resumão nova lei de falências

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INTRODU~Ao Com a promulga9ao, em 9 de fevereiro de 2005, da Lei 11.101, chamada Lei de Recupera9ao e Falencias (LRF), 0 ordenamento patrio passa a contar com novas regras relativas a falencia e com duas formas de 0 devedor em crise evita-Ia: recu- pera9ao judicial e recupera9ao extrajudicial. Empresario o empresario e a pessoa fisica ou juridica que exerce a empresa, isto e, que exerce profissional- mente atividade economic a organizada para a pro- dU9ao ou circula9ao de bens ou servi90s. Assim, estao sujeitos a recupera9ao judicial, a recupera9ao extrajudicial e a falencia: a) empresario; b) sociedade empresaria. Sujeitos excluidos da incidencia da lei Algumas sociedades, embora empresarias, estao excluidas da LRF. Sao elas: a) empresa publica e sociedade de economia mista; b) institui9ao financeira publica ou privada; c) cooperativa de credito; d) consorcio; e) entidade de previdencia complementar; f) sociedade operadora de plano de assistencia a saude; g) sociedade seguradora; h) sociedade de capitaliza9ao e outras entidades legalmente equiparadas. De acordo com 0 artigo 2° da LRF, essas socie- dades nao estarao sujeitas a nova lei. Contudo, 0 referido artigo deve ser interpretado com os demais dispositivos legais. Portanto, existem socie- dades empresarias que sao excluidas total ou par- cialmente da falencia ou excluidas totalmente da recupera9ao. Juizo competente o juizo competente para homologar 0 plano de recupera9ao extrajudicial, deferir a recupera9ao judicial ou decretar a falencia sera 0 do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empre- sa sediada fora do Brasil. 0 principal estabeleci- mento e 0 local onde se concentra 0 maior volu- me de negocios, independentemente de previsao contratual ou estatutaria. Portanto, 0 juizo compe- tente sera: a) em razao da materia: civel; b) em razao do lugar: principal estabelecimento. Credores nao admitidos Nao sao exigiveis na recupera9ao judicial ou na falencia: a) as obriga90es a titulo gratuito; b) as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recupera9ao judicial ou na falencia, salvo as custas judiciais decorrentes de litigio com 0 devedor. Efeitos da decretalj:ao da falencia ou do deferimento do processamento da recuperalj:ao judicial De acordo com 0 artigo 6° da LRF, uma vez decretada a falencia ou deferido 0 processamento da recupera9ao judicial, ocorrera a suspensao: a) da prescri9ao; b) de a90es e execu90es, inclusive daquelas dos credores particulares do socio solidario. Uma vez suspensa a prescri9ao, esta voltara a fluir a partir do transito em julgado da senten9a de encerramento da falencia ou da recupera9ao judi- cial. Na recupera9ao judicial, a suspensao da pres- cri9ao e das a90es e execu90es sera de 180 dias, Resumao Juridico MJ restabelecendo-se, apos 0 decurso do prazo, 0 direito dos credores de iniciar ou continuar suas a90es e execu90es, independentemente de pronun- ciamento judicial. POl'outro lado, as a90es de conhecimento contra o devedor nao se suspendem com a falencia ou com 0 processamento da recupera9ao, uma vez que nao sao execu90es. Assim, as demais a90es nao sujeitas a suspensao, bem como as reclama90es trabalhistas, poderao requerer reserva do valor em discussao. Juizo de prevenlj:ao A distribui9ao do pedido de falencia ou de recupera9ao judicial previne a jurisdi9ao para qualquer outro pedido relativo ao mesmo devedor (art. 6°, § 8°). Verificalj:ao e habilitalj:ao dos creditos A LRF estabelece 0 mesmo regime de verifica- 9ao dos creditos para a recupera9ao e para a falen- cia. A verifica9ao dos creditos sera realizada pelo administrador judicial, com base na escritura9ao do devedor e nos documentos apresentados pelos credores (art. 7°). Superadas as possiveis impugna- 90es, os creditos habilitados serao incluidos no quadro geral de credores. Na falencia, os credores serao pagos conforme sua classifica9ao (art. 83). Nos casos de recupera- 9ao judicial, os credores poderao pactuar forma diversa do quadro geral, observada a preferencia dos credo res decorrentes das rela90es de trabalho. Administrador judicial o administrador judicial sera urn profissional idoneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas, contador ou pes soa j uridica especializada; portanto, podera ser pes- soa fisica ou juridica. Escolhido pelo juiz, 0 administrador sera uma pessoa de sua confian9a, cabendo auxilia-Io na administra9ao da massa falida (art. 22). Sua fun9ao e indelegavel, mas podera contratar auxiliares mediante previa auto- riza9ao do juiz. 0 administrador que nao apresen- tar, no prazo estabelecido, suas contas ou qualquer dos relatorios previstos em lei sera intimado a faze- 10no prazo de cinco dias, sob pena de desobedien- cia. Decorrido 0 prazo, sera destituido e nomeado urn substituto (art. 23). POI'fim, 0 administrador judicial respondera pelos prejuizos causados a massa falida, ao devedor ou aos credores, por dolo ou culpa no desempenho de suas fun90es. Comite de Credores o Comite de Credo res e urn orgao facultativo na falencia e na recupera9ao judicial. Sua existencia somente se justifica nas empresas com grande complexidade organizacional. Assim, cabera aos credores decidir pela conveniencia ou nao de sua instala9ao. Uma vez instalado, 0 Comite de Credores tera a seguinte composi9ao (art. 26): a) urn representante indicado pela classe de credo- res trabalhistas, com dois suplentes; b) urn representante indicado pela classe de credo- res com direitos reais de garantia ou privilegios especiais, com dois suplentes; _ c) um representante indicado pela classe de credo- res quirografarios e com privilegios gerais, com dois suplentes. Atribuiyoes Compete ao Comite de Credores, entre outras atribui90es (art. 27): 1. Na recupera9ao judicial e na falencia: a) fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial; b) zelar pelo born andamento do processo e pelo cumprimento da lei; c) comunicar ao juiz, caso constate viola9ao dos direitos ou prejuizo aos interesses dos credores; d) apurar e emitir parecer sobre quaisquer recla- ma90es dos interessados; e) requerer ao juiz a convoca9ao da Assembleia Geral de Credores; f) manifestar-se nas hipoteses previstas na LRF. 2. Na recupera9ao judicial: a) fiscalizar a administra9ao das atividades do devedor, apresentando, a cada 30 dias, 0 rela- torio de sua situa9ao; b) fiscalizar a execu9ao do plano de recupera9ao judicial; c) submeter a autoriza9ao do juiz, quando ocor- rer 0 afastamento do devedor nas hipoteses previstas na LRF, a aliena9ao de bens do ativo permanente, a constitui9ao de onus reais e outras garantias, bem como atos de endivida- mento necessarios a continua9ao da atividade empresarial durante 0 periodo que antecede a aprova9ao do plano de recupera9ao judicial. Como visto, 0 Comite de Credores e um orgao facultativo. Assim, na sua falta, cabera ao adminis- trador judicial, ou, na incompatibilidade deste, ao juiz, exercer suas atribui90es. Note-se que os mem- bros do Comite de Credores, assim como 0 admi- nistrador, exercem fun9ao de estrita responsabili- dade. Portanto, se porventura vierem a causal' pre- juizos por ma administra9ao ou infra9ao a lei, serao civilmente responsabilizados. ASSEMBLEIA GERAL DE CREDO RES A Assembleia Geral de Credores devera obede- cer aos requisitos previstos no artigo 36 no que tange as formalidades de convoca9ao. A assem- bleia sera convocada pelo juiz nas hipoteses previs- tas em lei ou quando achar necessario. Podera, ainda, ser convocada pelos credores, desde que representem 25% do total do passivo. Sua compe- tencia consiste em deliberar sobre (art. 35): 1. Na recupera9ao judicial: a) aprova9ao, rejei9ao ou modifica9ao do plano de recupera9ao judicial apresentado pelo devedor; b) a constitui9ao do Comite de Credores, a esco- lha de seus membros e sua substitui9ao; c) 0 pedido de desistencia do devedor, nos ter- mos do § 4° do artigo 52 da LRF; d) 0 nome do gestor judicial, quando do afasta- mento do devedor; e) qualquer outra materia que possa afetar os interesses dos credores. 2. Na falencia: a) a constituf9ao do Comite de Credores, a esco- Iha de seus membros e sua substitui9ao; b) a ad09ao de outras modalidades de realiza9ao do ativo, na forma do artigo 145 da LRF; c) qualquer outra materia que possa afetar os interesses dos credores. Quorum de instalalj:ao A Assembleia Geral de Credores se instalara, em primeira convoca9ao, com a presen9a de cre- dores que representem a maioria dos creditos em cada classe e, em segunda convoca9ao, com qual- quer numero de credores. N.a assembleia os cre~ dores poderao exercer seu direito por intermedio de um procurador, desde que cientifiquem 0 admi-

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Resumão Jurídico

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  • INTRODU~AoCom a promulga9ao, em 9 de fevereiro de 2005,

    da Lei 11.101, chamada Lei de Recupera9ao eFalencias (LRF), 0 ordenamento patrio passa acontar com novas regras relativas a falencia e comduas formas de 0 devedor em crise evita-Ia: recu-pera9ao judicial e recupera9ao extrajudicial.

    Empresarioo empresario e a pessoa fisica ou juridica que

    exerce a empresa, isto e, que exerce profissional-mente atividade economic a organizada para a pro-dU9ao ou circula9ao de bens ou servi90s. Assim,estao sujeitos a recupera9ao judicial, a recupera9aoextrajudicial e a falencia:a) empresario;b) sociedade empresaria.

    Sujeitos excluidos da incidencia da leiAlgumas sociedades, embora empresarias, estao

    excluidas da LRF. Sao elas:a) empresa publica e sociedade de economia mista;b) institui9ao financeira publica ou privada;c) cooperativa de credito;d) consorcio;e) entidade de previdencia complementar;f) sociedade operadora de plano de assistencia a

    saude;g) sociedade seguradora;h) sociedade de capitaliza9ao e outras entidades

    legalmente equiparadas.De acordo com 0 artigo 2 da LRF, essas socie-

    dades nao estarao sujeitas a nova lei. Contudo, 0referido artigo deve ser interpretado com osdemais dispositivos legais. Portanto, existem socie-dades empresarias que sao excluidas total ou par-cialmente da falencia ou excluidas totalmente darecupera9ao.

    Juizo competenteo juizo competente para homologar 0 plano de

    recupera9ao extrajudicial, deferir a recupera9aojudicial ou decretar a falencia sera 0 do principalestabelecimento do devedor ou da filial de empre-sa sediada fora do Brasil. 0 principal estabeleci-mento e 0 local onde se concentra 0 maior volu-me de negocios, independentemente de previsaocontratual ou estatutaria. Portanto, 0 juizo compe-tente sera:a) em razao da materia: civel;b) em razao do lugar: principal estabelecimento.

    Credores nao admitidosNao sao exigiveis na recupera9ao judicial ou na

    falencia:a) as obriga90es a titulo gratuito;b) as despesas que os credores fizerem para tomar

    parte na recupera9ao judicial ou na falencia,salvo as custas judiciais decorrentes de litigiocom 0 devedor.

    Efeitos da decretalj:ao da falenciaou do deferimento do processamentoda recuperalj:ao judicial

    De acordo com 0 artigo 6 da LRF, uma vezdecretada a falencia ou deferido 0 processamentoda recupera9ao judicial, ocorrera a suspensao:a) da prescri9ao;b) de a90es e execu90es, inclusive daquelas dos

    credores particulares do socio solidario.Uma vez suspensa a prescri9ao, esta voltara a

    fluir a partir do transito em julgado da senten9a deencerramento da falencia ou da recupera9ao judi-cial. Na recupera9ao judicial, a suspensao da pres-cri9ao e das a90es e execu90es sera de 180 dias,

    Resumao Juridico MJ

    restabelecendo-se, apos 0 decurso do prazo, 0direito dos credores de iniciar ou continuar suasa90es e execu90es, independentemente de pronun-ciamento judicial.

    POl'outro lado, as a90es de conhecimento contrao devedor nao se suspendem com a falencia oucom 0 processamento da recupera9ao, uma vez quenao sao execu90es. Assim, as demais a90es naosujeitas a suspensao, bem como as reclama90estrabalhistas, poderao requerer reserva do valor emdiscussao.

    Juizo de prevenlj:aoA distribui9ao do pedido de falencia ou de

    recupera9ao judicial previne a jurisdi9ao paraqualquer outro pedido relativo ao mesmo devedor(art. 6, 8).

    Verificalj:ao e habilitalj:ao dos creditosA LRF estabelece 0 mesmo regime de verifica-

    9ao dos creditos para a recupera9ao e para a falen-cia. A verifica9ao dos creditos sera realizada peloadministrador judicial, com base na escritura9aodo devedor e nos documentos apresentados peloscredores (art. 7). Superadas as possiveis impugna-90es, os creditos habilitados serao incluidos noquadro geral de credores.Na falencia, os credores serao pagos conforme

    sua classifica9ao (art. 83). Nos casos de recupera-9ao judicial, os credores poderao pactuar formadiversa do quadro geral, observada a preferenciados credo res decorrentes das rela90es de trabalho.

    Administrador judicialo administrador judicial sera urn profissional

    idoneo, preferencialmente advogado, economista,administrador de empresas, contador ou pes soaj uridica especializada; portanto, podera ser pes-soa fisica ou juridica. Escolhido pelo juiz, 0administrador sera uma pessoa de sua confian9a,cabendo auxilia-Io na administra9ao da massafalida (art. 22). Sua fun9ao e indelegavel, maspodera contratar auxiliares mediante previa auto-riza9ao do juiz. 0 administrador que nao apresen-tar, no prazo estabelecido, suas contas ou qualquerdos relatorios previstos em lei sera intimado a faze-10no prazo de cinco dias, sob pena de desobedi en-cia. Decorrido 0 prazo, sera destituido e nomeadourn substituto (art. 23). POI'fim, 0 administradorjudicial respondera pelos prejuizos causados amassa falida, ao devedor ou aos credores, por doloou culpa no desempenho de suas fun90es.

    Comite de Credoreso Comite de Credo res e urn orgao facultativo na

    falencia e na recupera9ao judicial. Sua existenciasomente se justifica nas empresas com grandecomplexidade organizacional. Assim, cabera aoscredores decidir pela conveniencia ou nao de suainstala9ao. Uma vez instalado, 0 Comite deCredores tera a seguinte composi9ao (art. 26):a) urn representante indicado pela classe de credo-

    res trabalhistas, com dois suplentes;b) urn representante indicado pela classe de credo-

    res com direitos reais de garantia ou privilegiosespeciais, com dois suplentes; _

    c) um representante indicado pela classe de credo-res quirografarios e com privilegios gerais, comdois suplentes.

    AtribuiyoesCompete ao Comite de Credores, entre outras

    atribui90es (art. 27):

    1. Na recupera9ao judicial e na falencia:a) fiscalizar as atividades e examinar as contas

    do administrador judicial;b) zelar pelo born andamento do processo e pelo

    cumprimento da lei;c) comunicar ao juiz, caso cons tate viola9ao

    dos direitos ou prejuizo aos interesses doscredores;

    d) apurar e emitir parecer sobre quaisquer recla-ma90es dos interessados;

    e) requerer ao juiz a convoca9ao da AssembleiaGeral de Credores;

    f) manifestar-se nas hipoteses previstas na LRF.2. Na recupera9ao judicial:

    a) fiscalizar a administra9ao das atividades dodevedor, apresentando, a cada 30 dias, 0 rela-torio de sua situa9ao;

    b) fiscalizar a execu9ao do plano de recupera9aojudicial;

    c) submeter a autoriza9ao do juiz, quando ocor-rer 0 afastamento do devedor nas hipotesesprevistas na LRF, a aliena9ao de bens do ativopermanente, a constitui9ao de onus reais eoutras garantias, bem como atos de endivida-mento necessarios a continua9ao da atividadeempresarial durante 0 periodo que antecede aaprova9ao do plano de recupera9ao judicial.

    Como visto, 0 Comite de Credores e um orgaofacultativo. Assim, na sua falta, cabera ao adminis-trador judicial, ou, na incompatibilidade deste, aojuiz, exercer suas atribui90es. Note-se que os mem-bros do Comite de Credores, assim como 0 admi-nistrador, exercem fun9ao de estrita responsabili-dade. Portanto, se porventura vierem a causal' pre-juizos por ma administra9ao ou infra9ao a lei,serao civilmente responsabilizados.

    ASSEMBLEIA GERALDE CREDO RES

    A Assembleia Geral de Credores devera obede-cer aos requisitos previstos no artigo 36 no quetange as formalidades de convoca9ao. A assem-bleia sera convocada pelo juiz nas hipoteses previs-tas em lei ou quando achar necessario. Podera,ainda, ser convocada pelos credores, desde querepresentem 25% do total do passivo. Sua compe-tencia consiste em deliberar sobre (art. 35):1. Na recupera9ao judicial:

    a) aprova9ao, rejei9ao ou modifica9ao do planode recupera9ao judicial apresentado pelodevedor;

    b) a constitui9ao do Comite de Credores, a esco-lha de seus membros e sua substitui9ao;

    c) 0 pedido de desistencia do devedor, nos ter-mos do 4 do artigo 52 da LRF;

    d) 0 nome do gestor judicial, quando do afasta-mento do devedor;

    e) qualquer outra materia que possa afetar osinteresses dos credores.

    2. Na falencia:a) a constituf9ao do Comite de Credores, a esco-

    Iha de seus membros e sua substitui9ao;b) a ad09ao de outras modalidades de realiza9ao

    do ativo, na forma do artigo 145 da LRF;c) qualquer outra materia que possa afetar os

    interesses dos credores.

    Quorum de instalalj:aoA Assembleia Geral de Credores se instalara,

    em primeira convoca9ao, com a presen9a de cre-dores que representem a maioria dos creditos emcada classe e, em segunda convoca9ao, com qual-quer numero de credores. N.a assembleia os cre~dores poderao exercer seu direito por intermediode um procurador, desde que cientifiquem 0 admi-

  • nistrador judicial com antecedencia de 24 horas.Com rela
  • Efeitos da recupera~ao em rela~aoaos bens do devedor

    Apos a distribuiyao do pedido de recuperayaojudicial, 0 devedor nao podeni alienar ou onerarseus bens ou direitos de seu ativo permanente,salvo se evidente utilidade reconhecida pelo juiz edepois de ouvido 0 Comite de Credores, com exce-yao daqueles previamente relacionados no plano derecuperayao judicial. A inobserviincia dessesrequisitos enseja a decretayao da falencia.

    Atendimento ao plano de recupera~aoConcedida a recuperayao judicial, 0 devedor

    devera cumprir todas as obrigayoes previstas noplano de recuperayao que se vencerem ate doisanos depois da concessao da recuperayao judicial.Se durante esse periodo ele descumprir qualquerdas obrigayoes previstas no plano, ocorreni a con-volayao da recuperayao em falencia. Uma vezdecretada a falencia, os credores terao seus direitose demais garantias reconstituidos (art. 61).

    Descumprimento do plano de recupera~aoComo visto, se durante 0 prazo de dois anos 0

    devedor descumprir qualquer uma de suas obriga-yoes, a recuperayao sera convolada em falencia.Apos 0 referido prazo, os credores poderao reque-reI' a execul;iio especifica ou a falencia. Convoladaa recuperayao judicial em falencia, os credoresdecorrentes de obrigayoes contraidas pelo devedordurante a recuperayao, inclusive aqueles relativos adespesas com fornecedores, serao consideradosextraconcursais.

    Encerramento da recupera~ao judicialComo regra, cumpridas as obrigayoes no prazo

    de ate dois anos, 0 juiz decretara por sentenya 0encerramento da recuperayao judicial (art. 63).

    PLANO DE RECUPERA(:Ao JUDICIALPARA MICROEMPRESAS E EMPRESASDE PEQUENO PORTE

    De acordo com a Lei 9.841/99 - Estatuto daMicroempresa e Empresa de Pequeno Porte, cons i-dera-se microempresa aquela que atinge fatura-mento bruto anual de R$ 244.000,00 e empresa depequeno porte aquela cujo faturamento bruto anualvaria entre R$ 244.000,01 e R$ 1.200.000,00.

    Plano de recupera~ao judicialOs microempresarios e os empresarios de

    pequeno porte poderao apresentar um plano espe-cial de recuperayao judicial (art. 70), limitando-seits seguintes condiyoes (art. 71):a) abrangera exclusivamente os creditos quirogra-

    farios;b)prevera parcelamento em ate 36 parcelas iguais

    e sucessivas, corrigidas monetariamente e acres-cidas de juros de 12% ao ana;

    c) prevera 0 pagamento da primeira parcela noprazo maximo de 180 dias, contado da distribui-yao do pedido de recuperayao judicial;

    d) estabelecera a necessidade de autorizayao dojuiz, depois de ouvido 0 administrador judicial eo Comite de Credores, para 0 devedor aumentardespesas ou contratar empregados.Percebe-se, do aludido artigo, que 0 plano de

    recuperayao judicial do microempresario e do em-presario de pequeno porte e bastante simples. Suasobrigayoes podem ser pagas em ate 36 parce1asmensais iguais e sucessivas, vencendo a primeiraem 180 dias, contados da distribuiyao do pedido derecuperayao. 0 referido parcelamento diz respeitoapenas ao passivo quirografario. As dividas tribu-tarias e trabalhistas nao sao atingidas; portanto,devem ser homadas conforme a legislayao especi-fica de cada uma. A aprovayao ou rejeiyao do planode recuperayao judicial cabe exclusivamente aojuiz, e nao itAssemb1eia Geral de Credores. Com asentenya concessiva do beneficio, operam-se a sus-pensao das ayoes e execuyoes e a novayao das obri-gayoes sujeitas ao plano. Por fim, os credorespoderao opor objeyoes ao plano especial. Nessecaso, 0 juiz chamara 0 devedor para que se mani-feste na tentativa de haver urn acordo entre as par-tes; caso contrario, ele decidira 0 caso.

    Resumao Juridico

    CONVOLA(Ao D~ RECUPERA(:AoJUDICIAL I:M FALENCIAA principio, 0 devedor que obtem recuperayao e

    nao cumpre com suas obrigayoes vera seu benefi-cio convolado em falencia. Ademais, de acordocom 0 artigo 73 da LRF, sera decretada a falencia:a) por deliberayao em Assembleia Geral de

    Credores;b) pela nao apresentayao do plano pelo devedor;c) quando houver sido rejeitado 0 plano de recupe-

    rayao pe1aAssembleia Geral de Credores;d)por indeferimento da recuperayao judicial;e) por descumprimento das obrigayoes assumidas

    no plano de recuperayao.

    FALENCIAA falencia e uma execuyao coletiva movida con-

    tra urn devedor, empresario ou sociedade empresa-ria, atingindo seu patrimonio para uma venda for-yada, partilhando 0 resultado, proporcionalmente,entre os credores.

    Sujeitos a falenciaA falencia atinge 0 empresario e a sociedade

    empresaria, bem como 0 espolio do devedorempresario e aqueles que, embora expressamenteproibidos, exercem atividades empresariais.

    Ressalte-se que algumas sociedades, emboraempresarias, estao excluidas total ou parcialmentedo regime falimentar.

    Elementos do estado de falenciaPara a caracterizal;ao do estado de falencia, e

    necessario que 0 devedor apresente-se insolvente.A insolvencia presume (art. 94):1. Impontualidade - Quando 0 devedor, sem rele-vante razao de direito, nao paga, no vencimento,obrigayao liquida materializada em titulo outitulos executivos protestados cuja soma ultra-passe 0 equivalente a 40 salarios minim os. Naobasta 0 devedor estar em atraso; e preciso quesua impontualidade seja injustificada.

    2. ExecUl;iio frustrada - Quando 0 devedor, exe-cutado por qualquer quantia liquida, nao paga,nao deposita e nao nomeia it penhora bens sufi-cientes dentro do prazo legal.

    3. Pnitica de atos de falencia - Quando 0 devedor:a) procede it liquidayao precipitada de seus ati-

    vos ou lanya mao de meio ruinoso ou fraudu-lento para realizar pagamentos;

    b) realiza ou, por atos inequivocos, tenta reali-zar, com 0 objetivo de retardar pagamentosou fraudar credores, negocio simulado oualienayao de parte ou da totalidade de seuativo a terceiro, credor ou nao;

    c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ounao, sem 0 consentimento de todos os credo-res e sem ficar com bens suficientes para sol-ver seu passivo;

    d) simula a transferencia de seu principal esta-belecimento com 0 objetivo de burlar alegislayao ou a fiscalizayao ou para prejudi-car credor;

    e) da ou reforya garantia a credor por dividacontraida anteriormente sem ficar com benslivres e desembarayados suficientes para sa1-dar seu passivo;

    f) ausenta-se sem deixar representante habilita-do e com recursos suficientes para pagar oscredores, abandona estabelecimento ou tentaocultar-se de seu domicilio, do local de suasede ou de seu principal estabelecimento;

    g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obri-gayao assumida no plano de recuperayaojudicial.

    Juizo falimentaro juizo competente para 0 processamento da

    falencia sera 0 do principal estabelecimento dodevedor, ou seja, 0 local onde se concentra 0 maiorvolume de negocios, independentemente de previ-sao contratual ou estatutaria. 0 juizo falimentar econhecido como "juizo universal". Assim, todas asayoes referentes aos bens e interesses da massa

    serao processadas por esse juizo. 0 juizo falimen-tar comporta exceyoes:a) ayoes nao reguladas pela Lei de Falencias;b) ayoes que demandam quantia iliquida;c) reclamayoes trabalhistas;d) execuyoes tributarias;e) ayoes de conhecimento em que e parte a Uniao.

    Autofalenciao empresario que julgar nao atender aos requisi-

    tos para a recuperayao judicial devera requerer suafalencia, expondo as razoes da impossibilidade deprosseguir com sua atividade empresarial.

    Legitimidade ativaEstao autorizados a requerer a execuyao coletiva

    (art. 97):a) 0 proprio devedor empresario (autofalencia);b) qualquer credor; se empresario, provar a condi-

    yao de regular;c) 0 conjuge sobrevivente;d) os herdeiros do devedor;e) 0 inventariante;f) 0 socio ou acionista da sociedade;g) 0 credor nao domiciliado no Brasil, desde que

    preste cauyao.

    Hipoteses em que nao seradeclarada falencia

    A falencia requerida com base na impontuali-dade nao sera declarada se 0 requerido provar(art. 96):a) falsidade do titulo;b) prescriyao do direito;c) nu1idade da obrigayao ou do titulo;d)pagamento da divida;e) qualquer outro fato que extinga ou suspenda

    obrigayao ou nao legitime a cobranya de titulo;f) vicio em protesto ou em seu instrumento;g) cessao das atividades empresariais ha mais de

    dois anos, comprovada pelo distrato social devi-damente registrado na Junta Comercial;

    h) liquidayao e partilha do ativo da sociedade ano-nima;

    i) morte do devedor ha mais de um ano.

    Responsabilidade dos sociosOs socios solidaria e i1imitadamente responsa-

    veis pelas obrigayoes sociais terao sua fa1enciadecretada e ficarao sujeitos aos mesmos efeitosjuridicos produzidos em relayao it sociedadefalida (art. 81). Os efeitos trazidos pel a nova leiaplicam-se tambem aos socios que tenham seretirado da sociedade ha menos de dois anos. Jiia responsabi1idade pessoal dos socios de respon-sabilidade limitada, dos controladores e dosadministradores da sociedade falida sera apuradano proprio juizo da falencia, independentementeda realizayao do ativo e da prova de sua insufi-ciencia para cobrir 0 passivo (art. 82). Todavia, aayao de responsabilizayao prescrevera em doisanos, contados do triinsito em julgado do encer-ramento da falencia.

    ProtestoNa falencia, 0 protesto e sempre obrigatorio. Mes-

    mo titulos nao sujeitos a protesto obrigatorio devemser levados a cartorio para sua efetivayao.

    Rito falimentarSegundo 0 professor Fabio Ulhoa Coelho, 0

    pedido de falencia segue rito diferente em funyaode seu autor. Requerida a falencia pelo credor ousocio minoritario, 0 rito segue os preceitos dos arti-gos 94 a 96 e 98 da LRF, observando-se urn proce-dimento judicial tipico, isto e, contencioso. Ja emcaso de autofalencia segue 0 rito dos artigos 105 a107, de natureza nao contenciosa (Comentarios anova lei de jalencias e de recuperw;iio de empre-sas. Sao Paulo: Saraiva, 2005, p. 268).

    Defesa do devedor impontualUma vez citado, 0 devedor podera, em dez dias

    (art. 98):a) depositar a importiincia equivalente a seu debito,

    sem conte star (nesse caso, extingue-se 0 proces-so de execuyao);

  • b) depositar e apresentar defesa (nesse caso,tambem se extingue 0 processo de execuc;ao);

    c) nao depositar, limitando-se a apresentar defe-sa (teni, entao, sua falencia declarada).Embora a lei mencione que 0 deposito se re-

    fere it impontualidade, entende-se que, mesmoque se trate de pedido com base em atos defalencia, podeni 0 devedor fazer 0 deposito paraelidir 0 pedido de falencia.

    RecursosSenten.;a declaratoriaRecebidas e cumpridas as diligencias, 0

    juiz proferira a senten

  • Restituic;ao ou embargos de terceiroso administrador judicial, quando nomeado,

    providenciani a arrecada9ao dos bens do falidoem favor da massa. Ha situa90es em que partedesses bens encontra-se protegida por direitoreal ou decorrente de contrato. Dessa forma, searrecadados, ensejarao 0 pedido de restitui9aoou embargos de terceiros pelo legitimo proprie-tario (art. 85).

    Assim, pode ser pedida a restitui9ao quandodevida em virtude de:a) direito real sobre a coisa;b) contrato de cambio;c) coisas vendidas a credito e entregues ao fali-

    do nos 15 dias anteriores ao requerimento dafalencia, se ainda nao alienadas pela massa;

    d) aliena9ao fiduciaria;e) revoga9ao - ou ineficacia do contrato, para

    credor de boa- fe.Ademais, a lei ainda preve a restitui9aO em

    dinheiro. Isso ocorre quando 0 objeto do pedi-do e propriamente dinheiro ou quando 0 bem aser restituido se perdeu (art. 86).

    Com rela9ao it senten9a que julgar 0 pedidode restitui9ao, cabera 0 recurso de apela9ao,com efeito devolutivo (art. 90).

    Verificac;ao dos creditosVeja 0 topico "Verifica9ao e habilita9ao dos

    creditos", na pagina 1.

    Classificac;ao dos creditosDepois de 0 administrador realizar 0 atendi-

    mento aos credores da massa e as restitui90esem dinheiro (art. 84), devera efetuar 0 paga-mento dos demais creditos, os quais sao classi-ficados conforme sua origem, na seguinteordem (art. 83):a) creditos derivados da legisla9ao do trabalho,

    limitados a 150 sa1

  • o pedido de quebra consubstanciado nos incisosI e II sera demonstrado pelo titulo executivo, acom-panhado dos instrumentos de protesto. Ja em rela-ao ao inciso III, a instruao probatoria sera maisdemorada (dilaao probatoria).

    Ademais, 0 processo de falencia podera seracautelado com medidas preparatorias para salva-guardar 0 interesse da massa e dos credores.

    Juizo competenteo juizo competente para decretar a falencia em

    razao da materia sera 0 civel e em razao do lugar 0do principal estabelecimento do devedor.

    Instru~ao da peti~ao inicialA petiao inicial deve obedecer aos requisitos

    previstos no Codigo de Processo Civil (arts. 282 e283), devendo, ainda, ser instruida com os pressu-postos especificos da falencia, nos termos dos inci-sos I a III do artigo 94 da LRF (veja 0 topico"Elementos do estado de falencia ", na pagina 3).Assim, 0 pedido com base no inciso I desse artigodeve ser instruido com:a) titulo executivo cujo valor ultrapasse 40 salarios

    minimos;b) instrumento de protesto.

    Para os pedidos calcados com base no incisoII do mesmo artigo, 0 pedido de falencia serainstruido com a certidao expedida pelo juizo emque se processa a execu