carismas da renovação carismática católica - rcc.pdf

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1 Carismas da Renovação Carismática Católica – RCC Índice Introdução.................................................................................................................................2 Dom da palavra de sabedoria.................................................................................................7 Dom da palavra de ciência...................................................................................................... 9 Dom da fé................................................................................................................................ 12 Dom de curar doenças........................................................................................................... 15 Dom de Milagres..................................................................................................................... 19 Dom da profecia.................................................................................................................... 24 Dom do discernimento dos espíritos................................................................................... 29

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- Dom da palavra de sabedoria - Dom da palavra de ciência - Dom da fé - Dom de curar doenças - Dom de Milagres - Dom da profecia - Dom do discernimento dos espíritos - Línguas - Interpretação de Línguas

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    Carismas da Renovao Carismtica Catlica RCC

    ndice

    Introduo.................................................................................................................................2

    Dom da palavra de sabedoria.................................................................................................7

    Dom da palavra de cincia......................................................................................................9

    Dom da f................................................................................................................................12

    Dom de curar doenas...........................................................................................................15

    Dom de Milagres.....................................................................................................................19

    Dom da profecia.................................................................................................................... 24

    Dom do discernimento dos espritos...................................................................................29

  • 2

    Lnguas............................................................................................................................. ...... 31

    Interpretao de Lnguas.......................................................................................................36

    Bibliografia............................................................................................................................. 38

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    Introduo

    Os dons do Esprito Santo so ddivas que Ele nos d para nossa santificao pessoal e para o servio aos irmos. Os dons de santificao esto enumerados em Is 11,1-2 e so os seguintes: temor de Deus, fortaleza, piedade, cincia, entendimento e sabedoria. Esses dons so necessrios para a nossa santificao. Devemos, pois, nos abrir a eles.

    Os dons espirituais de servio aos irmos, chamados tambm carismas, so dons de Deus destinados edificao da Igreja para o bem dos fiis, So Tiago nos diz: Toda ddiva boa e todo dom perfeito vm de cima; descem do Pai das luzes...(Tg 1,17; cf. tambm I Cor 8,6), so infinitos, uma vez que o auxlio que podemos prestar-lhes so os mais variados. Entre tantas definies que j encontramos na teologia dos carismas, a definida pelo padre Robert DeGrandis, parece ser a mais clara: Carisma um dom do Esprito Santo que pode ser constatado em qualquer pessoa que ora ativamente com um grupo. Carisma nossa abertura habitual ao Senhor. Enquanto dos dons de santidade ou de santificao so para nossa edificao pessoal, ps carismas ou dons carismticos do Esprito Santo, passam por ns, mas so direcionados para a edificao dos irmos.

    Na primeira carta aos Corntios, So Paulo nos fala muitas vezes sobre os dons espirituais. No paro de agradecer a Deus por vs, pela graa de Deus que vos foi dada em Cristo Jesus. Por ele fostes enriquecidos em tudo, em toda palavra e em toda cincia, na medida em que o testemunho de Cristo se firmou em vs, de modo que no vos falta nenhum dom da graa durante a espera da revelao de nosso Senhor Jesus Cristo (I Cor 1,4-7). So vrios os dons espirituais, mas o Esprito o mesmo. As obras tambm so vrias, mas o mesmo Deus que realiza tudo em todos. A cada um dado manifestar no Esprito uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de cincia segundo o mesmo Esprito; a outro, o discernimento dos espritos; a outro, a diversidade das lnguas; a outro, o dom de interpretao. Mas o nico e mesmo Esprito que realiza isso tudo, distribuindo a cada um como quer (I Cor 12,4-11). Por isso Deus estabeleceu na Igreja, em primeiro lugar, uns como apstolos; em segundo lugar, outros como profetas; em terceiro lugar, como doutores. Depois vm os dons de realizar milagres, de curar, de assistir, de governar e de falar lnguas (I Cor 12,28).

    So Paulo escreveu sobre escreveu sobre os dons espirituais tambm aos romanos (Rom 12, 7-8), aos efsios (Ef 4,11) e a Timteo (2Tm 1,6).

    So Pedro nos exorta: Cada qual use o dom recebido a servio dos outros, como bons administradores da multiforme graa de Deus (I Ped 4,10).

    Carismas no Magistrio da Igreja Diversos documentos do Conclio Vaticano II falam sobre os dons de servio (carismas) na vida da

    Igreja: Catecismo da Igreja Catlica: A Igreja, Comunho viva na f dos apstolos, que ela transmite, o lugar do nosso conhecimento

    do Esprito Santo: - nas Escrituras que ele inspirou; - na Tradio, da qual os Padres da Igreja so as testemunhas sempre atuais; - no Magistrio da Igreja, ao qual ele assiste; - na Liturgia sacramental, atravs das suas palavras e dos seus smbolos, na qual o Esprito Santo

    nos coloca em Comunho com Cristo; - na orao, na qual Ele intercede por ns; - nos carismas e nos ministrios, pelos quais a Igreja edificada; - nos sinais de vida apostlica e missionria; - no testemunho dos santos, no qual ele manifesta sua santidade e continua a obra da salvao

    (CIC 688). O Esprito Santo o Princpio de toda ao vital e verdadeiramente salutar em cada uma das

    diversas partes do Corpo. Ele opera de mltiplas maneiras a edificao do Corpo inteiro na caridade: pela Palavra de Deus, que tem o poder de edificar(At 20,32), pelo Batismo, atravs do qual forma o Corpo de Cristo; pelos sacramentos, que proporcionam crescimento e cura aos membros de Cristo; pela graa concedida aos apstolos, que ocupa o primeiro lugar entre os seus dons; pelas virtudes, que fazem agir segundo o bem, e enfim pelas mltiplas graas especiais (chamadas de carismas), atravs das quais torna os fiis aptos e prontos a tomarem sobre si os vrios trabalhos e ofcios, que contribuem para a renovao e maior incremento da Igreja (CIC 798).

    Sejam extraordinrios, sejam simples e humildes, os carismas so graas do Esprito Santo que, direta ou indiretamente, tm uma utilidade eclesial, ordenados que so edificao da Igreja, ao bem dos homens e s necessidades do mundo (CIC 799).

    Os carismas devem ser acolhidos com reconhecimento por aquele que os recebe, mas tambm por todos os membros da Igreja. Pois so uma maravilhosa riqueza de graa para a vitalidade apostlica e para a santidade de todo o Corpo de Cristo, mas desde que se trate de dons que provenham

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    verdadeiramente do Esprito Santo e que sejam exercidos de maneira plenamente conforme aos impulsos autnticos deste mesmo Esprito, isto , segundo a caridade, verdadeira medida dos carismas (CIC 800).

    neste sentido que se faz sempre necessrio o discernimento dos carismas. Nenhum carisma dispensa da reverncia e da submisso aos Pastores da Igreja. A eles em especial cabe no extinguir o Esprito, mas provar as coisas e ficar com o que bom, a fim de que todos os carismas cooperem, na sua diversidade e complementaridade, para o bem comum(I Cor 12,7) (CIC 801).

    Os leigos podem tambm sentir-se chamados ou vir a ser chamados para colaborar com os prprios pastores no servio da comunidade eclesial, para o crescimento e a vida da mesma, exercendo ministrios bem diversificados, segundo a graa e os carismas que o Senhor quiser depositar neles (CIC 910).

    A comunho dos carismas. Na comunho da Igreja, o Esprito Santo distribui tambm entre os fiis de todas as ordens as graas especiais para a edificao da Igreja. Ora, cada um recebe o dom de manifestar o Esprito para a utilidade de todos (CIC 951).

    O Esprito Santo d a algumas pessoas um carisma especial de cura, para manifestar a fora da graa do ressuscitado. Mesmo as oraes mais intensas no conseguem obter a cura de todas as doenas. Por isso, So Paulo deve aprender do Senhor que basta-te a minha graa, pois na fraqueza que minha fora manifesta todo o seu poder (2 Cor 12,9), e que os sofrimento que temos de suportar podem ter como sentido completar na minha carne o que falta tribulaes de Cristo pelo seu corpo, que a Igreja (Gl 1,24) (CIC 1508).

    A graa antes de tudo e principalmente o dom do Esprito que nos justifica e nos santifica. Mas a graa compreende igualmente os dons que o Esprito nos concede para nos associar sua obra, para nos tornar capazes de colaborar com a salvao dos outros e com o crescimento do corpo de Cristo, a Igreja. So as graas sacramentais dons prprios dos diferentes sacramentos. So, alm disso, as graas especiais, designadas tambm carismas, segundo a palavra grega empregada por So Paulo, e que significa favor, dom gratuito, benefcio. Seja qual for o seu carter, s vezes extraordinrio, como o dom dos milagres ou das lnguas, os carismas se ordenam graa santificante e tm como meta o bem comum da Igreja. Acham-se a servio da caridade, que edifica a Igreja (CIC 2003).

    Lmen gentium: O Esprito habita na Igreja e nos coraes dos fiis, como num templo; dentro deles ora e d testemunho da adoo de filhos. A Igreja, que Ele conduz verdade total e unifica na comunho e no ministrio, enriquece-a e guia com diversos dons hierrquicos e carismticos e adorna com os seus frutos (LG 4).

    um mesmo Esprito que distribui os seus vrios dons segundo a sua riqueza e as necessidades dos ministros para utilidade da Igreja. Entre estes dons, sobressai a graa dos apstolos, a cuja autoridade o prprio Esprito submeteu mesmo os carismticos (LG 7).

    Apostolicam actuositatem: (...) medida que se avana na idade, revela-se mais cada um e assim pode descobrir melhor os talentos com que Deus enriqueceu os carismas que lhe foram dados pelo Esprito Santo para bem dos seus irmos (AA 30).

    Ad gentes: (...) mediante o Esprito Santo, que para utilidade comum reparte os carismas como quer, inspira ao corao de cada um a vocao missionria, e ao mesmo tempo suscita na Igreja institutos que assumam, como tarefa prpria, o dever de evangelizar, que pertence a toda a Igreja (AG 23).

    Presbyterorum ordinis: Assim se exerce de muitos modos o ministrio da Palavra, segundo as diversas necessidades dos ouvintes e os carismas dos pregadores (PO 4).

    Pretendemos nesta apostila meditar sobre o dom de lnguas, o dom de profecia, o dom de interpretao, o dom do discernimento dos espritos, o dom da palavra de cincia, o dom da palavra de sabedoria, o dom de f, o dom de cura e o dom de milagres. preciso estar sempre de ouvidos bem abertos para escutar o Senhor na leitura da Revelao Divina escrita (Sagrada Escritura), na Revelao Divina transmitida oralmente (Sagrada Tradio), no Ensinamento da Igreja (Sagrado Magistrio), na nossa orao pessoal, nos sinais dos tempos e acontecimentos de nossa vida, para sempre abrirmos santificao pessoal e ao servio aos irmos.

    Estudaremos os nove dons carismticos enumerados por So Paulo em I Cor 12,8-10; existem vrias classificaes dos dons carismticos, segundo inmeros autores; nota-se muita liberdade em classifica-los, segundo a abordagem que cada autor fez aos dons. Inicialmente, vejamos a classificao ou ordem feita pelo mesmo Apstolo Paulo, na I Cor 12,8-10: A um dada pelo Esprito, uma palavra de SABEDORIA; a outro, uma palavra de CINCIA; a outro, a graa de CURAR as doenas, no mesmo Esprito; a outro o dom de MILAGRES; a outro, a PROFECIA; a outro, o DISCERNIMENTO DOS ESPRITOS; a outro, a variedade das LNGUAS; a outro, por fim, a INTERPRETAO DAS LNGUAS.

    Alguns autores classificam os carismas, usando as seguintes categorias: 1) Padre Haroldo J. Rahm a- Manifestaes de critrio espiritual:

    1. A linguagem da sabedoria 2. A linguagem da cincia 3. O discernimento dos espritos.

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    b- Manifestaes verbais: 1. O dom da profecia 2. O dom de lnguas 3. O dom de interpretao de lnguas.

    c- Manifestaes pela ao: 1. A f 2. O dom de curas 3. O poder de operar milagres.

    2) S. Falvo a- Primeiro Grupo: Os carismas da palavra:

    1. O dom de lnguas 2. O dom de interpretao 3. O dom da profecia.

    b- Segundo Grupo: Os carismas das obras: 1. O dom de curas 2. O dom dos milagres 3. O dom da f.

    c- Terceiro Grupo: Os carismas da cognio: 1. O dom do discernimento dos espritos 2. O dom da sabedoria 3. O dom da cincia.

    3) W. Smet a- Dons do Ensinamento:

    1. Uma palavra de sabedoria 2. Uma palavra de cincia

    b- Dons com valor de sinal ou testemunho: 1. A f 2. O dom de curar doenas 3. O dom de fazer milagres.

    c- Dons de auto-revelao de Deus: 1. Profecia 2. Discernimento dos espritos 3. Falar em diversas lnguas 4. A interpretao de lnguas.

    4) Dick Iverson a- Dons de Revelao:

    1. Palavra de Sabedoria 2. Palavra de Conhecimento 3. Discernimento dos espritos

    b- Dons de expresso vocal: 1. Lnguas 2. Interpretao de Lnguas 3. Profecia.

    c- Dons de Poder: 1. F 2. Dons de Curar 3. Milagres.

    5) S.B.Clarck a- Dons de Ensino:

    1. Dom da palavra de sabedoria 2. Dom da palavra de cincia.

    b- Dons sinais: 1. Dom da f 2. Dom de curar doenas 3. Dom de Milagres.

    c- Dons de Revelao: 1. Dom da profecia 2. Dom do discernimento dos espritos

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    3. Lnguas 4. Interpretao de Lnguas.

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    6) Padre Robert DeGrandis a- Dons de Palavras:

    1. Lnguas, interpretaes e profecia. b- Dons de Poder:

    2. F, cura e milagres c- Dons de Revelaes:

    3. Sabedoria, cincia e discernimento. Por uma questo de praticidade, estudaremos a classificao dos dons carismticos, segundo

    S.B.Clarck; esta, parece seguir mais harmoniosamente a seqncia de So Paulo na I Cor 12. No sabemos se na mente de So Paulo, esta seqncia na nomeao dos carismas, tinha alguma importncia, parece, contudo, que segue uma lgica, qual queremos nos ater para o estudo dos novos dons carismticos.

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    DONS DO ENSINO Dom da Palavra de Sabedoria

    O dom da palavra de sabedoria o carisma pelo qual Deus nos revela um segmento de sua

    sabedoria para que transmitamos a um irmo, a fim de que este seja levado a uma ao para ser curado ou liberto, ou para resolver um problema. s vezes recebemos uma palavra de sabedoria dirigida a ns mesmos, outras vezes quando estamos em uma reunio de orao, de intercesso o Senhor nos concede uma palavra de sabedoria para os irmos reunidos. preciso deixar claro que a palavra de sabedoria, no recitar um versculo bblico simplesmente, at pode acontecer de relembrarmos um versculo, mas na sua essncia no seria isso, e sim uma palavra inspirada por Deus, podendo at mesmo conter, em algum trecho, um versculo.

    Veremos que a palavra de cincia revela a raiz de uma negatividade existente em nosso passado ou em nosso presente. A palavra de sabedoria revela como agir no futuro, como uma das formas que o Senhor nos d para a nossa cura, libertao ou soluo de problemas. O Senhor nos mostra como devemos proceder, como devemos agir, mas nos d a liberdade de aceitar ou no essa graa Extraordinria proveniente da sua misericrdia. Se quisermos que a graa recebida pela palavra de sabedoria torne-se atuante em ns, precisamos proceder ou agir conforme o que nos foi revelado pelo Senhor.

    A palavra de sabedoria, da mesma maneira que a palavra de cincia, vem repentinamente ao nosso pensamento por meio de uma palavra propriamente dita, por uma palavra que vemos escrita, por uma visualizao de um animal, lugar, objeto, etc., pela visualizao da cena, por uma sensao, emoo, lembrana ou sonho.

    Da mesma maneira que ocorre com a palavra de cincia, ao recebermos uma palavra de sabedoria quando oramos com imposio de mos para um irmo, precisamos dize-la. Se no o fizermos estaremos pecando por falta de f e por omisso. A palavra de sabedoria dita ao irmo deve ficar em sigilo, no podendo ser comentada com outras pessoas. Ao testemunhar palavras de sabedoria que recebemos, devemos faze-lo de modo a no possibilitar a identificao do irmo a quem ela foi dirigida, como faremos nos testemunhos dados a seguir.

    Uma senhora, ao rezar por um irmo, sentiu nele extrema angstia por um pecado cometido no passado. O Senhor deu-lhe ento uma palavra de sabedoria: Confisso urgente. A senhora a transmitiu ao irmo. No dia seguinte, a esposa do irmo telefonou senhora que orara pelo seu marido e disse que este tivera um enfarte durante a noite. O senhor deu a palavra de sabedoria, mas como o irmo na acreditou nela e no agiu com urgncia, sofreu as conseqncias de sua incredulidade.

    Outra senhora que freqentava o Grupo de Orao estava preocupada porque verificava que o grupo no estava progredindo. Um dia em que orava pelo grupo pediu ao Senhor uma palavra de sabedoria. O Senhor lhe disse: Acolher novas ovelhas. Ela compreendeu que o carisma de seu grupo era o de atrair novas ovelhas para o Senhor e aliment-las com leitinho at que pudessem buscar alimento inteiramente aos chamados novos, acolhendo-os, explicando-lhes o que a Renovao Carismtica Catlica e o que so os dons do Esprito Santo, despertando neles o amor leitura da Palavra e freqncia aos sacramentos, etc. Seu trabalho produziu ento muitos frutos para a vinha do Senhor.

    Certo dia uma senhora, orando por um rapaz, recebeu em palavra de cincia o seguinte: Atividade noturna. Perguntou-lhe se ele trabalhava a noite. Ele disse que no. A senhora orou sobre a palavra de cincia e o Senhor lhe deu uma palavra de sabedoria: mudar de atividade noturna. Ao dize-lo ao irmo, o rapaz confirmou que realmente tinha atividade noturna que no era do agrado do Senhor.

    Josu convocou a Siqum todas as tribos de Israel, em seu ltimo adeus, e com uma palavra de sabedoria confirmou a f de todo o povo no Senhor: Porque, quanto a mim, eu e minha casa serviremos ao Senhor (Jos 24,15).

    Quando Paulo e Silas foram presos e rezavam e cantavam hinos ao Senhor, a priso foi sacudida por um terremoto que os libertou do crcere. O carcereiro, vendo-os livre, ficou traumatizado que queria matar-se. Paulo e Silas o impediram de cometer o pecado do suicdio. O carcereiro perguntou-lhes: Senhores, que devo fazer para me salvar? Disseram-lhe uma palavra de Sabedoria: Cr no Senhor Jesus e sero salvos tu e a tua famlia (At. 16,25-31).

    Os fariseus procuravam uma maneira de surpreender Jesus nas suas prprias palavras, enviaram seus discpulos com os herodianos, e questionaram o Senhor, sobre se deviam ou no pagar impostos. Jesus, percebendo a sua malcia, respondeu: Por que me tentais, hipcritas? Mostrai-me a moeda com que se paga o imposto!Apresentaram-lhe um denrio. Perguntou Jesus: De quem esta imagem e esta inscrio? De Csar, responderam-lhe, Disse-lhes ento Jesus (palavra de sabedoria): Da, pois, a Csar o que de Csar e a Deus o que de Deus (Mt 22, 15-22).

    Jesus, no discurso sobre o po da vida, disse: Se no comerdes a carne do Filho do homem e no beberdes o seu sangue, no tereis a vida em vs mesmos. Os judeus se escandalizaram com essas palavras e se afastaram dEle. Jesus, ento, perguntou aos Doze: Quereis vs tambm retirar-vos?. Simo Pedro disse uma palavra de sabedoria: Senhor, a quem iramos ns? Tu tens palavras de vida eterna (Joa 6,63-68).

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    Nas bodas de Cana, Maria percebeu que iria faltar vinho e intercedeu junto a seu Filho para resolver aquele problema. Aps a resposta de Jesus, ela disse uma palavra de sabedoria: Fazei tudo o que Ele vos disser ( Joa 2,1-5). Abertura ao dom da palavra de sabedoria

    Orar pedir o Batismo no Esprito Santo todo dia, crer que o Esprito Santo quer nos dar este dom. Pedi-lo em orao, com um corao humilde e aberto. Ficar em escuta s moes, inspiraes e

    revelaes do Esprito Santo. Confiar na ao de Deus em sua vida e que voc foi escolhido para servi-lo. Ser dcil ao Esprito Santo e colocar suas inspiraes em prtica com f e na certeza de que o

    Senhor fiel ao que promete.

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    Dom da palavra de cincia

    O dom da palavra de cincia o carisma pelo qual Deus nos revela um segmento de sua cincia, mostrando a raiz de uma negatividade que est causando um problema a um irmo ou a ns mesmos. Essa negatividade se refere a um fato ocorrido no passado ou que est acontecendo presentemente.

    Deus tem toda a cincia, todo o conhecimento, sabe tudo sobre cada um de ns. Deus nos conhece desde toda eternidade. Diz o salmista: Senhor, tu me examinas e conheces, sabes quando me sento ou quando me levanto. Tu penetras de longe os meus intentos, percebes se caminho ou se repouso, so rotinas aos teus olhos os meus passos. Nem me aflorou aos lbios a palavra e j sabes, Senhor, qual ela seja. Cercas-me pela frente e por detrs, pousas em minha fronte a tua mo (Sl 138,1-5). De cincia total, Deus, porque nos ama, nos d a palavra de cincia para que sejamos curados.

    Podemos fazer uma comparao. Quando estamos doentes e vamos a um mdico, este procura descobrir a raiz de nosso mal, ou seja, fazer um diagnstico. Feito o diagnstico, o mdico prescreve o medicamento para a cura do mal descoberto.

    Por exemplo, recentemente estava com muita dor na panturrilha, fui ao ortopedista o qual solicitou uma tomografia, feito o exame o mdico chegou ao diagnstico que eu estava com as vrtebras L3 e L4 da coluna vertebral inflamadas e isso ocasionava dor na panturrilha da perna. Receitou um medicamento antiinflamatrio e exerccios de alongamento. Com o tratamento recomendado pelo mdico fui curado.

    Analogamente, a palavra de cincia faz o diagnstico, ou seja, identifica a raiz do mal. Identificada a negatividade, o Senhor d meios para sermos curados atravs da seguintes terapias: dom da palavra de sabedoria, dom de sabedoria, dom do discernimento dos espritos, dom de cura, dom do aconselhamento, que nos conduzem, conforme o caso, ao perdo, recepo de um sacramento, especialmente o sacramento da reconciliao e da Eucaristia, para a soluo do problema e nossa conseqente cura.

    O dom da palavra de cincia, dom carismtico, no deve ser confundido com o dom de cincia, dom de santificao.

    Por este dom o Esprito Santo nos d uma palavra de cincia, como vimos, esta vem repentinamente ao nosso pensamento por meio de uma palavra propriamente dita, pela visualizao de uma palavra escrita, pela visualizao de um animal, objeto, lugar, acontecimento, situao, membros do corpo, rgos, etc., pela visualizao de uma cena, por um sensao, por uma emoo ou por um sonho.

    Quando a palavra de cincia vem como uma palavra propriamente dita como se pensssemos numa palavra, por exemplo: pai, me, cavalo, rosa, cadeira, etc. Quando vem como visualizao de uma cena, vemos, por exemplo uma pessoa passeando pela praia, uma vaca correndo num campo, etc. Quando vem como sensao podemos, por exemplo, sentir dor no estmago, cabea pesada, dor nas costas, etc. Quando vem como emoo podemos sentir, por exemplo, tristeza, angstia, alegria, etc. Quando vem atravs de um sonho, sentimos que esse tem significado especial, contudo, a maioria dos sonhos no tem significado algum.

    Certa vez em um retiro, quando orvamos pela cura interior, dos participantes, o Senhor me dava uma visualizao de uma menina pequena, com um irmo tambm pequeno, e algum batendo nela com um vassoura, por algo que seu irmo tinha feito. O discernimento que o Senhor me dava era que uma senhora que estava naquele encontro, quando criana levou uma surra de vassoura do pai, por algo que seu irmo tinha feito, e naquele momento Deus estava dando a ela a graa de perdoar seu pai, ficando com seu corao sem aquele peso, que at ento acompanhava-a. Proclamei esta cura da alma, com palavras de sabedoria, no final do retiro, no momento dos testemunhos, uma senhora por volta dos seus 50 anos, testemunhou que aquela cura fora para ela.

    Por isso, ao recebermos a palavra de cincia precisamos crer nela, se no o fizermos, estaremos pecando por falta de f e por omisso. Podemos ou omisso. Podemos ou no dize-la ao irmo, mas devemos sempre orar pela cura do mal revelado. A palavra de cincia recebida deve ficar no mais absoluto sigilo, no podendo, pois, ser revelada a outras pessoas, a no ser em linhas gerais, sem a possibilidade de se identificar o irmo.

    s vezes, conforme a palavra de cincia recebida, precisamos agir com cautela. Por exemplo: certa ocasio, uma pessoa rezando por um irmo recebeu como palavra de cincia a palavra adultrio. No disse ao irmo de maneira direta a palavra recebida. Cautelosamente perguntou-lhe como estava o seu relacionamento com a esposa. Este comeou a chorar e confidenciou que havia cometido adultrio anos atrs e que a sensao de culpa no o deixava desde ento.

    Pedro recebeu como palavra de cincia a revelao de que Ananias e Safira haviam mentido. Estes, por no se terem arrependido de seu pecado, no resistiram tenso e morreram (At 5,1-11).

    Pedro recebeu em outra ocasio, como palavra de cincia, a revelao de que no poderia julgar impuro o que Deus havia purificado. Curado desse sentimento foi casa do centurio Cornlio, um pago, portanto, considerado impuro pelos judeus (At 10,9-23).

    Ananias recebeu do Senhor a palavra de cincia de que Paulo, perseguidor dos cristos, havia sido escolhido por Ele para levar sua mensagem aos gentios. Perdoou Paulo e orou por ele (At 9,10-19).

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    Jos, marido da Virgem Maria, recebeu em sonho, como palavra de cincia, a revelao de que Herodes procurava o menino Jesus para mata-lo. Imediatamente levou-o, com sua me, para o Egito, frustrando os planos malvolos de Herodes (Mt 2,13-15) O mesmo Jos que anteriormente em sonhos recebeu o anncio do anjo, que Maria havia concebido pelo poder do Esprito Santo de Deus (Mat 1,18-25).

    Quando Paulo estava em misso com Timteo, teve uma viso (dom da palavra de cincia) de um macednio rogando-lhe: passa na Macednia, e vem em nosso auxlio. Assim que teve essa viso, procurou partir pararam a Macednia, certos de que Deus os chamava a pregar-lhes o Evangelho (At 16, 1-10).

    Jesus, sendo Deus, possua toda a cincia. Muitas vezes Ele tirava dessa cincia total uma palavra para curar e salvar um irmo. Exemplos bem marcados so a conversa com os discpulos de Emas, os quais, pela sua palavra, tm o corao curado (Lc 24,13-35) e a converso da mulher samaritana, que, tendo seu pecado revelado, arrependeu-se e se converteu ao Senhor (Joa 4,41-42).

    Alm do que lemos nas Escrituras, a Igreja nos diz pela Dei Verbum: Professa o Sagrado Snodo que Deus, princpio e fim de todas as coisas, pode ser conhecido com certeza pela luz natural da razo humana partindo das coisas criadas, mas ensina que se deve atribuir sua revelao o fato de mesmo na presente condio do gnero humano poderem ser conhecidas por todos facilmente, com slida certeza e sem mistura de nenhum erro aquelas coisas que em matria divina no so por si inacessveis razo humana (DV 6).

    Abertura do dom da palavra de cincia

    Estudar sobre o dom, orar ao Esprito Santo pedindo diariamente o Batismo. Crer que o Esprito Santo quer nos dar esse dom, ter f, amor e confiana em Deus, o qual quer agir em ns.

    Ter um amor constante e compassivo para com o prximo, desejando v-lo curado da alma, do corpo e do esprito, v-lo liberto e sem problemas.

    Ficar, ento, em escuta das inspiraes divinas. Confiar nas revelaes que o Senhor nos faz. Transmitir essas revelaes ao irmo, com f e simplicidade.

    Agradecer ao Esprito Santo cada vez que recebemos uma palavra de cincia, sempre ser uma pessoa de louvor e adorao.

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    DONS DOS SINAIS Dom da F

    O dom da f o carisma pelo qual Deus nos concede um poder extraordinrio capaz de realizar

    obras que superam toda potencialidade humana. O dom da f no deve ser confundido com a virtude teologal da f. Esta, chamada de f

    teologal, a virtude pela qual cremos nas verdades que foram reveladas. A virtude da f deve ser praticada constantemente por todos os batizados. Precisamos praticar a

    virtude da f para a nossa salvao. So Paulo nos diz: Porque gratuitamente que fostes salvos mediante a f (Ef 2,8a).

    A virtude da f nos faz justos. Que ningum justificado pela Lei perante Deus evidente, porque o justo viver pela f (Gl 3,11).

    pela virtude da f que vivemos para Deus. Na realidade, pela f eu morri para a Lei, a fim de viver para Deus (Gl 2,19a).

    Pela virtude da f nos tornamos herdeiros da promessa. Para que, longe de vos tornardes negligentes, sejais imitadores daqueles que pela f e pacincia se tornaram herdeiros da promessa (Hb 6,12).

    Pedro nos escreve: Simo Pedro, servo e apstolo de Jesus Cristo, queles que, pela justia do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo, alcanaram por partilha uma f to preciosa como a nossa, graa e paz vos sejam dadas em abundncia por um profundo conhecimento de Deus e de Jesus, Nosso Senhor! (I Pd 1,1).

    Enfim, pela virtude teologal da f que cremos em todas as verdades que nos foram reveladas e que esto consubstanciadas na orao do Credo, e pelo dom da f que realizamos obras que superam nossas potencialidades humanas, como Pedro que andou sobre as guas.

    Alm das Escrituras, a Igreja tambm nos fala sobre a f. Lemos na Gaudium et spes: Pelo dom do Esprito, o homem, na f, chega a saborear o mistrio divino (GS 15). Na Dignitatis humanae: Um dos principais ensinamentos da doutrina catlica, contido na Palavra de Deus e constantemente pregado pelos Santos Padres, aquele que diz que o homem deve responder voluntariamente a Deus com a f e que, por isso, deve ser forado a abraar a f contra a vontade. Com que o homem, redimido pelo Cristo Salvador e chamado para a adorao de Filho por Jesus Cristo, no pode aderir a Deus que se revela, a no ser que o Pai o atraia e assim preste a Deus o obsquio racional e livre da f (DH 10).

    Na Dei Verbum: Para que se preste esta f, exigem-se a graa prvia e adjuvante de Deus e os auxlios internos do Esprito Santo, que move o corao e converte-o a Deus, abre os olhos da mente e d a todos a suavidade de consentir a crer na verdade. A fim de tornar sempre mais profunda a compreenso da Revelao, o mesmo Esprito aperfeioa a f por meio dos seus dons (DV 5).

    Podemos entender a F sob trs aspectos ou consideraes: A F que cr, que acredita em Deus e suas verdades; f salvadora; f doutrinria. A F que confia, chamada f confiante na bondade de Deus que, por ser Pai nos ama; assim, pois,

    tudo ir bem. A F que espera na ao de Deus; f expectante (ou de expectativa), que a f carismtica,

    pela qual se sabe que Deus agir de forma poderosa. A seguir veremos nas citaes bblicas o carisma da f, a f expectante, aquela que acreditamos

    porque acreditamos, acreditamos antes de ver, fazemos tudo em nome do Senhor na expectativa de que tudo est acontecendo pelo poder de Deus. a f pela qual damos um pulo no escuro, com a certeza de que cairemos no colo de Deus. a f da converso, da mudana de vida, da vida nova. Pois f carismtica sem converso como um fogo que no queima, como uma luz que no ilumina. F carismtica ou expectante, intrinsecamente ligada a converso diria de nossa vida.

    No livro do Gnese, lemos sobre o sacrifcio de Isaac, Deus pede a Abrao que sacrifique seu Filho, seu nico Filho, sobre o qual repousava a promessa de toda a sua descendncia. Abrao, com f carismtica, leva o menino para ser sacrificado. Apronta o altar do sacrifcio com a lenha, coloca Isaac sobre o altar e ergue a faca para sacrifica-lo. Um anjo do Senhor o impede de consumar o sacrifcio (Ver Gen 22,1-9).

    Na passagem do mar Vermelho vemos a f carismtica de Moiss que, obedecendo ao Senhor, fere com sua vara as guas do mar, que se abrem permitindo ao Povo de Deus atravessa-lo a p enxuto e chegar liberdade (Ver Ex 14,1-31).

    Lemos no primeiro livro dos Reis que o profeta Elias foi posto em confronto com quatrocentos e cinqenta profetas de Baal, para que os israelitas se decidissem a seguir a Deus ou a Baal. Elias, pelo dom da f carismtica, props que os profetas de Baal e ele pusessem ao mesmo tempo um novilho sobre a lenha para sacrifica-lo. Depois, disse Elias, cada um de ns invocar o seu Deus para que este faa descer fogo do cu e incendeie a lenha para aceitar o sacrifcio que lhe oferecemos. O verdadeiro Deus h de se manifestar. Os quatrocentos e cinqenta profetas de Baal invocaram-no sem sucesso. Elias, ento, mandou que jogasse gua por trs vezes sobre o seu novilho, para dificultar a ao do fogo. Orou a Deus com f carismtica e o

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    Senhor fez descer do cu fogo que incendiou a lenha, secou a gua e consumiu a vtima no altar. (Ver I Rs 18,20-10).

    Disse o Senhor: Se tiverdes f (carismtica) como um gro de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar, e ela vos obedecer (Lc 17,6).

    Jesus disse tambm: Em verdade vos digo: se tiverdes f (carismtica) do tamanho de um gro de mostarda, direis a esta montanha:Transporta-te daqui para l, e ela ir. E nada vos ser impossvel (Mt 17, 20b).

    Quando os apstolos estavam na barca, durante a noite, e Jesus se aproximou deles andando sobre as guas, Pedro tomou a palavra e disse: Senhor, se s tu, manda-me ir sobre as guas at junto de ti! Ele disse: Vem! Pedro saiu da barca e caminhou sobre as guas ao encontro de Jesus (Ver Mt 14,28-29). Pedro demonstra aqui sua abertura ao dom da f carismtica.

    Aps Pentecostes, os apstolos realizam grandes milagres devido sua f carismtica. Quando Pedro e Joo subiam ao templo para orar, deparam, na porta do templo, com um coxo que lhes pediu uma esmola. Pedro, assim como Joo, fixou nele o olhar e lhe disse: Olha para ns. Ele ficou olhando atentamente para eles, na esperana de receber alguma coisa. Ento Pedro disse: Eu no tenho nem ouro nem prata. Mas o que tenho te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, pe-te a caminhar. E, segurando-o pela mo direita, ajudou-o a se levantar. Instantaneamente os seus ps e tornozelos ficaram firmes. Num salto ficou de p, comeou a andar e, em companhia deles, entrou no templo, caminhando, pulando de alegria e louvando a Deus (Ver At 3,4-8). O milagre da cura do coxo ocorreu devido f carismtica de Pedro e Joo.

    Quando Pedro foi a Jope, l morava uma discpula do Senhor, chamada Tabita, muito estimada pelas suas amigas pela bondade com que as tratava. Aconteceu que Tabita veio a falecer, provocando grande dor em suas amigas. Pedro, cheio de f (carismtica), ps-se de joelhos e orou. Voltou-se em seguida para a falecida e disse: Tabita, levanta-te. Ela ressuscitou dos mortos e, por esse milagre, muitos creram no Senhor. (Ver At 9,34-43).

    Quando Paulo e Barnab foram a Listra encontraram um homem aleijado, coxo de nascena. Ele ouviu Paulo falar. Este olhou bem firme para ele e percebeu que tinha a f necessria para ser curado. Ento disse-lhe com voz forte: Levanta-te, fica bem de p! Ele deu um salto e comeou a caminhar (At 14,9-10). Neste texto dos Atos vemos a f carismtica de Paulo e tambm a f carismtica do coxo, devido a f ocorreu um milagre.

    Quando Paulo estava na Macednia, reuniram-se, no primeiro dia da semana, para repartir o po. Em seguida Paulo comeou a pregar e um jovem, utico, que estava sentado numa janela, adormeceu e caiu do prdio, vindo a falecer. Paulo desceu imediatamente e com grande f orou sobre ele, que ressuscitou (Ver At 20,7-12). Vemos, neste trecho das Escrituras, mais um milagre de ressurreio devido orao feita com f carismtica. Abertura ao dom da f.

    Orar pedindo o dom para o Senhor, praticar com firmeza a virtude teologal da f, ler muito sobre o assunto, ler muito a Bblia.

    Pedir o Batismo no Esprito Santo todo dia, pois atravs dele que recebemos os carismas, inclusive o da f.

    As verdades reveladas, nas quais cremos pela virtude da f, esto consubstanciada no Credo. Rezar, ento, o Credo, meditando longa e profundamente sobre cada uma de suas partes.

    Quem est firme na virtude da f teologal, poder ser aprimorado pela abertura ao dom da f carismtica.

    preciso a f teologal para a abertura a todos os dons. preciso ainda a f carismtica para orar ao Senhor e pedir-lhe que realize uma cura ou um milagre.

    Peamos como os apstolos: Senhor, aumentai a nossa f (Lc 17,5).

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    Dom de Cura O dom de cura o carisma pelo qual ocorre uma cura como resposta de Deus uma orao, quer

    seja individual ou coletiva. Ns oramos a Deus pedindo-lhe que cure o irmo ou que nos cure. Deus responde nossa orao operando a cura, manifestando dessa forma a graa da fora do Cristo Vivo e Ressuscitado.

    H a cura fsica (do corpo), a cura interior (do psiquismo, emoo, etc.) e a cura espiritual (tambm chamada libertao, cura do esprito).

    O homem um ser formado de corpo, mente e esprito. Esses trs aspectos de sua pessoa esto intimamente interligados. Quando uma das partes no est bem, as outras so diretamente afetadas.

    Por exemplo, uma pessoa tem o seu corpo atacado pelo cncer, sua parte psquica pode tambm ficar afetada, pois ela se preocupa com o futuro e, muitas vezes, sente-se como um peso para aqueles que dela tratam, achando que lhes est dando trabalho demais. Se no for forte na f poder comear a se ressentir contra Deus, que permitiu que ela fosse acometida daquele mal, ficando espiritualmente afetada.

    Noutro caso, por exemplo, uma pessoa despedida do emprego e se sente psicologicamente mal. Ao viver esse drama, sua presso arterial poder elevar-se, ou seja, seu corpo passa tambm a ser afetado. Poder sentir-se rejeitada pelos irmos e, tambm, rejeitada por Deus, ficando com problema espiritual.

    Finalmente, por exemplo, uma pessoa infringe o stimo mandamento da Lei de Deus no furtar e d um desfalque. Fica, pois, em pecado, ou seja, afetada em sua parte espiritual. Sua parte psicolgica tambm afetada, pois sua conscincia a acusa e ela sente remorso de seu ato, intranqilidade e mesmo angstia. A angstia poder lev-la a ter depresso ou at mesmo ocorrer uma somatizao e ocasionar uma lcera de estmago, atingindo seu fsico.

    Deus nos conhece melhor do que ningum, Ele sabe onde est a raiz de todo o mal, como nos ama e pela f que depositamos no seu poder, Ele, em sua misericrdia, quer nos curar e se alegra quando oramos uns pelos outros, pedindo a cura e demonstrando amor fraterno.

    Deus quem nos cura, por diversos meios: pelos mdicos e pelos medicamentos, pelos Sacramentos, em especial nos Sacramentos da Eucaristia, Confisso e Uno dos Enfermos, atravs do perdo e em resposta s nossas oraes.

    Os mdicos, os medicamentos so abenoados por Deus, lemos no Eclesistico: Presta ao mdico a devida honra, porque dele precisas; foi o Senhor tambm quem o criou. do Altssimo, com efeito, que vem a cura; e ele recebe presentes do prprio rei. O Senhor faz sair da terra os medicamentos; no os rejeita o homem sensato. Pelos medicamentos se realiza a cura e a dor desaparece. Com eles, prepara o farmacutico diversas misturas (Eclo 38,1-2, 4,7-8).

    Quem est doente deve orar para que o Senhor o encaminhe ao mdico de sua escolha, a seguir, orar pelo mdico, para que ele seja um bom instrumento nas mos do Senhor. Quem est em tratamento mdico e recebe uma orao de cura somente deve suspender o tratamento se o mdico assim o mandar.

    Deus nos cura pelos sacramentos, o sacramento da reconciliao ou confisso, nos cura espiritualmente e, conseqentemente, cura todo nosso ser. O sacramento da Eucaristia nos cura, pois nele recebemos o prprio Jesus, o mdico dos mdicos, aquele que o curador por excelncia. H ainda um sacramento especfico para a cura, a uno dos enfermos, o prprio So Tiago nos diz: H entre vs quem sofra? Que reze! Est algum de bom humor? Que entoe cnticos! H entre vs algum enfermo? Que mande chamar os presbteros da Igreja e estes orem sobre ele, ungindo-o com leo em nome do Senhor. E a orao da f salvar o enfermo e o Senhor o reerguer. E, se tiver cometido pecados, ser-lhe- concedido perdo (Tg 5,13-15).

    O Senhor nos cura atravs do perdo, pois a base da nossa vida espiritual o viver reconciliados, o pedir e dar perdo. muito importante para ns, sabermos disso e tomarmos a peito esta realidade, porque a gente s vezes levado a considerar o viver reconciliados, o dar e pedir perdo, como uma das coisas da vida fraterna, talvez at mesmo um acidente da vida fraterna, entre outras coisas eu tambm preciso me reconciliar, mas no. Pedir e dar perdo fundamental, caminho de cura e crescimento.

    O viver reconciliado, pedir e dar perdo a base da nossa vida espiritual. Ns podemos cair no engano de dizer que somos muito eu, eu sou divertido, eu sou alegre, eu me relaciono com todo mundo, todo mundo gosta de mim, ou ainda que no preciso de ningum. Dificilmente, quem pisou na bola comigo, acabou. Aquela pessoa no meu corao j fechou, no pisa duas vezes na bola no, uma vez s. Eu continuo vivendo, eu continuo divertido, eu continuo me dando com todo mundo, mas eu j sequei no corao aqueles que me feriram. Pode ser que hoje eu sequei um, amanh eu sequei outro e depois eu sequei outro. A coisa assim, como na ligao de lmpadas, a ligao em paralela, onde voc liga o plo positivo de uma lmpada ao plo de uma outra lmpada e assim pra frente, de modo que a energia corre entre todas as lmpadas a ligao paralela. uma boa forma de fazer ligao de fuzil. Mas se uma das lmpadas se queima, est rachada, apagam todas. Deus faz ligao em paralela, voc tem a impresso de que se voc est mal com uma pessoa do grupo, voc continua comunitrio de bem com todo mundo, na verdade no . Voc cortou a fraternidade na sua vida, ento a gente corre grande risco de desentender, de ficar com mgoas no corao, adoecer. Enquanto que a verdade esta: a base da nossa vida espiritual viver reconciliado, pedir e dar perdo. Deus nos convida hoje ao perdo.

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    Deus nos cura tambm como resposta s oraes em que pedimos a cura de irmos ou a nossa, mas Deus cura como quer, quando quer e como for melhor para ns. A cura a resposta de Deus a nossa orao fervorosa na f expectante. A cura um sinal do amor de Deus por ns. Quando no ocorre a cura no porque Deus no nos ama, mas porque quer nos dar algo melhor que a cura.

    Bem cedo, nos Evangelhos, determinadas pessoas se dirigem a Jesus chamando-o de Senhor. Este ttulo exprime o respeito e a confiana dos que se achegam a Jesus e esperam dele ajuda e cura (CIC 448).

    Desde o incio da sua vida pblica, Jesus escolhe homens em nmero de doze para estarem com Ele e para participarem da sua misso; d-lhes participao na sua autoridade e enviou-os a proclamar o Reino de Deus e a curar (Lc 9,2). Permanecem eles para sempre associados ao Reino de Cristo, pois Jesus dirige a Igreja por intermdio deles (CIC 551).

    Nas Escrituras encontramos curas de cegos, na cura dos cegos de Jeric, Jesus tocou-lhes os olhos e eles passaram a ver perfeitamente (Mt 20,29-34). Na cura do cego de nascena, Jesus cuspiu no cho, fez um pouco de lodo com a saliva e com o lodo ungiu os olhos do cego. Depois lhe disse: Vai, lava-te na piscina de Silo. O cego foi, lavou-se e voltou enxergando (Joa 9,1-41). Na cura do cego de Betsaida Jesus ps-lhe saliva nos olhos e, impondo-lhe as mos, perguntou-lhe se via alguma coisa. O cego olhou e respondeu: Vejo homens como rvores que andam. Jesus imps as mos nos olhos e ele comeou ento a ver claramente (Mc 8,22-26). Esta ltima cura foi gradual, diferentemente das duas anteriores, que foram instantneas.

    O Senhor cura seus filhos atravs da orao pela cura, quem vai orar pela cura de um irmo no sabe qual a raiz do mal, se est no corpo, na mente ou no esprito, mas Deus sabe. Muitas vezes a cura ocorre diretamente como resposta ao pedido feito na orao. Outras vezes Deus d a quem est orando uma palavra de cincia, para identificar a raiz do mal. A palavra de cincia vai revelar a raiz do mal fsico, psicolgico ou espiritual. O Senhor geralmente indica tambm caminhos para a cura atravs do dom de sabedoria, do dom da palavra de sabedoria, do dom do discernimento dos espritos ou do dom do aconselhamento. Estes dons conduzem cura, conforme o caso, pelo perdo, pela recepo dos sacramento da reconciliao, pela libertao, etc.

    Uma pessoa com problema fsico, ao receber a orao de cura, conforme a vontade do Senhor, e pela sua abertura de corao, poder ou no ser curado fisicamente. Por exemplo, certa vez, uma irm que tinha artrose e, conseqentemente, andava com dificuldade, aps ter recebido uma orao de cura continuou sofrendo da artrose como antes, mas deixou de se preocupar com o que lhe pudesse acontecer no futuro (tinha medo de piorar, a ponto de precisar de uma cadeira de rodas). Passou, pois, a aceitar a doena e foi curada interiormente. Como resposta a orao de cura, Deus tambm cura psicolgica e espiritualmente.

    H muitos cristos em boas condies fsicas, mas que esto doentes psicolgica ou espiritualmente. Jesus quer cur-los. Jesus sempre o mesmo: ontem, hoje e por toda a eternidade (Hb 13,8). Portanto, assim como realizou inmeras curas durante sua vida terrena, nos cura hoje e por todo o sempre. Tempo e espao no significam nada para Ele. Ele pode nos curar hoje e agora, no momento que voc est lendo este captulo, pode nos curar de algo que nos aconteceu na nossa infncia ou mesmo na nossa vida intra-uterina. Ele pode chegar ao nosso passado e curar aquilo que nos machucou, que nos magoou, que nos marcou. Cura-nos de lembranas dolorosas, de situaes traumticas que implicam hoje em alteraes em nosso comportamento, em sonhos (pesadelos), entre outras anomalias.

    Na orao de cura interior pede-se a Jesus que v ao nosso passado e nos cure de toda mgoa e ilumine qualquer lembrana dolorosa. No somente voltar ao passado e recordar detalhes desagradveis, no somente ficar sabendo das causas de nossas machucaduras, mas ter Jesus brilhando com sua luz divina em todos os cantos escuros nos quais Satans esconde mgoas e lembranas dolorosas. ter Jesus conosco durante situaes difceis e desagradveis e nas horas em que fomos traumatizados.

    Todos precisamos de algum tipo de cura, quer seja ela: fsica, emocional ou espiritual. O nico lugar onde as pessoas no precisam mais ser curadas, no cemitrio.

    Quem recebe uma orao de cura precisa, em primeiro lugar, assumir a cura, saber que est sendo curado, querer a cura, permitir que ela acontea. Como dissemos atrs quando se trata de cura fsica preciso que haja confirmao pelo mdico.

    Precisa, em seguida, dar os passos que o Senhor mandou que desse, seno, como ir ao mdico, receber a receita aps o diagnstico da doena e jog-la fora no lixo. Na cura do cego de nascena Jesus mandou que ele fosse lavar os olhos na piscina de Silo. Ele deu esse passo e foi curado. Imaginemos que ele no obedecesse a Jesus e no fosse lavar seus olhos na piscina, ser que teria sido curado?

    Todos os batizados podem abrir-se ao dom de cura, entretanto preciso uma vida de orao, de sacramentos, de servio a Igreja e aos irmos, preciso ter f em Deus e sentir amor pelo irmo que est enfermo, quer seja no corpo, na alma ou no esprito. H pessoas que so muito abertas a esse dom e o exercem constantemente, essas pessoas tm o ministrio de cura.

    Abertura ao dom de cura.

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    Orar pedindo o dom de cura ao Senhor, se colocar disponvel. Ter f para dar os primeiros passos e orar pelos irmos. Sentir profundo amor pelos irmos que esto necessitados de cura.

    Ler diariamente a Bblia, ler livros sobre o assunto, assistir palestras, participar de retiros sobre o tema.

    Orar junto com pessoas que j estejam exercendo esse dom, participando da orao ou ficando em intercesso.

    Confiar no Senhor e no pensar que fracassou se no constatar a cura imediata. Abrir-se a dons auxiliares ao dom de cura, como os dons de palavra de cincia, palavra de

    sabedoria, discernimento de espritos, aconselhamento.

    Como orar pela cura?

    No orar sozinho nunca, mas como membro de um pequeno grupo, no mnimo de duas pessoas. Eu vos repito: se dois dentre vs na terra se puserem de acordo para pedir seja qual for a coisa, esta lhes ser concedida por meu Pai que est nos cus. Porque, onde esto dois ou trs reunidos em meu nome, eu estou l entre eles (Mt 18,19-20).

    Preparar-se constantemente para a orao de cura, atravs da leitura diria da Palavra, meditaes e oraes pessoais. Jejuar pelo ministrio de cura, Jesus aconselha: Quanto a esta espcie de demnios, s se pode expulsar fora de orao e jejum (ler Mateus captulos 17 a 21). Estar em dia com os Sacramentos em especial a Confisso e comungar sempre o Corpo e o Sangue de Cristo, alimento para nossa vida espiritual. Rezar diariamente o tero, estar em comunho com Maria nossa me e rainha.

    Orar pela cura de preferncia na Igreja, pois nela est o Santssimo, ou seja, Jesus Eucarstico, e tambm porque est escrito: Minha casa a casa de orao (Mt 21,13a).

    Na orao de cura feita por duas ou mais pessoas, enquanto uma ora em voz alta, as demais ficam em intercesso em voz baixa em lnguas e em escuta do Esprito Santo. A que est orando em voz alta, quando sentir que da vontade do Senhor, cessa sua orao para que outro irmo ore alto e ela passa ento a ficar em intercesso e assim sucessivamente. As oraes feitas em voz alta devem ser audveis, para que a pessoa que est recebendo a orao possa ouvir o que est sendo orado. A orao deve ser feita com tranqilidade e ordem, sempre guiada pelo Esprito Santo. Quem recebe a orao no deve orar junto, principalmente em voz alta, mas ficar escuta, prestando bastante ateno no que o Senhor lhe est dizendo atravs dos irmos que esto orando.

    Deve haver imposio de mos, com discernimento e respeito para que a pessoa que este recebendo orao no passe constrangimentos. Enfim devemos nos abandonar nas mos do Senhor e deixar que Ele nos conduza como servos fiis, aqueles que tem como recompensa de seu trabalho a alegria de poder servi-lo.

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    Dom de milagres

    Milagres so fenmenos sobrenaturais realizados por Deus, a interferncia de Deus em alguma situao, podendo ser uma cura fsica como o cego Bartimeu (Ler Mc 10,46-52); alterao dos fenmenos naturais, como foi a tempestade acalmada (Ler Mt 8,23-27); multiplicao de pes (Ler Mt 14, 13-21; Mc 6,30-44; Lc 9,10-17 e J 6,1-15); a ressurreio de um morto, como foi a de Lzaro (Ler Jo 11,1-44); etc. Deus realiza milagres para que os homens conheam a sua glria.

    Jesus acompanha as palavras com numerosos milagres, prodgios e sinais (At 2,22) que manifestam que o Reino est presente nele. Atestam que Jesus o Messias anunciado (CIC 547). Os sinais operados por Jesus testemunham que o Pai o enviou. Convidam a crer nele. Aos que a Ele se dirigem com f, concede o que pedem. Assim os milagres fortificam a f naquele que realiza as obras de seu Pai: testemunham que ele o Filho de Deus. Eles podem tambm ser ocasio de escndalo (Mt 11,6). No se destinam a satisfazer a curiosidade e os desejos mgicos. Apesar dos seus milagres to evidentes, Jesus rejeitado por alguns; acusam-no at de agir por intermdio dos demnios (CIC 548). O advento do Reino de Deus a derrota do reino de Satans. Se pelo Esprito de Deus que eu expulso os demnios, ento o Reino de Deus j chegou a vs (Mt 12,28) (CIC 550).

    O milagre da multiplicao dos pes, quando o Senhor proferiu a beno, partiu e distribuiu os pes atravs dos seus discpulos para alimentar a multido, prefigura a superabundncia deste nico po da sua Eucaristia. O sinal da gua transformada em vinho em Cana j anuncia a hora da glorificao de Jesus. Manifesta a realizao da ceia das bodas no Reino do Pai, onde os fiis bebero o vinho novo, transformado no Sangue de Cristo (CIC 1335).

    O motivo de crer no de fato as verdades reveladas aparecerem como verdadeiras e inteligveis luz da nossa razo natural. Cremos por causa da autoridade de Deus mesmo que revela e que no pode nem enganar-se nem enganar-nos. Todavia, para que o obsquio da nossa f fosse conforme razo, Deus quis que os auxlios interiores do Esprito Santo fossem acompanhados das provas exteriores da sua Revelao. Por isso os milagres de Cristo e dos santos, as profecias, a propagao e a santidade da Igreja, sua fecundidade e estabilidade constituem sinais certssimos da Revelao, adaptados inteligncia de todos, movidos de credibilidade que mostram que o assentimento da f no de modo algum um movimento cego do esprito (CIC 156).

    Na humanidade de Cristo, portanto, tudo deve ser atribudo sua pessoa divina como ao seu sujeito prprio. No somente os milagres mas tambm os sofrimentos, e at a morte: Aquele que foi crucificado na carne, nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus, Senhor da glria e Um da Santssima Trindade (CIC 468).

    A Ressurreio de Jesus glorifica o nome do Deus Salvador, pois a partir de agora o nome de Jesus que manifesta em plenitude o poder supremo do nome acima de todo nome. Os espritos maus temem seu nome e em nome dele que os discpulos de Jesus operam milagres, pois tudo o que pedem ao Pai em seu nome, o Pai lhes concede (CIC 434).

    Os milagres nas Escrituras so descritos como maravilhas: Haviam (os israelitas) olvidado as suas obras, todas as maravilhas demonstradas (Sl 77,11); Lembrai as maravilhas que operou, seus feitos e as palavras de seus lbios (Sl 104,5).

    J no Antigo Testamento encontramos milagres espetaculares: a abertura do mar Vermelho, efetuada atravs de Moiss (Ler Ex 14). O florescimento da vara de Aaro (Ler Nm 17). A passagem do Jordo a p enxuto, feita por Josu (Ler Js 3). A destruio das Muralhas de Jeric (Ler Js 6). A derrubada das pilastras do templo filisteu por Sanso (Ler Jz 16). A vinda de trovoadas e chuvas, pedidas por Samuel (Ler I Sm 12). A multiplicao da farinha e do azeite, por Elias (Ler I Rs 17). A cura de Naam, por Eliseu (Ler 2 Rs 5). Os trs jovens na fornalha (Ler Dn 3). Daniel na cova dos lees (Ler Dn 6).

    Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho ao mundo, Jesus Cristo, sendo Deus, durante sua vida terrena realizou inmeros milagres, que podemos classificar em trs categorias:

    a) milagres relativos a natureza: acalmar tempestades (Mt 8,23-27), caminhar sobre as guas (Mt 14,22-36), transformar gua em vinho (Jo 2,1-12), multiplicar pes (Lc 9,10-17), etc.

    b) Milagres relativos sade: curar leprosos (Mt 8,1-14), cegos (Mc 10,46-52), mudos (Mc 7,31-37), paralticos (Lc 5,17-26), coxos (Lc 7,22), etc.

    c) Milagres relativos vida: ressurreio da filha de Jairo (Mt 9,18-26), ressurreio do filho da viva de Naim (Lc 7,11-17), ressurreio de Lzaro (Jo 11,1-44).

    A Dei verbum nos diz: Jesus Cristo, Verbo feito carne, enviado como homem para os homens, fala, portanto, as palavras de Deus e consuma a obra da salvao que o Pai lhe mandou realizar. Por isso, v-lo ver o Pai, com toda a sua presena e Manifestao de sua pessoa, com palavras e oras, sinais e milagres... (DV 4).

    Na Dignitatis humanae lemos: ...Cristo, nosso Mestre e Senhor, manso e humilde de corao, atraiu e convidou com muita pacincia os seus discpulos. Apoiou e confirmou, sem dvida, com milagres, a sua pregao, mas para despertar e confirmar a f dos ouvintes, e no para exercer sobre eles qualquer coao (DV 11).

  • 18

    Durante muito tempo diversos cristos julgavam que ocorreram milagres realizados por patriarcas, por profetas, e por Jesus Cristo no tempo da Igreja primitiva, quando apstolos como Pedro e Paulo viviam. Admitiam ainda que santos canonizados pela Igreja tivessem feitos milagres. Mas as Escrituras so claras no afirmar que Deus realiza milagres atravs de quem Ele escolher; Jesus nos prometeu: Eu vos afirmo e esta a verdade: quem cr em mim far as obras que eu fao. E far at maiores, porque vou para o Pai (Jo 14,12). E Jesus nos f a certeza de que suas palavras so cumpridas: O cu e a terra passaro, mas as minha palavras no passaro (Mt 24,35).

    O dom de milagres o carisma pelo qual Deus realiza milagres como resposta nossa orao, muitas pessoas abertas ao dom de cura tm obtido de Deus, pelas suas oraes, curas milagrosas. Algumas pessoas chamam curas milagrosas, ou milagres, quelas que ocorrem instantaneamente. Por exemplo, se uma pessoa com cncer curada dessa doena instantaneamente, chamam milagre. Se ocorre a cura de uma dor de cabea, dor na perna, ou outras enfermidades que a medicina poderia curar com medicamentos, ento chamamos de cura.

    Certamente existem milagres que nada tm a ver com cura milagrosa, como por exemplo, o Pe. DeGrandis relata um milagre ocorrido com uma jovem norte-americana, a qual percebeu que estava sendo perseguida por dois malfeitores e correu para o seu automvel. Fechou as portas do carro que eles tentavam abrir pelo lado de fora, apavorada, deu partida duas vezes, sem que o motor de arranque funcionasse. Clamou por Jesus e na tentativa seguinte o carro pegou e ela conseguiu fugir dos seus assaltantes, contudo, ao chegar em casa, relatou o ocorrido a seu pai. Este estranhou que o carro no quisesse pegar, uma vez que, a bateria era nova. Foi verificar o carro e constatou que o cabo da bateria estava desligado. bem provvel que os assaltantes tinham-no desligado para que ela no lhes pudesse fugir, mas quando ela clamou por Jesus (orou), Ele realizou um milagre e o carro pegou sem bateria.

    Podemos citar o Milagre Eucarstico de Lanciano, este prodigioso milagre deu-se por volta dos anos 700, na cidade italiana de Lanciano, na igreja do mosteiro de So Legoziano, onde viviam os monges da Ordem Basiliana (de So Baslio).

    Entre os monges, havia um que se fazia notar mais por sua cultura mundana do que pelo conhecimento das coisas de Deus. Sua f parecia vacilante, e ele era perseguido todos os dias pela dvida de que a hstia consagrada fosse verdadeiro Corpo de Cristo e o vinho Seu verdadeiro Sangue. Mas a Graa Divina nunca o abandonou, fazendo-o orar continuamente para que esse insidioso espinho sasse do seu corao.

    Foi quando, certa manh, celebrando a Santa Missa, mais do que nunca atormentado pela sua dvida, aps proferir as palavras da Consagrao ele viu a hstia converter-se em Carne viva e o vinho em Sangue vivo. Sentiu-se confuso e dominado pelo temor diante de to espantoso milagre, permanecendo longo tempo transportado a um xtase verdadeiramente sobrenatural. At que, em meio a transbordante alegria, o rosto banhado em lgrimas, voltou-se para as pessoas presentes e disse:

    " bem-aventuradas testemunhas diante de quem, para confundir a minha incredulidade, o Santo Deus quis desvendar-se neste Santssimo Sacramento e tornar-se visvel aos vossos olhos. Vinde, irmos, e admirai o nosso Deus que se aproximou de ns. Eis aqui a Carne e o Sangue do nosso Cristo muito amado!"

    A estas palavras os fiis se precipitaram para o altar e comearam tambm a chorar e a pedir misericrdia. Logo a notcia se espalhou por toda a pequena cidade, transformando o monge num novo Tom.

    A Hstia-Carne apresentava, como ainda hoje se pode observar, uma colorao ligeiramente escura, tornado-se rsea se iluminada pelo lado oposto, e tinha uma aparncia fibrosa; o Sangue era de cor terrosa (entre amarelo e o ocre), coagulado em cinco fragmentos de formas e tamanhos diferentes.

    Serenada a emoo de que todo o povo foi tomado, e dadas aos Cus as graas devidas, as relquias foram agasalhadas num tabernculo de marfim, construdo a mando das pessoas mais credenciadas do lugarejo.

    A partir de 1713, at hoje, a Carne passou a ser conservada numa custdia de prata, e o Sangue, num clice de cristal.

    Os Frades Menores Conventuais guardam o Milagre desde 1252, por vontade de Landulfo, bispo da vila de Chieti. Os monges da Ordem de So Baslio guardaram o Milagre at 1176 e os Beneditinos at 1252.

    Em 1258 os Franciscanos construram o santurio atual, que foi transformado em 1700 de romntico-gtico em barroco. Desde 1902 as relquias esto custodiadas no segundo tabernculo do altar monumental, erigido pelo povo de Lanciano no centro do presbitrio.

    Aos reconhecimentos eclesisticos do Milagre, a partir de 1574, veio juntar-se o pronunciamento da Cincia moderna atravs de minuciosas e rigorosas provas de laboratrio.

    Foi em 18 de novembro de 1970 que os Frades Menores Conventuais decidiram, devidamente autorizados, confiar a dois mdicos de renome profissional e idoneidade moral a anlise cientfica das relquias. Para tanto, convidaram o Dr. Odoardo Linoli, Chefe de Servio dos Hospitais Reunidos de Arezzo e livre docente de Anatomia e Histologia Patolgica e de Qumica e Microscopia Clnica, para, assessorado pelo

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    Prof. Ruggero Bertelli, Prof. emrito de Anatomia Humana Normal na Universidade de Siena, proceder aos exames.

    Aps alguns meses de trabalho, exatamente a 4 de maro de 1971, os pesquisadores publicaram um relatrio contendo o resultado das anlises:

    A Carne verdadeira carne.

    O Sangue verdadeiro sangue.

    A Carne do tecido muscular do corao (contm, em seo, o miocrdio, endocrdio, o nervo vago e, no considervel espessor do miocrdio, o ventrculo cardaco esquerdo).

    A Carne e o Sangue so do mesmo tipo sangneo (AB) e pertencem espcie humana.

    No Sangue foram encontrados, alm das protenas normais, os seguintes minerais: cloreto, fsforo, magnsio, potssio, sdio e clcio. As protenas observadas no Sangue encontram-se normalmente fracionadas em percentagem a respeito da situao seroprotenica do sangue vivo normal. Ou, seja, sangue de uma pessoa VIVA.

    A conservao da Carne e do Sangue, deixados em estado natural por doze sculos e expostos ao de agentes fsicos, atmosfricos e biolgicos constitui um fenmeno extraordinrio.

    E antes mesmo de redigirem o documento sobre o resultado das pesquisas, realizadas em Arezzo, os doutores Linoli e Bertelli enviaram aos Frades um telegrama nos seguintes termos: "E o Verbo se fez Carne!". E o impressionante que a Carne do Corao. No a carne de qualquer parte do Corpo adorvel de Jesus, mas a do msculo que propulsiona o Sangue e portanto a vida ao corpo inteiro; do msculo que tambm o smbolo mais manifesto e o mais eloqente do amor do Salvador por ns.

    A Eucaristia , na verdade, o dom por excelncia do Corao de Jesus. "Meu Corao to apaixonado de amor pelos homens", disse um dia o Cristo em Parayle-Monial, revelando seu Sagrado Corao a Santa Margarida Maria. Uma paixo que o conduziu cruz, que torna hoje presente sobre nossos altares, em nossos sacrrios e at em nossos coraes.

    Em todo o caso, guardemos isto: na Eucaristia eu recebo o Cristo todo inteiro. verdadeiramente que se d e que eu como.

    Tanto na hstia como no vinho, est Jesus Cristo vivo e inteiro (corpo, sangue, alma e divindade). A comunho eucarstica existe nas duas espcies, na espcie do po e na espcie do vinho, s que o vinho no somente o sangue de Jesus, mas sim o prprio Jesus. E da mesma forma a hstia no somente carne, mas sim o prprio Jesus. O que aconteceu em Lanciano, acontece em todas as igrejas do mundo e em qualquer missa, a nica diferena que l em Lanciano alm de transubstanciar a substncia (po e vinho), transubstanciou-se tambm a aparncia. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no ltimo dia" (Jo 6,54).

    Parece-nos que Deus quer nos mostrar que na menor partcula da hstia consagrada ou na menor gota do vinho consagrado, est presente o Cristo Total.

    No Santurio de Nossa Senhor de Lourdes ocorrem milagres de cura com muita freqncia, h naquele local uma equipe permanente de mdicos que examinam cuidadosamente todas as curas ocorridas e atestam aquelas que so consideradas milagrosas. A Igreja muito prudente na aceitao de um milagre, agindo de acordo com o discernimento que lhe dado pelo Esprito Santo.

    Podemos citar ainda como milagres as imagens de nossa Senhora que tm chorado, em diversos lugares do mundo, lgrimas verdadeiras ou lgrimas de sangue. O Pe. Juan J. Szantyr nos conta que, ao receber a notcia que diversos rosrios de Medjugorje estavam ficando milagrosamente dourados, imaginou que fosse obra do inimigo para distrair os fiis da orao. Ao rezar sobre esse milagre, leu no livro de Sabedoria: E por terem sofrido um pouco, recebero grandes bens. Porque Deus, que os provou, achou-os dignos de si. Ele os provou como ouro na fornalha e os acolheu como holocausto (Sb 3,5-6). Meditou ento que nosso ser de ouro traz manchas do pecado original. preciso que haja uma purificao pelo sofrimento para nos tornarmos ouro puro. Essa era a mensagem da transformao dos rosrios. Logo a seguir, o seu rosrio, de uso pessoal, ficou milagrosamente dourado. (Jesus vive e o Senhor, 160,23).

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    Abertura ao dom de milagres.

    Orar pedindo o dom de milagres ao Senhor, se colocar disponvel. Ter f para dar os primeiros passos e orar pelos irmos.

    Ler diariamente a Bblia, ler livros sobre o assunto, assistir palestras, participar de retiros sobre o tema.

    Ter intensa vida de jejum, orao, confisso e eucaristia. Confiar no Senhor e no pensar que fracassou se no constatar o milagre. Abrir-se a dons auxiliares ao dom de milagre, como de cura, palavra de cincia, palavra de

    sabedoria, discernimento de espritos, f carismtica.

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    DONS DE REVELAO Dom da Profecia

    O dom de profecia o carisma pelo qual proclamamos uma mensagem de Deus destinada a uma

    comunidade, a um irmo ou a ns mesmos. Deus fala atravs de ns em primeira do singular ou plural. Por exemplo: Eu sou o Senhor Vosso Deus ou Vs sois meu povo amado.

    Entre as graas especiais, convm mencionar as graas de estado que acompanham o exerccio das responsabilidades da vida crist e dos ministrios no seio da Igreja: Tendo, porm, dons diferentes, segundo a graa que nos foi dada, aquele que tem o dom da profecia, que o exera segundo a proporo de nossa f,... (CIC 2004).

    O Esprito Santo de Deus, aquele que inspira a profetizar, pois ...Deus quis que os auxlios interiores do Esprito Santo fossem acompanhados das provas exteriores da sua Revelao. Por isso os milagres de Cristo e dos santos, as profecias, a propagao e a santidade da Igreja, sua fecundidade e estabilidade constituem sinais certssimos da Revelao, adaptados inteligncia de todos, movidos de credibilidade que mostram que o assentimento da f no de modo algum um movimento cego do esprito (CIC 156).

    Muitas pessoas julgam que a profecia uma mensagem sobre acontecimentos futuros, ou seja, que quem profetiza anuncia eventos que iro realizar-se no futuro. Tal idia no correta. O que caracteriza a profecia ser uma mensagem de Deus. Ele conhece o passado, o presente e o futuro. Numa profecia Deus pode dar uma mensagem sobre acontecimentos passados, presentes ou futuros.

    No Antigo Testamento verificamos que Deus chamava homens escolhidos por Ele para profetizar. Reconhecendo a importncia da profecia para o Povo de Deus, Moiss diz: Oxal todo o povo de Jav seja transformado em profetas, porque Jav teria colocado sobre eles o seu Esprito (Nm 11,29b). Tambm no Antigo Testamento vemos que ... A lei profecia e pedagogia das realidades futuras. Profetiza e pressagia a obra da libertao do pecado, que se realizar com Cristo, e fornece ao Novo Testamento as imagens, os tipos, os smbolos, para exprimir a vida segundo o Esprito (CIC 1964).

    Moiss transmitia aos israelitas diversas mensagens de Deus. Ele era, pois, aberto ao dom da profecia. Moiss afirma que ele um profeta e prev a vinda de Jesus Cristo, o Profeta por excelncia: Jav, teu Deus, far surgir do teu seio, dentre os teus irmos, um profeta igual a mim; escut-lo-eis (Dt.18,15).

    No final do sculo VII a.C., vivia em Israel um jovem chamado Samuel, este servia o Senhor, no templo, sob a orientao do sacerdote Heli. Um dia, enquanto repousava, por trs vezes Samuel ouviu uma voz que o chamava. Julgou estar sendo chamado por Heli, mas finalmente lhe foi revelado que era o Senhor que o estava chamando. Ao ouvir novamente o chamado, Samuel disse: Fala que teu servo escuta (I Sm 3,10b). O Senhor lhe revelou seus desgnios sobre Israel e sobre a casa de Heli. Samuel transmitiu a Heli a mensagem de Deus. De sorte que todo Israel, de Dan at Bersab, reconheceu que Samuel era profeta de Jav (I Sm 3,20).

    O Senhor disse a Ezequiel: A filhos obstinados e de coraes empedernidos que te envio. Devers dizer a eles: Assim diz o Senhor Jav. Pode ser que te escutem, mas pode ser tambm que no, j que se trata duma gerao de rebeldes. Em todo caso, sabero que houve um profeta entre eles (Ez 2,4-5).

    O livro do profeta Isaas inicia-se com as seguintes palavras: Viso de Isaas, filho de Ams, sobre Jud e Jerusalm, no tempo de Osias, de Joatan, de Acs e de Ezequias, reis de Jud. Escutai, cu! Ouvi, terra! Porque Jav quem fala: criei filhos e os enalteci, mas contra mim se revoltaram(Is 1,1-2).

    O profeta Jeremias nos fala sobre a sua vocao: A palavra de Jav foi-me dirigida nestes termos: Antes de te formar no ventre de tua me, eu te conheci; antes de sares do seio materno, eu te consagrei; profeta das naes eu te destinei. Eu respondi: Ah, Senhor Jav! No sei falar, sou ainda muito novo! Jav respondeu-me: No digas sou uma criana! A todos a quem eu te enviar, tu irs e tudo o que eu te ordenar, tu dirs! (Jr 1,4-7).

    Mais tarde, no prprio Antigo Testamento, o Senhor, atravs do profeta Joel, nos afirma que chegar um tempo em que Ele derramar o seu Esprito sobre todo o seu povo e que ento todos profetizaro. E acontecer depois disso que eu derramarei o meu esprito sobre todos os mortais, vossos filhos e vossas filhas profetizaro, vossos ancios tero sonhos e vossos jovens tero vises (Jl 3,1). Essa promessa de Deus cumpriu-se em Pentecostes. Os judeus que presenciaram os acontecimentos no Cenculo ficaram perplexos e no entendiam o que estava acontecendo. Pedro ento lhes afirma que naquele momento estava sendo cumprida a profecia de Joel, ou seja, que Deus estava dando o seu Esprito Santo a todos os homens de boa vontade que quisessem receb-lo. Os que se abriram ao do Esprito, falavam em outras lnguas e profetizavam.

    A Dei Verbum, recordando a histria da salvao, nos ensina: A seu tempo Deus chamou Abrao a fim de fazer dele um grande povo, ao qual, depois dos patriarcas, ensinou, por meio de Moiss e dos profetas, a reconhec-lo como nico Deus vivo e verdadeiro, Pai providente e justo juiz e a esperar o Salvador prometido (DV 3). Depois de ter falado muitas vezes e de muitos modos pelos profetas, Deus ultimamente, nestes dias, falou-nos pelo Filho (DV 4; Hb 1,1-2).

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    Na Lmen gentium lemos: Cristo, o grande Profeta que proclamou o Rei do Pai, quer pelo testemunho de vida, quer pela fora da palavra, continuamente exerce seu mnus proftico at a manifestao da glria. Ele o faz no s atravs da Hierarquia que ensina em seu nome e com seu poder, mas tambm, atravs dos leigos (LG 35). O povo santo de Deus participa do mnus proftico de Cristo (LG 12).

    O Senhor fala conosco atravs da profecia. Quem a recebe percebe a uno do Esprito Santo. Essa uno vem acompanhada de manifestaes fsicas, espirituais. Na manifestao fsica sentimos o corao bater mais rapidamente ou sentimos calor no corpo ou formigamento nas mos. Na manifestao espiritual sentimos o amor de Deus em nosso corao.

    A profecia pode vir em vernculo (portugus, para ns), em lnguas, em viso ou em sonho. Proclamar mensagens em lnguas, ou seja, profetizar em lnguas diferente de orar em lnguas. A profecia em lnguas dada a uma nica pessoa. E ela a proclama. A orao em lnguas pode ser pessoal ou comunitria. Por outro lado, sente-se que a profecia em lnguas dita como uma proclamao incisiva do Senhor.

    Quem ouve profecias em lnguas no entende o seu sentido, o seu significado. Para que a profecia em lnguas seja entendida pela comunidade e preciso a abertura a um outro dom do Esprito Santo, o dom da interpretao. So Paulo nos ensina: Se houver quem fale (profetize) em lnguas, falem dois, no mximo trs, e cada um por sua vez. E haja quem interprete (I Cor 14,27).Veremos com maiores detalhes a interpretao da profecia no captulo Dom da Interpretao.

    A profecia pode tambm vir sob a forma de uma viso ou de um sonho. Falou-lhes Jav: Escutai, agora, minhas palavras. Quando h entre vs um profeta de Jav, eu me revelo a ele em viso; eu lhe falo em sonhos (Nm 12,6).

    A profecia em viso uma mensagem que o Senhor nos d atravs da visualizao de algo. Lemos nas Escrituras que So Pedro teve por trs vezes a vis]ao de uma toalha que baixava do cu contendo animais de todas as espcies. O Senhor lhe disse: Pedro, mata e come. Pedro recusou-se, afirmando que havia na toalha animais considerados impuros pelos judeus. O Senhor lhe disse: No chames impuro o que Deus purificou. Logo aps vieram chamar Pedro para ir casa do centurio Cornlio, no-judeu, mas justo e temente a Deus. Pedro lembrou-se da viso proftica que tivera e das palavras do Senhor e foi casa de Cornlio, que se converteu ao cristianismo (Ler Atos 10,9-48).

    A profecia em sonho uma mensagem que o Senhor nos d enquanto dormimos. Lemos nas Escrituras que o fara do Egito teve um sonho no qual viu sete vacas gordas que saram do Nilo e se puseram a pastar. Em seguida, saram do Nilo sete vacas magras que devoraram as vacas gordas. O fara sentiu que havia uma mensagem naquele sonho e pediu a Jos do Egito (filho de Jac) que lhe desse interpretao do sonho. Jos lhe disse que a mensagem de Deus naquele sonho que haveria sete anos de fartura seguidos de sete anos de grande misria e fome, o que realmente ocorreu no Egito (Ler Gn 41,1-57). A maioria dos sonhos no tem sentido algum, mas, quando da vontade do Senhor, Ele nos d uma mensagem em sonho e temos, pois, um sonho proftico.

    Nos nossos dias, nas reunies de orao, geralmente aps uma orao em lnguas ungida e comunitria, h um momento de silncio e um dos participantes se sente tocado a transmitir comunidade uma mensagem do Senhor.

    A pessoa que recebe a manifestao do dom da profecia sente uma necessidade de transmitir aos irmos aquilo que o Senhor lhe est imprimindo no corao. Inicia ento a proclamao da mensagem do Senhor, que vai fluindo de sua boca. No so palavras provindas de seu raciocnio humano, mas que realmente provm de Deus. Pedro afirma: Porque de uma vontade humana jamais veio uma profecia, mas homens movidos pelo Esprito Santo que falaram da parte de Deus (2 Pd 1,21).

    Como Deus quem fala, a profecia proclamada na primeira pessoa (Meus filhos... Eu vos digo que...). So Paulo nos ensina: Mas quem profetiza fala aos homens, edificando, exortando e consolando (I Cor 14,3).

    Deus nos fala atravs da profecia para nos edificar, ou seja, para nos construir, nos edificar. A profecia edifica nossa vida, nossa moral, nossa religio. Fala-nos tambm para nos exortar, ou seja, para nos animar, para nos encorajar, para nos corrigir algo errado. Fala-nos tambm para nos consolar, ou seja, para nos aliviar, nos suavizar. A profecia nos proporciona consolo nas aflies, nos sofrimentos e nas angstias.

    Toda profecia precisa ser confirmada, para se ter a certeza de que proveio do Senhor. Muitas vezes a mensagem de Deus captada por mais de um dos participantes da comunidade. Um deles a proclama, os que a receberam e no a proclamaram devero confirmar a profecia, dizendo: confirmo a profecia, ou simplesmente: confirmo. Outras vezes a mensagem de Deus dada naquele momento, pode ser encontrada, como o mesmo sentido, na Bblia. a confirmao pela Palavra. Quem a encontrar dever dizer: confirmo a profecia, indicado o livro, o captulo e os versculos e lendo o trecho. So Paulo diz: Quanto aos profetas, falem dois ou trs e os outros julguem (I Cor 14,29). O mesmo So Paulo, na sua primeira carta aos Corntios, nos fala diversas vezes sobre a profecia.

    Em primeiro lugar, adverte-nos que todos os dons do Esprito Santo devem ter por raiz a caridade, ou seja, o amor. Sem caridade de nada valem nossas profecias, nossa cincia, nossa f, etc. Mesmo que eu

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    tivesse o dom da profecia e conhecesse todos os mistrios e toda a cincia; mesmo que eu tivesse f a ponto de transportar montanhas, se no tiver caridade, no sou nada (I Cor 13,2).

    Devemos, pois, aspirar em primeiro lugar a caridade, mas tambm os dons espirituais, principalmente o da profecia. Procurai a caridade. Desejai, porm, os dons espirituais, sobretudo o da profecia (I Cor 14,1). Por isso, meus irmos, aspirai o dom da profecia (I Cor 14,39a). So Paulo nos mostra que o dom de lnguas um sinal para os infiis, os no-cristos que presenciaram os acontecimentos de Pentecostes, viram no dom de lnguas um sinal de Deus. Mostra-nos tambm que o dom de profecia um sinal para os fiis. Por esse dom Deus fala ao seu povo. Assim as lnguas so sinais, no para os fiis, mas para os infiis; enquanto profecias so um sinal no para os infiis, mas para os fiis (I Cor 14,22).

    So Paulo, escrevendo aos tessalonicenses, adverte-os: No desprezeis as profecias (I Tes 5,20). Escrevendo a Timteo, faz-lhe a seguinte recomendao: Timteo, meu filho, esta a recomendao que te fao, de acordo com as profecias que tempos atrs foram ditas a teu respeito. Baseado nelas deves combater o bom combate (I Tm 1,18).

    Como vimos, a profecia uma mensagem de Deus dirigida a uma comunidade, a um irmo ou a ns mesmos, que precisa ser confirmada para se ter certeza de que proveio do Senhor.

    Toda profecia precisa passar pelo crivo das verdades, que sustentam a nossa f: Sagradas Escrituras, Sagrada Tradio e Sagrado Magistrio. Toda profecia que no condizer com essas verdades, no so autenticas.

    A no-profecia a proclamao de uma mensagem provinda de nosso esprito humano. Geralmente so frases piedosas, ou citaes das Escrituras, mas sem que tenham sido suscitadas por Deus naquele momento. Ao ouvir uma no-profecia, detectamos a falta de uno nas palavras proferidas.

    A falsa profecia a proclamao de uma mensagem vinda do inimigo, este muito audacioso e habilidoso e consegue imitar os dons do Esprito Santo, mesmo sendo de uma forma imperfeita, ele tenta nos atrair para ele. Por exemplo, o Pe. Hemiliano Tardif, em uma de suas viagens missionrias na Amrica do Sul, nos conta que ao ministrar o retiro, em um determinado momento uma pessoa se levantou e anunciou uma falsa profecia dizendo que Jesus no est presente na Eucaristia. Essa uma falsa profecia, a pessoa que assim o proceder deve ser exortada automaticamente.

    No Deuteronmio lemos: Se por ventura surgir um profeta ou adivinho em nosso meio, anunciando um sinal ou prodgio e se realizar o sinal ou prodgio de que vos falou, dizendo: Vamos atrs de outros deuses que tu no conheces e sirvamo-los, no ouvireis as palavras de tal profeta ou de tal adivinho, porque Jav vos experimenta por tal meio, para saber se amais a Jav, vosso Deus, de todo o vosso corao e de toda vossa alma (Dt 13,2-4). Jesus nos adverte: Guardai-vos dos falsos profetas. Eles vm a vs disfarados de ovelhas, mas por dentro so lobos arrebatadores (Mt 7,15). Levantar-se-o muitos falsos profetas e seduziro a muitos (Mt 24,11).

    Tambm So Paulo nos ensina que: ...ainda que algum ns ou um anjo baixado do cu vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja antema (Gl 1,8). Desta forma, toda profecia que trouxer uma mensagem que contradiga a Sagrada Tradio, Sagrado Magistrio e Sagrada Escrituras, que ela seja antema, isso quer dizer: maldita!

    Podemos tambm ouvir profecias comunitrias, que so proferidas por uma pessoa e se destinam comunidade presente. J as profecias individuais so proferidas por uma pessoa e se destinam a um determinado irmo. Difere, pois, do que ns falamos a um irmo. Deus falando a ele por nosso intermdio.

    As profecias pessoais so recebidas por uma pessoa e se destinam a ela prpria. Muitas vezes, aps orar a ss em lnguas, na presena do Senhor, e depois aguardar em silncio, Deus nos d uma mensagem pessoal.

    Atravs das profecias inspiracionais Deis inspira seu povo, ou seja, mostra-lhe algo que Ele quer que seja feito, corrigido, etc.

    As profecias diretivas so aquelas em que Deus dirige seu povo, ou seja, d-lhe uma ordem para que algo seja feito ou corrigido. Na profecia inspiracional o Senhor apenas inspira, mas na diretiva d uma ordem.

    Na Igreja, Deus constituiu primeiramente os apstolos, em segundo lugar os profetas, em terceiro lugar os doutores, depois os que tm o dom dos milagres, o dom de curar, o dom de socorrer, de governar, de falar diversas lnguas (I Cor 12,28).

    Na Igreja, em primeiro lugar vm os apstolos e, logo a seguir, os profetas, os apstolos, fundamento da Igreja, tem dons de profecia, de ensino, de milagres, de cura, de socorro, de governo, de falar diversas lnguas, etc.

    Os profetas so abertos ao dom de profecia e aos demais dons carismticos: ensino, milagres, curas, socorro, governo, lnguas, etc.

    Na carta aos Efsios, So Paulo escreveu: Foi ele quem de uns fez apstolos, de outros profetas ou evangelistas, pastores ou doutores, para o aperfeioamento dos santos, para a obra do ministrio e para a construo do corpo de Cristo (Ef 4,11-12).

    Cada um de ns deve, pois, exercer o ministrio que lhe foi confiado pelo Senhor, construindo, para a edificao do corpo de Cristo, a Igreja.

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    Nos Atos lemos que havia ento na Igreja de Antioquia profetas e doutores; ente eles Barnab, Simo, apelidado o Negro, Lcio de Cirene, Manam, companheiro de infncia do tetrarca Herodes, e Saulo. Enquanto celebravam o culto do Senhor, depois de terem jejuado, disse-lhes o Esprito Santo: Separai-me Barnab e Saulo para a obra a que os tenho destinado. Ento, jejuando e orando, impuseram-lhe as mos e os despediram (At 13,1-3). Abertura ao dom da profecia.

    Crer no que a Escritura nos fala sobre o dom da profecia, como nos diz So Paulo: Temos dons diferentes, conforme a graa que nos foi conferida. Aquele que tem o dom da profecia, exera-o conforme a f (Rm 12,6).

    So Paulo aconselha Timteo: No negligencies o carisma que est em ti e que te foi dado por profecia, quando a assemblia dos ancios te imps as mos (I Tm 4,14).

    Em Atos, lemos que Judas e Silas, que eram tambm profetas, dirigiam aos irmos muitas palavras de exortao e animao (At 15,32).

    So Pedro nos exorta: Assim demos ainda maior crdito palavra dos profetas, qual fazeis bem em atender, como a lmpada que brilha em lugar tenebroso at que desponte o dia e a estrela da manh se levante em vossos coraes (2 Pd 1,19).

    Desejo o dom e a pea a Deus com f. Ao abrir-nos ao dom de lnguas, entregamos ao Senhor o nosso aparelho vocal. Para abrir-nos ao dom de profecia, precisamos entregar ao Senhor a nossa mente. Para nos abrirmos profecia comunitria, nas reunies de orao, aps o louvor em lnguas e o silncio, entreguemos nossa mente a Deus e lhe peamos que nos use para proclamar sua mensagem para a comunidade reunida.

    Para nos abrirmos profecia individual, oremos dois a dois em lnguas e faamos silncio; peamos, ento, ao Senhor que nos use para uma mensagem sua dirigida ao nosso irmo.

    Para nos abrirmos profecia pessoal, fiquemos num lugar isolado e silencioso, oremos em lnguas, faamos silncio e aguardemos a mensagem que o Senhor tem para ns, mas nunca nos esqueamos de manter uma vida de orao pessoal: atravs dos sacramentos, orao pessoal, jejum, leitura da Palavra, orao do tero e perseverana na comunidade.

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    Dom do Discernimento dos Espritos

    O dom do discernimento dos espritos o carisma de perceber e identificar em ns mesmos, nas outras pessoas, nas comunidades e nos ambientes o que de Deus, o que da natureza humana ou o que do maligno. O discernimento dos espritos faz tambm perceber a influncia benigna ou maligna exercida por certos objetos.

    Somente bom o que vem de Deus, claro que do maligno somente vem o mal. O que vem da natureza humana no confivel, uma vez que ela est decada em conseqncia do pecado original.

    H o discernimento natural, comumente chamado bom-senso. Evitar o fumo e o lcool, porque fazem mal sade. Fazer exerccios adequados idade para manter a forma fsica. Poderamos dar inmeros outros exemplos de discernimento natural.

    H o discernimento doutrinrio, o que est de acordo com a doutrina catlica vem de Deus, o que a contraria no pode vir de Deus. Por exemplo, para discernir se aparies de Nossa Senhora so verdadeiras, a Igreja verifica se as suas mensagens esto de acordo com as Escrituras, Tradio e o Magistrio da Igreja. Verifica os frutos, ou seja, se est havendo converses para o Senhor, aumento da santidade dos fiis, etc.

    O dom do discernimento dos espritos aprimora o discernimento natural e deve estar de acordo com o discernimento doutrinrio. O discernimento dos espritos nos faz conscientes de que o que vem de ns mesmos sempre coincide perfeitamente conosco. Quando fao minha vontade, permaneo como estou, no me transformo, no creso.

    O que vem de Deus nem sempre coincide com o nosso desejo, quando fao a vontade de Deus sou transformado para melhor, creso espiritualmente.

    As tentaes que vm do maligno sempre atraem para o mal, quando cedo s tentaes, caio, regrido, sofro.

    O discernimento dos espritos um dom carismtico que no se presta apenas para momentos especiais. Deve ser usado constantemente, como parte integrante da vida do cristo, para que este seja sempre orientado e atue segundo as moes do Esprito Santo.

    Discernimento pessoal e comunitrio: Discernimento pessoal aquele feito por uma nica pessoa; discernimento comunitrio aquele feito por uma comunidade inteira. Este ltimo, geralmente, mais confivel do que o primeiro.

    Para se ter um discernimento comunitrio, cada membro da comunidade, em orao, pede ao Esprito Santo o dom do discernimento, em seguida, cada um expe o discernimento que recebeu. Aqueles que se harmonizam e se confirmam traduzem o discernimento da comunidade.

    O discernimento dos espritos considerado como protetor da vida carismtica, por ele os cristos reconhecem os dons do Esprito Santo e no so enganados por falsos dons provindos do Maligno. O Maligno tem grande habilidade para imitar os dons do Esprito Santo e apresent-los como verdadeiros, com a finalidade de nos tirar do Reino de Deus e nos atrair para ele.

    O inimigo age sorrateiramente. Para distinguir sua ao em nosso ambiente, o nico meio o Esprito Santo; ningum tem por si discernimento.

    Paulo VI destacou em um de seus pronunciamentos: "O dom dos dons para os tempos de hoje o discernimento". E mesmo, do contrrio somos levados por ventos de vrias doutrinas, a mesmo, sem saber para onde vamos.

    Para possuir discernimento, o bsico aprender a ouvir o Senhor; suas emoes, inspiraes. Muitas vezes o sentimento dentro de ns, movendo-nos: "Faa assim, no diga aquilo", mas em geral sepultamos isso, fazendo at o contrrio. O Esprito Santo d o dom do discernimento queles que esto n'Ele, imersos, banhados n'Ele. queles que do tempo escuta, orao, Palavra.

    Temos de ser dceis conduo do Esprito. muito necessrio distinguir o que vem de Deus, de Jesus, do Esprito Santo, de Maria, dos anjos. Caso contrrio, tudo se confunde na nossa cabea. Deus quer nos dar essa graa, o dom de discernimento dos espritos, que resultado de nossas caminhada pela tenda da orao.

    preciso caminhar, progredir e perseverar nos grupos de orao, na Palavra de Deus, na docilidade e no trabalho do Senhor. Assim, vamos nos constituindo terreno cada vez mais prprio para a semeadura. Percebemos que uma palavra no vem de Deus, mas do maligno, quando ela nos faz mal, nos agride.

    A falta de discernimento prpria dos iniciantes e dos imaturos. claro que Deus nos salva nessas situaes. Temos sido salvos por Ele, que quer nos dar, cada vez mais, o discernimento dos espritos, a capacidade de perceber e de sentir em ns o que de Deus e o que no ; o que vem do Esprito Santo e o que vem do mal.

    Temos de ser cuidadosos quanto a isso: pois em nosso esprito humano se misturam o orgulho, a vaidade, o cime, a inveja, rivalidades e competies com os outros.

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    Se no temos o discernimento dos espritos, podemos pensar que vem de Deus algo que na verdade no vem. Trata-se apenas de orgulho e vaidade de minha parte, e eu engulo tudo como se fosse de Deus.

    O senhor tem para ns esse grande dom, esse precioso dom que o discernimento dos espritos. Embora ele seja um dom, embora nos seja dado gratuitamente, resultado, tambm, da nossa caminhada. Precisamos caminhar e amadurecer e o que nos amadurece a perseverana, a orao, a Palavra de Deus e a docilidade. E com a maturidade vem tambm o discernimento dos espritos. Abertura ao dom do discernimento dos espritos.

    Para abrir-se ao discernimento dos espritos um bom caminho comear por perceber e identificar em ns o que de Deus, o que de ns mesmos e o que do maligno.

    A primeira etapa identificar nosso estado de alma numa dada situao, podemos estar alegres ou tristes, em paz ou angustiados, pacientes ou irritados, etc.

    A seguir, identificado nosso estado de alma, perguntar-nos por que estou alegre (ou triste, ou em paz, ou angustiado, etc.)?

    Verificamos ento que podemos estar alegres (ou tristes, etc.) por motivos que vm de Deus, que vm de nossa natureza humana ou que vm do maligno. Assim discernimos em ns o que de Deus, o que nosso ou o que do maligno.

    Por exemplo: estou triste porque no pude ir missa hoje motivo divino. Estou triste porque no recebi de um amigo a ateno que esperava motivo humano. Estou triste porque no desabafei meu dio sobre aquela pessoa que me feriu motivo diablico.

    Aps algum tempo dessas observaes, posso verificar que passo por perodos de alegria (ou de tristeza, etc.) por motivos divinos. Nesse caso posso concluir que estou sendo guiado por Deus, porque a tr