resenha educação farmacêutica

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA DEPARTAMENTO DO MEDICAMENTO CURSO – FARMÁCIA MARIA AUXILIADORA MAIA QUEIROZ ENSINO FARMACÉUTICO: TRAJETÓRIA, REFLEXÕES E PERSPECTIVAS PARA A FORMAÇÃO DO FARMACÉUTICO

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Resenha sobre a educação farmacêutica, sua evolução e o perfil do farmacêutico nesta área

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Page 1: Resenha Educação Farmacêutica

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

DEPARTAMENTO DO MEDICAMENTO

CURSO – FARMÁCIA

MARIA AUXILIADORA MAIA QUEIROZ

ENSINO FARMACÉUTICO: TRAJETÓRIA, REFLEXÕES EPERSPECTIVAS PARA A FORMAÇÃO DO FARMACÉUTICO

SALVADOR

2015

Page 2: Resenha Educação Farmacêutica

MARIA AUXILIADORA MAIA QUEIROZ

ENSINO FARMACÉUTICO: TRAJETÓRIA, REFLEXÕES EPERSPECTIVAS PARA A FORMAÇÃO DO FARMACÉUTICO

Resenha apresentada à Universidade Federal da Bahia, como critério de avaliação da disciplina Metodologia Científica no Curso de Farmácia sob orientação do Prof. MSc. Edimar Caetité Jr.

SALVADOR

2015

Page 3: Resenha Educação Farmacêutica

REFERÊNCIAS:

CRUZ, Patrícia Cardoso da. SILVA, Yara Fonseca de Oliveira e. Ensino farmacêutico:

trajetória, reflexões e perspectivas para a formação do farmacêutico.

CREDENCIAIS DOS AUTORES:

Patrícia Cardoso da Cruz é graduada em Farmácia e Bioquímica pelo Instituto de Ensino

Superior Objetivo e pós-graduada em Saúde Pública pela UNAERP.

Yara Fonseca de Oliveira e Silva é Pedagoga, especialista em Avaliação Institucional, mestre

em Educação, doutoranda em Políticas Públicas, Estratégia e Desenvolvimento (UEG/UFRJ).

RESUMO:

Com origem nos jesuítas, o primeiro curso de farmácia no Brasil foi inaugurado em 1832, nos

Estados da Bahia e no Rio de Janeiro, sendo um anexo das escolas de medicina do país. A

criação do curso se deu frente à necessidade de profissionais capacitados para a análise

científica e ao mesmo tempo, com atenção voltada para a população, pois muitos dos

profissionais eram pouco capacitados para tal exercício. Além de manipular os medicamentos,

o farmacêutico se mostrou um profissional capaz de atender ao público e avaliar o progresso

do próprio curso e a partir daí os boticários foram sendo substituídos pela figura do

farmacêutico.

Em 1930, o farmacêutico que, até então era importante para atender às necessidades da

população, começou a se distanciar do público frente ao surgimento das indústrias de

medicamento e as análises clínicas, fazendo do farmacêutico um mero servidor do mercado e

um profissional de saúde isolado. Além disto, o medicamento, antes visto como um meio para

a prevenção de doenças e promoção da saúde da população se tornou uma mera mercadoria

que gera lucro às grandes indústrias de medicamento. A partir daí, o farmacêutico passou a

enfrentar desafios recorrentes à sua profissão e a grade curricular do curso.

As alterações no currículo do curso de Farmácia foram fundamentais para deixar o

farmacêutico ainda mais distante do público e de suas funções como profissional de saúde e

orientador mais adequado para o uso de medicamentos. As reformas de maior impacto

ocorreram na década de 1960, sendo a primeira ocorrida em 1962 e a segunda realizada

durante a época do regime militar em 1969.

Page 4: Resenha Educação Farmacêutica

A reforma curricular de 1962 estabeleceu um currículo mínimo que voltava o profissional

farmacêutico com atuação restrita às indústrias de alimentos e medicamentos,

descaracterizando o âmbito do profissional farmacêutico. O currículo era dividido em dois

ciclos. A segunda reforma ocorreu em 1969, em razão das mudanças políticas realizadas

durante o golpe militar de 1964, causando um distanciamento ainda maior do farmacêutico e o

público ao determinar que as indústrias de medicamentos e as farmácias tinham apenas a

finalidade de produção de medicamentos e gerar lucros através da venda destes.

Com a lei nº 5991/73, as farmácias do país passaram a ser vistas apenas com o intuito de gerar

lucro e a população, leiga em relação aos medicamentos, já não contavam mais com a

orientação do farmacêutico sobre os riscos e benefícios de determinados medicamentos,

vendo o farmacêutico não mais como um profissional da saúde e sim, como um mero

comerciante de medicamentos e correndo riscos que vãos desde uma intoxicação até a morte

pelo uso errado dos produtos farmacêuticos. Devido a este cenário caótico da farmácia, o

currículo foi repensado durante alguns anos até ser modificado na década de 1980.

A formação de um currículo generalista foi elaborada no intuito de recuperar a identidade do

farmacêutico como membro da equipe de saúde e mostrar a importância do seu papel na

sociedade, visando novamente o farmacêutico como um orientador e cuidador. As mudanças

no currículo do curso só foram possíveis graças às Diretrizes Curriculares Nacionais de 2002

que determina que o farmacêutico deva ser multidisciplinar, ou seja, além do conhecimento

técnico e científico adquirido ao longo do curso, ele também deve ter o conhecimento social

para atender às necessidades da população, tornando novamente o farmacêutico um

profissional de saúde com a função de orientador dos medicamentos, seus benefícios e riscos

e também cuidador da saúde pública. A partir daí, o currículo mínimo do curso de Farmácia

foi revisto e alterado para o número mínimo de cinco anos e tendo a sua grade aumentada.

Além das matérias específicas para o curso, o estudante do curso conta com matérias que

abrangem a saúde a nível sócio-político, permitindo o profissional a ter uma visão mais

humana da saúde pública.

Não só a profissão e o currículo foram revistos: as Diretrizes Curriculares Nacionais também

reviram o comportamento do docente nas salas de aula das escolas de Farmácia em todo o

país, afirmando que o professor não deve manter apenas um direcionamento técnico dentro da

sala de aula, mas um direcionamento mais amplo, o que possibilita também a formação de

uma visão ampla do curso no estudante de Farmácia. Neste caso, a possibilidade de formação

Page 5: Resenha Educação Farmacêutica

de uma visão ampla pode ser um trabalho complicado se tiver em vista um professor que não

se permite uma visão ampla do curso, focando apenas no técnico-científico.

Além da mudança do currículo do farmacêutico, a criação de farmácias-escola foram de suma

importância para o crescimento profissional do farmacêutico, tendo em vista a formação de

um perfil profissional para o estudante e o aumento de sua visão humana e social dentro da

farmácia-escola, sem contar com o desenvolvimento de suas habilidades técnico-científicas ao

entrar em contato com o paciente em conjunto com o apoio dos docentes, não deixando o

conhecimento apenas dentro das salas de aula e levando para a sociedade, contribuindo para a

melhoria da saúde pública e bem estar da população.

As mudanças relacionadas ao curso elaboradas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais se

tornaram fundamentais para a construção do perfil do farmacêutico fora das salas de aula, pois

permitiu a formação multidisciplinar do farmacêutico e também permitiu que o profissional

continuasse crescendo e aprendendo novas visões, ganhando conhecimento longe das escolas

por meio do contato com o público, além de contribuir com a melhoria da saúde pública no

país.

ANÁLISE:

O artigo elaborado pelas autoras aborda a trajetória do ensino farmacêutico no Brasil,

abordando os desafios enfrentados e as soluções encontradas para resolver os problemas

enfrentados pelo farmacêutico e o curso de Farmácia, questionando a mercantilização do

medicamento no país como um produto coma finalidade de gerar lucro, e não como um

produto essencial à saúde pública.

Frente a este questionamento, as autoras se posicionam contra à mercantilização,

evidenciando os prejuízos que a desvalorização da profissão farmacêutica e do medicamento

como um produto de saúde causam para a sociedade e defendem a importância da presença do

farmacêutico nas farmácias e a valorização de sua profissão.

Os primeiros parágrafos trazem de forma sucinta o histórico do ensino farmacêutico no Brasil

durante os séculos XIX e XX, evidenciando a importância da criação do curso de Farmácia no

Brasil frente à necessidade de um profissional que não só atendesse a população, mas também

que detivesse o conhecimento técnico sobre as fórmulas preparadas.

Page 6: Resenha Educação Farmacêutica

Os parágrafos seguintes apresentaram os desafios enfrentados pelo farmacêutico e o currículo

de Farmácia no início do século XX com a ascensão da era industrial brasileira que se

procedeu nos governos de Vargas e Kubistchek, mostrando o começo da desvalorização da

profissão farmacêutica como um manipulador das fórmulas e preparados farmacêuticos,

dando prioridade à automatização dos medicamentos e as medidas sócio-políticas tomadas

diante desta situação. A desvalorização do curso teve seu pico durante governo de Goulart e

no período do regime militar durante toda a década de 1960 e parte da década de 1970.

Através de citações de outros autores e dos pareceres evidenciou como o curso de farmácia e

o seu profissional perderam a identidade de um membro da equipe de saúde e como um

educador da população. A apresentação das Diretrizes Curriculares Nacionais e sua posição

em relação ao curso de Farmácia brasileiro na década de 1980 foi crucial para a reconstrução

da identidade do profissional de Farmácia, a partir da revisão do currículo do curso de

Farmácia, que foi estabelecido para o mínimo de cinco anos, evidenciando a importância do

farmacêutico generalista, o papel do docente na construção de uma visão mais humana do

profissional e a importância da farmácia-escola para capacitar o futuro profissional a atender à

população adequadamente.

Os parágrafos finais retomam a ideia da formação do profissional farmacêutico pelas

diretrizes curriculares, enxergando o farmacêutico não mais apenas como um educador e

membro da saúde, mas como um educador, membro da equipe de saúde e um profissional

com visão humana e de amplo conhecimento nas diversas áreas da saúde e também nas áreas

científicas.

O artigo forneceu grandes informações a cerca do ensino farmacêutico no Brasil e através das

citações utilizadas, favoreceu a compreensão da trajetória do curso de Farmácia no Brasil,

demonstrando interesse das autoras pelo tema abordado no artigo. De forma objetiva e

coerente, as autoras defenderam a importância do profissional farmacêutico como um

profissional multidisciplinar para a população através de seu papel orientador, de seu

conhecimento técnico-científico e de sua visão humana. De conteúdo resumido, a obra tem

como objetivo fornecer informações importantes relacionadas à educação farmacêutica

brasileira e permitir fácil compreensão do tema e discussão ampla.