ação revsional contrato bancario 2

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1.1. Da auto-aplicabilidade do § 3º, do art. 192 da Constituição Federal Como se pode observar das avenças em anexo, em todas elas a ré impôs a pactuação de juros com taxa anual superior a 12% (ou 0,95% ao mês), o que fere o disposto no art. 192, § 3º, da Constituição Federal, como tem decidido a jurisprudência catarinense. De fato, após certa indecisão fundada em um infeliz julgado do Supremo Tribunal Federal - repudiado pela doutrina e olimpicamente ignorado por quase toda a magistratura de Primeira e Segunda Instância , finalmente a maioria dos nobres desembargadores integrantes das cs. Câmaras Civis do e. Tribunal de Justiça de Santa Catarina firmou o entendimento de que a referida norma constitucional está em sua plena vigência e eficácia, não carecendo de regulamentação ordinária para tanto. Sem distender-se em citações da doutrina, unânime em apregoar a auto-aplicabilidade da referida norma constitucional, há sólida corrente jurisprudencial dando estribo seguro à tese: apenas no âmbito da jurisprudência catarinense a esposam os renomados desembargadores ALCIDES AGUIAR, FRANCISCO BORGES, JOÃO JOSÉ SCHAEFER, PEDRO MANOEL ABREU, CARLOS PRUDÊNCIO, TRINDADE DOS SANTOS, SILVEIRA LENZI, SOLON D ´EÇA NEVES, ELÁDIO TORRET ROCHA e NELSON SCHAEFER MARTINS, entre outros do mesmo areópago, como se pode verificar de rápida consulta aos acórdãos em torno do tema proferidos por estes notáveis magistrados nos últimos meses. A fim de não incorrer em cansativa colação jurisprudencial exemplifica-se o exposto apenas com este recentíssimo julgado da colenda Quarta Câmara Civil do e. Tribunal de Justiça de Santa Catarina, que, em sua simplicidade, tem toda a sua força, sendo representativo de todos os demais, in verbis: "POSIÇÃO DA CÂMARA PELA LIMITAÇÃO DOS JUROS AO FIXADO NO § 3º DO ART. 192 DA CF .

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1.1. Da auto-aplicabilidade do 3, do art. 192 da Constituio FederalComo se pode observar das avenas em anexo, em todas elas a r imps a pactuao de juros com taxa anual superior a 12% (ou 0,95% ao ms), o que fere o disposto no art. 192, 3, da Constituio Federal, como tem decidido a jurisprudncia catarinense.De fato, aps certa indeciso fundada em um infeliz julgado do Supremo Tribunal Federal - repudiado pela doutrina e olimpicamente ignorado por quase toda a magistratura de Primeira e Segunda Instncia , finalmente a maioria dos nobres desembargadores integrantes das cs. Cmaras Civis do e. Tribunal de Justia de Santa Catarina firmou o entendimento de que a referida norma constitucional est em sua plena vigncia e eficcia, no carecendo de regulamentao ordinria para tanto.Sem distender-se em citaes da doutrina, unnime em apregoar a auto-aplicabilidade da referida norma constitucional, h slida corrente jurisprudencial dando estribo seguro tese: apenas no mbito da jurisprudncia catarinense a esposam os renomados desembargadores ALCIDES AGUIAR, FRANCISCO BORGES, JOO JOS SCHAEFER, PEDRO MANOEL ABREU, CARLOS PRUDNCIO, TRINDADE DOS SANTOS, SILVEIRA LENZI, SOLON DEA NEVES, ELDIO TORRET ROCHA e NELSON SCHAEFER MARTINS, entre outros do mesmo arepago, como se pode verificar de rpida consulta aos acrdos em torno do tema proferidos por estes notveis magistrados nos ltimos meses.A fim de no incorrer em cansativa colao jurisprudencial exemplifica-se o exposto apenas com este recentssimo julgado da colenda Quarta Cmara Civil do e. Tribunal de Justia de Santa Catarina, que, em sua simplicidade, tem toda a sua fora, sendo representativo de todos os demais,in verbis:"POSIO DA CMARA PELA LIMITAO DOS JUROS AO FIXADO NO 3 DO ART. 192 DA CF."APELO PROVIDO TO-S PARA REDUZIR OS JUROS A TAL LIMITE". (Apelao Cvel 98.010311-8, julgada em 30 de junho de 1999, relator JOO JOS SCHAEFER).ASSIM PARECE DE HIALINA CLAREZA QUE NO PODERO PERSISTIR AS DISPOSIES DOS CONTRATOS EM ANLISE QUE CONTRARIAREM O MULTICITADO DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL, PELO QUE CERTAMENTE SERO EM SUA TOTALIDADE DECLARADAS COMO NULAS.1.2 - Da limitao infraconstitucional dos juros em 12% ao ano.De todo modo, ainda que se entenda pendente de regulamentao o dispositivo da Carta Magna que limita as taxas de juros anuais em 12 % ao ano, em face da legislao infraconstitucional a mesma limitao permanece. que, fazendo eco ao "sentimento nacional de repdio aos pactos usurrios e leoninos" (GABRIEL WEDY, "O LIMITE CONSTITUCIONAL DOS JUROS REAIS" Sntese, 1997,. p. 34), a Lei da Usura - Decreto 22.626 de 1933, j havia limitado os juros em 12% ao ano, conforme se observa:"O Chefe do Governo Provisrio da Repblica dos Estados Unidos do Brasil:"Considerando que todas as legislaes modernas adotam normas severas para regular, impedir e reprimir os excessos praticados pela usura;"Considerando que de interesse superior da economia do Pas no tenha o capital remunerao exagerada impedindo o desenvolvimento das classes produtoras."Decreta:"Art. 1. vedado, e ser punido nos termos desta lei, estipular em quaisquer contratos taxas de juros superiores ao dobro da taxa legal.". preciso que se diga que tal norma no foi revogada pela Lei 4.595/64, que apenas atribuiu ao Conselho Monetrio Nacional poderes paralimitara taxa de juros, em casos em que a de 12% ao ano fosse excessiva (como no crdito rural), e no para a liberar ao talante das instituies financeiras.De todo modo, mesmo esta competncia normativa do CMN acabou por ser revogada pela Carta Magna de 1988, que a manteve como exclusividade do Congresso Nacional, alis, como nunca deveria ter deixado de ser. Veja-se neste sentido acrdo do TARS colacionado pelo conceituado advogado e professor JOO ROBERTO PARIZATTO (Multas e Juros no Direito Brasileiro, edipa, 1998, 2 ed., p 105):"(...) a CF no recepcionou a norma que, segundo a Smula 596, delegava ao Banco Central, como rgo do Conselho Monetrio Nacional, regular as taxas de juros. Segundo os arts. 22 e 48 da CF a matria hoje de competncia exclusiva do Congresso Nacional. Os artigos 68 da CF e 25 do ADCT claramente revogaram as delegaes de competncia normativa. Revogada a Lei n. 4.595, de 1964, nessa parte, continua em vigor a Lei de Usura."Outro julgado do TARS segue o mesmo entendimento (PARIZATTO, ob. cit. p. 106):"JUROS - LIMITAO CONSTITUCIONAL - No obstante o julgamento da ADIN 4-7/600 do STF, por isso afastada a auto-aplicabilidade do 3 do art. 192 da CF, os juros bancrios permanecem limitados em 12% ao ano, mais a correo monetria, haja vista a legislao infraconstitucional, art. 1, do DL 22.626/33, combinado com o art. 1.062 do CCB, que no foi revogada pela Lei 4.595/64.".Em brilhante artigo intitulado "JUROS - A LIMITAO DE 12% AO ANO EST EM VIGOR" ("Jornal do Comrcio", de 18.07.96, Coluna "Espao Vital"), o eminente desembargador JORGE ALCIBADES PERRONE DE OLIVEIRA, do TJRS, com extrema competncia e grande viso histrica aprofunda a matria:"A partir do julgamento da ADIN n4, pelo STF, pacificou-se nos tribunais superiores o entendimento de que a norma do art. 192, pargr. 3 da CF no auto-aplicvel e em conseqncia incabvel a limitao das taxas de juros, enquanto no editada a lei complementar a que alude o caput do mesmo artigo."Dessa deciso foi extrada a concluso de que a matria seria ainda regulada pela legislao anterior, ou seja, que a Lei 4595 atribura ao Conselho Monetrio Nacional, via Banco Central, a tarefa de normatizar o tema, com o que ficavam as instituies financeiras fora da hiptese de incidncia da Lei de Usura, que limita os juros pactuveis a 12% ao ano."O CMN, em face do que dispunha o art. 4 da Lei 4595, tomara a expresso limitar taxas de juros, por liberar, o que foi aceito pela Smula 596 do STF, de 1.976."Tal entendimento guardava coerncia com o sistema ento vigente. notrio que a Carta outorgada de 1.969 dotara o Poder Executivo de poderes extraordinrios, inclusive o de legislar pelo instrumento do Decreto-Lei e pelas delegaes de poderes, como a referida na Lei 4595. sabido que tal carta teve forte inspirao na Constituio gaullista, da Frana de 1.968, em que a pretexto de combate ao terrorismo e ao comunismo, o Executivo daquele pas, ento representado pela figura carismtica do General Charles de Gaulle, passou a editar leis, sendo reservado o poder legiferante da Assemblia Nacional apenas para determinadas matrias."No se pode esquecer, porm, que sendo o sistema francs um misto de Presidencialismo, o Legislativo se integra ao Executivo, na constituio do Gabinete e na escolha do Primeiro Ministro. Aqui, no entanto, o que houve foi uma simples entrega do poder de legislar ao Executivo, situao, em essncia, completamente diversa... Era, assim, coerente com os tempos ento vividos pelo pas ps-64, a concentrao enorme de poderes nas mos do Executivo."Entretanto, a Carta de 1.988 resgatou o Estado Democrtico de Direito, com o retorno - ou melhor a efetiva implantao - da independncia dos poderes (que so do Povo), estabelecida a competncia de cada um. Em vrias reas do Executivo nacional, especialmente na econmica, permaneceu, todavia, a idia de que nada mudara. A Constituio, porm, alterara sobremaneira o quadro, a comear pelo art. 22, em seus incisos VI e VII estabelecendo que da competncia da Unio legislar sobre o sistema monetrio e de medidas e poltica de crdito."Prossegue o texto, atribuindo, no art. 48, inc. XIII exclusivamente ao Congresso Nacional a competncia para dispor sobre a matria financeira, cambial e monetria, instituies financeiras e suas operaes. Por fim o art. 68, em seu pargrafo 1, probe a delegao de atos de competncia exclusiva do Congresso Nacional."Vista a questo por este prisma foroso concluir que a Constituio Federal no recepcionou e nessa medida revogou toda a legislao anterior que permitia tais delegaes. Entre elas, por bvio, inclui-se aquela do art. 4 da Lei 4595. Ou seja, aps a Constituio de 1.988, no tem mais o Conselho Monetrio Nacional o poder de, por ato administrativo de carter normativo, legislar sobre matria de competncia exclusiva do Congresso Nacional. Nem se argumente que Medidas Provisrias posteriores, algumas at convertidas em lei, poderiam ter outorgado tais poderes, porque padeceriam de vcio flagrante de inconstitucionalidade."Assim, aps 1.988, caso pretendesse o Executivo - leia-se o Conselho Monetrio Nacional - manter a liberao das taxas de juros, deveria ter usado o meio constitucional prprio: a remessa de projeto de lei ao Congresso Nacional, nico poder competente para legislar a matria."No o tendo feito, fez com que restando revogada a autorizao legislativa, ficassem sem efeito os atos administrativos anteriores do BACEN, que havia autorizado a liberao de taxas de juros. Sem efeito tais atos, volta a ter aplicao integral o disposto na Lei de Usura, que alterou o Cdigo Civil liberal do incio do sculo, que enseja a usura, abortada pelo Decreto 22.626/33, que limitou os juros pactuveis a 12% ao ano. Embora seja um Decreto tem fora de lei, at hoje, porque editado sob a sistemtica resultante da Revoluo de 30 e antes da reconstitucionalizao do pas em 1.934."A Constituio de 1.988, em seu art. 192, pargrafo 3, s fez repetir a limitao de 1.933. Diga-se de passagem que mesmo que venha a ser editada lei complementar no poder esta, sob pena de inconstitucionalidade permitir taxas superiores... Se alguma dvida havia quanto revogao da legislao pretrita a prpria CF, no Ato das Disposies Transitrias, em seu art. 25, encarregou-se de dirimi-la, revogando, expressamente, a partir de 180 dias da promulgao da Carta, todos os dispositivos legais que atribuam ou deleguem a rgos do Poder Executivo competncia assinada pela Constituio ao Congresso Nacional."Ante o evidente conflito imperioso concluir pela revogao da legislao anterior. Essa concluso em momento algum conflita com o decidido na ADIN n4. Na ao direta discutia-se somente a auto-aplicabilidade do art. 192, pargrafo 3. O ato questionado - um parecer do Consultor Geral da Repblica aprovado pelo Presidente de ento - fora exarado trs dias aps a promulgao da Carta, e, pois, dentro da possvel vigncia da legislao anterior, nos termos do art. 25 do ADCT."Portanto, necessrio repensar a concluso tirada da deciso do STF. Hoje afigura-se revogada toda a legislao que delegou esse enorme poder a um rgo do Executivo, poder esse que exclusivo do Congresso Nacional. Est assim em pleno vigor a limitao das taxas de juros a 12% ao ano, prevista na Lei de Usura - Decreto 22.626/33.".GABRIEL WEDY, (ob. cit. p. 39), refora a tese:" importante a conscientizao em massa do meio jurdico para a interpretao justa do disposto no art. 4, inc. IX, da Lei 4.595/64. Ao autorizar o Conselho Monetrio Nacional a limitar os juros, alm de no ter rompido com o limite de 12% a. a, o fez expressamente visando taxas favorecidas para financiamento de finalidade desenvolvimentista e ecolgica, que enumera (recuperao e fertilizao do solo, etc.), e no para colaborar no aumento dos ganhos das instituies financeiras."Com a devida e mxima vnia aos que ao contrrio pensam, a Lei n 4595 jamais revogou a Lei de Usura, pois quando sem seu art. 4, inciso IX, concede poderes ao Conselho Monetrio Nacional para limitar a taxa de juros a ser praticada no mercado financeiro, no dispe e nem cogita a possibilidade de a limitao ser superior aos 12% ao ano, imposto como teto mximo na referida lei."A interpretao correta, e acima de tudo honesta, de que limitar significa ordenar obedincia a um limite, e este o limite permitido pela Lei de Usura: 1% ao ms."De outra forma no pode ser, pois mesmo para um jejuno na hermenutica jurdica, de clareza solar que a finalidade da referida Lei dar subsdios para as classes produtoras, o que se torna impossvel com juros superiores a 12% ao ano. Subsdios estes fundamentais em um Pas de dimenses continentais que necessita de um setor produtivo forte e competitivo, que no pode ser asfixiado pelo furor usurrio.". QUANTO BASTA PARA CONCLUIR QUE, MESMO EM SE ENTENDENDO QUE CARECE DE REGULAMENTAO O 3, DO ART. 192, DA CF, AINDA ASSIM ESTO AS INSTITUIES FINANCEIRAS IMPEDIDAS DE COBRAR JUROS ACIMA DO ESTABELECIDO NA LEI DE USURA, OU SEJA, 12% AO ANO, EM FACE DOS DISPOSTO NA LEGISLAO INFRACONSTITUCIONAL.1.3 Da necessidade de autorizao do Conselho Monetrio Nacional para que a r possa praticar juros superiores a 12% ao ano.No obstante, se prevalecer o entendimento de que ao CMN realmente compete fixar os limites de juros acima dos 12% estabelecidos na Constituio da Repblica e na Lei de Usura, de se convir que, ento, as instituies financeiras devem demonstrar, ao compor o saldo devedor, que esto expressamente autorizadas a praticar tais juros. o que entende a jurisprudncia (TARGS, Ap. Cv 194064226):"O banco/apelante no comprovou e nos autos no existe prova objetiva e material de que o mesmo estava autorizado a praticar a taxa de juros incidente, na sua formao complexiva, de juros e correo monetria."Ento, afastado, no caso, o aspecto da limitao constitucional a inconformidade do apelante no merece acolhimento, devendo prevalecer a taxa de juros no percentual de 12% a.a., com base no art. 1 da Lei de Usura e com suporte nos precedentes do STF antes apontados, porquanto o exeqente apelante, no comprovou nos autos que estava autorizado pelo Banco Central do Brasil a praticar as taxas de juros incidentes."A tese foi esposada pelo c. Superior Tribunal de Justia, como se infere deste recente julgado daquele colegiado, da lavra do eminente Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR (RESP 207604/SP, DJ 16 de Agosto de 1999, p. 75):"JUROS. Limite. Smula 596/STF. Capitalizao."Recurso conhecido para permitir a cobrana de juros de 12% a.a., sem capitalizao em face da peculiaridade do caso."O voto do destacado relator, no seguinte trecho, mais explcito:"O r. acrdo recorrido aceitou a tese de que o banco credor pode cobrar a taxa que estipular, de acordo com o que considerar seja a taxa do mercado. Penso que essa liberalidade no est de acordo com a lei, que submete as instituies financeiras ao que for determinado pelo Conselho Monetrio Nacional. De acordo com os precedentes desta Turma, para cobrar juros acima da taxa legalmente prevista, seja no Cdigo Civil, sej na Lei de Usura (Dec. n. 22.626/33), a instituio financeira deve demonstrar estar a isso autorizada pelo Conselho Monetrio. Na espcie, pelo que se pode ver do extrato de fl. 21, juntado pelo credor, no ms de novembro de 1995, h lanamentos de juros de 2% ao dia sobre o saldo devedor, capitalizados diariamente. difcil de acreditar que naquela poca, com inflao reduzida, o CMN tenha autorizado o Banco a cobrar esses juros, e de modo capitalizado."O Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO (REsp. N. 79.507, j. 05.03.1998) justifica:"As taxas de juros, ante a eventual omisso do Conselho Monetrio Nacional, no podem ficar sujeitas livre vontade das instituies bancrias, geridas sempre com o intuito de trilhar os caminhos do lucro, muitas vezes exagerados, como si acontecer, o que prejudica a prpria razo de ser da nota de crdito comercial. Assim, ao invs de incentivar o comrcio, a liberdade excessiva dos bancos tem acarretado, na verdade, a quebra de centenas de empresrios que dependem do crdito para sobreviver.".ASSIM, PARA COBRAR JUROS SUPERIORES A 12% AO ANO, A R DEVER COMPROVAR ESTAR A TANTO INDIVIDUALMENTE AUTORIZADA PELO CMN, DO CONTRRIO - MESMO QUE NO ACEITAS AS TESES DA EFICCIA DO ART. 192, 3 DA CONSTITUIO FEDERAL E APLICABILIDADE DA LEI DA USURA (vide 1.1 e 1.2) APRESENTAM-SE NULAS AS DISPOSIES DO CONTRATO EM TELA QUE ESTIPULEM A COBRANA DE JUROS SUPERIORES A 12% AO ANO.1.4 Daleso enorme.O no cumprimento do texto constitucional e a poltica governamental, em relao s instituies financeiras, de "amarrar cachorro com lingia", trouxe em favor delas resultados que vieram a galope: veja-se a tabela a seguir, colacionada por JONAIR NOGUEIRA MARTINS (in"CONTRA O ABUSO DOS BANCOS", CS Edies, 1998, p. 65):BANCOCOMPARAO A 1995R$ 842 MILHES

ITA61% MAIORR$ 285 MILHES

REAL146% MAIORDiz mais:"Nada justifica a captao de recursos por um percentual e sua repassagem ao tomador de emprstimo em percentual vrias vezes superior ao custo do dinheiro para a instituio financeira."E cita ARAMY DORNELLES DA LUZ (in"NEGCIOS JURDICOS BANCRIOS", RT, 1996, P. 99):"No h como escapar da realidade. Os Bancos, fazendo o que se convencionou chamar de intermediao financeira, tm que repassar o dinheiro pelo seu custo, mais o spread que constitui sua comisso".JONAIR NOGUEIRA MARTINS, em texto especialssimo, maneja em profundidade a teoria da "LESO ENORME" (ob. cit. p. 51e ss.):"CAIO MRIO DA SILVA PEREIRA, traz-nos a definio de DE PAGE, apud TRAIT ELMENTAIRE, I, N 67."Pode-se genericamente definir leso como o prejuzo que uma pessoa sofre na concluso de um ato negocial, resultante da desproporo existente entre as prestaes das duas partes."O renomado civilista conclui: Nosso direito pr-codificado concebeu, portanto, o instituto da leso com estas duas figuras, caracterizando-se a LESO ENORME como defeito objetivo do contrato: o seu fundamento no era nenhum vcio presumido do consentimento, mas assentava na injustia do contrato em si; j a LESO ENORMSSIMA fundava-se no dolo com que se conduzia aquele que do negcio tirava o proveito desarrazoado porm dolo presumido ou dolo ex re ipsa, que precisava ser perquirido na inteno do agente."Caio Mrio, esgota o assunto da leso, do qual, extrai-se: Segundo a noo corrente, que o nosso direito adotou, a leso qualificada ocorre quando o agente, premido pela necessidade, induzido pela inexperincia ou conduzido pela leviandade, realiza um negcio jurdico que proporciona outra parte um lucro patrimonial desarrazoado ou exorbitante da normalidade."O EG. TARS, por sua 4 Cmara Civil, nos autos da apelao 192168581, tendo por Relator o Juiz MRCIO OLIVEIRA PUGGINA, sobre a leso, caracterizado o enriquecimento ilcito, entendeu:"Como negcio comutativo o equilbrio entre dbito e crdito deve estar presente tanto no momento da formao do negcio como na sua execuo. O nosso Cdigo Civil cuja orientao poltica, econmica e ideolgica remonta aos meados do sculo passado, quando vicejava a doutrina do liberalismo econmico, no contemplou o rompimento da comutatividade no como vcio na formao do contrato, nem como causa de resoluo ou reviso dos negcios se verificado o rompimento na sua execuo."A omisso legislativa, no entanto, no impediu que a doutrina e a jurisprudncia contemplassem o rompimento da comutatividade como causa de resoluo dos contratos, quando, na sua execuo se verificasse excessiva onerosidade para uma das partes causado por fato superveniente a sua formao. O mesmo no entanto no o usam fazer a construo pretoriana em relao ao rompimento da comutatividade na formao do contrato. Permaneceu, pois, a formulao legislativa do cdigo eminentemente voluntarista, exigindo para a decretao da invalidade a existncia de vcios da vontade."Trata-se, no entanto, de lacuna legislativa que nem por isso pode contemplar o enriquecimento sem causa. Deve-se, pois, voltar natureza comutativa do negcio jurdico para se propiciar a decretao de invalidade da transao operada com flagrante rompimento a comutatividade. Conquanto ausente previso legislativa, nem por isso deixa a leso de existir como conceito jurdico que, consorciada a doutrina do enriquecimento sem causa permite a decretao da invalidade."A leso enorme a obteno por uma parte, em detrimento da outra, de vantagem exagerada incompatvel com a boa f ou a eqidade."Os princpios consagrados na constituio brasileira so verdadeiras normas supra constitucionais."Regulamentao da Teoria da Leso Enorme:"- art. 173, 4, da CF, reprime o aumento arbitrrio do lucro;"- art.4, inciso III, do Cdigo de Defesa do Consumidor (boa f );"- art. 6, inciso V, do CDC ( diz que so direitos bsicos do consumidor a modificao das clusulas contratuais que estabeleam prestaes desproporcionais);"- art. 51 do CDC, inciso IV, e 1 do CDC ( diz que so abusivas as obrigaes que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou que sejam incompatveis com a boa f, o pargrafo primeiro define o que vantagem exagerada);"- art. 3, inciso VII, Decreto 2.181/97, o qual dispe sobre a organizao do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor ( define a competncia do SNDC, para a vedao de abusos );"- art. 9, Decreto 2.181/97 ( Determina que a entidade competente para exercer as atividades de fiscalizao dos abusos o Departamento de proteo e Defesa do Consumidor, rgo da Secretaria de Direito Econmico do Ministrio da Justia );"- art. 12, inciso VI, Decreto 2.181/97 ( determina que pratica infrativa exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva);"- art. 18, Decreto 2.181/97 ( determina as penas para quem cometer as prticas infrativas, que vo de multa at cassao da licena do estabelecimento ou de atividade);"- art. 22, Decreto 2.181/97 ( determina aplicao de multa ao fornecedor de produtos ou servios, que em contratos de consumo, inclusive de natureza bancria, securitrias, de crdito direto ao consumidor, depsito, mtuo, poupana etc);"- os incisos II e XV do artigo 22, ( determina o reembolso de quantia paga a maior, e a infrao ao CDC, por clusula que ameace o equilbrio do contrato);"- artigo 4 da Lei 1.521/51, Constitui crime da mesma natureza a usura pecuniria ou real, assim se considerando:"- a)...."- b) Obter, ou estipular, em qualquer contrato, abusando da premente necessidade, inexperincia ou leviandade de outra parte, lucro patrimonial que exceda o quinto do valor corrente ou justo da prestao feita ou prometida."O Decreto-Lei n 869 de 18 de novembro de 1938, de cunho penal, em seu art. 4 rezava: A usura pecuniria ou real, assim se considerando: (...) b) obter ou estipular, em qualquer contrato, abusando da premente necessidade, inexperincia ou leviandade de outra parte, lucro patrimonial que exceda o quinto do valor comente ou justo da prestao feita ou prometida."A partir deste decreto, a doutrina civilista, aliada ao texto constitucional, extraiu a reincorporao da leso como causa de nulidade dos contratos dentro do direito ptrio. Para isso recorreram os doutrinadores ao art. 145, II do Cdigo Civil, segundo o qual nulo todo ato que possua objeto ilcito. (Joaquim E. Palhares - Seminrio Carta Maior)"Em consonncia o pargrafo terceiro do artigo 4 da Lei 1.521/51, determina: A estipulao de juros ou lucros usurios ser nula, devendo o juiz ajust-la medida legal, ou, caso j tenha sido cumprida, ordenar a restituio da quantia paga em excesso, com juros legais a contar da data do pagamento indevido."Sobre esta Lei, afirmou RUI ROSADO DE AGUIAR JNIOR: ... O principio da leso enorme, que outro mestre desta Casa, o insigne Prof. Ruy Cirne Lima, sempre considerou incorporado ao Direito brasileiro, sobrevivia, no plano legislado apenas na hiptese da usura real, assim como definida no art. 4, b, da Lei n1.521/51: Obter, ou estipular, em qualquer contrato, abusando da premente necessidade, inexperincia ou leviandade da outra parte, lucro patrimonial que exceda o quinto do valor comente ou justo da prestao feita ou prometida. Com a regra atual, a conceituao de leso enorme retoma aos termos amplos da nossa tradio, assim como j constava da Consolidao de Teixeira de Freitas, sendo identificvel sempre que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada (art. 51, IV). A sano a mesma de antes: a clusula nula de pleno direito, reconhecvel pelo Juiz de oficio. Vale lembrar que doutrina e jurisprudncia davam as costas ao princpio da leso enorme, presas do voluntarismo exagerado ."A teoria da leso ganha nova fora com o advento do Cdigo de Defesa do Consumidor. Este diploma demonstrao cabal da evoluo do pensamento jurdico nacional, nele encontramos elementos que nos distancia ainda mais do dogma da intangibilidade da vontade no campo contratual."O festejado CARLOS ALBERTO BITTAR, com a sua autoridade, vaticina:O dogma individualista da volio, deve indiscutivelmente, ser relegado ao passado, pois a ele pertence. Da, no mais se poderia suportar a postergao da aprovao do Cdigo, que veio a proteger o consumidor, aambarcando inclusive as clusulas abusivas e o contrato de adeso. Seria verdadeira recalcitrncia jurdica a sagrao da manuteno de um estado prximo ao pice da autonomia privada, quando a regra pacta sunt servanda no era apenas um brocardo."Os dois grandes princpios embasadores do CDC so os do equilbrio entre as partes (no igualdade) e o daboa-f. Para a manuteno do equilbrio temos dispositivos que vedam a existncia de clusulas abusivas, por exemplo os arts. 6, V e 51, IV, que vedam a criao de obrigaes que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada. A definio de vantagem exagerada esta incerta no 1 do artigo 51."Esta excessiva onerosidade tratada no inciso III, do pargrafo primeiro do art. 51, diz respeito a uma verdadeira desproporo momentnea formao do contrato, como ocorre na clssica figura da leso, especialmente porque mencionado, no texto do CDC, a considerao s circunstncias peculiares ao caso."A Constituio federal tambm veda o aumento arbitrrio do lucro, por disposio expressa inserida no art. 173, 4: A lei reprimir o abuso do poder econmico que vise dominao dos mercados, eliminao da concorrncia e ao aumento arbitrrio dos lucros. Isso demonstra a importncia do instituto da leso enorme no atual modelo jurdico brasileiro."A remunerao da instituio financeira pela intermediao da operao de crdito deve atender ao limite de 1/5 (20%) sobre o custo da intermediao financeira."Considerando como custo de intermediao financeira, a captao de recursos de terceiros, o percentual de lucro de no mximo 20% deve ser aplicado sobre estes custos de captao."Qualquer taxa de juros estipulada que exceda o limite de 20% sobre o custo de captao da operao constitui uma taxa abusiva.As instituies financeiras apresentam fontes diversas de captao de recursos, vinculando o tipo de produto de crdito ofertado respectiva captao do recurso.".No bastasse tal brilhante exposio, artigo constante da revista jurdica "CARTA MAIOR" (n 09, julho de 1998) traz importantes contribuies acerca do tema:"(...)"A Lei 4595/64 foi recepcionada pela Constituio de 1988, mas somente com relao aos dispositivos que estejam de acordo com os princpios fundamentais no caput do art. 192 insertos. Assim o inciso IX, do art. 4, da Lei da Reforma Bancria, com a interpretao oferecida nos dias de hoje (limitar = liberar) no foi recepcionado pela norma constitucional." que tambm foi recepcionada pelo caput do art. 192 a Lei n 1.521/51, que veda a leso enorme, visto que, segundo a norma constitucional, no se pode admitir a existncia de onerosidade excessiva nos contratos bancrios, pois evidente que tal prtica usurria no ir promover o desenvolvimento equilibrado do pas e no servir aos interesses da coletividade. Alis, a simples leitura de qualquer peridico nacional evidenciar que as prticas bancrias esto destruindo os setores produtivos nacionais."Logo, tm-se duas alternativas, em vista das afirmaes acima delineadas:a) o art. 4, inciso IX, da Lei 4.495/64, no foi recepcionado pela atual Constituio Federal, visto que a forma com que ele interpretado conduz liberao absoluta das taxas de juros (numa ruptura com a tradio brasileira, vide Constituies anteriores), o que est em dissonncia com o art. 192, caput, e com a Lei 1.521/51 (esta sim plenamente recepcionada);"b) o art. 4, inciso IX, da Lei 4.495/64, foi recepcionado pela atual Constituio Federal, sendo que o termo limitar realmente significa limitar, e os parmetros desta limitao esto contidos no Lei 1.521/51, ex vi do texto do caput do art. 192."Estas assertivas independem da necessidade de regulamentao do 3, do art. 192, a qual absolutamente despicienda, em razo edio de um novo princpio constitucional: o princpio atinente proteo do consumidor." atravs desta nova ordem jurdica protetiva do consumidor que se vai analisar a figura da leso enorme a partir de agora."(...)"Em se tratando de contratos bancrios, a funo social patente, pois j no se concebe uma sociedade civilizada sem a presena de tais instituies, dada a importncia que ocupam no cenrio mundial."Para Lus Renato Ferreira da Silva, tambm no I Simpsio Internacional de Direito Bancrio, os contratos bancrios, dada a atual importncia do crdito e a sua transformao, praticamente tornaram-se elementos necessrios das atividades do cidado. O recurso ao crdito, no s para as atividades de investimento, mas como meio de aquisio de bens de vida bsicos, como a casa prpria, passa pelas instituies financeiras.A necessidade que move o tomador de crdito , inegavelmente, elemento desfrutado pelo banqueiro e campo propcio ao abuso."(...)."A rentabilidade de uma operao financeira, denominada spread, medida pelo diferencial entre as taxas de juros de captao e aplicao."Em recente deciso, o 1 Tribunal de Alada Civil de So Paulo, atravs de sua 11 Cmara Ordinria, apelao cvel n 737.410-7, em votao unnime, onde o Relator foi o juiz Maia da Cunha, restou induvidosa a incidncia da Lei 1.521/51, bem como a limitao do lucro dos bancos ao patamar nela previsto, qual seja, 20% sobre o custo de captao. Assim foi ementado o acrdo:"CONTRATOS BANCRIOS - REVISO POSSVEL DOS CONTRATOS QUITADOS SE PARA TANTO FOI FEITO OUTRO E A LIBERAO SERVIU PARA PAGAMENTO DO ANTERIOR - SUBMISSO AO CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E VIABILIDADE DO RECONHECIMENTO DA NULIDADE DE CLUSULA QUE SE MOSTRAR ABUSIVA E CONTRRIA LEI - ONEROSIDADE EXCESSIVA E LUCRO ARBITRRIO ILEGAIS - RECONHECIMENTO - CAPITALIZAO AFASTADA - RECURSO IMPROVIDO."Sendo que no corpo da deciso colhe-se o seguinte ensinamento:"A Lei 1521/51, no revogada pela Lei 4595/64, clara ao estabelecer que se mostra de abusividade considervel o aumento da rentabilidade acima de 20% do lucro ou proveito econmico decorrente do negcio, dispositivo legal que deve ser observado tambm pelas instituies bancrias. Ressaltou a r. sentena que no relevante o fato de o banco Central permitir ou tolerar tais comportamentos, j que, reiterando o bvio, a autoridade administrativa no pode dispor contra o que a lei probe".Vejamos, ento, as taxas mdias praticadas pelas instituies financeiras para captao e emprstimo em julho/99, segundo dados veiculados na INTERNET pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG (http://www.ipead.face.ufmg.br/juros/index.htm):

"Hoje, ainda so s bancos que recorrem ao Judicirio, na maioria dos casos que envolvem relaes financeiras. Mas eles no merecem tratamento diferenciado, Todos ns precisamos exigir o respeito a nossos direitos".PARIZATTO desabafa (ob. cit. p. 116):"O Poder Judicirio haver de dar um basta em tal situao, revendo-se contratos bancrios que estejam impondo taxas abusivas e distantes da realidade momentnea do pas, distanciando-se e muito do custo de captao do dinheiro. Numa inflao baixa, jamais vista, no se justifica a nenhum entendimento legal, tico e jurdico, a cobrana de juros que representam diversas vezes a prpria inflao do pas.".Realmente, todos os institutos que medem a inflao registraram ndices prximo a zero at o ms passado, vale dizer, vivemos um quadro de estabilizao e o acumulado dos ltimos doze meses no diverge muito, posto que pouco variou (vide "DIRIO CATARINENSE",idem).O nico modo de deter tamanha selvageria fazer valer a lei e aplicar a teoria da leso enorme, j consagrada pela doutrina e referendada pela jurisprudncia, a exemplo do 1 Tribunal de Alada Cvel do Estado de So Paulo, conforme j mencionado, cuja deciso, no particular, merece ser novamente reproduzida, porque definitiva:"A Lei 1521/51, no revogada pela Lei 4595/64, clara ao estabelecer que se mostra de abusividade considervel o aumento da rentabilidade acima de 20% do lucro ou proveito econmico decorrente do negcio, dispositivo legal que deve ser observado tambm pelas instituies bancrias.".Como lembra artigo da revista jurdica "CARTA MAIOR" (edio de julho de 1998), "a tese agora confirmada pelo 1 TAC paulista, o remdio perfeito para enfrentar uma das distores mais flagrantes do sistema financeiro nacional. Como se sabe, os bancos cobram, nos contratos de financiamento, taxas de juros muito superiores s que eles prprios pagam, nas aplicaes a seus clientes. Nos ltimos meses, esta diferena no para de crescer. Em junho, segundo dados do boletim Dinheiro Vivo, os depsitos em CDBs rendiam no mximo 1,4% ao ms. No entanto, o sistema bancrio cobrava 6,3% ao ms no contratos de hot money, e 12% ao ms, em mdia, nos saldos devedores do cheque especial."Assim "se os CDBs so remunerados a 1,4% ao ms, a taxa mxima de emprstimo deve ser, segundo a lei, 1,68% mensais"(idem).E conclui, citando a sustentao oral levada a efeito pelo advogado MRCIO PUGGINA diante da 11 Cmara do 1 TACSP:"A Lei 1521 , em diversos aspectos, um dispositivo legal mais eficaz que as limitaes das taxas de juros. Ela no interfere nas taxas de captao dos recursos pelo sistema financeiro - e por isso no impe limites definio, pelo Banco Central, poltica monetria. Em contrapartida, evita que os sistema financeiro continue lucrando de forma exorbitante, e s custas da atividade produtiva."(idem).Diante de tais argumentos, que em dado momento pronunciou-se o ilustre relator do referido recurso, o eminente Juiz MAIA DA CUNHA:"a Lei 1521, no revogada pela Lei 4595/64, clara ao estabelecer que se mostra de abusividade considervel o aumento da rentabilidade acima de 20% do lucro."(idem).Decidindo finalmente:"A digna Juza (...) concluiu com acerto que (so) nulos, por abusivos e ilegais, os dispositivos contratuais que permitiram ao banco apelante cobrar encargos superiores a 20% sobre a taxa de captao do CDB"(idem).DESTE MODO, SE NO ADOTADAS AS TESES QUE LIMITAM OS JUROS ANUAIS EM 12%, DEVE ENTO PREVALECER, ALTERNATIVAMENTE, O ENTENDIMENTO DE QUE SO ABUSIVOS E ILEGAIS OS ENCARGOS SUPERIORES A 20% SOBRE A TAXA DE CAPTAO DO CDB. VALE DIZER, SE O CDB RENDE NO MXIMO 18,65% AO ANO, OS JUROS BANCRIOS NO MESMO PERODO NO PODEM SER SUPERIORES A 22,38%, DEVENDO SER ANULADAS AS CLUSULAS CONTRATUAIS QUE DISPONHAM DE MODO DIFERENTE.1.5 Da capitalizao mensal dos jurosDo mesmo modo observa-se que os contratos em anlise contm clusulas prevendo a capitalizao mensal dos juros, o que, como cedio, no tem validade legal.Segundo PARIZATTO (ob. cit. p. 129 e ss.), "somente se admite a capitalizao dos juros havendo norma legal que excepcione a regra proibitria estabelecida no art. 4 do Decreto n. 22.626/33 (Lei de Usura).Reza a Smula n. 121 do Supremo Tribunal Federal:" vedada a capitalizao de juros, ainda que expressamente convencionada".PARIZATTO anota, tambm (ob. cit. p. 133) que "o Cdigo Comercial em seu art. 253 veda que se conte juros sobre juros, exceto na hiptese de acumulao de juros vencidos aos saldos lquidos em conta-corrente de ano em ano".E informa (idem):"Recentemente a 4 Turma do STJ, no REsp. 124.780-RS, rel. Min. SLVIO DE FIGUEIREDO, publicado aos 25-8-97, decidiu que:"Somente nas hipteses em que expressamente autorizada por lei especfica, a capitalizao de juros se mostra admissvel. Nos demais casos vedada, mesmo quando pactuada, no tendo sido revogado pela Lei n. 4.595, de 1964, o art. 4 do Decreto n. 22.626, de 1933. ".E o STJ, como se infere da seguinte ementa, da pena do eminente Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO (RESP 188514/RS, DJU de 28 de junho de 1999), do mesmo modo continua a decidir:"Recurso especial assentado em dissdio jurisprudencial. Contrato de abertura de crdito. Capitalizao dos juros. Smula n 121/STF."1.No tocante capitalizao dos juros, permanece em vigor a vedao contida na Lei de Usura, exceto nos casos excepcionados em lei, o que no ocorre com o mtuo bancrio comum, tratado nos presentes autos."2. Recurso especial no conhecido.".O e. Tribunal de Justia do Estado de Santa Catarina no discrepa, como se v deste excerto de voto da lavra do ilustre Desembargador ELDIO TORRET ROCHA (Apelao Cvel n 97.001004-4, julgada em 23 de Junho de 1999):"A possibilidade da capitalizao de juros estende-se somente s hipteses em que h previso legal para tanto, como nas cdulas de crdito rural (Dec.-lei n. 167/67, art. 5), de crdito industrial (Dec.-lei n. 413/69, art. 5) e de crdito comercial (Lei n. 6.480/80, art. 5)."E em tais hipteses no se enquadra a dos presentes autos.DO EXPOSTO CONCLUI-SE PELA NULIDADE DAS CLUSULAS CONTRATUAIS QUE ESTABELEAM A CAPITALIZAO MENSAL DOS JUROS1.6 Dacomisso de permannciailegalmente calculada.Estando o devedor em mora, incide sempre, tambm, a chamada comisso de permanncia, e a taxas bem mais elevadas que os juros contratuais.Veja-se, por exemplo, que em quase a totalidade dos contratos, faturas ou carns de pagamento ela aparece prevista assim: "atraso: 0,33% ao dia" ou "atraso: juros iguais aos do contrato" ou pior "atraso: comisso de permanncia s taxas praticadas pelo mercado na data do efetivo pagamento" etc.Tudo ilegal.Ora, se o colendo Superior Tribunal de Justia, mediante a Smula 30, fixou que "a comisso de permanncia e a correo monetria so inacumulveis", iniludivelmente porque aquele distinto colegiado entendeu, que elas tm a mesma natureza, vale dizer, se eqivalem e, portanto, devem obedecer aos mesmos ndices.Em outras palavras: extrai-se da Smula 30 do STJ que a comisso de permanncia no se constitui em juros remuneratrios ou compensatrios, mas sim em instrumento de atualizao monetria do saldo devedor.Vale dizer: tm a mesma natureza.No de se estranhar, destarte, que tenha decidido o STJ que a comisso de permanncia no deve ultrapassar os limites da correo monetria, como se observa:"(...) II - Nas operaes financeiras, a comisso de permanncia, quando pactuada, pode ser exigida at o efetivo pagamento da dvida, no podendo, entretanto, ser cumulada com a correo monetria, nem ultrapassar os limites desta."III - lcito ao credor pretender a cobrana da comisso de permanncia at o ajuizamento da execuo e a incidncia da correo monetria a partir dessa data, at o limite da correo." (RECURSO ESPECIAL N. 80.663 - RS, RELATOR: MINISTRO SLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, j. em 12 de agosto de 1996).O e. TJSC enfileira-se:"No se admite a aplicao das taxas flutuantes de mercado, face a carga de potestividade contida no pacto contratual pois no h segurana quanto ao efetivo percentual utilizado, sujeitando-se os devedores ao arbtrio do banco-apelado, com desrespeito regra do art. 115 do Cdigo Civil."Assim, a clusula que prev que em caso de inadimplncia os encargos pactuados podem ser substitudos pela comisso de permanncia no tem vigncia utilizando-se o INPC como ndice de correo monetria j consagrado pela jurisprudncia do Tribunal e recomendado pelo Provimento da colenda Corregedoria Geral da Justia n. 13 de 24.11.95"(Apelao cvel 97.003174-2 Nelson Schaefer Martins 25 de junho de 1998).No resta dvida: a cobrana da comisso de permanncia deve ser efetuada tendo por base os ndices da correo monetria, e no mais que isso.Esta soluo a que vem sendo adotada pelo STJ, como se apanha de recentssimo julgado daquela Corte Superior (REsp. 94411/PE, DJ 30/11/1998. p. 00164), da lavra do destacado Ministro CESAR ASFOR ROCHA"DIREITO ECONMICO. COMISSO DE PERMANNCIA E CORREO MONETRIA. A correo monetria que a forma legal de se atualizar o dbito por ndices oficiais, no a comisso de permanncia, pois esta importa na estipulao de taxas que fica ao exclusivo alvedrio do credor."E o e. Tribunal de Justia de Santa Catarina definiu o INPC "(...)como ndice de correo monetria j consagrado pela jurisprudncia do tribunal e recomendado pelo Provimento da Colenda Corregedoria Geral da Justia n. 13 de 24.11.95." (Apelao cvel 97.003174-2, relator Des. NELSON SCHAEFER MARTINS, julg. 25 de junho de 1998).Mais recentemente decidiu o mesmo Tribunal:"A previso pura e simples acerca da aplicabilidade de comisso de permanncia, desvinculada de qualquer parmetro correcional, constitui, por ficar ao exclusivo alvedrio do banco mutuante, clusula potestativa no passvel, pois, de exigibilidade."(Apelao cvel 97.001360-4, relator Des. ELDIO TORRET ROCHA, julg. 2 de junho de 1999).E ainda:"A comisso de permanncia implica na imposio de taxas flutuantes de mercado, sujeitas ao arbtrio do credor o que descumpre as regras dos arts. 115 do Cdigo e 6, inc. V e 51, inc. IV do Cdigo de Defesa do Consumidor."(Apelao cvel 96.012685-6, relator Des. NELSON SCHAEFER MARTINS, julg. 19 de maio de 1999).Eis outro julgado, este definitivo:"A comisso de permanncia foi concebida como meio de evitar leso econmica s instituies financeiras, minorando os efeitos da inflao. Aps o advento da Lei n. 6.899/81, a superposio daquela com a correo monetria no mais se justifica, pois ambas tm a mesma finalidade" (Ap. Cv. n. 29.008, de Itaja, rel. Des. Wilson Guarany)."Por terem a mesma finalidade, so inacumulveis correo monetria e comisso de permanncia (Ap. Cv. n. 42.193, de So Miguel do Oeste, rel. Des. Wilson Guarany)."A razo dessa inacumulatividade simples: tanto a correo monetria, como a comisso de permanncia revestem-se de uma mesma funo - a de atualizar o valor do dbito" (Apelao Cvel n. 98.007870-9, de So Carlos, julgada em 13 de outubro de 1998, relator Des. TRINDADE DOS SANTOS).EM RESUMO: ILEGAL A COBRANA DE COMISSO DE PERMANNCIA QUE EXCEDA A CORREO INDICADA PELO INPC, HAJA VISTA QUE ELA NO SE CONSTITUI EM JUROS REMUNERATRIOS OU COMPENSATRIOS, MAS SIM EM INSTRUMENTO DE ATUALIZAO MONETRIA DO SALDO DEVEDOR, CABENDO A ANULAO DOS DISPOSITIVOS CONTRATUAIS QUE ESTABELEAM DE OUTRO MODO.1.7 DA MULTA MORATRIA SUPERIOR A 2%Como cedio, tornou-se unnime o entendimento de que o Cdigo do Consumidor aplica-se s instituies financeiras. Portanto, a multa contratual moratria no pode ser superior a 2% do saldo devedor corretamente calculado.Eis um significativo julgado do e. Tribunal de Justia de Santa Catarina:"A jurisprudncia mais recente, inclusive do STJ, vem consagrando o entendimento de que mesmo os bancos devem pautar-se pelas diretrizes do Cdigo de Defesa do Consumidor. O produto, nesse caso, o dinheiro ou o crdito, bem juridicamente consumvel, sendo o banco fornecedor; e consumidor o muturio ou creditado. Cuidando-se de matria de ordem pblica, a multa moratria de ser minorada, ex officio, de 10 para 2% do saldo devedor, de sorte a amoldar-se ao 1 do art. 52 do Estatuto do Consumidor.(Apelao cvel n. 98.005176-2, rel. Des. PEDRO MANOEL ABREU).E outro:"Com razo os embargantes quando pretendem adequao da clusula contratual relativa multa ao ditame do Cdigo de Defesa do Consumidor, mais precisamente alterao introduzida pela lei n. 9.298/96 ao seu artigo 52." que a jurisprudncia desta Corte tem entendido, com fulcro no disposto no pargrafo 2o do artigo 3o do Cdigo de Defesa do Consumidor, que as regras que lhe so derivadas aplicam-se, como sucede na hiptese enfocada, aos contratos bancrios em geral."(Apelao cvel n. 97.000249-1, julg. 23 de junho de 1999, rel. Des. ELDIO TORRET ROCHA).A lio de PARIZATTO (ob. cit. pp. 24-7) definitiva:"Atualmente oscontratos de mtuo, devero adequar-se taxa de dois por cento (2%) para os casos de inadimplemento, observando-se assim as regras da Lei n. 9.298, de 1 de agosto de 1996, inteiramente aplicveis espcie."E com muita propriedade justifica:"A reduo das multas moratrias de dez por cento (10%) para dois por cento (2%), medida tendente a adequar tal penalidade pelo atraso no pagamento de uma obrigao, baixa inflao reinante no pas. (...) Ainda que haja estipulao em sentido contrrio, feita anteriormente ou posteriormente edio da Lei n. 9.298, de 1 de agosto de 1996, a multa moratria no poder ser exigida acima de dois por cento (2%). (...) A nosso ver, tal teto dever ser observado nos contratos bancrios, nas prestaes de lojas, consrcios, financiamentos, leasing, pagamento de duplicatas (...) enfim em todas as relaes de consumo e de prestao de servios, sem qualquer exceo, sob pena de no se observar a regra de que a lei deve ser igual para todos e em todos os casos, sem distino, seja qual for o motivo".Mas, como parece lgico, tal acrscimo somente por ser exigido se houver expressa disposio contratual. novamente a lio de PARIZATTO (ob. cit. p. 25):"Parece-nos que a multa moratria deve ser expressamente pactuada, sendo viciosa e ilegal a prtica de estabelec-la em fichas de compensao, cobrana de duplicatas e outros documentos, quando essa no tenha sido estabelecida previamente e seja do conhecimento do devedor".DEVEM ENTO SER DECLARADAS NULAS TODAS AS DISPOSIES CONTRATUAIS QUE ESTABELEAM MULTA MORATRIA SUPERIOR A 2% DO SALDO DEVEDOR.Exaustivamente expostos os fundamentos de fato e de direito, passa-se, ento, formulao dos pedidos.

2. - DOS PEDIDOSPor todo o exposto se requer:A. liminarmente, na forma do art. 6, VII, do CDC, A INVERSO DO NUS DA PROVA, primeiramente determinando-se r a apresentao de prvia autorizao do Conselho Monetrio Nacional para a prtica de juros superiores a 12%, ao ano, e, ao depois, a fim de promover auditoria nos contratos firmados entre as partes, ordem r para que fornea toda documentao relacionada aos fatos aqui discutidos contratos e extratos desde a primeira avena - assim como planilha onde demonstre contabilmente o dbito atual e como o comps, discriminando, inclusive, taxas e a frmula utilizada para o clculo dos juros; no mrito, a procedncia do pedido para que sejam definitivamente anuladas as clusulas contratuais de todos os contratos entre as partes que importem:a. em juros superiores a 12% ao ano, seja devido vedao constitucional, seja devido vedao infraconstitucional, ou falta de autorizao expressa e individualizada do Conselho Monetrio Nacional para tanto, ou ainda, alternativamente, que facultem r ganho superior a 20% da taxa de captao via CDB por ela praticada;b. na capitalizao mensal dos juros;c. na cobrana de comisso de permanncia superior aos ndices do INPC;d. na cobrana de multa moratria superior a 2% do saldo devedor. ao final, a consignao em juzo dos valores eventualmente apurados pela percia devidos r, e/ou a repetio em dobro do que for demonstrado crdito, com as devidas compensaes. E, em qualquer caso a declarao judicial de quitao do contrato em tela.Protesta-se provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, especialmente por percia.Requer, outrossim, a citao da r, por correspondncia, com aviso de recebimento em mo prpria e contendo as advertncias legais.