residuos e tratamento

Upload: pamodi-live

Post on 09-Jul-2015

184 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE DE COIMBRA

FACULDADE DE CINCIAS E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

TRATAMENTO DE RESDUOS SLIDOS

MRIO AUGUSTO TAVARES RUSSO 2003

NDICE GERAL1. INTRODUO 1.1 EVOLUO DA GESTO DOS RESDUOS SLIDOS 1.2 GESTO INTEGRADA DE RESDUOS 1.2.1 Adopo de sistemas integrados 1.2.2 Reduo e reutilizao de resduos 1.2.3 Reduo na fonte 1.2.4 Reciclagem 1.2.5 Modernas tendncias de gesto dos resduos 1.2.6 Gesto dos resduos industriais 1.2.71.2.6.1 1.2.6.2 1.2.7.1 1.2.7.2 1.2.7.3

7 7 9 10 10 10 11 12 13 1414 14 15

Outras formas de tratamento dos resduos

Bolsa de Resduos Incentivos oficiais ao estabelecimento das parcerias Compostagem Incinerao Aterros sanitrios energticos e de rejeitos

13 14

1.2.8 1.2.9 2.

Programas de participao comunitria Programas de Educao Ambiental

16 17 19 19 19 20 20 20 20 20 20 21 21 21 21 21 21 21 24 24 25 25 25 25 26 27 27 28 28 282

LEGISLAO 2.1 RESDUOS GERAL 2.1.1 Nacional 2.1.2 Comunitria

. RESOLUO 90/C 122/02, DO CONSELHO, DE 07 DE MAIO. . DIRECTIVA 91/156/CEE, DO CONSELHO, DE 18 DE MARO. . DIRECTIVA 91/689/CEE, DO CONSELHO, DE 12 DE DEZEMBRO. . DIRECTIVA 94/31/CEE, DO CONSELHO, DE 27 DE JUNHO. . DECISO 96/350/CE, DA COMISSO, DE 24 DE MAIO. . RESOLUO 97/C 76/01, DO CONSELHO, DE 24 DE FEVEREIRO. . DECISO 2000/532/CE, DA COMISSO, DE 3 DE MAIO. . DECISO 2001/118/CE, DA COMISSO, DE 16 DE JANEIRO. . DECISO 2001/119/CE, DA COMISSO, DE 22 DE JANEIRO. . DECISO 2001/573/CE, DO CONSELHO, DE 23 DE JULHO. 2.2 2.2.1 2.3 2.3.1 2.4 2.4.1 2.5 2.5.1 2.5.2 2.6 2.6.1 2.6.2 2.7 2.7.1 RESDUOS URBANOS Nacional RESIDUOS INDUSTRIAIS Nacional RESDUOS HOSPITALARES Nacional INCINERAO / CO-INCINERAO Nacional Comunitria ATERROS Nacional Comunitria TRANSPORTE DE RESDUOS EM TERRITRIO NACIONAL NacionalTratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

2.8 2.8.1 2.8.2 2.9 2.9.1 2.9.2 2.10 2.10.1 2.10.2 2.11 2.11.1 2.11.2 2.12 2.12.1 2.13 2.13.1 2.13.2 2.14 2.14.1 2.15 2.15.1 2.15.2 2.16 2.16.1 2.16.2 2.17 2.17.1 2.17.2 2.18 2.18.1 2.19 2.19.1 2.19.2 2.19.3 2.19.4 2.19.5 2.19.6 2.19.7 2.19.8 3.

MOVIMENTO TRANSFRONTEIRIO DE RESDUOS Nacional Comunitria LAMAS / VALORIZAO AGRCOLA Nacional Comunitria LEOS USADOS Nacional Comunitria PCB Nacional Comunitria SUCATAS Nacional VECULOS EM FIM DE VIDA Nacional Comunitria PNEUS USADOS Nacional PILHAS E ACUMULADORES Nacional Comunitria MERCRIO Nacional Comunitria EMBALAGENS E RESDUOS DE EMBALAGENS Nacional Comunitria RESDUOS DE EQUIPAMENTOS ELCTRICOS E ELECTRNICOS Nacional LEGISLAO COMPLEMENTAR IMPACTE AMBIENTAL LICENA AMBIENTAL LICENCIAMENTO INDUSTRIAL LEGISLAO QUALIDADE DO AR AMIANTO SEVESO II TRANSPORTE PAPEL

28 28 29 29 29 30 30 30 30 31 31 31 31 31 32 32 32 32 32 32 32 33 33 33 34 34 34 35 35 35 36 36 36 36 37 39 40 40 41 42 42 4343 44 44

FONTES, COMPOSIO E PROPRIEDADES DOS RESDUOS SLIDOS 3.1 CLASSIFICAO DOS RESDUOS SLIDOS 3.1.1 Classificao segundo a origem3.1.1.1 3.1.1.2 3.1.1.3 3.1.2.1 3.1.2.2 3.1.2.3 Resduos Slidos Urbanos Resduos Slidos Industriais Resduos Slidos Hospitalares

3.1.2

Classificao segundo as caractersticasResduos Slidos Perigosos Resduos Slidos Inertes Resduos Slidos no Perigosos

4444 44 45

3.2 PROPRIEDADES FSICAS DOS RESDUOS SLIDOS (RS) 3.3 PROPRIEDADES QUMICAS 3.4 PRODUO DE RESDUOS SLIDOS 3.4.1 Situao em Portugal 3.4.2 Composio qualitativa dos resduos slidos 4. COMPOSTAGEM DE RESDUOS SLIDOS ORGNICOS 4.1 CONCEITOS EM COMPOSTAGEM 4.2 MECANISMOS DA DECOMPOSIO DA MATRIA ORGNICA 4.2.1 IntroduoTratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

45 47 47 48 49 52 52 53 533

4.2.2 4.3 4.3.1 4.3.2 4.3.3 4.3.4 4.3.5 4.3.6 4.4 4.5 4.5.1 4.5.2 4.5.3 4.6 4.6.1 4.6.2 4.6.3 4.7 4.7.1 4.7.2 4.7.3 4.7.4 4.7.5 4.7.6 4.8 4.8.1 4.9 5.

Decomposio da Celulose, Hemicelulose, Lenhina e Protenas FACTORES QUE AFECTAM O PROCESSO DA COMPOSTAGEM Arejamento da Massa em Compostagem Temperatura Teor de Humidade Relao C/N Granulometria do Material pH VANTAGENS E LIMITAES DA COMPOSTAGEM METAIS PESADOS Metais Pesados no Solo Efeitos dos Metais Pesados nas Plantas Limites de Metais Pesados em Compostos Orgnicos CLASSIFICAO DE SISTEMAS DE COMPOSTAGEM Sistemas no-Reactor Sistemas Reactor Sistemas de Compostagem Quanto Temperatura PR-TRATAMENTO Separao manual Separao por crivagem Separao magntica Separao pela Corrente de Eddy Separao por corrente de ar Separao Balstica CONDIES DE UTILIZAO DO COMPOSTO ORGNICO Aspectos Epidemiolgicos da Compostagem MTODOS ANALTICOS EM COMPOSTAGEMIntroduo Microrganismos Patognicos Associados Compostagem

54 55 55 55 57 57 58 58 60 62 62 62 63 64 65 68 71 72 72 73 73 73 73 74 75 75 78 81 81 81 83 83 85 86 87 87 88 88 89 89 90 90 90 90 91 91 91 92 92 96 98 98 98 98 994 75 77

4.8.1.1 4.8.1.2

SELECO DE LOCAIS PARA SISTEMAS DE TRATAMENTO DE RSU 5.1 5.1.1 5.2 5.2.1 5.2.2 5.2.3 5.2.4 5.2.5 5.2.6 5.3 5.3.1 5.3.2 5.3.3 5.3.4 5.3.5 5.3.6 5.3.7 5.3.8 5.3.9 5.3.10 5.4 5.5 INTRODUO Centro de Gravidade da rea de pesquisa CRITRIOS E RECOMENDAES PARA LOCALIZAO Metodologias de seleco Nveis de controlo Recomendaes da Direco Geral da Qualidade do Ambiente Recomendaes utilizadas nos Estados Unidos e da USEPA Organizao Mundial da Sade Outras recomendaes MATRIZ DE DECISO PARA ANLISE DE LOCAIS rea disponvel e vida til do aterro Topografia e litologia guas superficiais e subterrneas Cobertura vegetal Acesso ao local Ordenamento Patrimnio histrico e arqueolgico Valor ecolgico Custos globais de localizao Distncias mnimas de proteco PONDERAO DOS CRITRIOS MINIMIZAO DOS CUSTOS DE TRANSPORTE

6.

RECOLHA DE RSU E LIMPEZA URBANA 6.1 INTRODUO 6.2 RECOLHA SELECTIVA DE RSU 6.2.1 Ecocentros ou postos de entrega voluntria 6.2.2 Ecopontos

Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

6.2.3 6.2.4 7.

Campanhas de sensibilizao e informao Contentorizao

100 100 103 103 109 110 110 110 110 112 112 113 117 120 120 123 124 127 128 132 132 133 133 133 136 136 137 142 143 153 154 154 155 155 155 156 156 157 157 157 157 158 158 159 160 160 160 161 161 161 161 162 162 1625

PROJECTO DO ATERRO SANITRIO 7.1 BASES DE DIMENSIONAMENTO 7.2 PROJECTO DE UM ATERRO SANITRIO 7.2.1 Edifcio de explorao 7.2.2 Pavilho oficinal 7.2.3 Ptio para sucatas 7.2.4 Lava-rodas 7.2.5 Balana 7.2.6 Infraestruturas de servios e de apoio 7.2.7 Infraestruturas de proteco ambiental 7.2.8 Equipamento de operao

8.

METABOLISMOS EM ATERROS SANITRIOS 8.1 8.2 8.3 8.4 8.5 MECANISMOS DE PRODUO DO BIOGS VOLUME DE BIOGS PRODUZIDO NOS ATERROS SANITRIOS. PRODUO DE BIOGS AO LONGO DO TEMPO LIXIVIADOS BALANO HDRICO NO ATERRO SANITRIO

9.

GEOSSINTTICOS EM OBRAS DE AMBIENTE 9.1 INTRODUO 9.2 GENERALIDADES 9.2.1 Constituio e processos de fabrico 9.2.2 Funes e Propriedades 9.3 GEOSSINTTICOS EM ATERROS SANITRIOS 9.3.1 Introduo 9.3.2 Elementos Estruturais 9.3.3 Funes Desempenhadas pelos Geossintticos nos Aterros Sanitrios 9.3.4 Impactos Ambientais Decorrentes da Utilizao de Geossintticos em Aterros Sanitrios 9.3.5 Consideraes Finais

10.

ENCERRAMENTO E RECUPERAO DE ATERROS RECUPERAO DE LIXEIRAS ENCERRAMENTO DO ATERRO SANITRIO APS A EXPLORAO Coberto vegetal A forma do aterro Caractersticas do solo de suporte Espessura do material de cobertura Drenagem Irrigao Cuidados com a colocao do solo de suporte vegetal ESPCIES A ESCOLHER Espcies florestais Espcies herbceas ASSENTAMENTOS NOS ATERROS

10.1 10.2 10.2.1 10.2.2 10.2.3 10.2.4 10.2.5 10.2.6 10.2.7 10.3 10.3.1 10.3.2 10.4 11.

METODOLOGIA DE OPERAO DO ATERRO

11.1 INTRODUO 11.2 PLANO DE OPERAES DIRIAS 11.2.1 Horrio de operao 11.2.2 Medies, descargas e pagamentos 11.2.3 Cargas avulsas 11.2.4 Lavagem dos rodados 11.2.5 Admissibilidade 11.2.6 Sinalizao 11.2.7 Manuseamento e compactao dos resduosTratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

11.2.8 11.3 11.4 11.5 11.6 12. 12.1 12.2 12.3 12.3.1 12.3.2 12.3.3 12.4 12.5 12.5.1 12.5.2 12.6

Medidas de emergncia EQUIPAMENTO PESSOAL MANUTENO DA ETRSU TCNICAS DE DEPOSIO INTRODUO PRINCPIO GERAL AMOSTRAGEM Resduos Urbanos Caractersticas do eluato. Valores atribudos MTODOS ANALTICOS PROCESSOS DE CONTROLO: CRITRIOS DE COMPATIBILIDADE Controlo dos lixiviados - Condies prvias Resduos admissveis e no admissveisNo devem ser depositados conjuntamente os seguintes resduos: Os resduos a seguir designados podem ser depositados conjuntamente,

164 164 167 168 170 175 175 175 175 176 176 177 178 178 178 179179 180

ADMISSO DE RESDUOS A ATERRO E MONITORIZAO

PROCESSOS DE CONTROLO NAS FASES DE EXPLORAO E DE MANUTENO APS ENCERRAMENTO 181 12.6.1 Programa de medies 18112.6.1.1 12.6.1.2 12.6.1.3 Dados meteorolgicos Dados sobre emisses: controlo das guas. Lixiviados e gases. Proteco das guas subterrneas

12.5.2.1 12.5.2.2

12.6.2 12.6.3 13.

Balano hdrico Topografia da instalao: dados sobre o aterro

183 184 185

181 182 182

METODOLOGIA DE CARACTERIZAO DE RESDUOS SLIDOS

13.1 INTRODUO 13.2 METODOLOGIA DE CARACTERIZAO DE RESDUOS 13.2.1 Recursos necessrios 13.2.2 Preparao da campanha 13.3 PROCEDIMENTOS 13.3.1 Obteno das amostras 13.3.2 Anlise das amostras de resduos 13.3.3 Resultados da anlise13.3.3.1 13.3.3.2 Peso especfico Anlise quantitativa fsica

185 185 186 187 188 189 189 191191 192

13.4

RESULTADOS DA CAMPANHA

193

6 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

CAPTULO 1

1. INTRODUOO presente trabalho constitui um texto de apoio aos alunos da disciplina de Tratamento de Resduo Slidos. Trata-se, ainda, de um rascunho que se pretende melhorar e complementar para cobrir integralmente o programa da disciplina. Entretanto, todas as contribuies sero bem-vindas. Resduos slidos so todos os materiais que no fazendo falta ao seu detentor, este se queira desfazer. Compreende resduos resultantes da actividade humana e animal, normalmente slidos, sem utilizao ou indesejveis pelo seu detentor, no entanto com capacidades de valorizao. No mbito dos resduos slidos gerados pela sociedade nos nossos dias, cabe aos resduos slidos urbanos a maior e mais volumosa fatia desses desperdcios, motivo porque tem vindo a constituir um factor de crescente preocupao. Tem-se assistido a uma verdadeira exploso na produo de resduos derivada do aumento do consumo pblico e, ao mesmo ritmo, um decrscimo do peso especfico dos resduos. No muito distante, o peso especfico dos resduos slidos domsticos era de 300 a 400 Kg/ m3, enquanto hoje ronda os 250 Kg/m3. Portugal encetou uma revoluo no domnio dos RSU com a implementao de 30 sistemas de resduos slidos ( 16 municipais e 14 multimunicipais EGF) e encerrando as 341 lixeiras inventariadas, cobrindo integralmente o pas com adequado tratamento dos resduos produzidos. Cumpriu-se assim, embora com um pequeno atraso o estipulado no Plano Estratgico dos RSU (PERSU), em boa hora elaborado sob a coordenao do Prof. Lobato de Faria para o Ministrio do Ambiente. Os sistemas de tratamento de RSU, municipais e multimunicipais, assentam em modernas estruturas de recepo, enfardamento e compactao de resduos para posterior deposio em alvolos do respectivo aterros sanitrio, drenando e tratando-se os lixiviados produzidos. Depois desta fase importante do plano estar concluda deve seguir-se a avaliao das solues, pois h que responder a perguntas do tipo: o enfardamento vantajoso? Os tratamentos de lixiviados preconizados so adequados? A drenagem de biogs eficiente? Entre outras. De qualquer maneira, h a registar a franca melhoria de todo o panorama do sector, que h meia dzia de anos era terceiro-mundista. Com as duas novas unidades de incinerao com aproveitamento energtico, em Lisboa (Valorsul) e Porto (Lipor II), que so responsveis pelo tratamento de 22 % dos RSU nacionais. A compostagem realizada em 5 unidades, tratando cerca de 19%, dados de 2001, os aterros sanitrios com 56% % e cerca de 2.5% de reciclagem de materiais.

1.1 EVOLUO DA GESTO DOS RESDUOS SLIDOSOs problemas causados pelos resduos slidos so to velhos quanto a humanidade, apesar de nos primrdio no haver grandes problemas a resolver porque o homem era nmada, havia muito espao e o nmero escasso. Entretanto comearam a sedentarizar-se, formando as tribos, vilas e cidades e precisamente esta caracterstica j milenar gregria do homem, que traz consigo problemas de ordem ambiental, pois no havendo conhecimentos e, por conseguinte, hbitos de higiene, os rios e lagos so poludos com esgotos e resduos. No sculo XIV metade da populao da Europa foi dizimada pela peste bubnica ou peste Negra, causada pela pulga dos ratos que proliferavam nos aglomerados populacionais, devido ao hbito7 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

dos habitantes deitarem o lixo para as ruas e ruelas, terrenos vagos, etc., sem se preocuparem com esse facto. Nestas condies de abundncia de comida, os ratos constituram-se num vector contaminante de populaes inteiras. A relao directa entre sade pblica e o imprprio manejamento de resduos evidente e s no fim do sculo XIX se inicia uma identificao e sistematizao da gesto dos resduos slidos em Inglaterra devido s ms condies de salubridade que se viviam, com a aplicao de uma lei em 1888 que proibia deitar-se lixos em rios, diques e guas. Em 1906 B. Parsons afirmava, no livro The Disposal of Municipal Refuse - talvez o primeiro livro cujo contedo versava apenas as questes dos resduos slidos ...descrever as caractersticas das diferentes classes de resduos e prestar ateno ao facto de que se um mtodo uniforme de nomenclatura e registo das quantidades de resduos manejadas poder ser mantido pelas vrias cidades, ento os dados obtidos e a informao assim conseguida, poder constituir um avano na deposio sanitria dos lixos. Tal uniformidade no poder constituir uma fonte de despesas nas cidades, porm comparaes directas e concluses correctas podero ser extradas para benefcios de outras. A gerao de resduos comea com a minerao, para se obter a matria prima bruta, e em todos os passos da transformao desta matria prima at ser transformada em bens de consumo, continuam a ser produzidos resduos. Aparentemente poderia ser simples o equacionamento dos resduos slidos, com a diminuio da utilizao desta matria prima, por um lado, e por outro, o aumento da taxa de recuperao/reciclagem de produtos dos resduos (Figura 1). No entanto, tais medidas seria dificilmente aplicadas na nossa sociedade. Deste modo a moderna sociedade tem que procurar novas formas de gerir os resduos que procura, bem como ter que procurar por locais para os depositar. Ao contrrio dos lquidos e dos gases, que se diluem no meio receptor, os slidos permanecero no local onde forem depositados, mesmo que venham a sofrer transformaes fsicas e bioqumicas, como veremos mais tarde.

MATRIA PRIMA BRUTA

MANUFACTURAO

PROCESSAMENTO RECUPERAO

SEGUNDA MANUFACTURAO

CONSUMIDOR

DESTINO FINAL materiais presentes nos residuos materia prima, produtos e materiais reciclados

Figura 1 - Diagrama do fluxo de gerao dos resduos slidos

A Gesto de resduos slidos pode ser definida como um disciplina associada ao controlo, produo, armazenamento, recolha, transferncia e transporte, processamento, tratamento e destino final dos resduos slidos, de acordo com os melhores princpios de preservao da sade pblica, economia, engenharia, conservao dos recursos, esttica e outros princpios ambientais. Deste modo, a gesto de resduos envolve uma inter-relao entre aspectos administrativos, financeiros, legais, de planeamento e de engenharia, cujas solues so interdisciplinares, envolvendo cincias e tecnologias provenientes da8 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

engenharia, economia, sociologia, geografia, planeamento regional, sade pblica, demografia, comunicaes e conservao. Modernamente entende-se que a gesto dos resduos slidos passa por diversos pilares estruturantes que constituem uma poltica integrada, de que se destacam: adopo de sistemas integrados, baseada na reduo na fonte, na reutilizao de resduos, na reciclagem, na transformao dos resduos (que inclui a incinerao energtica e a compostagem) e a deposio em aterros (energticos e de rejeitos).

1.2 GESTO INTEGRADA DE RESDUOSA crescente urbanizao e industrializao das sociedades modernas tem originado uma produo exponencial de resduos slidos, problema que urge encarar com frontalidade no sentido de se encontrarem as melhores solues tcnicas para o minimizar. No passado, o problema dos resduos era uma questo de menor importncia, no s pela pequena produo basicamente orgnica, cujos desperdcios eram reciclados localmente, ao nvel domstico. A situao actual caracterizada pela crescente produo de resduos slidos, salientando-se a grande diminuio do seu peso especfico originando um evidente aumento do volume a tratar. Na ltima dcada houve uma duplicao da produo de resduos por habitante, em termos de peso, e quase o qudruplo em termos de volume. A gesto dos resduos slidos em Portugal, tem vindo a ser encarada progressivamente como um factor de preservao ambiental que deve centrar as preocupaes polticas dos responsveis. caso para dizer que, finalmente os resduos slidos passaram a merecer a ateno merecida, deixando de ser o parente pobre do saneamento bsico. O resultado desta situao reflecte-se, j, nas estruturas em construo e em projecto. As condies institucionais e os fundos comunitrios permitem que todos os municpios possam resolver esta problemtica. Atendendo ao preceituado no captulo 21 da Agenda 21, aprovado na sesso plenria de 14 de Junho de 1992 da Conferncia das Naes Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento, tanto os pases mais industrializados como os pases em vias de desenvolvimento devem conferir maior prioridade investigao e desenvolvimento, transferncia tecnolgica, educao do pblico e investimento dos sectores pblico e privado numa adequada gesto dos problemas causados pelos resduos. precisamente no mbito desta abordagem que os modernos conceitos de gesto de resduos slidos, em muitos pases, incluindo Portugal, devero seguir uma estratgia cujos princpios so os da adopo de sistemas integrados: Reduo e Reutilizao de resduos; Reciclagem; Compostagem; Incinerao energtica; Aterro energtico;9 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

Aterro de rejeitos. Programas de Educao Ambiental Programas de Participao Comunitria.

1.2.1 Adopo de sistemas integradosConsiderando a heterogeneidade dos resduos slidos, a adopo de sistemas integrados no mais do que prescreverem-se solues diferenciadas para os resduos de acordo com as suas caractersticas. Assim, podem conviver num programa ou plano de gesto de resduos, solues de reciclagem, compostagem, incinerao, autoclavagem, tratamento fsico-qumico, aterros sanitrios e de rejeitos. De facto, no podemos impor solues nicas para resduos to diversos. A dimenso do sistema tambm pode levar a uma integrao de municipalidades em sistemas com o objectivo do equacionamento dos seus resduos, de forma a ter escala de explorao econmica.

1.2.2 Reduo e reutilizao de resduosA minimizao da produo de resduos uma tarefa gigantesca que pressupe a consciencializao dos agentes polticos e econmicos e das populaes em geral para que todos se sintam responsveis pela implementao de medidas tendentes reduo dos resduos. Ao nvel da Administrao Central indispensvel que se tomem as medidas legislativas necessrias a este objectivo, complementadas com incentivos fiscais para que as empresas se sintam encorajadas a mudar de atitude face a este problema. Na indstria, onde se gera uma produo de resduos equiparveis a urbanos que desaguam, quase sempre, nos sistemas municipais, a minimizao pode ser conseguida atravs de alteraes tecnolgicas e de formao do pessoal da produo e da manuteno, reduo que poder ser conseguida com um programa de minimizao da produo de resduos slidos, baseados em dois aspectos estratgicos: reduo na fonte e separao na fonte e reciclagem.

1.2.3 Reduo na fonteA reduo de resduos na fonte pressupe a diminuio ou a eliminao da produo de resduos nas fbricas, atravs de alteraes do processo industrial, que podem ser do seguinte tipo: Alteraes das matrias primas utilizadas; Melhoramentos tecnolgicos; Alteraes de procedimentos e prticas operacionais; Reduo das embalagens. As alteraes das matrias primas utilizadas nos processos de fabrico so devidas a substituies ou purificaes das matrias primas, quase sempre fruto de investigao com o objectivo de rentabilizao ou devido a medidas legislativas.10 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

As alteraes tecnolgicas devem levar ao melhoramento das performances da indstria. H, muitas vezes, maneiras diferentes de se produzir o mesmo produto com gerao de diferentes resduos e com periculosidade (ou perigosidade) diferentes. Este tipo de estratgia das mais importantes em programas de minimizao de resduos, e exige investimentos em investigao e em equipamentos. A reduo das embalagens outra das solues de minimizao da produo de resduos que deve ser posta em prtica, com a responsabilizao dos seus produtores em dar uma soluo adequada s mesmas.

1.2.4 ReciclagemDeve ser fomentada e incentivada ao mais alto nvel, pois muitos dos produtos residuais da actividade de certas indstrias, estabelecimentos comerciais e das residncias, podem ser reutilizadas, recuperados ou usados como matria prima para outras indstrias. Pode listar-se uma srie de vantagens decorrentes da reciclagem: Minimizao de resduos para deposio final; aumento da flexibilidade dos aterros sanitrios; melhoramento das condies de sade; reduo dos impactos ambientais; Economia de energia e de recursos naturais.

O melhoramento do mercado da reciclagem ou o seu aparecimento como forma econmica auto sustentada depende tambm de medidas governamentais, especialmente na fase de arranque, de que se salientam: incentivos fiscais s indstrias que utilizam material reciclado numa percentagem mnima a fixar para cada indstria; incentivos para a recolha selectiva; Incentivos para a criao de bolsas de resduos; incentivos a parcerias (indstria/ comrcio/consumidores); taxao de produtos de baixa vida til;

taxao extra na deposio de reciclveis em aterros sanitrios, onerando os seus detentores (privados ou pblicos). Ao nvel legislativo foi aprovada a Directiva Aterros 1999/31/CE de 26 de Abril, j convertida para a ordem jurdica interna atravs do Decreto-Lei n. 152/2002 de 23 de Maio relativa deposio de RSU em aterros que define metas temporais de admisso de resduos biodegradveis em aterros sanitrios, que implicam na reduo da deposio destes resduos e na consequente valorizao da fraco no admitida, nomeadamente atravs da compostagem e ou digesto anaerbia ou outra forma de valorizao:11 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

At ao ano 2006 uma reduo de 25% da fraco orgnica; At ao ano 2009 uma reduo de 50%; At ao ano 2016 uma reduo de 65%.

1.2.5 Modernas tendncias de gesto dos resduosA transposio da directiva comunitria 94/62/CE, sobre embalagens e resduos de embalagens, para o direito portugus, atravs do Dec.-Lei 322/95 de 28 de Novembro e da Portaria 313/96 de 29 Julho, um passo importante no sentido da sensibilizao dos agentes produtores no seu equacionamento e, ao mesmo tempo, uma forma de incentivar o mercado auto sustentvel da reciclagem. De facto, a valorizao dos resduos assume uma importncia estruturante na poltica definida pela Unio Europeia (UE) para a gesto dos resduos, em que a Proposta de Resoluo do Conselho (COM(96) 399 final, de 30/07/96) exemplo, e a referida Directiva (94/62/CE) o resultado, com vista a sua materializao, ao estabelecer para as embalagens e resduos de embalagens metas temporais a serem atingidas nos Estados Membros, como segue:

At ao dia 31 de Dezembro do ano 2001 devero ser valorizados pelo menos 25 % em peso do total de resduos de embalagens presentes nos RSU;

At ao dia 31 de Dezembro do ano de 2005 devero ser atingidos pelo menos 50% em peso, do total de resduos, sendo 25% por processos de reciclagem e obrigao de reciclagem de 15% de cada tipo de material.

A nvel nacional, o PERSU aponta para uma valorizao das embalagens e resduos de embalagens, de 58.5% at ao ano 2000 e 77% at ao ano 2005. Apesar disso, algumas questes devem ser ponderadas e avaliadas num quadro em que a implementao desta poltica no pode por em causa a qualidade e a conservao dos produtos embalados e as condies sanitrias, seja qual for a alterao que se possa fazer nas embalagens, designadamente o desenho/projecto inovador ou a espessuras dos materiais das embalagens.Com efeito, na reduo da quantidade de resduos de embalagens, as indstrias centram a sua actuao na reduo das espessuras e no melhor aproveitamento do material das embalagens

Quadro 1.1), melhoria dos processos de produo de embalagens, diminuio de material sobrante nos cortes, atravs de melhores processos produtivos, designadamente programas de optimizao e utilizao de equipamentos de comando numrico para o corte do material de embalagens.

12 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

Quadro 1.1 - Redues obtidas nas embalagens ao longo do tempo Embalagem Garrafas de plstico de bebidas Garrafas de vidro Latas metlicas p/ alimentos Potes de plstico dos iogurtes sacos de plstico Reduo 40% 50% 70% 50 % 50% Parmetro de reduo massa das garrafas massa das garrafas massa das latas massa dos potes espessura dos sacos tempo (ltimos anos) 12 30 25 15 20

No entanto, no se pode pensar que no hajam limitaes s redues descritas. Com efeito, h limites de ordem tcnica e at legal. No primeiro caso podem citar-se: a funcionalidade e adequabilidade s necessidades do consumidor; a necessidade de preservao do produto; limitaes tcnicas das linhas de enchimento do produto e viabilidade econmica. No segundo caso teremos as normas e regulamentos higio-sanitrios dos materiais utilizados em embalagens para alimentos; normas de segurana de transporte e armazenamento de mercadorias. Porm, importante que a investigao esteja de mos dadas com as polticas de reduo das embalagens e a sua reciclagem, atravs de inovaes do design e dos materiais e suas espessuras.

1.2.6 Gesto dos resduos industriaisA participao das indstrias nas polticas de resduos j uma realidade em alguns pases, quer por consciencializao dos empresrios, quer por fora da presso da opinio pblica cada vez mais atenta a estas questes do ambiente, quer por imperativos legais. A utilizao de estratgias de preservao ambiental tem mesmo sido utilizada como rtulo de marketing de determinadas empresas para ganharem fatias de mercado nos pases cuja legislao ambiental muito apertada e exigente. A reutilizao de produtos descartados pela sociedade joga um papel importante na poltica de resduos da Unio Europeia. Aqui as indstrias tem uma palavra a dizer quanto adequao para a separao dos resduos produzidos para que seja mais simples e fcil o reaproveitamento como matria prima secundria para outras indstrias. Abriria um parntesis para contar um pequeno caso em que o administrador de um aterro sanitrio defrontavam-se com o problema da deposio de enormes volumes das sobras de material sinttico de solas de sapatos de uma conhecida marca de tnis. Resolveu inquirir os industriais a recepcionarem e aproveitar o material, porm sem xito. Por acreditar que havia potencialidades para a sua utilizao, comeou a produzir, em escala piloto industrial, sofs e outros objectos de enchimento, mostrando-os depois aos industriais da regio. Estes acreditaram finalmente nas potencialidades do negcio e assim se deu o encaminhamento daqueles resduos para indstrias de enchimentos e estofamentos.

1.2.6.1 Bolsa de Resduos precisamente nas potencialidades que representam os resduos de certas industrias para outras, que se perspectiva a criao de bolsas de resduos. Os resduos de uns podem ser matria prima para outros, ou descobrir-se novas oportunidades de negcio. A primeira providncia saber-se quem produz o qu, que quantidades e com que caractersticas. Estes dados devidamente sistematizados numa base de dados que alimenta um Sistema de Informao Geogrfica (SIG) permite um conjunto de operaes sobre a base cartogrfica.13 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

Este sistema permitir identificar e estabelecer parcerias entre industriais, bem como estudar provveis potencialidades de produo de novos bens com resduos ou valoriz-los. Por um lado o produtor teria menor custo no desembaraamento adequado dos seus resduos e por outro lado, o receptor teria matria prima mais barata. Este sistema pode estar disponvel em rede (internet, por exemplo) e em suporte informtico (CD) para os interessados, com capacidade de actualizao. Os dados podem ser obtidos por inqurito atravs de mailling aos industriais, precedido de informao detalhada dos objectivos da "bolsa de resduos". Esta iniciativa deve ser patrocinada por associaes de industriais, os mais interessados nesta soluo. O formato do inqurito pode ser diverso, mas no mnimo deve conter alm dos campos: nome da empresa, localizao, contactos, produtos e bens produzidos, resduos, quantidades, forma de deposio, transportador, deve fazer-se a georeferenciao.

1.2.6.2 Incentivos oficiais ao estabelecimento das parceriasO estabelecimento de parcerias no uma tarefa fcil, pois exige uma mudana de atitude das indstrias, nem sempre simples de vido aos custos internos que tero de ser suportados com alteraes de cariz industrial. desejvel um incentivo constituio das parcerias, que poder ser uma iniciativa do governo ou a constatao dos benefcios que os produtores e os receptores dos resduos tero com a adeso, se a fiscalizao do cumprimento da lei for efectiva, penalizando os produtores de resduos que no tenham um sistema de desembaraamento dos resduos adequado.

1.2.7 Outras formas de tratamento dos resduos1.2.7.1 CompostagemA compostagem um processo de reciclagem da matria orgnica presente nos resduos slidos urbanos em quantidades maioritrias em relao aos restantes componentes (cerca de 50%). Trata-se de um processo aerbio controlado, em que diversos microrganismos so responsveis, numa primeira fase, por transformaes bioqumicas na massa de resduos e humificao, numa segunda fase. As reaces bioqumicas de degradao da matria orgnica processam-se em ambiente predominantemente termoflico, tambm chamada de fase de maturao, que dura cerca de 25 a 30 dias. A fase de humificao em leiras de compostagem, processa-se entre 30 e 60 dias, dependendo da temperatura, humidade, composio da matria orgnica (concentrao de nutrientes) e condies de arejamento. um processo eficaz de reciclagem da fraco putrescvel dos resduos slidos urbanos, com vantagens econmicas, pela produo do composto, aplicvel na agricultura (no est sujeito a lixiviao, ao contrrio dos adubos qumicos), ptimo para a conteno de encostas e para o combate da eroso, etc. Quando includo numa soluo integrada tem a vantagem de reduzir ou mesmo eliminar a produo de lixiviados e de biogs nos aterros sanitrios, o que torna a explorao mais econmica.

1.2.7.2 Incinerao outra das tecnologias utilizadas para tratamento dos resduos slidos, tanto urbanos como industriais, utilizada em especial nos pases nrdicos, devido necessidade de diversificao das fontes energticas para aquecimento, densidade populacional elevada e devido falta de terrenos apropriados para outras solues (caso da Holanda em que mais de 45% do solo foi conquistado ao mar). Para o tratamento dos resduos hospitalares perigosos para a sade e certos resduos industriais perigosos , porventura um dos mtodos mais seguros (registam-se experincias com autoclavagem e14 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

micro-ondas muito interessantes que podero vir a alterar o panorama dos tratamentos deste tipo de resduos hospitalares). A incinerao tem vantagens na reduo dos volumes a depositar em aterros, que pode chegar a 90 %, na eliminao de resduos patognicos e txicos e na produo de energia sob a forma de electricidade ou de vapor de gua. As incineradoras como meio de tratamento de toda a massa de resduos slidos produzidos, tm vindo a ser objecto de reavaliao em alguns destes pases e mesmo algumas unidades tm vindo a ser encerradas devido aos seus elevados custos financeiros e ambientais. Este tipo de tratamento tem sido limitado ao estritamente necessrio, devido aos seus mltiplos inconvenientes, de que se destacam: os elevados custos de investimento e de manuteno e a emisso de substncias perigosas como dioxinas, furanos, gases de mercrio e cidos, bem como elevado teor em metais pesados nas cinzas produzidas pela combusto do processo. Os efeitos perniciosos para o ambiente e para as pessoas em particular, ao longo do tempo, no so ainda bem conhecidos.

Figura 2 - Vista de uma moderna incineradora de resduos slidos com aproveitamento energtico

1.2.7.3 Aterros sanitrios energticos e de rejeitosOs processos ou mtodos de tratamento anteriormente descritos no so concorrentes com o aterro sanitrio, mas complementares a este. Efectivamente, o aterro sanitrio um rgo imprescindvel porque comum em toda a estrutura de equacionamento dos resduos slidos. A incgnita a quantidade de resduos a serem ali depositados para tratamento e destino final. Quanto maior for a taxa de valorizao conseguidas nas fases anteriores, menores sero as quantidades a aterrar, prolongando-se a vida til do AS e diminuindo-se o custo de explorao. Se a escala do aterro for adequada, deposio de uma quantidade mnima de cerca de 200 toneladas por dia, pode haver o aproveitamento do biogs produzido no aterro, designando-se ento de aterro energtico. Sem esta deposio mnima no rentvel o aproveitamento energtico, e o biogs ter que ser queimado em tocha com tempo de residncia mnima de 0.3 segundos na cmara de combusto, a uma temperatura de pelo menos 850 C, para destruir e minimizar o efeito dos gases nocivos. Quando o AS recebe os restos das outras formas de valorizao de resduos um aterro de rejeitos, sem produo de biogs e sem emisso de lixiviados poluentes.15 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

Entre outras, as principais vantagens dos aterros sanitrios so as seguintes: Grande flexibilidade para receber uma gama muito grande de resduos; Fcil operacionalidade; Relativo baixo custo, comparativamente a outras solues; Disponibilidade de conhecimento; No conflitante com formas avanadas de valorizao dos resduos; Devoluo a utilizao do espao imobilizado durante a fase de explorao; Potencia a recuperao de reas degradadas;

Atravs de processos de bioremediao possvel a reutilizao do espao do aterro vrias vezes, com a produo de composto orgnico resultante da matria orgnica degradada no bioreactor anaerbio, aps eventual complemento de tratamento aerbio, em compostagem com vista higienizao.

Figura 3 - Vista de um alvolo de deposio de resduos de um aterro sanitrio

1.2.8 Programas de participao comunitriaA participao comunitria imprescindvel para que haja sucesso nos programas de separao na fonte e reciclagem. Dever ser criada animao nos bairros e freguesias, interessando todas as pessoas a aderir, mostrando os benefcios econmicos e ambientais deste comportamento. O produto da venda dos materiais triados pela comunidade, devem ser aplicados nessa mesma comunidade. Os custos de16 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

recolha, sempre mais caros que a recolha indiferenciada, devem ser assumidos, na fase de arranque, pelas Cmaras Municipais, para que haja incentivo a continuar o trabalho comunitrio. A aplicao dos fundos conseguidos dever ser em obras sociais, escolas, associaes de moradores, associaes de utentes de hospitais, casas do povo, etc. e devidamente publicitadas de maneira que as pessoas saibam que a sua contribuio gerou benefcios directos para a prpria comunidade.

1.2.9 Programas de Educao AmbientalA educao ambiental indispensvel para se conseguir alcanar resultados positivos nesta rea. A tarefa gigantesca e s com a participao de todos ser possvel mudar mentalidades arreigadas a dcadas de costas voltadas para o ambiente e uma cultura conservadora, pelo menos neste domnio. A separao de resduos na origem, diferenciados de acordo com as caractersticas um factor determinante em qualquer poltica de reciclagem. As aces devem ser abrangentes e persistentes, envolvendo vrios agentes, com destaque para a juventude, atravs das escolas de todos os nveis. As Cmaras Municipais devem institucionalizar uma semana lectiva dedicada ao ambiente, com diversas aces de animao. Disponibilizar contentores para recolhas selectivas junto a Escolas e grandes reas de comrcio. Fazer circular informao junto das instituies para a separao na origem, como por exemplo em Instituies do ensino Superior, escolas Secundrias e Primrias, Servios Municipais e Municipalizados e grandes empresas, etc.. Ou seja, deve chamar-se a colaborar em campanhas ambientais na rea da reciclagem dos resduos, no s as populaes atravs das escolas, centros cvicos, associaes de bairro, mas tambm as empresas e organismos estatais ou locais, com nfase na separao dos materiais como por exemplo: papel, papelo, plsticos, vidro, metais e leos usados;

Uma ateno especial para as pilhas: recolha selectiva e inertizao com argamassa de cimento e areia at implementao de novas tecnologias em Portugal. Exemplo de soluo "integrada": Dada a variedade constitutiva dos resduos slidos produzidos pela actividade humana, como vimos, deve o seu equacionamento ser amplo e distinto. Para os resduos industriais perigosos, ou seja, no equiparveis a urbanos, as solues de gesto so especficas, que no cabe aqui referir. Para os resduos slidos urbanos, preconiza-se um sistema integrado cuja base a ETRSU1. Na Figura 1.3 apresenta-se um balano de massas realizado com dados de uma campanha de caracterizao de RSU do municpio de Matosinhos, para uma quantidade de 100 toneladas de resduos a serem tratados por uma gesto integrada, onde pode verificar-se que diariamente em vez do AS receber as 100 toneladas, receberia 28,1 toneladas, com custos inferiores, pois a matria a depositar no est sujeita a fermentaes, nem lixiviao, dispensando os correspondentes tratamentos. Se pensarmos que o referido AS recebe mais de 200 toneladas por dia, pode estimar-se que mais de 38 000 toneladas de matria prima secundria so perdidas por ano.

1Estao de Tratamento

de Resduos Slidos Urbanos

17 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

Figura 1.3 - Exemplo de aplicao da gesto integrada dos RSU

18 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

CAPTULO 2

2. LEGISLAO

A legislao portuguesa no domnio dos resduos slidos tem sido alterada diversas vezes nos ltimos anos como reflexo da sua desactualizao face s exigncias da Unio Europeia. De facto, os pases mais desenvolvidos, normalmente mais sensibilizados para estas questes, construram um edifcio legislativo completo e enquadrador desta problemtica, tal a importncia que dedicam ao tema. Portugal tem neste momento a sua legislao actualizada, destacando-se o decreto lei 152/2002 que transpe para o ordenamento jurdico portugus a to aguardada Directiva Aterros (1999/31/CE).

Legislao Europeia (UE)No mbito das suas competncias, a UE emana regulamentos, directivas, decises, recomendaes e pareceres. Os Regulamentos comunitrios so instrumentos de carcter geral e aplicveis directa e obrigatoriamente em todos os estados membros. No carecem de transposio para o direito nacional como lei e so imperativos quanto aos fins e no que respeita aos meios a atingir. As Directivas requerem uma transposio para o direito nacional de cada pas membro, deixando em aberto a escolha das formas e dos meios para a sua concretizao, dispondo de um prazo para as por em prtica. A maioria dos diplomas comunitrios no domnio dos resduos slidos so apresentados sob a forma de directivas. As contravenes so submetidas ao Tribunal de Justia da UE. As decises so actos individuais emanados da UE, no normativos, que vinculam apenas os destinatrios, um estado membro ou uma empresa de um estado membro. Podem condenar ao pagamento de multas, por exemplo. Os pareceres e recomendaes no tm alcance obrigatrio, tratando-se apenas de opinies tcnicas ou jurdicas fundadas mas no vinculativas.

2.1 RESDUOS GERAL

2.1.1 Nacional1 . PORTARIA N 15/96, de 23 de Janeiro Aprova os tipos de operaes de eliminao e de valorizao de resduos - alterada pela Deciso 96/350/CE de 24 de Maio 2 . PORTARIA N 818/97, de 5 de Setembro Aprova a lista harmonizada, que abrange todos os resduos, designada por Catlogo Europeu de Resduos (CER), a lista de resduos perigosos e as caractersticas que19 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

conferem perigosidade aos resduos - alterada pela Deciso 2000/532/CE, da Comisso, de 22 de Janeiro. 3 . DECRETO-LEI N 239/97, de 9 de Setembro Estabelece as regras a que fica sujeita a gesto de resduos. Revoga o DL 310/95 de 20 de Novembro. 4 . PORTARIA N 961/98, de 10 de Novembro Regulamenta os processos de autorizao das operaes de gesto de resduos industriais, resduos slidos urbanos e outros tipos de resduos.

2.1.2 ComunitriaDIRECTIVA 75/442/CEE, DO CONSELHO, de 15 de Julho. Relativa aos resduos.

. RESOLUO 90/C 122/02, DO CONSELHO, de 07 de Maio.

sobre a poltica de resduos.

. DIRECTIVA 91/156/CEE, DO CONSELHO, de 18 de Maro.

Altera a Directiva 75/442/CEE, relativa aos resduos.

. DIRECTIVA 91/689/CEE, DO CONSELHO, de 12 de Dezembro.

Relativa aos resduos perigosos.

. DIRECTIVA 94/31/CEE, DO CONSELHO, de 27 de Junho.

Altera a Directiva 91/689/CEE, relativa aos resduos perigosos.

. DECISO 96/350/CE, DA COMISSO, de 24 de Maio.

Adapta os anexos IIA e IIB da Directiva 75/442/CEE do Conselho relativa aos resduos.

20 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

. RESOLUO 97/C 76/01, DO CONSELHO, de 24 de Fevereiro.

Relativa estratgia comunitria de gesto de resduos.

. DECISO 2000/532/CE, DA COMISSO, de 3 de Maio.

Substitui a Deciso 94/3/CE que estabelece uma lista de resduos em conformidade com a alnea a) do artigo 1 da Directiva 75/442/CEE do Conselho, relativa aos resduos, e a Deciso 94/904/CE do Conselho, que estabelece uma lista de resduos perigosos em conformidade com o n. 4 do artigo 1 da Directiva 91/689/CEE do Conselho, relativa aos resduos perigosos.

. DECISO 2001/118/CE, DA COMISSO, de 16 de Janeiro.

Altera a Deciso 2000/532/CE, no que respeita lista de resduos.

. DECISO 2001/119/CE, DA COMISSO, de 22 de Janeiro.

Altera a Deciso 2000/532/CE que substitui a Deciso 94/3/CE, que estabelece uma lista de resduos em conformidade com a alnea a) do artigo 1 da Directiva 75/442/CEE do Conselho, relativa aos resduos, e a Deciso 94/904/CE do Conselho, que estabelece uma lista de resduos perigosos em aplicao do n. 4 do artigo 1 da Directiva 91/689/CEE do Conselho, relativa aos resduos perigosos.

. DECISO 2001/573/CE, DO CONSELHO, de 23 de Julho.

Altera a Deciso 2000/532/CE, no que respeita lista de resduos.

2.2 RESDUOS URBANOS

2.2.1 Nacional1 . PORTARIA N 768/88, de 30 de Novembro Concede DGQA a competncia de fiscalizao, referida no Decreto-Lei n 488/8521 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

sobre Resduos Slidos Urbanos - Mapa de Resduos Urbanos 2 . DECRETO-LEI N 372/93, de 29 de Outubro Altera a Lei n 46/77 de 8 de Julho.- Lei de delimitao de sectores. 3 . DECRETO-LEI N 379/93, de 5 de Novembro Permite o acesso de capitais privados s actividades econmicos de captao, tratamento e rejeio de efluentes e recolha e tratamento de resduos slidos. 4 . DECRETO-LEI N 294/94, de 16 de Novembro Estabelece o regime jurdico da concesso de explorao e gesto dos sistemas multimunicipais de tratamento de resduos slidos urbanos. 5 . DECRETO-LEI N 297/94, de 21 de Novembro Cria o sistema multimunicipal de valorizao e tratamento de resduos slidos urbanos de Lisboa Norte e prev a sua concesso. 6 . DECRETO-LEI N 109/95, de 20 de Maio Cria o sistema multimunicipal de valorizao e tratamento de resduos slidos urbanos do Algarve. 7 . DECRETO-LEI N 89/96, de 3 de Julho Cria o sistema multimunicipal de valorizao e tratamento de resduos slidos urbanos de Vila Nova de Gaia e Santa Maria da Feira e aprova os estatutos da sociedade a quem ser atribuda a respectiva concesso. 8 . DECRETO-LEI N 111/96, de 2 de Agosto Cria o sistema multimunicipal de valorizao e tratamento de resduos slidos urbanos do Cvado-Homem e aprova os estatutos da sociedade a quem ser atribuda a respectiva concesso. 9 . DECRETO-LEI N 113/96, de 5 de Agosto Cria o sistema multimunicipal de valorizao e tratamento de resduos slidos urbanos do Vale do Minho e aprova os estatutos da sociedade a quem ser atribuda a respectiva concesso. 10 . DECRETO-LEI N 114/96, de 5 de Agosto22 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

Cria o sistema multimunicipal de valorizao e tratamento de resduos slidos urbanos do Vale do Lima e Baixo Cvado e aprova os estatutos da sociedade a quem ser atribuda a respectiva concesso. 11 . DECRETO-LEI N 116/96, de 6 de Agosto Cria o sistema multimunicipal de valorizao e tratamento de resduos slidos urbanos da Alta Estremadura e aprova os estatutos da sociedade a quem ser atribuda a respectiva concesso. 12 . DECRETO-LEI N 117/96, de 6 de Agosto Cria o sistema multimunicipal de valorizao e tratamento de resduos slidos urbanos do Baixo Cvado e aprova os estatutos da sociedade a quem ser atribuda a respectiva concesso. 13 . DECRETO-LEI N 166/96, de 5 de Setembro Cria o sistema multimunicipal de valorizao e tratamento de resduos slidos urbanos do Litoral Centro e aprova os estatutos da sociedade a quem ser atribuda a respectiva concesso. 14 . DECRETO-LEI N 53/97, de 4 de Maro Cria o sistema multimunicipal de valorizao e tratamento de resduos slidos urbanos da margem sul do Tejo e aprova os estatutos da sociedade a quem ser atribuda a respectiva concesso. 15. DECRETO-LEI N 366/97, de 20 de Dezembro Cria o sistema multimunicipal de valorizao e tratamento de resduos slidos urbanos do Oeste e aprova os estatutos da sociedade a quem ser atribuda a respectiva concesso. 16. DECRETO-LEI N 226/00, de 9 de Setembro Cria o sistema multimunicipal de triagem, recolha selectiva, valorizao e tratamento de resduos slidos urbanos do Alto Tmega, integrando como utilizadores originrios de municpios de Boticas, Chaves, Montalegre, Ribeira de Pena, Valpaos e Vila Pouca23 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

17. DECRETO-LEI N 323-A/00, de 20 de Dezembro Cria o sistema multimunicipal de triagem, recolha, valorizao e tratamento de resduos slidos urbanos do Baixo Tmega, integrando como utilizadores originrios os municpios de Amarante, Baio, Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto, Marco de Canaveses. 18. DECRETO-LEI N 93/01, de 23 de Maro Cria o sistema multimunicipal de triagem, recolha, valorizao e tratamento de resduos urbanos do Norte Alentejano, integrando como utilizadores originrios, os municpios de Alter do Cho, Arronches, Avis, Campo Maior, Castelo de Vide, Crato, Elvas, Fronteira, Marvo, Monforte, Nisa, Ponte de Sor, Portalegre e Sousel. 19. DECRETO-LEI N 93/01, de 23 de Maro Cria o sistema multimunicipal de triagem, recolha selectiva, valorizao e tratamento de resduos slidos urbanos do vale do Douro Sul, integrando como utilizadores originrios os municpios de Armamar, Cinfes, Lamego, Moimenta da Beira, Penedono, Resende.

2.3 RESIDUOS INDUSTRIAIS

2.3.1 Nacional1 . DESPACHO CONJUNTO SEARN/SEIE/SETC, de 2 de Maio de 1987 Relativo a destino final e correcta utilizao das cinzas das Centrais Trmicas 2 . RESOLUO DO CONSELHO DE MINISTROS N 98/97, de 25 de Junho Define a estratgia de gesto dos resduos industriais. 3 . DECRETO-LEI N 516/99, de 2 de Dezembro Aprova o Plano Estratgico de Gesto dos Resduos Industriais (PESGRI 99) 4 . PORTARIA N 792/98, de 22 de Setembro Aprova o Mapa de Registo de Resduos Industriais - revoga a Portaria n 189/95 de 2024 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

de Julho.

2.4 RESDUOS HOSPITALARES

2.4.1 Nacional1 . DESPACHO N 242/96 DO MINISTRIO DA SADE, de 15 de Julho Estabelece normas de gesto e classificao dos resduos hospitalares 2 . PORTARIA N 174/97, de 10 de Maro Estabelece as regras de instalao e funcionamento de unidades ou equipamentos de valorizao ou eliminao de resduos perigosos hospitalares, bem como o regime de autorizao da realizao de operaes de gesto de resduos hospitalares por entidades responsveis pela explorao das referidas unidades ou equipamentos. 3 . PORTARIA N 178/97, de 11 de Maro Aprova o modelo de Mapa de Registo de Resduos Hospitalares 4 . DESPACHO CONJUNTO N 761/99, de 31 de Agosto Aprova o Plano Estratgico de Gesto dos Resduos Hospitalares (PERH 99)

2.5 INCINERAO / CO-INCINERAO

2.5.1 Nacional1 . DECRETO-LEI N 273/98, de 2 de Setembro Transpe para o direito interno as disposies constantes da Directiva n. 94/67/CE, do Conselho, de 16 de Dezembro, relativa incinerao de resduos perigosos 2 . LEI N 20/99, de 15 de Abril Tratamento de resduos industriais. 3 . DECRETO-LEI N 120/99, de 16 de Abril Cria um sistema especial de controlo e fiscalizao ambiental da co-incinerao. 4 . DECRETO-LEI N 121/99, de 16 de Abril25 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

Atribui a competncia prevista no artigo 4 da Lei n 20/99 Comisso Cientfica Independente criada pelo Decreto-Lei n 120/99, e faz cessar a suspenso da vigncia das normas sobre fiscalizao e sancionamento das operaes de co-incinerao constantes no Decreto-Lei n 273/98, de 2 de Setembro. 5 . RESOLUO DO CONSELHO DE MINISTROS N. 91/2000 de 20-07-2000 Acolhe a preferncia manifestada pela Comisso Cientfica Independente pela localizao do projecto de co-incinerao nas unidades cimenteiras de Souselas (Coimbra) e Outo (Setbal). 6 . LEI N 22/00, de 18 de Agosto Primeira alterao Lei n 20/99, de 15 de Abril (tratamento de resduos industriais). 7 . DESIGNAO: DECRETO-LEI N. 154-A/2001 de 08-05-2001 Cessa a suspenso da vigncias das normas do Decreto-Lei n 273/98, de 2 de Setembro, no que respeita s operaes de co-incinerao de resduos industriais perigosos, inclundo a avaliao e seleco de locais para queima e tratamento desses resduos. 8 . DESPACHO N. 10 128/2001 de 15-05-2001 Co-incinerao. 9 . DECRETO-LEI N. 154-A/2001 de 08-05-2001 Cessa a suspenso da vigncias das normas do Decreto-Lei n 273/98, de 2 de Setembro, no que respeita s operaes de co-incinerao de resduos industriais perigosos, incluindo a avaliao e seleco de locais para queima e tratamento desses resduos. 10 . DESPACHO N. 538/2001 de 12-01-2001 Relatrio Comisso Cientfica Independente.

2.5.2 Comunitria1 . DIRECTIVA 88/609/CEE, DO CONSELHO, de 24 de Novembro26 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

Relativa limitao das emisses para a atmosfera de certos poluentes de grandes instalaes de combusto 2 . DIRECTIVA 89/369/CEE, DO CONSELHO, de 8 de Junho Relativa preveno da poluio atmosfrica proveniente de novas instalaes de incinerao de resduos urbanos. 3 . DIRECTIVA 89/429/CEE, DO CONSELHO, de 21 de Junho Relativa reduo da poluio atmosfrica proveniente de instalaes existentes de incinerao de resduos urbanos. 4 . DIRECTIVA 94/67/CE, DO CONSELHO, de 31 de Dezembro Relativa incinerao de resduos perigosos. 5 . DECISO 97/283/CE, DA COMISSO, de 21 de Abril Relativa aos mtodos harmonizados de medio, aplicveis concentrao mssica de dioxinas e furanos nas emisses para a atmosfera, em conformidade com o n. 2 do artigo 7 da Directiva 94/67/CE, relativa incinerao de resduos perigosos. 6. DECISO 2000/345/CE, DA COMISSO, de 22 de Maio de 2000 Estabelece a data em que pode comear a expedio de Portugal para a Alemanha de certos materiais destinados a ser incinerados, ao abrigo do n.o 6 do artigo 3.o da Deciso 98/653/CE 7 . DIRECTIVA 2000/76/CE, DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO, de 4 de Dezembro Relativa incinerao de resduos.

2.6 ATERROS

2.6.1 Nacional1 . DECRETO-LEI N 321/99, de 11 de Agosto Regula a instalao e funcionamento de aterros para resduos industriais banais (RIB).

27 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

2.6.2 Comunitria1 . DIRECTIVA 1999/31/CE, DO CONSELHO, de 26 de Abril Relativa deposio de resduos em aterros.

2.7 TRANSPORTE DE RESDUOS EM TERRITRIO NACIONAL

2.7.1 Nacional1 . PORTARIA N 335/97, de 16 de Maio Fixa as regras a que fica sujeito o transporte de resduos dentro do territrio nacional 2 . DESPACHO N. 8943/97, DO INSTITUTO DOS RESDUOS, de 9 de Outubro (II Srie). Identifica as guias a utilizar para o transporte de resduos, em conformidade com o artigo 7 da Portaria n. 335/97.

2.8 MOVIMENTO TRANSFRONTEIRIO DE RESDUOS

2.8.1 Nacional1 . DECRETO N 37/93, de 20 de Outubro Aprova para ratificao, a Conveno de Basileia sobre controlo do movimento transfronteirio de resduos perigosos e a sua eliminao. 2 . DECRETO-LEI N 296/95, de 17 de Novembro Relativo fiscalizao e controlo das transferncias de resduos entrada, no interior e sada da Comunidade. 3 . DECLARAO DE RECTIFICAO N. 157/95, de 30 de Outubro. Rectifica o Decreto-Lei n 296/95 4 . AVISO N. 229/99, de 7 de Dezembro. Torna pblico terem sido aprovadas para ratificao as Decises III/1 e IV/9, que alteram a Conveno de Basileia.

28 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

2.8.2 Comunitria1 . REGULAMENTO (CEE) N 259/93, DO CONSELHO, de 1 de Fevereiro Relativo fiscalizao e ao controlo das transferncias de resduos no interior, entrada e sada da Comunidade. 2 . REGULAMENTO (CE) 120/97, de 20 de Janeiro Altera o Regulamento (CEE ) n.259/93 3 . REGULAMENTO (CE) 1420/99, de 29 de Abril Estabelece regras e procedimentos comuns aplicveis s transferncias de determinados resduos para certos pases no membros da OCDE 4 . REGULAMENTO (CE) 1547/99, de 12 de Junho Determina em conformidade com o Regulamento (CEE) n.259/93 do Conselho, os processos de controlo a aplicar s transferencias de certos tipos de resduos para certos pases onde no aplicvel a Deciso C92(39) Final da OCDE 5 . DECISO 94/575/CE, DA COMISSO, 24 de Novembro Determina o processo de controlo previsto no Reg. 259/93 no que diz respeito a certas transferncias de resduos para pases no membros da OCDE 6 . DECISO 99/816/CE, DA COMISSO, 24 de Novembro Adapta, em conformidade com o n1 do seu artigo 16 e o n3 do seu artigo 42, os anexos II, III, IV, V do Regulamento (CEE) n 259/93 do Conselho relativo fiscalizao e ao controlo das transferncias de resduos no interior, entrada e sada da Comunidade

2.9 LAMAS / VALORIZAO AGRCOLA

2.9.1 Nacional1 . DECRETO-LEI N 446/91, de 22 de Novembro. Estabelece o regime de utilizao na agricultura de certas lamas provenientes de estaes de tratamento de guas residuais.29 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

2 . PORTARIA 176/96, de 3 de Outubro (II Srie). Fixa os valores permitidos para a concentrao de metais pesados nas lamas utilizadas na agricultura. 3 . PORTARIA 177/96, de 3 de Outubro (II Srie). Fixa as regras sobre anlise das lamas e dos solos.

2.9.2 Comunitria1 . DIRECTIVA 86/278/CEE, DO CONSELHO, de 12 de Junho Relativa proteco do ambiente, e em especial dos solos, na utilizao agrcola de lamas de depurao.

2.10 LEOS USADOS

2.10.1 Nacional1 . DECRETO-LEI N 88/91, de 23 de Fevereiro Regula a actividade de armazenagem, recolha e queima de leos usados 2 . PORTARIA N 240/92, de 25 de Maro Aprova o Regulamento de Licenciamento das Actividades de Recolha, Armazenagem, Tratamento Prvio, Regenerao, Recuperao e Combusto e Incinerao dos leos Usados. 3 . PORTARIA N 1028/92, de 5 de Novembro Estabelece normas de segurana e identificao para o transporte de leos usados. 4 . DESPACHO CONJUNTO DGE/DGQA, de 18 Maio de 1993 Define leos usados e as especificaes a que devem obedecer os leos usados a utilizar como combustvel.

2.10.2 Comunitria1 . DIRECTIVA 75/439/CEE, DO CONSELHO, de 16 de Junho30 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

Relativa eliminao de leos usados. 2 . DIRECTIVA 87/101/CEE, DO CONSELHO, de 22 de Dezembro Altera a Directiva 75/439/CEE.

2.11 PCB

2.11.1 Nacional1 . DECRETO-LEI N 277/99, de 23 de Julho Transpe para o direito interno as disposies constantes da Directiva 96/59/CE, do Conselho, de 16 de Setembro e estabelece as regras a que ficam sujeitas a eliminao dos PCB usados, tendo em vista a sua total destruio.

2.11.2 Comunitria1 . DIRECTIVA 96/59/CE, DO CONSELHO, de 16 de Setembro Relativa eliminao dos policlorobifenilos e dos policlorotrifenilos (PCB/PCT). 2 . DECISO 2001/68/CE, DA COMISSO, de 16 de Janeiro Estabelece dois mtodos de referncia para a medio de PCB nos termos da alnea a) do artigo 10 da Directiva 96/59/CE.

2.12 SUCATAS

2.12.1 Nacional1 . DECRETO -LEI N 268/98, de 28 de Agosto Disciplina a localizao e o licenciamento da instalao e ampliao dos depsitos de ferro-velho e de veculos em fim de vida - revoga o Decreto-Lei n 117/94, de 3 de Maio.

31 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

2.13 VECULOS EM FIM DE VIDA

2.13.1 Nacional1 . DECRETO -LEI N 292-B/2000, de 15 de Novembro Estabelece as regras e o procedimento a seguir na emisso de certificados de destruio qualificada de veculos em fim de vida

2.13.2 Comunitria1 . DIRECTIVA 2000/53/CE DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO, de 18 de Setembro Relativa aos veculos em fim de vida

2.14 PNEUS USADOS

2.14.1 Nacional1 . DECRETO -LEI N 111/2001, de 6 de Abril Estabelece o regime jurdico a que fica sujeita a gesto de pneus usados.

2.15 PILHAS E ACUMULADORES

2.15.1 Nacional1. DECRETO-LEI N 62/2001, de 19 de Fevereiro Estabelece o regime jurdico que fica sujeita a gesto de pilhas e acumuladores bem como a gesto de pilhas e acumuladores usados, e transpe para a ordem jurdica interna as Directivas n.os 91/157/CEE, do Conselho, de 18 de Maro, 93/86/CE, da Comisso, de 4 de Outubro, e 98/101/CE, da Comisso, de 22 de Dezembro, relativas s pilhas e acumuladores contendo determinadas matrias perigosas. Revoga o Decreto-Lei n. 219/94, de 20 de Agosto32 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

2 . PORTARIA N 571/2001, de 6 de Junho Define as regras a que fica sujeito o licenciamento da entidade gestora do sistema integrado de pilhas e outros acumuladores 3 . PORTARIA N 572/2001, de 6 de Junho Aprova os programas de aco relativos a acumuladores de veculos, industriais e similares, e a pilhas e a outros acumuladores. 4 . DECLARAO DE RECTIFICAO N. 13-B/2001, de 19 de Junho Rectifica a Portaria n. 572/2001. 5 . DESPACHO N 6493/2002 (2 Srie), de 26 de Maro Aprova os modelos relativos a acumuladores de veculos; industriais e similares e a pilhas e outros acumuladores,

2.15.2 Comunitria1 . DIRECTIVA 91/157/CEE, DO CONSELHO, de 18 de Maro. Relativa s pilhas e acumuladores contendo determinadas matrias perigosas. 2 . DIRECTIVA 93/86/CEE, DA COMISSO, de 4 de Outubro. Adapta ao progresso tcnico a Directiva 91/157/CEE 3 . DIRECTIVA 98/101/CE, DA COMISSO, de 22 de Dezembro. Adapta ao progresso tcnico a Directiva 91/157/CEE

2.16 MERCRIO

2.16.1 Nacional1 . DECRETO-LEI N 52/99, de 20 de Fevereiro Transpe para a ordem jurdica interna a Directiva 84/156/CEE. 2 . PORTARIA N 744-A/99, de 25 de Agosto Aprova os programas de aco especficos para evitar ou eliminar a poluio proveniente de fontes mltiplas de mercrio33 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

2.16.2 Comunitria1 . DIRECTIVA 84/156/CEE, DO CONSELHO, de 8 de Maro. Relativa aos valores limite e aos objectivos de qualidade para a descarga de mercrio de sectores que no o da electrlise de cloretos alcalinos.

2.17 EMBALAGENS E RESDUOS DE EMBALAGENS

2.17.1 Nacional1 . DECRETO-LEI N 366-A/97, de 20 de Dezembro Estabelece os princpios e as normas aplicveis ao sistema de gesto de embalagens e resduos de embalagens - revoga o DL n 322/95, de 28 de Novembro. 2 . PORTARIA N 29-B/98, de 15 de Janeiro Estabelece as regras de funcionamento dos sistemas de consignao aplicveis s embalagens reutilizveis e s embalagens no reutilizveis, bem como as do sistema integrado aplicvel apenas s embalagens no reutilizveis - revoga a Portaria n 313/96 de 29 de Julho. 3 . DECRETO-LEI N 407/98, de 21 de Dezembro Estabelece as regras respeitantes aos requisitos essenciais da composio das embalagens. 4 . DESPACHO CONJUNTO ME + MA N 289/99, de 6 Abril (II Srie) Cria o Grupo de trabalho sobre reutilizao previsto no n4 do n5 da Portaria n 29B/98 de 15 de Janeiro. 5 . DESPACHO MA N 7415/99, de 14 de Abril (II Srie) Aprova os modelos para fornecimento de dados estatsticos de acordo com o n4 da Portaria n 29-B/98 de 15 de Janeiro. 6 . DESPACHO CONJUNTO ME + MA N 316/99, de 15 de Abril (II Srie) Determina o modelo de relatrio anual de actividade da entidade gestora do sistema integrado.34 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

7 . DECRETO-LEI N 162/2000, de 27 de Julho Altera os Artigos 4 e 6 do Decreto-lei n.366-A/97, de 20 de Dezembro.

2.17.2 Comunitria1 . DIRECTIVA 94/62/CE, DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO, de 20 de Dezembro. Relativa a embalagens e resduos de embalagens. 2 . DECISO 97/129/CE, DA COMISSO, de 28 de Janeiro Cria o sistema de identificao dos materiais de embalagem, nos termos da Directiva 94/62/CE. 3 . DECISO 97/138/CE, DA COMISSO, de 3 de Fevereiro Estabelece os formulrios relativos base de dados nos termos da Directiva 94/62/CE. 4 . DECISO 99/177/CE, DA COMISSO, de 8 de Fevereiro Estabelece as condies de derrogao para grades de plstico e paletes de plstico no que diz respeito s concentraes de metais pesados estabelecidos na Directiva 94/62/CE. 5 . DECISO 2001/171/CE, DA COMISSO, de 19 de Fevereiro Estabelece as condies de derrogao para embalagens de vidro no que diz respeito s concentraes de metais pesados estabelecidos na Directiva 94/62/CE.

2.18 RESDUOS DE EQUIPAMENTOS ELCTRICOS E ELECTRNICOS

2.18.1 Nacional1 . DECRETO-LEI N 20/02, de 30 de Janeiro. Estabelece estabelece o regime jurdico a que fica sujeita a gesto de resduos de equipamentos elctricos e electrnicos (REEE), assumindo como objectivos prioritrios a preveno desses resduos, seguida da reutilizao, da reciclagem e de outras formas de valorizao, por forma a reduzir a quantidade e a nocividade35 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

de resduos a eliminar. S - RESDUOS DA ACTIVIDADE EXTRACTIVA S.I - Nacional 1 . DECRETO-LEI N 544/99, de 13 de Dezembro. Estabelece as regras relativas construo, explorao e encerramento de aterros de resduos resultantes da actividade extractiva.

2.19 LEGISLAO COMPLEMENTAR

2.19.1 IMPACTE AMBIENTAL1. DECRETO-LEI N 69/2000, de 3 de Maio. Aprova o regime jurdico da avaliao de impacte ambiental, transpondo para a ordem jurdica interna a Directiva n. 85/337/CEE, com as alteraes introduzidas pela Directiva n. 97/11/CE, do Conselho, de 3 de Maro de 1997 2. PORTARIA N 330/2001, de 2 de Abril. Fixa as normas tcnicas para a estrutura da proposta de definio de mbito do EIA (PDA) e normas tcnicas para a estrutura de estudo do impacte ambiental (EIA)

2.19.2 LICENA AMBIENTAL1. DECRETO-LEI N 194/2000, de 21 de Agosto. Transpe para a ordem jurdica interna a Directiva n. 96/61/CE, do Conselho, de 24 de Setembro, relativa preveno e controlo integrados da poluio. 2. PORTARIA N 1047/2001, de 1 de Setembro. Aprova o modelo de pedido de licenciamento de actividades econmicas abrangidas pelo Decreto-Lei n. 194/2000, de 21 de Agosto, que aprovou o regime jurdico da preveno e controlo integrados da poluio ( PCIP)

2.19.3 LICENCIAMENTO INDUSTRIAL1. DECRETO-LEI N 109/91, de 15 de Maro.36 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

Estabelece normas disciplinadoras do exerccio da actividade industrial. 2. DECRETO-LEI N 282/93, de 17 de Agosto. Altera o Decreto-Lei n 109/91, de 15 de Maro (estabelece as normas disciplinadoras do exerccio da actividade industrial). 3. DECRETO REGULAMENTAR N 25/93, de 17 de Agosto. Aprova o novo Regulamento do Exerccio da Actividade Industrial (REAI). 4. PORTARIA N 744-B/93, de 18 de Agosto. Aprova a tabela de classificao das actividades industriais para efeito de licenciamento industrial. 5. PORTARIA N 314/94, de 24 de Maio. Aprova os modelos de impressos para os pedidos de autorizao para instalao ou alterao de estabelecimentos industriais das classes A, B e C e define os termos em que deve ser apresentado o projecto de instalao desses estabelecimentos. 6. LEI N 159/99, de 14 de Setembro. Estabelece o quadro de transferncia de atribuies e competncias para as autarquias locais. 7. DECRETO-LEI N 182/93, de 14 de Maio. Rev a Classificao Portuguesa de Actividades Econmicas (CAE) 8. DECRETO-LEI N 61/91, de 27 de Novembro. Aprova o Regulamento do Exerccio de Actividade da Industria Transformadora de Pesca, em terra (RAIP)

2.19.4 LEGISLAO QUALIDADE DO AR1. DECRETO-LEI N 276/99, de 23 de Julho Define as linhas de orientao da poltica de gesto da qualidade do ar e transpe a Directiva 96/62/CE do Conselho de 27 de Setembro, relativa avaliao e gesto da qualidade do ambiente. 2. DECRETO-LEI N 432/99, de 25 de Outubro37 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

Fixa os padres de emisso e o processo homologao a instalar em mquinas mveis no rodovirias. 3. PORTARIA N 399/97, de 18 de Junho Altera a Portaria n. 286/93, de 12 de Maro (fixa os valores limite e os valores guia no ambiente para o dixido de enxofre, partculas em suspenso, dixido de azoto e monxido de carbono o valor limite para o chumbo e os valores guia para o ozono) 4. PORTARIA N 125/97, de 21 de Fevereiro Altera a Portaria n. 286/93, de 12 de Maro (fixa os valores limites e os valores guias no ambiente para o dixido de enxofre, partculas em disperso, dixido de azoto e monxido de carbono, o valor limite para o chumbo e os valores guias para o ozono) 5. DECRETO-LEI N 352/90, de 9 de Novembro Estabelece o regime de proteco e controlo da qualidade do ar. Revoga o Decreto-Lei n. 255/80, de 30 de Julho e a Portaria n. 508/81, de 25 de Julho. 6. PORTARIA N 1058/94, de 2 de Dezembro Altera a Portaria n. 286/93, de 12 de Maro (fixa os valores limites e os valores gerais no ambiente para o dixido de enxofre, partculas em suspenso, dixido de azoto e monxido de carbono, o valor limite para o chumbo e os valores guias para o ozono). 7. PORTARIA N. 286/93, de 12 de Maro Fixa os valores limites e os valores gerais no ambiente para o dixido de enxofre, partculas em suspenso, dixido de azoto e monxido de carbono, o valor limite para o chumbo e os valores guias para o ozono T5 LEGISLAO QUALIDADE DA GUA 1. DECRETO-LEI N 236/98, de 1 de Agosto Estabelece as normas, critrios e objectivos de qualidade com a finalidade de proteger o meio aqutico e melhorar a qualidade das guas em funo dos seus principais usos. Revoga o Decreto-Lei N 74/90, de 7 de Maro 2. DECRETO -LEI N 172/2001, de 6 de Maio Altera parcialmente o Anexo II do DecretoLei n.152/97, de 19 de Junho (transpe38 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

para o direito interno a Directiva n. 91/271/CEE, do Conselho, de 21 de Maio, relativamente ao tratamento de guas residuais urbanas) T6 LEGISLAO DO RUDO 1. DECRETO-LEI N 292/2000, de 14 de Novembro. Aprova o regime legal sobre a poluio sonora, designado tambm Regulamento Geral do Rudo

2.19.5 AMIANTO1. DECRETO-LEI N 284/89, de 24 de Agosto Aprova o regime de proteco da sade dos trabalhadores contra riscos de exposio ao amianto nos locais de trabalho. Transpe a Directiva 83/477/CEE de 19 de Setembro. 2. PORTARIA N 1057/89, de 7 de Dezembro. Regulamenta o Decreto-Lei n 284/89 de 24 de Agosto. 3. DECRETO-LEI N 389/93, de 20 de Novembro Aprova o regime de proteco da sade dos trabalhadores contra riscos de exposio ao amianto nos locais de trabalho, altera o Decreto-Lei n 284/89. Transpe a Directiva 91/382/CEE de 24 de Agosto. T8 SUBSTNCIAS E PREPARAES PERIGOSAS 1. DECRETO-LEI N 232/94, de 14 de Setembro. Transpe para a ordem jurdica interna as Directivas n 91/173/CEE do Conselho de 21 de Maro e 91/173/CEE do Conselho de 18 de Junho, q/ estabelecem limitaes comercializao e utilizao de substncias e preparaes perigosas. 2. DECRETO-LEI N 82/95, de 22 de Abril. Transpe para a ordem jurdica interna vrias directivas que alteram a Directiva n 67/548/CEE, do Conselho, de 27 de Julho, relativa aproximao das disposies legislativas, regulamentares e administrativas respeitantes classificao, embalagem e rotulagem de substncias perigosas. 3. Portaria N 732-A/96, de 11 de Dezembro.39 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

Aprova o Regulamento para a Notificao de Substncias Qumicas e para a classificao, embalagem e rotulagem de substncias perigosas. 4. DECRETO-LEI N 330-A/98, de 2 de Novembro. Transpe para a ordem jurdica interna a Directiva n 94/69/CE, da Comisso, de 19 de Dezembro, a Directiva n 96/54/CE, da Comisso, de 30 de Julho, e a Directiva n 96/56/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 3 de Setembro, que alteraram e adaptaram ao progresso tcnico a Directiva n 67/548/CEE, do Conselho, de 27 de Julho, relativa aproximao das disposies legislativas, regulamentares e administrativas respeitantes classificao, embalagens e rotulagem das substncias perigosas.

2.19.6 SEVESO II1. DECRETO-LEI N 164/2001, de 23 de Maio Aprova o regime jurdico da preveno e controlo dos perigos associados a acidentes graves que envolvem substncias perigosas, transpondo para a ordem jurdica interna a Directiva n. 96/82/CE, do Conselho, de 9 de Dezembro

2.19.7 TRANSPORTE1. Portaria n 1196-C/97, de 24 de Novembro. Aprova o Regulamento Nacional do Transporte de Mercadorias Perigosas por Estrada (RPE) 2. DECRETO-LEI N 38/99, de 6 de Fevereiro Institui um novo regime jurdico aplicvel aos transportes rodovirios de mercadorias, por conta de outrem e por conta prpria, nacionais e internacionais 3. DECRETO-LEI N 76/2000, de 9 de Maio Introduz modificaes no Decreto-Lei n. 77/97, de 5 de Maio, actual lei quadro do transporte rodovirio de mercadorias perigosas, e no Regulamento Nacional do Transporte de Mercadorias Perigosas por Estrada (RPE), aprovado pela Portaria n.40 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

1196-C/97, de 24 de Novembro, e, simultaneamente, transpe as directivas n.s 99/47/CE de 21 de Maio, e 96/35/CE, de 3 de Junho

2.19.8 PAPEL1 . RESOLUO DO CONSELHO DE MINISTROS N 2/93, de 7 de Janeiro. Utilizao de Papel Reciclado e recolha selectiva de papel velho nos servios da Administrao.

41 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

CAPTULO 3

3. FONTES, COMPOSIO E PROPRIEDADES DOS RESDUOS SLIDOS

3.1 CLASSIFICAO DOS RESDUOS SLIDOSA classificao dos resduos no feita de igual forma em todos os pases, o que dificulta a realizao de correlaes entre diversos e diferentes universos. No sentido de tentar uma uniformizao de critrios, a UE publicou recentemente (07.01.94) o Catlogo Europeu de Resduos2, lista no exaustiva passvel de reviso peridica. Este catlogo resulta de um dispositivo constante da directiva 75/442/CEE, ou seja, s aps 20 anos de publicao da directiva, que surge a primeira sistematizao de classificao dos resduos para a Comunidade. Este instrumento de ordenamento agrupa os resduos em 20 categorias principais e cada uma delas subdividida em vrias subcategorias. Por outro lado, a directiva, 91/689/CEE classifica os resduos de acordo com a sua origem (domstico, pblico, comercial, industrial, hospitalar, etc) e as suas caractersticas (perigosos, inertes e no perigosos), conforme segue (Figura 3.1). As caractersticas de perigosidade so reconhecidas pelos efeitos sobre o ambiente, pessoas e animais, designadamente, o poder de exploso; combustibilidade; inflamabilidade; nocividade para a sade por inalao ingesto ou penetrao cutnea; irritabilidade; toxicidade; caractersticas carcinognias e/ou infecciosas; corrosividade; teratogenicidade (produo de monstruosidades em seres vivos) e mutagenicidade; entre outros. Entende-se por resduo, de acordo com a definio comunitria, quaisquer substncias ou objectos abrangidos pelas categorias fixadas no anexo I de que o detentor se desfaz ou tem a inteno ou a obrigao de se desfazer. Tal como preceitua o Dec.-Lei 239/97 a eliminao dos resduos slidos industriais da responsabilidade dos seus produtores. Em termos de recolha estes resduos devem ser separados dos domsticos, quer pela sua constituio, quer pelo volume. Com efeito, indstrias que produzam grandes quantidades de resduos ou cujo manuseamento oferea riscos sanitrios ou de segurana, no devem esperar que os municpios efectuem a sua colecta, salvo sob contrato especial. Exceptuam-se, obviamente, as indstrias cuja produo de resduos slidos no significativa, alm destes apresentarem uma constituio semelhante do lixo domstico. Neste caso podero ser includos sem maiores inconvenientes, nos circuitos de recolha, tratamento e destino final em Aterro Sanitrio. Os parmetros que mais directamente intervm no equacionamento e resoluo de qualquer problema de resduos slidos so, fundamentalmente, as quantidades produzidas, a densidade, a composio qualitativa e os coeficientes de variao da produo (efeito dos picos de produo).

2EWC na

abreviatura inglesa

42 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

CLASSIFICAO DOS RESDUOS SLIDOSInertes CARACTERSTICAS No-perigosos Perigosos

RESDUOS SLIDOSORIGEM

R.S. Hospitalares R.S. Industriais RSU

entulhos de obras especiais equiparados hospitalares equiparados industriais equiparados comerciais

pblicos

domsticos

Figura 3.1 - Esquema com a classificao dos resduos slidos

3.1.1 Classificao segundo a origem3.1.1.1 Resduos Slidos UrbanosSo os resduos slidos domsticos, pblicos, comerciais, nomeadamente os resduos provenientes de estabelecimentos comerciais e do sector de servios, e outros resduos que, pela sua natureza ou composio, sejam semelhantes aos resduos domsticos. Podem ser classificados nas seguintes sub-categorias: Resduos Slidos Domsticos - so os resduos provenientes de unidades e conjuntos habitacionais. Resduos Slidos Pblicos - so os resduos resultantes da limpeza das vias pblicas, jardins e outros espaos pblicos, em geral, incluindo os resduos contidos em papeleiras e outros recipientes com idntica finalidade. Resduos Slidos Comerciais - so os resduos resultantes da actividade de estabelecimentos comerciais, do sector de servios, da hotelaria ou de estabelecimentos similares de hotelaria, e de estabelecimentos de utilizao colectiva que, pela sua natureza ou composio, se possam considerar semelhantes aos resduos domsticos. Resduos Slidos Industriais Equiparveis a Domsticos - so os resduos slidos resultantes da actividade industrial que, pela sua natureza ou composio, se possam considerar43 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

semelhantes aos resduos domsticos, conforme constante do art 7 da Portaria 374/87, de 4 de Maio. Resduos Slidos Hospitalares Equiparveis a Domsticos - so os resduos slidos resultantes da actividade de hospitais, centros de sade, clnicas veterinrias, laboratrios de anlise clnicas e outros estabelecimentos similares que, pela sua natureza ou composio, se encontrem abrangidos pelos resduos do grupo B, conforme constante do n 4 do Despacho 16/90 do Ministro da Sade, e se possam considerar semelhantes aos resduos domsticos. Resduos Slidos Especiais - so os resduos slidos domsticos, comerciais, industriais equiparveis a urbanos e hospitalares equiparveis a urbanos que, pelo seu volume, forma, dimenses, outras caractersticas fsicas, ou outros motivos julgados pertinentes, necessitem de ser objecto de remoo especial. Entulhos de Obras - so os escombros, terras, restos de demolies e de quaisquer materiais de construo resultantes de obras pblicas ou particulares.

3.1.1.2 Resduos Slidos IndustriaisSo os resduos slidos produzidos em actividades ou processos industriais, conforme constante do art 2 da Portaria 374/87, de 4 de Maio.

3.1.1.3 Resduos Slidos HospitalaresSo os resduos slidos resultantes da actividade de hospitais, centros de sade, clnicas veterinrias, laboratrios de anlise clnicas e outros estabelecimentos similares, no equiparveis a resduos slidos urbanos.

3.1.2 Classificao segundo as caractersticas3.1.2.1 Resduos Slidos PerigososSo os resduos que pelas suas caractersticas so perigosos para as pessoas, abrangidos pela Directiva Comunitria 91/689/CEE, relativos aos resduos txicos e perigosos. As principais caractersticas que conferem periculosidade a um resduo so: Exploso; combustibilidade; inflamabilidade; nocividade para a sade por inalao ingesto ou penetrao cutnea; irritabilidade; toxicidade; cancergenos; infecciosos; corrosivos; teratognicos e mutagnicos; entre outros.

3.1.2.2 Resduos Slidos InertesSo os resduos que, quando depositados em aterro, no sofrem transformaes fsicas, qumicas ou biolgicas importantes, e que satisfazem as caractersticas do eluato definidas nos "Critrios e processos de admisso dos resduos". So inertes os resduos que submetidos a um teste de solubilizao no tenham nenhum dos seus constituintes solubilizados, em concentraes superiores aos padres. Como exemplos podemos citar: rochas, tijolos, vidros, plsticos (alguns tipos) e borrachas.

44 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

3.1.2.3 Resduos Slidos no PerigososSo os resduos em que a concentrao de eluato3 se situa numa gama entre o valor estipulado para os resduos inertes e o valor mnimo fixado para os resduos perigosos nos "Critrios e processos de admisso dos resduos" e no abrangidos no n1. Os Resduos Slidos Urbanos (RSU) so classificados neste grupo de resduos. A classificao dos resduos feita com base nas propriedades fsicas, qumicas, biolgicas ou infecto-contagiosas presentes na sua massa. No fcil essa identificao, sendo muitas vezes bastante complexa a identificao de certos produtos.

3.2 PROPRIEDADES FSICAS DOS RESDUOS SLIDOS (RS)As mais importantes propriedades fsicas dos RS que faremos referncia, so a massa especfica, o teor de humidade, a capacidade de reteno de gua (field capacity), o tamanho e distribuio das partculas constituintes e a permeabilidade dos resduos compactados. Massa especfica

Definido como a massa do material por unidade de volume, normalmente em kg/m3. Na Quadro 3.1 apresenta-se valores do peso especfico e teor de humidade de diversos constituintes dos resduos slidos domsticos, urbanos, da indstria, do comrcio e da agricultura. Teor de humidade

O teor de humidade obtido atravs da diferena de pesagem da amostra do resduo intacto e da mesma amostra desidratada numa mufla a 105C, cuja frmula a seguinte: H = ( WW d )100

em que: H = teor de humidade em % W = peso da amostra intacta, g d = peso da amostra aps desidratao a 105C, g

Tamanho e distribuio das partculas

O tamanho das partculas e a distribuio dos tamanhos de partculas dos componentes dos resduos importante do ponto de vista da recuperao de materiais. Especialmente para a separao mecnica as dimenses e a distribuio dos componentes dos resduos assume papel importante no dimensionamento das peneiras (tamanho e tipo). Os RSU em mdia apresentam dimenses que variam3

eluato - definio: soluo obtida no ensaio de lixiviao em laboratrio.

45 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

entre 15 e 25 cm, podendo no entanto tambm apresentar materiais classificados como monstros, cujas dimenses no permitem a recolha convencional. Para cada caso dever ser feita uma medio dos componentes. Capacidade de campo (field capacity)

a capacidade da massa de resduos reter gua absorvida, sem deixar que a mesma seja descarregada por gravidade para o solo. Excedendo esta capacidade a gua que percolar os resduos constituir lixiviado. Uma capacidade de reteno de 30% em volume referida na literatura como normal, porm, depende da caracterstica dos resduos.Quadro 3.1 - Massa especfica tpica e teor de humidade de resduos slidos. Tipo de Resduo Peso especfico (kg/m3) Intervalo valor tpico Contedo em humidade (% do peso) Intervalo valor tpico 70 6 5 2 10 2 10 60 20 2 3 2 3 8 6 20 25 25 70 1

Residencial (s/compactao) Restos de comida 130 - 480 290 50 - 80 Papel 42 - 130 89 4 - 10 Carto 42 - 80 50 4-8 Plsticos 42 - 130 65 1-4 Txteis 42 - 100 65 6 - 15 Borracha 100 - 200 130 1-4 Couro 100 - 261 160 8 - 12 Resduos de jardins 59 - 225 100 30 - 80 Madeira 130 - 285 237 15 - 40 Vidro 159 - 480 146 1-4 Latas 50 - 159 89 2-4 Alumnio 65 - 240 160 2-4 Outros metais 130 - 751 320 2-4 Lixos, cinzas, etc. 320 - 1000 480 6-12 Cinzas 650 - 831 744 6-12 R S U: No camio compactado 178 - 451 297 15-40 Em Aterro Sanitrio: Compactao normal 362 - 498 451 15-40 Bem compactada 590 - 742 599 15-40 Comerciais Restos de comida (hmidos) 475 - 949 540 50-80 Aparelhos / monstros 148 - 202 181 0-2 * Carto parcialmente comprimido manualmente antes de colocado no contentor Fonte: adaptado de G. Tchobanglous, et al, (1993)

Permeabilidade dos resduos compactados

A condutividade hidrulica dos resduos compactados um parmetro fsico importante, pois a lei que governa o movimento de fluidos no aterro (permeabilidade dos lquidos e gases na massa de resduos no aterro). Matematicamente o coeficiente de permeabilidade expresso pela seguinte equao:

K = Cd 2onde: K = coeficiente de permeabilidade C = factor de forma, adimensional

=k

46 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

d = dimenso mdia dos poros = massa especfica da gua = viscosidade dinmica da gua k = permeabilidade intrnseca ou especfica Valores de Cd2 =k em aterros sanitrios: direco vertical - 10-11 a 10-12 m2 e 10-10 m2 na direco horizontal.

3.3 PROPRIEDADES QUMICASPara a determinao das opes de tratamento para os RSU, importante conhecerem-se as suas propriedades qumicas, pois delas depende a sua capacidade de queima e contedo energtico, imprescindveis para uma hiptese de incinerao com recuperao energtica. Os resduos so basicamente uma combinao de materiais combustveis e no combustveis. As principais anlises qumicas so: coberto); teor de humidade, realizada a 105 C por 1 ou 2 horas, dependendo do mtodo; matria voltil, realizada a 550 C; matria combustvel voltil, (perda adicional de peso realizada a 950C em cadinho Carbono fixo; teor de cinzas (peso do resduo aps combusto em cadinho aberto).

O ponto de fuso das cinzas definido como a temperatura na qual as cinzas resultantes da queima dos resduos forma um clinker (slido) por fuso e aglomerao das partculas, normalmente a temperaturas entre 1100 e 1200 C. Outras propriedades qumicas dos resduos slidos mais comuns e com importncia na soluo do tratamento so as determinaes dos contedos em C, O, H, N e S, caracterizando assim a composio qumica da matria orgnica dos RSU. usual definir-se o rcio C/N, para efeitos de tratamentos biolgicos, designadamente a compostagem.

3.4 PRODUO DE RESDUOS SLIDOSOs resduos slidos incluem materiais slidos ou semi-slidos provenientes das actividades humanas e que so rejeitados pelos seus produtores. Os principais factores que influenciam a produo de resduos slidos e que o determinam, so: nvel de vida da populao; clima e estao do ano;47 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

modo de vida e hbitos da populao; novos mtodos de embalagem e comercializao de produtos; tipo de urbanizao e caractersticas econmicas da regio; eficincia do servio de recolha.

Entre o primeiro dos factores mencionados - o nvel de vida da populao - e a produo de lixo "per capita", existe uma relao directa, isto , ao aumento do nvel de vida corresponde uma maior quantidade de resduos slidos produzidos. Nos ltimos anos pode citar-se como mais notvel o caso dos plsticos cuja importncia no conjunto dos componentes usuais do lixo tem vindo a crescer continuamente, admitindo-se que venha a constituir 10% da totalidade dos resduos slidos domsticos. O clima, que depende da situao geogrfica da regio, tem reflexos no tipo, na quantidade e na composio dos resduos slidos produzidos O modo de vida e os hbitos da populao esto ligados produo de resduos slidos, considerando a influncia das deslocaes dirias entre a casa e o local de trabalho e as deslocaes de frias, fins de semana, etc., com os consequentes perodos de ausncia dos domiclios. As actividades econmicas tambm geram resduos slidos de grande importncia. De facto, zonas comerciais, de escritrios, de reparties pblicas, de servios diversos, etc., produzem quantidades apreciveis de resduos slidos.

3.4.1 Situao em PortugalS a partir do funcionamento dos sistemas de resduos slidos que se pode fazer uma avaliao correcta dos quantitativos de resduos produzidos pela populao portuguesa, em cada um dos 30 sistemas. No passado a maioria das autarquias no realiza campanhas de caracterizao, conforme estabelecido na legislao, desde o Dec.-Lei 310/95 at ao Dec.-Lei que lhe revogou, o n 237/97, dificultando assim a realizao de estudos mais rigorosos. Os dados referentes a capitaes e produo de resduos sofrem flutuaes que pem em causa estimativas substancialmente alteradas, como se ilustra com o seguinte exemplo: No Livro Branco Sobre o Estado do Ambiente em Portugal (1991) publicado pelo MARN4, fazem-se as seguintes estimativas de produo de resduos (Quadro 3.2). Para o distrito do Porto, por se considerar, a par de Lisboa, como os mais fiveis em termos de resultados por se efectuarem caracterizaes sistemticas e controle de descargas de resduos, foi prevista uma taxa de crescimento da produo de RSU de cerca de 10% por trinio, tal como em Lisboa, no entanto, a Lipor constatou na prtica, que tem sido de cerca de 10% ao ano. Com efeito, os factores que influenciam a produo de resduos slidos so variados e impossveis de se quantificarem com rigor, situao que se agrava quando no existem sries histricas, como o caso da maioria das municipalidades portuguesas. Dos estudos da Lipor pode chamar-se a ateno para outro aspecto referente a Matosinhos e Vila do Conde: por falta de elementos das quantidades de resduos recolhidos ao destino final, foram feitas correlaes para estimar as quantidades, apresentando uma produo de 74.359 ton em 1994 para o4

Ministrio do Ambiente e dos Recursos Naturais

48 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

concelho de Matosinhos. Ora, na realidade deram entrada no aterro sanitrio deste municpio 120.930 ton de materiais, sendo 93.400 ton de resduos slidos urbanos, resultados obtidos no aterro sanitrio de Matosinhos que controla a entrada de todos os resduos. Este aspecto referido para ilustrar a importncia do controle. Quadro 3.2 - Estimativa da capitao de RSU em g/ hab/diaDistritos Aveiro Beja Braga Bragana C. Branco Coimbra vora Faro Guarda Leiria Lisboa Portalegre Porto Santarm Setbal V. do Castelo V. Real Viseu Mdia1 - Estimativa

1987 702 548 632 542 641 858 565 656 642 672 789 555 756 699 746 615 555 628 707

1990 750 590 680 590 740 990 610 710 720 720 840 600 810 750 800 660 600 700 766

19931 798 632 728 638 839 1122 655 764 798 768 891 645 864 801 854 705 645 772 825

Valores relativos a 1994 provenientes da LIPOR indicavam, para os seus concelhos as seguintes capitaes (Figura 3.2).Figura 3.2 - Capitao nos municpios da LiporCapitao (g/hab/dia) 1994 Municpios da LIPOR Mdia Vila do Conde Matosinhos Valongo Porto Maia Gondomar Espinho 956 1251 1151 857 1451 1233 g/hab/dia 1207 1301

3.4.2 Composio qualitativa dos resduos slidosA caracterizao dos RSU no importante apenas em termos quantitativos, tambm a sua composio qualitativa decisiva para a determinao do sistema de gesto e do mtodo de tratamento49 Tratamento de Resduos Slidos - Mrio Russo

dos mesmos, bem como para a implementao de formas avanadas de valorizao dos resduos, com nfase para as recolhas selectivas. De facto, o conhecimento do tipo e quantidades de resduos produzidos num concelho ou numa regio, determinar a viabilidade tcnico-econmica de solues e que polticas de resduos devero ser seguidas. No se deve negligenciar a componente econmica autosustentvel em polticas de valorizao dos resduos, sob pena de se desestimular a capacidade empreendedora privada na indstria recicladora a jusante de todo este sistema. Para um conhecimento rigoroso da situao seriam necessrios dados histricos fiveis e actuais respeitantes caracterizao qualitativa de resduos municipais. Como se sabe, a quase inexistncia de campanhas de caracterizao, impede a realizao de estudos com base em sries histricas. Para ilustrar faz-se uma abordagem com dados recentes de pases estrangeiros e anlise de dados portugueses disponveis, no caso de municpios da rea Metropolitana do Porto, coligidos pela Lipor. Tal anlise, reportada a pases da Europa Ocidental, poder contribuir, numa primeira aproximao, para perspectivar a tendncia de evoluo da composio qualitativa dos resduos curto/mdio prazo, para alm de balizar a sua actual composio. Quadro 3.3 - Composio fsica dos RSU em percentagem da massaAno Espinho Gondomar Maia Porto Valongo Matosinhos V. do Conde Lisboa Lisboa Holanda Itlia - global Itlia - sul (1988) 1993 1993 1993 1993 1993 1994 1993 1982 1988 1988 1988 1988 Matria Orgnica e Finos 56,0 56,6 57,3 51,7 54,9 57,4-63,5 58,3 57.4 47.4 50,5 60,4 67,4 Papel e Carto 19,2 16,7 17,1 23,2 20,3 7,5-16,4 15,4 18.8 25.9 22,8 22,3 18,5 Plsticos 10,4 11,3 11,0 11,4 10,9 13,2-22,1 9,7 7.8 9.4 6,8 7,2 6,6 Metais 2,4 2,2 2,2 2,0 2,2 0,8-2,2 2,1 1.9 2.5 4,4 3,0 2,5 Vidro 4,4 3,8 3,9 4,0 3,4 1,6-3,7 4,0 3.8 4.6 7,2 7,1 5,0 Outros1 7,6 9,5 8,6 7,6 8,4 5,2-9,7 10,4 10.3 10.2 8,3 0,0 0,0

1 - inclui trapos/texteis

Na anlise dos dados apresentados deve-se ter em ateno alguma discrepncia nos critrios de classificao dos materiais, designadamente no caso italiano em que no h os materiais classificados na coluna "outros" por estarem includos na matria orgnica e finos. A comparao dos resultados obtidos nos municpios portugueses com os provenientes quer d