resenha sonia draibe

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Rumos e Metamorfoses A crítica da economia política da Cepal, e a história da constituição do capitalismo no Brasil, abriu um novo espaço teórico em que algumas questões pertinentes à relação entre Estado. A partir da crítica da economia política da Cepal, caracterizam-se de forma distinta as etapas no processo de constituição do capitalismo no Brasil. Indica então, a introdução do trabalho assalariado: a economia exportadora capitalista, a autora relata que com a economia exportadora abre-se um período de transição capitalista . Nesse sentido formando uma estrutura econômica, na qual aparecem diversas formas de capital ligadas a atividades de exportação, que apesar de serem diversificadas, a economia exportadora é dominada pelo capital mercantil, domínio que limitou os investimentos industriais ao setor produtor, caracterizando essa fase como e “crescimento industrial”. Em fim dos anos de 1920, o período de transição entra em nova fase, entre 1930 e 1961, implicam a duas fases específicas: a industrialização restringida e a industrialização pesada , sob dinâmicas de acumulação e crises particulares, a transição capitalista no Brasil envolvendo um processo de transformações sociais. Na verdade, essa industrialização foi um aspecto econômico de um processo mais amplo da formação e consolidação da dominação e do poder dos burgueses, ou seja, do processo de uma revolução burguesa . Para Florestan Fernandes, a revolução burguesa denota um conjunto de transformações econômicas, tecnológicas, sociais e políticas que só se realizam quando o desenvolvimento capitalista atinge o auge de sua evolução industrial. Nesse contexto, o papel do Estado no processo de industrialização e das transformações sociais em curso, mereceu a atenção dos cientistas sociais e políticos, com essas transformações ocorridas, constituíram questões que se tratou de serem compreendidas através do conceito de Estado de compromisso , o qual os autores ao mesmo tempo captavam as particularidades de um momento de transformação capitalista no Brasil, e abriam espaço à temática específica do Estado. Ainda na segunda parte da introdução, a autora analisa as vias de desenvolvimento do capitalismo brasileiro, que se abriram a partir de 1929, num momento que se desencadeia a industrialização. Draibe afirma que a primeira, seria a dinâmica da economia mercantilista-exportadora que desenvolveu uma estrutura social, dominada pela burguesia mercantil-

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Page 1: Resenha Sonia Draibe

Rumos e Metamorfoses

A crítica da economia política da Cepal, e a história da constituição do capitalismo no Brasil, abriu um novo espaço teórico em que algumas questões pertinentes à relação entre Estado. A partir da crítica da economia política da Cepal, caracterizam-se de forma distinta as etapas no processo de constituição do capitalismo no Brasil. Indica então, a introdução do trabalho assalariado: a economia exportadora capitalista, a autora relata que com a economia exportadora abre-se um período de transição capitalista.

Nesse sentido formando uma estrutura econômica, na qual aparecem diversas formas de capital ligadas a atividades de exportação, que apesar de serem diversificadas, a economia exportadora é dominada pelo capital mercantil, domínio que limitou os investimentos industriais ao setor produtor, caracterizando essa fase como e “crescimento industrial”. Em fim dos anos de 1920, o período de transição entra em nova fase, entre 1930 e 1961, implicam a duas fases específicas: a industrialização restringida e a industrialização pesada, sob dinâmicas de acumulação e crises particulares, a transição capitalista no Brasil envolvendo um processo de transformações sociais.

Na verdade, essa industrialização foi um aspecto econômico de um processo mais amplo da formação e consolidação da dominação e do poder dos burgueses, ou seja, do processo de uma revolução burguesa. Para Florestan Fernandes, a revolução burguesa denota um conjunto de transformações econômicas, tecnológicas, sociais e políticas que só se realizam quando o desenvolvimento capitalista atinge o auge de sua evolução industrial.

Nesse contexto, o papel do Estado no processo de industrialização e das transformações sociais em curso, mereceu a atenção dos cientistas sociais e políticos, com essas transformações ocorridas, constituíram questões que se tratou de serem compreendidas através do conceito de Estado de compromisso, o qual os autores ao mesmo tempo captavam as particularidades de um momento de transformação capitalista no Brasil, e abriam espaço à temática específica do Estado.

Ainda na segunda parte da introdução, a autora analisa as vias de desenvolvimento do capitalismo brasileiro, que se abriram a partir de 1929, num momento que se desencadeia a industrialização. Draibe afirma que a primeira, seria a dinâmica da economia mercantilista-exportadora que desenvolveu uma estrutura social, dominada pela burguesia mercantil-cafeeira, economia que teve condições de sustentar uma via de desenvolvimento com as novas oportunidades abertas em 1929, com a crise. A segunda alternativa é fundada nos interesses estratégicos da burguesia industrial, quando as relações da indústria, com o campo provocam um fluxo migratório, originário de áreas rurais para abastecer o mercado de trabalho urbano, garantindo oferta de mão-de-obra, esta via de desenvolvimento decorrente do crescimento industrial, aumenta o nível de empregos e a construção de uma infraestrutura econômica, ao mesmo tempo se consolida a presença de um capitalismo moderno.

A terceira alternativa definida por Draibe é a do proletariado, nesta via, houve a aceleração do desenvolvimento das forças que iriam ao encontro de alguns importantes interesses do proletariado. Draibe define-a como via nacional-popular de constituição do capitalismo. Em consequência o Estado se expandia como um aparelho ampliando sua capacidade de regulação e intervenção na vida econômica e social, nessa perspectiva, conclui-se que as observações dessas teorias constituem uma estruturação do aparelho econômico estatal e as vias geradas para o avanço da industrialização na fase final da constituição do capitalismo no Brasil.