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Um debate de todos. Em meio a tantas discussões relevantes hoje em pauta no País, os Técnicos da Receita Federal travam alguns debates particulares. Mas, mesmo nesses casos, que parecem restritos aos limites da Secretaria da Receita Federal, há uma relação direta com o interesse da sociedade,com o interesse do Brasil.

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Em meio a tantas discussões relevantes hoje em pauta no País, osTécnicos da Receita Federal travam alguns debates particulares. Mas,mesmo nesses casos, que parecem restritos aos limites da Secretariada Receita Federal, há uma relação direta com o interesse da socieda-de, com o interesse do Brasil.

Como servidores públicos nossas ações acabam refletindo de algumaforma e intensidade na rotina dos demais cidadãos. E novamente osTécnicos e o Sindireceita estão na linha de frente e de forma claraapresentam suas contribuições para a consolidação do projeto de cria-ção da Receita Federal do Brasil. Nossa postura de defesa da institui-ção se justifica por entendermos que este é o caminho para fortalecer aAdministração Tributária nacional e, principalmente, por acreditarmosque é preciso criar no País as condições necessárias para tornar maisjusto o sistema tributário.

Mas, nossa atuação não se restringe em lutar por melhorias nas con-dições da SRF. Defendemos a participação da sociedade dentro desseque é um dos principais órgãos da administração federal. Começamosa discutir internamente e com representantes de diversas entidades acriação do Conselho Nacional dos Contribuintes. Não um órgão de re-cursos administrativos, como o que já existe. O que desejamos é umaestrutura capaz de fazer a interlocução entre a sociedade e a adminis-tração da Receita Federal. Isso faz parte do processo de melhoria des-sa relação, que também somos defensores. Nós, Técnicos da ReceitaFederal, sabemos melhor do que ninguém o quanto está desgastada arelação fisco-contribuinte. Acreditamos que a criação de um Conselho

Nacional e a aprovação de um Projeto de Lei Complementar,instituindo o Código de Defesa do Contribuinte, são caminhosimportantes para tornar menos conflituosa essa convivência. Me-lhorar essa relação é vital para as contas públicas e para o de-senvolvimento do País.

Temos a convicção de que é preciso desmistificar a ReceitaFederal para a população. Precisamos abrir as portas da insti-tuição. Quando os brasileiros entenderem plenamente a impor-tância desse órgão, talvez possamos reduzir, em muito, asdistorções e os equívocos que, muitas vezes, são cometidos, aindaque tendo como justificativa as melhores intenções. Lutamoscada dia para tornar mais transparente essa relação.

Nessa edição da revista Tributus, que também tem a pretençãode mostrar o trabalho dos Técnicos para pessoas que não inte-gram a rotina da SRF, revelamos um pouco desse esforço queestamos realizando em conjunto.

Boa leitura a todos.

Paulo Antenor de Oliveira

Presidente do SINDIRECEITA

Um debate de todos

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Projeto altera oatual regime deconcessão epermissão parao regime de licença

Texto aprovadona Câmararestabeleceparidade entreativos e nativos

Para professoradéficit não passade manipulaçãoestatísticado Governo

TRF ministrapalestras sobreo IRPF a alunosde Contabilidade

PresidentePaulo Antenor de Oliveira

Vice-PresidenteJether Abrantes

Secretário GeralHonório Alves Ribeiro

Dir. Finanças e AdministraçãoIrivaldo Lima Peixoto

Dir. Finanças e Adm. AdjuntoHugo Leonardo Braga

Dir. Comunicação e InformáticaJosé Geraldo do Ó Carneiro

Dir. Assuntos JurídicosDoralice Neves Perrone

Dir. Adj. Assuntos JurídicosRoberto Carlos dos Santos

Dir. Assuntos ParlamentaresRodrigo Ribeiro Thompson

Dir. Defesa Prof. e Est. TécnicosAlcione Policarpo

Dir. Formação SindicalAugusto da Costa Coroa

Dir. de AssuntosPrevidenciários

Edmilson César de LimaDir. Aposentados e Pensionistas

Hélio Bernades

Editora ExecutivaCinda Serra

2466 DRT/MGReportagem

Letícia FigueiredoRafael GodoiEstagiário

Adolfo BritoRevisão

Cinda SerraProjeto Gráfico,

capa e diagramaçãoDan Rocha

FotosLetícia Figueiredo, Rafael Godoi,

Radiobrás, ASCOM UFRJe arquivo Tributus

CAPAFoto: Dan Rocha

Tiragem15.000 exemplares

*Permitida a reprodução, desde que citada afonte. Não nos responsabilizamos pelo

conteúdo de artigos assinados.

Sindireceitalança campanhacom apoiodo Ministérioda Justiça

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O Projeto de Lei Complementar que institui o Código de Defesa do Contri-

buinte (PLS 646/99), estacionado hámais de seis anos no Congresso Na-cional, começa a ser novamente de-batido. Com o objetivo de auxiliar naretomada das discussões sobre oCódigo, por acreditar que ele contémprincípios que devem melhorar a re-lação Fisco-Contribuinte, oSindireceita elaborouum anteprojeto com77 artigos na ten-tativa de elimi-nar os motivosque tenhamocasionado asm a i sfe rv i lhan tescontrovérsiasao projeto.

O PLS, ela-

borado a pedido do Partido da Fren-te Liberal (PFL) e do InstitutoTancredo Neves, por um grupo de ju-ristas e especialistas em direito tri-butário, foi apresentado ao SenadoFederal pelo senador JorgeBornhausen (PFL/SC) e revelou-seuma das proposições legislativas maispolêmicas da última década, especi-almente no que diz respeito à maté-ria tributária.

Logo após o seu nascimento, hou-ve um levante de moções

contrárias, dentre elas daprópria Fazenda e Re-

ceita Federal, entãosob o comando do

ministro PedroMalan e do secre-tário EverardoMaciel. Umafrente corporativa

integrada

por entidades representativas de ser-vidores do Fisco também procuroubarrar, através de manifestações devárias ordens, o andamento do pro-jeto. Alegavam, genericamente, queo código produziria embaraços à atu-ação das administrações fazendáriase facilitaria a ação de sonegadores.Entretanto, tal frente não ofereciasugestões pontuais de alteração dedispositivos, mas combatia o projetona íntegra.

Na opinião do Sindireceita, surgemdois desafios na tramitação do PLS:superar as resistências ao seu con-teúdo, e propor modificações quevenham aumentar sua viabilidadepolítica. As sugestões apresentadasno anteprojeto, que será enviado aorelator Ramez Tebet (PMDB/MS),não importam em atenuar as garan-tias inicialmente contidas no original.Ao contrário, várias foram acresci-das ou ampliadas, tais como: o direi-

to à multa de mora nos mesmoslimites impostos para as obri-

gações privadas; o direito arecolher o imposto devidosobre a importação debens que estejam comobagagem acompanhada

no mesmo recinto ondese dê o desembarque; odireito a ser atendido,em horário comercial,em ambiente comacomodações e con-

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““““““““““ O que estamosO que estamosO que estamosO que estamosO que estamos

propondo são direitos epropondo são direitos epropondo são direitos epropondo são direitos epropondo são direitos eobrigações mútuas.obrigações mútuas.obrigações mútuas.obrigações mútuas.obrigações mútuas.

Hoje, as exigências sãoHoje, as exigências sãoHoje, as exigências sãoHoje, as exigências sãoHoje, as exigências sãocomplexas, obscuras ecomplexas, obscuras ecomplexas, obscuras ecomplexas, obscuras ecomplexas, obscuras e

caras.caras.caras.caras.caras.

dições de higiene, conforto e segu-rança adequadas; estar a salvo debusca e apreensão pessoal em zonanão alfandegada, sem ordem escritae fundamentada da autoridade judi-ciária competente; ter concluída a re-visão de declarações de rendimen-tos, retidas na malha fina, no prazoderradeiro de um ano após a sua en-trega, entre outros.

Em entrevista à Revista Tributus, osenador Jorge Bornhausen (PFL/SC)afirma que a relação existente hojeentre o Fisco e o contribuinte é desi-gual, de tal forma desfavorável ao ci-dadão, que limita o direito de defesae atinge o caráter democrá-tico do nosso Estado de Di-reito. Bornhausen diz queo código estabelece regrastransparentes na relaçãotributária e que contribuirátambém para a melhoria dotrabalho dos técnicos e fis-cais da Receita Federal.Veja a seguir a íntegra daentrevista com o autor doprojeto:

TRIBUTU$ – O PLS646/99 tramita há mais deseis anos. O senador acredita que atu-almente há viabilidade política deavançar nessa matéria?

Bornhausen - O que posso dizer éque estou otimista e com ânimo re-dobrado porque entidades da socie-dade civil, depois de algum tempo emsilêncio, voltaram a defender o pro-jeto com firmeza e determinação.Esse tipo de mensagem resgata aemergência da proposta e tem força,não costuma ser ignorada no Con-gresso.

TRIBUTU$ - Quais eram os prin-cipais objetivos quando propôs o PLS646/99?

Bornhausen - Sem dúvida, meumaior objetivo foi, e continua sendo,garantir, de forma inconteste, o ca-ráter democrático de nosso Estadode Direito. O Código garante ao ci-dadão, explicitamente, o direito dedefesa ou de recurso, administrativoou judicial, sem condicionamento adepósito, fiança, caução, aval ou ou-tro ônus qualquer, exceto na execu-ção fiscal, nos termos da lei proces-sual aplicável. Essa garantia é indis-pensável. A relação existente hojeentre o Fisco e o contribuinte é tãodesigual, de tal forma desfavorávelao cidadão, que limita o direito de

defesa e atinge o caráter democráti-co do nosso Estado de Direito. Acre-dito que a aprovação do Código deDefesa do Contribuinte pelo Con-gresso Nacional resolverá essa ques-tão de forma definitiva e significaráum novo marco de segurança jurídi-ca e de cidadania para os brasileiros.

TRIBUTU$ - Entidades represen-tativas de servidores do Fisco procu-raram barrar o andamento do proje-to por acreditar que haverá para osservidores e para as administraçõesfazendárias maiores rigores, respon-sabilidades e obrigações. O senadordiscorda de tal reação?

Bornhausen - Na realidade, o Có-digo enfrenta o corporativismo de al-guns setores ligados ao Fisco que nãoquerem a discussão porque temem aperda de poder. Trata-se de visãoequivocada. O que estamos propon-do são direitos e obrigações mútuas.Hoje, as exigências são complexas,obscuras e caras. Resultado: algunscontribuintes contornam as regras fis-cais com a contratação de advoga-dos e de tributaristas, mas a maioriarecebe tratamento desrespeitoso eincompatível com o regime democrá-tico. Acredito que a situação atual ébem mais prejudicial aos servidores

públicos. E estou seguro deque, ao regulamentar a rela-ção Fisco-Contribuinte, paragarantir direitos e deveresnas operações tributárias, oCódigo contribuirá tambémpara a melhoria do trabalhodos técnicos e fiscais da Re-ceita Federal.

TRIBUTU$ - V. Ex.ª acre-dita que as experiências con-cretizadas em cinco estados:MS, SP, PR, SC e MG, queaprovaram seus próprios có-

digos de direitos e deveres do contri-buinte, possam contribuir no aperfei-çoamento do PLS e aumentar suaaceitação?

Bornhausen - A aprovação doscódigos estaduais mostra que, aexemplo do Código de Defesa doConsumidor, os brasileiros queremque o Congresso aprove, comceleridade, o Código de Defesa doContribuinte em âmbito nacional. Oscódigos estaduais serão de grandeajuda nas discussões do Congresso.Devemos considerar também suges-tões de entidades como oSindireceita (Sindicato Nacional dos

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“““““ A informalidadeA informalidadeA informalidadeA informalidadeA informalidadefunciona como freio aofunciona como freio aofunciona como freio aofunciona como freio aofunciona como freio aocrescimento sustentadocrescimento sustentadocrescimento sustentadocrescimento sustentadocrescimento sustentado

porque desestimulaporque desestimulaporque desestimulaporque desestimulaporque desestimulatanto o investimento,tanto o investimento,tanto o investimento,tanto o investimento,tanto o investimento,

como o desenvolvimentocomo o desenvolvimentocomo o desenvolvimentocomo o desenvolvimentocomo o desenvolvimentotecnológicotecnológicotecnológicotecnológicotecnológico

Técnicos da Receita Federal), Ciesp(Centro das Indústrias do Estado deSão Paulo) e Fenacon (FederaçãoNacional das Empresas de ServiçosContábeis). Essas entidades realiza-ram recentemente um seminário – OEquilíbrio na Relação Fisco-Contri-buinte - que teve o mérito de reativaro interesse pelo Código ede mostrar a importânciade levar a proposta à vota-ção na Câmara e no Sena-do. Contamos também como apoio e a solidariedade deinúmeras federações e con-federações.

TRIBUTU$ - O Códigode Defesa do Contribuintepropiciará o alargamentoda base contributiva, ouseja, trará para a formali-dade mais empresas? Se positivo, deque modo?

Bornhausen - A informalidade fun-ciona como freio ao crescimento sus-tentado porque desestimula tanto oinvestimento, como o desenvolvimen-to tecnológico. Não vai longe um paíscom tanta economia informal, comoé o caso do Brasil. Acho que o Códi-go pode ter um papel nesse aspecto

porque estabelece regras transparen-tes na relação tributária.

TRIBUTU$ - Em que medida o Có-digo pode melhorar a eficiência doserviço público? Os servidores tam-bém poderão ser beneficiados.Como?

Bornhausen – Estou certo de queo Código de Defesa do Contribuintevai assegurar transparência e bomserviço público nas administraçõesfazendárias em todos os níveis depoder da República. Entre os princí-pios da lei, estão a eficiência, amoralidade, a legalidade e a ampladefesa do contribuinte.

TRIBUTU$ - Em linhas gerais, qual

a importância da iniciativa doSindireceita (Sindicato Nacional dosTécnicos da Receita Federal) de apoi-ar o projeto do Código? E V. Ex.ª vêcom bons olhos as propostas de aper-feiçoamento do projeto apresentadaspelo Sindireceita?

Bornhausen – É muitopositiva a iniciativa doSindireceita. As propostas,certamente, vão contribuirpara o trabalho do relator,senador Ramez Tebet. Oque posso dizer com tranqüi-lidade é que o Código, des-de o início, tem sido discuti-do de forma extremamentedemocrática. O texto con-tou com o concurso de es-pecialistas em direito tribu-tário e de juristasrenomados. Foi elaborado

ao longo de um ano e meio de estu-dos. Recebeu ainda contribuições delegislações modernas, notadamente,da Espanha e dos Estados Unidos,países que aprovaram leis semelhan-tes. Estou confiante, é por meio dadiscussão de propostas como a doCódigo de Defesa do Contribuinteque vamos construir um país melhorpara todos nós, brasileiros.

CAC Brasília

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Fotos: Agência Senado e Tributus

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““““““““““O senador BornhausenO senador BornhausenO senador BornhausenO senador BornhausenO senador Bornhausenaguarda apenas o relatoraguarda apenas o relatoraguarda apenas o relatoraguarda apenas o relatoraguarda apenas o relator

do projeto, que cria odo projeto, que cria odo projeto, que cria odo projeto, que cria odo projeto, que cria oCódigo, colocar emCódigo, colocar emCódigo, colocar emCódigo, colocar emCódigo, colocar emvotação as emendasvotação as emendasvotação as emendasvotação as emendasvotação as emendas

apresentadas, para queapresentadas, para queapresentadas, para queapresentadas, para queapresentadas, para quepossa buscar umpossa buscar umpossa buscar umpossa buscar umpossa buscar um

entendimento com osentendimento com osentendimento com osentendimento com osentendimento com osdemais parlamentaresdemais parlamentaresdemais parlamentaresdemais parlamentaresdemais parlamentares

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O Sindicato Nacional dos Téc- nicos da Receita Federal(Sindireceita) encaminhará

ao Congresso Nacional uma moçãode apoio à promulgação deum Código Nacional de Di-reitos, Garantias e Deveresdo Contribuinte. A moção éresultado dos debates realiza-dos nos dias 06 e 07, em SãoPaulo, durante o seminárionacional “Equilíbrio na rela-ção Fisco-Contribuinte - De-fender o Contribuinte: Umaquestão de cidadania”. Rea-lizado pelo Sindireceita como apoio do Centro das Indús-trias do Estado de São Paulo(CIESP) e da FederaçãoNacional das Empresas deServiços Contábeis e dasEmpresas de Assessora-mento, Pe-rícias, Informações e Pesquisa(Fenacon), o evento reuniu na capi-tal paulista, juristas, especialistas noassunto e diversas autoridades.

De acordo com a moção, os parti-cipantes do encontro querem retomaras discussões e a tramitação do Pro-jeto de Lei Complementar do Sena-do PLS 646/1999, de autoria do Se-nador Jorge Bornhausen (PFL/SC).No documento, os principais objeti-vos da proposta são explicitados: zelopela eficiência, moralidade e legali-dade administrativas, melhoria do re-

lacionamento entre o contribuinte ea administração fazendária, estímuloa que o contribuinte honre esponta-neamente com suas obrigações tri-

butárias, pelas garantias à ampla de-fesa do contribuinte no processo ad-ministrativo e judicial, garantia daprestação de serviços gratuitos deorientação ao contribuinte, e para quea atuação dos agentes da FazendaPública seja eficiente, eficaz, justa edemocrática.

Durante o encontro, representantesdo Sindireceita encaminharam aosenador Jorge Bornhausen (PFL/SC)um texto alternativo ao PLS 646/1999como forma de estimular e contribuircom a criação do Código. A propos-ta foi discutida com os participantes

do evento. O senador agradeceu aosTécnicos da Receita Federal e aoSindireceita por reabrirem a discus-são sobre o tema. “O projeto poderia

ser liquidado pela falta deconsciência. Com isso fica-mos aguardando uma novaoportunidade, que surge ago-ra com o Sindireceita”, elo-giou.

Segundo ele, o Sindireceitareacendeu o debate após terdefendido a idéia durante aaudiência pública realizadana Comissão de AssuntosEconômicos do Senado, quetratou da criação da ReceitaFederal do Brasil. “Vi o de-poimento dos representantes

do Sindireceita falando do Código deDefesa do Contribuinte. Se vamoscriar um órgão para melhorar a efi-ciência da arrecadação não há comonão se considerar a criação do Códi-go”, defendeu.

O senador Bornhausen disse queaguarda apenas o relator do projetoque cria o Código colocar em vota-ção as emendas apresentadas, paraque possa buscar um entendimentocom os demais parlamentares. Segun-do ele, a proposta foi apresentada aosecretário da Receita Federal, Jorge

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Rachid, e faltam poucos pontos aserem ajustados. “Esse projeto foi re-novado pelo Sindireceita. Na verda-de conseguimos no governo anteriorlevar essa proposta até o plenáriopara votação. Mas existia uma mu-ralha estabelecida por diversas fren-tes. Chegamos a receber, de um ou-tro sindicato, um memorial dizendoque o projeto facilitava o narcotráfico.Fomos ao plenário do Senado enfren-tando uma série de críticas, mas oprojeto acabou voltando para a Co-missão de Assuntos Econômicos doSenado”, afirmou o senador.

O presidente do Sindireceita, PauloAntenor de Oliveira, defendeu a cri-ação do Código como uma forma deequilibrar a relação entre contribuin-te e fisco. Ele fez questão de desta-car a necessidade de melhorar essarelação de forças, até mesmo comoforma de tornar mais eficiente os ór-gãos que integram a AdministraçãoTributária. “É hora de reavivar as dis-cussões, esquecendo as pechas queforam atribuídas injustamente ao pro-jeto, e procurar o seu aperfeiçoamen-to”, disse.

O vice-presidente do Ciesp,Vladimir Sperandeo, defendeu a re-dução da carga tributária e uma me-lhor distribuição de forças entre ocontribuinte e a Administração Tri-butária. “Esse debate surge em ummomento muito importante. É preci-so estreitar essa relação e buscarsaídas. Tenho certeza que desse en-contro sairão propostas que poderãoapontar para soluções que deseja-mos”, disse. Sperandeo destacou ainiciativa do Sindireceita e defendeua ampliação da fiscalização, mas ten-do como foco o respeito ao contribu-inte.

Já o presidente da Fenacon, CarlosJosé Castro, disse que o equilíbrioentre o fisco e o contribuinte precisaser restabelecido. “O contribuinteprecisa ser tratado como cliente. Nainiciativa privada temos que encan-tar nossos clientes diariamente, e omesmo serve para essa relação”,defendeu. Ele destacou ainda que aossonegadores deve ser utilizado todoo rigor da lei, mas aqueles que tri-lham na legalidade precisam ser res-peitados.

O Brasil precisa de umgrande Simples

presidente da Federação das Asso-ciações Comerciais do Estado de SãoPaulo e da Associação Comercial deSão Paulo, Guilherme Afif Domingos,lembrou que no Brasil existem 112tributos e aproximadamente 16 milnormas e atos que precisam ser se-guidos pelo contribuinte. Segundo ele,a estrutura tributária brasileira foimontada para que “ninguém acertee aqueles que erram acabam multa-dos. Precisamos transformar o Bra-sil em um grande Simples. A própriacriação do Sistema Simples é um re-conhecimento de que todo o resto écomplicado, temos que mudar isso”,disse. Ele também criticou a falta deprazos para os órgãos que compõema Administração Tributária brasilei-ra. “Hoje, só o contribuinte tem pra-zo. O governo não tem prazo algum.Precisamos da criação desse Códi-go. Precisamos introduzir no cidadãobrasileiro a noção do pagador de im-postos. Porque quem paga impostono Brasil não são as empresas, massim o consumidor, o cidadão”, afir-mou.

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O superintendente adjunto da 8ªRegião Fiscal, Paulo Jakson da SilvaLucas, que representou o secretárioda Receita, Jorge Rachid, parabeni-zou o Sindireceita pelo evento e des-tacou que o entendimento da SRF éde que o cartão de visitas do órgãodeve ser o atendimento. Ele desta-cou a atuação dos Técnicos da Re-ceita Federal, um dos responsáveispelo atendimento na Derat, em SãoPaulo. Lucas disse ainda que váriasmedidas estão sendo tomadas paramelhorar a relação do fisco com ocontribuinte, como por exemplo, acontratação de mais mil auditores etécnicos, além da ampliação do nú-mero de Centros de Atendimento aoContribuinte, que em São Paulo pas-sarão de cinco para onze, nos próxi-mos meses. Segundo o superinten-dente adjunto, os servidores já estãoem fase de treinamento e os locaispara instalação das novas unidadesjá estão sendo providenciados. Ape-sar dessas medidas, ele também re-conhece que falta estrutura paraatender melhor o contribuinte.

Também participaram da aberturao vice-presidente da Fecomércio (Fe-deração do Comércio) e presidentedo Condecon-SP (Conselho de De-fesa dos Contribuintes de São Pau-lo), Márcio Olívio da Costa, aProcuradora Regional da FazendaNacional, Simone AparecidaFigueiredo, o advogado e ex-Minis-tro do TSE, Torquato Jardim, o de-putado federal Júlio Lopes (PP/RJ),a deputada estadual do Partido Re-publicano Brasileiro, Maria Almeida(PRB/SP), e o presidente da Comis-são de Comércio Exterior da OAB/SP, Antônio Carlos Rodrigues.

Tributaristas defendem acriação do Código

O advogado tributarista Ives GandraMartins participou do encontro emSão Paulo. Gandra defendeu a cria-ção do Código e lembrou que esseinstrumento já é uma realidade emtodos os países civilizados. “Desde1990, quase todos os países adota-ram esse mecanismo”.

Ives Gandra lembra que as discus-sões sobre o projeto não avançaramporque faltou interesse do governona época, e que o mesmo ocorreuaté agora. “Mas, no momento emque o Sindireceita apresenta suges-tões de adaptação, tenho impressãoque essa proposta passa a serviabilizada”, disse. Na opinião deGandra, a criação do Código torna-rá mais eficiente e justa a Adminis-tração Tributária no Brasil. “Estouconvencido de que vai acontecer noBrasil o mesmo que aconteceu emtodos os países civilizados. O bomcontribuinte será beneficiado, não fi-cará mais na incerteza e na insegu-rança. Esse código também vai au-xiliar no combate ao mau contribu-inte e ao mau fiscal”, disse.

Valorizar a consultaÉ preciso valorizar o instrumento da

consulta como forma de tornar maissimples e transparente a relação en-tre o fisco e o contribuinte. A avalia-ção é do professor e advogadotributarista, Eduardo Bottallo. Ele foium dos integrantes do grupo de ju-ristas que ajudou na elaboração dotexto que se transformou no Projetode Lei Complementar. Segundo ele,a proposta apresentada peloSindireceita, que prevê a criação deum código de relacionamento, é in-clusive mais apropriada. “Quandoelaboramos o primeiro texto, o que

Sindireceita apresentacontribuições ao projetodo Senador Bornhausen

O diretor adjunto de assuntos jurí-dicos do Sindireceita, Roberto Carlosdos Santos, apresentou, em São Pau-lo, uma proposta alternativa ao Pro-jeto de Lei Complementar. Em suaapresentação, Roberto Carlos lem-brou que a proposta recebeu inúme-ras críticas, principalmente de seto-res corporativos, uma vez que traziamaiores rigores tanto à Administra-ção quanto aos servidores.

O diretor do Sindireceita lembrouque atualmente cinco estados adotamum código de relacionamento com ocontribuinte, que são: Paraná, SantaCatarina, Mato Grosso do Sul, Mi-nas Gerais e São Paulo. “Boa partedas críticas feitas no passado nãoforam lastradas no bom-senso. O quese quis foi justamente derrubar a pro-posta, quando deveriam ter lutadopara melhorá-la. O interesse dosTécnicos é contribuir para melhoraro projeto e transformar uma relaçãoque hoje é negativa em positiva”, dis-se.

Um dos autores da proposta apre-sentada pelo Sindireceita, o TécnicoMarcelo Cabreira Xavier (RJ), des-tacou a necessidade de tornar maistransparente a relação fisco-contri-buinte. Em sua avaliação, é precisoque os servidores da AdministraçãoTributária passem a ser vistos pelocontribuinte como parceiros, o quehoje não acontece. Segundo ele, o queexiste atualmente é uma relação demedo e de desconfiança, e que mui-tas vezes o servidor precisa se colo-car no lugar do contribuinte.

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queríamos é justamente isso, que otexto fosse aperfeiçoado, mas as crí-ticas ultrapassaram o nível do razoá-vel, e por maiores que fossem as crí-ticas, nunca foi apontado um disposi-tivo inconstitucional no texto”, criti-cou Bottallo.

Para a coordenadora jurídica doCiesp, Denise Lima, é preciso ampli-ar a discussão e tornar mais acessí-veis as informações. Em sua avalia-ção, o desconhecimento está entre osprincipais problemas e o Código podejustamente melhorar essa distribuiçãode informações. Ela cita como exem-plo as mudanças produzidas no Paísapós a promulgação do Código deDefesa do Consumidor. Muitas dasdeterminações contidas no CDC,lembra ela, já existiam, e o entendi-mento favorável ao consumidor erainclusive pacificado nos tribunais, maso cidadão só passou a ter esse co-nhecimento após a edição do Códi-go. “Espero que o mesmo ocorra com

a aprovação do Código de Defesa doContribuinte. É preciso levar essaidéia em frente”, finalizou.

Melhoria da relação Fisco-Contribuinte pode diminuir

a informalidadeA complexidade do sistema tributá-

rio brasileiro está entre as principaiscausas da informalidade. Para o em-presário contábil, conselheiro nacio-nal do Sesc e representante daFenacom, José Rosenvaldo Rios, en-quanto o sistema tributário nacionalnão for simplificado o Brasil continu-ará a conviver com altos índices deinformalidade.

Segundo Rios, a enorme quantida-de de leis, normas e atos, editadoscom freqüência, exigem das empre-sas altos investimentos, e aquelasempresas que não dispõem dessesrecursos acabam migrando para ainformalidade. “Hoje o contribuinte

vive apavorado diante da inseguran-ça. Tanto é assim que muito poucossão aqueles que procuram uma uni-dade da Receita Federal para obterinformações. Até porque não há pra-zo correto para a resposta da con-sulta. O resultado disso é que muitasvezes ou o empresário erra ao pre-encher uma declaração, e se sujeitaa uma punição, ou passa a sonegar.Temos que mudar essa realidade”,disse.

O presidente do Sindicato das Em-presas de Serviços Contábeis,Assessoramento, Perícias, Informa-ções e Pesquisas do Estado de SãoPaulo (Sescon/SP), AntônioMarangon, também destacou que acomplexidade da legislação tributá-ria no País está entre os principaisfatores de estímulo à informalidade.Somente em São Paulo, de cada trêsempresas, duas estão nainformalidade. Uma situação, que naavaliação de Marangon estimula ou-tras práticas criminosas. “Esse índi-ce elevado de empresas informaisestimula o roubo de cargas, o tráficode armas e drogas, o contrabando ea pirataria. Portanto, precisamos atu-ar de forma organizada para elimi-nar essa situação”, acrescentou.

Já o deputado Federal Júlio Lopes(PP/RJ) destacou a atuação doSindireceita e sua disposição de me-lhorar a relação entre a administra-ção e o contribuinte. “Isso já estásendo feito com a campanha realiza-da pelo Sindireceita de combate àpirataria. O caminho para melhorara relação entre os órgãos de gover-no e a sociedade é justamente o es-clarecimento. Essa é uma relação deconfiança, e o Código pode justamen-te estabelecer a confiança entre osagentes da Administração Tributáriae o contribuinte, que, em suma, é ocidadão”, acrescentou. O deputadose colocou à disposição para lutarpela proposta na Câmara dos Depu-tados.

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O prédio da Alfândega do Por- to de Manaus/AM completará 100 anos de existência

em 27 de junho deste ano. Em 1906,houve o lançamento da pedra funda-mental da obra, que foi construídapelos ingleses com materiais impor-tados de Liverpool, na Inglaterra. Oprédio foi tombado pelo PatrimônioHistórico da União por ser uma relí-quia da época áurea da borracha.“Faremos uma comemoração local,com o envolvimento da sociedadeestudantil para despertar o valor dopatrimônio histórico da nossa terra.Queremos destacar o que significoua Alfândega construída na época áu-rea e que hoje foi substituída pelaZona Franca de Manaus (ZFM)”,afirmou a Inspetora da Alfândega,Maria Elizia Alves de Andrade.

De acordo com um histórico do pré-dio da Alfândega organizado peloTécnico da Receita Federal Francis-co Carlos P. Linhares, o edifício,construído à margem esquerda do RioNegro, é composto de um vasto qua-drilátero de quatro andares “cujas pa-

redes de granito sãoornadas com co-

lunas de basalto amarelo e sua ar-quitetura é do mais puro renascençaitaliana”. Anexada à Alfândega estáa Guardemoria, construída no mes-mo período, mas de proporções me-nores, destinada ao policiamento fis-cal nos portos e a bordo dos navios.

A Alfândega do Porto de Manaus éconsiderada uma das unidades adu-aneiras mais estratégias do país. AZFM movimenta cerca de R$ 15 bi-lhões por ano, somente no modal flu-vial/marítimo, entre importações, ex-portações e internações para o res-tante do país. Nos últimos três anos,a Alfândega se manteve no 3° lugardo ranking das Unidades da ReceitaFederal na Região Norte, ficandoapenas atrás das DRF/Manaus e deBelém.

As exportações realizadas pelomodal fluvial/marítimo, através da Al-fândega do Porto de Manaus, atingi-ram US$ 437,339 milhões em 2005.Os produtos de maior destaque nasexportações, fabricados naZFM, foram as motocicletas,os televisores, as máqui-nas fotocopiadoras, os

aparelhos de barbear, além da soja eseus derivados. Os principais merca-dos receptores da produção do PóloIndustrial de Manaus no período fo-ram os Estados Unidos, Argentina,Itália, Alemanha, Irlanda, Japão, Co-lômbia, México, Venezuela, Marro-cos, Dinamarca e Croácia.

Já as importações cresceram20,24% em 2005, se comparadas como ano de 2004. O valor se elevou deUS$ 3,877 bilhões para US$ 4,662bilhões. O volume relevante na pau-ta de importações foram os insumospara os setores da indústria de celu-lares, eletroeletrônicos e duas rodas,sendo as “partes e peças” oriundasda China, Japão, Coréia, EstadosUnidos, Formosa (Taiwan), Alema-nha, Filipinas, Malásia, México,Tailândia, França e Hong Kong.

Na administração da Alfân-dega e nos recintosalfandegados trabalham umtotal de 160 servidores, sen-do 74 Fiscais, 43 Técnicos e

43 colaboradores (servido-res do Serpro, estagiári-

os e terceirizados).“Para o movimen-

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to da Aduana, que foi crescente nosúltimos cinco anos, o quadro de pes-soal ainda é insuficiente, nós preci-samos ou de um quadro de pessoalmaior, ou modernizar ainda mais aaduana brasileira”, disse Maria Elizia.

Entre os projetos para a unidade, aInspetora destacou a criação de umaCentral de Atendimento para aZona Franca de Manaus (CAC/ZFM), a partir da ampliação ecapacitação do quadro da Car-reira ARF; a otimização e am-pliação das Ações Fiscais naZona Primária e Secundária, de-correntes de maior preparo dasequipes e instrumentos de audi-toria e inteligência fiscal, aper-feiçoamento contínuo dos con-troles aduaneiros nos recintosalfandegados e autorizados parao controle de internação daZFM.

Em relação às iniciativas que aAlfândega vêm adotando parafacilitar as operações aduaneiras,Maria Elizia citou a melhoria dos atosnormativos, de competência local,com o objetivo de facilitar a opera-ção aduaneira para os agentes do fis-co e contribuintes; treinamentos so-bre assuntos de área fim e melhoradequação dos ambientes físicos einstrumentos de trabalho, ao alcanceda administração local.

A Alfândega do Porto deManaus tem como jurisdição todoo estado do Ama-zonas,

com exceção do Aeroporto Interna-cional Eduardo Gomes e AeroportoAjuricaba. Como Manaus é uma ilha,banhada pelo rio Negro, afluente dorio Amazonas, a Inspetora informaque as apreensões de produtos pira-tas e contrabandeados ainda são in-significantes, em relação ao restante

do país. “Toda e qualquer mercado-ria chega por dois meios: o marítimofluvial e o aéreo. Não é tão fácil che-gar em Manaus. Se fosse uma cida-de aonde só existisse rodovia, seriamuito mais fácil chegar. Manaus tam-bém não é um centro consumidor, éum centro produtor. As indústrias lo-cais são prejudicadas, principalmen-te o parque fonográfico, em virtudeda pirataria de produtos em

outros locais do país”, ressaltou.

Dados da Alfândega registram adestinação de R$ 12,214 milhões emmercadorias apreendidas em 2005,sendo 98,87% a órgãos públicos dasesferas federal, estadual e municipale 2,28% as entidades beneficentes.

Na Receita Federal há 9 anos,Maria Elizia está à frente da Al-fândega do Porto de Manausdesde agosto de 2000. A Inspe-tora afirma que o período maisdifícil desde então foi em mea-dos de 2002, durante a “Opera-ção Rio Negro”, objeto de frau-de detectada nas importações deprodutos acabados com incenti-vos do regime da ZFM, como sefossem insumos para fabricaçãono pólo industrial. “Em janeiro de2002 foi descoberto um megaesquema de contrabando, ondeestavam envolvidos vários ser-vidores da Alfândega. Descobri-

mos 10 conteiners cheios de merca-dorias maquiadas no pátio do porto eposteriormente encontramos mais 15conteiners em uma transportadora.Foram presos dois funcionários emais quatro servidores foram demi-tidos por improbidade”,contou.

15

“““““Para o movimentoPara o movimentoPara o movimentoPara o movimentoPara o movimentoda Aduana, que foida Aduana, que foida Aduana, que foida Aduana, que foida Aduana, que foi

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é insuficiente.é insuficiente.é insuficiente.é insuficiente.é insuficiente. Maria Elizia

“““““

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Diariamente, operações daPolícia Federal são mostradas na mídia com destaque.

O aumento das ações gerou, inclusi-ve, reação em alguns setores que re-clamaram da “pirotecnia” de apre-ensões e prisões de envolvidos emcrimes que abrangiam várias empre-sas e escritórios de advocacia emtodo o País. Mas, ao quetudo indica, o trabalho daPF e de seus servidoresdeve ser ampliado.

Por trás desses resultadosestá um processo de forta-lecimento da Instituiçãoque, se ainda não chegouao nível desejado, pode emmuitos aspectos ser toma-do como exemplo se com-parado com outros setoresdo governo.

Em entrevista à Tributus,o secretário-executivo doMinistério da Justiça, Luiz PauloTeles Barreto, fala do processo defortalecimento e dos resultados obti-dos pela Polícia Federal nos últimosanos. O órgão recebeu reforço denovos servidores. Em 2002, a PFcontava efetivamente com 9.289 po-liciais federais. Ao final de 2005,esse número passou para 11.749 e aprevisão é que até o fim de 2007 oefetivo chegue a 15.000 policiais fe-derais.

A Instituição, que também passa porum processo de modernização

tecnológica e científica, deverá con-sumir US$ 398,6 milhões até 2010.Todas essas medidas, diz o secretá-rio que também preside o ConselhoNacional de Combate à Pirataria,permitiram à PF ampliar sua atuaçãoe melhorar sua eficiência. Durante aentrevista, ele fala ainda dos resulta-dos obtidos no combate à pirataria e

ao contrabando e da parceira com oSindireceita, que acaba de lançar acampanha nacional “Pirata: tô fora!Só uso original.”

TRIBUTU$ - O Sr. afirma que oBrasil passou a ser referência no com-bate à pirataria. Quais fatores foramresponsáveis por essa mudança?

Barreto - O primeiro fator foi oineditismo da composição do Conse-lho Nacional de Combate à Pirataria(CNCP). Além do poder público e dolegislativo, sete representantes de

entidades da sociedade civil têm as-sento no conselho. O segundo fatorfoi que o CNCP elaborou o PlanoNacional de Combate à Pirataria ape-nas três meses após a sua instala-ção. O terceiro fator foi o trabalhointegrado da Receita Federal e dasPolícias Federal e Rodoviária Fede-ral. Nunca se apreendeu tanta mer-

cadoria ilegal como em2005. As ações repressivasforam sem dúvida decisivaspara que os Estados Unidosdesistissem de retirar o Bra-sil do Sistema Geral de Pre-ferências. Porém, o fatormais importante de todos, éque o problema da piratariacomeça a deixar de ser vis-to como um fenômeno soci-al para ser encarado comoatividade do crime organiza-do.

TRIBUTU$ - O volume deapreensões cresceu e as operaçõesda PF nos últimos dois anos passa-ram a ter mais destaque. O que mu-dou na relação MJ e PF? Realmentehouve mais investimento no órgão?

Barreto - Sem dúvida. O orçamen-to de custeio e capital da Polícia Fe-deral saltou de R$ 338,6 milhões em2002 para R$ 580,5 milhões em 2005.A Polícia Federal tem autonomia,está tecnicamente bem aparelhada,atua com planejamento estratégico econsegue lograr grandes operaçõese prisões sem sequer dar um tiro, sem

““““““““““ O orçamento deO orçamento deO orçamento deO orçamento deO orçamento de

custeio e capital dacusteio e capital dacusteio e capital dacusteio e capital dacusteio e capital daPolícia Federal saltouPolícia Federal saltouPolícia Federal saltouPolícia Federal saltouPolícia Federal saltoude R$ 338,6 milhõesde R$ 338,6 milhõesde R$ 338,6 milhõesde R$ 338,6 milhõesde R$ 338,6 milhões

em 2002 para R$ 580,5em 2002 para R$ 580,5em 2002 para R$ 580,5em 2002 para R$ 580,5em 2002 para R$ 580,5milhões em 2005milhões em 2005milhões em 2005milhões em 2005milhões em 2005

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qualquer uso de violência. Muitasvezes acusam injustamente a políciade agir com pirotecnia. Na verdade,ficamos muito felizes de não enfren-tarmos acusações de violência, tor-tura, desrespeito aos direitos huma-nos e coisas semelhantes, essas sim,são preocupantes e que, felizmente,não são praticadas pela Polícia Fe-deral. Ademais, são operações quese desenvolvem independentementede quem está sendo investigado, semqualquer gestão política. Temos or-gulho da Polícia Federal. É dessa for-ma como o MJ se relaciona com aPF: cooperação ampla, respeito mú-tuo e admiração recíproca.

TRIBUTU$ - Quanto ao combateà pirataria quais são as metas do Con-selho Nacional Combate à Piratariapara os próximos anos?

Barreto - A vertente repressivadeslanchou em 2005. Mas o fato éque o combate a um crime complexocomo a pirataria exige outras medi-das. Não podemos combater atacan-do somente o lado da oferta de pro-dutos de piratas. Para este ano e paraos próximos, é necessáriopotencializar as campanhaseducativas, tal como a do Sindireceita“Pirata, Tô fora! Só uso original!”. Énecessário, ainda, que a indústria ofe-reça ao consumidor a opção de linhaspopulares, de tal modo que o grandeapelo do mercado pirata - o diferen-cial de preço entre o produto originale o falsificado - seja também enfren-tado. Cito como exemplo um fato nar-rado no contexto da telenovela“Belíssima”, da Rede Globo, ondehaverá o lançamento de uma li-nha popular de lingerie chama-da Lindona para suprir a de-manda de consumo por pro-dutos falsificados da marcaBelíssima. Esse exemplode uma obra de ficçãoilustra bem as metas doCNCP: desenvolverno consumidor a

consciência de que ao adquirir pro-dutos legais está favorecendo a ge-ração de empregos e renda no Bra-sil, além dos impostos que são arre-cadados em todas as etapas de pro-dução e comercialização formais.

TRIBUTU$ - Como o Sr. avalia aatuação dos Técnicos, por meio doSindireceita, ao lançar junto com oCNCP a campanha “Pirata: tô fora!Só uso original.” O Sr. acredita queessa integração é o caminho paraampliar o debate no País?

Barreto - Essa parceria é muitopositiva. A pirataria encontrou terre-no fértil, porque existe uma parcelaconsiderável da população sedentapara consumir produtos de marca ain-da que sejam falsificações grotescas.A oferta é grande porque a procuratambém é grande. A campanha doSindireceita é importante justamenteporque trabalha esse lado do proble-ma. Precisamos conscientizar o con-sumidor de que ao adquirir um pro-duto pirata, ele pode estarcontribuindo para o desem-prego de um familiar oupara o financiamento decrimes de maior poderofensivo como o tráficoarmas, munições e dro-gas. É gratificante verque um órgão como oSindireceita, que re-presen-

ta os técnicos do Estado que têm pormissão estrutural promover a fiscali-zação, tenha essa ampla visão deeducação e sensibilização pública.Isso nos orgulha e nos motiva.

TRIBUTU$ - A integração entreas Polícias Federal, Rodoviária Fe-deral, Militar e Civil com a ReceitaFederal é o caminho para combatercrimes como a pirataria e o contra-bando? Existe algum projeto paraampliar essa integração?

Barreto - Sim, estou convicto dis-so. Somente o trabalho articulado serácapaz de impor duros golpes contraos que operam a pirataria. Vamosampliar essa integração e coopera-ção ao máximo, a fim de enfrentar-mos o crime organizado que operacom a pirataria no Brasil, no Mercosule em outras partes do mundo. Éinacreditável ver que são falsificadospreservativos, peças de automóveis,medicamentos, material hospitalar,

produtos de beleza até ca-teter para uso cardí-

aco. A máfia nãotem escrúpulos.Isso mostra aimportância dotrabalho quevem sendo re-alizado portodo o Estadobrasileiro.

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O Projeto de Lei 6.370/05, que tratada alteração do regime jurídico dosPortos Secos ou Estações Aduanei-ras Interior (Eadis), em discussão noplenário da Câmara dos Deputados,visa a abertura do setor de movimen-tação e armazenagem de mercado-rias sob controle aduaneiro à explo-ração da livre iniciativa. O projetosimplifica os procedimentos adminis-trativos para a instalação de PortosSecos mediante a mudan-ça do modelo jurídico atu-al de regime de concessãoe permissão para o regi-me de licença. Entre osprincipais benefícios doprojeto está a melhoria dascondições decompetitividade do comér-cio exterior brasileiro e oestímulo a investimentosno setor, fundamentaispara eliminar gargalos dainfra-estrutura logísticabrasileira.

O Sindireceita defende oprojeto porque é fiador damodernização da aduana que, nocumprimento de sua função precípua,tem que controlar e administrar omovimento internacional de cargas emercadorias, combater os ilícitos adu-aneiros e proteger a economia naci-onal do efeito cancerígeno das frau-des do comércio exterior. “Essa mu-dança trará uma interação proativaentre os órgãos do Estado e os re-presentantes da sociedade e doempresariado. Este é o passo que

levará o Brasil a se tornar um paísmuito mais competitivo no cenáriointernacional. Toda essa moderniza-ção exigida é uma vontade dos quetrabalham com o regime aduaneiro,como os Técnicos da Receita Fede-ral”, destacou o presidente doSindireceita Paulo Antenor de Olivei-ra.

De acordo com o PL, o recinto deestabelecimento empresarial licenci-

ado, pelas pessoas jurídicas habilita-das nos termos da lei, passará a cha-mar-se Centro Logístico e IndustrialAduaneiro (Porto Seco). Qualquerempresa de prestação de serviços dearmazéns gerais que cumprir as exi-gências técnicas e operacionais fixa-das na lei e seu regulamento poderáreceber da Secretaria Receita Fede-ral uma licença para operar PortoSeco por prazo indeterminado, ouseja, enquanto tiver interesse no ne-

gócio e mantiver as condiçõesexigidas para sua instalação e ope-ração. No modelo atual, os contratosde permissão e concessão para Por-tos Secos são firmados por 25 anos,prorrogáveis por mais dez anos.“Hoje a Receita Federal tem o difícilencargo de fazer um estudo de via-bilidade para um projeto que vai vi-gorar 25 anos, com a dinâmica queestá experimentando o Brasil no co-

mércio internacional. São 25anos para dizer o quanto esseempresário deve ter de área,porque depois não poderá maismudar, já que a área de locali-zação geográfica estará defini-da no edital. Por isso, hoje exis-tem Portos Secos subutilizados.Os empresários do ramo estãomuito mais preparados, e cer-tamente saberão o que fazercom esse empreendimento emque eles investiram tanto, naeventualidade de isso mudar nofuturo”, afirmou a secretária-adjunta da Receita FederalClecy Maria Busato Lionço,durante audiência pública rea-

lizada no dia 02 de fevereiro, na Co-missão de Desenvolvimento Econô-mico, Indústria e Comércio, da Câ-mara dos Deputados.

Dentre as condições para que a li-cença para exploração de Porto Secoseja outorgada estão: a exigência depatrimônio líquido igual ou superior aR$ 2 milhões, contra R$ 10 milhõesa R$ 12 milhões previstos na legisla-ção atual e apresentação de antepro-

““““““““““O empresário correO empresário correO empresário correO empresário correO empresário correo risco e decide se vaio risco e decide se vaio risco e decide se vaio risco e decide se vaio risco e decide se vai

fazer o negócio ou não.fazer o negócio ou não.fazer o negócio ou não.fazer o negócio ou não.fazer o negócio ou não.O Estado não vaiO Estado não vaiO Estado não vaiO Estado não vaiO Estado não vai

interferir nointerferir nointerferir nointerferir nointerferir nonegócio e depoisnegócio e depoisnegócio e depoisnegócio e depoisnegócio e depois

mudar a regra do jogomudar a regra do jogomudar a regra do jogomudar a regra do jogomudar a regra do jogolá na frentelá na frentelá na frentelá na frentelá na frente

Ronaldo Medina

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jeto ou projeto do Porto Seco previa-mente aprovado pela autoridade mu-nicipal, quando situado em área ur-bana, e pelo órgão responsável pelomeio ambiente, na forma das legisla-ções específicas.

Um dos argumentos do governopara enviar o PL 3670/05 é que o co-mércio brasileiro vem crescendo amais de 20% ao ano nos últimos trêsanos, fazendo surgir grave e crescen-te escassez de áreas para movimen-tação e armazenagem de mercado-rias. O governo defende ainda a aber-tura da atividade ao regime de livreinciativa por acreditar que o modelovigente tem se mostrado inadequadopara atender a dinâmica do comér-cio exterior, responsabilizando o Es-tado por decidir a localização dosPortos Secos, a quantidade de insta-lações, seu porte mínimo e suas es-pecialidades.

Na opinião do coordenador-geral deAdministração Aduaneira da Secre-taria da Receita Federal (Coana/SRF), Ronaldo Lázaro Medina, sóexiste um modelo jurídico estável, queé o da livre iniciativa. “O que é está-vel é exatamente a concorrência. Oempresário corre o risco e decide sevai fazer o negócio ou não. O Estadonão vai interferir no negócio e depoismudar a regra do jogo lá na frente”.

Uma das controvérsias da matéria,no entanto, é se os Portos Secos sãoou não um serviço público. O art. 175da Constituição Federal estabelece:“Incumbe ao Poder Público, na for-ma de lei, diretamente ou sob regimede concessão ou permissão, sempreatravés de licitação, a prestação deserviços públicos”. A secretária-ad-junta da Receita Federal contesta queos Portos Secos – modelo jurídicoque se criou a partir de uma lei em1995, que tratou de denominar essesserviços de concessão ou permissãode serviço público – não estão naConstituição. “A execução da ativi-dade portuária é um serviço públicoprevisto na Constituição, e mesmo

assim, dentro das áreas organizadasdos portos, há locais em que a lei dosportos permite fazer contratos de ar-rendamento para área privativa e daUnião, ou autorizações para que fun-cionem, naqueles locais, terminais pri-vativos”.

O relator do PL 6.370/05, deputadofederal Edinho Montemor (PSB/SP),também destaca que o serviço de ar-mazenagem não é um serviço públi-co como aqueles estabelecidos pelaConstituição, no art. 21, uma vez quefoi estabelecido no art. 1° da Lei n°9.074, que é uma lei ordinária. “Ora,se uma lei ordinária estabeleceu esseserviço como público, não haveráinconstitucionalidade se uma nova leirevogar aquela outra”, esclareceu.

Para o relator, o projeto vem ao en-contro do que o Brasil precisa parase inserir definitivamente entre asgrandes nações do mundoglobalizado, que demandam agilida-de e participação efetiva do Estado.Montenor ressalta que o objetivo doprojeto é dar transparência e agilida-de ao setor que “se apresenta comalguma nebulosida-de”. O relatorafirma ainda

que o projeto tem algumas imperfei-ções que estão sendo discutidas e queele deve estabelecer regras claras eprecisas.

Para se assegurar total transparên-cia dos procedimentos e a lisura dasdecisões da Secretaria da ReceitaFederal, a lei fixa requisitos e condi-ções objetivas para a licença de Por-to Seco, o que significa que a Recei-ta Federal deverá exigir apenas aqui-lo que decorre da lei.

O projeto propõe ainda a instalaçãode Bases de Fiscalização Aduaneirapara atender às demandas de peque-nas e isoladas comunidades das re-giões Norte e Centro-Oeste, onde ovolume de operações não justifica arealização de investimentos em es-truturas administrativas e a alocaçãode mão-de-obra com dedicação ex-clusiva. Atualmente, a falta dessasestruturas obriga os operadores eco-nômicos a utilizarem outros pontos depassagem, deslocando-se centenasde quilômetros adicionais para des-pachar suas mercadorias. Essas di-ficuldades logísticas para se chegar

a uma passagem de fron-teira alfandegada aca-

bam por inviabilizaros negócios, razãopela qual algunsoptam pela ilega-lidade, contribu-indo para au-mentar o contra-bando e o

descaminho.

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2020

O presidente do Sindicato Nacional dos Técnicos da Receita Federal (Sindireceita),

Paulo Antenor de Oliveira, aprovei-tou para comemorar alguns resulta-dos alcançados no combate à pirata-ria nos últimos anos, no seminário“Pirataria: Uma ameaça à ZonaFranca de Manaus e ao Brasil”, rea-lizado no dia 9 de março no auditórioda Superintendência da Zona Francade Manaus (Suframa). De acordocom ele, em 2005 a apreensão de pro-dutos piratas somou mais de R$ 600milhões, o que representa R$ 149 mi-lhões a mais do que o montante dasmercadorias apreendidas em 2004.“Isso é fruto da eficiência da Recei-ta Federal, da Polícia Federal e daPolícia Rodoviária Federal”, afirmou.

Ele destacou os investimentostecnológicos realizados recentemen-te para um combate mais efetivo aocontrabando e à pirataria e afirmouque a Receita Federal deve anunciara aquisição de novos helicópteros eoutros equipamentos que irão contri-buir para o aumento do número deoperações realizadas nas zonas defronteiras do país.

Antenor lembrou também que o

Sindireceita tem contribuído com es-ses avanços, e ressaltou a inclusãona Constituição Federal, de um dis-positivo que deu à AdministraçãoTributária caráter essencial e comisso garantiu recursos prioritáriospara órgãos como a Receita Fede-ral. Em 2005, foram repassados paraa Instituição cerca de R$ 500 milhõesque estão sendo aplicados em inova-ções tecnológicas.

Em sua exposição, ele comentouainda sobre o Seminário de Foz doIguaçu, realizado pelo Sindireceitaem junho de 2005. “Temos que co-memorar que depois de quase umano do seminário, houve o fim doscomboios de ônibus de contrabandis-tas em Foz do Iguaçu. Naquela re-gião há um contingente muito gran-de de pessoas vivendo da pirataria eexistem 600 km de fronteira com oParaguai, o que complica a fiscaliza-ção. Mas só medida repressiva nãobasta, tem que haver medidassocioeconômicas e educativas”, dis-se.

Outras reivindicações da categoriaconquistadas, citadas por PauloAntenor durante o seminário, forama criação das 10 divisões

especializadas em repressão e a con-cessão do porte de arma para a Car-reira de Auditoria da Receita, o quetambém deve contribuir para amelhoria dos resultados a curto emédio prazos.

Pirataria fecha 15 fábricas derelógio da ZFM

O presidente do Centro das Indús-trias do Estado do Amazonas(Cieam), Maurício Loureiro, informouque, ao longo dos últimos 15 anos, la-mentavelmente foram fechadas 15fábricas de relógios no Pólo Industri-al de Manaus por causa do crime depirataria. Só no ano passado, a re-gião registrou uma perda de R$ 300milhões no setor. “Hoje o setor de re-lojoaria da Zona Franca de Manausproduz 1.600 empregos diretos e4.800 indiretos”, afirmou.

De acordo com dados apresenta-dos pelo presidente do Cieam, o mer-cado potencial de relógios no país éde cerca de 18 milhões. Desse total,5 milhões e 360 mil relógios são pro-duzidos pela ZFM, 6 milhões e 730mil equivalem a importação direta e5 milhões e 910 mil compreendem osprodutos falsificados econtrabandeados, ou seja, o número

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é superior a produção da ZFM. Lou-reiro afirmou que a importação dire-ta tem aumentado em relação ao con-trabando, que diminuiu um pouco nosúltimos anos. Esse dado tem um mo-tivo: o presidente do Cieam comen-tou sobre a facilidade de entrada deimportados no mercado nacional. “Osrelógios estão ingressando no país porUS$ 0,11 de custo de importação, oque resulta numa forte desvantagempara as indústrias nacionais”, criticou.

Entre 2001 e 2003, o segmento derelógios sofreu uma queda média de10,3% no faturamento, registrando omaior prejuízo em 2001, quando asindústrias relojoeiras apresentaramum saldo negativo de 19,9%.

Promotora afirma que indústri-as ainda são omissas

A promotora de justiça do Estadodo Rio de Janeiro Lilian Pinho disseque as instituições que combatem apirataria não devem ser discretas eas indústrias e empresas que estãosendo lesadas pelo crime de pirata-ria devem repassar todas as informa-ções possíveis ao Estado e ao Minis-tério Público. “É muito comum euentrar com uma representação, adelegacia apreender mercadorias eas empresas não entrarem com açãopenal privada”, destacou. O cigarropirata, por exemplo, de acordo coma promotora, se for examinado pelocódigo de propriedade industrial écrime de ação penal privada, forada ação do Ministério Público.“Faço essa crítica na frente dasindústrias porque muitas delasdizem que ninguém faz nada.Mas elas também têm que fa-zer a sua parte. De acordocom a teoria do crime conexo,quem comercializa cigarropirata entra para o crime he-diondo, crime contra asaúde pública”,alertou.

Para Lilian Pinho, as indústrias eempresas que sofrem com a concor-rência desleal de seu produto devemrepassar informações ao MinistérioPúblico e para as polícias. “As pes-soas precisam se conscientizar queo crime não compensa. Se no estadodo Rio de Janeiro está dando certo ocombate é porque lá nós comparti-lhamos informações e compartilha-mos ações”, enfatizou.

O Seminário “Pirataria: Uma ame-aça à Zona Franca de Manaus e aoBrasil” foi uma realização da FrenteParlamentar de Combate à Piratariae Sonegação Fiscal, do ConselhoNacional de Combate à Pirataria,Ministério do Desenvolvimento, In-dústria e Comércio Exterior, ForçaSindical, Sindireceita e Fórum Naci-onal Permanente de Entidades Con-tra Pirataria e a Ilegalidade.

Entre outras autoridades, tambémestiveram presentes no seminárioCarlos Camargo, representante daSecretaria Nacional de SegurançaPública (Senasp), Márcio Suguieda,do Ministério do Desenvolvimento,Flávio Dutra, da Federação dasIndústrias do Estado

do Amazonas, Carlos Lacerda, daForça Sindical, João Bosco Valente,da Promotoria de Justiça do Estadodo Amazonas, o deputado estadualLuiz Gonzaga (PSDB-AC) e os de-putados federais Júlio Lopes (PP-RJ), Marco Maia(PT-RS) e Hamil-ton Casara (PSDB-RO).

Visita à UFAM e ao PóloIndustrial de Manaus

Os diretores do Sindireceita RodrigoThompson e Roberto Carlos dos San-tos, o secretário-executivo do Con-selho Nacional de Combate à Pira-taria, Márcio Gonçalves, o jornalistaCaco Barcellos e a deputada VanessaGraziottin (PC do B/AM) visitaram,no dia 9 de março, a UniversidadeFederal do Amazonas (UFAM) parafalar sobre o problema da piratariaaos estudantes.

No dia 10 de março, autoridades,Técnicos e parlamentares que esta-vam presentes no seminário visitaramtambém algumas indústrias da ZFM,como a Kodak, a Microservice e aTechnos.

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O número de apreensões de produtos e prisões de pessoas envolvidas com a pirata-

ria e o contrabando não pára de cres-cer no Brasil. Dados do Ministérioda Justiça reforçam que a atuaçãodo Estado contra as quadrilhas tam-bém foi ampliada e deverá ser refor-çada em 2006. Além do trabalho derepressão, iniciativas como a do Sin-dicato Nacional dos Técnicos daReceita Federal (Sindireceita) quelançou, em Brasília, a campanha“Pirata: tô fora! Só uso original” vãoampliar esse debate no País.

De acordo com o II Relatório deAtividades do Conselho Nacional de

Combate à Pirataria e Delitos contraa Propriedade Intelectual (CNCP),durante o ano passado, foram apre-endidos R$ 1,5 bilhão em produtosfalsificados. Em 2004, as apreensõessomaram R$ 870 milhões. Somenteem cds, dvds e softwares, as apre-ensões contabilizaram 33 milhões deunidades, quase o dobro da merca-doria aprendida em 2004, que foi de17,5 milhões. Já a Polícia Federalprendeu 1.200 pessoas, enquanto queno ano anterior haviam sidoefetuadas apenas 33 prisões.

Os dados, segundo o presidente doSindireceita revelam que no Brasil apirataria não é mais vista, por boa

parte da população, como um crimemenor. Antenor acredita que as açõesde combate ao contrabando e à pira-taria deverão ser reforçadas este ano.

O presidente do Sindireceita parti-cipou da cerimônia de apresentaçãodo II Relatório do CNCP, que mar-cou também o lançamento da cam-panha desenvolvida pelo sindicato“Pirata: tô fora! Só uso original”. Ape-sar dos avanços, Paulo Antenor dizque ainda é preciso evoluir e mostrarpara o cidadão que a pirataria geradesemprego, perdas na arrecadaçãoe, principalmente, pode causar gra-ves problemas à saúde de quem con-

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some produtos falsificados. “Com acampanha entramos numa nova fasedo trabalho de conscientização da po-pulação. Temos que reforçar asações repressivas, mas precisamostambém conscientizar a po-pulação”, diz.

O ministro da Justiça,Márcio Thomaz Bastos, re-conheceu a iniciativa doSindireceita pelo lançamen-to da campanha “Pirata: tôfora! Só uso original”. “Gos-taria de parabenizar a todosque estão empenhados nes-sa luta, como é o caso doSindireceita”, disse o minis-tro, durante a solenidade deabertura do evento. Bastosressaltou a importância de seconscientizar a população. “Comprarum produto pirata não é um ato deesperteza, é um crime. Comprar um

uísque pirata é bobagem.Conscientizar é o que se está fazen-do no Brasil e acredito que essa lutaserá vitoriosa”. No relatório publica-do pelo Ministério da Justiça, o

Sindireceita aparece em destaque nocapítulo das ações que serão realiza-das em 2006 pelo CNCP.

Na avaliação do ministro, o comba-

te à pirataria no Brasil hoje é umexemplo para vários países do mun-do, como o México, que está interes-sado nas iniciativas que vêm sendorealizadas no País. “Esse trabalho

permitiu ao Brasil sair da lis-ta dos Estados Unidos, depaíses que não combatem apropriedade intelectual”,diz.

Apesar dos avanços notrabalho de repressão, oministro defende a amplia-ção das ações deconscientização do cidadão.“A repressão tem limite,mas o fundamental é a pre-venção, e no caso da pira-taria esse trabalho passapela construção de uma

consciência de repúdio aos produtospiratas, o que essa campanha mos-tra bem”, afirmou. O ministro disseainda que a construção dessa men-talidade está sendo feita de forma rá-

““““““““““ no caso da piratariano caso da piratariano caso da piratariano caso da piratariano caso da piratariaesse trabalho passaesse trabalho passaesse trabalho passaesse trabalho passaesse trabalho passapela construção depela construção depela construção depela construção depela construção de

uma consciênciauma consciênciauma consciênciauma consciênciauma consciênciade repúdio aosde repúdio aosde repúdio aosde repúdio aosde repúdio aos

produtos piratas,produtos piratas,produtos piratas,produtos piratas,produtos piratas,o que essa campanhao que essa campanhao que essa campanhao que essa campanhao que essa campanha

mostra bemmostra bemmostra bemmostra bemmostra bemMinistro Márcio Thomaz Bastos

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pida no Brasil, assim como está evo-luindo o trabalho da Polícia Federal,da Polícia Rodoviária Federal e daReceita Federal. “Esse trabalho serámelhor para a sociedade brasileira,para a economia do País, mas comcerteza, muito pior para as quadri-lhas”, acrescentou.

O ministro da Justiça destacou aimportância das ações do Conselho,que já estão servindo de modelo paraoutros países. “Hoje, ocombate à pirataria noBrasil é um exemplo paravários lugares do mundo.Alguns países têm pedidorelatórios de nossos traba-lhos para aplicá-los”, reve-lou.

Participaram da cerimô-nia o procurador-geral daRepública AntônioFernando Barros de Sou-za, a presidente da FrenteParlamentar de Combateà Pirataria, deputada federalVanessa Grazziotin, o secretário-exe-cutivo do CNCP, Márcio Gonçalves,e o deputado federal Júlio Lopes(PP/RJ).

Paulo Antenor destaca a atua-ção dos Técnicos da Receita

Federal no combate à pirataria

Ao participar, em Brasília, do lança-mento da campanha “Pirata: tô fora!Só uso original”, o presidente doSindireceita, Paulo Antenor de Olivei-ra, destacou a atuação da categoriano combate ao contrabando e à pira-

taria. Desenvolvida pelo Sindireceita,a campanha terá caráter nacional etem por objetivo esclarecer os cida-dãos, em especial, os jovens de todoo País, para os riscos e prejuízos pro-

vocados pela pirataria. O lançamen-to da campanha reuniu autoridades,parlamentares e artistas, no salão ne-gro do Ministério da Justiça, emBrasília.

Em seu discurso, Antenor destacoua importância da valorização da pro-priedade intelectual. “O Sindireceitae os Técnicos da Receita Federalacreditam em um Brasil melhor, mais

justo e que lance para o mun-do cada vez mais idéias etecnologias”, disse. O presi-dente do Sindireceita fezquestão de destacar tambémos problemas que o contra-bando e a pirataria geram aoPaís. “A pirataria é nefastapara a nossa economia, poisalém de burlar a propriedadematerial e imaterial, ela trazconsigo a sonegação fiscal, acriminalidade, a adulteraçãode conteúdo e a

informalidade. O Brasil precisa con-tinuar lutando contra a pirataria”,disse.

Antenor chamou a atenção tambémpara a ampliação do combate a es-

sas práticas. Ele citou o fortale-cimento de atuação da ReceitaFederal e a integração com asPolícias Federal e Rodoviária

““““““““““ Hoje, o combate àHoje, o combate àHoje, o combate àHoje, o combate àHoje, o combate àpirataria no Brasilpirataria no Brasilpirataria no Brasilpirataria no Brasilpirataria no Brasil

é um exemplo paraé um exemplo paraé um exemplo paraé um exemplo paraé um exemplo paravários lugares do mundo.vários lugares do mundo.vários lugares do mundo.vários lugares do mundo.vários lugares do mundo.

Alguns países têmAlguns países têmAlguns países têmAlguns países têmAlguns países têmpedido relatórios depedido relatórios depedido relatórios depedido relatórios depedido relatórios de

nossos trabalhos paranossos trabalhos paranossos trabalhos paranossos trabalhos paranossos trabalhos paraaplicá-losaplicá-losaplicá-losaplicá-losaplicá-los

Ministro Márcio Thomaz Bastos

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Campanha recebe apoio deartistas e autoridades

Vítima da pirataria há mais de 20anos, o cantor e compositor Fagnerparticipou, em Brasília, do lançamentoda campanha realizada peloSindireceita. Fagner destacou os as-pectos educativos da campanha edefendeu uma ação mais eficiente decombate aos grandes piratas. Em1978, Fagner foi vítima da pirataria.Antes do lançamento do LP “QuemVive Chora”, uma cópia da matriz foiretirada da gravadora. Foram, segun-do ele, feitas mais de 10 mil cópiasilegais do disco, que foi um dos maio-res sucessos do compositor. Na épo-ca havia gravado a música “Revela-ções”. “Desde essa época sofro coma pirataria. Sempre vendi entre 500mil e um milhão de cópias, mas hojeisso é praticamente impossível porcausa da pirataria”, lamentou. O can-tor acredita que essa campanha temtudo para mudar a mentalidade da po-pulação. “O Sindireceita está no ca-minho certo”, elogiou.

O cantor e compositor Luiz Caldas,autor de inúmeros sucessos do Axé

na década de 80, tambémapóia a iniciativa doSindireceita. “Temosque mostrar à populaçãoque não estamos falan-

do apenas de venda dediscos, mas de prejuízos

para toda cultura, à economia e à pró-pria saúde do consumidor”, disse.

A iniciativa do Sindireceita tambémfoi comemorada pelo presidente daAssociação Brasileira de Proprieda-de Intelectual (ABPI), GustavosLeonardus. Ele frisou que oSindireceita é o sindicato que maisatua no combate à pirataria no Bra-sil. “Mais uma vez a categoria dosTécnicos da Receita Federal dá mos-tras de sua capacidade de organiza-ção, ao lançar uma campanha paraconscientizar a população dos riscose dos prejuízos que a pirataria trazao País”, diz.

O secretário-executivo do CNCP,Márcio Gonçalves, também destacouo fortalecimento do conselho e a ini-ciativa do Sindireceita em lançar umacampanha de abrangência nacional.“É louvável a iniciativa dos Técnicos,que diante do seu papel de cidadãosdedicam-se em alertar a populaçãodas mazelas provocadas ao País pelapirataria”, disse.

Na avaliação de Gonçalves o lan-çamento da campanha é um marcono combate à pirataria no País. “Esseé um momento emblemático no com-bate à pirataria no Brasil. Essa cam-panha chegará às escolas, universi-dades, objetivando a conscientizaçãodos consumidores do presente e dofuturo sobre os riscos da pirataria”,acredita.

Federal. De acordo com ele, hoje emvárias partes do País, as ações con-tam inclusive com a colaboração dasPolícias Civil e Militar. “Os Técnicosda Receita Federal lidam diariamen-te com produtos piratas, no trabalhode fiscalização de portos, aeroportose fronteiras. Deste convívio, surgiu aconstatação de que o combate à pi-rataria não deve se restringir às açõesrepressivas, que, é claro, devem exis-tir e ser aprimoradas”, acrescentou.

Paulo Antenor defendeu ainda aadoção de medidas de natureza eco-nômica e social. Ao falar da campa-nha, o presidente do Sindireceita des-tacou justamente o aspecto educativoda iniciativa. “Pretendemos atuar navertente educativa, alertando a popu-lação, principalmente o público jovem,para os malefícios ocasionados pelapirataria e, ao mesmo tempo, ressal-tar a importância do produto original”,finalizou. A partir de agora, oSindireceita fará a divulgação dacampanha em várias partes do País,durante eventos e seminários. Tam-bém serão distribuídos materi-ais informativos, como folhe-tos e cartilhas, que explicamde forma clara e rápida osproblemas e os riscos de seutilizar produtos piratas.

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A Câmara dos Deputadosaprovou no dia 25 de janei- ro, por 342 votos a 115, e 2

abstenções, o texto principal do Pro-jeto de Lei 6.272/05, que cria a Re-ceita Federal do Brasil em substitui-ção à Secretaria da Receita Federal(SRF) e à Secretaria de Re-ceita Previdenciária (SRP).Com avanços significativosem relação ao projeto en-caminhado pelo Governo,foi contemplada a paridadede servidores ativos e inati-vos. O PL da Super-Recei-ta ainda necessita ser apro-vado pelo Senado Federal.Caso os senadores façammudanças, o texto precisa-rá voltar à Câmara dos De-putados.

O texto do projeto envia-do ao Senado Federal altera o Art.6° da Lei 10.910/04, que “assegura aincorporação das gratificações aosproventos de aposentadoria e às pen-sões no percentual máximo devidoaos servidores em atividade”. Nocaso dos Técnicos da Receita Fede-

ral, a GIFA (Gratificação de Incre-mento da Fiscalização e da Arreca-dação), criada pela Lei 10.910/04,terá a equiparação dos percentuaisde ativos e inativos. A GIFA foi cria-da no limite de 45% para os ativos e13,5% (em média) para inativos.

“Isso representa uma perda de apro-ximadamente R$ 800 mensais aosaposentados e pensionistas. Não bas-tasse a derrota que sofremos naEmenda Constitucional n° 41, com acontribuição previdenciária, o Gover-no não cumpre o texto constitucional

impondo-nos mais perdas, critica odiretor de Aposentados e Pensionis-tas do Sindireceita, Hélio Bernades.

O Governo utilizou todos os recur-sos para aprovar o projeto da Super-Receita na Câmara sem muita dis-cussão. Além disso, a matéria foi en-

viada ao Legislativo sem oprincípio da paridade, assimcomo a MP 258/05, que per-deu a eficácia no SenadoFederal por decurso de pra-zo. Tanto na MP 258/05quanto no PL 6.272/05, oprincípio da paridade foi in-cluído pelo relator PedroNovais (PMDB-MA) eaprovado pelos deputados.“Havia o comentário de queo PL da Super-Receita en-viado seria o texto da MP258/05 na íntegra, aquele

aprovado pela Câmara dos Deputa-dos no ano passado. O governo, maisuma vez, suprimiu o princípio da pa-ridade. O relator, mesmo sendo umauditor-fiscal aposentado, umcorporativista que tinha o compromis-so com sua categoria, a dos Audito-

““““““““““ Tenho certeza deTenho certeza deTenho certeza deTenho certeza deTenho certeza deque o Senado vaique o Senado vaique o Senado vaique o Senado vaique o Senado vaimanter o textomanter o textomanter o textomanter o textomanter o textoaprovado pelosaprovado pelosaprovado pelosaprovado pelosaprovado pelos

deputados. Quasedeputados. Quasedeputados. Quasedeputados. Quasedeputados. Quasetoda a Casatoda a Casatoda a Casatoda a Casatoda a Casa

foi muito sensível.foi muito sensível.foi muito sensível.foi muito sensível.foi muito sensível.

Hélio Bernades

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res da Receita Federal, e que nos trou-xe grandes dificuldades, neste pontoespecífico foi leal e manteve a pari-dade plena”, ressalta Bernades.

Antes de mais nada, o resgate daparidade aos aposentados e pensio-nistas é a correção de uma distorção,pois está previsto no Art. 8° da Emen-da Constitucional n° 41. De acordocom Bernades, o princípio da parida-de foi inclusive um dos argumentosde defesa usados no Congresso Na-cional para aprovar a contribuiçãoprevidenciária dos servidores aposen-tados e pensionistas sobre a parcelaque exceder o teto de 10 saláriosmínimos. “Espero que os parlamen-tares lembrem-se disso, senão bus-caremos as notas taquigráficas paracomprovar”, afirma.

O Sindireceita acredita que o Con-gresso Nacional não irá impedir arestituição da paridade, mas há o dis-curso de que o Governo possa vetar

a paridade. “Tenho certeza de que oSenado vai manter o texto aprovadopelos deputados. Quase toda a Casafoi muito sensível. Eu não vi nenhumparlamentar durante a discussão secontrapor ao relatório neste ponto,mesmo aqueles da base governistanão se manifestaram. Ouvimos mem-bros do Executivo (Casa Civil) dizen-do que neste ponto não havia con-senso e que o governo vetaria”, co-menta o diretor de Aposentados ePensionistas.

Na pior das hipóteses, se o Gover-no vetar o princípio da paridade, asentidades farão uma ofensiva paraque o Congresso Nacional examineo veto. É importante ressaltar que,desde a Lei 10.910/04, quando o Go-verno passou a descumprir o textoconstitucional no ponto que trata daparidade, o Sindireceita não mediu es-forços no resgate desse direito. Alémde ser um compromisso da DiretoriaExecutiva Nacional, a paridade era

o principal item da Super-Receita,segundo Bernades. O último Con-gresso Nacional dos Técnicos daReceita Federal aprovou que esseseria um assunto inegociável, o car-ro-chefe do PL 6.272/05. Outros as-suntos, como a mudança da nomen-clatura do cargo e a questão das atri-buições ainda estão sendo discutidos,mas quanto à paridade não havia oque se discutir.

O presidente do Sindireceita, PauloAntenor de Oliveira, afirma que, aocontrário do que aconteceu na Câ-mara dos Deputados, em que a ma-téria foi aprovada sem alterações, noSenado Federal as chances de mu-danças são grandes. “No Senadodevem ocorrer modificações no tex-to do PLC 20/06. A matéria deve servotada até o final de abril e depoisretorna à Câmara, onde pode seraprovada até o mês de junho”, co-menta.

No Senado, Paulo Antenor diz queos Técnicos apóiam o fortalecimen-to da fiscalização e do Estado, mastudo isso deve ser voltado para be-neficiar o contribuinte.

Durante a audiência pública reali-zada na Comissão de Assuntos Eco-nômicos, em Brasília, o presidente doSindireceita defendeu a fusão do Fis-

co como o melhor caminho para ajustiça fiscal no Brasil. Ele acreditaque a criação da Receita Federal doBrasil será o principal instrumento deredução da evasão fiscal e damelhoria da eficiência na arrecada-ção de impostos. “Estamos falandode um órgão que irá controlar quase70% do recolhimento de impostos, e

Sindireceita defende mudanças na fusão dos Fiscos em audiência pública

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““““““““““o contribuinte tambémo contribuinte tambémo contribuinte tambémo contribuinte tambémo contribuinte tambémconvive com a demoraconvive com a demoraconvive com a demoraconvive com a demoraconvive com a demora

na análise de processos,na análise de processos,na análise de processos,na análise de processos,na análise de processos,filas no atendimento,filas no atendimento,filas no atendimento,filas no atendimento,filas no atendimento,problemas que nãoproblemas que nãoproblemas que nãoproblemas que nãoproblemas que não

estão sendo discutidosestão sendo discutidosestão sendo discutidosestão sendo discutidosestão sendo discutidosdurante a tramitação dadurante a tramitação dadurante a tramitação dadurante a tramitação dadurante a tramitação da

propostapropostapropostapropostapropostaPaulo Antenor30

que atuará de forma integrada. Apoi-amos o fortalecimento da fiscaliza-ção e do Estado, mas tudo isso deveser voltado para beneficiar o contri-buinte. Temos que reduzir a burocra-cia que existe hoje. Entendemos quea unificação desses dois órgãos vaifacilitar e muito a vida do contribuin-te”, afirma o presidente doSindireceita.

Ele lembrou também que algunspontos do PLC 020, em tramitaçãono Senado, geram preocupação,como por exemplo, a falta de solu-ção para os problemas existentes hojena malha fiscal pessoa física. Segun-do Antenor, o contribuinte tambémconvive com a demora naanálise de processos, filasno atendimento, problemasque não estão sendo discu-tidos durante a tramitação daproposta. O presidente doSindireceita ressalta quehoje na Secretaria da Recei-ta Federal (SRF), do total de7.696 mil fiscais, apenas1.645, ou seja, cerca de 20%estão efetivamente atuandona fiscalização. “Essa par-ticipação na Previdênciachega a 50% dos fiscais.Essas são questões que nãoestão sendo discutidas, mas que de-veriam ser melhor analisadas nestemomento e que tem uma relação di-reta com as atribuições dos servido-res”, diz Antenor aos senadores pre-sentes na Comissão de AssuntosEconômicos.

PrejuízosO presidente do Sindireceita enu-

merou os problemas contidos na pro-posta. Segundo ele, o texto do PL li-mita a participação dos TRF na aná-lise de processos fiscais, o que tornaainda mais lenta a avaliação de soli-citações dos contribuintes. O PL tam-

bém não deixa claro a incumbênciade orientação e atendimento ao con-tribuinte, ao dizer apenas que é umaatividade privativa do fiscal. O pontocrítico, neste caso, de acordo comAntenor é que em mais de 90% dasagências da Receita Federal não háfiscais trabalhando e, portanto, casoseja mantido como está hoje, não ha-verá quem faça a orientação. Por fim,Antenor destaca que o texto retiraos Técnicos da análise de processode restituição e compensação. “Naverdade, a proposta não resolve osconflitos de competência dentro daReceita Federal e tende a agravá-losno novo órgão”, afirma.

Pontos que poderiam avançarAntenor também apresentou algu-

mas propostas de melhoria ao proje-to. De acordo com ele, os Técnicostrabalharam até 1999 na malha fis-cal pessoa física, mas foram retira-dos. Em sua avaliação, seria possí-vel avançar neste ponto, e assim di-minuir o tempo de espera do contri-buinte. O presidente do Sindireceitadefende a manutenção dos Técnicosna fiscalização aduaneira, já que hámais de 20 anos a categoria trabalhano setor. “Não tiramos o mérito dosfiscais da previdência. Dentro do pro-

jeto atual, eles poderão atuar nessesetor, mas o Técnicos que têm expe-riência nessa área foram excluídos.Não temos essa incumbência reco-nhecida na lei, mas fazemos issohoje”, ressalta.

Super-Receita vem sendocogitada desde 1999

“As atribuições privativas ficampara os auditores, os técnicos prepa-ram e complementam e as demais sãoatividades de apoio”. A afirmação édo secretário da Receita Federal,Jorge Rachid, que resumiu comodeve ser a organização funcional da

Secretaria da Receita Fe-deral do Brasil durante a au-diência pública realizada noSenado Federal, emBrasília. Por mais de trêshoras, senadores ouviramexplicações e discutiram naComissão de Assuntos Eco-nômicos (CAE) a propostade criação da Receita Fe-deral do Brasil contida noPLC 020/06.

Em resposta aquestionamentos do sena-dor Jefferson Peres (PDT-

AM), Jorge Rachid afirmou que foiuma decisão do Governo usar medi-da provisória - e não um projeto delei - para unificar as Secretaria daReceita Federal e da ReceitaPrevidenciária. Como a MP não foivotada a tempo, perdeu o valor legal.De acordo com o secretário, a unifi-cação vem sendo cogitada desde1999 e o objetivo, em 2005, foiimplementar a mudança o mais rápi-do possível para garantir maior efici-ência e eficácia no trabalho dos doisórgãos.

Segundo a secretária da ReceitaPrevidenciária, Liêda Amaral de Sou-za, unificações nesse estilo já foram

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feitas em vários países sempre comganho de eficiência. Durante os trêsmeses em que os órgãos atuaram jun-tos houve uma maior eficácia no tra-balho. A secretária destacou que aunificação evita que tanto os fiscaisda Receita quanto os da Previdênciafaçam auditoria em uma mesma em-presa e peçam os mesmos documen-tos.

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) aproveitou a audiência paraanunciar que, futuramente, apresen-tará uma série de emendas ao PLC20/06. Entre elas, destaca-se a quecria a figura do “avaliador tributário”,a quem caberia detectar eventuaisabusos ou erros cometidos pelo Go-verno com relação ao contribuinte.Segundo Jereissati, o avaliador tribu-tário seria indicado pelo Senado commandato previamente determinado.Quem gostou da idéia de se ter umavaliador tributário foi o secretário daReceita Federal, que manifestou, in-teresse pela proposta do senador,mas pediu maiores detalhes sobre oconteúdo da emenda. De acordo comele, já existe um projeto-piloto emandamento na Receita que permiteao contribuinte acompanhar integral-

mente o seu respectivo litígio com aFazenda Nacional. Para Rachid, oprojeto da Super-Receita, que englo-ba as Receitas Federal ePrevidenciária, tem por meta organi-zar a Administração Tributária Fede-ral.

Everardo Maciel defende afusão do fisco

O ex-secretário da Receita Fede-ral, Everardo Maciel, também é a fa-vor da criação da Receita Federal doBrasil. Durante a segunda audiênciapública realizada pela Comissão deAssuntos Econômicos do Senado, eledefendeu a aprovação do PLC 020/2006. Para Maciel, a propostareestruturará toda a AdministraçãoFazendária brasileira. Em sua apre-sentação, ele rebateu as críticas apre-sentadas ao projeto pelo ex-secretá-rio Osíris Lopes Filho que tambémparticipou da audiência.

Segundo Everardo Maciel, o proje-to reproduz a tradição inovadora ecriativa da Administração Tributáriabrasileira. Ele lembrou que desde osanos 60, apesar de todas as dificul-dades, foram adotadas medidas no

Brasil que mais tarde serviram demodelo para outros países mais de-senvolvidos. Como exemplo ele ci-tou a fusão da administração adua-neira com tributos internos feita deforma pioneira pelo Brasil em 1968.“Naquele momento, o Brasil cuidoude homenagear o princípio da efici-ência. Nos antecipamos numa medi-da, que depois foi seguida por inú-meras nações”, acrescentou. Macieltambém citou exemplos de países doleste europeu que também estão pro-movendo a fusão dos fiscos como aEuropa e a França. De acordo comele, isso é uma tendência em todo omundo, e mesmo o Canadá, que reti-rou a administração aduaneira dessemodelo, tomou a medida por pressãodos Estados Unidos, que cobraramuma administração aduaneira espe-cífica, dirigida sobretudo para a ques-tão da segurança, após os atentadosde 11 de setembro. “Se há algo ine-quívoco, uma tendência clara em re-lação a todas as administrações tri-butárias do mundo, é a tentativa defazer, o tanto quanto possível, umaadministração integrada, privilegian-do a eficiência”, disse.

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Uma nova reforma da previdência começa a ser discutida nos meios políticos e em-

presariais, às vésperas de mais umprocesso eleitoral. Um debate quedespreza os interesses e as necessi-dades de aproximadamente 40 mi-lhões de pessoas dependentes do sis-tema previdenciário nacional. Napauta dos debates, o interes-se passa, quase que exclu-sivamente, pela necessidadede redução do chamado “dé-ficit previdenciário”, aponta-do por muitos como um dosmaiores problemas do setorpúblico. Mas há quem dis-corde desse entendimento.

Para analisar de perto essasituação, a professora doInstituto de Economia daUniversidade Federal do Riode Janeiro (UFRJ) DeniseGentil, que finaliza sua tesede doutorado sobre o tema,se debruçou sobre os dados da Pre-vidência Social e afirma que por trásda chamada “crise da previdência”existem fortes interesses econômi-cos. Ela diz que o déficit, na verda-de, não passa de manipulação esta-tística do Governo. “Esse debate hojepassa longe da seguridade social”,acrescenta.

Segundo a pesquisadora, os dadosdo Ministério da Previdência Socialrevelam uma grave distorção na for-ma de calcular o financiamento daPrevidência. Em sua pesquisa, De-nise Gentil mostra que a soma dosrecursos do saldo previdenciário nãoinclui todas as receitas que contribu-

em para a totalidade do financiamen-to. De acordo com ela, o saldo só énegativo porque leva em considera-ção apenas as receitas de contribui-ção ao INSS do empregador e dostrabalhadores. Mas, na verdade, aconta deveria incluir no resultado fi-nal a soma das receitas da CPMF,CSLL e COFINS, que, se fossem le-

vadas em consideração, gerariam umsuperávit de R$ 8,2 bilhões na Previ-dência. “Os recursos da Previdênciaestão sendo retirados e aplicados noorçamento da União, que está legal-mente autorizada a retirar 20% dosimpostos e das contribuições daseguridade social para aplicar livre-mente em qualquer tipo de despesa.Não é difícil perceber que esse dis-curso de falência faz parte de umaretórica que pretende destinar umafatia cada vez maior do orçamentopúblico para fora da seguridade so-cial”, ressalta.

Todo o discurso do déficit da previ-dência pública, segundo Denise Gen-

til, está ligado ao interesse dessesgrupos econômicos na privatizaçãodo sistema, o que poderia liberar re-cursos públicos vinculados hoje agastos sociais. “A idéia de que há umdéficit é tão massacrante na mídia,que aqueles que defendem uma re-forma na Previdência propõem umareforma baseada no desmonte de di-

reitos. A dívida do Governocom a classe trabalhadorafoi esquecida”, critica.

Em entrevista à Tributus,a pesquisadora da UFRJfala do seu estudo sobre osistema previdenciário e dasuposta crise que está afe-tando a Previdência Soci-al.

TRIBUTU$ - A senhoraconcluiu um estudo sobre osistema previdenciário na-cional. Quais foram as prin-cipais conclusões? O que

motivou essa pesquisa e o que maisa surpreendeu durante o trabalho?

Denise Gentil - Escrevi um artigono ano passado e agora estou emfase de conclusão de minha tese dedoutorado sobre esse tema daseguridade social. Nos dois trabalhos,fiz uma análise da situação financei-ra da seguridade social e, particular-mente, do Regime Geral de Previdên-cia Social (RGPS). O que mais memotiva a realizar este tipo de estudoé a grande importância que tem o sis-tema de seguridade brasileiro comobase de um sistema de proteção so-cial, com amplo potencial para trans-formar-se num sistema verdadeira-

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““““““““““Qualquer política deQualquer política deQualquer política deQualquer política deQualquer política de

redistribuição de rendaredistribuição de rendaredistribuição de rendaredistribuição de rendaredistribuição de rendae de combate a pobrezae de combate a pobrezae de combate a pobrezae de combate a pobrezae de combate a pobrezaem nosso País tem queem nosso País tem queem nosso País tem queem nosso País tem queem nosso País tem que

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melhoria do sistema demelhoria do sistema demelhoria do sistema demelhoria do sistema demelhoria do sistema deseguridade socialseguridade socialseguridade socialseguridade socialseguridade social

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mente universal e redistributivo. Estesistema foi um marco histórico nasconquistas por direitos sociais quevieram após o regime militar, impul-sionados na luta pelorestabelecimento da democracia.Naquele instante, houve ainstitucionalização de um pacto soci-al que implicou na acentuada partici-pação do Estado na promoção debenefícios sociais de forma a propor-cionar padrões de vida mínimos àpopulação. Qualquer política deredistribuição de renda e de comba-te a pobreza em nosso País tem quepassar pelo fortalecimento e melhoriado sistema de seguridade social.

Em minhas pesquisas chego à con-clusão de que este sistema deseguridade social brasileiro, compostopelos setores de saúde, assistênciasocial e previdência social, é um sis-tema financeiramente sustentável.Mas não apenas isso. Concluo aindaque o RGPS é também financeira-mente sustentável, o que contraria oque tem sido dito ao longo dos anos àpopulação, que se habituou a ouvirque há uma grande crise nesses sis-temas e que a baixa qualidade dosserviços está associada à carência derecursos para atender essas áreas.O sistema de seguridade social estáapoiado em receitas de contribui-ções definidas pela ConstituiçãoFederal de 1988 que têm cres-cido satisfatoriamente nos úl-timos anos, o que permitiu aosistema não apenas cobrirsuas despesas (que tam-bém foram crescen-tes), mas ainda ge-rar um superávitde magnitudeconsiderável.Este superávitque precisariaser investido naampliação do aten-dimento e em melhorias dosistema tem sido, entretanto, empre-gado em outros fins, em outras des-

pesas do orçamento fiscal da União,escolhidas por critérios e decisões doGoverno. Meus cálculos são de que,em 2004, a seguridade social gerouum superávit superior a R$ 45 bi-lhões. Uma segunda conclusão queconsidero da maior importância é queo Governo retira recursos daseguridade social para além do quefoi legalmente autorizado a fazê-lopelo mecanismo da Desvinculaçãodas Receitas da União (DRU). Estemecanismo autoriza o Governo adesvincular apenas 20% das re-ceitas de contribuições so-ciais para usar em outrosgastos. Mas há pelomenos cinco anos, oque está ocorrendoé o destino de maisdo que os 20% le-galmente permiti-dos para despesasque o Governoescolhe reali-zar a seu crité-rio. Pelos da-dos levantados,e pela

metodologia que adotei em meu tra-balho, concluo que o Governo empre-gou no ano de 2004 mais de R$ 20bilhões fora do orçamento daseguridade social, portanto, de formacontrária ao que determina a Consti-tuição Federal, que vincula expres-samente determinadas receitas decontribuições sociais aos gastos emsaúde, assistência social e previdên-cia. Logo, não há crise financeira nosistema de seguridade social e, porconseqüência, também não há nenhu-

ma catástrofe financeiraameaçando o

RGPS.

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3434

TRIBUTU$ - É possível determi-nar quando a Previdência Social pas-sou a ser “um problema” para as fi-nanças públicas e, principalmente, oque gerou a “dita” crise?

Denise Gentil - Por razões de or-dem política e também por desconhe-cimento do sistema que havia sidocriado através da Constituição de1988, a seguridade social passou aser um problema logo no ano seguin-te em que foi criada. O sistema pas-sou a ser esfacelado, aviltado na suaconcepção. Aos poucos, a noção deseguridade foi sendo substituída pelanoção de seguro, o que é um retro-cesso gigantesco dadas as nossascondições de desigualdadesocial e de pobreza. Mas,quero dizer clara e expres-samente que não concordoque a seguridade tenha sido,em algum momento, um pro-blema para as finanças pú-blicas do país. A ortodoxiaque reinou nas décadas de80 e 90 na política econômi-ca nacional (e que ainda do-mina esse espaço públiconeste início de século) inter-pretava que o déficit públi-co era a causa da inflação.Mas os anos 90 e pós-PlanoReal são o contra-exemplodessa tese. A inflação caiu, ficou es-tável em níveis relativamente baixose, no entanto, o déficit nominal bateunos 8% do PIB em 1998. Já está fi-cando bastante óbvio para a opiniãopública de que o déficit público bra-sileiro tem sua causa naselevadíssimas taxas de juros e que,portanto, é a política monetária queprejudica a gestão do orçamento pú-blico e não o contrário.

Feita essa ressalva importantíssima,é preciso acrescentar que, pela aná-lise do fluxo de caixa do INSS é pos-

sível constatar que ali há duas infor-mações relevantes: uma é a do saldoprevidenciário e a outra é a do saldooperacional da Previdência. O quetenho feito ultimamente é chamaratenção para o fato de que, o que fi-cou conhecido como déficit da Pre-vidência é, na verdade, o saldoprevidenciário negativo, ou seja, o re-sultado obtido da soma das receitasde contribuições ao INSS dos empre-gadores e trabalhadores, deduzidados benefícios previdenciários. Divul-ga-se, por exemplo, com base nessecritério, que o déficit previdenciário,em 2004, foi de R$ 32 bilhões e em2005, de R$ 37 bilhões. Entretanto,este cálculo não pode levar a con-

clusões definitivas sobre o sistemaprevidenciário. O tal saldoprevidenciário negativo deixa de com-putar recursos significativos prove-nientes da COFINS, CPMF e Con-tribuição Social sobre o Lucro Líqui-do, que são receitas do sistema e que,inclusive, estão demonstradas no flu-xo de caixa do INSS. Se for compu-tada a totalidade de recursos da Pre-vidência e deduzida a despesa total,inclusive os gastos administrativoscom pessoal e custeio, bem como ou-tros gastos assistenciais, o resultadoapurado será um superávit

operacional de R$ 8,26 bilhões em2004 e um superávit de R$ 921 mi-lhões em 2005.

TRIBUTU$ - O que há de verda-de na tão discutida crise da Previ-dência? Existem interesses poucoclaros nesse debate?

Denise Gentil - Não defendo a idéiade que há crise na Previdência Soci-al. Não faltam recursos para o siste-ma, muito pelo contrário. Entretanto,a constatação de que o RGPS é fi-nanceiramente solvente não impedeque se apontem limitações, falhas es-pecíficas e deformações que o siste-ma possui e que podem ser

corrigidas. É possível fazer,além da crítica externa,também uma crítica pordentro do sistema a partirda sua estrutura de contri-buições e concessão debenefícios, e analisar as re-formas recentes do sistema.Mas, preliminarmente, épreciso mencionar que nãohá uma só direção para aelaboração de uma respos-ta a esse tema. As análisesdas distorções presentes nosistema de Previdência So-cial estão influenciadas pe-

las perspectivas política e teórica di-ferenciadas acerca da importância edo significado de um sistema de Pre-vidência Social no mundo capitalista.Normalmente, as críticas internas aosistema são feitas com o objetivo deapontar as falhas existentes (muitasdelas falsas) que são responsáveispelo significativo peso fiscal do sis-tema previdenciário público em regi-me de repartição. O diagnóstico já éfeito com a intenção de demonstrarque os gastos são excessivos. Porconseqüência, as metas propostaspara a transformação do sistema vi-

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““““““““““ Há, portanto, umaHá, portanto, umaHá, portanto, umaHá, portanto, umaHá, portanto, uma

interpretação queinterpretação queinterpretação queinterpretação queinterpretação queconsidero enviesadaconsidero enviesadaconsidero enviesadaconsidero enviesadaconsidero enviesadaporque mostra umaporque mostra umaporque mostra umaporque mostra umaporque mostra uma

situação de crise e desituação de crise e desituação de crise e desituação de crise e desituação de crise e deurgência de reformas numurgência de reformas numurgência de reformas numurgência de reformas numurgência de reformas num

setor em que hásetor em que hásetor em que hásetor em que hásetor em que háuma situaçãouma situaçãouma situaçãouma situaçãouma situação

muito boa do ponto demuito boa do ponto demuito boa do ponto demuito boa do ponto demuito boa do ponto devista financeirovista financeirovista financeirovista financeirovista financeiro

34

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3535

sam reduzir o peso fiscal do sistemaprevidenciário público em repartiçãoe ampliar a acumulação de recursosfinanceiros nos esquemas privadoscomplementares de capitalização.Deseja-se, segundo os defensoresdesta perspectiva, trocar déficit pú-blico por poupança privada e diversi-ficação do mercado de capitais, quesupostamente seriam capazes de pro-mover o crescimento econômico, oque é uma idéia muito polêmica e semgrandes comprovações no mundoreal. Entretanto, qualquer que seja ajustificativa dada, o certo é que aspropostas de reformulação do siste-ma implicam em aumentar a partici-pação do setor privado através daacumulação de recursos nos fundosde pensão complementar e reduzirrelativamente o que é pago pelo se-tor público. As críticas ao sistema pú-blico, normalmente, não apontam nadireção de buscar aumentar a sua ca-pacidade de gerar uma rede de pro-teção social maior para toda a popu-lação. Este seria o caminho do pen-samento e da investigação se o diag-nóstico fosse feito levando-se em con-sideração a necessidade de interven-ção do Estado num país com eleva-do número de pessoas em condiçõesde pobreza e com grandes desníveissociais.

TRIBUTU$ - Até onde a crise éestrutural? E o debate político, ondecomeça? Falando em política, existeum movimento crescendo em váriossetores de que é preciso fazer umanova reforma da previdência. É pos-sível prever o que mais vem por aí?Qual será o futuro do sistemaprevidenciário brasileiro?

Denise Gentil - O atual ministro daPrevidência já declarou que não achanecessário fazer uma nova reformada Previdência e que os ajustes in-ternos estão sendo feitos e estão ge-rando bons resultados em termos de

redução de custos e aumento de ar-recadação. Ao assumir, o ministro daFazenda, Guido Mantega, tambémdisse que o sistema não precisa denenhuma reforma neste momento eque ainda está sob o efeito das duasúltimas grandes reformas que foramfeitas: uma no governo FHC e outrano regime próprio dos servidores pú-blicos no Governo Lula. Ou seja, pa-rece já existir um certo consenso deque essa crise alarmante não é bemassim tão grave e que, por enquanto,tudo ficará como está. O GovernoLula tem promovido algumas mudan-ças na estrutura interna da Previdên-cia, como por exemplo, a fusão daSecretaria da Receita Previdenciáriacom a Receita Federal. Foi feito orecadastramento dos beneficiários,há um esforço concreto para a co-brança da dívida ativa, embora muitoainda possa ser feito nesse sentido.Essas medidas podem trazer bons im-

pactos imediatos para a Previdência.

Para o futuro, eu diria que um dosprincipais ajustes internos que preci-sam ser feitos – para ficar apenasem um – é corrigir a existência deregimes previdenciários diferenciadostratados no interior do sistema deseguridade social. A Constituição de1988 criou dois sistemas: um deles éo sistema de seguridade social uni-versal para todos os cidadãos, comorçamento próprio; o outro é um sis-tema especial para o funcionalismopúblico, não universal. São dois sis-temas distintos. A previdência públi-ca que funciona em regime de repar-tição é atribuição do INSS e perten-ce à seguridade social. Os ativos einativos do serviço público (da Câ-mara, do Senado, do Ministério Pú-blico etc.) devem ficar a cargo doorçamento fiscal administrado peloTesouro Nacional.

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Mais uma Comissão Parlamentar de Inquérito(CPI) foi encerrada em

março de 2006 na Câmara dos De-putados. A diferença é que, nessecaso, a divulgação do relatório finalgerou pouca polêmica e, apesar darelevância do tema, a repercussão foimínima fora do CongressoNacional e dos meios aca-dêmicos.

Ao contrário da CPI daPirataria,,a Comissão Parla-mentar que investigou aBiopirataria termina semprovocar reações na socie-dade, apesar de encerrar asinvestigações com a reco-mendação para que o Minis-tério Público investigue maisde 80 pessoas e empresassuspeitas de envolvimentoem crimes ambientais. O relatóriotambém sugere políticas públicas emudanças nas leis para coibir abiopirataria no Brasil que é, de acor-do com o relator da comissão, depu-tado federal Sarney Filho (PV-MA),“seguramente a atividade ilícita maisrentável do Brasil”.

O relatório final do deputado apon-ta para a necessidade de se realizarno País um amplo trabalho de inves-tigação e penalidades nas três áreasinvestigadas: comércio ilegal de ma-deira, tráfico de animais ebiopirataria. Para o relator não foi a

crise política que acabou o fuscandoo trabalho da Comissão. O deputadodiz que no caso da CPI da Piratariahavia o interesse das grandes empre-sas e dos grandes gruposmultinacionais em preservar a pro-priedade intelectual, enquanto que nocaso da CPI da Biopirataria existia

um interesse contrário. O deputadodiz que a disposição dos laboratóriosé que nada mude no Brasil. Nessecaso, ressalta Sarney Filho, a defesada propriedade intelectual e dos bensgenéticos pirateados é apenas doBrasil, enquanto que as empresas quese utilizam dessa prática queremmanter o modelo atual de exploraçãodo saber das populações tradicionaise dos recursos naturais sem a neces-sidade de negociar contrapartidas.“Aqui o Brasil é vítima e não o vilãoda história. São duas coisas comple-tamente diferentes”, diz o deputado,que falou nessa entrevista sobre o fim

da CPI da Biopirataria e da necessi-dade de se ampliar o conhecimentono Brasil sobre seu patrimônio gené-tico e sobre o conhecimento tradici-onal.

TRIBUTU$ - O que se espera apósa conclusão do relatório da CPI daBiopirataria?

Sarney Filho - O relató-rio se debruça sobre abiopirataria em três aspec-tos: extração ilegal de ma-deira, tráfico de animais sil-vestres e a biopiratariacomo sendo a apropriaçãode conhecimento ou de ma-terial genético de forma ir-regular. O relatório final trazuma série de recomenda-ções específicas e genéri-cas, sobre a legislação, ori-entação de instrumentos de

crédito, além de uma série de orien-tações.

TRIBUTU$ - A CPI conseguiudimensionar o prejuízo que abiopirataria gera?

Sarney Filho - Em termos de va-lores não foi possível, mas consegui-mos revelar que o tráfico de animaissilvestres envolve valores superioresa US$ 1 bilhão no Brasil. Esse tráfi-co de animais é a segunda maior ile-galidade cometida no País e só per-de para o tráfico de armas e drogas.

Na extração ilegal de madeiras é

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““““““““““ Acreditamos que aAcreditamos que aAcreditamos que aAcreditamos que aAcreditamos que abiopirataria ébiopirataria ébiopirataria ébiopirataria ébiopirataria é

seguramente aseguramente aseguramente aseguramente aseguramente aatividade ilícita maisatividade ilícita maisatividade ilícita maisatividade ilícita maisatividade ilícita mais

rentável do Brasil, querentável do Brasil, querentável do Brasil, querentável do Brasil, querentável do Brasil, quedeve envolver valoresdeve envolver valoresdeve envolver valoresdeve envolver valoresdeve envolver valores

astronômicosastronômicosastronômicosastronômicosastronômicos36

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difícil estimar, mas sabe-se que so-mente na Amazônia quase 80% damadeira é extraída de forma ilegal.Não é possível valorar, mas sabemosque a quantidade é enorme.

Acreditamos que a biopirataria éseguramente a atividade ilícita maisrentável do Brasil, que deve envol-ver valores astronômicos.

TRIBUTU$ - Hoje no Brasil exis-te um debate institucional sobre a pi-rataria, que resultou na criação de umconselho específico no Ministério daJustiça. O senhor acredita que faltaespaço no Governo e na sociedadepara discutir a biopirataria? Como osenhor avalia essa ausência de de-bate no Brasil, que é justamente opaís com a maior biodiversidade domundo?

Sarney Filho - Falta espaço noGoverno com certeza para esse de-bate. Tenho absoluta certeza queesse tema não recebe a atenção queprecisa e merece. O acesso irregu-lar ao patrimônio genético e o não re-conhecimento do saber das popula-ções tradicionais não são levados emconta. Isso não é uma prioridade do

Governo. Até hoje a Lei de Acessoaos Recursos é uma Medida Provi-sória, da época que eu ainda era mi-nistro. Isso já tem mais de cinco anose o texto não foi atualizado. Eu nãovejo o Governo tratar como priorida-de essa questão.

TRIBUTU$ - Essa falta de açãoestá relacionada a quais fatores emsua avaliação? Falta vontade políticaapenas?

Sarney Filho - O conhecimento danossa biodiversidade é fundamentalpara que se tenha a so-berania sobre ele.Hoje, não conhece-mos cerca de 70%da nossabiodiversidade.Alguns falamem 80%. Háprogramas queforam começa-dos, mas não ti-veram seqüência.Então é preciso

uma posição política para que se pos-sa primeiro, estender as redes de co-nhecimento.

Na parte legislativa é preciso atua-lizar a MP de Acesso ao PatrimônioGenético. É preciso fazer uma lei.Também é preciso estabelecer pena-lidades. Não existe enquadramentopenal para esse tipo de crime, issoprecisa ser visto. A coisa é muito frou-xa e esse enquadramento tem que sersobre a integridade de nossabiodiversidade. Esse é um interesse

estratégico, já que se tra-ta do uso e da con-

servação don o s s o

patrimônio

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genético.

A fiscalização e controle são muitodifíceis sobre a biopirataria. Agora, oque nos daria essa certeza é justa-mente o conhecimento. O Governodeveria fazer uma reavaliação daspatentes existentes. A fiscalizaçãoseria sobre as patentes internacionais.Isso não é difícil, temos que avaliarquais patentes estariam relacionadasa princípios ativos ligados a nossafauna e flora. Isso é fundamental.Também é preciso garantir aimplementação do Programa Brasi-

leiro de Ecolo-

gia Molecular para o Uso Sustentá-vel (Probem) e implementar o Cen-tro de Biotecnologia da Amazônia,para difundir o conhecimento sobrea nossa biodiversidade.

Existem outras ações mais pontu-ais como a celebração de convênioscom centros de ensino e pesquisa, queprecisam ser auditados com regula-ridade. O Governo também precisainvestir em programas de capacitaçãopara fiscais. No campo das mudan-ças na legislação é preciso garantirna Lei de Acesso aos Recursos Ge-néticos a participação de indígenas ede populações tradicionais no conse-

lho de representantes. Sa-bemos que também é

preciso aumentar osrecursos destina-dos às pesquisas

TRIBUTU$ - ACPI da Pirata-

ria conseguiucriar umamobilizaçãonacional so-bre o tema. O

Governo percebeu a necessidade deque era preciso tratar esse problemade forma mais enérgica, até porqueexistia uma pressão internacional so-bre a necessidade de se respeitar apropriedade intelectual. O senhoracredita que a CPI da Biopiratariaconseguirá resultados semelhantes?

Sarney Filho - Naquela CPI exis-tiram dois fatores que não existiramnessa. Primeiro, a pressão internaci-onal era a favor da CPI, agora é con-tra. Segundo, as próprias empresasprejudicadas tiveram interesse. Elasfaziam e davam dimensão àquelaCPI. Elas tinham interesses econô-micos. No nosso caso não. Aqui oBrasil é vítima e não o vilão da histó-ria. São duas coisas completamentediferentes.

TRIBUTU$ - Diante dessas cir-cunstâncias esse relatório não terá oimpacto da CPI da Pirataria.

Sarney Filho - Está longe de ter.Naquela, nós éramos os vilões, aquio Brasil é a principal vítima dabiopirataria. Na CPI da Pirataria ha-via o interesse das grandes empre-38

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sas e dos grandes gruposmultinacionais em preservara propriedade intelectual,enquanto que no caso daCPI da Biopirataria é ocontrário. Os grandes labo-ratórios têm interesse que nadaseja feito. Para eles, assim é melhor.

TRIBUTU$ - Essa situação exigedo Governo uma posição mais firma?

Sarney Filho - Essa tem que seruma política de Governo. Fica muitodifícil ampliar essa discussão no ima-ginário popular.

É muito difícil mostrar para a popu-lação os prejuízos gerados pelo trá-fico de material genético. É justamen-te nesses casos que o Brasil perde, emuito, em recursos e tecnologia. Comrelação ao tráfico de animais já háuma certa mobilização no País, as pes-soas se sensibilizam mais.

Mas o mesmo não ocorre com abiopirataria. Ela movimenta a maiorparte dos recursos e retira do Brasilo conhecimento tradicional, que podeser a saída para a produção de inú-meros remédios e produtos industri-alizados.

O conhecimento tradicional tem umvalor agregado enorme na pesquisa.Os índios tem conhecimentosmilenares sobre venenos de animais

e outras substâncias. Sem essesconhecimento, são necessários

anos e anos de pesquisa parase chegar a essa informa-ção. A indústria de cosmé-tico se utiliza disso.

Paulo Antenor

A nossa idéia é que o Brasil façauma pesquisa internacional, uma fis-calização sobre quais produtos danossa fauna e flora já estão sendousados ilegalmente. Temos que en-trar nos fóruns internacionais e pedirque o Brasil, como detentor dessa ma-téria prima e do conhecimento tradi-cional, seja ressarcido. Isso já estásendo discutido. Esse é um assuntode Governo, que precisa ser tratadocomo prioridade.

No plano internacional é precisoconhecer e avaliar as patentes. Na-cionalmente é preciso melhorar a le-gislação de acesso ao patrimônio ge-nético e também promover e fomen-tar as instituições nacionais para o co-nhecimento da nossa biodiversidade.Só o conhecimento é que vai nos tra-zer a soberania sobre esses recur-sos.

TRIBUTU$ - O senhor acreditaque a crise política e outras duas CPIspodem ter ofuscado os resultados daCPI da Biopirataria?

Sarney Filho - O problemamaior está no interesse. Na

verdade foi até bom esse clima todo,porque a CPI pode trabalhar bastan-te e de forma mais tranqüila.

TRIBUTU$ - O Sindireceita aca-ba de lançar uma campanha nacio-nal de combate à pirataria. A idéia éjustamente esclarecer o consumidorsobre o problema e destacar a im-portância de valorizar a propriedadeintelectual. O Senhor acredita queesse tipo de ação pode trazer novoselementos para esse debate?

Sarney Filho - Esse trabalho aju-da e muito. A conscientização é ocaminho, na medida em que você es-clarece que a destruição de um de-terminado ecossistema é extrema-mente nociva, porque impossibilita abioprospecção, desmata, retira amadeira, e nisso morrem inúmeros or-ganismos vivos e a vegetação asso-ciada. Nesse sentido, ao impedir odesmatamento ilegal estará ajudan-do a preservar a biodiversidade e ariqueza biogenética. Uma campanhade esclarecimento tem essa duplafunção.

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É fácil constatar, analisando superficialmente a História, oquanto as idéias verdadeira-

mente inovadoras, em qualquer ramodo conhecimento, costumam ser víti-mas de temores, resistências e pre-conceitos. Por mais geniais que pos-sam ser, seus criadores geralmentenão escapam à descrença ou até àopugnação, às vezes violenta. Olhan-

do especificamente para o Direito,são de se lembrar as pesadas críti-cas que atingiram o Código de Defe-sa do Consumidor, não só enquantotramitava, ainda como projeto de lei,mas também durante a fase da suaimplantação. Hoje, ainda que conti-nue despertando alguma oposição,encontra-se consagrado perante es-pecialistas e a opinião pública.

Com a apresentação ao Senado, em1999, do Projeto de Lei Complemen-tar n.º 646, o senador JorgeBornhausen (PFL-SC) propôs, aoCongresso Nacional e à sociedadebrasileira, a aprovação de um códigode direitos e garantias do cidadão noâmbito de suas relações tributáriascom o Estado (o chamado Código deDefesa do Contribuinte). Certamen-te, pode-se enxergá-lo, dentro de seucampo de aplicação, como de inspi-ração análoga à do Código de Defe-sa do Consumidor.

Porém, os avançados ideais do tex-to, concebido por um grupo de juris-tas de inquestionável reputação aca-dêmica, não foram, de pronto, bemrecebidos. Isso, embora a iniciativajá contasse com similares na Espanhae nos Estados Unidos, países em quea legislação que protege o contribu-inte foi codificada, e em outros nosquais leis esparsas perseguem o mes-mo objetivo, incluindo a França, aAustrália e o Canadá.

Hoje, é impossível não defender quea promulgação de um código de de-fesa do contribuinte, em virtude desua própria essência e de seus obje-tivos, impulsionaria um aumento daeficiência da máquina administrativa,respondendo à atual carência demaior agilidade. Além dos benefícioscitados, tais avanços trariam consi-go, é certo, maiores responsabilida-

Roberto Carlos

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des para gestores e servidores públi-cos.

Embora não declarados, supõe-seque foram temores relacionados aoaumento das exigências de desem-penho que acarretaram uma ojerizacorporativa ao projeto. Um movimen-to composto por entidades represen-tativas de servidores da área procu-rou barrar o andamento daquele,através de expedientes pautados pelaausência de tecnicidade e de isençãona abordagem ao assunto.

A alegação de que o projeto de leipropiciaria brechas para apostergação e a evasão do cumpri-mento de obrigações tributárias foiacompanhada de alcunhas pejorati-vas. Ora, se tais críticas fossem res-paldadas no bom-senso e em argu-mentos técnico-científicos, não have-ria razão para se defender o arqui-vamento da proposta. Bastaria dis-cutir alternativas de redação para queo texto melhor pudesse ser aplicadoe interpretado, o que incluiria a defi-nição de deveres do contribuinte. Defato, ao lado do resguardo dos direi-tos e garantias do contribuinte, deveestar a preocupação com a integri-dade do sistema tributário, uma vezque sua fragilização não implica au-mento da liberdade individual, mas,ao contrário, tende a acentuar a car-ga de impostos sobre todos.

Como requisito essencial para o su-cesso do código, por outro lado, asestruturas administrativas devem sercorretamente adequadas à nova re-alidade. De nada adiantará haver umcódigo moderno, que imponha a efi-ciência e celeridade de procedimen-tos e de sistemas, se as administra-

ções tributárias mantiverem os mes-mos modelos arcaicos existenteshoje.

No projeto, os servidores terão mai-ores responsabilidades funcionais, oque é salutar. Mas, os meios neces-sários à melhoria do atendimento têmde lhes estar disponíveis, para quenão venham a ser eventualmenteresponsabilizados por ineficiênciasadministrativas sobre as quais nãotêm ingerência. Em função dessapossibilidade, é preciso haver, tam-bém, mecanismos de proteção con-tra perseguições políticas ou assédi-os morais de gestores contra seussubalternos.

Através do debate desapaixonadoe técnico, o texto do projeto de leicomplementar apresentado pelo se-nador Bornhausen pode adquirir con-tornos mais consensuais para todosos interessados em sua discussão.Isso, certamente, viabilizará os apoi-os necessários à sua aprovação. Esseé o caminho adequado, se o que sedeseja é respeitar as exigências doprocesso democrático inerente aoEstado de Direito. É preciso comba-ter os preconceitos disseminados poraqueles que, nas discussões sobreesse projeto, são tão refratários àsinovações propostas quanto o foramos inquisidores de Galileu Galilei emrelação a suas descobertas.

Leandro Tripodi

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“Elogio ao Ócio”Projeto fotográfico do Técnico da Receita Federal de Campinas/SP Mauro Domingos da Silva. O trabalho

nasceu a partir da leitura do livro “O Elogio ao Ócio”, de Bertrand Russell, do filme “Janela da Alma”, deJoão Jardim e Walter Carvalho, e de alguns questionamentos sobre os avanços tecnológicos, os quais invaria-velmente parecem tornar o tempo cada vez mais escasso, onde quase tudo está ‘on line’ e/ou ‘full time’.

O TRF procurou fotografar cenas de pessoas utilizando o tempo “inutilmente”, sem a preocupação com arelação custo/benefício, se dedicando a atividades agradáveis e compensadoras. Nas fotos as pessoas usam otempo livre para atividades lúdicas e para reflexão, de forma prazerosa e ociosa.

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O Técnico da Receita Fede- ral Paulo Sérgio Buffon, chefe da Agência da Receita

Federal em Linhares/ES, ministrapalestras há três anos sobre o Im-posto de Renda Pessoa Física e so-bre a Estrutura Organizacional daReceita Federal para alunos do Cur-so de Contabilidade da Unilinhares,também conhecida como Faculdadede Ciências Aplicadas “Sagrado Co-ração”.

No último dia 16 de março, Buffonproferiu palestra aos alunos do 3°período do Curso de CiênciasContábeis com o objetivo de ressal-tar a importância do papel do conta-dor na administração das empresase as responsabilidades na conduçãoética do processo contábil. O Técni-co falou também sobre a estruturageral da Secretaria da Receita Fe-deral, as atribuições de cada ente e adestinação dos contribuintes por meiodas jurisdições. “Sou servidor públi-co e, dessa forma, procuro servir à

comunidade com eficácia e eficiên-cia”, destaca.

Professor há dez anos de cursospreparatórios de Vestibular, o traba-lho de Buffon surgiu com a idéia deaproximar os futuros profissionaiscom as instituições. Como as pales-tras são ministradas geralmente nosmeses de março e abril, época daentrega da Declaração de Impostode Renda Pessoa Física, o palestranteesclarece ainda as novidades de cadaano. “A receptividade dos alunos é amelhor possível, tanto que o trabalhocontinua e a solicitação é de que eleseja abrangido para outros tópicos”,afirma o Técnico.

De acordo com Buffon, o projetonão se restringe apenas às palestras.“A Unilinhares coloca à disposiçãoda comunidade linharense (alunos, fu-turos contadores) equipamentos paraconfecção e transmissão das decla-rações do Imposto de Renda PessoaFísica. Funciona como um plantãofiscal”. Nesses dias, geralmente nos

fins de semana, o Técnico presta tra-balho voluntário, esclarecendo asdúvidas de professores e alunos.Além disso, segundo Buffon, tambémé feito um trabalho na época da De-claração Anual de Isento, quando aUnilinhares disponibiliza à comunida-de, geralmente em locais de grandecirculação como os supermercados,equipamentos conectados ao sítio daSRF para transmissão das declara-ções. “Caso haja restrições, o con-tribuinte é imediatamente orientadoa nos procurar para esclarecermosas pendências”, esclarece.

Paulo Sérgio Buffon ingressou naSecretaria da Receita Federal em1995. Na época, como cursavamestrado em Automação Industrialna Universidade Federal do EspíritoSanto, Buffon iniciou sua carreira naDelegacia da Receita Federal emVitória/ES, onde permaneceu por umano. Em 1996, foi transferido para aARF/Linhares e pouco tempo depoisassumiu a chefia da Agência, postoque ocupa até hoje.

Sobre o trabalho na Agência da Re-ceita Federal Buffon afirma que, en-quanto nas Delegacias da ReceitaFederal os trabalhos sãodirecionados, nas Agências os funci-onários têm que conhecer todos osassuntos com certo grau de profun-didade e, por isso, surgem situaçõesdiversas. “Sempre ressalto que aSecretaria da Receita Federal seapresenta à sociedade principalmen-te pelas Agências. Atendemos des-de o contribuinte mais simples aogrande empresário e, se o serviço nãofor prestado satisfatoriamente, a ima-gem de toda a SRF fica prejudica-da”.

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