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República Federativa do Brasil f A DIARIO DA CAMA DOS DEPUTADOS •.• m ANO LIV -Nê' 034 mr T 7 SÁBADO, 27DE FEVEREIRO DE 1999 mm _ BRASíLIA-DF

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República Federativa do Brasil

f A

DIARIO DA CAMA DOS DEPUTADOS•.• m

ANO LIV -Nê' 034

mr T 7

SÁBADO, 27DE FEVEREIRO DE 1999mm _

BRASíLIA-DF

Page 2: República Federativa do Brasilimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/DCD27FEV1999.pdf · 1 - ATA DA 51 SESSÃO, DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, DA 11 SESSÃO LEGISLA TIVA ORDINÁRIA, DA 51!!

~

MESA DA CAMARA DOS DEPUTADOS

(Biênio 1999/2000)

PRESIDENTE

1J:! VICE~PRESIDENTE

22 VICE~PRESIDENTE

1J:! SECRETÁRIO

22 SECRETÁRIO

32 SECRETÁRIO

42 SECRETÁRIO

12 SUPLENTE DE SECRETÁRIO

22 SUPLENTE DE SECRETÁRIO

32 SUPLENTE DE SECRETÁRIO

42 SUPLENTE DE seCRETÁRIO

MICHEL TEMER - PMDB - SP

HERÁCLITO FORTES - PFL - PI

SEVERINO CAVALCANTI- PPB - PE

UBIRATAN AGUIAR - PSDB - CE

NELSON TRAD - PTB - MS

JAQUES WAGNER - PT - BA

EFRAfMMQRAIS - PFL - PB

GIOVANNI QUEIROZ - PDT - PA

LUCIANO CASTRO - PSDB - RR

ZÉ GOMES DA ROCHA - PMDB - GO

GONZAGA PATRIOTA - PSB - PE

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'"CAMARA DOS DEPUTADOSSUMÁRIO

1 - ATA DA 51 SESSÃO, DA CÂMARADOS DEPUTADOS, DA 11 SESSÃO LEGISLA­TIVA ORDINÁRIA, DA 51!! LEGISLATURA, EM26 DE FEVEREIRO DE 1999

I - Abertura da sessão11 - Leitura e assinatura da ata da sessão

anterior111 - Leitura do expediente

OFíCIOS

N2 195/99 - Do Senhor Deputado GeddelVieira Lima, Líder do PMDB, indicando os Depu­tados que integrarão o Colégio de Vice-Líderesdo referido Partido. 07068

NQ 81/99 - Do Senhor Deputado ValdemarCosta Neto, Líder do Bloco ParlamentarPUPST/PSUPMN/PSD, indicando o DeputadoPaulo José Gouveia para o cargo de Vice-Líderdo referido Bloco. 07068

N2 216/9 - Do Senhor Deputado RomelAnísio, requerendo o desarquivamento do PL nQ

2.850/97................................................................. 07068

REQUERIMENTOS

- Do•.Senhor Deputado Chico da Princesa,requerendo Gt.. desarquivamento da proposiçõesque relaciona .

- Do Senhbr Deputado Cláudio Cajado, re­querendo o desar~uivamento das proposiçõesque relaciona ~..................... 07068

PRESIDENTE\!(Heráclito Fortes) - Inexis-tência de quorum regimental para abertura dasessão. . '" 07068

PRESIDENTE (Heráclito Fortes) - Aberturada sessão. . 07069

IV - Pequeno ExpedienteGEOVAN FREITAS - Importância do turis­

mo como fonte geradora de empregos. Apoio doGoverno Federal à exploração da atividade turís-tica em Municípios goianos. 07069

RICARDO FERRAÇO - Saudação ao De­putado Aloízio Santos, do Estado do EspíritoSanto. Louvor às iniciativas do Presidente Fer­nando Henrique Cardoso e do Governador MárioCovas, do Estado de São Paulo, de redução dasalíquotas do Imposto sobre Produtos Industriali­zados - IPI e do Imposto sobre Circulação deMercadorias e Serviços - ICMS em favor da ma-

nutenção do emprego de trabalhadores da indús­tria automobilística. Solicitação ao Ministério deMinas e Energia de reestruturação do escritóriodo Departamento Nacional da Produção Mineral- DNPM no Estado do Espírito Santo. 07069

UBIRATAN AGUIAR - Cumprimento, pelosEstados, de compromissos assumidos com aUnião. Confiança no resultado da reunião entre oPresidente Fernando Henrique Cardoso e Gover­nadores para equacionamento da crise financeiraestadual. 07070

JOSÉ LOURENÇO - Importância do de­senvolvimento da indústria do turismo no País.Dificuldades do turista estrangeiro nas operaçõesde câmbio e com a taxação de embarque nosaeroportos nacionais. 07070

JORGE COSTA - Responsabilidade doParlamento pela desigualdade regional e socialbrasileira. Sugestões para a retomada do desen-volvimento no País. 07071

FERNANDO FERRO - Discussão, pelo Se­nado Federal, da indicação de Armínio Fragapara a Presidência do Banco Central do Brasil.Relatório da Secretaria da Receita Federal sobresonegação fiscal no País. Retrato da injustiça tri-butária brasileira. 07072

AGNELO QUEIROZ - Repúdio à repressãopolicial a manifestantes contrários à proposta deconcessão dos serviços de transportes coletivosapresentada à Câmara de Vereadores pela Pre­feita Municipal Ângela Amin, de Florianópolis, Es­tado de Santa Catarina. Manifesto à Nação "ForaFraga, Fora Soros, Fora FMI! É preciso pudor",subscrito por Parlamentares. Providências daMesa Diretora sobre o atraso na distribuição detíquetes-alimf'ntação e de vales-transporte dosservidores da Casa. 07073

PRESIDENTE (Giovanni Queiroz) - Anún-cio de regularização dos benefícios citados peloDeputado Agnelo Queiroz. 07074

GONZAGA PATRIOTA (Como Líder) ­Realização de congresso do Partido SocialistaBrasileiro - PSB, de reunião entre o Presidenteda República e Governadores de Estado e de en·contro de Edis, em Brasília, Distrito Federal. Sa­batina, pela Comissão de Assuntos Econômicosdo Senado Federal, do economista Armínio Fra­ga, indicado para a Presidência do Banco Central

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07082

BEN-HUR FERREIRA - Lançamento, pelaConferência Nacional dos Bispos do Brasil ­CNBB, da Campanha da Fraternidade de 1999,sob o lema "Sem Trabalho Por quê?" .

07066 Sábado 27 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 1999

do Brasil. Apoio do Governo Federal aos setores PEDRO CORRÊA - Razões do apoio doprodutivos. Reafirmação, pelo PSB, do propósito Partido Progressista Brasileiro - PPB à institui-de colaboração com o Governo Fernando Henri- ção do imposto sobre combustíveis, chamado Im-que Cardoso na solução dos problemas nacio- posto Verde. Defesa de fortalecimento do Progra-nais. 07076 ma Nacional do Álcool - PROÁLCOOL. 07083

WILSON SANTOS - Apelo ao Governo Fe- PAULO PAIM - Convite aos Deputadosderal em favor da liberação dos recursos neces- para participação na Frente Parlamentar e de En-sários para a conclusão das obras da Ferro-Ligas tidades em Defesa do Salário Mínimo. UrgenteNorte de Minas S/A - FERRONORTE. 07076 aprovação da proposta de elevação do valor do

PAULO DELGADO - Riscos do descontro- salário mínimo para 208 reais. 07084le da economia nacional. Artigo liA permanência V _ Grande Expedientedo horror político", de autoria do orador, publica- MARCOS CINTRA - Documento intituladodo no Jornal de Brasília. 07077 "Execução Fiscal: Nova Investida sobre o Setor

MORONI TORGAN - Anúncio de apresen- Privado", de autori.a do Advogado José Carlostação de requerimento para constituição de Co- Graça Wagner. Urgente necessidade de reformamissão Especial destinada à elaboração de ante- tributária no País. . 07085projeto de lei sobre o Estatuto do Idoso. Proble- FERNANDO FERRO (Pela ordem) - Apre-mática da violência e da criminalidade. Oportuni- sentação à Mesa Diretora de requerimento de in-dade de criação da Escola Superior de Polícia... 07078 formações ao Ministério das Comunicações. ...... 07090

GERMANO RIGOITO - Reunião entre o PEDRO BIITENCOURT - Assunção doPresidente da República e os Governadores para mandato parlamentar pelo orador. Expectativadiscussão sobre a crise financeira dos Estados. sobre a reunião do Presidente Fernando Hen-Posicionamento contrário à renegociação da dívi- rique Cardoso com os Governadores de Esta-da pelo Governo Federal. Concordância com a do. Renegociação das dívidas de Santa. Catari-reformulação da Lei Kandir com vistas à compen- na. Defesa de interesses e necessidades dosação das perdas dos Estados. Reforma do sis- Estado. 07091tema tributário brasileiro. 07079 PAES LANDIM (Como Líder) - Excelência

REGIS CAVALCANTE - Anuência ao pro- da matéria publicada no Jornal do Brasil, sobrenunciamento do Deputado Germano Rigotto, re- os efeitos das taxas de juros praticadas no País,lativamente à necessidade de reforma tributária de Antônio de Oliveira Santos, Presidente dano País. Reexame, pelo Governo Federal, da Confederação Nacional do Comércio. Declaraçãoproposta de desativação do Escritório de Repre- do Ministro Extraordinário de Política Fundiária,sentação da Secretaria de Estado da Assistência Raul Jungmann, contrária à suspensão do forne-Social no Estado de Alagoas. 07080 cimento de cestas básicas a populações caren-

LUCI CHOINACKI - Compromisso de atua- teso Apoio do Ministro Raul Jungmann e do ~inis-

ção parlamentar em defesa dos interesses da tro Francisco Turra, da Agricultura e do Abasteci-classe trabalhadora. Repúdio à violência policial menta, aos assentamentos de trabalhadores ru-a manifestantes contrários à proposta de con- rais no sertão piauiense. 07095cessão dos serviços de transporte coletivo VIVALDO BARBOSA (Como Líder) - Re-apresentada à Câmara de Vereadores pela púdio ~abatina aplicada pelo Senado FederalPrefeita Municipal Ângela Amin, de Florianópo- ao economista Armínio Fraga, indicado para aIis, Estado de Santa Catarina. Inconstitucionalida- Presidência do Banco Central do Brasil. Manifes-de da proposta. 07080 to à Nação "Fora Fràg~, Fora Soros, Fo~a FMl! -

É preciso pudor", assina'do por Parlamentares daPEDRO WILSON - Transcurso do 15Q ani- Câmara dos Deputados........,................................ 07096

versário da Casa da Juventude, de Goiânia, Esta-do de Goiás. Realização do XVIII Congresso do AIRTON CASCAVEL - Diagnósticos sobreSindicato Nacional dos Docentes das Instituições os problemas da região amazônica: Urgente re-de Ensino Superior - ANDES, em Fortaleza, Es- formulação da política de ocupação da região.tado do Ceará. Lançamento do 11 Congresso Na- Efetiva ação do Ministério da Agricultura e docional do Partido dos Trabalhadores. Manifesta- Abastecimento, do Ministério Extraordinário de'ção de pesar pelo falecimento do artista goiano Política Fundiária e do Ministério do Meio Am-Ademir Faleiro. 07080 biente para diminuição do ritmo do desmatamen­

to e das queimadas na Amazônia. Necessidadede disciplinamento da exploração da florestadiante da abertura de grandes eixos rodoviáriosna região. Relevância da conclusão do asfalta­mento da BR-174, no Estado de Roraima, bem

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2-MESA

3 - LíDERES E VICE-LíD,ERES

Fevereiro de 1999 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Sábado 27

como da linha de transmissão de Guri, interligan- brasileiras para a criação da Universidade Virtualdo a Venezuela a Roraima. 07098 do Centro-Oeste - UNIVIR - CO. Solicitação ao

SEVERINO CAVALCANTI- Expectativa do Ministério da Educação da federalização doempresariado com a revitalização da economia Campus Avançado de Jataí, no Estado denacional. Apoio à reivindicação da indústria têxtil Goiás ; ..de eliminação da tarifa de importação incidente CARLOS BATATA - Problemática da secasobre o algodão e de aumento dos financiamen- no Nordeste. Prejuízos causados pelos cortes detos às exportações pelo Banco Nacional de De- verbas federais para obras de prevenção dossenvolvimento Econômico e Social - BNDES. efeitos da estiagem, reconhecidamente cíclica.Balanço do volume das exportações e importaçõ- Importância do setor primário da economia. Ma-es de produtos têxteis nos períodos compreendi- nutenção, pelo' Govemo Federal, de· recursosdos entre 1994 e 1998. Necessidade de reativa- destinados às ações sociais ..ção da Empresa Brasileira de Assistência Técni- CARLlTO MERSS - Agradecimento aoca e Extensão Rural - EMATER, no Estado de eleitorado do Estado de Santa Catarina pela con-Pernambuco. 07103 dução do orador à Casa. Oportuna escolha, pela

PRESIDENTE (Jorge Costa) - Parabeniza- Conferência Nacional dos: Bispos do Brasil -ção ao Deputado Severino Cavalcanti pelo oportu- . CNBB, de tema relacionado ao desemprego parano pronunciamento. Perspectiva de aumento das a Campanha da Fraternidade de 1999. Proble-exportações da indústria algodoeira do Norte e Nor- mática da exclusão social no País. Natureza de·deste com a desvalorização da moeda nacional.. 07107 sastrosa da política econômica do Governo Fer·

FRANCISCO RODRIGUES (Pela ordem) - nando Henrique Cardoso. Submissão do PaísImediatas providências da Corregedoria da Casa aos ditames do Fundo Monetário Internacional.quanto a declarações públicas do Deputado Gival- Comportamento governamental complacentedo Carimbão, ofensivas à Casa e aos Deputados.. 07107 com os especuladores e intransigente quanto às

PRESIDENTE (Severino Cavalcanti) - Aco- reivindicações dos Governadores de Estado. Im-Ihimento da denúncia do Deputado Francisco Ro- portância da participação do Poder Legislativo nadrigues para as devidas providências da Mesa e elaboração do Orçamento Geral da União. Sub-da Corregedoria da Casa. 07107 serviência do Congresso Nacional ao Poder Exe-

GEOVAN FREITAS - Compromisso do cutivo. Repúdio ao fisiologismo político. .. ..orador com a educação nacional. Importância VI - Encerramentodos centros de ensino superior para a inte­riorização do desenvolvimento no País. Congra­tulações ao consórcio formado por universidades

07067

07108

07111

07115

Ata da da 5ª Sessão, em 26 de fevereiro de 1999Presidência dos Srs.: Heráclito Fortes, 1!2 Vice-Presidente - Severino Cavalcanti,

2º Vice-Presidente - Giovanni Queiroz, 1ºSuplente de Secretário - Airton Cascavel­Jorge Costa - Francisco Rodrigues, § 2º do artigo 18 do Regimento Interno

o SR. PRESIDENTE (Heráclito Fortes) - Nãohavendo quorum regimental para abertura da ses­são, nos termos do § 3º do art. 79 do Regimento In­terno, aguardaremos até trinta minutos para que elese complete.

I - ABERTURA DA SESSÃO(9 horas e 16 minutos)

O SR. PRESIDENTE (Heráclito Fortes) ­Havendo número regimental.Está aberta a sessão.Sob a proteção de Deus e em nome do povo

brasileiro iniciamos nossos trabalhos.

o Sr. Secretário procederá à leitura da ata dasessão anterior.

11 - LEITURA DA ATA

O SR. GIOVANNI QUEIROZ, 1li Suplente deSecretário, servindo como 2Q Secretário, procede àleitura da ata da sessão antecedemte, a qual é, semobservações, aprovada.

O SR. PRESIDENTE (Heráclito Fortes) - Pas­sa-se à leitura do expediente.

O SR. JOR(3E COSTA, servindo como 1Q Se­cretário, procede à leitura do seguinte

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Do Sr. Deputado Geddel Vieira Lima, Líderdo PMDB, nos seguintes termos:

OFICíO/GAB.IINº 195

07068 Sábado 27 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 1999

111- EXPEDIENTE Estudos para Estudantes de Nível Superior, aos Por-OFíCIOS tadores de Deficiência e com Insuficiência de Recur­

sos", para sua tramitação normal nesta legislatura.P. Deferimento. - Deputado Romel Anízio

Jorge - Romão, Vice-Líder do Partido ProgressistaBrasileiro.

Brasília, 26 de fevereiro de 1999

Senhor Presidente,Comunico a Vossa Excelência que os Deputa­

dos Cezar Schirmer, Hélio Costa. Milton Monti, Wal­demir Moka, Fernando Diniz, Ricardo Rique, JoséChaves, Mendes Ribeiro Filho, Henrique Eduardo Al­ves e João Henrique passam a integrar o colégio deVice-Líderes do Partido do Movimento DemocráticoBrasileiro - PMDB.

Por oportuno, renovo a Vossa Excelência pro­testos de estima e consideração. - Deputado Ged­dei Vieira Lima, Líder do PMDB.

Defiro.Em 26-2-99. - Michel Temer, Presi­

dente.

Do Sr. Deputado Valdemar Costa Neto, lí­der do Bloco Parlamentar PUPST/PSUPMN/PSD,

.nos seguintes termos:

OFíCIO Nº 81/99

Brasília, 26 de fevereiro de 1999

Senhor Presidente,Tenho a satisfação de indicar a V. Ex'!, para

Vice-Líder do Bloco PUPST/PSUPMN/PSD, o De-putado Paulo José Gouveia. .

Sendo o que se apresenta para o momento,reitero ao ilustre Presidente meus protestos deelevado apreço e distinta consideração. - Deputa­do Valdemar Costa Neto, Uder do BlocoPLlPST/PSUPMN/PSD.

Defiro.Em 26-2-99. - Michel Temer, Presi­

dente.

Do Sr. Deputado Romel Anízio Jorge, nosseguintes termos:

OF. Nº 216/99/GB/RA

Brasília, 22 de fevereiro de 1999

Senhor Presidente,Romel Anízio Jorge, Deputado Federal pelo

Partido Progressista Brasileiro - PPB, vem, respeito­samente, requerer o desarquivamento do Projeto deLei nº 2.850/97, que "Institui o Sistema de Bolsas de

Defiro, nos termos do art. 105, pará­grafo único, do RICO, o desarquivamento doProjeto de Lei nº 2.850/97.

Em 26-2-99. - Michel Temer, Presi­dente.

Do Sr. Deputado Chico da Princesa, nos se­guintes termos:

REQUERIMENTO(Do Senhor Chico da Princesa)

Senhor Presidente,Nos termos do art. 105, parágrafo único, do

Regimento Interno da Câmara dos Deputados, re­queiro a Vossa Excelência o desarquivamento dasproposições a seguir relacionadas que são de minhaautoria:

PL nº 1.974/96PL nº 3.108/97PL nº 3.165/97PL nº 3.194/97PL nº 3.293/97PL nº ?l397/97PL nº 4.073/98PL nº 4.074/~8

Sala das Sessões, 3 de fevereiro de 1999. ­Deputado Chico da Princesa, (PTB/PR).

Defiro, nos termos do art. 105, pará­grafo único, do RICO, desarquivamento dasseguintes proposições: PL nºs 1.974/96,3.165/97, 3.194/97, 3.293/97, 3.397/97,4.073/98,4.074/98. Indefiro quanto ao PL nº3.108/97, que não foi arquivado. Oficie-se aoRequerente.

Em 26-2-99. - Michel Temer, Presi­dente.

Do Sr. Deputado Cláudio Cajado, nos se-guintes termos: .

REQUERIMENTO(Do Sr. Cláudio Cajado)

Senhor Presidente,Nos termos do Parágrafo único, do art. 105, do

Regimento Interno da Câmara dos Deputados, re­queiro a Vossa Excelência o Desarquivamento dasProposições de minha autoria, abaixo relacionadas:

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IV - Pequeno Expediente

Tem a palavra o Sr. Geovan Freitas.

O SR. PRESIDENTE (Heráclito Fortes) - Findaa leitura do expediente, passa-se ao

Defiro, nos termos do art. 105, doRICD, o desarquivamento das seguintesproposições: PEC.nº 202195, PL nºs 579/95,755/95,3.137/97.

Em 26-2-99. - Michel Temer, Presi­dente.

Fevereiro de 1999 DIÁRIO DA cÂMARA DOS DEPUTADOS Sábado 27 07069

Proposta de Emenda a Constuição nº 202/95 Estamos a esperar uma parceria com GovernoProjeto de Lei nº 579/95 Federal, para que a indústria do turismo possa gerarProjeto de Lei nll 755/95 mais empregos. O turismo é uma indústria que nãoProjeto de Lei nº 3.137/97 polui. Certamente ela se tornará a alavanca do de-Sala das Sessões, 25 de fevereiro de 1999. _ senvolvimento do País e solucionará nosso maior

Deputado Cláudio Cajado. problema social, o desemprego, que leva pais de fa­mília a cometerem inúmeros deslizes.

Nosso clamor é no sentido de que o Presidenteda República volte sua atenção para o desenvolvi­mento do turismo no Brasil. É preciso haver mais in­vestimentos, divulgação das potencialidades e par­ceria com a iniciativa privada, para que possamosgerar empregos e divisas para o País.

O SR. RICARDO FERRAÇO (PSDB - ES.Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sr"s e Srs.Deputados, inicialmente saúdo o nobre companheiroAloízio Santos, homem público de primeira linha, ex­periente, ex-Deputado e ex-Prefeito, que tomou pos­se nesta Casa há dois dias. S. Ex" saberá repre­sentar, com muita firmeza, os interesses do EspíritoSanto e do povo de Cariacica, importante Municípiodo Estado.

Sr. Presidente, em meio a esse turbilhão denotícias ruins, quero registrar a importante medidaadotada pelo Presidente da República, FernandoHenrique Cardoso, e pelo Governador Mário Covas,no momento em que um dos mais importantes in­dústrias passa por uma crise em função da conjuntu­ra econômica. Trata-se da diminuição da alíquota doIPI, pejo Governo Federal, e da alíquota do ICM,pelo Governo do Estado de São Paulo.

Embora conjuntural, tal medida é muito impor­tante para manutenção e promoção do emprego. Ésabido que a indústria automobilística é responsávelpor 500 mil empregos diretos e indiretos no-País.

Essa medida, repito, é conjuntural. Todavia, épreciso adot~r medidas de complementaçãp do ajus­te fiscal e dos demais ajustes de que o País 'necessi­ta, não só no âmbitd federal, mas estadual e munici­pal, e nos três Poderes: Executivo, Legislativo e Ju­diciário.

Quando este País reencontrar seu desenvolvi­mento e crescimento, algumas reformas serão ne­cessárias. Uma delas, Sr. Presidente, é a flexibiliza­ção e a desoneração dos encargos sociais e traba­lhistas para o setor produtivo.

Portanto, faço esse registro que considero damaior importância: a iniciativa do Presidente Fernan­do Henrique Cardoso de reduzir a alíquota do IPI e ado Governador Mário Covas, dando exemplo daquiloque outros Governadores também podem fazer para

O SR. GEOVAN FREITAS (PMDB - GO. Semrevisão do orador.) - Sr. Presidente, Sr<\s e Srs. De­putados, aproveito este horário do Pequeno Expe­diente para falar de um importante mecanismo degeração de emprego no País: o turismo, cujo poten­cial não está sendo devidamente explorado pelosgovernantes.

Segundo pesquisa feita pela Embratur, em1998 o Brasil recebeu 5,5 milhões de turistas estran­geiros, que movimentaram receita de quase 5 bilhõ­es. Comparados aos dados de 1997, esses númerosrevelam crescimento de 55,48%, ainda tímido em re­lação ao potencial turístico de todas as regiões doBrasil. Comprovo esse fato em relação ao meu Esta­do, Goiás, que tem inúmeras condições para explo­rar o turismo.

Torno a dizer que o turismo é, em primeiro lu­gar, um mecanismo para gerar mais empregos noPaís. Portanto, trago aqui o clamor de empresáriosda iniciativa privada, que reivindicam parceria comos governos, especialmente o Governo Federal, paradotar os Municípios da infra-estrutura necessária.

É preciso que o Governo Federal dê atençãoespecial ao nosso Rio Araguaia e às cidades goia­nas de Caldas Novas, Rio Quente, Goiás, Pirenópo­Iis, Itajá, com o potencial termal de Lagoa Santa,Serranópolis, com as suas grutas, dentre outras lo­calidades que possibilitam e exploração do ecoturis­mo. O Sr. Deputado Gonzaga Patriota, aqui presen­te, que recebeu o título de cidadão da cidade de Ja­taí, sabe que aquela cidade tem grande potencial tu­rístico, com a descoberta de manancial de águas ter­mais.

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07070 Sábado 27 DIÁRIo DA cÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 1999

promover a geração de empregos e adequar esseimportante setor à conjuntura nacional.

Por último, Sr. Presidente, o Estado do Espíritodo Santo, sobretudo sua região sul e o meu Municí­pio de Cachoeiro de Itapemirim, é responsável por70% do mármore e do granito extraídos hoje noPaís. Na próxima semana farei pessoalmente umasolicitação junto ao Ministério de Minas e Energia,pleiteando a reestruturação do escritório regional doDepartamento Nacional de Produção Mineral. Essesetor é de grande importância econômico-social parameu Estado. Somente o Município de Cachoeiro éresponsável diretamente por empregar 12 mil pes­soas. O DNPM está omisso e desestruturado, e nãoexerce adequadamente suas tarefas.

Sr. Presidente, espero, portanto, que o Ministé­rio de Minas e Energia volte sua atenção para oreordenamento das funções desse importante órgãono Espírito Santo.

O SR. UBIRATAN AGUIAR (PSDB - CE. Semrevisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. De­putados, a imprensa nacional e diversos Parlamen­tares que ocupam esta tribuna têm tratado da reu­nião entre o Sr. Presidente da República e os Gover­nadores de Estado, que acontecerá logo mais.

A tônica dos comentários são as dívidas con­traídas pelos Estados e Municípios e os acertos doscontratos celebrados, que, na visão de administrado­res eleitos no último pleito, não devem ser honrados.

,Entendem alguns que a moratória, deve ser ocaminho. Em outras palavras, não honrar os com­promissos assumidos, não honrar aquilo que foi pac­tuado, como se o contrato tivesse sido celebrado porpessoa física e não por uma entidade que tem res­ponsabilidades e obrigações.

Conversava há pouco com alguns companhei­ros e o Deputado José Lourenço deu-me o exemploda Bahia, onde se criou um fundo próprio para osaposentados, alocando-se recursos da privatizaçãoda Coelba, a fim de garantir grande alívio do ônusque recai sobre o Tesouro do Estado.

No Ceará, os exemplos dados pelo Governa­dor Tasso Jereissati na busca do equilíbrio das fi­nanças do Estado, comportando-se nos limites cons­titucionais da emenda Camata, no que diz respeito agasto com pessoal e corte de outras despesas, pos­sibilitaram que o Estado também tivesse um poucode recurso para aplicar na área de investimentos.

E por que esses exemplos não foram adotadospor outros Estados e Municípios? Ainda querem quea União, como numa bola de neve, assuma as irres­ponsabilidades e omissões passadas e presentes?

Pasmem, Srs. Parlamentares! Cheguei a lernos jornais que - talvez por incontinê,ncia verbal doGovernador que assim procedeu - S.Exª chegou aponto de dizer que a milícia do seu Estado estariapronta para defender os interesses do mesmo, quan­do deveria defender compromissos assumido~ poressa Unidade da Federação. Não é hora de enfren­tamento armado, mas de enfrentamento das idéiasna busca de soluções para a grave crise que vive­mos.

Tivemos, em Minas Gerais, Magalhães Pinto,Bias Fortes, Juscelino Kubitschek, Tancredo Neves,que puderam passar à Nação o exemplo maior deque a política é, acima de tudo, a arte do diálogo, daconversação, da abertura, do entendimento. A con­versação e o entendimento, até na discussão doscontrários, possibilitaram-nos encontrar caminhos esoluções para nossos problemas, que não serão re-solvidos por intermédio de bravatas. .

Daí por que faço votos que, consolidando a de­mocracia, Governadores da Oposição e da Situaçãoencontrem o melhor caminho para este País, mascomeçando a fazer o dever de casa e tomando pro­vidências necessárias no âmbito de cada Unidadeda Federação. Só assim encontraremos soluções esaídas para a crise. Temos condições e caminhospara realmente vencê-Ia.

Concluindo, Sr. Presidente, precisamos debom senso. O palanque e a campanha política pas­saram. Não será o Governo que vai tirar da crise agrande lição da política, mostrando que tem força epoder na mão para impor a situação. E não será aOposição que mostrará à Nação, num enfrentamen­to, o caminho da discórdia e da separação da nossagente. A nacionalidade deve estar presente exata­mente nesta hora em que os homens públicos, quedetêm a responsabilidade dada pelo povo, vão en­contrar, por certo, o caminho, a solução, o meio paraatravessarmos este momento difícil da Nação brasi­leira.

O SR. JOSÉ LOURENÇO (PFL - BA. Sem re­visão do orador.) - Sr. Presidente, Srlls. e Srs. Depu­tados, há pouco ouvimos o nobre Deputado GeovanFreitas, de Goiás, tecer comentários a respeito dosproblemas da indústria turística do País. Gost~Hia deabordar esse tema.

Pergunto às nossas autoridades - e já estive,em contato com o Ministro do Esporte e Turismo: porque a estrutura turística que temos é incrivelmentefora de tudo que existe no mundo e o que devemosfazer para criar uma indústria turística moderna, efi­ciente, que possa atrair o turismo internacional?

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Por exemplo, a Espanha recebeu, no ano pas­sado, 48 milhões de turistas, que deixaram 34 bilhõ­es de dólares; a França, 62 milhões de turistas e 57bilhões de dólares; e os Estados Unidos, 34 milhõesde pessoas e 38 bilhões de dólares.

O turista que chega ao Brasil, vindo da França,quando vai a uma agência de qualquer banco nãoconsegue fazer o câmbio do franco. Como pode issonum país que pretende ter indústria turística de portemundial ou, pelo menos, participar com 10 ou 20 mi­lhões de turistas? Não fazemos câmbio de moedasconversíveis que têm cotação diária nas Bolsas deNova Iorque e de Londres. É só ver o jornal! O Ban­co Central deveria colocar a cotação na Internet eobrigar os bancos a afixar tabelas nas portas parafazer o câmbio. Não trocam nem marco alemão,meus senhores! Franco suíço, iene, nada disso paraeles existe; só existe dólar no Brasil!

É incrível o que acontece! Vi um turista na Ba­hia, na Ilha de Itaparica, onde existe o resort ClubMediterranée - de uma cadeia francesa -, ir ao Ban­co do Brasil para trocar francos franceses, moedacorrente mundial. Disseram-lhe que não faziam câm­bio dessa moeda. Isso não é possível!

Não conheço nenhum aeroporto de país comsignificativa indústria turística mundial cobrar taxa deaeroporto. O turista vai ao aeroporto, despacha suabagagem, toma o avião e vai embora; não vai pagartaxa nenhuma. Aqui cobra-se 30 dólares para o tu­rista voltar a seu país de origem.

Ocorre que o felizardo que traz dólares - poisse não os trouxer não consegue moeda local - vaitrocá-los nas casas de câmbio a valores bem abaixoda cotação internacional. Digamos que ele troque mildólares, sobrando-lhe 200 reais. Se tentar novamen­te, no banco, converter os reais em dólares, nãoconseguirá, pois lhe dirão que comprou reais e teráde levá-los. Quer dizer, não há possibilidade de ter­mos indústria turística que se possa qualificar comotal diante de políticas como essas.

Sr. Presidente, dileto amigo Giovanni Queiroz,Deputado pelo Pará - Estado com atrações que jus­tificam uma corrente turística mundial -, a Bahia,meu Estado, tem investido fortemente em infra-es­trutura, mas não recebemos sequer uma mínimacontribuição. Note-se que não representaria qual­quer despesa para o Governo Federal mandar osbancos estampar tabelas de câmbio em suas agên­cias.

Fui com uma irmã trocar dólares em uma agên­cia do Banco do Brasil na Bahia. A operação levouuma hora e meia, pois tivemos de ficar na fila das

pessoas que ali estavam para pagar contas de luzou de telefone. Há sempre um local de câmbio ouexchange em outros países, em que a pessoa éatendida imediatamente, já que esses têm interes­ses nas divisas, apesar de serem países ricos. Valedizer que se transformaram em países ricos com efi­ciência, capacidade e inteligência, cumprindo e aten­dendo aos reclamos das pessoas; criaram um am­biente propício ao retorno dos turistas, dotando-sede uma estrutura capaz de trazer-lhes satiqfação efelicidade.

O Brasil tem lugares maravilhosos, de grandeencanto; tem .mulheres lindas: é um espetáculo!Como dizia Fellini, nós somos o último p.ovo feliz domundo. Mas o "governinho" não ajuda em nada, édecepcionante. Ao longo da minha vida parlamentar,que já dura mais de 30 anos, tenho insistido cons­tantemente nesse aspecto, o turismo, que acho defundamental importância para o País. É a indústriado terceiro milênio.

À medida que cresce a expectativa de vida,eleva-se o número de turistas no mundo. Isso estáacontecendo no Brasil também. As pessoas da ter­ceira idade têm recursos para fazer turismo. À medi­da que isso for avançando, o turismo transformar-se­á na grande indústria do terceiro milênio - não serámais o petróleo, o café, nada disso; será a indústriaturística. .

E nós não estamos preparando-nos para isso.Temos um Ministro do Turismo, do meu partido, queestá empenhadíssimo em melhorar o turismo noBrasil. Fez um trabalho magnífico ag.ora, no Carna­val; percorreu todos os Estados do Norte e do Nor­deste onde existe Carnaval; foi ao Rio de Janeiro, aSanta Catarina, a Recife; enfim, fez um esforçoenorme. Mas S.Exª não está tendo colaboração dasautoridades financeiras e aeroportuárias na criaçãode estímulos para atrair o turismo internacional. Issoé hoje tão importante para o Brasil como qualquer si­tuação em avaliação na área econômica.

Era o que tinha a dizer.

Durante o discurso do Sr. José Louren­ço, o Sr. Heráclito Fortes, 1º Vice-Presiden­te, deixa a cadeira da presidência, que éocupada pelo Sr. Giovanni Queir.oz, 1º Su-plente de Secretário. ..

O SR. PRESIDENTE (Giovanni Queiroz) ­Concedo a palavra ao nobre Deputado Jorge Costa.

O SR. JORGE COSTA (PMDB - PA.Pronun­cia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs.Deputados, é princípio básico de qualquer democra­cia que se preze promover o desenvolvimento e o

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07072 Sábado 27 DIÁRIO DA cÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 1999

bem-estar social da população. Sem estes requisi­tos, nenhum regime democrático estará cumprindosua função.

Os princípios de liberdade, de igualdade e defraternidade dos povos estão inspirados no 'ideaisfundamentais existentes em qualquer preâmbulo daConstituição de um país democrático, e dizem - to­dos sabemos -: "Todos os homens nascem iguais ereceberam de seu Criador direitos inalienados devida, de liberdade e de procura da felicidade".

Para assegurar esses direitos, os governos fo­ram constituídos e seu poder advém somente doconsentimento dos governados. O Parlamento, por­tanto, representa o povo e é constituído para zelarpelos seus direitos.

Fora dessa realidade contratual não existe de­mocracia séria. Será que estamos caminhando, nomomento pelo qual passa a Nação, com o descon­tentamento geral do povo, para uma democracia querealmente o torne feliz?

As desigualdades regionais estão aí, gritantes,injustas, desumanas e sufocantes. Temos ouvidoque no Brasil há duas porções: uma, índia, e outra,Bélgica. É a realidade. Este é o País das desigualda­des regionais e sociais, e nós, como Parlamentares,temos o dever de mudar essa situação. Se estamosnesta Casa representando o Estado do Pará é por­que acreditamos que neste mandato iremos mudaressa situação injusta para com o povo do Norte e doNordeste do País.

Parece que estamos vivendo tudo em funçãodo Governo, ao invés de se estabelecer uma demo­cracia que se interesse pela felicidade do povo. Senão cuidarmos bem de nossa imagem como Parla­mentares, co-responsáveis pelo que se passa nestePaís, estaremos sendo julgados dentro em brevecomo verdadeiros marajás, que se consideram prín­cipes - e o povo, a plebe -, afastados de todo o des­governo da conjuntura atual.

Onde está o povo? Para quem reclamar seusdireitos de cidadania? Este é o momento de nós,Parlamentares eleitos diretamente pela sua vontade,mudarmos esta situação de insegurança, não traindoa confiança que nos foi creditada. É tempo de ouvir­mos seu clamor, de apoiá-lo nas suas horas mais di­fíceis. Creio que nossa função é a de nunca nos de­termos em oposições radicais Ou nos mantermosinabaláveis, muitas vezes sentindo. que a razão estáno consenso geral.

É hora de nos unirmos, libertarmo-nos do ego­centrismo partidário e analisarmos a situação econô­mica do País, para encontrarmos os rumos compatí-

veis com a realidade social, resgatando a dignidadedo nosso povo, nunca esquecendo que ele não podesozinho arcar com o ônus da normalização econômi­ca do País. Precisamos incentivá-lo, desde já,' comprogramas de apoio à economia e à produção, únicocaminho para uma economia forte e sustentável.Precisamos gerar poupança interna, estimular a pro- ,dução agrícola, a produção das pequenas e~'micro­empresas, que. são muito importan~es para resgatara economia da nossa Nação.

Todos sabemos que o Brasil precisa mudar,crescer e também se moralizar. E nós, como Parla­mentares, devemos ser o exemplo disso, para quepossamos conscientizar a Nação com determinaçãoe patriotismo, longe dos escândalos, pois estes sãoofensas morais que ferem nossa dignidade, nossahonra, deixando marcas que não pod~m ser apagadas.

Será que não está na hora de acordarmos enos preocuparmos com o futuro do Brasil?

É preciso que se faça alguma coisa a esse res­peito e este é o momento de nada querermos paranós de especial e, sim, para o interesse geral da Na­ção. Do contrário, seremos s?mpre cúmplices doserros e a realidade continuará amesma.

Era o que tinha a dizer. ,O SR. FERNANDO FE~RO (PT - PE. Sem re­

visão do orador.) - Sr. Presidente, srªs e Srs. Parla­mentares, neste momento está sendo discutida noSenado a indicação do Sr. Armínio Fraga para aPresidência do Banco Central. É um momento deextrema gravidade, todos sabemos dos riscos que oPaís corre e temos ouvido do Governo uma s~rie deafirmações sobre a importância do ajuste fiscal e daadequação do Estado brasileiro a esses desafios.

Sr. Presidente, 'aproprio-me de 'informaçõestrazidas pela Receita Federal - por mim citadas an­teriormente, mas que se tornaram públicas - quedão a idéia da falta de vontade política para atacarquestões centrais da crise brasileira. O Dr. EverardoMaciel, no dia 24 de. janeiro, trouxe a público peloJornal do Brasil dados de um relatório ,elaboradopela Receita Federal a partir de cruzamentos com in­formações relativas à CPMF. A base de cálculo daCPMF é de 4,1 trilhões. Desse montante, 2,4 trilhõesconstituem a renda tributável, segundo informaçãe;>contida nesse relatório. Feito o levantamento dos pa­gamentos de Imposto de Renda a Estados' e Municí­pios, das rendas declaradas de pessoas físicas e ju­rídicas e das isenções e imunidades tributárias, so­bram 825 bilhões que não são atingidos pelo Fisco.Praticamente um PIB do País não é taxado. Então,segundo informações da Receita Federal, estão sen-

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o SR. AGNELO QUEIROZ (Bloco/PCdoB - DF.Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, srªs. eSrs. Deputados, Florianópolis foi palco, na últimaquarta-feira, de um espetáculo de violência e arbitra­riedades, como não se tinha visto desde a famosanovembrada, em 1979, quando o então General Fi­gueiredo apanhou em praça pública.

Um forte esquema policial, com homens arma­dos de cassetes e fuzis, impediu a entrada de mani­festantes na galeria da Câmara Municipal, que que­riam protestar contra a aprovação de um projeto delei enviado pela Prefeita Ângela Amín, prevendo aprorrogação da conces$ão dos serviços de transpor­te coletivo por mais 10 anos sem licitação, num pa­cote que, dentre outras medidas, prevê também ofim da gratuidade de transporte para pessoas porta­doras de deficiência física.

Estudantes, Vereadores e trabalhadores foramvítimas das atitudes prepotentes e autoritárias daPrefeita e da Polícia Militar, a qual está subordinadaao Governador do Estado, Esperidião Amin.

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do sonegados 750 bilhões por pessoas jurídicas e possa utilizar essas informações em ações de com-75 bilhões por pessoas físicas. Isso significa que, bate à sonegação. Lamentavelmente, o Líder docom 10% dessa arrecadação, não necessitaria exis- PSDB, Deputado Aécio Neves, estava impedindotir a CPMF. Se fossem cobrados os 3% da Cofins que os Deputados daquele partido assinassem aem relação a esses 825 bilhões, teríamos 23 bilhões emenda. No entanto, faço um apelo à visão patriotadisponíveis, isto é, quantia muito próxima do que se dos Deputados da base governista, para que nospretendia arrecadar com o primeiro pacote do ajuste ajudem a combater essa indecência. O Governo e afiscal do Governo. Secretaria da Receita Federal têm os elementos. Por

O Governo detém essas informações, que fo- que não entrarmos nesse filão? Está aqui o caminhoram fornecidas por competentes e conceituados fun- da decência e da vontade política, o que nós, dacionários da Receita Federal. Permitem, de forma Oposição, queremos. A reforma tributária pode co-séria, justa, ética e responsável, promover mudan- meçar por esse caminho. Basta haver vontade políti-ças na base de arrecadação governamental e evitar ca. Basta querer combater essa máfia que hoje con-transtornos, perseguições e ataques a aposentados, trola a renda do País.inativos, assalariados e à classe média. Sr. Presidente, agradeço a V.Exª a paciência

Sr. Presidente, srªs. e Srs. Deputados, é estra- e digo ainda que gostaria de ouvir do Governo ma-nho o fato de o Governo saber que, dos cem maiores nifestações sobre esse relatório da Secretaria dacontribuintes da CPMF, 48 nunca declararam Imposto Receita Federal, tornado público, como já disse,de Renda; é estranho o Governo saber, a partir dessas no dia 24 de janeiro, pelo Jornal do Brasil. Poucoinformações, que as 530 maiores empresas não paga- uso a base do Governo fez dele. Deveria ser dis-ram um centavo de Imposto de Renda em 1998; é es- cutido até para verificarmos se é verídico ou não.tranho o Governo saber que 28 dos 66 maiores ban- Eu teria ficado muito satisfeito se esse debate ti-cos não pagaram um centavo de Imposto de Renda vesse sido feito na Comissão que analisa a pro-em 1998; é estranho saber que as 250 mil grandes posta relativa à CPMF. Porém, fornos impedidos.empresas que pagam Imposto de Renda neste País, Apresentamos proposta para que se convocasse oSrs. Deputados, contribuem com exatamente 1% do Sr. Everardo Maciel, Secretário da Receita Federal,seu faturamento, enquanto as 750 mil pequenas e mas lamentavelmente não tivemos o privilégio demédias empresas são responsáveis pelo dobro disso. discutir essas informações tão importantes, valio-Ademais, essas informações sobre a CPMF nos per- sas, dignas de apreciação, a fim de buscarmos amitiram saber que as oito maiores montadoras do País efetivação da justiça tributária e fiscal em nossopagaram 0,15% de Imposto de Renda em 1998. País.

E o cidadão, qualquer um de nós, que paga de25% a 35% de carga tributária? E a classe média,que de impostos diretos e indiretos chega a pagar de50% a 60%? É uma injustiça, é uma perversidadesem precedentes! Na construção civil, as doze maio­res empresas pagaram 0,45% de Imposto de Rendaem 1998. Já as empresas que optaram pelo SIM­PLES - simplificação tributária para pequenas e mi­croempresas - pagam de 10 a 25 vezes o que pa­gam as grandes empresas.

Estão aí o retrato da injustiça tributária e o ca­minho para se promover justiça social neste País.Falta é ter vontade política para tocar nesses feudos.Talvez a reforma tributária não precisasse ser feita,talvez a CPMF não necessitasse ser criada, se fos­sem utilizadas essas informações. Uma das justifica­tivas do Governo é que esses dados, por conta danossa legislação, não podem ser utilizados para finsde ações fiscais e tributárias.

Por isso, estamos apresentando uma emendaà PEC da CPMF, a fim de que o Estado brasileiro

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07074 Sábado 27 DIÁRIO DA cÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 1999

Esse fato gerou a indignação do povo e dosParlamentares ligados às causas populares. Numaatitude de desrespeito ao Poder Legislativo e aosseus membros, a Polícia Militar sitiou a Câmara Mu­nicipal; jogaram bombas de gás lacrimogêneo, dis­pararam tiros, agrediram manifestantes e espanca­ram a Líder do PCdoB na Câmara de Vereadores,Vereadora Lia Klein, quando se realizava sessãoplenária.

Diante desses graves fatos, quero manifestar,em nome do Partido Comunista do Brasil, nossa in­dignação contra as atitudes da Prefeita Ângela Amine do Governador Espiridião Amin, e registrar nossasolidariedade ao povo de Florianópolis e à nossacombativa Vereadora Lia Klein, agredidos covarde­mente.

Sr. Presidente, gostaria de fazer mais dois re­gistros rápidos. O primeiro é para dizer que uma co­missão de 68 Parlamentares subscreveu o manifestoà Nação "Fora Fraga, Fora Soros, Fora FMI! É preci­so pudor". Esse manifesto foi entregue por nós ago­ra, pessoalmente, ao Sr. Armínio Fraga, no início dareunião da Comissão de Assuntos Econômicos doSenado, que o está sabatinando. Trata-se de repú­dio contundente, que manifesta a indignação de vá­rios Parlamentares da Oposição pela indicação deum representante do FMI para assumir a direção doBanco Central. O manifesto chega a dizer em certomomento que colocar esse homem para cuidar damoeda brasileira é uma afronta ao sentimento e aoveio ético da nação; é faltar ao pudor, último refúgiodos homens públicos de bem. Não aceitamos, pro­testamos, manifestamos nossa indignação e incon·

formismo. Queremos dizer um "não" rotundo a Fra­ga, a Soros, ao FMI e aos seus mandados no Brasil.

Sr. Presidente, desejo deixar registrado nosAnais desta Casa o manifesto que acabamos de en­tregar ao Sr. Armínio Fraga, já que os Deputadosnão podem inquirir esse representante de GeorgeSoros e do FMI indicado para a direção do BancoCentral do Brasil.

Por último, Sr. Presidente, quero fazer um ape­Io a V.Exª, defensor ardoroso do funcionamento daCasa e dos servidores, para que faça gestão junto àMesa Diretora com relação ao atraso na entrega dostíquetes-alimentação e dos vales-transporte a quemtêm direito os servidores desta Casa. Hoje, com umarrocho salarial tão violento e o desprestígio tãogrande dos servidores públicos, particularmente osdo Legislativo, eles estão em grandes dificuldadesaté para se locomover. Faço esta gestão porque seique V.Exª, Deputado Giovanni Queiroz, novo mem-

bro da Mesa, é combativo ,companheiro e defensorardoroso do bom funcionamento desta Casa, e paraque nossos servidores não sejam mais apenados.

Era o que tinha a dizer.

o SR. PRESIDENTE (Giovanni Queiroz) - De­putado Agnelo Queiroz, acolhemos a solicitação deV. Exª A Mesa informa que os vales não foram distri­buídos antes porque o Orçamento não havia sidosancionado. Isso foi feito ontem e com certeza nospróximos meses a situaç,ão estará regularizada.

MANlFE$TO A QUE SE REFERE OORADOR:

MANIFESTO À NAÇÃOFORA FRAGA, FORA SOROS, FORA FMI

É PRECISO PUDOR

Já entregaram nosso patrimônio público com aprivatização de estatais estratégicas a preço de banana. Já,arrocharam os salários. Já. castigaram os aposentados comonenhuma nação ousou fazer com seus idosos. Já castigaram os

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Fevereiro de 1999 DIÁRIO DA cÂMARA DOS DEPUTADOS Sábado 27 07075

servidores públicos. Jogaram no lixo a educação e a saúde.Criaram o terrível cortejo dos desempregados. Prejudicaram aagricultura e a empresa nacional. Elevaram os juros à condição dosmais altos do mundo.

! Querem agora nos fazer engolir algo de mais amargo,o---~ despudor e o cinismo de ter no Banco Central o Sr. Armínio Fraga,~ integrante da turma do governo Collor, até agora empregado do

- .5 megaespeculador George Soros, que tem feito fortuna especulaIJJJ,-T- _ contra moeda e instituiç?es frnanceiras de diversos países, co/./ empobrecimento de nações e sofrimento de povos. ~ Ço.../I

.~ rr (1ft' I

I.rfr( O Sr. Annínio Fraga era encarregado de especul contra

~..' asiáticos e latirio americanos, inclusive o Brasil. (

!Colocar este homem para cuidar da moeda brasileira é·

" uma afronta ao sentimen a veio ético da nação, é faltar ao nO}l\

pudor, último refü* . h s públicos de bem. ~II

A-~' \' ' /\rNão aceitamos. Protestamos.

indignação e inconformismo.Manifestamos nossa

Qperemos dizer um não rotundo a Fraga, a Soros, aoF~el~s sfuS mandados no Brasil.

Seguem-se as assinaturas:

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07076 Sábado 27 DIÁRIO DA cÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 1999

o SR. PRESIDENTE (Giovanni Queiroz) ­Concedo a palavra ao Deputado Gonzaga Patriota ­para uma Comunicação de Liderança, pelo BlocoParlamentar PSB/PCdoB.

S. Exl! dispõe de três minutos.O SR. GONZAGA PATRIOTA (Bloco/PSB ­

PE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Pre­sidente, Sr'!s e Srs. Deputados, o PSB está realizan­do, hoje e amanhã, um congresso nacional em Bra­sília. Hoje, às 10h, os Srs. Governadores de todo oPaís estão reunidos com o Sr. Presidente da Repú­blica e seu Governo. Ontem, houve um encontroaqui dos Vereadores do Brasil. Neste instante, a Co­missão de Assuntos Econômicos do Senado promo­ve a sabatina com o Sr. Armínio Fraga, candidato àPresidência do Banco Central. Assistimos aos Srs.Deputados discutirem os mais diversos assuntos re­lativos ao País, inclusive os cruciantes. Vemos cadaum discutir o seu problema regional e a cada dia pio­rar a situação do Brasil.

Sr. Presidente, há quase cinco anos vivemosvoltados para a estabilidade da economia do País, aqual apoiamos. A Oposição nunca se negou a apoiaro projeto de estabilização da moeda. Agora, não sepode pensar em estabilizar a moeda sem dar condi­ções para a produção, que é o que não vem ocor­rendo em nosso País. Não temos condições de pro­duzir. Abrimos as fronteiras para a importação decalçados, quando temos fábricas desse produto noBrasil.

Há pouco, ouvimos do Líder baiano José Lou­renço que cobramos trinta dólares do turista - quevem deixar dólares no País - pelo embarque nosaeroportos.

Não temos como oferecer meios e condiçõesaos brasileiros para que possam ajudar na estabili­zação da economia.

Por isso, Sr. Presidente, estamos aqui paraajudar no que for necessário. Sabemos que os seto­res de saúde e educação estão a zero. Ninguém su­porta mais o desemprego, que traz violência, prosti­tuição, miséria.

Dessa forma, queremos que a reunião de hojeentre os Governadores e o Presidente da Repúblicapossa trazer algo de concreto. O meu partido, oPSB, paralelamente, está procurando ajudar o Go­verno para que o nosso povo não passe por tantosufoco e sacrifício.

O SR. PRESIDENTE (Giovanni Queiroz) ­Tem a palavra o Sr.Deputado Wilson Santos.

O SR. WILSON SANTOS (PMDB - MT. Semrevisão do orador) - Sr. Presidente, Sr'!s e Srs. De-

putados, queremos abordar hoje, no Pequeno Expe­diente, um tema de vital importância para a econo­mia do meu Mato Grosso, de Rondônia e do sul doPará: a chegada da ferrovia a esses Estados.

A tão propalada Ferronorte é fruto do sonho deum mato-grossense de nome Vicente Emílio Vuolo,que chegou a esta Casa em meados da década de70 e conseguiu transformar em lei federal o seu pro­jeto de ligação de Rubinéia, em São Paulo, a Apare­cida do Taboado, Rondonópolis e Cuiabá.

Durante esses 25 anos - ele está há dezesseissem mandato - o nosso querido Senador VicenteVuolo tem sido referência para as novas geraçõesde meu Estado como homem predestinado, comohomem idealista, apaixonado por aquilo que faz.

Sr. Presidente, Mato Grosso é campeão deprodutividade em tudo o que planta - s,oja, milho, ar­roz, algodão ., mas sofre com a distância, porque aocupação do País sempre ocorreu do litoral para ointerior e a construção da fronteira oeste demandoumilhares de vidas; e a distância encarece a produ­ção do meu Estado.

Felizmente, quero anunciar hoje, no plenário,Deputado Giovanni Queiroz, que a ponte rodoferro­viária de 3.700 metros, uma das maiores pontes ro­doferroviárias do mundo, obra de 650 milhões de dó­lares, já foi inaugurada; os trilhos já chegaram a Ino­cência, no Mato Grosso do Sul, e agora em marçoserá inaugurado o Chapadão do Sul. Em maio esta­rão chegando os primeiros trilhos ao Município deAlto Taquari, no meu Estado. São 410 quilômetrosde trilhos que separam o rio Paraná de Alto Taquari.

Quero fazer, nesta manhã, um apelo ao Gover­no Federal no sentido de que nos seja dado acessoaos recursos, aos incentivos da Sudam, que serãodecisivos para a continuação dessa obra até Cuiabá.Restam aproximadamente 600 quilômetros para quea Ferronorte chegue até Cuiabá.

Portanto, fica este apelo não só do DeputadoWilfon Santos, da bancada do Mato Grosso, mastambém das bancadas do Pará - tenho certeza deque essa ferrovia tem destino final em Santarém -,de Rondônia e do Acre, porque essa obra é vitalpara que possamos dar um salto de qualidade naeconomia de nossos Estados e integrá-los no circui­to nacional e internacional, tornando os nossos pro­dutos muito mais competitivos. Que a Sudam sesensibilize e permita à Ferronorte acesso a seus in­centivos, porque obras de natureza semelhante tive­ram tratamento igual.

Queremos que a Ferronorte não pare, que che­gue o mais tardar em dezembro do ano 2000 a Cuia-

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A PERMANÊNCIA DO HORROR POLíTICO

ARTIGO A QUE SE REFERE O ORA­DOR:

Esta não parece uma sexta-feira qualquer. OPresidente recebe os Governadores depois de inter­vir, acionando um programa de, comput~dor, na so­berania estadual. Por isto, não conta cor:n a boa von­tade do Governador do meu Estado, Itamar Franco,ausente, da reunião. O software econométrico pre­vê a retenção arbitrária de recursos, fundamentadaem contratos econômicos, e desconhece o contratopolítico que permite ao poder estadual tomar decisõ­es soberanas, vulgarmente anuladàs. No Senado,começa a sabatina ao terceiro presidente do BancoCentral dos últimos dois meses.

E na roleta diária que se tornou o principal po­der no Brasil, sua única esferà de operação e preo­cupação, que é o sistema finar'll;:eiro, espera-se novoataque especulativo contra a moeda. Hoje se definea taxa referência dos cem mil contratos de câmbiona Bolsa de Mercadorias e Futuros,. Alguma coisaperto de dez bilhões de dólares. Essa taxa só é notí­cia no país pelo giro da instabilidade econômica quechantageia a política. Para cumprir a regra essencialdesse poder paralelo - lucrar mais -, é preciso inver­ter a regra da soberania das duas reuniões políticase fazê-Ias fracassar como política. A crise infindávelda economia, ao invés de derrotar o economicismo,submeteu a política à sua vulgaridade.

A turbulência na área econômica brasileira re­vela um fenômeno que se vem acumulando há mui­tos anos: a prevalência da' avaliação política doseconomistas sobre a avaliação dos políticos a res­peito da economia. As regras fixas que caracterizama economia têm interpretações diferentes, se obser­vadas por políticos ou por economistas. São poucosos economistas que conseguem enxergar povos, na­ções e cidadãos por trás das regras e dos números.Tratadas com superior submissão, as formulaçõesabstratas e tolas foram se afirmando como realida­de. Hoje, ser economista é reunir um pequeno grupoque queira influenciar decisões do gove'rno e passara ter poder a partir dessa espécie de ideologia dasformulações e planos circunstanciais.

No caso do professor, sociólogo e Presidenteda República, assistimos ao abandono da visão demestre que tinha sobre o fenômeno econômico parahoje valorizar com exagero os fatos da economia. Aovirar as costas para sua própria formação, o Presi-

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bá e prossiga para Porto Velho, Alta Floresta, até cado no Jornal de Brasília, para que o inteiro teoratingir as águas do Tapajós e do Amazonas, na bela do meu pensamento possa ser conhecido.cidade de Santarém.

Era o que tinha a dizer.

O SR. PAULO DELGADO (PT - MG. Sem re­visão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Depu­tados, o momento político por que passa o Brasil é,sem dúvida, o mais grave desde o início do primeiromandato do Presidente Fernando Henrique Cardosoe necessita, tanto por parte do Governo quanto daOposição, de capacidade de reflexão e de descorti­no; se isso não ocorrer poderemos voltar a situaçõesjá conhecidas do povo brasileiro.

Como membro da Oposição brasileira, digoque não nos interessa, e não deve interessar-nos, aIUsarneysização" do Governo do Presidente Fernan­do Henrique Cardoso. Se tivermos neste Governoum processo de descontrole total da economia, comum vale-tudo, um salve-se-quem-puder na socieda­de brasileira, a próxima Presidência da Repúblicapode até cair no colo da Oposição por decisão doeleitorado brasileiro, mas a capacidade de governarse tornará reduzida aos limites de risco para o siste­ma democrático brasileiro.

Não há necessidade de fazer essa experiência.Não há necessidade de tomar formicida para saberque mata. As experiências latino-americanas, asiáti­cas e africanas revelam que a instabilidade econômi­ca e o risco de ruptura de qualquer sociedade nãoproduzem soluções sensatas. É preciso um choquede sensatez na sociedade brasileira.

Se de um lado as bancas de advocacia traba­lhista começam a sugerir aos sindicatos brasileirosque é preciso lutar pela reposição salarial indexada,em níveis de inflação que ninguém mais sabe qual é,como era na época do Governo Sarney, de outro, di­retores de bancos de varejo começam a telefonar ­e já há um mês fazem isso - para grandes clientescom posições em carteira de 40% de lucro, que éum lucro que não se obtém em nenhum país civiliza­do do mundo, para passar para posições em dólar,nas quais o lucro sobe para 100%, o que é a crimi­nalização da atividade financeira. Deveriam sair es­ses diretores de banco de varejo das suas sedespara a cadeia, se o Brasil tivesse um Banco Centralindependente ou estatizado. O Banco Central nãopode ser esse banco privatista que sempre foi emnosso País.

Faço este alerta, Sr. Presidente. Como só te­nho três minutos, peço que V. Exª autorize a publica­ção de artigo que escrevi sobre essa questão, publi-

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dente perde a capacidade de compreender a realida- cussão sobre a política monetária e dar uma dimen-de e submete seu projeto político de governo à rigi- são justa e menor às catedrais econômicas construí-dez manipulada das regras econômicas. Absorvido das até agora. Os objetivos nacionais de produção epelos fatos do dia-a-dia, o governante se agarra aos emprego precisam ser recolocados em seus devidosdetalhes do pregão e perde a visão de longo alcan- lugares, no mesmo nível de importância da estabili-ce. A ausência, no governo central, de olhar e da de- zação monetária.cisão de natureza política, deixa aos economistas to- A gestão pública e sua auster.idade para com otal liberdade para fazer do Brasil um laboratório de contribuinte e o povo estão jogadas para o segundoexperimentação e análise. plano. Para começar a mudança; basta ao gover-

A indicação da nova presidência do Banco nante estar atento às curvas produzidas pelas esta-Central reforça essa distorção e leva para primeiro tísticas e enxergar com olhar social o declínio cons-plano os números e as regras, no lugar dos cidadãos tante das taxas de investimento, crescimento e em-que deles dependem na sua vida de seres comuns. prego. Estar disposto a aceitar a evidência de que aNão se trata de colocar sob suspeita a honorabilida- ocupação econômica do território nacional só se jus-de do indicado ao cargo. O que importa em política é tifica desde que construa a infra-estrutura de que oque as pessoas certas estejam nos lugares certos. país necessita - industrial, de transporte, energia,Por isso, o candidato deveria ser o primeiro a recu- comunicação - e se sobre ela puder existir a vidasar o convite. Pessoas como ele, incertas, são a humana, com informação, educação e saúde. A fun-cara da crise. ção da economia, gerida pela política, não é cons-

Pois não há verossimilhança em sua repentina truir uma passarela para o dinheiro circular. O paístransmutação de defensor do mercado e de fortunas não pode tolerar esse grande trottoir.pessoais para vigia do Estado e da moeda nacional. Ou se limita a mobilidade do mundo das finan-É impossível submeter 160 milhões de brasileiros à ças, ou pode-se estar limitando as possibilidades daidéia de que um player do mercado financeiro inter- democracia. Acalmado o mercado dos investidores,nacional se integre ao Governo Federal para criar re- não se acalma o mercado dÇ)s cidadãos. O horrorgras para o mercado dos players, passando a ser político é tão ruim quanto o horror econômico.vítima ou beneficiário de sua própria decisão. AI- (*) Deputado Federal (PT - MG), membro daguém que deve honra ao fisco do país ao qual ser- Comissão de Relações Exteriores e Defesa Na-viu, e que representa o paradigma do mercado glo- cional.balizado e especulador de capitais, cuja lógica é o O SR. MORONI rORGAN (PSDB - CE. Semdomínio das grandes economias centrais e suas me- revisão do orador.) - Sr. Pr~sidente, Sras. e Srs. De-gafortunas sobre as demais economias nacionais, putados, em primeiro lugar, estou enviando à Mesacada vez menos autônomas e condenadas à perife- um requerimento solicitando a 'Constituição de umaria. Alguém que, até poucos dias atrás, era um dos Comissão Especial destinada à elaboração de ante-atores dos colapsos econômicos nacionais, atuando projeto de lei do Estatuto do Idoso, apoiado por to-ao lado do especulador, e não de alguma nação. Ou das as Lideranças da Casa~ Gostaria que a Mesa oeste é um recrutamento compulsório de reserva mili- recebesse e o encaminhasse à apreciação do Presi-tar para esse tipo de guerra, ou então, trata-se de le- dente; tenho certeza de que será também positivo.var a globalização um pouco longe demais. Quero falar sobre 'um probiema que nos tem

Não é confortável que o Presidente daqui, que afligido bastante: a viólência e a criminalidade. Coor-em campanha eleitoral assegurou seu empenho na denei o sistema de segurança do Ceará de 1994 aconstituição de um fórum internacional que impedis- 1995 e de 1988 a 1990. De 1994 a 1995, consegui-se a especulação financeira de invadir soberanias e mos baixar todos os ín,dices de criminalidade. Paradestruir países, agora premie, com um cargo de tal se ter uma idéia, no ano de 1994, houve 36 assaltosimportância, um dos principais algozes da competi- a bancos no Ceará. No ano de 1996, houve quator-ção financeira tolerável. ze assaltos a bancos. Quer dizer, batemos todos os

O cassino digital on line, que sintetiza e define recordes do País em termos de diminuição de assal-o processo de globalização como uma ideologia que tos a bancos. Tivemos uma diminuição em torno devem se impondo pelo mundo, parece ter caído nas 50% nos homicídios, ou seja, centenas de vidas fo-graças do governo brasileiro. Não haverá saída se ram poupadas. Tivemos uma diminuição nos furtosnão se girar completamente a visão sobre o papel da de automóveis e em todos os índices de criminalida-economia na vida do país. É urgente politizar a dis- de, sem grandes recursos e sem aumento de efetivo.

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O que houve foi que saímos de uma polícia na- mita na Casa, de minha autoria, que pode devolver-tural e passamos para uma polícia inteligente. A polí- lhes parte ou a totalidade do que estão perdendo. Acia natural é aquela que espera acontecer o fato e União tem feito a devolução aos estados, mas faltadepois tenta solucionar o que já aconteceu. Infeliz- alguma coisa, porque a fórmula está errada.mente, não temos tempo para mostrar o programa Repito: existe espaço para o aperfeiçoamentoque foi aplicado no Ceará, que é o Sistema Integra- da Lei Kandir. Existe espaço para a discussão dedo de Defesa Social. outras questões, como as dívidas do INSS com os

Esse programa tornou ostensiva a Polícia MiIi- estados, mas espero que os governadores e o Presi-tar - desaparecendo, assim, o aquartelamento, que dente da República aproveitem o momento para ini-era feito no meio da rua - e desenvolveu a Polícia Ci- ciar uma discussão mais ampla.vil nas áreas de investigação e inteligência, de modo O Deputado Fernando Ferro utilizou a tribunaa possibilitar uma ação ostensiva pronta, organiza- para falar sobre evasão fiscal. Sr. Presidente, acredi-da, com um centro de operações que, além de ser to que os governadores e o Executivo Federal têmmonitorado por computador, tem operações previs- de iniciar a discussão de um novo pacto federativo,tas para cada situação, em cada ponto do estado. de uma profunda reforma fiscal e de uma corajosaSe acontecesse alguma coisa, em qualquer ponto do reforma do sistema tributário. Não podemos nos aterestado, ninguém precisaria reunir-se para saber o a uma reforma tímida, de paliativos que, na verdade,que fazer, porque essa reunião já teria sido feita, já significam sempre aumento de carga sobre os seto-estava pronta no computador. No momento em que res já excessivamente tributados. Precisamos deacontecesse um delito, apertava-se um botão do uma reforma que mexa na estrut~ra tributária nacio-computador e a operação saía inteira. nal, de uma reforma que signifique ampliação da

Insisto em que esse combate à violência tem base tributária e, como já foi dito pelo Deputado Fer-jeito; e não é pelo autoritarismo, não. Posso até di- nando Ferro, que enfrente o problema da evasão fis-zer que o autoritarismo também dá certo no combate cal, da sonegação, de um lado, e da informalizaçãoà violência, mas nele os direitos humanos desapare- da economia, de outro.cem. Temos de encontrar uma solução inteligente, e Acredito que esse fórum de discussão entreessa solução, em nosso País, vai passar pela cria- governadores e Presidente da República deva per-ção da Escola Superior de Polícia, ou da Escola Su- mitir o início de um grande debate, para que possa-perior de Defesa Social, onde possamos antever os mos construir essa nova estrutura tributária no Brasil.problemas e não esperar que eles aconteçam para Não se trata de renegociação da dívida. Nãolamentar e depois apresentar os criminosos. Deve- se fala em fazer novos contratos, pois seria um ab-mos investir na polícia preventiva, principalmente, e surdo refazer contratos que foram bons para os es-na polícia inteligente. tados. Se existe algum espaço, este deverá se dar

Era o que tinha a dizer. exatamente em relação à questão do percentual deO SR. GERMANO RIGOTTO (PMDB - RS. comprometimento de receita por alguns meses.

Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Deputado Quanto à Lei Kandir, como já disse, existe pos-Giovanni Queiroz, ocupo a tribuna para destacar a sibilidade de reformulação da fórmula de reposiçãoimportância do encontro de hoje entre governadores das perdas dos estados. Agora, mais importante dode estado e o Sr. Presidente da República. Acredito, que tudo, é que fique aberta a porta, que não se fe-porém, que esta não é a hora de refazer contratos - che o canal de negociação e, principalmente, que see falo de cadeira, Sr. Presidente, porque fui Relator aproveite este momento para iniciar, de forma efeti-do projeto que balizou a renegociação da dívida dos va e corajosa, a discussão sobre um novo sistemaestados. tributário para o BrasiL E isto vai ser bom para a

Pode haver algum espaço e, por alguns me- União, para os estados; para os municípios e, princi-ses, diminuir o percentual de comprometimento da palmente, para a sociedade brasileira.receita estadual para pagar a dívida. Existe espaço Falamos em. déficit público, falamos em ajustepara mudança na fórmula da Lei Kandir. A possibili- fiscal e não tenho dúvida de que o enfrentamento dodade do fim da Lei Kandir, preocupação dos empre- déficit público e o ajuste fiscal passam por uma re-sários, não existe. A Lei Kandir veio para ficar, veio forma do sistema tributário.para desonerar as exportações. O que temos de ter Não me alongo mais, Sr. Presidente. Agradeçoé uma mudança na fórmula de reposição de perdas esta oportunidade e espero que a reunião de hojedos estados, de acordo até com um projeto que tra- signifique o início da discussão sobre esta questão

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que, a meu ver, passa pela reforma do sistema tribu- prego e da fome, que tomam conta de ampla parcelatário nacional. de brasileiros.

Era o que tinha a dizer. Era o que tinha a dizer.

O SR. REGIS CAVALCANTE (PPS - AL. A SRA. LUCI CHOINACKI (PT - SC. Sem re-Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e visão da oradora.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. De-Srs. Deputados, concordamos com o que acaba de putados, mais uma vez volto à Câmara Federal e,falar o Deputado Germano Rigotto, no que diz res- inicialmente, gostaria de deixar registrado que meupeito a uma profunda reforma tributária e fiscal neste mandato, como sempre, está comprometido com aPaís, que desonere a produção e os salários. É pre- classe trabalhadora, com as lutas dos trabalhadoresciso parar com os remendos e com a tentativa vã de e dos movimentos sociais, ou seja, vou lutar pela ci-não se construir o país que todos imaginamos. dadania, pela dignidade do povo brasileiro, das mu-

Venho a esta tribuna hoje para registrar minha Iheres, dos jovens e dos excluídos, que a política dopreocupação com a decisão do Governo Federal de Governo humilha e massacra.desativar o Escritório de Representação da Secreta- Quero ainda registrar o meu repúdio ao queria de Estado da Assistência Social em Alagoas. aconteceu em Florianópolis, nesta semana. A Prefei-

Não basta para o Governo o corte violento de ta Ângela Amin, que apresentou uma lei complemen-recursos, como foi realizado no Programa Criança tar que dispõe sobre concessão de uso de transpor-Cidadã, onde 70% dos recursos destinados para o te coletivo, usou os métodos mais vergonhosos deestado foram cortados sem nenhuma explicação. O que se pode valer: a violência policial, o desrespeitoGoverno Federal resolve tomar essa medida agora, à Esquerda, aos nossos vereadores e aos popularesexatamente no Estado de Alagoas, onde tivemos a que se faziam presentes.ação predatória daqueles que durante décadas des- Em primeiro lugar, essa lei não prevê licitaçãogovernaram o estado, sob o manto protetor do pró- para concessão de uso de ônibus, de transporte :co-prio Governo. Sobretudo nos últimos quatro anos, o letivo, com validade de dez anos, com mais dezGoverno Fernando Henrique Cardoso, mesmo sa- anos de prorrogação. Isso é inconstitucional, e abendo do alto grau de corrupção e desmando no es- Prefeita usou a Câmara de Vereadores para legiti-tado, não exerceu uma fiscalização dos recursos pú- mar seu ato irregular. Em segundo lugar, mais depri-blicos dirigidos principalmente para a área da assis- mente e vergonhoso ainda é saber que a Prefeitatência social. Extinguir o Escritório de Repre- consegue explicitar a barbárie humana quando pro-sentação da Secretaria de Estado da Assistência põe um artigo proibindo o uso do transporte coletivoSocial em Alagoas é, no mínimo, um retrocesso para a pessoas que têm perturbação mental, que estejamo estado, municípios e entidades, acarretando perdas embriagadas ou que tenham doenças infecto-conta-consideráveis na qualidade dos serviços prestados. giosas. É a primeira vez que vejo alguém explicitar

Não podemos aceitar o argumento simplório de sua concepção, sua discriminação, sua barbárie, seuque o processo de municipalização está concretiza- desrespeito ao povo e àqueles que portam algumado, pois não bastam leis; é preciso que haja partici- dificuldade.pação, organização e recursos financeiros. Conside- Para encerrar, Sr. Presidente, vamos acompa-ramos que a política de assistência social é uma nhar o c!;lso e tomar atitudes sérias, PC?rque essa ati-conquista e, por suas características, deve ser traba- tude, vinda de uma mulher, de uma Prefeita, resulta,Ihada com o suporte federal. Acreditamos até que, no mínimo, na indignação de um povo, das mulheresapós o processo de reordenamento, o Estado assu- e daqueles que têm algum problema. Condenamos -mirá o seu papel junto aos municípios e às entidades. embora isso os vereadores' tenham retirado - essa

Diante da situação exposta, apelamos para o posição política explicitada nessa lei complementarGoverno Federal no sentido de que seja revista a eqviada para a Câmara dos Vereadores. Vamosproposta de extinção desse escritório de repre- acompanhar passo a passo o desenrolar dos fatos esentação, e, ainda, que seja analisada a situação de pedir que isso seja esclarecido, que atitudes sejamcada estado e seu contexto, para que as ações con- tomadas diante da vergonha por que passa Florianó-quistadas não sofram solução de continuidade, prin- polis, uma cidade bela, com muitas praias e, infeliz-cipalmente no nosso estado. Alagoas é o retrato mente, com uma administração que age dessa forma.mais fiel do modelo excludente adotado pelo Gover- Era o que tinha a dizer.no Federal, que leva à completa falência dos esta- O SR. PEDRO WILSON (PT - GO. Sem revi-dos e ao aumento crescente da miséria, do desem- são do orador.) - Sr. Presidente, V. Exa. honra esta

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Casa e o Estado do Pará, mas também o Estado deGoiás, de onde é originário. Esperamos que V. Exa.possa continuar dedicando a Goiás a sua atenção,como sempre tem ocorrido.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quere­mos manifestar da Câmara dos Deputados nossoapreço e solidariedade pela contribuição educativa,cultural e social, verdadeiramente evangélica e revo­lucionária, da Casa da Juventude para todos os jo­vens de Goiás, do Centro-Oeste e do Brasil.

Casa da Juventude - quinze anos de dedica­ção, traIJalho de formação de nossa juventude paraa vida, para a família, para a igreja, para a comuni­dade, para a escola, para o trabalho, para a política,para a ética e para a felicidade de todos das cidadese dos campos, na busca profética da construção deuma nova sociedade, justa e fraterna. Vivam osquinze anos de existência saudável deste institutode formação, assessoria e pesquisa sobre a juventu­de brasileira. São anos e anos, atividades e ativida­des. São cursos, pesquisas, assessorias, parcerias,oficinas, seminários, treinamentos, romarias, servi­ços, subsídios para que a juventude possa cada vezmais ver, julgar e agir nesta realidade social de ex­cluídos e marginalizados, sem eira sem beira, semvez e sem voz.

Casa da Juventude é assim centro de espiri­tualidade, de mística, da fé e da realidade, enfim,sempre centro de amor presente nesta virada de sé­culo e de milênio, na busca da justiça social, dos di­reitos humanos e da vida digna de ser vivida. Casada Juventude dos padres jesuítas e de todos rapa­zes e moças, de todos os bispos, padres, irmãs eagentes pastorais da liberdade e dos direitos sociais.

Casa da lembrança de Luiz Thomazzi, de Cris­toval Alvarez e de João Bôsco Burnier, mártir desteGoiás e de Mato Grosso, do Ribeirão Bonito e dacascalheira das beiradas dos cerrados, do Rio Ara­guaia de índios, negros e brancos, sempre na procurado reino de Deus, reino da paz e justiça para todos.

Casa da Juventude de Padre Burnier, da lem­brança de Dom Fernando, agora de Dom Antônio,pastores da Igreja de Goiânia comprometidos comos jovens. Casa da Juventude do Padre Geraldo,Padre Garcia Neto, Lourival Rodrigues, Vanildes,Bruno, Padre Carvalho, Deusdeth, Kelly, Roney, Epi­tácio e a sempre lembrada Carmem, hoje assessoranacional da Pastoral da Juventude do Brasil.

Parabéns aos milhares de jovens que recebe­ram formação por meio deste centro de irradiaçãocultural, evangelicamente libertadora! Assim, ontem,hoje com intensa programação e amanhã no terceiro

milênio, a Casa da Juventude estará colaborandopara a formação religiosa, humana, social, política ecultural de moças e rapazes conscientes do papelimportante na construção da democracia, da cidada­nia, da liberdade e, portanto, da realização integralde todos.

Viva a vida. Viva a vida sem violência. Para­béns para todos. Recebam nosso abraço e desejosde mil felicidades. Oxalá. Axé. Shalom! Assim sejapor todos os séculos e séculos neste Brasil, nestaAmérica Latina inconclusa, penitente, mas certamen­te a caminho da páscoa libertadora de JesuS' Cristopara todos homens e mulheres deste planeta azul.Tudo de bom e melhor.

Viva a juventude, toda a juventude urbana e ru­ral! Viva a juventude sementeira, sinal, sal do Brasile do mundo! Amém. Aleluia! Compromissos com avida, sempre.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gosta­ríamos de saudar - e continuar a reclamar da situa­ção das universidades brasileiras - o XVIII Congres­so da ANDES, Sindicato Nacional dos Docentes dasInstituições de Ensino Superior.

Nesta Casa, muitos foram formados pela uni­versidade brasileira, principalmente pela universida­de pública, que passa por situação calamitosa. Hojemesmo, o Diretor do Hospital Universitário de Brasí­lia foi à televisão dizer que o hospital está sendo fe­chado. Trata-se da Universidade de Brasília, daqui,da Capital. A situação da universidade brasileira estácada vez mais difícil com relação a sua autonomia,com relação a verbas. Por isso, os professores detodo o Brasil estão reunidos em Fortaleza nesta se­mana para se dedicarem a temas como autonomia,verbas, financiamento da educação, carreiras, con­cursos, liberdade acadêmica, ensino, pesquisa, ex­tensão, enfim, a situação que hoje vive a universida­de brasileira.

O nosso apelo ao Ministro da Educação, ao Mi­nistro da Ciência e Tecnologia, ao Presidente da Re­pública, todos eles professores universitários, é nosentido de que olhem pelas universidades brasilei­ras, independentemente de partido e situação. A lutapela universidade brasileira, neste momento, é umadas lutas para vencer a crise do Brasil.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ainda énosso desejo tratar de outro assunto. Estamos indopara São Paulo para o ato de lançamento, hoje ànoite, no Hotel Excelsior, do 11 Congresso Nacionaldo Partido dos Trabalhadores~ O Partido dos Traba­lhadores, que é democrático, que promove encon­tros locais, regionais e nacionais, vem, agora com 19

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anos, realizar seu segundo congresso nacional,onde muitas teses serão debatidas, visando à. cons­trução de um partido livre, democrático, compromis­sado com o desenvolvimento elo Brasil, com a cons­trução de uma sociedade socialista, democrática ejusta.

Por isso, saudamos o 11 Congresso Nacional doPartido dos Trabalhadores, que será lançado emSão Paulo como um instrumento de revitalização davida partidária no Brasil. Precisamos de partidos quetenham realmente programa, luta e vivência no dia­a-dia do Brasil. Precisamos de uma reforma políticaque permita que os verdadeiros paliidos atuem nes­ta Casa e em todo o Brasil, pai'a que o povo brasilei­ro possa acreditar cada vez mais nos políticos e naluta por um País melhor para todos os brasileiros.

Finalmente, Sras. e Srs. Deputados, desejo tra­tar de um último assunto. As pessoas morrem e nin­guém se importa. É preciso se importar com a vida.Nada, nenhum motivo justifica a violência. A nin­guém deve ser permitido tirar a vida de outro, nem aprópria. A morte estúpida de Ademir Faleiro precisaser condenada de maneira clara, forte, sem ro­deios, para que nunca mais aconteça tamanhabrutalidade. É preciso afirmar sempre a nossa po­sição de completo repúdio pela violência, na suamais cruel expressão: a tortura, o homicídio, amorte. É preciso estar sempre atento para comba­ter, com toda a força de nossa indignação, esseestado de coisa.

Mas o que dizer de Ademir Faleiro? Que eraum rapaz humilde e sonhador? Que tinha.e,xtraordi­nária capacidade de expressar a vida pelo talentopara a arte? Que possuía uma força extraordinária,capaz de vencer todas as barreiras do preconceito eas cercas cruéis da exclusão? Não. Penso que nadaseria capaz de descrever a personalidade ímpar dequem lutou, até a hora da i'"norte, para que a utopiajamais acabasse.

É essa magia que nos faz sentir um forte pe­sar. Assim como quem partiu ou morreu. Uma sau­dade já imensa, um grande vazio, como uma peçainacabada: Tipos de Rua - assim como ele, umagrande lacuna para o próximo festival.

Peço licença para fazer um singelo pedido, umgesto de humanidade, ainda que tardio. Que numahomenagem sincera, verdadeira, seja o festival de­nominado Ademir Faleiro; depois de ouvida, é claro,a comunidade teatral, para que não se esqueça ja­mais que por aqui passou um homem que sonhava,sonhava e que, na sua utopia, não morreu, apenasinterrompeu sua carreira.

Todos temos que continuar a luta pela vida.Lembrar da morte para saudar e pedir passagempara a vida humana digna de ser vivida em toda suaplenitude material e espiritual. Sabemos quantosAdemires morrem nas ruas, nos campos, nas pra­ças. Muita gente morre até sem nome, sem idade,sem origem, e assim fica sem destino, sem vez, semvoz, sem eira nem beira nessa Goiânia onde gentemorre por nada; como também gente de Brasília,São Paulo, Rio e do Nordeste da infame seca, cercae fome. "Ninguém é santo, mas também ninguém étotalmente pecador", conforme o autor do livro "Fioda Navalha".

É verdade que ninguém pode perder a vida,ainda mais de forma violenta, brutal, estúpida e irre­vogável, como um ato ditatorial. Cada vez mais a ba­nalização da vida torna uma praça, uma ~squina, lu­gar e gesto da morte anunciada pela crescente faltade sensibilidade humana. Numa sociedade violenta­da e violenta, como um vil garrote, destroem-se vi­das humanas, e ninguém se importa, vão em frente.Ninguém chora, porque na verdade não existemmais lágrimas, nem dores na alma humana de ummundo cristalizado, duro, frio, mercador do dinheiroe das coisas. Coisas valem mais que gente, que vidahumana, que Ademir, Maria e João.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é preci­so lutar contra a impunidade, a indiferença, a intole­rância e o desemprego reinantes neste mundo neoli­beral. Crer e lutar pela vida contra toda forma de vio­lência; lutar pela mulher, pelo homem e pela nature­za sempre. No fundo do túnel da luta pela vida háesperança. Esperança de um mundo novo, onde opalhaço chora internamente para fazer sorrir a hu­manidade, principalmente as crianças, presente e fu­turo deste planeta azul. Oxalá. Para tanto, clamamospor justiça, justa, urgente, humana, resgatadora denossa indignação, neste e em outros fatos que ocor­rem em nosso cotidiano lamentado.

Viva a utopia, a existência de todos os aman­tes da vida digna de ser respeitada e vivida nesta vi­rada de século e de milênio, certamente a serviço dajustiça social. .

O SR. BEN-HUR FERREIRA (PT =MS. Semrevisão do orador) - Sr. Presidente, no dia.17 de fe­vereiro, a CNBB lançou a Campanha da Fraternida­de de 1999, cujo tema é o desemprego, com os se­guintes objetivos:

* sensibilizar a Igreja e a sociedade em relaçãoà grave situação das pessoas desempregadas;

* aprofundar o conhecimento das causas e dasconseqüências do desemprego;

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*denunciar modelos sócio-político-econômipos nós, nesta Casa, possamos dar novo rumo à econo-neoliberais que causam desemprego, impõem 'pá- mia do País. Como afirma a CNBB, este é um impe-drões de consumo insaciável e exacerbam a compe- rativo ético; a política deve servir para a busca datição e o individualismo; dignidade. O modelo político econômico adotado em

* anunciar uma sociedade baseada em novos nosso País não tem trazido emprego e muito menoscritérios e valores, que promova a vida em todas as dignidade ao nosso povo.suas dimensões e tenha a pessoa humana como Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que mande pu-centro, em que a economia esteja a serviço de todos blicar nos Anais da Casa este pronunciamento quee não apenas do lucro e de poucos, e que o trabalho saúda a campanha da CNBB.sirva à realização da pessoa humana; Era o que tinha a dizer.

* incentivar movimentos de solidariedade para O SR. PEDRO CORRÊA (PPB - PE. Pronl1Í1-manter viva a esperança das pessoas desemprega- cia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. edas, lutando por políticas públicas que as beneficiem Srs. Deputados, o Programa Nacionar do Álcool -e promovendo iniciativas concretas de geração de PROÁLCOOL foi criado por meio do Decreto nº 76.593,trabalho e renda. de 14 de novembro de 1975, com a "finalidade de

É importante registrar que a posição da CNBB atender às necessidades do mercado interno e ex-se fundamenta em dados tomados de julho de 1994 terno e à política de combustíveis automotivos.até o final de 1996. Nesse período foram perdidos Desse modo, o setor sucroalcooleiro, ao longo755.379 empregos formais. Só no setor financeiro dos 24 anos de existência do Proálcool, atingiu, emforam fechados 147.233 postos de trabalho. Foi di- diversos segmentos econômicos'e sociais, indicado-minuído em 54% o número de trabalhadores bancá- res de alta relevância, cabendo destacar:rios; o setor industrial, em geral, perdeu 16% dos tra- - geração de empregos diretos: 1,5 milhão;balhadores; os trabalhadores das indústrias têxteis - empregos indiretos: 3,5 milhões;'foram reduzidos em 33%, os das indústrias da borra- - empregos diretos gerados somente na produ-cha em 29% e os do vestuário em 28%. No campo, ção de álcool (plantio, colheita e produção): 850.000;Sr. Presidente, em 1997, perderam emprego 200 mil - divisas anuais economizadas pela não-impor-trabalhadores rurais. A indústria automobilística po- tação de petróleo-equivalente: US$ 1.4 bilhão;derá reduzir seus empregos em 30% até o ano _ divisas economizadas (acumuladas e capita-2000. Iizadas até 1998): US$ 75 bilhões.

Sr. Presidente, na região metropolitana de São O Imposto Verde, atualmente ,em discussão,Paulo, segundo dados do DIEESE, divulgados on- concebido, em sua forma original, sob o princípio dotem pelo jornal O Estado de S.Paulo, o número de "poluidor-pagador" - isto é, quem polui paga -, bus-desempregados, em doze meses, cresceu 8,8% - já cava gerar recursos para o fortalecimento do Progra-temos 1 milhão e 539 mil pessoas; 125 mil a mais do ma Nacional do Álcool, uma vez que o álcool, oriun-que em janeiro do ano passado. do de uma fonte renovável de energia - a cana-de-

Esses dados, Sr. Presidente, Sras. e Srs. De- açúcar -, em sua dupla utilidade, misturado à gasoli-putados, são alarmantes, mas, como qualquer dado na ou utilizado como combustível direto, mostrou-seestatístico, não expressam a dimensão do drama co- como o único elemento capaz de' proporcionar me-tidíano vivido pelos homens e mulheres que não en- Ihorias no uso de motores de combustão interna, eli-contram maneira digna de subsistir. minando sensivelmente os seus resíduos poluentes.

Temos consciência de que o contato com a Notáveis têm sido os esforços dos fornecedo-realidade da população foi o fator predominante para res de cana-de-açúcar, constituídos em torno de 65sensibilizar a Igreja Católica a lançar esta campa- mil plantadores independentes, os quai~ são osnha. maiores empregadores do setor, com cerca de 450

É bom frisar que a CNBB não apenas denún- mil empregados nas diversas regiões do País, decia, Sr. Presidente, mas impõe uma reflexão até modo geral carentes de emprego e renda.mesmo com o lema da sua campanha: "Sem traba- Essa categoria de fornecedores tem assumidolho... Por quê?" riscos bastante elevados, à medida em que não dis-

Sr. Presidente, este Parlamentar e o Partido põe de mecanismos de defesa para períodos de de-dos Trabalhadores somam-se ao esforço da CNBB pressão na demanda por cana-de-açúcar, diferente-em promover essa reflexão, para que o Brasil possa, mente do que ocorre no segmento industrial, o qualem 1999, retomar o desenvolvimento, e para que conta com um leque de produtos, tais como álcool

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anidro, álcool hidratado, álcool industrial e açúcar compatíveis com a atividade e seu papel econômico-para os mercados interno e externo, tendo, por meio social.deste último, acesso a créditos junto ao mercado in- É bom salientar que os recursos que venham aternacional, fatos que não se colocam ao alcance ser direcionados para esse propósito serão bem me-dos fornecedores de cana-de-açúcar que, com a ex- nores do que os que seriam necessários para pro-tinção das linhas de créditos oficiais para fundação, gramas compensatórios relacionados ,ao deserT1pre-custeio e renovação de lavoura, tiveram De buscar go, tais como auxílio-desemprego, migrações Gam-recursos nas linhas comerciais - de elevados custos po-cidade e acréscimos nos orçament,os e custos de-, criando uma dificuldade adicional à sua sobrevi- infra-estrutura urbana e assistencial, e outros proble-vência. mas sociais decorrentes.

O PPB apóia a instituição do Imposto Verde, Era o que tinha a dizer.inclusive para sua aplicação na recuperação de es- O SR. PAULO PAIM (PT - RS. Pronuncia otradas, conforme o projeto em discussão. Entretanto, seguinte discurso.) - Sr. Pr~sidente, Sras. e Srs. De-não nos podemos esquecer da necessidade de putados, estamos convocando os Parlamentares aapoiar o Proálcool, o qual, na verdade, é a motiva- participarem da Frente Parlamentar e de Entidadesção, a origem da idéia de criação do Imposto Verde, em Defesa do Salário Mínimo. Os cole.gas já devemcuja designação se refere à intenção de taxar o po- ter recebido convite para uma reunião no dia 4 deluidor para favorecer um produto renovável, inserin- março, às 10h, no Espaço Cultural Zumbi dos Pal-do o Brasil na agenda mundial dos reconhecidos es- mares.forços para preservação do meio ambiente. Na circular que encaminhamos aos Parlamen-

Contudo, contrariamente, é o álcool- via forne- tares e aos representantes dos trabalhadores, apo-cedores de cana - que tem subsidiado a gasolina, sentados e pensionistas, informamos que estamosno atual quadro de liberação do mercado. Desde an- retomando a luta em defesa do salário mínimo, poistes da entrada efetiva de vigência desta nova situa- entendemos que FHC continua desconsiderando osção - em que os preços do álcool estão complemen- mais pobres - justamente os 100 milhões de brasi-te liberados, flutuando ao sabor do mercado - os for- leiros que dependem do salário mínimo.necedores têm pago essa conta de subsídio às Com o processo inflacionário em curso, nãoavessas, em que os preços da gasolina ao consumi- existem meios de o Governo deixar de adotar medi-dor foram rebaixados graças à queda nos preços do das para salvaguardar a população dos aumentosálcool combustível. Dito de outra forma, as distribui- dos preços - como exemplo, cita a cesta básica quedoras usaram o álcool adquirido a preços bastante em São Paulo atingiu o valor de 130 reais, e no .Rioabaixo do referencial para rebaixar os preços da ga- de Janeiro chegou a 154,74 reais. A energia elétricasolina. será majorada no mês de abril, segundo informes do

Quem pagou essa conta foi a matéria-prima Governo.dos fornecedores, porque esses são o ponto inicial FHC comprometeu-se a dobrar o valor do salá-aa cadeia de produção, e o ponto último da remune- rio mínimo em seu Governo, o que não aconteceu.ração. Ou seja, são os primeiros que correm os ris- Caso houvesse acontecido, ele já deveria estar emcos, ao decidirem plantar, e são os últimos a serem 140 dólares. A realidade, porém, é outra: o salárioremunerados, sem terem a quem repassar as suas mínimo regrediu e vale hoje'65 dólares, ou seja, me-perdas. nos do que o do início do Governo FHC, que era de

É sob este quadro que a Secretaria de Política 70 dólares.Agrícola do Ministério da Agricultura, responsável Por incrível que possa parecer, vamos ter quepela política agrícola em geral, embora não tendo a tirar do baú os cartazes que em 1995 pediam um sa-cana-de-açúcar como produto diretamente objeto de lário mínimo de 100 dólares, o que se tornou realida-suas preocupações, está buscando soluções que de em maio daquele ano graças a projeto de nossacontemplem inclusive esse segmento, fundamental autor~..çem dólares representam cerca de 208para manter as demais atividades da agricultura. reais, confôrme Projeto de Lei 001/95, de nossa au-

Isto posto, o PPB entende que é de grande im- toria - esse projeto já conta com o requerimentoportância, e de justiça, que o Imposto Verde, hoje para tramitar em regime de urgência urgentíssima, oem discussão, tenha uma parcela de seus recursos que significa que deverá constar da pauta de votaçõ-direcionada para financiar os fornecedores de cana- es de março. Mesmo aprovada tal proposta, aindade-açúcar, por meio de linhas de crédito a juros será o menor salário mínimo do Mercosul, já que ne-

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nhum país integrante desse mercado paga menosque 180 dólares.

Para concluir, Sr. Presidente, entendemos queessa reunião tem como objetivo desencadear umamobilização nacional em defesa da valorização dosalário mínimo.

Esperamos contar com o apoio nos nobres pa­res para aprovação do salário mínimo de 208 reais.

Obrigado, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Giovanni Queiroz) ­Passa-se ao

V- GRANDE EXPEDIENTE

Tem a palavra o Sr. Marcos Cintra.

O SR. MARCOS CINTRA (Bloco/PL - SP.Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs.Deputados, o que me traz hoje à tribuna é a necessi­dade urgente de se discutir a questão da reforma tri­butária em nosso País. Não se trata apenas de umaquestão macroeconômica; não se trata tão-somenteda sobrevivência do nosso País sob o ponto de vistade suas atividades econômicas. Trata-se de umaquestão que começa a afetar a vida de cada cidadãonas suas atividades diárias, comezinhas, diuturnas.

Em qualquer momento em que abrimos um jor­nal e tomamos conhecimento das ações governa­mentais, defrontamo-nos com a questão tributária,nas suas mais variadas formas, em termos de abu­sos e intromissões na vida do cidadão. É um sistemaque acaba impelindo boa parte da sociedade brasi­leira à informalidade, à sonegação, à exclusão do ci­cio normal da atividade econômica do País.

Esta semana, abrindo os jornais, defrontei-mecom a notícia de que o PresJdente da República san­cionou a criação de cem varas judiciais. E grande foiminha surpresa quando verifiquei que, dessas novasvaras criadas na Justiça Federal, cinqüenta são deexecução fiscal.

Abrindo o jornal Gazeta Mercantil, depareicom notícias de que empresas de consultoria e deassessoria tributária estão vivendo hoje um dos mo­mentos de maior atividade e sucesso empresarial.Atribui-se esse fato exclusivamente à complexidadedo nosso sistema tributário, à burocracia que presidetodas as ações do setor público no que dizem res­peito às atividades tributárias.

Tenho informações de que o grupo 10B regis­trou em janeiro um número de assinantes 30% maiordo que tinha no ano passado.

Juristas conhecidos e de grande renome naeconomia brasileira fazem manifestações. Exemplodisso é o que o Dr. José Carlos Graça W~gner, um

dos maiores jurisconsultos de nosso País, diz a res­peito da criação das varas de execução fiscal:

Li que se pretende, já com aprovaçãodo Senado, a criação de Varas Federais deexecução. fiscal e que essa providência éconsiderada urgente e correta para arreca­dar mais e solucionar o crônico problema de"déficit" público.

Como advogado especialista em direitotributário contencioso, especialmente emexecuções fiscais, eu agradeço.

Como cidadão, eu lamento.

Peço a transcrição nos Anais da Casa da ínte­gra do artigo do Dr. José Carlos Graça Wagner.

Esta, Sr. Presidente, é a realidade que vivemoshoje: uma sociedade acuada, agredida nos seus di­reitos, que a cada momento é obrigada a se defron­tar com portarias, com criação de novos impostos,com elevação das alíquotas dos impostos existen­tes, sem que ela tenha sequer o direito de discutirem profundidade a adequação dessas medidas.

A questão tributária, Sr. Presidente, sem dúvi­da alguma, é um dos elementos fundamentais da ci­dadania. Há qué se exigir respeito ao cidadão; háque se exigir que o cidadão seja consultado quandoGoverno criar novos impostos ou quiser aumentar acarga tributária. Infelizmente, isso é feito com uma li­geireza que nos deixa profundamente preocupados.O cidadão é desrespeitado, a cada dia, no que dizrespeito ao uso dos seus recursos e ao abuso comque o Governo, literalmente, mete a mão no bolsoda população.

Mais uma vez apelamos para a imprensa.Hoje, por acaso, ao entrar em meu gabinete, recebium fax da Associação Brasileira de Empreiteiras deObras Públicas - ABEOP, dando conta de que, pas­me, Sr. Presidente, por meio da Ordem de ServiçonQ 203/99, o INSS literalmente cria um tributo abso­lutamente inconstitucional. E isso acontece a cadadia em nosso País. Portarias, ordens de serviço, de­cretos, medidas provisórias e leis criam novos ônusque recaem sobre o cidadão brasileiro

Não é à toa que hoje a carga tributária no Bra­sil aproxima-se de 36% do PIB. Não conheço nomundo nenhum outro país com nível de renda percapita semelhante ao nosso que suporte uma cargaequivalente a um terço de tudo que é produzido acada ano, 33% do PIB. Muitos poderão dizer quenos Estados Unidos a carga tributária é de 33% ou35% do PIB. Há quem diga até que a carga tributárianos países europeus é superior a nossa - e é verda-

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de. Os países europeus, em geral, têm cargas tribu- faz a carga tributária insuportável para o brasileiro. É. tárias de 45%; os países nórdicos, de 50% do PIB. uma questão de sobrevivência.

Agora, há de se fazer um ajuste, uma adequa- Ouço com prazer o nobre Deputado Valdemarção, uma verificação da compatibilidade desses da- Costa Neto.dos. É muito diferente tributar, arrecadar e extrair O Sr. Valdemar Costa Neto - Sr. Presidente,33% de tudo o que produz uma sociedade cuja ren- Sr"se Srs. Deputados, na condição de Líder do meuda anual é de 5 mil dólares per capita e extrair os partido e do Bloco PUPST/PMN/PSUPSD, queromesmos 33% de uma sociedade que tem uma renda manifestar minha satisfação em abrigar em nossaper capita de 25 mil dólares anuais, como é o caso bancada alguém da qualidade do Deputado Marcosdos Estados Unidos. Cintra. Já era S. Exª um dos melhores quadros do

Quando se extrai Lima terça parte da renda de PL no Brasil, mas dedicava-se exclusivamente a Sãouma sociedade empobrecida como a nossa, quem Paulo. Agora, eleito com 140 mil votos, vem repre-sabe se está retirando os meios fundamentais para sentar São Paulo no Congresso Nacional, junto aosua sobrevivência, está se retirando da mesa do tra- Partido Liberal. Quero dizer a todos os meus colegasbalhador a alimentação e as condições de ele dar que vamos ter bons embates nesta Casa. Perdemoseducação a sua família. É diferente de tributar uma Roberto Campos e Álvaro Valle, mas ganhamossociedade com a norte-americana. Marcos Cintra. Reitero minha satisfação em receber,

E mais ainda, Sr. Presidente: há de se fazer como Líder do Bloco, o Deputado Marcos Cintra. Va-também um ajuste com relação ao que é feito com mos juntos combater a CPMF e o Imposto Verde.os recursos extraídos da sociedade, o que é diferen- Sei que V. Exª está pronto para isso. Muito obrigado.te, por exemplo, do que acontece nos Estados Uni- O SR. MARCOS CINTRA - Deputado Valde-dos e no Japão. O brasileiro paga 33% do PIB na mar Costa Neto, Líder de meu partido, agradeço aforma de tributos e é obrigado a ter o seu plano de V. Ex!! as palavras elogiosas. Sinto-me realmentesaúde privado, que as empresas adquirem para o por elas estimulado a desénvolver um bom combateatendimento dos seus funcionários, a quem, eviden- em prol de uma reforma tributária.temente, o custo é repassado. No Brasil, nós, os ci- V. Ex!! se refere, por exemplo, à CPMF, tributodadãos, pagamos 33% do PIB, mas, muitas vezes, que defendi e venho defendendo desde 1990, quan-somos obrigados a mandar nossos filhos para esco- do, pela primeira vez, em artigo publicado na Folhalas privadas, pagando elevadas taxas de matrícula e de S.Paulo, intitulado "Por uma Revolução Tributá-mensalidades. Ao passo que em outras sociedades ria", preconizei uma reforma tributária nos moldes doque arrecadam os mesmos 33% tais serviços são projeto do Imposto Único.públicos e de qualidade. Na realidade, a CPMF nada mais é do que

Portanto, essa carga tributária de 33% do PIB uma adaptação, quase uma espoliação da idéia doé excessiva. Diria até que é espoliativa. Efetiva- imposto único. Ela, entretanto, foi transformada nummente implica um ônus que a sociedade brasileira imposto a mais, além de todos QS impostos já exis-não está preparada para suportar. E não é à toa, tentes no Brasil, quando a idéia original- era fazerSr. Presidente, que temos hoje no Brasil taxa de com que aquele-subst!tuísse todos os demais tributos.sonegação das mais elevadas do mundo. A sone- Trata-s~ de uni imposto, Sr. Presidente, quegação, a elisão fiscal, a busca das mais variadas tem qualidades técnicas: arrecada, com um'a alíquo-formas de burlar a legislação tributária brasileira ta de 0,20%, mais 'de 8 bilhões de reais por ano.transformou-se, para nós, brasileiros, não num ato Para se ter uma idéia, Deputado Valdemar Costaimoral, ilícito, mas quase que num ato corriqueiro Neto, isso representa aproximádamente a metadede sobrevivência de cada empresa. O brasileiro, de toda a arrecadação do IPI - Imposto sobre Pro-todos sabemos, sonega, e a própria Receita Fede- dutos Industrializados, que tem enorme' carga de DU-raI declara abertamente que, para cada real arreca- rocracia e elevado custo social, não só para a má-dado, um é sonegado. Ou seja, apenas a metade do quina pública, mas também para o próprio contri-que poderia estar sendo recolhido aos cofres públi- buinte, que é obrigado a cumprir todas as exigênciascos efetivamente o é. fiscais, a manter livros e toda uma burocracia espe-

O brasileiro sonega, mas não porque, raça lati- cial para poder recolhê-lo.na que somos, como alguns até ousam sugerir, te- Pois bem, a CPMF, imposto praticamente semnhamos propensão genética à malandragem. Não é custo, arrecadado automaticamente, é responsávelpor isso, mas porque a legislação fiscal e tributária pela metade de toda a arrecadação do IPI. Ou seja,

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com uma alíquota de 0,40%, cobrada apenas numaponta dos lançamentos bancários, seria possível eli~

minarmos o IPI completamente. Imagine V. Exª a efi­ciência que a sociedade brasileira ganharia, pois oIPI é dos impostos mais sonegados neste País,como o são o ICMS e o Imposto de Renda.

As próprias declarações do Secretário da Re­ceita Federal dão conta de que a CPMF efetivamen­te é um imposto justo porque universaliza a base deincidência. Conforme já declarou o saudoso MinistroMário Henrique Simonsen, caro amigo e companhei­ro da l7undação Getúlio Vargas, de onde tambémsou oriundo, o imposto mais injusto é aquele quepode ser sonegado.

Não adianta termos um Imposto de Renda, porexemplo, que, nominal e formalmente, é progressivo,mas que, na prática, por meio das mais variadas for­mas de evasão, transforma-se em imposto altamen­te regressivo, como, aliás, comprovam os estudosfeitos pelo ex-Presidente do Banco Central, Prof.Ibrahim Eris, na Universidade de São Paulo. Essesestudos demonstraram que, quanto maior a classede renda do contribuinte, menor a tributação efetiva- não a formal, não a que está no Código Tributário,mas a que ele efetivamente recolhe. É, portanto, umimposto altamente regressivo.

A CPMF, não; é um imposto que recai sobretodos. Alguns dizem que é regressivo, mas não é.Não é progressivo, mas também não é regressivo; éproporcional. E um imposto proporcional não é ne­cessariamente regressivo, como o próprio nome oafirma.

Vejam V. Exªs A CPMF é um imposto 'oriundodo projeto do imposto único, que substituiria todosos demais. O imposto único representa outra filoso­fia tributária: a de que é possível arrecadar mais tri­butando menos, ao passo que o Governo faz exata­mente o. inverso - acredita que irá arrecadar mais tri­butando mais, onerando mais o contribuinte.

É um mau governante aquele que exige da po­pulação mais do que aquilo que ela pode contribuir.E o resultado é a sonegação, a elisão fiscal, a cor­rupção e, sobretudo, a fuga para a economia infor­mai, da qual hoje ninguém sabe o tamanho. Cin­qüenta por cento do PIB? Sessenta por cento? Se­tenta por cento? Pode ser mais. É o atestado de fa­lência do nosso sistema tributário.

Segundo dados do próprio IBGE, dos trabalha­dores assalariados no Brasil apenas 50% têm Car­teira de Trabalho assinada. Isso representa, sem dú­vida alguma, a falência do sistema tributário e tam­bém a do INSS. Afinal de contas, os serviços que o

INSS proporciona são de caráter universal, mas ape­nas 50% daqueles que teoricamente deveriam equerem utilizar seus serviços estão contribuindopara o custeio do sistema. Esse é o resultado donosso sistema tributário.

Vemos que o Governo nos impõe a CPMF nãodentro da filosofia correta de ir substituindo outrostributos ineficientes que estão destruindo a ética e amoral tributária brasileira, mas simplesmente colo­cando-a acima e além de todos os tributos já exis­tentes, onerando, sufocando, asfixiando o setor pro-dutivo brasileiro. I

E o faz ainda, Sr. Presidente, curiosamentealegando que esse é um imposto ruim, tecnicamenteindesejável. Acho que o mínimo que o Governo po­deria fazer, se esse imposto é reconhecidamenteruim e tecnicamente indesejável, seria retirá-lo. De­veria ser criado outro imposto. No entanto, é o únicotributo do qual o Governo jamais abrirá mão, porqueele arrecada recursos - e é justo, como reconhecidopela ilustre e respeitada economista Maria da Con­ceição Tavares. Contrária ao Imposto sobre Transa­ções Financeiras, a ex-Deputada escreveu 'memorá­vel artigo, em 1966, reconhecendo as qualidades dejustiça deSse imposto, uma vez que tem um padrãode incidência muito mais amplo e universal do queos tributos declaratórios hoje existentes.

Acredito, Sr. Presidente, que o caminho parauma ampla reforma tributária no Brasil é exatamenteaquele que a CPMF nos aponta, mas não como umimposto a mais. É por isso que sou contra a CPMF;é por isso que acho estar a CPMF, colocada emcima da atual estrutura tributária, agravando as ma­zelas e as distorções do nosso sistema. Mas se foraplicada como imposto único, substituindo a parafer­nália tributária que, como disse, asfixia o setor pro­dutivo nacional, estaríamos, sim, caminhando na di­reção de um sistema tributário mais justo; de um pa­drão de incidência mais amplo, mais barato, maiseconômico e mais eficiente.

O Sr. Carlito Merss - V. Exª me permite umaparte?

O SR. MARCOS CINTRA - Com b maior prazer.

O Sr. Carlito Merss - Deputado Marcos Cin­tra, sou do Estado de Santa Catarina, economista, eV. Exª, como disse em parte do seu discurso, gostade um bom combate. Acho que é isso que temos defazer nesta Casa. Há muitos anos acompanho suadefesa do imposto único. Penso que as pessoas têmde ter obsessão, no bom sentido, como faz à Sena­dor Eduardo Suplicy em relação à renda mínima. EmSanta Catarina, eu já dizia, nos embates que travei,

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que sempre esperei que o PL se transformasse no O SR. MARCOS CINTRA - Agradeço ao De-grande partido liberal deste País, porque precisamos putado Carlito Merss o aparte. Fico muito feliz emde um partido liberal no Brasil. Infelizmente, as ou- saber que este repto que faço a todos os colegas datras siglas acabam não fazendo, do ponto de vista fi- Casa para que iniciemos um amplo debate sobre· re-losófico, essa luta pelo liberalismo, como V. Exª faz. forma tributária já rende os seus primeiros frutos.A questão do imposto único tem problemas, ainda Além da sua disposição, há poucos minutbs convideiem função da nossa Federação, mas se tenta resolvê- o Deputado Fernando Ferro para também discutirlos. Há discussão sobre o IVA, sobre impostos pareci- essa questão. V. Exª tem absoluta razão. A reformados, para que se possa, do ponto de vista do Municí- tributária no Brasil não anda porque não interessa aopio, do Estado e da União, redefinir a questão. É a dis- Governo. Nunca se arrecadou tanto neste País!cussão do pacto federativo que espero estar sendo de- Sr. Presidente, a carga tributária .histórica nobatida no encontro com o Presidente Fernando Henri- Brasil, ao longo dos últimos trinta anos, t~m se situa-que. Penso que não há mais dúvida em relação à ne- do na faixa de 25% do PIB. De 1990 para cá, inician-cessidade de uma nova reforma tributária. Desde do-se com o malfadado Plano Collor e ao longo dosquando era Deputado Estadual e Vereador, acompa- últimos nove anos, vem numa trajetória crescente.nho essa discussão de forma angustiada. Os números Saindo do patamar de 22% a 25%, nossa taxa tribu-levantados por V. Exª estão corretos. O País é uma tária histórica pode atingir 33% do PIB. Com todobrincadeira de faz-de-conta. Um imposto como a esse pacote tributário que estamos aprovando, comCPMF acaba incidindo no custo, e os que pagam se- a provável aprovação da CPMF, é possível que serão sempre os mesmos: as classes menos favoreci- eleve a carga tributária. Agora, não conheço nenhumdas. Os números verificados na Comissão da CPMF país no mundo onde a carga tributária vai de um pa-são assustadores. Dos cem maiores contribuintes da tamar de 22% a 25% do PIB para 33% - portanto,CPMF, 48 nunca pagaram Imposto de Renda. Ou um aumento de quase 40% - sem que esse projetoseja, há algo errado. Portanto, quero me congratular tenha sido discutido em qualquer Parlamento.com o discurso de V. Exª, Deputado Marcos Cintra, e Sr. Presidente, como disse, a carga tributáriadizer que não só eu mas muitos Deputados da banca- vem sendo elevada através de portarias, decretos,da do Partido dos Trabalhadores estarão lutando de ordens de serviço, medidas provisórias, leis que nosforma séria para que façamos efetivamente a reforma pegam quase que de supetão.tributária. O Governo tem maioria nesta Casa e se qui- Há urgência de uma reforma tributária. Apelosesse já teria feito essa reforma no período anterior. para o nosso patriotismo: é questão de vida ou mor-Infelizmente, não a fez, porque a lógica foi a reeleição. te! Deve ser ampliada a alíquota da CPMF, aumen-Mas tenho certeza de que V. Exª substituirá melhor os tada a arrecadação e, no próximo ano, novo projetoDeputados aqui citados, porque eram Parlamentares de lei certamente será enviado, uma vez que o ajus-com posições muito pesadas contra o Estado nacional, te fiscal jamais será realizado através do aumentoo que sempre me assustou. Sei que V. EXª tem clareza da carga tributária. Só há uma maneira de se fazerdas necessidades do Estado, mas sabe que ele não com que o ajuste fiscal ocorra em nosso País: atra-pode ser injusto em termos tributários. Essa é a lógica vés do crescimento econômico.que tenho visto nos seus artigos e pronunciamentos. É preciso reconhecer que não há mais comoos quais tenho acompanhado na imprensa nacional. cortar gastos. Os serviços públicos hoje estão dete-Quero me posicionar como alguém que quer fazer o riorad.:>s, o Estado brasileiro não serve a sua socie-bom combate, mas sem hipocrisia. O que não se pode dade atendendo aos mínimos quesitos em termos deé fazer de conta. No primeiro ano do curso de econo- qualidade de serviços públicos, e se fala em cortarmia aprendemos que, se se aumentar a base tributa- gastos! Cortar quais gastos? Aumentar a arrecada-da, se reduzirá a carga. Esse é o bê-á-bá da econo- ção só gera sonegação; aumentar a receita só estámia. Todos os países do lT)undo descobriram isso. gerando o crescimento da economia informal.Infelizmente aqui é mais fácil aplicar contribuições Só há um caminho, Sr. Presidente: a reduçãoprovisórias, que se transformam em permanentes, ena verdade o povo é quem acaba pagando. Agrade- dos juros e da carga tributária, a ampliação do uni-

verso de contribuintes e a retomada do crescimentoço a V. Exª o tempo a mim concedido e quero mecolocar à disposição para participar dessa grande econômico. Comprovadamente isso é muito fácil.discussão, que, com certeza, é uma das mais impor- Qualquer estudante de economia pode verificartantes desta Legislatura. que as fases na História brasileira recente em que a

inflação tem sido a mais baixa são quando o cresci-

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Fevereiro de 1999 DIÁRIO DA cÂMARA DOS DEPUTADOS Sábado 27 07089

mento econômico tem sido o mais alto. Somente ocrescimento econômico vai realizar o tão necessárioajuste fiscal no Brasil.

Portanto, Sr. Presidente, acredito que a refor­ma tributária, hoje, transformou-se num dos pontosmais fundamentais para ser discutido por esta Casa.E também penso que o Congresso Nacional deveextrapolar suas funções de meramente chancelar.

O SR. PRESIDENTE (Giovanni Queiroz) - De­putado Marcos Cintra, é verdade que gostaríamosde ouvi-lo muito mais. Com certeza, esta Casa ficaenriquecida com o pronunciamento de V. Ex!! No en­tanto, há outros Parlamentares que precisam fazeruso da palavra. Sendo assim, concedo-lhe mais umminuto para que conclua seu pronunciamento.

O SR. MARCOS CINTRA - Muito obrigado, Sr.Presidente.

Para concluir, quero dizer que acredito dever oCongresso Nacional assumir suas funções de formu­lador de política econômica no nosso País. Precisa­mos deixar de ser meramente uma câmara de eco ede estar apenas chancelando aquilo que o Governo,o Executivo e as autoridades econômicas acreditamque seja o melhor para o País. Que esses temas se­jam discutidos aqui! Em grande parte, é nossa res­ponsabilidade apelar para a prerrogativa, que é nos­sa, de discutirmos a política econômica nacional, decolaborarmos com contribuições e sugestões, departiciparmos da elaboração de uma pauta econômi­ca para o nosso País.

Sr. Presidente, aqui fica, portanto, este apeloangustiado e sincero de alguém que, há dez anos,vê a urgente necessidade de uma reforma tributáriano País. E espero que nós, efetivamente, consiga­mos desempenhar a nossa função principal: determi­nar os destinos de nosso País e ajudar o Governo,colaborando com a definição de uma política econô­mica que nos permita reativar o crescimento econô­mico nacional.

Era o que tinha a dizer.

ARTIGO A QUE SE REFERE O ORA­DOR:

EXECUÇÃO FISCAL: NOVA INVESTIDASOBRE O SETOR PRIVADO

Li que se pretende, já com aprovação do Sena­do, a criação de Varas Federais de execução fiscal eque essa providência é considerada urgente e corre­ta para arrecadar mais e solucionar o crônico proble­ma de déficit público. Em tese, isto soa bem.

Como advogado especialista em direito tributá­rio contencioso, especialmente em execuções fis­cais, eu agradeço.

Como cidadão, eu lamento. Porque é incumprí-vel.

Entenda-se. A grande maioria desses débitos éincobrável, decorrente do caos causado pelos pia­nos econômicos, além de outras causas bem conhe­cidas da Fazenda Pública, que nada tem a ver comverdadeiros ilícitos fiscais. Os bens penhorados va­Iem quase nada. Em leilões, menos ainda. Quandomuito dão para pagar os honorários dos procurado­res da União. Além disso, quando se c.obra 10, deum lado, de uma empresa em crise, esta deixa depagar, no mínimo, 100 do outro lado, de novos im­postos. Via de regra, porque não dá para passar,para os preços, estes encargos do passado, mais osjuros atuais 'sobre os financiamentos, mais a cargatributária e o custo da corrupção de alguns fiscais (oque é notório e independe de prova) que, aliás, co­bram barato, em virtude de recor:lhecerem a atual in­capacidade das empresas de pagarem o que seja.Muitas empresas se mantêm vivas apenas pela es­perança de que, um dia, vá cair do céu algum tipo depolítica que não jogue, sobre as empresas, a contado descalabro administrativo do setor público, e doseu monumental desperdício, além da falta de cora­gem política de modernizar a máquina do Estado, re­duzindo o pessoal ou realocando-o para tarefas queatendam às necessidades do povo brasileiro. Ouseja, substituir gastos por investimentos. Cortar gas­tos, só na aparência gera de'semprego. Se houverinvestimentos ou se forem criadas condições propí­cias a eles, choverão novos empregos.

O projeto de novas Varas judiciais, ao invés dese promover total reformulação do sistema. de co­brança e de afastar exigências ilegais, acompanha­das de nulidade de toda ordem, e de restrições, detodo o tipo, ao exercício da atividade das empresas,praticadas pelas autoridades fiscais, mesmo antesdo julgamento, por autoridade isenta, das acusaçõesde ilícitos fiscais, é mais Um passo no sentido donon sense e da irracionalidade, que vê, em tudo,"sonegação", quando o que há, pelo .menos emgrande número de empresas, é "sobrevivência". Asonegação, no seu sentido real, é privilégio de pou­cos e geralmente bem situados no setor público (oPaís ainda não se livrou do "donatarismo" da épocacolonial em que dono e governante se confundiamna mesma pessoa e era o centro negociai dos seusamigos). Representa, além disso, aumentar os gas­tos com o Judiciário, que consumirá boa parte do

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DIARI' o DA CÂM>ARA.DOS DEPUT>ADOS Fevereiro de 199907090 Sábado 27 :n.

que se conseguiu cobrar. Por todos esses vícios da o desemprego. A atual legislação de cobrança demáquina estatal e da concentração de poder, advin- débitos fiscais elimina o direito de defesa e outrosdos do donatarismo de nossas origens, e apesar de princípios constitucionais relevantes, relativos à pro-chamar o atual sistema, de democrático, falar, em priedade e à igualdade, que a Constituição atribui aneoliberalismo, para designar uma política que conti- natureza jurídica de invioláveis, ou seja, de intangí-nua conceitualmente estatizante, por meio do dirigis- veis, e que, portanto, não admitiria sequer a perdamo estatal, passa a ser piada de mau gosto... Falar temporária de bens (penhora) a não ser em caso deem moratória, como querem a Oposição e os que fraude, cujas evidências devem ser admitidas', ementendem de economia, por ouvir dizer, por mais julgamento preliminar, pelo Judiciário;boa vontade que tenham, quando o dinheiro for mau Este é um país que, ao invés de se modernizarusado, é puro confisco de um dinheiro que pelo me- e estimular a atividade econômica, insiste na políticanos em parte (com abatimento dos juros quando de "eu bato e arrebento", que, todavia, só funcionaabusivos, por meio de negociação) pertence aos cre- para os empresários sem ~'proteção".

dores, não tem qualquer base moral. Não são, no De fato, desde tempos imemoriais, peJo menoscaso de nosso País, os credores os maiores culpa- nos últimos cem anos (vide os títulos emitidos emdos, mas os que contraíram as dívidas, para fazer 1902, que o governo caloteou e continu~ a calotear),obras faraônicas. E os juros escorchantes são inter- o povo tem vivido uma sucessão de "desenganos enos, de tal modo que deve ser feita, para haver coe- decepções, apesar de revoluções, de revolucioná-rência, uma moratória universal, de todo o setor pú- rios, de salvadores da pátria, de políticos carismáti-blico, ná dívida externa e interna, e de toda a dívida cos e de populistas, incluindo os defensores do ter-do setor privado, externa e interna, inclusive dos im- rorismo e da luta armada, sempre apreS'êntadospostos devidos... Com isso, o setor privado, manten- como necessários para chamar a atenção, com o fitodo as dívidas fiscais em suas mãos, poderá gerar de resolver as "que~tões sociais". Todos, porém,novos empregos e criar novas riquezas... Por que sempre querendo mais poder e nunca sabendo onão se pensou nisso antes...? O impasse econômi- que fazer com ele.co-financeiro, interno e externo, só pode ser resolvi- O pior é que não se aprende a lição e se querdo por negociação firme e determinada quanto aos resolver o problema pesando sobre os que produ-resultados a serem alcançados, e não por medidas zem riqueza, geram empregos, suportam por suade força que gerarão necessariamente, ditaduras, conta, despesas sociais que o Poder Público fingeideológicas ou "dogmáticas". Fazer propaganda da atender, pagam os impostospossíveis (a carga tribu-força na solução dos problemas econômicos, inclusi- tária é aumentada por inúmeras exigências ilegais eve da moratória, é justiça o uso da força, de quem a pelos juros que têm de ser pagos porque a Fazendatem, por razões subjetivas ou até objetivas, em face quer receber o imposto antes do produtor recebê-loda visão que possam ter dos problemas da Nação e do seu adquirente), enquanto os enquistados no Po-da finalidade de instituições específicas. der Público, permanente ou periodicamente, pouca

Esta lei de reestruturação da Justiça Federal é sensibilidade têm quando se trata de fazer novosuma nova ilusão que vai pesar sobre quem já não gastos públicos que suas imaginações elucubram,tem como seguir com suas atividades, e sobre quem pois, afinal, todos sabem fazer economia em relação

. não se pode defender. A atual lei de execução fiscal ao próprio bolso, pouco ilTlPortando o bolso alheio,é totalitária, e seus fundamentos tiveram origem no mormente se este se chamar "contribuinte".Estado Novo. Foi essa ditadura fiscal agravada pela Repito: como advogado, agradeço. Como ciCla-Lei de Execução Fiscal, do período anterior à fase dão, lamento.atual da vida do País. Os chamados governos civis,inclusive o atual, aumentaram a legislação restritiva José Carlos Graça Wagnerao direito de defesa, impondo uma verdadeira sub- O SR. FERNANDO FERRO - Sr. Presidente,missão dos contribuintes aos órgãos do Estado, sob peço a palavra pela ordem.pena de inviabilização de seus negócios, dentre os O SR. PRESIDENTE (Giovanni Queiroz) _quais o Cadim, que antes da decisão final judicia!, Tem V. EXiI a palavra.impõe restrições com objetivo de fazer os que consl- O SR. FERNANDO FERRO (PT _ PE. Pela or-deram devedores a desistir da defesa, que é um di- demo Sem revisão do orador.) _ Sr. Presidente, que-reito constitucional, para poderem continuar a ope- ro encaminhar um requerimento de informação aorar, o que, ademais, desorganiza a produção e gera Ministro das Comunicações. Gostaria de solicitar a

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V. Exª permissão para encaminhar esse requerimen­to.

O SR. PRESIDENTE (Giovanni Queiroz) - AMesa recebe o requerimento de V. Exª, nobre Depu­tado Fernando Ferro.

O SR. PRESIDENTE (Giovanni Queiroz) ­Concedo a palavra ao nobre Deputado Pedro Sitten­court, que disporá de 25 minutos na tribuna.

O SR. PEDRO BITTENCOURT (PFL - SC.Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, nobressrªs. e Srs. Deputados, é com muita alegria que,nesta manhã de sexta-feira, assumo pela primeiravez a tribuna desta Casa.

Vim de Santa Catarina na companhia de outros15 Parlamentares, já que nossa representação é de16 Parlamentares. Vejo agora, no plenário, o nossocompanheiro Carlito Merss, representante da banca­da do PT. Eu, o Deputado Carlito Merss e outrosSrs. Parlamentares pretendemos representar bem opovo catarinense nesta Casa.

Vários representantes de Santa Catarina jápassaram por aqui, homens dignos que serviram aesta Casa, ao Estado e ao País. Agora é o momentode darmos continuidade à representação de SantaCatarina, espelhando-nos nos exemplos desses ho­mens públicos que tanto honraram o nosso Estado.

Chego a esta Casa, Sr. Presidente, respaldadopelo voto de mais de 60 mil catarinenses, que meemprestaram a sua confiança para o exercício destemandato. Desejo, contudo, não restringir esta repre­sentação somente àqueles que me apoiaram nas úl­timas eleições. Creio que é fundamental, para que oParlamentar exerça com dignidade o seu mandato,pensar sempre na população do seu Estado.

Quero ser, nesta Casa, Sr. Presidente, a vozdos mais de 5 milhões de catarinenses que compõ­em esse Estado; um Estado exemplar, pequeno ter­ritorialmente, é verdade, pois ocupa pouco mais de1% do território nacional, mas com uma força de tra­balho, com uma miscigenação, com uma culturatoda própria.

Santa Catarina, muitas vezes, distingue-se deoutras Unidades da Federação pela sua formação,pela sua heterogeneidade, pela sua condução, pelassuas regiões, por não ter metrópoles, por ter cidadesde médio porte espalhadas por todo o seu território.Quer no litoral, ao norte, ao sul, na serra, ao oeste,no extremo oeste ou em qualquer das regiões donosso Estado, vamos encontrar pólos de desenvolvi­mento.

Vamos ver uma economia sustentada na socie­dade familiar. Vamos encontrar também, no sul de

Santa Catarina, um pólo cerâmico forte, além da ex­tração de carvão. Vamos encontrar uma indústriatêxtil forte, em especial no Vale do Itajaí. Vamos en­contrar uma indústria metalmecânica de expoentenacional e mundial, na. região norte do nosso Esta­do. Vamos encontrar a agroindústria na região oestede Santa Catarina,

Sr. Presidente, nobres Srs, Deputados, o povocatarinense está orgulhoso de ter construído, de for­ma ordeira, com trabalho digno, um Estado que hon­ra o barriga-verde perante a Nação brasileira. Contu­do, a partir de agora, quando o País começa a redis­cutir o seu pacto, quando a nova agenda põe emdiscussão os interesses das Unidades da Federaçãoe do Distrito Federal, quando, no dia de hoje, muitoapropriadamente, o Sr. Presidente da Repúblicachama os Srs. Governadores, representantes dosEstados brasileiros, para rediscutir o pacto nacional,é importante e fundamental que também nesta Casaa voz de Santa Catarina seja ouvida,.

Lamentavelmente, Santa Catarina tem enfren­tado, nesses tiltimos anos, administrações não con­dizentes com a realidade do seu povo. Hoje, o nossoEstado sofre com o déficit corrente de mais de trêsfolhas de pagamento atrasadas. Tal fato nunca tinhaocorrido na história de S8.nta Catarina. Hoje, confor­me levantamento do Governador Espiridião Amin,eleito em 4 de outubro passado, estamos com umadívida superior a 1 bilhão de reais. Equivalente aquase um orçamento do Estado é a dívida correntecom os servidores públicos, a dívida de custeio. Enão falamos de investimentos atrasados em SantaCatarina. Não nos-manifestamos a respeito de novasobras, de novos serviços, de novos projetos para onosso Estado. Falamos, sim, da necessidade da re­cuperação que Santa Catarina hoje tem, lamentavel­mente, volto a repetir, em razão da administraçãofinda.

Por isso, ao comparecer a essa reunião, o nos­so Governador vem trazer a proposta de Santa Ca­tarina, para qLl(~ o nosso Estado não seja mais umavez penalizado pela União, para que não receba no­vamente da União somente aquilo que lhe sobra,mas sim aquilo de que precisa e necessita neste ins­tante, para agir, assim como o Brasil, para encontrarnovos espaços.

Santa CataTina des,eja, sim, a renegociação dasua dívida. Santa Catarina já fez no quadriênio pas­sado a renegociação com a União. Hoje não diriaque a dívida é insuportável para o nosso Estado.mas é necessário e indispensável que Santa Catari­na possa receber, corno Estado industrializado e ex-

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portador, de pronto, os benefícios previstos pela LeiKandir. É necessário e indispensável que Santa Ca­tarina ainda conte, Sr. Presidente, com um grandepatrimônio público.

Nenhuma das estatais de Santa Catarina, ne­nhuma de nossas empresas, a empresa de energiaelétrica, a de águas e saneamento ou o nosso Ban­co, nenhuma delas, nenhum patrimônio de SantaCatarina foi privatizado. É necessário e indispensá­vel que neste momento possamos receber do Go­verno Federal resposta às necessidades e aspiraçõ­es de Santa Catarina.

Por isso, Sr. Presidente, srªs. e Srs. Deputa­dos, ao trazer as aspirações e os desejos do povocatarinense, representado pelo seu Governo legiti­mamente eleito em 4 de outubro, associo-me àque­les que nesta Casa também pregam a necessidadede a União rediscutir com os Estados uma novaagenda. Que se deixe de lado qualquer aspiraçãopessoal, vaidade, antagonismo e insatisfação.

Os homens públicos deste País, em especial oSr. Presidente da República e os Srs. Governado­res, não podem colocar seus interesses pessoaisacima dos interesses coletivos da União e dos Esta­dos. Creio que não há legitimidade, Sr. Presidente,naqueles que colocam seus ressentimentos, questõ­es pessoais, queixas e ciúmes acima do interesseda coletividade.

Portanto, venho, em nome de Santa Catarina,manifestar o desejo de que este primeiro encontroseja bem-sucedido. Para que o Congresso Nacionaltambém possa participar dessa agenda, é importan­te, sim, que a Câmara dos Deputados e o SenadoFederal cumpram sua parte.

Vamos ter a oportunidade, durante esta Legis­latura, de dialogar, discutir, propor, sugerir e criticar.Mas devemos, sim, participar dessa nova agenda.

Ouço, com prazer, o nobre Deputado InaldoLeitão.

O Sr. Inaldo Leitão - Nobre Deputado PedroBittencourt, antes de mais nada, é uma honra muitogrande apartear V. EXIl, sobretudo porque me lem­bro da nossa luta na União Nacional dos LegislativosEstaduais - UNALE. Nossa preocupação era exata­mente com a construção de um novo pacto federati­vo, com a concepção de uma federação que pudes­se dar aos Estados autonomia e condições para au­togestão. Acredito que a reunião de hoje entre o Pre­sidente da República e os Governadores - exceto oGovernador de Minas Gerais, Itamar Franco - é fun­damentai para a construção dessa nova federaçãoque defendemos na UNALE, durante nosso mandato

de Deputado Estadual. Lamento a ausência do Go­vernador de Minas Gerais nessa reunião, porqueacredito que somente através do diálogo é possívelencontrar as soluções de que o Brasil necessita. Afi­nai de contas, esta crise não é privativa do nossoPaís, ela atinge todo o mundo. Para vencê-Ia, preci­samos todos nós, brasileiros, Governo e Oposição,ter unidade política, coragem e determinação. Porisso, nobre Deputado Pedro Bittencourt, manifestominha concordância integral com o pronunciamentode V. EXª Receba V. EXª minhas felicitações por fa­zer parte desta Legislatura na Câmara dos Deputa­dos.

O SR. PEDRO BITTENCOURT - DeputadoInaldo Leitão, agradeço a V. EXª o aparte, que seráincorporado ao meu pronunciamento de estréia nes­ta Casa. Tenho certeza de que poderemos trazer aoplenário da Câmara dos Depufa::!os os debates ocor­ridos na UNALE e no Colegiado de Presidentes deAssembléias Legislativas, embrião daquela entidade,que, ainda no correr desta semana, inaugurou suasede em Brasília.

No plenário desta Casa estão hoje presentesnove ex-Presidentes de Assombléia: V. EX!!, Deputa­do Geraldo Magela, Deputado Carlos Dunga, dentreoutros. Além disso, quase 50 ex-Deputados Esta­duais encontram-se agora na Câmara dos Deputa­dos, unidos com o mesmo propósito.

Ouço também, com prazer, o companheiro darepresentação de Santa Catarina e ex-companheirode Assembléia Legislativa na Legislatura passada,nobre Deputado Carlito Merss, do PT.

O Sr. Carlito Merss - Nobre Deputado PedroBittencourt, é um prazer esta coincidência. Fareihoje também o meu primeiro pronunciam.ento nestaCasa nova para nós; cujos espaços e corredoresainda estamos conh.ecendo. Foi um prazer a convi­vência que tivemos nos últimos quatro anos em San­ta Catarina. Mesmo com as nossas divergênciasideológicas, no momento mais crítico do Estado - jámencionado por V.Exa. -, estivemos do mesmolado. Foi quando observamos que úm ex-Governa­dor de Santa Catarina não obedecia ao estabelecidopela Constituição Estadual e tentamos fazer comque a legislação estadual fosse cumprida. Pensoque teremos muito trabalho nesta Casa. Minha prin­cipal iniciativa será no sentido de fazer com que oOrçamento da União seja efetivamente mais demo­crático. Já posso dizer, Deputado Pedro !3ittencourt,com- certa tristeza, que os primeiros estudos de­monstram que novamente nosso Estado, apesar deser -pujante e um dos grandes arrecadadores de im-

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Fevereiro de 1999 . DIÁRIO DA cÂMARA DOS DEPUTADOS Sábado 27 07093

postos do País, não está sendo devidamente con- gislaturas e ex-Presidente da Comissão de Agricultu-tempiado em termos orçamentários. Essa vai ser ra da Câmara dos Deputados. S.Exa., na qualidadeuma das minhas lutas, e tenho certeza de que V. Exa. de homem público, também honrou o exercício deserá um dos meus parceiros. O próprio Governador seus mandatos legislativos e dignificou sempre oEspiridião Amin tem demonstrado preocupação com nosso Estado.o fato de o Orçamento da União não ser justo com Quero ainda fazer, Sr. Presidente, uma corre-Santa Catarina. Nós, com certeza, estaremos unidos ção: V. Exa., Deputado Airton Cascavel, que presidepara fazer com que haja, por parte da União, respei- a sessão neste instante, também é ex-Deputado Es-to ou no mínimo justiça em relação ao que nosso Es- tadual e ex-Presidente de Assembléia. Hoje V. Exa.tado produz. Talvez estaremos em desacordo em está representando o Estado de Roraima na Câmaramuitos momentos, mas ficaremos juntos naquilo que dos Deputados. Com muita alegria, vejo V. Exa. pre-for favorável ao pacto federativo. É importante res- sidindo esta sessão e dando-me oportuniClade desaltar que estamos conseguindo discutir essa ques- usar a tribuna. Este registro complementa a observa-tão com todos os partidos. Portanto, Deput~do Pe- ção que fiz a respeito de ex-Parlamentares e ex-Pre-dro Bittencourt, quero que V. Exa. conte com o apoio sidentes que hoje ocupam cadeiras nesta Casa.

deste Parlamentar. Ouço, com prazer, o aparte do Deputado Ben-O SR. PEDRO BITTENCOURT - A9radeço-lhe Hur Ferreira.

o aparte, nobre Deputado Carlito Merss. E um prazer O Sr. Ben-Hur Ferreira _ Agradeço ao Depu-novamente contar cOIlJ a contribuição de V. Exa. no tado Pedro Bittencourt. Quero saudá-lo pelo primeiromeu pronuncl'amento - modesto, é verdade - de es-

pronunciamento que faz nesta Casa. Ouvi os Depu-tréia na Câmara dos Deputados. tados que me antecederam, e todos, até V. Exa., to-

Durante os últimos quatro anos, bem lembra- caram na questão do pacto federativo. O Congressodos por V.Exa., tivemos inúmeras oportunidades de Nacional tem que contribuir com essa agenda para odebater no campo doutrinário e ideológico. Mas Brasil. V. Exa. disse muito bem que não devemossempre buscamos para Santa Catarina caminhos tratar assuntos nacionais a partir das personalida-condizentes com a realidade do nosso Estado. des, das vaidades, dos embates que, com certeza,

V. Exa. foi autor da proposta de implantação do teremos em 2002. Neste momento - para isso serveorçamento regionalizado em Santa Catarina. Com a crise -, é importante que possamos repensar omuita alegria, recordo-me de que, quando Presiden- País. Estou ansioso para que as Comissões come-te da Assembléia, procurei apoiar essa iniciativa de cem a funcionar o mais rápido possível Uá está pas-V. Exa. Começamos essa luta na Legislatura passa- sando da hora, estamos no final do mês de feverei-da, no começo de 1995, com uma célula pequena ro), pois a sociedade brasileira espera a contribuiçãodentro da Assembléia Legislativa. Hoje, quando saí- desta nova Legislatura. É uma pena que, aqui e aco-mos da Assembléia, V. Exa. pode ter a certeza de lá, já· haja, nesta Legislatura, problemas ligados àque também me sinto muito feliz por saber que o or- trajetória de alguns Parlamentares. Mas há um gran-çamento regionalizado de Santa Catarina não é mais de aspecto em importância para o qual nós e a mídiaum sonho, transformou-se em realidade: podemos contribuir, no sentido de que este Parla-

O Sr. Carlito Merss - Esperamos fazer isso mento, nesta nova Legislatura, tenha cla'ra dimensãotambém em termos federais. dos problemas do País. Vamos discutir a reforma tri-

O SR. PEDRO BITTENCOURT - Era o que eu butária, repensar o pacto federativo. Dizia ontem,ia dizer, Deputado Carlito Merss. Espero que possa- nesta tribuna, que a Federação é uma cláusula pé-mos, na nossa atuação na Câmara dos Deputados, trea, um princípio constitucional, mas, no Brasil, estáver isso também concretizado em termos federais. esperando para ser consagrada materialmente; for-Tenho certeza de que V. Exa. vai-se dedicar a esse malmente já o foi, mas materialmente ainda estamostema, porque fui informado de que participará tam- distantes. Assim como eu, V. Exa. tamoém foi Depu-bém da Comissão de Orçamento. Com sua expe- tado Estadual e conhece os dramas do Estado. Ago-riência e capacidade, por certo V. Exa. poderá muito ra, com a nova missão de legislador federal, V. Exa.colaborar nesse sentido. Agradeço a V. Exa. o apar- disse que não quer apenas discutir assuntos de seute. Espero que, durante esse período, possamos dar Estado, mas os problemas do País. Penso que nos-continuidade às nossas tarefas. sa contribuição vai ser grande neste sentido: refletir

Fico feliz em ver no plenário nosso companhei- erros do Estado, discutir a questão da União, mas aro Ivo Vanderlinde, Deputado Federal por duas Le- partir de um novo modelo. Deve-se ter humildade

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para reconhecer que o modelo atual, centralizado na dispensáveis neste meu primeiro encontro com a tri-União, fracassou. O modelo da União não aceita a buna desta Casa.vida nos Estados, mas a sociedade exige isso. Se o Santa Catarina também vive hoje uma perplexi-Presidente. foi eleito, os Governadores também o fo- dade. Estamos acompanhando, ao longo dos últimosramo Acho que, com maturidade, mas sem abrir mão dois anos, a duplicação de nossa BR-101, um dosdas autonomias, vamos conseguir lograr um novo compromissos da primeira campanha do Presidentepacto, um novo modelo federativo para o Brasil. Pa- Fernando Henrique, que foi honrado, já que S.Exa.rabéns a V.Exa. pelo pronunciamento e boa sorte iniciou as obras. Agora, porém, lamentavelmente,em seu mandato. Santa Catarina se assusta quando recebe informa-

o SR. PEDRO BITTENCOURT - Deputado ções de que no custo das obras, que tinham seuBen-Hur Ferreira, agradeço-lhe e incorporo suas pa- prazo de conclusão em julho de 1999, deverá haverlavras ao meu pronunciamento. cortes no Orçamento da União. Aí começam nossas

Quando nos encontrávamos para debater na indagações, já que as obras foram financiadas peloAssembléia, uma das questões em que sempre me Eximbank e pelo BIRD e Santa Catarina deve sofrer,firmava era de que o Brasil, ao longo da sua história em razão desses cortes, o atraso das obras nessa- já vamos completar 500 anos -, começou como rodovia.colônia, um Estado unitário, e até hoje o Poder Cen- Conhecemos a BR-101 como a Rodovia datrai vai concedendo às unidades federadas alguma Morte. Lamentavelmente, muitas vidas lá já foramautonomia, diferentemente de outros países em que perdidas. Eu mesmo sofri um acidentá com minhaas unidades federadas constituíram e construíram, família e perdi uma filha nessa desastrosa estradasim, a União. Para nós, houve processo inverso. que corta o Estado.

Por isso, aos poucos, este modelo desgastou- Portanto, hoje não posso aceitar, Sr. Presiden-se, foi estourando, ficou carregado, pesado. Ele, às te, que essa obra venha a ser paralisada. Por isso,vezes, nem sabe mais a força que tem, como um precisamos, com atuação, força, trabalho, determi-elefante que não sabe que, se tocar a tromba no nação e garra de todos os que representam nossomastro, o circo cai. Estado, procurar dar continuidade a ela, para que

Ouço, com prazer, o nobre Deputado Airton seu prazo seja cumprido e para que se iniciem asCascavel. obras da fase da BR-101 Sul. A obra hoje em execu-

O Sr. Airton Cascavel - Primeiramente, para- ção vem de Curitiba e vai até o Município de Palho-benizo Santa Catarina por ter escolhido, como repre- ça, na Grande Florianópolis. Faltará ainda o trechosentante nesta Casa, V.Exa., que tão bem conhece que vai de Palhoça até a divisa do Estado com o Rioo Estado. Parabenizo-o também por seu discurso e, Grande do Sul, que já vem fazendo sua parte, com aacima de tudo, reconheço que, quando ouvi suas estrada que vem de Porto Alegre até a divisa comconsiderações sobre as dificuldades do Estado, tive Santa Catarina.a visão de Santa Catarina como exemplo para nós. Para se ter idéia, Sr. Presidente, há dez diasTalvez Santa Catarina tenha o modelo que solucio- Santa Catarina foi mais uma vez penalizada: umanará os problemas deste País, ou seja, valendo-se das pontes da BR-1 01, no sul do Estado, que passadas pequenas empresas e pequenas propriedades sobre o Rio Urussanga, ruiu, causando morte deprodutivas que existem no Estado. Sempre digo ao duas pessoas.meu jovem Estado de Roraima que devemos seguir Hoje, o acesso pela BR-101, para quem desejao exemplo de Santa Catarina, onde as pequenas ir de Florianópolis ao Rio Grande do Sul, deve serpropriedades produtivas rurais podem ser tratadas feito por estradas estaduais pavimentadas, mas quecomo microempresas, o que pode ser uma solução já estão começando a ter dificuldades, vez que nãopara o País. Com certeza, V.Exa., junto com seus foram construídas para receber cargas de tal nature-pares de Estado, vem enriquecer esta Casa, fortale- za. Hoje, o trajeto Florianópolis-Porto .Alegre temcer o debate e dar o exemplo de Santa Catarina mais de 100 quilômetros a serem percorridos.para o Brasil. Sucesso! Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nossas

O SR. PEDRO BITTENCOURT - Agradeço metas, nossas missões, na representação do nossomuito ao Deputado Airton Cascavel o seu aparte, Estado aqui em Brasília, além das questões essen-que incorporo ao meu pronunciamento. ciais da BR-1 01, também incluem a barragem do Rio

Sr. Presidente, nos poucos minutos que me São Bento, no Município de Criciúma, para toda arestam, abordarei ainda alguns temas que creio in- Região Sul. Esse Município iniciou sua atividade

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Durante o discurso do Sr. Pedro Bitten­court, assumem sucessivamente a Presi­dência os Srs. Airton Cascavel, § 2º do arti­go 18 do Regimento Interno, Giovanni Quei­roz, 1º Suplente de Secretário, e SeverinoCavalcanti, 2º Vice-Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Severino Cavalcanti) ­Concedo a palavra ao nobre Deputado Paes Landimpara uma Comunicação de Liderança, pelo PFL. S. Exªdisporá de dez minutos.

O SR. PAES LANDIM (PFL - PI. Como Líder.)- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Presi­dente da Confederação Nacional do Comércio, Anto­nio de Oliveira Santos, em excelente artigo publica­do ontem no Jornal do Brasil, sob o título "Taxasde juros mortais", com muita objetividade e concisão,falou a respeito dos problemas decorrentes das ta­xas de juros no nosso País.

Oliveira Santos parece-me o líder empresarialmais atento ao seu setor específico, o comércio e,por isso, acompanha pari passu as realidades daeconomia nacional.

Segundo Antonio de Oliveira Santos, "os trêsinibidores da atividade econômica do Brasil têm sidoa taxa de câmbio sobrevalorizada, as taxas de jurossuperelevadas e a asfixiante carga tributária", todosinterligados entre si, conforme ele demonstrou commuita competência e vivência empresarial em seuartigo.

Nesse contexto, Sr. Presidente, reporto-me adeclarações do Ministro da Reforma Agrária, RaulJungmann, veiculadas nos jornais, criticando a ex­clusão de itens da cesta básica, considerando-a umverdadeiro infanticídio. Com a alta escassez de re-

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econômica com a exploração do carvão e hoje é co- cursos, efetivamente, qualquer corte na área socialnhecido no Brasil e pelos que tratam do meio am- se reveste de dramaticidade ímpar.biente como de paisagem lunar. É necessário e in-dispensável a ação imediata do Governo Federal so- Por sua vez, em artigo da Folha de S.Paulo debre essa obra também indispensável. hoje, insiste o nobre Ministro Jungmann na ênfase

do social.Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, trago

outro tema de importância para nossa região e nos- Mas eu queria também, Sr. Presidente, apro-so Estado: a despoluição do complexo lagunar, nas veitando o ensejo do Sr. Jungmann, homem inteli-regiões das Lagoas de Santo Antônio, Imaruí e Mi- gente, honrado e competente, que admiro, dizer querim, onde mais de 20 mil pessoas retiram produtos S. Exª deveria preocupar-se também com os assen-para sua sobrevivência. Hoje, Santa Catarina vem tamentos desse vasto sertão nordestino e das Ge-sendo penalizada e precisa também receber do Go- rais, que recebem da direção nacional da políticavemo Federal apoio necessário e indispensável para agrária do nosso País a mais profunda indiferença.que se solucionem essas questões tão graves. Por várias vezes estive com 'S. Exª, enviei-lhe

Eram esses os assuntos que tinha a abordar cartas; já me pronunciei nesta Casa sobre os assen-nesta manhã, no plenário desta Casa, agradecendo tamentos de São João do Piauí, possivelmente asaos Srs. Deputados que me apartearam e a todos os terras mais férteis do semi-árido nordestino. O Incrapresentes. tem na região - que envolve São João do Piauí, João

Costa e Ribeira - o maior índice de assentamentosdo Nordeste, os quais, no entanto, não recebem amenor atenção da política agrária pública do nossoPaís, em particular do Sr. Min'istro. Já lhe fiz apelosa respeito de escola agrícola, do problema da faltade água nesses assentamentos, entre outros.

Graças ao esforço inaudito do então MinistroRaimundo Brito, que alocou recursos para a Compa­nhia de Energia Elétrica do Piauí, a fim de que pos­sam ser implantadas linhas de transmissão para asregiões que necessitam de energia, conseguimosatender dois assentamentos dessa região: o de Eu­gênio, através de emenda orçamentária de minhaautoria, e o chamado Marrecas, onde esfão, confor­me salientei, as melhores terras do Nordeste, melho­res do que as terras de Pernambuco,' que o Sr.Jungmann conhece muito bém. .

Fizemos um apelo para que S. Exª s.olicitasseao Ministério dos Transportes a construção de umarodovia vicinal para o assentart;lento de Eugênio, queestá a trinta quilômetros da cidade e não tem água,escola ou posto de saúde, e que somente agora teráiluminação. E o Ministério dos Transportes, em suaresposta, disse que o Mini~tério da Reforma Agrárianão demonstrou ser aquela área prioritária. Então, omeu sertão, distante da imprensa, distante das tele­visões, não leva maiores preocupações, aos respon­sáveis pela política agrária do nosso País.

São assentamentos modestos, de pessoas cal­mas, sem o acicate da agitação gratuita, justamenteporque, durante sua implantação, receberam orien­tação de um bispo moderado, Dom Augusto Rocha,grande figura da Igreja, ex-Presidente da Pastoral daTerra. Exatamente por serem modestos, anônimos,

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simples e por não terem acesso a Imprensa, não quanto aqui na Câmara os Srs. Deputados desfilammerecem a atenção devida do Poder Público. seu pensamento e sua análise numa sessão mais

O apelo que faço ao Ministro Jungmann, e que voltada para o Grande Expediente, em que se faz osestendo também ao Sr. Ministro da Agricultura,. Fran- exames mais profundos da vida do País, no Senadocisco Turra, com quem já estive por duas ou três ve- da República está-se processando' uma sessão nãozes - conversei igualmente com o Secretário de Po- apenas estranha, mas que marcará muito a históriaIítica Agrícola - é no sentido de que essa área de do Parlamento brasileiro.São João do Piauí, o grande Vale do rio Piauí, que Está sendo sabatinado para assumir o cargoenvolve os Municípios de João Costa, Ribeira e de Presidente do Banco Central o Sr. Armínio Fraga,Nova Santa Rita, mereça atenção prioritária no con- que simplesmente até há alguns dias comandava otexto das políticas públicas ligadas à irrigação e ao maior fundo de especulação do mundo, que atacavaaproveitamento das riquezas do subsolo, porque tem moedas e instituições financeiras de países asiáticosum potencial para a fruticultura exportadora fantásti- e latino-americanos. Ele comandava as operaçõesco, maior que o de Petrolina, que é beneficiada pe- destinadas a destruir as' moedas e as instituições fi-las bênçãos do São Francisco e onde foi desenvolvi- nanceiras das economias de muitos países.do um grande programa de irrigação. O investimento Sabemos, Sr. Presidente, Srs. Deputados,nessa área de São João do Piauí exigiria recursos quanto dano às economias dos países asiáticos e la-muito menores com retorno muito maior. tino-americanos esse senhor já causou. Pois agora

O Ministro Jungmann diz em seu bem elabora- foi convocado para controlar os destinos da moedaM artigo, acima citado, que "há assentamentos da nacional, para ser o guardião do siste~a financeiror3forma agrária que exportam boa parte de sua pro- brasileiro.dução". Fala no problema da pesca, como geradora Sr. Presidente, não tenho idéia de como a his-de empregos, etc. Pois fique certo o eminente Minis- tória vai registrar o dia de hoje, de como definirá otro que a microrregião de São João do Piauí, se de- comportamento do Parlamento nacional. Sem dúvidavidamente estimulada, pode ser um grande pólo de alguma, não será um momento de grandeza, daque-exportação de fruticultura (distante de Petrolina pou- les que vão orgulhar as futuras gerações e a históriaco mais de 200 quilômetros, cerca de 40 minutos em do nosso País e do nosso Parlamento.avião de pequeno porte) e capacitada a uma exce- Um grupo de Deputados, inconformados comlente piscicultura, que daria auto-sustentabilidade a esse procedimento, elaborow um manifesto, que temtoda a região do Vale do Rio Piauí. quase setenta assinaturas, o qual entregamos ao Sr.

A Embrapa, que tem em São João do Piauí um Armínio Fraga, antes de ~Ie sentar-se à Mesa paraC"/) de pesquisas - infelizmente meio estancado sua sabatina. No referido manifesto expressamospc falta de recursos -, já fez, embora de maneira nossa repugnância, nossa não-aceitação e nosso re-sU3rficial, um retrato da minha região e poderia tes- púdio por ter sido es.colhido para tornar conta daten .Jnhar as suas potencialidades. moeda nacional alguém que já especulou contra a

Neste sentido, rogo ao Ministro Raul Jungmann moeda e as instituições financeiras dos países asiá-qUI? compense a destinação das melhores terras do ticos e da América Latina como um todo, especial-semi-árido nordestino - peço a S. Exª que comprove mente da sua maior economia, que é o Brasil.pessoalmente isso - para os assentamentos, com Sr. Presidente, reql,Jeiro a V. Exª que autorize auma política agrícola que os transforme em grandes transcrição desse mál'Úfesto nos Anais da Casa, por-centros produtivos em benefício dos assentados e, que não queremos ficar silentes. Queremos fazerc") mesmo tempo, indiretamente, gerem riqueza para parte desta história, só que caminhando num outroe'3sa região, embora pobre, com um potencial agrí- sentido: no sentido dos rumos mais engrandecedo-cola riquíssimo, desconhecido, infelizmente, pelos res da história do Parlamento, ao expressar o repú-burocratas situados no Planalto Central. dio do Parlamento nacional - pelo menos de quase

Era o que tinha a dizer. setenta Parlamentares - ao processo que vai man-O SR. PRESIDENTE (Severino Cavalcanti) - char, sem dúvida alguma, a história do Senado Fe-

Concedo a palavra ao nobre Deputado Vivaldo Bar- deral, de grandes tradições. O Senado da Repúblicabosa para uma Comunicação de Liderança, pelo já viveu instantes de grandeza, mas, sem dúvida al-PDT. guma, hoje, abre as portas para uma das páginas

O SR. VIVALDO BARBOSA (PDT - RJ. Como mais tristes da história brasileira. Por isso, nós -Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, en- quase setenta Deputados Federais - queremos mar-

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car nossa presença no rumo de uma história diferen­te e deixar essa marca com um conteúdo diferente.E esse conteúdo, Sr. Presidente, está nesse mani­festo.

O SR. PRESIDENTE (Severino Cavalcanti) ­Defiro o pedido de V. Exª.

MANIFESTO A QUE SE REFERE OORADOR:

MANIFESTAÇÃO À NAÇÃOFORA FRAGA, FORA SOROS FORA FMI

É PRECISO PUDOÀ

Já entregaram nosso patrimônio público com aprivatização de estatais estratégicas a preço de banana. Jáarrocharam os salários. Já castigaram os aposentados comonenhuma nação ousou fazer com seus idosos. Já castigaram osservidores públicos. Jogaram no lixo a educação e a saúde.Criaram o terrível cortejo dos desempregados. Prejudicaram aagricultura e a empresa nacional. Elevaram os juros à condição dosmais altos do mundo.

Querem agora nos fazer engolir algo de mais amargo~o

despudor e o cinismo de ter no Banco Central o Sr. Armínio Fraga,integrante da turma do ft0verno Collor, até agora empregado domegaespeculador George Soros, que tem feito fortuna especulaniocontra moeda e instituições frnanceiras de diversos países, co

/ empobrecimento de nações e sofrimento de povos. -r f4.JI'

-~l li rJJt,· t,; I

,ri((' ? S~. ~'.:"'ínio Frag~ era enca?"gado de ~s~ecul co~tra,

~j\' Colocar este homem para cuidar da moeda brasileira é'- uma af~o~ta ao ~e~timen av~io .ético da nação, é faltar ao nA))t 1. pudor, ultImo refú~ ~ h s publIcas de bem. h \.J

.l ~,,\~L 'yvr.F l ,\{JJl( jlft~~ q8q~ / \V \" j h, 11~ ,~~\' WIt~J ~ JJ \~ ~,\ Ilt 0 ,(I- ~/.

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Seguem-se as assinaturas:

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Não aceitamos. Protestamos.indignação e inconfonnismo.

Manifestamos nossa

Oferemos dizer um não rotundo a Fraga, a Soros,F~el~s sfuS mandados no BrasiL

ao

o SR. PRESIDENTE (Severino Cavalcanti) ­Concedo a palavra ao ilustre Deputado Airton Cas­cavel.

S. Exll dispõe de 25 minutos para seu pronun­ciamento.

o SR. AIRTON CASCAVEL (PPB - RR. Pro­nuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras.e Srs. Deputados, em nome do povo de Roraima,assumo pela primeira vez nesta Casa o mandatoParlamentar que me foi conferido nas últimas eleiçõ­es. Apresento-me, assim, como um defensor intran­sigente daquele povo amazônico, povo que, sem dú­vida, engrandece esta Nação pelo seu assíduo tra­balho e pela sua imperturbável vontade de crescer,de participar, com seus esforços, ria construção dagrandiosa Nação brasileira. :

Conheço bem a Amazônia e seus problemas.Oriundo do Estado do Paraná, para lá me mudei ain­da jovem, há mais de vinte anos. Desde cedo,aprendi a amar aquela terra e seu povo. E, nesseperíodo, convivendo com a realidade local, passei aconhecer todas as características daquela região,suas limitações e suas riquezas.

Desde cedo, dediquei-me à dura tarefa deconstruir ali uma sociedade livre, justa e progressis­ta. Primeiro como Prefeito da cidade de Mucajaí, de-

pois como Deputado Estadual e Presidente da As­sembléia Legislativa e, nos últimos anos, como Vice­Governador daquele Estado.

Estou, portanto, vivenciado com as questõesamazônicas, pois venho participando de seus pro­blemas, venho procurando, juntamente com as lide­ranças locais, as melhores soluções.

Sinto-me confortável quando o assunto é a re­gião amazônica, pois eu - diferentemente daquelesque lá nunca pisaram e que se julgam conhecedoresda realidade amazônica, simplesmente porque leramou ouviram alguma coisa sobre a região, ou, porpossuírem alguma formação acadêmica, dedicaram­se a estudar os seus problemas - vivenciai e viven­cio a realidade política e social de sua população.

Diferentemente daqueleS que conhecem aAmazônia apenas sob o ponto de vista de suas ri­quezas, daquilo que mais lhe interessam, e não sobo ponto de vista dos interesses e necessidades dasfamílias que lá se formaram e cresceram!

Diferentemente daqueles que só conhecem aAmazônia como o pulmão do mundo, como o maiormanancial hídrico do mundo, Gomo a 'maior reservaflorestal, como a maior biodiversidade do mundo!

Diferentemente daqueles, Sr. Presidente, quesó lembram da Amazônia quando ali acontece algu-

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Fevereiro de 1999 DIÁRIO DA cÂMARA DOS DEPUTADOS Sábado 27 07099

ma catástrofe que venha a ocupar as manchetesdos principais jornais do País e dos noticiários nemsempre isentos da televisão. Cito, como exemplo, oincêndio de Roraima, sobre o qual veicularam asmais estapafúrdias opiniões de pessoas que poucoconhecem a região amazônica.

Para falar sobre a Amazônia, é preciso conhe­cer a Amazônia, é preciso viver lá, conhecer e convi­ver com a sua realidade. É necessário sentir o que opovo sente, é necessário envolver-se com os fenô­menos sociais e econômicos daquela terra, onde oscostumes, o modo de viver e a cultura têm contornospróprios, peculiares daquela sociedadel

É muito fácil diagnosticar problemas e indicarsoluções quando não se tem compromisso com asociedade local. É muito fácil pregar a preservaçãoda Amazônia quando não se levam em conta os an­seios de sua gente!

É por estes e por muitos outros motivos quevenho a esta tribuna para que, inaugurando as mi­nhas atividades neste Parlamento, possa fazê-lo dis­cutindo e debatendo as questões que mais afligemas fam í1ias de Roraima e de toda a região amazônica.

Senhor Presidente, Senhoras e Senhores De­putados, não nos restam dúvidas de que a grandiosi­dade da Amazônia é a sua paisagem florística, queostenta suas formações mais exuberantes, impres­sionando a todos com a sua extraordinária riquezabotânica.

São aproximadamente 260 milhões de hecta­res, representando 78% das florestas do Brasil e30% da superfície do País. A mata densa, tambémconhecida como a Hiléia amazônica, ocupa a maiorárea da região, enquanto que as Matas de Várzea,periodicamente inundadas, e as Matas de Iguapó,estas permanentemente inundadas, compõem, aolado das águas dos rios e igarapés, um dos mais lin­dos cenários da natureza.

Esta Amazônia, este santuário biológico, trans­formou-se, no entanto, em objeto de desejo, disputae ambição, não propriamente pela sua beleza cêni­ca, mas pela riqueza que encerra em sua flora, emsua fauna, em seu solo e principalmente em seusubsolo.

A Amazônia vem gerando, sob todos os aspec­tos, as mais diversas controvérsias. Análises, estu­dos e conclusões têm sido emitidos publicamente,inclusive por respeitáveis técnicos, alguns dos qual~

têm ou já tiveram responsabilidade sobre a políticaambiental do País.

No campo da gestão de seus recursos, durantealgum tempo prevaleceu o processo de ocupação

regional, com o preenchimento dos grandes vaziosamazônicos, através da pecuária extensiva, com oextermínio de extensas áreas florestais indiscrimina­damente, sem que fosse elaborada previamente aseleção de áreas ecologicamente aptas para essasatividades.

Senhor Presidente, Senhoras e Senhores De­putados, atualmente as atividades agrícolas e extra­tivistas ainda são praticadas por trabalhadores autô­nomos, com o emprego de métodos manuais extre­mamente rudimentares. Sem quaisquer limitações,seus métodos totalmente superados resyltaram,sempre, em baixíssimo rendimento para o homemlocal. Não propiciaram, até hoje, qualquer progressoou riqueza para a região, mas, pelo contrário, acen­tuaram a pobreza, por um lado, e, por outro, levaramà degradação do meio ambiente.

Daí a exploração predatória, com a destruiçãodesordenada de milhares de quilômetros quadrados.

No rastro da destruição e do desmatamento,vieram os grandes incêndios da floresta amazônica,tendo como pano de fundo a incriminação dos proje­tos de colonização e dos projetos de reforma agráriacomo os grandes vilões daquele terrível aconteci­mento.

A bem da verdade, não há como impedir que, acada ano, mais um espaço de mata seja posto abai­xo e incendiado, a não ser que uma efetiva e realistapolítica ambiental se instale na região. Isso porqueas pessoas queimam porque não têm outros meiospara preparar a terra. Se não queimam, não plan­tam. Se não plantam, não podem sobreviver!

Os pequenos agricultores, principalmenteaqueles que cultivam mais de 15 mil lotes no meioda floresta, somente no Estado de Roraima, são im­pelidos pela necessidade de alimentar e sustentar assuas famílias. Na realidade, do plantio à colheita,eles gastam, em média, 400 reais por hectare, paratirar apenas 170 reais em forma de q!Jinze sacos decereais ou legumes. Aí existe uma contabilidade cu­jas contas não fecham em seu favor.

Isso explica, Sr. Presidente, porque as ativida­des econômicas na Amazônia, sobretudo as preda­tórias e as informais, são pouco sénsív~is à legisla­ção de controle e muito sensíveis às flutuações dosníveis de suas economias.

Existe um sinal claro de que a política de ocu­pação da Amazônia precisa urgentemente ser re­pensada. Se queremos provar ao mundo qL!e pode­mos cuidar da floresta, precisamos, antes de tudo,investir alto nessa difícil tarefa.

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07100 Sábado 27 DIÁRlO DA cÂMARA. DOS DEPUTADOS Fevereiro de 1999

Infelizmente, ainda predominam em algunsmeios acadêmicos e políticos as mais simplistas suges­tões para interromper o desmatamento e vedar a propa­gação do fogo predatório. As pessoas pensam queexistem fórmulas mágicas para questão assaz comple­xa, como se uma boa canetada fosse capaz de inter­romper um processo que já existe desde longa data.

Recentemente, sob o impacto negativo dos da­dos do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial vei­culados na imprensa sobre o desmatamento daAmazônia, o Sr. Ministro do Meio Ambiente determi­nou a suspensão da emissão de autorizações paradesmatamento na Amazônia Legal, assim como arevisão de todas as autorizações já concedidas. Nãodeterminou o prazo de sua vigência, o que nos levaa entender que a suspensão poderá ser revogada aqualquer momento ou, no sentido oposto, terá vigên­cia permanente, por prazo indeterminado.

Não podemos dizer que a medida não sejaboa, mas, data venia, entendemos que a simplesproibição não resolve assunto tão controverso. Épouco! A proibição é uma medida apenas paliativa, anosso ver.

Nesta mesma linha, existem ainda aqueles quedefendem a proibição do uso do fogo na prática agrí­cola, um costume arraigado há séculos como instru­mento de limpeza da pastagem. Salientamos que talprática somente será eliminada se houver um gran­de trabalho junto às comunidades rurais. É um so­nho imaginar que hábito tão difundido possa ser to­lhido através de uma simples norma de gabinete. Éuma utopia! É um devaneio! Mesmo conscientes deque não devem fazê-lo, os agricultores continuamqueimando, pois não têm trator para arar, nem qual­quer outro instrumento que possa substituir o fogona preparação do solo. Faltam-lhes alternativas.

Senhor Presidente, Senhoras e Senhores De­putados, de todo jeito, louvamos aqueles que, preo­cupados com a preservação do grande bioma ama­zônico, procuram caminhos, pois, mesmo quandocriticam, procuram fazê-lo com a seriedade que otema merece.

Repudiamos, no entanto. referências eivadasde preconceito, como fez o Sr. Hélio Jaguaribe emrecente entrevista à revista Veja. Para ele, existem noBrasil "lugares onde só têm índio e onça". Ele perdeu aoportunidade de ficar calado. Foi, no mínimo, arrogan­te e pretensioso, esquecendo-se de que nesses "luga­res" habitam brasileiros como ele, ou, quem sabe, me­lhores do que ele, sejam índios ou não.

Para nós, que lá vivemos e que, por conse­guinte, conhecemos bem a realidade local, o nervo

central está na tamanha pobreza do agricultor e tam­bém na derrocada do atual modelo agropecuáriobrasileiro. O nó da questão está na baixa produtivi­dade e na falta de competitividade dos pequenosproprietários, que trabalham num esquema familiar',sem qualquer assistência técnica ou financeira, prati­cando uma agricultura ultrapassada, cujos métodosadvêm do século XIK

De fato, não basta ao Governo dar terra paratodas as famílias abaixo da linha de pobreza, e nemé o caso de fazer isso, porque nem todos querem outêm condições de produzir. A reforma agrária não ésomente distribuir terras. É melhorar as condiçõesgerais da sociedade, de modo que o filho do agricul­tor possa dirigir o caminhão, o trator, digitar uma pla­nilha no computador, em vez de perpetuar-se nomais antigo e primitivo método de plantio, que são aenxada e o arado de tração animal.

Na verdade, não podemos concordar que sefaça reforma agrária na Amazônia apenas sob o ar­gumento de que lá a terra é mais barata, pois, assimagindo, o que seria uma medida benéfica acabarápor provocar um povoamento desordenado.

É preciso, sim, melhorar a produtividade da pe­quena propriedade, porque tal providência levarácertamente à dinamização do setor rural, com refle­xos positivos nas pequenas e médias cidades. Achave da erradicação dos problemas regionais estáno poder aquisitivo daquela gente sofrida do interior,daquela gente que sobrevive da própria floresta. Re­solvida a questão socioeconômica do trabalhador ru­ral, irradiam-se para o meio urbano os seus efeitos eos seus benefícios, gerando recursos que se pulveri­zam na geração de novas oportunidades de emprego.

No entanto, a passa.gem de pequenas proprie­dades familiares, com métodos antiquados e des­capitalizados, para o novo mundo da agropecuá­ria competitiva não vai acontecer por geração es­pontânea.

Daí a importância de urna nova e efetiva açãointerrninisterial, concentrada nas Pastas da Agricul­tura, da Política Fundiária. e do Meio Ambiente, paraconsolidar a diminuição do ritmo do desmatamento edas queimadas.

É premente a descentralização da reformaagrária, dividindo com Estados e Municípios a res­ponsabilidade pela política. fundiária. 1\10 entanto,esta descentralização deve ser entendida como adistribuição dos benefícios da reforma agrária e nãoapenas a transferência de um fardo.

Reporto-me ao brilhante diagnóstico da cientis­ta Clara P8.ndolfo. Com ela concordo que, para a ati-

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Fevereiro de 1999 DIÁRIO DA cÂMARA DOS DEPUTADOS Sábado 27 07101

vidade agrícola, devem ser reservadas as manchas de conclusão, interligando a Venezuela a Roraima,de solo mais férteis, sobretudo as terras roxas, iden- solucionando definitivamente a questão energéticatificadas em diversos pontos da região, as quais, do meu Estado. Saliente-se nesse empreendimentoembora restritas em termos amazônicos, ocupam a parceria e o valoroso e profícuo apoio do Governoáreas apreciáveis em valores absolutos e que pode- venezuelano.rão ser ocasionalmente acrescidas com o resultado O Sr. Severino Cavalcanti - Deputado Airtondos estudos pedológicos. Cascavel, V. Exª concede-me um aparte?

Os latossolos da terra firme poderão servir O SR. AIRTON CASCAVEL - Ouço com pra-também para a plantação de culturas permanentes, zer V. Exª, Deputado Severino Cavalcanti.tais como seringueira, cacau, dendê, pimenta-do-rei- O Sr. Severino Cavalcanti - Ouço com muitano e guaraná, e para uma fruticultura diversificada. atenção o pronunciamento de V. Exª, que estréia

As várzeas amazônicas, cuja extensão se nesta Casa com o pé direito. Trata de problemasaproxima de 10 milhões de hectares, terras aduba- que afligem a sua região. A Amazônia é o coraçãodas naturalmente na época das enchentes com os do Brasil, e todos nós, brasileiros, devemos estarsedimentos carregados pelos rios, são excelentes sempre atentos para as ações que praticamos, mui-para as plantações de arroz irrigado, onde já se ob- tas vezes desconhecendo o que é a Amazônia. Comteve sucesso, com alta produtividade. essa dissertação, V. Ex!!, como Deputado Federal

Entre os setores primários, na estratégia do de- estreante, vem provar que Roraima escolheu bemsenvolvimento regional, podemos incluir a explora- quando o mandou para esta Casa. Todos os tópicosção mineral e as atividades ligadas ao uso da terra que cita nesse pronunciamento demonstram bem aem grandes extensões, como o setor de pecuária de preocupação e a seriedade com que V. Exª vem-secorte e o agrícola, através de lavouras selecionadas. portando nesta Casa, diferentemente daqueles que

Um sistema produtivo de pequenos proprietá- chegam aqui pensando que têm qúe esperar passarrios tratados como microempresários rurais, com as- o tempo para poder trazer a sua contribuição. V. Exªsistência técnica, pode conviver perfeitamente com chega e já presta uma considerável ,colaboraçãoas grandes propriedades e agroindústrias. com esse pronunciamento de grande significado

Senhor Presidente, sabemos que órgãos go- para esta Casa. Meus parabéns. Fique certo de quevernamentais e não-governamentais vêm dedican- V. Exª, quando fala hoje pela primeira vez, parecedo-se permanentemente às questões voltadas para estar aqui já há muitos anos.a Amazônia, procurando, por meio de levantamentos O SR. AIRTON CASCAVEL - Agradeço as pa-minuciosos, investigar sobre as atividades da região, lavras de V. EXª, que demostram a sua sensibilidade emdeterminar as possibilidades de expansão e desen- relação ao que representa a Amazônia para este País.volvimento dessas atividades, sem deixar de levar Senhor Presidente, voltando ao meu pronun-em conta, paralelamente, a preservação ecológica. ciamento, saliento que, sob o ponto de vista tecnoló-

Entretanto, é fundamental o zoneamento terri- gico, é necessária a introdução de técnicas de ma-torial para que a ocupação econômica da Amazônia nejo adequadas à exploração das florestas hetero-se faça de forma descontínua, sob o ponto de vista gêneas, através de um esforço conjugado entre oespacial, e seletiva, quanto às atividades a serem Poder Público e a iniciativa privada. I

desenvolvidas, levando em conta, respectivamente, Sob o ponto de vista ecológico, deve-se privile-a grande extensão da área e suas aptidões econô- giar a conservação das características da floresta,mico-ecológicas. mesmo submetidas a regime de exploração, graças

A abertura dos grandes eixos rodoviários põe ao emprego de métodos específicos de condução eem evidência a necessidade urgente de disciplinar a manejo.exploração florestal na Amazônia, superando-se a Sob o ponto de vista tributário, é importantefase atual de extrativismo e, desse modo, evitando- que o ITR - Imposto Territorial Rural- seja um ins-se que patrimônio tão valioso venha a ser destruído. trumento de proteção ambiental e não apenas mais

Neste momento, quero reconhecer o grande um peso para o já combalido agricultor, de'tal formaesforço do Governo Federal e dos Governos do que o fazendeiro, proprietário de matas e florestas,Amazonas e principalmente do meu Estado, Rorai- excluindo-as da tributação, possa ser incentivado emm~, na conclusão do asfaltamento da BR-174, interli- mantê-Ias vivas.gando Roraima ao Brasil e a Amazônia ao mundo, Sob o ponto de vista fundiário, a proposta, ago-bem como a linha de transmissão de Guri, em fase ra, é considerar como produtivas as áreas de reserva

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florestal sob manejo, as áreas de preservação per- nhecem o nível da discussão que deve ser travadamanente e as reservas florestais particulares, para relativamente à questão ambiental, pois apenas nósque, deste modo, as fazendas que possuam gran- vivemos e conhecemos esse problema. Os Parla-des áreas verdes não possam ser desapropriadas mentares que não o conhecem deveriam dele terpara fins de reforma agrária e loteamentos rurais. consciência, a fim de formar um melhor juízo sobre

Sob o ponto de vista de sobrevivência do meu tão importante assunto.novo Estado, Sr. Presidente, é necessário que se te- O SR. AIRTON CASCAVEL - Agradeço aonha uma análise detalhada e cautelosa quanto à de- nobre Deputado Francisco Rodrigues o aparte. Sr.marcação indiscriminada das áreas indígenas, com- Deputado, haveremos de trazer a esta' Casa a cons- .prometendo o seu futuro. E, para tanto, informo-lhes ciência de que a. Amazônia e suas problemáticasque 54% das demarcações de áreas indígenas da precisam. Haveremos de aqui, no boni combate, tra-região amazônica estão no meu Estado e que 60% zer a realidade nua e crua do que representa a Ama-das áreas disponíveis no meu Estado hoje estão de zônia, primeiro para o Brasil e depois para o mundo.alguma forma relacionadas com reservas ambien- Senhor Presidente, para finalizar, quero realçartais, reservas ecológicas ou reservas indígenas, sem que o maior patrimônio da: Amazônia é o seu povo.que a profunda análise dessas demarcações passe Pouco se fará em prol daquela região se, despendi-pelo Congresso Nacional. das grandes somas de recursos, viermos a esquecer

O Sr. Francisco Rodrigues - Permite-me V. EXª de investir no principal agente protetor dp meio am-um aparte? biente, que é o próprio homem local, sempre esque-

O SR. AIRTON CASCAVEL - Ouço V. Exª cido pelos tecnocratas e pelos formuladores das po-com prazer, nobre companheiro Deputado Francisco líticas regionais. De nada adiantará tanto esforço.Rodrigues, profundo defensor e conhecedor da Não se pode esquecer que na Amazônia há 18Amazônia, cuja vida pública tenho acompanhado du- milhões de habitantes. O homem rude da florestarante longos anos no meu Estado e nesta Casa. será, sem sombra de dúvida, o principal agente pro-

O Sr. Francisco Rodrigues _ Inicialmente, tetor do bioma amazônico se, de fato, forem~lhe ofe-quero parabenizá-lo pela brilhante estréia na tribuna. recidos os necessários meios e o índispensável

apoio. Ou será o principal "destruidor,' se continuarPela densidade do seu discurso, não poderia encon-trar este plenário praticamente vazio, mas, sim, abandonado em sua palhoça,' tendo como únicoabarrotado de Parlamentares, principalmente daque- companheiro o machado e como última esperançales que não são da Amazônia, já que traz à cons- de sobrevivência a tora que bóia sobre as águas.ciência crítica dos Parlamentares desta Casa a im- Sob o manto daquela floresta, parte de umaportância e o vigor com que estão envolvidos os grande Nação, a Amazônia s~rá a solução do tercei-nossos sentimentos como representantes, no nosso ro milênio, e não o grande problema. Mas precisarácaso, de Roraima, mas também da Amazônia brasi- primeiro ser a solução para os problemas dos que vi-leira. Eu diria, Sr. Presidente, que o nobre Parlamen- vem lá, e não daqueles que especulam sobre' ela,tar Airton Cascavel, que se expressa neste momen- oriundos de várias partes do mundo com um só inte-to, tem muita sensibilidade para as questões amazô- resse, que não se refere à população brasileira. \nicas. Por isso, S. Exª traz ao debate e ao conheci- O SR. PRESIDENTE (Jorge Costa) - Que omento desta Casa a necessidade de haver um reor- discurso de V. Exª sirva de roteiro para as presentesdenamento na política exploratória da Amazônia. e futuras gerações do nos~o País..Hoje pela manhã transferimos todas essas preocu- Quero dizer tamb.ém .que, como Deputado dopações, expostas em abundância nesse brilhante Pará - nasci e cresci na:Ámazônia -, sinto-me muitopronunciamento, ao Presidente da Funai, o ex-Sena- honrado de estar neste' momento presidindo estador Márcio Lacerda. Até porque nós, que detemos o sessão, por indicação do nosso companheiro, o De-maior banco genético do planeta, sabemos que as putado Severino Cavalcanti.implicações com a presença de organizações não- A Amazônia está aguardando pelo desenvolvi-governamentais inibem sobremaneira o desenvolvi- mento. Espera muito de nós, Parlamentares damento da Amazônia. Portanto, nobre Deputado Air- Amazônia, e por esses estudos tão completos sobreton Cascavel, V. Exª está de parabéns pela interven- a nossa região, que tem sido, sem dúvida alguma,ção oportuna e atual. Ela nos honra. Representantes desprezada por muitas administrações do País.da Região Norte muitas vezes são questionados por Quero crer que venceremos essa batalha em prol doalguns Parlamentares das metrópoles que não co- desenvolvimento da nossa querida Amazônia, que é

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realmente importante para o desenvolvimento doPaís. O Brasil nunca pode esquecer-se da Amazô­nia, porque ela gerará riquezas, desde que tenha osrecursos para desenvolver-se.

Muito obrigado, nobre Deputado, por este pro­nunciamento.

O SR. AIRTON CASCAVEL - Muito obrigado,Sr. Presidente.

Pediria ainda a V. Exª que meu pronunciamen­to fosse divulgado no programa A Voz do Brasil epublicado no Jornal da Câmara.

O SR. PRESIDENTE (Jorge Costa) - Pois não.É nosso dever.

Durante o discurso do Sr. Airton Cas­cavel, o Sr. Severino Cavalcanti, 2º Vice­Presidente, deixa a cadeira da presidência,que é ocupada pelo Sr. Jorge Costa, § 2º doartigo 18 do Regimento Interno.

O SR. PRESIDENTE (Jorge Costa) - Passare­mos a palavra ao Deputado Severino Cavalcanti, doPPB de Pernambuco.

O SR. SEVERINO CAVALCANTI (PPB - PE.Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. eSrs. Deputados, iniciando o nosso pronunciamentonesta manhã, vamos lembrar o grande poema deAlphonsus Guimarães: "Quando Ismália enlouque­ceu, pôs-se na torre a sonhar; viu uma lua no céu,viu outra lua no mar".

Esse panorama dúplice, Sr. Presidente, asse­melha-se muito ao que vive e sente o empresariadobrasileiro, que, depois da flutuação do câmbio, oravislumbra grande espaço para a revitalização daeconomia nacional, ora se vê diante de um quadrodúbio, nebuloso e preocupante.

Está faltando à Nação uma posição de mais fir­meza do comandante, indispensável êxito das ma­nobras para a salvação do barco.

Não há dúvida de que o País viveu momentosde intensa turbulência, notadamente quando da subs­tituição da presidência do Banco Central. A omissãodeliberada do Banco Central, deixando ao mercado aplena evolução do mercado cambial, na verdade, inci­tou os especuladores, aguçou o apetite insaciável dosnegocistas internacionais, dos que vivem à espreita decrises financeiras para, como aves de rapina, aboca­nharem os despojos de suas vítimas.

O País perdeu 40 milhões de dólares e agoratenta se recompor do golpe sofrido, descortinandoclarões novos em sua difícil caminhada. Como a cri­se propicia mudanças substanciais quando as liçõesdela extraídas são bem aproveitadas, temos razõespara acreditar que o Brasil não só há de superar a

crise atual, como reúne todas as condições para darum salto em direção ao crescimento econômico.

Alguns setores já começam a dar sinais nessesentido, antevendo a possibilidade de incrementodas exportações, com reflexos na economia comoum todo. Refiro-me, Sr. Presidente, especificamenteà indústria têxtil, que propôs um pacto ao Governo,que está sendo estudado pela equipe econômica.

O referido pacto, segundo esclarecimentos doPresidente da Associação Brasileira da IndústriaTêxtil, Dr. Paulo Antônio Skaf, seria centrado na eli­minação do imposto de importação sobre o algodão,que hoje é de 8%, e no aumento de financiamentoàs exportações pelo BNDES.

Durante encontro que representantes do setortêxtil tiveram com o Ministro do Desenvolvimento, In­dústria e Comércio, Dr. Celso Lafer, este teria secomprometido a discutir as reivindicações apresen­tadas com os responsáveis pela política econômicado Governo.

A importância de se zerar o imposto de impor­tação sobre o algodão pode ser avaliada por estedado: o algodão representa 70% da matéria-primadas indústrias, que consomem 800 mil toneladas doproduto por ano. Desse total, 400 mil toneladas sãoimportadas e estão atreladas às variações do câm­bio. Os outros 3"(}~o, utilizados na fabricação de fi­bras sintéticas, vêm'do pólo petroqufrnic:o.

Fica, portanto, claro que o setor'têxtil poderá de­sencadear movimento de r?pida recuperação. Paraisso, impõe-se o senso de oportunidàde dos dirigen­tes do País, pondo fim à tarifa de importação d9 al­godão e redirecionando os financiamentos doBNDES para grandes, médias e pequenas empresas.

Entendem os expoentes do setor têxtil, como oPresidente da ABIT, Dr. Paulo Skaf, que ele podeser duplamente beneficiado com a mudança cam­biaI. Primeiro, com a sensível diminuição da concor­rência dos produtos asiáticos - importações predató­rias que ferem profundamente a economia do País ­que entravam no País a preços muito baixos, fatoque contribuiu para o enfraquecimento da indústriatêxtil. O segundo benefício seria representado peloaguardado incremento das .exportações.

Entendo, Sr. Presidente e Srs. Deputados, queo Governo deve apoiar decisivamente o pacto têxtilsugerido, pois a partir deste setor poderá a nossaeconomia reverter as expectativas de recessão.

Ao deter-me na análise dos dados da indústriatêxtil brasileira, impressionou-me o retrocesso queela sofreu de 1994 a 1998, no tocante às exportações,conforme demonstra cabalmente quadro abaixo:

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IMPORTAÇÕES.DE PRODUTOS TÊXTEIS

Período de 1994 a 1998

Ano Bilhões de US$ Toneladas

1994 1,403 353.360

1995 1,441 364.158

1996 1,292 283.135

1997 1,267 292.073

1998 1896 268.292

Ano Bilhões de US$ Toneladas

1994 1,323 563.834

1995 2,285 674.320

1996 2,308 802.270

1997 2,416 859.725

1998 1 112 627.353

Ouço, com prazer, o aparte do nobre DeputadoFrancisco Rodrigues.

O Sr. Francisco Rodrigues - Nobre DeputadoSeverino Cavalcanti, estou acompanhando atenta­mente o pronunciamento de V. Exª e, na verdade,tenho a compreensão de que o nosso País, nessaquadra grave da sua História, só tem uma saída, queé investir na agricultura e na pecuária. O Brasil, paramim, só tem uma saída: a agricultura e a pecuária.V. Ex!! analisa a situação da indústria têxtil nacional,com números vigorosos; mostra que a demanda damatéria pública para a indústria manufatureira é de400 mil toneladas. Sabemos que o Brasil produzapenas 50% da demanda total de 800 mil toneladas.Na verdade, se o Governo tivesse mecanismos queestimulassem o desenvolvimento da produção, princi­palmente na indústria, no sentido de fortalecer a agri­cultura, como é o caso do algodão, gravames fiscaisprofundos seriam retirados. Sabemos que a agriculturaé um grande empregador, e no caso específico do

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EXPORTAÇÕES DE PRODUTOS TÊXTEIS Nordeste os campos do Rio Grande do Norte, daPeríodo de 1994 a 1998 Paraíba, de Pernambuco, do Ceará teriam condiçõ-

es de duplicar a sua área produtiva em curto prazo.Isso cabe ao Governo da República, ao Ministério daAgricultura. A imprensa tem divulgado, com muitaveemência, que nós atingiremos nível recorde deprodução, algo em torno de 84 milhões de tonela­das. O que queremos é atividade que gere riqueza.E na medida em que seja fortalecida a agricultura donosso Estado, do nosso País, especificamente do Nor­deste, haveremos de resgatar, com oferta maior, o in­sumo básico da indústria manufatureira têxtil e havere­mos de dar novamente a esta indústria, importantíssi­ma para o emprego de mão-de-obra, quantidades evolumes consideráveis, a fim de que contribua, depreferência, com 100% da matéria-prima a ser utiliza­da. Portanto, o pronunciamento de V. EXª é muito opor­tuno porque hoje o País está mergulhado na crise dedesemprego. A agricultura daria resposta imediata aesses investimentos. Parabéns a V. Exª por ter essapreocupação. Eu diria que a indústria têxtil, que temcapacidade de pronta resposta, já poderia, no primei­ro, segundo e terceíro anos, aumentar a participaçãodo produto nacional de 50 para 60 ou 70%. Oxalá!

O SR. SEVERINO CAVALCANTI - Muito obrí­gado, Deputado Francisco Rodrigues, pelo aparte deV. Exª Toda esta Casa já o conhece e sabe que éum expert no assunto, profundo conhecedor da agri-

. cultura, que tem falado constantemente da sua preocu­pação e, com a sua veemência, tem mostrado ao Go­verno que ele não pode desamparar o produto primá­rio, que é exatamente o produzido pela agricultura.

Se tivéssemos tido juízo, se o País tivesse tidocoragem de enfrentar os problemas como deveria,não teria acabado com 'a nossa produção de algo­dão. O Nordeste, como afirmou V. Exª, com muitapropriedade, seria o celeiro do algodão: Mas porcausa do tal do bicudo, que se mostrou mais fortedo que o Go.verno, tivemos que acabar com a plan­tação de algodão.

Sr. Presidente,'o que falta neste País é serieda­de e objetividade. Com os recursos que temos em todaa nossa hinterlândia não poderíàmos estar nesta situa­ção. Precisamos de homens de responsabilidade.

Há pouco, ao sair do meu gabinete, recebi doMinistério da Agricultura comunicação de que a pro­dução de grãos se duplicará neste ano. Essa é umanotícia extraordinária. O Ministro Francisco SérgioTurra está dando tudo de si para modificar esse des­mantelo, essa mazela dos órgãos públicos. Como éque se pode extinguir um órgão como a Emater, que·está morrendo por inanição, por falta de ação do Go-

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vemo? A Emater, meu prezado Deputado Ff'anciscoRodrigues, é o órgão que dá sustentação, esteio,condições para que o homem do campo possa pla­nejar o seu trabalho. É o órgão que o orienta. Masfalta dinheiro à Emater. No entanto, sobra dinheiropara que se instale em Curitiba, uma montadora deautomóveis, caso em que 50% do dinheiro investidovem do povo brasileiro. Só para dizer que estamosmontando automóveis? Ora, meus prezados compa­nheiros de representação popular, é preciso haver umredirecionamento do Governo: ele precisa sair dessapasmaceira, não pode continuar abandonando o inte­rior do·Brasil. Nosso interior precisa de um tratamen­to diferenciado para poder realizar a sua função.

Ouço com grande satisfação o meu prezadoconterrâneo, Deputado Carlos Batata. Vejam só, fa­lei em terra, chegou o Deputado Batata.

O Sr. Carlos Batata - Parabenizo o nossocompanheiro de Pernambuco. Tenho satisfação desaber que, além de conhecer profundamente a ques­tão das pequenas e microempresas, V. Exª temdado sua contribuição no que se refere à indústriatêxtil, mais especificamente com relação ao algodão.Ainda no ano passado, quando presidia a Comissãode Agricultura do meu Estado, lá compareceu o De­putado Roberto Pessoa, do Estado do Ceará. Na­quela ocasião, ele tentou mostrar que o Governo ti­nha a intenção de ajudar os produtores de algodãodeste País. E faço uma ressalva, Deputado: o bicu­do, naquela época, atrapalhou, mas, de celta forma,ele foi usado como bode expiatório. A produção donosso algodão era financiada pelos ingleses. Elesofereciam o dinheiro para que o produtor tivessecondição de plantar. Era uma espécie de banco defomento, que propiciava a que nossa produção fossepara o exterior. Quando não mais compensou, neminteressou aos ingleses, prontamente eles cortaramos recursos investidos diretamente nessa linha qua­se pessoal, artesanal. Esse financiamento não erafeito com promissória, por meio de rede bancária. Aíveio o bicudo. E o Governo Federal, ao lado dos Go­vernos Estaduais, sem priorizar o problema, sem de­terminá-lo, sem pesquisar com profundidade e semagir junto à produção algodoeira, juntou o problemado bicudo com a questão do corte dos recursos vin­do do exterior. E a nossa preocupação é porque es­ses países que se dizem desenvolvidos só investemquando lhes é conveniente; quando não é, viram ascostas e vão embora. É bom começarmos a pensarnisso. A agricultura é fundamental para este País.Não conheço país rico com agricultura pobre. É ne­cessário que o Brasil comece a pensar em política

agrícola. E por falar em Emater, em nosso Estadocomo no resto do País, é ainda esse órgão quepresta assistência ao micro e pequeno produtor. Nahora em que ele precisa de um projeto para plantarcenoura, alface, coentro ou para orientar seu milho,ainda procura a Emater. Por pouco a Emater não foiextinta em Pernambuco, graças à emenda de minhaautoria, que juntou a Emater à nova empresa Ebape,em Pernambuco. Assim, o pequeno produtor conti­nuou a ter assistência, até porque existe norma fe­deral nesse sentido: o Governo Estadual que nãopossuir uma empresa para assistir tecnicamente aopequeno agricultor fica privado de receber os repas­ses federais, seja por meio do Pronaf, seja por meiode qualquer outra fonte. Então, é digna a preocupa­ção de V. Exª e, com certeza, seus pronunciamentose sua atitude nesta Casa irão ajudar não só o micro­empresário, mas também o agricultor e a indústriatêxtil. Assim, unidos, haveremos de levar algo deconcreto para o nosso Estado e para o Nordeste.Agradeço a V. Exª a oportunidade de aparteá-Io.

O SR. SEVERINO CAVALCANTI - Muito obri­gado, Deputado Carlos Batata. O aparte, de V. Exªveio até me confortar um pouco, pois já pensava quea Emater não mais existia. Na minha região, todosos escritórios da Emater foram fechados e não te­mos qualquer assistência para o agricultor do agres­te setentrional.

Espero que, com a intervenção feita por V. Exªcom tanta inteligência e sabedoria, o Governo Esta­dual reabra os escritórios da Emater em nossa re­gião, exatamente onde se encontram os pequenosprodutores, pois lá nãp existem lâtifúndios, apenasminifúndios, propriedades com 5, 6, 8 ou 10, hecta­res. E são exatamente esses pequ~nos produtoresque precisam de apoio técnico, porque ..0 cooperati­vismo nossa região, infelizmente, ainda'está muito'capenga, muito fraco, embora a única saída talvezfosse juntar esses homens e fazer alguma coisa embenefício daquela população.

Portanto, Deputado Batata, a informação:que\/. Exª me traz, no sentido de que uma nova empr~­

sa está surgindo em Pernambuco, é muito alvissarel'­ra, e fico gratificado com o fato de que, neste Gran­de Expediente, quando estamos usal)do a palavrapara falar sobre a indústria têxtil, V. Exª traga tão im­portante contribuição.

Sr. Presidente, é realmente lamentável vermoso significado do peso social e econômico da indús­tria têxtil e que foi um pouco abandonada pelo Go­verno. São 25 mil empresas que emprega'm 1,5 mi-

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Ihão de trabalhadores e que produzem um fatura- objetivo é necessário investimento de cerca de 1,4mento anual da ordem de 20 bilhões de dólares. bilhf de dólares por ano.

Uma simples verificação dos números referentes Apoiado em tal projeção acredita em aumentoàs exportações e às Importações de produtos têxteis, nas ~,{portações do setor, no ano de 1999, de nd mí-no período de 1994 a 1998, mostra que, em 1994, as nime W%.exportações somaram 353.360 toneladas, resultado É importante frisar que o setor têxtil não estáque cai, Sr. Presidente - veja s6 V. ExD -, em 1998, se limitando a propor medidas ao Governo. A ABIT epara 268.292 toneladas, o que representou perda de o Sinditêxtil apresentaram à APEX - Agência demais de 85 mil toneladas - quando a Argentina au- Promoção das Exportações - uma lista com oito pro-menta seu produto. Há alguma coisa errada. jetos para acelerar as exportações. Eritre eles, infra-

O Governo só pode modificar a economia des- estrutura, pesquisa de mercado, formé;l.ção de con-te país produzindo. Não é com esses encontros - o sórcios e participação em feiras internaqionais.Governador xingando o Presidente da República, e o De outra parte, deve ser mencionado que o setorPresidente xingando o Governador - que vamos têxtil foi o primeiro a se posicionar contra a dolarizaçãochegar a alguma coisa. Precisamos reunir esses téc- dos preços dos insumos petroquímicos, com repercus-nicos, para que eles orientem os nossos produtores no são no custo final das mercadorias. Em "especial a quetraçado de uma linha mestra que venha a defender a ocorreu com o pólo petroquímico da Bahia, fornece-economia do País. E a economia, prezado Deputado dor de matérias-primas para os têxteis sintéticos.Carlos Batata, está exatamente na área agrícola.

Temos de fortalecer a agricultura, porque, as- Eu creio, Sr. Presidente, que a indústria têxtilsim, teremos o que os outros países não têm. Nas deve ter o reconhecimento do Governo Federal, poisRegiões Norte e Nordeste, são 365 dias de sol por ela está procedendo com responsabilidade e comano e há água no subsolo. O Governo, porém, não maturidade. Merece referência a segurança e a se-promove a retirada dessa água do subsolo para ajudar riedade dos dirigentes das suas entidades, notada-os pequenos agricultores. Temos exatamente o que mente da ABIT, Associação Brasileira da Indústriafalta aos outros países: 365 dias ensolarados. E isso é Têxtil, dirigida pelo Or. Paulo Skaf.uma dádiva de Deus que estamos jogando fora. Fiz questão de trazer, com toda a urgência,

Agora vejamos o que aconteceu com as impor- este assunto ao plenário da Câmara dos Deputadostações. Em 1994 o Brasil importou 563.834 tonela- para enfatizar a colaboração que os setores da eco-das de produtos têxteis. Em 1998 este número subiu nomia, isoladamente, podem prestar à Nação,para 627.353 toneladas. Prevaleceu a lógica da atuando com objetividade e equilíbrio, como o faz aabertura irresponsável da economia, sem as devidas indústria têxtil brasileira.salvaguardas. Ocorreu um acréscimo nas importaçõ- Há muito tempo acompanho a evolução dessees de mais de 63 mil toneladas. setor, ainda que à distância. Todos nós nos lembra-

É curial, ante quadro tão claro, que o setor têx- mos do que a crise do algodão representou, num de-til se mobilize e saia à frente, dando demonstração terminado momento, para os seus empresários einequívoca ao Governo de que não se deixa vencer para todos os que integram a cadeia têxtil.pela apatia, nem se abater pela inércia, mas ao con- O predomínio do sintético constituiu duro entra-trário, que visualiza a saída positiva, que está decidi- ve, pois gerou inúmeros problemas correlatos. Pordo a redobrar seus esforços em prol do crescimento últiJ'T'lo, a penetração incontrolada, com a ausênciadas exportações e da dinamização do mercado interno. de fiscalização facilitando as importações ilegais,

A indústria têxtil, ainda segundo pronunciamen- que inundaram o País de produtos, em sua maioria,to do Presidente da ABIT, Or. Paulo Skaf, não defen- de qualidade duvidosa, criando para o industrial bra-de vantagens, tão somente isonomia de condições sileiro toda sorte de obstáculos e dificuldades.com o industrial internacional - juros civilizados e fi- Espero que o Governo se conscientize de que,nanciamentos à exportação compatíveis com a con- com a mudança do câmbio, o setor têxtil, que jamaiscorrência estrangeira. deixou de acreditar nas imensas potencialidades do

Para ilustrar sua tese, declara que a meta da País, pode sonhar, sem perder a razão, pode verAssociação é chegar ao ano 20Q2 com pelo menos uma lua no céu e outra no mar, como nos versos do1% do volume mundial de comércio, lugar já ocupa- poeta, e assim enxergar um caminho iluminado emdo 1=',.;;0 setor em 1980 e baixado para 0,4% nestes direção ao desenvolvimento econômico e social e seúltimos anos. Lembra, porém, que para alcançar tal colocar, com satisfação, entre os primeiros, os que

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Fevereiro de 1999 DIÁRIO DA cÂMARA DOS DEPUTADOS Sábado27 07107

vão na frente, acenando com a esperança em um O SR. FRANCISCO RODRIGUES - Sr. Presi-Brasil mais forte e mais solidário. dente, peço a palavra pela ordem.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, ao final do O SR. PRESIDENTE (Severino Cavalcanti) -tempo regulamentar deste discurso de Grande Expe- Tem V. Exª a palavra.diente, quero dizer aos meus prezados companhei- O SR. FRANCISCO RODRIGUES (PFL - RR.ros de representação popular que temos de nos ir- Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Nobre Depu-manar, de nos dar as mãos e mostrar que aqui não tado que preside esta sessão, Corregedor da Casa,se trata de ser contrários ou favoráveis ao Governo, na verdade, assusta-nos nota publicada hoje no jor-mas que temos de ter um só caminho - e este é a nal O Dia, do Rio de Janeiro, em que um jornalistafavor do Brasil. Temos de ter um pensamento único: repete a frase de um Deputado desta Casa recente-satisfazer a sociedade, correspondendo às esperan- mente eleito e empossado. O Deputado disse queças em nós depositadas no último pleito. esta Casa não é coisa séria. Veja bem, Sr. Presiden-

Novos Parlamentares chegam a esta Casa com te, os termos utilizados: "Os Deputados só pensam emnovos gestos. E o povo está dando grande responsa- raparigas e em beber cachaça". Está aqui no jornal.bilidade a este novo Congresso, na certeza de que to- O Deputado Carimbão, do PSB de Alagoas,dos nós, antigos e novos Parlamentares, estaremos de que inclusive tem um nome esquisito, faz uma des-mãos dadas, pedindo a Deus que ilumine o Executivo, feita a esta Casa com tão elevado nível e com tãopara sairmos dessa situação de nostalgia em que o elevadas palavras, para não dizer o contrário, quePresidente briga com um Governador e vice-versa. causa, inclusive, a indignação deste Parlamentar; e

Não precisamos de briga, mas de paz, amor e ca- tenho certeza de que de toda esta Casa.rinho. É disso que o Brasil precisa, Sr. Presidente! Que Espero que V. Exª, como Corregedor destaessa paz e essa luz sejam a solidificação da família bra- Casa, chame esse Parlamentár à responsabilidade,sileira, pois nação que não tem família não é nação! se confirmada essa pequena manifestação. Acredito

Meus prezados companheiros, deixo o meu que o Deputado, ao dizer isso, deveria estar numabraço fraterno e a certeza de que estaremos imbuí- momento de profundos espasmos alucinatórios.dos do firme propósito de defender os interesses le- Esta Casa já recebe muitas críticas. Não é pos-gítimos deste País. sível que uma pessoa que pertence a este senáculo

Era o que tinha a dizer. (Muito bem!) sagrado, a esta Casa da democracia, possa dizerO SR. PRESIDENTE (Jorge Costa) - Deputado uma frase destruidora, trazendo à opinião pública

Severino Cavalcanti, quero externar a V. Exª meus pa- esse comportamento que consideramos no mínimorabéns pelo oportuno pronunciamento. Quero também anódino, reprovável. Então, cobrarei de V. Exª, Cor-fazer uma ponderação, contribuindo ainda mais para o regedor desta-Casa, providêr'cias.brilhante relato de V. Exª sobre a economia do País, Às vezes as pessoas sEr oIhat1l4() ,espelho retrovi-no que diz respeito à indústria e à produção algodoeira sor e vêem apenas a sua imagem, e não o qtle--pJ8:tica-da Região Nordeste e também da região Norte. ram diuturnamente na sua vida. Não podemos admitir'

O meu Município, Deputado - Capanema, no que o cidadão chegue a esta Casa enxovalhando-a.nordeste do Pará -, teve a maior desenvoltura na Em nome de todos os Parlamentares da Câ-produção de algodão. No passado, exportava para a mara dos Deputados, deixo a V. Exª a responsabili-Inglaterra e para a França o algodão seridó, algodão dade de cobrar do Deputado Givaldo Carimbão umade fibra longa. Temos lá montada a Cianei, indústria resposta que nos convença.de grande porte que V. Exªs devem conhecer e que O SR. PRESIDENTE (Severino Cavalcanti) _hoje está paralisada. Deputado Francisco Rodrigues, a denúncia que V. Exª

Fiquei muito contente ao saber que, com essa faz é realmente grave. Fique certo de que a Mesa damodificação, esse aumento do dólar, haverá condi- Câmara e o Corregedor, que também é componenteções para que essa indústria volte a funcionar e, as- da Mesa, irão tomar as providências devidas. Ao sairsim, não venhamos a perder uma grande indústria da presidência da Casa, irei interpelar o Deputado Gi-do norte do Pará. valdo Carimbão, saber se essas afirmações são verda-

Parabéns, Deputado Severino Cavalcanti! deiras ou não. Se verdadeiras, teremos de fazer algoO Sr. Jorge Costa, § 2º do artigo 18 do em defesa da dignidade deste Poder.

Regimento Interno, deixa a cadeira da presi- Deputado Francisco Rodrigues, fique c~o dedência, que é ocupada pelo Sr. Severino que a preocupação de V. EXª é também a do Presi-Cavalcanti, 29 Vice-Presidente. dente Michel Temer. Não tenho nenhuma dúvida dis-

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so, porque o Deputado Michel Temer acaba de me sitária hoje no Brasil. Apesar dos esforços da atualtelefonar pedindo-me para interpelar o Deputado Gival- Reitoria e do trabalho dos professores e servidores,do Carimbão. Farei isso e tomarei todas as medidas ne- a instituição, criada em 1960, atravessa uma crisecessárias para salvaguardar a dignidade deste Poder. que envolve cortes de recursos, defasagem salarial e au-

Deputado Francisco Rodrigues, agradeço a V. Ex" sência de uma política efetiva de incentivo à pesquisa.a presteza com que defende o mandato de todos os A UFG possui 17 unidades acadêmicas e é aSrs. Deputados! única instituição federal de ensino ~uperior nq. Esta-

O SR. PRESIDENTE (Severino Cavalcanti) - do de Goiás. Atende a 12.384 estudantes, distribuí-Dando continuidade ao Grande Expediente, concedo dos em cursos de graduação, mestrado, especializa-a palavra ao Deputado Geovan Freitas, do PMDB de ção, e a 755 alunos de 1º e 2º graus no Colégio deGoiás, que disporá de 25 minutos. Aplicação, além de 1.354 alunos na pré-escola de

O SR. GEOVAN FREITAS (PMDB - GO. Sem iniciação musical do Instituto de Artes. O corpo do-revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. De- cente é constituído por 704 professores em dedica-putados, subo a esta tribuna pela primeira vez para ção exclusiva, 224 em regime de tempo integral eexercer o quarto mandato legislativo. Peço a Deus 176 em regime de 20 horas semanais, enquanto oque me ajude para que eu possa, nesta Casa de corpo técnico-administrativo conta é\penas comLeis, colaborar com o Brasil. 2.115 funcionários.

A educação é o compromisso de trabalho que Além do ensino e pesquisa, a instituição de-me tem acompanhado desde meu primeiro mandato senvolve também programas de atuação sobre acomo Vereador e como Deputado Estadual. O ensi- realidade regional e a difusão de inovações tecnoló-no brasileiro atravessou, nesses últimos anos, difi- gicas e artístico-culturais. A UFG está diVIdida emculdades, cujas raízes podem ser identificadas nas seis campi: dois na cidade de Goiânia, d'apital dosucessivas crises econômicas que o País enfrentou, nosso Estado; três no interior do Estado, nas cida-mas cujas conseqüências têm comprometido o futu- des de Catalão, Jataí, minha cidade natal,.e Firminó-ro de mais uma geração de jovens. polis, e um pólo em Porto.Nacional, no vizinho Esta-

Sem escola ou com a educação deficiente, mi- do do Tocantins. Toda essa estrutura, no entanto,Ihares de crianças e jovens, que hoje estão ingressan- tem seu potencial subaproveitádo.do no mercado de trabalho, tiveram sua competitivida- Senhor Presidente, abro aqui um parêntesede e capacidade profissional comprometidas. Adultos para parabenizar o consórcio, lançado no Auditórioque não tiveram oportunidade de profissionalização Petrônio Portela, no Senado Federal, que criou aou acesso ao ensino superior hoje engrossam as fi- Universidade Virtual do !Centro-Oeste (UNIVIR).las dos desempregados em todo o País. Esse consórcio é formado por sete universidades de

As ações de governos municipais, estaduais e Estados que compõem a Região Centro-Oe,ste. Ada União ampliaram, nos últimos anos, a oferta de partir do dia 23 de fevereiro, a Univir vai mostrar evagas no ensino fundamental. Programas sociais oferecer a todo alunado, a todos os intere~sados

vinculados garantiram mecanismos para o ingresso desses Estados que compõem a Região Centro-e manutenção de crianças em idade escolar na sala Oeste, as vantagens do ensino a distância, da trocade aula, conscientizando famílias carentes sobre a de experiências acadêmicas e tantas outras.importância do ensino. O Estado de Goiás, por Cito as universidades que compõem esse con-exemplo, desenvolveu, entre 1995 e 1998, um gran- sórcio: a Universidade,do Estado de Mato Grosso, ade programa compensatório de renda que obriga as Fundação Universidade· Federal de Mato Grosso, afamílias beneficiárias a manterem seus filhos na es- Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, a Uni-cola. É o Programa Social de Solidariedade, desen- versidade Estadual de Anápolis, em Goiás, a Funda-volvido pelo ex-Governador Maguito Vilela. O resul- ção Universidade de Brasília, pioneira desta iniciati-tado imediato foi o ingresso ou retorno à escola de va, a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sulmais de 19 mil crianças. Outros Estados também e a Universidade Federal de Goiás - UFG.têm implantado a~ões semelhantes. A inserção gradual da UFG· na realidade social,

O ensino superior, no entanto, ainda carece de econômica e política do Estado contribuiu para mu-uma política efetiva de universalização e melhoria das dar o perfil tecnológico, a produção cultural e a quali-condições de ensino\e pesquisa. A Universidade Fede- dade da mão-de-obra no Estado, ajudando a estabe-ral de Goiás, por exemplo, é um retrato das dificulda- lecer as bases do desenvolvimento goiano. Goiás sedes de financiamento do ensino e da pesquisa univer- inseriu, nos últimos anos, entre os Estados que mais

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crescem no País e deixou de exportar mão-de-obraespecializada, passando a aproveitá-Ia em seu pró­prio parque industrial. Essa mudança retroalimentoua economia e tornou o parque industrial goiano maiscompetitivo, impulsionando o crescimento econômi­co do nosso Estado.

Senhor Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocampus avançado de Jataí, minha cidade natal, nosudoeste de Goiás, exemplifica de forma clara e es­tratégica a inserção regional da universidade. Umdos principais pólos agropecuários do Centro-Oestee, nas últimas décadas, um dos principais pólos in­dustriais do Estado, Jataí acabou experimentandomuitas das tecnologias hoje usadas no setor produtivoda região por meio de pesquisas desenvolvidas naUniversidade Federal de Goiás. O campus, no entanto,tem suas dificuldades agravadas em função da suamunicipalização parcial, criando distorções salariais. Afederalização da unidade contribuiria para reduzir a de­fasagem salarial e, certamente, tantas outras dificulda­des, tornando assim o Município mais hábil e commais condições de investir em infra-estrutura, emapoios logísticos, quando deixaria de pagar ao pro­fessor da Universidade Federal de Goiás, hoje pagopelos municípios que têm campus avançados.

Essa consciência da importância socioeconô­mica da universidade, no entanto, ainda não se con­solidou sob a forma de novos recursos, sejam do se­tor público, sejam de financiamento privado, atravésde parcerias. A UFG não é um caso isolado. Essa é arealidade da maioria das universidades brasileiras, es­pecialmente em estados de economias emergentes.

Os centros de ensino superior se constituíram naponta-de-Iança do processo de interiorização do desen­volvimento nacional. É necessário, então, que o PoderPúblico e a iniciativa privada gerem mecanismos paragarantir que o ensino universitário desempenhe de for­ma efetiva seu papel de alavancar a economia, garan­tindo a geração de novas tecnologias e sua difusãoe a formação de mão-de-obra. Dessa forma, estare­mos assegurando o futuro das próximas gerações.

É dessa dialética entre o presente, que esta­mos vivendo e sobre o qual temos certa medida decontrole, e o futuro, coberto de incertezas e interro­gações, que podemos refletir sobre a educaçãocomo agente de mudança. Nosso tempo está se tor­nando cada vez mais globalizado, sem fronteiras en­tre os Estados, os povos e as ciências. Tudo se rela­tiviza; paradigmas são quebrados; verdades se des­fazem; segredos se revelam. Mas valores como aética, a vida, a solidariedade e o direito ao conheci­mento e à informação precisam permanecer absolutos.

Esses valores são a raiz da capacidade huma­na de construção, de renovação, e é o que temconstituído, nas atividades humanas, o instrumentode reintegração do hom,em ao seu mundo, o reata­mento das relações pessoais e sociais, o combateàs desigualdades e às injustiças.

Sei da .consciência social, política e filosóficaque tem norteado esta Casa. Por isso me alegro emsaber que o que estou dizendo já é uma discussãoantiga nesta Casa. A ação parlamentar não podemais estar dissociada da consciência do direito detodos à alimentação, à habitação, à saúde, à segu­rança e à educação, principalmente. Cada vez maisfica difícil isolar-se e pensar o mundo de forma cen­trífuga, separando suas partes. As forças que mo·vem nosso tempo são, hoje, centrípetas e tendem aaglutinar tudo.

Essa consciência do nosso papel pragmático nomundo adquire então importância redobrada. Dessanossa consciência dependem milhares de pessoasque hoje ainda não têm direito à cidadania, fundamen­to maior da construção de uma sociedade mais justa.Por meio da educação vamos consolidar um Paísjusto, moderno, com os resultados que todos os nos­sos irmãos esperam de nossas ações nesta Casa.

O século XX vai ficar marcado por este esforçoda humanidade em construir o futuro. Do desmoro­namento gradual de governos totalitários aos esfor­ços humanitários para a reintegração social de popu­lações excluídas; das pesquisas para a erradicaçãode doenças à jurisprudência sobre os direitos coleti·vos do homem; do desarmamen.to IIUv":Jài à fJi'l~tJer­

vação ambiental, todo o debate \ç!e ílv5;,v 8éculo éum esforço para construir uma sociedade mais iglJa~Iitária, segura e feliz. E \~ educação desempenha,neste cenário, uma função\insubstitufvei: criar cons-ciência a partir da transferência do saber. I

Senhor Presidente, ,Sras. e '81'S. De!:lutados,conclamo esta Casa, que tepresenta o povo do Bra­sil, para que adotemos a educação como bandeiraprincipal. Dessa forma, poderemos tirar o País da si­tuação em que se encontra, das crises que ó aco­metem e das dificuldades que o atravancam.

Ouço, com prazer,· o nobre Deputado .JorgeCosta. .

O Sr. Jorge Costa - Deputado Ge ·van Frei­tas, quero neste momento parabenizar V. Exa. pelabrilhante explanação sobre o ensino superior noPaís e pelo esfo,\,J de interiorizar as ações nesseensino. A educação do nosso povo é realmente umaquestão fundamental. Sabemos que o ensino supe­rior restringiu-se apenas às capitais e cidades mais

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importantes, com índice populacional muito grande.Faço, então, uma pergunta a V. Exa., jovem que é,com futuro brilhante pela frente: por que as universi­dades do Brasil ainda não aderiram aos recursos dainformática, para estender o ensino superior ao inte­rior do País? Neste mundo informatizado e globaliza­do, em que a Internet serve a todos e qualquer crian­ça sabe pesquisar no computador, por que termos apresença do professor em sala de aula? Este é omomento de se fazer "telessalas", com o professorapenas para controlar 'o que é ministrado e aplicaros exames. Deixo registrado, portanto, o pedido: queo nobre Deputado, com o nosso apoio, lute para queas universidades se multipliquem pelo interior doPaís. Elas não podem ficar restritas às capitais, oque dificulta seu acesso para o jovem que vive no in­terior. Por exemplo, em Goiás e no Pará, há jovensdedicados que concluem o segundo grau e ficamsem poder dar continuidade aos estudos. São pes­soas que têm capacidade para exercer várias profis­sões; no entanto, param de estudar por enfrentar di­ficuldades de transporte, econômicas e financeiras.Isso faz com que nossa população não se eduque.Sabemos que somente a educação poderá mudar aface deste País; ele só irá para a frente quando oGoverno investir maciçamente na educação. Haveráretorno seguro. Não há melhor investimento no Pafsdo que a educação. É esta a nossa sugestão. Para­benizo mais uma vez o nobre Deputado por abordarassunto de tanta relevância para o desenvolvimentodo País. Muito obrigado.

O SR. GEOVAN FREITAS - Deputado JorgeCosta, agradeço a V. Exa. o aparte. Ao responder àpergunta de V. Exa, repito o que disse sobre o con­sórcio criado na Região Centro-Oeste entre os Esta­dos de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, DistritoFederal e Goiás. "T lta-se de um consórcio de seteuniversidades, qUE ::riou a Universidade Virtual doCentro-Oeste, a UI VIR-CO. A cerimônia de lança­mento desse consórcio ocorreu dia 23 de fevereiro,no Auditório Petrônio Portella, no Senado Federal, econtou com a presença dos Reitores das universida­des e inúmeras autoridades.

Essa experiência já é explorada e oferecidapela Universidade de Brasília, que também faz partedesse consórcio.

O Sr. Jorge Costa - Essa iniciativa é muito im­portante. A maior dificuldade enfrentada pelo Estadodo Pará é conseguir professores para lecionar no in­terior. Fui Prefeito do Município de Capanema e te­nho a satisfação de dizer que consegui, com muitoesforço, levar o núcleo da Universidade Federal do

Pará para aquela cidade do interior. No entanto, Ca­panema enfrenta hoje a dificuldade de conseguirprofessores para lecionar Contabilidade, curso quepode ser ministrado por meio da informática. Gosta­ria que a Universidade de Goiás fizesse um inter­câmbio com a Universidade do Pará, para que pu­déssemos estender essa iniciativa aos municípios detoda essa região. O Estado do Pará tem 148 municí­pios, alguns deles muito desenvolvidos, cujos jo­vens, como já disse, têm capacidade e vocação paradesenvolver várias atividades; no entanto, não po­dem continuar seus estudos. Hoje, por exemplo, asdificuldades enfrentadas pela área da Saúde são de­correntes da falta de médicos. O médico não quer irpara o interior do País porque não tem apoio ne­nhum, ao passo que o médico formado no interiormais facilmente se adapta àquela realidade. Com ini­ciativas desse tipo teremos, enfim, o desenvolvimen­to total do País. Muito obrigaOo.

O SR. GEOVAN FREITAS - Respondo, atécomo forma de orientação a todos, que esse consór­cio e essa iniciativa são ilimitados. Os cursos ofere­cidos, as vantagens e troca de experiências serão :ili­mitados. Qualquer localidade de qualquer estado po­derá entrar na universidade por meio da Internet edela se beneficiar. Esse é realmente um grandeavanço. É, a meu ver, uma iniciativa já tardia, que vai,como V. Exa. disse, solucionar essa questão do pro­fessor e da sala de aula. Além disso, ela permitirá queos Gov.ernos, principalmente o Federal, dêem incentivoao professorado e tenham qualidade nas bases deapoio, nas universidades existentes, por intermédio datecnologia e da utilização de profissionais para minis­trar e expandir esses çursos por todo o Brasil.

O Sr. Jorge Costa - Isso mesmo, DeputadoGeovan Freitas, sabemos do programa de cursosprofissionalizantes do Governo. Há verba para isso.No entanto, esses·.(:;ursos não se instalam no interiordo País por falta de uma coordenação, 'de uma uni­versidade que os ·coordene. Embora não sejam cur­sos superiores, são necessários como multiplicado­res do ensino, agentes de formação' para o interior ealavanca para o desenvolvimento da região.

O SR. GEOVAN FREITAS - 'Sr. Presidente,antes de encerrar meu pronunciamento, registro quefaremos um pedido ao Ministro da Educação, Prof.Paulo Renato Souza. Trata-se da efetiva federaliza­ção do Campus Avançado de Jataí. Queremos quesejam federalizados não só o pagamento dos profes­sores, mas também a unidade, para qúe ela tenhaadministração própria e independente da Universida­de Federal de Goiás.

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Fevereiro de 1999 . DIÁRIO DA cÂMARA. DOS DEPUTADOS Sábado 27 07111

Vou pessoalmente entregar o pedido ao Sr. Mi~ gião. Até porque é necessário verificar, pois, muitasnistro, mas quero deixar este registro nos Anais da vezes, em um mesmo Município, uma região seráCasa, em nome da minha querida cidade de Jataí, atendida com poço artesiano, enquanto outra, comno sudoeste goiano. adutora, e uma outra nem com poço, já que nem há

O SR. PRESIDENTE (Severino Cavalcanti) - como aduzir; tem que se fazer barragem de grandeDeputado Geovan Freitas, o pedido de V. Exa. será ou médio porte.atendido. Pois bem. Aproximadamente 600 milhões de

O SR. PRESIDENTE (Severino Cavalcanti) - reais seriam suficientes para que no Estado do Per~

Concedo a palavra ao nobre Deputado Carlos Batata. nambuco - Região da Mata, Agreste Meridional. Se~O SR. CARLOS BATATA (PSDB - PE. Pro~ tentrional. Vale do Pajeú, Ipojuca. Sertão Central.

nuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente. Sras. e Região do Arco Verde -, em cada Município ou Dis~

Srs. Deputados, o que nos traz a esta Casa, no primei- trito, houvesse poço artesiano, barragem, poço·tubu-ro pronunciamento deste mandato como Deputado Fe- lar ou poço amazonas. Isso, repito, com aproximada-deral, é a questão da seca e dos seus efeitos. . mente 600 milhões de reais. Isso lá é recurso, é di-

Há trinta anos vemos órgãos competentes - nheiro? Ora, não equivale nem a 300 dólares por ci-como a Sudene e o DNOCS - fazerem projetos, dadão. Uma cesta básica para duas famílias é mais domas sabemos que o Estado. como um todo, tem que isso por ano. Por que não se antecipar ao invéssubsídio para acabar com os efeitos da seca. Falta em vez de esperar por mais uma seca? Aí estão a in-uma única coisa chamada vontade e determinação vasão, o saque, a fome, a sede. A mídia vem mostran-política; é só querer e fazer. do animais morrendo. seres humanos famintos. So-

Temos necessidade de agirmos em linha emer- mente para, então, tomarem atitudes, formarem fren-gencial que, para tristeza nossa e de todo o País. tem tes e comissões?! Isso é vergonhoso para o Poderque ser adotada. Somos obrigados a adotá-Ia para não como um todo, quer federal, estadual ou municipal.vermos nossos nordestinos morrerem de sede e Sr. Presidente, queremos fazer somente umafome sem terem o mais elementar líquido: a água. comparação. Este País gastou aproximadamente 21

A preocupação dos Governos aparece somen- bilhões para ajudar banqueiros em dificuldades, fali-te na hora em que há seca, em que o povo passa dos. Com 2,5% desses recursos, meu Estado teriafome, em que ocorrem saques, levando-nos àquelas água em 100% dos 127 Municípios que estão comtão faladas frentes de emergência e ao carro-pipa. sede. Talvez 20% desses 21 bilhões dariam paraOra, os centros tecnológicos informam, com antece- também acabar com os efeitos da seca no Ceará, nadência e precisão, que a seca é cíclica. O fenômeno Bahia, em Sergipe, em Alagoas. Enfim, acabar comEI Nino foi previsto com um ano e meio de antece- a seca em todo o Nordeste!dência. Por que não agirmos com remédio preventi- Está claro de que se trata de uma questão devo, combatendo os efeitos da seca? priorizar. Governar, segundo Buarque de Hollanda, é

Vejamos. Muito foi gasto nas secas de 1983, administrar prioridades. Na hora em que os Governos1987, 1993 e 1998, de cujos movimentos populares Federal, Estadual e Municipal priorizarem a seca, aí,participei na Sudene. Sr. Presidente, o nordestino, o sim, tenho certeza de que no terceiro milênio não secamponês é obrigado, por duas vezes, a ocupar a falará mais em efeitos da seca neste País..Sudene para implorar por água. Pois bem. O que foi É necessário continuarmos investindo. Não segasto nessas secas poderia ter sido aplicado na pode assimilar o corte de recursos' em obras deação efetiva, no combate concreto, na construção de grande porte como a Adutora do Oeste, Moxotó. pe-adutoras, de grandes barragens, de poços artesia- renização dos rios Pajeú e Canhoto - em minha regiãonos, tubulares e amazonas. - e outros rios. É necessário termos a altivez de adian-

Se temos certeza de que, daqui a dez anos, te- tar o problema e evitar o caos social-que assola nossoremos pelo menos mais três seéas - já que são cícli- Nordeste, mais especificamente nosso Estado. .cas - por que não investirmos agora em obras de Queria falar do efeito da seca na agricultura.combate aos efeitos da seca? Não existe país rico se a agricultura é pobre. Se fi-

Tenho dados de quanto foi gasto nessas se- zermos um retrospecto, a não ser o Japão que ati-cas; vou passar os dados para que esta Casa publi- vou a pequena e microempresa - quem mais geraque. Mas aqui quero fazer uma comparação. No emprego no País e no mundo -. os grandes paísesmeu Estado, quando presidi a Comissão da Seca, que evoluíram passaram pela chamada revolução dopreocupamo-nos em verificar por Município e por re- alimento: Estados Unidos, Canadá, Itália e China.

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07112 Sábado 27 DIÁRIo DA cÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 1999

Está provado que o setor primário é a molapropulsora de um País, Estado ou Município.

Ao ouvir atentamente o discurso de um colegade Goiás sobre educáção, tive vontade de aparteá­lo, mas não o fiz devido à hora avançada. Contudo,falo agora. Nenhum povo, colega, se desenvolvesem educação e saúde. Não há educação e saúdesem comida. A comida é fundamental! Não adiantauma banca nova na escola, se a criança não come.Não adiantam um bom professor, computador, Inter­net, se diante do vídeo encontra-se uma criançadesnutrida. É preciso alimentação para termos umPaís e um povo evoluindo com saúde e educação.

Ouço, com carinho, o aparte do meu colega dePernambuco, companheiro Pedro Corrêa, que, comcerteza, compreende os problemas do interior e dametrópole.

O Sr. Pedro Corrêa - Caro Deputado CarlosBatata, quero dizer da minha satisfação em aparteá­lo, porque conheço sua luta em defesa dos Municí­pios que V.Exa. tem a honra de representar nestaCasa. Durante o seu primeiro mandato como Depu­tado Estadual e na passagem pela Prefeitura de seuMunicípio, conheci a sua atuação e luta em defesadaquele povo tão necessitado, castigado pela secaque todo o País conhece, mas para a qual, infeliz­mente, ainda não se conseguiu solução. Quero para­benizar V.Exa., que é de uma região outrora pujantena criação bovina, na agropecuária, na produção degrãos - milho, feijão - e que hoje enfrenta as maioresdificuldades, bastando dizer que hoje carros-pipaar ecern e matam a sede da população. Quandoco; dmos a um companheiro do Sul que no Nordes­te €":;tamos habituados a ver uma pessoa andar 6,7,10 ", Jilômetros com uma lata na cabeça para buscar

OI' 'I para saciar a sede de sua fam ília, ele se as­BUSia. Certamente, o pronunciamento de V.Exa. vaiengrandecer os Anais desta Casa e vai alertar o Go­verno, que anuncia uma safra recorde de 86 milhõesde toneladas de grãos para este ano, sobre a neces­sidade de providências. Que passe a se preocupar("''In aquele povo miserável do Nordeste - do agres­:" " do sertão pernambucano - e possa matar a suafome. Parabéns, Deputado Carlos Batata!

O SR. CARLOS BATATA _ Incorporo ao meupronunciamento o aparte do Deputado Pedro Cor­rêa, que conhece a fundo a nossa região e o nossoEstado e que, com certeza, cerrará fileiras nestaCasa, juntamente conosco, para forçar o Governo apromover o combate aos efeitos da seca.

Quero dizer, neste momento, da importânciada economia de base local. Em cinco Municípios de

meu Estado desenvolveremos um trabalho para ser­vir de modelo no combate aos efeitos da seca e ati­vação da economia de base. Espero que os Gover­nos Estadual e Federal, vendo esse trabalho, .sesensibilizem. Não adianta levar apenas a água aessa gente. É importante levar também a tecnologiae o financiamento, para que o homem do campopossa trabalhar. Nos Municípios de São Bento doUna, Capoeiras, Caetés, Bom Conselho e Paranata­ma as atividades econômicas predominantes são,respectivamente, a bacia leiteira, a mandioca, o mi­lho, o feijão e a pecuária. Queremos qué o GovernoFederal, através do DNOCS e do Governo do Esta­do, contribua essencialmente, de acordo com a suaeconomia, para fixar o homem no campo.

Com relação à segurança pública, vimos nocarnaval deste ano que no Estado de, São Pauloocorreram muitos crimes (foram mais de 200 óbitosem menos de quatro dias). Os Governos Federal,Estadual e Municipal deveriam investir um pouco dasua receita no setor primário, na agricultura, no com­bate à seca. Sabe-se que pessoas partem do Nor­deste ou de outras Regiões para o Centro-sul e lácometem delitos porque não foram fixadas no campo,não tiveram apoio no combate aos efeitos da secanem para a economia de base. O combate aos efeitosda seca e o apoio ao setor primário significam segu­rança pública; evitar o êxodo rural, fixar o homem naterra é impedir a formação de favelas, a inchação dasgrandes cidades e, conseqüentemente, a formação debandidos que venham a assaltar e seqüestrar.

Ouço, com prazer, o Deputado Severino Caval­canti.

O Sr. Severino Cavalcanti - Nobre DeputadoCarlos Batata, V.Exa., estreando hoje nesta Casa,depois de um eficiente mandato como Deputado Es­tadual na Assembléia Legislativa de Pernambuco,mostra que não veio cansado; veio com experiência,veio para trabalhar e protestar contra as medidasque o Governo Federal toma para beneficiar unica­mente o pólo que já é privilegiado pela própria natu­reza: o Centro-sul do País. Não podemos aceitaressa discriminação. É preciso evitar o êxodo cons­tante do Nordeste, onde se pode andar quilômetrose quilômetros vendo casas fechadas, porque não hácomo viver na zona rural. É preciso que o Governose conscientize de que não haverá segurança com afome, porque estômago vazio ninguém segura. Sa­bemos o quanto significa para aquela gente perma­necer nas suas origens. Não há quem queira sair dasua terra, nem há coisa melhor do que viver onde senasce. Mas ninguém pode remar contra a maré. Por-

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Fevereiro de 1999 DIÁRIO DA cÂMARA DOS DEPUTADOS Sábado 27 07113

tanto, Deputado Carlos Batata, parabenizo V. Exa.pelo pronunciamento e faço votos de que continuecom o mesmo ímpeto, com a mesma garra que de­monstrou no desempenho de seu mandato na As­sembléia Legislativa de Pernambuco. Tendo sido oDeputado Estadual mais votado, agora tem a reafir­mação do eleitorado, que se mostrou satisfeito coma sua atuação. Continue fazendo o que vem fazen­do. Eu tenho certeza de que V. Exa. se perpetuarána Câmara Federal.

O SR. CARLOS BATATA - Agradeço o aparteao colega Severino Cavalcanti, pelo qual tenho omaior respeito desde quando era Prefeito, aindamuito jovem,. quando nos orientava e conosco con­versava. S.Exa. mostrou a sua sapiência nestaCasa, sendo, dentre os componentes da Mesa, semdetrimento dos outros, o mais votado na última elei­ção. Incorporo seu aparte ao meu pronunciamento, ecom certeza iremos marchar juntos, para traçar filei­ras no combate à discriminação contra a nossa Re­gião, o Nordeste, e outras menos privilegiadas.

Ouço, com satisfação, o companheiro Deputa­do Jorge Costa.

O Sr. Jorge Costa - Meus parabéns, nobreDeputado! Sinto-me realmente privilegiado de hojeestar nesta Casa, no meu primeiro mandato, e ouvirpronunciamento dos mais importantes e relevantespara o nosso País. Sinceramente, lamento que oplenário esteja vazio, pois deveríamos ter quorumqualificado para ouvir estes pronunciamentos e di­fundi-los por este País. São pronunciamentos deideal, e só temos que lucrar em estarmos aqui nestasexta-feira, dia que procurarei não faltar. Quero dizera V. Exa. que acho importante também medidas deprevenção à seca. O nordeste do Pará era uma re­gião muito fértil, boa para plantação de todos os le­gumes, algodão, malva e gêneros alimentícios. Hoje,ela se vê ameaçada de desertificação. Então, sãonecessárias medidas que previnam a desertificaçãoda região amazônica, principalmente no nordeste doPará, nas áreas vizinhas ao Maranhão e, portanto,ao Nordeste brasileiro. Com muito desencanto, de­sânimo e tristeza vejo que essa Região, outrora tãoprodutiva, hoje não produz nem para o seu consumointerno. Por quê? Devido à estiagem. Hoje nós já ve­mos, na região onde vivo, rios que estão deixandode ser perenes para serem temporários. Eu achoque a coisa começa aí. Daqui a pouco, a seca doNordeste estará se estendendo pela Amazônia,como já estamos vendo nos noticiários de jornais. Énecessária a adoção de uma política de prevenção àseca, através da construção de açudes e barragens.

Tenho certeza de que muitos dos nossos rios, comotambém os do Nordeste, deixaram de ser perenespor causa do desmatamento da vegetação ciliar. As­sim está acontecendo. Nós temos no Pará, porexemplo, rios como o Gurupi, Piriá, Taceateua, Pei­xe-Boi, Quatipuru-Mirim, que estão todos ameaça­dos. Assim, desde já digo que estou aqui para darpleno apoio à bancada do Nordeste e do Pará, nosentido de que o Governo leve investimentos paraaquela região, para que possamos fixar à homem nomeio rural. Isso que é importante. O homem, tendocondições de permanecer na sua terra, jamais mi­grará para a Amazônia, para desmatá-Ia. Ele não fazesse desmatamento, nem produz essa desigualdadeporque queria fazer isso, e sim pela situação limiteem que se encontra, de pobreza, de necessidade.Ele vai para onde haja terras férteis, mas não preci­sa ir para a Amazônia. Ficando no nordeste do Pará,ele se sentirá muito feliz. Parabenizo o companheiro,dizendo muito obrigado pela cohcessão do aparte.

O SR. CARLOS BATAT~ - Deputado JorgeCosta, agradeço a V. Exa. o aparte, dizendo-lhe queestive há duas semanas no Maranhão e preocupa­me a devastação existente naquele Estado. ProcureiParlamentares do Maranhão, e agora também estouprocurando os de seu Estado, para conversar a res­peito. É necessário que haja um controle, porque nomeu Estado de Pernambuco nunca houve. Hoje demanhã eu dizia a um produtor: ou é lei preservar, ounosso Estado vai ficar deserto. Assim como disse aum companheiro do Maranhão que daqui a quinzeou vinte anos, com certeza, aquele' Estado 'vai estarigual ao meu com relação à devastação.

Para concluir, quero falar da minha preocupa­ção a respeito da grande agitação em torno da ques­tão cambial. Só se fala no câmbio e no dólar. Agora,no homem do Nordeste, no peque'no agricultor, queplanta milho, feijão, mandioca, que tem a vaquinhado leite, nesse ninguém fala. A' questão social temque ser vista com prioridade. Aprendi uma coisa: pri­meiro se cuida do povo; depois se cuida das obras.Temos que ceder lugar para o povo, para a socieda­de. Nosso alvo é a sociedade.

Tenho certeza de que o Presidente ,da Repúbli­ca, em quem confiamos, é homem sério. A~redito quena atual crise de que tanto se fala o que mais sustentaS. Exa. é a credibilidade que tem no exterior. Mas éimportante, para se manter a credibilidade e enfrentara crise, que se tenha uma coisa chamada respaldo po­pular, apoio do povo, apoio da sociedade.

Portanto, nós, de Pernambuco, queremos pedirao Governo Federal que não faça cortes no orça-

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07114 Sábado 27 DIÁRIO DA cÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 1999

mento das áreas sociais. Devemos ter uma posiçãode altivez. A economia mundial depende da econo­mia brasileira. Ninguém sabe o que acontece com osEstados Unidos, se a nossa economia, Sr. Presidente,não anda bem. Temos que negociar em voz alta e en­frentar o FMI, dizendo que poderemos pagar não só osserviços da dívida, mas até a dívida, com o trabalho,com a irrigação, com o café, com a laranja e com aprodução, mas nunca submeter a questão social, cor­tando o mais elementar. Vejo no meu Estado o povoreunido na Sudene, ameaçando novas invasões.

Confio no Sr. Presidente da República, na suasensibilidade, na sua competência. Espero que não

corte as ações sociais. Os economistas deste Paísterão de ser curvar à política de apoio às necessida­des do povo, para podermos, assim, enfrentar a crise.

Agradeço a V. Exa., Sr. Presidente, a tolerân­cia, bem como aos companheiros que me apartea­ram e àqueles que não apartearam, mas que, com, \.

certeza, estão imbuídos na luta contra os efeito.s daseca, para que possamos, nesta Casa, unidos, en­frentar o problema. (Muito bem!)

DOCUMENTO A QUE SE REFERE OORADOR:

fiASSEMBLEIA LEGISLATIVA no ESTADO

Pernambuco

Tabela 1.

Cortes no Orçamento/99 das Verbas Federais para Obras de Combate a seca .por Estado (em R$).:pen;air1liiJtO=:.:::::-.:.::::.-===-_7::;=:::'. 74.014.324,00ceará __....__.. .- 53.881.018,00Bahia --.----. 40.960.062,00

-1!i8tri:=:' . .. 23.218.494,00Paraíba 18.825.178,00

-MarãTffião- ....0 6.850,094,00~:.::::: ..:.::: .__-::::::::--=:==== . 5.383.489,QOAlagoas 5.214.739,00

::Ria..-6rande:do.:NeIte=-==::=:-.:::::-_-=-_-.c::::: 2.660.570,00Obras Comuns aTodos os Estados 33.785.769,00

r-rOTAt~.:===::::-;:-..:::=..=::.'_-::,,:::--,:,;:··: .....;...... :':'"2K793~'737;OO.• Fonte: Diário de Pernambuco - 29/12/98

Em Pernambuco os cortes no orçamento prejudicaram obras como a Adutora'doDeste, Barragem de Jucazinho e outras obras de médio e pequeno'porte (VERTABElA 2.) de fundamental importânda para o Estado. .

Tabela 2.Principais Obras Afetadas pelos Cortes no Orçamento/99 em Pernambuco

-Q~---::--===--====-==

.Adut.ora.do..o.est1L1-=-0__' __- ... --0.---.•-----

8a!TéJgem de}ucazintlQ .... _~.BJ9.~M___ .~lJig~ção~. ._.. ....... O""" ~~' ••

Perfuracão de Pocos Públicos• Fonte: Diário de Pernambuco· 29/12/98

ValOf Inidal -Y~orAt:Jaal Perda(~) ~~C-:- (R$)

41,4 milhães-2D,D mllblles 21,0 milhões27 Omilhões 1414 mIlhÕes- 126 milhões, _ '1.. __ •.•. •• _. 1. _

2,3 milhões::-171-m~ 1,2 milhões1,8 milhões 830 mil 970 mil

200 mil ~.~- -_..9límtE .. .... .... '1éi4'mil70 mil 30 mil 40 mil

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Fevereiro de 1999,

DIÁRIO DA CÂMARA IDos DEPUTADOS Sábado 27 07115

Durante o discurso do Sr. Carlos Bata­ta, o Sr. Severino Cavalcanti, 22 Vice-Presi­dente, deixa a cadeira da presidência, que éocupada pelo Sr. Francisco Rodrigues, § 22

do artigo 18 do Regimento Interno.

O SR. PRESIDENTE (Francisco Rodrigues) ­Dando continuação ao Grande Expediente, concedoa palavra ao nobre Deputado Carlito Merss, do PT, deSanta Catarina. Sua Excelência dispõe de 25 minutos.

O SR. CARLITO MERSS (PT - SC. Sem revi­são do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Depu­tados, em primeiro lugar, queremos utilizar a tribunada Câmara dos Deputados para agradecer ao povocatarinense por esta oportunidade de representar asdemandas da cidadania e participar desta instituição,legislando e debatendo o futuro do nosso País. Os53.608 votos de confiança que recebemos nos ani­mam a enfrentar a tarefa de encontrar caminhos al­ternativos que recuperem a dignidade nacional e tra­gam melhores condições de vida para a grandemaioria da sociedade, vitimada pela exclusão social,concentração de renda e privilégios.

Para iniciar este trabalho, queremos reconhe­cer a oportunidade, a sabedoria e o compromissotransformador da Campanha da Fraternidade, daCNBB, que neste ano se apresenta com o lema:"Sem trabalho... Por quê?"

Oportunidade porque a campanha soube reco­nhecer a causa da crise econômica mundial e seusimpactos sociais: o modelo de produção capitalista eo desemprego.

Essa é a modernidade prometida e anunciadacomo a oitava maravilha do mundo? Não há, efetiva­mente, modernidade alguma com a exclusão social,com a fome, com a prostituição, com o trabalho infantile com a ignorância de um povo. O desemprego é uminstrumento perverso de seleção social, de apartaçãoe de eliminação política de largos setores sociais.

A acumulação capitalista, sob o paradigma daglobalização de mercados e da liberalidade no fluxointernacional do capital especulativo, sem lastro naprodução, atinge um momento de saturação, comimpactos destrutivos sobre a governabilidade dos .Estados nacionais, sobre a cadeia produtiva, sobreas relações de trabalho e sobre as condições sociaisda cidadania.

O aumento da produtividade por meio do usointensivo de novas tecnologias torna dispensável umenorme contingente do mercado formal de trabalho.Cidadãos, trabalhadores, famílias inteiras ficam de­sempregados estruturalmente pela ausência absolu­ta de postos de trabalho e pela falta de uma requalifica-

ção profissional que lhes projetem em novas funçõ­es.

Essa falta de emprego, de relações assalariadas,é acompanhada com a falta de oportunidades de tra­balho. Não há o que fazer quando inexiste crescimen­to econômico, investimentos sociais, ação e iniciativado Poder Público para m.elhorar os serviços e a quali­dade de vida e para investir em ciência e tecnologia.

Não temos moradia e saneamento básico. Nãotemos uma rede de assistência social e educaçãocompetentes e de acesso universal. Não temos rela­ções democráticas transparentes nem uma esferapública participativa que incida nos destinos do País.

Contraditoriamente a essa abundância de ca­rências e necessidades, não há trabalho, não há em­prego, não há condições de acesso às relações for­mais de proteção social, seguridade, saúde, educa­ção e aos mínimos direitos constitucionais·.

Para piorar nossa condição de dependência eco­nômica, de financiadores do consumq e da qualidadede vida dos países desenvolvidos, nossas amarrascom o pagamento dos serviços de uma dívida externaimpagáveJ exaurem nossa riqueza,.dilapidam o patri­mônio e a valiosa riqueza gerada pelo povo brasileiro.

O reflexo pontual desse modelo excludente deacumulação capitalista é o desemprego. A reduçãode postos de trabalho não é apenas um.a opção eco­nômica de reduzir custos ou ampliar o lucro. É umaopção política que despreza delib~radalmente a im­portância do trabalho como um mecanismo de aces­so ao produto econômico de uma sociedade. É umaopção discriminatória que, para acumular capital e ri­queza para poucos, sacrifica do homem a possibili­dade elementar de oferecer sua capacidade laborati­va, sua inteligência, sua disposição de viver em trocados rendimentos necessários a sua sobrevivência.

A opção política pelo fim do trabalho é a mes­ma que opta pela barbárie, pela tese insana de queo mercado econômico administra as contradiçõessociais. Esse darwinismo social, Deputado MarcosCintra, animado pelo neoliberalismo, dissemina a in­tolerância, a violência urbana, a degradação social.É uma alternativa autoritária contra a cidadania.

Por isso, Sr. Presidente, a campanha da: CN88é também uma campanha sábia. Faz um diagnósticopreciso da situação econôm,ica e social e engaja asua enorme influência institucional na mobilizaçãode consciências, no fortalecimento da fraternidade,no enfrentamento corajoso aos estigmas de um po­der mantido de forma ilegítima, poder este que nãoeconomizou também instrumentos ilegais e subterrâ­neos para manter a sua hegemonia na última elei-

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07116 Sábado 27 DIÁF10 DA CÂ-MARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 1999

ção, tachando de "atrasados", "fracassornaníacos". ou "vagabundos" os que são contra as reformas libe­rais ditas modernizantes.

A Campanha da Fraternidade é extremamenteinteligente quando lança uma pergunta e nos joga,em um primeiro instante, na perplexidade. Afinal decontas, por que as pessoas não conseguem traba­lho? Por que são demitidas? Por que famílias sãodesestruturadas, perdem suas posses, sua dignida­de e sua união em face de um processo de concen­tração econômica, em que cada vez se tem mais ri­queza na mão de tão poucos?

Segundo o IBGE, 83% da população economi­camente ativa ganha até três salários mínimos, emum País em que 10% dos mais ricos detêm 53% darenda nacional. Situação idêntica com relação àsporções de terra: propriedades com menos de 10hectares (52,9% das propriedades rurais do País)detêm uma área total de 2,7%, enquanto as proprie­dades com mais de 1.000 hectares (0,9% do total)têm 43,8% dos estabelecimentos agrícolas do País.Isso para não falar dos 35.083 latifúndios com maisde 1.000 hectares, que totalizam 153 milhões dehectares de terras improdutivas. Esses nL!merOS sãode 1996, do Incra.

Senhor Presidente, depois de refletirmos sobreo questionamento da CNBB, somos mobilizadospela nossa consciência a agir. Há necessidade demudar essa situação e construir uma alternativa dejustiça e promoção social. Em nosso entendimento,esse compromisso transformador da campanha vol­ta-se, necessariamente, contra a política econômicado Presidente Fernando Henrique Cardoso.

A postergação irresponsável da sobrev8Joriza~

ção cambial e dos altíssimos juros como forma demanter o passeio do capital especulativo, susten­tando o engodo da campanha presidencial, condu­ziu-nos à beira do abismo. Os grandes aliados doPresidente, o capital financeiro internacional e osgrandes bancos, atacaram de frente nossas reser­vas monetárias, provocaram a evasão desenfreadada moeda e o risco iminente de urna bancarrota totalda nossa economia.

O Sr. Marcos Cintra _ Nobre Deputado CarlitoMerss, concede-me V. Exa. um aparte?

O SR. CARLlTO MERSS - Só um instante~ Aoterminar, faremos um bom debate, deputado.

E, para acalmar esse mercado turbulento e ga­nancioso, trazem um praticante da especulaçã.o paraa Presidência do Banco Central, o qual está sendosabatinado agora no Senado Federal. Afinal, tudoentre amigos fica mais calmo.

o mesmo não acontece com a grande maioriado povo, que sofre as conseqüências da sangria mo­netária, quer por intermédio do pagamento da dívidaexterna, quer pela liquidação pura e simples do patri­mónio nacional.

Este Governo, em vez de reconhecer sua in­competência e o desastre da política econômica,aposta na manutenção da tragédia. Insiste com osjuros altos, com a recessão, com as privatizações,com a satanização dos funcionários públicos e oacovardamento do Estado. Cria novos impostos,amplia a arrecadação, taxando a produção e os as­salariados. Não combate a sonegação, não taxagrandes fortunas e não encaminha de fato uma ver­dadeira reforma tributária. Rende-se à lógica da do­minação internacional e procura reduzir o País a umpapel secundário, a quintal do FMI.

O acordo de empréstimo com essa agência éuma demonstração de capitulação, de perda dasprerrogativas internacionais, da sucumbência a re­gras e ditames que já fracassaram no mundo todo.

Fraco com os especuladores, mas intransigen­te e autoritário com governadores e prefeitos, impe~

didos que são de manter os serviços atendendo dig­namente à população, FHC, que criou a dívida dosestados e municípios, exige um ajuste liberal que in­viabiliza o atendimento da segurança pública, dasaúde, da educação e despreza o pacto federativo.

A sanção da Lei Orçamentária da União para1999, preocupação inclusive do Deputado por Per­nambuco que assiste à minha intervenção, é outrademonstração de que temos que tornar participativae transparente a movimentação dos recursos públi­cos. O Orçamento já nasce condenado, com previ­sões derrotadas e metas de difícil alcance; uma lei,sem força, que mais uma vez será administrada poli­ticamente segundo as conveniências do Planalto.

Precisamos efetivamente mudar de 'rumo. Im­põe-se um novo rumo. Isto somente será possívelcom o projeto de nação que recupere a força, a pai­xão e a generosidade do País. Somos grandes e ri­cos: É tlora de pavimentar um caminho democráticoe participativo que efetivamente faça do Brasil umaNação e não apenas uma sucursal de potências esuas agências econômicas imperiais.

Parabéns à CNBB, que pode contar com oapoio deste mandato para esta importante campa­nha que, acima de tudo, valoriza o ser humano e aconstrução de uma sociedade solidária e fraterna!

Ouço V. Exa. com prazer, Deputado MarcosCintra.

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Fevereiro de 1999 DIÁRIO DA'cÂMARA DOS DEPUTADOS Sábado 27 07117

o Sr. Marcos Cintra - Nobre Deputado CarlitoMerss, antes de mais nada, quero parabenizá-lopela excelente aula de economia política que V. Exa.nos dá hoje aqui. Realmente, os conceitos emitidossão importantes e congratulo-me com V. Exa. pelavontade e afinco com que defende a retomada docrescimento econômico e a manutenção das garan­tias da cidadania. Preocupa-me, no entanto, Deputa­do, a confusão que normalmente é atribuída ao con­ceito do liberalismo com o neologismo que vem sen­d? hoje utilizado - neoliberalismo. Alguns dos princí­pIOS que V. Exa. e o seu partido mais defendem emrealid~de, a humanidade deve aos movimentos 'libe­rais do qual o Partido Liberal é um orgulhoso de­scendente e herdeiro. Cito, apenas para ilustrar, ovoto universal, a separação entre o Estado e a Igre­ja, a prevalência do Estado de Direito, a igualdadeperante a lei, o primado das liberdades individuais.Tudo isso deve-se àqueles que, em épocas passa­das, como nós o fazemos hoje, defenderam o libera­lismo, a doutrina liberal, que não há que se confun­dir, Deputado, com o chamado neoliberalismo queobservamos hoje, utilizado de maneira até imprópria,usurpado por aqueles que estão hoje formulando apolítica econômica em nosso País. O ex-DeputadoRoberto Campos, com muita propriedade, chegou adizer que o que se observa hoje no País não é umapolítica liberal, mas sim uma política conduzida poraqueles que têm a fé débil, incerta e insegura dosrecém-convertidos, aqueles que, em realidade, ado­tam uma determinada linha, uma determinada postu­ra, sem a conhecerem em profundidade, sem esta­rem imbuídos dos valores mais significativos do libe­ralismo. Concordo com vários dos conceitos aquiapresentados; eles se coadunam com o verdadeiroliberalismo, dentre eles a busca da maior taxa deemprego, isto é, o controle do desemprego que gras­sa em toda a sociedade. Gostaria, finafmente, de di­zer a V. Exa. que terá com o Partido Liberal diálogo,sem dúvida alguma, produtivo em relação a muitosdos conceitos aqui emitidos. Como a questão do em­prego, da educação, do treinamento e da retomadado desenvolvimento econômico. Reitero que V. Exa.está de parabéns pelo seu pronunciamento.

O SR. CARLITO MERSS - Muito obrigado,Deputado Marcos Cintra.

Na oportunidade em que fiz o aparte a V. Exa.,levantei essas questões conceituais. E digo mais:quando tive minha experiência política, em 1988, re­cém-saído de uma função de professor, aceítei a mi­nha primeira tarefa partidária como candidato a Pre­feito na cidade de Joinville, Santa Catarina. E dizia,

naqu~la época, que ficava muito feliz porque, naque­le penodo, o PL e o PSDB tinham sido criados.

Nós, do PT, sofríamos um estigma muito gran­de em função de toda a discussão sobre comunis­mo, socialismo; e sempre dizíamos que bom seriatermos no Brasil partidos ideológicos. Queríamosque o PL fosse o grande partido liberal, assim comoo PSDB deveria ter sido o grande partido social-de­mocrata, porque é muito difícil dirimir essas confusõ­es conceituais.

As pessoas fazem confusão, muitas vezes porignorância, outras por má-fé, entre sectarismo e radi­calismo, por exemplo. Acho que as pessoas têm queser radicais. Tem V. Exa. de ser radical na defesa aoliberalismo, como o social-democrata de verdadetem que ser radical na sua defesa; não pode sersectário e não aceitar inclusive a discussão.

Podemos ter essa discussão colocada num pa­tamar mais elevado. Sinto muito, Deputado MarcosCintra, que, na verdade, muitos "fisiológicos" te­nham-se apropriado dos conceitos ou das teses di­tas liberais, porque, com certeza, esses senhoresque dominam o Congresso há 30, 40 anos não sãoliberais; são verdadeiros "fisiológicos", que sempreestiveram agarrados à estrutura do Estado nacionalpor meios de incentivos e de vantagens. E digomais, Deputado Marcos Cintra. Muitos defensoresdo liberalismo, que arrotam esse conceito de liberalnão conseguiriam sobreviver seis meses na iniciativ~privada sem a ajuda do Governo. E tenho dito inclu­sive aos defensores intransigentes das privati~açõesa qualquer custo: se privatizarem tudo, muitos nãoterão mais onde encaixar os seus correligionáriosnos ~stados ou nas estatais. Tenho dito principal­mente - e vou citar o partido - ao PFL que, se conti­nuarem com as privatizações, não vai haver lugarmais para encostar o pessoal que não se elege. Equeremos, Deputado Marcos Cintra, nessa discus­são que terá que ser a fundamental, a da reforma tri­butária, discutir, sim, o Estado nacional. Ou já che­gamos à conclusão de que esse avanço da humanida­de, pós-Revolução Francesa, com esse molde de Es­tado nacional, não tem mais lugar no ,mundo? Eu achoque tem. Claro que não tem que s~r um Estado totali­tário, não tem que ser esse Estado que infelizmenteobservamos em algumas regiões do mundo. Mas nãohá na organização social da humanidade algo melhordo que esse Estado que conseguimos montar, a des­peito de seus problemas, suas dificuldades. E aí de­pende muito desta Casa, Sr. Presidente.

Como cidadão, como Deputado Estadual emSanta Catarina, fiquei muito triste em perceber a for-

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07118 Sábado 27 DIÁRIO DA cÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 1999

ma submissa com que este Congresso Nacional par­ticipou nos últimos quatro anos, aceitando as imposi­ções do Poder Executivo. Acompanhei, no mês dejaneiro, algumas votações, em que deputados quenão concordavam, mas movidos por outros interes­ses, votavam favoravelmente às proposições doExecutivo. Por exemplo, a transformação dos servi­dores públicos federais nos grandes bodes expiató­rios dos problemas fiscais deste País.

Pois bem. Estamos dispostos a travar essa dis­cussão.

Tenho orgulho da minha nova bancada. Vouaprender muito com os 59 Deputados Federais doPT. Sei que em outros partidos há Deputados quenão aceitam mais, de forma subserviente, as votaçõesmeramente numéricas, sabendo que não concordamconceitualmente com as imposições do Executivo.

Senhor Presidente, penso que através do Or­çamento teremos de iniciar um processo de valoriza­ção deste espaço. O Orçamento deverá ser um dospontos básicos da atuação deste Parlamento. Não épossível que a peça mais importante a ser discutidapelo Parlamento seja sempre tratada como o segun­do ou terceiro interesse desta Casa. Em qualquerCongresso de qualquer país sério do mundo a dis­cussão orçamentária é a mais importante. Estamosimbuídos dessa vontade de ajudar o País.

Com certeza, repito, Deputado Marcos Cintra,travaremos grandes discussões. Como disse, temosque parar de brincar ou de fazer de conta. Ouvi al­guns pronunciamentos. A grande maioria de deputa­dos governistas está preocupada com os cortes or­çamentários na área social do Nordeste e em outrasáreas. Ora, por que não impomos essa preocupaçãono momento das votações?

Senhor Presidente, fiquei muito feliz de, pelaprimeira vez, poder comunicar-me com o povo brasi­leiro, principalmente com o povo catarinense. Queroatuar nos próximos anos como um combatente, paraque recuperemos para o Estado nacional as possibi­lidades concretas que este País tem, e elas são mui­tas. Vai depender, sim, da vontade de cada um dosSenhores Deputados.

Durante o discurso do Sr. CarlitoMerss, o Sr. Francisco Rodrigues, § 2º doartigo 18 do Regimento Interno, deixa a ca­deira da presidência, que é ocupada pelo Sr.Jorge Costa, § 2 2 do artigo 18 do RegimentoInterno.

VI - ENCERRAMENTOO SR. PRESIDENTE (Jorge Costa) - Nada

f, . I',.::v~: ído cl tratar, \nu E!nCerrar a sessão.

, O SR. PRESIDENTE (Jorge Costa) - Encerroa sessão, convocando outra para a próxima segun-da-feira, dia 1Q de março, às 14 horas.

RELAÇÃO DE DEPUTADOS INSCRITOS PARÁ OGRANDE EXPEDIENTE

- Março de 1999 •

01 23·feira 15:00 Inaldo Leitão15:25 Pauderney Avelino15:50 Professor Luizinho16:15 Luiz Fernando16:40 Paulo Paim17:05 Giovanni Queiroz17:30 Fetter Júnior17:55 Pastor Reginaldo de Jesus18:20 Agnelo Queiroz

02 33 ·feira 15:00 José Ronaldo15:25 Bispo Rodrigues

03 43·feira 15:00 Ricardo Berzoini15:25 Ricarte de Freitas

04 53 ·feira 15:00 Jorge Alberto15:25 Arthur Virgílio

05 53 ·feira 10:00 Eliseu Resende10:25 Paulo Uma10:50 Evandro Milhomen11 :15 Zaire Rezende11 :40 Geovan Freitas12:05 Uno Rossi12:30 Henrique Fontana12:55 lédio Rosa13:20 Pompeo de Mattos

08 23 ·feira 15:00 Fernando Ferro15:25 Jorge Costa15:50 Inácio Arruda16:15 Sérgio Miranda16:40 Alberto Goldman17:05 Waldemir Moka17:30 Flávio Arns17:55 Vanessa Grazziotin18:20 Waldomiro Fioravante

09 23 ·feira 15:00 José Melo -15:25 Padre Roque

10 43·feira 15:00 Agnaldo Muniz15:25 Expedito Júnior

11 53·feira 15:00 Luiz Antonio Fleury15:25 Nilson Mourão

12 53·feira 10:00 Geraldo Simões10:25 Sérgio Novais10:50 Valdir Ganzer11:15 Fernando Marroni11 :40 Narcio Rodrigues12:05 Ivan Paixão12:30 Luiz Sérgio 'il ;~

12:55 Osvaldo Biolcl1i .

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Fevereiro de 1999 DIÁRIO DA cÂMARA DOS DEPUTADOS Sábado 27 071] 9

'>13:20 Paulo Delgado 17:30 Antonio Feijão

15 2a·feira 15:00 Alceu Collares 17:55 Pedro Pedrossian15:25 Germano Rigotto 18:20 Nicias Ribeiro15:50 Marisa Serrano 23 3a·feira 15:00 Roland Lavigne16:15 Maria do Carmo Lara 15:25 Jandira Feghali16:40 Marcos Afonso 24 4a·feira 15:00 Efraim Morais17:05 Antonio Carlos Pannunzio 15:2'5 Jaques Wagner17:30 Edinho Bez 25 53 ·feira ~ ~:OO André Benassi17:55 Darci Coelho 15:25 Eliseu Moura

, .18:20 Aldo Rebelo 26 6a·feira 10:00 Teima de Souza

16 3a·feira 15:00 Max Mauro 10:25 José Roberto Batochio15:25 João Fassarella 10:50 Marcelo Castro

17 43 ·feira 15:00 Júlio Redecker 11:15 Enivaldo Ribeiro15:25 Avenzoar Arruda 11 :40 Antônio doValle

18 5"·feira 15:00 Ricardo Maranhão 12:05 Luiz Bittencourt15:25 Marcondes Gadelha 12:30 Arolde de Oliveira

19 6"·feira 10:00 Almir Sá 12:55 José Thomaz Nonô10:25 Luiz Salomão 13:20 Dino Fernandes10:50 Luciano Castro 29 2a·feira 15:00 João Magno11:15 Euler Morais 15:25 José,Carlos Elias11 :40 Themístocles Sampaio 15:50 Marcus Vicente12:05 Manoel Castro 16:15 Aroldo Cedraz12:30 Marcelo Barbieri 16:40 Renildo Leal12:55 Nelson Trad 17:05 Jaime Martins13:20 João Caldas 17:30 Osvaldo Reis

22 2"·feira 15:00 Coriolano Sales 17:55 Armando Abilio15:25 Fernando Coruja 18:20 Airton Cascavel15:50 Luiz Piauhylino 3D 3"·feira 15:00 Darcisio Perondi16:15 Angela-Guaoagnin 15:25 João Herrmann Neto16:40 Freire Júnior 31 43 ·feira 15:00 Mar06s Rolim17:05 Neuton Lima 15:25 Iara Bernárdi

ORDEM DO DIA DAS COMISSÕESI . COMISSÕES ESPECIAIS

COMISSÃO ESPECIALPEC 637·A/99

PRORROGAÇÃO DA CPMFAVISO

MATÉRIA EM FASE DE RECEBIMENTODE EMENDAS (10 SESSÕES)

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO(Art. 202, § 32)

Decurso: 1012 Dia

1 • PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUiÇÃO N2637·A. DE 1999 . do Senado Federal. que "Prorroga,alteranao a alíquota. a contribuição provisória sobremovimentação ou transmissão de valores e decréditos rdlreitos de natureza financeira. a que se

refere o art. 74 do Ato das DisposiçõesConstitucionais Transllópas". 'RELATOR: Deputaqo p1AUDERNEY AVELlNO:

I N~: \!FORMULARIO PARA EMENDAS ESTA DISPONíVELINAS SECRETARIAS DAS COMISSÕES. 'IHORARIO: DE 09:00 As 12:00 E 13:30 As 18:30 1I·' ,

Para obter informações sobre a tramitação deproposIções nas ComIssões. ligue para os segUIntesramais:

CEDI/SINOPSE .....••.) •.•..••-•.•••...••••.•.. -••• 6846 a 6850DECOM/Coordenação de Comissões Permanentes' ~..••••••. 6892

Serviço de Comlssóes'Especlals e Externas ...••.•- 7052Serviço de CPls·····>;,·-··················---···-····-···········7055

DEPARTAMENTO DE COMISSÕESEdição: Núcleo de Apoio à Informática

RamaiS.: 6877/6878

( Encerra-se a sessão às .14. horas)

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(Biênio 1999/2000)

Presidente:MICHEL TEMER - PMDB - SP

12 Vice-Presidente:HERÁCLITO FORTES - PFL - PI

2l! Vice-Presidente:SEVERINO CAVALCANTI- PPB - PE

12 Secretário:UBIRATAN AGUIAR - PSDB - CE22 Secretário:NELSON TRAD - PTB - MS32 Secretário:JAQUES WAGNER - PT - BA42 Secretário:EFRAIM MORAIS - PFL - PB

Suplentes de Secretário:GIOVANNI QUEIROZ- PDT - PA

22 LUCIANO CASTRO - PSDB - RR

32 ZÉ GOMES DA ROCHA - PMDB.-GO

42 GONZAGA PATRIOTA - PSB - PE

PFLLíder: INOC~NCIOOLIVEIRA

PARTIDOS, BLOCOS aRESPECTIVAS BANCADASBLOCO PARLAMENTAR

PTLíder: JOSÉ GENOíNO

PSDBLíder: AÉCIO NEVES

Celso GiglioCaio Riela

IrisSimões

Luiza ErundinaGivaldo Carimbão

Auceu ColatoJosé Roberto Batochio

Pompeu de MattosBloco (PSB, PC do B)

Líder: PEDRO VALADARES

Bispo RodriguesPaulo José Gouvêa

LIDERANÇA DO GOVERNOLíder: ARNALDO MADEIRA

Vuce-Lídreres:Fernando Zuppo (1 2 Vice)Dr. HélioLuiz Salomão

Vice-Líderes:Harolo Lima (1 2 Vice)Eduardo CamposJosé Antonio

Bloco (PL, PST, PMN; PSD, PSL)Líder: VALDEMAR POSTA NETO

Vice-Líderes:Marcos CintraCabo Júlio

PPBLíder: ODELMO LEÃO

PTBLíder: ROBERTO JEFFERSONj

Vlce-Líderes:Walfrido Mares Guia (1 2 Vice)José Carlos EliasFernando GonçalvesEduardo Seabra

PDTLíder: MIRO TEIXEIRA

Geraldo MagelaJoão Passarella

Luiz MainardiPedro Celso

Walter Pinheiro

Jutahy JúniorRicardo Ferraço

Hélio CostaWaldemir Moka

Ricardo RiqueMendes Ribeiro Filho

João Henrique

(PMDB)Líder: GEDDEL VIEIRA LIMA

Vice-Líderes:Cezar SchirmerMilton MontiFernando DinizJosé ChavesHenrique Eduardo Alves

Vice-Líder:Aloysio Nunes Ferreira (1 2 'Vice)Mareio Fortes

Vice-Líderes:Fernando FerroJoão PauloJosé PimentelPadre RoqueTeima de Souza

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COMissões PERMANENTES

COMISSÃO ESPECIAL Bloco (PL, PST, PMN, PSD, PSC, PSL)

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTI1UIÇÃOQUE PRORROGA, ALTERANDO A ALlQUOTA,

A CONTRIBUiÇÃO PROVISÓRIA SOBREMOVIMENTAÇÃO qu TRANSMISSÃO DE VALO­

RES E DE CREDITOS E DIREITOS DENATUREZA FINANCEIRA, A QUE SE REFERE

O ART. 74 DO ATO DAS DISPOSJÇÕES CONSTI­TUCIONAIS TRANSITORIAS

Secretário: Marcos Figueira de Almeida

Local ; Serviço de Com. Especiais. Anexo 11. sala 165-BTelefone : 318-7063

COMISSÃO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA,COMUNICAÇÃO E INFORMÁTICA

Presidente: Arolde de Oliveira - PFURJ19 Vice-Presidente: Vic Pires Franco - PFUPA2º Vice-Presidente:3º Vice-Presidente: Pedro lrujo - PMDB/BA

Presidente: Mareio Fortes (PSDB)12 Vice-Presidente: Jutahy Junior (PSDB)22 Vice-Presidente: Euler Morais (PMDB)32 Vice-Presidente: Geraldo Magela (PT)Relator: Pauderney Avelino (PFL)

Titulares

PFLÁtila LinsDeusdeth PantojaEduardo PaesPaes LandimPauderney AvelinoPaulo MagalhãesPedro Bittencourt

PSDB

Suplentes

Antônio JorgeCosta FerreiraJosé LourençoJosé Ronaldo

Paulo UmaPaulo Octávio

Raimundo Santos

Marcos Cintra

Titulares

Arolde de OliveiraCésar BandeiraCorauci SobrinhoJosé Mendonça BezerraJosé RochaLuiz MoreiraMaluly NettoPaulo CordeiroRaimundo SantosVanessa FelippeVic Pires Franco

PFL

Eujácio Simões

Suplentes

Antonio dos SantosAracely de PaulaAyres da Cunha

Jaime MartinsJosé Jorge

Leur LomantoPauderney Avelino'Paulo Bornhausen

Paulo UmaSérgio Barcellos

1 vaga

Bloco (PMOI3, PRONA)

Dr. HelenoJutahy JuniorUno RossiMareio FortesMaria AbadiaRicardo Ferraço

Euler MoraisJorge AlbertoJorge CostaLamartine PoseliaMilton MontiOsmânio Pereira

Antonio Carlos BiscaiaAvensoar ArrudaFernando FerroGeraldo Magela

PMDB

PT

PPB

Aloysio Nunes FerreiraArnaldo Madeira

Narcio RodriguesPaulo Kobayashi

Sebastião MadeiraSérgio Carvalho

Darcísio PerondiOsvaldo Reis

4 vagas

Angela GaudagninArlindo Chinaglia

Dr. RosinhaVirgílio Guimarães

Alberto GoldmanAriasto HolandaJoão Almeida.José de AbreuI<oyu lhaLuiz PiauhylinoMarçal FiihoSalvador Zimbaldi

Carlos ApolinárioHélio Rosas.José PrianteMarcelo BarbieriMarcos Ribeiro FilhoPedro IrujoRoberto ValadãoLJdson BandeiraWagner Rossi

PSDl:l

Antonio Carlos PannunziaA(non Bezerra

. B. Sá

Itamar SerpaNelson Otoch

Odílio BalbinottiE]i1vio Torres

Tug~ Angerami1 vaga

Antônio BrasilG~stão Vieira

João MatosMoacir Micheletto

Neuto de Conto4 vagas

José Roberto Batochio

Bloco (PSB, pedoS)

Eliseu MouraMárcio Reinaldo Moreira1 vaga

Luiz Antonio FleuryRenildo Leal

Eduardo Campos

PTB

PDT

Odelmo LeãoPedro Corrêa

Ricardo Barros

Caio RielaJosué Bengtson

Celso Jacob

1 vaga

PPB

João IensenJosé JaneneLaprovita VieiraMário Assad Júnior (PFL)Pinheiro Landim (PMDB)Ricardo BarrosRoberto Campos1 vaga

Bloco (PT, PDT, PCdoB)

Aníbal Gomes (P8DB)

CunJ~a BuenoGérson Peres

Nelson MeurerValdenor Guedes

4 vagas

Esther Grossi

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COMISSÃO DE CONSTITUiÇÃOE JUSTiÇA E DE REDAÇAO

Presidente: José Anfbal - PSDBlSP12Vice-Presidente: Nelson Otoch - PSDB/CE22Vice-Presidente: Magno Bacelar - PFUMA32 Vice-Presidente: Silvio Pessoa - PMDB/PE

Titulares Suplentes

PFL

Rodrigues Palma Israel PinheiroVicente Cascione Roberto Jefferson

PSB

Nilson Gibson 1 vaga

PL

Pedro Canedo Luiz Buaiz

PPS

Antonio Balhmann Colbert Martins

Secretário: Sérgio Sampaio Contreiras de AlmeidaTelefones: 318-6922 a 6925 ,

COMISSÃO EXTERNADESTINADA A ACOMPANHAR O DESENRO­LAR DOS ACONTECIMENTOS NA FORD DO

BRASIL, TENDO COMO OBJETIVO CONTRIBUIRNUMA SOLUÇÃO JUSTA PARA A AMEAÇA DEDESEMPREGO QUE ANGUSTIA MILHARES DETRABALHADORES DAQUELE SETOR INDUSTRIAL

Proposição: REQUERIMENTO AutQr:..Jair Menegueli e outrosPresidente: Aloysio Nunes Ferreira (PSDB)12Vice-Presidente: Marcelo Barbieri (PSDB)22 Vice-Presidente: Márcio Reinaldo Morreira (PPB)32 Vice-Presidente: Jair Meneguelli (PT)Relator: Edinho Araújo (PMDB)

Dércio KnopEurípedes MirandaInácio ArrudaJoão PauloSérgio MirandaTilden SantiagoWalter Pinheiro

PTBMurilo Domingos1 vaga

PSBJosé Pinotti

PLAntônio Joaquim Araújo

PPSColbert Martins

PSDMarquinho Chedid

Secretária: Maria Ivone do Espfrito SantoLocal : Anexo 11, sala 13-TTelefones: 318-6906 a 6908

Antonio dos SantosAugusto FariasBenedito de LiraDarci CoelhoJairo CarneiroMagno BacelarMussa DemesNey LopesRaul BelémRoland LavigneVilmar Rocha

PSDBAloysio Nunes FerreiraAlzira ÉwertonAntônio FaleirosEdson SilváJosé AnfbalNelson OtoçhNestor DuarteNicias RibeiroVicente ArrudaZulaiê Cobra '

Ivan ValenteJaques Wagner

Luciano ZicaPedro Wilson

3 vagas

Philemon RodriguesRodrigues Palma

1 vaga

Welinton Fagundes

Leônidas Cristino

1 vaga

Fax: 318-2143

Átila LinsCiro Nogueira

Cláudio CajadoCorauci Sobrinho

JairoAziMaluly NettoOsmir Lima

Paes LandimPaulo Gouvêa

Rubem MedinaVanessa Felippe

Bonifácio de Andradacandinho MatosFranco Montoro

João LeãoJosé Thomaz NonO

Luiz PiauhylinoMarçal Filho

Max RosenmannMoisés Bennesbysalvador Zimbaldi

Freire 'liorHehric. _ Eduardo AlvesJosé L.I..! ClerotRuben.; ·::OsacSílvio f ssoa

PPB

Adhemar de Barros FilhoA.y KaraEmílio AssmarGerson PeresIbrahim Abi-AckelJarbas LimaJosé RezendePrisco Viana

Bloco (PT,PDT, PCdoB)

Aldo ArantesArlindo ChinagaliaCoriolano SalesHaroldo SabóiaJosé GenoínoJosé MachadoLuiz Eduardo GreenhalghSílvio Abreu

PTB

NeifJaburPedro Irujo

Pedro NovaisRoberto Valadão

Wagner Rossi

Jair BolsonaroJair Soares

João MendesLuis BarbosaOdelmoLeão

Ricardo Barros2 vagas

Enio BacciJoana Dare

Marcelo DédaMarta Suplicy

Severiano AlvesTeima de Souza

Vânio dos SantosWolney Queiroz

Bloco (PMDB,PRONA)

Asdrúbal BentesCleonâncio FonsecaDjalma de Almeida CesarFernando Diniz

Ivandro Cunha LimaJoão Thomé Mestrinho

Jorge WilsonMendes Ribeiro Filho

Titulares

João Mellão NetoRobson Tuma

PFL

Suplentes

Maurício NajarPaulo Lima

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PTBDuilio Pisaneschi Nelson Marquezelli

Secretário: Silvio SouzaLocal: Serviço de Comissões Especiais, Anexo 11Telefone: 318·7061

PSDB

Aloysio Nunes FerreiraZulaiê Cobra

Bloco (PMDB, PRONA)

Edinho AraújoMarcelo Barbieri

PPB

Cunha BuenoMárcio Reinaldo Moreira

Fábio FeldmannTuga Angerami

Elcione Barbr;lhoJoão Magalhães

Simão SessimTelmo Kirst

Jair Meneguelli

Fernando Zuppo

PT

PDTMilton Mendes

Airton Dipp

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CÂMARA DOS DEPUTADOSCENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO

COORDENAÇÃO DE PUBLICAÇÕES

TíTULOS PUBLICADOS -1998/1999

CÂMARA DOS DEPUTADOS

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CONSTITUiÇÃO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASIL (1988)

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CÂMARA DOS DEPUTADOSCENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO

COORDENAÇÃO DE PUBLICAÇÕES

TíTULOS PUBLICADOS -1998/1999

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOSHUMANOS: 1948·1998

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SENADOFEDERAL

SECRETARIAESPECIALDE EDITORAÇÃOEPUBLlCAÇOES

EDiÇÃO DE HOJE: 64 PÁGINAS