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A IMPLEMENTAÇÃO E FUNCIONAMENTO DOS CONSELHOS MUNICIPAIS DE IDOSOS NOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI 1. Gabriela Pessoa Marques 1 2. Mônica Freitas Ferri 2 3. Simone da Cunha Tourino Barros 3 RESUMO Este trabalho é resultado de um ano de estudo e pesquisa acerca da implementação e funcionamento dos Conselhos Municipais do idoso nos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. A pesquisa surge a partir da experiência do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre o Envelhecimento (NEPE/UFVJM), que executou o projeto de extensão universitária intitulado “Controle Social das Políticas Públicas dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri”, este projeto desenvolveu capacitações para conselheiros, gestores municipais e trabalhadores vinculados às políticas de atendimento ao idoso na região dos Vales. Através de pesquisa bibliográfica e de campo, junto aos participantes das capacitações, analisamos a contribuição da extensão universitária para a efetivação dos conselhos municipais do idoso nos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri, bem como, buscamos desvendar os desafios na implantação e efetivação dos conselhos municipais nos Vales. Palavras-chave: envelhecimento, controle social, democracia. 1 Aluna do curso de Serviço Social da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Bolsista da FAPEMIG/PIBIC-UFVM no período de março de 2014 a fevereiro de 2015. Email: [email protected] 2 Assistente Social e Mestre em Política Social pela UFES. Professora do Curso de Serviço Social da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento (NEPE). Email: [email protected] 3 Assistente Social pela UERJ e Mestre em Serviço Social pela UFRJ. Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Educação pela UFU. Professora do Curso de Serviço Social da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento (NEPE). Email: [email protected]

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A IMPLEMENTAÇÃO E FUNCIONAMENTO DOS CONSELHOS

MUNICIPAIS DE IDOSOS NOS VALES DO JEQUITINHONHA E

MUCURI

1. Gabriela Pessoa Marques1

2. Mônica Freitas Ferri2

3. Simone da Cunha Tourino Barros3

RESUMO

Este trabalho é resultado de um ano de estudo e pesquisa acerca da implementação e

funcionamento dos Conselhos Municipais do idoso nos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. A

pesquisa surge a partir da experiência do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre o

Envelhecimento (NEPE/UFVJM), que executou o projeto de extensão universitária intitulado

“Controle Social das Políticas Públicas dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri”, este projeto

desenvolveu capacitações para conselheiros, gestores municipais e trabalhadores vinculados

às políticas de atendimento ao idoso na região dos Vales. Através de pesquisa bibliográfica e

de campo, junto aos participantes das capacitações, analisamos a contribuição da extensão

universitária para a efetivação dos conselhos municipais do idoso nos Vales do Jequitinhonha

e do Mucuri, bem como, buscamos desvendar os desafios na implantação e efetivação dos

conselhos municipais nos Vales.

Palavras-chave: envelhecimento, controle social, democracia.

1 Aluna do curso de Serviço Social da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Bolsista da

FAPEMIG/PIBIC-UFVM no período de março de 2014 a fevereiro de 2015. Email: [email protected]

2 Assistente Social e Mestre em Política Social pela UFES. Professora do Curso de Serviço Social da Universidade

Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre

Envelhecimento (NEPE). Email: [email protected]

3 Assistente Social pela UERJ e Mestre em Serviço Social pela UFRJ. Doutoranda do Programa de Pós Graduação

em Educação pela UFU. Professora do Curso de Serviço Social da Universidade Federal dos Vales do

Jequitinhonha e Mucuri. Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento (NEPE). Email:

[email protected]

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1. Introdução

A Política Nacional do Idoso (Lei 8.842/94) considera idosa a pessoa com idade a

partir de 60 anos. Devido aos avanços tecnológicos do último século a população idosa está

crescendo no país, resultado do aumento da expectativa de vida da população. Conforme

dados apresentados no último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)

o Brasil caminha para um novo perfil demográfico devido ao crescimento da população acima

dos 60 anos. Segundo o censo de 2010 a população idosa corresponde a 9,4% da população

brasileira. Para Jaccoud (2011) “[...] o envelhecimento é uma das mais significativas

transformações sociais que vivenciamos neste início de século”. Tais transformações além de

sentidas precisam ser problematizadas e contextualizadas a fim de que possamos planejar

nosso futuro enquanto sujeitos sociais e futuros idosos. Concordamos com Bernardes (2007,

p. 117) quando ela afirma que

A velhice não é uma categoria natural e sim socialmente construída, portanto, não

permite um conceito absoluto, possibilitando que uma nova condição seja

estabelecida. Logo, envelhecimento é um processo e, assim sendo, é algo que se

constrói no transcorrer da existência humana.

Esse processo de envelhecimento vem sendo discutido tanto no âmbito internacional

quanto no nacional. No Brasil, a partir do período de redemocratização, quando foi aprovada a

Constituição em 1988, a sociedade civil organizada começou a discutir as pautas de

participação política e proteção social. Na década de 1990 a pauta do envelhecimento e da

proteção especial para a população idosa começou a ganhar mais força, sobretudo após a

aprovação da Política Nacional do Idoso (PNI) em 1994. Apesar do Conselho Nacional de

Direitos do Idoso (CNDI) só ter sido concebido em 2002, tivemos outros avanços no que diz

respeito às políticas públicas de atenção ao idoso. A aprovação do Estatuto do Idoso em 2003

foi um passo muito importante para a construção de uma rede de articulação das políticas

públicas em prol da proteção social dos idosos. Outros avanços foram obtidos, na assistência a

partir da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) e do Sistema Único de Assistência

Social (SUAS) que foram fundamentais para o início de uma agenda especial de proteção ao

idoso. Para Jaccoud (2011, p. 26):

O Estado brasileiro vem reconhecendo as novas demandas colocadas pelo

envelhecimento e respondendo com a ampliação de serviços e de normatizações,

com a instituição de critérios de qualidade e de garantia de acesso. Os desafios são

muitos e de vulto. A formação de equipes multidisciplinares, a pactuação de

protocolos intersetoriais, a oferta casada no território, a complementariedade da ação

pública face à família, são várias das questões a serem enfrentadas.

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Os organismos internacionais têm colocado na agenda das nações a necessidade de

promover políticas públicas de proteção social ao idoso. Paiva (2014, p. 173) aponta que

Os discursos incorporados nos Planos Mundiais para o Envelhecimento, deliberados

nas duas Assembleias, ou seja, do ‘Envelhecimento Saudável’ e ‘Envelhecimento

Ativo’ respectivamente, iluminaram os debates e conteúdos das políticas legitimadas

no aparato legal brasileiro, destinados aos segmentos mais velhos da população

geral. Toda essa movimentação atinge também as universidades, tida a sua importância na

construção e disseminação do conhecimento. No que se refere ao papel das universidades em

relação ao envelhecimento da população, segundo a Política Nacional de Saúde da Pessoa

Idosa (BRASIL, 2006) cabe ao Ministério da Educação (MEC) “[...] a difusão junto às

instituições de ensino e seus alunos informações relacionadas à promoção da saúde dos

idosos, adequação dos currículos, e formação de profissionais visando ao atendimento das

diretrizes fixadas pelo documento supracitado” (MEC/SESu-CAPES).

Para Oliveira (2004), as funções sociais atribuídas pelo senso comum à Universidade,

como “produção do conhecimento” e “formação de recursos humanos qualificados”,

Caracterizam a Universidade como o “locus” permanente de reflexão e crítica acerca

dos diferentes processos societários. Este espaço de reflexão e crítica precisa ser,

necessariamente, um espaço plural e democrático, espaço que deve pressupor a

valorização do fazer em sua relação com o saber (OLIVEIRA, 2004, p. 2). Considerando essa função social da universidade é que desenvolvemos a pesquisa que

subsidia esse artigo enquanto parte de um trabalho articulado entre ensino, pesquisa e

extensão na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Através do

Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre o Envelhecimento (NEPE/UFVJM), buscamos fomentar

o debate acerca do envelhecimento a fim de contribuir com a efetivação das políticas públicas

para o idoso nos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Acreditamos que o fortalecimento do tripé

ensino, pesquisa e extensão é imperioso para que a universidade possa cumprir seu papel

social de transformação regional. Considerando que os Conselhos Municipais do Idoso são

espaços de controle social das políticas públicas, a pesquisa e extensão universitária nessa

área de conhecimento e atuação profissional são de grande importância para a contribuição da

Universidade na construção de seu papel social transformador.

2. A relação entre Estado e sociedade civil e a construção democrática no Brasil

Para compreender o processo de implementação dos conselhos do idoso nos Vales do

Jequitinhonha e Mucuri, faz-se necessário uma análise dos elementos sociais relacionados a

implementação do controle social no país.

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É frequente ouvir-se que os conselhos são espaços para controle social da sociedade

civil no Estado, esta afirmativa sugere à compreensão de sociedade civil e Estado enquanto

categorias homogêneas. Cabe aqui trazer a compreensão gramsciana de sociedade civil e

Estado enquanto espaços heterogêneos de disputa de interesses e poder entre as classes sociais

dominantes e subalternas, de forma que “[...] o controle social não é do Estado ou da

sociedade civil, mas das classes sociais” (CORREIA, 2012, p. 298). Para a teoria social crítica

o Estado tem natureza classista e o seu surgimento se deu a partir da propriedade privada e

consequentemente da divisão da sociedade em classes sociais, exprimindo assim, seu papel

fundamental na manutenção desta ordem social. O Estado burguês tem como função central a

preservação da exploração de uma classe sob a outra, de forma que em períodos de crise do

modo de produção capitalista, o Estado burguês tende a reestruturar-se em consonância com a

reestruturação do capital, a fim de manter a hegemonia da classe capitalista e a dominação

desta sob a classe trabalhadora. Para Gramsci (2000) o Estado engloba a sociedade política e a

sociedade civil, sendo este conjunto um espaço de poder e terreno de ação política.

Hoje, grande parte dos Estados modernos vivenciam a democracia. Para Coutinho

(2000) a categoria democracia está intimamente relacionada à categoria alienação, uma vez

que a democracia é uma tentativa de romper com a alienação política. O autor define

democracia enquanto soberania popular, ou seja, uma participação concreta do conjunto dos

cidadãos na formação do governo e no controle da vida social. Compreender a

heterogeneidade do Estado e sua natureza classista é fundamental para assimilar a disputa

entre distintos projetos políticos no processo de construção democrática.

Quando nos propomos a discutir controle social no marco da sociedade capitalista, o

debate acerca da disputa de projetos políticos e da construção da cidadania são temáticas

centrais, posto que os espaços de controle social constituem-se enquanto espaços de encontros

de interesses, e estes encontros não significam consensos (FALEIROS, 2011).

Compreendemos projetos políticos enquanto “[...] conjuntos de crenças, interesses,

concepções de mundo, representações do que deve ser a vida em sociedade, que orientam a

ação política dos diferentes sujeitos” (DAGNINO et al, 2006, p. 38). Os diferentes projetos

manifestados nas ações dos sujeitos implicam condições concretas para a sua realização, uma

vez que estão vinculados às escolhas realizadas na vida cotidiana dos sujeitos. As ações dos

sujeitos aqui referidas são expressas nas mais variadas formas de atuação, esta diversidade

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abrange ações políticas de sujeitos organizados em instituições4 e sujeitos não organizados

5,

de maneira que a própria reprodução da vida cotidiana exprime a intencionalidade dos

projetos em disputa na sociedade.

Dagnino et al (2006) apontam que a disputa pela construção democrática na América

Latina envolve três projetos políticos centrais: o projeto autoritário, o projeto neoliberal e o

projeto democrático-participativo6. Não cabe aqui uma análise profunda destes projetos,

porém, um breve esboço da configuração destes no processo de construção da democracia.

O projeto autoritário passou por um período de intensa hegemonia no continente latino

americano durante as ditaduras militares e sua eliminação não foi completa. Este projeto,

embora tenha recuado após o processo de redemocratização, deixou uma infinidade de

implicações nas mais variadas relações – políticas, sociais, econômicas, culturais -

estabelecidas no continente. No projeto autoritário

A relação entre sociedade civil e o Estado caracteriza-se pelo verticalismo, o

clientelismo e a repressão ou cooptação, misturadas estas últimas de diversas

maneiras. A política pública é entendida como um campo exclusivo de decisão do

Estado e é aplicada de forma clientelista e particularista. (DAGNINO et al,

2006, p. 47)

No que tange o projeto neoliberal, projeto predominante nos atuais governos da

América Latina, este se configura enquanto meio de regular as ações do Estado para que este

atenda as necessidades do capitalismo transnacional. O projeto neoliberal tem papel

fundamental na regulação das relações sociais de produção e de distribuição da riqueza

produzida por meio da “reconfiguração do aparato estatal e das ideologias e práticas que

imprimem novos contornos à sociabilidade capitalista, redefinindo mecanismos ideopolíticos

necessários à formação de novos e mais eficientes consensos hegemônicos” (ANTUNES apud

MOTA, 2009). Essa reconfiguração do Estado tem implicações diretas na participação da

população no controle social e nos espaços de poder político. No caso específico da América

Latina, a reconfiguração do Estado desencadeou num processo de expansão das organizações

da sociedade civil, as chamadas ONG’s (Organizações Não Governamentais) ou “Terceiro

4 Estado, movimentos sociais, partidos políticos, ONG’s, instituições privadas, associações etc.

5 No sentido de não estar ligado à nenhum coletivo de ação política.

6 Os autores apontam que existem riscos quando se fazem grandes generalizações, todavia, durante a

pesquisa realizada eles perceberam uma centralidade nestes três projetos

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Setor”. Essa expansão tem fortalecido a ideia de ineficiência do Estado e de

“responsabilidade” da sociedade civil de resolver as mazelas existentes na sociedade

capitalista.

Outro aspecto importante a ser abordado no que tange o projeto neoliberal é o discurso

utilizado por seus agentes, discurso que incorpora categorias como “cidadania”, “democracia”

e “participação”, todavia é necessário que se atente às práticas políticas desses agentes, pois

“[...] nessa disputa, em que os deslizamentos semânticos, os deslocamentos de sentido, são as

armas principais, o terreno da prática política se converte em um terreno minado, onde

qualquer passo em falso nos leva ao campo adversário” (DAGNINO et al, 2006, p. 17). O

esforço em analisar as práticas dos sujeitos políticos torna-se imprescindível para uma análise

concreta das relações políticas estabelecidas e nesse sentido, um olhar sobre as políticas

sociais dos governos neoliberais aponta a fragilidade e incoerência do discurso proferido

pelos seus agentes. A política econômica de reestruturação do capital através da intervenção

direta do Estado na regulação das relações de trabalho, produção e consumo, representou um

grande retrocesso para as conquistas da classe trabalhadora, onde a política de privatização e

de flexibilização das relações de trabalho são eixos da intervenção neoliberal.

A política econômica neoliberal tem objetivos que vão além da mera reprodução do

capital, os objetivos ideológicos e políticos e de despolitização da classe trabalhadora ficam

expressos nas intervenções do Estado burguês. No caso específico do Brasil, o processo de

redemocratização pós ditadura militar representou um grande avanço para as lutas sociais e

para a organização da classe trabalhadora, todavia,

[...] o que parecia ser um processo linear e ascendente, enfrenta contradições,

limites, dilemas, tem um ritmo desigual, de que seu avanço, nas várias dimensões

que o compõem, é heterogêneo e acidentado, parece nos fazer esquecer que a disputa

política é ingrediente intrinsecamente constitutivo da construção e do

aprofundamento da democracia. (DAGNINO et al, 2006, p. 60)

Apesar da disputa entre os projetos políticos ser uma constante, é inegável o quanto as

lutas organizadas pela sociedade brasileira para revogar a ditadura militar foram importantes

para o fortalecimento do projeto democrático participativo. Segundo Dagnino et all (2006, p.

48) a centralidade ideológica do projeto democrático participativo está na “[…] concepção de

aprofundamento e radicalização da democracia, que confronta com nitidez os limites

atribuídos à democracia neoliberal representativa como forma privilegiada das relações entre

Estado e sociedade. ” Assim, este projeto se configura como uma tentativa real e concreta de

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democratização e socialização da política e da riqueza socialmente produzida. O significado

da participação política no projeto democrático-participativo toma contorno muito distinto do

significado no projeto neoliberal, bem como, enfrenta a concepção de democracia proferida.

No projeto democrático participativo a “[...] participação é vista como instrumento da

construção de uma maior igualdade, na medida que ela contribuiria para a formulação de

políticas públicas orientadas para esse objetivo” (DAGNINO et al, 2006, p. 48). Nesse

sentido, a Constituição brasileira de 1988 representa um marco para a construção do projeto

democrático participativo, ao ponto que inaugura e legitima a política de participação popular

por meio do controle social quando abre espaço para a implementação dos Conselhos

Gestores e dos Orçamentos Participativos. Tanto os conselhos, quanto os orçamentos

participativos constituem-se em espaços de exercício da cidadania à medida que são espaços

do exercício compartilhado da tomada de decisões por parte da sociedade, uma vez que

favorecem o diálogo entre o Estado e a sociedade (FALEIROS, 2011). Para

[...] qualificar a expressão controle social, tem que se considerar que: não existe uma

oposição entre Estado e sociedade civil, mas uma atitude orgânica já que a separação

é apenas metodológica, pois a sociedade civil é um momento do Estado; a sociedade

civil não é homogênea, nela circulam interesses das classes antagônicas que

compõem a estrutura social; a concepção do Estado que, na sua função de

mantenedor do domínio da classe dominante, incorpora interesses das classes

subalternas. (CORREIA, 2012, p. 298)

Nesse sentido, reconhecer os conselhos gestores enquanto espaços de disputa entre os

interesses das classes sociais esclarece os desafios, as dificuldades e as possibilidades de

construção do projeto democrático participativo presentes nestes espaços. As conquistas

obtidas através da Constituição Federal de 1988 foram, e tem sido, fundamentais para o

fortalecimento da democracia participativa. Dentre os princípios da nossa Constituição, está o

da democracia participativa, enquanto exercício compartilhado de tomada de decisões

políticas por parte da sociedade (FALEIROS, 2011).

A democracia participativa consiste no compartilhamento de decisões políticas por

parte da sociedade, seja por meio de plebiscito, referendo, projeto popular, consultas

ou por meio de conselhos paritários. É uma forma de se fazer ouvir a voz dos setores

periféricos ao poder e de incorporá-los nas decisões sobre o plano de governo dentro

dos limites da lei. Ela favorece o diálogo entre estado e sociedade de forma direta

(FALEIROS, 2011, p. 27). Dessa forma, através dos instrumentos de democracia participativa e de democracia

representativa7 a sociedade civil exerce o controle social da gestão pública, onde as

7 “A democracia representativa se caracteriza como a escolha de dirigentes pertencentes a um partido

político para o governo nacional, estadual ou municipal.

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instituições e a sociedade civil se integram a fim de responder às demandas coletivas. Sobre o

controle social através dos conselhos de representação social, Faleiros (2011, p. 28) aponta

que “[…] a participação da sociedade nos conselhos não só canaliza reivindicações e

manifesta pressões e interesses de vários segmentos sociais organizados, como possibilita a

formação de um tecido social associativo, muitas vezes fragmentados pela pulverização de

organizações. ” O controle social é um instrumento que permite uma construção democrática

e participativa da gestão pública, de forma que a participação política vai além do voto e torna

os cidadãos corresponsáveis com a gestão, fiscalização e avaliação das políticas públicas.

3. Conselhos do Idoso no Brasil: marco histórico, desafios e funcionamento

Conforme discutido no item anterior, os conselhos gestores são espaços de exercício

da democracia, com foco na participação política dos cidadãos na elaboração, fiscalização e

avaliação das políticas públicas. No Brasil, a criação dos conselhos gestores de políticas

públicas ocorre a partir da Constituição de 1988 através dos princípios da gestão democrática

e descentralizada.

Em conformidade com a Constituição e o Pacto Federativo foram e estão sendo

criados conselhos em todo o país. Os conselhos são estruturas legais paritárias, compostas por

membros representantes do governo e da sociedade civil. Os conselhos podem ser

deliberativos ou apenas consultivos e são criados a partir de projetos de leis. Os conselhos se

dividem entre conselhos de direitos (da pessoa idosa, de mulheres, de crianças e adolescentes

etc.) e conselhos de políticas setoriais (saúde, educação, assistência etc.) (BERNARDES,

2007).

A criação do Conselho Nacional de Direitos do Idoso (CNDI) está prevista na Política

Nacional do Idoso (PNI)8, todavia, o CNDI só foi concebido a partir de decreto presidencial

no ano de 2012. Hoje, o CNDI integra a estrutura regimental da Secretaria de Direitos

Humanos da Presidência da República (SDH/PR).

Segundo a Política Nacional do Idoso:

Art. 6º Os conselhos nacional, estaduais, do Distrito Federal e municipais do idoso

serão órgãos permanentes, paritários e deliberativos, compostos por igual número de

8 Lei Federal nº 8.842/94

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representantes dos órgãos e entidades públicas e de organizações representativas da

sociedade civil ligadas à área.

Art. 7º Compete aos conselhos de que trata o artigo anterior a formulação,

coordenação, supervisão e avaliação da política nacional do idoso, no âmbito das

respectivas instâncias político-administrativas.

No estado de Minas Gerais, o Conselho Estadual do Idoso (CEI) foi criado em 1999 a

partir da lei nº 13.176/99 como um órgão deliberativo e controlador das políticas e das ações

voltadas ao idoso de âmbito estadual. Conforme levantamento da Assembleia Legislativa de

Minas Gerais (ALMG) em 2004 existiam 25 conselhos municipais do idoso no estado, hoje

existem mais de 200 (ALMG, 2014).

Muitas são as dificuldades enfrentadas para o funcionamento efetivo dos Conselhos de

Direitos no Brasil, em todos os níveis existem desafios colocados aos agentes que se dispõem

a defender a garantia dos direitos dos idosos. No âmbito municipal, muitas são as

particularidades dos municípios e consequentemente dos conselhos ou da inexistência destes

espaços. Segundo Santos Jr, Ribeiro e Azevedo (2004, p.18)

[...] Os municípios brasileiros diferem muito no que respeita à constituição dos

espaços conselhistas. Não só o grau de associativismo da população é bastante

diferenciado entre as regiões, e mesmo no interior das cidades, como também há

diferenças significativas entre os padrões de relação entre o poder público e os

espaços conselhistas. Em consequência, são muito distintas as possibilidades de

constituição dos conselhos em razão dos diversos contextos sociais – heterogêneos e

diversificados – que caracterizam a realidade brasileira.

Dentre as mais variadas realidades locais, o grande desafio colocado aos conselhos

municipais é o seu funcionamento efetivo, é conseguir aglutinar pessoas em torno do controle

social das políticas públicas, de forma que os cidadãos possam participar da vida política de

sua localidade. Mas, para garantir essa participação da população é necessário empenho dos

governos (municipais, estaduais e federais) na organização destes espaços. Para que os

conselhos funcionem adequadamente é necessário infraestrutura, autonomia da sociedade sem

tutela de gestores e partidos (FALEIROS, 2011).

Em dezembro de 2014, foi aprovado o Plano Mineiro de Atenção Integral à Pessoa

Idosa (MINAS GERAIS, 2014), em parceria do governo do estado com o Conselho Estadual

do Idoso –MG e outras instituições públicas e privadas. O Plano tem três diretrizes e 19 eixos

temáticos como horizonte de ação, as diretrizes adotadas são “Pessoas Idosas e o

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Desenvolvimento”, “Promoção da Saúde e Bem Estar na Velhice” e “Criação de Ambiente

Propício e Favorável”. O Plano Mineiro de Atenção à Pessoa Idosa se apresenta enquanto um

[…] instrumento essencial para a realização de um planejamento acerca da

implantação, coordenação e fortalecimento de políticas públicas voltadas para o

idoso. Um plano estadual assume, portanto, a função de sistematizar as ações a

serem tomadas. Tudo isso contribui para que as ações possam ter maior efetividade,

uma vez que se encontrarão bem delineadas com metas específicas (MINAS

GERAIS, 2014, p.8)

Acreditamos que a aprovação desse Plano seja uma conquista para o estado de Minas

Gerais e mais uma ferramenta a ser usada pela população local no controle social das políticas

públicas destinadas ao idoso.

4. A implementação dos conselhos nos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

A pesquisa teve como objetivos gerais analisar a contribuição da extensão universitária para a

efetivação dos conselhos municipais do idoso nos Vales do Jequitinhonha e Mucuri;

Desvendar os desafios na implantação e efetivação dos conselhos municipais do idoso nos

Vales. Para coleta de dados foram identificados os participantes das capacitações para

conselheiros municipais de idosos realizadas pelo NEPE nos anos de 2012 e 2013, a partir

dessa identificação foram enviados questionários para todos os participantes (69),

acompanhado do TCLE atendendo aos requisitos do Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade. Recebemos o aceite de apenas 3 participantes, representantes de 3 municípios

dos Vales.

5.1 Resultados da pesquisa de campo

Os participantes da pesquisa relataram sobre a situação dos conselhos municipais do

idoso nos seguintes municípios: Teófilo Otoni, Poté e Ponto dos Volantes.

O município de Ponto dos Volantes fica localizado na região do Vale do Jequitinhonha

e tem cerca de 11.345 habitantes, segundo o último censo demográfico (IBGE, 2010), 13,4%

da população tem idade acima de 60 anos. Os dados do IBGE também apontam que 64% da

população reside na zona rural e apenas 36% na zona urbana do município.

O município de Poté fica localizado na região do Vale do Mucuri e tem cerca de

15.667 habitantes, dentre os quais, 14% tem idade superior a 60 anos (IBGE,2010).

Diferentemente de Ponto dos Volantes, o município de Poté tem maior parte da população

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residente da zona urbana (60%), mas, ainda tem uma quantidade significativa de habitantes na

zona rural (40%).

O município de Teófilo Otoni também fica localizado na região do Vale do Mucuri e é

cidade pólo da região, cidade inclusive onde fica localizado o nosso campus da UFVJM.

Teófilo Otoni possui uma população idosa correspondente a 12,6% da sua população total que

é de 134.745 habitantes (IBGE, 2010). Dentre os três municípios que obtivemos resposta nos

questionários, Teófilo Otoni é o que têm a maior população residente na zona urbana (82%) e,

respectivamente, a menor população residente na zona rural (18%).

No município de Teófilo Otoni, o conselho municipal do idoso existe desde 2008,

todavia ficou sem funcionar de dezembro de 2013, quando foi realizada a última eleição, até

julho de 2015, período em que esteve aguardando a posse dos conselheiros ser realizada pelo

prefeito.9. De acordo com os dados coletados o maior desafio para o funcionamento do

conselho do idoso de Teófilo Otoni é o retorno às atividades, e segundo resposta da

entrevistada, “o NEPE foi um grande agente propulsor do fortalecimento do próprio

conselho”. Entre 2008 e 2013 o Conselho de Direitos do Idoso de Teófilo Otoni esteve ativo e

obteve conquistas relevantes, foi um período de forte mobilização com ações de cidadania,

sobretudo nas datas comemorativas (Dia de combate à violência contra o idoso, Dia

Internacional do idoso). Cabe apontar que, apesar da relevância dessas ações, o Conselho

tinha suas limitações, de forma que as ações no âmbito da proposição, acompanhamento e

avaliação das políticas públicas na área do envelhecimento, foram afetadas pelas próprias

dificuldades de funcionamento do Conselho, da rede de proteção ao idoso e do poder público

municipal. A paralisação total do funcionamento do CMDI-TO mostra a fragilidade na

articulação do conselho, bem como, a negligência da gestão municipal com o controle social e

com a população idosa.

O município de Poté não possui conselho municipal do idoso e o maior desafio para a

implementação do mesmo é “a representação deste segmento (idosos) pela sociedade civil

organizada, pois atualmente este segmento é representado apenas pelo poder público”. A

dificuldade na mobilização da população idosa em torno do controle social tem sido um

obstáculo para todos os Conselhos de Direitos do Idoso que tivemos contato, onde a

necessidade de articular a população idosa em prol da participação política é um grande

9 Cabe ressaltar que esta realidade perdurou até o final da pesquisa (fevereiro/2015), no segundo semestre

de 2015 ocorreu a posse dos conselheiros pelo prefeito após intervenção do Ministério Público.

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desafio. Segundo Bernardes (2007, p. 114) “[...] um grande desafio é transformar esse

segmento etário e completamente heterogêneo, oriundo de uma cultura que não priorizava

participação, em cidadãos participativos”. Dessa forma, compreendemos que a dificuldade em

mobilizar a população em torno do controle social não é exclusividade da nossa região, mas

sim, um fator da própria conjuntura política do país.

O município de Ponto dos Volantes possui conselho municipal do idoso desde

dezembro de 2012 e o maior desafio é a “participação efetiva dos conselheiros”. Acreditamos

que a “falta de comprometimento”, “falta de articulação” dos idosos, dentre outras

dificuldades apresentadas, refletem a necessidade da promoção de espaços de formação para a

população destes munícipios. Onde a partir de espaços de debates e formação, sobre cidadania

e participação política por exemplo, começam a surgir articulações que podem desembocar

em fóruns, conferências e então integrar a população em torno da rede de proteção ao idoso.

Segundo Bernardes (2007, p. 108)

[…] mostra-se cada vez mais indispensável a realização de uma proposta

emancipatória em dois níveis de atuação: a divulgação dos órgãos em defesa do

idoso (dada a carência histórico-cultural de não valorizá-lo) e a promoção de

campanhas que representam um contraponto a essa questão cultural de indiferença

em relação ao idoso e ao que ele representa para a sociedade. Segundo o questionário do participante de Ponto dos Volantes, as conquistas obtidas

pelo conselho municipal foram algumas medidas de proteção conseguidas a partir da atuação

de membros do conselho.

No que diz respeito aos impactos da extensão na implementação dos conselhos, foi

levantado, a partir dos questionários, que as capacitações contribuíram “para o despertar da

sua necessidade (conselho do idoso) enfrentamento às dificuldades de sua implementação”.

As respostas que obtivemos é que as capacitações foram importantes e devem continuar,

dentre os temas sugeridos pelos entrevistados para futuras capacitações destacamos “Criação

do Fundo Municipal do Idoso”, “Integração entre os conselheiros” e “Violência contra o

idoso”.

5. Considerações Finais

A construção dos espaços de controle social na região dos Vales não está desassociada

do âmbito estadual e nacional, podemos afirmar que o controle social tem passado por

momentos de assenso e de retrocesso. Conforme discutimos anteriormente, o nível de

organização e atuação dos conselhos vai depender de diversos fatores, dentre eles, a

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conjuntura política local e o nível de associativismo da população de cada localidade. Para

Paiva (2014, p.164)

Referente às questões do envelhecimento, das lutas pelos direitos sociais dos

homens velhos e mulheres velhas no Brasil, de maneira geral, é visível um atual

retrocesso, pelo menos em intensidade, posto que está configurado um momento de

paralização do potencial de deliberação dos Conselhos de Direitos e de não

realização das Conferências em todas as esferas (municipal, estadual e federal), ou

seja, o esvaziamento desses espaços legitimados para o exercício do controle social

democrático.

No município de Teófilo Otoni foi possível verificar esse esvaziamento no conselho

municipal no último ano, assim como no município de Ponto dos Volantes que foi apontado

um esvaziamento do espaço. Consideramos que esse esvaziamento tem grande

responsabilidade por parte do poder público municipal, pois os governos municipais tem a

responsabilidade de fortalecer os conselhos.

Bernardes (2007) aponta as contradições existentes na relação entre estado e sociedade

civil, onde, os conselhos são estruturas dinâmicas e resultado de luta e de conquista. As

contradições existentes na construção do controle social, da participação política, da cidadania

são contradições da nossa própria sociedade, são as contradições da sociedade de classes.

Dessa forma, os momentos de recuo na participação política da população no controle social

são processos e não se encerram em si, não é porque o conselho não está funcionando hoje

que não existe força para fazê-lo funcionar amanhã. Para alcançar um bom nível de

organização e articulação da sociedade, apostamos na mobilização, no diálogo e no

enfrentamento. Para Faleiros (2011) “[…] se não houver a mobilização das próprias pessoas

idosas para confronto de posições e democratização dos conselhos, estes serão mais um órgão

burocrático e não uma instancia de defesa de direitos”.

Acreditamos que o NEPE/UFVJM pode ser e tem sido um instrumento importante

para estimular a organização da população idosa na região dos Vales do Jequitinhonha e

Mucuri, um instrumento para fortalecer a participação dos idosos na vida política e social.

Assim, concluímos que a extensão universitária tem contribuído não só para a efetivação dos

conselhos municipais do idoso na região, como também tem contribuído para a formação

profissional dos estudantes, para o fortalecimento das políticas de atenção ao idoso, para a

construção de um novo paradigma de envelhecimento e para o fortalecimento da

Universidade enquanto espaço democrático de construção social.

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7. Referencias

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http://www.almg.gov.br/opencms/export/sites/default/acompanhe/eventos/hotsites/2010/idoso/

docs/silvania.pdf. Acesso em: 02/02/2014.

2. BERNARDES, A. F. Conselhos de representação: espaços para os idosos se

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3. BRASIL. Política Nacional do Idoso. Lei 8842 de 04 de janeiro de 1994.

4. BRASIL. Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Portaria Nº 2.528 de 19 de

outubro de 2006.

5. CORREIA, M. Sociedade Civil e controle social: desafios para o Serviço Social. In.

BRAVO, M.; MENEZES, J. Saúde, Serviço Social, Movimentos Sociais e Conselhos. São

Paulo: Cortez, 2012, p. 293-306.

6. COUTINHO, C. N. Cultura e Sociedade no Brasil: ensaios sobre ideias e formas. Rio de

Janeiro: DP&A, 2000.

7. FALEIROS, V. de P. Fortalecimento e Integração dos Conselhos: Participar e

Comprometer-se com a Defesa dos Direitos das Pessoas Idosas. In: Revista dos Direitos da

Pessoa Idosa: o compromisso de todos por um envelhecimento digno no Brasil. Presidência

da República; Secretaria de Direitos Humanos. Brasília/DF, 2011.

8. IBGE. Censo Demográfico 2010. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica, 2010.

Disponível em: www.ibge.gov.br. Acesso em: 02/02/2015.

9. GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere. Vol. 3: Maquiavel. Notas sobre o Estado e a

política; edição e tradução, Carlos Nelson Coutinho; co-edição, Luiz Sérgio Henriques e

Marco Aurélio Nogueira. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 2000.

10. JACCOUD, L. de B. Envelhecimento e política de Estado: pactuando caminhos

intersetoriais. In: Revista dos Direitos da Pessoa Idosa: o compromisso de todos por um

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11. MINAS GERAIS. Plano Mineiro de Atenção à Pessoa Idosa - 2014. Disponível em

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12. MOTA, A. E. Crise Contemporânea e as transformações na produção capitalista. In.

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13. OLIVEIRA, C. H. Qual é o papel da extensão universitária? Algumas reflexões

acerca da relação entre Universidade, Políticas Públicas e Sociedade. Anais do 2º

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14. PAIVA, S. de O. C. Envelhecimento, Saúde e Trabalho no tempo do capital. São

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15. SANTOS JUNIOR, O.; AZEVEDO S.; RIBEIRO L. Democracia e gestão local: A

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