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1 RESUMO DO DOCUMENTO PREPARATÓRIO XV ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA SÍNODO DOS BISPOS Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil

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RESUMO DO DOCUMENTO PREPARATÓRIO

XV ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA SÍNODO DOS BISPOS

Província Franciscana daImaculada Conceição do Brasil

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Caro Jovem, Paz e bem!

Você está recebendo um resumo do Documento Preparatório do Sínodo (reunião, encontro) dos Bispos, que acontecerá em outubro de 2018, em Roma, na Itália. Nesse Sínodo, Bispos do mundo inteiro estarão reunidos para refletir sobre os jovens, a fé e o discernimento vocacional.

Assim, para que isso aconteça, esse Documento contém uma reflexão so-bre a realidade juvenil, bem como um pequeno questionário. Trata-se, portanto, da oportunidade de fazer chegar a sua voz e a voz do seu grupo até o Papa, que também participará desse Sínodo, refletindo acerca dos seus questionamentos e interrogações.

Desse modo, a pedido do Ministro Geral da Ordem dos Frades Meno-res, Frei Michael Perry, a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, através do Serviço de Animação Vocacional, quer propor para todos os jovens a seguinte tarefa:

1) Ler e discutir em grupo o Documento. Se não houver tempo de lê-lo todo, tome conhecimento ao menos desse resumo.

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2) Após a leitura e partilha, o seu grupo deverá responder o questionário que segue abaixo. Obs.: É importante que as respostas expressem a ideia geral do grupo e não apenas de um indivíduo.

Serviço de Animação Vocacional

quEStIONÁRIOa) Quais são os principais desafios e quais as oportunidades mais signifi-

cativas para os jovens de hoje?

b) O que os jovens esperam da Igreja hoje?

c) Como a Igreja pode chegar até os jovens que não a frequentam?

d) Infelizmente, muitos jovens deixam de participar da vida da Igreja após a crisma ou Primeira Comunhão. Que ações pastorais poderiam ser mais eficazes para os jovens prosseguirem em um caminho de fé?

e) De que forma nas suas Dioceses e também na Província Franciscana são promovidas experiências e caminhos de pastoral juvenil e vocacional?

f) Além das questões acima, haveria outra questão importante sobre a qual o Sínodo também deveria refletir?

Frei Diego Atalino de Melo Frei Gabriel Dellandrea

3) Você terá até o dia 1° de agosto para encaminhar pelo e-mail [email protected] as respostas do seu grupo aos cuidados de Frei Diego Melo ou Frei Gabriel Dellandrea, que irão elaborar um documento final em nome de todos os jovens da Província para ser encaminhado à Santa Sé.

Por fim, ressaltamos que o mais importante será o processo de discussão e reflexão que esse texto irá proporcionar, de modo que não se deve ficar tão pre-ocupado somente em responder às questões, mas em discuti-las e aproveitar para melhorar ainda mais a qualidade do seu grupo.

Qualquer dúvida, estaremos à disposição. Que Deus o abençoe e São Francisco o ilumine.

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INTRODUÇÃO“Eu disse-vos estas coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a vos-sa alegria seja completa” (Jo 15, 11): eis o projeto de Deus para os homens e as mulheres de todos os tempos e, portanto, também para todos os jo-vens e as jovens do terceiro milênio, sem excluir ninguém.

A Igreja, preocupada em realizar com zelo a sua missão de anunciadora da Boa Nova, decidiu interrogar-se sobre o modo de acompanhar os jovens no caminho de reconhecimento e aco-lhida ao chamado de amor de Jesus. Mais que isso, a Igreja quer colocar os jovens no centro deste processo, pe-dindo que a ajudemos a identificar as modalidades mais eficazes de evange-lização no mundo de hoje.

O objetivo do documento preparatório é oferecer um material para reflexão sobre os problemas enfrentados por muitos jovens no caminho de discerni-

mento vocacional, sendo aqui entendi-da como vocação não apenas o estado de vida (casamento, ministério orde-nado, vida consagrada), mas sim a vo-cação universal ao amor e à santidade. As dificuldades encontradas por jovens do mundo todo na escolha da profis-são, das modalidades de compromisso social e político, do estilo de vida, da gestão do tempo e do dinheiro são diferentes em cada região do mundo, embora haja a globalização. A finalida-de do discernimento vocacional con-siste em descobrir como transformar estas escolhas, à luz da fé, em passos rumo à plenitude da alegria à qual to-dos nós somos chamados.

Este documento encontra-se aqui re-sumido livremente, sendo apresenta-das suas ideias principais para facilitar o nosso caminho de reflexão, mas pode ser lido na integra no site do Vaticano, ou na página da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil pelo link http://www.francis-canos.org.br/?p=125262.

Os jovens, a fé e o discernimento vocacional

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Como inspiração para este nosso per-curso de discernimento, a Igreja suge-re o modelo do apóstolo João. Sen-do o apóstolo mais jovem de Jesus, soube seguir o Mestre deixando tudo para trás. Criou intimidade com Ele, o acompanhou até aos pés da cruz onde lhe foi confiada a responsabilidade de cuidar de Maria. Reconheceu também Jesus ressuscitado e deu testemunho disso diante da comunidade. Por isso é conhecido como o discípulo amado.

A figura de João pode ajudar-nos a compreender a experiência vocacio-nal como um progressivo processo de discernimento interior e de amadure-cimento da fé, que leva a descobrir a alegria do amor e a vida em plenitu-de no dom de si e na participação no anúncio da Boa Notícia. Para isso, fica sugerida a leitura de João 1, 36-39.

O percurso deste caminho de reflexão será através de três tópicos que serão expostos como sugestão para refle-xão, e podem ser lidos em grupo.

IOS JOVENS

NO MUNDO DE HOJENeste tópico não vamos ver uma aná-lise completa da sociedade e do mun-do juvenil, mas o resultado de algumas sondagens em âmbito social, muito úteis para o tema do discernimento vo-

cacional. Mesmo havendo tendências globais muito fortes, ainda predominam diferenças significativas entre a vida de jovens de diversas regiões do planeta. A primeira diferença a ser destacada é a de países em crescimento populacional em que os jovens são maioria, daqueles países onde a população jovem decres-ce. Outra diferença apresentada é a que separa os países de tradição cristã con-solidada, portadores de uma memória que não pode ser perdida, daqueles pa-íses em que, ao contrário, o cristianismo é uma presença recente e minoritária. É proposta também uma reflexão sobre as diferenças entre os gêneros masculi-no e feminino, que por um lado deter-mina uma sensibilidade diferente, mas por é origem de formas de domínio, ex-clusão e discriminação.

A velocidade dos processos de mudan-ça é uma das maiores características do mundo atual. Temos vivenciado nos últimos anos as crises econômicas e políticas que assolam muitos países, os problemas ambientais e a questão da migração e dos refugiados por exem-plo. Existe uma busca frenética pelo lu-cro rápido, favorecendo a exploração e perpetuando a cultura do descartável.

No que diz respeito ao mundo do tra-balho, podemos pensar nos fenôme-nos do desemprego, do aumento da exploração, sobretudo de menores, ou então no conjunto de causas políticas, econômicas, sociais e até ambientais, que explicam o aumento exponencial

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do número de refugiados e migrantes. Diante de poucos privilegiados que po-dem se beneficiar das oportunidades oferecidas pela globalização econômi-ca, muitos jovens vivem em situações de vulnerabilidade e de insegurança, o que compromete os seus itinerários de vida e as suas escolhas.

Em muitas partes do mundo, os jovens experimentam condições particular-mente árduas, em cujo âmbito se torna difícil criar o espaço para escolhas de vida autênticas, na ausência de margens até mínimas de exercício da liberdade. Pensemos nos jovens em situações de pobreza e exclusão; naqueles que cres-cem sem pais nem família, ou então em quantos não têm a possibilidade de ir à escola; nas crianças e nos meninos de rua de numerosas periferias; nos jovens desempregados, deslocados e migran-tes; naqueles que são vítimas de explo-ração, tráfico e escravidão; nas crianças e nos adolescentes recrutados à força em grupos criminosos ou milícias irregulares; nas noivas-crianças ou nas jovens obriga-das a casar contra a sua própria vontade; as crianças vítimas de exploração sexual. No mundo muitas pessoas passam dire-tamente da infância para a idade adulta e para uma carga de responsabilidades que não puderam escolher.

Dentre as características captadas dos jovens através de estudos, é destaca-da a participação e o sentimento de pertença: Os jovens não se sentem como uma categoria desfavorecida,

nem sequer como destinatários passi-vos de programas pastorais ou de es-colhas políticas. Muitos desejam ser parte ativa dos processos de mudança do presente como protagonistas prin-cipais, embora não únicos.

Também é destacado o relacionamen-to dos jovens com suas figuras de refe-rência. O papel dos pais e das famílias permanece crucial e às vezes proble-mático. Com frequência, as gerações mais maduras tendem a subestimar as potencialidades dos mais jovens, pon-do em evidência as suas fragilidades. As duas reações mais comuns são a renúncia a fazer-se ouvir e a imposição das próprias escolhas. Pais ausentes ou superprotetores tornam os filhos mais frágeis e tendem a subestimar os riscos ou a ser obcecados pelo medo de co-meter erros. Nesse contexto, os jovens são impelidos a fazer as escolhas que satisfaçam aos pais, ou pela ausência de orientação não conseguem reco-nhecer o caminho a escolher.

A respeito das instituições, como a Igreja, alguns jovens gostariam que ela estivesse mais próxima do povo e fosse mais atenta aos problemas so-ciais, mas não têm a certeza de que isto acontecerá de forma imediata. Tudo isto se verifica num contexto em que a prática religiosa se torna cada vez mais característica de uma mi-noria, e os jovens não se posicionam “contra”, mas aprendem a viver “sem” o Deus apresentado pelo Evangelho e

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“sem” a Igreja, confiando ao contrário em formas de religiosidade e espiritu-alidade alternativas.

As tecnologias da comunicação e o “mundo virtual” são mencionados como fonte de grandes oportunidades aos jovens, que as gerações anteriores não tinham, mas que também trazem muitos riscos. Mas é justamente nes-se campo que a ação pastoral tem a necessidade de desenvolver uma cul-tura adequada.

Nesse contexto de incertezas e mudan-ças, as pessoas tendem a não tomar escolhas definitivas. Não se aceita que construir um percurso de vida pessoal significa renunciar a trilhar caminhos diferentes no futuro: “Hoje escolho este, amanhã veremos”. Tanto nas re-lações afetivas como no mundo do tra-balho, o horizonte compõe-se mais de opções sempre reversíveis do que de escolhas definitivas.

A capacidade que os jovens têm de escolher é impedida por dificuldades ligadas à condição de precariedade: a luta para encontrar um trabalho ou a falta dramática do mesmo; os obstá-culos na construção de uma autono-mia econômica; a impossibilidade de estabilizar o próprio percurso profis-sional. Normalmente, para as mulhe-res jovens, estes obstáculos são ainda mais árduos de superar. As dúvidas em relação à escolha da profissão ficam mais latentes. Muitos jovens acabam se preocupando em atender a uma

demanda de mercado, visando obter sucesso financeiro, e deixam de lado aquilo à que realmente são chamados a fazer. Dessa forma, sofrem por não se realizarem plenamente.

Nesse cenário é urgente promover as capacidades pessoais, colocando-as ao serviço de um projeto de crescimento comum. Os jovens apreciam a possibi-lidade de combinar a ação em projetos concretos, nos quais medir a própria capacidade de alcançar resultados, o exercício de um protagonismo desti-nado a melhorar o contexto em que vivem, a oportunidade de adquirir e aprimorar em campo competências úteis para a vida e o trabalho. É signi-ficativo que exatamente os jovens – frequentemente taxados pelo estereó-tipo da passividade e da inexperiência – proponham e pratiquem alternativas que mostrem como o mundo ou a Igreja poderiam ser. Se quisermos que aconteça algo de novo na sociedade ou na comunidade cristã, devemos deixar espaço a fim de que pessoas mais jo-vens possam agir.

IIFÉ, DISCERNIMENTO,

VOCAÇÃOAtravés do percurso deste Sínodo, a Igreja quer reiterar o seu desejo de en-contrar, acompanhar e cuidar de cada jovem, sem exceção. Oferecer aos ou-

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tros o dom que nós mesmos recebemos significa acompanhá-los ao longo deste percurso, amparando-os na abordagem das próprias fragilidades e das dificulda-des da vida, e sobretudo fomentando as liberdades em construção.

Nesta perspectiva, serão apresenta-das algumas considerações dirigidas a um acompanhamento dos jovens a partir da fé e da escuta da tradição da Igreja, com o objetivo de assisti-los no seu discernimento vocacional e no compromisso com as opções funda-mentais da vida, a partir da consciên-cia do caráter irreversível de algumas delas.

A féA fé é um dom de Deus e a fonte do discernimento vocacional, para este dom se tornar fecundo, com alegria e disponibilidade, é preciso aceitar fazer escolhas de vida concretas e co-erentes. “Não fostes vós que me esco-lhestes, mas fui Eu que vos escolhi e vos constituí para irdes e dardes fruto, e para que o vosso fruto permaneça. Foi assim que vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai, em meu nome, Ele vos conceda. O que vos mando é que vos ameis uns aos outros” (Jo 15, 16-17). Se a vocação à alegria do amor é o apelo fundamen-tal que Deus inscreve no coração de cada jovem, a fim de que a sua expe-riência possa dar fruto, a fé é dom do alto e, ao mesmo tempo, resposta ao sentir-se escolhido e amado por Deus.

A Bíblia apresenta numerosas nar-rações de vocação e de resposta de jovens. À luz da fé, eles tomam gra-dualmente consciência do projeto de amor apaixonado que Deus tem por cada um. É esta a intenção de cada ação de Deus, a partir da criação do mundo como lugar “bom”, capaz de acolher a vida, e oferecido em forma de dom.

Acreditar significa colocar-se à escuta do Espírito e em diálogo com a Pala-vra. A consciência é um espaço in-violável onde se dá este dialogo. Dis-tinguir a voz do Espírito dos outros apelos e decidir que resposta dar ao chamado de Deus é uma tarefa pes-soal: os outros podem acompanhá-lo e confirmá-lo, mas jamais substituí-lo. Nem sempre é fácil reconhecer a forma concreta da alegria para a qual Deus nos chama e para a qual o nosso desejo tende, muito menos nesse contexto de mudanças e de in-certezas. Podemos refletir melhor so-bre os apegos que nos impedem de perceber o chamado de Deus lendo a passagem do jovem rico, no evange-lho de Marcos 10, 17-22.

O discernimentoDiscernimento é o exercício de to-mar decisões e orientar as ações pessoais em situações de incerteza e perante impulsos contrastantes. Tendo isto em mente, concentremo-nos aqui no discernimento vocacio-nal, ou seja, no processo com que a

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pessoa, em diálogo com o Senhor e em escuta à voz do Espírito, chega a fazer as escolhas fundamentais, a começar pelo o estado de vida. Como viver a Boa Notícia do Evan-gelho e responder ao chamado que o Senhor dirige a todos aqueles que encontra: através do casamento, do ministério ordenado, da vida consa-grada? E qual é o campo em que se pode fazer frutificar os talentos pes-soais: a vida profissional, o volunta-riado, o serviço aos marginalizados, o compromisso na política?

O Espírito fala e age através dos acon-tecimentos da vida de cada um, mas os eventos em si mesmos são ambíguos, uma vez que podem ser interpreta-dos de diferentes modos. Iluminar o seu significado para uma decisão vo-cacional exige um percurso de discer-nimento, esse percurso começa com uma fase de reconhecimento.

Reconhecer os efeitos que os acon-tecimentos da minha vida, as pesso-as com as quais me encontro, e as palavras que ouço ou leio produzem na minha interioridade é essencial na caminhada do discernimento voca-cional. Nesta fase, a Palavra de Deus é muito importante, e meditá-la põe em movimento os sentimentos, assim como todas as experiências de conta-to com a própria interioridade, mas a Palavra potencializa essa experiência, pois ela ajuda a nos identificarmos ao contexto bíblico.

Não é suficiente reconhecer aquilo que nós experimentamos: é necessá-rio interpretar ou, em outras palavras, compreender para o que o Espírito nos chama através daquilo que suscita em cada um. Esta fase de interpreta-ção é muito delicada; exige paciência, vigilância e também aprendizagem. É necessário ter cuidado para não se deixar levar pelas emoções na inter-pretação, por isso, para interpretar os desejos e os impulsos interiores é ne-cessário confrontar-se honestamente, à luz da Palavra de Deus, também com as exigências morais da vida cristã, procurando inseri-las sempre na situ-ação concreta de vida.

Este trabalho de interpretação reali-za-se num diálogo interior com o Se-nhor, usando de todas as capacidades da pessoa. No entanto, a ajuda de um especialista na escuta do Espírito constitui um apoio inestimável, que a Igreja oferece e do qual é sábio apro-veitar-se.

Uma vez reconhecido e interpretado o mundo dos desejos e das paixões, o ato de escolher torna-se exercício de autêntica liberdade humana e de responsabilidade pessoal. Lembrando que durante muito tempo as pessoas não tinham liberdade para fazer suas próprias escolhas de vida, e que em algumas partes do mundo isso ainda acontece, o processo de escolha deve ser livre e responsável. Esse deve ser o objetivo de qualquer pastoral vocacio-

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nal séria. A decisão deve ser traduzida em uma vida condizente com a esco-lha tomada, e devem ser encaradas as dificuldades que irão se apresen-tar, tendo em vista a confirmação da vocação. Por isso é importante deixar de lado o medo de errar e encarnar a escolha feita com disposição.

Vocação e missãoComo todas as realidades importan-tes da vida, também o discernimen-to vocacional é um processo que se desenvolve ao longo do tempo, durante o qual é preciso continuar a refletir sobre as indicações com as quais o Senhor determina e especi-fica uma vocação, que é pessoal e irrepetível. O tempo é fundamental para verificar a orientação efetiva da decisão tomada. Como ensina cada página do texto bíblico, não existe vocação que não seja ordenada para uma missão acolhida com temor ou com entusiasmo.

Podemos tomar o exemplo de Abraão e Sarah (Gn 12, 1), ou mesmo de Maria (Lc 2, 50-51) que ouvindo o chamado do Senhor para uma mis-são, progridem ao longo do tempo na consciência da própria vocação atra-vés da meditação das palavras e dos acontecimentos. Aceitar a missão implica a disponibilidade de arriscar a própria vida e percorrer o caminho da cruz, nos passos de Jesus que, com determinação, se pôs a caminho rumo a Jerusalém (cf. Lc 9, 51) para

entregar a própria vida pela huma-nidade. Só se a pessoa renunciar ao destaque pessoal e as suas próprias necessidades se abrirá o espaço para receber o projeto de Deus sobre a vida familiar, o ministério ordenado ou a vida consagrada, assim como para desempenhar com rigor a pró-pria profissão e buscar sinceramente o bem comum.

É importante verificar o quanto da busca pela autorrealização vaidosa se impõe sobre a verdadeira vocação, e prevalece sobre o dom generoso de si mesmo como resposta. É por isso que o contato com a pobreza, a vulnera-bilidade e a carência revestem-se de grande importância nos percursos de discernimento vocacional. No que se refere aos futuros pastores, é oportu-no acima de tudo avaliar e promover o crescimento da disponibilidade a deixar-se impregnar pelo “cheiro de ovelhas”.

AcompanhamentoNa base do discernimento vocacional podemos encontrar três convicções. A primeira é que o Espírito de Deus age no coração de cada homem e de cada mulher, através de sentimentos e de-sejos que se vinculam a ideias, ima-gens e projetos. Ouvindo com aten-ção, o ser humano tem a possibilidade de interpretar estes sinais. A segunda convicção é que o coração humano, por causa da sua fragilidade e do seu pecado, se apresenta normalmente

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dividido porque atraído por apelos di-versos ou até opostos entre si. A ter-ceira convicção é que, contudo, o per-curso de vida obriga a decidir, porque não se pode permanecer infinitamen-te na indeterminação. No entanto, é preciso dispor dos instrumentos para reconhecer a chamada do Senhor para a alegria do amor e decidir dar-lhe uma resposta.

Entre estes instrumentos, a tradição espiritual põe em evidência a impor-tância do acompanhamento pessoal. Para acompanhar outra pessoa, não é suficiente estudar a teoria do dis-cernimento; é preciso viver na pró-pria pele a experiência de interpre-tar os movimentos do coração para neles reconhecer a ação do Espírito, cuja voz sabe falar à singularidade de cada um.

Trata-se de favorecer a relação en-tre a pessoa e o Senhor, colaborando para remover aquilo que a impede. Os trechos evangélicos que narram o encontro de Jesus com as pessoas do seu tempo põem em evidência alguns elementos que nos ajudam a traçar o perfil ideal de quem acompanha o jovem no discernimento vocacio-nal: o olhar amoroso (a vocação dos primeiros discípulos, cf. Jo 1, 35-51); a palavra com autoridade (o ensina-mento na sinagoga de Cafarnaum, cf. Lc 4, 32); a capacidade de “se fazer próximo” (a parábola do bom sama-ritano, cf. Lc 10, 25-37); a escolha de

“caminhar lado a lado” (os discípulos de Emaús, cf. Lc 24, 13-35); e o teste-munho de autenticidade, sem medo de ir contra os preconceitos mais di-fundidos (o lava-pés na última ceia, cf. Jo 13, 1-20).

No compromisso de acompanhamen-to vocacional, a Igreja acolhe a sua chamada a colaborar para a alegria dos jovens, em vez de procurar apo-derar-se da sua fé (cf. 2 Cor 1, 24). Em última instância, este serviço radica-se na oração e no pedido do dom do Espírito que guia e ilumina todos e cada um.

IIIA AÇÃO PASTORAL

O que significa para a Igreja acompa-nhar os jovens e acolher a chamada para a alegria do Evangelho, sobretu-do numa época marcada pela incerte-za, pela precariedade e pela insegu-rança?

Acompanhar os jovens exige sair dos próprios esquemas pré-fabricados e encontra-los onde eles estão. Significa também levá-los a sério na dificulda-de que têm de decifrar a realidade em que vivem e de transformar um anún-cio recebido em gestos e palavras, no esforço quotidiano de construir a pró-pria história e na busca consciente de um sentido para as suas vidas. Perce-

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bemos assim a proximidade que pode existir entre as pastorais e movimen-tos juvenis e a pastoral vocacional.

A cada domingo os cristãos man-têm viva a memória de Jesus morto e ressuscitado, encontrando-o na celebração da Eucaristia. Na fé da Igreja muitas crianças são batizadas e prosseguem o caminho da inicia-ção cristã. Porém, isto ainda não equivale a uma escolha madura para uma vida de fé. Para alcançar isto, é necessário trilhar um caminho que às vezes passa por lugares distan-tes das comunidades eclesiais. Em muitos casos, trata-se de dar espa-ço à novidade, sem ficar preso aos esquemas prontos, usando o critério do “sempre se fez dessa forma”. Dar liberdade é estar aberto à novidade que vem de Deus.

Três verbos, que nos Evangelhos co-notam o modo de Jesus se encontrar com as pessoas do seu tempo, aju-dam-nos a estruturar este novo estilo pastoral: sair, ver, chamar.

Neste sentido, pastoral vocacional sig-nifica aceitar o convite do Papa Fran-cisco a sair daquelas formas de rigidez que tornam menos compreensível o anúncio do Evangelho, dos esquemas em que as pessoas se sentem catalo-gadas. Sair é também sinal de liberda-de interior em relação a atividades e preocupações habituais, de maneira a permitir que os jovens sejam pro-tagonistas. A comunidade cristã será

mais atraente aos jovens na medida em que oferecer mais espaço de par-ticipação.

Sair para o mundo dos jovens exige a disponibilidade de partilhar tem-po com eles e ouvir os seus anseios. Quando os Evangelhos narram os en-contros de Jesus com os homens e as mulheres do seu tempo, evidenciam a sua capacidade de estar com eles e a fascinação que sentem aqueles que fi-tam o seu olhar. Nisto consiste o olhar de cada pastor autêntico, capaz de ver nas profundezas do coração, sem ser inoportuno nem ameaçador.

Nas narrações evangélicas, o olhar de Jesus transforma-se numa palavra, que é uma chamada a uma novidade a ser acolhida, explorada e construída. Chamar quer dizer em primeiro lugar despertar o desejo, tirar as pessoas daquilo que as mantêm bloqueadas ou das comodidades em que elas se instalam. Chamar quer dizer formular perguntas para as quais não existem respostas prontas. É isto, e não as nor-mas prontas, que incentiva as pessoas a colocar-se a caminho e a encontrar a alegria do Evangelho.

Todos os jovens, sem exclusão Na sociedade os jovens são muitas ve-zes tratados como uma presença inú-til ou inoportuna. A Igreja não pode reproduzir esta atitude, porque todos os jovens, sem exclusão alguma, têm

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o direito de ser acompanhados no seu caminho. Os jovens não são objetos, mas sujeitos da alegria do Evangelho.

Além disso, cada comunidade é cha-mada a prestar atenção principalmen-te aos jovens pobres, marginalizados e excluídos, e a torná-los protagonis-tas. Estar próximo dos jovens que vi-vem em condições de maior pobreza e dificuldade, violência e guerra, en-fermidade, deficiência e sofrimento, é uma dádiva especial do Espírito, ca-paz de fazer resplandecer o estilo de uma Igreja em saída. A própria Igreja é chamada a aprender com os jovens.

Toda a comunidade cristã deve se sen-tir responsável por acolher e educar as novas gerações, valorizando e in-centivando o compromisso dos jovens nos conselhos pastorais por exemplo, convidando-os a oferecerem a sua contribuição. No mundo todo existem paróquias, congregações religiosas, associações, movimentos e realida-des eclesiais capazes de oferecer aos jovens experiências de crescimento e de discernimento. Também aqui se impõe a necessidade de uma prepara-ção específica e contínua dos forma-dores.

Figuras de referênciaO papel de adultos confiáveis é fundamental em cada percurso de amadurecimento humano e de dis-cernimento vocacional. Por vezes, pessoas despreparadas para orien-

tar esse processo podem criar sé-rios contratestemunhos. Portanto é necessário levar a sério a formação dos acompanhadores, sobretudo daqueles que irão orientar o discer-nimento para as vocações ao minis-tério ordenado e à vida consagrada. Além disso, nas comunidades deve ser reconhecido e valorizado o papel educativo das famílias. Também o en-contro com bispos, sacerdotes, con-sagrados e consagradas, capazes de colocar-se à disposição dos jovens, dedicando-lhes tempo e recursos é decisivo para o crescimento das no-vas gerações.

Muitos profissionais, como profes-sores, estão comprometidos como testemunhas nas universidades e nas escolas. No mundo do trabalho, na política, no voluntariado, muitos fiéis dão testemunho de vocações huma-nas e cristãs acolhidas e vividas com fidelidade e compromisso, suscitando naqueles que os veem o desejo de fa-zer o mesmo: responder com genero-sidade à própria vocação sendo exem-plo para as novas gerações.

A vida cotidiana e o compromisso socialTornar-se adulto significa aprender a gerenciar as dimensões da vida que são fundamentais e, ao mesmo tem-po, cotidianas: a utilização do tempo e do dinheiro, o estilo de vida e de consumo, o estudo e o tempo livre, a roupa e a comida, a vida afetiva e a

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sexualidade. Esta aprendizagem que os jovens devem enfrentar é a oca-sião para colocar em ordem a própria vida e as prioridades, experimentan-do percursos de escolha que podem tornar-se uma escola de discernimen-to e consolidar a orientação pessoal, tendo em vista as decisões mais im-portantes. Quanto mais autêntica for a fé, mais questionará a vida cotidia-na. Merecem uma atenção particular as experiências, às vezes difíceis ou problemáticas, da vida de trabalho ou relativas à falta de trabalho. Também elas constituem uma ocasião para compreender ou aprofundar a própria vocação.

Os pobres gritam e, juntamente com eles, também a terra. O compromisso de ouvir pode ser uma ocasião con-creta de encontro com o Senhor e com a Igreja, bem como de descober-ta da própria vocação. Como ensina o Papa Francisco, as ações comunitárias pelas quais cuidamos da casa comum e da qualidade de vida dos pobres, “quando exprimem um amor que se doa, podem transformar-se em expe-riências espirituais intensas” (Lauda-to Si’, 232), e portanto, também em oportunidades de caminho e de dis-cernimento vocacional.

Os âmbitos específicos da pastoralA Igreja oferece aos jovens espaços específicos de encontro e de forma-ção cultural, de educação e de evan-

gelização, de celebração e de serviço, colocando-se em primeira linha em ordem a uma hospitalidade aberta a todos e a cada um. Para estes espaços e para os animadores vocacionais, o desafio consiste em proceder sempre mais na lógica da construção de uma rede integrada de propostas, e em assumir na própria maneira de agir, o estilo do sair, ver, chamar.

– Em nível global, sobressaem as Jor-nadas Mundiais da Juventude. Além disso, as Conferências Episcopais e as Dioceses sentem cada vez mais como um seu dever proporcionar eventos e experiências específicas para os jo-vens.

– As Paróquias propõem espaços, ati-vidades, tempos e percursos para as jovens gerações. A vida sacramental oferece ocasiões fundamentais para crescer na capacidade de receber a dádiva de Deus na própria existência e convida à participação ativa na missão eclesial. Sinal de atenção ao mundo dos jovens são os centros juvenis e os oratórios.

– As universidades e as escolas cató-licas, com o seu precioso serviço cul-tural e formativo, constituem outro instrumento de presença da Igreja no meio dos jovens.

– As atividades sociais e de volunta-riado oferecem a oportunidade de se colocar em atividade no serviço gene-roso, o encontro com pessoas que ex-

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perimentam pobreza e exclusão pode ser uma ocasião favorável de cresci-mento espiritual e de discernimento vocacional. Também a partir deste ponto de vista os pobres são mestres, aliás, portadores da Boa Notícia de que a fragilidade é o lugar em que se realiza a experiência da salvação.

– As associações e os movimentos eclesiais, mas inclusive muitos luga-res de espiritualidade, propõem sé-rios percursos de discernimento aos jovens, as experiências missionárias tornam-se momentos de serviço ge-neroso e de intercâmbio fecundo. A redescoberta da peregrinação como forma e estilo de caminho parece válida e promissora, em numerosos contextos a experiência da piedade popular sustenta e alimenta a fé dos jovens.

– Um lugar de importância estratégi-ca é ocupado pelos seminários e pe-las casas de formação que, também através de uma vida comunitária in-tensa, devem permitir que os jovens recebidos possam fazer a experiência, que por sua vez os tornará capazes de acompanhar outros.

O mundo digitalMerece uma menção particular o mundo das novas mídias, que prin-cipalmente para os jovens se tornou um verdadeiro lugar de vivências. Oferecem muitas oportunidades iné-ditas, sobretudo no que diz respeito

ao acesso à informação e à cons-trução de vínculos à distância, mas apresenta também riscos (por exem-plo, o cyberbullying, o jogo de azar, a pornografia, as mentiras das salas de chat, a manipulação ideológica, etc.). Mesmo levando em conta as di-ferenças entre as várias regiões, a co-munidade cristã ainda deve construir a sua presença neste novo espaço, onde os jovens certamente têm algo para lhe ensinar.

As linguagens da pastoralÀs vezes observamos que há uma distância grande entre a linguagem da Igreja e a dos jovens, embora haja muitas experiências de encontro fe-cundo entre a sensibilidade dos jovens e as propostas da Igreja nos âmbitos bíblico, litúrgico, artístico, catequético e dos meios de comunicação. Sonha-mos com uma Igreja que saiba confiar espaços ao mundo juvenil e às suas linguagens, apreciando e valorizando a sua criatividade e os seus talentos. Reconhecemos no esporte um recurso educativo que oferece grandes opor-tunidades, e na música e nas outras expressões artísticas uma privilegiada linguagem expressiva que acompanha o caminho de crescimento dos jovens.

Devemos habituar-nos a percursos de aproximação da fé sempre menos pa-dronizados e mais atentos às caracte-rísticas pessoais de cada um. Existem pessoas que seguem as etapas tradi-

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cionais da iniciação cristã, mas exis-tem também aquelas que tiveram seu primeiro contato com o Senhor e com a comunidade dos fiéis através de ou-tro caminho, por exemplo, a partir de um compromisso com a justiça social e com cristãos atuando fora da igreja. Para as comunidades, o desafio é ser hospitaleiras para com todos, seguin-do Jesus que sabia falar com judeus e samaritanos, com pagãos de cultura grega e ocupantes romanos, compre-endendo o desejo profundo de cada um deles.

Silêncio, contemplação, oraçãoFinalmente, não há discernimento sem cultivar a familiaridade com o Senhor e o diálogo com a sua Palavra. Em particular, a Lectio Divina (leitura orante da Palavra de Deus) é um mé-todo precioso que a tradição da Igre-ja nos transmite. Em uma sociedade cada vez mais barulhenta, um objeti-vo fundamental da pastoral juvenil e vocacional consiste em oferecer oca-siões para saborear o silêncio e a con-templação, e formar para a nova leitu-ra das experiências pessoais e para a escuta da própria consciência.

Maria de NazaréConfiemos a Maria este percurso em que a Igreja se questiona sobre a maneira de melhor acompanhar os jovens a aceitar o chamado para a alegria do amor e para a vida em ple-

nitude. Ela, jovem mulher de Nazaré, que em cada etapa da sua existência acolhe a Palavra e a conserva, “medi-tando-a no seu coração” (cf. Lc 2, 19), foi a primeira que percorreu este ca-minho.

Cada jovem pode descobrir na wvida de Maria o estilo da escuta, a cora-gem da fé, a profundidade do dis-cernimento e a dedicação ao serviço (cf. Lc 1, 39-45). Na sua “pequenez”, a Virgem noiva de José experimenta a fragilidade e a dificuldade de com-preender a vontade misteriosa de Deus (cf. Lc 1, 34). Também Ela é cha-mada a viver o êxodo de si mesma e dos seus projetos, aprendendo a en-tregar-se e a confiar.

Fazendo memória das “maravilhas” que o Todo-Poderoso realizou nela (cf. Lc 1, 49), a Virgem não se sente sozinha, mas plenamente amada e apoiada pelo “Não temas!” do anjo (cf. Lc 1, 30). Consciente de que Deus está com Ela, Maria abre o seu cora-ção ao “Eis-me!”, inaugurando deste modo o caminho do Evangelho (cf. Lc 1, 38). Mulher da intercessão (cf. Jo 2, 3), diante da cruz do Filho, unida ao “discípulo amado”, aceita novamente o chamado a ser fecunda e a gerar a vida na história dos homens. Nos seus olhos cada jovem pode voltar a des-cobrir a beleza do discernimento, e no seu coração pode experimentar a ternura da intimidade e a coragem do testemunho e da missão.