rev o bancario 9 mar-abr-2011 - bancariosce.org.br · o projeto conexão solidária ganha destaque...

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O bancário Publicação do Sindicato dos Bancários do Ceará Ano IV – Nº 9 – Março/Abril 2011 Terceirização: Terceirização: prejuízo para todos prejuízo para todos R E V I S T A Prática prejudica bancários, concursados, população e os próprios terceirizados

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  • O bancrioPublicao do Sindicato dos Bancrios do Cear Ano IV N 9 Maro/Abril 2011

    Terceirizao:Terceirizao:prejuzo para todosprejuzo para todos

    R E V I S T A

    Prtica prejudica bancrios, concursados, populao e os prprios terceirizados

  • Revista O BancrioEdio n 9 Maro/Abril 2011Uma publicao do Sindicatodos Bancrios do Cear SEEB/CE

    Diretor de ImprensaTomaz de Aquino

    Jornalista ResponsvelLucia Estrela CE00580JP

    ReprterSandra Jacinto CE01683 JP

    EstagiriosAnderson Lima e Cinara S

    Fotos: Arquivo/SEEB-CE

    Projeto grfico, diagramao e finalizaoNormando Ribeiro CE0043DG

    Ilustrao da CapaCosmo Lopes

    ImpressoExpresso Grfica

    Tiragem: 12.000

    Sindicato dos Bancrios do CearRua 24 de Maio, 1289 CentroTelefone: (85) 3252 4266Fax: (85) 3226 [email protected]

    Secretaria de ImprensaTelefone: (85) 3231 4500Fax: (85) 3253 [email protected]

    Diretoria Executiva do Sindicato dos Bancrios do Cear

    Trinio 2009/2012

    Conselho Fiscal

    Carlos Eduardo Bezerra Marques (BB) Presidente

    Ricardo Barbosa de Paula (Banrisul) Sec. Geral

    Elvira Ribeiro Madeira (CEF) Sec. de Ao Sindical

    Marcos Aurlio Saraiva Holanda (CEF) Sec. de Finanas

    Tomaz de Aquino e Silva Filho (BNB) Sec. de Imprensa

    Marcus Rogrio Rla Albuquerque (Ita) Sec. de Suporte Administrativo

    Laura Andra Nascimento Costa (CEF) Sec. de Formao Sindical

    Francisco Alexandro da Silva Cit (Ita) Sec. de Organizao

    Gabriel Motta F. Rochinha (Bradesco) Sec. de Estudos Scio-Econmicos

    Maria Carmen de Arajo (BNB) Sec. de Recursos Humanos

    Paulo Csar de Oliveira (Bradesco) Sec. de Assuntos Jurdicos Individuais

    Rochael Almeida Sousa (CEF) Sec. de Assuntos Jurdicos Coletivos

    Jos Eugnio da Silva (Santander) Sec. de Sade e Condies de Trabalho

    Pedro Eugnio Leite Arajo (BB) Sec. de Relaes Sindicais e Sociais

    Jos Ribamar do Nascimento Pacheco (Ita) Sec. de Esporte e Lazer

    Erotildes Edgar Teixeira (Bradesco) Sec. de Cultura

    Jos Oclio da Silveira Vasconcelos (BNB) Sec. de Assuntos de Aposentados

    Jos Eduardo R. Marinho (BB) Sec. de Assuntos das Sub-sedes Regionais

    EFETIVOS

    Carlos Titara Teixeira (Santander)

    Clcio Morse de Souza (Santander)

    Gustavo Machado Tabatinga Jnior (BB)

    SUPLENTES

    Francisco Mateus da Costa Neto (Safra)

    Jos Roberval Lopes (Santander)

    Francisco Humberto Simo da S. Filho (HSBC)

  • Revista O Bancrio n 9 Maro/Abril de 2011Sindicato dos Bancrios do Cear

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    [ Editorial ]Nesta edioConexo Solidria incentiva o artesanato sustentvelProjeto de uma ONG criada pela CUT gera emprego e renda nas comunidades (pg. 2)

    Campanha da Fraternidade pede conscincia ambientalO tema desse ano Fraternidade e a Vida no Planeta (pg. 5)

    CUT/CE homenageia trabalhadores na Praa do FerreiraO eixo principal do ato foi a luta por trabalho decente para todos (pg. 6)

    Licena maternidade de seis meses ainda no alcanou o setor privadoA lei atual prev o benefcio mediante adeso ao Programa Empresa Cidad (pg. 7)

    LER/Dort: doena silenciosaS em 2009 foram mais de 10 mil casos no Pas (pg. 8)

    Terceirizao prejudica convocao dos concursadosPrtica prejudica bancrios, concursados, populao e os prprios terceirizados (pg. 10)

    Entrevista: diretor tcnico do DIEESE prev boas perspectivas para 2011Clemente Ganz Lcio fala ainda sobre reduo da jornada, trabalho decente etc. (pg. 13)

    Populao idosa cresce no Brasil Terceira idade hoje sinnimo de atividade (pg. 15)

    Cinema: produes cearenses ganham destaque nacional e internacionalProjeto Vila das Artes incentiva novos talentos (pg. 18)

    SEEB/CE atuante nos preparativos para a Campanha Nacional 2011O presidente da entidade, Carlos Eduardo, fala das expectativas e lutas para este ano (pg. 19)

    Concursos x terceirizaoMilhares de brasileiros esperam por uma oportunidade de ingressar no

    funcionalismo pblico, correndo atrs da to sonhada estabilidade. Este ce-nrio destacamos nesta edio, mostrando que os bancos pblicos so um dos grandes alvos dos concurseiros. E assim como em outros concursos, para garantir uma vaga de bancrio o caminho muitas vezes longo, exi-gindo considerveis horas de estudo e abdicaes para enfrentar os milhares de concorrentes. Na reportagem central podemos ver que, mesmo depois de aprovados, os milhares de novos concursados tm de enfrentar a espera para ser chamado e encarar outro grande concorrente: a terceirizao, que pode tanto ocupar seus cargos como prejudicar as condies de trabalho dos bancrios e dos prprios terceirizados.

    O Projeto Conexo Solidria ganha destaque em O Bancrio, mos-trando Quando a arte se transforma em emprego e renda, ressaltando o trabalho competente da Agncia de Desenvolvimento Solidrio (ADS), uma ONG criada pela Central nica dos Trabalhadores (CUT).

    Outro tema que esta edio traz a participao ativa do Sindicato dos Bancrios do Cear, um dos dez maiores sindicatos de bancrios do Pas, que participa ativamente na definio dos rumos da prxima Campanha Salarial. O presidente do SEEB/CE, Carlos Eduardo Bezerra, fala das demandas da categoria para este ano e quais os desafios da entidade, como ator social, que interfere na construo de um Pas socialmente justo e democrtico.

    A longevidade ganha relevo na reportagem Novas Vivncias de Corpo e de Mente, que investigou os dados do Censo do IBGE e confirmou nos vrios projetos existentes em Fortaleza, que d nova dimenso ao idoso na prtica de esportes, na leitura e o exerccio da reflexo em grupo e alimen-tao saudvel. Estes so caminhos bsicos, para um envelhecimento ativo.

    Um cenrio preocupante vivenciado pelos bancrios, metalrgicos, digitadores, operadores de linha de montagem, operadores de telemarketing, secretrias e jornalistas cujas categorias sofrem de um mesmo problema, Leso por Esforo Repetitivo e Distrbios Osteo-Musculares Relacionados ao Trabalho. Os trabalhadores cobram mais ateno. S em 2009 foram registrados 10.867 casos de LER/Dort (Leses por Esforos Repetitivos e Distrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) no Brasil. Tudo isso causado por metas abusivas, presso constante, jornadas excessivas, pssi-mas condies de trabalho. Todos esses fatores colaboram para a diminuio da capacidade laboral dos trabalhadores, chegando at ocorrer mortes.

  • Revista O Bancrio n 9 Maro/Abril de 2011Sindicato dos Bancrios do Cear

    [ Conexo Solidria ]

    2 Revista O Bancrio n 9 Maro/Abril de 2011Sindicato dos Bancrios do Cear

    Me sinto muito bem na coo-perativa, porque foi onde eu aprendi muito, onde eu ganho meu dinheiro. Hoje tenho meu salrio por conta prpria, me sustento, o que antes no fazia, e ainda ajudo minha famlia. En-to, eu me sinto feliz. Viajo com nossos produtos, fao renda e hoje onde vou que levo meus produtos eles so muito aceitos. Tudo feito com qualidade e por ns mesmas. O depoimento da artes Francisca Iracilda de Matos Cas-tro, que mora no Papicu e participa do projeto Conexo Solidria, da Agncia de Desenvolvimento Solidrio (ADS), uma ONG criada pela Central nica dos Trabalhadores (CUT).

    Dona Iracilda trabalha com bor-dado e costura e, pelo segundo ano

    Quando a arte se transforma em emprego e renda

    Fotos: Paulo Holanda

  • Revista O Bancrio n 9 Maro/Abril de 2011Sindicato dos Bancrios do Cear

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    [ Conexo Solidria ]

    Revista O Bancrio n 9 Maro/Abril de 2011Sindicato dos Bancrios do Cear

    consecutivo, seu trabalho e das amigas do projeto esteve presente no Drago Fashion; esse ano no salo principal do evento. Segundo ela, montar todas as peas de um desfile no fcil. Todos os trabalhos de bordados so feitos a mo e s depois vo para a costura para montar a pea, explica.

    Ela comemora ainda suas via-gens para fazer parte de congressos e oficinas de artesanatos pelo Pas. Agora mesmo, dei uma oficina de dois meses na Edisca e ganho meu dinheiro dessa forma. Tudo atravs da nossa cooperativa, da Conexo Solidria e dos nossos coordenado-res que nos ensinam a trabalhar, conta. Alm disso, ela diz que j passou 22 dias no Rio de Janeiro fazendo um curso na Cidade de Deus, j foi para Braslia participar de congressos, feiras de cooperati-vismo, de economia solidria e fez cursos de como fazer aproveitamento em retalhos, trabalhar com sementes, palha da carnaba, reciclagem, tudo relacionado aos princpios do desen-volvimento sustentvel. A gente no aprende s bordados, temos aula de economia solidria, cooperativismo. J samos at na revista Pequenas Empresas, Grandes Negcios. Hoje eu estou pronta para trabalhar e quero fazer uma faculdade nessa rea, afirma.

    A coordenadora do projeto na ADS, Luciana Moreti, explica que o Conexo Solidria tem como obje-tivo o fortalecimento da economia solidria. O projeto visa, por meio

    da comercializao, fortalecer os empreendimentos que trabalham com os princpios da economia solidria. O objetivo , atravs da moda, dar visibilidade ao artesanato de tradio. Algumas pessoas dessas comunidades no conseguem gerar renda do seu trabalho e esse o objetivo da Cone-xo, diz. Fizemos uma parceria com um grande estilista do Cear, Linden-berg Fernandes, que topou participar do projeto junto conosco desenhando a coleo, que inspirada nas mu-lheres, nas senhoras dos municpios do interior do Nordeste, onde ele traz esse resgate do artesanato, aplicando em peas de modas que geram desejo nas pessoas em adquirir, explica.

    Para o desfile que fizeram no Drago Fashion, a equipe do Conexo Solidria montou um ateli onde as artess das comunidades das coopera-tivas de costuras aprenderam a costurar as peas da coleo, fizeram oficinas e da confeccionaram todas as peas. Tudo distribudo entre elas. Alm das tipologias dos outros estados da regio Nordeste. Nessa coleo so mais de 20 tipologias, entre rendas de bilro, renda renascena, irlandesa, croch, ponto cruz duplo, bordado cheio. So vrias tipologias e vrios empreendi-mentos em que h a possibilidade de gerarmos uma cadeia de produo e assim gerar renda nessas comunida-des, disse Luciana.

    A coordenadora do projeto Luciana Moreti, disse que um dos objetivos da Conexo Solidria gerar emprego e renda a partir do artesanato local

    Fotos: Paulo Holanda

    Foto: Secretaria de Imprensa SEEB/CE

  • Revista O Bancrio n 9 Maro/Abril de 2011Sindicato dos Bancrios do Cear

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    [ Conexo Solidria ]

    O que Economia Solidria

    Revista O Bancrio n 9 Maro/Abril de 2011Sindicato dos Bancrios do Cear

    A Central de Comercializao Conexo Solidria tem como prin-cipal objetivo conectar produtores e consumidores em uma rede de comer-cializao solidria, para conquistar a sustentabilidade econmica, finan-ceira e social de Empreendimentos Econmicos Solidrios.

    Desta forma, o projeto um pro-cesso de organizao crescente, que apoia e interliga o comrcio solidrio, acompanhando as tendncias dos consumidores em nvel mundial, cada vez mais sensveis aos desafios da sustentabilidade e exigentes quanto qualidade e preo justo dos produtos e servios, mas tambm que respei-tam o meio ambiente e provenham,

    O Projeto Conexo Solidriaquando perti-nente, de fon-tes orgnicas e recic lveis e de trabalho decente.

    O proje-t o Conexo Solidria atua em d i f e r en -t e s e s c a l a s de mercado, considerando a distribuio geogrfica, as diferenas estruturais entre estes empreendimentos, diversidade de produtos e situaes de insero nos

    processos de comercializao, res-ponsabilidade compartilhada entre vrias entidades, entre outros.

    O Ministrio do Trabalho e Emprego classifica como Economia Solidria um jeito diferente de pro-duzir, vender, comprar e trocar o que preciso para viver. Sem explorar os outros, sem querer levar vantagem, sem destruir o ambiente. Coope-rando, fortalecendo o grupo, cada um pensando no bem de todos e no prprio bem.

    A economia solidria vem se apresentando, nos ltimos anos, como inovadora alternativa de gerao de trabalho e renda e uma resposta a favor da incluso social. Compreende uma diversidade de prticas econmi-cas e sociais organizadas sob a forma de cooperativas, associaes, clubes de troca, empresas autogestionrias, redes de cooperao, entre outras, que realizam atividades de produo de bens, prestao de servios, finan-as solidrias, trocas, comrcio justo e consumo solidrio.

    Nesse sentido, compreende-se por economia solidria o conjunto de atividades econmicas de produo, distribuio, consumo, poupana e crdito, organizadas sob a forma de autogesto.

    Sendo as-sim, a economia solidria apon-ta para uma nova lgica de desenvolvimen-to sustentvel com gerao de trabalho e distribuio de renda, mediante um crescimento econmico com proteo dos ecossistemas. Seus resul-tados econmicos, polticos e culturais so compartilhados pelos participantes, sem distino de gnero, idade e raa. Implica na reverso da lgica capitalista ao se opor explorao do trabalho e dos recursos naturais, considerando o ser humano na sua integralidade como sujeito e finalidade da atividade econmica.

    BRASIL Verifica-se no Brasil, durante a ltima dcada, a crescente organizao da economia solidria. Essa tendncia d um salto considervel a partir das vrias edies do Frum So-cial Mundial, espao privilegiado onde

    diferentes atores, entidades, iniciativas e empreendimentos puderam construir uma integrao que desembocou na demanda ao ento recm-eleito presidente Lula pela criao de uma Secretaria Nacional de Economia So-lidria (SENAES). Simultaneamente criao da Secretaria, foi criado, na III Plenria Nacional de Economia Soli-dria, o Frum Brasileiro de Economia Solidria (FBES), representando o mo-vimento no Pas. A criao dessas duas instncias, somada ao fortalecimento do campo da economia solidria no interior da dinmica do Frum Social Mundial, consolida a recente amplia-o e estruturao desse movimento.

    Foto: Secretaria de Imprensa SEEB/CE

  • Revista O Bancrio n 9 Maro/Abril de 2011Sindicato dos Bancrios do Cear

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    [ Meio Ambiente ]

    Vida no Planeta e o impacto ambiental

    De acordo com estudos cientficos, desde o ano de 1750 a temperatura da Terra vem aumentando. At o ano de 2006 o aumento registrado foi de 0,7C, e a previso que at 2050, a temperatura aumente 2,4C, mesmo com as mudanas no padro de produ-o e consumo. Sem essas medidas, a temperatura pode aumentar ainda mais e chegar at 4C.

    O resultado deste aquecimento que as geleiras derretem e aumentam o nvel dos mares, causando a migrao de populaes para outras reas. Alm disso, outros fenmenos climticos se intensificam como as tempestades, fu-races, enchentes e secas mais amplas e prolongadas.

    Os trs principais gases que pro-vocam o efeito estufa so o dixido de carbono (CO2), proveniente das queimadas de combustveis fsseis e das queimadas de rvores; o metano (CH4), produzido por campos de arroz, pelo gado e pelas lixeiras; e o xido nitroso (NO2), advindo principalmente da agricultura, pela fertilizao do solo e por defensivos agrcolas.

    Foi com o objetivo de conscientizar a comunidade crist sobre a gravidade das consequncias do aquecimento global e das mudanas climticas que a Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e demais congregaes envolvidas na realizao da Campanha da Fraternidade (CF) decidiram enfocar este ano de 2011 o tema Fraternidade e a vida no planeta.

    Com base no lema A criao geme em dores de parto (Rm 8,22), a expectativa que a Campanha possa motivar as comunidades a participa-rem dos debates e aes que visam buscar alternativas para preservar as condies naturais de vida do planeta e, assim, tentar reduzir os impactos ambientais cada vez mais frequentes

    na popula-o mundial.

    Durante todo o per-odo da Qua-resma deste ano, a Cam-p a n h a d a Fraternidade buscou mobi-lizar comuni-dades, Igrejas e sociedade em geral para assumirem o protagonismo na constru-o de alter-nativas para a superao dos proble-mas socio-amb ien ta i s decorrentes do aquecimento global.

    Aproveitando o momento em que a Organizao das Naes Unidas (ONU) declarou 2011 como o Ano Internacional das Florestas, a Campanha que dura o ano todo fomenta a discusso sobre os pro-blemas ambientais, mostrando sua gravidade e urgncia para aes especficas, atravs da troca de experincias e alternativas para su-perao dos problemas provocados pelo aquecimento global.

    O QUE MOSTRA O CARTAZ Ele possui dois planos: ao fundo observa-se uma fbrica que solta fumaa, poluindo e degredando o ambiente, deixando o cu plmbeo (cor de chumbo) intoxicado e acin-zentado. A figura do rio com a gua escurecida e suja representa tambm a parte natural sendo devastada,

    influenciando no aparecimento das enchentes e no aumento do nvel do mar, aes estas provocadas pelo ato errado do Homem.

    Em contraste, vemos em primeiro plano uma mureta, onde em meio devastao ainda existe vida. Nela, um pequeno broto e um cipreste (hera), com suas razes incrustadas criando um micro ecossistema, ainda insistem em viver mesmo diante do cenrio spero, que se refere ao lema: A criao geme em dores de parto (Rm 8, 22).

    Apesar de todo sofrimento que a criao enfrenta ao longo dos tempos, de todos os seus gritos de dor a vida rompe barreiras e nos mostra que ainda existe esperana, representada pela borboleta, que mesmo com vida curta, cumpre o seu importante papel no ciclo natural do planeta.

  • Revista O Bancrio n 9 Maro/Abril de 2011Sindicato dos Bancrios do Cear

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    [ 1 de Maio ]

    Trabalho Decente para o desenvolvimento sustentvel

    O Dia do Trabalhador come-morado em 1 de Maio. E a Central nica dos Trabalhadores CUT manteve sua tradio de celebrar a data com atos polticos e shows culturais. Este ano a Central chamou os trabalhadores e trabalhadoras reflexo sobre a importncia de eixos que fazem a diferena na vida da classe trabalhadora brasileira, tais como Trabalho Decente para o desenvolvimento sustentvel: uma luta de todos e todas. Este o tema da grande comemorao realizada pela CUT-CE em 2011.

    O ato poltico em Fortaleza foi realizado no sbado (30/4), na Praa

    do Ferreira. O cantor Chico Csar integrou as atraes culturais do ato, que contou ainda com o forr de Chico Pessoa e diversos artistas locais.

    Em seu discurso no ato na Praa do Ferreira, o presidente da CUT-CE, Jernimo do Nascimento, destacou: lutar pelo trabalho decente lutar no combate pobreza e misria, que ainda atinge populaes. uma bata-lha contra o desemprego, o emprego degradante, a informalidade e falta de proteo social. a defesa da carteira assinada, o combate ao trabalho escra-vo e infantil, o respeito organizao sindical e igualdade entre homens e mulheres, disse.

    Em defesa do servio pblico, por nenhum corte ao oramento da Unio; Pela democratizao da comunicao; Por Reforma Agrria e Urbana; Por polticas de preservao ao meio ambiente; Por qualidade de vida no trabalho; Em defesa da reduo da jornada de trabalho; Contra todas as formas de violncia; Contra a criminalizao dos movimentos sociais; Pelo fim da pobreza; Em defesa das Convenes 151 e 87 da Organizao Internacional

    do Trabalho (OIT); Em defesa da juventude trabalhadora; Contra o assdio moral; Pela regulamentao da profisso de comercirio; Por igualdade de oportunidades para as mulheres no trabalho e na vida.

    No Brasil e em vrios pases do mundo um feriado nacional, dedicado a festas, manifestaes, passeatas, exposies e eventos reivindicatrios. A Histria do Dia do Trabalhador remonta o ano de 1886 na industrializada cidade de Chicago (Estados Unidos). No dia 1 de maio daquele ano, milhares de trabalhadores foram s ruas reivindicar melhores condies de trabalho, entre elas, a reduo da jornada de trabalho de treze para oito horas dirias. Neste mesmo dia ocorreu nos Estados Unidos uma grande greve geral dos trabalhadores.

    Dois dias aps os acontecimentos, um conflito envolvendo policiais e trabalhadores provocou a morte de alguns manifestantes. Este fato gerou revolta nos trabalhadores, provocando outros enfrentamentos com policiais. No dia 4 de maio, num conflito de rua, manifestantes atiraram uma bomba nos policiais, provocando a morte de sete deles. Foi o estopim para que os policiais comeassem a atirar no grupo de manifestantes. O resultado foi a morte de doze protestantes e dezenas de pessoas feridas.

    Foram dias marcantes na histria da luta dos trabalhadores por melhores condies de trabalho. Para homenagear aqueles que morreram nos conflitos, a Segunda Internacional Socialista, ocorrida na capital francesa em 20 de junho de 1889, criou o Dia Mundial do Trabalho, que seria comemorado em 1 de maio de cada ano. Aqui no Brasil existem relatos de que a data comemorada desde o ano de 1895. Porm, foi somente em setembro de 1925 que esta data tornou-se oficial, aps a criao de um decreto do ento presidente Artur Bernardes.

    Histria do Dia do Trabalhador

    ESTE ANO, OS TRABALHADORES E TRABALHADORAS CEARENSES ESTO EM LUTA:

    Foto: Paulo Holanda

  • Revista O Bancrio n 9 Maro/Abril de 2011Sindicato dos Bancrios do Cear

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    [ Licena-maternidade ]

    Benefcio de seis meses ainda raridade no setor privado

    A ampliao da licena-materni-dade de quatro para seis meses j uma realidade para as funcionrias pblicas de 22 estados e 148 muni-cpios, alm do Distrito Federal. No setor privado, entretanto, as bancrias fazem parte de um ainda seleto grupo de trabalhadoras que j conquistaram o direito.

    A lei atual prev que a concesso dos salrios dos dois meses extras opcional e as empresas que aderirem podem descontar a despesa do Imposto de Renda (IR). Os salrios referentes aos primeiros, e obrigatrios, quatro meses de licena so pagos pelo INSS. Somente empresas que declaram o IR pelo sistema de lucro real, a maioria de grande porte, podem solicitar o incentivo fiscal. Ficam de fora aquelas que declaram pelo Simples ou pelo sistema de lucro presumido micro e pequenas empresas.

    Segundo levantamento da Socie-dade Brasileira de Pediatria (SBP), idea-lizadora do projeto da licena ampliada no Pas, mais de 160 mil empresas se enquadram no grupo que pode ofere-cer os dois meses extras, descontando os gastos do IR, porm estima-se que somente 10,6 mil o fazem.

    CONQUISTA O direito de tirar a licena ampliada foi conquistado pe-las bancrias na Campanha Nacional 2009 depois de mais de duas semanas de greve e integra a Conveno Co-letiva de Trabalho desde ento. Nos meses que se seguiram assinatura do acordo, os bancos tentaram criar dificuldades para implantar a medida, mas a presso dos sindicatos, com protestos e articulaes em Braslia, fez com que a conquista fosse consolidada em fevereiro de 2010, quando bancos passaram ter de cumprir a clusula.

    Para garantir o perodo de licena, a funcionria deve fazer a solicitao por escrito ao RH do banco at o final do primeiro ms aps o parto. As ban-crias que tiverem qualquer dificuldade para obter o direito, devem denunciar ao Sindicato.

    OBRIGATRIO Para aumentar a adeso do empresariado, a coor-denadora de Acompanhamento da Licena-Maternidade da SBP, Valdenise Martins, defende que a licena amplia-da torne-se obrigatria para todos os setores do Pas. Em 2010, o Senado aprovou a obrigatoriedade de seis me-ses tanto para o setor privado quanto para o servio pblico. O projeto foi encaminhado para votao na Cmara dos Deputados.

    A PEC, de autoria da senadora

    Rosalba Ciarlini (DEM/RN), difere-se de Lei n 11.770, aprovada em 2008, ao tornar obrigatrio para os contra-tantes o perodo de 180 dias. A norma atualmente em vigncia facultativa e oferece incentivos fiscais s empresas que oferecerem o tempo maior. O texto segue agora para a Cmara, onde ser analisado com outra PEC, de autoria da deputada Rita Camata (PSDB/ES). Se for aprovado tambm pelos deputados, todas as mulheres passaro a ter direito a 180 dias de licena.

    CLUSULA 24 AMPLIAO DA LICENA-MATERNIDADE A durao da licena-maternidade prevista no inciso XVIII do art. 7 da CF

    poder ser prorrogada por 60 dias, desde que haja adeso expressa do banco empregador ao Programa Empresa Cidad, institudo pela Lei n 11.770, de 09.09.2008 e, tambm, solicitao escrita da empregada at o final do primeiro ms aps o parto.

    Pargrafo Primeiro A prorrogao da licena-maternidade ter incio no dia imediatamente posterior ao trmino da fruio da licena de que trata o inciso XVIII do caput do art. 7 da CF.

    Pargrafo Segundo A empregada que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoo de criana far jus prorrogao referida no caput, desde que a requeira no prazo de 30 dias aps a respectiva adoo ou sentena judicial.

    Pargrafo Terceiro A concesso dessa ampliao fica condicionada plena vigncia do incentivo fiscal, em favor do empregador, de que tratam os artigos 5 e 7 da Lei n 11.770, de 09.09.2008.

    Clusula na Conveno Coletiva dos Bancrios 2010 ratifica ampliao

  • Revista O Bancrio n 9 Maro/Abril de 2011Sindicato dos Bancrios do Cear

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    [ LER/DORT ]

    O esforo que maltrata

    Revista O Bancrio n 9 Maro/Abril de 2011Sindicato dos Bancrios do Cear

    Metas abusivas, presso constante, jornadas excessivas, pssimas condies de trabalho. Todos esses fatores colabo-ram para a diminuio da capacidade laboral dos trabalhadores, chegando at a ocorrer mortes.

    As estatsticas dos ltimos anos vm mostrando a lastimvel situao enfrentada pelos bancrios. As LER/DORT so responsveis por mais de 45% dos benefcios previdencirios concedidos. Na categoria bancria, os afastamentos decorrentes das leses so, em mdia, de 493 dias contra uma mdia nacional de 269 dias.

    J em 2009, dados do Ministrio da Sade mostraram que a categoria bancria ainda constava nas estatsticas como uma das maiores vtimas de aci-dentes de trabalho envolvendo doenas osteomusculares e do tecido conjuntivo. No total, 7.717 trabalhadores do setor sofreram acidentes no exerccio de suas funes relacionados a LER/DORT.

    Em 2008, na ltima Pesquisa Na-cional por Amostra de Domiclio (PNAD), constatou-se que 70 mil trabalhadores disseram ter diagnstico mdico de tendinite ou tenossinovite, manifestaes clnicas das LER/DORT. A quantidade representa 8,2% da categoria.

    Cerca de 1,3 milho de brasileiros tiveram de se afastar do trabalho em 2008 por conta de problemas de sade relacionados ao estresse. Os dados so de uma pesquisa da Universidade de Braslia (UnB), divulgada no comeo de abril deste ano.

    Dentre os principais problemas cau-sados pelo estresse esto a depresso,

    alcoolismo, hipertenso, dor de cabea, dentre outros. As maiores causas so o assdio moral e a presso excessiva.

    SintomasUm dos sintomas do estresse o

    estado constante de tristeza ou preocu-pao, de acordo com Ana Maria Rossi, presidente da Isma-BR (Associao Inter-nacional de Cuidados com o Estresse, em traduo do ingls).

    Ela cita, tambm, sintomas fsicos como tenses musculares, dores de cabea e dores no intestino. Tambm h sinais emocionais, como ansiedade, cul-pa, depresso e raiva, que levam a aes inadequadas e exploses no trabalho.

    Falta de tratamento pelo SUS ainda um problema

    A pessoa faz algum tratamento psi-colgico aqui, recebe algum analgsico acol, mas isso no adianta. Esse tipo de doena no se pode tratar com medidas fragmentadas. A constatao de Maria Maeno, mdica que atuou por dois anos no Centro de Referncia em Sade do Trabalhador de So Paulo (CEREST/SP) e coordenou a equipe que criou o protocolo de LER/DORT utilizado atualmente pelo Ministrio da Sade.

    Segundo a mdica, no existe polti-cas no setor financeiro para reintegrao dos trabalhadores ao servio. As LER/DORT, como se sabe hoje, esto intima-mente ligadas aos distrbios psicolgicos, que tambm tiveram um crescimento assustador nos ltimos anos. E ambas as ocorrncias esto ligadas organizao

    do trabalho. Com todo o respeito, medi-das como ginstica laboral e meditao transcendental no passam de perfuma-ria. Enquanto no houver uma mudana na organizao do trabalho, no sistema de metas abusivas, no h perspectiva de soluo para o problema, frisou a pesquisadora.

    Quanto aos nmeros da Previdncia Social, de 2005 a 2008, foram concedi-dos 1.480 benefcios por incapacidade tendo como causa afeces do sistema musculoesqueltico a trabalhadores de cinco grandes bancos: Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econmica Federal, Ita e Santander. Esse nmero reflete apenas aqueles que foram incapacitados pelo Ins-tituto Nacional de Seguro Social (INSS). preciso levar em conta que muitos podem ter tentado um afastamento e podem no ter conseguido. Sem contar que outros devem estar nos ambientes de trabalho apesar de doentes.

    Uma pesquisa do Ministrio da Previdncia apontou grande queda nos nmeros de LER/DORT em 2009 e 2010. Entretanto, no se sabe os motivos dessa queda, j que o INSS no divulga o n-mero de processos de trabalhadores que tiveram o benefcio negado. Enquanto isso, os mdicos peritos do INSS utilizaram da diminuio dos valores pagos com auxlio-doena para reivindicar reajuste salarial, criticou o advogado Luis Antnio Maia, advogado especialista em direito do trabalho e previdencirio, que tam-bm palestrou durante o Seminrio O contexto do trabalho e suas implicaes no acometimento da LER/DORT, em Braslia, no ltimo dia 2 de maro.

    Bancrios, metalrgicos, digitadores, operadores de linha de montagem, operadores de telemarketing, secretrias e jornalistas. Essas categorias vm sofrendo de um mesmo problema, cujas iniciais so: LER/DORT. Elas significam Leso por Esforo Repetitivo e Distrbios Osteo-Musculares Relacionados ao Trabalho. Os trabalhadores cobram mais

    ateno. S em 2009, foram registrados 10.867 casos de LER/DORT no Brasil.

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    [ LER/DORT ]

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    Ajudar o bancrio a discutir a LER/DORT e auxili-lo a lutar por melhores condies de trabalho. Esta a atuao da Secretria de Sade do SEEB/CE, atravs do secretrio Eu-gnio Silva, funcionrio do Santander e diretor do Sindicato.

    Desde 2003, so nas reunies do GASB (Grupo de Apoio Sade dos Bancrios) que os trabalhadores podem ficar mais vontade para falar de seus problemas oriundos da LER/DORT. O bancrio tinha que desabafar. No GASB, os bancrios lesionados se renem, trocam ideias sobre as doenas e sugerem solues para minimizar seu sofrimento, expli-ca Eugnio.

    Ele informa que, quando for diagnosticada a doena, como primeiro passo, o bancrio deve procurar um mdico e solicitar um atestado no qual o mdico determi-na um perodo para que o bancrio cuide de sua sade. Em seguida, o bancrio encaminha o documento ao banco e solicita a emisso da CAT (Comunicao de Acidente de Trabalho). Se at 30 dias, o banco no emitir a CAT, o Sindicato o faz. De posse dela, o bancrio marca o dia da percia. Isso pode ser atravs do Call Center (135) ou na agncia da Previdncia.

    importante ressaltar que a partir do momento em que o banc-rio d conhecimento de sua doena ao banco, ele deve sempre guardar uma via autenticada de toda a do-cumentao entregue a instituio financeira em que trabalha. Isso vai resguard-lo de problemas futuros, recomenda Eugnio Silva.

    Bancrios revelam dificuldades

    Imagine-se no seu ambiente de trabalho e tendo adquirido uma doena por esforo repetitivo, nem chefe e nem colegas de trabalho acre-ditam no que voc diz. Paulo (nome fic-tcio), funcionrio do Banco do Brasil,

    GASB Apoio integral aos bancrios

    h dez anos sofre de bursite e tendinite. Ele contou que passava entre 3 e 4 horas digitando e somando cheque. Foi des-sa repetio que foi acometido pelas doenas.

    Voc j lesionado... o banco no quer saber da deficincia. Ele no quer saber se voc j tem trinta anos de banco. Como acontece com muitos profissionais, que com o suor e fora do corpo colaboram para os lucros dos bancos, a famlia um refgio para amenizar o sofrimento. A famlia sofre com voc. Fica sempre aquela dvida: amanh, vai estar empregado, amanh no vai estar.

    Antnio (outro nome fictcio), fun-cionrio do Bradesco, sofre de bursite, tendinite e epicondilite. Ele revelou ter passado por discriminao e descr-dito. Contou tambm que os colegas fazem brincadeiras do tipo: est com moleza, est com conversa. Devido a incapacidade de desempenhar minha funo, em vrios momentos pensei que perderia meu emprego.

    Antnio revelou outras dificulda-des: o salrio caiu. Voc passa do salrio do banco para o salrio do INSS. Voc perde vale-refeio. Me en-dividei. Foi com a ajuda do GASB que Antnio decidiu agir. No Gasb, a gente no nico que tem problema, disse.

    Antnio forneceu detalhes sobre como a relao da administrao da agncia em que trabalha. Voc acusado de fazer corpo mole. A admi-nistrao fica te impondo. Acham que voc est lesado. uma doena invis-

    vel. S voc sente. No bastasse o sofrimento nas agncias, o bancrio revelou que h o descrdito de pe-ritos. O mdico do INSS acha que voc est mentindo, no acredita e te trata com desdm.

    O sofrimento do bancrio no algo isolado. A maioria dos peri-tos no reconhece os acidentes de trabalho e, sobretudo, as doenas, alm de determinar alta mdica s pessoas sem a menor condio de retornar ao trabalho.

    Para a maioria dos peritos do INSS, os trabalhadores so fraudado-res, que simulam doenas para obter benefcios, numa viso preconceituo-sa e distorcida da realidade social e do mundo do trabalho, numa cons-tante trajetria de humilhaes aos trabalhadores contribuintes do siste-ma de seguridade social, cita o texto divulgado pela CUT para a dia 28 de abril, data em que se celebra o Dia Mundial em Memria das Vtimas de Acidente de Trabalho assinado pelo secretrio-geral da CUT, Quintino Severo, e pela secretria de Sade do Trabalhador, Junia Martins Batista.

    O dia 28 de abril surgiu no Canad, por iniciativa do movimento sindical, como ato de denncia e protesto contra as mortes e doenas causados pelo trabalho, espalhando-se por diversos pases. Esse dia foi escolhido em razo de um acidente que matou 78 trabalhadores em uma mina no estado da Virgnia, nos Esta-dos Unidos, no ano de 1969.

    Foto: Secretaria de Imprensa SEEB/CE

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    [ Concursos x Terceirizao ]

    Nessa briga, perdem todos: concur

    Revista O Bancrio n 9 Maro/Abril de 2011Sindicato dos Bancrios do Cear

    J faz alguns anos que o funciona-lismo pblico passou a ser a primeira opo para milhares de brasileiros. Fugir do mau humor do mercado de trabalho e correr atrs da chamada estabilidade virou tendncia. Nesse cenrio, os ban-cos pblicos so um dos grandes alvos dos concurseiros. E assim como em outros concursos, para garantir uma vaga de bancrio o caminho muitas vezes longo, exigindo considerveis horas de estudo e abdicaes para enfrentar os milhares de concorrentes. Porm, mesmo depois de aprovados, seja no Banco do Brasil, na Caixa Econmica ou no Banco do Nordeste, os milhares de novos con-cursados tm de enfrentar a espera para ser chamado e encarar outro grande concorrente: a terceirizao, que pode tanto ocupar seus cargos como prejudicar as condies de trabalho dos bancrios e dos prprios terceirizados.

    Segundo o diretor do Sindicato dos Bancrios do Cear e funcionrio do Banco do Nordeste, Tomaz de Aquino, a terceirizao no BNB uma das mais gritantes que existe no sistema bancrio estatal. Os nmeros denunciam a situa-o: so cerca de seis mil funcionrios concursados contra cerca de 3.500 terceirizados. Tomaz afirma ainda que em Fortaleza, onde funciona a Direo Geral do Banco, existe quase uma pari-dade entre terceirizados e concursados. Ns entendemos que se existem tantas vagas para terceirizados porque o Banco precisa de gente. Portanto, a defesa que ns fazemos da nomeao imediata dos concursados que esto aguardando esse chamado, diz o diretor.

    Somente em 2010, foram mais de seis mil aprovados para o BNB que ain-da esto no aguardo. As chamadas so feitas conta gotas, nas palavras de Tomaz, mediante a justificativa de que o governo no autoriza a contratao. Por outro lado, o crescimento do Banco tem sido grande e intenso nos ltimos oito anos. Em nmeros, o crescimento foi em torno de 11.000%. Mas a ampliao no quadro de funcionrios concursados no acompanhou essa expanso: cresceu apenas 60%. No tem justificativa. A

    no ser que haja o interesse em beneficiar empresas prestadoras de servio. Ns sa-bemos, inclusive, que a terceirizao sai mais caro para o Banco que a nomeao dos concursados, diz Tomaz.

    Entre os seis mil aprovados que es-peram pela posse no BNB est Wendel Barbosa, 34 anos. H mais de dois anos ele estuda em casa, por conta prpria, e, em junho de 2010, teve sua aprovao homologada. Foi classificado tambm pelo BB, Caixa, TRT, INSS, DNOCS e MTE.

    Na verdade, no entrei no nmero de vagas inicial de nenhum dos concursos que fiz, mas sempre fico entre os 50 primeiros. S que todos dizem que vo chamar, mas at agora nada, lamenta.

    Wendel sargento de carreira do Exrcito e no ano passado recebeu a notcia de que seria transferido para o Rio de Janeiro, mas conseguiu perma-necer no Cear por mais um ano. Es-perar ser chamado est sendo terrvel, pois no quero sair da minha terra,

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    [ Concursos x Terceirizao ]

    ursados, terceirizados e populaoCarncias

    tambm na Caixa

    Revista O Bancrio n 9 Maro/Abril de 2011Sindicato dos Bancrios do Cear

    O diretor do SEEB/CE e funcionrio da Caixa, Marcos Saraiva, lembra que o Ministrio da Fazenda autoriza a Caixa a ter 87 mil empregados em seu quadro e que h uma carncia de quatro mil empregos tambm autorizados, mas no contratados pelo banco. A direo vem criando dificuldades na contratao desses empregados, alegando falta de gente preparada. E a Caixa est abrindo aproximadamente 400 novas agncias, onde vo colocar esse pessoal e vai gerar um impacto na sociedade, porque um nmero grande de agncias, mas uma deficincia grande de pessoas para atender, afirma Marcos, explicando que os novos concursados deveriam ser encaminhados para agncias deficientes de funcionrios e no para novas agncias. Marcos acrescenta que o quadro de terceirizao no banco comeou a ser efetivamente revertido no incio do primeiro mandato de Lula, atravs de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), implantado ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso.

    diz o sargento, que continua estudando em casa. Tudo que aparece que paga mais de dois mil por ms tenho tenta-do, completa.

    Na mesma espera est Julieta Motta, 29 anos. Ela fez a prova para a Caixa em maio de 2010 e teve sua aprovao homologada no ms seguinte. H cerca de dois anos se prepara para concursos e estudou em cursinho durante trs meses e meio antes de ser aprovada. Esse tempo de espera est sendo de muita tortura e

    insegurana. No incio, eu tinha expec-tativas de ser convocada, mas agora, devido ao andamento das convocaes, no h mais nenhuma expectativa, diz Julieta, que largou um emprego privado quando viu seu nome no Dirio Oficial da Unio. Quis me dedicar exclusivamente aos estudos, pois tinha a iluso de que seria chamada, afinal minha classificao foi razovel, explica. Enquanto isso, d aulas de reforo escolar e voluntria em projetos educacionais.

    Foto: Drawlio Joca

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    [ Concursos x Terceirizao ]

    Nmeros

    Terceirizar diminui o emprego bancrio

    Revista O Bancrio n 9 Maro/Abril de 2011Sindicato dos Bancrios do Cear

    No caso do Banco do Brasil, segundo o presidente do SEEB/CE e funcionrio do banco, Carlos Eduardo Bezerra, a terceirizao ainda no atin-giu um nmero to significativo quando comparada de outros bancos. Porm, no menos preocupante. O banco terceirizou parte de seus compromissos internos, de retaguarda. Alm disso, tm os correspondentes bancrios, as agncias complementares. Todos esses setores terceirizados ajudam a dimi-nuir o emprego bancrio, a diminuir seus direitos e a piorar o atendimento populao, analisa o presidente, acrescentando que a terceirizao uma tendncia no mundo, no Brasil e no prprio BB.

    Sobre a expanso dos correspon-dentes bancrios no Brasil, atravs das chamadas agncias complementa-res, Carlos Eduardo explica que um processo com nvel de desregulamen-tao muito grande, pois as empresas terceirizadas, em tese, no tm como atividade-fim a mesma do setor ban-crio, mas acaba por ter na prtica. Voc transfere o atendimento a uma estrutura mais precarizada na seguran-a e na qualidade, afirma o presidente, que alerta ainda para a qualidade do trabalho do prprio terceirizado. Os salrios, as condies de trabalho e as garantias de direitos so diferentes. necessrio alterar a legislao em relao terceirizao para que ela ga-ranta queles trabalhadores os mesmos direitos do bancrio concursado, diz.

    Nessa mesma esteira de preocu-paes do movimento sindical est a implantao do projeto BB 2.0 que visa melhorar o atendimento populao, criando milhares de postos de trabalho em todo Pas. Somente no Cear sero 500 novos funcionrios at o meio de 2011 uma conquista da Campanha Nacional de 2009, quando o banco se comprometeu a empossar 10 mil funcionrios em dois anos. Mas ao mesmo tempo, 93% da populao brasileira est enquadrada para no ser atendida dentro das agncias bancrias. Elas so direcionadas para canais alternativos, onde so atendidas por terceirizados. Essa parcela da populao tratada como lixo bancrio. A contradio do que est sendo feito com a terceirizao muito grande quando se pensa em desenvolvimento e melhoria na qua-lidade de vida, diz Carlos Eduardo.

    De acordo com o presidente, o sindicalismo se movimenta para com-bater a situao da terceirizao, mas o Banco do Brasil tem sinalizado ainda de forma muito tmida a sua disposio em negociar a reverso do quadro em alguns setores. Ainda muito crtica a situao, tanto dos terceirizados como dos bancrios e da populao. Nosso debate para garantir um servio p-blico j que o maior acionista do BB o governo federal de qualidade, que atenda as pessoas com respeito e garanta trabalho decente aos seus funcionrios, afirma Carlos Eduardo.

    A Revista O Bancrio solicitou Caixa Econmica, ao Banco do Brasil e ao Banco do Nordeste informaes sobre os concursos realizados nos ltimos cinco anos. Foram solicitados os mesmos dados para os trs bancos, mas at o fechamento desta edio somente o BB havia respondido. Abaixo, as informaes:

    O BB realizou 10 concursos nos ltimos cinco anos. Foram 83.265 candidatos aprovados no Brasil e 951 no Cear. Nesse mesmo perodo, 23.439 pessoas foram empossadas em todo Pas e 466 no Cear.

    Quanto ao nmero de terceirizados, o banco informou somente que, no Cear, so 111 no Programa Adolescente Trabalhador e 222 estagirios.

    Sobre a previso de quantos concursados devero ser empossados at o fim de 2011, o banco afirma que o concurso realizado para formao de cadastro de reserva. Dessa forma, no h previso de convocao pois elas ocorrem mediante a necessidade dos servios, vagas existentes, classificao obtida e dentro da validade do certame.

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    [ Entrevista ]

    Boas perspectivas para 2011, mas com muitas bandeiras para conquistar

    Revista O Bancrio n 9 Maro/Abril de 2011Sindicato dos Bancrios do Cear

    O Bancrio O que o traba-lhador pode esperar nesse ano de 2011 com relao s negociaes salariais?

    Clemente Em primeiro lugar, eu tenho uma perspectiva boa que o Pas vai continuar crescendo. Esse crescimento econmico ser menor do que aquele registrado em 2010, mas deve ficar entre 4% ou 4,5% e gerar postos de trabalho novos. Portanto, o cenrio econmico em relao ao mercado de trabalho tende a ser mais favorvel, considerando a maneira como o governo federal pode estar enfrentando problemas, especialmente com relao questo inflacionria. A confirmar esse cenrio, a tendncia que ns tenhamos negociaes quentes no sentido de que os trabalhadores es-taro realmente mais mobilizados para conseguir melhorias nas condies de trabalho e de salrios. Poderemos ter, ao longo do ano, algum processo de crescimento da taxa de inflao, fazen-do com que as perdas cresam, isso repercute um pouco mais nos aumentos salariais porque no sero negociaes to fceis de serem conduzidas, mas sero negociaes importantes, cujo resultado econmico vai depender da medida que for tomada com relao a inflao. Mas, a tendncia geral que tenhamos negociaes com bons resultados para o movimento sindical e para os trabalhadores.

    O Bancrio Hoje, no se rei-vindica mais s aumento de salrio, mas outras conquistas sociais. A que voc acha que se deve essa mudana?

    A Revista O Bancrio conversou com o diretor tcnico do Departamento Intersindical de Estatstica e Estudos Scio-Econmicos (DIEESE), Clemente Ganz Lcio, sobre as perspectivas de 2011 para os trabalhadores e o meio sindical. Segundo ele, o

    momento atual histrico para o movimento sindical e para a classe trabalhadora, pois a tendncia de crescimento econmico, num ambiente de democracia, pode

    trazer inmeros ganhos para todos. Confira a entrevista:

    Clemente O ambiente geral, que um ambiente de crescimento eco-nmico e de reduo do desemprego, coloca os trabalhadores numa situao mais favorvel. E esses trabalhadores percebem que tm oportunidade, com o crescimento econmico, de fazer uma luta distributiva por condies salariais e de trabalho diferenciada daquela que eles fizeram nos anos 90, que eram anos onde crescia o desemprego e a luta era contra a perda de direitos, arrocho salarial. Nesse momento diferente, a luta por partilhar ganhos que as empresas esto tendo. H limites

    para o crescimento dos salrios, por vrias circunstncias, e os trabalha-dores sabem que a melhoria se d pelo aumento dos salrios sim, mas tambm por melhorias nas condies de trabalho, das formas indiretas de remunerao incentivo educao, auxlio-alimentao, ou plano de sade ou o aumento da licena-maternidade ou paternidade. Tambm comeam a aparecer algumas questes mais amplas, de direito sindical, de direito de organizao, que muitas vezes no eram pautas do passado. A oportuni-dade de diversificar a pauta se coloca

    O paranaense Clemente Ganz Lcio est no Dieese

    h 27 anos, professor universitrio e sindicalista. Formou-se em Edificaes

    na Escola Tcnica Federal do Paran e depois em Cincias

    Sociais, pela Universidade Federal do Paran. Desde 2003 faz parte da Direo Tcnica do DIEESE. Com o trabalho de assessoria, o

    DIEESE acompanha em torno de 1000 negociaes por ano. Clemente v um bom ano para as negociaes salariais, mesmo que elas

    no sejam fceis, mas a tendncia geral que tenhamos negociaes

    com bons resultados para o movimento sindical e para os

    trabalhadores.

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    [ Entrevista ]

    Revista O Bancrio n 9 Maro/Abril de 2011Sindicato dos Bancrios do Cear

    pelo ambiente favorvel para essa di-versificao, que de fato um momento para ampliar os benefcios, os direitos, os patamares das relaes de trabalho nos diferentes setores.

    O Bancrio Dois problemas que os bancrios tm enfrentado muito so o da alta rotatividade e o da terceirizao. No s a categoria bancria, mas outros setores sofrem muito com isso. O que voc acha que o movimento sindical pode fazer para combater essas questes?

    Clemente H duas situaes. A rotatividade uma caracterstica forte do mercado de trabalho brasileiro, mas muito diferenciada do ponto de vista setorial: tem-se categorias com rotatividade altssima e outras com uma baixa taxa de rotatividade. Ento, para enfrentar esse problema, temos que ter polticas diferenciadas por setor, anali-sando a causa que gera a rotatividade e tendo polticas especficas para aquele segmento. Se ns pensssemos na re-gulamentao da [Conveno da OIT] 158 como uma medida geral, ela teria eficcia no sentido de inibir a demisso, j que as empresas seriam obrigadas a tratar da demisso com as entidades sindicais. Portanto, olhar o problema da rotatividade, entendendo a sua di-versidade setorial, talvez permita que os sindicatos possam construir alternativas para o problema.

    J o problema da terceirizao de outra ordem. Ele est mais distri-budo na economia, inclusive no setor pblico. Muitas vezes, usa-se a terceiri-zao como forma de precarizao das relaes de trabalho. J h no Con-gresso Nacional propostas para regu-lamentao e isso ajudaria a combater as piores prticas, como o uso de ter-ceirizao como forma de reduo de salrio. Isso pode ter desde mudanas na prpria representao sindical, que implica acordos polticos em relao representao desses trabalhadores. Isso poderia ser uma parte da soluo do problema. Ento, h desde medidas desse tipo at medidas associadas a coibir prticas usadas pelas empresas para precarizar condies de trabalho: a representao, a responsabilidade solidria que a empresa contratada tem

    em relao contratante e vice-versa, bem como outras responsabilidades que obrigariam a empresa que est contratando a terceira a fiscalizar quais as condies que ela est contratando.

    O Bancrio E com relao reduo da jornada, quais so os benefcios que isso pode trazer para o trabalhador?

    Clemente A reduo da jornada um grande debate que as centrais sin-dicais recolocaram na agenda nacional cujo objetivo fazermos um processo de repartio das riquezas e da renda de maneiras diferentes. Se as pessoas trabalham um menor volume de tempo com o mesmo salrio, o valor-salrio dela cresce. Isso tem um efeito distri-butivo importante. A ltima vez que ns fizemos uma mudana estrutural foi na Constituio de 1988, quando

    O Bancrio Um dos debates que as centrais esto desenvolvendo e que faz parte de uma discusso internacional a questo do tra-balho decente. O que isso pode contribuir para fortalecer as relaes de trabalho?

    Clemente Se ns olharmos para a perspectiva do crescimento do Brasil, vamos ter uma oportunidade nesses prximos anos de fazer profundas mu-danas econmicas e sociais nas nossas estruturas. O crescimento econmico combinado com uma estratgia de desenvolvimento poder reconfigurar o territrio, com desenvolvimentos regio-nais, com perspectiva de crescimento e uma forma de fazer isso com um tra-balho que progressivamente incorpora a qualidade. Ns podemos ter um pas socialmente menos injusto se simulta-neamente os resultados significarem uma cidade melhor para se viver. Ento acho que a sociedade desenvolvida que queremos construir no Brasil pode ser feita com um trabalho condizente com ela, que hoje ns estamos chamando de trabalho decente, que salrio digno, condies de trabalho ade-quadas, liberdade sindical, direito de organizao, ou seja, um con-junto de valores que deveriam estar incorporados ao trabalho e que vo construir essa sociedade desenvolvida que queremos. Esse um motivo que os sindicatos e as centrais tm para se mobilizar e se organizar para a Conferncia Nacional do Trabalho Decente, que ser feita ano que vem, para que tenhamos de fato um acordo na sociedade para os parmetros que caracterizam a nossa concepo de trabalho no Brasil. Ns temos uma Consolidao Trabalhista que bas-tante complexa, mas ns achamos que ela pode avanar mais e tem condies para isso, principalmente em reas aonde esse direito no se aplica. H um contingente muito grande de trabalhadores na informa-lidade, que no tm acesso aos bene-fcios nem proteo social, sindical da CLT e nem da seguridade, e so trabalhadores. Cabe a ns avanar e acho que a ideia do trabalho decente possa universalizar ao trabalhador condies bsicas de trabalho.

    reduziu-se a jornada de 48h para 44h. Esse um embate muito pesado. H muita resistncia do empresariado, porque ele sabe que isso significa um aumento de custo. Mas existe, sim, uma vantagem, pois um trabalhador que trabalha menos pode ter uma condio mais adequada, uma produtividade maior, ento h tambm vantagens na melhoria das condies de trabalho, de sade, de segurana. Os trabalhadores no sculo passado trabalhavam 16 horas, trabalha-se hoje oito e a produ-tividade aumentou. Ou seja, no uma jornada extenuante que vai fazer com que a produo seja melhor. Agora, evidente que, para os empresrios, se o empregado trabalhar mais com uma alta tecnologia ele vai produzir mais e eles vo ganhar mais e essa a disputa que ns estamos fazendo.

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    [ Longevidade ]

    Grupo Entardecer: envelhecer um privlio de poucos

    O Censo do IBGE confirma: eles fazem parte de uma populao de mais de 21 milhes de pessoas no Brasil. Atravessando dcadas, so inevitveis as marcas do tempo no corpo. A prtica de esportes, a leitura e o exerccio da reflexo em grupo, alimentao saud-vel. Caminhos bsicos, mas essenciais para um envelhecimento ativo.

    Primeiro pela sade, segundo pelo lazer, que a gente tem muito lazer aqui, terceiro pelas viagens. A lista de vantagens de Gildete Frana da Silva, 70 anos, aposentada. Desde quando se aposentou em 2001, ela pratica atividades fsicas. Dona Gildete tem diabetes e hipertenso. Todo dia fao exerccio, todo dia, enfatiza. Ela uma das participantes do Projeto Reviver, uma parceria entre Emlurb, Prefeitura de Fortaleza e o Corpo de Bombeiros.

    Para Dona Gildete, um dos atrati-vos da atividade interao. A convi-vncia, as colegas, no ? Muito bom a gente vir para c, a gente conversa tudo. Em casa, no, a gente est traba-lhando. Aqui muito bom, a gente faz amizade, esquece todos os problemas, comenta.

    Alm da atividade fsica tem a questo do social. A observao do Cabo Carlos Srgio, do Corpo de Bom-beiros. O militar relata que no s o aspecto fisiolgico que trabalhado no projeto. Muitas delas, s vezes, quan-do esto em casa ficam tristes, mesmo ser ter condies de fazer atividade fsica, ficam ali observando e quando tem condies elas fazem, revela. O Cabo tambm conta que para o Corpo de Bombeiros a satisfao perceber que um projeto abraado por todos e uma forma de o bombeiro tambm de se manter em atividade.

    Nosso trabalho voltado para a psicomotricidade, explica o Sargento Elieuldo Ferreira. Ele disse que o Corpo de Bombeiros procura trabalhar com os idosos no apenas a parte intelectual, mas tambm a parte fsica e a socia-bilidade. Para o militar, o projeto a sada para estes idosos, pois muitos deles buscam escapar de problemas

    Novas vivncias do corpo e da mente

    Para muitos idosos, a longevidade no se obtm com exerccios fsicos. Em alguns momentos, com problemas familiares e de sade, o idoso recorre ajuda espiritual. Nesta misso, um grupo de oito voluntrios tentam elevar a auto-estima dos idosos em projeto desenvolvido no Papicu h quase 18 anos. Eis a misso do Grupo Entardercer, fundado em 22 de maio de 1993. O projeto assiste a 120 idosos carentes da Favela Verdes Mares e adjacncias. A inteno do projeto levar ao idoso a conscientizao de que a velhice um privilgio de poucos e, tambm, que possvel enfrentar as agruras da vida, com serenidade, dignidade e, at mesmo, com alegria.

    O Grupo promove a reunio aos sbados. A programao comea s 8 ho-ras com o caf da manh. s oito e meia, tem incio evangelizao. J s 10h, ocorre a distribuio da sopa. As atividades encerram-se s 11h. A coordenadora do Grupo, Dona Eunice Montezuma, explica que o trabalho visa trabalhar a mente do idoso, cuja felicidade quem tem que fazer ele.

    Para o presidente do Grupo Entardercer, Flvio Carvalho, os idosos precisam de uma fonte de energia. Esse trabalho vai ajudar a carregar suas energias. s vezes, elas chegam aqui tristinhas. Mostrar que importante dar valor, pelo fato de estar vivo. O presidente afirma que a entidade acolhe idoso de qualquer orienta-o religiosa: No h necessidade de ser esprita, pode ser evanglico, catlico. A nossa misso ajudar, disse.

    Uma velhice em plena atividade, sem dar chance ao sendentarismo e repleta de amizade. Dona Rita Cosma, 70 anos, participante do grupo Entardercer: eu me amo. Eu fao ginstica e gosto de danar. Tenho muitos amigos.

    em casa e a ginstica e a interao com os outros so a chance de reecontrar a auto-estima.

    O Grupo Reviver um exemplo de como iniciativas que promovam a inclu-

    so de atividades de convvio social e de exerccios fsicos contribuem para a manuteno do bem estar da popula-o idosa. Populao esta que cresce cada vez mais e deseja mais ateno.

    Foto: Secretaria de Imprensa SEEB/CE

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    [ Longevidade ]

    Sorriso Grisalho: a sade comea pela bocaNo corredor, a bolsista Lauriane

    Rebouas vai ao encontro de dona Augustinha para saber se ela j fez a higiene bucal.

    Vamos escovar os dentes?, per-gunta Lauriane. Vamos, j lavei hoje!, responde D. Augustinha. -Augustinha, j tomou o remdio, beb?, pergunta de novo Lauriane. J tomei!, responde D. Augustinha.

    Esse o dilogo de todos os sba-dos nos corredores da sede de Unidade de Abrigo, no bairro So Gerardo, zona oeste de Fortaleza. L, 101 idosos rece-bem assistncia de sade. Na unidade, funciona tambm, desde 2002, o Projeto Sorriso Grisalho.

    Bom, todo mundo j deve ter ouvido essa frase: rir o melhor remdio. Na terceira idade, esse remdio uma neces-sidade constante. A Universidade Federal do Cear, atravs do projeto Sorriso Gri-salho, desenvolvido em parceria entre o Departamento de Clnica Odontololgica da UFC, a pr-reitoria de extenso da Universidade e a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social do Estado, visa dar assistncia bucal populao idosa.

    O projeto existe desde 1999. Par-ticipando das atividades, estudantes e profissionais tentar levar a srio a mxima

    a sade comea pela boca. Os idosos participam de Show

    de talentos, Oficinas de EVA, Roda de Conversa, Roda de Poesia, Pintura. Na unidade de abrigo, os idosos recebem um tratamento humanizado. Segundo a professora Valda Viana, coordenadora do projeto, a maioria dos idosos so aban-donados e costumam no dar o endereo certo para no voltar para famlia.

    lho, professora Valda Viana, disse que a assistncia odontolgica visa levar mais alegria e torna os idosos mais proativos. Ela disse que ficou sensibilizada com o problema depois de ter ministrado ofici-nas para as pessoas de terceira idade. A professora revelou que alguns colocavam a mo na boca com vergonha de no deixar visvel a ausncia de dentes.

    um comear de novo com a pr-tese, esclarece. A importncia da prtese tamanha, que permite ao idoso se sentir til, com a possibilidade de exprimir seus sentimentos. A boca no isolada do indivduo. Voc vai aprender a falar e a mastigar. Eles podem falar melhor, se co-municar melhor. a reintegrao social. Aqui ns podemos identificar potenciali-dades. Com a reabilitao, o idoso eleva sua estima e fica mais ativo na famlia e na sociedade.

    Seja com a ginstica, exercitando o corpo, seja buscando apoio na f para superar as dificuldades ou at mesmo cuidando dos dentes para sorrir para a vida, a longevidade o smbolo de que deseja romper dcadas. Estamos em tem-po, como bem define o incio da msica Envelhecer, de Arnaldo Antunes, em que a coisa mais moderna que existe nessa vida envelhecer.

    A boca no isolada do indivduo

    Em conversa com O Bancrio, a coordenadora do Projeto Sorriso Grisa-

    De acordo com o Ministrio da Sade, na dcada de 1950, a

    expectativa de vida era de 43,3 anos. J na dcada de 1980, havia 10 idosos para cada 100 jovens. Em

    2050, sero 172 idosos para cada 100 jovens.

    Como alcanar a longevidade?O Bancrio conversou com alguns membros do Coral do SEEB/AFABEC. Eles nos

    contaram o que fazem para ter uma vida mais saudvel

    Raimundo Gomes de Farias, 64 anos, ex- funcionrio do BEC.Para o ex-bancrio, estar no Coral

    tira a ociosidade. O segredo conviver com amigos, no se retrair. Se di as pernas, esquece a dor e

    vai. Esquecer o problema cardaco, todos os problemas e vive. S no

    fazer excessos.

    Ilton Bento Rodrigues, 61 anos e Vania Magalhes Rodrigues,

    65 anos. Para o casal, cantar a oportunidade de se congregar com a categoria dos bancrios. Ns faze-mos caminhada quase diariamente e vamos festas, gostamos de danar, de curtir nossa casa e nossa famlia.

    Maria de Nazar Moura Costa, 76 anos. revista, a ex- bancria contou que coralista h 24 anos e desde quando comeou a cantar, nunca soube o que era depresso.Eu gosto de cozinhar, cuidar de

    casa. Fao ginstica h seis anos. Dou uma volta pelo shopping. Gos-

    to muito de viajar.

  • Revista O Bancrio n 9 Maro/Abril de 2011Sindicato dos Bancrios do Cear

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    [ Cinema Cearense ]

    H alguns anos, no era comum escutar que produes do cine-ma cearense eram pre-miadas em festivais pelo Brasil afora. Mas o cine-ma local vem ganhan-do destaque no cenrio nacional e mesmo fora do Pas. Formando cada vez mais realizadores, o Cear garante espao e cultiva credibilidade nos circuitos do audiovisual.

    Segundo Lenildo Gomes, coordenador da Vila das Artes, esse crescimento comeou a ganhar impulso h mais ou menos cinco anos, quando Fortaleza comeou a adquirir mais espaos de formao em audiovisual. Naquele momento, o que mudou, alm do investimento em formao, foi a maneira como essa formao passou a ser vista, explica.

    A mudana que ele fala de uma formao que prioriza o trabalho em equipe e a criatividade, explo-rando a possibilidade enquanto elemento fundamental para a criao. O resultado so produes de carter experimental, com uma linguagem mais ousada, que proporcionam uma heterogeneidade cena cearense e que fogem da lgica de produzir para o mercado. Na verdade, existe mais de um mercado e no s aquele que a Globo Filmes ocupa. Existem outras possibilidades, afirma Lenildo.

    Mas o quadro que se tem hoje consequncia de um processo que vem desde meados dos anos 90, quando estudantes formados pelo Instituto Drago do Mar, Casa Amarela e algumas ONGs at ento pra-ticamente os nicos espaos de formao na cidade , comearam a pressionar por mais incentivo produo audiovisual. Da, surgiram os editais de apoio cultura, a criao de mais ONGs e a elaborao do projeto Vila das Artes. Com esses novos espaos de formao, caminhos foram se consolidando e uma espcie de cena do audiovisual comeou a ganhar corpo.

    Alm de explorar diversas possibilidades, sem estar preso aos padres da narrativa do cinema comercial e pensar o audiovisual em outros formatos e perspectivas, as produes cearenses ainda contam com as facilida-des do mundo digital. Hoje, temos quase que em cada pessoa um realizador em audiovisual em potencial.

    Experimentando criatividade e ousadiaFotos: Divulgao

  • Revista O Bancrio n 9 Maro/Abril de 2011Sindicato dos Bancrios do Cear

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    [ Cinema Cearense ]

    Vila das ArtesEquipamento da Prefeitura Municipal de Fortaleza, vinculado Secretaria de Cultura,

    a Vila das Artes lugar de Formao em Artes, Apoio a Produo, Incentivo a Pesquisa e Difuso Cultural. Em seu casaro, localizado no centro da cidade de Fortaleza, funcio-nam as Escolas Pblicas de Dana e Audiovisual, o Ncleo de Produo Digital e uma Biblioteca. Conta tambm com espaos como ilha de edio e a sala de dana, alm de um programa de emprstimo de material atravs de edital. Entre o material disponvel est equipamento de vdeo, cmera, edio, som e iluminao.

    A Vila oferece vrias atividades, gratuitas, como cursos na rea do audiovisual e dana que dialogam com outras linguagens. Alm de mostras de vdeos atravs do Cineclube, encontro para reflexo de assuntos da contemporaneidade e ensaio aberto de dana.

    CONTATOS: Rua 24 de Maio, 1221 Centro Fortaleza (CE)Telefones: (85) 3252 1444 ou 3105 1404 [email protected]@[email protected]@gmail.com

    Tem a cmera de celular, tem a mquina fotogrfica e os canais de internet como forma de distri-buio. Isso facilita muito todo o processo, explica Lenildo.

    Por esse lado, as dificuldades de produo so amenizadas. Mas ainda h muito o que se conquistar. Lenildo aponta a ne-cessidade de maior financiamento e apoio da iniciativa privada. A iniciativa pblica basicamente quem financia hoje essa produ-o. Mas pode ser melhor ainda, diz. H tambm quem no espere por financiamento e editais, pro-duzindo de forma independente e contando, por exemplo, com a ajuda do programa de emprsti-mo de equipamento da Vila das Artes, que qualquer pessoa pode participar. (ler ao lado).

    A carncia da visibilidade das produes outra dificuldade. Isso precisa ser pensado melhor. Como ter acesso a esses vdeos? O nosso pblico ainda muito limitado, diz Lenildo e explica que o anseio no necessariamente chegar s salas de cinema, mas criar espaos alternativos para fazer essas produes circularem. Com esse intuito, existem expe-rincias como os Cineclubes e o Ponto de Corte, da prpria Vila das Artes.

    Entre facilidades e dificulda-des, a produo cearense vive um processo de amadurecimento, constri a sua marca focada na criao coletiva e no cinema experimental e vai se alinhando ao que acontece nos principais circuitos do Brasil. Dentro desse cenrio, saem produes como Estrada para Ythaca (2010), apon-tada por Lenildo como um bom representante do atual momento do cinema cearense e um grande divisor de guas. O longa-metra-gem, premiado no Brasil e des-tacado l fora, fala sobre quatro amigos que vo ao encontro de um cinema do Terceiro Mundo, perigoso, divino e maravilhoso. A referncia s palavras de Godard sugere muita coisa.

    Foto: Secretaria de Imprensa SEEB/CE

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    [ Atuao Sindical ]

    Revista O Bancrio n 9 Maro/Abril de 2011Sindicato dos Bancrios do Cear

    O Bancrio O Sindicato dos Bancrios fez este ano 78 anos de existncia, qual a importncia disso no cenrio sindical?

    Carlos Eduardo Bezerra A importncia da organizao sindi-cal como um ente participativo, construtor da democracia brasileira, organizao dos trabalhadores que interferiu no momento histrico da luta dos interesses da classe traba-lhadora do Pas, que hoje merece credibilidade e tem um dever, um desafio de intervir na perspectiva de construir justia social no Brasil.

    O Bancrio Recentemente, o Sindicato fez seu Planejamento Es-tratgico. Quais so os desafios do Sindicato para este ano de 2011?

    Carlos Eduardo Vamos dar continuidade s conquistas histricas

    SEEB/CE atua junto ao Comando nos preparativos da Campanha 2011

    O Sindicato dos Bancrios do Cear um dos dez maiores sindicatos de bancrios do Pas e participa

    ativamente na definio dos rumos da prxima Campanha Salarial.

    O presidente do SEEB/CE, Carlos Eduardo Bezerra, fala das demandas da categoria para este

    ano e quais os desafios da entidade, como ator social, que interfere na construo de um Pas socialmente

    justo e democrtico.

    que se estabeleceram nos ltimos oito anos e avanar para patamares para o trabalho decente, de mais segurana, de melhor condio de sade, igualdade de oportunidades, mas tambm de dilogo com a socie-dade. Acho importante a discusso de temas relevantes como previdncia, atendimento bancrio, crescimento e desenvolvimento nacional. E isso passa por uma discusso no mbito dos outros sindicatos, da Central ni-ca dos Trabalhadores (CUT) e outros atores sociais, no caso o Parlamento, o Judicirio, para que possa intervir para desmarginalizar o movimento e as demandas populares.

    O Bancrio Quais a expec-tativa dos bancrios para a Cam-panha Salarial deste ano, com ce-nrio de crescimento econmico e

    diante do Governo Dilma?Carlos Eduardo Com a elei-

    o da Presidente Dilma, obviamente que ns temos a perspectiva de que o espao de dilogo est preservado, para que a gente possa demandar as reivindicaes dos trabalhadores, que j passam a ser construdas neste momento.

    O Bancrio Como partici-pante do Comando Nacional dos Bancrios, como esto os prepa-rativos para a Campanha 2011?

    Carlos Eduardo J foi dado o pontap em maro com a reunio do Comando Nacional, onde o Sindicato dos Bancrios do Cear est entre os dez maiores sindicatos do Brasil, que participa do Comando e interfere na coordenao dos rumos nas nossa unidade nacional. J est estabeleci-

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    [ Atuao Sindical ]

    Revista O Bancrio n 9 Maro/Abril de 2011Sindicato dos Bancrios do Cear

    do um calendrio para os Encontros Estaduais, a realizao das Confern-cias Regionais e a Conferncia Nacio-nal, os Congressos de bancos, para que possamos consolidar tudo isso na Minuta de Reivindicaes 2011, a ser entregue no incio do ms de agosto Fenaban, junto com minutas aditivas Conveno Coletiva de Trabalho e aos bancos, objetivamente na pers-pectiva de ter uma Campanha com mais conquistas este ano.

    O Bancrio A partir dos pre-parativos da Campanha, j temos ideia dos eixos da pauta de reivin-dicaes dos bancrios deste ano?

    Carlos Eduardo Ainda no fizemos a consulta geral, que deve ocorrer mais prximo dos encontros, nos meses de maio e junho. Mas temas importantes j esto definidos pelo Comando Nacional para este ano, como a questo da Segurana Bancria, do Sistema Financeiro, da questo da Igualdade de Oportuni-dades, da Sade e a de manter um processo de valorizao econmica da remunerao dos bancrios, seja no piso da categoria, ou nos planos de cargos e salrios, seja no reajuste salarial, com aumento real acima da inflao, seja na participao dos lucros. Esses temas com certeza sero qualificados pelos bancrios e sero constitutivos da Minuta de 2011.

    O Bancrio Voltando para o nosso Estado, a questo da inse-gurana bancria, especialmente no Interior, tem sido alvo da mdia nos ltimos meses. O que o Sin-dicato tem feito para mudar esse cenrio, ou para intervir nesse questionamento?

    Carlos Eduardo O Sindicato nos ltimos quatro anos tem feito seminrios, reunies, tanto com o movimento sindical, como com os vigilantes e com outros segmentos, sobre segurana bancria, como j tivemos encontro com a Secretaria de Segurana Pblica do Estado. Alm disso, o Sindicato promoveu uma au-

    dincia na Assembleia Legislativa do Cear. Esse uma questo levantada pela Contraf-CUT, no mbito das negociaes e tema de contratao na Conveno Coletiva de Trabalho e nos acordos aditivos. Alm de ser uma questo de negociao tambm um tema de segurana pblica.

    O Sindicato est encaminhando um Projeto de Lei junto Cmara Mu-nicipal de Fortaleza, para ser votado e que estabelea equipamentos de segurana que previnam e combatam o crime organizado, seja na saidinha bancria, seja nos assaltos, seja na formao da quadrilhas.

    O Bancrio Existe uma ques-to nacional que preocupa a ca-tegoria, que a questo da ban-carizao sem bancrios. Como voc avalia essa situao que est virando moda no Brasil?

    Carlos Eduardo O processo de bancarizao e ainda o proces-so de crescimento econmico, do acesso de mercado, da melhoria e da mobilidade social, de quem es-tava na pobreza saindo para outros classe sociais, acaba demandando o Sistema Financeiro a tambm par-ticipar desse espao de consumo do nosso povo. S que isso est sendo feito de forma segmentada, sem o

    devido respeito premissa estabe-lecida para o funcionamento de um banco, seja de gerar desenvolvi-mento, com distribuio de renda, e que tenha respeito s pessoas. A terceirizao, com a precarizao do trabalho de quem est fazendo esse servio, a falta de segurana, a falta de estrutura para esse aten-dimento e a falta de qualidade, tem tratado a maioria do nosso povo como lixo bancrio.

    Uma das minutas de reivindi-caes do movimento sindical promover alteraes na forma como a terceirizao estabelecida no Brasil, protegendo mais o emprego bancrio, valorizando a atuao do bancrio como agente empregat-cio e tendo mais responsabilidade social, mas tambm para ajudar a melhorar o atendimento popula-o. No adianta estar aumentando a clientela, sem respeito vida, sem tratar a pessoa em primeiro lugar. As pessoas tm que ser tratadas em primeiro lugar, temos que avanar para que a pessoa possa se desen-volver e estabelecer suas relaes econmicas do ponto de vista mais sustentvel, e no do ponto de vista concentrador e especulativo que o sistema financeiro vem lucrando custa da misria nacional.

    Abertura da Campanha Nacional 2010

    Foto: Arquivo

  • Revista O Bancrio n 9 Maro/Abril de 2011Sindicato dos Bancrios do Cear

    Sindicato em Ao

    Paralisao de agncias do Ita (Centro), abril 2011

    Manifestao contra demisses no Ita, abril 2011

    Reunio sobre PCR no Banco do Brasil, maro/abril 2011

    BNB: ato pela resoluo da Equiparao, abril/2011

    Sorteio de pacotes a Buenos Aires, abril 2011

    Assembleia para instaurao da CCV/Caixa, abril 2011

    Paralisao no BNB-Montese, abril 2011

    Ato contra o Fantasma da Caixa, maro/abril 2011

  • Revista O Bancrio n 9 Maro/Abril de 2011Sindicato dos Bancrios do Cear

    www.bancariosce.org.br

    78 anos de Lutas e Conquistas