resenha

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Resenha do texto: ''Cidadania, estadania e apatia''. CARVALHO, José Murilo. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil de 24/06/2001. José Murilo de Carvalho tece interessantes considerações sobre a cidadania. O referido autor em Cidadania, estadania e apatia, procura criar uma análise pontuando as características do processo de cidadania em diferentes circunstanciam e países para, a partir daí discutir o processo pelo qual o Brasil passou. Há duas vertentes nas quais se culminaram os processos de formação de cidadania no mundo moderno ocidental. O primeiro enfatiza a constituição da cidadania de baixo pra cima, isto é, a participação popular molda o processo de formação. Verifica-se uma insatisfação popular com regimes autoritários e monárquicos, aonde essa desaprovação dos cidadãos os levaram a decapitar reis, fazer revoluções visando garantir direitos civis e participação na política. Nota-se um caráter social ativo nessa primeira formação de cidadania. A segunda formação da cidadania que o autor aborda acontece em via oposta. O processo se da de cima pra baixo, ou seja, o estado incorpora os civis ao corpo social, estatal e político. Nesse caso a cidadania se apresenta de forma passiva, no sentido político, contudo ativa no que concerne à identificação nacional. O Brasil apresenta características endêmicas no processo de formação de sua cidadania. A priori pode compará-lo com o processo de formação da cidadania passiva, como a que ocorreu na Alemanha, onde o estado incorpora os cidadãos dando lhes direitos civis. Essas semelhanças acontecem somente nas fases inicias do processo de formação da cidadania brasileira. Segundo o autor, em nosso país há uma exclusão de grande parte do corpo civil na participação de direitos políticos e representam uma grande massa de manobra. O poder público não garante direitos a todos, somente a grupos econômicos e a cidadãos que juntos, de forma particularista, distribuem os bens públicos. José Murilo define essa articulação política e segregacionista de estadania. A política e a cultura foram marcadas por esse percurso, dando extremo valor ao pode executivo do estado, por

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Resenha do texto: ''Cidadania, estadania e apatia''. CARVALHO, José Murilo.Rio de Janeiro: Jornal do Brasil de 24/06/2001.

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Resenha do texto: ''Cidadania, estadania e apatia''. CARVALHO, Jos Murilo.Rio de Janeiro: Jornal do Brasil de 24/06/2001.

Jos Murilo de Carvalho tece interessantes consideraes sobre a cidadania. O referido autor em Cidadania, estadania e apatia, procura criar uma anlise pontuando as caractersticas do processo de cidadania em diferentes circunstanciam e pases para, a partir da discutir o processo pelo qual o Brasil passou.H duas vertentes nas quais se culminaram os processos de formao de cidadania no mundo moderno ocidental. O primeiro enfatiza a constituio da cidadania de baixo pra cima, isto , a participao popular molda o processo de formao. Verifica-se uma insatisfao popular com regimes autoritrios e monrquicos, aonde essa desaprovao dos cidados os levaram a decapitar reis, fazer revolues visando garantir direitos civis e participao na poltica. Nota-se um carter social ativo nessa primeira formao de cidadania.A segunda formao da cidadania que o autor aborda acontece em via oposta. O processose da de cima pra baixo, ou seja, o estado incorpora os civis ao corpo social, estatal e poltico. Nesse caso a cidadania se apresenta de forma passiva, no sentido poltico, contudo ativa no que concerne identificao nacional.O Brasil apresenta caractersticas endmicas no processo de formao de sua cidadania. A priori pode compar-lo com o processo de formao da cidadania passiva, como a que ocorreu na Alemanha, onde o estado incorpora os cidados dando lhes direitos civis. Essas semelhanas acontecem somente nas fases inicias do processo de formao da cidadania brasileira. Segundo o autor, em nosso pas h uma excluso de grande parte do corpo civil na participao de direitos polticos e representam uma grande massa de manobra. O poder pblico no garante direitos a todos, somente a grupos econmicos e a cidados que juntos, de forma particularista, distribuem os bens pblicos. Jos Murilo define essa articulao poltica e segregacionista de estadania.A poltica e a cultura foram marcadas por esse percurso, dando extremo valor ao pode executivo do estado, por acreditar que os direitos civis foram implantados por esta instituio. Entretanto, quando esta implantao ocorreu, no havia legislativo, visto que os direitos sociais foram implantados em perodos ditatoriais. Associada a exaltao do executivo, encontra-se a busca por um poltico queagilizasse a representatividade popular e aumentasse a eficcia do sistema. A democracia existente, mesmo havendo uma busca incessante, salvo em perodos ditadorias, no apresenta uma evoluo no sentido de torn-la liberal. O autor aponta a imaturidade pelo pouco tempo de exerccio e as mazelas sociais que vem dos pores da nossa histria.

Atualmente, vemos um processo no qual a globalizao com seus acordos internacionais acaba por reduzir os poderes do estado, esse por sua vez ancorando-se no neoliberalismo abdica-se de intervir no corpo social para promover a reduo da excluso social. Instal-se aqui, portanto, o terceiro elemento intitulador da obra em questo, a apatia. A percepo de que o estado est cada vez menos atuante e que a sociedade auto-regulada pelo mercado. Surge a apatia como uma virtude.As disparidades existentes na sociedade vm criando uma busca por direitos de consumo e no por direitos civis. O autor levanta a necessidade de desenvolver mecanismos alternativos de representao poltica e implementao de polticas que prime pro uma democratizao de poder embasando-se numa maior participao poltica e social para construir uma verdadeira cidadania