revista a revista da renovação carismática...

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R$ 13,90 Revista ANO 40 – Nº 468 | www.comunidadeemanuel.org.br A Revista da Renovação Carismática Católica PROF. FELIPE AQUINO 15 ensinamentos dos santos sobre a amizade Santo Agosnho, Santa Catarina de Sena e Santa Teresinha nos ensinam sobre a amizade. NOSSA SENHORA O poder da Ave Maria Uma Ave Maria bem recitada dá-nos mais graças que mil rezadas sem reflexão. VIDA E CONHECIMENTO A experiência de Deus Deus age em nós primeiro pela sua própria presença nesta interioridade onde Ele é mais ínmo em nós. PRODUZAIS FRUTOS “NÃO FOSTES VÓS QUE ME ESCOLHESTES, MAS EU VOS ESCOLHI E VOS CONSTITUÍ PARA QUE VADES E...

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R$ 13,90

Revi

sta

ANO 40 – Nº 468 | www.comunidadeemanuel.org.brA Revista da Renovação Carismática Católica

PROF. FELIPE AQUINO15 ensinamentos dos

santos sobre a amizadeSanto Agostinho, Santa

Catarina de Sena e Santa Teresinha nos ensinam sobre

a amizade.

NOSSA SENHORA

O poder da Ave MariaUma Ave Maria bem recitada dá-nos mais graças que mil

rezadas sem reflexão.

VIDA E CONHECIMENTO A experiência de Deus

Deus age em nós primeiro pela sua própria presença nesta interioridade onde Ele é mais íntimo em nós.

PRODUZAIS FRUTOS“NÃO FOSTES VÓS QUE ME ESCOLHESTES, MAS EU VOS ESCOLHI E VOS CONSTITUÍ PARA QUE VADES E...

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DOM CIPRIANO CHAGAS, OSB

Oração Inicial

Com minha bênção sacerdotal

Dom Cipriano Chagas, OSB

ORAÇÃO PELA FAMÍLIAPai Santo, eu vos peço pelo poder de vosso Espírito

Santo que toqueis meu coração, para revelar as áreas de minha vida que ainda não vos foram completamente entregues. Dai-me uma revelação especial, para que possa submeter todas as áreas de suas vidas e suas pessoas à vossa vontade perfeita, ao vosso plano de amor para mim.

Enchei-me com tal honra e reverência por vossa santa ma-jestade que, tanto eu quanto meus filhos possamos aprender o que é a honra. Ensinai-nos a exigir honra de meus filhos com o santo propósito de levá-los a honrar-vos acima de tudo. Que o fato de honrar meus pais e meu Deus crie em meus filhos o espírito de humildade. Que sejam preservados de honrar seus filhos mais do que meu Deus.

Senhor meu Deus, ajudai-me a compreender vossos de-sígnios para mim como pai ou mãe. Ensinai-me a conhecer-vos como o Pai perfeito. Que vosso amor e vossa bênção, a vossa paz e a vossa misericórdia estejam sempre em meu lar. Afastai de mim toda a maldade dos demônios e venham os santos an-jos portadores da paz. Desapareça daí toda discórdia maligna.

Libertai-me do poder do egoísmo, e colocai vosso amor em meu coração pelo Espírito Santo. Abençoai os meus filhos com o vosso Espírito de amor. Ajudai-os a caminhar diante dele em amor, e que vosso Espírito possa usar seu exemplo para me formar em vossa santa semelhança. Que meu lar seja para eles o caminho, o portão para o lar do Pai do céu! Dignai-vos abençoar minha casa, santificá-la e aumentá-la de todos os bens. Dai-me, Senhor, a abundância oriunda das chuvas do céu e os alimentos produzidos pela força da terra e levai a efeito, em vossa misericórdia, os meus desejos e votos. Entre as minhas paredes habitem os anjos de vossa luz para guardar minha casa todos os que nela resida.

Que o Senhor Jesus seja para mim um esconderijo seguro e certo. Dai-me a graça de caminhar convosco de tal modo que sejam justos a vossos olhos. Ajudai-me a crer na promessa de vossa graça e a obedecer o vosso mandamento, a realizar a obra que me confiastes, e que a vossa bênção possa habitar em mim e em meus filhos.

Peço-vos que imprimais em meu coração as lições de vossa Palavra Sagrada. Ensinai-me a tremer diante do pecado de meus filhos e a interceder por eles. Ensinai-me, Senhor, a tremer diante do pecado como a única coisa que vosso coração detesta. Fazei que meu grande cuidado seja guardar meus filhos do pecado. Ensinai-me a compreender a posição que lhes destes como intercessores, e a clamar o Sangue de Jesus em benefício deles, com toda fé e segurança. Que a sua santidade e sua fé influenciem sua família e a façam completamente vossa.

Enchei o meu coração com vosso amor e vossa Palavra, ajudai-me a afiar as vossas Palavras para penetrarem fundo no coração de meus filhos. Ajudai-me a andar em vosso amor e vossa presença o dia inteiro e bem dispor meus filhos para vós.

Satanás, eu amarro toda e qualquer ação tua contra os filhos de Deus. Amarro o espírito de descrença que impede que o poder de milagres de Deus flua em mim. Afasta-te Sa-tanás, eterno vencido † do Leão de Judá. Aqui reina a † Cruz.

Nenhum poder tens sobre os devotos e amigos † de Jesus Crucificado e de Maria Santíssima.

Pai Santo, realizai em mim uma cura profunda enquanto me detenha diante de vós, e tocai-me com o poder de receber vosso milagre para as minhas necessidades e para a minha vida. E, ao fazê-lo, dai-me o dom da profecia para que alcance o mundo ao meu redor, como prometestes.

O Senhor Jesus Cristo esteja a meu lado para defender-me; dentro deles para conservar-me; diante de mim para me conduzir; atrás de mim para guardar-me; acima de mim para abençoar-me.

Eu vo-lo peço em nome de † Jesus. Amém.

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2 Jesus Vive e é o Senhor • edição 468 • 2017

A revista “JESUS VIVE E É SENHOR” é uma publicação mensal da Comunidade Emanuel, entidade sem fins lucrativos, declarada de Utilidade Pública pelo Decreto 8.969 de 13/05/86. A COMUNIDADE EMANUEL tem entre seus Ministérios a Evangelização através da Palavra escrita, servindo à Renova-ção Carismática da Igreja. Sua espiritualidade é centrada em Jesus Cristo, guiada pelo Espírito Santo de Deus, incentivan-do os seus leitores à vida sacramental, à oração pessoal e ao uso comunitário dos Dons e Carismas.Orientação da COMUNIDADE EMANUEL. Uma Associação Particular de Fiéis Leigos, assim reconhe-cida por Decreto, pela Arquidiocese do Rio de Janeiro. Revista com Aprovação Eclesiástica.® Copyright 1996 – Direitos ReservadosCOMUNIDADE EMANUEL CNPJ 29.983.269/0001-17 - ISSN:0103-8133- Rua Cortines Laxe, nº 2 Centro - CEP 20090-020 - Caixa Postal 941 CEP 20001-970 - Rio de Janeiro - RJ Brasil - Tel.: 0+XX+21 2263-3725 Fax: 0+XX+21+2233-7596.

Órgão Fundador da Associação Latino-americana de Revistas de Renovação no Espírito Santo.

• Fundador: DOM CIPRIANO CHAGAS, OSB.

• Diretor-Presidente: Dom Cipriano Chagas, OSB• Diretor Responsável: Mauro Moitinho Malta• Conselho de Redação: Dom Cipriano Chagas, Maria Teresa Malta, Anna Gabriela Malta, Alexandre Honorato D. Ferreira

• Redator Responsável: Jeannine Leal• Revisor: Dom Antonio Augusto Dias Duarte, Bispo Auxiliar• Coordenador de Edição: Comunidade Emanuel• Projeto Gráfico e Diagramação: Comunidade Emanuel• Revisão e Tradução: Comunidade EmanuelOs artigos publicados nesta revista são de responsabilidade dos autores. Todo material para a revista, sendo publicado ou não, não será devolvido.“A este Jesus, Deus o ressuscitou, e disto nós todos somos testemunhas. Portanto, exaltado pela direita de Deus, ele recebeu do Pai o Espírito Santo prometido e o derramou, e é isto o que vedes e ouvis” (At 2,32-33).

“Saiba, portanto, com certeza, toda a casa de Israel: Deus o constituiu Senhor e Cristo, a este Jesus a quem vós crucificastes” (At 2,36).

Impressão:ROTAPLAN GRÁFICA E EDITORA LTDA

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• Cartas à redação, Jesus Vive e é o Senhor, Caixa Postal 941, 20001-970, Rio de Janeiro, RJ

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MAURO MOITINHO MALTA

Mauro Moitinho Malta Membro do conselho da Comu-nidade Emanuel, autor do livro “Perdão, o caminho da felicidade”.

Carta ao Leitor

N osso Papa Francisco aborda a parábola da vinha do Senhor. A vinha do Senhor é o seu “sonho”, afirma ele, como um agricultor o

Senhor cuida do seu vinhedo. “O ‘sonho’ de Deus é o seu povo: Ele plantou-o e cultiva-o, com amor paciente e fiel, para se tornar um povo santo, um povo que produza muitos e bons frutos de justiça.” Mas, o sonho de Deus fica frustrado, “enquanto Deus “espe-rava a justiça, e eis que só há injustiça; espe-rava a retidão, e eis que só há lamentações”. Mas “os agricultores se apoderaram da vinha; pela sua ganância e soberba, querem fazer dela aquilo que lhes apetece e, assim, tiram a Deus a possibilidade de realizar o seu sonho a respeito do povo que Ele escolheu. “Também somos pecadores e nos pode vir a tentação de “nos apoderarmos” da vinha, por causa da ganância que nunca falta aos seres humanos.” Podemos “frustrar” o sonho de Deus, se não nos deixarmos guiar pelo Espírito Santo.”

Dom Cipriano, por sua vez nos informa que “O Espírito Santo de Deus veio trazer-nos uma vida nova, uma vida infinitamente superior à simples vida humana com que nos temos contentado de viver. O Senhor nos chama a sacudir essa inércia, a sacudir essa preguiça espiritual, para vivermos uma vida mais intensa, a viver no inesperado de Deus.”

Padre Raniero Cantalamessa, por outro lado, abordar o problema por outro ângulo e indaga:” Jesus foi obrigado a responder a pergunta durante seu caminho para Jerusa-lém, quando alguém o indagou: “Senhor, são poucos os que se salvam?” Jesus responde ensinando como se deve preparar para sua nova vinda mostrando o que não é neces-sário – pertencer a um determinado povo, mesmo que fosse o povo escolhido, nem que se tenha um título de propriedade, mas que se assuma uma decisão pessoal e uma conduta de vida coerente.

Padre Fiorello Mascarenhas nos brinda com interpretações sobre “espiritualidade”, mostrando que, apesar de sermos diferentes uns dos outros, devemos “ter uma espiri-tualidade pessoal e única,” porque todos devemos seguir ao Senhor Jesus.” Narra sua experiência com Deus depois de falhar por três vezes em um exame na Universidade e dia: “Não posso explicar-lhes todos os detalhes, porém em poucas palavras posso

dizer-lhes que fui “batizado no Espírito”. E “Sob os pontos de vista espiritual, emocional e físico, o “batismo no Espírito” foi para mim uma tremenda experiência de Deus.

Dom Cipriano nos alerta para o dever de gerarmos frutos, citando João 15,16: “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda,” e explica que o discípulo não escolhe ter parte da videira. É, Jesus que es-colhe aqueles que viverão nele; os discípulos são designados por Jesus para uma tarefa. Há uma finalidade de Deus em sua vida. Há um propósito de Deus para o qual ele lhe chamou e a tarefa para a qual os discípulos são designados é a de produzir frutos.”

Em outro artigo Dom Cipriano nos diz que “nascemos sem nada. Recebemos em nosso batismo todas as virtualidades de nosso ser, as sementes que o Espírito Santo coloca em nós e, que devem crescer e produzir fruto no convívio com os irmãos. Primeiro, com os pais, os irmãos e depois com o resto da família.” “Para sua plena maturidade, a pessoa precisa ser amada, não apenas no relacionamento mãe e filho ou pai e filho, mas no relacionamento íntimo de amigo para amigo.” “Se os amigos de fato nos amam, se gozamos de sua amizade, essa apreciação de amizade faz com que nos seja relativamente fácil mantermo-nos na simplicidade, na humildade, sem compli-cação. Torna-se relativamente fácil sermos nós mesmos, relativamente fácil sermos crianças no sentido evangélico, livres do medo de rejeição, livres da insegurança, de duvidar do nosso próprio valor, da nossa própria amabilidade.

Voltemos a ser crianças no sentido evangélico.

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4 Jesus Vive e é o Senhor • edição 468 • 2017

Revista Jesus Vive On Line

Espaço MusicalMISSA NÃO É SHOWPor Luiz Carvalho

Vida e ConhecimentoVIVER UM DIA DE CADA VEZ.Por Randy Becton

EnsinoOBRAS-PRIMAS DE DEUSDom Cipriano Chagas, OSB

Capa

30 Para que produzais frutosPelo poder do Espírito Santo agindo através de mim e realizar as obras do Pai para Sua glória.

3 Carta ao leitor Por Mauro Moitinho Malta

1 Oração Inicial ORAÇÃO PELA FAMÍLIAPor Dom Cipriano Chagas, OSB

6 Alma FemininaNA ESTRADA COM DEUSPor Anna Gabriela Malta

8 Em PautaMOTIVAÇÕES PARA O INGRESSO NA VIDA CONSAGRADAPor Dom Anselmo Chagas de Paiva, OSB

QUAL A DIFERENÇA ENTRE UM SACERDOTE, UM FRADE E UM MONGE?Por Aleteia

28 EnsinoFORMAÇÃO DE LÍDERES – PARTE 1O PASTOR – Formação para liderança e para grupos de oraçãoPor Daniel vigne

34 JESUS EM NÓS, OBRA DO ESPÍRITO SANTOPor Dom Cipriano Chagas, OSB

40 SantoSANT‘ANA E SÃO JOAQUIM – AVÓS DE JESUSPor Jeannine Leal

Colunistas

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Seleção 40 anosA EVANGELIZAÇÃO FUNDAMENTAL - PARTE 2Por José H. Prado Flores

O QUE É ESPIRITUALIDADE – PARTE 1Por Pe. Fiorello Mascarenhas

A EXPERIÊNCIA DE DEUS – PARTE 1Por Frei Jean-Claude Sagne, OP

Seções5 Testemunho | Frases

41 Agenda

38 CatequeseCONCEITO DE FRUTOS DO ESPÍRITO SANTODa Redação

HomiliaENTRAR PELA PORTA ESTREITA Por Pe. Raniero Cantalamessa, OFMCAP

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Entre o Céu e a terraADMIRAÇÃO E GRATIDÃOPor Cristiane Monteiro15 ENSINAMENTOS DOS SANTOS SOBRE A AMIZADEPor Prof. Felipe Aquino

36 Nossa SenhoraO PODER DA AVE MARIA

10 Comunhão EclesialPRODUZIR MUITOS E BONS FRUTOS DE JUSTIÇAPapa Francisco

Vida e Conhecimento12 AS BEM-AVENTURANÇAS

Por Pe. Salvador Carrillo Alday, MSPS

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2017 • edição 468 • Jesus Vive e é o Senhor 9

Em pauta

POR ALETEIA

Qual é a diferença entre um sacerdote, um frade

e um monge?

Finalmente uma explicação breve e clara sobre a diferença entre estes três termos tão confundi-dos pela linguagem popular

As palavras “sacerdote”, “frade” e “monge” são termos ambíguos e flexí-veis. Na linguagem popular, são aplica-dos sem propriedade, como se os três fossem equivalentes. No entanto, não querem dizer a mesma coisa.

Um sacerdote, na Igreja Católica, é um homem que recebeu o sacramento da Ordem Sacerdotal e que, em virtu-

de de tal sacramento, pode celebrar o sacrifício da Missa e realizar outras tarefas próprias do ministério pastoral. Pode pertencer a uma ordem ou família religiosa, ou a uma diocese.

Um monge ou frade, no entanto, é uma pessoa que fez os votos de pobreza, castidade e obediência e pertence a uma congregação ou família religiosa concre-ta (franciscanos, jesuítas, dominicanos etc.). Pode coincidir, além disso, de que tal religioso seja um sacerdote, mas não necessariamente. Sua vocação não é obrigatoriamente ao sacerdócio.

Mas qual é a diferença entre um monge e um frade? Isso tem a ver com a origem de cada palavra: “monge” vem do latim tardio “monachus”, palavra para de-signar os anacoretas, e que já em sua raiz tinha implícito o significado de “solidão”.

Isso se relaciona ao surgimento das primeiras experiências de vida contem-plativa (nos séculos IV-VI d.C.), como, por exemplo, os Padres do Deserto, eremitas que abandonavam o mundo e viviam no deserto, ou São Bento de Núrsia, fundador da ordem religiosa mais antiga do Ocidente, os beneditinos.

Um monge, portanto, é um termo mais adequado para referir-se a homens consagrados que vivem em conventos, dedicados inteiramente à oração e à penitência. É o caso das ordens contem-plativas, como a dos Cartuxos.

Frade, por outro lado, é um termo mais moderno, que procede da Idade Média (do provençal “fraire”) e significa “irmão”. A palavra “frade” é empregada para ordens dedicadas à vida ativa, como os franciscanos ou hospitalários.

O uso desta palavra se relaciona ao surgimento das ordens mendicantes na Baixa Idade Média, que supuseram uma grande mudança na vida religiosa: estes novos religiosos já não se fechavam em conventos afastados das pessoas para se dedicar à oração, senão que estavam nas cidades, dedicados aos pobres, ao ensino, aos doentes etc.

São Francisco representado os frades, São Bento representando os monges e Cura D‘Ars representando os sacerdotes

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10 Jesus Vive e é o Senhor • edição 468 • 2017

PRODUZIR MUITOS E BONS

FRUTOS DE JUSTIÇA

Comunhão eclesial

PAPA FRANCISCO

N as leituras de hoje, é usada a imagem da vinha do Senhor tanto pelo profeta Isaías como pelo Evangelho. A vinha do Senhor é o seu “sonho”, o projeto que Ele cultiva com todo o seu amor,

como um agricultor cuida do seu vinhedo. A videira é uma planta que requer muitos cuidados!

O “sonho” de Deus é o seu povo: Ele plantou-o e cultiva-o, com amor paciente e fiel, para se tornar um povo santo, um povo que produza muitos e bons frutos de justiça.

Mas, tanto na antiga profecia como na parábola de Je-sus, o sonho de Deus fica frustrado. Isaías diz que a vinha, tão amada e cuidada, “produziu agraços” (5,2.4), enquanto Deus “esperava a justiça, e eis que só há injustiça; esperava a retidão, e eis que só há lamentações” (5,7). Por sua vez, no Evangelho, são os agricultores que arruínam o projeto do Senhor: não trabalham para o Senhor, mas só pensam nos seus interesses.

Através da sua parábola, Jesus dirige-se aos sumos sa-cerdotes e aos anciãos do povo, isto é, aos “sábios”, à classe

Papa Francisco, durante o Encontro Internacional da Renovação Carismática Católica. Roma, 2017

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12 Jesus Vive e é o Senhor • edição 468 • 2017

Vida e conhecimento

1.Duas versões das Bem-aventuranças

As “BEM-AVENTURANÇAS” ocu-pam no Evangelho um lugar privilegiado. Em São Lucas abrem o Discurso Inau-gural que Jesus pronuncia na planície diante de multidões que lhe seguiram (Lc 6,17-23). Em São Mateus as Bem-Aven-turanças são o preâmbulo do “Sermão da Montanha”, que é a Carta Magna do Reino dos Céus, cujo tema central é a “a justiça superior”, a santidade exigida por Jesus (Mt 5,20). Esta justiça-santidade é como a téssera de reconhecimento dos cidadãos do Reino de Deus; e a medida dessa “justiça” é a própria perfeição de Deus: “Vós, pois, sede perfeitos como é perfeito vosso Pai Celestial” (Mt 5,48).

Para melhor compreender a men-sagem das Bem-aventuranças é preciso levar em conta, desde já, as circuns-tâncias e o quadro em que Jesus as vai pronunciar. Nos cingimos à apresentação de São Mateus (4,23 — 5,1).

Jesus percorria toda a Galileia: a evangelizava e ensinava. Proclamava a Boa Nova de que Reino de Deus havia chegado, e manifestava sensivelmente essa presença “curando toda enfermida-de e toda doença no povo”. A volta dele se reunia uma grande multidão vinda da Galileia, Decápolis, Judeia, Judeia, Jerusalém, Transjordânia. O cenário era verdadeiramente grandioso, e entre aquela gente abundava toda classe de enfermo e aflitos por sofrimentos: endemoninhados, lunáticos, paralíticos.

Ao ver essa multidão de necessita-dos, sobe Jesus a uma colina próxima ao lago de Tiberíades, senta com seus discípulos e começa seu ensinamento.

Lucas 6,20-23Atendendo de perto à formulação

das Bem-aventuranças parece claro que estas se apresentam em Lucas como palavras de consolo para aqueles que se encontram submersos na miséria, na aflição e no desamparo. Lucas contempla situações concretas de pobreza e de sofrimento.

Em Mateus, ao invés, são um con-vite urgente a uma vida virtuosa; são um catecismo de virtudes cristãs; são o programa de vida de todo discípulo de Jesus. Nesta forma, as Bem-aventuran-ças adquirem um valor ético universal e permanente que supera as circuns-tâncias de um tempo determinado, de um auditório concreto e de um lugar particular.

Existe nas Bem-aventuranças um entrelaçamento interessante de duas

perspectivas, uma teológica e outra moral: Deus é o único de quem pode vir a autêntica felicidade; porém esta felicidade está ligada ao exercício de certas virtudes, como são a humildade, a mansidão, a misericórdia, a pureza de coração, o serviço em favor da paz.

Partindo da dupla versão das Bem-aventuranças (Mateus e Lucas), muito se investigou sobre o provável teor pri-mitivo das mesmas, isto é, quais teriam sido as “as palavras exatas de Jesus”. Para este problema, nos remetemos particu-larmente aos estudos de J. Dupont.

As conclusões da investigação po-dem sintetizar-se em três pontos:

1ª A nível ministério de JesusJesus dirigiu sua Bem-aventuranças

aos pobres, aos que tinham fome e aos aflitos, considerando sua missão real e

As bem-aventurançasPE. SALVADOR CARRILLO ALDAY, M.SP.S

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14 Jesus Vive e é o Senhor • edição 468 • 2017

Seleção

4º – Jesus glorificado e exaltado

E m sua ressurreição, Jesus in-teiro, corpo e alma, todo o seu ser é exaltado e glorificado pelo Deus de Abraão, de Isaac

e de Jacó.

Vários títulos são dados nos discur-sos querigmáticos a Jesus glorificado: Senhor, Messias, Santo, Justo, Chefe, Pedra angular, Juiz dos vivos e dos mor-tos, Salvador, Profeta. Entre esses títulos três se destacam.

Salvador: Jesus é o Salvador que nos liberta de toda opressão. Em primeiro lugar, do pecado, que é a pior de todas as opressões. Livra-nos desse poder do pecado, que nos trazia acorrentados. Li-vra-nos desse poder do pecado, que nos trazia acorrentados. Livra-nos, também da causa do pecado, que é Satanás, que através de embustes coloca o pecado no mundo. Porque o pecado não vem de Deus. Não vem tampouco dos homens, criados à imagem e semelhança de Deus. Vem do inimigo, e Jesus é o Salvador que esmaga a cabeça da serpente. É aquele que não somente afasta o pecado e a raiz do pecado, que é Satanás, mas afasta também as consequências do pecado. Por isso, para aquele que está em Cristo Jesus, já não há nenhuma condenação (Rm 8,1). Porque Cristo o libertou de Satanás, o libertou da morte e das outras consequências do pecado.

SENHOR (KÍRIOS): é o nome que está acima de todo nome. Deus dá esse nome àquele que morreu obediente até

a morte de cruz. Nome diante do qual se dobra todo joelho e toda língua confessa que JESUS É O SENHOR. O dono abso-luto. “Todo o poder me foi dado no céu e na terra”. Por quê? Porque Deus o fez Se-nhor e Dono de tudo, o Administrador do Reino de Deus, o Lugar-Tenente de Deus, segundo o consenso bíblico do Antigo Testamento. Jesus é o Senhor, porque tudo lhe foi submetido no céu e na terra e porque tudo conflui para um só centro de todo o Universo: CRISTO JESUS.

MESSIAS (CRISTO): eis o terceiro título fundamental de Jesus glorificado. Cristo é a mesma coisa que “Messias”. As duas palavras têm significado idêntico, ou seja: UNGIDO. De que unção se trata?

Da unção com o Espírito Santo, Ele que dá o Espírito Santo.

Ouçamos São Pedro em Atos 5,32: “Deus exaltou Jesus à sua direita para conversão e perdão dos pecados”. O fato: Jesus glorificado; a consequência: para nossa conversão e perdão dos pecados.

5º – Somos testemunhasTodos os discursos querigmáticos

terminam com uma frase parecida ou equivalente: “nós somos testemunhas”. Os evangelizadores são testemunhas porque viram e experimentaram. Ex-perimentaram os efeitos da morte, a ressurreição e a glorificação de Jesus.

A evangelização fundamentalPOR JOSÉ H. PRADO FLORES

“Extraído de palestra de José Prado Flores no decurso do 6º Encontro Nacional da Renovação Carismática chilena, em Tralca. Transcrito, com autorização da revista “Pentecostes”.

PARTE 2

Na edição anterior foram abordados os temas: Conteúdo e objetivos do Querigma – Estudo bíblico; A evangelização de Jesus; Evangelização dos apóstolos; O conteúdo da Evangelização; 1º. A pessoa de Jesus;

2º. Jesus Morto; 3º. Jesus ressuscitado

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22 Jesus Vive e é o Senhor • edição 468 • 2017

Homilia

Entrar pela porta estreitaPOR FREI RANIERO CANTALAMESSA, OFMCAP

Existe uma pergunta que sempre tem angustiado aos que creem: são muitos ou poucos os que se salvam? Em certas épocas, este problema foi tão agudo que submergiu algumas pessoas em uma angústia terrível. O Evangelho deste domingo nos informa

de que um dia esta questão foi levada a Jesus: “Sempre em caminho para Jerusalém, Jesus ia atravessando cida-des e aldeias e nelas ensinava. Alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os homens que se salvam?” A pergunta, como se vê, trata do número, de quan-

tos se salvarão: muitos ou poucos? Jesus, em sua resposta, redireciona o centro de atenção de quantos se salvam a como salvar-se, isto é, entrando “pela porta estreita”.

É a mesma atitude que observamos respeito do retorno final de Cristo. Os discípulos perguntam quando será a vol-ta do Filho do homem, e Jesus responde indicando como preparar-se para essa vinda, deve se esperar (Mt 24,3-4). Esta forma de agir de Jesus não é estranha ou indelicada. Simplesmente é a maneira de agir de alguém que quer educar seus discípulos para que passem do plano da curiosidade ao da verdadeira sabedoria; das questões ociosas que prendem a atenção das pessoas aos verdadeiros problemas que importam na vida.

Neste ponto já podemos entender o absurdo daqueles que, como os Tes-temunhas de Jeová, creem saber até o número preciso dos que serão salvos: cento e quarenta e quatro mil. Este nú-mero, que recorre no livro do Apocalipse, tem um valor puramente simbólico (12 ao quadrado, o número das tribos de Israel, multiplicado por mil) e se explica imediatamente com a expressão que o segue: “uma multidão imensa que nada poderia contar” (Ap 7,4.9).

Além disso, se isso fosse verdadei-ramente o número dos salvos, então já podemos “fechar a loja”, nós e eles. Na porta do paraíso deve estar pendurado, há algum tempo, como na entrada dos estacionamentos, a placa de “lotado”.

Portanto, se a Jesus não interessa tanto revelar-nos o número dos salvos, mas o modo de salvar-se, vejamos o que nos diz a respeito. Duas coisas substan-cialmente: uma negativa e outra positiva; primeiro, o que não é necessário, depois o que o é para salvar-se. Não é necessá-

A JESUS NÃO INTERESSA TANTO REVELAR-NOS O NÚMERO DOS SALVOS, MAS O MODO DE SALVAR-SE

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28 Jesus Vive e é o Senhor • edição 468 • 2017

Ensino

Primeiro rebanhoPara falar do pastor é preciso pri-

meiro falar do rebanho. É daí que se deve partir, não é o pastor que faz o rebanho. Tudo tem início com o rebanho e, na medida em que ele deve ser con-duzido, Deus lhe dá um pastor. É muito importante começar aí. Por que? Porque a a realidade primeira, fundamental, que temos de viver, é a Igreja. “A realidade é o corpo de Cristo”, como o diz São Paulo (Cl 2,17).

Nós somos o rebanho de Cristo, sua Igreja: nossos grupos de oração são pequenas células da Igreja, mas frequentemente elas são muito jovens, recém-nato o que ainda não é tempo de ser acolhido…

EngatinhandoQuando as crianças andam cedo

demais, quando queremos vê-las de re-pente levantar a cabeça e se colocarem de pé, isto é artificialmente e, algumas vezes perigoso: suas perninhas são ainda excessivamente frágeis…

Nossos grupos de oração, muito fre-quentemente, são como criancinhas que engatinham. Não se deve apressá-las a colocar a cabeça para cima e ter os pés no chão, as pernas poderiam vergar, isto é, o grupo poder ser esmagado por uma estrutura que não lhe convém. É preciso partir só que somos, do realmente vive-mos. É necessário primeiro saber bem engatinhar, sem projetar esquemas já feitos, dizendo-se: “Or, eis como se faz

noutros lugares, eis como estão orga-nizados, lá, faremos como eles.” Não, a sabedoria está em aprender a engatinhar bem e, talvez, a se agarrar aos móveis a fim de poder se colocar de pé.

Há etapas que nossos grupos devem vencer, por meio das quais Deus vai fazer deles um verdadeiro rebanho, um corpo: não mais um grupo ocasional, mas algo que é Igreja, que vive o mistério da Igreja; cujas estruturas aparecerão progressiva-mente, naturalmente.

Engajamentos progressivos e concretos

Eis alguns conselhos tirados de nos-sa experiência de vida em comunidade. A

Formação de líderesPOR DANIEL VIGNE

O PASTOR – FORMAÇÃO PARA LIDERANÇA E PARA GRUPOS DE ORAÇÃO

PARTE 1

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Jesus, Árvore da Vida, do pintor católico sul-coreano Shim Young-sung.

Para que produzais frutosPOR DOM CIPRIANO CHAGAS, OSB

Ensino

E É PRECISAMENTE ESSA A VONTADE DE JESUS: QUE VOCÊ TEM ESSA VIDA FRUTÍFERA NA QUAL AS SUAS ORAÇÕES SEJAM ATENDIDAS PLENAMENTE

Alguma vez você já pensou, por que Deus, no meio de toda essa humanidade que está por aí, escolheu você. Como seu filho, sua filha, muito amados para cuidar de vocês. Esse é um grande mistério que sempre devia nos deixar admirados. É um grande privilégio a sermos escolhido por Deus, para lhe pertencer.

E é isso que Jesus nos diz em João 15,16: “Não fostes vós que me escolhes-tes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda.”

“… a fim de que tudo quanto pe-dirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda.” Não tem tamanho, não tem limite. É uma escolha para uma finalidade de Deus.

1. O que Jesus diz aqui tem algumas coisas que a devíamos notar bem. Um discípulo não escolhe ter parte da videira. É, Jesus que escolhe aqueles que viverão nele. É Jesus que escolhe. E Ele escolheu você.

2. Os discípulos são designados por Jesus, para uma tarefa. Não estão vivendo em Jesus para uma vida sem propósitos nem para realizar os seus próprios fins.

3. Deus não só escolheu você, mais também lhe designou para cumprir um propósito particular dele. Há uma finalidade de Deus em sua vida. Há um propósito de Deus para o qual ele lhe chamou.

4. A tarefa para a qual os discípulos são designados é a de produzir frutos.

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O Espírito Santo de Deus veio trazer-nos uma vida nova, uma vida infinitamente su-perior à simples vida humana

com que nos temos contentado de viver. Muitas coisas nos foram ensinadas e che-gamos a certa maneira de ver o mundo, julgar as coisas e viver como achamos me-lhor. Com isso, vivemos uma vida muito limitada. Segundo o mundo à nossa volta, também nos contentamos com viver vidas medíocres, que pouco realizam em termos de vida eterna. Por comodismo mesmo, temos vivido vidas minimizadas. O Senhor nos chama a sacudir essa inér-cia, a sacudir essa preguiça espiritual, para vivermos uma vida mais intensa, cheia de novidades, a sair das nossas rotinas e a viver no inesperado de Deus.

Para viver no inesperado de DeusTemos que ter a coragem de romper

com tudo o que nos foi ensinado pelo mundo, e aderir ao que Jesus quer para nós. Para isso é necessário coragem, e essa coragem nos é dada pelo Espírito Santo de Deus. É ele que nos mostra uma perspectiva maior.

Jesus disse que devemos renunciar a nós mesmos. Mas não renunciar por re-nunciar, não de um modo simplesmente negativo. É um renunciar de algo menor para abraçar alguma coisa maior. É ne-cessário que o nosso Deus cure muitas coisas que ficaram dentro de nossa expe-riência de vida, guardadas como mágoas, ressentimentos, falta de perdão. Temos que limpar o nosso coração.

É preciso limpar o nosso coração para que, uma vez curados, possamos também curar os outros, perdoando, aceitando o amor de Deus e abrindo-nos para o irmão, abrindo nossas mãos para não termos nada em nós. O ciúme e possessividade

nos escraviza e nos impede de viver a plena liberdade de filhos de Deus (Gl 5,1.13) que Jesus ganhou por nós na cruz.

A primeira renúncia: perdoarAprender a perdoar para não termos

nada que nos prenda. Aprender a viver sem guardar mágoas. Quem guarda mágoa pensa que é alguma coisa. O que é importante não é o seu “eu”, mas a transformação desse “eu” por obra do Espírito Santo dentro de você. A mágoa não deixa a pessoa crescer. Mas só per-cebemos essas coisas quando o Espírito Santo nos ilumina (2Cor 3,17). Temos que estar dispostos a entregar tudo a Jesus e realmente renunciar a todas as coisas que impedem o nosso amor, que impedem que amemos como Jesus nos amou, que amemos como Jesus pediu ao Pai que amássemos: para sermos um, com Ele e com o Pai, como Ele e o Pai são um. Ter o amor fraterno. No amor

fraterno e no amor de Deus é que cres-cemos. Nada do que possamos fazer fora do amor fraterno e fora do amor de Deus poderá construir alguma coisa no Reino.

O nosso crescimento em DeusÉ um crescimento na natureza nova,

na natureza divina, de que recebemos uma participação. Essa participação, que nos é dada pelo Espírito Santo que habita em nós permanentemente, implica que devemos crescer no amor, pois que a natureza nova em nós é amor.

Jesus passou a sua vida ensinando sobre o Reino de Deus, sobre a natureza do Reino, sobre os habitantes do Reino, sobre o Rei desse Reino. Jesus não veio trazer a vida humana, que já tínhamos. Veio trazer-nos uma vida nova, a própria vida divina em nós. E é o Espírito Santo que nos dá, nos transmite, nos confere e vive em nós essa vida divina.

Jesus em nós obra do Espírito Santo

POR DOM CIPRIANO CHAGAS, OSB

NÃO PODEMOS MAIS VIVER COMO SE O ESPÍRITO SANTO DE DEUS NÃO HABITASSE PERMANENTEMENTE EM NÓS

Ensino

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Catequese

C onforme o doutor da Igreja São Tomás de Aquino, o vocábulo fruto foi transferido das coisas corpóreas para as espirituais.

Ora, corporalmente falando, o fruto é o produto da planta quando chegada ao seu pleno desenvolvimento, e traz em si a doçura e a delícia ao ser experimentado. Assim, as nossas obras enquanto efeito do

Espírito Santo em nós podem ser conside-radas frutos espirituais (suma Teológica – Volume III, questão LXXX, art. 1).

É da essência e do fruto ser algo de útil e deleitável, diferenciando-se das Bem-aventuranças, que exigem perfeição e excelência, de tal maneira que podemos afirmar que toda Bem-aventurança é fruto, mas nem todo fruto é Bem-aventurança.

Conceito de frutos do Espírito Santo

DA REDAÇÃO

“Ao contrário, o fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança.

Contra estas coisas não há lei” (Gl 5,22-23).

Quando a alma corresponde do-cilmente à moção interior do Espírito Santo, produz atos virtuosos que se comparam aos frutos de uma árvore, pois, tais como estes, carregam em seu bojo doçura e suavidade.

Uma árvore para produzir seus sa-borosos frutos, passa pelos diferentes estágios: folha, flores e frutos. Em cor-respondência na, vida espiritual temos, primeiramente, o exercício das virtudes, que vem aperfeiçoar a razão. Eis as virtudes morais: prudência, justiça, for-taleza, temperança; as virtudes cardeais (teológicas): fé, esperança e caridade. Em seguida surgem os dons, para o fortaleci-mento das virtudes diante dos defeitos, encaminhando-nos à santificação. Os dons para nossa santificação: temor de Deus, fortaleza, piedade, conselho, ciência, entendimento, sabedoria. Por fim, floresce a espiritualidade cristã com todo o esplendor, enquanto exala seu perfume em toda a sua volta até que germinem os “frutos”.

Estes enquanto permanecem juntos ao tronco divino, irão amadurecendo aos poucos, e todo o sabor amargo do início, irá dando lugar a doçura e a suavidade. Quando a alma se exercita longamente na prática das virtudes, adquire facilida-de através dos dons sobrenaturais, para produzir os atos que lhe são próprios, fá-los sem esforço penoso e, depois, até com prazer.

RELACIONAMENTO COM DEUS

RELACIONAMENTO COM O NOSSO INTERIOR (EU)

RELACIONAMENTO COM O EXTERIOR (O PRÓXIMO)

Amor Paz BondadeFidelidade Alegria Benignidade

Temperança Paciência

Mansidão Longanimidade

QUADRO SINÓTICO

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AgendaSEMANAL

Agenda mensal casa de maria e josé

/comunidade_emanuel @comEMa_RJ

Dom Cipriano Chagas, OSBMonge beneditino do Mosteiro de São Bento do Rio de

Janeiro, um dos precursores da Renovação Carismática

no Brasil e Presidente-fundador da Comunidade Emanuel

e da revista Jesus Vive e é o Senhor

Casa de Maria e JoséSede da Comunidade Emanuel – Rio de Janeiro

rua cortines laxe, nº 2, centro - rio de janeiro – (21) 2263-3725

ATENDIMENTO E ACONSELHAMENTOcom hora marcada | 13h às 16h

ORAÇÃO PELO PAPA FRANCISCONa capela | 15h às 16h

GRUPO DE ORAÇÃO EMANUEL19h às 20h30O grupo emanuel é um dos primeiros grupos da de oracão do rio de janeiro

ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMONa capela | 11h às 15h

GRUPO DE ORAÇÃO DE SÃO PADRE PIONa capela | 14h às 16h30Toda terceira quarta-feira do mês

TERÇO DOS HOMENS – ON LINE – FACEBOOKNa capela | 12h30 às 13h

TARDE DE CURANa capela | 14h às 15h30 Toda primeira quinta-feira do mês

ORELHÃO ESPIRITUALNa capela | 14h às 16hATENDIMENTO E ACONSELHAMENTO – por ordem de chegada

GRUPO DE ORAÇÃO ALMOÇO COM JESUSNa capela | 12h30 às 13h30TODAS ÀS QUINTAS, EXCETO FERIADOS

MISSA COM ORAÇÃO DE CURACelebrante Dom Cipriano Chagas, osbtransmissão ao vivo pela internet – www.comunidadeemanuel.org.br12h

JULHODia 1º – RETIROCOMO SER UMA FAMÍLIA DE DEUS NO MUNDOComunidade EmanuelHorário: 8h30 às 17h30

agostoDia 12 – RETIROESCOLHA A PALAVRA PARA SUA VIDA: BÊNÇÃO OU MALDIÇÃOComunidade Emanuel – 8h30 às 17h30

agostoDia 6 – RetiroLAÇOS DE ALMAPregadora: Marineia LopesRefúgio Nossa Senhora das GraçasHorário: 8h30 às 17h

setembroDia 2 – RetiroRECONHECIMENTO DO CHAMADO:MEDOS, FUGAS E RESOLUÇÕESPregador: Dom Gregório PaixãoBispo beneditino de PetrópolisComunidade Emanuel – 8h30 às 17h30

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