nas urnas, pois é necessário cobrar re-sultados dos eleitos.

FONT

E: C

IEE

Os jovens brasileiros são os mais esperançosos em relação ao futuro – pelo menos, nos próximos cinco

anos –, segundo a pesquisa Índice de felicidade presente e futuro, realiza-da em 132 países pelo Instituto Gallup World Poll e divulgada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). São seguidos pelos norte-americanos, venezuelanos, franceses e dinamarqueses. Os jovens foram questionados sobre como clas-sificam sua expectativa com relação ao futuro na escala de zero a 10. Veja os resultados:

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Brasil 9,29Estados Unidos 9,11Venezuela 8,87França 8,78Dinamarca 8,78

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Média salarial do jovem

Índice de ocupação dos brasileiros de 16 a 24 anos

NA HORA CERTA

Entre 2005 e 2007, cresceu em 28,5% o número de adolescentes de 15 a 17 anos cursando o ensino médio. O ponto positivo é a correção do fluxo, já que os alunos estão cursando a série na idade considerada adequada. Houve, porém, uma queda de 7,3% no total de matrí-culas nesse nível. Os dados, obtidos no Censo da Educação Básica, revelam um aumento de 1,3 milhão de estudantes do ensino médio na série adequada a sua idade.Alunos de 15 a 17 anos no ensino médio

2007 6.023.949

2005 4.687.574

20061992

23,1%

26,3%

Sim, cobrando mais dos candidatos em que vota. 72%Não, porque o jovem hoje não é mais idealista. 12%Sim, candidatando-se a cargos públicos. 10%

Não, porque na política só tem corruptos. 6%

TECNÓLOGOS EM ALTA

Dos estudantes que concluíram, em 2007, ensino superior nas Faculdades de Tecnolo-gia do Estado de São Paulo (Fatec-SP), 93,2% estão empregados e atuando em sua área de graduação. As Fatecs formam tecnólogos que, ao contrário dos bacharéis, têm sua graduação voltada especificamen-te para o mercado de trabalho e a maioria dos cursos definidos em parceria com o setor produtivo. No quadro, os cursos com maior índice de empregabilidade:

Análise e Desenvolvimento de Sistemas 96,7%

Automação de Escritórios e Secretariado 96,3%

Projetos (área de produção industrial) 94,8%

Informática com ênfase em Gestão de Negócios 94,3%

PAÍS DO FUTURO

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20 Agitação set/out 2008

LEGISLAÇÃO

ESTÁGIO, UM NOVO TEMPONova lei altera condições para a prática do estágio e CIEE já se prepara para atenuar o impacto das novas normas.

tudantes, as organizações concedentes e as instituições de ensino. Para tanto, contou com o sofi sticado sistema de ad-ministração de estágios que desenvolveu e aperfeiçoou nas últimas três décadas – hoje, totalmente informatizado, inter-ligando on-line a rede nacional de uni-dades do CIEE e disponibilizando uma ampla gama de serviços pela internet a seus três públicos. Aliado ao criterioso treinamento de seus colaboradores, essa moderna infra-estrutura oferecerá um efi caz suporte para que as organizações

de ensino médio e de estagiários por profi ssionais liberais autônomos, desde que devidamente registrados em seus conselhos de fi scalização.O senador Osmar Dias (PDT-PR), autor do projeto de lei, destaca uma das principais novidades: “Como ex-professor, sei que não há como dar um diploma na mão de um estudante e colocá-lo no mercado de trabalho, sem que ele tenha passado por um es-tágio. Agora, essa atividade deverá fa-zer parte do plano pedagógico de cada

Ao completar 31 anos de vigência, a Lei 9.464/77 já vinha emitindo sinais de obsolescência e descompasso dian-te das novas necessidades impostas, ao longo dos anos, pelas mudanças no processo de inserção dos jovens no mercado de trabalho e pela inclusão escolar de camadas menos favorecidas da população. Nesse cenário, o presi-dente da República acaba de sancionar uma nova lei que, apesar de conferir maior segurança jurídica às empresas que concedem estágio, introduz uma série de inovações, que vêm provocan-do polêmica. E também causando pre-ocupação, em especial entre os especia-listas atentos aos elevados e resistentes índice de desemprego juvenil no país, decorrente em boa parte da baixa escola-ridade e da falta de capacitação profi ssio-nal – duas carências que são combatidas, com efi ciência, pelo estágio. Fiel a seus 44 anos de atuação e à credibi-lidade que desfruta nos meios empresa-rial e educacional, o CIEE acompanhou passo a passo toda a tramitação da nova lei, desde sua apresentação no Senado até a participação, com sugestões cons-trutivas, em audiências dedicadas ao debate e ao aprimoramento do projeto de lei. Paralelamente, não descuidou dos aspectos práticos. Mobilizou seu qualifi cado corpo técnico e utilizou sua sólida expertise para atenuar o impacto da transição entre as duas normas, fa-cilitando a adaptação dos três grandes atores dos programas de estágio: os es-

parceiras, a partir da entrada em vigor da nova lei, possam cumprir as novas determinações que, entre outros pon-tos, deverá elevar em gênero e número o controle documental de cada etapa dos programas de estágio.

Mais oportunidades. Na avaliação do CIEE, a nova Lei do Estágio tem o gran-de mérito de preservar o caráter peda-gógico dessa modalidade de capacitação profi ssional do jovem, já consagrada na Constituição Federal e na Lei de Dire-trizes e Bases da Educação. Além disso, amplia sua abrangência, autorizando ex-plicitamente a contratação de estudantes

universidade”, explica. As instituições de ensino continuam a ter papel im-portante na concessão de estágios, que somente serão realizados com sua au-torização e com a indicação de quais atividades poderão ser executadas por seus alunos no ambiente de trabalho. Ou seja, as atividades confi adas aos jo-vens durante cada etapa semestral do estágio deverão acompanhar, em nível de complexidade, o currículo trans-mitido em sala de aula. Cada curso de cada instituição de ensino parceira terá um perfi l específi co registrado no sis-tema do CIEE, que guiará automatica-mente o encaminhamento dos jovens

Durante o tempo em que fui presidente da República, pensamos num projeto de inserção de jovens em estágio parecido com o que acaba de ser aprovado. Naqueles tempos turbulentos, a idéia não prosperou. Mas houve alguns nichos que registraram efetivação de 80% dos estagiários.José Sarney (PMDB/AP)

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21Agitaçãoset/out 2008

cadastrados, respeitando as diretrizes pedagógicas e o perfil das vagas.

Lição de casa. O estagiário terá super-visão dobrada. De um lado, a escola indicará um orientador para avaliar a compatibilidade entre as tarefas práticas desenvolvidas em ambiente de trabalho e as atividades aprovadas pelas instituições de ensino descritas no plano contido no Termo de Com-promisso de Estágio (TCE). De outro, a empresa designará um supervisor de estágio, para monitorar a capacita-ção prática de grupos de dez estagiários. As duas partes se comunicarão por meio do relatório de atividade semestral, que a empresa elaborará e o aluno assinará e en-tregará a seu orientador na escola. Para melhor controle desse proces-so, o CIEE emitirá um aviso quando a empresa liberar tal documento e outro quando a escola o receber, para indicar

que, nesse campo, tudo está con-forme a lei. Outra atribuição da escola será ve-rificar as instalações onde o estágio será realizado. Para isso, contarão com a colaboração do CIEE, que vi-sitará o local de estágio, preenchen-do um cadastro com a indicação do ambiente da empresa, ramo de ati-vidade, equipamentos e até mesmo poderá fotografar o ambiente de es-tágio, disponibilizando as imagens

em seu portal para uma primeira avalia-ção do orientador acadêmico de estágio.

Bolsa e muito mais. Entre outras obri-gações, aparecem o pagamento de bolsa-auxílio (ou outra forma de re-muneração) e a concessão de auxílio-transporte. A bem da verdade, esse artigo será cumprido com a maior facilidade pois, mesmo quando não eram obrigadas, todas as organizações parceiras do CIEE já ofereciam bolsa-auxílio. Além disso, um crescente nú-mero concedia uma série de benefícios,

incluindo férias, assistência médica e odontológica, bolsa de estudos, vale-refeição, etc. Um exemplo é a TMF, multinacional ho-landesa de serviços terceirizados de ges-tão e contabilidade. Além de bolsa-auxí-lio de mil reais por mês, oferece até 500 reais de auxílio-educação, vale-refeição de 25 reais por dia, auxílio-transporte de até 180 reais por mês, recesso após um ano de estágio, assistência médica, se-guro de vida, convênio-farmácia e assis-tência odontológica. De quebra, atinge o patamar de cem por cento de efetivação após um ano de treinamento que inclui um mês de cursos de capacitação técnica e atitudinal, cinco meses de rodízio em áreas da empresa e outros seis meses no setor em que será fixado. “O único pon-to que precisará ser adequado é a carga horária”, conta Aline Violini, gerente de Recursos Humanos da TMF, que elogia o respaldo dado pelo CIEE na parte bu-rocrática da contratação de estagiários.

Atenção às inadequações. A lei é dura para as empresas que descumprirem as novas normas. Um desvirtuamento do

Equipe de estagiários da TMF e a gerente

Aline Violini: benefícios e efetivação.

Senador Osmar Dias: “Não há como dar diploma sem o jovem passar por estágio.”

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22 Agitação set/out 2008

estágio pode implicar vínculo emprega-tício, com o conseqüente recolhimento, em caráter retroativo, de todos os en-cargos trabalhistas e previdenciários dos quais os estagiários estão isentos.

Em caso de reincidência, a organização fi cará impedida legalmente de receber novos estagiários por dois anos, em-bora possa manter em treinamento os estudantes já contratados.

A nova Lei do Estágio não é perfeita, podendo ser melhorada num futuro próximo. Aliás, o CIEE acredita que alguns pontos controversos serão de-vidamente aclarados no decreto regu-lamentador, que deverá ser baixado após a sanção da nova lei pelo presi-dente da República. Entre as disposi-ções de difícil aplicação prática, está a reserva de 10% das vagas de estágio para estudantes com defi ciência. O problema é como fazer esse cálculo, pois a base de estagiários é fl utuante. Algumas das soluções virão com o tem-po e com a maturação da lei. Como con-tribuição para minimizar o impacto das novas normas, o CIEE já ini-ciou uma ampla campanha de di-vulgação para esclarecer dúvidas

Todo estágio será remunerado.

O CIEE recomenda, há anos, essa contrapartida e todas as organizações parceiras a concedem.

Terá direito a auxílio-transporte.

O CIEE recomenda, há anos, essa contrapartida e a grande maioria das organizações parceiras já concedem esse benefício.

Não deverá pagar nenhum dos serviços relacionados a estágio, prestados por agentes de integração.

Todos os serviços oferecidos aos estudantes pelo CIEE são totalmente gratuitos.

Terá direito a recesso remunerado.

A lei e suas principais novidades

Fornecer o Plano de Estágio Integrado à Proposta Pedagó-gica do Curso para orientar a evolução do estágio.

Vistoriar as instalações da organização concedente.

Ao abrir a vaga, o CIEE disponibilizará as informações e, nos casos autorizados, a fotografia das instalações da concedente no www.ciee.org.br.

Designar um orientador para acompa-nhar o estágio do aluno.

O CIEE disponibiliza um curso a distância de formação de gestor de estágio no site www.ciee.org.br.

Informar as datas de provas às empre-sas para justificar previamente dispen-sas da jornada de estágio.

INSTITUIÇÃO DE ENSINO

O ESTUDANTE

LEGISLAÇÃO

O estágio é a chave da porta do mercado de trabalho. O jovem já começa a se sentir útil e a ter orgulho de si mesmo, pois já ganha uma remuneração ao se aperfeiçoar naquilo que está sendo ensinado nas escolas. Tenho netos e netas que estão estagiando e vejo o amor que eles começam a ter pelo trabalho.

Romeu Tuma (PTB/SP)

Page 23: Revista CIEE nº 83 - CIEE

23Agitaçãoset/out 2008

A

Profissionais liberais também podem contratar estagiários.

Ao intermediar contratos de estágio, o CIEE verifica a documentação, inclusive registro nos conselhos profissionais.

Elaborar plano de atividades de estágio compatível com a evolução do currículo escolar.

O sistema do CIEE automaticamente combina-rá o perfil das vagas aos dos candidatos e aos currículos das escolas.

Adotar carga horária máxima de estágio para alunos dos ensinos superior, técnico e médio de 6 horas/dia e 30 horas/semana; e para estudantes de educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional de educação de jovens e adultos, de 4 horas/dia e 20 horas/semana.

Para os Termos de Contrato de Estágio (TCEs) já assinados, a adequação deverá ser feita somente quando da eventual prorrogação.

Poderá contratar o mesmo estagiário pelo período máximo de dois anos.

O CIEE e todas as organizações parceiras já adotavam esse limite.

e evitar que os estudantes venham a ser prejudicados. Entre as ações, destaca-se a criação de uma central de teleatendi-mento para empresas, parceiras ou não

do CIEE, que queiram adequar seus progra-

mas de estágio às novas regras. O ponto de parti-da para a cam-panha foi uma coletiva de im-prensa realizada em São Paulo, uma semana após a aprova-

ção do pro-

jeto de lei pelo Congresso no início de agosto – um encontro que atraiu perto de trinta jornalistas, numa prova in-conteste da importância que o estágio adquiriu para o futuro de milhares de jovens estudantes. Importância, aliás, que deveria sensibilizar todos os bra-

Designar um supervisor para cada grupo de dez estagiários.

CIEE oferece uma ferramenta para auxi-liar nesse controle de estagiários contra-tados ou não por meio da entidade.

Respeitar cotas de contratação de estudantes de ensino médio, na seguinte proporção: 1 estagiário (até 5 funcionários); 2 estagiários (6 a 10 funcionários); 5 estagiários (11 a 25 funcionários); 20% de estagiários (acima de 25 funcionários). Para universitários, não há limitação.

Emitir relatórios semestrais de ativi-dades e entregá-los ao estagiário para assinatura e encaminhamento a seu orientador na escola.

O CIEE avisará a escola que o relatório foi emitido e preenchido pelo supervisor do estágio na empresa, entregue ao aluno e a empresa também receberá a informação quando o documento for recebido na instituição de ensino.

EMPRESAS E ÓRGÃOS PÚBLICOS

do CIEE, que queiram

prensa realizada em São Paulo,

após a aprova-ção do pro-

É muito importante não tratarmos o estagiário como aquele que vai ser o funcionário de

alguma empresa pública ou privada que apenas faz trabalhos muito simples. É importante que

ele possa fazer trabalhos relacionados à sua área de atuação, como propõe a lei.

Jeff erson Praia (PDT/AM)

Mais informações para empresas, escolas e estudantes:

CIEE 0800 771 2433

sileiros, em especial os que integram o Poder Público, a somar esforços para ampliar as oportunidades de inclusão e qualifi cação profi ssional dos jovens. Afi nal, aqui estamos falando do futuro das novas gerações e do país que que-remos para legar para elas.

Page 24: Revista CIEE nº 83 - CIEE

24 Agitação set/out 2008

CAPA

NOSSO GÊNIO DA LÍNGUA

Evanildo Bechara abandona sonho de

criança, torna-se o maior fi lólogo brasileiro e é

eleito Professor Emérito 2008 –

Troféu Guerreiro da Educação por sua

magnífi ca atuação no magistério, nos

últimos 60 anos.

ANDR

É LU

IZ M

ELLO

Page 25: Revista CIEE nº 83 - CIEE

25Agitaçãoset/out 2008

Quando menino, o sonho de Evanildo Bechara – o quinto ocupante da cadei-ra 33 da Academia Brasileira de Letras (ABL) – era tor-nar-se engenheiro.

Exímio aluno de matemática, aos 12 anos fi cou desaponta-

díssimo quando lhe apareceu a miopia, que o afastou defi -nitivamente da idéia

de seguir a carreira em Engenharia Aero-

náutica. Foi assim que as Forças Ar-madas perderam um talento e tanto, mas o Brasil ganhou um dos maiores conhecedores da Língua Portugue-sa de todos os tempos. Com mais de 60 anos de dedicação ao magistério, Bechara foi eleito Professor Emérito 2008 – Troféu Guerreiro da Educação, prêmio anual conferido pelo CIEE e pelo jornal O Estado de S.Paulo a per-sonalidades que se destacam na defesa do ensino e da educação. “É uma hon-ra que a bondade e a amizade dos ami-gos me concederam”, diz Bechara. Se-gundo ele, a importância da honraria é confi rmada pelos intelectuais que já receberam esse prêmio (ver pág. 28). “É um afago para o ego, mesmo da mais impertinente pessoa que não se incomoda com premiações.”Para o crítico literário Antonio Candido, Professor Emérito 2003, a escolha do lin-güista foi muito feliz. “Bechara é um intelectual discreto, modesto, que fez muito pela nossa língua portu-guesa. Uma escolha muito acer-tada”, comenta. O jurista Ives Gandra Martins, Professor Emérito 2008, também concorda com a esco-lha. “Não poderia ter

sido melhor, pois é um educador nato, que não envelhece nunca; está sempre aprendendo”, enfatiza. O famoso ad-vogado chama atenção para a extensa gama de especialidades do mestre na língua portuguesa. “É fi lólogo, fi lósofo, historiador e humanista, ou seja, um educador que transcende o domínio do idioma.” O presidente da ABL, Cícero Sandroni, engrossa o coro: “É uma ho-menagem justíssima a um brasileiro que vem lutando há tantos anos pela nossa língua. Bechara é uma glória nacional.”

No percurso, aulas particulares. Para atingir esse status, foi necessária muita dedicação aos estudos, desde peque-no. Depois da morte prematura do pai – João Bechara, aos 28 anos, um dos grandes comerciantes de Recife –, a família viu-se em grandes difi culdades fi nanceiras. Evanildo, o mais velho dos quatro fi lhos de Maria Izabel, partiu para o Rio de Janeiro, a fi m de ser cria-do pelos tios-avós. O navio saiu de Re-cife sob a tensão da II Guerra Mundial, já que algumas embarcações tinham sido bombardeadas no litoral brasi-leiro. Recebido com carinho pelo tio-avô, capitão do Exército, o menino teve uma educação digna, mas com poucos recursos. “Com titio, aprendi a ter um comportamento social digno e amor ao

O prêmio é um afago para o ego, mesmo da mais impertinente pessoa que não se incomoda com

premiações.

trabalho e à responsabilidade”, conta. Para ganhar um dinheirinho no Rio e ajudar a mãe e os irmãos menores, Eva-nildo, com apenas 12 anos, aproveitou seus conhecimentos em matemática para dar aulas particulares. Mas, para sua surpresa, só apareciam alunos fra-cos em português e latim, matérias que então faziam parte da grade curricular do curso ginasial (correspondente aos quatro últimos anos do atual ensino fundamental). Para não perder a chance de faturar uns trocados, o garoto mer-gulhou nas gramáticas. Assim, despre-tensiosamente, nascia o interesse pelo idioma, que o acompanharia por toda a vida. “Nas línguas, as opiniões dos gramáticos eram muito divergentes; isso espicaçou minha curiosidade para saber qual a explicação que melhor me convencia.” Certo dia, quando ajudava na faxina da casa, o tio-avô tirou de um velho baú um exemplar empoeirado do livro A lexologia do Português histó-rico, do professor Said Ali. Apesar dos ótimos professores que tinha no curso ginasial, não conhecia a obra daquele autor, que escrevia sobre temas mais avançados. “Quando li o prefácio do li-vro – ‘não dissocio a língua do homem que a fala’ – fui apresentado para um novo personagem no estudo da língua: o homem.”

Page 26: Revista CIEE nº 83 - CIEE

26 Agitação set/out 2008

CAPA

Evanildo Bechara, aos quatro anos de idade, com os pais, em Recife.

A partir daí, o menino Evanildo, com 13 para 14 anos, consumiu todos os títulos do professor Ali, fascinado pelo novo conhecimento, como Dante em relação a Virgílio, na Divina Comédia: Tu se’lo mio maestro e ‘l mi autore (você será meu maestro e meu autor). Du-rante as leituras, dúvidas começaram a surgir e o garoto não pensou duas ve-zes. De posse do catálogo de telefones, encontrou o número do autor.Desse momento em diante, foram 11

anos de convivência e dedicação. Três vezes por semana, o jovem ia à casa de Said Ali, que estava com 81 anos, dis-cutir temas ligados à língua portuguesa. “Assim, começou minha orientação nos estudos.” Bechara acredita que a vida moderna destruiu a fi gura do discípulo. “Os alunos têm de dar aulas muito cedo para sobreviver; com isso desgarrou-se o laço entre professor e aluno.” A convi-vência com Said Ali rendeu-lhe conhe-cimento e respeito. Com 17 anos, antes mesmo de completar o científi co (atual ensino médio) foi declarado “aluno de notório saber” pelo trabalho apresentado no livro que escrevera um ano antes (Fe-nômenos da entonação). Com isso, pôde prestar o vestibular para Letras. “Aos 18 anos, como professor, já ganhava tanto quanto meu tio-avô.”

Professor por excelência. No tercei-ro ano da faculdade, Bechara foi convidado por Ernesto Faria para ser assistente dele, na cadeira de Latim. Mas recusou, pois havia prometido a Said Ali que se tor-naria professor de língua portu-

Os alunos têm de dar aulas muito cedo; com isso desgarrou-se o laço entre o professor e o aluno.

“”

Aos 17 anos, aluno de notório saber.

Bechara com a família: (da esq. para dir.) o irmão

Everaldo (esq.), a mãe Izabel, a irmã Janete e o

irmão João.

Page 27: Revista CIEE nº 83 - CIEE

27Agitaçãoset/out 2008

guesa ou afi ns. “Em homenagem ao professor Ali, declinei do convite.” Essa veia ética sempre acompanhou a trajetória de Bechara. Depois de sua formatura na Faculdade La-Fayette (atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ), foi aberto con-curso para a cadeira de Língua Por-tuguesa. Mas como Clóvis Monteiro – aquele que aprovou sua entrada no vestibular – era candidato, preferiu es-perar um novo concurso, pois “jamais concorreria com ele”.Apesar de sua dedicação à pesquisa, Bechara nunca abandonou a arte de ensinar. Seja como professor particu-lar nos primórdios da carreira, docen-te do ginásio (ensino fundamental) e colegial (ensino médio) nos colégios Pedro II e Dois de Dezembro, ou nos 30 anos de carreira como catedrático da UERJ e do curso de pós-graduação da Universidade Federal Fluminense (UFF), de onde carrega o título de pro-fessor emérito das duas instituições,

Bechara sempre foi muito querido por todos. Prova disso é que seus alunos da turma de 1942, do Colégio Dois de Dezembro, se confraternizam com o mestre até hoje. “Trago as melhores recordações, pois nesses anos todos de magistério nunca tive problemas com meus alunos”, orgulha-se.Para Bechara, lecionar não é apenas ensinar. “O bom professor não é aquele que ensina, mas o que abre a curiosida-de do aluno para que ele mesmo trilhe o caminho do saber.” De acordo com ele, o saber não pode ser uma imposição do professor ao aluno, mas um desper-tar da curiosidade do discente para si mesmo. E não pensem que o professor está aposentado, após ter completado

80 anos em fevereiro. Ele continua

muito atuante, lecionando sintaxe por-tuguesa no Curso de Especialização do Liceu Literário Português com o mes-mo entusiasmo dos primeiros anos de magistério. Esse vigor todo tem uma explicação: “Ele faz aquilo que real-mente gosta”, diz a esposa Marlit Silva Cavalcante Bechara. Ela afi rma, sem titubear, que o professor é vocacionado para o magistério e muito dedicado ao que faz. “Sinto nele a alegria de desen-volver esses trabalhos.”

Poliglotas na própria língua. Marlit co-nheceu Bechara na sala de aula, quando ele dava aulas para um curso prepara-tório para o ensino médio, e ela ainda uma adolescente. “Mas só viemos a nos encontrar muito tempo depois”, enfa-

fessor emérito das duas instituições,

Com a família, na posse da Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro.

Ismael Coutinho, Antenor Nascimento, Bechara e Pierre Fouché, em 1956.

Com Aníbal Castro, na outorga do título de doutor honoris causa, em Coimbra.

O fi lólogo com a esposa Marlit: encontro, anos depois da sala de aula.

Page 28: Revista CIEE nº 83 - CIEE

28 Agitação set/out 2008

CAPA

tiza. No entanto, o professor teve uma infl uên cia grande na opção de Marlit como docente de língua portuguesa. A professora Dieli Vesaro Palma, da Pon-tifícia Universidade Católica (PUC-SP), que recentemente participou da organi-zação de um livro em homenagem aos 80 anos de Bechara (Homenagem: 80 anos de Evanildo Bechara) acredita que o fi lólogo é o maior gramático brasilei-ro vivo. “Não só pela experiência, mas pelos avanços que proporcionou nos estudos da lingüís tica”, destaca. Segun-do a pesquisadora, Bechara vê a língua

como resultado de muitas variantes. “Ele costuma dizer que ‘a escola deve formar poliglotas da própria língua’, ou seja, os alunos devem saber utilizar a língua de acordo com as variantes do ambiente.”Discípulo convicto de Bechara, o coor-denador de Pesquisa e Pós-Graduação da UFF, Ricardo Cavalieri, vê o mestre como um profundo investigador dos fa-tos históricos do português e da própria história da lingüística. “Haver chegado a uma idade avançada na plenitude de sua capacidade intelectual conferiu-lhe uma sedimentada visão sobre o fenôme-

“Não queremos criar burocracia à alfabetização. Queremos chegar à nossa finalidade por caminhos cer-tos e objetivos.”

no da linguagem, ampla e aprofundada, sem dogmatismos”, comenta. Cavalie-re recorda que, certa vez, perguntou ao professor como ele se sentia com tantos elogios e homenagens. A resposta foi a de que chegou ao topo porque sempre se importou mais com o percurso. Seu interesse não era o sucesso, mas o cami-nho bem trilhado. “E o caminho seguro o levou a um destino de glórias.”

Histórias deliciosas. Educador e ensaís-ta, o presidente do CIEE Rio e membro da ABL, Arnaldo Niskier, recorda os comentários que os alunos faziam nas conferências do novo Professor Eméri-to. “Alguns estudantes diziam que, para ouvi-lo, valeria a pena pagar ingresso”, comenta. No texto Evanildo Be-chara e a Língua Portuguesa, que escreveu para o livro Miscelânia em Homenagem a Evanildo Bechara, Niskier descreve um

1997 Ruth Cardoso

1998 Miguel Reale

1999 Esther de Figueiredo Ferraz

2000 Luiz V. Décourt

2001 José Pastore

2002 Hélio Guerra

“O significado fundamental da educação é a formação da mente e do espírito, da sensibilidade e da vontade.”

“Nós, professores, devemos edu-car muito mais pelo que fazemos do que pelo que dizemos.”

“Creio que os que estão em posição mais alta e não ajudam os outros não são tão felizes.”

“A distância entre ensinar e apren-der é muito longa e difícil de ma pear e de resolver em pouco tempo.”

“É importante saber que, quanto mais se incentivarem pessoas, me-lhor será, pois elas também o ajuda-rão a alçar vôo.”

GALERIA DOS GUERREIROS DA EDUCAÇÃO

O bom professor não é aquele que ensina, mas o

que abre a curiosidade do aluno.

“”

Page 29: Revista CIEE nº 83 - CIEE

29Agitaçãoset/out 2008

2006 Crodowaldo Pavan2003 Antonio Candido

2004 Paulo Vanzolini

2005 Paulo Nogueira

“A instrução de um povo é, sem dúvida, um elemento importante para a consciência social.”

“A melhor recompensa para qualquer profissional é o reco-nhecimento de seus pares.”

“Todos os meus sonhos de professor jamais

incluíram receber um prêmio de tamanha

magnitude.”“Gosto muito de ensinar, não so-mente pelo contato com o aluno, mas porque aprendo sempre.”

“É hora de unirmos forças em torno de um mundo novo e melhor, contra a falta de éti-ca e integridade social.”

29Agitaçãoset/out 200set/out 200set 8

“Todos os meus sonhos de professor jamais

incluíram receber um prêmio de tamanha

magnitude.”

e melhor, contra a falta de éti-ca e integridade social.”

2007 Ives Gandra Martins

caso que o professor costuma contar em suas aulas: “Uma das suas delicio-sas histórias é o assalto, na porta do Colégio Pedro II, no centro da cidade, quando um pivete roubou o relógio de estimação de um velho mestre de Português. Mesmo na situação precá-ria em que se encontrava, ameaçado, o professor não perdeu o hábito. Gritou a plenos pulmões na Avenida Marechal Floriano: ‘Peguem-no! Peguem-no!’. É claro que ele não foi socorrido, pois os circunstantes nem entenderam o que ele queria dizer.”Para Niskier, além de um emérito pro-fessor de Português, Bechara é um dos maiores fi lólogos brasileiros. “Agora que começa a ser implantado o Acordo Or-tográfi co de Unifi cação da Língua Por-tuguesa, nada mais justo do que ressaltar uma das grandes fi guras brasileiras que dedicou sua vida ao cultivo da língua de Machado de Assis.”

Devoção à educaçãoMais uma vez, o CIEE e o jornal O Estado de S. Paulo acertaram na escolha de Evanildo Bechara, o grande ícone do ensino da Língua Portuguesa no país, como Professor Emérito 2008 – Troféu Guerreiro da Educação. Autor da Moderna Gra-mática Portuguesa, obra que revolucionou a didática da matéria nas escolas, Becha-ra é dono de um cabedal vastíssimo, reconhecido no Brasil e no estrangeiro. Prova disso, são os inúmeros convites que recebe todos os anos para ministrar aulas e palestras em universidades pelo mundo. Em uma dessas incursões, recebeu o título de professor Honoris Causa da tradicional Universidade de Coimbra, em Portugal.Homem de grande caráter, Bechara nunca deixou-se levar por modismos. Porém, esteve sempre à frente de sua época, levantando questões pertinentes, focado em seus estudos e pesquisas. Sábios foram os imortais da Academia Brasileira de Letras (ABL) que o levaram para lá, na eleição de 2000. O Professor Emérito 2008 é um exemplo de devoção à educação, com mais de 60 anos dedicados ao magistério no ensino fundamental, médio, superior e pós-gradua-ção. Só na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) foram 30 anos, passando conhecimentos aos sortudos alunos, que podiam colocar em seu currículo que aprenderam diretamente com o mes-tre Bechara, aquele mesmo da famosa gramática.

LUIZ GONZAGA BERTELLI, presidente executivo do CIEE

Page 30: Revista CIEE nº 83 - CIEE

30 Agitação set/out 2008

CAPA

terra lusitana, o que lhe rendeu o títu-lo de professor honoris causa da Uni-versidade de Coimbra, uma das mais tradicionais do mundo. Na seqüência, a Academia de Ciências de Lisboa não deixou por menos: elegeu-o membro correspondente da casa.Em 2000, o sonho que nunca sonhou: ser imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL). “Não era um desejo, pois quando me convidaram, eu disse não.” Mas os acadêmicos não desisti-ram, pois queriam um filólogo para levar adiante a idéia da elaboração do dicionário da ABL, além de uma reforma no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp). Diante disso, renovaram o convite, que aca-bou sendo aceito. Bechara foi eleito no primeiro escrutínio com 21 votos. “Vários amigos tentaram entrar na Academia, como Mário Barreto, An-tenor Nascente, Souza Silveira e não

Como gramático, o nome de Evanil-do Bechara ultrapassou as fronteiras brasileiras, sendo hoje reconhecido no mundo como um dos maiores fi-lólogos de língua portuguesa. Sua ex-periência internacional começou com uma bolsa de estudos em Madri, após ter assumido a cadeira de Filologia Românica (estudo comparativo das línguas latinas) na UERJ, nos anos 60. “Passei quase dois anos em Madri, recebendo do governo espanhol 15 mil pesetas mensais; utilizava apenas cinco mil para as despesas pessoais”, conta. Com o que sobrava, aproveitou para conhecer toda a Europa.Em 1971, foi convidado para dar au-las de Língua Portuguesa na Univer-sidade de Colônia, na Alemanha, le-cionando por um ano para cerca de 20 professores. Bechara retornou à Europa com o convite da Universida-de de Coimbra, em Portugal, para ser professor visitante. Ficou dois anos na

Há muitos anos a língua portuguesa ganhou um novo verbete: Bechara. São milhares de alunos que consultam o “Be-chara” há quase 50 anos para tirar dúvidas sobre gramática. Em 1962, era lançado o livro Moderna Gramática Portuguesa, o maior sucesso editorial entre os li-vros didáticos da matéria. Para se ter uma idéia, a obra, que ganhou uma revisão em 1999, incluindo as novi-dades contemporâneas, já está em sua 37ª edição.

Dieli Palma, professora da PUC/SP: “É o maior gramático brasileiro.”

Arnaldo Niskier: “Ele dedicou a vida ao cultivo da língua.”

Sucesso aqui e lá fora

conseguiram. Isso me trazia a idéia de que a Academia não estava propensa para o estudo da língua portuguesa.”

O sonho de uma escola. A história mu-dou com sua eleição. Além de diretor tesoureiro da casa, Bechara acumula as funções de orientação da Comissão

Em 1961, o professor Becha-ra foi convidado a fazer al-guns acréscimos à gramática de Eduardo Carlos Pereira, um livro de muito sucesso, editado pela primeira vez em 1908. “Quando levei o texto com o conteúdo proposto, os editores perceberam que já se tratava de outra obra”,

recorda. No ano seguinte era publica-da a gramática de Bechara. O livro foi considerado inovador pelos especia-listas, pois trazia um modo diferente de tratar a análise sintática na sala de aula. “Quando eu apresentava a noção

BECHARA, UMA METONÍMIA

Page 31: Revista CIEE nº 83 - CIEE

31Agitaçãoset/out 2008

Cícero Sandroni, presidente da ABL: “Bechara é um orgulho nacional.”

A

de Lexicografi a e Lexicologia da ABL – área responsável pela elaboração de dicionários. Na condição de lexicógra-fo, trabalha atualmente na preparação da quinta edição do Volp, que a ABL deve lançar até o fi m do ano. “Sinto-me muito honrado pelo apoio que os colegas me deram

Mestre BecharaEvanildo Bechara é, hoje, o maior fi ló-logo dos países lusofônicos da Europa, da África, da Ásia e das Américas. Em-penha-se na implantação da reforma ortográfi ca da língua portuguesa e di-vide seu saber lingüístico entre cátedras de universidades do Rio de Janeiro e de Coimbra. Ademais, integra a Academia Brasileira de Letras, onde, desde o ano 2000, ocupa a cadeira de número 33. Su-cedeu Afrânio Coutinho, um dos maio-res críticos e historiadores da literatura brasileira e de quem tive a honra de ser amigo e colega no Conselho Federal de Educação. Na ABL integra a Comissão de Lexicologia e Lexicografi a e também a direção da Biblioteca Rodolfo Garcia. Conhecido em todo o mundo universi-tário por sua complexa, volumosa e qua-lifi cada obra, que supera uma centena de títulos do mais rigoroso enquadramento científi co, tem ultimamente atuado no eixo Brasil-Portugal, a serviço da defesa da “última fl or do Lácio”, como gostava Bilac de referir-se à língua vernácula.Esse o grande intelectual que o CIEE e o jornal O Estado de São Paulo distingui-ram, por unanimidade de seus conselhei-ros, em 2008 com o título de Professor Emérito e o troféu Guerreiro da Educa-ção, quiçá, hoje, a maior láurea brasileira no campo da literatura, da educação, da arte e da ciência. Com a premiação de Evanildo Bechara, inauguram o CIEE e o Estadão uma nova fase, na série das pre-miações do Professor Emérito: a exten-são do título a homenageados de atuação cultural e educacional fora do Estado de São Paulo.

de sujeito e predi-cado, mostrava ao aluno a impor-tância e as con-seqüências para a concordância e pontuação, por exemplo”, explica. Para Ricardo Cavalieri (foto), da UFF, a Moderna Gramática Portuguesa é uma re-ferência na descrição do uso exemplar da língua. “O professor tornou-se uma meto-nímia: vou consultar o Bechara.”

na casa de Machado de Assis.” E sobre Machado, Bechara prepara um índice lexical com as palavras utilizadas nas obras do autor. “Todos imaginavam que teríamos de 2.500 a 3 mil verbe-tes; mas já levantamos mais de 9 mil”, revela. Um dos sonhos do Professor Emérito é criar, na ABL, uma escola de lexicógrafos para ensinar a arte de fazer dicionários.Como maior especialista da língua na Academia, Bechara está envolvi-do também diretamente no acordo ortográfi co entre os países de língua portuguesa. Ele é favorável à unifi -cação. Segundo Bechara, outras lín-guas, como o espanhol – que possui quase o dobro de falantes – têm uma só ortografi a. “Isso não signifi ca que vamos falar da mesma maneira, mas escrever igual, o que abre a porta para a divulgação de livros com uma vesti-menta única.” Para ele, as obras atuais não fi carão obsoletas, pois quem vai ser o usuário efetivo da reforma são os garotinhos que serão alfabetizados

daqui em diante. “Uma reforma or-tográfi ca pega sempre a ge-ração que vai aprender a ler e escrever.”No dia 29 de setembro, o presidente Luís Inácio Lula da Silva esteve na ABL justamente para assinar o decreto que nor-maliza a adesão do Brasil ao acordo ortográfi co. Pela norma, as novas regras entrarão em vigor já em janeiro. Mas as anti-gas poderão ser utilizadas, com uso facultativo, até dezembro de 2012. Já os livros didáticos terão de se adequar até 2010. Entre as mudanças, estão o fi m do trema, das consoantes mudas e de vários acentos, além da simplifi cação do emprego do hífen e da inclusão no alfabeto das letras w, k e y. “É um

momento de maturidade lingüística”, conclui Bechara.

PAULO NATHANAEL PEREIRA DE SOUZA,

presidente do Conselho de

Administração do CIEE

Page 32: Revista CIEE nº 83 - CIEE

32 Agitação set/out 2008

ESCOLA

A

Adamantina é uma cidade com cerca de 35 mil habitantes, no interior do es-tado de São Paulo, e tem um diferencial entre os municípios do mesmo porte: as Faculdades Adamantinenses Inte-gradas (FAI), que abrigam mais de cin-co mil estudantes nos 29 cursos de gra-duação e 11 cursos de pós-graduação lato sensu, oferecidos em três campi.A cidade é um pólo de atração para es-tudantes de várias partes do Brasil, com destaque para os estados de São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. “Os diversos cursos novos que a FAI ofere-ce geram uma demanda de estudantes vindos cada vez de locais mais distan-tes”, enfatiza Roldão Simione, atual di-retor da autarquia, que ficará no cargo até 2011. “Isso é reflexo do trabalho dos diretores que passaram pela instituição e a fizeram crescer”.

Diferencial dos estudantes. Outra ca-racterística da FAI é o estímulo ao es-tágio. Há 37 anos, Maria José Zampieri Bellusci – carinhosamente chamada de Zezé – já trabalhava com estudantes em capacitação. “Quando comecei aqui, atuava na área pedagógica e supervi-sionava o estágio, na prática de ensi-no” diz. Há cerca de dez anos, a escola criou um departamento para cuidar do estágio, coordenado por Zezé. Para ela, a valorização do estágio faz parte do di-ferencial dos estudantes da instituição no mercado de trabalho.Ao completar 40 anos em 2008, a FAI aproveita para agregar valores ao es-tágio. Um posto de atendimento do

Qualidade de vida e diversidade Adamantina/SP torna-se pólo de atração para alunos de vários estados.

CIEE funcionará dentro da faculdade, no campus do centro da cidade. “Ficamos muito contentes com essa parceria, porque sabemos da capacidade do CIEE para admi-nistrar os estágios e que isso só vai ampliar as oportunidades para nossos estudantes”, afirma Maria José. Atu-almente, mais de dois mil estudantes fazem estágio, entre o curricular e ex-tracurricular. “Como a instituição é uma autarquia municipal, as mensalidades são acessí-veis, e os pais ficam tranqüilos em deixar os filhos estudarem numa cidade peque-na, com qualidade de vida”, continua. O clima da vida estudantil contamina toda a cidade. Os diversos congressos, semi-nários e atividades programadas na FAI para a comunidade, como o atendimen-to nas clínicas, mostra a importância da vida acadêmica para a região.

O CIEE inaugurou, no Campus I da FAI – Faculdades Adamantinenses Integra-das, um posto de atendimento para fazer a ponte entre empresas de Adamantina e região e os alunos interessados em estágios. Segundo o diretor geral da FAI, Roldão Simione, o número de empresas interessadas em admitir estagiários da instituição é muito grande, porém elas nem sempre eram bem atendidas, em função da ausência de um departamento que cuidasse exclusivamente do estágio extracurricular: “Agora, com o CIEE insta-lado dentro da instituição, a ligação entre empresa e escola será realizada com toda a eficiência”, afirma.

CIEE PRESENTE NO CAMPUS I

Acima, alunos de Medicina Veterinária participam de atividades práticas. Ao lado, Maria José Bellusci e Roldão Simioni.

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33Agitaçãoset/out 2008

Em busca do sonho e sucesso na car-reira, muitos jovens trocam os bancos escolares pela bola. Com a forte con-corrência, num espaço em que pou-quíssimos conseguem brilhar, milhares dos aspirantes caem no ostracismo, não fincam raízes no futebol e, sem estudo ou profissão definida, não encontram oportunidades no mercado de traba-lho. Preocupada com o futuro dos seus jogadores de base, a Sociedade Esporti-va Palmeiras firmou uma parceria com o Colégio Módulo, em São Paulo/SP. O acordo prevê a concessão de 25 bolsas de estudo do Curso Técnico de Ges-tão Empresarial, no período noturno, para os atletas da categoria infantil (de 15 a 16 anos), cuja maioria provém do interior ou de outros estados e reside nos alojamentos no clube, no Parque Antártica. “Nosso objetivo fundamen-tal é garantir a educação para todos os atletas até os 18 anos”, diz Thaís Toledo, assistente social do Palmeiras.No curso, os alunos têm orientação es-pecífica para gerir negócios e a própria carreira. Além das matérias básicas do ensino médio, assistem às aulas de mar-keting pessoal, empreendedorismo, informática, inglês e administração fi-nanceira. “O atleta inserido na educa-ção e no meio social tem um nível de compreensão e criatividade maior que se reflete dentro do campo”, afirma Thaís.Doze atletas palmeirenses freqüentam o curso atualmente. Eles treinam durante

CAPACITAÇÃO

Boleiros na sala de aulaPalmeiras firma parceria para garantir formação a jogadores de 15 e 16 anos.

o dia e vão para as aulas à noite. “É um esforço que futuramente pode render frutos”, comenta o goleiro Giovanni Mo-cellin, de Tatuí/SP, que, com 15 anos, já mede 1,91 metro de altura. Para o zaguei-ro Bruno Alves, 16 anos, de Taubaté/SP, é importante não largar os estudos, pois a carreira de jogador é curta e de muitos riscos. “Estudar aqui é uma oportunida-de a mais para garantir o futuro.”

Mudança de postura. Outro goleiro da equipe, Renan Vieira Soares, 16 anos, natural de Cachoeiro do Itapemirim/ES, deixou a família para tentar a sorte no time alviverde. Cursando o segundo ano do ensino médio, ele já enxerga nitida-mente melhoras no seu comportamen-to. “Houve uma mudança de postura; a gente fica mais responsável”, revela. Se-gundo ele, essa experiência pode ajudar no desenvolvimento de uma carreira mais sólida. Para Wagner Marcelo San-chez, diretor pedagógico do Colégio Módulo, a parceria com o Palmeiras está inserida no clima de solidariedade que existe na escola. “Acredito que as escolas têm de focar também as ques-

tões solidárias e não só visar ao lucro.”Os alunos recebem uma bolsa de estu-do que cobre, em média, 75% da men-salidade escolar. O restante é pago pela família, como forma de estimular a participação deles na educação dos jovens. O curso tem três anos de du-ração. “Caso a profissionalização no esporte não ocorra, haverá um leque de oportunidades para esses jovens ingressarem no mercado de trabalho”, afirma o diretor.

Os goleiros Renan e Giovanni: treino de dia e estudo à noite.

Para o zagueiro Bruno Alves, o importante é não largar os estudos, pois a carreira ainda é incerta.

A

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34 Agitação set/out 200834 set/out 200set/out 200set 8

CAPASERVIÇO

A

Adotar atitudes responsáveis com re-lação ao meio ambiente e à convivên-cia em sociedade, além de demonstrar a preocupação com a preservação do planeta e com o ser humano, pode contar pontos nos processos seletivos para estágio ou emprego. Tais postu-ras demonstram iniciativas de cidada-nia e engajamento social, valorizadas pelas companhias. Dentro desse pro-pósito, o CIEE desenvolveu o curso a distância Cidadania e Meio Ambiente, que está disponível no site www.ciee.org.br desde agosto. Usando o recurso da interatividade, o objetivo do curso é conscientizar o estudante sobre seu papel em sociedade, envolvendo as-pectos como cultura, valores, família, direitos e deveres, além da importân-cia de sua atuação na proteção ao meio ambiente. “O estagiário ou o funcio-nário pode contribuir para a redução de custos da empresa e ainda para valorizar a imagem dela no mercado, ao adotar iniciativas de responsabili-dade social, como, por exemplo, rea-proveitar o verso em branco de folhas de papel usadas”, diz Rosa Simone, su-pervisora de Educação a Distância do CIEE. Dividido em oito aulas, o curso tem duração de cinco horas que po-

Cidadania pela internet Novo curso a distância cria consciência cidadã e ajuda a turbinar o currículo.

Além de apostila para download, os alunos de Educação a Distância con-tam com serviço de monitoria on-line e esclarecimento de dúvidas em salas de bate-papo, FAQs (frequent asked questions ou dúvidas mais freqüentes) e e-mails. Todos os cursos são gratuitos e oferecem certifi cados para os aprova-dos. Para participar o estudante, deve es-

tar cadastrado no CIEE ou fa-zer a inscrição no site www.ciee.org.br.

dem ser realizadas em dez dias. Sheila Reis Oliveira, 23 anos, estudante de enfermagem da Universidade de Santo Amaro (Unisa), fez o curso e aprovou. “No mundo em que a gente vive, com o planeta se deteriorando e com diversos problemas climá-ticos, é importante ter ciência desses fatos e ajudar na conserva-ção do planeta para as próximas gerações”, diz Sheila. Entre os temas dos quais ela mais gostou está a coleta seleti-va de lixo, “muito importante para a con-servação da nossa cidade”, enfatiza.

Mais 21 cursos. Além do Cidadania e Meio Ambiente, outros 21 cursos inte-gram o catálogo do Programa CIEE de Educação a Distância: Atenção Con-centrada; Administração do Tempo; Atitude Empreendedora; Atualização Gramatical; Currículo sem Segredo; Entrevista: Como encará-la; Intro-dução a Projetos; Fundamentos de rede; Lógica e Criatividade; Micro-soft Excel; Microsoft PowerPoint; Microsoft Word; Access; Flash; Orientação e Informação Profi ssio-nal; Produção de Textos e Redação Empresarial; Postura e Imagem Pro-fi ssional; Relacionamento Interpes-soal; Dinâmicas e Testes na Se-leção e Resolução de Problemas.

Sheila Reis Oliveira, da Unisa: fez o curso a distância e aprovou.

Agitação

Page 35: Revista CIEE nº 83 - CIEE

35Agitaçãoset/out 2008

SUPLÊNCIA

A

Cansada de consultar outras pessoas sempre que o fi lho tinha dúvidas em matemática, Simone dos Santos, 37 anos, auxiliar de limpeza, decidiu re-tomar os estudos. Ela se inscreveu no supletivo do ensino fundamental do Programa CIEE de Alfabetização e Suplência Gratuita para Adultos. Após o término do curso, o Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação no Estado de São Paulo (Seac/SP) reco-nheceu os esforços de sua funcionária e ofereceu uma bolsa de estudo num curso superior à escolha dela. “Vou fazer Gastronomia, porque gosto de cozinhar e todos falam bem da minha comida”, afi rma a futura universitária, na reta fi nal para concluir o ensino médio pelo sistema Educação para Jo-vens e Adultos (EJA), da rede pública. Além de melhorar as chances de colo-cação no mercado, apostar no estudo também contribui para engordar a re-muneração no fi nal do mês. Segundo o estudo Retornos da Educação, da Fun-dação Getúlio Vargas, concluir o ensino médio pode render, em média, um salá-rio 218% maior que do que o oferecido a um trabalhador não escolarizado. Além dos conhecimentos acadêmicos, o supletivo também incentiva os alu-nos a serem solidários e cidadãos. “É uma oportunidade de inclusão social, com o resgate da auto-estima e o de-senvolvimento proporcionados pela educação, o que leva ao desempenho

HORA DE RECOMEÇARHá 12 anos o CIEE oferece oportunidade para quem quer concluir os estudos.

do papel de cidadão”, explica Lúcia Maciel, coordenadora das distritais da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), parceira do CIEE desde 2003 no esforço para ampliar a escolaridade dos menos favorecidos.

Benefícios. Com 49 mil benefi ciados em 12 anos de atividade, o Programa CIEE de Alfabetização e Suplência Gratuita de Adultos oferece os cursos de alfabetização e supletivo do ensino fundamental e médio, ministrados por estagiários de Pedagogia, Letras e Ma-temática. A ação conta com o apoio de 30 empresas, responsáveis por: bolsa-auxílio, vale-transporte dos estagiários, material didático, lanche e espaço físi-co. O CIEE entra com o recrutamen-to e seleção do estagiário, assim como acompanhamento pedagógico e o for-necimento de material de apoio para as aulas. Além disso, o CIEE mantém 12 salas em seu Prédio-Escola, no Centro de São Paulo. Os interessados em se tornarem parceiros do programa de-vem entrar em contato com a Supervi-são de Educação e Capacitação, pelos telefones 3040-4597/4598/4599 ou pelo e-mail: [email protected].

FORMATURA DA TURMA DE 2008

O CIEE pegou carona no Dia Nacio-nal de Alfabetização, em 8 de setem-bro, e promoveu a formatura da 22ª turma do Programa CIEE de Alfa-betização e Suplência Gratuita Para Adultos. A cerimônia foi realizada no Teatro CIEE, tendo como paranin-fo da turma Pedro Salomão Kassab, presidente da Câmara de Educação Superior do Conselho Estadual de Educação de São Paulo e membro honorário do CIEE. Na ocasião, o CIEE prestou homenagem às empre-sas parceiras do programa.

Turma de alfabetização no Prédio-Escola do CIEE e a aluna Simone dos Santos do Seac/SP.

Page 36: Revista CIEE nº 83 - CIEE

36 Agitação set/out 2008

Com meio século de tradição, o Gru-po Bandeirantes cresce com solidez e inspira jovens estudantes que desejam o melhor para sua formação profissio-nal. Conglomerado com sede em São Carlos/SP, há 50 anos, mas presente em todo o território nacional, o grupo atua em diversos setores – empreendimen-tos imobiliários, pavimentação asfálti-ca a agropecuária. Com negócios tão diversificados, a empresa acaba cha-mando atenção daqueles que desejam trabalhar ou estagiar. Para os jovens es-tudantes, esse é um desejo latente que co-meçou há oito anos.A relação entre o CIEE e o Grupo Ban-deirantes começou de forma inusitada. A ge-rente jurídica da em-presa, Elaine Cunha Melnicky, teve uma ges-tação conturbada. Com esse quadro, o repouso foi a saída para resguardar a saúde da mãe e do bebê. “Nesse repouso, em frente da TV, vi uma matéria comentando a chegada do CIEE a São Carlos. Imediatamente desejei começar o programa de está-gio na empresa”, relembra.Em pouco tempo, os primeiros estagiá-rios chegavam ao grupo. Foi uma situa-ção curiosa para os dois lados. “Para a empresa era uma ótima oportunidade e para os estudantes um choque: mui-tos deles estavam completamente des-preparados para o mercado”, afirma.

Tradição e variedade para estagiáriosHá 50 anos no mercado, Grupo Bandeirantes investe na capacitação de jovens.

por cento dos estagiários”, confirma.Segundo a executiva, a parceria é óti-ma, já que o método de seleção do CIEE vem ao encontro das necessi-dades do Grupo Bandeirantes. “Gosto de gente que está começando, pois a vantagem é que essas pessoas podem ser moldadas de acordo com a neces-sidade da empresa e tudo isso é feito naturalmente”, diz. Elaine orgulha-se ao dizer que ao menos dez estudan-tes de Direito, que passaram pelo seu crivo, estão, hoje, muito bem empre-gados no mercado de trabalho. “Cos-tumo dizer que eles nasceram aqui e hoje estão muito bem”, alegra-se.Para a gerente jurídica, o estágio só

Madrinha do estágio. O apelido “Ma-drinha do estágio”, que Elaine recebeu de seus pupilos, não apareceu por aca-so. Ela mesma confirma que gosta de ensinar os estagiários, mas também cobra por isso. “O jovem tem de saber aproveitar as oportunidades”, acentua. Para ela, são necessários paciência e comprometimento com os estudan-tes, mas tudo é gratificante quando percebe que o interesse é verdadeiro e a vontade de crescer e aprender den-tro de uma grande companhia é real. “Conseguimos absorver quase cem

Estagiários que participam da capacitação no Bandeirantes (destaque): sonho de efetivação.

EMPRESA

Page 37: Revista CIEE nº 83 - CIEE

37Agitaçãoset/out 2008

trouxe vantagens para o grupo. O es-tudante técnico de Segurança do Tra-balho, Misael Felipe Cordeiro, 24 anos, acha que a oportunidade deveria ser obrigatória para todos os cursos. “O estágio agrega valor ao meu currículo e participar do treinamento em uma empresa de grande porte como a Ban-deirantes é o sonho de muita gente”, afirma. Estagiário há oito meses, ele diz que agora consegue ter uma nova visão sobre o futuro profissional. “Na escola não temos esse contato direto com o trabalhador. Aqui vemos real-mente a função do técnico em segu-rança e a satisfação de colaborar com a saúde das pessoas.”

Informações fora da escola. O estu-dante do oitavo período de Engenha-ria Civil, Carlos Eduardo Giudissici, também bate na mesma tecla: o sonho de atuar em uma empresa de grande porte. Para ele, a Bandeirantes tem o lado bom de perceber que o estagiário é capaz de desenvolver boas ações e in-vestir nessas oportunidades. “Aqui eu não fico confinado em um escritório analisando projetos. Faço trabalho de

campo com outros engenheiros e eles vão me passando informações que eu não tenho na faculdade”, enfatiza.Para Mariana Martins dos Santos, 18 anos, estagiária há seis meses na área de Direito, o estágio trouxe mais certeza sobre a área que ela pretende seguir. “Na Bandeirantes sempre há alguém nos guiando, mas sem deixar nada pronto: nós aprendemos a fazer sozinhos”, conta. Segundo ela, o está-gio dá uma visão ampla do mercado e a certeza de que nem tudo é somente teoria. “Se você entende o que faz, fica mais fácil aplicar essa prática ao ler os livros”, completa.Estudantes de ensino médio também encontram oportunidades dentro da Bandeirantes. Com 17 anos, Kerolyn Katyossia Rocha conheceu um novo mundo quando foi selecionada para estagiar no grupo. “Sem experiência nenhuma, antes meu mundo era o da escola, casa e amigos. Agora tenho uma visão mais ampla, uma experiên-cia profissional”, acredita.

Melhora dentro de casa. O estágio traz também mudanças no relaciona-

mento das famílias envolvi-das. No setor de arquivos de Recursos Humanos, há dois meses, a estudante do ensino médio Karina Ariane da Cruz tomou um susto com o am-biente empresarial. Hoje mais integrada à realidade dos ne-gócios, sente orgulho de fazer tudo o que precisa com o di-nheiro que recebe por meio da bolsa-auxílio. Uma vez por mês, pelo menos, a estudante convida a mãe e a avó para co-mer pizza, com a condição de que Karina pague a conta.

OPORTUNIDADE ÍMPAR

Karen Cíntia Benfica Soares, 18 anos, estudante do terceiro semestre de Direito, é estagiária no Grupo Ban-deirantes há quatro meses e meio. De família humilde, ela só ingressou na faculdade graças à bolsa do Programa Universidade para Todos (ProUni). Apesar do programa, o curso supe-rior envolve outros gastos e o estágio de Karen é o meio encontrado para dar continuidade a seus estudos. “Com a bolsa-auxílio do estágio, eu consigo comprar meus livros, que são muitos e caros”, explica. Segundo ela, sem o estágio tudo ia ser muito complicado. “A oportunidade caiu do céu”, alegra-se.Karen já estagiava em um escritório de advocacia quando soube da vaga na Bandeirantes. Com esperança de conseguir seu espaço, a estudan-te participou da seleção e após ser aprovada, começou a aprender a prática da sua profissão. “Gosto mui-to de atuar aqui na área do Direito. Acompanho os processos, que são muitos, seleciono os documentos necessários e com isso tenho uma grande responsabilidade”, afirma. Elogiada pelo seu desempenho, a es-tudante espera ser efetivada. “Todos os estagiários que gostam da empre-sa esperam ser efetivados. E aqui eu aprendo na prática”, finaliza.

“Madrinha do estágio”, a gerente Elaine assume que gosta de ensinar e cobrar responsabilidades dos estudantes.

A

Page 38: Revista CIEE nº 83 - CIEE

38 Agitação set/out 2008

Pela impossibilidade de efetivar seus estagiários que atendem e cadastram os usuários, a São Paulo Transpor-te (SPTrans) – autarquia responsável pela operação dos sistemas de ônibus da cidade – criou, em 2001, o progra-ma Atendendo e Aprendendo, no qual estudantes de Psicologia aplicam dinâ-micas, atividades, acompanhamento psicológico e orientação profi ssional, monitorados por um especialista da área. O serviço oferece aos estagiários a chance de planejar o futuro e esco-lher a carreira profi ssional.Para o estudante Lucas Araújo Sues-co Pinto, 17 anos, essa oportunidade trouxe uma grande mudança. Hoje ele

COMPORTAMENTO

Lição de responsabilidade socialEstudantes de Psicologia auxiliam estagiários a construir plano de carreira.

é mais solto, educado e sabe qual car-reira seguirá na faculdade: jornalismo. “A orientação profi ssional nos dá um rumo certo”, diz. Assim como Lucas, 200 estudantes do ensino médio e técnico estagiam nos postos de aten-dimento e recebem acompanhamento de 35 futuros psicólogos.Os estudantes de Psicologia são bene-fi ciados com a experiência de conhe-cer na prática a área social, que segun-do Sheila Cruz, 23 anos, que estagia há um ano e oito meses na SPTrans, é uma oportunidade rara. Segundo ela, um dos diferenciais da autarquia é a monitoria de estágio por um psi-cólogo formado, proporcionando um feedback ao estudante em capacitação. A função desses estagiários é detectar eventuais confl itos, elaborar projetos de intervenção e, uma vez por sema-na, aplicar uma sessão de orientação profi ssional.

Satisfação pessoal. Outro benefício dessa experiência é a troca de conheci-mentos com os adolescentes, que, para Sheila, traz um aprendizado não ape-nas profi ssional como também pessoal. “É muito gratifi cante contribuir com o crescimento dos outros”, diz. Laura Cristina Neves Savero, geren-te de Atendimento de Gratuidades e coordenadora de Estágios, conta que, ao longo do ano, os estagiários parti-cipam de cursos, eventos e, na conclu-são do estágio, ganham uma solenida-de de formatura.O programa também se adapta de acordo com a necessidade do grupo. Há alguns meses foi detectada uma defasagem es-colar entre os estudantes. Para amenizar o problema, os estagiários de Psicologia criaram uma Ofi cina de Enriquecimen-to Cultural. “Cada jovem escolhe um autor, como Machado de Assis, Clarice Lispector ou Oswald de Andrade, lê sua

biografi a e divide com os outros”, re-vela Laura. Outra estratégia é desco-brir algum assunto de interesse do estudante e associá-lo às disciplinas escolares: para um jovem que gosta de samba, por exemplo, a proposta é incentivá-lo a procurar a história do estilo musical ou fazer uma análise

morfológica das músicas. “Para que o estagiário faça a escolha certa, ele deve se conhecer an-tes”, explica.

O programa Atendendo e Aprendendo oferece

aos jovens a oportunidade de

autoconhecimento e aos estagiários

de Psicologia, a chance de atuar

na área social.

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Page 39: Revista CIEE nº 83 - CIEE

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40 Agitação set/out 2008

Sessões diárias de ginástica mantêm o empresário Mario Amato, aos 90 anos, fiel às atividades físicas. Ex-atleta e ex-presidente de clubes, ele dá, pelo segundo ano seguido, nome ao tro-féu especial concedido à instituição de ensino com o maior número de alunos inscritos na Corrida Uni-versitária do CIEE, prova em que os competidores percorrem dez quilômetros, individualmente ou em reve-zamento. Membro fundador do CIEE, Amato sempre foi dedicado à prática esportiva. “Acredito no esporte como disciplina, educação e respeito.” É esse o espírito da corrida, que deseja conscientizar o jovem sobre a impor-tância da preparação física no aprimo-ramento do rendimento profissional e intelectual. Além de manter uma boa qualidade de vida, a prática esportiva ensina valores e gera mais disposição para as atividades diárias. A corrida, voltada basicamente para es-tudantes universitários, contou também com a participação de alguns atletas pro-fissionais. Caso de Everton Luduvice Mo-raes e Adriano Lima Santos, respectiva-mente primeiro e segundo colocados na categoria individual masculino, ambos acostumados a participar de maratonas fora do país. Eles fecharam a prova com o tempo de 31min48s e 31min49s, res-

LINHA DE CHEGADA Conscientizar estudantes é o objetivo da Corrida Universitária do CIEE.

pectivamente. “Eu e Adriano treinamos muito durante a semana e decidimos chegar quase ao mesmo tempo”, revela Everton. “Foi uma vitória dupla, uma es-tratégia de corrida que nos possibilitou chegar com um segundo de diferença”, completa Adriano. O terceiro colocado foi Jileno Lopes de Oliveira, que chegou dois minutos depois.Na categoria individual feminino, a vencedora foi Vivian Oliveira, ex-estagiária do CIEE, com o tempo 41min12s. “O sedentarismo foi o mo-tivo para eu começar a correr, há cin-co anos”, diz a vencedora. O segundo lugar ficou com a estudante de design gráfico Daniela Barcelos de Souza e o terceiro, com a aluna de cosmetologia e estética Adriana Lima Santos.

Promoção saúde do atleta. Com patrocínio do Bradesco, do Grupo Impacta, da Unimed Paulistana e da Seven Idiomas e apoio institucional da Prefeitura de São Paulo, da Univer-sidade de São Paulo (USP) e da Fede-ração Paulista de Atletismo, a corrida manteve o foco do ano anterior, levan-do qualidade de vida aos estudantes. “É uma forma de atividade que pode ser praticada tanto do ponto de vista competitivo quanto na promoção da saúde do atleta”, comenta Maria Tere-sa Silveira Bohme, chefe do Departa-mento de Esportes da USP, instituição de ensino que recebeu o troféu espe-cial Mario Amato.Além dos troféus, os primeiros e se-gundos colocados receberam uma bolsa integral de estudos da Seven Idiomas e os terceiros, uma bolsa in-tegral de estudos da Impacta. As três primeiras colocações por equipe, nas categorias revezamento geral masculi-no, feminino e mista, também foram agraciadas com os prêmios. A

Os primeiros colocados na categoria masculino individual e Maria Teresa, da USP, instituição que recebeu troféu especial das mãos do Mario Amato.

ESPORTE

Page 41: Revista CIEE nº 83 - CIEE

Áreas em plenocrescimento nãoencontram profissionaise universidades nãoencontram alunos paraatuarem nesse mercado.

www.ciee.org.br

Suplemento especial de Agitação nº 83

Na loucura do vestibular,

a maior parte dos estu-

dantes opta por cursos mais

convencionais. Não é à toa que

Medicina, Direito e Engenha-

ria estão entre as gradua-

ções com maior número

de inscritos nos exames

vestibulares. No entanto,

o mercado de trabalho

tem sofrido constantes

mudanças para aten-

der setores preocupa-

dos com aquecimento

global, diretrizes polí-

ticas, entre outras áre-

as mais específi cas.

As empresas que

possuem em sua

estrutura depar-

tamentos foca-

dos em uma de-

terminada área

de atuação têm tido difi culdades na con-

tratação de colaboradores. Isso explica por

que profi ssionais com formação em cursos

pouco convencionais encontram facilidade

na inserção no mercado de trabalho.

Em razão disso, é essencial que os jovens

que ingressam na carreira profi ssional

estejam atualizados quanto às necessi-

dades do mercado, procurando por espe-

cializações ou graduações diferenciadas.

Mas tão importante quanto ter formação

pouco convencional, é gostar daquilo que

faz. Foi pensando nisso que Davi Curcio

Barbosa Vieira, 20 anos, fez sua escolha

profi ssional, optando pelo curso de Letras,

com habilitação em português e japonês,

fugindo dos tradicionais idiomas inglês e

espanhol. Apesar de não ter ascendência

japonesa, ele explica que seu interesse

pela língua veio da paixão pelos desenhos

e mangás, o que o fez ver na graduação a

possibilidade de unir o útil ao agradável.

“O japonês chama a atenção das empre-

sas porque não é um idioma muito usual”,

explica o estudante, que estagia há dois

meses na Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Page 42: Revista CIEE nº 83 - CIEE

JOVEM

2

A

Área em expansão. Assim como o estagiá-

rio Davi, a professora e coordenadora do

curso de Silvicultura, da Faculdade de Tec-

nologia (Fatec) de Capão Bonito/SP, Selma

Candelária Genari, concorda que o estu-

dante deve conciliar seus gostos pessoais

com a carreira e destaca as possibilidades

que o jovem pode encontrar ao pesquisar

áreas de atuação pouco comuns. Um exem-

plo disso é o fato de a instituição ser a única

no país e na América Latina a oferecer o curso

de tecnólogo em silvicultura. Hoje, com duas

turmas de 40 alunos cada, a Fatec trará pela

primeira vez ao mercado 80 profi ssionais ha-

bilitados a desenvolverem métodos naturais

ou artifi ciais para regeneração e cultivo das

fl orestas, entre outras atividades. Isso porque

a faculdade notou que, nos últimos anos, o

aumento na produção mundial de fl orestas

plantadas se caracteriza como um grande

aliado para a geração de recursos renová-

veis, elevando a produção de combustíveis

alternativos, celulose e papel.

Felizmente, nós temos, no Brasil, condi-

ções climáticas e de solo que favorecem

essa prática, o que tem atraído grandes

conglomerados fi nanceiros a fazerem in-

vestimentos nessas áreas, possibilitando

colocar o país como um dos grandes pro-

dutores mundiais de celulose e papel. É

aí que entra o profi ssional de silvicultura:

“O tecnólogo planeja, executa e controla

atividades de manejo e produção fl orestal,

desenvolvimento de mudas, implantação

e manutenção de fl orestas”, destaca a

coordenadora. Tantos diferenciais no mes-

mo curso garantiram ao estudante Israel

Batista Gabriel uma oportunidade de es-

tágio no Núcleo de Educação Ambiental,

na Votorantim. “Sou praticamente um en-

genheiro ambiental e um agrônomo, em

uma pessoa só”, brinca o jovem.

Novos conhecimentos. Para os mais vi-

sionários, a especialização traz a oportu-

nidade de se destacar dentro do seu ramo

de atuação. É o caso de Adriana Cruz, que

atua na Comunicação da Assembléia Le-

gislativa de Boa Vista/RR e, após 17 anos,

resolveu voltar às aulas, mesmo que vir-

tuais, já que optou por fazer o curso de

Educação a Distância (EaD) da Universi-

dade do Sul Santa Catarina (Unisul). No

único curso do país, ela é um dos quase

200 alunos a fazer Administração Legis-

lativa. De acordo com Aloisio José Rodri-

gues, coordenador do curso, foram quase

mil pré-inscritos. O motivo para tanta pro-

cura é simples: a formação surgiu a partir

da parceria com o Senado e a Assembléia

Legislativa, que notou a necessidade de

profi ssionais mais qualifi cados para as ati-

vidades decorrentes dentro dos órgãos. O

que mostra como o mercado do primeiro,

segundo e terceiro setores está carente de

profi ssionais preparados. “A idéia é habi-

litar esses alunos para trabalhar no setor

legislativo e elevar o nível de conhecimen-

to dessas pessoas. Mas é uma área que

ainda não foi explorada pelos jovens”, en-

fatiza Rodrigues. “O curso me trouxe um

leque de opções e novos conhecimentos”,

comemora Adriana.

Não é surpresa notar que a Universidade

de São Paulo (USP) já abriu inscrições para

novos cursos, em 2009, como Engenharia

de Biossistema e Astronomia, áreas que

enfrentam difi culdades, não com o nú-

mero de candidatos por vaga, mas pela

falta deles. Afi nal de contas, o que pesa

na escolha desses futuros profi ssionais na

hora de decidir a carreira? Seria uma ação

involuntária – em que todos os jovens, ou

boa parte deles, escolhem cursos similares

– ou a falta de informação de novas áreas

de atuação que os impossibilita de fazer

opções mais amplas e diferenciadas?!

nidade de se destacar dentro do seu ramo

JOVEM

2 Aloisio José Rodrigues, coordena o único curso do país na área legislativa.

Page 43: Revista CIEE nº 83 - CIEE

JOVEM

3

A

A fórmula é simples e, em grande parte,

já foi entregue pelo título desta matéria.

Um humorista sozinho no palco desfi a ob-

servações sobre o dia-a-dia, sem encarnar

personagens, contando apenas com um

microfone, um banquinho e uma língua

ferina. Não se tem muito tempo – no má-

ximo, 20 minutos – para criar um vínculo

com a platéia e garantir maior efeito das

piadas seguintes. O desafi o é fazer uma

tirada “entrar”.

Dinho Machado, ator há seis anos e estrean-

te da comédia stand-up (que signifi ca em

pé, no inglês), lembra da sua primeira piada

que “entrou”. “Existe coisa que não se diz

para gordo. Por exemplo: está servido?”,

recontou. Aí, nem o repórter conseguiu

manter a seriedade e o humorista desferiu:

“Olha aí, entrou.” Os humoristas de stand-

up são assim mesmo, têm pensamento rá-

pido e não perdoam ninguém. Nem a eles

mesmos. Aliás, essa é outra regra: só fazer

graça com o que se domina. Dinho, que se

apresenta toda semana com o grupo Na

Lata, confi dencia que está alguns quilos

acima do seu peso ideal.

Esse formato de comédia é feito no Brasil

há mais de 70 anos, com expoentes do one

man show, como Chico Anísio e Jô Soares,

mas nunca decolou até a atriz Grace Gia-

noukas lançar o espetáculo Terça insana,

em 2001, com um sucesso que resistiu vá-

rios anos, sempre com casa cheia. Ainda no

estilo de encarnar personagens, ela conse-

guiu provar que até os humoristas menos

conhecidos tinham talento para segurar

uma platéia inteira no riso. Nos Estados

Unidos, o stand-up já se tornou uma ver-

dadeira fonte de celebridades, revelando

astros como Chis Rock e Jerry Seinfeld.

Por aqui, somente este ano a grande mí-

dia descobriu a força desses comediantes.

O programa CQC da TV Bandeirantes, por

exemplo, compôs todo o seu quadro de re-

pórteres e apresentadores com jovens do

stand-up, como Danilo Gentili. Nessa cena

(mas não se sabe se no CQC), ainda há

banquinhos e microfones disponíveis para

novos talentos e Dinho Machado dá a dica

para aqueles que querem pôr à prova sua

verve: “Todo clube de comédia faz o open

mic, ou seja, abrem sempre seus microfo-

nes para iniciantes”. É só criar, subir no

palco e disparar piadas, rezando para en-

cher a casa de risos.

PÉROLAS DO STAND-UP

Dinho Machado é estreante na comédia e fez rir até o repórter desta matéria.

“Só existe uma honra maior do que ser o último cara que entrevistou

a Dercy Gonçalves: ser o primeiro. Mas seria muita pretensão

minha querer ser Pero Vaz de Caminha.”

Danilo Gentili (realmente o último repórter a entrevistar a comediante).

“Cigarros matam gente todo santo dia.

Esse vício é tão perigoso que mata até quem não fuma.”

Chris Rock

“Você sabe que está fi cando velho quando só tem uma vela no bolo.

É como se dissessem: Veja se consegue apagar ao menos essa”.

Jerry Seinfeld

Page 44: Revista CIEE nº 83 - CIEE

JOVEM

4

Quando criança, as escolhas profi ssionais

são feitas (e descartadas) com grande faci-

lidade: aos sete anos quer ser veterinário,

aos dez sonha ser professor e aos dezes-

sete não faz a menor idéia do vestibular

que vai prestar. Com Alex Eduardo Bevi-

laqua não foi diferente: “Meu sonho de

criança era ser médico”. Por isso, não teve

dúvida em optar, na hora da sua escolha

profi ssional, pela área de biológicas. Du-

rante um ano e meio, estudou Farmácia e

Bioquímica, enquanto trabalhava em uma

agência bancária. Não deu outra: “A facul-

dade me trazia tubos e laboratórios, e a

vida real me trouxe o contato com gente e

a possibilidade de me comunicar”, explica

o jovem. Assim, decidiu desistir do curso e

partir para a área de Comunicação. Hoje

é formado em Publicidade e Propaganda,

e atua no departamento de marketing

de um shopping center da capital paulis-

ta. Quando questionado se valeu a pena

trocar de área de atuação, ele é objetivo:

“Agora achei o meu lugar”.

Uma boa opção para quem quer evitar atuais

ou futuros questionamentos – além de pro-

curar informações do curso pretendido – é

recorrer à orientação profi ssional oferecida

por um especialista, que tem a vantagem de

ser uma pessoa neutra na situação, diferen-

te dos pais ou amigos. Outra dica é procurar

atuar dentro da área escolhida: “Nessa fase, o

estágio é fundamental, pois dá uma visão de

como funciona o mercado de trabalho”, des-

taca Luiz Guilherme Brom, superintendente

institucional da Fundação Escola de Comér-

cio Álvares Penteado (Fecap). A instituição

também notou a incerteza profi ssional entre

os estudantes, principalmente nos primeiros

anos do curso. Por isso, criou uma assessoria

psicopedagógica, que oferece atendimento

gratuito e individual aos alunos.

Pés no chão. No entanto, mais do que

pesquisar sobre as profi ssões e criar ex-

pectativas, é essencial que o jovem iden-

tifi que suas próprias habilidades. Afi nal de

contas, não adianta sonhar com a carreira

de Engenharia, quando não se tem afi ni-

dade com as disciplinas de exatas. “A pes-

soa só sabe para onde ir se conhece suas

possibilidades. Mas a maioria dos jovens

não faz isso, eles simplesmente se lan-

çam”, aponta Sandra Bertelli, psicóloga e

orientadora profi ssional. Além do autoco-

nhecimento, ela cita a importância de ter

sempre “os pés no chão” e não alimen-

tar expectativas ilusórias. Brom aprova a

idéia: “Tudo tem seu glamour, mas tam-

bém tem seu sacrifício. A carreira deve ser

construída em bases sólidas e isso requer

tempo”.

Mesmo após ingressar na faculdade, a escolha da carreira ainda tira o sono de muitos jovens indecisos.

ORIENTAÇÃO E INFORMAÇÃO PROFISSIONAL NO CIEE

Paula se formou em Psicologia e agora optou por fazer Pedagogia.

Aberto para todos os estudantes do ensino médio, superior

e formados depois de um ou dois anos.

O programa conta com cinco encontros de três horas e meia.

Os quatro primeiros são em grupo e o último é atendimento

individual.

Os grupos podem ser formados por no máximo 20 pessoas.

Os interessados em participar do programa podem se

inscrever pelo site: www.ciee.org.br.

A orientação é oferecida gratuitamente no Prédio-Escola do

CIEE: R. Genebra, 65/57 – Centro – São Paulo/SP.

Na hora da dúvida, Luiz G. Brom, da Fecap indica o estágio.

eis a questAoDesistir ou nAo desistir,

Page 45: Revista CIEE nº 83 - CIEE

JOVEM

5 5Lupi De Tomazzo é jornalista especializado em veículos; produtor e apresentador do programa Sobre Rodas da rádio USP FM e responsável pelo site www.carrouniversitario.com.br.

Lupi De Tomazzo

Como proceder num acidente

Na edição anterior, demos algumas dicas de como se portar no caso de se envolver num acidente sem vítimas. Agora, vamos tratar de uma questão um pouco mais de-licada: o que fazer quando há feridos num acidente de carro. Primeiro, é preciso saber o que é uma vítima de acidente. Do ponto de vista médico, é toda pessoa que requer atendimento, seja ele emergencial ou não. Então, desde que você esteja apto a prestar ajuda, a primeira dica é: mantenha a calma e procure agir racionalmente.Deixe o veículo no local onde ele parou e, se possível, tente fazer com que a outra parte também o faça. Procure sinalizar o local e as proximidades para evitar outros acidentes. Acione as luzes de advertência (pisca-alerta) e coloque o triângulo de si-nalização ou equipamento similar a uma distância mínima de 30 metros da traseira do veículo. O equipamento de sinalização de emergência deve ser instalado perpen-dicularmente ao eixo da via e em condição de boa visibilidade.Proteja a vítima, mas evite movimentá-la, pois existe a possibilidade de lesões como fraturas, rupturas de órgãos internos e ou-tros traumatismos. Incontáveis vítimas de acidentes morreram ou fi caram com graves seqüelas em conseqüência do agravamen-to de ferimentos decorrentes de remoções incorretas. Avalie o estado de consciência do acidentado assim como sua respiração e se há sangramentos. Depois, solicite au-xílio pelos telefones 192 ou 193, ou peça para que alguém o faça por você.Até a chegada do socorro, mantenha a víti-ma sob observação. Estando ela conscien-te, procure acalmá-la, mostrando que está amparada e protegida. Se estiver a serviço, entre em contato com a sua empresa, so-

licitando apoio do departamento jurídico, ou com um advogado de sua confi ança – auxílio jurídico nesse momento poderá ser decisivo no futuro. Após a remoção da vítima pelos bombeiros ou resgate, perma-neça no local do acidente para cuidar das providências legais. Procure obter testemu-nhas e, se possível, fotografe a área e os veículos envolvidos.Acompanhe atentamente o preenchimento do Boletim de Ocorrência e só o assine se sua versão estiver transcrita com clareza. Caso não esteja, solicite as alterações que julgar necessárias.Após um acidente com vítima, os envolvi-dos tendem a fi car emocionalmente aba-lados. Por isso, jamais assuma qualquer compromisso fi nanceiro ou responsabili-dade pelo ocorrido. Isso será resolvido ju-dicialmente.Para leigos, o conceito de primeiros socorros é este: uma assistência temporária, visando ajudar a vítima, evitar o agravamento das lesões e aliviar o sofrimento, até que se ob-tenha atendimento profi ssional adequado. Se você não se sentir apto a rea lizar qual-quer procedimento, não o faça. Providencie atendimento apenas ligando para o 192, 193 ou até mesmo o 190.Como última dica é importante observar que em alguns acidentes o condutor acaba sofrendo ameaças da comunidade local. Se isto ocorrer, procure preservar-se. Deixe o local do acidente e, quando chegar a um lugar seguro, ligue para a polícia, identifi -que-se e relate os fatos e o local exato da ocorrência. Esse ato não confi gura omissão de socorro.

Entretanto, se a única certeza que o es-

tudante tem é que aquele curso não se

encaixa no seu perfi l, o superintenden-

te aconselha o jovem a desistir, mas faz

uma ressalva: “Se ele chegou à segunda

metade da formação, é recomendável que

termine o curso, até por questões fi nancei-

ras”. Vale ressaltar que, dando continuida-

de ou não à graduação, o conhecimento

adquirido nunca é perdido. Certeza que

Paula Garcia de Lorenzi Bastos também

tem. Em 2003, ela se formou em Psicolo-

gia, após fazer estágio na Escola Pueri Do-

mus, onde desenvolvia atividades com as

crianças. Oito anos depois, está de volta,

desta vez como estagiária de Pedagogia.

“Foi durante o treinamento que me apai-

xonei pela profi ssão”, esclarece a jovem,

que chegou a ter seu próprio consultório

atuando como psicóloga infantil. Contudo,

neste ano ela optou em voltar para as sa-

las de aula e notou que o conhecimento

adquirido na primeira formação iria cola-

borar na carreira pretendida. “Psicóloga

eu vou ser sempre, e pedagoga é uma for-

mação nova, que vai agregar valor ao meu

desempenho e ao meu currículo”, destaca

Paula, que complementa: “Tem gente que

me acha louca, mas eu estou feliz”. A

com vítimas

Page 46: Revista CIEE nº 83 - CIEE

JOVEM

6

F

IQUE

POR

D E NT

RO

Uma a cada cinco empresas analisa o perfil dos candidatos

na internet, segundo o site de relacionamentos profissionais Viadeo. Então, para não cor-

rer riscos de perder uma valiosa vaga de estágio, vale a pena pensar duas vezes antes de entrar em comunidades comprome-

tedoras ou de duplo sentido como “eu odeio meu patrão” ou “bebo até cair”. Se já entrou, procure deletá-la de seu perfil. Segundo es-

pecialistas, para ter um perfil profissional atraente na internet coloque informações interessantes sobre si, atualize sempre seus dados e mantenha

ativa sua rede de relacionamentos. Usar a internet corretamente pode transfor-má-la numa excelente ferramenta para alavancar sua carreira.

Os irmãos gêmeos Gabriel Bá e Fábio Moon conquistaram mais um troféu para sua coleção: o Prêmio Jabuti, o “Oscar” literário do Brasil. A adaptação para quadrinhos da obra O Alienista, de Machado de Assis, venceu na categoria álbum didático e paradidático de ensino fundamental ou médio. Só este ano, os gêmeos conquistaram três categorias do Eisner Awards, principal premiação da indústria norte-americana de quadrinhos,

entre elas, a de melhor antologia com a revista 5, que também teve a colaboração de outro brasileiro, Rafael Grampá.

Acumulando prêmios

Cuidados com seu PERFIL NA INTERNET

Os irmãos gêmeos Gabriel Bá e Fábio Moon conquistaram mais um troféu para sua coleção: o Prêmio Jabuti, o “Oscar” literário do Brasil. A adaptação para quadrinhos da obra Assis, venceu na categoria álbum didático e paradidático

ESTÁGIO

Durante o encontro anual do Royal College of Psychiatrists, instituição do Reino Unido e da Irlanda, foi discuti-da a preocupação com a geração de usuários da internet, nascida depois de 1990, pela possibilidade do de-senvolvimento de uma visão perigosa a respeito do mundo e da sua própria identidade. A causa disso seria o fato desses jovens viverem em um mundo dominado pelos sites de relaciona-mento, como o Orkut e MySpace. Se-gundo o psicanalista inglês Himanshu Tyagi, defensor da tese, o ritmo rápido

desses sites podem causar pro-blemas de comportamento, visto

que seus usuários podem achar a

vida real “cha-ta e pouco es-

timulante”.

MALEFÍCIOS da rede

Democracia na escolaNo intuito de conscientizar professores, alunos, pais e

responsáveis sobre a importância da democracia e de seus direitos e deveres, foi lançado no Rio de

Janeiro o programa Cidadania e Justiça também se aprendem na escola, iniciativa da Associação

dos Magistrados Brasileiros (AMB) e da Secretaria de Estado da Educação do Rio de Janeiro. O site do

programa é totalmente interativo e ajudará crianças e adultos a se informarem sobre seus direitos e deveres como cidadãos. A AMB reúne mais de 13 mil juízes em todo o país.

Page 47: Revista CIEE nº 83 - CIEE

JOVEM

7

Reinaldo Domingos

Reinaldo Domingos é consultor e terapeuta fi nanceiro, autor do livro Terapia Financeira e criador da metodologia comportamental DISOP ( www.disop.com.br) 7

DESCONTO facilita

Duas equipes brasileiras foram cam-peãs no último dia do torneio Imagine Cup 2008, na França, promovido pela Microsoft e considerado a Copa do Mundo da computação. Formada por estudantes da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), a equipe Mo-ther Gaia Studio conquistou o prêmio de desenvolvimento de jogos. O time pretende investir os 25 mil dólares do prêmio na produção do próximo jogo. O Imagine Cup 2008 foi divulgado du-rante a Feira do Estudante – Expo CIEE 2008, no estande da Microsoft.

O período da vida dedicado ao estudo é muito importante, é nele que o jovem conquista grande parte dos conhecimen-tos, mas também enfrenta difi culdades fi nanceiras, por não ter ainda uma car-reira consolidada, e, em muitos casos, por receber salários e bolsas-auxílio com valores baixos, quando recebem. Assim, para boa parte dos estudantes, ativida-des culturais passam a ser vistas como um luxo dispensável. Mas aqui há um duplo equívoco. Primeiro, nem sempre bons espetáculos ou livros custam caro. Segundo, cultivar a arte não é um luxo, mas, sim, um instrumento para aprimo-rar sua formação integral, que passa ne-cessariamente pela cultura. Uma dica interessante é pesquisar o ro-teiro de espetáculos gratuitos, existente em quase todas as grandes e médias ci-dades. Outra é aprender a usar a cartei-ra de estudante, que possibilita descon-tos de 50% em ingressos para eventos, como peças de teatro, shows, cinema, desconto na compra de livros e viagens. É fundamental que todos os estudantes tenham a sua carteira e aproveitem os descontos com responsabilidade e coe-rência, buscando aprimorar a bagagem cultural que valorizará seu desenvolvi-mento profi ssional e humano. À primeira vista pode não parecer, mas eventos culturais são um ótimo investi-mento para o futuro profi ssional, pois propiciam descobertas, abrem caminho para desenvolvimento de novas idéias e ajudam a criar rede de relacionamento, entre outras vantagens. Mas, mesmo com ótimos descontos, é importante ter controle de quanto se gasta para que o

acesso à CULTURA

benefício não se torne um atalho para o endividamento.Nada de ir indiscriminadamente a tudo que acontece, só porque tem desconto. É impor-tante avaliar a importância do evento cultural e o que ele trará de benefício. Vale também lembrar que existem outras despesas envol-vidas, que poderão pesar no orçamento no fi nal do mês. Por exemplo, para ir ao cinema também se gasta com transporte, pipoca, re-frigerante, balas. Outra dica é que o jovem, ao escolher um evento, deverá anotar o valor total do in-gresso e o que ele irá economizar, ou seja, a metade. Essa “economia” é uma excelente oportunidade para iniciar o caminho rumo à independência fi nanceira e, portanto, deverá ser guardado. Mas se isso não for possível, a cultura deve ter prioridade, pois todo investimento nesse campo é como uma poupança, que será bastante signifi -cativa para iniciar a trilha para realização dos seus sonhos. Tenha em mente que a cultura valorizará você não apenas nos relacionamentos pes-soais, mas também nos profi ssionais, valen-do pontos positivos na hora de uma empresa contratar ou, até mesmo, promover alguém. A cultura e a educação são ferramentas para melhorar a qualidade de vida da população e, para o estudante, a carteirinha é a melhor forma para conquistar cada vez mais o sa-ber que certamente o ajudará a se tornar um profi ssional apto a enfrentar os rigores do mercado de trabalho.

Brasileiros vencem Imagine Cup

Os brasileiros conquistaram a 16ª co-locação entre os 97 países que dis-putaram a Olimpíada Internacional de Matemática, realizada em Madri, na Espanha. A equipe brasileira terminou a competição com 217 pontos e trou-xe para casa cinco medalhas de prata e uma de bronze. A equipe tupiniquim é formada pelos estudantes Renan Henrique Finder, Henrique Pondé de Oliveira Pinto, Rafael Tupynambá Du-tra, Davi Lopes Alves de Medeiros, Régis Prado Barbosa e Marcelo Ma-theus Gauy. O primeiro lugar do cam-peonato ficou com a China.

É BRASIL NA MATEMÁTICA!

Page 48: Revista CIEE nº 83 - CIEE

8

A

Jesus, Cajuína, Mineirinho,

Mate-Couro e Cini Gengi-

birra. Se alguém pensa

que são de nomes de

jogadores de futebol,

enganou-se. Eles per-

tencem às tubaínas,

refrigerantes regionais

que, dentro de sua área de

venda, brigam com marcas fortes

nacional e até internacionalmente, como o

Guaraná Antarctica e a Coca-Cola, e ganham

a concorrência com preços menores e sabo-

res exóticos.

A verdadeira tubaína nasceu na década de

30, em Jundiaí, interior de São Paulo, lança-

da pela empresa Ferráspari. Produtora de

vinhos, aguardentes, vermutes e xaropes,

ela também produzia balas com o nome

Tubaína. Com o tempo, os doces foram dei-

xados de lado e o nome fi cou exclusivo dos

refrigerantes tutti-frutti, e virou sinônimo

de refrigerante regional, graças aos concor-

rentes que, nas décadas de 40 e 50, con-

seguiram permissão para usar o sufi xo em

seus produtos. Assim surgiram a Itubaína

e a Taubaína, entre outras. O refrigerante

pioneiro ainda existe, mas chama-se Turbaí-

na, nome pelo qual é velho conhecido dos

moradores de Jundiaí.

Quase alçados à categoria de atrações

regionais, outros refrigerantes diferencia-

dos pipocaram pelo Brasil afora, sempre

buscando satisfazer o gosto de seu merca-

do potencial, alguns com nomes que não

respeitam nem as divisas estaduais. Cria-

do por acidente pelo farmacêutico Jesus

Norberto Gomes, o maranhense Guaraná

Jesus é caracterizado por sua coloração

rosa e forte sabor de cravo e canela – in-

gredientes usados em sua produção – que,

para os apreciadores, é divino. Para refres-

car o calor, os cearenses contam com o Re-

frigerante de Caju São Geraldo, a popular

Cajuína, fabricada em Juazeiro do Norte e

que, ao contrário da homônima do

Piauí (que aparece na

música de Caetano Ve-

loso), é gaseifi cada.

Apesar do nome, o Mi-

neirinho é encontrado

no Rio de Janeiro, na

cidade de Niterói. Como

é feito com guaraná e

chapéu-de-couro, planta conhecida tam-

bém como chá-mineiro, dizem que ele tem

diversas propriedades medicinais. Por esse

motivo, além de seu paladar agradável, o

Mineirinho é procurado por seus efeitos

diuréticos e laxativos.

Outro refrigerante que possui chapéu-de-

couro entre seus ingredientes é o Mate

Couro, que também conta com erva-mate

na fórmula. Para alguns mineiros, o Mate

Couro está para pão-de-queijo assim como

guaraná está para o sanduíche de mor-

tadela, para os paulistas. Só que, para

desmentir os preconceituosos, des-

de 2001 o refrigerante é exportado

para os Estados Unidos, tendo como

destino cidades como Nova York,

Miami e Boston. Os para naenses

entram na lista com a gasosa (como

chamam seus refrigerantes regionais)

Cini Gengibirra, à base de gengibre,

muito refrescante e produzida quase

artesanalmente para garantir as pro-

priedades da planta.

Piauí (que aparece na

música de Caetano Ve-

Apesar do nome, o Mi-

neirinho é encontrado

no Rio de Janeiro, na

cidade de Niterói. Como

Cajuína, fabricada em Juazeiro do Norte e

que, ao contrário da homônima do Couro está para pão-de-queijo assim como

guaraná está para o sanduíche de mor-

tadela, para os paulistas. Só que, para

desmentir os preconceituosos, des-

de 2001 o refrigerante é exportado

para os Estados Unidos, tendo como

destino cidades como Nova York,

Miami e Boston. Os para naenses

entram na lista com a gasosa (como

chamam seus refrigerantes regionais)

Cini Gengibirra, à base de gengibre,

muito refrescante e produzida quase 8

Mais do que bebidas, as tubaínas são patrimônios regionais.

Guaraná Jesus e Mineirinho fazem parte da cultura local em sua área de venda.

Page 49: Revista CIEE nº 83 - CIEE

49Agitaçãoset/out 2008

A

O CIEE firmou parceria para adminis-trar 340 vagas de estágio na Defenso-ria Pública do Estado de São Paulo. De imediato, foram abertas 236 oportuni-dades, das quais 141 para a Capital e região metropolitana e as demais para o interior do estado. Os selecionados, estudantes do ensino médio e do curso superior de Administração de Empre-sas, iniciaram, em setembro, o estágio nas áreas administrativas do órgão. “Para o estudante, é a oportunidade de colocar em prática o que aprende na es-cola; para a Defensoria é uma forma de ajudar a formar profissionais e cidadãos melhores e, quem sabe, mais tarde eles poderão se tornar nossos funcionários ou defensores públicos”, destaca Cristi-na Guelfi Gonçalves, defensora pública geral, referindo-se ao aprendizado que o estágio proporciona, até mesmo para enfrentar um concurso público.Criada em 2006, a Defensoria Públi-ca de São Paulo é uma instituição que visa oferecer serviços jurídicos gratui-

DIREITO

Estágio na Defensoria Pública tos aos cidadãos que não possuem re-cursos financeiros para contratar ad-vogados, atuando em diversos ramos do Direito. Nesse contexto, o estágio se reveste de uma importância social, considerando que “o estagiário será sensibilizado pelo clamor de justiça da população em busca de uma vida melhor e auxiliará a Defensoria Públi-ca, por intermédio de funções-meio, no processo de transformação social”, avalia Fabiano Brandão, defensor pú-blico do Gabinete da Defensoria Pú-blica do Estado de São Paulo. A proposta do programa de estágio não está restrita à seleção dos candidatos, compreende, também, o acompanha-mento do estagiário e sua capacitação, por meio de treinamentos e oficinas ministradas em parceria com o CIEE, que contribuirão para a sua formação profissional. “A seriedade do trabalho do CIEE e os treinamentos oferecidos aos estagiários, entre outros serviços, foi um diferencial para a contratação da instituição”, destaca Brandão.Como uma entidade nova, a Defen-soria está estruturando suas ativida-des, com a centralização das ações administrativas e descentralização do atendimento. “O programa de está-

gio vem reforçar essa etapa, na qual contaremos com os estudantes para auxiliar na implan-tação dessas ações, oxigenar o nosso quadro de pessoal e contribuir com idéias”, enfatiza Ri-

Além de contar com novas idéias dos jovens, o programa tem importância social.

cardo Amorim Leite, diretor de RH, que participou do integrativo dos re-cém-contratados, realizado no CIEE. “Espero aprender muita coisa para a vida profissional e pretendo perder a timi-dez”, diz Rebeca Melo Alayete, 19 anos, estudante do curso de Administração de Empresas, na Universidade Paulista (Unip). Helder Carlos Alves, 16 anos, estudante do ensino médio da Escola Es-tadual Jardim Vazame II, no município de Embu, já está no segundo estágio e se mostra mais seguro. “Achei interessante a oportunidade na Defensoria Pública, pois pretendo ser advogado”, destaca, feliz porque irá desfrutar do contato an-tecipado com ambiente no qual predo-minam profissionais de Direito.

Fabiano Brandão e Cristina G. Gonçalves, da Defensoria Pública de São Paulo.

Rebeca M. Alayete e Helder C. Alves, estagiários que atuarão nas áreas administrativas do órgão.

Page 50: Revista CIEE nº 83 - CIEE

50 Agitação set/out 2008

Conhecidas por seu trabalho de assis-tência às populações carentes, as enti-dades fi lantrópicas estão preocupadas com a possível aprovação do Projeto de Lei 3.021/2008, apresentado pelo governo federal em março, que prevê mudanças signifi cativas nas regras de concessão de isenções fi scais às insti-tuições benefi centes. Para promover o debate sobre o projeto de lei, que tramita na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, os organizadores dedicaram o 11º Se-minário CIEE/Gazeta Mercantil do 3º

Ameaça ao futuro da filantropia

TERCEIRO SETOR

Reunidos em seminário, especialistas criticam projeto de lei que pretende mudar as regras para concessão de imunidade fi scal às ONGs.

Setor ao tema A Isenção das Contribui-ções Fiscais das Entidades Benefi centes de Assistência Social. A relevância do assunto atraiu mais de 400 participantes ao Teatro CIEE, na manhã de 14 de agosto, e contou com a presença de autoridades governa-

mentais, tributaristas e representantes de organizações fi lantrópicas: Paulo Nathanael Pereira de Souza, presiden-te do Conselho de Administração do CIEE; Luiz Gonzaga Bertelli, presi-dente executivo do CIEE; Nelson Ta-nure, presidente do Conselho de Ad-

Ameaça ao futuro da filantropia

No encontro, convidados expuseram problemas do projeto de lei.

Page 51: Revista CIEE nº 83 - CIEE

51Agitaçãoset/out 2008

Ameaça ao futuro da filantropia

ministração da Companhia Brasileira Multimídia, que edita o jornal Gazeta Mercantil; o secretário executivo do Ministério da Previdência Social, Car-los Gabas; o jurista e Professor Eméri-to CIEE/Estadão de 2007, Ives Gandra da Silva Martins; a advogada Flávia Regina de Souza Vieira, especializa-da no Terceiro Setor; e o professor de Direito Josenir Teixeira, membro do Conselho Nacional de Assistência So-cial (CNAS).

Dúvidas procedentes. Segundo a pro-posta do Poder Executivo, a concessão do Certificado de Entidades Beneficen-tes de Assistência Social (Cebas), que atualmente é competência do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), passará a ser atribuição dos ministérios, de acordo com a área em que cada insti-tuição atua. “Se é sabido por todos que os ministérios não contam com estru-tura nem com regras de funcionamento adequadas para cumprir seus deveres de hoje, como ficarão com mais essas tare-fas?”, pergunta o professor Paulo Natha-nael Pereira de Souza. De acordo com ele, o texto do projeto provoca dúvidas sobre a propriedade, a oportunidade e, até mesmo, a legalidade, de muitas de suas proposições.As 400 pessoas que lotaram o Teatro CIEE também assistiram ao jurista Ives Gandra da Silva Martins chamar a atenção para possíveis equívocos da proposta, com ênfase numa questão apenas aparentemente técnica, pois, na realidade, sua definição terá forte impacto – para o bem ou para o mal – no futuro e na própria sobrevivência de muitas entidades filantrópicas. Ele apontou como erro o fato de o projeto tratar a isenção fiscal como um favor às entidades, a ser decidida por lei comum, ao talante dos governantes, e não como uma imunidade garanti-da pela Carta Magna e, portanto, in-dependente dos humores das autori-

dades do momento. “A Constituição determina que não se pode tributar as entidades beneficentes”, enfatiza. A par de questionamentos legais, Gan-dra Martins cobra também uma posi-ção do governo federal: “A intenção do governo é prestigiar o Terceiro Setor ou torná-lo uma fonte arrecadadora?”. Segundo ele, transformar as entida-des em veículos arrecadatórios causa-ria danos irreversíveis na sociedade, principalmente à população carente, foco permanente das entidades filan-trópicas. “Seria como eliminar toda a força de sua obra social, indispensável ao país nos dias atuais.”

Tendência mundial. Partindo da mes-ma idéia, o empresário Nelson Tanu-re, presidente do Conselho de Admi-nistração da Companhia Brasileira de Multimídia, concorda que o projeto de lei representa uma ameaça do Esta-do às ações sociais do Terceiro Setor. “Essa proposta é mais um obstácu-lo para quem quer fazer o bem neste país”, enfatiza.Com a inoperância do poder público em resolver os graves problemas so-ciais do país, as entidades do Terceiro Setor assumiram um papel cada vez mais importante na sociedade. Espe-cialistas apontam que o crescimento desse setor, que ganhou força a partir dos anos 90, representa hoje cerca de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Entre 2002 e 2005, o número de entidades cresceu 22,6%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Es-tatística (IBGE). Atualmente são cerca de 340 mil organizações no país. Para o presidente executivo do CIEE, Luiz Gonzaga Bertelli, o setor consolida-se no mundo todo. “Só nos Estados Uni-dos, movimenta cerca de um trilhão de dólares.”Para a advogada Flávia Regina de Sou-za Vieira, o projeto de lei é uma tenta-tiva do Poder Executivo de controlar

Gandra: equívocos da proposta.

Flávia: insegurança para ONGs.

Tanure: projeto representa ameaça.

Page 52: Revista CIEE nº 83 - CIEE

52 Agitação set/out 2008Agitação set/out 200set/out 200set 8

ENTIDADES PREMIADAS

O 11º Seminário CIEE/Gazeta do 3º Setor premiou dez entidades fi lan-trópicas que se destacam pela seriedade e excelência dos serviços pres-tados, principalmente à população carente. E mais: são emblemáticas do valor das entidades para atenuar as grandes falhas da ação do Estado. Os representantes das institui-ções receberam um troféu dos palestrantes do seminário. Os agraciados são: Associação de Assistência à Criança Defi cien-te (AACD), Associação Paulista de Pais e Amigos dos Excepcio-nais (Apae), Casa de Saúde San-ta Marcelina, Fundação Dorina Nowill para Cegos, Hospital Be-nefi cência Portuguesa, Hospital A.C. Camargo, Inspetoria Sale-siana de São Paulo, Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Laramara – Associa-ção Brasileira de Assistência ao Defi ciente Visual, Organização Não-Governamental Futurong Ação Social Cultural.

as ONGs e chamar para si a respon-sabilidade da área social. “O governo não quer mais a ajuda da sociedade, mas, sim, apontar as políticas que precisam de apoio”, afi rma. “É uma indução.” De acordo com Flávia, com a nova proposta, os ministérios terão elementos sufi cientes para pressionar as entidades a participarem de progra-mas específi cos do governo. “Quem fechar com o Sistema Único de Saúde (SUS), por exemplo, poderá ter mais chance de obter o certifi cado, diante da nova proposta”, revela. A advogada mostra que as mudanças propostas acarretam insegurança e in-certeza nas organizações não-governa-mentais. “Por conta de legislações, de-cretos, portarias e leis inconstitucionais, algumas instituições acabam gastando

muitos recursos com advogados, quan-do poderiam estar investindo em educa-ção, saúde e assistência social”, diz.

Generalização perigosa. A polêmi-ca jurídica também tende a provocar desgastes na imagem das entidades fi lantrópicas, pela generalização sem-pre perigosa e injusta. O professor de Direito Josenir Teixeira usa como exemplo a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou algu-mas entidades. “Ela não deveria ser chamada de CPI das ONGs, pois cui-dou apenas de dez empresas e não de 340 mil”, enfatiza. O professor defende a manutenção do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) como único órgão legítimo de controle das entidades benefi centes. “Se existe ‘pi-lantropia’, é porque há defi ciências na fi scalização por parte do poder públi-co.” Ele enfatiza que “o CNAS não é o vilão da história”, e, por isso, não há razão para transferir a concessão do Cebas para os Ministérios. “Não tem lógica deixar a raposa cuidando do galinheiro.”

Teixeira: manutenção da CNAS.

A

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53Agitaçãoset/out 2008

Expansão do Aprendiz LegalO Programa Aprendiz Legal, parce-ria do CIEE com a Fundação Roberto Marinho (FRM), segue expandindo sua atuação no Brasil. Em 17 de setembro, as entidades lançaram o Programa Aprendiz Le-gal no estado do Pará, e em 26 de agosto, em Ri-beirão Preto/SP. Ainda, em 27 de agosto, pro-moveram o Seminário A lei de aprendizagem – Aplicabilidade e ações concretas para sua implementação, para empresários, executivos de RH e outros interes-sados, em Guarulhos, município da Grande São Paulo. A união das entidades começou em abril de 2007, nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, sendo posteriormente ampliada para outros estados, auxiliando as empresas a cum-prirem a Lei 10.097, de 19/12/2000, que as obriga as de médio e grande porte a contratar aprendizes, de 14 a 24 anos, em percentuais de 5% a 15% do número de colaboradores. Nesse processo, cabe ao CIEE selecionar, re-

crutar e fazer a capacitação teórica dos aprendizes, com base na metodologia pedagógica desenvolvida pela Funda-ção Roberto Marinho.

Novas parcerias. O CIEE acaba de as-sinar acordo com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP) e o Grupo Voto-rantim Finanças para implementa-ção do Programa Aprendiz Legal. De imediato foram abertas 74 vagas para aprendizes, 55 delas para atuação nas unidades do Sebrae, no estado de São Paulo, e 19 para os escritórios do Gru-po Votorantim Finanças espalhados

Encontro na Associação Comercial e Industrial de

Ribeirão Preto.

Regina Dubugras, juíza da Vara do Trabalho, e aprendizes, em Guarulhos.

pelo país. Na Votorantim, a parceria prevê a criação de 200 vagas de apren-dizes, para preenchimento gradativo. Hoje, o Programa Aprendiz Legal con-ta com mais de 11 mil aprendizes em capacitação, com a parceria de 2.650 empresas no Brasil.

Celso Marques de Oliveira, do Grupo Votorantim Finanças.

CIEE em foco

Page 54: Revista CIEE nº 83 - CIEE

CIEE em foco

54 Agitação set/out 2008

600 consultas jurídicas gratuitasO Projeto de Orientação Jurídica Gra-tuita à População Carente, mantido como ação social filantrópica pelo CIEE em parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil – Secção São Paulo (OAB-SP), completou três me-ses em setembro, tendo cumprido to-das as metas estabelecidas para a etapa inicial de funcionamento. Nesse perío-

do, os estagiários responsáveis por indicar soluções em todas as áreas do Direito prestaram 600 atendimentos a pessoas com renda familiar de até três salários mínimos, sob a supervisão de advogados das duas entidades. Rober-to Veloce, um dos supervisores volun-tários da OAB-SP, conta que percebe a satisfação de quem é orientado e

também, como profissional, se sente bastante realizado a cada atendimento. “É um tipo de serviço que falta à população”, ressalta. O posto funciona das 13h às 17h, no Prédio-Escola CIEE, localiza-do no centro da capital pau-lista (Rua Genebra, 65/57).

Prêmio Jovem BrasileiroNo dia 22 de setembro, foi realizada a cerimônia de entre-ga do 7º Prêmio Jovem Brasileiro, comandado pelo apre-sentador Serginho Groisman, no Memorial da América

Latina, em São Paulo. O CIEE, um dos patrocinadores do evento, foi representado pelo superintendente de Operações Eduardo Oliveira, que entregou o troféu a estu-dante do ensino médio Larissa Ferreira Barbosa, uma das vencedoras do concurso de redação da categoria Estudante. A universitária Jussara Nunes Oliveira, a outra jovem premiada, não compareceu ao evento. Larissa ganhou também uma bolsa de estudos do grupo educacional Anhangüera. Iniciado em 2002, sob idealização do empreendedor Guto Melo, o prêmio já homenageou mais de 200 jovens de destaque em diferentes áreas de atividade. A escolha é feita por uma comissão especial, composta por jor-nalistas, colunistas e formadores de opinião antenados no mundo jovem.

Conarh 2008O CIEE divulgou seus produtos e serviços a empresários e execu-tivos durante o 34º Congresso Nacional sobre Gestão de Pes-soas – Conarh, de 19 a 22 de agosto, no Transamérica Expo Center, em São Pau-lo. Realizado anual-mente, o congresso reúne organizações e profissionais interes-sados em se aprofun-dar no tema. O Conarh, ocorre a Expo ABRH, maior vitrine de oportunida-des, inovações e tecnologias para Ges-

FEIRAS E EVENTOS

HOMENAGEM

Entrega de medalhasNa abertura da exposição Ciccillo Matarazzo – o mecenas das artes, o CIEE homenageou personalidades da sociedade paulista com a entrega de medalhas que levavam o nome do empresário, cuja história é tema de matéria desta edição (pág. 72). Entre

Eduardo Oliveira e Larissa Barbosa, uma das vencedoras da categoria Estudante.

Roberto Veloce e a estagiária Aline Barbosa, durante orientação jurídica no Prédio-Escola.

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55Agitaçãoset/out 2008

II Feira de Profi ssões da USPO CIEE foi a única instituição de fora da Universidade de São Paulo (USP) a marcar presença na II Feira de Profi ssões da USP, realizada entre os dias 7 e 9 de agosto na Escola Politécnica. Voltada para estudantes do ensino médio, a fei-ra teve como objetivo fornecer informações sobre carreiras e cursos oferecidos pela univer-sidade. O CIEE dispo-nibilizou em seu estan-de informações sobre estágio e cadastramento do estudante na base de dados da instituição.

A favor da democracia

Antecedendo as eleições mu-nicipais, estudantes, empresá-rios – e até mesmo candidatos – tiveram um momento de refl exão proporcionado pelo Movimento Mulheres da Ver-dade, presidido por Yvonne Capuano (na foto), conse-lheira do CIEE. No dia 25 de setembro, a entidade promo-veu o Seminário Eleitor Bra-sileiro: Vítima ou Cúmplice?, com o objetivo de debater o comportamento do elei-tor brasileiro e as possíveis soluções para a conscientização dos cidadãos na escolha de seus candidatos. O en-contro, realizado no Teatro CIEE, em São Paulo, contou com a presença dos presidentes e conselheiros do CIEE, autoridades, membros de academias e formadores de opinião.

O Movimento Mulheres da Verdade surgiu em novembro de 2004 para lu-tar pela ética, cidadania e justiça so-cial. Entre suas ações, o grupo promo-ve cursos, palestras e seminários que abordam a temática da cidadania, além de realizar projetos que visem à melho-ria da qualidade de vida da população brasileira em todos os seus aspectos.

os homenageados, estavam Andrea Matarazzo, secretário de Coordena-ção das Subprefeituras de São Pau-lo; Carlos Augusto Machado Calil, secretário municipal da Cultura

de São Paulo; Julio Neves, presidente do Museu de Arte de São Paulo (Masp); Lisbeth Rebollo Gonçal-ves, diretora do Museu de

Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP); Luiz Ernesto Kawall, curador da mos-tra; Manoel Francisco Pi-res da Costa, presidente da Fundação Bienal; a artista plástica Maria Bonomi; e a jornalista e crítica de arte Radha Abramo.

tão de Pessoas. A exposição integra di-ferentes espaços, como a Arena Social, Espaço Mulher e Espaço Cultural.

de São Paulo; Julio Neves,

Manoel F. Pires da Costa (direita) entrega medalha a Luiz Ernesto Kawall.

Page 56: Revista CIEE nº 83 - CIEE

CIEE em foco

56 Agitação set/out 2008

A

Competitividade no mercado de trabalhoLuiz Gonzaga Bertelli, presiden-te executivo do CIEE, participou como palestrante da 7ª Semana de Administração de Empresas, do Centro Universitário Adven-tista de São Paulo (Unasp), em 11 de setembro, em Engenheiro Coelho/SP. Ao abordar o tema Competitividade em Tempos de Grandes Mudanças, Bertelli pas-sou um prognóstico positivo para os futuros Administradores de Empresas, informando que, apesar da tendência inflacionária dos úl-timos meses, do aumento da taxa de juros e das oscilações da bolsa de valores, o Brasil vive seu me-lhor período econômico em três décadas. Ele lembrou que, com o desenvolvimento da economia, novas empresas surgem e com isso mais campo de trabalho para essa área profissional. Atualmente, Ad-ministração de Empresas é a car-reira com maior oferta de vagas para estágio no país.

PALESTRAS

A Professora Emérita - Troféu Guerreiro da Educação de 1999, Esther de Figueiredo Ferraz, morreu no dia 23 de setembro, aos 93 anos, no Hospital do Coração, em São Paulo, vítima de acidente vascular cerebral. Pri-meira mulher a assumir um ministério no Brasil – foi titular da pasta de Educação e Cultura (entre 1982 e 1985), no governo de João Batista Figueiredo –, tam-bém destacou-se como a primeira mulher a lecionar na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo São Francisco, e a primeira reitora de universidade no Brasil, no Mackenzie, em 1965.

Membro da Academia Paulista de Letras (APL), ocupante da cadeira 36, cujo patrono é Euclides da Cunha, Esther integrou o conselho de várias entidades, como a Federa-ção das Indústrias do Estado de S. Paulo (Fiesp) e os conselhos de Educação Estadual e Federal. Foi também secretária estadual de Educação de São Paulo, na administração de Laudo Natel (de 1971 a 1973). Esther escreveu vários livros como Os Delitos Qualificados pelo Resultado; A Co-delin-qüência no Direito Penal Brasileiro; O Perdão Judicial; O Menor e os Direitos Humanos; Prostituição e Criminalidade Feminina. A Professora Emérita dizia que “deixar um car-go bem e com dignidade é também uma forma de educar”.

Esther de Figueiredo Ferraz morre aos 93 anos

O CIEE expande sua atuação em Alagoas, com a inauguração de um posto de aten-dimento nas dependências da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Arapiraca, cidade localizada a 130 quilômetros de Maceió. O posto funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h30 e está localizado na Rua Professor Domingos Correia, 490. Telefo-nes: (82) 3521-6095 e 3522-2109.

VII GerhaiLuiz Gustavo Coppola, superinten-dente de Atendimento do Interior Paulista e Centro-Oeste Brasileiro, proferiu palestra sobre o tema O mercado de exportação e as exigên-cias internacionais: A visão do mundo sobre os nossos processos de gestão de pessoas, durante o VII Seminário do Gerhai – Gestão de Pessoas e Susten-tabilidade no Agronegócio, em 19 de setembro, em Ribeirão Preto/SP. O “Seminário do Gerhai”, como é co-nhecido, já se tornou referência para os profissionais do setor sucroalcoo-leiro e de Gestão de Pessoas e Susten-tabilidade.

Posto de atendimento em Arapiraca/AL

Justino Magno Araújo, desembargador do Tribunal de Jus-tiça de São Paulo (TJ/SP) e historiador, tomou posse, em 22 de agosto, na Academia Cristã de Letras (ACL), presi-dida por Paulo Nathanael Pereira de Souza, presidente do Conselho de Administração do CIEE. O novo acadêmico foi saudado por Luiz Gonzaga Bertelli, presidente executi-vo do CIEE e da Academia Paulista de História.

Justino Magno na ACL

Vera Lúcia da Silva, presidente da CDL, Fabiana M. F. Nobre Porto e Alessandro Salvatore, ambos do CIEE.

Page 57: Revista CIEE nº 83 - CIEE

Alfabetização e cidadania: a educação no centro da sociedade.

Programa CIEE de Alfabetização e Suplência

Gratuita para Adultos

Programa CIEE de Alfabetização e Suplência

Gratuita para Adultos

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Page 58: Revista CIEE nº 83 - CIEE

A inclusão social é um direito de todos e a alfabetização é uma das bases fundamentais para o desenvolvimento de uma sociedade equilibrada. O Programa CIEE de Alfabetização e Suplência Gratuita para Adultos tem como objetivo principal o crescimento dos brasileiros que, pelas mais diversas razões, não tiveram a oportunidade de aprender a escrever ou a ler.

Graças a este programa é possível reduzir a desigualdade social, através da alfabetização funcional, suplência de 1ª a 8ª série e ensino médio. A finalidade é conseguir que os alunos participantes consigam, com o conhecimento adquirido, sua inclusão em melhores oportunidades. Ao final do programa, após a realização de testes, é entregue através da rede oficial de ensino um certificado reconhecido pelo MEC.

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Page 59: Revista CIEE nº 83 - CIEE

Alfabetização e cidadania: a educação transformando a sociedade.

Em 8 de setembro - Dia Internacional da Alfabetização, o CIEE homenageia todas as

empresas-parceiras que se esforçam e atuam na integração e transformação do indivíduo por

meio da educação. Aos parceiros do Programa CIEE de Alfabetização e Suplência Gratuita para

Adultos, nosso agradecimento e reconhecimento. Com os votos de ainda mais sucesso na

jornada em busca da cidadania.

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Page 60: Revista CIEE nº 83 - CIEE

60 Agitação set/out 2008

A idéia de que sua empresa precisa para se tornar transformadora.

Sede CIEERua Tabapuã, 540 - Itaim Bibi04533-001 - São Paulo/SPTel.: (11) 3040-9800 / Fax: (11) 3040-9955

Prédio-Escola CIEERua Genebra, 65/57 - Centro01316-010 - São Paulo/SPTel./Fax: (11) 3111-3000

Gerência Regional Centro-OesteRua 03, nº 1.245 - Qd. 81- Lote 12A - Setor Central74020-020 - Goiânia/GOTel./Fax: (62) 4005-0750

Gerência Regional Distrito FederalSCS - Qd. 07 - Bl. A - 10º and. - sls. 1002 a 1006/1008/1010Torre Páteo Brasil Shopping70307-901 - Brasília/DFTel.: (61) 2102-8800 / Fax: (61) 2102-8888

Gerência Regional NordesteAv. Barão de Studart, 2.360 - lj. A - Bairro Aldeota60120-002 - Fortaleza/CETel./Fax: (85) 4012-7600

Espaço Sociocultural - Teatro CIEERua Tabapuã, 445 - Itaim Bibi04533-011 - São Paulo/SPTel: (11) 3040-6541/6542Fax: (11) 3040-6533

Gerência Regional Nordeste-SulAv. Tancredo Neves, 450 - cj. 1.502 -15º and.41820-020 - Salvador/BATel./Fax:(71) 2108-8900

Gerência Regional NorteRua João Alfredo, 453, Bairro São Geraldo69053-270 - Manaus/AMTel./Fax:(92) 2101-4250

Gerência Regional Rio de JaneiroRua da Constituição, 67 - Centro20060-010 - Rio de Janeiro/RJTel.:(21) 3535-4300 / Fax: (21) 3535-4310

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Page 61: Revista CIEE nº 83 - CIEE

61Agitaçãoset/out 2008

Acesse a página http://orwelldia-ries.wordpress.com e confira o escritor de Revolução dos Bichos e 1984, George Orwell, abordan-do assuntos do cotidiano como meteorologia, animais e plantas. A iniciativa é de Jean Seaton, professora da Universidade de Westminster, na Grã-Bretanha. O blog é atualizado diariamente e conta com o conteúdo de três diários do autor: o primeiro vai de agosto de 1938 até o fim da Segunda Guerra Mundial; o se-gundo cobre o período de maio de 1940 a agosto de 1941; e o terceiro, de março a novembro de 1942.

O Brasil está ficando para trás e só conseguirá avançar quando houver melhorias na educação. É o que diz um estudo inédito do Banco Mundial, que aponta como fator de deficiência brasileira o ensino básico precário, o que resulta em profissionais pouco qualificados, universidades dis-tantes do setor produtivo e volta-das mais para conhecimento teó-rico do que prático. Além disso, o

Os amazonenses de Coari não precisarão mais viajar até Manaus (apro-ximadamente 370 quilômetros) se quiserem cursar o ensino superior. Foi inaugurado na cidade, localizada às margens do Rio Solimões, um campus universitário da Universidade Federal do Amazonas, destinado aos cursos de Enfermagem, Nutrição, Fisioterapia, Biotecnologia e li-cenciaturas duplas em Matemática/Física e Química/Biologia. Além de Coari, municípios vizinhos, como Tefé e Corajas, serão beneficiados.

George Orwell: blogueiro?

estudo chama, ainda, a atenção para a tradição em importar e adaptar tecnologias, em vez de criá-las. Enquanto outros países em desenvolvimento, como Chi-na, Índia e Coréia, investem na formação em áreas tecnológicas e se transformam em países pro-dutores de conhecimento, o Bra-sil segue dependente de seus bens naturais, crescendo num ritmo menor.

só conseguirá avançar quando O Brasil está ficando para trás e só conseguirá avançar quando houver melhorias na educação. É o que diz um estudo inédito do Banco Mundial, que aponta como fator de deficiência brasileira o ensino básico precário, o que resulta em profissionais pouco qualificados, universidades dis-tantes do setor produtivo e volta-das mais para conhecimento teó-rico do que prático. Além disso, o

fator de deficiência brasileira o

bens naturais, crescendo num sil segue dependente de seus sil segue dependente de seus sil segue dependente de seus dutores de conhecimento, o Bra-sil segue dependente de seus dutores de conhecimento, o Bra-

para a tradição em importar e adaptar tecnologias, em vez de criá-las. Enquanto outros países em desenvolvimento, como Chi-na, Índia e Coréia, investem na formação em áreas tecnológicas e se transformam em países pro-dutores de conhecimento, o Bra-sil segue dependente de seus

ensino básico precário, o que resulta em profissionais pouco e se transformam em países pro-

dutores de conhecimento, o Bra-

ensino básico precário, o que

O Brasil está ficando para trás e só conseguirá avançar quando

em desenvolvimento, como Chi-na, Índia e Coréia, investem na

só conseguirá avançar quando

Educação e crescimento

Cursos superiores brasileiros já podem ter a qualidade re-conhecida pelo Mercosul. Após um processo de avaliação, os cursos re-ceberão uma espécie de selo de qualidade internacional. Este ano, serão validados cursos de Agronomia e Arquitetura. A ação faz parte do Sistema de Acreditação Regional de Cursos Uni-

Selo de Qualidade Mercosulversitários do Mercosul (Arcusul)

que prevê o reconheci-mento da qualidade

acadêmica de cursos do Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile, Bolívia e Ve-nezuela. O objetivo

é melhorar o nível da educação superior nes-

ses países, além de estabe-lecer padrões de qualidade.

Expansão na educação

G E R A I S

Cursos superiores brasileiros já podem ter a qualidade re-

versitários do Mercosul (Arcusul) que prevê o reconheci-

mento da qualidade

A ação faz parte do Sistema de

é melhorar o nível da educação superior nes-

ses países, além

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62 Agitação set/out 2008

AÇÃO SOCIAL

Paulo Nathanael Pereira de Souza

62 PAULO NATHANAEL PEREIRA DE SOUZA É DOUTOR EM EDUCAÇÃO, PRESIDENTE DO CONSELHO DIRETOR DO CIEE NACIONAL E DO

O Brasil sempre soube educar

as elites, sem jamais se ter preocupado com a educação

do povo.

O CIEE, embora não seja nem esco-la nem órgão integrante do siste-ma nacional de ensino, tem feito pela educação nacional coisas que nem sempre são destacadas pela mídia, mas que vêm ajudando, em numerosos casos, a modificar para melhor o estado da arte da escola-ridade da juventude brasileira. E a maior dessas realizações, creio eu, diz respeito ao próprio significado do ato de educar. Se não, vejamos. A educação no Brasil nasceu no sé-culo 16, com os padres jesuítas, e fê-lo com duas características, que atravessaram os séculos: primeiro, o endereço religioso da pedagogia da Companhia de Jesus, a saber, a catequese de índios e filhos de colonos menos abonados; e depois, os estudos pré-universitários para os jovens fidalgos, que cresciam nas casas grandes dos latifúndios do açúcar, do fumo, do gado e do algodão, ou nas famílias urbanas dos militares e altos funcionários da Coroa (menos as mulheres, que se educavam em casa, nas prendas domésticas, com as próprias mães) e que teriam continuidade na Eu-ropa, em cursos de Teologia, Direi-to, Medicina ou Línguas. As lições dos padres, sempre teóricas e dissertativas contrapunham-se à linha pedagógica da aprendizagem profissional, aquela que proclama a necessidade de integrar o saber com

O modelo educativo do CIEE

o fazer. E isso porque todo o fazer daqueles tempos incumbia aos es-cravos, cabendo aos homens livres e privilegiados aterem-se aos co-nhecimentos apenas teóricos. Não havia mercado de trabalho e nem necessidade de uma formação mais pragmática para a população da ci-dade e do campo. Daí nasceu e se fortaleceu a futura escola acadêmi-ca, de saberes abstratos, sem com-promisso com as profissões, a qual veio a ser o padrão da escolaridade no Brasil, fosse nas capitais ou no interior das províncias. Para piorar a situação, quando D. João chegou com a Corte fugitiva ao Brasil (estando os mares tranca-dos, pelos decretos napoleônicos), a população pediu escolas, e o prín-cipe não teve dúvidas: criou-as em grau superior (Medicina, Economia e Engenharia Militar) para o estudo dos fidalgos, que não mais conse-guiam navegar para a Europa, e es-queceu-se das primeiras letras para

o grosso da população. Por isso, costumo dizer, em meus livros de análise das políticas educacionais, que o Brasil sempre soube educar as elites, sem jamais se ter preocu-pado com a educação do povo. Nos tempos atuais, quando as ci-dades regurgitam de habitantes e o cinturão da miséria abarrota a periferia com a miserabilidade das favelas e dos cortiços, as escolas, mesmo as públicas, que deveriam ser de preferência voltadas para o atendimento da pobreza, mistu-raram as classes sociais nas salas de aula e passaram a oferecer à heterogeneidade socioeconômi-ca do alunado uma didática e um currículo antiquados e homogêne-os, que um dia já serviram para a elite e agora só fazem aumentar a evasão e a reprovação dos mais carentes, visto que o que se ensi-na nada tem a ver com a vida e as aspirações dessa nova cliente-la. Muito da crise, que enfermiza o sistema escolar do Brasil, tem a ver com essa impropriedade peda-gógica de servir-se um prato único para a infinita variedade da fome cultural dos jovens. Pode-se dizer, sem receio de errar, que o eruditismo conceitual dos currículos escolares – sem qualquer preocupação com a aplicabilidade do saber a ser interiorizado pelos estudantes a partir da sala de aula

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63Agitaçãoset/out 2008

ANÁLISE

63CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DO CIEE/SP E PRESIDENTE DA ACADEMIA CRISTÃ DE LETRAS (ACL).

O estágio fez a ponte entre a escola e a

empresa, tendo dado início ao rompimento

do divórcio entre estudo e trabalho.

A

ineficiência escolar, exposta pelas pesquisas de avaliação da apren-dizagem, em especial nos ensinos fundamental e médio dos nossos sistemas escolares. No início dos anos 60, já na se-gunda metade do século 20, quan-do o país iniciou seu crescimento industrial, casado com a explosão populacional das cidades, nasceria a figura dos estágios curriculares, que buscavam, a princípio com os laboratórios escolares e, depois, com a permanência dos alunos nos ambientes empresariais em horá-rios alternados de aulas e de traba-lho, familiarizar os estudantes com duas novas realidades: a) aprender

fazendo, e b) aprender juntando teoria e prática, com a integração da escola às empresas dos setores primário, secundário, terciário e, já agora, também o quaternário dos produtos e dos serviços. O estágio, que fez a ponte entre a escola e a empresa, tendo dado início ao rompimento do divórcio entre estudo e trabalho, nasceu dos esforços conjugados de empre-sários e educadores, que há pouco mais de quatro décadas fundaram, em São Paulo, o CIEE. Foi uma re-tomada de princípios pedagógicos já proclamados por Confúcio, que, antes de Cristo, afirmava: “sei, porque faço”. Depois vieram John Dewey, nos Estados Unidos, e os Pioneiros da Escola Nova, no Brasil, falando todos a mesma coisa: para saber é preciso aprender fazendo. Essa parece ser a grande revolução pedagógica da educação brasileira do século 21, amplamente pratica-da pelo CIEE. Daí porque a grande e eficaz reforma da educação brasi-leira ser devida não apenas aos mi-nistérios da área, com suas leis e as boas intenções de seus dirigentes, mas também ao CIEE que, na senda de seus criadores, vem efetivamen-te mudando, com seu trabalho, o modo de educar crianças e jovens neste Brasil que tem rapidamente de aprender a fazer melhor a sua lição escolar.

– mais o divórcio que se estabele-ceu, desde as origens do país, entre a teoria e a prática, principalmente na educação básica, são os fatores mais poderosos de alimentação da

Page 64: Revista CIEE nº 83 - CIEE

64 Agitação set/out 2008

A

foi em Yesterday, quando Turcão fez a platéia que lotou o Teatro CIEE – com-posta por representantes de empresas e instituições de ensino interessados em informações sobre a Expo CIEE – can-tar em voz alta, acompanhando a letra escrita em uma engenhoca montada no meio do palco.O evento marcou a abertura da Feira do Estudante – Expo CIEE 2009 para patro-cinadores e expositores que, entre 24 e 26 de abril, poderão receber visitantes em seus estandes, oferecer palestras e apre-sentar atrações culturais no Pavilhão da Bienal do Parque do Ibirapuera, em São

Paulo/SP. É nesse aspecto que a 12ª edição se diferenciará das mostras anteriores, que davam ênfase a informações sobre carreira e à importância da tecnologia para a educação e para a inserção dos jovens no mercado de trabalho.“A formação humanística am-plia a capacidade de interpre-

O show já começou 12ª edição da maior mostra de carreira e estágio do país terá shows e muita cultura.

tar a realidade, de relacionar situações e dados, de interagir com outras pessoas, de se ex-pressar, entre muitas outras vantagens”, explica Eduardo

Sakemi, superintendente de Tecnologia da Informação e da Educação do CIEE. Assim, no próximo ano, a Feira do Es-tudante – Expo CIEE terá uma alentada programação, com shows musicais, mos-tras de cinema alternativo, exposições de fotografi as, pinturas, esculturas e outras manifestações artísticas, além das 70 pa-lestras sobre carreira, áreas promissoras, dicas para processos seletivos e outros temas de interesse do jovem.Para ultrapassar a marca de 50 mil vi-sitantes, os organizadores contam com o poder de atração da oferta de quatro mil vagas de estágio e encaminhamento preferencial para entrevistas de estágio nos seis meses subseqüentes à mostra. “Estamos reservando um pavimento adicional no Pavilhão da Bienal para que os estandes possam ser ainda mais espaçosos”, conta Marcelo Flores, dire-tor comercial da Playcorp, empresa que cuida da comercialização e montagem da feira. A programação de palestras e outras atrações da Expo CIEE 2009 está aberta, bem como a procura por parceiros. Interessados em participar como patrocinadores ou expositores podem ligar para (11) 3674-9411.

A mescla entre informações sobre car-reira, cultura e diversão, que marcará a 12ª Feira do Estudante – Expo CIEE, já pôde ser sentida no lançamento da maior mostra sobre carreira e está-gio no Brasil, em 2 de setembro. Jica e Turcão, dois integrantes do grupo Tarancón que, na década de 70, inter-pretava músicas andinas, caribenhas e brasileiras, fi zeram um show ao lado da Cia. Filarmônica, que de clássico tinha o nome e um quarteto de cordas para tocar os elaborados arranjos dos Bea-tles. Enquanto os primeiros entraram com tiradas humorísticas e canções acústicas, acompanhados apenas de um bumbo e um violão, a banda trou-xe guitarras distorcidas, fumaça de gelo seco e efeitos de luz. Não foram poucos os momentos em que os dois grupos ocuparam o mesmo espaço. O clímax

Em 2008, a feira teve 45 mil visitantes e 50 expositores.

Músicas dos Beatles lançam a Expo CIEE para expositores.

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65Agitaçãoset/out 2008

Apontar caminhos para a melhoria na qualidade de ensino foi o principal mote do Seminário Inventário da Edu-cação Brasileira: Recomendações para o seu aperfeiçoamento – A Situação do Estado do Espírito Santo, realizado no dia 13 de agosto. Cerca de 200 pessoas acompanharam as discussões promovi-das pelo CIEE-ES, no auditório da Rede Gazeta. Na ocasião, a empresária Maria Alice Lindenberg, membro do conselho consultivo do CIEE local, deixou clara a certeza da expansão capixa-ba, porque “no estado, luta-se com muito carinho pela educação, que desejamos cada vez mais qualificada”. A esperança dos adolescentes capixabas de alcançar a cida-dania está ligada às benemé-ritas atividades do CIEE, que no Espírito Santo existe há 27

anos e distribui, atualmente, cerca de 10 mil bolsas mensais.Saindo da visão estadual para a nacio-nal, existem 9 milhões de jovens brasi-leiros à procura de emprego, com uma particularidade que foi valorizada por Luiz Gonzaga Bertelli, presidente exe-cutivo do CIEE: desses, somente 1,8 milhão têm qualificação. Para Arnaldo Niskier, presidente do CIEE Rio, não há como estranhar essa situação, no momento em que o país importa os primeiros engenheiros chineses e japoneses para operar nas áreas de petróleo e siderurgia. “Um as-sunto naturalmente vergonhoso para uma nação que investe 75 bilhões de reais em educação, mas não forma os

recursos humanos necessários”, diz.Segundo ele, é certo que há necessidade de 100 bilhões de reais de orçamento anual para a educação, mas se os recur-sos financeiros continuam sem chegar às salas de aula, fica difícil defender a tese de mais verbas para o setor. Por isso, o educador Paulo Nathanael Pereira de Souza, presidente do Conselho de Ad-ministração do CIEE, durante o semi-nário, foi cético quando afirmou que “não há muito o que comemorar quanto às nossas possibilidades futuras”. Cen-tenas de cursos superiores com notas 1 e 2, segundo dados do Exame Nacional de Desempenho (Enade), são uma de-monstração de falência do sistema, que já revela carências desde os primeiros

anos do ensino fundamental.

Técnicas ultrapassadas. Outro problema discutido no encon-tro, que contribui para a atual situação educacional, é a meto-dologia de ensino. Além de uti-lizar técnicas ultrapassadas, 80% dos livros das bibliotecas são de autores estrangeiros, refletindo um panorama não condizente com a do país. Os baixos salá-

rios dos professores, a desqualificação de cursos superiores e a aplicação irregular de verbas públicas também contribuem com a má qualidade do ensino. Por fim, foi ressaltado que a melhoria da quali-dade da educação não é papel só do Es-tado. É preciso que as organizações e a sociedade assumam suas funções. Nesse sentido, o estágio entra como um aliado, garantindo a aprendizagem prática do que o aluno viu na sala de aula.

INVENTÁRIO

Arnaldo Niskier aborda a crise na educação, durante seminário.

Qualidade de ensino em debateInventário da Educação discute situação do setor no Espírito Santo.

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Universidades recebem seminário antidrogasCerca de 900 universitários de vá-rios cursos participaram das edições de agosto e setembro do Seminário Antidrogas, realizado pelo CIEE em instituições de ensino superior. A Universidade Guarulhos (UnG), Uni-versidade de Mogi das Cruzes (UMC) e o Centro Universitário Santo André (Unia) receberam especialistas de re-nome que apresentaram constatações sobre o prejuízo do consumo de dro-gas para o cotidiano dos jovens, além de discutir a problemática com os alu-nos. Os eventos integram a Campa-nha Nacional Antidrogas, promovida pelo CIEE em parceria com a Secreta-ria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), do governo federal.Na UNG, a psicoterapeuta da Univer-sidade Federal de São Paulo (Unifesp), Eroy Aparecida da Silva, mostrou um es-tudo sobre a relação entre cultura e dro-gas. Segundo ela, um dos equívocos dos programas de prevenção ocorre quando não se leva em consideração a cultura na qual o jovem está inserido. “É preciso que cada um deles venha a se constituir em um ator da prevenção”, diz.A pesquisadora Ana Regina Noto, do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), revelou um estudo que mostra a visão

distorcida de parte da mídia sobre a questão das drogas. “Há um descom-passo entre o que a imprensa divulga e o que a população usa”, afi rma, re-ferindo-se ao grande consumo de sol-ventes (cola) entre os jovens, mas que não é tratado pela mídia. “Maconha e cocaína criam mais polêmica.”Para o delegado Edemur Luchiari, diretor de Prevenção e Educação do Departamento de Investigação sobre Narcóticos (Denarc), que fez algumas dinâmicas com os jovens presentes, a contestação dos estudantes é uma das molas propulsoras do progresso. “Po-rém, a contestação inteligente é aquela que muda a sociedade”.No campus Villa Lobos, em São Pau-

lo, da UMC, os palestrantes foram Luiz Gonzaga Bertelli, presidente executivo do CIEE, que falou a respeito de Teoria e prática sobre programas de preven-ção: visão geral; Ana Regina Noto, que abordou Drogas e mídia: uma análise crítica, e Maria de Lourdes Zemel, co-ordenadora da Câmara de Assessora-mento Técnico do Conselho Nacional Antidrogas (Conad), que falou sobre A prevenção na instituição e a prevenção de cada um de nós.Já a Unia contou com a participação do delegado Luchiari; de Ana Regina Noto; de Francisco Domenici, médico do Hos-pital das Clínicas e diretor da Associação Médica Ítalo-Brasileira, que proferiu a palestra A clínica médica da dependên-cia química, e de Sylvana Rocha, gerente técnica de Estágios do CIEE, que falou sobre as infl uências das propagandas no consumo de álcool entre os jovens e os impactos econômicos nas nações gera-dos pelo consumo de drogas.Os eventos foram realizados na Univer-sidade Guarulhos (7/08), Universidade de Mogi das Cruzes (20/08) e no Centro Universitário de Santo André (18/09).

Eroy mostrou estudo sobre cultura e drogas.

Jovens acompanham evento da Campanha Nacional Antidrogas, em Guarulhos.

Ana Regina apontou visão distorcida da imprensa.

Luchiari vê jovens como propulsores do progresso.

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Mundo moderno pede CLT atualizadaMuito dos problemas das relações em-pregado e empregador são decorrentes da própria Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que se mostra antiqua-da para solucionar questões do mercado atual, considerando que foi criada em 1° de maio de 1943, sancionada pelo então presidente Getúlio Vargas. A proble-mática é evidente quando se analisa o crescente mercado de terceirização no Brasil, porque os profissionais efetivados se tornaram muito caros às empresas. Quanto mais direitos dá ao funcionário, mais desemprego é gerado. O que mos-tra uma contradição na lei que, em vez de ajudar na empregabilidade, anda na contramão. Além disso, quando se ten-ta modernizar um modelo de gestão de Recursos Humanos, são muitas as difi-

culdades, devido a alguns “problemas apresentados nas leis”. Esse foi um dos pontos abordados na pa-lestra Os absurdos das rela-ções trabalhistas no Brasil, apresentado por Sérgio Amad Costa, professor de Administração de Empre-sas da Fundação Getúlio Vargas (FGV/SP), durante o Ciclo CIEE de palestras sobre RH.O palestrante citou a Lei 10.101 que re-gulamenta a participação dos colabora-dores nos lucros e resultados da empre-sa. Contudo, o primeiro problema nessa lei é que pode ser aplicada em qualquer empresa privada, mas quando a regalia

é direcionada para hos-pitais ou órgãos do se-gundo ou terceiro setor não é possível aplicar o recurso da participação de lucros, porque a CLT discrimina instituições sem fins lucrativos. “A lei diz participação nos lucros e resultados, ou seja, seria perfeitamente viável fazer um progra-ma em que os funcioná-

rios tivessem metas baseadas em alguns indicadores de qualidade e produtivi-dade”, explica Costa, que complementa: “Com isso, comete um equivoco, con-fundindo lucro com resultados”.12/08 – Auditório Ernesto Igel do CIEE/SP.

Células-tronco: expectativas e temoresAs pesquisas com células-tronco são vistas com esperança e suspeita pela sociedade. Ao mesmo tempo em que alguns cientistas trazem promessas de cura para pessoas que sofrem de doenças genéticas, como a distrofia muscular e o câncer, outros discu-tem se a ciência está evoluindo mais rápido do que a ética, alegando que a intenção da pesquisa é clonar pessoas e “brincar de Deus”. Para eles, o uso de células-tronco embrionárias é um “desrespeito à pessoa humana”.Visando esclarecer a essa questão, a geneticista Mayana Zatz, pró-reitora de Pesquisas da Universidade de São Paulo (USP) e diretora do Centro de Estudos do Genoma Humano, proferiu palestra sobre o tema Células-tronco: o que poderão representar?, no Fórum Permanente de Debates do CIEE sobre a Realidade Brasileira. Para ela, essas

pesquisas são “o futuro da medicina celular ou medicina regenerativa”. Para entender melhor, células-tronco são as células com capacidade de gerar uma cópia idêntica de si mesma e com potencial de diferenciar-se em vários tecidos. Elas existem em dois tipos: embrionárias e adultas.

As primeiras, extraídas de embriões humanos que são descartados em clí-nicas de fertilização, possuem a capa-cidade de se transformar em qualquer tipo de tecido. Para os opositores, seu uso poderia gerar um comércio de óvulos ou acarretar a destruição de embriões humanos. Por sua vez, as adultas são extraídas dos diversos te-cidos humanos, como medula óssea, sangue e fígado. Porém, sua diferen-ciação é limitada. Após a aprovação da Lei de Biossegurança, que proíbe a clonagem, mas permite pesquisas com fins terapêuticos, os pesquisadores têm maior liberdade para trabalhar e obti-veram alguns avanços na área. “Apesar da esperança de reconstruir tecidos antes não considerados, as pesquisas demoram. Não podemos pôr o carro na frente dos bois”, conclui Mayana.28/08 – Teatro CIEE/SP

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Felicidade: uma questão de atitudeTodos procuram o crescimento pro-fissional, mas quando acontece, ge-ralmente é acompanhado por um alto índice de estresse, gerado pela má administração do tempo. Isso porque

essas pessoas tendem a passar mais tempo no seu ambiente profissional do que se dedicando ao lazer. Por esse motivo, é essencial que carreira tam-bém seja uma fonte de prazer. “O que

precisa ficar claro é que o trabalho tem de ser apenas um meio de atingir o obje-tivo máximo da vida, que é ser feliz”, enfatizou Nuno Cobra, preparador físico e mental, durante o Ciclo CIEE de palestras sobre RH, abordando o tema O adequado preparo físico e mental dos dirigentes e cola-boradores das empresas.De acordo com o palestran-te, não há uma receita mági-

Desenvolvimento sustentável contra êxodo ruralAlém da pobreza e da falta de infra-estrutura, a região é um dos últimos locais do país que ainda mantêm algu-mas áreas preservadas de mata atlânti-ca, mas que vem sendo pouco a pouco desmatada. Para manter os jovens na região, a Fundação Odebrecht já in-vestiu 90 milhões de reais, nos últimos quatro anos, em escolas e cursos de capacitação, para que os jovens apren-dam a melhorar a produtividade agrí-cola. A partir de novas técnicas, eles conseguem aumentar o plantio. Um exemplo disso é a mandioca, que gera-va apenas seis toneladas por hectare de terra e agora saltou para 60 toneladas por hectare, vislumbrando um futuro otimista para a região. “Conseguimos muitos resultados positivos, como o fim do êxodo dessas pessoas, colabo-rando para evitar o inchaço populacio-nal das cidades”, conclui Medeiros.29/08 – Auditório Ernesto Igel do CIEE/SP.

O 53º Encontro CIEE do Terceiro Se-tor tratou de um tema que há déca-das acalenta discussões sobre a causa de parte dos problemas vivenciados pelos habitantes das grandes cidades, como desemprego e violência: o êxodo rural. O tema foi abordado por Mau-rício Medeiros, presidente Executivo da Fundação Odebrecht, por meio da palestra DIS Baixo Sul: Um Modelo de Desenvolvimento Sustentável. Ele falou sobre as ações desempenhadas pela fundação para evitar que os jovens da região Baixo Sul da Bahia migrem para as grandes cidades.De acordo com Medeiros, a população daquela região é extremamente pobre e os jovens não vêem perspectivas de uma vida melhor lá. O maior sonho de-les, ao atingir 13 e 14 anos, é migrar para a “cidade grande” e se dar bem como os personagens das novelas a que assistem. “Mas a realidade é diferente. Quando

chegam lá, não têm a mínima capaci-tação profissional e, não encontrando emprego, recorrem ao crime e à prosti-tuição para sobreviver”, conta.

ca para buscar o bem-estar, mas são as pequenas ações, quando consolidadas, que se tornam grandes e decisivas, como tomar um bom café da manhã antes de começar um dia agitado, parar em uma livraria para folhear alguns exemplares, fazer atividades físicas – mesmo que isso signifique trocar o elevador pela escada. No entanto, o preparador cita dois pré-requisitos fundamentais para ser feliz: não levar a vida tão a sério, ser mais fle-xível e ponderado com sua rotina diária; e evitar preocupações, parar de colocar a expressão “e se” antes de suas atividades, questionando sua própria capacidade. “É absolutamente proibido ter pensamen-tos improdutivos. Isso que eu chamo de educação mental”, explicou Cobra.9/09 – Teatro CIEE/SP.

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Desafi os do ensino médio Aliar qualidade de ensino, empregabili-dade e inserção social é o triângulo que o Estado procura alcançar, com perfei-ção. O estágio para alunos do ensino médio, apesar de ter respaldo legal, tem encontrado difi culdades de inserção. “Para aumentar a inserção do jovem no mundo do trabalho, fazemos várias ações em prol da empregabilidade”, diz Mirtes de Fátima Machado, diretora da escola estadual Papa Paulo VI de Santo André, durante palestra no Encontro com Educadores promovido pelo CIEE que abordou o tema Os desafi os do En-sino Médio: qualidade, empregabilidade e inserção social. Segundo ela, o estágio no ensino médio, além de auxiliar na renda, é um importante capacitador para o fu-turo profi ssional dos jovens.Dados da Secretaria da Educação do

Estado de São Paulo re-velam que o ensino bá-sico estatal tem hoje 5,1 milhões de alunos, dos quais 2,9 milhões do en-sino fundamental e 1,5 milhão do ensino médio. Desse número, 12 mil estudantes encontram-se em estágio no estado. “É preciso estimular o alu-no para a rea lização do estágio, que é o primeiro contato com o mundo do trabalho e a oportunidade de desco-brir uma carreira”, enfatiza Magda Aparecida Tombi, diretora da esco-la estadual Brasílio Machado de São Paulo, em palestra no mesmo evento. “Seria interessante uma articulação de cursos técnicos com o ensino médio, coisa que o estado vem realizando em algumas cidades como, por exemplo,

em Dracena”, revela Maria Silvia Borto-lozzo, coordenadora de estudos e normas pedagógicas da Secretaria da Educa-ção do Estado de São Paulo. Assim, é preciso que todos trabalhem juntos para que o triângulo esteja integrado e em progresso. 26/09 – Auditório Ernesto Igel do CIEE/SP.

Ricardo Melantonio, membro do Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp) e conselheiro do CIEE ministrou a palestra O direito, o estágio e suas perspectivas profi ssionais, no dia 21 de agosto, no Carandá do Bosque, em Campo Grande/MS.

No dia 3 de setembro, Elcio Anibal de Lucca, vice-presidente do Conselho de Administração do Serasa e conselheiro do CIEE, proferiu a pa-lestra Um vitorioso modelo de gestão, no Espaço Monte Castelo, em Jundiaí/SP.

Desvendando o mercado de ca-pitais foi o assunto abordado por Humberto Casagrande Neto, ex-presidente Nacional da Associação dos Analistas e Profi ssionais de Investimen-to do Mercado de Capitais (Apimec), diretor da DGF In-vestimentos e conselheiro do CIEE, durante a palestra rea-lizada no dia 16 de setembro, na Universidade Santa Cecília (Unisanta), em Santos/SP.

AGENDA

Ser cidadão, ser voluntário, ser hu-mano – desenvolvimento pessoal para o equilíbrio social foi o tema abordado por Felipe Mello, dire-tor-fundador do Canto Cidadão e sócio-diretor da Comunidea, na palestra realizada em 26 de agosto, auditório da OAB de Presidente Prudente/SP.

José Augusto Minarelli, presidente da Lens & Mi-narelli e membro do Con-selho de Administração do CIEE abordou o tema Em-

pregabilidade: como ter emprego e remu-neração sempre, no dia 16 de setembro, no Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca), em Feira de Santana/BA.

Mirtes de Fátima Machado e, ao lado, Magda Aparecida Tombi.

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No dia 25 de agosto foi inaugurada a nova sede do CIEE-RS, na Rua Dom Pedro II. O Espaço CIEE de Desen-volvimento Sociocultural ocupa uma área de 22 mil metros quadrados e é integrado por uma torre de 15 pavi-mentos e Centro de Eventos composto por teatro, com capacidade para 422 lugares, e salas moduláveis. Um painel do artista plástico Nelson Jungbluth destaca-se no saguão anexo ao foyer.A solenidade contou com a presença de Paulo Nathanael Pereira de Souza, presidente do CIEE nacional, e de pre-sidentes de entidades co-irmãs, além de representantes de diversas esferas governamentais. A apresentação da Orquestra de Câmara da Universida-de Luterana do Brasil (Ulbra) marcou a inauguração do Teatro CIEE.Os comentários eram unânimes em torno das características do empreen-dimento entregue à comunidade gaú-cha, que consegue aliar inovação tec-nológica com preservação ambiental. Cerca de 400 convidados participa-ram da festa.Antes da apresentação da orquestra, houve a cerimônia de descerramento da placa. Afixada no foyer do teatro, a placa foi descerrada por Paulo Na-thanael e pelos dirigentes do CIEE/RS: Sérgio Saraiva, presidente do Con-selho de Administração, Otto Beiser, presidente executivo, e Luiz Carlos Eymael, superintendente executivo.

CIEE/RS de casa nova INAUGURAÇÃO

Torre de 15 pavimentos e teatro com 422 lugares integram

o novo espaço em Porto Alegre.

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71Agitaçãoset/out 2008

INFRA-ESTRUTURA INTELIGENTE

O projeto arquitetônico da nova sede – de Pedro Simch, Carlos Alberto Morganti e José Baumgart Rocco – tem como característica equipamen-tos que transformam o local em o prédio-inteligente, dotado de completa infra-estrutura tecnológica e de preservação ambiental. Os ambientes con-tam com sistemas automatizados com sensores capazes de ler a quantidade de luz natural que penetra no ambiente. Com isto, regulam sua incidência, otimizando o consumo de energia, tanto em luz quanto em aparelhos de ar-condicionado, potencializando o uso dos recursos naturais. Nas áreas externas, os pisos são elevados para permitir a captação da água da chuva, que é canalizada para um reservatório a fi m de ser utilizada nos sanitários e jardinagem, tornando o prédio auto-sustentável.Na torre, há três subsolos com capacidade total de 320 vagas de estaciona-mento e um sensor que monitora o nível de concentração de gás carbôni-co, permitindo gerenciar a qualidade do ar para os usuários dos estaciona-mentos. O atendimento aos estudantes será feito em uma ala especial, no segundo pavimento, com acesso diferenciado junto ao Centro de Eventos. Instalações modernas e tecnologia garantem conforto e agilidade no aten-dimento, com auto-atendimento para o cadastro.

O teatro, com capacidade para 422 pessoas, foi inaugurado com a apresentação da Orquestra de Câmara da Ulbra (destaque).

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São 40 anos de atividades. Em discurso durante a inauguração, Beiser lembrou que a entidade é hoje um importante agente de integração no estado e no país e, em quase 40 anos de atividades, contabiliza, somente no Rio Grande do Sul, 1,2 milhão de estudantes coloca-dos em estágio. “Para tanto, mantemos 119 unidades de atendimento espalha-das em solo gaúcho; convênios com 35 mil empresas e 1.600 instituições de ensino. Além disso, atualmente, temos quase 41 mil estudantes realizando es-tágio”, disse. “É por isso que em qual-quer lugar, da capital a uma pequena cidade do interior rio-grandense, sem-pre iremos encontrar um ex-estagiário do CIEE.”O superintendente executivo, Luiz Carlos Eymael, destacou que, como “agentes ativos”, o CIEE/RS está pron-to a dar respostas positivas a um Bra-sil de grandes oportunidades. “Como protagonistas na estréia da força jovem no mercado de trabalho, por meio do mais efi ciente instrumento que é o es-tágio, estamos atentos e estruturados adequadamente para contribuir de pronto nesta próspera fase do Brasil”. O presidente do Conselho de Adminis-tração, Sérgio Saraiva, contou um pouco da história da criação do CIEE/RS. Em

seu discurso, ele lembrou que, há 39 anos, Neslon Janot Marinho, à época diretor do Conselho Nacional do Pe-tróleo e um dos fundadores do CIEE Rio, sugeriu à Petróleo Ipiranga, da qual era um dos administradores, a criação no Estado do CIEE, pelo grande alcan-ce socioeducacional e benefícios que

poderia trazer a jovens universitários, sempre sedentos em associar os ensi-namentos teóricos da universidade à prática de trabalho nas empresas.

Sergio Saraiva, Otto Beiser, Paulo Nathanael Pereira de Souza e Luiz Carlos Eymael: prédio valoriza o alcance socioeducacional.

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72 Agitação set/out 200872 Agitação jul/ago 2008

A vida e obra de Ciccillo Matarazzo, o industrial que colocou São Paulo no grande circuito mundial das artes plásticas.

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72 Agitação set/out 2008

O primeiro grandemecenas brasileiro

Se a Semana de Arte Moderna de 1922 representou a pri-meira revolução artística brasileira no século 20, o segun-do grande momento foi proporcionado pela Bienal Inter-nacional de Arte de São Paulo. À frente dessa mostra, que incluiu a capital paulista no calendário dos eventos artís-ticos mundiais, lá estava Francisco Matarazzo Sobrinho, o Ciccillo Matarazzo. Foi o primeiro grande mecenas que São Paulo conheceu. E também o maior. Agora chegou a vez de o homem que doou mais de 1.600 quadros para museus brasileiros, e pagou do próprio bolso a realização de 13 bienais, ganhar sua própria exposição. De 5 a 26 de setembro, cinco centenas de visitantes – duzentos deles

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vindos com excursões escolares de três escolas de ensino médio e técnico – conheceram um pouco de singular trajetória do industrial na exposição Ciccillo Matarazzo - O Mecenas das Artes, na sede do CIEE em São Paulo.Composta por fotos, textos explicati-vos, medalhas recebidas pela dedica-ção às artes e o áudio do discurso pro-ferido na abertura da primeira Bienal, entre outros documentos, a mostra é uma boa introdução à vida de uma das maiores fi guras paulistanas do século passado. Sobrinho do conde Frances-co Matarazzo e herdeiro de uma das maiores fortunas do país, é o próprio Ciccillo quem prepara o mergulho na sua história: “Graças a Deus, nas-ci de pai rico. Viajei bastante, estudei na Europa. Fui como os moços ricos daquela época, como os moços ricos de hoje. Tive as minhas aventuras”, de-clarou no documentário que faz parte das atrações da mostra.Filho de Virginia Ceraldi e do senador Andrea Matarazzo, irmão do conde, Francisco Antônio Paulo nasceu em São Paulo, em 20 de fevereiro de 1898 –o nome Francisco Matarazzo Sobri-nho seria adotado somente em 1944. Aos 10 anos foi enviado a Nápoles, Itália, para completar o ensino médio e, depois, seguiu para a Bélgica, onde cursou engenharia.

Cura providencial. De volta ao Bra-sil, “durante uma reunião familiar em que se discutia seu futuro profi ssional, recebeu, agradeceu e recusou delica-damente um convite do poderoso tio Francesco para participar da direção

das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo (IRFM)”, escreveu Ronaldo Costa Couto no livro Matarazzo - A travessia” (Planeta), no qual é contada a saga do patriarca do clã. “Quero uma coisa própria. Minha”, teria dito o fu-turo mecenas.Para satisfazer o sobrinho, Francesco vendeu para ele a parte metalúrgica das IRFM. Nos primeiros anos, Ciccillo foi sócio de Giulio Pignatari, marido de Lydia Matarazzo, sua prima. Desfeita a parceria, Pignatari fi cou com o alumí-nio e Ciccillo com as latas. Depois de diversifi car funções, a Metalma (Meta-lúrgica Matarazzo) tornou-se um dos grandes complexos industriais da Amé-rica Latina e a principal patrocinadora dos eventos artísticos brasileiros.Ironicamente, as artes plásticas entra-

ram na vida de Ciccillo graças a uma tuberculose. Enviado a Davos, Suí-ça, para tratar a doença, o industrial conheceu Karl Nierendorf, um dos diretores do Museu Guggenheim, de Nova York. Voltou de viagem com a idéia fi xa de criar um museu de arte moderna em São Paulo. O sonho foi realizado sob a supervisão de Nelson Rockefeller, criador do MOMA (Mu-seu de Arte Moderna de Nova York) e, “assim como Ciccillo com os Mata-razzo, o único Rockefeller que inves-tiu nas artes”, conta o professor Paulo Nathanael Pereira de Souza, presiden-te do Conselho de Administração do CIEE, um dos curadores da mostra e amigo pessoal de Ciccillo.

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Ao centro o Conde Francisco Matarazzo, ladeado por Ciccillo (de óculos, à

esquerda na foto) e outros parentes.

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Nomeado, por Jânio Quadros, presidente da Comissão do IV Centenário de São Paulo, Ciccillo observa o início da construção do Parque do Ibirapuera, hoje uma das principais áreas verdes da capital paulista.

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Nasce a era cosmopolita. Antes da criação do Museu de Arte Moderna (MAM), Ciccillo foi um dos funda-dores da Companhia Cinematográfi ca Vera Cruz, para a qual cedeu parte da área de sua granja em São Bernardo, e do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Ambos foram criados em par-ceria com o amigo Franco Zampari. Com a ajuda do crítico de arte Sérgio Milliet e de Yolanda Penteado, mulher

de Ciccillo, o MAM foi inaugu-rado em 8 de março de 1949, numa sala dos Diários As-sociados, localizada na Rua

7 de Abril. A exposição Do fi gurativismo ao abstracionis-

mo” que, segundo o mece-nas, iria “levantar o diabo

nell’acqua morna” reuniu 51 artistas, entre os quais Wassily Kandinsky, Jean Arp, Francis Picabia e

Cícero Dias. Ciccillo fi nanciou do próprio bolso a compra das obras para a primeira coleção do museu. A partir daí, até a sua morte, os principais eventos e instituições culturais paulistas ti-veram a marca ou o incentivo dele.Em seguida, Ciccillo propôs a realização de uma grande mos-

tra, inspirada na já então respeitada Bienal de Veneza. A maior difi culdade era convencer os artistas estrangeiros a mandarem as obras de arte para um país que não tinha presença política nem cultural no cenário mundial. Para reverter essa situação, Yolanda Pentea-do foi pessoalmente à Europa fazer os convites. Realizada na Esplanada do Trianon – onde hoje está construído o Museu de Arte de São Paulo (Masp) –, em 1951, a Bienal Internacional de Arte de São Paulo foi um suces-so. Pela primeira vez um país fora do eixo Europa-Estados Unidos recebia obras de grandes modernistas, como Alberto Giacometti, Pablo Picasso e René Magritte.“A Bienal é o único evento brasileiro assinalado no calendário internacio-nal da arte e da arquitetura. Sendo considerada, junto com a Bienal de Veneza, o mais importante aconte-cimento do gênero entre os mais de 50 existentes no mundo”, escreveu a pesquisadora Rosa Artigas, no livro Bienal 50 Anos.

Uma missão frustrada. A segunda Bienal foi estendida para coincidir com o IV Centenário da cidade de São Paulo e Ciccillo foi convidado pelo prefeito Jânio Quadros para comandar as festividades. “Algo me dizia que eu não deveria assumir”, contou Ciccillo no documentário. “Contudo, disse que as minhas condições eram eu escolher meus colaboradores e 300 milhões de cruzeiros em dinheiro. Eles toparam. Eu, nascido aqui, mas fi lho de italia-nos, iria presidir o IV Centenário”.Com Burle Marx, Victor Brecheret e Oscar Niemeyer, Ciccillo ergueu o Parque do Ibirapuera, onde antes existia um charco. “Vamos fazer disso aqui um jardim para o povo”, disse na época para o jornalista Luiz Ernesto Kawall, também curador da mostra do CIEE. O local, além de abrigar o novo pavilhão da Bienal, seria palco da maior parte das comemorações. As apreensões de Ciccillo, entretanto, estavam corretas. Nas vésperas do IV Centenário, Jânio Quadros exonerou-o de suas funções. De acordo com um

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O quadro de Giorgio de Chirico foi recebido no MAM como homenagem ao trabalho de Ciccillo e

de Yolanda, sua esposa, em prol das artes.

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depoimento de Ciccillo a Paulo Natha-nael Pereira de Souza, anos mais tarde o ex-presidente teria dito ao mecenas: “Não leve aquilo a sério, é que eu pre-cisava de uma notícia sobre mim”.Na Bienal de 1953, a Guernica de Pi-casso saiu pela primeira vez de Nova York – onde estava resguardada da di-tadura franquista. Quando pergunta-vam por que ele gastava tanto dinhei-ro com arte, Ciccillo respondia: “Os privilegiados podem viajar para ver essas obras em outros países. O povo da minha terra jamais teria a oportu-nidade de vê-las”, segundo Kawall.Até 1975, todas as bienais estiveram sob o comando de Ciccillo. O mece-nas esperava os convidados sentado em uma cadeira próximo à entrada, com a inseparável bengala a mão e os “olhos meio esbugalhados por de-trás dos óculos antiquados de aro de tartaruga”, descreve o presidente do Conselho de Administração do CIEE. Em 1963, após uma briga, quando Ciccillo decidiu separar o MAM da Bienal e criar o Museu de Arte Con-temporânea (MAC), as críticas a essa decisão foram acompanhadas de cer-ta difi culdade em se distinguir o que pertencia ao MAM, o que era doação de Ciccillo e Yolanda, e o que não ha-via sido doado e estava apenas depo-sitado no Museu.A única experiência política de Ciccillo aconteceu em 1964, quando o mecenas acabou convencido pelo governador Adhemar de Barros a concorrer à pre-feitura de Ubatuba, onde tinha uma casa de veraneio. Durante a campa-nha, falou para o outro candidato, um pescador: “Não quero uma campanha desleal. Gastarei X na minha e estou doando a mesma quantia para que o

senhor realize a sua”. Enquanto visi-tava as áreas periféricas do balneário, declarou a Kawall, que na época co-bria a campanha: “Nunca pensei que a pobreza fosse tão pobre”.

Vinho, mulheres e devoção. O amor pelas artes era acompanhado na mes-ma intensidade pela paixão às mulhe-res e pela boa mesa. Às terças-feiras, reunia-se com 12 amigos para o almo-ço. “Caso houvesse 13 pessoas, uma teria que comer separadamente”, con-ta Paulo Nathanael Pereira de Souza. “E não raro, a tarefa sobrava para o Manoel Esteves da Cunha, o Neco, se-cretário e amigo de Ciccillo. Supersti-ções de italiano”. Entre os convidados, nomes como Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Volpi e Di Prete. “Ciccillo era um bon vivant”, emendou Kawall. “Gostava de bons vinhos e boa comida. À mesa, o tinto Vezuvino, de Castellabato, terra dos seus antepassa-dos, situada na província de Salerno”.Outra de suas peculiaridades consistia em comemorar o aniversário no dia 4 de

outubro, dia de São Francisco de Assis. A devoção podia ser percebida ao se espiar o quarto de Ciccillo. “Só havia uma cama, uma escrivaninha e um crucifi xo”, relata o presidente do Conselho de Adminis-tração do CIEE. “Em compensação, nos outros cômodos ou você estava sobre ou ao lado de alguma obra de arte.”Sempre acompanhado por “senhoras muito elegantes”, segundo depoimen-to da artista plástica Maria Bonomi, Ciccillo foi um homem de vários ca-samentos e um grande amor: Malvina, uma bailarina espanhola que o acom-panhou por mais de 50 anos, reclusa num casarão da Rua General Jardim, em Higienópolis. Pouco antes de mor-rer, Ciccillo casou-se com ela, para que tivesse direito à partilha dos bens.Ciccillo morreu no dia 16 de abril de 1977, no terraço do seu apartamen-to, no Conjunto Nacional, esquina da Avenida Paulista com a Rua Augusta. Não poderia haver lugar melhor para a partida do homem que declarava ser São Paulo a cidade mais interes-sante do mundo.

Reportagem: Branca Nunes

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76 Agitação set/out 2008

CIEE CULTURAL

Primeiras peçasPela primeira vez, o Teatro CIEE abriu as cortinas para peças teatrais. A es-tréia foi com A descoberta das Améri-cas, monólogo baseado em improviso do dramaturgo italiano Dario Fó, in-terpretado por Julio Adrião e dirigido por Alessandra Vannucci, detentor do Prêmio Shell de Melhor Ator de 2006, Adrião transforma o palco em vilare-jos europeus, em gigantescas caravelas e em aldeias de canibais, para contar a história de um atrapalhado italiano que aprende, com muito custo, a amar o novo continente e sua gente, valen-do-se apenas da inteligência para es-capar de enrascadas. O público, por seis vezes, interrompeu a peça para aplaudir as piadas do ator. A voz do provocador, monólogo de An-tônio Abujamra (autor, diretor e ator), foi a segunda atração. Mesclando refle-

xões sobre a im-portância da arte, a necessidade da re-beldia juvenil para renovar padrões de comportamento e os bastidores da televisão. Abujamra, com seu estilo polêmico, instigou a platéia de 400 universitários a adotar posturas mais arrojadas até mesmo no campo profissional, ao declamar um poema de Edson Marques: “Lembre-se de que a vida é uma só e decida-se por arrumar um outro emprego, uma nova ocupação, um trabalho mais prazeroso, mais digno, mais humano”. As duas peças apresentadas no CIEE fazem parte da quarta edição do Tea-tro nas universidades, projeto criado pelo ator Paulo Goulart. “Uma pes-quisa mostrou que 62% dos universi-tários nunca tinham entrado em um

teatro”, justificou o ator em uma con-versa com o público no primeiro dia. O CIEE ofereceu, em cada uma das apresentações, o teatro e transporte gratuito para alunos de sete institui-ções de ensino da capital paulista. O Teatro nas universidades tem o patro-cínio de Santander, Cosipa, Usiminas e Cristália. 13/8 e 10/9.

Atração internacionalO italiano Ivano Battiston, professor de acordeão erudito do Conserva-tório Luigi Cherubini, de Florença, mostrou a polivalência do seu ins-trumento, ao fazê-lo soar como um órgão de tubos em Tocata e fuga, de Johann Sebastian Bach, e como uma verdadeira orquestra na tradicional Tico-tico no fubá, entre outras inter-pretações que passaram por Astor Piazzola e Luiz Gonzaga. 27/8 Recital

A pianista Eudóxia de Barros (29/8) trouxe um repertório abrangente como Noturno em Mi Menor, de Chopin, e uma peça de 20 minutos de Prokofiev, impressionando a platéia com sua performance. O mesmo sucesso alcançado pela pianista Elyanna Caldas (5/9) que, ao lado dos músicos Flávio Androni, Antonio Carlos Vi-nha e Kiko Andreoli, apresentou o recital Capiba, Valsas e Choros, interpretando canções como Cem Anos de Choro e É de Tororó.

Encerrando com chave de ouroNos dias 16 de agosto e 20 de setembro, o maes-tro João Carlos Martins regeu a orquestra Ba-chiana Jovem nas suas últimas apresentações na temporada 2008 do Teatro CIEE. A orquestra é composta por 40 estudantes de música e con-ta com instrumentos de sopro, cordas, metais e madeiras. Em quatro apresentações, ao longo deste ano, a orquestra Bachiana Jovem atraiu mais de 1,2 mil espectadores.

Elyanna Caldas

Eudóxia de Barros

Paulo Goulart

Antônio Abujamra

Julio Adrião

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SITUAÇÃO NO ESPAÇO

DICAS DE PORTUGUÊS

DAD SQUARISI

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Uiiiiiiiiiiiiiiii! É o calo no péEste, esse ou aquele? Isto, isso ou aquilo? Que rolo! Jornalistas, professores, estu-dantes, advogados, todos se confundem na hora de empregar os demonstrativos. Ariscos, os pronomes não se deixam captar. Quando usar um? Quando é a vez do outro? O pior é que o papel deles é bem definido – indicam situação no espaço, situação no tempo e situação no texto. Você os conhece? Antes de responder, faça o teste. Preencha os espaços com uma das criaturas que maltratam a língua e o falante. (Resposta na página 79) – ................... caneta aqui é sua? – ................. caneta aí não é minha. .............. aqui é a minha caneta.– Você tem certeza de que .............. é a sua caneta? Não será ............ lá? Não vejo diferença entre as três.– Você diz ............ porque não as comprou. Eu as comprei há cinco anos. ............ tempo, estudava na USP.– Qual a diferença?–A diferença é ..................: pequenas nuanças nas cores.– Sou daltônico. Por ..............não me dei conta ................. pormenores.– Posto .............. , decida. Você fica com qual?– Ah, indecisão! Gostaria de ficar com ................... aqui, mas gosto ................. aí e adoro .......................... aquela lá.

ESTE – diz que o objeto está perto da pessoa que fala (eu, nós). Pode ser reforçado pelo advérbio aqui: esta sala (a sala onde a pessoa que fala ou escreve está); esta revista aqui (a revista que tenho em mão). Esta carta (a carta que está comigo).ESSE – diz que o objeto está perto da pes-soa com quem se fala (você, tu). Pode ser acompanhado pelo advérbio aí: essa sala (a sala onde está a pessoa com quem falamos ou a quem escrevemos), esse livro aí (o livro está perto da pessoa com quem falamos), essa institui-ção (a instituição em que o leitor está).AQUELE – diz que o objeto está lon-ge da pessoa que fala e da pessoa com quem se fala: aquele quadro lá (o quadro está longe das duas pes-soas), aquele cartaz, aquela torre.

ESTE – indica tempo presente: esta sema-na (a semana em curso), este mês (mês em curso), este ano (ano em curso).ESSE / AQUELE – exprime tempo pas-sado (esse: passado próximo; aquele: passado remoto): Estive em Granada em 1992. Nesse (naquele) ano, visitei toda a Andaluzia.Eis um nó. Como saber se o passado é próximo ou remoto? Depende de cada um. O tempo é psicológico. Uma hora com dor de dente é uma eternidade. Com o amado, voa.

Quem escreve enfrenta desafios. Um deles: situar o leitor. Dizer-lhe se a pessoa, o fato ou a frase foi referida no tex-to. Ou, ao contrário, se vai ser referida. É o 3º emprego do demonstrativo. E, cá entre nós, o que oferece mais dificuldade. Mas, bem entendido, torna-se fácil como tirar pirulito de criança.ESTE – olha pra frente. Anuncia o que será referido em seguida: Fernando Pessoa escreveu este verso: “Tudo

vale a pena se a alma não é pequena”.Reparou? O verso é anunciado: “escreveu este verso”. Depois, expresso: “Tudo vale a pena se a alma não é pe-quena”.ESSE – olha pra trás. O fato é referido antes; depois, reto-mado: “Tudo vale a pena se a alma não é pequena.” Esse verso figura no livro Mensagem, de Fernando Pessoa.

ATENÇÃOAs mesmas regras valem para o isto, isso, aquilo.

SITUAÇÃO NO TEXTO

SITUAÇÃO NO TEMPO

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79Agitaçãoset/out 2008

Para dominar os demonstrativos, lem-bre-se das pessoas do discurso. Dis-curso, aí, significa conversa. As pes-soas do discurso são as que tomam parte em um bate-papo. Para haver diálogo, são necessárias três pessoas. Algumas interessantes, outras nem tanto. Uma fala (1ª pessoa), outra es-cuta (2ª pessoa) e o assunto, que é a

pessoa de que se fala (3ª).Imagine que Rafael telefone para João e

lhe pergunte se viu o filme Ensaio sobre a cegueira. No caso, Rafael fala. É a 1ª pessoa. João escuta. É a 2ª. Do que eles falam? Do filme. É a 3ª.

Há um emprego dos demonstrativos que nada tem a ver com espaço, tempo ou texto. Trata-se da estrutura fechada. Ela exige dois seres. Por isso só dois pronomes entram na jogada – este e aquele. O dissílabo se refere ao nome que está mais perto do pronome. O trissílabo, ao mais distante:Maria e Joana são jornalistas. Esta trabalha na revista Agitação. Aquela, na Veja.Em outras palavras: Maria trabalha na Agitação; Joana, na Veja. Viu? Nessa arquitetura não existe meio-termo. O esse não tem vez. Só o este e o aquele aparecem.

Expulsaram o latim da escola. Não adiantou nada. Ele vive assombrando a língua. Outro dia, o sic apareceu em citação do jornal. Veio a dúvida: o que as três letrinhas querem dizer?Em latim, sic é advérbio. Significa assim, desse jeitinho. Vem, entre parênte-ses, depois de uma palavra com grafia incorreta, desatualizada ou com senti-do inadequado ao contexto. Com ele, damos este recado ao leitor: o texto original é bem assim, sem tirar nem pôr. Não tenho nada com isso. Como Pilatos, lavo as mãos.

Escrever “eu, particularmente, acho” é excesso. O eu já é particular. O advérbio sobra. O acho também sobra. Com ele, o enunciado vira achismo. Mande-o plantar batata na esqui-na. A frase fica enxuta e convincente. Com-pare: (Eu acho que) O Brasil vai sofrer com a crise americana. (Eu acho que) A escola deve melhorar a qualidade do ensino. (Eu acho que) Para escrever bem, deve-se escrever muito e sempre.

AH! XÔ, CALO

Acertou o teste? Confira:– Esta caneta aqui é sua?– Essa caneta aí não é minha. Esta aqui é a minha caneta.– Você tem certeza de que essa é a sua caneta? Não será aquela lá? Não vejo dife-rença entre as três.– Você diz isso porque não as comprou. Eu as comprei há cinco anos. Naquele (ou nesse) tempo, estudava na USP.– Qual a diferença?– A diferença é esta: pequenas nuanças nas cores.– Sou daltônico. Por isso não me dei conta desses pormenores.– Posto isso, decida. Você fica com qual?– Ah, indecisão! Gostaria de ficar com esta aqui, mas gosto dessa aí e adoro aquela lá.

GENTE DE CASA

CURTINHOS

Há filmes rapidinhos. Duram uns 10 minutos. Se bons, a gente curte à beça. Se ruins, torce pra que acabem logo. Bons ou ruins, eles têm o mesmo nome. É curta-metragem. Alguns dizem só curta. No plural, todos ganham s: Assisti a dois curtas. A Petrobras financia curtas-metragens.

PESSOAS DO DISCURSOADEUS, ACHISMO

CASO À PARTE

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80 Agitação set/out 2008

Postos de Atendimento do CIEE

SÃO PAULO / CAPITAL

Faculdade Belas Artes • Faculdade Drummond • Faculdade Flamingo • Faculdade São Judas • Faculdade São Marcos • FMU - Faculdades Metropolitanas Unidas • Instituto Presbi-teriano Mackenzie I • PUC - Pontifícia Universidade Católica • UNG - Universidade Guarulhos • Unib - Universidade Ibira-puera • Uniban - Universidade Bandeirante / Campo Limpo • Uniban / Marte • Uniban / Maria Cândida • Uniban / Morumbi • Uniban / Rudge • Unicid - Universidade Cidade de São Pau-lo • Unicsul - Universidade Cruzeiro do Sul / Anália Franco • Unicsul / São Miguel Paulista • Unimesp - Universidade Metropolitana de São Paulo • Uninove - Universidade Nove de Julho / Memorial • Uninove / Vergueiro • Uninove / Vila Maria • Unip - Universidade Paulista / Bacellar • Unip /Marquês • Unisa - Universidade de Santo Amaro • UniSantanna - Centro Universitário Sant’Anna • Universidade Anhembi Morumbi

SÃO PAULO / INTERIOR

Araraquara: Uniara - Centro Universitário de Araraquara • Batatais: Ceuclar - Centro Universitário Claretiano • Bo-tucatu: P.A. Botucatu • Campinas: PUCCamp - Pontifícia Universidade Católica de Campinas • Guaratinguetá: Unesp - Universidade Estadual Paulista • Hortolândia: Faculdades Hoyler • Guarulhos: UNG - Universidade Guarulhos • Ituve-rava: Fundação Educacional de Ituverava • Jaboticabal: Fa-culdade São Luís de Jaboticabal • Jacareí: FIJ - Faculdades Integradas de Jacareí • Lorena: Unisal - Centro Universitário Salesiano de São Paulo • Mococa: Fundação de Ensino de Mococa • Mogi das Cruzes: UMC - Universidade Mogi das Cruzes • Osasco: Uniban - Universidade Bandeirante • Ouri-nhos: Femm - Fundação Educacional Mofarrej • Piracicaba: Unimep - Universidade Metodista de Piracicaba Ribeirão Pre-to: Unaerp - Universidade de Ribeirão Preto • Santo André: UniABC - Universidade do Grande ABC • São Bernardo do Campo: Uniban - Universidade Bandeirante • São João da Boa Vista: UniFeob - Centro Univ. da Fundação de Ensino Oc-tavio Bastos • São José do Rio Preto: Unip - Universidade Paulista • Sorocaba: Uniso - Universidade de Sorocaba

OUTROS ESTADOS

Amazonas: ULBRA - Centro Universitário Luterano de Ma-naus (Manaus) • Bahia: UCSAL - Universidade Católica do Salvador (Salvador) • Distrito Federal: Call Tecnologia (Brasília) • PUC/Brasília - Pontifícia Universidade Católica de Brasília • STJ - Superior Tribunal de Justiça (Brasília) • Uniceub - Centro Universitário de Brasília (Brasília) • Unieuro - Universidade Euro Americana (Brasília) • Unip (Brasília) • Universidade Católica de Brasília (Taguatinga) • Ceará: BNB - Banco do Nordeste do Brasil S/A (Fortaleza) • Faculdade Católica Rainha do Sertão (Quixadá) • FA7 - Faculdade Sete de Setembro (Fortaleza) • Unifor - Universidade Fortale-za (Fortaleza) • Goiás: STJ - Superior Tribunal de Justiça (Goiânia) • UCG - Universidade Católica de Goiás (Goiânia) • UEG - Universidade Estadual de Goiás (Anápolis) • ULBRA - Universidade Luterana do Brasil (Itumbiara) • Mato Grosso: UNIC - Universidade de Cuiabá (Cuiabá) • Unirondon - União Educacional Cândido Rondon (Cuiabá) • Univag - Universidade de Várzea Grande (Cuiabá) • Mato Grosso do Sul: Aems - Associação de Ensino e Cultura de Mato Grosso do Sul (Cam-po Grande) • CDL - Câmara de Dirigentes Lojistas (Dourados) • UCDB - Universidade Católica Dom Bosco • Maranhão: UFMA - Universidade Federal do Maranhão (Imperatriz) • Rio de Janeiro: Centro Universitário Carioca (UniCarioca) • Universidade Bennett • Rio Grande do Norte: UERN - Uni-versidade do Rio Grande do Norte (Mossoró) • Roraima: Fa-culdade Catedral (Boa Vista) • Pará: ILES - Instituto Luterano de Ensino Superior (Santarém)

Reflexões reaisHá pouco tempo descobri Agi-tação e fiquei feliz de saber que ainda há veículos de co-municação que nos proporcio-nam informações e reflexões reais sobre o tema integração empresa-escola.

Orivaldo LachiCampo Grande/MS

Contribuição Trabalho na área de educação e reconheço em Agitação uma excelente fonte de informação. Todos os dias convivo com os conflitos e inseguranças profissionais vividos pelos meus alunos e notei que a revista pode contribuir muito com o meu trabalho com os jovens, porque aborda assuntos sobre profis-sões, cursos e carreira.

Cecília de Sá GesserAraranguá/SC

Cultura e informação Sou assinante de Agitação e sempre me sur-preendo pela amplitude de suas matérias e é exatamente essa diversidade que torna a lei-tura agradável. Sem dúvida, é uma revista rica em cultura e informações.

Gilberto Hinojosa de Azevedo Moretz-sohn

Dicas interessantesPercebemos que Agitação fornece dicas, maté-rias e assuntos interessantes, que só mostram um pouco do muito que essa importante entidade faz em favor dos jovens estudantes brasileiros que buscam sua primeira oportunidade profis-sional. Por fim, cumprimentamos pela excelente revista, que, temos certeza, nos ajudará a pautar assuntos de interesse de nossos ouvintes.

Omar Ventura Pegado JúniorDiretor-presidente da Rádio Diamante F.

Diamante/PB

Parabéns!Mais uma Agitação (edição 82) supera as ex-pectativas e surpreende com sua temática. Por esse motivo, parabenizo a equipe da revista pelo trabalho realizado.

Luiz Carlos PimentelEmpresário que apóia a Comunidade Inamar

São Paulo/SP

Êxito nas atividadesBimestralmente recebo a Agitação, publicação

que acompanho sempre com muita satisfação. Parabéns à equipe de redação, que traz em pauta assuntos muito per-tinentes.

Antonio Salim CuriatiDeputado estadual

de São Paulo - São Paulo/SP

EnergiaA educação é mesmo o motor do desenvolvimento e o CIEE é parte da energia que o move.

Antonio Delfim NetoEconomista

São Paulo/SP

Diferencial na atuação Agitação se destaca por muitos aspectos, dentre eles a qualidade e quantidade de infor-mações inseridas em seus artigos. Um exem-plo disso é o texto do jurista Ives Gandra da Silva Martins: A repercussão e a imunidade tri-butária (edição 82, p.64). Continuem nos sur-preendendo sempre com novas abordagens para que consigamos atingir o nosso ideal: ser o diferencial em nossa área de atuação.

Rosana Della JustinaMarília/SP

Agitando os problemasO nome Agitação é muito apropriado para a revista, considerando que a cada nova edição busca solucionar problemas atuais e premen-tes, sobretudo no universo jovem. Sem dúvida, Agitação se destaca pelos temas levantados e pela amplitude de suas informações.

Luiz FinguermannSão Paulo/SP

Formação profissionalSou coordenadora do Centro de Estágios da Fa-culdade de Tecnologia de Jahu e fiquei entusias-mada ao ler a matéria Técnicos e tecnólogos em alta no mercado (edição 82, p. 20). Realmente é uma especialização que está em crescimento, porque só na nossa instituição temos o número de cem por cento de empregabilidade para os alunos do curso de navegação, sem contar o número de estágios disponíveis para os jovens que procuram fazer um curso de tecnólogo. Parabéns pela matéria, ela reflete a expansão dessa importante formação acadêmica.

Rosa Maria PadroniJaú/SP

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81Agitaçãoset/out 2008

CIEE/SP e Unidades Administradas

SÃO PAULO: Capital (Sede) (11) 3040-9800 • Alphaville (11) 4134-3600 • Americana (19) 3405-6621 • Araçatuba (18) 3625-1088 • Araraquara (16) 3333-4441 • Assis (18) 3323-6396 • Atibaia (11) 4418-4848 • Avaré (14) 3732-9504 • Barretos (17) 3322-4178 • Batatais (16) 3661-0069 • Bau-ru (14) 3104-6000 • Botucatu (14) 3814-3781 • Campinas (19) 3705-1513 • Catanduva (17) 3525-1143 • Diadema (11) 4044-9791 • Franca (16) 3724-3636 • Guaratinguetá (12) 3125-4593 • Guarulhos (11) 6468-7000 • Hortolândia (19) 3865-5504 • Ituverava (16) 3729-2949 • Jaboticabal (16) 3202-8884 • Jacareí (12) 3961-3449 • Jaú (14) 3626-7573 • Jundiaí (11) 4586-4607 • Limeira (19) 3038-8785 • Lorena (12) 3157-8309 • Marília (14) 3413-1883 • Mococa (19) 3665-5251 • Mogi das Cruzes (11) 4799-2500 • Olímpia (17) 3279-8987 • Ourinhos (14) 3326-4434 • Piracicaba (19) 3424-5242 • Presidente Prudente (18) 3222-9733 • Ribeirão Preto (16) 3913-1050 • Santo André (11) 4436-5444 • San-tos (13) 3234-8929 • São Bernardo do Campo (11) 4126-9200 • São Carlos (16) 3364-2333 • São João da Boa Vista (19) 3623-3344 • São José do Rio Preto (17) 3234-2966 • São José dos Campos (12) 3234-2966 • São Sebastião (12) 3893-2453 • Sorocaba (15) 3212-2900 • Tambaú (19) 3673-2360 • Taubaté (12) 3631-2320 • Tupã (14) 3491-3798 - ACRE: Rio Branco (68) 3224-8794 - ALAGOAS: Maceió (82) 3338-2650 - AMAPÁ: Macapá (96) 3225-3914 - AMAZONAS: Manaus (92) 2101-4250 - BAHIA: Salvador (71) 2108-8900 • Camaçari (71) 3622-4848 • Feira de Santana (75) 3623-2866 • Ilhéus (73) 3634-1408 • Itabuna (73) 3613-8469 • Lauro de Freitas (71) 3288-2530 • Vitória da Conquista (77) 3424-4714 - DISTRITO FEDERAL: Brasília (61) 3701-4800 - CEARÁ: Fortaleza (85) 4012-7600 • Juazeiro do Norte (88) 3512-5995 • Sobral (88) 3613-3166 - GOIÁS: Goiânia (62) 4005-0750 • Anápolis (62) 3321-3500 • Itumbiara (64) 3431-5944 - MARANHÃO: São Luís (98) 3221-3003 • Imperatriz (99) 3523-4167 - MATO GROSSO: Cuiabá (65) 2121-2450 • Sinop (66) 3532-4887 - MATO GROSSO DO SUL: Campo Grande (67) 3382-3533 • Dourados (67) 3421-7555 - PARÁ: Belém (91) 3202-1450 • Marabá (94) 3322-4007 • Santarém (93) 3524-0202 - PARAÍ BA: João Pessoa (83) 2107-0450 • Campina Grande (83) 3341-2212 - PIAUÍ: Teresina (86) 3223-8885 - RIO DE JANEIRO: Capital (Sede) (21) 2505-1266 • Barra Mansa (24) 3323-4835 • Campos (24) 2722-6529 • Campo Grande (21) 2415-1282 • Duque de Caxias (21) 2671-7756 • Macaé (22) 2762-4616 • Madureira (21) 3350-5050 • Nova Friburgo (22) 2523-7438 • Nova Iguaçu (21) 2667-3405 • Niterói (21) 2719-4019 • Petrópolis (24) 2243-4873 • Realengo (21) 31594625 • Resende (24) 3360-6200 • Três Rios (22) 2255-1499 • Volta Redonda (24) 3342-0816 - RIO GRANDE DO NORTE: Natal (84) 3222-7709 • Mos-soró (84) 3312-2084 - RONDÔNIA: Porto Velho (69) 3221-3687 - RORAIMA: Boa Vista (95) 3624-2760 - SERGIPE: Aracaju (79) 3214-4447 - TOCANTINS: Palmas (63) 3215-5267

CIEEs AUTÔNOMOS

ESPÍRITO SANTO (CIEE/ES) - Vitória (Sede) (27) 3232-3200 - MINAS GERAIS (CIEE/MG) - Belo Horizonte (Sede) (31) 3429-8106 - PARANÁ (CIEE/PR) - Curitiba (Sede) (41) 3313-4333 - PERNAMBUCO (CIEE/PE) - Recife (Sede) (81) 3092-1555 - RIO GRANDE DO SUL (CIEE/RS) - Porto Alegre (Sede) (51) 3284-7000 - SANTA CATARINA (CIEE/SC) - Florianópolis (Sede) (48) 3216-1400

SISTEMA CIEE NACIONALCIEE NACIONAL

Brasília (Sede) (61) 3226-9919Roteiro CulturalNo dia 10 de setembro tive a oportunidade de assistir no Teatro CIEE à apresentação teatral A voz do provocador, com Antonio Abujamra, e devo confessar que fiquei deslumbrado. São iniciativas como essas, de proporcionar uma atividade dessa grandeza, que os fazem serem admirados por nós da área educacional.

Rivaldo Carlos de OliveiraSão Paulo/SP

Instituição conceituadaRecentemente li uma matéria muito interessante sobre os serviços prestados pelo CIEE, porém ao ver os nomes dos profissionais que a dirigem, me

Agradeço a gentileza de me mandar este interessante livro.

Erling S. LorentzenPresidente do Conselho da Aracruz

Celulose - Rio de Janeiro/RJ

Seu papel de educador transcende a educação. Energia, força de trabalho e outros quejandos, além da justa Academia, o premiam.

Mario GarneroSão Paulo/SP

Cumprimento o educador pelo belíssimo tra-balho apresentado em seu livro. Que essa obra contribua para melhorar a educação no Brasil, que deixa muito a desejar.

Dom Antonio Maria MuccioloPresidente da Rede Vida - Botucatu/SP

Parabenizo o autor pelo livro, no qual pude constatar, mais uma vez, a sua notável atuação nos problemas relacionados à educação.

Raul Murgel BragaConselheiro do Grupo Ultra

Rio de Janeiro/RJ

A EDUCAÇÃO BRASILEIRA E O MERCADO DE TRABALHO

Cumprimento o amigo e conterrâneo Luiz Gonzaga Bertelli pela fecunda produção intelectual, condensada no A Educação Brasileira e no Mercado de Trabalho. Por essa obra, todos nós bra-sileiros sentimo-nos orgulhosos.

José Roberto BatochioEx-presidente da OAB/SP

São Paulo/SP

Foi com intensa satisfação que recebi o exem-plar do livro. Assunto bastante oportuno, proporcionando leitura agradável e altamente esclarecedora.

João Marcos GobbinPiracicaba/SP

Gostaria de ter a facilidade de escrever como o autor.

Roberto PedrosoSantos/SP

É uma pena ainda não termos uma solução para os problemas com educação. Parabéns pela clareza do livro.

Maurílio Biagi FilhoSão Paulo/SP

RECEBEM AGITAÇÃO E AGRADECEM:

Centro Universitário Claretiano (Batatais/SP); Inmetro – Instituto de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial (Duque de Caxias/RJ); Isepro – Instituto Superior de Educação Programus (Água Branca/PI); PUC – Pontifícia Universidade Católica do Paraná (Curitiba/PR); Uezo – Cen-tro Universitário da Zona Oeste (Campo Grande/RJ); Unifamma – Faculdade Metropolitana de Maringá (Maringá/PR).

senti mais à vontade para indicar aos meus clien-tes e amigos esta prestigiosa instituição.

Valdir Campos CostaPresidente da Conape Auditores Independentes

São Paulo/SP

Perfil dos nerdsHá alguns meses, eu não conhecia Agitação, mas depois de ter participado da matéria Eles têm a força, da Agitação Jovem (edição 82), fiquei empolgada com a revista. Adorei a ma-téria, que falou de uma maneira muito divertida sobre o novo perfil dos nerds. Parabéns pelo trabalho realizado!

Sei IshizawaSão Paulo/SP

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Ives Gandra Martins PONTO FINAL

IVES GANDRA DA SILVA MARTINS É PRESIDENTE DO CONSELHO SUPERIOR DE DIREITO DA FECOMERCIO/SP E DO CENTRO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA (CEU) E PROFESSOR EMÉRITO DO CIEE/OESP 2007.

Falácias da economia

Combater a tendência ocidental de cada

vez trabalhar menos, com mais direitos e menos deveres,

teria pesados ônus políticos.

A

Certamente, a idade tem me torna-do mais intolerante – e não consigo esconder – com uma enormidade de falácias que se ouvem no mundo moderno. Uma delas é de natureza econômica. A economia é, funda-mentalmente, uma ciência psicos-social definida pelo mercado. São bons os economistas que percebem suas tendências, aproveitando-as e, quando possível – o que é raro –, reorientando-as. A econometria é uma mera ciência instrumental e, decididamente, não há econo-mia ideológica. O fracasso daqueles que entendem que os economistas fazem a economia a partir de suas convicções políticas têm seu retrato, no mundo moderno, na monumen-tal falência de todos os países que estiveram sob o domínio soviético, na Cuba de Fidel e naquelas nações afro-asiáticas e latino-americanas que ainda vivem da vã ilusão de que a ideologia faz o mercado. O próprio MST, inspirado por econo-mistas que defendem o avanço do retrocesso e da agricultura pré-his-tórica, é um movimento de natureza política e não econômica, totalitá-rio e não democrático, cujo objetivo mais remoto é entregar terras para uma parcela reduzida da população. Seu principal e verdadeiro escopo é desestabilizar as instituições, impor ideologias anacrônicas pela violên-cia – e não pelas urnas – e impedir

o desenvolvimento do país, tomando terras que tornaram o Brasil uma das maiores potências do agronegócio. É que a economia é um jogo de xa-drez. Cabe ao economista analisar as regras de mercado, sendo bom aquele que consegue antecipar as jogadas futuras, como faz um hábil jogador. Não é um jogo de pôquer, como que-rem os ideólogos, nem um jogo de es-tatísticas, como querem os econome-tristas, cultuadores de uma ciência cuja utilidade instrumental não pode ser dispensada. O mundo atual tem excesso de operadores econômicos e carência de verdadeiros economis-tas. Por isso, está em crise, porque não anteviu os movimentos das re-gras do mercado, com a inadimplên-cia causada pelo excesso de crédito deslastreado e a instabilidade dos preços das commodities. Os próprios Estados Unidos sofreram o impacto desse boom, que lideraram e do qual foram as primeiras vítimas. Seu sistema financeiro – não lastrea-

do, como o brasileiro, fundamental-mente em títulos públicos, mas em títulos privados – terminou por mos-trar-se débil com a crise mundial. Mesmo a redução dos juros para in-centivar o consumo, num momento de necessidade de controlá-lo, provo-cou dois fatores que afetaram ainda mais a dimensão da crise: a recupera-ção mais lenta do próprio mercado fi-nanceiro, em face dos juros baixos, e um desinteresse maior dos investido-res estrangeiros, derrubando o consu-mo e atingindo as ações de suas com-panhias, pela falta de credibilidade. Tal impacto, à evidência, não pode-ria gerar senão um descontrole intes-tino, que terminou por elevar o nível de preocupação sobre o futuro. Nitidamente, a China, cuja ditadura esquerdista adotou as regras do livre mercado, está se beneficiando da crise mundial, em face de os encar-gos burocráticos, tributários e tra-balhistas acumularem um custo de descompetitividade, para os países ocidentais, que a China desconhece. Certamente, combater a tendência ocidental de cada vez trabalhar me-nos, com mais direitos e menos deve-res, provoca pesados ônus políticos, que os governantes do mundo intei-ro não querem assumir, o que torna o futuro domínio da China na econo-mia mundial uma questão de tempo. Não é que a China seja melhor, é que o mundo é muito pior.

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Estágio com Qualidade

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