revista canto da iracema - edição maio 2011

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Nº 04 > Abril 2011 UMA PUBLICAÇÃO DO INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO SOCIOCULTURAL CANTO DA IRACEMA > ANO 12 > Nº 66> MAIO 2011 a cultura cearense pertinho de você! a cultura cearense pertinho de você! ESTÁTUA DE IRACEMA “lagoa de messejana”

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Nº 04 > Abril 2011

UMA PUBLICAÇÃO DO INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO SOCIOCULTURALCANTO DA IRACEMA > ANO 12 > Nº 66> MAIO 2011

a cultura cearense pertinho de você!a cultura cearense pertinho de você!

ESTÁTUA DE IRACEMA “lagoa de messejana”

JOSÉDEALENCARNasceu em Messejana, na época um município vizinho a

Fortaleza. A família transferiu-se para a capital do Império do Brasil,Rio de Janeiro, e José de Alencar, então com onze anos, foi matriculadono Colégio de Instrução Elementar. Em 1844, matriculou-se nos cursospreparatórios à Faculdade de Direito de São Paulo, começando o cursode Direito em 1846. Fundou, na época, a revista Ensaios Literários,onde publicou o artigo questões de estilo. Formou-se em direito, em1850, e, em 1854, estreou como folhetinista no Correio Mercantil. Em1856 publica o primeiro romance, Cinco Minutos, seguido de A Viuvinhaem 1857. Mas é com O Guarani em (1857) que alcançará notorieda-de. Estes romances foram publicados todos em jornais e só depois emlivros.

José de Alencar foi mais longe nos romances que completam atrilogia indigenista: Iracema (1865) e Ubirajara (1874). O primeiro,epopeia sobre a origem do Ceará, tem como personagem principal aíndia Iracema, a “virgem dos lábios de mel” e “cabelos tão escuroscomo a asa da graúna”. O segundo tem por personagem Ubirajara,valente guerreiro indígena que durante a história cresce em direção àmaturidade.

Em 1859, tornou-se chefe da Secretaria do Ministério da Justiça,sendo depois consultor do mesmo. Em 1860 ingressou na política,como deputado estadual no Ceará, sempre militando pelo PartidoConservador (Brasil Império). Em 1868, tornou-se ministro da Justiça,ocupando o cargo até janeiro de 1870. em 1869, candidatou-se aosenado do Império, tendo o Imperador D. Pedro II do Brasil não o

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>>>>> as matérias publicadas são de inteira responsabilidade de seus autores!// TIR

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> Q U E M S O M O S !coordenação geral zeno falcão • coordenador adjunto pingo de fortaleza • editora e jornalista resp. joanice sampaio - jp 2492 - ce• produtor executivo arnóbio santiago • assistente de produção tieta pontes • revisão rodrigo de oliveira - tembiu.pro.br • colabora-dores audifax rios / fernando neri / augusto moita / talles lucena / calé alencar / carri costa / kazane / danilo amaral • conselho editorialaugusto moita / audifax rios / calé alencar / erivaldo casimiro • diagramação artzen • contatos > canto da iracema rua joaquim magalhães331 / cep 60040-160 / centro / fortaleza / ceará / (85) 3032.0941 / [email protected] > solar av. da universidade 2333 / benfica/ fortaleza / ceará (85) 3226.1189 / [email protected]

FOTO CAPA > MACILIO GOMES

Aqui estamos nós! Prosseguindo com nossa missão de cada mês. Neste número a velha e

querida Ponte é o ponto de partida para Audifax Rios adentrar à Praia de Iracema, discorrendo

lugares e personagens da nossa P.I., onde o nosso Canto nasceu. Vamos percorrer a aprazível

Messejana a bordo de uma crônica poética. Do outro lado, lembrando passagens da cultura

cearense no Velho Mundo, Calé Alencar desfia prosa e poesia. E por falar em poesia, Augusto

Moita conta uma história cujo personagem central é o saudoso Patativa do Assaré.

Vamos conhecer a Amanda e seu Ponto de Cultura que é pura animação, e também conhecera programação do XV Festival de Esquetes de Fortaleza – FESFORT. Ainda temos uma entre-

vista com o polêmico Lobão e a poesia de Fernando Neri. Boa leitura!

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escolhido por ser muito jovem ain-da.

Em 1872 se tornou pai de Má-rio de Alencar, o qual, segundo umahistória nunca totalmente confirma-da, seria na verdade filho de Ma-chado de Assis, dando respaldo parao romance Dom Casmurro. Viajoupara a Europa em 1877, para ten-tar um tratamento médico, porémnão teve sucesso. Faleceu no Rio deJaneiro no mesmo ano, vitimado pela tuberculose. Machado de Assis,que esteve no velório de Alencar, impressionou-se com a pobreza emque a família Alencar vivia.

Produziu também romances urbanos (Senhora, 1875;Encarnação, escrito em 1877, ano de sua morte e divulgado em 1893),regionalistas (O Gaúcho, 1870; O Sertanejo, 1875) e históricos (Guerrados Mascates, 1873), além de peças para o teatro. Uma característicamarcante de sua obra é o nacionalismo, tanto nos temas quanto nasinovações no uso da língua portuguesa. Em um momento de consoli-dação da Independência, Alencar representou um dos mais sincerosesforços patrióticos em povoar o Brasil com conhecimento e culturapróprios, em construir novos caminhos para a literatura no país. Emsua homenagem foi erguida uma estátua no Rio de Janeiro e umteatro em Fortaleza chamado “Teatro José de Alencar”.

01 MAIO 182912 DEZEMBRO 1877

prefeitura

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PANORAMA

[email protected]

VISTO DA PONTEHÁ 285 ANOS O MAR JÁ ESTAVA LÁ. A PONTE VEIO DEPOIS E ERA CHAMADA “DOS

INGLESES”. PORÉM O POVO PREFERIU APELIDÁ-LA DE PONTE METÁLICA, APESAR

DE SER DE CONCRETO. E METÁLICOS CONTINUARAM OS ÚLTIMOS RAIOS DO SOL

VISTOS DESTA LÍNGUA DE FERRO E CIMENTO QUE LAMBE O SAL DE IRACEMA,TEMPERO DA NOITE DA PRAIA DO PEIXE. AÍ CHEGOU LUIZ ASSUMPÇÃO JUNTOCOM O MAR REVOLTO, NUM REMOTO 1953 E, DEFINITIVAMENTE, BATIZOU O PEDA-

ÇO QUE FOI CARCOMIDO POR NETUNO DE PRAIA DE IRACEMA. ADEUS PRAIA DOS

AMORES QUE O MAR ACABOU.

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CATOLÉ – De toda longa novela, que se convencionou chamar de

“Tragédia Portuária”, restaram os dois monumentos à incompetên-cia: os escombros das duas pontes metálicas. Uma, a Ponte dos

Ingleses, com casebres construídos em sua laje, partindo da avenida

Almirante Tamandaré, ao lado do empedrado prédio da Alfândega.

E a outra, que começa na rua dos Cariris, a chamada Ponte do

Catolé. Catolé era o apelido do cidadão José Ferreira Lima, feitor dacompanhia construtora, que por ali residiu nas casas construídas paraservirem de almoxarifado, até meados da década de noventa. Catolé

de Dona Alzira, pais de imensa prole, conhecida de todos iracemistas,

principalmente o Caubi, de saudosa memória, e o fotógrafo Cláudio.

E a Ivone, que pode ser vista encastoada numa janela do pátiointerno do Pirata Bar, na noite mais badalada do planeta.

PIRATA – O Pirata Bar faz um quarto de século que agita a segun-da-feira neste pedaço da Fortalezamada. Comandada por Júlio eRodolphe Trindade, uma equipe de competentes funcionários fazemde um tudo para tornar esta noite mais deslumbrante ainda. RicardoGoeller, Armando Teles e os músicos da banda, cozinheiros, gar-

çons, frequentadores contumazes, artistas, poetas, boêmios, todos decaveirinha no peito e bandana na cabeça. O Júlio Pirata foi alémdesta nesga de mar, em 2004 levou jangadeiros e suas toscas embar-

cações para um festival náutico nos longínquos mares de Brest, no

norte da França. E de quebra, arte, música, moda. Um sucesso.

RESGATE – Muita riqueza da praia o tempo levou. A noite boê-

mia, a paz, a cearensidade. A P.I. foi invadida, os nativos foram

expulsos. Um grupo foi criado para promover a revitalização dobairro e cobrar a requalificação da área. E nasceu a AMAPI: Associ-

ação de Moradores e Amigos da Praia de Iracema. Tudo começouquando o engenheiro Cláudio Ary criou, na rede social Facebook, ogrupo “PRAIA DE IRACEMA – RECONSTRUÇÃO JÁ”. Mote

para o irrequieto Pedro Álvares tomar as rédeas da campanha e sairpor aí, a plenos pulmões, a conscientizar o povo da importância domovimento. Virtual e presencial, segundo ele. Palavras endossadas

pela secretária Michelle Militão. Esperam que você, leitor, estejaentre as milhares de adesões.

SAUDADE – Tais manifestações podem trazer tudo, menos a garga-

lhada do Haroldão. O iracemista Francisco Haroldo Aragão que háum ano deixou-nos na saudade. Ele tão presente, desde o Opção aoLargo do Mincharia. Os órfãos muitos do Haroldão ainda se reúnem

neste último reduto, agradabilíssimo recanto. Onde Dona Madalena

e os filhos sempre dão o ar da graça como se para nos lembrar queo Haroldão continua vivíssimo, com sua bondade, com sua verve.

Certa vez o poeta Virgílio Maia perguntou ao Haroldo a razão de

tanta felicidade. Ele falou que quando rapazinho foi ser propagandis-

ta de laboratório nos cafundós do Piauí, passando por lá cerca devinte anos. Até que um dia retornou definitivamente a Fortaleza.

Desde então não parou de sorrir.

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Os filmes de animação caíram no gosto do públi-co há tempos. Desde os primeiros desenhos anima-dos, surgidos no cinema mudo nos anos 1910, pos-teriormente o surgimento de personagens como oGato Félix, Pica-Pau, os personagens de Walt Disneye Hanna-Barbera, até os atuais em 3D, a linhaevolutiva do gênero ainda encanta crianças, jovense adultos. Nos últimos anos, a grande indústria docinema rendeu-se ainda mais ao gênero produzindoverdadeiros sucessos de bilheteria. Shrek, OsSimpsons, Procurando Nemo, até o festejado Rio.

Por aqui, também encontramos quem se renda àmagia da animação e daqui já saíram produções bemsucedidas como, Vida Maria, de Márcio Ramos ePatativa, de Ítalo Maia. Os núcleos para o ensino eprodução deste gênero do audiovisual são encon-trados em Fortaleza. Entre eles está a Amanda - As-sociação Mundo Animados das Artes.

Nascida da necessidade sentida pela atrize musicista LUIZA FALCÃO de encontrar pro-fissionais qualificados em animação para arealização de um filme e sentindo que comsua experiência na área cultural na Françapoderia contribuir com a formação intelec-tual, humana, cultural e profissional de jovensque não dispõem de recursos para o estudoneste campo, em 2000 com um pequeno gru-

po fundou a Amanda.

“A gente precisa educar o nosso povo. Achei queera fundamental e criei a Associação. Uma escolaaberta a jovens que não têm recursos. Dar a forma-ção profissional, a formação verdadeira na área deanimação. E aí pintou esse Programa Cultura Viva,que foi maravilhoso pra gente”, declara Luiza Fal-cão.

Atendendo a um público da faixa etária de 17 a24 anos, a ideia dos organizadores do Ponto de Cul-tura é direcionar também para o público infantil. “Ébom a gente formar logo cedo, porque quando che-gar na adolescência esse jovem estará mais prepa-rado para entrar no condicionamento de uma pro-fissão”, acrescenta Luiza.

Amanda, Ponto de AnimaçãoO mundo de Amanda é colorido, movimentado, alto astral. Numa casa de arquitetura da década

de 50 no Centro de Fortaleza foi onde encontramos a Amanda e seus jovens animadores.

Os futuros realizadores são moradores da peri-feria da capital cearense, da Região Metropolitana eaté do interior do Estado. Todos participam ou jáparticiparam das atividades oferecidas gratuitamen-te como, cursos básicos e profissionalizantes em de-senho, pintura, animação, roteiro para desenho ani-mado, trilha para desenho animado, cenários paradesenho animado, produção de filmes educativos,vinhetas institucionais, logomarcas animadas, forma-ção profissional para o mercado de animações e pro-dução de filmes com estilos regionais valorizando acultura popular. Dentro desta proposta, a rendeira,o maracatu, o jangadeiro e tantos outros elementosda cultura cearense têm seu lugar cativo nas produ-ções do Ponto de Cultura.

Entre as criações, destacam-se A Princesa doVale, sobre a história da cidade de Limoeiro doNorte, ganhador de menção honrosa no FestivalCurta Canoa; Bumba Meu Peixe, vencedor do Fes-tival Nacional de Cinema e Vídeo Ambiental dePacoti; O Aniversário do Patativa e vinhetasinstitucionais produzidas para o Circuito Tela Verdee Teia 2010.

“A Amanda, ou como é formalmente chamada,Ponto de Cultura Curso Profissionalizante de Dese-nho e Animação, surgido em 2009 e finalizado esse

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ano, formou 140 jovens. Os coordenadores come-moram os resultados. Alguns ex-alunos já estãoengajados no mercado de trabalho, atuando emagências de publicidade, em empresas gráficas e atéfora do Brasil.

Atualmente atendem a 10 pessoas que partici-pam do segundo Ponto de Cultura – Trilha Sonora

Para Animação e Roteiro, estão produzindo o lon-ga-metragem Rebanho, baseado em um conto deLuiza Falcão com previsão de finalização até o finaldeste ano.

E para quem deseja fazer parte deste do universoda animação, a Amanda está sempre com inscriçõesabertas e seus cursos são gratuitos.

AMANDA – ASSOCIAÇÃO MUNDO ANIMADO DAS ARTES

RUA MENTON DE ALENCAR, 106, CENTRO

FONES: 085 – 3253 2614 | 9107 [email protected]

WWW.AMANDA.ORG.BR

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CONTATOS

ÁLBUMNas fotos antigas

Eu me procuro

Eu me revivo

Eu me protesto

Doloridamente

Em cada pontoEu me diluo todo

E me concentro

Solubilidade oscilante no tempoNa fumaça do instante

Cada retrato

É um pedaço mudo de mim

Jogado

FototragicamenteSobre o papel.

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Parece até que eu posso vê-la. Já vem tão rápida quanto a emaselvagem, correndo e saltando por entre as matas e lagoas que existiamem toda a Messejana. O vento fresco assanhava – mas só um pouquinho– os cabelos lisos e longos da linda Iracema. Aliás, esse mesmo ventoainda hoje passeia por entre as árvores do lugar; árvores querespeitosamente dão, como naqueles tempos, mangas, cajus, siriguelas,cocos e também a já muito cobiçada sombra para os dias de muito sol.

Colher os frutos depois das pescarias e caçadas eram,provavelmente, o que os primeiros habitantes do lugar, irmãos deIracema, deveriam fazer. A tribo dos Tabajaras, a qual ela pertencia –sob as bênçãos de Tupã e sob a pena de José de Alencar – chamavaaquela imensa área verde de “a lagoa abandonada”, ou Messejanamesmo, como diziam na língua tupi.

A lírica terra de bom clima do escritor José de Alencar continua lá.Sua lagoa abre as portas para uma aldeia urbanizada com muitomais concreto e asfalto que matas e cipós. Os gritos selvagens, oscantos dos pássaros o barulho das águas rasgadas pelas pirogas dosindígenas foram trocados pelos roncos dos motores, pelos carros de some pelas vozes diversas dos vendedores ambulantes, dos feirantes e detodo o povo que escolheu o bairro para morar, trabalhar ou apenas

MESSEJANA DA PELE VERMELHApassar. As praças, os becos, as ruas e as avenidas cortam de norte a sulo grande bairro que já foi município um dia. Seu comércio e suasindústrias parecem que vão, dia-a-dia, convencendo e acostumandoos nossos olhos a uma paisagem fria e cinzenta. Outrora, o mesmolugar era cortado pelos pés descalços cobertos de terra vermelha deCauby, Andiara e Irapuã, a mesma terra que o progresso teima encobrircom fuligem e cimento.

O povo passa pra lá e pra cá, pelas ruas, praças, feiras e pela vidade Messejana, deixando um rastro de luta, de esperança, de alegria ede energia. Para muitos que ali depositam momentos de sua lendapessoal, Messejana continuará sendo o local onde a bela pele vermelhade “cabelos mais negros que a asa da graúna”, os espera, assim comoespera o seu amado Martin. Hoje de fibra, aço e resina, aquecida pelosol e banhada pela lua e pelas águas da grande lagoa, a boa índiaestá comportadamente sentada sobre uma grande pedra. Está lá epermanecerá saudando o povo que vai e volta e passa por suas terrase não pára; que flerta com ela, com sua lagoa e com as matas queainda restam. Esse povo também é um pouco filho seu, um poucoMoacir; povo que leva nos traços tupi-guaranis – seja no corpo ou naalma – a beleza e a pureza que também Messejana teima empresentear.

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...Coisas que Conto!

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Fiquei amigo do mestreAntônio Gonçalves da Silvaatravés do também grande ar-tista Ronaldo Cavalcante, aquem sou e serei eternamen-te grato.

Ronaldo para quem nãosabe é um dos maiores bico-de-pena dessas paragensalencarinas, além de um exí-mio fazedor de menino. Nãome refiro à quantidade, massim à qualidade da prole.Sem desmerecer a participa-ção de sua fiel companheira nafeitura da obra, o cara só acer-ta na veia quanto aos quesitos in-teligência e beleza.

Certa feita foi nosso Da Vinci da pro-criação humana receber o poeta maior –que inclusive é padrinho de seu primogênitoCainã – em sua chegada à capital para cumprir extensaagenda cultural. Tarefa que lhe era sempre solicitada devido à con-fiança e amizade existente entre os dois.

Estribado em seu valoroso fusca não muito bem conservado,Ronaldão não só o aguardava na rodoviária, como lhe servia demotorista em todos os eventos a que fosse convidado. Mas, infeliz-mente, desta feita a viagem não tinha sido das mais agradáveis.Não se sabe como, num dos cochilos do poeta, desapareceu-lhe oaparelho auditivo. Procurou-se no ônibus todo e nada. Deixou-omuito chateado esse extravio. Além de tratar-se de objeto de usoextremamente pessoal, far-lhe-ia grande falta diante dos compro-missos assumidos.

O dedicado condutor tentava a todo custo mostrar que a situaçãonão estava tão desesperadora como se imaginava. Iriam até suaresidência deliciar uma maravilhosa galinhada, preparada comtodo esmero pela D. Telma e, em seguida, sairiam em busca de umaalma caridosa que lhes resolvesse o problema.

O ilustre convidado quase não conseguiu comer nada. Deveras

preocupado com a desven-tura, o apetite que já nãoera dos melhores, estava ir-remediavelmente compro-metido.

– Compadre, depois doalmoço a gente descansa evai atrás de resolver essenegócio.

– Você fala assim por-que acha que é fácil.Ronaldo, a coisa é séria.Tem que tirar medida. Éuma burocracia danada.Vamos arranjar logo isso edeixa essa estória de des-canso pra depois.

Sol a pino, quando che-garam em frente ao Incrana José Bastos, a Ferrarifura o pneu. Agora imagi-

nem vocês: o aborrecimento; a preocupação; o calor infernal dentrodaquela preciosidade da indústria automobilística; a camisa de man-gas compridas; o inseparável chapéu de massa; o pneu furado coma devida falta de sobressalente; o enfado da longa viagem; comoestaria o humor do infelicitado passageiro?

– Compadre, não tem pneu reserva, mas não precisa se afobar.Tem uma borracharia logo ali e eu volto já. Enquanto isso por queé que o senhor não faz um poema sobre essa confusão toda?

Pela expressão da face do poeta, pensou-se que naquele momen-to nasceria mais uma de suas tão espirituosas poesias.

– Um poema, né, compadre? Respondeu pausadamente.

Num átimo de luminosidade aquela mente privilegiada percebeua ardilosa artimanha preparada na tentativa de apaziguar-lhe oânimo. Entre pensativo e fulo da vida vociferou:

– Um poema... Ronaldo, vá à puta que o pariu...!

Pa ta tiva, Ron a ldo e o Fu sca

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“EU SOU MAINSTREAM” avisa Lobão em entrevista exclusiva para Talles Lucena, dono do selo musicalcearense Panela Discos. Do backstage de seu show em Natal, no sábado, dia 9 de abril, Lobão fala de seu livro

“50 Anos a Mil”, perseguições no mundo da música, o Universo Paralelo, alfinetaos baluartes da música brasileira e se afirma desobstruído e feliz.

PD (Panela Discos) – Já se vão mais de 10 anos da criação do “Univer-so Paralelo” (UP), que a princípio surgiu de uma necessidade musicalsua, de fazer algo independente...

LOBÃO – Não uma necessidade musical, na verdade uma necessida-de profissional, se eu não fizesse... eu estava vetado pelas gravadorase eu tinha que me reinventar; eu sou um homem do mainstream, eunão sou independente. Não acho que “independente” seja uma boacondição pra mim, né? Eu gosto de tocar na rádio, fazer muitos suces-sos nacionais e essa é minha onda... mas eu tinha que me reinventarde alguma maneira, né? Porque eu tava fora das rádios, fora dasgravadoras, sendo perseguido violentamente, eu tinha de me reinventar.

PD – E durante essa época, Lobão - isso logo no início dos anos 2000- o que fez você se dar conta que a UP poderia ser um fomentadorimportante da música independente pelo Brasil?

LOBÃO – Na verdade, a “Outra Coisa” fez esse papel, né?

PD – A revista...

LOBÃO – Sim, que lançou uns 30 artistas de primeira linha em quatroanos e isso me orgulha muito.

PD – E que você participava diretamente...

LOBÃO – A revista era minha. Eu era dono e editor.

PD – Desses 30 artistas, você poderia citar alguns?

LOBÃO – Mombojó, Cachorro Grande, B Negão e os Seletores deFrequência, Arnaldo Batista, Bidê ou Balde, Canastra, Cascadura, Réue os Condenados, pô, uma porrada deles!

PD – A partir desse teu trabalho, do teu conhecimento acerca desseuniverso independente, o que você acha dele? Qual sua ideia, hoje,sobre a música independente brasileira?

LOBÃO – Eu fico muito agoniado porque todo mundo tá achando quea música independente vale a pena, e não vale... A música indepen-dente é uma espécie de “grupo de acesso”, a gente tem que invadir omainstream e tem que transformá-lo em nosso habitat, tá entenden-do? Senão seremos “enguetizados” [referente a gueto] e quem saiperdendo somos nós, porque não somos explorados pela imprensa

oficial, a gente não entra no rádio, não entra na televisão e se a gentenão tocar no rádio, reiter, não somos ninguém, cara! Vai ter o Restartsendo revisado daqui há 20 anos como a trilha musical de hoje egrandes artistas e grandes bandas by-passados por esse esquemacruel.

PD – E essa invasão do mainstream, na visão particular de bandascomo nós, independentes, essa invasão do rádio, por exemplo, aindafaz algum sentido mesmo com a exploração das benéfices do universoda internet?

LOBÃO – A internet não vai levantar ninguém, cara! Se o Restart, pô,tivesse só na internet, ninguém ia conhecer o Restart, só aquele pessoalque o conhece... Então, as pessoas têm que entender que a internetnão faz artista nenhum, nunca fez, nem nunca vai fazer. Porque temum tripé: a internet, rádio e televisão, a gente não pode esquecer disso.Aliás, um grande erro estratégico de tudo é isso é que a gente estádeixando o maná pro podre, tá entendendo? E aí quem se desloca tempreferência e aí a gente fica chupando aquele dedão...

PD – Mesmo você, o artista Lobão, que está tendo toda essa exposiçãoagora por conta da tua biografia, não vem tendo as músicas veicula-das em rádios (duas músicas inéditas que estão para donwload emseu site), de acordo com reclamações suas próprias, você acha que essemesmo circuito de rádio fará, mesmo que a longo prazo, concessõespara os independentes?

LOBÃO – Olha, se a gente não fizer uma pressão, não for no Ministérioda Cultura, não imprimir um repúdio ao jabá, não vai acontecer nada.Agora a ministra da cultura está falando que vai fazer uma campa-nha contra o jabá, tá mais do que na hora. A gente tem que ter umespírito corporativista, uma classe, fazer um lobby lá dentro, tem quese reunir, tem que se articular, né, cara?

PD – Falando do Minc, especificamente, e especialmente após esseinício turbulento da gestão, que acabou envolvendo até a cantoraMaria Bethânia: você enxerga com otimismo essa nova gestão doMinc?

LOBÃO – Eu acho que depende de nós, o Ministério da Cultura está láe, se a gente não interferir, não vai fazer diferença alguma, tem queestar lá e falar e eu não vou ficar aqui esperando eles tomarem medi-

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das sobre meu destino. Eu vou tomar. Espero que as pessoas vão lá etomem; veja: “eu quero... necessitamos... a gente tá querendo reivin-dicar uma rádio, uma concessão de rádio pra gente”, coisas assim,sabe?

PD – No teu livro, você descreve várias situações nessa tua militância,nesse aspecto, até em parcerias com outros artistas como a Beth Carva-lho...

LOBÃO – Em relação à numeração dos discos...

PD – Sim. Esse tipo de mobilização, oriunda do mainstream, de artis-tas como você, é hoje algo impensado, mais ou menos difícil deacontecer?

LOBÃO – Cara, eu só conheço EU, desde sempre, entendeu? Então,antigamente era uma bosta, fora o fato de que a cena, os artistas quesão contra mim são os mesmos desde 40 anos atrás (risos)... aquelescadáveres insepultos.

PD – O “50 Anos a Mil” já é um sucesso de vendas, não é mesmo?

LOBÃO – Ele está entre os cinco mais vendidos na categoria não-ficçãodesde que ele saiu, já faz 16 semanas entre os cinco mais vendidos...

PD – Antes do livro, o Lobão, músico, gravou o excelente “Acústico MTV”que mesmo com tamanha qualidade, e com um Grammy na baga-gem, não teve a mesma repercussão e foi um fiasco de vendas, deacordo com suas próprias estatísticas...

LOBÃO – Ele foi um fiasco em virtude da imprensa... ela me massa-crou, injustissimamente, né cara? Acabaram comigo, me disseramque eu era traidor, não tem como se resistir a isso, né cara?

PD – Então, de acordo com isso tudo que você falou, qual a conclusãoque podemos chegar? O que o Lobão escritor teve que o Lobão músiconão conseguiu realizar? Você acha que, no Brasil, polêmica aindavende mais que a própria arte? A que você atribui uma venda maiordo livro que o próprio disco?

LOBÃO – Polêmico não, cara, não... O livro me explica! E o livro foirevendo toda minha obra, cara... Porque o livro me desobstrui damaledicência a qual eu tava sendo submetido. É só isso. Porque o livroele é bonito, ele não é polêmico. Ele é lindo, sabe? Eu não quero criarpolêmica... Eu estou fazendo um trabalho da minha vida e eu tenhomaior orgulho da minha vida. A minha vida é linda, cara. E poucaspessoas podem chegar e dizer as histórias que eu estou dizendo. Euestou dizendo histórias que poucas pessoas tiveram, cara. Será quenão dá pra notar isso?

PD – Sim.

LOBÃO – É claro que o livro tá bem redigido e bem escrito e é oseguinte: o que está acontecendo é que os discos começaram a venderpra caramba, a caixa nova está vendendo pra caramba. Veja bem: eunão posso tocar em rádio. Há quantos anos que eu não toco em rádioas minhas músicas inéditas? Você sabe que tem duas músicas inédi-tas no livro?

PD – Sim, ambas para download em seu site...

LOBÃO – Então, e você acha que vai tocar no rádio? Não vai. E comoé que eu vou vender se não tocar no rádio? Agora, como é que eu estoufurando o bloqueio: eu faço uma mídia que não está subjulgadajustamente aos veículos que estão me sabotando. É só por isso que euestou vendendo. E é só por isso que eu vou vender todos os meus discospor aí, e não pelos métodos oficiais.

PD – Você acredita que o teu livro possa estar criando uma nova fatiade público leitor, e até de novos fãs? Que tipo de influência você achaque está tendo nessa nova fatia?

LOBÃO – Claro! Tanto de leitores quanto de novos ouvintes. Ontem, porexemplo, em João Pessoa, eu vi no twitter um cara de 30, 35 anosdizendo “meu primeiro show de rock que eu fui, foi o do Lobão”. Então,tem muita coisa mudando.

PD – E essas pessoas estão se aproximando de você, estão vindo àtona...

LOBÃO – É porque estão podendo ter acesso à minha pessoa, cara, eufiquei inviabilizado na mídia, ao ler o livro você pode perceber o sufocoque foi esse tempo todo, né cara.

PD – Na tua relação direta com Literatura, Lobão, quais autores maiste influenciaram ao longo de sua vida?

LOBÃO – Dostoiévski, Nietzsche e Eça de Queiroz.

PD – O “50 Anos a Mil” é uma obra bem maior do que o que foralançado, não é?

LOBÃO – Sim. Na verdade, tem um do quarto que eu escrevi no livro.Três quartos são pra serem publicados agora em e-book e no out-book.Tem umas 800 páginas (risos). 873 páginas, a obra completa! Sem otrabalho do Tognoli, né?

PD – Ok. Lobão, a última pergunta vem da periferia de Fortaleza, maisprecisamente do pessoal da CUNDER, uma cooperativa cultural nobairro do Bom Jardim, seus fãs. “Lobão, você já fez a Vida Louca Vida,já fez a Vida Bandida, e a Vida Doce. Qual a tua vida agora?”

LOBÃO – Olha, eu estou muito feliz, cara! Estou com uma bandamaravilhosa, com um show ótimo; estou compondo, aprendendo atocar novos instrumentos, tocando bateria novamente, diariamente, oque é uma coisa necessária pro meu espírito, tá tudo muito bem... Olivro é best-seller, vai virar filme. Está saindo a caixa que estavaentalada há 20 anos na Sony. Então está tudo meio desobstruído, nécara? Graças a Deus.

PD – Lobão, e a tua relação com o Nordeste, com a cidade de Fortaleza:o que te vem à memória quando você passa por aqui?

LOBÃO – Olha, rapaz, a gente quando vem, viaja a trabalho, a gentevem pra tocar, né? Eu gosto do Nordeste, adoro tocar aqui, visitar todasas cidades, Fortaleza, João Pessoa, todas têm uma característica pesso-al, é isso aí...

Por: Talles Lucena | Músico e Produtor

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AÇÃO

JUNHO É MÊS EM QUE O PANELA DISCOS COMEÇA A TRAZER BANDAS E ARTISTAS DE MAIOR

CALIBRE PRA CIDADE, SEMPRE COM SHOWS SUPER-INTERESSANTES E PRA TODOS

QUE CURTEM O VERDADEIRO ROCK AND ROLL. ENTÃO, ANOTE AÍ!

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4 DE JUNHO (SÁB)

ROCK ROCKET (SP)ABERTURA: CERVA GRÁTIS (PB), CHICONES,THRUNDA, SAME OLD SHIT. | LOCAL: THE PUB

INGRESSOS NO LOCAL: R$15,00 (PISTA NORMAL)R$25,00 (CAMAROTE - 1H CAIPIRINHA LIBERADA)PRODUÇÃO: PANELA DISCOS E THE PUB

A banda paulista volta à Fortaleza para única apresentação de seu novo show, que estará circulando em todo o Nordeste!

SÁBADO, DIA 18 | LOCAL: THE PUB | ABERTURA:JONNATA DOLL & OS GAROTOS SOLVENTES + GRI-TE, GRITE OUTRA VEZ, ESTADO ANESTESIA E GUNS

N´ ROSES COVER (HOLLYWOOD ROSES) | INGRES-SOS ANTECIPADOS: THE PUB, PANELA DISCOS E

PLANET CDS, PELO PREÇO DE R$15,00 (PRIMEIRO

LOTE-PISTA) E R$25,00 (PRIMEIRO LOTE-CAMARO-TE COM 1 HORA DE CAIPIRINHA LIBERADA).

DOMINGO, DIA 19 | O DINOSSAURO DO ROCK ESTA-RÁ NO CENTRO CULTURAL BOM JARDIM DENTRO

DA PROGRAMAÇÃO DO FESTIVAL ROCK ATÉ OS OS-SOS | ABERTURA: BANDA BONECAS DA BARRA, PRO-MOVIDO PELA COOPERATIVA UNDERGROUND

CUNDER.

MAIORES INFORMAÇÕES (SOBRE AMBOS OS SHOWS) EM

NOSSO SITE: PANELADISCOS.COM.

SERGUEI & BANDA

PANDEMONIUM (RJ)

18 E 19 DE JUNHO (SÁB - DOM)

O “divino” do rock brasileiro estará em Fortaleza para dois shows. O primeiro, dia 18 de junho,dentro da festa Rock In Rio Revival, celebração do nosso maior festival de música pop, jun-tando várias gerações de fãs de rock de todos os tempos! Haverá sorteio de dois ingressos prao show do Guns n´ Roses no Rio de Janeiro!

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AÇÃO

Assim acontece quando Paris é uma festa e há gente nos arre-dores da Torre, nas praças em volta da Torre, gente subindo e descendoe vendo o mundo de cima da Torre que a cidade luz ganhou pelasmãos de Gustave Eiffel para comemorar 100 anos da Revolução Fran-cesa. O passarim na cabeça de mármore do guerreiro e os irmãosAniceto e os sobrinhos dos irmãos Aniceto subindo no carrossel e tiran-do foto na digital e a bandinha posando pra foto pra mostrar pro povodo Crato e o passarim e o sol na cabeça e você lembra da canção quepega o trem azul.

Estando em Paris não custa nada lembrar a figura hilária deBembem Garapeira, monsieur Bien Bien Garapière, como dizia nocartão de visita na volta da viagem ao Velho Mundo. Bembem vendiacaldo de cana no Engenho Central, no tempo da praça José de Alencarem outro lugar da Fortaleza, em frente ao Mercado da Carne, no tempodo bumba, pra além do tempo do bob, tempo que caldo era garapa.Tempo de guardar os caraminguás e pegar o navio e chegar do outrolado do Atlântico de onde vinham as cheirosas roupas de linho dosricos da Fortaleza Belle Époque.

Bembem também fazia garapa doida Bembem fazia economiapra poder viajar de navio até Paris Bembem dizia ao voltar que naFrança as crianças eram muito inteligentes e até falavam francês.

Paris passa no pensamento passa na asa do vento no cisco numestalar de dedos. Paris para o pensamento é presa do passado pou-sando no presente. Passa o arco velho, o arco novo, triunfos do antigoe do moderno, arte na cara da pessoa no meio da rua sob o céu deParis.

Um velho asiático de mau humor uma calça de pano com arteda Guiné um dia no Louvre sem pagar nada com a camisa do Provade Fogo uns amigos do heavy metal acenando sob o sol a mona lisa

a vitória de samotrácia os campos elísios os impressionistas a estátuada África que fotografei e pus no encarte do meu cd de loas e batuquesdo maracatu.

Bate um batuque voa um pensamento cada coisa tem seu jeitode voar. Um passarim pousado na cabeça o guerreiro pedra a torre oboulevard. A foto a estátua o velho e seu muxoxo o arco do triunfo acalça da Guiné. O pensamento voa pro futuro o Moulin Rouge a carnea arte a tarde cai.

A arte se sabe pelo tanto pelo tudo pela força se sabe a arte. Aarte se declara como confissão de amor na novela das nove novenas.Um grito um sussurro o beijo o escarro entre santos anjos exus demôniosdivinos a arte se dá entre deuses e diabos.

O anum passarim passo preto blackbird o bichim de pena bran-ca foi voando passou pelo pato passou pelo pinto o rei Luiz rei Solmandou dizer que contasse mais cinco a palo seco no tempo de sonharacordado vendo o passarim cair na cabeça do guerreiro um pouso nacasa de pedra. Itaoca.

Manhã de sol foi na hora que o passarim resolveu fazerpit stop na cabeça do guerreiro de mármore.

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DIA 07 – SÁBADO - LOCAL: TEATRO DA PRAIA - DAS 19H ÀS 22H1ª – Abertura (descerramento placa 15 anos do Teatro da Praia)

2ª – Espetáculo de abertura3ª – Coquetel de abertura

DIA 08 – DOMINGO - LOCAL: TEATRO DA PRAIA - DAS 19H ÀS 22H1ª – Augusto Romeu Não Existe (Grupo Teatro Suspenso)

2ª – Sinta (Grupo Eros)3ª – Uma Valsa Com Sabor de Loucura (Associação Cultura em Cena)

DIA 09 – SEGUNDA - LOCAL: SESC SENAC IRACEMA - DAS 19H ÀS 22H1ª – Pra ser Marlene (Grupo de Teatro Artama)

2ª – Em Turnê (Grupo la Calle)3ª – Adultério Sem Pecado (Oficarte Teatro e Cia.)

4ª – Plastificada (Abaquar Matirô)

DIA 10 – TERÇA - LOCAL: SESC SENAC IRACEMA - DAS 19H ÀS 22H1ª – O Anão (Grupo de Teatro Artama)

2ª – Sakura Matsuki: O Jardim de Cerejeiras (Teatro Mimo)3ª – Uma História Muito Antiga (Cia. Teatro Fato Cênico)

4ª – Pedaços (Cia. Atuarte)

DIA 11 – QUARTA - LOCAL: SESC EMILIANO QUEIROZ - DAS 19H ÀS 22H1ª – Je (Grupo Mentes de Teatro)

2ª – Mulher Chorando no Silêncio da Noite (Grupo de Teatro Artama)3ª – Cebolas (Grupo em Foco)4ª – Persefone (Grupo Teatro em Película)

DIA 12 – QUINTA - LOCAL: TEATRO DA PRAIA - DAS 19H ÀS 22H1ª – Transviado (Cia. Sonhar de Artes Cênicas)2ª – Dom Josué Se Manca (Grupo Fulanus di Tau)3ª – O Urso (Grupo de Estudos em Stanilavski)4ª – Figo Maduro (Grupo Teatro Suspenso)

DIA 13 – SEXTA - LOCAL: TEATRO DRAGÃO DO MAR - DAS 19H ÀS 22H1ª – Quem? (Grupo de Teatro Arteiro em Cena)2ª – Calabar (Cia. Opereiros)3ª – Perdão Shaksperare A Gente Não Sabe O Que Faz (Grupo Nossarteatral)4ª – A Ervilha Real (Grupo Proparoxítona)5ª – O Vizinho do 203 (Cia. Teatral Acontece)

DIA 14 – SÁBADO - LOCAL: THEATRO JOSÉ DE ALENCAR - DAS 19H ÀS 22H1ª – Homenagem a Deugiolino Lucas2ª – Entrega da Comenda Theatro Concórdia3ª – Apresentação da Esquete Vencedora do Júri Popular4ª – Premiação5ª – Coquetel de Encerramento

Em 1997, no intuito de comemorar um ano da inauguração do Teatro da Praia, a Cia.Cearense de Molecagem decide realizar um festival de teatro. Surge então, sob a coordenaçãodos atores Carri Costa e Eddie Ferreira, o Festival de Esquetes de Fortaleza, o Fesfort. Paraestimular os artistas, o festival premiava os destaques da cena local com o troféu Teatro daPraia, substituído anos seguintes pelo troféu Gasparina Germano, uma justa homenagem àatriz cearense ícone das décadas de 30 e 40.

A entrega do troféu aos destaques do ano segue até hoje. Além disso, a cada ano elege-se um baluarte de nossa história para ser homenageado como um dos Mestres do TeatroCearense. Um reconhecimento por seu talento e dedicação ao fazer teatral.

Dentro do calendário cultural oficial do estado do Ceará desde 2010, o Fesfort, criado pelaCia. Cearense de Molecagem, é atualmente realizado pela Associação dos Produtores Teatraisdo Ceará – APTECE e objetiva criar um espaço para que artistas de teatro e pessoas interes-sadas possam vivenciar textos/roteiros, linguagens cênicas, processos de montagem e produ-ção com plena liberdade de criação, permitindo fluir sem receios suas mais variadas ideiasde encenações e, consequentemente, reafirmar valores e descobrir outros. Com isso estimu-la-se o trabalho de atores, autores, técnicos e encenadores, possibilitando a demonstração doseu trabalho ao público e ao movimento teatral; fomenta-se a discussão e a pesquisa sobrea arte do fazer teatral e estimula a ação de novos artistas.

Este ano participarão 24 esquetes se apresentando de 07 a 14 de maio nos seguinteslocais: Teatro da Praia, Teatro Dragão do Mar, Teatro Emiliano Queiroz, Teatro SESC SENACIracema. Serão realizadas cinco atividades de formação (oficinas e debates), nos quais sepretende atingir um público direto e indireto de 200 mil pessoas, dentre expectadores eprofissionais da cadeia produtiva do teatro.

Dentro da programação serão realizadas as exposições: “Deugiolino Lucas, Mestre doTeatro Cearense”, na Galeria do SESC Iracema, e “Fesfort, um Festival de Referência”, narecepção do Teatro da Praia. Haverá a entrega da Comenda Teatro Concórdia ao Grupo TeatroNovo por seus 45 anos; à Universidade Federal do Ceará (UFC), pela gestão do TeatroUniversitário; ao produtor Moarcir Silva, do grupo Vemart; e ao professor Auto Filho por seurelevante trabalho quando a frente da pasta da Cultura no Governo do Estado.

PROGRAMAÇÃO