resenha_contribuições da tanatologia para o processo de morrer

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LIGA DE ENSINO DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO UNIVERSITÁRIO DO RIO GRANDE DO NORTE CURSO DE PSICOLOGIA – TURMA: 2011.1 (N) DISCIPLINA: GERONTOPSICOLOGIA DOCENTE: MÔNICA KLEMIG DISCENTE: ANA PAULA DE MELO R E S E N H A D O A R T I G O “Contribuições da Tanatologia no processo de morrer” O fenômeno da morte desencadeia uma série de reações e dificuldades nas pessoas. Essas dificuldades estão relacionadas com a incapacidade humana de representar psiquicamente a finitude da vida A maioria das pessoas busca incessantemente o prolongamento desta e um bem-estar cada vez maior para desfrutar da condição de estar vivo. diversas profissões e áreas da ciência focam justamente a possibilidade de aumentar os anos de vida dos indivíduos, e também a almejada qualidade de vida, com destaque especial para a área da saúde religião e ciência desempenham um papel importante Para as autoras, os profissionais que trabalham com a possibilidade constante deste desfecho para seus pacientes, precisam enfrentar e se familiarizar com o tema desde a sua formação, com vistas a reduzir as ansiedades e sofrimentos de conviver com o processo de morrer. importância das instituições de saúde possuir serviços para dar suporte a estes profissionais que lidam frequentemente com pacientes terminais e com óbitos. Causas mais comuns de morte câncer, doenças cardiovasculares, carregam o estigma da morte No caso do idoso, além de precisar lidar com as perdas e dificuldades que normalmente a velhice traz consigo,

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CONTRIBUIÇÕES DA TANATOLOGIA PARA O PROCESSO DO MORRER

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LIGA DE ENSINO DO RIO GRANDE DO NORTECENTRO UNIVERSITRIO DO RIO GRANDE DO NORTECURSO DE PSICOLOGIA TURMA: 2011.1 (N)DISCIPLINA: GERONTOPSICOLOGIADOCENTE: MNICA KLEMIGDISCENTE: ANA PAULA DE MELO

R E S E N H A D O A R T I G OContribuies da Tanatologia no processo de morrer

O fenmeno da morte desencadeia uma srie de reaes e dificuldades nas pessoas. Essas dificuldades esto relacionadas com a incapacidade humana de representar psiquicamente a finitude da vidaA maioria das pessoas busca incessantemente o prolongamento desta e um bem-estar cada vez maior para desfrutar da condio de estar vivo.diversas profisses e reas da cincia focam justamente a possibilidade de aumentar os anos de vida dos indivduos, e tambm a almejada qualidade de vida, com destaque especial para a rea da sadereligio e cincia desempenham um papel importantePara as autoras, os profissionais que trabalham com a possibilidade constante deste desfecho para seus pacientes, precisam enfrentar e se familiarizar com o tema desde a sua formao, com vistas a reduzir as ansiedades e sofrimentos de conviver com o processo de morrer.importncia das instituies de sade possuir servios para dar suporte a estes profissionais que lidam frequentemente com pacientes terminais e com bitos.Causas mais comuns de morte cncer, doenas cardiovasculares, carregam o estigma da morteNo caso do idoso, alm de precisar lidar com as perdas e dificuldades que normalmente a velhice traz consigo, precisam vivenciar em alguns casos a prensea da doena de Alzheimer, o que compromete o idoso em sua integridade fsica, mental e social, resultando extrema dependncia de cuidadores e/ou membros de sua famlia.Nesse sentido, percebe-se a relevncia e importncia de estudos que levem em considerao essa problemtica e que busque preparar os profissionais de sade e os educadores a prepararem a sociedade como um todo para a finitude da qual ningum escapa.Mesmo ao se considerar todo o avano tecnolgico e conhecimento desenvolvido pela rea da sade, a morte e os aspectos que a envolvem ainda no foram desvendados. Estes avanos auxiliaram, sem dvida, a evitar mortes desnecessrias, grandes dores fsicas e at possibilitaram o prolongamento da vida. Porm, algumas vezes, as mortes no esperadas ainda pegam todos de surpresa, como aquelas ocasionadas por acidentes, homicdios, desastres naturais ou ainda atos autoinfligidas, como o caso do suicdio.Alm das causas j esperadas de mortes por doenas ou mesmo pela chegada da velhice, que proporcionam as mortes esperadas, observamos tambm vrios fatores externos que favorecem as mortes chamadas de inesperadas, tidas como fatores surpresa, como acidentes, homicdios, desastres naturais ou ainda atos autoinfligidas, como o caso do suicdio.A Tanatologia surge como uma rea de conhecimento destinada compreenso do processo de morrer, abarcando vrios estudos sobre esta temtica e incluindo um vasto campo de atuao, como os cuidados a pacientes terminais e seus familiares, o processo de humanizao dos cuidados paliativos, os processos de luto antes e depois da morte, a compreenso de comportamentos autodestrutivos, como o suicdio, a eutansia, o suicdio assistido, dentre outros temas que incluem discusses em torno do assunto (Kovcs, 2003, 2008).O movimento Tanatolgico, como Zubira (2005) nomeia, foi inaugurado pela psiquiatra Elizabeth Kbler-Ross, atravs de sua clebre obra Sobre a morte e o morrer, publicada em 1981. Ainda que a autora nunca tenha empregado o termo Tanatologia, Kbler-Ross (1981), no livro em questo, desafia o comportamento mdico da poca e afirma que todo paciente portador de uma doena incurvel possui conscincia de sua realidade, e descreve o processo de morrer em pacientes terminais, dividindo-o em cinco fases: negao e isolamento, raiva, barganha, depresso e aceitao. Para DAssumpo (1991), o valor que o conhecimento dessas fases trouxe a possibilidade de compreenso das relaes interpessoais do paciente, da famlia e da prpria equipe de sade, pois cada pessoa envolvida passa pelas fases descritas, cada uma ao seu tempo.No que diz respeito s estratgias de atuao que correspondem ao fazer da Tanatologia, para Campione (2004), essas falam de duas exigncias de igual importncia. Uma a originada de situaes agudas, que demandam uma resoluo rpida, e a segunda a exigncia que surge a partir de uma situao crnica, que permite uma soluo em longo prazo. A primeira daria conta de aliviar a ansiedade, medo, dor, raiva, angstia ou desejo de morrer, assim como a melancolia e o pesar pelo perecer de outros. A segunda sugere viver essas emoes negativas para desenvolver atravs delas uma nova forma de encarar a vida e a morte.Na prtica, o desenvolvimento da Tanatologia como campo de atuao est mais centrado no cuidado e acompanhamento de pacientes terminais e familiares que se encontram em processo de luto pelo sofrimento e perda de entes queridos, tanto por doenas, como por acidentes imprevisveis; e mais recentemente, percebe-se espao para atuao e compartilhamento desse saber nas tragdias coletivas, como o caso dos desastres areos, terremotos e enchentes eventos cada vez mais comuns em nosso cotidiano.o assessoramento de um profissional dedicado a essas atividades pode, conforme Fonseca (2004), ser benfico e til para o paciente e seus familiares, no sentido de esclarecer dvidas prticas a respeito da situao vivenciada, na expresso de sentimentos, angstias ou medos, no planejamento e conduo da situao atual e no que diz respeito tomada de decises e resoluo de problemas pendentes, bem como proporcionar despedidas necessrias, assistindo s emoes envoltas neste processo e no de separao. A interveno, de acordo com Parkes (1998), pode ser realizada por profissionais da prpria instituio (bastante comum em hospitais, por exemplo), desde que obtenham conhecimento prvio sobre a temtica, por conselheiros profissionais especializados, que cobram pelos servios, ou por conselheiros voluntrios, habilitados e treinados a desempenhar essa prtica.Ainda sobre os espaos de atuao da Tanatologia como uma atividade especfica, Zubira (2005) prope uma diviso do trabalho do Tanatlogo em: Tanatologia clnica e Tanatologia de investigao. A primeira diz respeito ao cuidado do enfermo, da sua famlia e das pessoas que esto envolvidas e sofrem pela dor do luto. A segunda, de investigao, teria como campo a investigao do sentido da vida e da morte para o ser humano, que diferente para cada um e depende do tipo de cultura e religio, assim como as causas e epidemiologia do suicdio. Dessa forma, o trabalho do Tanatlogo, para o mesmo autor, pressupe no somente o cuidado dos sintomas de um paciente terminal, mas tambm uma aproximao espiritual e uma comunicao interpessoal, respeitando as crenas e valores, tanto do paciente como de seus familiares.

Referncias

LIMA, G.Q.; PARANHOS, M.E.; WERLANG, B.S.G. Contribuies da Tanatologia no processo de morrer. Revista de Psicologia da IMED, vol.1, n.2, 220-230, 2009, PUCRS.