tanatologia: trabalhando as perdas | dr. aroldo escudeiro

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Prof. Aroldo Escudeiro www.redenacionaldetanatologia.psc.br "Ó árvores da vida, quando atingireis o inverno? Ignoramos a unidade. Não somos lúcidos como as aves migradoras. Precipitados ou vagarosos nos impomos repentinamente aos ventos e tornamos a cair num lago indiferente. Conhecemos igualmente o florescer e o murchar. No entanto, em alguma parte, vagueiam leões ainda, alheios ao desamparo enquanto vivem seu explendor. Rainer Maria Rilke

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Prof. Aroldo Escudeirowww.redenacionaldetanatologia.psc.br

"Ó árvores da vida, quando atingireis o inverno? Ignoramos a unidade. Não somos lúcidos como as aves migradoras. Precipitados ou vagarosos nos impomos repentinamente aos ventos e tornamos a cair num lago indiferente. Conhecemos igualmente o florescer e o murchar. No entanto, em alguma parte, vagueiam leões ainda, alheios ao desamparo enquanto vivem seu explendor.

Rainer Maria Rilke

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OS PIONEIROS A experiência pioneira em nosso meio foi de

Wilma da Costa Torres (1997), que apresenta as primeiras obras sobre a Tanatologia no Brasil citando as obras de Othon Bastos Filho (1974), denominada Comportamento suicida em uma unidade psiquiátrica de um hospital universitário.

Wilma Torres foi a primeira psicóloga brasileira que se dedicou à sistematização da área da Tanatologia no Brasil.

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OS PIONEIROS Em 1999, Wilma Torres lança o livro A

morte e a criança. Desafios, frutos da sua tese de doutorado, orientada pelo Dr. Roosevelt Cassorla.

Em 2003 foi criada a Rede Nacional de Tanatologia coordenada pelo Psicólogo Aroldo Escudeiro

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O QUE É A MORTE?

CONCEITO PESSOAL

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Tanatologia

• É a ciência que estuda o fenômeno da morte e os processos emocionais e psicológicos do indivíduo em suas reações à perda e ao luto.

• É a ciência que estuda a vida através da ótica da morte.

CONCEITO

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CONCEITO VIDA – Fernando Pessoa

“ A vida é uma hesitação entre um ponto de exclamação e de interrogação, na dúvida, há um ponto final! ”

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CONCEITO MORTE – Kastenbaum “ A morte é essencialmente uma não-experiência, e com que se

parece o não-ser, escapa-me!”

“ morte é algo desconhecido, abstrato, cuja ideia vamos formando ao longo de nossas vidas, baseados na cultura, educação, princípios, valores e experiências vividas com a morte de pessoas que nos são próximas e queridas"

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CONCEITO HEIDEGGER – Assim que o homem nasce tem a

idade suficiente para morrer

SARTRE – A morte é a vitória do ponto de vista do outro sobre mim

MANDIUS – Ao nascer começamos a morrer e o fim começa no início

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CONCEITOFilosofia Popular – Na vida tudo é passageiro, menos o motorista , o fiscal e o cobrador.

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CONCEITOO outro lado da coisa, a outra coisa do lado, lado da outra coisa, a coisa do outro lado.

Vida e Morte. Dois lados de uma coisa, uma coisa com dois lados, o outro lado da coisa é a coisa do outro lado. Aroldo Escudeiro

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OBJETO DE ESTUDO

Objeto de estudo: Compreensão de como o ser humano lida

com a morte.

Mas afinal o que é a morte? Reinício / Fim / Nada

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O SÉTIMO SELO

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Pensando a MorteAbbagnano:Como falecimento (fato natural)Relação específica com a existência humanaa) Início de um novo ciclo de vida: Crença na

imortalidade da alma.- Platão e Schopenhauerb) Fim do ciclo da vida: Morte como involução da vida.- Leibniz e Hegelc) Probabilidade existencial: Possibilidade pessoal e

intransferível pertencente à estrutura essencial da existência.

- Heidegger

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• Proposições gerais acerca do conceito de morte:

a)Nível psicológico

• Contexto histórico

• Contexto situacional

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•Formas de concepção

a) A morte do outro:Abandono - interfere em meu senso de segurança - noção de separação.

b) Eu morrerei:Adquiro a percepção de minha existência como pessoa.Não sei a hora, o lugar, nem a maneira específica.Minha terminalidade.

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“Um homem ia feliz pela floresta quando, de repente, ouviu um urro terrível. Era um leão. Ele teve muito medo e começou a correr. O medo era muito, a floresta era fechada . Ele não viu por onde ia e caiu num precipício. No desespero agarrou-se à raiz de uma árvore que saia da terra. Ali ficou dependurado sobre o abismo. De repente, olhou para frente: na parede do precipício crescia um pezinho de morangos. Havia nele um moranguinho, gordo e vermelho, bem ao alcance de sua mão. Fascinado por aquele convite, para aquele momento, ele colheu carinhosamente o moranguinho, esquecido de tudo o mais. E o comeu. Estava delicioso!... Sorriu, então, de que na vida houvesse coisas tão belas.”

Lucas Shirata

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INSTANTESSe eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros.Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.Seria mais tolo ainda do que tenho sido,na verdade bem poucas coisas levaria a sério.Seria menos higiênico.Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios, iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos lentilha, teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da sua vida;claro que tive momentos de alegria.

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Mas se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos.Porque, se não sabem, disso é feito a vida, só de momentos, não percas o agora.Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas;Se voltasse a viver, viajaria mais leve.Se eu pudesse voltar a viver, começaria andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono.Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente.Mas, já viram, tenho 85 anos e sei que estou morrendo.

Jorge Luiz Borges

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INSTANTES GRUPO

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Pesquisa com profissionais de saúde que trabalham com pacientes terminais mostrou comportamento de rejeição ao atendimento destes, por despertar os temores desses profissionais em relação a sua própria morte.

FEIFEL

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MEDO

GRUPO

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• Pensar No medo da morte nos leva a refletir sob vários aspectos:

a) O medo de morrer ligado ao medo do meu sofrimento e da impotência diante do sofrimento do outro

b) Medo do que vem após a morte, ligado ao medo de ser julgado, medo do castigo divino, quando se trata da minha própria morte

c) Medo da extinção, tratando-se da minha morte vem a questão do não-ser, do não sentir mais, e em relação a morte do outro, vem o sentimento de abandono

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KASTENBAUM & AISENBERG

•Variáveis para conter ou não o medo da morte:

a) Tempo: Quando a morte virá?

b) Espaço: Onde está a morte, em mim mesmo ou fora de mim?

c) Probabilidade: Sei que tenho 100%

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d) Gênese: Identificar o início desse medo

Como relacioná-lo com outros fatores da personalidade?

e) Manifestação: Como esse medo se manifesta em relação a sentimentos, pensamentos e comportamentos?

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f) Patologia: Até que ponto o medo é uma atitude normal, neurótica ou patológica?

g) Diferenças individuais: Por quê e que tipos de pessoas sentem certos tipo de medo?

h) Função: Qual a função do medo e da morte e qual papel representa na vida o sujeito?

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BECKERMedo

• Principal fonte de angústia humana

•Mola mestra da atividade humana

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• Fatores que influenciam para conter o medo da morte:

a) Maturidade Psicológica

b) Capacidade de enfrentar uma situação limite

c) Orientação educacional

d) Nível de religiosidade

e) Idade da pessoa

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HOETLER

•Escala Multidimensional para medir o medo da Morte

a) De morrer (específico)

b) Dos mortos (animais/pessoas)

c) De ser destruído (o corpo ser dissecado)

d) Perda de pessoas significativas

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e) Do desconhecido

f) Da morte consciente

g) Do que pode ocorrer com o corpo após a morte

h) Da morte prematura

i) Do sofrimento

j) Ser enterrado vivo

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• Representações de morte para a criança, adolescente, adulto e idoso

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A morte para a criança O que é dito a criança?

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PAPALIA E OLDS

• A morte nos primeiros anos de vida é associada a perda, ausência e separação da mãe

• A criança experimenta ansiedade sobre a morte através do temor da perda de um dos pais ou de pessoas a quem tem apego

• Culpa: a criança atribui a morte ou desaparecimento do ente querido devido algum comportamento seu

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BECKER

• A criança bem tratada na infância pela mãe, desenvolve suas necessidades e culpas de forma moderada e sob controle de sua personalidade

Maranhão

• Entre 3 e 4 anos a morte tem idéia de separação e destruição

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KASTENBAUM & AISENBERG

•Recém-nascido até 2 anos não tem compreensão da morte

• Entre 9 e 10 anos a morte é vista como um evento final e inevitável

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PIAGET

• Até 5/6 anos a criança é caracterizada por um pensamento mágico, pré-operacional e egocêntrico. A morte é vista como algo reversível e é associada ao sono e separação

• A partir dos 8 anos a morte é compreendida como irreversível e acontece com todas as pessoas

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PAPALIA E OLDS

• De 7 a 11 anos a morte é encarada como consequência de causas mais concretas: doenças, armas, venenos, etc. (atribuída a eventos externos)

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RAIMBAULT

• Jogos como expressão da agressividade. ex: esconder-se, desaparecer coisas, polícia e ladrão

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Como educar sobre a morte?

a) Começar com a criança

- A percepção da morte, em maior e menor grau, existe em todos os níveis de idade

- Não se deve omitir o tema da morte na educação da criança

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- Aproveitar as situações - estímulos

-Respeitar na comunicação as características de personalidade da criança, sua linguagem, seus símbolos

- Conceituar fantasia e realidade

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Formação dos profissionais da área de Saúde e Educação

a) Mudança no enfoque da morte: trabalhar o aspecto do inter-relacionamento humano

b) Acrescentar a Tanatologia no currículo

c) Profissionais encararem seus próprios sentimentos

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Adolescente e Adulto Jovem

Espaço da Morte ainda muito distante da consciência

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Adulto de Meia-idade

Avanço da idade e experiência leva a uma grande transformação interna e a morte não se configura mais como algo que acontece somente aos outros, mas que pode acontecer conosco também

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Adulto de Meia-idade

• Morte: possibilidade que temos em nossa vida

• Busca de qualidade de vida

• Representações de morte: mistério, força, poder

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VELHO

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•Tipo de vida nos estágios anteriores influenciará as condições de vida na velhice

• Ideia de morte é mais frequente

• Finitude: Produz ansiedade e estimula a preparação para o evento final da vida

A negação é um Mecanismo de defesa para diminuir a ansiedade da morte

VELHO

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MUNNICH

• Realizou estudo sistemático em relação à atitudes de pessoas idosas para com a morte

• Amostra de 100 pessoas com idade média de 70 anos

• Conclusõesa) Dois terços da população chegaram a um “acordo” com a morte

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b) Quarenta por cento revelou atitude de aceitação em relação a sua própria morte

c) Trinta por cento revelou atitude de consentimento

“O idoso psicologicamente amadurecido encara a morte de maneira positiva e as atitudes negativas relacionam-se às pessoas de personalidade imatura”

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“ Sempre encontra remédio quem de suas penas falam”

Spencer

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Primeira grande perda humana é a do ventre materno que pode ser compensada por um

contato físico com a mãe, permitindo assim a elaboração da perda

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BOWLBY

Formação do apego

• Refere-se à relação entre a criança em desenvolvimento e o seu provedor (normalmente a mãe)

• A formação do apego apropriado vai refletir na capacidade da pessoa formar relacionamentos em sua vida futura

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• Relaciona estados de angústia e depressão manifestados na idade adulta a estados de angústia, desespero e desapego manifestados na primeira infância

•Condena a matrícula em creches de crianças com menos de três anos por achar a experiência bastante estressante para elas

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• O comportamento de apego ocorre durante o primeiro ano de vida do bebê

• É caracterizado pelo fato do bebê recorrer à mãe como fonte de segurança

•Sinais reforçadores: choro, sorriso, olhar, etc

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Conceito de perda

• Perda significa a privação de alguma coisa e está relacionado a um estado de luto, processo pelo qual a tristeza é resolvida

• O trabalho do luto é um processo psicológico que visa a retirada do apego e a elaboração da dor pela perda

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GORER• Declínio do luto na história contemporânea: extinção da solenidades nos funerais

• Categorias de enlutados:•Consegue esconder a dor (de si e dos outros)

•Esconde dos outros (expressa sozinho)

•Deixa aparecer livremente (o mais discriminado por não conter a sua dor)

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Fases do luto (Bowlby) 1ª - Entorpecimento: Dura de algumas horas a semanas. Pode haver explosões de aflição e/ou raiva intensa. Varia de pessoa para pessoa, a maioria sente-se chocada e incapaz de aceitar o fato.

• 2ª - Anseio e busca da figura perdida: Dura alguns meses ou até anos. Tendência da pessoa interpretar sinais e sons como indício de que o morto voltou, é comum o sentimento de raiva e frustração e, a constância de buscar e recuperar o morto diminui gradativamente com o tempo

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• 3ª - Desorganização e desespero: São frequentes oscilações de emoção, momento de superar velhos padrões para a pessoa refazer seus planos. O enlutado muitas vezes se desespera por não poder reaver a situação anterior de vida

• 4ª - Reorganização: A pessoa começa a reavaliar a situação e parte para a redefinição do “eu” e da vida, reconhece a necessidade de adotar novos papéis e quanto mais bem sucedido for em exercer esses novos papéis, mais confiante e independente ela se sentirá

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FREUD

• O luto normal resulta de um retraimento da libido, de sua vinculação com o objeto perdido, onde a perda é claramente percebida. No luto, toda libido deve ser retirada de suas ligações com o objeto perdido

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• Características da pessoa enlutada:

a) Desinteresse pelo mundo exteriorb) Tristeza profundac) Perda da capacidade de visualizar novo objeto de amord) Insôniae) Perda da auto estima

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Terapia do luto

• Sessões de aconselhamento específico

• A pessoa é encorajada a falar sobre seus sentimentos de perda e sobre a pessoa falecida

• Deve ser colocado que os sentimentos de ambivalência que a pessoa sente pelo falecido é normal e saudável

• A psicoterapia pode ser individual ou em grupo

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• O terapeuta encoraja o cliente gradualmente, a assumir novas responsabilidades e a desenvolver um senso de autonomia

• O papel do psicoterapeuta deve ser ativo, deve participar do processo de tomada de decisões com o cliente

• O psicoterapeuta tem que saber lidar com a questão da Morte e ser capaz de enfrentar as reações emocionais da pessoa, tais como: tristeza, raiva, culpa e auto acusação

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TEMPO

A duração da terapia do Luto depende do estado emocional do paciente e principalmente da forma como a ela vivencia o seu luto

Determinantes do Luto (Worden)

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“Conheço cem maneiras de morrer. Muitas vezes pensei em tentar uma delas.Jogar-me sob um caminhão, algum dia,Quando ele passar por mim ou atirar-me de uma ponte.Desse ou daquele modo deve ser duro para os varredores de rua e os homens que limpam o mar.Sei de um veneno que poderia tomar, muitas vezes pensei em prová-lo. Mamãe porém, comprou-o para a pia da cozinha e bebê-lo seria desperdiçá-lo.”

Edna St Vincent Millay

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• Chama a atenção sobre a significação social deste ato individual, aproximando-o da esfera psicopatológica e psicossocial

• Correlaciona aspectos existentes entre o suicídio individual e o contexto histórico-cultural da vida comunitária

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• Definição Durkheim: “trágica denúncia individual de uma crise coletiva”. Forma de abdicar de sua existência e também da sociedade a que pertence

• Categorias suicidas:a) Egoísta: falta de integração do

indivíduo com a família e a sociedade

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b) Altruísta: provocado pelo senso do dever, advindo de ordens superiores de hierarquia

c) Anômico: resultante de sofrimento

d) Fatalista: associado com a falta de oportunidade para o indivíduo em seu meio

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KALINA & KOVADLOFF

• Ato coletivo e não individual

• “Resultado de uma indução e não de uma livre determinação individual”

• “Responsabilidade multi pessoal ou social que incide profundamente na gênese e perfiguração do suicídio.

Page 67: Tanatologia: Trabalhando as perdas | Dr. Aroldo Escudeiro

MARCUSE

• A sociedade teria também tendências destrutivas

• A sociedade impõe um “gasto de energia física e mental na luta por sua existência, seu status e por melhorias”, o que facilitaria a presença de patologias suicidas

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FreudAspectos de relevância

• Interpretação da depressão

•Postulado da pulsão de morte

Page 69: Tanatologia: Trabalhando as perdas | Dr. Aroldo Escudeiro

KASTEMBAUM & AISENBERG

• por que muitos evitam o suicídio, apesar de se encontrarem em situações típicas dos suicidas?

• Qual o grau de responsabilidade das pessoas que se expõem a fatores que causam o suicídio?

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Menninger

• Amor e ódio: tendências de destruir e construir

Física Quântica:

• Anti matéria: “Segue a matéria como se fosse uma sombra sempre pronta para a existência. Uma sombra com a mesma massa, de mesma duração de vida, mas de atributos internos contrários

Page 71: Tanatologia: Trabalhando as perdas | Dr. Aroldo Escudeiro

Fenichel

• O paciente depressivo que comete suicídio “está efetivamente voltando o sadismo de seu superego contra si mesmo”

•Grande perda da auto estima remete à infância, o comportamento suicida do adulto.

Page 72: Tanatologia: Trabalhando as perdas | Dr. Aroldo Escudeiro

FreudPulsão de morte impulsiona o organismo para um “estado anterior de coisas”, tudo que vive, morre por razões internas, torna-se mais uma vez anorgânico

• O objetivo de vida é a morte

• Suicídio – vitória da pulsão de morte

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KASTENBAUM & AISENBERG

Causas do suicídio

1- Fundamentais: situa-se no contexto psico-biológico do indivíduo

2- Contribuintes: fatores externos servem de reforço para indivíduos com tendências suicidas

3- Precipitantes: eventos que detonariam a ação destrutiva

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TEORIA DA PSB ( Personalidade suicida básica)

a) Experiência na 1ª infância

• Influências hereditárias

• Separação M/F na 1ª infância

• Rejeição e privação

• Ausência psi pais

• Perda objetal

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Relação

Suicídio X Doença mental

Altas taxas:- Depressão- Distúrbio bipolar- Melancolia involutiva- Esquizofrenia

Page 76: Tanatologia: Trabalhando as perdas | Dr. Aroldo Escudeiro

Deixei meu amor deitado aqui, deitado aqui, deitado aqui

Deixei meu amor deitado aqui, para viajar e colher amoras

Achei o minúsculo rastro da lontra, o rastro da lontra, o rastro da lontra

Achei o minúsculo rastro da lontra, mas nem rastro do meu amor

Achei o traço do cisne lá do lago, o cisne lá do lago, o cisne lá do lago

Achei o traço do cisne lá do lago, mas nem um traço do meu amor

Achei o sinal da névoa da montanha, da névoa da montanha, da névoa da montanha

Achei o sinal da névoa da montanha, mas nem um sinal do meu amor

GAÉLICO

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BOLWBYTeoria do apego

• Fases: 1ª - Estágio de pré apego: do nascimento até a oitava semana. O bebê orienta-se pela mãe, seguindo-a com os olhos e virando-se ao escutar sua voz.

2ª - Formação do apego: da oitava semana até seis meses. O bebê apega-se a uma ou mais pessoas em seu ambiente

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O bebê nessas duas fases citadas anteriormente não sente como problema a separação dessas pessoas, desde que esteja satisfeito em suas necessidades básicas.

3ª - Definição do apego: de seis até vinte e quatro meses. O bebê chora e sofre com a separação da mãe ou substituta desta e só acalma-se com a visão ou união com ela.

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• Sequência típica no comportamento da criança que é separada da mãe sem que tenha desejado.

1- Protesto e tentativa de recuperar a mãe (angústia de separação)

2- Desespero pela possibilidade de não reaver a mãe, mantendo-se a espera de seu retorno (desgosto e luto)

3- Desapego (mecanismo de defesa)

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Igor Separação Amantes Separação de Amores

•Ao separar-se de alguém que se ama, entra-se em contato com uma morte psíquica da consciência, significando a eclosão da morte na consciência humana.

• Ao mesmo tempo que a matamos em nossa consciência somos também mortos para ela.

• A separação é um problema de morte entre os vivos.

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Mecanismos de defesa

1- Agressividade: intuito de desvalorizar o objeto perdido.

2- Indiferença:

•Super ego: fuga pela atividade b) Id: busca de prazeres

3- Substituição: mata-se melhor quando se tem um substituto para o morto.

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EMBRIAGAI-VOS Deve-se estar sempre embriagado. Nada mais conta. Para não sentir o

horrível fardo do tempo que esmaga os vossos ombros e vos faz pender para a terra, deveis embriagar-vos sem tréguas.

Mas de que? De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha. Mas embriagai-vos. E se algumas vezes, nos degraus de um palácio, na erva verde de uma vala, na solidão baça do vosso quarto, acordais, já diminuída ou desaparecida a embriaguez, perguntai ao vento, à vaga, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, a ave, o relógio, vos responderão: “São horas de vos embriagardes! Para não serdes os escravos martirizados do tempo, embriagai-vos sem cessar! De vinho, de poesia, ou de virtude, à vossa escolha”.

  Pettis Poémes em Prose – 7 de fevereiro de 1864

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ABERASTURY, A. A Percepção de Morte na Criança. Porto Alegre: Artes Médicas,1984. ARRIÉS, P. O Homem diante da Morte. Vol. I e II, 2ºed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1989.

BECKER, E. A negação da morte. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1976.

BOWLBY, J. Apego e Perda. São Paulo: Martins Fontes, 1984.

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CASSORLA, R.S.M. (ORG.) Da Morte. Campinas: Papirus, 1991.

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