resumo sobre falências

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Resumo de Falência Conceito e finalidade A falência é o processo pelo qual se resolve uma situação econômica especial do devedor: a insolvência O art 75 traz a finalidade: A falência ao promover o afastamento do devedor de suas atividades visa preservar e otimizar a utilização dos bens , inclusive os bens intangíveis. Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa. Não existe nenhum procedimento suspensivo da falência, como havia a concordata suspensiva. Não há mais o objetivo de recuperação do empresário, mas agora somente da EMPRESA. A falência comercial estabelece um tratamento privilegiado aos empresários em relação à insolvência civil, dentre as quais, podemos destacar: A) Recuperação de empresas – privilégio concedido aos empresários para reorganizar suas empresas, com maior ou menor sacrifício dos credores, de acordo com o plano aprovado ou homologado judicialmente B) Extinção das obrigações – Um empresário que entra em falência com um patrimônio de valor superior a 50 % de seu passivo poderá obter a declaração de extinção das obrigações logo após a realização do ativo e rateio do produto arrecadado. Art. 158. Extingue as obrigações do falido: II – o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50% (cinqüenta por cento) dos créditos quirografários, sendo facultado ao falido o depósito da quantia necessária para atingir essa porcentagem se para tanto não bastou a integral liquidação do ativo;

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Page 1: Resumo Sobre Falências

Resumo de Falência

Conceito e finalidade

A falência é o processo pelo qual se resolve uma situação econômica especial do devedor:

a insolvência

O art 75 traz a finalidade: A falência ao promover o afastamento do devedor de suas

atividades visa preservar e otimizar a utilização dos bens, inclusive os bens intangíveis.

Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a

preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os

intangíveis, da empresa.

Não existe nenhum procedimento suspensivo da falência, como havia a concordata

suspensiva. Não há mais o objetivo de recuperação do empresário, mas agora somente da

EMPRESA.

A falência comercial estabelece um tratamento privilegiado aos empresários em relação à

insolvência civil, dentre as quais, podemos destacar:

A) Recuperação de empresas – privilégio concedido aos empresários para reorganizar

suas empresas, com maior ou menor sacrifício dos credores, de acordo com o plano aprovado ou

homologado judicialmente

B) Extinção das obrigações – Um empresário que entra em falência com um patrimônio

de valor superior a 50 % de seu passivo poderá obter a declaração de extinção das obrigações

logo após a realização do ativo e rateio do produto arrecadado.

Art. 158. Extingue as obrigações do falido:

II – o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50% (cinqüenta por

cento) dos créditos quirografários, sendo facultado ao falido o depósito da quantia necessária

para atingir essa porcentagem se para tanto não bastou a integral liquidação do ativo;

Page 2: Resumo Sobre Falências

Procedimentos pré-falimentares

Causas Dispositivo Delimitação legal

Falência

requerida em

razão da

impontualidade

ou frustração de

execução

art. 94, I e II I – O devedor, sem relevante razão de direito, não paga, no

vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos

executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40

(quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência;

II – O devedor, executado por qualquer quantia líquida, não

paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes

dentro do prazo legal;

falência

caracterizada

por atos de

falência

art. 94, III a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão

de meio ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos;

b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo

de retardar pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado

ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro,

credor ou não;

c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o

consentimento de todos os credores e sem ficar com bens

suficientes para solver seu passivo;

d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com

o objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização ou para

prejudicar credor;

e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída

anteriormente sem ficar com bens livres e desembaraçados

suficientes para saldar seu passivo;

f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com

recursos suficientes para pagar os credores, abandona

estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local

de sua sede ou de seu principal estabelecimento;

g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida

no plano de recuperação judicial.

Crise econômico

- financeira

denunciada pelo

devedor

Arts. 97, I e

105

crise econômico - financeira que não lhe permite atender aos

requisitos necessários ao deferimento de recuperação judicial,

como, por exemplo, os previstos pelo legislador nos arts. 47, 48,

51, V, 53, II

Page 3: Resumo Sobre Falências

Pressupostos legais

1. Legitimidade passiva → qualidade de empresário do devedor

2. insolvência jurídica

3. Declaração judicial da falência

Não-empresários que podem falir:

1. O espolio da firma individual - até 1 ano após o falecimento do empresário ele pode falir

2. A falência de sociedade que tenha sócio de responsabilidade ilimitada acarretará

também a falência do próprio sócio, mesmo não sendo empresário.

Empresários excluídos pela lei de falências de seu objeto

1. Empresa pública

2. Sociedade de economia mista

3. As instituições financeiras - públicas ou privadas.

4. As instituições legalmente equiparadas às instituições financeiras

5. As cooperativas de crédito

6. As empresas de consórcios

7. As entidades de previdência complementar

8. As Sociedades operadoras de plano de assistência de plano de saúde

9. As sociedades seguradoras

10. As sociedades de Capitalização

11. e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores

Empresários excluídos em razão de inatividade

1. Empresário ou sociedade que cessou suas atividades há mais de 2 anos.

Art. 96. A falência requerida com base no art. 94, inciso I do caput, (40 SM) desta Lei, não

será decretada se o requerido provar:

VIII – cessação das atividades empresariais mais de 2 (dois) anos antes do pedido de

falência, comprovada por documento hábil do Registro Público de Empresas, o qual não

prevalecerá contra prova de exercício posterior ao ato registrado.

2. S/A liquidada e que já teve partilhado seu ativo

Page 4: Resumo Sobre Falências

Art. 96, § 1o Não será decretada a falência de sociedade anônima após liquidado e

partilhado seu ativo...

Lei n 6.404, Art. 207. A companhia dissolvida conserva a personalidade jurídica, até a

extinção, com o fim de proceder à liquidação.

Lei n 6.404, Art. 218. Encerrada a liquidação, o credor não-satisfeito só terá direito de exigir

dos acionistas, individualmente, o pagamento de seu crédito, até o limite da soma, por eles

recebida, e de propor contra o liquidante, se for o caso, ação de perdas e danos. O acionista

executado terá direito de haver dos demais a parcela que lhes couber no crédito pago.

3. Espólio de empresário individual ou de sócio de sociedade empresária com

responsabilidade ilimitada após 1 ano da morte do devedor

art. 96, § 1º ... nem do espólio após 1 (um) ano da morte do devedor.

Legitimidade ativa

Tanto o devedor quanto os credores, obedecendo estes últimos, as seguintes condições:

1. Qualidade do credor e de seu título

O credor não precisa ser empresário, nem o título precisa ter origem negocial. Pouco

importa saber se a dívida é ou não empresarial, pois o que se objetiva é preservar o instituto do

crédito.

OBS: o credor para legitimar-se ao pedido de falência deve exibir o seu título, mesmo que

não-vencido. Basta que para isto apresente, por meio de certidão de protesto, a prova de

impontualidade do falido mesmo que de propriedade de 3º.

2. Credor Empresário

Para o credor empresário, com domicílio no Brasil, a lei exige a demonstração de registro

no Registro público de Empresas. Assim, o empresário IRREGULAR pode ter sua falência

decretada, mas jamais pode requerer a falência de outro empresário.

OBS: A autofalência é possível aos empresários irregulares também pois a lei diz que o

contrato pode ou não estar registrado.

Page 5: Resumo Sobre Falências

3. Credor sem domicílio no Brasil

O credor, sem domicílio no Brasil, empresário ou não, deve PRESTAR CAUÇÃO para

pagamento de eventuais perdas e danos devidos ao requerido.

4. Credor com Garantia Real

No regime da nova lei de falências, inexiste qualquer limitação ou distinção quanto à

origem do título ou à garantia outorgada a seu crédito.

5. Credor privilegiado Fiscal

Controvertido. A posição de Ricardo Negrão (e do STJ) é a de que não pode requerer a

falência.

Súmula 44 do TFR - Ajuizada a execução fiscal anteriormente à falência, com penhora

realizada antes desta, não ficam os bens (somente os bens porque o produto da venda dos bens

vai para o juízo da falência) penhorados sujeitos à arrecadação no juízo falimentar; proposta a

execução fiscal contra a massa falida, a penhora far-se-á no rosto dos autos do processo da

quebra, citando-se o síndico.

6. Credor Privilegiado Trabalhista

Não há impedimento ao credor trabalhista requerer a falência de seu empregador

7. O Cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor

ou o inventariante

Pressupõe a lei falimentar que o empresário individual faleceu em estado de falência. O

espólio assume a posição de falido, não se podendo, tecnicamente, falar em falência de pessoa

falecida, mas sim de seu espólio, fato que não deixa de ser igualmente curioso por ser o espólio

uma universalidade de bens.

Art. 97. Podem requerer a falência do devedor:

II – o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante;

Page 6: Resumo Sobre Falências

Nessa hipótese, a legitimidade cabe ao cônjuge sobrevivente, herdeiros e inventariante,

(art. 97, II) que, ao pedido, além de demonstração de uma das ocorrências do art. 94, devem

juntar:

A) Do cônjuge supérstite: certidão de casamento, e certidão de óbito do empresário

individual;

B) Do inventariante: certidão expedida pelo cartório no qual tramita o processo de

arrolamento ou de inventário, mencionando a nomeação, a data do termo de compromisso;

C) Do herdeiro: Certidão expedida pelo cartório em que tramita o processo de arrolamento

ou de inventário, mencionando sua condição

Art. 125. Na falência do espólio, ficará suspenso o processo de inventário, cabendo ao

administrador judicial a realização de atos pendentes em relação aos direitos e obrigações da

massa falida.

Sócio-cotista ou Acionista

Art. 97. Podem requerer a falência do devedor:

III – o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da sociedade;

Procedimentos

Existem 3 procedimentos distintos para o curso do processo pré-falimentar:

a) o dos incisos I e II do art. 94 (40 SM ou execução frustrada)

b) o do III do art 94 (atos falenciais)

c) Pedido de autofalência

Distinções

Duas principais distinções:

1. Os documentos essenciais à propositura da ação

2. Possibilidade de elisão do pedido com a realização de depósito em dinheiro

Page 7: Resumo Sobre Falências

No caso dos incisos I e II, a prova é pré-constituída e é cabível o depósito elisivo

(montante da dívida + correção monetária + Juros + Honorários advocatícios) no prazo da

contestação.

STJ Súmula nº 29: No pagamento em juízo para elidir falência, são devidos correção

monetária, juros e honorários de advogado.

Já no caso do inciso III a prova pode ser produzida em momento posterior e não há

possibilidade do depósito elisivo.

Citação, Oposição de sócios e recuperação judicial incidental

Prazo único de contestação 10 DIAS.

Art. 81. A decisão que decreta a falência da sociedade com sócios ilimitadamente

responsáveis também acarreta a falência destes, que ficam sujeitos aos mesmos efeitos jurídicos

produzidos em relação à sociedade falida e, por isso, deverão ser citados para apresentar

contestação, se assim o desejarem.

O Devedor deve ser citado no local de seu principal estabelecimento. Se não for

encontrado ali, citação editalícia.

No prazo da contestação, o devedor, algum sócio com responsabilidade ilimitada ou o

cônjuge sobrevivente (em caso de espólio) poderão requerer, incidentalmente, a recuperação

extrajudicial da empresa, demonstrando os requisitos legais e apresentando os documentos

necessários (art. 95)

Art. 95. Dentro do prazo de contestação, o devedor poderá pleitear sua recuperação

judicial.

Defesas

Art. 96. A falência requerida com base no art. 94, inciso I do caput, desta Lei, não será

decretada se o requerido provar:

I – falsidade de título;

II – prescrição;

III – nulidade de obrigação ou de título;

IV – pagamento da dívida;

V – qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigação ou não legitime a cobrança de

título;

Page 8: Resumo Sobre Falências

VI – vício em protesto ou em seu instrumento;

VII – apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo da contestação, observados

os requisitos do art. 51 desta Lei;

VIII – cessação das atividades empresariais mais de 2 (dois) anos antes do pedido de

falência, comprovada por documento hábil do Registro Público de Empresas, o qual não

prevalecerá contra prova de exercício posterior ao ato registrado.

(entre muitas outras)

Sentença Judicial e Recursos

Art. 3o É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a

recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do

devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil.

Art. 6º, § 8o A distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial previne a

jurisdição para qualquer outro pedido de recuperação judicial ou de falência, relativo ao mesmo

devedor.

Indivisibilidade do juízo Falimentar

Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre

bens, interesses e negócios do falido, RESSALVADAS:

1. as causas trabalhistas,

2. fiscais e → art. 187 do CTN: A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a

concurso de credores ou habilitação em falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou

arrolamento.

3. aquelas não reguladas nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte

ativo.

Além destas 3 hipóteses, o sistema jurídico brasileiro excepciona:

4. As ações relativas a imóveis

5. Art. 6º, § 1o Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que

demandar quantia ilíquida. (Iniciadas antes da decretação da falência, nas quais o devedor ora

falido tenha sido citado anteriormente à sentença de quebra)

6. Ações de conhecimento em que é parte ou interessada a União, que compete à JF, e

não a cobrança de eventual crédito da união no juízo falimentar.

Page 9: Resumo Sobre Falências

Universalidade do juízo falimentar (salvo o credor fiscal)

Art. 115. A decretação da falência sujeita todos os credores, que somente poderão exercer

os seus direitos sobre os bens do falido e do sócio ilimitadamente responsável na forma que esta

Lei prescrever.

Art. 126. Nas relações patrimoniais não reguladas expressamente nesta Lei, o juiz decidirá

o caso atendendo à unidade, à universalidade do concurso e à igualdade de tratamento dos

credores, observado o disposto no art. 75 desta Lei.

O CTN EXCETUOU expressamente o crédito tributário do concurso de credores

Sentença de quebra

Deve estabelecer o termo legal da falência, que é o lapso temporal anterior à decretação

da quebra que tem importância para a ineficácia de determinados atos do falido perante a massa.

Esse período é fixado pelo juiz, em regra, na sentença declaratória da falência, não podendo

retrotrair por mais de 90 dias do primeiro protesto por falta de pagamento

Se o falido não foi protestado (autofalência ou pedido não fundado em impontualidade

injustificada), o termo legal não poderá retrotrair por mais de 90 dias da petição inicial e se é o

caso de recuperação judicial, por mais de 90 dias do seu requerimento.

1. até 90 dias do primeiro protesto (não cancelado) por falta de pagamento (se houve

protesto)

2. até 90 dias da petição inicial (se não houve protesto)

3. até 90 dias do requerimento da recuperação judicial

Além dos requisitos comuns a qualquer sentença, o art. 99 LF traz alguns

específicos;

Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações:

I – conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os nomes dos que forem a esse

tempo seus administradores;

II – fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 (noventa) dias

contados do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do 1o (primeiro) protesto por

falta de pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados;

Da Correta fixação do termo legal resultará a ineficácia de atos praticados pelo devedor,

previstos no art. 129:

Page 10: Resumo Sobre Falências

Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o

contratante conhecimento do estado de crise econômico-financeira do

devedor, seja ou não intenção deste fraudar credores:

I – o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor

dentro do termo legal, por qualquer meio extintivo do direito de crédito,

ainda que pelo desconto do próprio título;

II – o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado dentro

do termo legal, por qualquer forma que não seja a prevista pelo

contrato;

III – a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção,

dentro do termo legal, tratando-se de dívida contraída anteriormente;

se os bens dados em hipoteca forem objeto de outras posteriores, a

massa falida receberá a parte que devia caber ao credor da hipoteca

revogada;

III – ordenará ao falido que apresente, no prazo máximo de 5 (cinco) dias, relação nominal

dos credores, indicando endereço, importância, natureza e classificação dos respectivos créditos,

se esta já não se encontrar nos autos, sob pena de desobediência;

IV – explicitará o prazo para as habilitações de crédito, observado o disposto no § 1o do

art. 7o desta Lei; (prazo de 15 dias)

Art. 7º, § 1o Publicado o edital previsto no art. 52, § 1o, ou no

parágrafo único do art. 99 desta Lei, os credores terão o prazo de 15

(quinze) dias para apresentar ao administrador judicial suas

habilitações ou suas divergências quanto aos créditos relacionados.

V – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o falido, ressalvadas

as hipóteses previstas nos §§ 1o e 2o do art. 6o desta Lei;

Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do

processamento da recuperação judicial suspende o curso da

prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor,

inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário.

§ 1o Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando

a ação que demandar quantia ilíquida.

§ 2o É permitido pleitear, perante o administrador judicial,

habilitação, exclusão ou modificação de créditos derivados da

relação de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, inclusive

Page 11: Resumo Sobre Falências

as impugnações a que se refere o art. 8o desta Lei, serão processadas

perante a justiça especializada até a apuração do respectivo crédito,

que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor determinado

em sentença. (além dos créditos fiscais)

VI – proibirá a prática de qualquer ato de disposição ou oneração de bens do falido,

submetendo-os preliminarmente à autorização judicial e do Comitê, se houver, ressalvados os

bens cuja venda faça parte das atividades normais do devedor se autorizada a continuação

provisória nos termos do inciso XI do caput deste artigo;

VII – determinará as diligências necessárias para salvaguardar os interesses das partes

envolvidas, podendo ordenar a prisão preventiva do falido ou de seus administradores quando

requerida com fundamento em provas da prática de crime definido nesta Lei;

VIII – ordenará ao Registro Público de Empresas que proceda à anotação da falência no

registro do devedor, para que conste a expressão "Falido", a data da decretação da falência e a

inabilitação de que trata o art. 102 desta Lei;

IX – nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funções na forma do inciso

III do caput do art. 22 desta Lei sem prejuízo do disposto na alínea a do inciso II do caput do art. 35

desta Lei;

Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo,

preferencialmente advogado, economista, administrador de

empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada.

Não poderá ser nomeado:

1. Pessoa que foi destituída nos últimos 5 anos, deixou de prestar

contas dentro dos prazos legais ou teve prestação de contas

desaprovada;

2. Parente ou afim até o 3º grau com o devedor, administradores,

controladores ou representantes legais da falida

3. Amigo, inimigo ou dependente das pessoas acima

X – determinará a expedição de ofícios aos órgãos e repartições públicas e outras

entidades para que informem a existência de bens e direitos do falido;

XI – pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do falido com o

administrador judicial ou da lacração dos estabelecimentos, observado o disposto no art. 109 desta

Lei;

Page 12: Resumo Sobre Falências

Art. 109. O estabelecimento será lacrado sempre que houver risco

para a execução da etapa de arrecadação ou para a preservação dos

bens da massa falida ou dos interesses dos credores.

XII – determinará, quando entender conveniente, a convocação da assembléia-geral de

credores para a constituição de Comitê de Credores, podendo ainda autorizar a manutenção do

Comitê eventualmente em funcionamento na recuperação judicial quando da decretação da

falência;

XIII – ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas

Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento, para

que tomem conhecimento da falência.

Parágrafo único. O juiz ordenará a publicação de edital contendo a íntegra da decisão que

decreta a falência e a relação de credores.

Indenização

Art. 101. Quem por dolo requerer a falência de outrem será condenado, na sentença que

julgar improcedente o pedido, a indenizar o devedor, apurando-se as perdas e danos em

liquidação de sentença.

Recursos

Recurso Decisão recorrida Artigo

Agravo instrumento Decisão que julga impugnação de crédito ou divergência na lista 17

Agravo instrumento Decisão que concede a recuperação judicial 59, § 2º

Agravo instrumento Decisão que decreta a falência 100

Apelação Decisão que julga improcedente pedido de falência 100

Apelação Decisão que julga as contas do administrador judicial 154§ 5º

Apelação Decisão que julga encerrada a falência 156

Apelação Decisão que julga o pedido de extinção das obrigações do falido 159§ 5º

STJ Súmula nº 25: Nas ações da Lei de Falências o prazo para a interposição de recurso

conta-se da intimação da parte.

Efeitos da sentença de Falência

Page 13: Resumo Sobre Falências

1. Efeitos sobre os credores

(Sete modificações ao exercício dos direitos dos credores)

A. Suspensão do curso da prescrição

Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação

judicial suspende o curso da prescrição...

Art. 157. O prazo prescricional relativo às obrigações do falido recomeça a correr a partir

do dia em que transitar em julgado a sentença do encerramento da falência.

ATENÇÂO: A suspensão da prescrição pela decretação da falência alcança tão somente

as obrigações de responsabilidade do devedor e de eventual sócio de responsabilidade ilimitada.

As dívidas ativas (nas quais o devedor é credor) o prazo fluirá normalmente

B. Suspensão das ações e execuções individuais dos credores (salvo):

1. As ações em que o credor demandar quantia ilíquida

2. As ações relativas a créditos oriundos de natureza trabalhista, até a sua apuração no

juízo trabalhista.

C. Vencimento antecipado das dívidas do devedor

D. Formação da massa de credores (salvo)

Art. 5o Não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência:

I – as obrigações a título gratuito;

ATENÇÂO: São INEXIGÍVEIS as ainda não cumpridas e INEFICAZES as cumpridas há

menos de 2 anos, sendo arrecadadas pelo administrador judicial

II – as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação judicial ou na

falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o devedor.

A antiga lei de falências ainda fazia menção às penas pecuniárias. Atualmente estas são

exigíveis, como créditos subquirografários.

E. Suspensão do direito de retenção

Page 14: Resumo Sobre Falências

Art. 116. A decretação da falência suspende:

I – o exercício do direito de retenção sobre os bens sujeitos à arrecadação, os quais

deverão ser entregues ao administrador judicial;

Trata-se do direito de guarda da coisa alheia em garantia enquanto não satisfeita, a favor

daquele que a retém, obrigação lícita prevista na lei ou em contrato. Ex: o direito do possuidor de

boa-fé em relação às benfeitorias necessárias e úteis.

O credor que, por força de exercício do direito de retenção, mantiver em seu poder coisa

sujeita a arrecadação deverá, a partir da decretação da falência, entregá-la ao administrador

judicial, podendo habilitar seu crédito junto à massa, na classe dos créditos com privilégio

especial

Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem:

IV – créditos com privilégio especial, a saber:

c) aqueles a cujos titulares a lei confira o direito de retenção sobre a coisa dada em

garantia;

F. Suspensão da fluência de juros

Art. 124. Contra a massa falida não são exigíveis juros vencidos após a decretação da

falência, previstos em lei ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento dos

credores subordinados.

Parágrafo único. EXCETUAM-SE DESTA DISPOSIÇÃO os juros das debêntures

(estritamente aquelas emitidas com garantia real e não às outras espécies → debêntures com

garantias flutuantes; debêntures sem garantia e debêntures subordinadas) e dos créditos com

garantia real, mas por eles responde, exclusivamente, o produto dos bens que constituem a

garantia.

OBS: As exceções somente têm aplicação após paga a classe imediatamente superior, a

dos credores derivados da legislação do trabalho.

G. Direito de credores de coobrigados solidários

Art. 127. O credor de coobrigados solidários cujas falências sejam decretadas tem o direito

de concorrer, em cada uma delas, pela totalidade do seu crédito, até recebê-lo por inteiro, quando

então comunicará ao juízo.

Art. 152. Os credores restituirão em dobro as quantias recebidas,

acrescidas dos juros legais, se ficar evidenciado dolo ou má-fé na

constituição do crédito ou da garantia

Page 15: Resumo Sobre Falências

§ 1o O disposto no caput deste artigo não se aplica ao falido cujas obrigações tenham sido

extintas por sentença, na forma do art. 159 desta Lei.

§ 2o Se o credor ficar integralmente pago por uma ou por diversas massas coobrigadas, as

que pagaram terão direito regressivo contra as demais, em proporção à parte que pagaram e

àquela que cada uma tinha a seu cargo.

§ 3o Se a soma dos valores pagos ao credor em todas as massas coobrigadas exceder o

total do crédito, o valor será devolvido às massas na proporção estabelecida no § 2o deste artigo.

§ 4o Se os coobrigados eram garantes uns dos outros, o excesso de que trata o § 3o deste

artigo pertencerá, conforme a ordem das obrigações, às massas dos coobrigados que tiverem o

direito de ser garantidas.

Art. 128. Os coobrigados solventes e os garantes do devedor ou dos sócios ilimitadamente

responsáveis podem habilitar o crédito correspondente às quantias pagas ou devidas, se o credor

não se habilitar no prazo legal.

Efeitos sobre a pessoa do falido

1. O empresário individual falido

2. Os sócios com responsabilidade ilimitada

3. Os administradores e controladores da sociedade empresarial falida

As 3 hipóteses elencadas acima trazem as pessoas que se sujeitam, pessoalmente, com

maior ou menor intensidade, a certas restrições e obrigações:

Restrições impostas ao falido

A decretação de falência implica limitação temporária, restrita ao período falimentar, de

determinados direitos:

A) à livre administração e disponibilidade de seus bens (LF, art. 103)

B) à Legitimatio ad causam para as ações sobre os bens da massa (LF, art. 76 PU)

C) Ao exercício da tutela e da curatela

D) Ao exercício de qualquer atividade empresarial (LF, art. 102)

E) Ao exercício da profissão de corretor de seguros

F) Ao exercício da profissão de corretor de navios

G) ao exercício da profissão de leiloeiro

H) Ao de sigilo de seus livros e da correspondência, o que for de interesse da massa (LF,

arts. 22, III, "d", e 104, II)

Page 16: Resumo Sobre Falências

Obrigações Impostas ao Falido

Art. 104. A decretação da falência impõe ao falido os seguintes deveres:... (pegar a lei)

Efeitos sobre os bens do Falido

1. O desapossamento

Com a declaração de falência, o empresário é DESAPOSSADO de todos os seus bens e

direitos, que passarão a compor a massa objetiva. Ele perde a administração e não a titularidade.

É um efeito transitório.

2. Impenhorabilidade e patrimônio de afetação

Existem exceções ao desapossamento dos bens do falido:

CPC Art. 649. São absolutamente impenhoráveis:

I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;

II - as provisões de alimento e de combustível, necessárias à manutenção do devedor e de

sua família durante 1 (um) mês;

III - o anel nupcial e os retratos de família;

IV - os vencimentos dos magistrados, dos professores e dos funcionários públicos, o soldo

e os salários, salvo para pagamento de prestação alimentícia;

V - os equipamentos dos militares;

Vl - os livros, as máquinas, os utensílios e os instrumentos, necessários ou úteis ao

exercício de qualquer profissão;

Vll - as pensões, as tenças ou os montepios, percebidos dos cofres públicos, ou de

institutos de previdência, bem como os provenientes de liberalidade de terceiro, quando destinados

ao sustento do devedor ou da sua família;

Vlll - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se estas forem

penhoradas;

IX - o seguro de vida;

X - o imóvel rural, até um modulo, desde que este seja o único de que disponha o devedor,

ressalvada a hipoteca para fins de financiamento agropecuário.

Page 17: Resumo Sobre Falências

Outra hipótese é o BEM DE FAMÌLIA. A terceira hipótese é o patrimônio de afetação que o

incorporador pode destinar o terreno e as acessões objeto da incorporação imobiliária, assim como

os demais direitos a ela vinculados (lembrar da INCOL)

LF Art. 119 IX – os patrimônios de afetação, constituídos para cumprimento de destinação

específica, obedecerão ao disposto na legislação respectiva, permanecendo seus bens, direitos e

obrigações separados dos do falido até o advento do respectivo termo ou até o cumprimento de

sua finalidade, ocasião em que o administrador judicial arrecadará o saldo a favor da massa falida

ou inscreverá na classe própria o crédito que contra ela remanescer.

Efeitos sobre os sócios

Tipos de responsabilidade perante terceiros

Ausência TOTAL de responsabilidade Sócio participante, na sociedade em conta de

participação

Limitada ao valor das ações Sócio acionista, nas sociedades por ações

(Anônima e em comandita por ações)

Limitada ao valor da cota adquirida Sócio comanditário, na sociedade em

comandita simples

Limitada ao total do capital não integralizado,

solidariamente entre os sócios

Sócio Cotista, na sociedade Limitada

ILIMITADA e solidária entre os sócios,

subsidiária ao patrimônio social

1. Sócio em nome coletivo (na sociedade em

nome coletivo)

2. Sócio Comanditado (nas sociedades em

comandita simples e por ações)

ILIMITADA e não subsidiária ao patrimônio

social

1. Sócio tratador (na sociedade em comum)

2. Sócio ostensivo (na sociedade em conta de

participação)

Efeitos sobre sócios com responsabilidade ilimitada

Art. 81. A decisão que decreta a falência da sociedade com sócios ilimitadamente

responsáveis também acarreta a falência destes, que ficam sujeitos aos mesmos efeitos jurídicos

produzidos em relação à sociedade falida e, por isso, deverão ser citados para apresentar

contestação, se assim o desejarem.

Page 18: Resumo Sobre Falências

Assim, os sócios ostensivo (na sociedade em conta de participação), tratador (na

sociedade em comum) e comanditado (nas sociedades em comandita simples e por ações) terão

decretadas suas falência pessoais com efeito da sentença falimentar incidente sobre a sociedade

em que participam.

O Parágrafo 1º interpretado a contrario senso estabelece duas hipóteses em que o sócio

ilimitado não irão falir:

1. Na hipótese de ter se retirado da sociedade há mais de 2 anos, contados da data do

registro da alteração social no órgão de Registro Público de Empresa (Junta Comercial)

2. Mesmo que tenha se retido com menos de 2 anos, inexistiam dívidas a ser solvidas.

(muito criticado, por necessitar de difícil análise contábil)

Efeitos sobre os demais sócios

3 classes de efeitos podem ser destacadas:

1. A que decorre da qualidade de administrador, da falta ou complementação dos

fundos a que se comprometeu. Neste caso, três ações são possíveis:

A) A ação de responsabilidade por dano - culpa ou dolo - por ato ou omissão imputado ao

sócio ou ao administrador;

B) A ação de integralização do capital social, tendo por objeto atribuir individualmente a

responsabilidade ao acionista (anônima) e ao comanditário (comandita simples ou por ações)

remissos ou solidariamente, se os devedores pelo total do saldo não integralizado forem sócios

da sociedade limitada.

C) A ação revocatória de reembolso dos fundos retirados pelo acionista, na hipótese de

redução do capital social (LSA, art. 45, § 8º)

2. A que suspende seus direitos de retirada e de recebimento do valor de suas cotas

A) RESGATE → Pagamento do valor das ações, retirando-as de circulação

B) AMORTIZAÇÃO → distribuição aos acionistas, a título de antecipação e sem redução

do capital social, de quantias que lhe seriam devidas em caso de liquidação

C) REEMBOLSO → Pagamento que se faz a acionista dissidente

3. A que indica a classificação de seu crédito no quadro geral

A) ordinariamente o sócio só recebe se houver saldo depois de pagos os credores; são os

valores devidos por amortização ou resgate

Page 19: Resumo Sobre Falências

B) Os créditos dos sócios e dos administradores sem vinculo empregatício - por exemplo, o

relativo ao direito de retirada - são créditos subordinados

C) Em se tratando de sócio participante, figura encontrada na sociedade em conta de

participação e que se distingue do sócio ostensivo, sua posição no quadro geral será de integrante

da classe dos credores quirografários

D) se for acionista dissidente que ainda não recebeu o valor do reembolso, pode ser credor

quirografário (se não existir divida anterior) ou credor subordinado (caso existam dividas anteriores)

Liquidação

A) Realização do ativo

1. Modalidades de venda de bens da falida

1. Leilão - Consiste no oferecimento de lances orais.

2. proposta lacrada - O juiz marca um prazo para que qualquer interessado protocolize a

sua oferta em envelopes lacrados

3. Pregão - 2 fases: somente participam da segunda fase os que tiveram propostas até 90

% da melhor proposta.

O único ato cuja intervenção do MP é obrigatória sob pena de nulidade é a realização

do ativo. Art. 142, § 7o Em qualquer modalidade de alienação, o Ministério Público será intimado

pessoalmente, sob pena de nulidade.

2. Ordem na venda dos bens da falida

Art. 140. A alienação dos bens será realizada de uma das seguintes formas, observada a

seguinte ordem de preferência:

I – alienação da empresa, com a venda de seus estabelecimentos em bloco;

II – alienação da empresa, com a venda de suas filiais ou unidades produtivas

isoladamente;

III – alienação em bloco dos bens que integram cada um dos estabelecimentos do devedor;

IV – alienação dos bens individualmente considerados.

O problema da sucessão trabalhista e tributária

Page 20: Resumo Sobre Falências

Art. 448 da CLT: sucessão trabalhista - o novo empregador herda todo o passivo

trabalhista.

Art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da

empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos

empregados.

VERSUS

já o art. 141, § 2º da nova lei de falências determina:

Art. 141. Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da

empresa ou de suas filiais, promovida sob qualquer das modalidades

de que trata este artigo:

...

II – o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não

haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor,

inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do

trabalho e as decorrentes de acidentes de trabalho.

...

§ 2o Empregados do devedor contratados pelo arrematante

serão admitidos mediante novos contratos de trabalho e o

arrematante não responde por obrigações decorrentes do

contrato anterior.

O art. 133 do CTN foi alterado para regular esta extinção de sucessão de passivo. Que

passa a estampar a seguinte redação, corroborando o disposto no art. 141 da lei de falências:

Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir

de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento

comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva

exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome

individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou

estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato:

I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio,

indústria ou atividade;

II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na

exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da

Page 21: Resumo Sobre Falências

alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio,

indústria ou profissão.

§ 1o O disposto no caput deste artigo não se aplica na hipótese de

alienação judicial:

I – em processo de falência;

II – de filial ou unidade produtiva isolada, em processo de

recuperação judicial.

§ 2o Não se aplica o disposto no § 1o deste artigo quando o

adquirente for:

I – sócio da sociedade falida ou em recuperação judicial, ou

sociedade controlada pelo devedor falido ou em recuperação judicial;

II – parente, em linha reta ou colateral até o 4o (quarto) grau,

consangüíneo ou afim, do devedor falido ou em recuperação judicial

ou de qualquer de seus sócios; ou

III – identificado como agente do falido ou do devedor em

recuperação judicial com o objetivo de fraudar a sucessão tributária.

§ 3o Em processo da falência, o produto da alienação judicial de

empresa, filial ou unidade produtiva isolada permanecerá em conta de

depósito à disposição do juízo de falência pelo prazo de 1 (um) ano,

contado da data de alienação, somente podendo ser utilizado para o

pagamento de créditos extraconcursais ou de créditos que preferem

ao tributário." (NR)

B) Pagamento do passivo

1 ano parado para que o Estado determine passivo tributário. depois continua mesmo que

o Estado fique inerte.

Page 22: Resumo Sobre Falências

Formação do Quadro-Geral de Credores

Prazo de 15 dias para as habilitações dos credores. Findo este prazo, dentro de 45 dias o

administrador judicial faz publicar um edital com a relação dos credores habilitantes, seguindo-se o

prazo de 10 dias para impugnações.

Ordem

Geral

CLASSES E SUBCLASSES

1 1. Despesas de pagamento antecipado 1.1 Créditos trabalhistas de natureza

estritamente salarial vencidos nos 3 meses

anteriores à decretação da falência, até o

limite de 5 SM por trabalhador (art. 150)

1.2. Despesas cujo pagamento antecipado

seja indispensável à administração da

falência (art. 150)

2 2. Créditos decorrentes de restituição (Art. 149)

3

4

5

6

7

3. Créditos extraconcursais 3.1. Remunerações do Administrador

judicial e seus auxiliares e créditos

derivados da legislação de trabalho ou

decorrentes de acidentes de trabalho

relativos a serviços prestados após a

decretação da falência

3.2. Quantias fornecidas à massa pelos

credores

3.3. Despesas com arrecadação,

administração e realização do ativo e

distribuição do seu produto, bem como

custas do processo de falência (do

administrador)

3.4. Custas judiciais relativas às ações e

execuções em que a massa falida tenha

sido vencida

3.5. Obrigações resultantes de atos

jurídicos válidos praticados durante a

recuperação judicial, ou após a decretação

da falência, e tributos relativos a fatos

geradores ocorridos após a decretação da

falência

Page 23: Resumo Sobre Falências

8 4. Créditos prioritários (art. 83, I) A) derivados da legislação do trabalho até

150 SM por credor

B) Os decorrentes de acidentes de trabalho

9 5. Créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado (art. 83, II)

OBS: Lembrar dos BANCOS. Eles estão aqui

10 6. Créditos tributários relativos a fatos geradores anteriores à decretação da

falência, excetuadas as multas tributárias (art. 83, III)

11 7. Créditos com privilégio especial (art.

83, IV)

A) Previstos no art. 964 CC

B) Definidos em outras leis

C) Cujo titular a lei confira o direito de

retenção sobre a coisa dada em garantia

12 8. Créditos com privilégio Geral (art. 83,

V)

A) Previstos no art. 965 CC

B) Os créditos quirografários dos

fornecedores que continuarem a negociar

com o falido → art. 67 PU Espécie de

prêmio

C) Definidos em outras leis

13 9. Créditos quirografários (art. 83, VI) A) Os que não foram privilegiados pela lei

falimentar

B) os saldos dos créditos não cobertos pela

garantia real

C) Os saldos dos créditos trabalhistas que

excederem a 150 SM

D) créditos trabalhistas cedidos a terceiros

(art. 83, VIII, § 4º) - para coibir a tentativa

de burlar o limite de 150 SM por

trabalhador.

14 10. Créditos subquirografários Multas contratuais e penas pecuniárias por

infração das leis penais ou administrativas,

inclusive multas tributárias

15 11. Créditos subordinados Créditos subordinados por previsão legal ou

contratual e os créditos dos sócios e dos

administradores sem vinculo empregatício

16 Devolução ao falido ou rateio entre os sócios

Page 24: Resumo Sobre Falências

Fase de administração

Declarada a falência o administrador judicial é obrigado a arrecadar todos os bens e

direitos encontrados no estabelecimento do devedor, ainda que ele saiba que são de propriedade

de terceiros, sob pena de responsabilidade pessoal.

Quando a massa falida arrecada bens que não são de sua propriedade, compete ao

proprietário promover a ação de restituição para reaver o bem indevidamente arrecadado para a

massa falida. Existem duas espécies de ação de restituição:

1. Ordinária - propriedade

2. Extraordinária - boa-fé

A ação de restituição ordinária se pauta no direito de propriedade, A extraordinária se

pauta no princípio da boa-fé.

Até a lei de falências de 29 só existia no Brasil a ação de restituição ordinária. A

extraordinária foi incluída na lei de falências de 29. (quebra da bolsa de New York).

Todos os bens entregues à falida, nos 15 dias que antecedem a distribuição do

pedido de falência e que foram vendidos a crédito devem ser restituídos são restituídos por

extraordinária, seja do objeto entregue à credito ou do valor da coisa

A ação de restituição prefere inclusive aos créditos extra-concursais por ser patrimônio de

terceiro.

Art. 86, Parágrafo único. As restituições de que trata este artigo somente serão efetuadas

após o pagamento previsto no art. 151 desta Lei. (ADIN da Febraban)

Art. 151. Os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três)

meses anteriores à decretação da falência, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por

trabalhador, serão pagos tão logo haja disponibilidade em caixa.

O que acontece com os empregados na falência?

A nova lei de falência, sensível à situação do empregado, diz que daqueles 150 salários

mínimos habilitados no concurso de credores, 5 SM para cada empregado, serão

IMEDIATAMENTE pagos tão logo haja disponibilidade em caixa.

A lei diz que os contratos bilaterais não se resolvem com a falência. Assim, o empregado

tem que interpelar o administrador judicial para que ele, em 10 dias decida se mantém ou se

resolve o contrato.

Page 25: Resumo Sobre Falências

Ação revocatória- CPC

Nós temos duas modalidades de ação revocatórias, que visam proteger os bens da falida:

Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante

conhecimento do estado de crise econômico-financeira do devedor, seja ou não intenção deste

fraudar credores: (presunção de fraude absoluta)

I – o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor dentro do termo legal, por

qualquer meio extintivo do direito de crédito, ainda que pelo desconto do próprio título;

II – o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado dentro do termo legal, por

qualquer forma que não seja a prevista pelo contrato;

III – a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção, dentro do termo legal,

tratando-se de dívida contraída anteriormente; se os bens dados em hipoteca forem objeto de

outras posteriores, a massa falida receberá a parte que devia caber ao credor da hipoteca

revogada;

IV – a prática de atos a título gratuito, desde 2 (dois) anos antes da decretação da falência;

V – a renúncia à herança ou a legado, até 2 (dois) anos antes da decretação da falência;

VI – a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o consentimento expresso ou o

pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes, não tendo restado ao devedor bens

suficientes para solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30 (trinta) dias, não houver oposição

dos credores, após serem devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de

títulos e documentos;

VII – os registros de direitos reais e de transferência de propriedade entre vivos, por título

oneroso ou gratuito, ou a averbação relativa a imóveis realizados após a decretação da falência,

salvo se tiver havido prenotação anterior.

Parágrafo único. A ineficácia poderá ser declarada de ofício pelo juiz, alegada em defesa

ou pleiteada mediante ação própria ou incidentalmente no curso do processo.

Art. 130. São revogáveis os atos praticados com a intenção de prejudicar credores,

provando-se o conluio fraudulento entre o devedor e o terceiro que com ele contratar e o

efetivo prejuízo sofrido pela massa falida. (é a ação pauliana do processo falimentar)

A única diferença entre a ação paulina e a ação revocatória do art 130 é que, enquanto

na ação pauliana os benefícios econômicos se revertem exclusivamente em benefício do seu

autor, a ação revocatória do art 130 os benefícios se revertem em prol da massa falida.

OBS:

Page 26: Resumo Sobre Falências

1. Massa falida subjetiva - é a comunidade de credores que habilitaram seu crédito na

falência

2. Massa falida objetiva - somatório de bens e direitos arrecadados pelo administrador

judicial.

→ Cabe revocatória mesmo contra sentença judicial:

Art. 138. O ato pode ser declarado ineficaz ou revogado, ainda que praticado com base em

decisão judicial, observado o disposto no art. 131 desta Lei.

Parágrafo único. Revogado o ato ou declarada sua ineficácia, ficará rescindida a sentença

que o motivou.

Serpa Lopes: Há um pressuposto para que se possa compreender estas 4 figuras jurídicas:

termos ciência de que existem dois mundos; o mundo do direito e o mundo dos fatos.

1. Ato Nulo - É aquele que existe no mundo dos fatos, mas não existe no mundo do

direito.

2. Ato anulável - existe nos dois mundos até que o juiz retire a sua validade no mundo

jurídico. Efeito Erga Omnes

3. Ato inexistente - É aquele em que não existe nem no mundo dos fatos nem no mundo

do direito.

4. Ato Ineficaz - Existe nos dois mundos, até que o juiz retire sua eficácia do mundo do

direito atingindo apenas as partes do processo. Não tem eficácia erga omnes.

Daí porque a revocatória não é inconstitucional porque somente é declarada a ineficácia do

ato jurídico

Esta fase se estende até a prestação de contas, pois todo aquele que administra

patrimônios de terceiros precisa prestar contas dos seus atos de gestão. Abrindo assim a chamada

fase de encerramento, na qual ocorre apenas um ato:

→ 3º relatório do administrador judicial, no qual será informado ao juiz todos os credores

habilitados, por qual quantia, em qual classe, quanto a massa pagou a cada um deles e quanto

ficou a vermelho no encerramento.

OBS: os órgãos da falência detêm competência indelegável, contendo apenas uma

exceção que é justamente no 3º relatório, no qual o Promotor de justiça pode fazer este 3º

relatório.

Page 27: Resumo Sobre Falências

Sentença de encerramento da falência

Ela abre a ultima fase do processo falimentar, que é a fase da extinção das obrigações do

falido, que se alongará até a sentença de extinção das obrigações do falido. (o processo falimentar

possui 3 sentenças)

A sentença de extinção do falido serve para uma coisa: reabilitar o falido para a

atividade empresária.

Art. 158. Extingue as obrigações do falido:

I – o pagamento de todos os créditos; (pois como a falência se impõe por insolvência

jurídica e não econômica é possível a falência superavitária que é aquela em que o ativo é maior

que o passivo.)

II – o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50% (cinqüenta por cento)

dos créditos quirografários (cada quirografário terá uma perda de 50%), sendo facultado ao falido

o depósito da quantia necessária para atingir essa porcentagem se para tanto não bastou a

integral liquidação do ativo; (Único caso em que a lei de falências autoriza este aporte de capital

pelos sócios à massa falida)

III – o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerramento da falência, se o

falido não tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei;

IV – o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do encerramento da falência, se o

falido tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei.

Page 28: Resumo Sobre Falências

Recuperação da Empresa em juízo

Recuperação judicial

A recuperação judicial tem o objetivo de superar a situação de crise econômico-financeira

do devedor a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e

dos interesses dos credores, promovendo assim, a preservação da empresa, sua função social e o

estímulo da atividade econômica. Duas modalidades de recuperação:

A lei 11.101 estabeleceu 3 instrumentos processuais distintos que, podem ser pactuados

de forma diversa em acordo com os seus credores (art. 167), quais sejam;

A) Recuperação ordinária - arts. 47 - 69

B) Recuperação especial destinada às microempresas e empresas de pequeno porte -arts.

70-72

C) Recuperação extrajudicial sujeita à homologação judicial, regulamentada pelos arts.

161-167

Pressupostos da recuperação em juízo

Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido,

exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes

requisitos, cumulativamente:

I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em

julgado, as responsabilidades daí decorrentes;

II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial;

III – não ter, há menos de 8 (oito) anos, obtido concessão de recuperação judicial

com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo; (2 anos para o caso de

recuperação extrajudicial)

IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa

condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.

Parágrafo único. A recuperação judicial também poderá ser requerida pelo cônjuge

sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente.

OBS: os incisos II e III não se aplicam à recuperação extrajudicial. No resto aplica-se

igualmente os requisitos acima às 3 modalidades de recuperação em juízo.

Credores sujeitos à recuperação

Page 29: Resumo Sobre Falências

Planos Credores

abrangidos

pelo plano

Credores NÂO sujeitos ao regime

Recuper

ação

Judicial

Ordinári

a

TODOS os

credores

existentes,

ainda que

titulares de

créditos não

vencidos (art.

49)

1. Credores fiscais (art. 6, § 7º)

2. Credor titular de posição de proprietário fiduciário de bens móveis

ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente

vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula

de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações

imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de

domínio (art. 49, § 3º)

3. Credor titular de importância entregue ao devedor em moeda

corrente nacional, decorrente de adiantamento a contrato de câmbio

para exportação (arts. 49, § 4º e 86, II)

Recuper

ação

Judicial

Especial

Credores

titulares de

créditos

quirografários

(art. 71, I)

1. Credores fiscais (art. 6, § 7º)

2. Credor titular de posição de proprietário fiduciário de bens móveis

ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente

vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula

de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações

imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de

domínio (art. 49, § 3º e 71, I)

3. Credor titular de importância entregue ao devedor em moeda

corrente nacional, decorrente de adiantamento a contrato de câmbio

para exportação (arts. 49, § 4º e 86, II e 71, I)

4. Credor decorrente de repasse de recursos oficiais (art. 71, I)

Recuper

ação

extrajudi

cial

Todos os

credores

titulares de

créditos

constituídos

até a data do

pedido de

homologação

(art. 163, §

1º)

1. Credor titular de posição de proprietário fiduciário de bens móveis

ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente

vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula

de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações

imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de

domínio (art. 49, § 3º, e 161, § 1º)

2. Credor titular de importância entregue ao devedor em moeda

corrente nacional, decorrente de adiantamento a contrato de câmbio

para exportação (arts. 49, § 4º e 86, II)

3. Credor por crédito de natureza tributária (art. 161, § 1º)

4. Credor possuidor de crédito derivado da relação do trabalho

(art. 161, §1º)

5. Credor de créditos decorrentes de acidentes do trabalho

Page 30: Resumo Sobre Falências

Recuperação judicial Especial

As microempresas e empresas de pequeno porte tem o direito de optar entre a

recuperação ordinária ou especial.

A recuperação judicial tem, de acordo com a nova lei de falências, natureza jurídica

contratual, deixando de ser um direito. Contudo, para as microempresas e empresas de pequeno

porte conserva a natureza jurídica de DIREITO. Não estando o empresário impedido e atendido os

requisitos legais, o juiz decreta a recuperação para a microempresa e empresa de pequeno porte.

O plano de recuperação das microempresas e empresas de pequeno porte é de

simplicidade extremada. Somente atinge os créditos quirografários. Todos os outros devem

habilitar seus créditos na recuperação judicial.

Créditos quirografário somente, com Prazo de até 180 dias, em parcelas de até 36 meses

(juros de 12 %aa + correção monetária)

Art. 70. As pessoas de que trata o art. 1o desta Lei e que se incluam nos conceitos de

microempresa ou empresa de pequeno porte, nos termos da legislação vigente, sujeitam-se às

normas deste Capítulo.

§ 1o As microempresas e as empresas de pequeno porte, conforme definidas em lei,

poderão apresentar plano especial de recuperação judicial, desde que afirmem sua intenção de

fazê-lo na petição inicial de que trata o art. 51 desta Lei.

§ 2o Os credores não atingidos pelo plano especial não terão seus créditos habilitados na

recuperação judicial.

Art. 71. O plano especial de recuperação judicial será apresentado no prazo previsto no art.

53 desta Lei e limitar-se á às seguintes condições:

I – abrangerá exclusivamente os créditos quirografários, excetuados os decorrentes de

repasse de recursos oficiais e os previstos nos §§ 3o e 4o do art. 49 desta Lei;

II – preverá parcelamento em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais, iguais e

sucessivas, corrigidas monetariamente e acrescidas de juros de 12% a.a. (doze por cento ao ano);

III – preverá o pagamento da 1a (primeira) parcela no prazo máximo de 180 (cento e

oitenta) dias, contado da distribuição do pedido de recuperação judicial;

IV – estabelecerá a necessidade de autorização do juiz, após ouvido o administrador

judicial e o Comitê de Credores, para o devedor aumentar despesas ou contratar empregados.

Parágrafo único. O pedido de recuperação judicial com base em plano especial não

acarreta a suspensão do curso da prescrição nem das ações e execuções por créditos não

abrangidos pelo plano.

Page 31: Resumo Sobre Falências

Art. 72. Caso o devedor de que trata o art. 70 desta Lei opte pelo pedido de recuperação

judicial com base no plano especial disciplinado nesta Seção, não será convocada assembléia-

geral de credores para deliberar sobre o plano, e o juiz concederá a recuperação judicial se

atendidas as demais exigências desta Lei.

Recuperação Judicial Ordinária

Art. 50. Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação pertinente a

cada caso, dentre outros: (rol meramente exemplificativamente)

I – concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas

ou vincendas;

II – cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de subsidiária

integral, ou cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos termos da legislação

vigente;

III – alteração do controle societário;

IV – substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de seus

órgãos administrativos;

V – concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores e de

poder de veto em relação às matérias que o plano especificar;

VI – aumento de capital social;

VII – trespasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à sociedade constituída

pelos próprios empregados;

VIII – redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo

ou convenção coletiva;

IX – dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo, com ou sem constituição de

garantia própria ou de terceiro;

X – constituição de sociedade de credores;

XI – venda parcial dos bens;

XII – equalização de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, tendo

como termo inicial a data da distribuição do pedido de recuperação judicial, aplicando-se inclusive

aos contratos de crédito rural, sem prejuízo do disposto em legislação específica;

XIII – usufruto da empresa;

XIV – administração compartilhada;

XV – emissão de valores mobiliários;

XVI – constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em pagamento dos

créditos, os ativos do devedor.

Page 32: Resumo Sobre Falências

§ 1o Na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou sua

substituição somente serão admitidas mediante aprovação expressa do credor titular da respectiva

garantia.

§ 2o Nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial será conservada como

parâmetro de indexação da correspondente obrigação e só poderá ser afastada se o credor titular

do respectivo crédito aprovar expressamente previsão diversa no plano de recuperação judicial.

Limites à recuperação judicial

1. O passivo trabalhista terá que estar completamente quitado no prazo máximo de 1 ano.

2. Devem ser pagos até 5 SM por empregado por obrigações salariais (não verbas

indenizatórias) em atraso nos 3 meses que antecedem ao pedido de recuperação imediatamente

(leia-se 30 dias)

Aprovação do plano de recuperação

A aprovação do plano de recuperação judicial se dá por 3 classes de credores:

1. Acidentados do trabalho e créditos trabalhistas

2. Credores com garantia real ou privilégio especial

3. demais credores

OBS: Peculiaridade do Fisco: A lei não admite desconto ou qualquer outra coisa senão o

Parcelamento especial. Até a edição de lei específica que regulamente este parcelamento

especial, o fisco está excluído da recuperação judicial persistindo o parcelamento de 60 X normal

já existente.

Todos os demais credores se sujeitam ao processo de recuperação judicial, mas nem

todos os créditos. Os créditos excluídos da recuperação judicial são:

1. contrato de antecipação de câmbio (dinheiro público)

2. Créditos em que haja leasing.

3. Créditos de alienação fiduciária em garantia

4. Compra e venda com reserva de domínio

5. Contrato de compra e venda de imóveis que contenham cláusula de irretratabilidade ou

irrevogabilidade

Recuperação extrajudicial

Page 33: Resumo Sobre Falências

Era proibida. Hoje é estimulada. Na recuperação extrajudicial não se sujeitam:

1. o fisco (nenhuma das modalidades na verdade)

2. Os trabalhadores

3. O do acidente do trabalho

4. Todos aqueles excluídos da judicial acima descritos

→ 4.1. contrato de antecipação de câmbio (dinheiro público)

→ 4.2. Créditos em que haja leasing.

→ 4.3. Créditos de alienação fiduciária em garantia

→ 4.4. Compra e venda com reserva de domínio

→ 4.5. Contrato de compra e venda de imóveis que contenham cláusula de irretratabilidade

ou irrevogabilidade

Duas modalidades de recuperação extrajudicial:

1. de homologação obrigatória - 3/5 econômico

Quando não houver anuência de todos os credores mas de apenas 3/5 do montante sujeito

à recuperação (60%). A finalidade desta homologação é impor este plano de recuperação aos

credores dissidentes

2. de homologação facultativa - Unanimidade

Significa que o devedor poderá ou não requerer que o juiz homologue os seus termos. A

doutrina ensina que no caso de homologação judicial de homologação facultativa pode se dar a

homologação inclusive por juízo arbitral. A homologação será facultativa quando todos os

credores aceitarem o plano.

Fases da recuperação

1ª fase do processo de recuperação judicial é a fase postulatória que é aquela fase na qual

o juiz examinará se o devedor atende aos requisitos legais acima. Recebido em termos o pedido.

2. Despacho de processamento (Art. 52) que não se confunde com a sentença de

concessão. Tem caráter eminentemente interlocutório, mas não cabe recurso contra ele, de

acordo com súmula 264 do STJ:

Page 34: Resumo Sobre Falências

STJ Súmula nº 264 - É irrecorrível o ato judicial que apenas manda processar a

concordata preventiva.

OBS: E proibido ao juiz convolar recuperação extrajudicial em falência, se estiver em

termos o processo, ele extingue o processo sem exame do mérito.

Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o juiz deferirá o

processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato:

I – nomeará o administrador judicial, observado o disposto no art. 21 desta Lei;

II – determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas para que o

devedor exerça suas atividades, exceto para contratação com o Poder Público ou para

recebimento de benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, observando o disposto no art. 69

desta Lei;

III – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor,(no

prazo de 180 dias) na forma do art. 6o desta Lei, permanecendo os respectivos autos no juízo

onde se processam, ressalvadas as ações previstas nos §§ 1o, 2o e 7o do art. 6o desta Lei e as

relativas a créditos excetuados na forma dos §§ 3o e 4o do art. 49 desta Lei; (só o processo de

conhecimento trabalhista não suspende)

IV – determinará ao devedor a apresentação de contas demonstrativas mensais

enquanto perdurar a recuperação judicial, sob pena de destituição de seus administradores;

V – ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas

Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento.

Art. 53. O plano de recuperação será apresentado pelo devedor em juízo no prazo

improrrogável de 60 (sessenta) dias da publicação da decisão que deferir o processamento da

recuperação judicial, sob pena de convolação em falência, e deverá conter:

Art. 55. Qualquer credor poderá manifestar ao juiz sua objeção ao plano de recuperação

judicial no prazo de 30 (trinta) dias contado da publicação da relação de credores de que trata o §

2o do art. 7o desta Lei.

Art. 56. Havendo objeção de qualquer credor ao plano de recuperação judicial, o juiz

convocará a assembléia-geral de credores para deliberar sobre o plano de recuperação.