resumo - direito tributario ii - unidade i - thiago cedraz - parcial.pdf

25
DIREITO TRIBUTÁRIO I Prof. Daniel Ribeiro Aluno: Thiago Cedraz Unidade I (PARCIAL) IMPOSTOS FEDERAIS 1. Imposto sobre a Importação (II) 2. Imposto sobre a Exportação (IE) *Despacho aduaneiro 3. Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IR) 4. Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) 5. Impostos sobre Operações de Crédito, Câmbio, Seguro ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários (IOF) 6. Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) 7. Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF) IMPOSTOS ESTADUAIS 1. Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação, de quaisquer bens ou direitos (ITCMD) 2. Imposto sobre operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre prestações de Serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS) 3. Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) IMPOSTOS MUNICIPAIS 1. Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) 2. Imposto sobre Transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de Bens Imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre Imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição (ITBI) 3. Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) IMPOSTOS FEDERAIS (Fonte: Aula Daniel) IMPOSTO SOBRE IMPORTAÇÃO 1) Conceito e introdução Surgimento na Grécia – com o objetivo de proteger o Mercado nacional. Objetivo – incentivar a entrada ou saída de dólares na economia nacional (equilibrar o balança comercial). Protege o Mercado nacional. Função função extrafiscal OBS.: O II não é o único imposto que incide sobre importação. O ICMS, IPVA, ISS, PIS, COFINS, por exemplo, incidem também sobre a importação. 2) Competência Art. 153 § 1. CF CTN Arts. 19 a 22 DL 37/66 DL 2.472/88 Decreto 6759/09 3) Aspecto Material Fato gerador – entrada no território nacional de um produto estrangeiro (oriundo do exterior, mesmo que tenha sido fabricado no Brasil, saído e retornado). Entretanto, a legislação tem algumas isenções, como é o caso do ingresso transitório, bens pessoais (conceituado pela receita federal) o OBS.: entrada no território quer dizer entrada física. 1

Upload: eltoncardosooficial

Post on 23-Jan-2016

10 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Resumo - DIREITO TRIBUTARIO II - unidade I - Thiago Cedraz - PARCIAL.pdf

DIREITO TRIBUTÁRIO I

Prof. Daniel Ribeiro

Aluno: Thiago Cedraz

Unidade I (PARCIAL)

IMPOSTOS FEDERAIS 1. Imposto sobre a Importação (II) 2. Imposto sobre a Exportação (IE)

*Despacho aduaneiro 3. Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IR) 4. Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) 5. Impostos sobre Operações de Crédito, Câmbio, Seguro ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários (IOF) 6. Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) 7. Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF)

IMPOSTOS ESTADUAIS 1. Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação, de quaisquer bens ou direitos (ITCMD) 2. Imposto sobre operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre prestações de Serviços de transporte

interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS) 3. Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA)

IMPOSTOS MUNICIPAIS 1. Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) 2. Imposto sobre Transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de Bens Imóveis, por natureza ou

acessão física, e de direitos reais sobre Imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição (ITBI)

3. Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS)

IMPOSTOS FEDERAIS (Fonte: Aula Daniel)

IMPOSTO SOBRE IMPORTAÇÃO

1) Conceito e introdução Surgimento na Grécia – com o objetivo de proteger o Mercado nacional. Objetivo – incentivar a entrada ou saída de dólares na economia nacional (equilibrar o balança comercial). Protege o Mercado nacional. Função – função extrafiscal

OBS.: O II não é o único imposto que incide sobre importação. O ICMS, IPVA, ISS, PIS, COFINS, por exemplo, incidem também sobre a importação. 2) Competência

Art. 153 § 1. CF CTN Arts. 19 a 22 DL 37/66 DL 2.472/88 Decreto 6759/09

3) Aspecto Material Fato gerador – entrada no território nacional de um produto estrangeiro (oriundo do exterior, mesmo que tenha sido fabricado no Brasil, saído e retornado). Entretanto, a legislação tem algumas isenções, como é o caso do ingresso transitório, bens pessoais (conceituado pela receita federal) o OBS.: entrada no território quer dizer entrada física.

1

Page 2: Resumo - DIREITO TRIBUTARIO II - unidade I - Thiago Cedraz - PARCIAL.pdf

4) Aspecto Pessoal

Ativo: União Passivo:

o Importador; o Destinatário de remessa postal o Arrematante (de produtos apreendidos)

5) Aspecto temporal O momento do pagamento se dá depois do fato gerador.

6) Aspecto quantitativo Tributo = Alíquota X base de cálculo

Alíquota o Específica – é um número (valor) fixo por unidade de medida. o Ad valorem (%)

Base de cálculo

7) Lançamento Lançamento por declaração – precisa declarar e o fisco vai determinar o valor a ser pago.

o OBS.: se deixar de declarar, e o fisco identificar, será lançamento de ofício.

2

Page 3: Resumo - DIREITO TRIBUTARIO II - unidade I - Thiago Cedraz - PARCIAL.pdf

IMPOSTO SOBRE EXPORTAÇÃO

1) Introdução Alguns consideram antieconômico, pois desestimularia a exportação. Por isso, deve ser utilizado com prudência.

2) Competência Art. 153, II CF CTN Arts. 23 a 29 Decreto-lei 1578/77

3) Aspecto Material Fato gerador – saída do território nacional (porém, o pagamento não é na saída do produto; na prática é feito antes, ainda no território nacional – presume-se que foi exportado). Se de fato não for exportado, será restituído.

4) Aspecto Pessoal Ativo – União Passivo - Exportador

5) Aspecto quantitativo (idem ao I.I.) 6) Lançamento

Também é lançamento por declaração.

Atenção: O II e IE pode ser alterado por decreto do executivo. É exceção a anterioridade e a noventena.

DESPACHO ADUANEIRO

Conceito – verifica se está declarando o que está de fato acontecendo e se está cumprindo a lei. Serve também para a segurança nacional (se o produto é lícito ou não). Procedimento fiscalizatório (NÃO serve apenas para tributar).

o OBS.: em alguns casos, como a admissão transitória, a isenção do tributo, mas ainda assim há o despacho aduaneiro.

Dec. 4543/02 IN/SRF 206/02 SISCOMEX (é um software) i) Início – inicia com o registro da D.I. ou D.E ii) Parametrização –

Tem 04 canais de fiscalização (verde, amarelo, vermelho, cinza) – a forma como é selecionada é “automática” (regras internas do sistema). São graus de fiscalização.

No canal verde é liberado imediatamente; Amarelo é feita apenas conferência documental; Vermelho faz verificação documental e física; Cinza faz documental, física e pesquisa de Mercado para conferir o valor.

Mesmo se for selecionado para o verde, por exemplo, NÃO gera direito adquirido, pois pode ser fiscalizado completamente.

iii) Competência Aduaneira – efetiva conferência, de acordo com o canal adotado. Se tiver pendência… iv) Desembaraço Aduaneiro – Se não tiver pendência (é a conclusão do processo de despacho, com a entrega

do produto) o Tem um prazo de 90 dias para ser concluído (pode ser prorrogado por mais 90 dias).

3

Page 4: Resumo - DIREITO TRIBUTARIO II - unidade I - Thiago Cedraz - PARCIAL.pdf

IRPQN (imposto sobre a renda e produtos de qualquer natureza)

1) Considerações gerais Competência art. 153, III, CF – A Competência para instituir é da União Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: III - renda e proventos de qualquer natureza; CTN, Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica:

I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso

anterior. § 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição

jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. § 2o Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em

que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo. Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos

tributáveis. Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se refere o artigo 43, sem prejuízo de atribuir a lei

essa condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens produtores de renda ou dos proventos tributáveis. Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da renda ou dos proventos tributáveis a condição de

responsável pelo imposto cuja retenção e recolhimento lhe caibam Repartição de receitas:

o 21,5% -> FPE o 22,5% -> FPM o 3% -> políticas de incentivo das regiões Norte, Nordeste e Centro-oeste.

o Para o professor isso não seria incentivar reduzir diferenças, pois cria é uma dependência das regiões.

Função fiscal - Tem função fiscal. Apesar disso, visa distribuir renda no país (o imposto é repartido entre os entes federais).

o O IR é responsável pela maior arrecadação do país.

Princípios específicos (art. 153, §2. CF) § 2º - O imposto previsto no inciso III: I - será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da lei;

a) Generalidade – o IR abrange todas as pessoas (é uma manifestação do princípio da igualdade) b) Universalidade – Todas as rendas serão tributáveis.

o Mesmo sobre as rendas sejam oriundas de atividade ilícita (claro que não vai declarar que ilícita).

c) Progressividade – alíquota vai aumentando quanto maior for a base de cálculo. d) Pessoalidade (art. 145 CF) – além do art. 153, §2º da CF - sempre que possível, o imposto vai

respeitar as reais possibilidades de cada pessoa (sua capacidade contributiva). Art. 145, § 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

2) Fato Gerador Aquisição de disponibilidade econômica OU jurídica de RENDA OU PROVENTOS de qualquer natureza

o Ou seja, não incide sobre receitas, mas sobre o “ lucro” (aquisição de disponibilidade) – mas na prática, as deduções são muito limitadas. Na prática vai incidir sobre TODAS as remunerações, subtraída as despesas consideradas dedutíveis.

Por conta disso, pode haver duas pessoas com a mesma profissão, mesma remuneração, mas pagando IR diferente.

4

Page 5: Resumo - DIREITO TRIBUTARIO II - unidade I - Thiago Cedraz - PARCIAL.pdf

OBS.: Há incoerências, pois as deduções não cobrem todas as despesas básicas para viver. Ou seja, acaba tributando mais do que a disponibilidade. Aluguel e energia, por exemplo, não é dedutível da PF, mas é da PJ.

o A disponibilidade seria econômica (financeira) ou jurídica (direito àquele recurso). A PF só é tributada pela disponibilidade econômica. Já a PJ é pela econômica e jurídica.

o Renda é fruto de trabalho ou do capital. O Provento é todas as demais (ex.: ganhar na mega sena). A indenização por danos não incide IR por não estar adquirindo algo, mas apenas

recuperando seu estado anterior (apesar de ser um provento).

Recolhimento por regime o Caixa (leva em consideração a disponibilidade econômica) – na PF só regime de caixa. o Competência (leva em consideração a disponibilidade jurídica) – na PJ pode optar pela regime de

competência. Art. 43, §2. CTN (pouco importa a natureza jurídica ou nome dado, incide IR) Tipo de Fato gerador

De maneira geral, os fatos geradores podem ser: o Instantâneo (realizado o fato gerador num momento específico; ex.: compra) o Continuado (permanece no tempo de forma continuada; ex.: propriedade) o Complexivo - Vai sendo realizado de forma parcelada, aos poucos.

Para alguns o IR é complexivo (Paulo de Barros, Leandro Paulsen)! Outros entendem que é instantâneo (é o caso do professor).

3) Aspecto Pessoal Sujeito ativo – União (mas parte da receita é repartida entre os demais entes) Sujeito passivo

o Contribuinte (realiza o fato gerador e arca com o ônus) o Responsável (não realizado o FG, mas tem relação com ele, e tem obrigação de fazer o recolhimento

-> contribuinte de direito) – é muito utilizado no IR para facilitar a arrecadação. Em regra, cabe à fonte pagadora (que não adquire renda, pelo contrário, mas é mais fácil, pois é aquele que detém o recurso).

Contudo, se a fonte pagadora errou, no final do ano cabe ao contribuinte o pagamento de qualquer maneira.

4) Aspecto Temporal O recolhimento dependerá do caso concreto, do tipo de tributação (mensal, trimestral, anual).

5) Aspecto Quantitativo Base de cálculo (totalidade de receitas – despesas dedutíveis) Alíquotas (segue tabelas de PF e PJ – varia de acordo com o tipo)

6) Lançamento Lançamento por homologação (declara, ANTECIPA o pagamento, e depois o Fisco homologa ou não). Caso o Fisco verifique que há complemento a ser feito, haverá o lançamento de ofício!

o Diferente do I.I. onde é por declaração (declara e o fisco diz quanto deve pagar).

7) Espécies a) IRPF

Existem 05 faixas progressivas de tributação (ver tabela) o Atenção: Só vai pagar o % de cada faixa sobre aquilo que exceder a faixa anterior (ex.: ). Ou seja,

não é simplesmente aplicar a alíquota (estaria errado multiplicar 10 mil por 27,5%) -> por isso existe a parcela deduzida!

Ao final do ano, soma todos os recebimentos e verifica se está na faixa. Para a PF pode ocorre através de “lucro real” (apesar do termo não ser o correto) e arbitrado (NÃO pode ser aplicado a PF).

5

Page 6: Resumo - DIREITO TRIBUTARIO II - unidade I - Thiago Cedraz - PARCIAL.pdf

Tabela exercício 2015:

b) IRPJ -

Apuração o Lucro Real - o Lucro Arbitrado – se o contribuinte não fornece as informações necessárias ao fisco ou faltar

dados necessários, ele vai ser arbitrado. A própria PJ pode optar pelo lucro arbitrado (no caso de substituição do

administrador, por exemplo, pode achar necessário por não ter informações). o Lucro Presumido – índice já previsto na legislação (ex.: serviço = 32%, ou seja, para a PJ em

regra só vai valer a pena se a margem de lucro dele for maior que 32%) – Só existe no caso de PJ (para algumas situações) – PJ que fatura até 48 milhões por

ano (opção da empresa, com EXCEÇÃO de algumas atividades: construção civil e instituição financeira).

c) IR Retido na Fonte – porém, nem todos entendem como uma terceira espécie, pois na prática é IRPF ou IRPJ retido (mas a maioria entende que é).

8) Questões práticas a) Correção da tabela –> OAB nacional ajuizou ação solicitando a atualização pela inflação. b) IR sobre juros -> indenização material ou moral é uma recomposição e por isso não incide IR. Juros (indenizatórios), da mesma forma, é uma indenização pelo atraso, etc., por isso NÃO incide IR!

OBS.: no caso de indenização trabalhista, recebida toda conjuntamente após decisão da justiça, é preciso que o calculista analise a tabela da época de cada verba que deveria ter recebido.

c) IR sobre verbas indenizatórias -> d) Limites de dedução -> dedução de saúde é ilimitada, mas pra educação é limitada (discute-se a legalidade disso) e) Dedução dependentes ->

6

Base de Cálculo (R$) Alíquota (%) Parcela a Deduzir do IR (R$)

Até 1.903,98 - -

De 1.903,99 até 2.826,65 7,5% 142,80 De 2.826,66 até 3.751,05 15,0% 354,80

De 3.571,06 até 4.664,68 22,5% 636,13

Acima de 4.664,68 27,5% 869,36

Page 7: Resumo - DIREITO TRIBUTARIO II - unidade I - Thiago Cedraz - PARCIAL.pdf

Aluno: Thiago Cedraz Unidade I (PARCIAL)

Impostos Federais (Fonte: Livro Leandro Palsen) (1) IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO (I.I.)

A) LEGISLAÇÃO — A Competência para instituir é da União.

CF, Art. 153 - Compete à União instituir impostos sobre: I - importação de produtos estrangeiros;

— O art. 153, §1º atenua a legalidade: “É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V”

— Atenção: O I.I. é uma exceção quanto a observância das anterioridades de exercício e nonagesimal mínima (art. 150, § 1º).

— O DL 37/66 instituiu o I.I., alterado principalmente pelo DL 2.472/88. o O Decreto 6.759/09 regulamenta a administração das atividades aduaneiras e a fiscalização, o controle e

a tributação das operações de comércio exterior, sendo o atual Regulamento Aduaneiro. o Há, ainda, numerosa legislação esparsa.

— No CTN: Art. 19. O imposto, de competência da União, sobre a importação de produtos estrangeiros tem como fato

gerador a entrada destes no território nacional. Art. 20. A base de cálculo do imposto é:

I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária; II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao

tempo da importação, em uma venda em condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País;

III - quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, o preço da arrematação.

Art. 21. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política cambial e do comércio exterior. Art. 22. Contribuinte do imposto é:

I - o importador ou quem a lei a ele equiparar; II - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados.

B) BASE ECONÔMICA — O ART. 153, I da CF concede à União a possibilidade de instituir imposto sobre a entrada no território nacional,

para incorporação à economia interna, de bem destinado ou não ao comércio, produzido, pela natureza ou pela ação humana, fora do território nacional.

Importação de produtos estrangeiros — “Importação” é o ato de trazer para o território nacional. Porém, em seu sentido jurídico, não basta o simples

ingresso físico. É imprescindível a entrada no território nacional para incorporação do bem à economia interna. o Faz-se necessário que o ingresso físico do produto estrangeiro se faça para sua incorporação à economia

nacional. Do contrário, não teremos propriamente uma importação. o “Somente se deve considerar entrada e importada aquela mercadoria estrangeira que ingressa no

território nacional para uso comercial ou industrial e consumo, NÃO aquela em trânsito, destinada a outro país” -> um produto estrangeiro entra no território nacional, sendo aí destinado a consumo.

o O fato de a entrada ocorrer por força de um contrato de arrendamento mercantil – leasing – não afasta a ocorrência de importação

o A simples entrada de um quadro para exposição temporária num museu, destinados a retornar ao país de origem, NÃO configuram importação. Da mesma forma, NÃO a configura o ingresso de produto estrangeiro por porto ou aeroporto brasileiro para simples trânsito no território nacional, com destino a outro país.

São consideradas como de “admissão temporária”, com suspensão do pagamento do imposto (não pode ser exigido nestes casos, pois não configura importação em sentido jurídico).

7

Page 8: Resumo - DIREITO TRIBUTARIO II - unidade I - Thiago Cedraz - PARCIAL.pdf

— “Produto” é termo amplo que abrange tanto mercadorias (que têm finalidade comercial) como outros bens (destinados ao uso ou consumo pelo importador). É amplo!

o “Produto é, portanto, um bem móvel e corpóreo, enquanto que mercadoria tem um conceito mais restrito, pois é um bem móvel, corpóreo, destinado ao comércio.” O STF continua estabelecendo tal diferenciação. Dúvida: tem alguma relevância prática a diferenciação? Outra, é apenas bem corpóreo?

o Produzido pela natureza ou pela atividade humana, ou pela combinação de ambas. — “Estrangeiro”, por sua vez, designa o produto que tem origem em outro país, nele tendo sido produzido pela

natureza ou pela ação humana. o Atenção: NÃO é admissível, no exercício da competência do art. 153, I, da CF, a instituição de I.I. de

produto nacional, que não pode ser equiparado, para tal fim, ao produto estrangeiro, sob pena de inconstitucionalidade.

NÃO cabe exigência de I.I. de produto nacional exportado anteriormente e que retornou ao país. Só poderia se dar como um novo imposto instituído com base na competência residual da União e observados os requisitos do art. 154, I, da CF, jamais como exercício da competência do art. 153, I, da CF.

OBS.: A CF refere apenas a “produtos estrangeiros”, sem conceder nenhuma abertura à extensão de tal conceito, diferentemente do que fez ao conceder a competência para a instituição de imposto sobre a exportação, em que refere a exportação de produtos “nacionais ou nacionalizados”.

“O § 1º do art. 1º do Decreto-Lei nº 37/66, introduzido pelo Decreto-Lei nº 2.472/88 agride a Constituição e a natureza própria do imposto, considerando estrangeira a mercadoria nacional ou nacionalizada exportada, que retornar ao país (...)”. A inconstitucionalidade de tais dispositivos está no fato de imporem tributação sobre fato que não se enquadra na base econômica dada à tributação e que, portanto, só poderia ser onerado por imposto novo, instituído com suporte na competência residual de que trata o art. 154, I, da CF, observada a necessidade de lei complementar.

C) CRITÉRIOS CONSTITUCIONAIS PARA A INSTITUIÇÃO DO IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO — Atenuação à legalidade - A CF, através do § 1º do art. 153, atenua a legalidade tributária estrita relativamente ao

Imposto sobre a Importação, dentre outros impostos, ao facultar ao Poder Executivo a alteração das alíquotas, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, conforme se vê adiante no tratamento do aspecto quantitativo.

— Exceção às anterioridades - A instituição ou majoração, bem como a revogação de benefícios como isenção, relativamente ao Imposto sobre a Importação, NÃO estão submetidas à observância das anterioridades de exercício e nonagesimal mínima previstas no art. 150, inciso III, b e c, da CF. Isso porque o § 1º do mesmo artigo expressamente o excepciona.

D) ASPECTO MATERIAL — CTN, Art. 19. O imposto, de competência da União, sobre a importação de produtos estrangeiros tem como fato

gerador a entrada destes no território nacional. o O aspecto material da hipótese de incidência do Imposto sobre a Importação é a entrada do produto

estrangeiro (tem como núcleo a incorporação à economia nacional), ou seja, de qualquer bem produzido no exterior, pela natureza ou pelo homem.

o Atenção: É fato gerador a entrada de produto estrangeiro por nossas fronteiras para sua incorporação à economia interna, ou seja, para industrialização, comércio, uso ou consumo.

o OBS.: Não basta o simples ingresso físico, pois a “importação temporária” não aplica I.I. Não cabe I.I. no caso da entrada de produto no território nacional em trânsito para outro País

ou para simples participação em feira e posterior retorno à origem. — Atenção: NÃO se restringe à entrada de produtos destinados ao comércio (mercadorias), de produtos

industrializados e de produtos corpóreos. Alcança também produtos para a incorporação no ativo fixo das empresas ou mesmo para consumo pelo importador, produtos naturais e eventuais produtos intangíveis (ex.: software ???).

— O território nacional (art. 19 CTN) é o território geográfico, EXCLUÍDAS, portanto, as representações diplomáticas no exterior, as aeronaves e as embarcações brasileiras.

— A importação de energia elétrica também está abrangida o Art. 155, § 3º, da CF dispõe no sentido de que, salvos o ICMS, o Imposto sobre a Importação (II) e o

Imposto sobre a Exportação (IE), nenhum outro poderá incidir “sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País”.

8

Page 9: Resumo - DIREITO TRIBUTARIO II - unidade I - Thiago Cedraz - PARCIAL.pdf

— A CF simplesmente outorga competências, enquanto o CTN dispõe sobre fato gerador, base de cálculo e contribuintes dos impostos a título de normas gerais, mas não os institui, o que cabe à lei ordinária.

o O ente político, através do seu legislador ordinário, é que estabelece todos os aspectos da norma tributária impositiva, instituindo, assim, o imposto.

o A lei define o aspecto material da hipótese de incidência, observado o CTN. — DL 37/66 (que instituiu o I.I.) – Art. 1º O Imposto sobre a Importação incide sobre mercadoria estrangeira e tem

como fato gerador sua entrada no Território Nacional (DL 2.472/88). o ATENÇÃO: Vê-se que o DL instituiu imposto sobre a entrada de “mercadoria” tão somente (aquilo que é

objeto de comércio), e não ao amplo conceito de “produto”. PORÉM, NÃO é esse o entendimento predominante, inclusive adotado pelo STJ (apesar da expressão ter sido usada intencionalmente no DL). Para o STJ e maioria, inclui a entrada de qualquer produto (inclui aqueles para uso próprio).

OBS.: há posições contrárias (minoritária) que defende que cabe apenas no caso de mercadorias (pois a lei ordinária ao instituir o imposto pode restringir o núcleo do antecedente normativo fixado na constituição).

De qualquer forma, a caracterização como mercadoria deve ser feita na perspectiva do vendedor e não do comprador (???).

— É considerado INCONSTITUCIONAL o § 1º do art. 1º do DL 37/66, que estende o aspecto material da hipótese de incidência (amplia campo de incidência) para além do previsto no CTN e CF, ensejando a cobrança de Imposto sobre a Importação não apenas de mercadoria estrangeira, mas também de nacional ou nacionalizada que retorne ao país.

o § 1º Para fins de incidência do imposto, considerar-se-á também estrangeira a mercadoria nacional ou nacionalizada exportada, que retornar ao País, salvo se: (Parágrafo acrescido pelo Decreto-Lei nº 2.472, de 01/09/88) a) enviada em consignação e não vendida no prazo autorizado; b) devolvida por motivo de defeito técnico, para reparo ou substituição; c) por motivo de modificações na sistemática de importação por parte do país importador; d) por motivo de guerra ou calamidade pública; e) por outros fatores alheios à vontade do exportador. (...)

— O DL 37/66, nos §§ 2º e 3º do art. 1º, dispõe sobre a entrada presumida da mercadoria estrangeira: o Art. 1º (...) § 2º Para efeito de ocorrência do fato gerador, considerar-se-á entrada no Território Nacional a

mercadoria que constar como tendo sido importada e cuja falta venha a ser apurada pela autoridade aduaneira. § 3º – Para fins de aplicação do disposto no § 2º deste artigo, o regulamento poderá estabelecer percentuais de tolerância para a falta apurada na importação de granéis que, por sua natureza ou condições de manuseio na descarga, estejam sujeitos à quebra ou decréscimo de quantidade ou peso.

o A simples falta ou ausência do produto importado constitui situação distinta das perdas normais de manuseio e transporte de mercadoria a granel, tolerada pelo legislador.

Na hipótese de falta de mercadoria, em qualquer percentual, é devido o respectivo imposto, incidindo, ainda, multa de 50% sobre o imposto devido (art. 106, II, d, do DL 37/66).

Já na importação de mercadoria a granel, a diferença inferior a 5% é desconsiderada (art. 1º, § 3º, do DL 37/66).

— (ver melhor) Quando o produto é submetido à pena de perdimento, inviabiliza a sua incorporação à economia nacional, de modo que a importação não chega a ser concluída, não configurando fato gerador do Imposto de

o NÃO cabe, nestes casos, a cobrança do Imposto de Importação que, já tendo sido recolhido ou depositado, deve ser restituído ou liberado.

Art. 1º, § 4º, III, do Decreto-Lei 37/66, determina que “o imposto não incide sobre mercadoria estrangeira (...) que tenha sido objeto de pena de perdimento’”.

— Atenção: A entrada de nova mercadoria em substituição à mercadoria devolvida em razão de defeito (que já se sujeitara, na operação original, ao pagamento do imposto), NÃO configura fato gerador do Imposto de Importação.

E) ASPECTO TEMPORAL — O fato gerador do Imposto sobre a Importação considera-se ocorrido (aspecto temporal), como regra (mercadoria

que se submete ao despacho aduaneiro norma), na data do registro da declaração de importação para o desembaraço na repartição aduaneira.

o É irrelevante, por exemplo, a data da expedição da licença de importação. o É Irrelevante também a data da assinatura do Termo de Responsabilidade nos casos de trânsito

aduaneiro em que, ingressada a mercadoria com suspensão, acabe sendo devida por não restar comprovada a chegada ao destino. Art. 23. Quando se tratar de mercadoria despachada para consumo, considera-se ocorrido o fato gerador na data do registro, na repartição aduaneira, da declaração a que se refere o artigo 44.

9

Page 10: Resumo - DIREITO TRIBUTARIO II - unidade I - Thiago Cedraz - PARCIAL.pdf

Parágrafo único. No caso do parágrafo único do artigo 1º, a mercadoria ficará sujeita aos tributos vigorantes na data em que autoridade aduaneira apurar a falta ou dela tiver conhecimento. Art.44 - Toda mercadoria procedente do exterior por qualquer via, destinada a consumo ou a outro regime, sujeita ou não ao pagamento do imposto, deverá ser submetida a despacho aduaneiro, que será processado com base em declaração apresentada à repartição aduaneira no prazo e na forma prescritos em regulamento.

o Considera-se como “despachada para consumo” qualquer mercadoria submetida ao despacho aduaneiro com vista à incorporação à economia nacional, ou seja, produto de admissão aduaneira definitiva, de modo que o artigo regula o aspecto temporal para as importações que seguem o procedimento normal.

Excluem-se os casos de admissão temporária, que sequer configuram importação propriamente, e as hipóteses em que não ocorre o despacho aduaneiro, como no caso do abandono da mercadoria ou mesmo de apreensão de mercadoria objeto de contrabando ou descaminho.

— OBS.: O aspecto temporal (art. 23 do DL) explicita em que momento se deve considerar a mercadoria como internalizada no território nacional para consumo.

— O STJ e o STF entendem que o art. 23 do DL 37/66 é compatível com o art. 19 do CTN: o STF: Não há incompatibilidade entre o art. 19 do Código Tributário Nacional e o art. 23 do Decreto-Lei n.

37/66, porquanto o desembaraço aduaneiro completa a importação e, consequentemente, representa, para efeitos fiscais, a entrada de mercadoria no território nacional.

— Assim, é com o registro da declaração de importação, realizado eletronicamente através do SISCOMEX (Sistema Integrado de Comércio Exterior), que se considera ocorrido o fato gerador do Imposto sobre a Importação, de modo que dá ensejo à incidência da legislação vigente naquele momento, já que este imposto não se submete às anterioridades de exercício (art. 150, III, b, da CF) e nonagesimal mínima (art. 150, III, c, da CF).

— O roubo ou a avaria ocorrida posteriormente, por ocasião do seu transporte interno, NÃO torna indevido o tributo.

— O recolhimento do Imposto sobre a Importação, através do SISCOMEX, constitui ato contínuo ao registro da declaração de importação, ocorrendo eletronicamente (on line), mediante débito na conta do importador.

o O Regulamento Aduaneiro (Decreto 6.759/09, art. 107) determina que o imposto será pago na data do registro da declaração de importação.

o O pagamento do Imposto sobre a Importação, assim como do IPI e do ICMS, é condição para o desembaraço aduaneiro do produto, sem que, com isso, haja qualquer ofensa à Súmula 323 do STF (não é um constrangimento considerado como uma “sanção política”) (???).

— Outro é o aspecto temporal para o caso de entrada presumida no território nacional, de que nos dá conta o § 2º do art. 1º do DL 37/88. Para esta situação, o elemento temporal é estabelecido no parágrafo único do mesmo artigo 23: “Parágrafo único. No caso do parágrafo único (refere-se à redação original) do artigo 1º, a mercadoria ficará sujeita aos tributos vigorantes na data em que autoridade aduaneira apurar a falta ou dela tiver conhecimento”. (ver melhor)

F) ASPECTO ESPACIAL — O fato gerador ocorre por ocasião da entrada do produto estrangeiro “no território nacional”, assim considerado

o território geográfico, excluídas as representações diplomáticas no exterior, as aeronaves e as embarcações brasileiras.

G) ASPECTO PESSOAL — O sujeito ativo é a própria União (credor, titular das prerrogativas atinentes a regulamentação, fiscalização,

lançamento e execução). — Os sujeitos passivos (contribuintes) possíveis são (art. 22 CTN):

o I – o importador ou quem a lei a ele equiparar; É o contribuinte para a hipótese de importação regular, em que venha a ocorrer efetivamente o

desembaraço aduaneiro. o II – o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados.

O arrematante é contribuinte para a hipótese em que não seja ultimado o despacho aduaneiro, ou seja, para quando ocorra a decretação da perda do produto ingressado irregularmente, mediante contrabando ou descaminho, ou do produto abandonado, assim considerado aquele não desembaraçado no prazo legal (ver Art. 642 Dec. 6759/2009)

— Segundo o DL 37/66 (redação dada pelo DL 2.472/88): Art. 31. É contribuinte do imposto:

10

Page 11: Resumo - DIREITO TRIBUTARIO II - unidade I - Thiago Cedraz - PARCIAL.pdf

admitida a nacionalização da mercadoria . (?????)

I – o importador, assim considerada qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira no Território Nacional; II – o destinatário de remessa postal internacional indicado pelo respectivo remetente; III – o adquirente de mercadoria entrepostada.

o OBS.: “importador” no DL tem sentido amplo (e não apenas uma categoria profissional), abrangendo todo aquele, pessoa física ou jurídica, sociedade empresária ou sociedade simples, que realize ou em nome de quem seja realizado o ingresso da mercadoria estrangeira no território nacional.

o OBS.: os incisos II e III são “equiparados a importador” (mantem, como exige o art. 121, I, do CTN, relação direta com a situação que constitui o fato gerador do imposto).

o O inciso III cuida do adquirente de mercadoria entrepostada, porque, no regime de entreposto aduaneiro – em que a mercadoria estrangeira fica em recinto alfandegado com suspensão do pagamento do imposto – é

40

o Na sua redação original, o art. 31 do DL 37/66 estabelecia como contribuinte, também, na linha da previsão

constante do CTN, o arrematante de mercadoria apreendida ou abandonada 41, o que, como visto, não

consta da redação atual. (ainda é considerado????)

— Como sujeitos passivos na qualidade de responsáveis tributários, o DL 37/66 (redação do DL 2.472/88 e Lei 11.281/06), indica:

Art. 32. É responsável pelo imposto: I – o transportador, quando transportar mercadoria procedente do exterior ou sob controle aduaneiro, inclusive em percurso interno; II – o depositário, assim considerada qualquer pessoa incumbida da custódia de mercadoria sob controle aduaneiro. Parágrafo único. É responsável solidário: a) o adquirente ou cessionário de mercadoria beneficiada com isenção ou redução do imposto; b) o representante, no País, do transportador estrangeiro. c) o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora; d) o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora.

o A responsabilidade do transportador alcança, inclusive, o fato gerador presumido (hipótese de falta da mercadoria - art. 1º, § 2º, do DL 37/66):

IMPORTAÇÃO - FALTA DE MERCADORIAS – RESPONSABILIDADE – TRANSPORTADOR. Verificada a falta da mercadoria procedente do exterior, no todo ou em parte, concretiza-se o fato gerador do imposto de importação, configurando-se a responsabilidade do transportador (DL 37/66, art. 1º, § 2º e 32, I). A lei presume que a mercadoria faltante foi internada no país, sendo essa a única forma de evitar a fraude fiscal. A responsabilidade do transportador pelos tributos devidos é, no entanto, objetiva, resultando da simples ocorrência do fato gerador, independentemente de sua culpa pela falta apurada. (TRF4, 1ª T., AC 1998.04.01.050723-4/PR, rel. Juiz Guilherme Beltrami, jun/00) PORÉM, isso NÃO ocorrerá no caso de extravio de mercadoria isenta. Também NÃO haverá

responsabilidade quanto à mercadoria a granel, até o percentual de quebra tolerado (5%) (§ 3º, art. 1º), em atenção à sua natureza ou condições de manuseio na descarga.

— OBS.: o agente marítimo NÃO é indicado como responsável tributário pelo DL 37/66, NÃO se equiparando ao transportador (Súmula 192 do extinto TFR e reafirmado pelo STJ):

o Súmula nº 192 – O agente marítimo, quando no exercício exclusivo das atribuições próprias, não é considerado responsável tributário, nem se equipara ao transportador para efeitos do Decreto-lei nº 37, de 1966. (DJ – 27/11/85) RTFR nº 132.

H) ASPECTO QUANTITATIVO — Art. 20. A BASE DE CÁLCULO do imposto é:

I – quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária; II – quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País; III – quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, o preço da arrematação.

11

Page 12: Resumo - DIREITO TRIBUTARIO II - unidade I - Thiago Cedraz - PARCIAL.pdf

— OBS.: inciso I -> determinado montante em dinheiro por unidade de medida do produto (quantidade, peso ou volume) – assim, bastará verificar a medida e multiplicar pela quantia indicada.

— OBS.: inciso II -> Alíquota ad valorem (hipótese mais comum) -> previsão de um percentual a incidir sobre o valor da importação.

o Neste caso, terá como base de cálculo, ou seja, valor da importação, NÃO necessariamente aquele pelo qual foi realizado o eventual negócio jurídico, MAS o chamado valor aduaneiro, qual seja, “o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País”

o A base de cálculo neste caso é o preço CIF (Cost, Insurance and Freight) - sigla esta que representa cláusula que obriga o vendedor tanto por contratação e pagamento do frete como do seguro marítimo por danos durante o transporte.

o Toda mercadoria submetida a despacho de importação está sujeita ao controle do correspondente valor aduaneiro, que é a base de cálculo do I.I.

Este valor aduaneiro (a referência de preço para cada mercadoria para fins de incidência do I.I.) é estabelecido observando-se o GATT - Acordo Geral de Tarifas e Comércio (inciso VII, nº 2, nos termos do Decreto 92.930/86 que promulgou o Acordo sobre a Implementação do Código de Valoração Aduaneira do GATT, e da IN SRF 16/98).

O art. 2º do DL 37/66 (redação dada pelo DL 2.472/88), refere expressamente à cláusula VII do GATT: Art. 2º A base de cálculo do imposto é: I – quando a alíquota for específica, a quantidade de mercadoria, expressa na unidade de medida indicada na tarifa; II – quando a alíquota for ad valorem, o valor aduaneiro apurado segundo as normas do art. 7º do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio – GATT.

As disposições do Regulamento Aduaneiro (Decreto 6.759/09) são claras: Art. 76. Toda mercadoria submetida a despacho de importação está sujeita ao controle do correspondente valor aduaneiro. Parágrafo único. O controle a que se refere o caput consiste na verificação da conformidade do valor aduaneiro declarado pelo importador com as regras estabelecidas no Acordo de Valoração Aduaneira. Art. 77. Integram o valor aduaneiro, independentemente do método de valoração utilizado (...): I – o custo de transporte da mercadoria importada até o porto ou o aeroporto alfandegado de descarga ou o ponto de fronteira alfandegado onde devam ser cumpridas as formalidades de entrada no território aduaneiro; II – os gastos relativos à carga, à descarga e ao manuseio, associados ao transporte da mercadoria importada, até a chegada aos locais referidos no inciso I; e III – o custo do seguro da mercadoria durante as operações referidas nos incisos I e II.

— OBS.: Inciso III -> No caso de apreensão ou abandono, a base de cálculo será o preço da arrematação, multiplicado pela alíquota correspondente ao produto.

— Já as ALÍQUOTAS sempre foram estabelecidas de forma SELETIVA, conforme os interesses comerciais brasileiros. o Bens de capital, de informática e outros que possam contribuir para o aumento da produção da indústria nacional

são taxados de forma leve ou até com alíquota zero, assim como equipamentos médicos. Já itens de consumo sofisticados podem ser taxados com alíquotas elevadas, na medida em que seu ingresso no País, com a correspondente saída de dólares, é menos interessante para os interesses nacionais, com o que se inibe que pesem negativamente nas metas de superávit da balança comercial.

o Assim, têm-se tabelas extensas com detalhada identificação e codificação dos diversos produtos e atribuição, a cada um deles, de alíquota própria.

— Até dezembro de 1994, as alíquotas do Imposto sobre a Importação compunham a chamada TAB, Tarifa Aduaneira Brasileira. PORÉM, por força do Tratado de Assunção, que criou o MERCOSUL, adotou-se uma política comercial comum dos países do bloco relativamente a terceiros Estados ou agrupamentos de Estados, o que envolveu a adoção de uma Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), para padronização da identificação dos produtos, e da denominada TEC – Tarifa Externa Comum. A contar de janeiro de 1995, passou a vigorar a TEC, em substituição à TAB.

o Conforme decisões do Conselho do Mercado Comum, cada Estado pôde estabelecer uma Lista de Exceções à TEC, o que se mantém até hoje (ver Resolução nº 27/2001 da CAMEX - Câmara de Comércio Exterior).

o Entre os países integrantes do MERCOSUL, as importações estão desoneradas, provando-se a procedência dos bens mediante Certificado de Origem do Mercosul.

A aplicação da TEC, com a consequente regra geral da desoneração dos produtos importados intrabloco e a uniforme aplicação de alíquotas àqueles advindos de terceiros países ou blocos de países, será excepcionada caso haja ameaça de grave dano à econômica nacional.

12

Page 13: Resumo - DIREITO TRIBUTARIO II - unidade I - Thiago Cedraz - PARCIAL.pdf

Artigo 2º do anexo IV do Tratado de Assunção: ‘Se as importações de determinado produto causarem dano ou ameaça de dano grave a seu mercado, como conseqüência de um sensível aumento, em um curto período, das importações desse produto provenientes dos outros Estados Partes, o país importador solicitará ao Grupo Mercado Comum a realização de consultas com vistas a eliminar essa situação”

— Alguns produtos são beneficiados pela redução do imposto de importação na condição de “Ex-tarifários”, assim considerados quando demonstrado que o produto não possui similar nacional e que é importante para a inovação tecnológica das empresas brasileiras.

— No que diz respeito ao enquadramento dos produtos na tabela de alíquotas, eventuais ferramentas componentes de uma máquina NÃO podem ser consideradas em separado para efeitos fiscais.

o Se a máquina é isenta, tal benefício alcança a totalidade dos acessórios indispensáveis ao seu funcionamento.

— O Poder Executivo PODE alterar as alíquotas (e as bases de cálculo) do I.I., a fim de ajustá-lo aos objetivos da política cambial e do comércio exterior, observadas as condições e os limites estabelecidos em lei (art. 153, § 1º CF, e art. 21 CTN).

Lei 3.244/57 (alterada pelo DL 2.162/1984), Art. 3º Poderá ser alterada dentro dos limites máximos e mínimo do respectivo capítulo, a alíquota relativa a produto: a) cujo nível tarifário venha a se revelar insuficiente ou excessivo ao adequado cumprimento dos objetivos da Tarifa; b) cuja produção interna for de interesse fundamental estimular; c) que haja obtido registro de similar; d) de país que dificultar a exportação brasileira para seu mercado, ouvido previamente o Ministério das Relações Exteriores; e) de país que desvalorizar sua moeda ou conceder subsídio à exportação de forma a frustrar os objetivos da Tarifa. § 1º Nas hipóteses dos itens “a”, “b” e “c” a alteração da alíquota, em cada caso, não poderá ultrapassar, para mais ou para menos, a 30%* (trinta por cento) ad valorem. § 2º Na ocorrência de dumping, a alíquota poderá ser elevada até o limite capaz de neutralizá-lo. *DL 2.162/84: Art. 1º Fica alterado para 60% (sessenta por cento)ad valorem o limite para mais estabelecido pelo § 1º do artigo 3º da Lei 3.244, de 14 de agosto de 1957, dispensada a observância do limite máximo do respectivo capítulo a que se refere o caput do mesmo artigo. o A Lei nº 8.085/90 (EC 32/01), reitera a necessidade de observância destas condições e dos limites,

estabelece que o “Presidente da República poderá outorgar competência à CAMEX para a prática dos atos previstos neste artigo”.

13

Page 14: Resumo - DIREITO TRIBUTARIO II - unidade I - Thiago Cedraz - PARCIAL.pdf

(2) IMPOSTO SOBRE A EXPORTAÇÃO (I.E.)

A) LEGISLAÇÃO — A Competência para instituir é da União.

CF, Art. 153 - Compete à União instituir impostos sobre: II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;

— O art. 153, §1º atenua a legalidade: “É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V”

— Atenção: O I.E. é uma exceção quanto a observância das anterioridades de exercício e nonagesimal mínima (art. 150, § 1º).

— Decreto-Lei 1.578/77 instituiu o imposto (determina sua regra matriz de incidência) -> foi recepcionado pela CF/88 (tem diversas alterações: Lei 9.716/98 e pela MP 2.158-35/01)

o Atenção: “Art. 8º – No que couber, aplicar-se-á, subsidiariamente, ao imposto sobre a exportação a legislação relativa ao imposto de importação”

o O art. 10 do DL 1.578/77 (redação da EC 32/01): “Art. 10. A CAMEX expedirá normas complementares a este Decreto-Lei, respeitado o disposto no § 2º do art. 1º, caput e § 2º do art. 2º, e arts. 3º e 9º”.

A regulamentação do IE dá-se pelo Decreto 6.759/09 (Regulamento Aduaneiro), que regulamenta a administração das atividades aduaneiras e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior.

— Art. 23 a 28 do CTN Art. 23. O imposto, de competência da União, sobre a exportação, para o estrangeiro, de produtos nacionais ou nacionalizados tem como fato gerador a saída destes do território nacional.

Art. 24. A base de cálculo do imposto é:

I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária; II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da

exportação, em uma venda em condições de livre concorrência. Parágrafo único. Para os efeitos do inciso II, considera-se a entrega como efetuada no porto ou lugar da saída do produto, deduzidos os tributos diretamente incidentes sobre a operação de exportação e, nas vendas efetuadas a prazo superior aos correntes no mercado internacional o custo do financiamento.

Art. 25. A lei pode adotar como base de cálculo a parcela do valor ou do preço, referidos no artigo anterior,

excedente de valor básico, fixado de acordo com os critérios e dentro dos limites por ela estabelecidos.

Art. 26. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases

de cálculo do imposto, a fim de ajustá-los aos objetivos da política cambial e do comércio exterior.

Art. 27. Contribuinte do imposto é o exportador ou quem a lei a ele equiparar.

Art. 28. A receita líquida do imposto destina-se à formação de reservas monetárias, na forma da lei.

B) BASE ECONÔMICA

— O ART. 153, II da CF outorga competência à União para instituir imposto sobre a “exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados”.

— “Exportar” é “Mandar transportar para fora de um país, estado ou município (artigos nele produzidos)”. o PORÉM, assim como na importação, NÃO basta a transposição da fronteira, a saída física do produto do

território nacional. Exige-se a sua saída para fins de incorporação à economia interna de outro país. Assim, as saídas de produtos em regime de admissão temporária ou de produtos que devam

retornar ao país NÃO configuram propriamente uma exportação (não há IE). — “Para o exterior” – ou seja, só é admissível a tributação da saída de produtos do país para outro, jamais de um

Estado-Membro para outro. o A CF veda expressamente tal prática no art. 150, V, ao impedir que quaisquer dos entes políticos

estabeleçam limitações ao tráfego de pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais.

o OBS.: A legislação, contudo, ainda se vale do termo “exportação” no âmbito interno. É interessante atentar para os termos em que o Decreto-Lei 288/67, que regula a Zona Franca de Manaus, faz referência à “exportação” para a Zona Franca de Manaus, equiparando-a a uma exportação do Brasil para o estrangeiro: “Art. 4º A exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para

14

Page 15: Resumo - DIREITO TRIBUTARIO II - unidade I - Thiago Cedraz - PARCIAL.pdf

o estrangeiro, será para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro”.

— Os impostos de importação e de exportação são instrumentos do comércio internacional, tendo, atualmente, função predominantemente EXTRAFISCAL de controle do comércio exterior e de instrumento de política cambial.

— “Produto” -> abrange tanto a mercadoria (com destinação comercial) como outros bens (para consumo, incorporação ao ativo fixo etc.), além do que abrange tanto os produtos da ação humana (produtos manufaturados, industrializados etc.) como os da própria natureza (produtos primários).

o “Nacionais” - produtos produzidos no território nacional. o “Nacionalizados” são os produtos que tenham sido importados para o território nacional, os quais, uma

— “Território”, da mesma forma do I.I., é o geográfico, excluídos aqueles decorrentes de ficção legal, como as representações diplomáticas no exterior, as aeronaves e as embarcações brasileiras (é chamado de “território aduaneiro”).

C) CRITÉRIOS CONSTITUCIONAIS PARA A INSTITUIÇÃO DO IMPOSTO SOBRE A EXPORTAÇÃO (idem ao I.I.) — Atenuação à legalidade - A CF, através do § 1º do art. 153, atenua a legalidade tributária estrita relativamente ao

Imposto sobre a Exportação, dentre outros impostos, ao facultar ao Poder Executivo a alteração das alíquotas, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, conforme se vê adiante no tratamento do aspecto quantitativo.

o O exercício dessa prerrogativa será feito pelo órgão do executivo a que a legislação outorgar tal atribuição. O STF, aliás, já decidiu que NÃO se trata de competência privativa do Presidente da República, podendo ser atribuído à CAMEX a alteração das alíquotas.

— Exceção às anterioridades - A instituição ou majoração, bem como a revogação de benefícios como isenção, relativamente ao Imposto sobre a Importação, NÃO estão submetidas à observância das anterioridades de exercício e nonagesimal mínima previstas no art. 150, inciso III, b e c, da CF. Isso porque o § 1º do mesmo artigo expressamente o excepciona.

D) ASPECTO MATERIAL — CTN, Art. 23. O imposto, de competência da União, sobre a exportação, para o estrangeiro, de produtos nacionais

ou nacionalizados tem como fato gerador a saída destes do território nacional. o O art. 150, V, da CF proíbe aos entes federados que estabeleçam limitações ao tráfego de pessoas ou

bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais. — O aspecto material do Imposto sobre a Exportação é a exportação para o exterior, assim considerada a saída do

produto nacional ou nacionalizado para fins de incorporação à economia interna de outro país. o A exportação temporária, em regime de suspensão de impostos, em que não se tem a incorporação à

economia de outro país, sequer constitui propriamente uma exportação (NÃO há incidência do imposto). o Produtos nacionais ou nacionalizados

— DL 1.578/77, art. 1º, § 3º: “O Poder Executivo relacionará os produtos sujeitos ao imposto”. o Se não constar determinado produto das tabelas de alíquotas do IE e não sendo possível enquadrá-lo

sequer pelo gênero, a norma tributária estará incompleta, impedindo o surgimento da obrigação tributária, ainda que se possa entender ocorrido o fato gerador.

Em face da ausência de alíquota, não se puder apurar o conteúdo da obrigação, esta não surge.

E) ASPECTO TEMPORAL — O fato gerador do Imposto sobre a Exportação considera-se ocorrido (aspecto temporal), no ato da expedição da

guia de exportação ou documento equivalente (art. 1º, § 1º, do DL 1.578/77). o PORÉM, em razão da implantação do SISCOMEX (Sistema Integrado de Comércio Exterior) e do

consequente processamento eletrônico dos diversos atos inerentes ao comércio exterior, não há mais guias de exportação, sendo seu equivalente o “registro da exportação” junto ao SISCOMEX.

Regulamento Aduaneiro (Dec. 6.759/2009) – art. 213, § único: “Para efeito de cálculo do imposto, considera-se ocorrido o fato gerador na data do registro de exportação no Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX)”

o Atenção: O STF tem ressaltado que o “registro da exportação” NÃO pode ser confundido com o “registro da venda”, o qual é irrelevante para a incidência do imposto. Importa apenas o registro de exportação!

OBS.: é importante para saber qual o momento do fato gerador e, portanto, qual a lei aplicável à época!

Voto da Ministra Ellen Gracie: “... Não é, todavia, qualquer registro no SISCOMEX que corresponde à expedição do documento equivalente à guia de exportação previsto no § 1º, in fine do art. 1º do DL 1.578/77, como determinante da ocorrência do fato gerador do tributo. Os Registros de Venda invocados pela exportadora NÃO tem essa estatura. Somente o Registro de Exportação corresponde e se equipara à Guia de Exportação. Logo, havendo as Resoluções nº 2.112/94 e 2.136/94 sido editadas após os registros

15

Page 16: Resumo - DIREITO TRIBUTARIO II - unidade I - Thiago Cedraz - PARCIAL.pdf

de venda, mas antes dos registros de exportação submetem-se as operações respectivas às alíquotas nelas fixadas, posto que tal fixação se deu antes da ocorrência do fato gerador... ”

Porém, o STJ tem precedentes, da 1ª e da 2ª Turmas, no sentido de que importa o registro de vendas!

F) ASPECTO ESPACIAL — O aspecto espacial, no Imposto sobre a Exportação, é inerente à descrição do próprio aspecto material: saída do

produto nacional ou nacionalizado do “território nacional”, assim considerado o território geográfico, excluídas as representações diplomáticas no exterior, as aeronaves e as embarcações brasileiras.

G) ASPECTO PESSOAL — O sujeito ativo é a própria União (credor, titular das prerrogativas atinentes a regulamentação, fiscalização,

lançamento e execução). — O contribuinte (sujeito passivo) é o exportador ou quem a lei a ele equiparar (art. 27 CTN):

o CTN, Art. 27. Contribuinte do imposto é o exportador ou quem a lei a ele equiparar. o O DL 1.578/77 (art. 5º) define como contribuinte o exportador, assim considerada qualquer pessoa que

promova a saída do produto do território nacional: Art. 5º O contribuinte do imposto é o exportador, assim considerado qualquer pessoa que

promova a saída do produto do território nacional. o Exportador é a pessoa que expede a mercadoria ou a leva consigo para fora do País.

O termo NÃO está a indicar uma categoria profissional. Pode tratar-se de comerciante ou não; pessoa física ou jurídica; praticar com habitualidade ou esporadicamente o ato de exportar.

H) ASPECTO QUANTITATIVO — Art. 24. A BASE DE CÁLCULO do imposto é:

I – quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária; II – quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência.

Parágrafo único. Para os efeitos do inciso II, considera-se a entrega como efetuada no porto ou lugar da saída

do produto, deduzidos os tributos diretamente incidentes sobre a operação de exportação e, nas vendas efetuadas a prazo superior aos correntes no mercado internacional, o custo do financiamento.

— OBS.: inciso I -> determinado montante em dinheiro por unidade de medida do produto (quantidade, peso ou volume) – assim, bastará verificar a medida e multiplicar pela quantia indicada.

— OBS.: inciso II -> Alíquota ad valorem (hipótese mais comum) -> previsão de um percentual a incidir sobre o valor da exportação.

o Neste caso, terá como base de cálculo, ou seja, valor da exportação, NÃO necessariamente aquele pelo qual foi realizado o eventual negócio jurídico, MAS “o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência, considerada “a entrega como efetuada no porto ou lugar da saída do produto, deduzidos os tributos diretamente incidentes sobre a operação de exportação e, nas vendas efetuadas a prazo superior aos correntes no mercado internacional, o custo do financiamento”. (ver melhor)

O art. 2º do DL 1.578/77 (EC 32/01) - referência expressa ao preço FOB do produto: Art. 2º A base de cálculo do imposto é o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência no mercado internacional, observadas as normas expedidas pelo Poder Executivo, mediante ato do Conselho Monetário Nacional. § 1º O preço à vista do produto, FOB ou posto na fronteira, é indicativo do preço normal. § 2º Quando o preço do produto for de difícil apuração ou for susceptível de oscilações bruscas no mercado internacional, o Poder Executivo, mediante ato do Conselho Monetário Nacional, fixará critérios específicos ou estabelecerá pauta de valor mínimo, para apuração de base de cálculo. § 3º Para efeito de determinação da base de cálculo do imposto, o preço de venda das mercadorias exportadas não poderá ser inferior ao seu custo de aquisição ou produção, acrescido dos impostos e das contribuições incidentes e de margem de lucro de quinze por cento sobre a soma dos custos, mais impostos e contribuições.

o A base de cálculo do I.E neste caso é o preço FOB. Obs.: FOB é um INCOTERM (termos que designam de forma sumária cláusulas usuais no

comércio internacional), uma sigla que designa a cláusula padrão no comércio internacional em que as obrigações do vendedor se encerram quando a mercadoria transpõe a amurada do navio no porto de embarque, ficando, daí em diante, por conta e sob a responsabilidade do

16

Page 17: Resumo - DIREITO TRIBUTARIO II - unidade I - Thiago Cedraz - PARCIAL.pdf

comprador, NÃO obrigando o vendedor pela contratação e pagamento de frete e de seguro, de modo que indica o preço da mercadoria SEM tais custos. Por isso, FOB (free on board).

— Já as ALÍQUOTAS (também é SELETIVA?): o Art. 3º do DL 1.578/77 fixa a alíquota, em caráter geral. Estabelece também as condições e os limites

para que o Executivo altere as alíquotas (art. 153, § 1º, da CF e do art. 26 do CTN). Art. 3º A alíquota do imposto é de 30% (trinta por cento), facultado ao Poder Executivo reduzi-la ou aumentá-la, para atender aos objetivos da política cambial e do comércio exterior. Parágrafo único. Em caso de elevação, a alíquota do imposto NÃO poderá ser superior a 5 (cinco) vezes o percentual fixado neste artigo.

o OBS.: Apesar do caráter aberto do condicionamento – “para atender aos objetivos da política cambial e do comércio exterior” –, já houve casos de controle judicial de majoração de alíquotas, com anulação da respectiva resolução por vício na sua motivação.

17

Page 18: Resumo - DIREITO TRIBUTARIO II - unidade I - Thiago Cedraz - PARCIAL.pdf

IMPOSTO DE RENDA E PROVENTOS DE QUALQUER NATUREZA

CTN, Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica:

I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior.

§ 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. § 2o Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo. Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos tributáveis. Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se refere o artigo 43, sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens produtores de renda ou dos proventos tributáveis. Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da renda ou dos proventos tributáveis a condição de responsável pelo imposto cuja retenção e recolhimento lhe caibam. 1) Competência art. 153, III, CF – da União.

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: III - renda e proventos de qualquer natureza;

2) Base econômica A CF autoriza a criação de “Impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza”. — O legislador ordinário não pode extrapolar a amplitude dos conceitos de “renda” e “proventos de qualquer

natureza”, sob pena de inconstitucionalidade. — A renda é o ACRÉSCIMO patrimonial produto do capital ou do trabalho.

o “A renda é disponibilidade de riqueza nova, havida em dois momentos distintos. (...) é o acréscimo patrimonial experimentado pelo contribuinte, ao longo de um determinado período de tempo. (...) sob pena de, não sendo assim, nós tributarmos ou o patrimônio ou o faturamento”.

— Proventos são os ACRÉSCIMOS patrimoniais decorrentes de uma atividade que já cessou. o “Provento é forma específica de rendimento tributável, tecnicamente compreendida como o que é ‘fruto

não da realização imediata e simultânea de um patrimônio, mas sim, do acréscimo patrimonial resultante de uma atividade que já cessou, mas que ainda produz rendimento’, como os benefícios de origem previdenciária, herança, pensões e aposentadoria. Já os proventos em acepção ampla, como acréscimos patrimoniais não resultantes do capital ou do trabalho, são todos aqueles de “origem ilícita e bem aqueles cuja origem não seja identificável ou comprovável”.

o É conceito de cunho residual que abrange os demais acréscimos patrimoniais NÃO derivados do capital ou do trabalho.

“Acréscimo patrimonial”, portanto, é o elemento comum e nuclear dos conceitos de renda e de proventos. o Será inconstitucional, então, a lei federal que tribute a receita representativa de mera reposição de bens

patrimoniais (por terem sido objeto de aplicação de capital da pessoa), como pagamento de capital ou reembolso das despesas feitas para produção da receita. Nem se pode tributar o preço de alienação do bem, que é mera reposição do capital investido, se não há ganho real.

— A jurisprudência é no sentido de que as indenizações que configure recomposição do patrimônio NÃO ensejam a incidência de imposto de renda porque NÃO implicam acréscimo patrimonial, apenas reparam uma perda, constituindo mera recomposição do patrimônio.

o PORÉM, nem tudo o que se costuma denominar de indenização, mesmo material, efetivamente corresponde a simples recomposição de perdas. Verbas que constituam acréscimo patrimonial, ainda que pagas sob a rubrica de “indenização”, serão tributadas.

Assim, o mesmo não ocorre com a “indenização” para reposição de lucros cessantes. As supostas indenizações pagas por liberalidade do empregador quando da rescisão do contrato de trabalho. (?)

o OBS.: Por constituírem indenização, NÃO incide imposto de renda sobre a conversão em dinheiro de férias vencidas e não gozadas, sobre o pagamento de férias proporcionais e sobre o acréscimo de 1/3 e de licenças-prêmio não gozadas. O mesmo ocorre com os valores pagos por ocasião da adesão a planos incentivados de demissão de servidores públicos (PDV) e de aposentadoria de servidores públicos (PAI). Consideram-se também indenizatórios os pagamentos a título de auxílio-creche, auxílio- alimentação e auxílio-transporte, e as ajudas de custo pela utilização de veículo próprio. A indenização

18

Page 19: Resumo - DIREITO TRIBUTARIO II - unidade I - Thiago Cedraz - PARCIAL.pdf

por acidente do trabalho, ainda quando “paga sob a forma de pensionamento”, também não se sujeita ao imposto de renda.

As verbas pagas por incentivo a demissão ou aposentadoria por pessoas jurídicas de direito privado têm sido submetidas à tributação.

O STJ consolidou entendimento no sentido de que “Incide imposto de renda sobre os valores percebidos a título de indenização por horas extraordinárias trabalhadas, ainda que decorrentes de acordo coletivo.” (Súmula 463 do STJ).

O STJ entende que NÃO incide IR seja sobre os juros relativos a valores indenizatórios, seja sobre os juros relativos a verbas remuneratórias, desde que pagos “no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho”. Já no caso da vigência do contrato de trabalho, ainda está para ser analisado.

o O STJ definiu que NÃO incide IR sobre a indenização por danos morais (súmula 498) – o dano moral tem a natureza jurídica de indenização!

3) Critérios constitucionais para a instituição do IR

— É sujeito à anterioridade de exercício, PORÉM, é EXCEÇÃO à anterioridade nonagesimal mínima (NÃO precisa respeitar) - § 1º, art. 150 da CF.

o A majoração ocorrida ao final de determinado ano poderá produzir efeitos relativamente ao período a se iniciar em 1º de janeiro seguinte independentemente de haver ou não o interstício de 90 dias entre a publicação da lei e a virada do exercício.

— Outros critérios específicos para a instituição (§ 2º do art. 153 da CF):

Art. 153, § 2º O imposto previsto no inciso III: (Imposto sobre a Renda e Proventos) I – será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da lei;

o Generalidade - significa que o tributo deve abranger todos os contribuintes que pratiquem o ato ou

estejam em igual relação com o fato descrito na hipótese de incidência. É critério que diz respeito ao campo subjetivo, mais especificamente à sujeição passiva. Todos os contribuintes devem ser tratados de uma só forma, o que já decorre do próprio

princípio da igualdade. Não se admite qualquer tributação especial (não se admitem classes de contribuintes). Todo

acréscimo novo decorrente do ato de produção de renda deve ser objeto de tributação, respeitado o critério da progressividade.

o Universalidade – significa incidir o tributo sobre todos os fatos descritos na hipótese de incidência (incidir indistintamente sobre diversas espécies de rendimentos).

É critério que diz respeito à extensão da base de cálculo, que deve abranger quaisquer rendas e proventos auferidos pelo contribuinte.

Deve considerar a totalidade das rendas do contribuinte como uma unidade, sem estabelecer distinções entre tipos de rendas para efeito de tributação diferenciada (ser universal é ser total; Não há receita diferente de outra, como não há despesa diferente de outra).

Tais princípios não impedem, todavia, a concessão de isenções objetivas ou subjetivas. Impedem é a exclusão apriorística de determinada categoria de pessoas ou rendimentos do rol dos sujeitos passivos ou dos fatos tributáveis.

o Progressividade – Tem-se progressividade quando há diversas alíquotas graduadas progressivamente em função do aumento da base de cálculo: maior a base, maior a alíquota.

É critério que exige variação positiva da alíquota à medida que há aumento da base de cálculo. Atenção: Não confundir a progressividade com a seletividade:

É progressivo o imposto cuja alíquota é maior na medida em que aumenta a base tributável. A progressividade faz com que o imposto onere mais quem tem riqueza maior. Personaliza o imposto. É seletivo o imposto cujas alíquotas são diferentes, para objetos diferentes, como acontece com o IPI, que tem alíquotas elevadas para certos produtos, e muito baixa, mesmo zero, para outros produtos. Na seletividade, não importa o sujeito. Importa exclusivamente o objeto da tributação (por isso se pode dizer que ela é adequada para os impostos reais, como o IPTU).

19

Page 20: Resumo - DIREITO TRIBUTARIO II - unidade I - Thiago Cedraz - PARCIAL.pdf

o Aliás, conforme já ressaltado, o critério da universalidade impede a tributação diferenciada de determinadas rendas, ou seja, impede a aplicação da seletividade no imposto de renda (seria inconstitucional).

Como imposto de natureza pessoal, o IR deve, necessariamente, ser graduado segundo a capacidade econômica do contribuinte (art. 145, § 1º, CF). A progressividade, aliás, serve de instrumento para a tributação da renda conforme a capacidade contributiva.

4) Aspecto material (fato gerador)

Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica OU jurídica:

I – de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II – de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior.

§ 1º A incidência do imposto INDEPENDE da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. § 2º Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo.

“Aquisição” = adquirir, ou seja, de obter, conseguir, passar a ter “Disponibilidade” = qualidade ou estado do que é disponível, do que se pode usar livremente. A disponibilidade econômica ocorre com o recebimento da renda, a sua incorporação ao patrimônio, a possibilidade de utilizar, gozar ou dispor dela.

o Já a disponibilidade jurídica dá-se com a aquisição de um direito não sujeito a condição suspensiva, ou seja, o acréscimo ao patrimônio ainda não está economicamente disponível, mas já existe um título para o seu recebimento, como, por exemplo, os direitos de crédito (cheque, nota promissória etc.).

Não alcança a mera expectativa de ganho futuro ou em potencial (dúvida: a jurídica não é expectativa?????). Não inclui também a simples posse de numerário alheio. Para que haja disponibilidade econômica, não é necessário que haja a concomitante disponibilidade financeira (são diferentes!).

o Enquanto a disponibilidade financeira se refere à imediata ‘utilidade’ da renda, a disponibilidade econômica está atrelada ao simples acréscimo patrimonial, independentemente da existência de recursos financeiros.

o Não é necessário que a renda se torne efetivamente disponível (disponibilidade financeira) para que se considere ocorrido o fato gerador do imposto de renda, limitando-se a lei a exigir a verificação do acréscimo patrimonial (disponibilidade econômica).

OBS.: a disponibilidade jurídica fica caracterizada para o locador de imóvel, já quando há o recebimento pela imobiliária (ou por outra pessoa designada) do aluguel pago pelo locatário, mesmo que a imobiliária não tenha prestado contas ainda ao locador. Pode-se dizer até mesmo que o fato gerador do imposto de renda é a aquisição da disponibilidade de acréscimo patrimonial produto do capital ou do trabalho, da combinação de ambos (renda) ou de qualquer outra causa (proventos).

o OBS.: Acréscimo patrimonial significa riqueza nova, de modo que corresponde ao que “sobra” de todos os investimentos realizados e despesas efetuadas para a obtenção do ingresso, o que tem repercussão na apuração da base de cálculo do imposto.

Os §§ 1º e 2º do art. 43 referem-se erroneamente a “receita” (ou rendimento), pois “receitas” não considera as saídas, as despesas. A definição do fato gerador está condicionada pela base econômica dada à tributação pelo art. 153, III, da CF, que refere “rendas ou proventos de qualquer natureza”, e não a receitas (essa interpretação seria inconstitucional). Atenção: As indenizações NÃO configuram riqueza nova e que, portanto, não revelam acréscimo patrimonial, não implicando fato gerador do IR (por isso há várias discussões sobre as diversas verbas, se têm natureza salarial ou indenizatória). Atenção: NÃO é fato gerador do IR as simples atualizações monetárias de ativos que sejam determinadas pela legislação em períodos de alta inflação, ou seja, os lucros meramente nominais ou inflacionários.

20

Page 21: Resumo - DIREITO TRIBUTARIO II - unidade I - Thiago Cedraz - PARCIAL.pdf

5) Aspecto temporal (na visão de Paulsen)

Apesar do professor e de outros doutrinadores considerarem o fato gerador do IR como instantâneo, Paulsen considera como complexivo.

o Sendo complexivo, exige a definição legal do momento em que se deva considerar como ocorrido o fato gerador, ou seja, a definição legal do aspecto temporal da hipótese de incidência tributária.

o “O fato gerador do Imposto de Renda realiza-se no decorrer do ano-base ao qual se refere sua declaração (ato complexo). Ou seja, não ocorre ele no último dia do exercício financeiro em relação ao qual deve o contribuinte realizar a apuração do eventual quantum devido. É no transcorrer do ano de referência que se verificam as disponibilidades econômicas e jurídicas que justificam a tributação da renda; podendo, por conseguinte, ser ela antecipada, de forma que sua apuração final poderá ser postergada para o ano seguinte.”

No IRPF, considera-se ocorrido o fato gerador em 31 de dezembro do ano-calendário. Até 30 de abril do subsequente, verifica-se o imposto sobre a renda e proventos efetivamente devido, compensando-se o montante que já foi objeto de adiantamentos mensais (carnê-leão ou retenção), apurando-se, então, o saldo a restituir (em caso de pagamento antecipado a maior) ou a pagar (em caso de pagamento antecipado a menor).

No IRPJ, tem-se período de apuração trimestral, podendo, a pessoa jurídica que pagar com base no lucro real, optar pelo período anual, com antecipações mensais. No imposto trimestral, considera-se ocorrido o fato gerador ao final de cada trimestre civil; no anual, em 31 de dezembro do ano-calendário.

6) Aspecto espacial

O imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza caracteriza-se pela EXTRATERRITORIALIDADE, ou seja, por alcançar fatos geradores ocorridos não apenas no território nacional, como fora dele - não importa se foram gerados no país ou no exterior (§§ 1º e 2º do art. 43 do CTN).

o Há quem defenda que o critério da universalidade, previsto no art. 153, § 2º, I, da CF, impõe a extraterritorialidade.

o “Segundo o princípio da base global do IR, passa a ser tributada a universalidade dos lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos (nos mercados doméstico e exterior) por pessoas físicas e jurídicas domiciliadas no país”.

7) Aspecto pessoal

Sujeito ativo – União (mas parte da receita é repartida entre os demais entes) o A administração do imposto cabe à Secretaria da Receita Federal. Os mandados de segurança em

que se discute o IR, portanto, normalmente têm como autoridade coatora o Delegado da Receita Federal. As demais ações, são ajuizadas tendo como ré a União.

o OBS.: no caso de discussão quanto a IR retido na fonte por estado-membro da federação, que pertence ao próprio estado por força do art. 157, I, da CF, o STJ tem entendido que as respectivas ações devem ser ajuizadas contra tais estados.

Sujeito passivo CTN, Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se refere o artigo 43, sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens produtores de renda ou dos proventos tributáveis. Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da renda ou dos proventos tributáveis a condição de responsável pelo imposto cuja retenção e recolhimento lhe caibam.

o Contribuinte (realiza o fato gerador e arca com o ônus) São contribuintes do IRPF as pessoas físicas residentes ou domiciliadas no Brasil, sem

distinção da nacionalidade, sexo, idade, estado civil ou profissão A renda e os proventos de qualquer natureza percebidos no País por residentes ou domiciliados no exterior ou a eles equiparados, estão sujeitos ao imposto.

As pessoas físicas que percebem rendimentos de outras pessoas físicas devem providenciar o pagamento mensal do IR através do denominado carnê-leão. Por si próprias, apuram o montante devido e realizam o recolhimento mensal respectivo, procedendo, posteriormente, ao ajuste anual até o final do mês de abril do exercício subsequente.

No caso de percepção de rendimentos pagos por pessoas jurídicas, a sistemática é diversa, pois teremos, então, a retenção na fonte do imposto devido. O imposto retido nessa sistemática ao longo do ano será deduzido do montante a pagar por ocasião do ajuste anual.

21

Page 22: Resumo - DIREITO TRIBUTARIO II - unidade I - Thiago Cedraz - PARCIAL.pdf

Para o ano-calendário de 2015:

São contribuintes do IRPJ as pessoas jurídicas e firmas individuais.

As pessoas jurídicas estão obrigadas à apresentação da Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica até o último dia do mês de março do ano subsequente.

o Responsável (não realizado o FG, mas tem relação com ele, e tem obrigação de fazer o recolhimento -> contribuinte de direito)

É muito utilizado no IR para facilitar a arrecadação. Em regra, cabe à fonte pagadora (que não adquire renda, pelo contrário, mas é mais fácil, pois é aquele que detém o recurso).

Atenção: omissão da fonte pagadora em efetuar a retenção NÃO exclui a responsabilidade do contribuinte pelo pagamento do imposto, o qual fica obrigado a declarar o valor recebido em sua declaração de ajuste anual.

No caso de PJ, os principais casos de responsabilidade são a responsabilidade por sucessão, nos casos de incorporação, fusão ou transformação, e a responsabilidade pessoal, por ato praticado com ofensa aos estatutos, contrato social ou a lei.

8) Aspecto Quantitativo

CTN, Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos tributáveis. – Dúvida: art. 3º da Lei 7.713/88: “§ 3º Na apuração do ganho de capital serão consideradas as operações que

importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos ou cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição, tais como as realizadas por compra e venda, permuta, adjudicação, desapropriação, dação em pagamento, doação, procuração em causa própria, promessa de compra e venda, cessão de direitos ou promessa de cessão de direitos e contratos afins”. Incide sobre alienação??? A alienação significa acréscimo patrimonial??? Não seria apenas a transformação de um imóvel em dinheiro??? Incide apenas sobre a valorização?

– OBS.: Apesar do art. 3º da Lei 7.713/88 falar em “rendimento bruto”, há discussões sobre a possibilidade da equiparação da renda e proventos de qualquer natureza ao rendimento bruto.

o Algumas despesas tem sua dedução autorizada por lei (como saúde e educação, que constam no arts. 196 e 205 da CF como direitos de todos e deveres do Estado).

O fundamento está, ainda, no fato de que tais despesas visam à preservação da saúde e à qualificação como instrumentos, inclusive, para a própria aquisição da renda, de modo que a tributação dos valores destinados ao seu custeio não implicaria tributação de acréscimo patrimonial.

No caso de educação, deve observar o limite autorizado. As despesas médicas NÃO possuem limite.

o A lei também estabelece montante a ser deduzido do próprio imposto devido, conforme o patamar dos rendimentos auferidos, de modo que a faixa isenta assim o seja para todos os contribuintes.

O contribuinte com rendimentos que alcançam a faixa dos 7,5% não paga 7,5% sobre todos os seus rendimentos, mas apenas sobre o que ultrapassa a faixa de isenção, e assim por diante nas demais faixas.

– A tabela progressiva mensal aponta a parcela a deduzir e as alíquotas progressivas (05 faixas):

o A tabela para o ajuste anual corresponde à soma das tabelas mensais vigentes no respectivo ano-

calendário. O STF entende que o reajuste das tabelas cabe ao legislador, não podendo o Judiciário substituí-lo nisso.

22

Base de Cálculo (R$) Alíquota (%) Parcela a Deduzir do IR (R$)

Até 1.903,98 - -

De 1.903,99 até 2.826,65 7,5% 142,80

De 2.826,66 até 3.751,05 15,0% 354,80 De 3.751,06 até 4.664,68 22,5% 636,13

Acima de 4.664,68 27,5% 869,36

Page 23: Resumo - DIREITO TRIBUTARIO II - unidade I - Thiago Cedraz - PARCIAL.pdf

Outras deduções e isenções: o Há uma isenção adicional para as aposentadorias, pensões, reserva ou reforma a partir do mês em que o

contribuinte completar 65 anos de idade, a partir do ano-calendário de 2014, atualmente, no valor mensal de R$ 1.903,98 -> ano-calendário de 2015.

o Não há isenção do chamado abono de permanência, parcela recebida pelo servidor público para compensar a sua contribuição ao plano de seguridade próprio quando, reunindo os requisitos para aposentar-se, opta por continuar na ativa.

o As doenças graves que implicam isenção do imposto de renda relativo à aposentadoria, reforma e pensão, como neoplasia maligna, cardiopatia grave e síndrome da imunodeficiência adquirida, na forma do art. 6º, XIV e XXI, da Lei 7.713/88, devem ser constatadas em laudo pericial oficial, o que se dispensa em juízo se houver outros elementos suficientes para demonstrar a moléstia.

o Também pode ser deduzido do imposto apurado, “até o exercício de 2015, ano-calendário de 2014, a contribuição patronal paga à Previdência Social pelo empregador doméstico incidente sobre o valor da remuneração do empregado”, estando a dedução limitada “a) a um empregado doméstico por declaração, inclusive no caso da declaração em conjunto; b) ao valor recolhido no ano-calendário a que se referir a declaração;”, aplicando-se “somente ao modelo completo de Declaração de Ajuste Anual;” e não podendo exceder ao valor da contribuição patronal calculada sobre um salário mínimo mensal e respectivos 13º e adicional de férias, nem ao valor do imposto apurado, ficando condicionado, ainda, “à comprovação da regularidade do empregador doméstico junto ao regime geral de previdência social quando se tratar de contribuinte individual”.

– Há rendas tributadas em separado, como o ganho de capital, e rendas tributadas exclusivamente na fonte, como

as decorrentes de aplicações financeiras. Nesses casos, o montante tributado NÃO se comunica com os demais rendimentos para efeito de ajuste, ou seja, ficam tais rendimentos à margem do ajuste, sendo apenas informada, na declaração, em campos específicos, a sua percepção e o imposto oportunamente pago ou suportado.

o RIR/99: Art. 138. O ganho de capital será determinado pela diferença positiva, entre o valor de alienação e o custo de aquisição, apurado nos termos dos arts. 123 a 137 (Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, § 2º, Lei nº 8.383, de 1991, art. 2º, § 7º, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 17) - alíquota de 15%.

Porém, são isentas a alienação de imóveis de até R$ 35.000,00, a alienação do único imóvel de

até R$ 440.000,00 desde que não tenha alienado qualquer outro nos últimos cinco anos141 e a alienação de imóvel residencial para aquisição de outro dentro de 180 dias.

A mesma Lei estabeleceu a possibilidade de correção do preço de aquisição do bem para comparação com o preço de venda de modo a que se apure o ganho efetivo, e não simples ganho inflacionário.

– Os rendimentos do trabalho e os provenientes de aposentadoria, pensão ou reforma, “quando correspondentes a anos-calendário anteriores ao do recebimento, serão tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês”, nos termos do art. 12-A à Lei 7.713/88

o O cálculo do imposto de renda, nesse caso, se dá considerando os valores da tabela atual multiplicados pelo número de meses a que corresponda o pagamento. Isso faz com que se tenha a aplicação da faixa de isenção e das demais faixas da tabela progressiva para cada parcela, implicando tributação bastante favorável ao contribuinte (esta questão está em análise no STF).

– Os rendimentos de capital (renda fixa e renda variável) são tributados pelo imposto sobre a renda à alíquota de 20%. As rendas advindas de prêmios e sorteios em dinheiro são tributadas à alíquota de 30%.

– A pessoa jurídica, por sua vez, submete-se, ordinariamente, ao imposto de renda calculado com base no lucro real ou com base no lucro presumido, podendo, ainda, vir a ser tributada com base no lucro arbitrado.

o Há empresas que estão obrigadas à apuração do lucro real. Entre elas (art. 14 da Lei 9.718/98. As que tenham apurado lucro mensal, no ano-calendário anterior, superior a 48 milhões de

reais Aquelas cujas atividades sejam de bancos, caixas econômicas ou sociedades de crédito As que tiverem lucros oriundos do exterior As que usufruem de isenção ou redução do imposto As empresas de factoring e as de securitização de créditos imobiliários, financeiros e do

agronegócio. o A tributação pelo lucro real pressupõe maiores rigores formais para a apuração efetiva do lucro da

pessoa jurídica, mediante consideração das suas receitas e das deduções cabíveis.

23

Page 24: Resumo - DIREITO TRIBUTARIO II - unidade I - Thiago Cedraz - PARCIAL.pdf

Apura-se efetivamente o lucro ocorrido, calculando-se sobre ele, o montante devido a título de IRPJ.

Lucro líquido (que é o lucro contábil) é diferente de lucro real. O que difere é que as deduções e compensações admissíveis para a apuração do lucro líquido não correspondem exatamente àquelas admitidas para fins de apuração da base de cálculo do IRPJ, ou seja, do lucro real. Assim, obtido o lucro líquido, fazem-se as adequações necessárias (adições, exclusões e compensações) para a apuração do lucro real.

OBS.: O valor devido a título de CSL integra a base de cálculo do IRPJ, não havendo, quanto a isso, qualquer vício. Aliás, vale destacar que não há mesmo identidade entre um tributo e outro.

o A alíquota padrão é de 15% sobre o lucro real. Há, ainda, um adicional de 10% sobre o montante do lucro real que superar, no mês, R$

20.000,00, conforme o art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei 9.430/96, ficando o percentual, nesses casos, em 25% (15% + 10%).

o Já as tributações pelos lucros presumido e arbitrado envolvem a utilização de bases substitutivas. No lucro presumido e do lucro arbitrado ocorre a adoção, por lei, de uma base de cálculo

substitutiva da base de cálculo primária, que é o lucro real. Não é, em rigor, o lucro, mas um certo percentual do faturamento.

No lucro presumido, a própria lei prevê duas bases de cálculo alternativas, em que a substituição de uma por outra depende apenas da vontade do contribuinte (desde que não esteja entre as obrigadas a adotar o lucro real);

A base de cálculo diz-se presumida porque, em verdade, o lucro pode ter sido maior, ou menor, que o percentual da receita apontado por lei. A alíquota pode variar (art. 15 lei 9.245/95) A pessoa jurídica fica dispensada da apuração do lucro real e das formalidades que lhe são inerentes.

No lucro arbitrado a lei prevê uma base de cálculo principal ou de primeiro grau e outra subsidiária, ou de segundo grau, que se substitui à primeira, NÃO por opção do contribuinte ou do Fisco, mas por impossibilidade objetiva de aplicação da primeira.

O IRPJ é apurado sobre o lucro arbitrado em caráter excepcional, quando a pessoa jurídica tributada com base no lucro real não cumprir corretamente as respectivas obrigações acessórias (manter escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, elaborar e apresentar as demonstrações exigidas...), houver fraude ou vícios comprometedores da idoneidade da apuração realizada, tiver ocorrido opção indevida pelo lucro presumido, enfim, quando não for possível apurar adequadamente o imposto com base no lucro real ou presumido. Como fazer quando não haja forma de se apurar sequer a receita da pessoa jurídica, por ausência ou vícios graves na sua contabilidade? O art. 51 da Lei 8.981/95 estabelece critérios para a determinação do lucro por arbitramento.

A tributação com base no lucro arbitrado somente será admitida em caso de lançamento de ofício (com exceção da permissão ao contribuinte do art. 531)

o Quando conhecida a receita bruta, será determinado mediante a aplicação dos mesmos percentuais estabelecidos para o lucro presumido, acrescidos de 20%, exceção para as instituições financeiras (45%), além de não poder aproveitar qualquer destinação ou dedução a título de incentivo fiscal, o que vale também para o lucro presumido.

o Porém, sendo o arbitramento efetuado pelo Fisco, o contribuinte sofrerá a sanção da multa de ofício, e a exigência tributária ficará ainda mais gravosa, em relação ao lucro presumido com apresentação espontânea da declaração.

o O arbitramento do lucro da pessoa jurídica, inclui empresa individual equiparada à pessoa jurídica (não optante pelo regime do SIMPLES).

Ocorre, assim, um processo de progressiva adaptação à realidade: 1. Num primeiro momento tenta aplicar-se a base de cálculo principal ou de

primeiro grau – que é o lucro real, demonstrado face à escrituração do contribuinte;

24

Page 25: Resumo - DIREITO TRIBUTARIO II - unidade I - Thiago Cedraz - PARCIAL.pdf

2. Num segundo momento, demonstrada a impossibilidade da sua apuração pela

escrituração do contribuinte, a lei determina a substituição da base de cálculo principal por uma base de cálculo subsidiária, ainda definida em lei e que é um percentual da receita bruta;

3. Num terceiro momento, demonstrada a impossibilidade de apuração da própria base de cálculo subsidiária – a receita bruta – a lei admite, ainda e também a título subsidiário, uma livre atividade administrativa instrutória baseada em métodos indiciários de caráter alternativo.

o A passagem de uma fase para a fase subseqüente depende sempre, de demonstração, pelo Fisco, dos respectivos pressupostos legais no cumprimento do seu dever de fundamentação dos atos administrativos: a imprestabilidade da escrituração, para legitimar a substituição do lucro real pelo percentual da receita bruta como base de cálculo legal do tributo; a impossibilidade de apuração da receita bruta, para legitimar a substituição da sua prova direta por uma prova indiciária.

25