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USO DAS FIBRAS DE COCO NA BIOSSORÇÃO DE CHUMBO EM ÁGUAS
RESIDUÁRIAS INDUSTRIAIS
Introdução
Os resíduos sólidos gerados pelas atividades do homem causam grande impacto
ambiental e incomodo a sociedade em geral, devido aos vários prejuízos que podem
trazer. Esses resíduos geralmente são contaminados por metais que causam grave
intoxicação e podem até levar ao óbito. Entre esses metais destaca-se o chumbo, que
está presente nos efluentes, apesar de que “no Brasil, o Conselho Nacional do Meio
Ambiente estabelece para o chumbo concentrações máximas de 0.01 mg.L-1 em
efluentes de qualquer fonte poluidora”(MONTEIRO; BONIOLO; YAMAURA; 2009;
p.3)”. porem mesmo tendo concentrações pequenas com o tempo ele se acumula e traz
os ricos que qualquer metal pode trazer.
O chumbo é muito utilizado em baterias, por isso fazer a sua reciclagem é de suma
importacia, porque se descartada em aterros sanitários ela pode vir a contaminar o solo,
lençóis freáticos, rios e até as pessoas que estão presente no ambiente. A reciclagem da
bateria é tão grande que em alguns países chega a alcançar o índice de 100%
(MONTEIRO; BONIOLO; YAMAURA; 2009; p.3).
Não existem reservas desse metal em território nacional, por isso o Brasil importa o
chumbo refinado, o que tem um custo elevado, uma nova maneira de “adquirir” esse
metal pode vir através do processo de biossorção, que “é o processo de adsorção que se
refere à ligação passiva de íons metálicos por biomassa viva ou morta” (MONTEIRO;
BONIOLO; YAMAURA; 2009; p.4), esse processo é capaz de recuperar o material que
contamina o efluente, podendo ele ser utilizado novamente, o que se torna um grande
beneficio pois ele é um processo mais barato que o convencional para obtenção do
chumbo.
Entre as diversas matérias que podem ser classificadas como biossorventes, a casca de
coco verde é uma alternativa, pois o Brasil é um país que produz uma grande quantidade
de coco verde, em 2004 foi produzida uma quantidade de 1,9 bilhões de coco verde
ocupando o quarto lugar nos países produtores da fruta. Sua comercialização vem
aumentando muito tanto que o consumo de água de coco representa 1,4% do consumo
de bebidas no país (MONTEIRO; BONIOLO; YAMAURA; 2009), o que segundo
Monteiro; Boniolo; Yamaura (2009 apud PINO; 2005; p.4) “Este fato traz um sério
problema ambiental, pois cerca de 80 a 85% do peso bruto do coco verde representa
lixo”.
Esse rejeito é utilizado pra fabricação de artesanato, mas o consumo é pequeno, então a
maior parte vai para aterros sanitários causando um grande impacto, pois o volume é
muito grande e Monteiro; Boniolo; Yamaura (2009, p.5) afirmam que “este resíduo é
um material de difícil decomposição, levando mais de oito anos para sua completa
biodegradação”.
Para Monteiro; Boniolo; Yamaura (2009, p.5),
As indústrias para sua própria sobrevivência, têm procurado soluções
as mais diversas para seus problemas específicos. Portanto, a
utilização da casca do coco verde processada, além da importância
econômica e social, é importante sob o ponto de vista ambiental.
Objetivos
Avaliar a eficiência da casca de coco verde como biossorvente no processo de adsorção
de íons chumbo de efluentes, pois os processos de remoção de metais de efluentes
muitas vezes não são muito aplicáveis.
Para Pino; Torem (2011, p.58) No caso dos efluentes líquidos, os tratamentos convencionais
utilizados na remoção de metais pesados são a precipitação, a
coagulação, a redução, a troca iônica e a adsorção. No entanto, a
aplicação de tais processos é, em alguns casos, inadequada devido a
aspectos técnicos e econômicos. Alem disso o estudo é a fim de agregar valor econômico a esse rejeito e encontrar uma
aplicação que diminua os impactos de que ele causa ao ser descartado em aterros
sanitários.
Metodologia
Para produzir o material que seria utilizado como biossorvente bateu-se no
liquidificador o mesocarpo do coco verde com um pouco de água, em seguida lavou as
fibras três vezes com água e esperou que secasse em temperatura ambiente, em seguida
passou-as por um triturador e peneirou para que se obtivesse o pó da palha da coco
verde de 80 mesh.
Segundo Monteiro; Boniolo; Yamaura (2009, p.5),
As fibras de coco foram caracterizadas com relação à morfologia e à
estrutura química por espectroscopia na região de infravermelho e
microscopia eletrônica de varredura acoplada ao EDS (Energy
Dispersive System), respectivamente.
Para avaliar a capacidade de biossorção do material foi preparado em uma alíquota uma
solução nítrica de chumbo (com íons Pb2+) onde foi adicionado 0,050g de palha de
coco em frascos de 10 mL, que foram agitados, centrifugados e a solução final foi
separada por filtração, através do processo de espectroscopia atômica determinou a
quantidade de íons Pb2+ nas soluções finais e iniciais, o que possibilitou determinar a
quantidade de íons absorvida pela palha de coco (MONTEIRO; BONIOLO;
YAMAURA, 2009).
Algumas variáveis foram estudadas para uma melhor analise do experimento como a
influencia do pH, variação da dose e tempo de equilíbrio, através disso o potencial de
adsorção da palha de coco foi avaliado pela porcentagem de remoção de íons Pb2+.
Para Pino; Torem (2011, p.59),
Dados da literatura mostram que o pH é uma das variáveis mais
importantes no processo de remoção de metais pesados por biomassa,
visto que a especiação do metal na solução é dependente do pH, e a
carga dos sítios ativos na superfície pode mudar dependendo deste
valor.
Os modelos de isotermas que segundo Monteiro; Boniolo; Yamaura (2009, p.5),
“relacionam diretamente a concentração de adsorvato na fase liquida e quantidade
adsorvida, no equilíbrio, e descrevem teoricamente a homogeneidade ou a
heterogeneidade da superfície do absorvente.” também foram estudados juntamente com
a energia livre de Gibbs(∆G) que segundoMonteiro; Boniolo; Yamaura (2009, p.8) “é a
quantidade de energia capaz de realizar trabalho durante um reação a temperatura e
pressão constantes”.
A variação da energia livre Gibbs é importante no estudo de adsorção, pois através dela
podemos verificar se um a reação é espontânea ou não e também indicam se a adsorção
é de natureza química ou física.
Resultados e discussões
O coco verde como material absorvente tem grande potencial, por ser constituído
matéria orgânica principalmente por ligina e celulose, o espectro realizado na fibra do
coco mostra que bandas de absorção que correspondem ao grupo hidroxil (OH) presente
tanto na água como na estrutura química das fibras de coco, correspondem também ao
grupo dos alcanos (CH) e ao grupo dos alcoóis (OH) (MONTEIRO; BONIOLO;
YAMAURA, 2009).
O coco é uma matéria orgânica constituída principalmente por Carbono. Hidrogênio e
Oxigênio , mas também há Alumínio e Cloro em sua composição , ele é um material
fibroso q facilita a adsorção de Chumbo e como todo material biossorvente ele não
apresenta condutividade elétrica.
Durante todo o processo manteve-se a mesma concentração das soluções, porem variou-
se o pH, onde foi observado que com o aumento do pH a adsorção era favorecida.
Segundo Monteiro; Boniolo; Yamaura (2009, p.10)
Esse comportamento sugere a adsorção dos íons Pb2+ pelos grupos
hidroxila (-OH) e carbonila (C=O) presentes na estrutura química da
palha de coco. Em meio ácido, de pH baixo, os íons H+ competem
com os íons Pb2+ pelos grupos hidroxila e carbonila, de forma que a
adsorção é menor. Quanto maior o valor de pH menor a quantidade de
íon H+ na solução portanto menor competição com os íons Pb2+ pelo
OH e C=O aumentando a adsorção dos mesmos.
Foi observado também que quanto maior a dose de palha de coco maior a adsorção de
Pb, assim fixou-se um valor de 0,050g de palha de coco em 0,03L de solução,o que é
um valor significativo representando 90% de aproveitamento para uma solução de pH
igual a 5, o tempo para conseguir atingir o equilíbrio é a partir de 40 minutos, onde a
porcentagem de remoção torna-se constante esse estudo de tempo mostra que a cinética
de adsorção de é rápida.
As analises do modelo de isotermas de adsorção mostrou que o modelo de Langmuir
ajustou-se melhor ao processo de adsorção estudado.
Isso indica que há formação de uma monocamada de íons de
Pb2+ sobre a superfície sólida do biossorvente quando todos os
sítios são ocupados e que a energia de adsorção é igual em todos
os sítios. A capacidade máxima de adsorção foi de 10 mg de
chumbo por grama de palha de coco.( MONTEIRO; BONIOLO;
YAMAURA, 2009, p.12)
Efetuando o calculo do índice de energia livre Gibbs verificou-se que o processo é
espontâneo a temperatura de 25º C ± 3ºC.
Conclusão
Através dos estudos realizados pode-se concluir que a casca de coco verde pode ser
usada com material biossorvente, em pH maiores que 5 ela apresentou uma eficiência de
95% na adsorção de chumbo, tal adsorção demonstro ser realizada através dos sítios
ativos dos grupos de carbonila e hidroxila, a energia livre de Gibbs mostra que o
processo ocorre espontaneamente, a dose de chumbo adsorvida aumenta com o aumento
da dose, segundo o modelo de isoterma de Langmuir, que é o que mehor se relacionou
com o processo a capacidade de adsorção de Pb2+ é de 10 mg por grama de palha de
coco.
Isso demonstra que a casca de coco verde pode ser utilizada como biossorvente, pois
alem dos resultados comprovados pelo estudo ela é um rejeito que seria descartado sem
nenhuma aplicação e em grandes quantidades.
Referência:
PINO, Gabriela Huamán; TOREM, Mauricio Leonardo. Aspectos fundamentais da
biossorção de metais não ferrosos- estudo de caso.Rio de Janeiro,2011. Disponível em:<
http://www.abmbrasil.com.br/materias/download/1726375.pdf>. Acesso em 05 ago.
2011.
SOUZA, Francisco W, ET AL.... Uso da casca de coco verde como adsorbente na
remoção de metais tóxicos. Química nova, Fortaleza, v. 30, n, 5, p.1153-1157, 2007.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/qn/v30n5/a19v30n5.pdf>. Acesso em: 08
ago. 2011.
MONTEIRO, Raquel Almeida; BONIOLO, Milena Rodrigues; YAMAURA, Mitiko.
Uso das fibras de coco na biossorção de chumbo em águas residuárias industriais. São
Paulo, 2011. Disponível em:
<http://pintassilgo2.ipen.br/biblioteca/2009/eventos/14597.pdf>. Acesso em: 10 ago.
2011.