resumo da proposta de tempo integral

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PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE FLORIANÓPOLIS Discussão baseada no texto integral 1 : Educação Integral. SME 2011. Autores: Vânio Cesar Seemann e Ana Paula Silva Costa EDUCAÇÃO INTEGRAL = Compreender a educação integral como uma necessidade social. A reflexão em torno da educação integral parece-nos essencial, nesse momento, sobretudo porque ao examinarmos as leis, vemos que a educação integral constitui um direito dos cidadãos e uma obrigação do Estado em promovê-la. Nesta linha de raciocínio, é importante pensarmos em implementar uma proposta de educação integral que não se reduza a uma simples organização curricular, mas, que promova o confinamento dos estudantes e a sujeição destes à atividade pedagógica estéreis, mas sim, o de gestar e propor oportunidades significativas de formação e exercício da cidadania. A educação escolar constitui-se na viabilização de oportunidades e possibilidades de apropriação dos bens historicamente produzidos pela humanidade (nesse caso o conhecimento e a cultura), ou seja, no âmbito escolar, implica no sujeito tomar consciência de sua cultura enquanto elemento definidor de suas lides diárias, conhecendo as elaborações e produções manifestas nas diversas linguagens que as gerações passadas produziram, instrumentalizando-se para forjar novas elaborações e produções do seu tempo. 1 Resumo feito pelo Professor Pedro Cabral Filho para discussão interna na Escola Beatriz de Souza Brito – Pantanal. 1

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Page 1: Resumo da proposta de tempo integral

PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE FLORIANÓPOLIS

Discussão baseada no texto integral1: Educação Integral. SME 2011. Autores: Vânio

Cesar Seemann e Ana Paula Silva Costa

EDUCAÇÃO INTEGRAL = Compreender a educação integral como uma

necessidade social.

A reflexão em torno da educação integral parece-nos essencial, nesse momento,

sobretudo porque ao examinarmos as leis, vemos que a educação integral constitui um

direito dos cidadãos e uma obrigação do Estado em promovê-la. Nesta linha de raciocínio,

é importante pensarmos em implementar uma proposta de educação integral que não se

reduza a uma simples organização curricular, mas, que promova o confinamento dos

estudantes e a sujeição destes à atividade pedagógica estéreis, mas sim, o de gestar e

propor oportunidades significativas de formação e exercício da cidadania.

A educação escolar constitui-se na viabilização de oportunidades e possibilidades

de apropriação dos bens historicamente produzidos pela humanidade (nesse caso o

conhecimento e a cultura), ou seja, no âmbito escolar, implica no sujeito tomar

consciência de sua cultura enquanto elemento definidor de suas lides diárias, conhecendo

as elaborações e produções manifestas nas diversas linguagens que as gerações

passadas produziram, instrumentalizando-se para forjar novas elaborações e produções

do seu tempo.

Entendemos que para proceder uma discussão efetiva e coerente sobre qualquer

questão humana, e nesse caso se enquadra a educação integral é imperioso que a

subordinemos à totalidade, à realidade social, ou seja, à história. É imperioso lembrarmos

que nas escolas se intensificam os confrontos traduzidos em incivilidades, ou mesmo,

violências de natureza física e psicológica. Todos esses confrontos denunciam e

anunciam a rebeldia dos estudantes contra valores e normas da própria escola, que

muitas vezes, os colocam à margem do processo educacional e no qual deveriam assumir

lugar de centralidade. Alguns estudantes vivem no seu dia a dia o despropósito da

exclusão e a injustiça social, devido às influências do consumismo desenfreado, do

individualismo, da competição desvairada, da falta de oportunidades culturais e

1 Resumo feito pelo Professor Pedro Cabral Filho para discussão interna na Escola Beatriz de Souza Brito – Pantanal.1

Page 2: Resumo da proposta de tempo integral

profissionais, assim como, a nefasta lógica meritocratica, enfim, o forte e agressivo apelo

à valorização do ter em detrimento do ser, numa perspectiva marcadamente individualista.

Como podemos pensar um currículo de educação integral?

Problematizamos o currículo escolar é uma tarefa árdua que precisa ser

participativa, dialógica e coletiva no sentido de captarmos as reais necessidades

educativas de nossas crianças e adolescentes na perspectiva de sua cidadania. A

cidadania é aqui por nós evocada com o entendimento de que projetos individuais e

projetos coletivos devem e precisam estar articulados, numa ética de responsabilidade.

Nessa contexto, urge superarmos a concepção comeniana de escola, de um

currículo fragmentado, seriado, classificatório, excludente, padronizado, que desconceitua

os sujeitos do seu processo, dessa forma desconsidera e não reconhece as identidades e

as diferenças, logo a pluralidade. E mais, um currículo muitas vezes comprometido com

um conhecimento vulgarizado, porque hegemonicamente interessa àqueles que se

favorecem da lógica capitalista. Isso implica questionarmos os conteúdos trabalhados, as

concepções que os engendram, as relações que os determinam e os constituem, assim

como, as metodologias e tecnologias que utilizaremos para fazerem parte do processo

educativo, com vistas a consolidar uma aprendizagem de qualidade e, por conseguinte,

uma educação de qualidade.

Por conseguinte não se trata de pensarmos apenas uma grade de disciplinas, um

rol de conteúdos, formulários de planejamento e avaliações, com algumas reuniões

burocráticas e horários de início e término de atividades. Trata-se, na verdade de

fortalecermos a instituição escola e os sujeitos que, cotidianamente, tecem as malhas do

currículo e que elaboram e reelaboram o conhecimento, que compreendem o mundo em

que estão situados e exercem efetivamente sua cidadania. Nesse empreendimento, uma

concepção inclusiva deve balizar as ações, assegurando o provimento dos recursos

necessários e, assim, empreendendo o devido tratamento pedagógico, por conseguinte, a

reorganização do trabalho didático. Numa nova relação política entre estudantes,

educadores e o conhecimento.

Parece perfeitamente “natural” e normal que a reprovação e a evasão façam parte

do contexto educacional. Essa percepção deriva da forte influência da meritocracia e das

próprias condições alienantes do exercício profissional docente. A lógica meritocrática

funciona como um eficiente instrumento do capitalismo para perpetuar as desigualdades

sociais, uma vez que exalta o individualismo e, ao mesmo tempo, esconde os reais

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Page 3: Resumo da proposta de tempo integral

problemas que são inerentes e essenciais para a manutenção do sistema. Isso faz o

educador acreditar no dito popular, a todos foi dada a mesma oportunidade de acesso,

logo quem não aprendeu ou evadiu é porque não se esforçou, ou pior, não possuía

vocação para estudar. Não se pode considerar os sujeitos diferentes, uma vez que

aprendem de formas e em tempos diferentes.

Os estudantes identificam-se mais com essa ou com aquela área do conhecimento,

que determinada atividade foi mais compreensível a uns que a outros, e ainda, o uso de

determinada linguagem em detrimento de outra foi mais favorável a uns que outros.

Alguns discursos tiveram mais sentido e significado em relação a outros. Embora se

reconheça que os grupos são heterogêneos e plurais, insistimos em propor atividades

padronizadas, iguais, na crença equivocada de que estamos fazendo uma educação de

qualidade social e equânime, levando o igual aos desiguais e diferentes.

Desconsideramos assim a importância de um trabalho propondo atividades

diferenciadas, para alcançarmos os diferentes, os sujeitos reais que compõem

cotidianamente nossos grupos/turmas de trabalho nas escolas brasileiras. É importante

lembrar que o reconhecimento da diversidade e seu consequente trabalho, em hipótese

alguma significa a justificativa para a desigualdade, tampouco a igualdade pretexto para

uniformidade.

A definição mais comum para a educação integral é aquela que considera o sujeito

em sua condição omnilateral ou multidimensional. Portanto, não apenas na sua dimensão

cognitiva, mas corporal, afetiva, linguística, lúdica, estética, ética, dentre outras. O sujeito

deve ser considerado na sua totalidade.

Com isso, não estamos em hipótese alguma afirmando que trabalharemos apenas

com os conteúdos e conceitos com as quais os estudantes desejam e tem vontade de

aprender, mas sim, propor projetos de pesquisa ou projetos de trabalho capazes de

dialogar com os seus interesses, seus conhecimentos prévios, seus valores e suas

culturas.

Acreditamos que, dessa forma, seremos capazes de problematizar a realidade,

eleger as questões as quais mobilizarão educadores e estudantes na busca e na

construção do conhecimento, efetivando uma relação ensino aprendizagem enquanto

prática de cidadania.

Em síntese, a educação integral pode ser compreendida como o conjunto de

atividades curriculares em que as atividades diversificadas devem integrar-se e se

articular intimamente com o conjunto das atividades curriculares formais, possibilitando

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Page 4: Resumo da proposta de tempo integral

uma formação mais completa dos estudantes e, constituindo assim um currículo uno,

crítico e emancipador.

Um currículo capaz de reconhecer e fortalecer as identidades e forjar projetos

viáveis de cidadania. De acordo com essa perspectiva, todas essas atividades

constituem-se por práticas pedagógicas que incluem os conhecimentos gerais, as

culturas, as artes, a saúde, as linguagens, o movimento, o ambiente, os esportes e o

trabalho.

É oportuno, lembrarmos que a consciência humana, também, é social e nossas

ações são políticas, intencionais, planejadas, desejadas e flexíveis na medida em que se

sucedem, porque a avaliação e a reflexão são componentes que perpassam,

permanentemente, a práxis humana enquanto unidade teórico-prática indissociável.

(MARX, 1995).

Nesse contexto, o planejamento é uma tarefa inerente ao ser humano, seja ela

mais ou menos complexa, sistematizada em documento ou não, tanto quanto à avaliação.

A avaliação escolar constitui-se na possibilidade de contribuir para a melhoria da

qualidade da educação, tanto quanto do desenvolvimento efetivo de processos educativos

que assegurem a apropriação do conhecimento e o desenvolvimento das múltiplas

dimensões humanas como possibilidade revolucionária. É preciso saber para usufruir e

usufruir para transformar.

A ideia arraigada no âmbito da tradição escolar de que avaliar é dar nota e que na

nota se encerra a avaliação é nefasta e um verdadeiro atentado ao que a legislação

estabelece na matéria, tanto quanto, a desconsideração do que tantas pesquisas e

estudos têm demonstrado a respeito. É lamentável e reacionário tornar a nota um

instrumento de poder, de castigo e punição, de afirmação da autoridade num processo

que deve ser dialógico, participativo, solidário e cooperativo.

O educador precisa ter domínio do conhecimento na área em que atua, ser capaz

de agir e interagir com estudantes e colegas educadores e, consequentemente, orientar e

propor atividades de aprendizagem que sejam significativas.

Quais os princípios legais para se pensar uma proposta de

educação integral ?

A constituição Federal de 1988, em seu art 206, estabelece como

princípios à educação:

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Page 5: Resumo da proposta de tempo integral

“I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;

III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições

públicas e privadas de ensino;

IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos

de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos

das redes públicas;

VI - gestão democrática do ensino público na forma da lei

VII - garantia de padrão de qualidade.

VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública,

nos termos de lei federal”.

Para tanto, há que se investir em termos financeiros e em termos de ações

efetivas para o alcance de uma qualidade que se revela nas condições materiais,

financeiras e humanas, para que as aprendizagens possam acontecer efetivamente e,

consequentemente o conhecimento ser construído - desenvolvendo as competências, as

habilidades e os procedimentos - desenvolvidos a partir do trabalho com as diferentes

linguagens, considerando os estudantes em sua totalidade.

Dessa forma, gerar a igualdade de acesso e permanência pressupõe pensar

mecanismos diferenciados deste acesso e desta permanência, a partir das condições

reais estabelecidas, na medida em que os sujeitos são diferentes. Até porque, levar o

igual aos diferentes pode acarretar em mais desigualdade, contrariando os objetivos

fundamentais da República Federativa do Brasil. Daí a importância de uma gestão

democrática e participativa que pense, proponha e geste as condições mais favoráveis à

educação integral considerando, evidentemente, a legislação vigente e as reais

necessidades dos estudantes, razão de ser do processo educacional.

Como pretendemos viabilizar o acesso aos níveis mais elevados do conhecimento

e da pesquisa, conforme a disposição e envolvimento de cada um, a legislação determina

que se estabeleçam programas suplementares de alimentação escolar, material didático,

transporte e assistência à saúde. Esses programas são assim entendidos como suporte e

geração de equidade no acesso e permanência na educação escolar e como tais, devem

ser pensados e repensados no âmbito de uma proposta de educação integral, sobretudo

quando em discussão está a ampliação da jornada.

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Page 6: Resumo da proposta de tempo integral

Quais indicativos considerar no que se refere ao

atendimento educacional especializado – AEE no âmbito

de uma proposta de educação integral?

Ressaltamos que o atendimento educacional especializado – AEE aos portadores

de deficiência, preferencialmente, no ensino regular, constitui-se uma obrigatoriedade, o

que implica no oferecimento de materiais e equipamentos adaptados, profissionais

especializados e a remoção de barreiras que promovam a acessibilidade total.

Isso implica em remover barreiras arquitetônicas, oferecer formação continuada

aos profissionais da educação que atuam com os portadores de deficiência, prover livros

em braille, disponibilizar amplificadores de som, dentre outros, para que efetivamente os

deficientes tenham igualdade de oportunidades, de acesso e de permanência com

sucesso.

Pesquisas recentes (IPEA 2009, UNICEF 2009), têm demonstrado que não

podemos dissociar a desigualdade social existente no Brasil da desigualdade racial. Disto

resulta a ideia de que não podemos refletir e propor estratégias de superação das

desigualdades sociais sem estabelecer estratégias de combate ao preconceito e à

discriminação racial no nosso país, Estado e município. O que aliás, há muito tempo vem

sendo denunciado pelo movimento negro, desde a década de 30.

De acordo com os princípios da educação estabelecidos na Carta Constitucional e

na Lei de Diretrizes e Bases - LDB, bem como, as Diretrizes Curriculares Nacionais Para

a Educação Básica são essenciais para a construção coletiva das propostas político-

pedagógicos no âmbito dos sistemas e, mais especificamente das escolas. É a partir

desse ordenamento jurídico que a educação integral pode e deve ser pensada,

implantada e implementada em seus marcos doutrinais, situacionais e procedimentais.

Ou seja, é na proposta pedagógica da escola que os objetivos e as finalidades da

educação escolar integral devem ser definidos, tomando como referência a discussão,

articulação e participação de toda a comunidade escolar. Além disso, pensar e repensar

os recursos humanos, suas atribuições e áreas de atuação visando ao desenvolvimento

das múltiplas dimensões humanas, bem como, a própria ampliação da jornada de

trabalho. Isto requer a reorganização dos tempos e dos lugares educativos. É uma tarefa

para ser empreendida e possível. Até porque, processos educativos diferenciados

precisam ser propostos, considerando os sujeitos, suas diferenças e seu consequente

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Page 7: Resumo da proposta de tempo integral

desenvolvimento que os conduzam ao sucesso escolar. E, nessa linha de ação, o controle

social é primordial, isto é, os pais ou responsáveis legais têm o direito à participação,a

serem informados do que está ocorrendo e inteferirem sempre que necessário for para o

bom andamento do processo pedagógico.

Portanto, uma proposta de tempo integral pode e deve implementar novas formas

de enturmação ou constituição de grupos, considerando faixas etárias, projetos de estudo

e pesquisa, níveis de desenvolvimento integral,níveis de letramento dos estudantes,

modalidades de atividades diversificadas, dentre outras possibilidades. Portanto, há uma

ampla flexibilidade no sentido de que rotinas de trabalho possam ser propostas de forma

atender as reais necessidades dos estudantes. Não esquecer de:

1. A integração entre os diversos campos do conhecimento

2. A inclusão dos saberes da família e da comunidade

3. O desenvolvimento de valores e atitudes

Como fica a questão da jornada ampliada numa proposta

de educação integral?

A jornada escolar diária, no âmbito da educação básica e, mais especificamente,

do Ensino Fundamental, ainda é baixa, prevalecendo a de 4 (quatro) horas diárias. É

preciso alcançarmos uma jornada diária de 7 (sete) horas, para que se tenha um tempo

significativo para o desenvolvimento de atividades que promovam a aprendizagem das

competências e habilidades necessárias seguindo os parâmetros e matrizes curriculares

nacionais.

É de suma importância articular a ampliação da jornada escolar, organizando os

tempos de realização das atividades. Lembramos que a ampliação da jornada assentada

numa proposta de educação integral não está colocada simplesmente como questão do

aumento do tempo na escola, nem como espaço de atividades extracurriculares ou

complementares, mas como condição essencial para se organizar o currículo.

Um currículo que considere as diferenças, o complexo e o múltiplo como condições

essencial à vida de cada cidadão. Precisamos pensar nas múltiplas atividades capazes de

desenvolver, um conjunto de disposições e atitudes como pesquisar, selecionar

informações, analisar, sintetizar e argumentar de forma que o aluno possa desenvolver e

participar melhor do mundo social, inclusive a cidadania, o trabalho e a continuidade dos

estudos. Dessa forma, estarão desenvolvidas competências necessárias para uma

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Page 8: Resumo da proposta de tempo integral

educação integral. Conforme estudiosos dessa questão tem apontado, que uma política

efetiva de educação integral não se traduz, exclusivamente, em aumentar o tempo de

escolarização, mas requer, acima de tudo, mudar a concepção de educação, de escola e

de currículo e o tipo de formação a ser oferecida aos cidadãos que convergem às escolas.

Oportuno lembrar que a jornada escolar de tempo integral não pode eliminar o

tempo doméstico a que a criança e o adolescente e sua família têm o direito. Alguns

países equacionaram essa questão, por exemplo, assegurando um meio período durante

a semana, para que as crianças e os adolescentes possam permanecer no espaço

doméstico, sujeitos às demandas da família, entendendo-a em seu sentido mais amplo e

diverso.

Nesse caso, é oportuno mencionar a preocupação que devemos ter, por exemplo,

com a alimentação. O cuidado em construir cardápios que considerem as necessidades

nutricionais das crianças e adolescentes para a promoção de hábitos alimentares

saudáveis, tanto quanto, hábitos de higiene, a fim de, assegurar uma boa saúde, como

por exemplo, pensar na higiene bucal. Todos esses fatores devem ser cuidadosamente

combinados, discutidos, compartilhados, considerando, evidentemente, as políticas

públicas em curso e as reais necessidades humanas de produção da vida.

Finalizando, acrescentamos que esse roteiro não se esgota em si, tampouco

constitui-se um modelo fechado a ser adotado, mas balizas que podem e devem ser

ressignificadas, considerando as diferentes realidades dos sistemas de ensino e das

escolas brasileiras. Essas referências poderão e deverão ser alargadas, aprofundadas,

testadas na prática de forma que possamos palmilhar coletivamente caminhos que

efetivem uma educação integral. Uma educação que possibilite a formação de brasileiros

e brasileiras mais críticos, participativos, conscientes de seus direitos e deveres,

responsáveis, capazes de mudar e transformar os rumos da sociedade numa perspectiva

mais solidária, dialógica, inclusiva, democrática e equânime.

Para pensarmos um roteiro, urge considerarmos algumas dimensões que

constituem um projeto dessa envergadura. Essas dimensões não são rígidas em si, mas

flexíveis enquanto são estabelecidas e executadas como expressão da reflexão realizada

entre a realidade diagnosticada e os resultados desejados e alcançados. As dimensões

são: diagnóstico, planejamento, execução, monitoramento e avaliação, adequação e

ajustes. Destacamos ainda que essas dimensões não têm uma sequência linear, na

medida em que estão em curso, já que são constitutivas umas das outras e, por

conseguinte, intrinsecamente relacionadas.

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