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    Susan Sales Canellas

    Reciclagem de PET, visando a substituio de agregadomido em argamassas

    Dissertao de Mestrado

    Dissertao apresentada como requisito parcial paraobteno do ttulo de Mestre pelo Programa de Ps-Graduao em Cincia dos Materiais e Metalurgia daPUC-Rio.

    Orientador: Jos Carlos D'Abreu

    Rio de Janeiro, abril de 2005

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    Susan Sales Canellas

    Reciclagem de PET, visando a substituio de agregadomido em argamassas.

    Dissertao apresentada como requisito parcial para obtenodo ttulo de Mestre em Engenharia Metalrgica e de Materiaispelo Programa de Ps-Graduao em Engenharia Metalrgica

    do Departamento de Cincia dos Materiais e Metalurgia daPUC-Rio. Aprovada pela Comisso Examinadora abaixoassinada.

    Jose Carlos D'AbreuOrientador

    Departamento de Cincias dos Materiais e Metalurgia - PUC-Rio

    Mauricio Leonardo ToremDepartamento de Cincias dos Materiais e Metalurgia - PUC-Rio

    Helio m. Kohler Consultor

    Prof. Jos Eugenio LealCoordenador Setorial de Ps-Graduao do Centro Tcnico Cientfico - PUC-Rio

    Rio de Janeiro, 13 de abril de 2005.

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    Todos os direitos reservados. proibida areproduo total ou parcial do trabalho semautorizao da universidade, da autora e doorientador.

    Susan Sales Canellas Arquiteta graduada em 1991 com experincia em projetose obras publicas, especializada em Engenharia deSegurana do Trabalho em 1995.

    Ficha Catalogrfica

    Canellas, Susan SalesReciclagem de PET, visando a substituio de

    agregado mido em argamassas / Susan Sales Canellas;orientador: Jos Carlos DAbreu. Rio de Janeiro: PUC-Rio, Departamento de Cincia dos Materiais e Metalurgia,2005.

    78 f ; 30 cm

    Dissertao (mestrado) Pontifcia UniversidadeCatlica do Rio de Janeiro, Departamento de Cincia dos

    Materiais e Metalurgia.Inclui bibliografia

    1. Cincia dos Materiais e Metalurgia Teses. 2. PET.3. Reciclagem. 4. Construo civil. 5. Argamassa. I. Abreu,Jos Carlos d. II. Pontifcia Universidade Catlica do Riode Janeiro. Departamento de Cincia dos Materiais eMetalurgia. III. Ttulo.

    CDD: 669

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    Aos meus pais, que sempre me apoiaram em todos os meus projetos de vida

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    Agradecimentos

    Ao Prof. Jos Carlos D'Abreu, pela orientao, apoio e confiana prestado aolongo deste trabalho;

    Ao Prof. Maurcio Leonardo Torem, pela dedicao a todos os alunos;

    Ao Prof. Hlio M. Kohler, pela disponibilidade de ensinar em todas as horas;

    minha famlia e amigos que souberam entender minha ausncia;

    Ao Ricardo A F. Lanzellotti pelo constante apoio e inestimvel companheirismo;

    Ao Raimundo Nonato R. Filho e Mary Ceclia G. Marroqun pelo apoio naexecuo do trabalho;

    Ao CNPq pelo apoio financeiro durante o curso;

    Aos amigos e funcionrios do DCMM sempre dispostos a ajudar.

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    ResumoCanellas, Susan Sales. Reciclagem de PET, visando a substuio deagregado mido em argamassa. Rio de Janeiro, 2005. 78p. Dissertaode Mestrado - Departamento de Cincia dos Materiais e Metalurgia,Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro.

    O desenvolvimento de tecnologias que utilizem energias limpas e a gestointegrada dos resduos domiciliares e industriais visando uma reengenharia nosconceitos scio-empresariais uma necessidade urgente. A sociedade,principalmente nos pases desenvolvidos, prioriza produtos de empresas quepossuam atividades socialmente corretas. A indstria da construo civil, comouma das maiores geradoras de resduos, podendo chegar a 3000 kg/hab.ano,no pode se eximir desta atitude. Uma vez que consome grandes quantidadesde recursos naturais, um grande nmero de estudos para substituio de bensnaturais no renovveis est sendo realizado nesse setor, aliando materiaisconvencionais com resduos industriais e urbanos. Um dos materiais que vemsendo utilizado nestas pesquisas so as embalagens ps-consumo de PET (polietileno tereftalato ), resduos que esto atingindo percentuais cada vezmaiores na composio do lixo urbano, com presena crescente no meioambiente. Esse trabalho visa apontar uma nova perspectiva de utilizao desse

    material, propondo a substituio parcial da areia natural, por material granuladooriundo de garrafas de PET, objetivando a produo de argamassas para usona construo civil. No presente estudo, foram realizadas substituies naspropores de 10, 30 e 50% , tendo sido observado a melhor possibilidade deutilizao do percentual de 30%, devido a no ter apresentado perdassignificativas na plasticidade e nas resistncias a compresso e a trao. Foipossvel concluir que o compsito obtido tem potencial para ser utilizado naconfeco de artefatos de concreto, sem grande responsabilidade estrutural e

    em mobilirios urbanos, alm de seu uso permitir uma economia significativa devolumes de areia lavada, um recurso natural cuja extrao tem causado grandesdanos ao ecossistema dos rios e suas margens.

    Palavras-chavePET; Reciclagem; Construo Civil; Argamassa.

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    Abstract

    Canellas, Susan Sales. Recycling of PET bottles, aiming atsubstitution of small aggregate in mortar. Rio de Janeiro, 2005. 78p. Master Dissertation - Department of Materials Science and Metallurgy, Pontifical

    Catholic University of Rio de Janeiro.

    The development of technology that uses clean energy and the integratedmanagement of domestic and industrial residues aiming at a new engineering inthe social and company relationship, is a urgent necessity. The society, mainlyin developed countries, are already giving priority to the products of companiesthat possess identity with socially correct activities. The industry of construction,as one of the larger generator of residues, that produces around

    3000kg/hab.year, and can not exempt of this purpose. Since the civilconstruction consumes great amount of natural sector resources, a largenumber of studies aiming at the substitution of natural sand, considered a nonrenewable material, is being carried out, particularly by, mixing conventionalmaterial with industrial and urban residues. The material used in these thisstudy, was granulated PET (polyethylene tereftalate), obtained from beveragebottles, residues that are reaching a high percentage in the composition of theurban wastes. The objective of this research aimed at create a new perspective

    for construction materials, by crushing bottles of PET and using the producedmaterial as a substitute of the natural sands for production of mortar. In thisstudy was used the PET/sand ratios of 10, 30 and 50%, being 30%, the bestratio observed, due to a still good workability, an acceptable compressive andtensile strengths. The innovation, proposed in this study for instance, in theproduction of pieces of concrete, without great structural value, and in urbanfurnitureleading to a significant economy of volumes of sands, a resourcewhose extraction has been caused great damages to the present ecosystem of

    the rivers and in its edges.

    Keywords

    PET; Recycling; Construction Materials; Mortar

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    Sumrio

    1 Introduo 142 Reviso da Literatura 172.1. Gesto de resduos 172.2. Caracterizao dos plsticos 242.2.1. Os principais tipos de plsticos 242.2.2. Processos de reciclagem de Plsticos: 262.3. Caracterizao do PET 282.4. Reciclagem de PET 29

    2.5. Consideraes sobre o processo de reciclagem 332.6. Impedimentos para reciclagem 342.7. Coleta seletiva de embalagens PET 342.8. Linha de Reciclagem de PET 372.9. Atividade de extrao de areia 392.9.1. Reservas naturais 392.9.2. O processo de extrao: 402.9.3. Impacto ambiental 41

    2.9.4. Reduo do impacto ambiental 422.10. Agregados 432.10.1. Caracterizao tecnolgica 432.10.2. Morfologia das partculas 442.10.3. Grau de Porosidade 452.11. Utilizao de produtos reciclados de PET na construo civil 453 Objetivo e Relevncia do Trabalho 494 Desenvolvimento Experimental 50

    4.1. Materiais 504.2. Equipamentos: 514.3. Mtodos 524.3.1. Coleta do material 524.3.2. Granulao 534.3.3. Caracterizao tecnolgica dos agregados midos de PET 534.3.4. Ensaio de Compresso 544.3.5. Corpos de Prova 555 Resultados e Discusses 56

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    5.1. Coleta das amostras 575.2. Lavagem 585.3. Classificao por Densidade 585.4. Fragmentao 58

    5.5. Classificao Granulomtrica 595.6. Mdulo de Finura 595.7. Absoro dgua 605.8. Massa Especfica 615.9. Moldagem de Corpo de Prova (Cp) 625.10. Clculo do consumo de agregados/m3 625.11. Ensaio de Compresso Axial 645.12. Ensaio de Trao 706 Concluso 727 Referncias Bibliogrficas 75

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    Lista de quadros

    Quadro 1 - Reciclagem de Materiais no Brasil Fonte Cempre/2005 23Quadro2 - Distribuio dos Mercados para o PET reciclado Fonte

    ABIPET/2004 32Quadro 3 - Percentual de Material Retido x Peneira (mm) 59Quadro 4 - Diferena de custo entre argamassas com trao calculado em peso e

    em volume 63

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    Lista de figuras

    Figura 1 - Foto Praia de Icara, Niteri Fonte Clin/2000 16Figura 2 - Foto Praia de Icara, Niteri Fonte Clin/2000 16Figura 3 - Composio do Lixo no Rio de Janeiro. Fonte Comlurb/2005 22Figura 4- Equipamentos automatizados de coleta seletiva- TOMRA 83 HCp e T-

    62. Fonte TOMRA 35Figura 5 - Sistema de leitura ptica. Fonte TOMRA 36Figura 6 - Viso do Crrego gua do Sobrado e a extrao da Areia. Fonte

    Jornal Vale Paraibano (Out/2003) 41

    Figura 7-Detalhes da Extrao de Areia em Ambiente de Cava-RJ. FonteDRM/2000 41

    Figura 8- Moinho - Linha R : Desenho Dimensional, C = 1000, L = 850, H = 1300em mm 51

    Figura 9 Sistema de facas, sendo duas fixas e trs rotativas 51Figura 10 - Forma das peneiras 51Figura 11 - Prensa Hidrulica 52Figura 12- Flocos de PET 53

    Figura 13 - Fluxograma de ensaios para caracterizao tecnolgica 57Figura 14 - Pesagem dos flocos de PET 61Figura 15 - Grfico da variao da resistncia a compresso em kgf/cm2, no

    trao em volume. 65Figura 16 - Grfico da resistncia a compresso em funo do trao em volume

    66Figura 17 - Variao do peso dos corpos de prova em gramas, em funo da

    variao dos percentuais de substituio do agregado por flocos de PET em

    volume. 66Figura 18 - Grfico da variao da resistncia a compresso em kgf/cm2-Trao

    em peso. 67Figura 19 - Grfico da resistncia a compresso em funo do trao em peso. 68Figura 20 - Variao do peso dos corpos de prova em gramas, em funo da

    variao dos percentuais de substituio do agregado por flocos de PET emvolume. 68

    Figura 21 - Grfico da variao da resistncia a compresso axial em kgf/cm2, notrao em peso. 69

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    Figura 22 - Grfico da resistncia a compresso em funo do trao em peso 70Figura 23 - Variao do peso dos corpos de prova em gramas, em funo da

    variao dos percentuais de substituio do agregado por flocos de PET empeso 70

    Figura 24-Variao de Resistncia a Trao kgf/cm2 71

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    Lista de tabelas

    Tabela 1- Produo x Reciclagem Fonte ABIPET/2004 31Tabela 2- Fonte Cempre - Jan/2005 37Tabela 3 Traos para execuo de argamassa 1:4 54Tabela 4 Densidade dos Plsticos, g/cm3- Fonte:UFRJ/NIEAD(2004) 58Tabela 5 Material retido em peso 59Tabela 6 Percentual de absoro dgua dos corpos de prova 60Tabela 7- Peso especfico das amostras de PET analisadas 61Tabela 8 Clculo do trao em peso para produo de 1m de argamassa 62

    Tabela 9 Clculo do trao em volume para produo de 1m de argamassa 62Tabela 10 - Massa especifica aparente dos materiais utilizados 63Tabela 11 - Valores dos Materiais no Atacado (RJ/2005) 64Tabela 12 - Resultado do ensaio de compresso axial (kgf/cm2),no trao em

    Volume. 64Tabela 13 Perda Percentual de Resistncia Trao em Volume 65Tabela 14 Variao do peso em gramas dos corpos de prova, no trao em

    volume. 65

    Tabela 15 - Resultado do ensaio de compresso axial(kgf/cm2)-Trao em peso 66

    Tabela 16- Perda percentual de resistncia Trao em peso 67Tabela 17 - Variao do peso em gramas dos corpos de prova - Trao em peso

    67Tabela 18 - Resultado do Ensaio de Compresso Axial (kgf/cm2)- Trao em

    peso, # 2mm 68Tabela 19 - Perda Percentual de Resistncia Trao em Peso 69Tabela 20 - Variao do peso em gramas dos corpos de prova-Trao em peso- #

    2mm 69Tabela 21 - Ensaio de Trao 71

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    1 Introduo

    O volume de resduos domsticos produzidos em todo o mundo aumentou

    trs vezes mais do que a sua populao nos ltimos 30 anos. O crescimento do

    uso de embalagens descartveis, a cultura do consumo e o desperdcio so

    responsveis pelo descarte de 30 bilhes de toneladas de resduos slidos no

    planeta todos os anos.

    Segundo o CEMPRE (Maio 2004), a produo mdia de resduos slidos

    urbanos no Brasil esta na ordem de 0.7kg/hab.dia, cidades como Rio de Janeiroe So Paulo chegam a gerar 1 kg/hab.dia, desta forma, so descartados

    diariamente 140.000 toneladas, nem sempre em locais adequados. Deste total,

    76% acabam em lixes (rea de depsito de resduos urbanos sem tratamento),

    acarretando a contaminao do solo, dos mananciais, alm de aumentar

    significativamente a ocorrncia de zoonoses.

    Desta forma a filosofia dos 3Rs, ou seja, reduzir, reutilizar e reciclar,

    tratando o problema em sua origem, vem sendo um procedimento permanente,

    buscando a minimizao desta situao. A reciclagem, como todo processo tambm pode gerar resduo e muitas

    vezes, exige grandes investimentos. Porm, mesmo com estas restries,

    apresenta-se como a melhor soluo. Segundo CALDERONI (1997) "O Brasil

    poderia economizar US$ 10 bilhes por ano se reciclasse os resduos

    domiciliares.

    Deve-se considerar tambm a falta de regulamentao e de aes que

    busquem incentivar a produo de bens reciclveis, principalmente os oriundo

    de embalagens ps consumo, prejudicando a implantao de projetos que visama preservao, manuteno e recuperao do meio ambiente e de seu

    ecossistema, ao qual estamos profundamente inseridos.

    A necessidade da implantao de uma poltica nacional para gesto de

    resduos urbanos premente no podendo ser postergada. Esta uma

    discusso que ocorre a mais de uma dcada no Congresso Nacional, sem

    contudo se concretizar em medidas especficas.

    Em 2001, com a criao da Comisso Especial de Resduos Slidos na

    Cmara dos Deputados, foram analisados 74 projetos de lei, em tramitao

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    desde 1991, tendo tido a participao de diversos setores da sociedade na

    elaborao do texto final.

    Entre as propostas do documento esto a classificao dos resduos

    quanto origem (industrial, sade etc.) e natureza (perigosos ou no), as formas

    de gerenciamento, as atribuio de responsabilidades pelo destino final e o

    estabelecimento de polticas de incentivos fiscais para a reciclagem.

    Como o projeto de lei no foi votado em 2002 e seu relator, o ex-deputado

    federal Emerson Kapaz, no se reelegeu, fez-se necessrio a elaborao de um

    novo projeto, esperando-se que sua votao deva estar concluda ainda em

    2005.

    No Brasil a prtica da reciclagem ainda apresenta-se de forma incipiente,

    mas o cenrio indica sinais de melhora. Segundo o CEMPRE (2004), no Rio de

    Janeiro, por exemplo, a participao dos plsticos corresponde em mdia a 7%

    do lixo; j na cidade de Curitiba estes representam ndices prximos a 6%.

    Destes percentuais, o PET (plstico resistente usado em embalagens de

    refrigerantes, gua e sucos, entre outros) representa 17%,

    Segundo a ABIPET (2004), cerca de 141.000 toneladas destas

    embalagens usadas foram recicladas em 2003, registrando um crescimento de

    18% em relao ao ano anterior. A entidade calcula que, at o final de 2004, o

    volume de reciclagem deva crescer de 15% a 20%, em funo das polticas de

    incentivo coleta seletiva executadas por associaes de catadores em conjunto

    com as prefeituras.

    Apesar da implantao dessas polticas, que ainda so casos pontuais, o

    quadro necessita ser melhorado. Segundo ABIPET, em 2003, o Brasil consumiu

    330.000 toneladas de resina PET na fabricao de embalagens. A demanda

    mundial de cerca de 6,7 milhes de toneladas por ano.

    Observa-se que os dados referentes produo x reciclagem, indicam

    que, somente em 2003, a diferena encontra-se na ordem de 189.000 toneladas.Considerando que cada embalagem pesa em mdia 50g e que seu descarte

    praticamente imediato, conclui-se que somente neste setor foram descartadas,

    aproximadamente 3,6 bilhes de embalagens no meio ambiente.

    Novas alternativas para reutilizao destas embalagens ps-consumo

    necessitam ser propostas, de modo a evitar o descarte em aterros sanitrios e

    no meio ambiente (Figuras 1 e 2), onde, por no serem de rpida decomposio

    (ocorre em aproximadamente 400 anos), acarretam problemas de ordem

    operacional nos aterros sanitrios, dificultando a compactao da parte orgnica,

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    alm da significativa perda econmica e social, uma vez que a indstria da

    reciclagem gera empregos e usa mo-de-obra de baixa qualificao.

    O conhecimento das caractersticas tecnolgicas dos resduos aumenta a

    possibilidade de utilizao dos produtos confeccionados com estes materiais,

    alm da reduo da gerao de resduos mais danosos que os originais, uma

    vez que todo processamento gera resduo.

    Figura 1 - Foto Praia de Icara, Niteri Fonte Clin/2000.

    Figura 2 - Foto Praia de Icara, Niteri Fonte Clin/2000.

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    2 Reviso da Literatura

    2.1.Gesto de resduos

    O artigo 225 da Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988(1995:100) prescreve que:

    ... todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem deuso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se aoPoder pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para aspresentes e futuras geraes...

    Diminuir a quantidade gerada de resduos domsticos e encontrar solues adequadas para elimin-los uma preocupao global. Em pasesindustrializados, como os da Europa e Estados Unidos (onde o acmuloacompanha o ritmo acelerado de produo e consumo), o problema chegou nolimite.

    Nos Estados Unidos, a produo de resduos slidos mais que duplicounos ltimos 40 anos (passando de 88 milhes para mais de 232 milhes de

    toneladas por ano), segundo a Agncia de Proteo Ambiental do pas, a EPA Environmental Protection Agency (2000).

    Segundo Jornal Plastivida (2002), o resduo plstico gerado em 2001 pelospases da Europa Ocidental chega a 20.391 mil toneladas e pelos pases daUnio Europia chega a 19.254 mil toneladas.

    A urgncia de minimizar este quadro colocou estes pases entre osprimeiros a implantar polticas nacionais de gerenciamento e gesto de resduosslidos, estipulando metas para a reduo da deposio final de lixo em 20%(com base nas quantidades de 2000) at 2010 e em 50% at 2050.

    Segundo Frangipane et al. (1998/9), para que esta meta seja atingida,adotaram-se algumas medidas prioritrias tais como a preveno dodesperdcio, incentivando a diminuio da gerao de resduos por parte dasindstrias e os consumidores a escolher produtos de empresas que atendamestes compromissos ambientais.

    O princpio onde "o poluidor paga", transfere ao gerador aresponsabilidade pela coleta, tratamento e reciclagem do resduo gerado, porm

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    segundo Cooper (1997), para as embalagens de bens consumidos nasresidncias h grande dificuldade de se definir quem o poluidor.

    Por fim, o princpio da proximidade, pelo qual o tratamento deve ser executado o mais perto possvel de sua fonte produtora.

    Entre as providncias j consolidadas nos pases membros esto a criaoda etiqueta ecolgica para ajudar os consumidores a identificar produtos"verdes", ou ecologicamente corretos; medidas para reduzir em 65% o despejode lixo biodegradvel em aterros sanitrios de 2006 a 2016, alm de programasde coleta seletiva de sucesso em toda a Europa.

    Nos EUA e no Japo tambm existem iniciativas bem-sucedidas na reade reciclagem, tanto por parte do governo, como na iniciativa privada, ONGs eda prpria populao.

    O Japo o pas lder em reciclagem, com 50% do total dos resduosreaproveitados, segundo Calderoni (1997). No h lixes no pas, pois por umaquesto de falta de espao estes so enviados pases vizinhos, que cobrampelo servio.

    Em 1999, a reciclagem e a compostagem evitaram que 64 milhes detoneladas de resduos acabassem em aterros nos EUA. O ndice de reciclagemno pas praticamente dobrou nos ltimos 15 anos e hoje chega a 28%, de acordocom a EPA - Environmental Protection Agency (2000). Segundo CEMPRE(2005), a cidade de Nova York (EUA) retomou seu programa de reciclagemdepois de quase dois anos de suspenso. Mostrou-se dispendioso transportar osresduos para aterros sanitrios que, nos EUA, esto cada vez mais longe dosgrandes centros. O investimento foi na ordem de US$ 25 milhes paraconstruo de uma espcie de centro de escoamento com o objetivo deprocessar e disponibilizar metais, vidros e plsticos reciclveis, a custo deaproximadamente 55% menor de quando o programa foi interrompido.

    Segundo Juras (2001), a legislao na Alemanha evita a gerao deresduos, fazendo com que estes sejam valorizados, na forma de recuperaodo material (reciclagem) ou valorizao energtica (produo de energia); osresduos no valorizveis tem que ser eliminados de forma ambientalmentecompatvel. J a poltica francesa de resduos, estabelecida em 1975 emodificada em 1992, tem como objetivos principais, a preveno ou a reduoda produo e a nocividade dos resduos; a organizao do transporte dosresduos, com a limitao da distncia e do volume; a valorizao dos resduos

    pela reutilizao, a reciclagem ou qualquer outra ao visando a obteno de

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    energia ou materiais a partir dos resduos; e no permitir, a partir de 1 de julhode 2002, nas instalaes de disposio, resduos que no os finais.

    Segundo Kapaz (2001), a Dinamarca foi o pas pioneiro no gerenciamentode resduos de embalagens. Nos anos 80, por meio de legislao prpria,

    autorizou exclusivamente embalagens reaproveitveis para cervejas erefrigerantes. Como resultado dessa poltica, a partir de 1994, a porcentagem decerveja e refrigerantes engarrafados em vasilhames retornveis era de 99,5%.

    Estudo da AMPE (2001) revela que a reciclagem e outros mtodos derecuperao de plsticos na Europa, cresceram mais do que a demanda por plsticos, o que fez reduzir o total de lixo plstico descartado. A demanda por plsticos nesta regio, cresceu em torno de 3%, o equivalente a quase 40milhes toneladas, enquanto que a reciclagem mecnica, a reciclagem decombustvel e a recuperao de energia, resultaram num crescimento de 11%em comparao aos anos anteriores. A anlise do consumo e recuperao deplsticos na Europa tambm indica que, apesar do aumento na demanda deplsticos, o lixo total dos materiais ps-uso permaneceu abaixo de 1% do lixototal, ou seja, em 19,5 milhes de toneladas.

    Segundo Frangipane et al. (1999), o aterro o mtodo de eliminao deresduos slidos mais comum em alguns pases da Europa, particularmente naGrcia, Itlia e Reino Unido, onde este praticamente o nico mtodo deeliminao. As excees so Luxemburgo, Sucia e Sua, nos quais aincinerao mais utilizada. Na Sucia todos os incineradores so equipadoscom dispositivos de recuperao de energia. Neste pas, como tambm na ustria, Alemanha e Sua a coleta seletiva mais desenvolvida (mais de 30%dos resduos slidos municipais coletados). A compostagem particularmentedesenvolvida na ustria e Holanda.

    Segundo Monteiro et al. (2001), no Brasil, o servio sistemtico de limpeza

    urbana foi iniciado oficialmente em 25 de novembro de 1880, na cidade de SoSebastio do Rio de Janeiro, ento capital do Imprio. Nesse dia, o imperador D.Pedro II assinou o Decreto n 3024, aprovando o contrato de "limpeza eirrigao" da cidade, que foi executado por Aleixo Gary e, mais tarde, por Luciano Francisco Gary, de cujo sobrenome origina-se a palavra gari, que hojedenomina-se os trabalhadores da limpeza urbana em muitas cidades brasileiras.

    Dos tempos imperiais aos dias atuais, os servios de limpeza urbanavivenciaram momentos bons e ruins. Hoje, a situao da gesto dos resduos

    slidos se apresenta em cada cidade brasileira de forma diversa, prevalecendo,entretanto, uma situao nada alentadora.

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    Considerada um dos setores do saneamento bsico, a gesto dosresduos slidos no tem merecido a ateno necessria por parte do poder pblico. Com isso, compromete-se cada vez mais a j combalida sade dapopulao, bem como a degradao dos recursos naturais, especialmente o solo

    e os recursos hdricos. A interdependncia dos conceitos de meio ambiente, sade e saneamento

    hoje bastante evidente, o que refora a necessidade de integrao das aesdesses setores em proveito da melhoria da qualidade de vida da populaobrasileira.

    Como um retrato desse universo de ao, h de se considerar que,segundo dados do IBGE, mais de 70% dos municpios brasileiros possuemmenos de 20 mil habitantes, e que a concentrao urbana da populao no pasultrapassa a casa dos 80%.

    Desta forma reforam-se as preocupaes com os problemas ambientaisurbanos e, entre estes, o gerenciamento dos resduos slidos, cuja atribuiopertence administrao pblica.

    Ainda segundo dados do IBGE coletados em 2000, dos 5.507 municpiosbrasileiros, apenas 451 possuem coleta seletiva e 352 contam com servio dereciclagem de lixo.

    Segundo Calderoni (1997), em 1996, foram produzidas 3,6 milhes detoneladas de lixo s no municpio de So Paulo. Em 2000, esse nmero saltoupara 7,35 milhes.

    Apesar desse quadro, o sistema de limpeza urbana o segmento quemais se desenvolveu apresentando a maior abrangncia de atendimento junto populao, ao mesmo tempo em que a atividade do sistema que demandamaior percentual de recursos por parte da municipalidade.

    Porm o problema da disposio final assume uma magnitude alarmante,

    considerando apenas os resduos urbanos e pblicos, conclui-se que, em geral,as administraes pblicas implantam como polticas de resduos odistanciamento dos locais de deposio, visando apenas, afastar das zonasurbanas o lixo coletado, depositando-o por vezes em locais absolutamenteinadequados, como encostas com floresta, manguezais, rios, baas e vales.

    Segundo Grimberg (2004), 63,6% dos municpios brasileiros depositamseus resduos em lixes, a maioria com a presena de catadores entre elescrianas , confirmando os problemas sociais que a m gesto do lixo acarreta,

    alm dos graves problemas de sade pblica, bem como desastres ambientaisno meio urbano e rural, provocados pelo lixo jogados nos rios e crregos.

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    A participao de catadores na segregao informal do lixo, seja nas ruasou nos vazadouros e aterros, o ponto mais visvel da inter-relao do lixo coma questo social. Onde o lixo tornou-se fonte inesgotvel de renda esobrevivncia para esta populao.

    Desta forma, conclui-se que o gerenciamento dos resduos de formaintegrada, demanda trabalhar os aspectos sociais com o planejamento dasaes tcnicas e operacionais do sistema de limpeza urbana.

    Segundo Castagnari (2004), as pessoas que trabalham com materiaisreciclveis tm que ser valorizadas e reinseridas socialmente. Entretanto, tal fatodeve se dar, preferencialmente, pelo estmulo contratao dessa mo-de-obrapelas empresas prestadoras de servios de manejo de resduos slidos.Somente dessa forma, atravs de empregos formais, os trabalhadores poderousufruir de todos os benefcios e garantias trabalhistas e previdencirias e contar com as protees que a atividade exige.

    Segundo o Ministrio da Agricultura, todos os anos 14 milhes detoneladas de alimentos so descartados, devido a procedimentos inadequadosem toda a cadeia produtiva.

    Vilhena (2004) sugere que para ampliar a coleta seletiva no Pas necessrio aumentar a participao popular. preciso estimular os moradores aseparar o lixo domstico e a entreg-lo nas cooperativas de catadores, ou postosde entrega, mantidos pelas prefeituras e iniciativa privada. necessrio tambmque os governantes promovam mudanas na tributao da cadeia dereciclagem. O governo precisa oferecer um tratamento diferenciado para asempresas do setor. Mas o fato que no existe mgica: para aumentar areciclagem o jeito fazer.

    J a sociloga Grimberg (2004) afirma que: " preciso uma polticanacional que institua metas para a volta dos retornveis. No tem sentido

    continuar gerando latas de alumnio e garrafas plsticas. O que est em jogo soas fontes de matria-prima.

    De qualquer modo, conclui-se que aes esto sendo desenvolvidas como propsito de minimizar a deposio dos resduos no meio ambiente, mas afalta de planejamento e de um levantamento das reais possibilidades dareutilizao dos resduos acarreta falncia de alguns projetos.

    Grandes unidades de tratamento de resduos slidos, teoricamenteincorporando tecnologia mais sofisticada de compostagem acelerada, foram

    instaladas no Rio de Janeiro e se encontram desativadas, seja por inadequao

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    do processo s condies locais, seja pelo alto custo de operao e manutenoexigido.

    Pode-se considerar que os dados estatsticos da limpeza urbana, namaioria dos municpios brasileiros, so muito deficientes, pois as administraes

    pblicas tm dificuldade em apresent-los, j que existem diversos padres deaferio dos vrios servios.

    Considerou-se neste trabalho, os dados levantados junto a Comlurb(Companhia de Limpeza Urbana do Municpio do Rio de Janeiro), indicados noFigura 3, onde pode-se observar um decrscimo na coleta do papel e um levecrescimento no plstico. Estes dados comparados aos do Quadro 1, onde indicado o percentual de reciclagem com relao ao que produzido,demonstram que a reciclagem destes materiais, contribuem na reduo dopercentual presente nos aterros, ou seja, os materiais com maior percentual dereciclagem se estabilizam em percentuais mnimos na representao do materialcoletado.

    010203040

    5060

    1 9 8 1

    1 9 8 6

    1 9 8 9

    1 9 9 1

    1 9 9 3

    1 9 9 5

    1 9 9 6

    1 9 9 7

    1 9 9 8

    1 9 9 9

    2 0 0 0

    2 0 0 1

    2 0 0 2

    2 0 0 3

    Ano Base

    P e r c e n

    t u a l

    Papel

    PlasticoVidroMat. OrgnicaMetalOutros

    Figura 3 - Composio do Lixo no Rio de Janeiro. Fonte Comlurb/2005

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    Reciclagem de Materiais no Brasil(% da Produo Nacional / Reciclagem)

    89%

    77,30%

    47%45%35%

    17%

    57%22% 20%

    17,50%

    AluminioPapelo

    AoVidroPapelPETPneusleoPlsticosTetraPak

    Quadro 1 - Reciclagem de Materiais no Brasil Fonte Cempre/2005

    Por outro lado, o manejo e a deposio final dos resduos industriais, temaque atualmente tem tido uma maior projeo por parte da sociedade, constituemum problema ainda maior que certamente j produz srias conseqnciasambientais e para a sade da populao.

    No Brasil, os estados interferem no problema atravs de seus rgos decontrole ambiental, exigindo dos geradores de resduos perigosos (Classes I e II)sistemas de manuseio, de estocagem, de transporte e de destinao finaladequados.

    As administraes municipais podem agir nesse setor de formasuplementar, atravs de seus rgos de fiscalizao, sobretudo considerandoque a determinao do uso do solo urbano competncia exclusiva dosmunicpios, conferindo-lhes o direito de impedir atividades industriaispotencialmente poluidoras em seu territrio, seja atravs da proibio deimplantao, seja atravs da cassao do alvar de funcionamento.

    Segundo Monteiro et al. (2001), como a gesto de resduos est setransformando em uma atividade essencial, e as atividades que a compem serestringem ao territrio do Municpio, apesar de serem ainda primrias, assolues consorciadas de destinao final em aterros gerenciados eprogramados j fazem parte da pauta de vrias prefeituras.

    Municpios com reas mais adequadas para a instalao dessas unidadesoperacionais s vezes se consorciam com cidades vizinhas para receber os seusresduos, negociando algumas vantagens por serem os hospedeiros, tais comoiseno do custo de vazamento ou alguma compensao urbanstica, custeadapelos outros consorciados.

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    Um dos exemplos mais bem-sucedidos no campo do consrcio aqueleformado pelos municpios de Jundia, Campo Limpo Paulista, Cajamar, Louveira,Vrzea Paulista e Vinhedo, no Estado de So Paulo, para operar o aterrosanitrio de Vrzea Paulista.

    A sustentabilidade econmica dos servios de gerenciamento ambiental um importante fator para a garantia da sua qualidade. Felizmente, o que sepercebe mais recentemente uma mudana importante na ateno que o tematem recebido das instituies pblicas, em todos os nveis de governo.

    O governo federal e os estaduais passaram a destinar maiores recursos nacriao de programas e linhas de crdito onde, os municpios beneficiados, soaqueles que apresentam projetos visando solucionar problemas como delimpeza urbana, gerando condies de continuidade dos servios e manutenode sua qualidade ao longo do tempo, onde a populao assume o papelfiscalizador, estimulada pelos rgos de controle ambiental, Ministrio Pblico epelas organizaes no-governamentais voltadas para a defesa do meioambiente.

    2.2.Caracterizao dos plsticos

    A palavra plstico, originria do grego plastiks, significaadequado moldagem , este material possui caractersticas de alta flexibilidade, podendo ser facilmente moldado.

    O primeiro material com estas caractersticas foi a celulose, surgida em1864. O PVC ou Policloreto de Vinila surgiu somente em 1913, foi durante a IIGuerra Mundial, ou seja, h pouco mais de sessenta anos, que sua utilizaoindustrial se desenvolveu e popularilizou.

    Os hidrocarbonetos (petrleo), aps processamento fsico-qumicoproduzem produtos que so indispensveis na vida moderna.

    A nafta, um derivado do petrleo, possui papel significante para asindstrias petroqumicas, originando eteno e propeno, alm de outrosmonmeros imprescindveis produo de resinas plsticas e outros polmeros.

    2.2.1.Os principais tipos de plsticos

    Segundo suas caractersticas, os plsticos se dividem em dois grupos: ostermorrgidos ou termofixos e os termoplsticos.

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    x Plsticos Termofixos:No se fundem e uma vez moldados e endurecidos, no oferecem

    condies para reciclagem. So apresentados como mistura de ps e moldadossob presso.

    Como exemplo, as telhas transparentes, do revestimento do telefone e deinmeras peas utilizadas na mecnica em geral e especificamente na indstriaautomobilstica.

    x Plsticos Termoplsticos:So aqueles que se fundem a baixas temperaturas podendo ser moldados,

    aps o resfriamento recuperam suas propriedades fsicas.Como o processo possibilita a repetio, a reciclagem se torna

    tecnicamente um processo simples e vivel.Porm segundo as normas sanitrias, os produtos reciclados no podem

    ser empregados em embalagens alimentcias a fim de se evitar contaminaes. A ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas estabelece atravs

    da norma NBR - 13230, simbologia a identificao dos termoplsticos utilizadosna fabricao de embalagens e recipientes, facilitando a sua reciclagem.

    Considerou sete tipos de termoplsticos, a seguir:

    Polietileno Tereftalato PET utilizado em frascos de refrigerantes, de produtos de limpeza e

    farmacuticos, em fibras sintticas, etc..

    Polietileno de Alta Densidade PEADSo utilizados na confeco de engradados para bebidas, garrafas de

    lcool e de produtos qumicos, tubos para lquidos e gs, tanques decombustvel, etc..

    Policloreto de Vinila PVCSo utilizados em tubos e conexes para gua, calados, encapamentos

    de cabos eltricos, equipamentos mdico-cirrgico, lonas, esquadrias erevestimentos, etc..

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    Polietileno de Baixa Densidade PEBDSo empregados nas embalagens de alimentos, sacos industriais, sacos

    para lixo, filmes flexveis, lonas agrcolas, etc.

    Polipropileno - PPEmpregados em embalagem de massas alimentcias e biscoitos, potes de

    margarina, seringas descartveis, equipamentos mdico-cirrgicos, fibras e fiostxteis, utilidades domsticas, autopeas, etc..

    Poliestireno PSUsado em copos descartveis, placas isolantes, aparelhos de som e de

    TV, embalagens alimentcias, revestimento de geladeiras, material escolar, etc..

    OutrosSo as resinas plsticas no indicadas at aqui e so utilizadas em

    plsticos especiais na engenharia, em CDs, em eletrodomsticos, em corpo decomputadores e em outras utilidades especiais.

    2.2.2.Processos de reciclagem de Plsticos:

    Podem-se considerar quatro processos diferentes de reciclagem deplsticos:

    x Reciclagem Primria

    Consiste no reaproveitamento das aparas, das rebarbas e das peasdefeituosas dentro da linha de montagem das prprias indstrias.

    Muitas empresas do setor j adotam tal procedimento visando a diminuiode seus custos, outras vendem esses resduos para empresas recuperadoras.Entretanto, deve-se tomar um especial cuidado na sucessiva repetio desseaproveitamento, pois poder acarretar degradao do material diminuindo suaqualidade, exigindo assim, um rigoroso controle para no comprometer aimagem da empresa junto aos seus clientes.

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    x Reciclagem Secundria a reciclagem de parte dos rejeitos existentes no lixo propriamente dito.

    Essa reciclagem pode ser feita nas Usinas de Compostagem e Reciclagem ouatravs de coleta seletiva.

    Mesmo no caso de coleta seletiva onde o plstico vem relativamente limpo,o produto reciclado ter sempre uma qualidade tcnica inferior ao materialvirgem, devido a presena de diversas formas de plsticos nesses refugos,exigindo operaes adicionais quelas da reciclagem primria, para a separaodos diversos tipos existentes. Dependendo da utilizao do produto final, essaoperao no precisar ser realizada, ressaltando-se que o produto assimreciclado dever ser utilizado apenas nas situaes em que tais alteraessejam perfeitamente aceitveis.

    No caso da separao nas Usinas de Reciclagem h necessidade de umalavagem, alm da separao, muito mais trabalhosa do que no caso da coletaseletiva, uma vez que o plstico vem contaminado pelas impurezas do lixo e osefluentes lquidos oriundos dessa lavagem necessitaro de um tratamentoespecial antes de ser lanado na natureza, fato este que desvaloriza o processode comercializao desses produtos.

    x Reciclagem Terciria a transformao dos resduos polmeros em monmeros e em outros

    produtos qumicos atravs de decomposio qumica ou trmica. Aps estaoperao, o produto poder ser novamente polimerizado, gerando novas resinasplsticas.

    importante ressaltar que os materiais obtidos por este processo dereciclagem necessitam de um tratamento dispendioso na purificao final, sendos indicado para produtos de alto valor econmico.

    x Reciclagem Quaternria

    Neste caso o objetivo a queima do plstico em incineradores especiaisgerando calor que pode ser transformado em energia trmica ou eltrica, emvirtude do alto poder calorfico dos plsticos. Entretanto existe, nesse caso, umgrande inconveniente, pois a queima do plstico gera gases de alta toxicidade,contaminando de forma violenta o meio ambiente, o que exige que osincineradores sejam dotados de filtros especiais, de altssimo custo, e mesmoassim essa filtragem no se processa de forma satisfatria.

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    2.3.Caracterizao do PET

    Os plsticos so polmeros produzidos a partir de processospetroqumicos. O PET, Polietileno tereftalato, um deles, e foi desenvolvido em

    1941 pelos qumicos ingleses Whinfield e Dickson. Por ser um material inerte,leve, resistente e transparente, passou a ser utilizado na fabricao deembalagens de bebidas e alimentos no incio da dcada de 1980. Em 1985cerca de 500 mil toneladas de vasilhames j haviam sido produzidos, somentenos Estados Unidos.

    O PET produzido industrialmente por duas vias qumicas:Esterificao direta do cido tereftlico purificado (PTA) com etileno glicol

    (EG), ou

    Transesterificao do dimetil tereftalato (DMT) com etileno glicol (EG). As macromolculas de PET puro (o chamado homopolmero) constituem-

    se de repeties da molcula mais simples (mero) de tereftalato de etileno. Nospolmeros comerciais, 130 a 155 repeties desse mero constituem amacromolcula tpica de PET.

    Sua densidade igual a 1.38 g/cm3. A resina PET muito utilizada em todo o mundo para a fabricao de

    embalagens, em razo de suas propriedades: transparncia, resistncia

    mecnica, brilho e barreira a gases. Inicialmente utilizada para a produo degarrafas para acondicionar bebidas carbonatadas, hoje utilizada no Brasil paradiversas outras linhas de produtos, tais como leos comestveis, isotnicos, guamineral, produtos de higiene e limpeza, cosmticos e frmacos.

    As garrafas de PET so totalmente inertes. Isto significa que, mesmoindevidamente descartadas, no causam nenhum tipo de contaminao para osolo ou lenis freticos.

    Os resduos inertes so quaisquer resduos que, quando amostrados deforma representativa, (NBR 10.007 - amostragem de resduos) e submetidos acontato esttico ou dinmico com gua destilada ou deionizada, temperaturaambiente, conforme teste de solubilizao, (segundo NBR 10.006 - solubilizaode resduos) no tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados sconcentraes superiores aos padres de potabilidade de gua, excetuando-seos padres de aspecto, cor, turbidez e sabor.

    A transformao da resina PET em garrafas, frascos ou potes ocorre em 7etapas distintas: secagem, alimentao, plastificao, injeo, condicionamento,sopro e ejeo do produto.

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    2.4.Reciclagem de PET

    A reciclagem um conjunto de tcnicas que tem por finalidade aproveitar

    os detritos reutilizando no ciclo de produo, ou seja, o resultado de uma sriede atividades, pelas quais materiais que se tornariam lixo, ou esto no lixo, socoletados, separados e processados para serem utilizados como matria-primana manufatura de novos produtos.

    As indstrias recicladoras so tambm denominadas secundrias, por processarem matria-prima de recuperao. Na maior parte dos processos, oproduto reciclado completamente diferente do produto inicial.

    O PET pode ser reciclado de trs maneiras diferentes:

    x Reciclagem qumica:Utilizada tambm para outros plsticos, separa os componentes do PET,

    fornecendo matria-prima para solventes e resinas, entre outros produtos.

    xReciclagem energtica:O calor gerado com a queima do produto pode ser aproveitado na gerao

    de energia eltrica (usinas termeltricas), alimentao de caldeiras e altos-fornos. O PET altamente combustvel, com valor de cerca de 20.000 BTUs/kilo,e libera gases residuais como monxido e dixido de carbono, acetaldedo,benzoato de vinila e cido benzico. Por outro lado, devido ao alto valor dasucata, a incinerao do material no recomendada, mesmo com recuperaode energia.

    x Reciclagem mecnica.Praticamente todo o PET reciclado no Brasil passa pelo processo

    mecnico, que pode ser dividido em:RECUPERAO: Nesta fase, as embalagens que seriam destinadas ao

    lixo comum ganham o status de matria-prima. As embalagens recuperadassero separadas por cor e prensadas. A separao por cor necessria paraque os produtos que resultaro do processo tenham uniformidade de cor,facilitando, assim sua aplicao no mercado. A prensagem, por outro lado, importante para que o transporte das embalagens seja viabilizado, devido aleveza do material, os fardos so montados de modo a garantir a maior quantidade em um menor volume.

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    REVALORIZAO: As garrafas so modas, ganhando valor no mercado.O produto que resulta desta fase o floco da garrafa. Pode ser produzido demaneiras diferentes e, os flocos mais refinados, podem ser utilizadosdiretamente como matria-prima para a fabricao dos diversos produtos que o

    PET reciclado d origem na etapa de transformao. No entanto, hpossibilidade de valorizar ainda mais o produto, produzindo os gros de PETreciclado. Desta forma o produto fica muito mais condensado, otimizando otransporte e o desempenho na transformao.

    TRANSFORMAO: Fase em que os flocos, ou o granulado sertransformado num novo produto, fechando o ciclo. Os transformadores utilizamPET reciclado para fabricao de diversos produtos, inclusive novas garrafaspara produtos no alimentcios.

    A ANVISA (Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria), no autoriza autilizao de PET reciclado na produo de embalagens para produtosalimentcios, sendo que a tecnologia j existe (provm de uma empresa alem,chamada OHL, que batizou seu processo de Stehing Bottle-to-Bottle) e estasendo utilizada pela empresa BahiaPET, que tem uma capacidade de produode 750 t/ms (720kg/h) e consumo de garrafas de 900 t/ms, esta produo exportada para pases onde este uso permitido como EUA, Alemanha,Holanda, Frana, Japo e Austrlia. Segundo Plsticos em Revista/maro 2004.

    A promessa de restituir resina reciclada, as propriedades do materialvirgem, mas no ser fcil alterar a legislao brasileira quanto ao assunto, vistoque nem a questo da tributao sobre o reciclado plstico foi resolvida. Naopinio de Maron, da Recipet, o mercado de embalagem se mostra curioso arespeito da nova tecnologia bottle to bottle (garrafa a garrafa), mas a maioriaainda a considera invivel no Pas, neste momento. H at fabricante deembalagem achando que basta colocar as garrafas usadas de PET num lado da

    mquina e retirar novas do outro lado. Este fato retrata a desinformao sobreesta nova tecnologia.

    Na opinio do diretor da Recipet, a qualidade da matria-prima ofertada noPas hoje muito inferior dos pases onde o novo processo est sendotestado. Para ele, a qualidade da nova garrafa seria sofrvel. Alm disso, oprocesso para obteno de flakes com a qualidade requerida para fazer novasgarrafas provoca perdas de at 30% de matria-prima, o que pode inviabilizar investimentos em equipamentos importados.

    Alm de toda problemtica referente contaminao do PET ps-uso,ainda h outra questo a pesar. No h fiscalizao eficiente capaz de controlar

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    o uso do reciclado nas embalagens destinadas indstria de alimentos ebebidas. Caso aprovado seu uso, h riscos de reciclados de origem duvidosaacabarem nas prateleiras dos supermercados, acreditam especialistas da rea,como o consultor Jos Carlos Froes, da Reciclveis, de So Paulo, e Auri Cesar

    Maron, da Recipet.So as embalagens de PET as mais visveis, se avolumando nas caladas,

    nos lixes, nos aterros, nos rios,etc.. Segundo o CEMPRE (2004), na regio deSo Paulo, este material prensado e separado por cor nos sucateiros, no saipor menos de R$ 0,55 o quilo, revalorizado em flake (denominao dos flocosobtidos atravs da moagem) vendido em torno de R$ 0,85 o quilo.

    O investimento mdio em uma linha adequada de reciclagem esta naordem de R$ 200.000,00, valor de 2005, equipamentos KIE. Alm disso, a ofertade matria-prima constitui outro obstculo atividade, aparentementedisponveis, as garrafas de PET visveis nas ruas ainda tm como principaldestino o lixo e o meio ambiente, porm h sinais de melhora. Segundo ABIPET (2004), no Brasil a taxa de reciclagem de resinas de PET apresentoucrescimento anual da ordem de 18% entre os anos de 2001 e 2002, passandopara 35% entre 2002 e 2003, conforme indicado na Tabela 1.

    Tabela 1- Produo x Reciclagem Fonte ABIPET/2004

    ANORECICLAGEM

    Ps-Consumo/ndice

    1994 13 ktons = 18,8%1995 18 ktons = 25,4%1996 22 ktons = 21,0%1997 30 ktons = 16,2%1998 40 ktons = 17,9%1999 50 ktons = 20,42%

    2000 67 ktons = 26,27%2001 89 ktons = 32,9%2002 105 ktons = 35%2003 141,5 ktons = 35%

    A maior produo de PET reciclado utilizada na fabricao de fibras depolister para indstria txtil, demonstrado no Quadro 2, tendo tambm outrosusos como cordas, carpetes, bandejas de ovos e novas garrafas de produtos

    no alimentcios. Sua reciclagem, alm de evitar a deposio de lixo plstico

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    nos aterros, utiliza apenas 0.3% da energia total necessria para a produo daresina virgem.

    possvel utilizar os flocos da garrafa na fabricao de resinas alqudicas,usadas na produo de tintas e tambm resinas insaturadas, para produo de

    adesivos e resinas polister. As aplicaes mais recentes esto na extruso detubos para esgotamento predial e na injeo para fabricao de torneiras.

    Quadro2 - Distribuio dos Mercados para o PET reciclado Fonte ABIPET/2004Uma vantagem na reciclagem para produo de fibras, que no h perda

    de material durante a transformao, ou seja, uma garrafa que contenha 50

    gramas de PET (embalagem de 2 litros, por exemplo) gerar 50 gramas de fibrade polister.Pode-se pesar uma camiseta, ou qualquer pea de tecido que contenha

    Polister na composio e verificar a proporo para determinar quantasgarrafas esto ali. Por exemplo, um moletom de 300 gramas, feito com 67% defibra de Polister e 33% de viscose (uma composio muito comum) possui 201gramas de polister, ou seja 4 garrafas de 2 litros.

    A roupa no feita diretamente das garrafas, estas so transformadas na

    fibra de Polister que, por sua vez, ser utilizada por uma fbrica de tecidos oumalhas. Nesta fbrica as fibras sero misturadas. Polister com viscose,algodo, linho, seda ou qualquer outra fibra txtil. Existem certos tecidos feitoscom 100% de Polister, como Tergal, ou roupas de linha esportiva.

    Pronto o tecido, este ser encaminhado para uma confeco, onde sercortado e costurado (ou "montado") de acordo com a pea que se quer obter:camisetas, moletons, ternos, calas etc. Um tecido bastante utilizado pararoupas finas o Perolin, uma composio de Linho e Polister. Com isso,

    obtm-se o conforto do linho e a praticidade do polister. Tambm a Microfibra(polister 100%) usada para confeco de ternos, calas e camisas.

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    Segundo a ABIPET em 2003 foram recicladas 141.5 mil toneladas de PETe 34% desse total foram transformados em fibras de polister.

    Porm temos que levar em conta que a reciclagem tem um limite e nopode ser efetuada indefinidamente. O ideal seria substituir estes plsticos por

    plsticos biodegradveis ou ento, mesmo, proibir a utilizao desses produtosem embalagens. Est tramitando no Congresso um projeto de lei que est setransformando em guerra comercial entre grupos econmicos que, com intuito depreservar o meio ambiente, estabelece o mximo de 20% para embalagensdescartveis de vidro e obriga a indstria de cerveja e refrigerantes a trabalhar com 80% de garrafas retornveis.

    2.5.Consideraes sobre o processo de reciclagem

    A boa qualidade do artefato final obtido a partir de material que j foiconsumido depende principalmente do desenvolvimento dos seguintesprocessos:

    x Degradao - o plstico suscetvel a degradao trmica e intempries, que conduz ao decrscimo do peso molecular e conseqentemente diminuio das propriedades finais do material. Os processos de degradao

    devem ser minimizados nos plsticos a serem reciclados;

    x Limpeza - o plstico deve vir o mais limpo possvel, ou seja, no aconselhvel a presena de contaminantes como restos de alimentos e outrosmateriais que porventura estejam aderidos ao mesmo;

    x Separao os plsticos, presentes no lixo, so incompatveis entre si(caso do PET/ PVC), dessa forma o material a ser reciclado deve ser separadopor tipo, pois caso haja misturas de diferentes plsticos as propriedades finais doartefato reciclado sero baixas.

    Depois de coletadas por um sistema seletivo, as embalagens PET passampor uma triagem para separ-las por cor.

    x Para viabilizar o transporte para as fbricas recicladoras necessrio, emmuitos casos, o enfardamento, utilizando prensas hidrulicas ou manuais.

    xO processo de reciclagem pode se dar atravs de moagem e lavagem dasembalagens ou misturando-as com reagentes qumicos capazes de restaurar oproduto original. Deste modo os polmeros so novamente transformados emgrnulos, os chamados pellets .

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    2.6.Impedimentos para reciclagem

    Segundo o CEMPRE (2004), o Brasil faz incidir o IPI sobre o produto

    industrializado com matria prima virgem com alquota de 10%, fixando em 12%a alquota quando o produto fabricado a partir de matria prima de plsticoreciclado.

    A coleta seletiva tem atingido valores extremamente elevados, contra umvalor de venda bastante reduzido. Em So Paulo esses valores atingiram a cifrade US$ 400.00 a US$500.00 a tonelada, contra uma renda que no passou deUS$30.00 a tonelada.

    Devem ser evitados a juno com PVC, a variao de escala cromtica, a

    cola em rtulos e impresso com tinta.Uma garrafa de PVC no meio de 20.000 de PET suficiente para tornar

    inaproveitvel todo o lote. A fuso do PVC junto com o PET destri algumascaractersticas do PET; pode, por exemplo, diminuir a viscosidade do PET,causar amarelecimento ou escurecimento da pea; e, dependendo do tipo deaquecimento, o PVC pode queimar e manchar a pea com pontos pretos.

    2.7.Coleta seletiva de embalagens PET

    As implicaes de natureza social na implantao de uma coleta seletivatm que ser considerada na elaborao de um projeto de reciclagem e mesmo,na determinao do processo a ser empregado na coleta seletiva.

    O desemprego o ponto crucial, pois uma reciclagem ou uma coletaseletiva pode ocasionar fechamento de empresas ou desestimular aqueles quetrabalham no setor, em virtude de haver diminuio nos preos de mercado emface do aumento de oferta dos produtos.

    O exemplo da cidade de So Paulo, que devido ao aumento da reciclagemde papel, os custos e os prazos de pagamento impostos pelos compradores,desestimularam os catadores de papel e segundo declarao do presidente dosindicato, de 9000 sindicalizados o nmero ficou reduzido para 3000, gerando,portanto um desemprego de 6000 pessoas que viviam desta atividade.

    Na cidade de Vitria-ES, em virtude da inviabilidade da usina decompostagem construda, esta foi transformada em estao de transbordo delixo, sendo utilizada a esteira de catao para separao de alguns materiais

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    reciclveis, trabalho realizado por uma cooperativa de catadores do antigo lixoexistente, esta atividade emprega 300 pessoas que se revezam na operao.

    Entretanto o problema se complicou para a Prefeitura de Vitria, uma vezque os custos dessa separao so altssimos, sendo as horas trabalhadas

    pelos cooperados pagas pela municipalidade e o resultado da venda da pequenaquantidade do reciclado obtida destinada cooperativa. Para se ter uma idia, ocusto da operao representa 6 vezes o valor do resultado da venda de todos osprodutos reciclados.

    De modo a garantir o maior nmero de recuperao das embalagens ps -consumo, a TOMRA, uma multinacional norueguesa, lanou vinculado a umarede de Hipermercados, um equipamento automatizado de coleta seletiva degarrafas plsticas tipo PET e latas de alumnio, demonstrado na Figura 4.

    Figura 4 - Equipamentos automatizados de coleta seletiva - TOMRA 83 HCp e T-62.Fonte TOMRA

    As mquinas recebem latas de alumnio e garrafas PET. Se receber somente latas, a capacidade de 5 mil unidades. Caso receba apenas garrafasPET de dois litros, armazena 1500 unidades.

    Alm disso, a mquina pode ser programada para receber latas de ao eoutros tipos de embalagens plsticas.

    Em menos de dois anos, a empresa instalou 40 equipamentos em dezlojas, atravs do Projeto Recicle & Ganhe, e j coletou mais de 6 milhes deembalagens, somente na Regio Metropolitana de So Paulo.

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    Em apenas um ms, consumidores do municpio de Salvador retornaram452 mil embalagens nas mquinas de coleta automtica, instaladas em trssupermercados. Cerca de 95% deste material de garrafas PET. O prprioconsumidor insere as embalagens nas mquinas. Um sensor ptico as identifica,

    separando-as por tipo e cor, Figura 5. Para concluir a operao, so emitidoscupons, que podem ser usados em compras na loja onde o RVM (ReverseVending Machines) se encontra. Cada lata de alumnio vale R$ 0,03 e umagarrafa PET, R$ 0,02 (valores no ano de 2004).

    Figura 5 - Sistema de leitura ptica. Fonte TOMRA

    Todo o material coletado encaminhado para o Centro de Coleta da

    Tomra de Salvador, onde latas de alumnio e garrafas PET coletadas so limpase prensadas. Logo depois, as latas so transportadas para o Centro deReciclagem de Pindamonhangaba. L so fundidas a uma temperatura de 760C. As garrafas de PET so transportadas para indstrias que as utilizam comomatria prima.

    O objetivo incentivar a participao do consumidor no processo dereciclagem, oferecendo convenincia, fcil acesso, auto-atendimento e rapidez. Alm disso, o cliente remunerado pela destinao adequada das embalagens.

    Os programas oficiais de coleta seletiva, que existem em mais de 200cidades do Pas, recuperam por volta de 1000 toneladas por ano. Alm degarrafas descartveis, existem no mercado nacional 70 milhes de garrafas derefrigerantes retornveis, produzidas com este material.

    O preo pago por este material esta demonstrado na Tabela 2.

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    Tabela 2- Fonte Cempre Jan./2005

    Salvador 250L 400L 3000L 85L 35L 400L 600L 600L

    Braslia 130L 260L 150P 3000L 50L 30L 200L 700L 150L 20L

    Vitria 191P 450PL 146,1 3200P 46,5 27,5 761P 1200P 251P 90P

    Itabira 380PL 500PL 410PL 4400PL 80L 70L 580PL 1400PL 700PL 250PL

    Porto Alegre 260PL 450PL 220PL 3500PL 40 40 650PL 1000PL 280PL 90PLFarroupilha 220PL 350PL 50PL 3000PL 50L 50L 200PL 520PL 200PL

    Santo Andre 190L 360L 400PL 4300PL 135 50 600PL 1200PL 360P 150PLSantos 150L 300L 150L 3000L 60 200L 650L 200L 100LSo Bernardo 260PL 570PL 370PL 4700PL 120 60 550P 1050P 550P 150PNova Odessa 270L 250L 350L 4000L 100L 100L 350L 1000L 250L 70LS.J.dos Campos 246P 127P 454P 4410P 70 70 450 850 300P 90P

    Rio de Janeiro 300PL 420PL 300PL 4000PL 100 100 350PL 1000PL 350PL 50PL

    So Paulo

    Rio de Janeiro

    P = prensado; L = limpo; I = inteiro; Um = unidade; * preo da tonelada em real

    Distrito Federal

    Esprito Santo

    Minas Gerais

    Rio Grande do Sul

    PET Plst.Filme

    LongaVida

    Bahia

    Preo de Material Reciclvel*Papelo Papel

    BrancoLatas Ao

    Latas Alum.

    VidroIncolor

    VidroColor.

    Plst.Rgido

    2.8.Linha de Reciclagem de PET

    A forma mais indicada para se processar o PET em uma linha dereciclagem, receb-lo j separado por cor e prensado em fardos, os rtulos etampas sero separados por densidade nos tanques citados a seguir. No

    significa desta forma, que no se possa adquirir o PET misturado e se sacar tampas e rtulos manualmente, porm, a viabilidade do negcio, passa a ser mais arriscada devido ao aumento da mo de obra.

    Primeiramente, aconselha-se o uso de uma empilhadeira motorizada parao transporte e carregamento de fardos e big-bags com o produto pronto, j quese trata de grandes volumes, porm pode-se utilizar uma empilhadeira manualpara a devida tarefa.

    Equipamentos:x Plataforma: Os fardos so colocados sobre a plataforma para serem

    abertos por um operador para dar incio ao processo;

    x Removedores de rtulos (e Pr-Lavadores) - As garrafas passam por estes equipamentos onde so extrados de 70 a 90 % dos rtulos.

    x Esteira de Seleo - Um ou mais operadores supervisionam nestaesteira, as garrafas de outras cores que no podem ser separadasmecanicamente, outros materiais plsticos, pedras maiores, metais, e outros;

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    x Placa Magntica ou Detector de Metais - Instalado opcionalmentesobre a esteira de seleo para garantir que metais no cheguem at osmoinhos comprometendo suas facas;

    x Removedor de Impurezas com gua - Indispensvel para que se faauma pr-lavagem das garrafas antes de chegarem ao moinho, sua funo prolongar a vida til das navalhas, possibilitando um adiamento da afiao dasmesmas;

    x Moinho (Primeira Moagem) - onde se faz a primeira moagem e seutiliza uma peneira de aproximadamente 30 mm. Sua funo diminuir detamanho o PET e manter os vedantes e os rtulos em um tamanho apropriadopara que possam ser separados nos tanques de maneira mais eficiente. Estamoagem tambm recebe gua que complementa a pr-lavagem das garrafas.

    x Tanque de Adaptao do Moinho - necessrio para coletar asgarrafas modas e a gua introduzida no moinho;

    x Rosca Transportadora - Transporta o PET, os rtulos e as tampas at oprimeiro tanque de separao, escoando a gua mais impura;

    x 1 Tanque de Separao - onde ser feita a pr-separao do Flakede PET dos rtulos e tampas. Neste processo, os plsticos sero separados por densidade, ficando sobre a superfcie os rtulos e as tampas, o PET por ser maisdenso, se deposita no fundo e retirado por uma rosca transportadora;

    x 2 Tanque de Separao - onde ser feita a separao definitiva dos

    materiais. Neste estgio se encontram o PET em forma de Flake e em forma dep;

    x Lavador com Ps Agitadoras - Neste lavador, feito o enxge doPET, aconselha-se que se introduza neste processo, gua o mais limpa possvel,para garantir a descontaminao do material;

    x Secadora Centrfuga - Sua funo secar o PET por meio de

    centrifugao, onde a gua expelida para fora e o PET transportado para oSegundo Moinho;

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    x Moinho (Segunda Moagem) - onde se define o tamanho do flake.Para esta funo se utiliza uma peneira de aproximadamente 8 a 12 mm e nose aconselha o uso de gua j que nesta fase o PET j foi lavado e seco. Com

    isto possvel se prolongar a vida til das navalhas, adiando sua afiao epossibilitando uma coleta maior do p do PET;

    x Turbina de Transporte - Sua funo transportar o PET e o p at apeneira vibratria;

    x Ciclone - utilizado simplesmente para quebrar a presso da turbinatransportadora;

    x Peneira Vibratria - Sua funo separar o Flake do p de PET;

    x Turbina de Transporte do P - Transporta o p at o silo para oensaque;

    x Turbina de Transporte do Flake - Transporta o Flake at o silo para oensaque;

    x Silo com Ciclone para Flake - onde armazenado o flake modo,lavado, seco e separado para o ensaque;

    x Silo com Ciclone para P - onde armazenado o p de PET para oensaque.

    2.9.Atividade de extrao de areiaA desenfreada extrao de areia criou enormes crateras numa rea de122 mil metros quadrados em Itagua, segundo O Globo. A devastao alvo de investigao da Delegacia do Meio Ambiente e a polcia suspeitada existncia de uma mfia de areeiros, que j deixou um rastro de novemortes em dez anos, na disputa por um negcio que fatura R$ 10 milhespor ms. O Globo, 27.08.00.

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    2.9.1.Reservas naturais

    Apesar de ser uma atividade considerada com recursos abundantes,alguns impedimentos operacionais j comeam a surgir, um deles a ocupao

    de reas com potencial de extrao que, pela proximidade com grandes centrosurbanos acabam se tornando loteamentos residencias e industriais legais eclandestinos, fazendo com que a extrao ocorra em locais cada vez maisdistantes, aumentando o custo com o fator transporte.

    Segundo Valverde (2001), a Regio Metropolitana de So Paulo, pelacombinao de restries, usos competitivos do solo e inadequadoplanejamento, importa mais da metade de suas necessidades de areia de locaisa mais de 150 km de distncia, apesar de possuir reserva de cerca de 6 bilhes

    de metros cbicos de areia.

    2.9.2.O processo de extrao:

    A areia extrada de leitos de rios, vrzeas, depsitos lacustres, mantosde decomposio de rochas, pegmatitos e arenitos decompostos. No Brasil, 90%da areia so produzidos em leito de rios. No Estado de So Paulo, a relao diferente. 45% da areia produzida so provenientes de vrzea, 35%, de leito de

    rios, e o restante, de outras fontes.Segundo o Jornal do Meio Ambiente (2003), a regio de Itagua a

    principal supridora de areia para a Regio Metropolitana do Rio de Janeiro,sendo intensa a atividade de extrao no leito dos rios e por meio de cavas.

    Os principais mtodos utilizados so:x extrao em cava submersa: estes depsitos so diferenciados dos

    demais por no estarem nos leitos, porm nas plancies de inundao dos

    corpos dgua;x extrao mecanizada em leito de rio: dragagem dos sedimentos do leito

    dos rios, por suco;x extrao manual em leito de rio: em coluna dgua pouco profunda,

    retirada com ps e depositada em caixas de madeira.Nesta regio, lavras de areia, principalmente em ambientes de cavas

    submersas alcanam profundidades muito grandes, formando lagos decolorao verde piscina, so observadas, tambm, cavas abertas, de contorno

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    irregular e de grande profundidade, muitas vezes interligadas em superfcie coma calha do rio, esta degradao pode ser observada nas Figuras 6 e 7.

    Figura 6 - Viso do Crrego gua do Sobrado e a extrao da Areia. Fonte Jornal ValeParaibano (Out/2003)

    Figura 7-Detalhes da Extrao de Areia em Ambiente de Cava-RJ. Fonte DRM/2000

    2.9.3.Impacto ambiental

    A areia um recurso natural amplamente utilizado na construo civil(consumo de aproximadamente 236 milhes de toneladas em 2001, segundo a ANEPAC), seu baixo valor unitrio torna praticamente impossvel suasubstituio por outro tipo de material, porm no se pode negar os problemas

    ambientais causados pela sua extrao.Os principais danos so:

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    x retirada de cobertura vegetal, nas margens dos rios, acarretandoeroso/assoreamento e alterao paisagstica.

    x a camada de areia funciona como filtro fsico e biolgico para as guassubterrneas, portanto, sua retirada representa a diminuio destas importantes

    funes no ecossistema local.x ao se extrair grandes quantidades de areia ocorre a diminuio da

    presso sobre os lenis de gua subterrneos.No rio Guandu a captao seriamente prejudicada pelas mudanas

    fsico-qumicas da gua provocadas por esta atividade. A descaracterizao das margens propicia o seu repovoamento por um

    tipo de vegetao que, alm de no fix-las, se desprende e trazendo, tambm,problemas operacionais para a captao.

    A Comisso Estadual de Controle Ambiental, por meio da deliberaoCECA n 3.554, de 02 de outubro de 1996, procurou traar diretrizes para odisciplinamento e controle da atividade no Estado, principalmente na sub-baciado rio Guandu, com a suspenso da concesso de novas licenas paraempreendimentos de extrao de areia e, para aqueles j instalados, que notenham requerido a licena de extrao no leito do rio Guandu, no trechocompreendido entre a Usina Pereira Passos e a barragem da ETA-Guandu.

    O condicionamento de adoo de projetos de recuperao das margens dorio e de medidas compensatrias por danos ambientais, imposta aos ncleos deextrao de areia e esta deliberao, aplica-se tambm, aos rios contribuintes dorio Guandu.

    2.9.4.Reduo do impacto ambiental

    Ambientalistas defendem a cobrana de uma taxa sobre a utilizao daareia, alm da reparao dos danos ambientais, estimulando assim oinvestimento em pesquisa de materiais que a substituam, alm do controle aodesperdcio e a reduo do consumo.

    Novos produtos vm sendo estudados e utilizados de modo a substituir oudiminuir o consumo de areia natural, como estruturas em ao, gesso acartonadoem diversas espessuras (parecido com divisrias de Eucatex), argila ereciclagem de entulhos, alm da produo de areia artificial, que substitui a areianatural em qualidade e volume.

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    A fiscalizao da atividade mineral, ambiental, por parte dos rgosgovernamentais fundamental para assegurar a continuidade/viabilidade daminerao dentro de normas e critrios tcnicos.

    No Rio de Janeiro foram criadas Zonas de Produo Mineral ZPM, a fim de

    assegurar a continuidade da atividade num permetro definido, possibilitandoestudo integrado visando a recuperao da rea minerada.

    2.10.Agregados

    2.10.1.Caracterizao tecnolgica

    A A.S.T.M. (American Society for Testing Materials) define agregados

    como Materiais minerais inertes que podem ser aglutinados por um ligante, paraformar argamassas, concretos mastics, etc.

    Estes agregados podem ser classificados segundo a natureza, tamanhos edistribuio dos gros.

    Definies:

    Agregado de Enchimento

    AGREGADOS

    Quanto Natureza

    Quanto Tamanho

    Quanto Graduao

    Agregado natural

    Agregado Grado

    Agregado Artificial

    Agregado Mido

    Denso

    Aberto

    Tipo Macadame

    Agregado de Enchimento

    AGREGADOS

    Quanto Natureza

    Quanto Tamanho

    Quanto Graduao

    Agregado natural

    Agregado Grado

    Agregado Artificial

    Agregado Mido

    Denso

    Aberto

    Tipo Macadame

    AGREGADOS

    Quanto Natureza

    Quanto Tamanho

    Quanto Graduao

    Agregado natural

    Agregado Grado

    Agregado Artificial

    Agregado Mido

    Denso

    Aberto

    Tipo Macadame

    x Quanto natureza das partculas Agregados naturais so todos aqueles provenientes da explorao de

    jazidas naturais, tais como: depsitos fluviais de areia, cascalho e seixos, areiade mina, pedreiras com rochas de diversos tipos: gnaisse, granito, calcrio,

    basalto, etc., sendo utilizados em sua forma e dimenses originais ou sofrendoapenas triturao mecnica e classificao atravs de instalaes de britagem.

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    Agregados artificiais so aqueles em que os gros so produtos ousubprodutos de processo industrial por transformao fsica e qumica domaterial. Ex: argila expandida, escrias de auto forno, vermiculita, esferas deao, limalhas, prolas ou flocos de isopor, etc.

    x Quanto ao tamanho individual dos gros Agregado grado o material retido na peneira n 10 2,0mm. Ex: britas,

    cascalho, seixo, etc. Agregado mido areia de origem natural ou resultante do britamento de

    rochas estveis, ou a mistura de ambos, cujos gros passam pela peneira ABNT, n 10 e fica retido na peneira n 200 0,075mm.

    Agregado de enchimento ou material pulverulento filler o que passapelo menos 65% pela peneira n 200. Ex: cal, cimento portland, p de chamin,etc.

    x Quanto distribuio ou graduao dos gros Agregado de graduao densa aquele que apresenta uma curva

    granulomtrica de material bem granulado e contnua, com quantidade dematerial fino suficiente para preencher os vazios entre as partculas maiores.

    Agregado de graduao aberta aquela que apresenta uma curvagranulomtrica de material bem graduado e continua, com insuficincia dematerial fino para preencher os vazios entre as partculas maiores.

    Agregado tipo macadame aquele que possui partculas de um nicotamanho, o chamado one size agregate. Trata-se, portanto, de um agregado degranulometria uniforme onde o dimetro mximo aproximadamente o dobro dodimetro mnimo.

    2.10.2.Morfologia das partculas

    A forma das partculas de um agregado um dado importante tendo emvista que formas indesejveis (lamelares ou alongadas) podem ser a causa decertas anomalias, como a variao do teor de aglomerante necessrio em umamesma mistura. A forma ideal das partculas a cbica, que conduz a um maior entrosamento entre as mesmas (e, conseqentemente, a maior resistncia aocisalhamento) e a uma menor rea especfica.

    O ndice de forma das partculas de um agregado avaliado pelapercentagem de partculas lamelares ou alongadas presentes; a presena departculas arredondadas determinada atravs do nmero de angularidade.

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    Segundo Sousa (1980), o RRL (Road Research Laboratory) da Inglaterradefine partculas lamelares como aquelas que tm uma dimenso mnima inferior a 0.6 vezes a dimenso mdia e partculas alongadas, como as que tm adimenso mxima superior a 1.8 vezes a dimenso mdia. Dimenso mdia a

    mdia das aberturas de duas peneiras da srie normal, em que o agregadopassa e retido, respectivamente.

    Para a determinao da percentagem de lamelares, por exemplo, nafrao compreendida entre 1 e , toma-se uma amostra compreendida entreestas duas peneiras e um gabarito com uma fenda de dimenses 0,6 x[(1+3/4)/2], sendo consideradas lamelares as partculas que passarem nafenda: a percentagem de lamelares dada pela relao entre o peso daspartculas lamelares e o peso de amostra total.

    Para a determinao da percentagem de alongados, toma-se a mesmaamostra e um gabarito com dois pinos distanciados de 1.8 x [(1+3/4)/2], sendoconsideradas alongadas as partculas que, segundo sua maior dimenso, nopassarem entre os dois pinos; a percentagem de alongados dada pela relaoentre o peso das partculas alongadas e o peso de amostra total.

    O limite permissvel para a percentagem de lamelares varia entre 35% e40%, dependendo do tamanho mdio da frao considerada. O ensaio s exeqvel com partculas acima de .

    2.10.3.Grau de Porosidade

    As partculas de um agregado apresentam vazios ou poros de duasnaturezas: poros ou vazios permeveis ou impermeveis.

    Segundo DNER (1996), por definio, os vazios permeveis sopreenchidos por gua, determinada em funo da diferena de pesos,expressos em percentagem, observados em uma amostra que, inicialmente imersa em gua durante 24 horas e depois seca em estufa a 100-110, at aconstncia de peso.

    Para determinao do ndice de inchamento de agregado mido, a ABNTpossui a norma 6467.

    O teor de umidade de absoro dos agregados midos pode chegar a 2%,enquanto nos agregados grados no ultrapassa, geralmente, a 0,2%.

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    2.11.Utilizao de produtos reciclados de PET na construo civil

    Segundo Pacheco (2000), a UFRJ atravs do IMA (Instituto deMacromolculas), desenvolveu um material denominado madeira plstica, obtida

    a partir do lixo plstico urbano da cidade do Rio de Janeiro. O produto foiregistrado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) com o nome de

    IMAWOOD , que consiste basicamente de mistura de LDPE/HDPE (polietilenode baixa densidade e de alta densidade) na proporo 3:1.

    Este produto pode substituir diversos materiais, principalmente a madeiranatural, com inmeras vantagens, j que pode ser serrado, aparafusado,pregado e aplainado. Este material pode ser tambm modificado em suascaractersticas fsico-mecnicas pela adio de cargas, lubrificantes,

    estabilizantes, modificadores de impacto, corantes, pigmentos, biocidas e outrosaditivos.

    Outro tipo de material desenvolvido nos Laboratrios do Centro Federal deTecnologia do Paran/CEFET-PR so os blocos intertravados ISOPET,confeccionados em concreto leve com EPS (isopor) reciclado e produzido apartir de garrafas plsticas recicladas. Estes blocos apresentam encaixes lateraisno sistema macho e fmea propiciando seu intertravamento; desta forma, no necessrio a utilizao de argamassa, exceto na primeira fiada. Os blocospossuem canaletas que substituem as formas na moldagem de vergas, contra-vergas e cintas de amarrao. Por possuir uma superfcie porosa, possveleliminar o chapisco, o emboo e o reboco da parede aplicando apenas umaargamassa colante de finalizao.

    Segundo Aguiar(2004), estes blocos apresentam grandes vantagens naexecuo de um projeto construtivo, pela sua leveza, facilitando o manuseio doselementos, pelo baixo custo final da construo, melhorias no aspecto termo-acstico, e, sobretudo, pr ser um bloco ecolgico, que utiliza na suacomposio materiais reciclveis e no reciclveis, trazendo desta formabenefcios no s construo civil, mas tambm ao meio ambiente.

    Barth (2003) desenvolveu no Laboratrio de Sistemas Construtivos daUniversidade Federal de Santa Catarina, uma proposta onde as garrafas PETsubstituem os tijolos das paredes e das vigas. Elas so incorporadas no interior de painis modulares que so utilizados para construir uma casa pr-fabricada.

    Em um molde de madeira, o painel construdo da seguinte forma:inicialmente se preenche o fundo com uma camada de concreto, de 2 cm deespessura. Em seguida, so colocadas as garrafas plsticas, que tiveram a parte

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    superior cortada e foram encaixadas umas nas outras. Na lateral, encaixadauma armadura de ferro que d resistncia ao bloco. Para completar, o painel preenchido com mais concreto.

    Estudos mais detalhados devem ser realizados de modo a garantir a

    resistncia mecnica no s do bloco, mas tambm do painel, para avaliar suaresistncia aos esforos mecnicos que ocorrero aps a instalao dacobertura.

    Entre as propostas apresentadas no Congresso Brasileiro de Cincia eTecnologia em Resduos e Desenvolvimento Sustentvel (2004), Guimares &Tubino (2004), prope que os rejeitos de garrafas PET, pneu e casca de arrozsejam reutilizados como adio em argamassa de enchimento de painis tiposanduche para paredes externas de casa de madeira, visando obter melhor desempenho trmico. Com este estudo verificou-se uma reduo detemperatura, entre as interfaces internas e externas do sanduche, muitoprximas de setenta por cento.

    Soncim et al. (2004), prope que o resduo da reciclagem de PET sejausado como material alternativo na construo de reforo de subleitos derodovias.

    Estudo do acrscimo de 30% em peso deste resduo, em solo consideradoimprprio para uso em subleitos de rodovias, aumentando sua classificao parabom, de acordo com o HRB, instituto que regulamenta e classifica caractersticasde solos recomendados para obras rodovirias.

    Almeida et al. (2004), prope a utilizao de um resduo conhecido comoareia de PET, que devido a sua granulometria (2,4 mm), ainda no tem um fimespecfico a no ser o aterro, em substituio areia convencional, para preparode concretos convencionais, observando-se a trabalhabilidade, a densidade e aresistncia compresso. Utilizou-se porcentagens de substituio em volume,

    para 0, 25, 50, 75 e 100%, na confeco de concretos testados para 3, 7, 14 e28 dias.

    A trabalhabilidade foi diretamente influenciada pelo aumento do teor deareia de PET na mistura, chegando a valores nulos de abatimento para 100% desubstituio. Os concretos apresentaram queda na resistncia a compresso medida que se aumentava o teor de areia de PET, para todas as idadesestudadas. Com relao influncia da deteriorao da areia de PET no foidetectado quaisquer perdas de resistncia para idades de ruptura de 150 dias. O

    resultado do estudo recomenda o uso deste material para valores abaixo de50%.

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    Consoli et al. (2000) realizou estudo sobre o comportamento mecnico deuma areia cimentada reforada com resduos plsticos, avaliando os efeitos daincluso de fibras de polietileno tereftalato distribudas aleatoriamente, no reforode solos artificialmente cimentados, formando um compsito solo-cimento-fibra.

    Foram avaliados o efeito da porcentagem de fibras, do comprimento dafibra, da porcentagem de cimento e da tenso confinante sobre as propriedadesconfinantes do compsito.

    Desta forma, conclui-se que a incluso das fibras de PET aumenta aresistncia de pico e a resistncia ltima da matriz cimentada e no cimentada,diminui o carter frgil da matriz cimentada e parece no alterar a rigidez doscompsitos estudados.

    Goulart (2000) props, em estudo realizado no Departamento de Cinciasdos Materiais e Metalurgia da PUC-Rio, a substituio do agregado midonatural (areia lavada) por flocos de plsticos diversos, para produo deartefatos de concreto pr-moldados, principalmente placas para piso.

    Segundos os ensaios mecnicos realizados, verificou-se perda gradual emfuno ao acrscimo de agregado plstico inserido na mistura onde para umasubstituio de 30% ocorreu uma reduo na resistncia a compresso de 25%e para misturas com 50% de substituio estes valores passaram a 45%.

    Desta forma observa-se que a substituio da areia por agregado plsticona produo de artefatos pr-moldados, no estruturais torna-se possvel.

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    3 Objetivo e Relevncia do Trabalho

    A necessidade de um reaproveitamento de resduos, principalmente asembalagens ps consumo de PET, cada vez mais freqentes na composio dolixo urbano e descartadas indevidamente no meio ambiente, causando danos aestrutura de saneamento urbano, somando ao impacto ambiental causado pelaextrao de areia, principalmente nos rios, e o desenvolvimento de alternativasque venham a substituir este material na indstria da construo civil, setor que

    mais consome estes recurso natural, constituram-se na fora motriz quemotivam as pesquisas realizadas.Este trabalho teve por objetivo, portanto, a avaliao comparativa do

    desempenho de argamassas confeccionadas com os agregados naturais e comrazes de substituio gradual, por flocos de PET, originados do processamentode granulao de embalagens ps-consumo, quando submetidos a esforosmecnicos.

    Estes testes visaram essencialmente a avaliao destas argamassas na

    produo de artefatos de concretos pr-moldados, e na confeco de mobiliriosurbanos, buscando ampliar as opes de produtos reciclados e contribuir significativamente para o desenvolvimento desta indstria voltada aodesenvolvimento sustentvel.

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    4 Desenvolvimento Experimental

    4.1.Materiais

    x CimentoO cimento utilizado na fabricao dos Cps (Corpos de Prova) para os

    ensaios de compresso, foi o CPII 32F (Cimento Portland Composto com adiode Filler).

    A Pasta tem como funo:a) Envolver os agregados, enchendo os vazios formados e proporcionando

    ao concreto possibilidades de manuseio, quando recm-misturados.b) Aglutinar os agregados no concreto endurecido, dando ao conjunto certa

    impermeabilidade, resistncia aos esforos mecnicos e durabilidade frente aosagentes agressivos.

    x Areia

    A areia utilizada nos ensaios foi classificada como areia mdia, peneiradapara uma granulometria mxima de 1.41mm.

    x PET, Polietileno Tereftalato

    Os ensaios foram realizados utilizando flocos de PET, passantes pelapeneira de # 1,41mm e # 2 mm.

    A massa especfica do PET, considerada neste trabalho, foi de 425 kg/m3

    .

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    4.2.Equipamentos:

    x Na realizao da operao de granulao do PET foi utilizado oequipamento de fragmentao, modelo RA 3310, da Rone Indstria e

    Comrcio de Mquinas LTDA. Suas dimenses esto apresentadas na Figura 8e o sistema de facas conforme a Figura 9. O equipamento tem motor compotncia de 10HP, boca de alimentao com dimenses de 310mmx200mm epeso aproximado de 350 kg. Sua produo mxima de 200 kg/h, tendo sidousadas duas peneiras, de # 8 e 5 mm.

    Figura 8- Moinho - Linha R: Desenho Dimensional, C = 1000, L = 850, H = 1300 em mm.

    Figura 9 Sistema de facas, sendo duas fixas e trs rotativas.

    Figura 10 - Forma das peneiras

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    x Na separao granulomtrica do material granulado, utilizou-seposteriormente, peneiras de ao com malha de 2.36, 1.41, 1.00, 0.71, 0.50 e0.07 mm

    x Balana de preciso, para pesagem dos materiais.x Frmas cilndricas de ao nas dimenses de 5cm de dimetro por

    10cm de altura, para moldagem dos corpos de prova utilizados nos ensaios deresistncia mecnica.

    x Recipiente para amassamento manual, do material composto daargamassa

    x Soquete, utilizado na compactao do material no corpo de prova.x Esptula, utilizada no amassamento da argamassa.x Prensa Hidrulica para o ensaio de resistncia a compresso normal,

    capacidade de carga de 0 a 24000 kgf, com subdivises de 40 kgf, ilustrado naFigura 11.

    Figura 11- Prensa Hidrulica

    4.3.Mtodos

    4.3.1.Coleta do material

    A aquisio do material foi realizada atravs de coleta seletiva, sendoutilizadas garrafas de 2 L de refrigerante e 1,5 L de gua mineral, noimportando a separao por cor. As garrafas foram lavadas para a limpeza deresduos e secadas para evitar danos as facas do moinho. O rtulo, tampa e anel

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    de lacre foram retirados, devido a estes serem de plsticos diferentes do PET,podendo desta forma, contaminar o material.

    4.3.2.Granulao

    Aps estes procedimentos iniciou-se o processo de reduo de tamanhoque executado atravs de duas etapas de granulao com fragmentador defacas, uma com peneira malha 8 mm e a outra com malha 5 mm.

    A principal idia para o funcionamento do fragmentador a de passar omaterial que vai ser modo atravs de uma pequena rea feita de materiais maisduros que ele. Esta passagem forada provoca seu fracionamento.

    No caso do fragmentador utilizado neste trabalho, isto obtido atravs da

    passagem do material entre duas facas fixas e trs rotativas, de um ao especialtemperado que se deslocam com uma velocidade capaz de produzir ofracionamento do material, obtendo os flocos de PET demonstrados na Figura12.

    Figura 12 - Flocos de PET

    Atravs da existncia de uma peneira que no permite a passagem de

    materiais com granulometria maior que o dimensionamento dos seus furos,fazendo com que todo material que no tem a medida necessria para passar por eles, volte para a posio de fragmentao, possvel obter um materialcom granulometria adequada e constante.

    4.3.3.Caracterizao tecnolgica dos agregados midos de PET

    Aps a retirada do material do fragmentador, j em flocos, o mesmo foipeneirado a fim de se conhecer a faixa granulomtrica presente, para isso

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    utilizou-se uma bateria de peneiras com as seguintes malhas: # 2.36;#1.41,#1.00,#0.71, #0.50 e #0.074mm.

    4.3.4.Ensaio de Compresso

    Foram moldados corpos de prova, CP, conforme recomenda a NBR 5738,

    de seco cilndrica com 5 cm e altura de 10 cm, obedecendo a proporo de1:2, recomendada.

    Estes CPs foram preenchidos com argamassa com trao base de 1:4 e A/C (coeficiente gua cimento) =1, onde substituiu-se o agregado mido, areia,por areia de PET, gradativamente seguindo o planejamento conforme demonstraa tabela a seguir:

    Tabela 3 Traos para execuo de argamassa 1:4

    TRAO CIMENTO AREIA PET GUA

    T1 0% 100 400 0 100T2 10% 100 360 40 100T3 30% 100 280 120 100T4 50% 100 200 200 100T5 70% 100 120 280 100

    Os Cps foram submetidos a ensaios destrutivos de resistncia mecnicanas idades de 3, 7, 14 e 28 dias onde a cura se completou.

    Os ensaios mecnicos realizados foram de resistncia compresso,sendo tambm calculado o mdulo de deformao.

    As misturas foram realizadas na proporo de 1:4, proporo mais comumna confeco de argamassas de concreto, utilizado pela empresa fabricante deelementos pr-moldados em concreto Pec Maq.

    Foram realizados dois ensaios de compresso, sendo um utilizando aquantificao dos elementos em peso e outro em volume.

    Esta variao foi realizada para se avaliar os resultados desta diferena dametodologia devido a massa especfica aparente do PET ser bem menor que ada areia fazendo com que a proporo em peso, faa com que o volume de PETseja maior na mistura.

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    4.3.5.Corpos de Prova

    A produo do compsito obedeceu a seqncia de adicionar a areia e osflocos de PET em propores de substitu