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  • 7/25/2019 Renato Boschi - Desenvolvimento, Pactos Polticos e Re-Industrializao Desafios Para o Brasil PAPER

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    Paper 9 Forum de Economia

    Desenvolvimento, Pactos Polticos e Re-industrializao: desafios para o Brasil*

    Renato R. Boschi

    IESP/UERJ

    Coordenador do INCT-PPED

    1.Introduo:

    A pergunta sobre a possibilidade de se reverter a tendncia a um processo dedesindustrializao aparentemente em curso no Brasil nos ltimos 20 anos e o papel deum acordo ou pacto social para se efetivar esta meta suscita, de sada, a definio deuma estratgia de pas no mdio prazo e a identificao dos atores sociais e polticosque poderiam constituir sua base de suporte. Em ambos os casos, projeto e atores, pode-se dizer que os rumos so incertos, embora se multipliquem tambm as janelas deoportunidade para se atingir um novo patamar de desenvolvimento no caso brasileiro.Incertos os rumos porque, de um lado, no emerge com clareza um projeto de carterestratgico para se atingir uma nova fronteira tecnolgica: conquanto se definam novos

    padres de intervencionismo estatal caracterizados por um conjunto bastante coerentede polticas sociais e econmicas numa nova perspectiva que vem sendo cunhada deneo-desenvolvimentismo, falta ainda definir metas capazes de alavancar e darsustentao a uma perspectiva de pas. Quanto aos atores, no plano das elitesestratgicas do aparelho de Estado, no tenderia a predominar um pensamento

    compartilhado por diferentes segmentos, evidenciando-se uma problemtica de falta decoordenao nas polticas pblicas, inclusive em vista dos tempos diferenciados queprevalecem no jogo entre idias, interesses e instituies. No plano das elites privadas, osetor empresarial, falta tambm uma perspectiva capaz de garantir uma base desustentao e uma atuao incisiva de segmentos expressivos de suas lideranas emtorno de uma sada a longo prazo. Por outro lado, tambm verdade que asoportunidades que se abrem com a reconfigurao do sistema capitalista internacionalem termos de relaes centro-periferia como resultado das crises cclicas e com a

    proeminncia da China no novo cenrio, nunca foram to promissoras. O que poderiaresultar deste quadro? Re-industrializar refazendo o percurso na base de polticasindustriais capazes de reverter a tendncia ou partir para um projeto novo fundado na

    conjuno de processos endgenos virtuosos e uma nova posio do pas no cenriointernacional?

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    Trataremos de responder indagao proposta articulando uma srie de dimenses quenos parecem pertinentes para se pensar a viabilidade de um projeto de re-industrializao e suas bases sociais e polticas de sustentao. Em primeiro lugar, ofato de que a definio de um novo rumo depende de capacidades estatais, tanto nosentido mais amplo da existncia de burocracias capazes de definir, implementar

    polticas e estabelecer coordenao entre elas, quanto no sentido mais restrito dapossibilidade de se gerar investimentos em inovao, infra-estrutura, explorao derecursos primrios e outros. Em segundo lugar, o fato de que todo este conjunto defatores articule, de maneira eficaz, processos internos a uma projeo para fora e almdas fronteiras nacionais. A natureza das instituies polticas joga papel fundamentalneste quadro, dado que o mesmo requer uma combinao de vantagens institucionaiscomparativas e existncia de uma base material.

    Numa primeira parte deste texto, focalizaremos as abordagens tericas, discutindo a

    relao entre as dimenses acima apontadas, sobretudo a imbricao de polticasindustriais, inovao e a questo de uma perspectiva de atuao regional como partesimportantes da definio de um novo projeto. Em seguida, trataremos de focalizar a

    posio das elites estratgicas empresariais e de alguns de seus rgos representativoscomo base de sustentao para a tomada de novos rumos, para o estabelecimento de um

    pacto social. Concluiremos reafirmando a importncia das bases de sustentaoderivadas da definio de um projeto que alce o pas a uma nova fronteira tecnolgica eno apenas trilhe velhos caminhos, mas que cuide tambm de aspectos voltados

    preservao de uma base industrial de cunho local, capaz de garantir o emprego e ummodelo de desenvolvimento fundado na incluso social.

    2.Capacidades estatais e as novas modalidades de desenvolvimento

    A reconfigurao das relaes de poder no sistema internacional e as maiorespossibilidades para se pensar o papel do Brasil chama ateno para a necessidade de sedeter na recuperao do papel do Estado como ator chave do processo dedesenvolvimento. Os pases de maior crescimento (China, Coria, Taiwan) foram,historicamente, aqueles que contaram com maiores capacidades estatais. Assim sendo, aanlise do Estado e de suas capacidades institucionais chave para se fortalecer asdinmicas de desenvolvimento. Os limites e fronteiras na periferia e semi-periferia,longe de serem estticos, mudam periodicamente em diferentes sentidos. Pases que

    ocupam uma posio central podem perd-la; Estados com potencial de crescimentopodem dar o salto.

    H evidncias de que o contexto presente caracterizado por enormes possibilidades eoportunidades tpicas de momentos de crise e redefinio de paradigmas. A criatividadee utilizao das janelas de oportunidade que se abrem so potencialmente capazes deensejar novos cenrios para determinados pases no mbito da competio no sistemacapitalista globalizado. No entanto, tudo indica que o atual ciclo de crescimentodependeria fortemente da gerao de vantagens no plano institucional. Com o intuito dese avaliar o papel que o Brasil ocupa na nova governana global importante avaliar asestratgias de outros atores emergentes que tentam obter vantagens no processo deglobalizao, deslanchando as suas prprias estratgias a partir de processos internos defortalecimento das respectivas capacidades estatais. Entre os pases com maior potencial

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    nesta direo, segundo siglas criadas por agncias de avaliao de risco, adquiremdestaque os membros do BRICS (Brasil, Rssia, ndia, China e frica do Sul), alm deoutros como a Turquia e alguns pases do leste europeu.

    A crise dos pases centrais, originada na especulao financeira dos derivativos nos

    Estados Unidos, muito mais que um simples gargalo no crescimento: expressa uma re-acomodao estratgica nas relaes de poder no sistema mundial. Diversas teoriaseconmicas e polticas se referem ao carter cclico do modo de produo capitalista,impulsionado pelo avano tecnolgico (Kondratiev, 1926; Schumpeter, 1961).

    Os pases desenvolvidos representavam o 63% do PIB mundial em 2002, caindo para52% em 2011, com previso de ser apenas 40% em 2020. A hegemonia do eixoAtlntico, constitudo por Estados Unidos e Europa, parece estar chegando ao fim.Frente ao mundo unipolar, liderado pelos Estados Unidos, comea a tomar forma umsistema multipolar que abre janelas para se repensar desafios e oportunidades no grau deatuao dos Estados (especialmente aqueles situados na semi-periferia com maior

    capacidade relativa de agncia) no sistema internacional de fluxos comerciais,financeiros e de circulao de tecnologia.

    Os pases emergentes tm cada vez maior relevncia na governana global. China,ndia, Rssia, Brasil e frica do Sul (e em menor medida Turquia, Coria e Mxico)ocupam posio ativa nos fruns internacionais informais (G20, G8&5) e nasinstituies multilaterais (maior participao no FMI, capacidade de bloqueio deiniciativas na Rodada de Doha da OMC, etc). Esses pases tm sido analisados como

    parte do mundo emergente, mas suas estratgias de participao no mercado mundiale as suas capacidades institucionais so muito diferentes. Alis, mesmo quando existeminiciativas de cooperao (notadamente, no caso dos BRICS), os diferentes Estadosconcorrem por participao de mercados e investimentos.

    Diferentes trajetrias e matrizes institucionais configurariam distintas variedades decapitalismo, nas quais o papel da coordenao estatal aparece com maior ou menorcentralidade. Certamente, no caso dos pases emergentes, o Estado constitui o vetordecisivo na ruptura com padres ineficientes, estruturas enrijecidas, crculos viciosos deiniqidades, com a efetiva instaurao de um novo padro de desenvolvimento. Da aimportncia de se avaliar tambm como as elites estatais situadas em posies de relevoconcebem estratgias para o pas no mdio prazo em funo dos instrumentos de

    poltica que tm a seu dispor. Por outro lado, importante mapear tambm os principaiseixos de polticas em curso, capazes de traar um novo rumo. Anlises comparativas dasdinmicas de expanso de mercados por meio de polticas proativas e a formao decoalizes de apoio no plano domstico so dimenses centrais para o sucesso dasestratgias anteriormente mencionadas, principalmente em termos das articulaes entretais coalizes polticas e as arenas internacionais com vistas a ocupar espaoscompetitivos no novo cenrio.

    Diferentes trajetrias e matrizes institucionais configurariam distintas variedades decapitalismo, nas quais o papel da coordenao estatal aparece com maior ou menorcentralidade. Certamente, no caso dos pases emergentes, o Estado constitui o vetor

    decisivo na ruptura com padres ineficientes, estruturas enrijecidas, crculos viciosos deiniqidades, com a efetiva instaurao de um novo padro de desenvolvimento. Da a

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    importncia de se avaliar tambm como as elites estatais situadas em posies de relevoconcebem estratgias para o pas no mdio prazo em funo dos instrumentos de

    poltica que tm a seu dispor. Por outro lado, importante mapear tambm os principaiseixos de polticas em curso, capazes de traar um novo rumo. Anlises comparativas dasdinmicas de expanso de mercados por meio de polticas proativas e a formao de

    coalizes de apoio no plano domstico so dimenses centrais para o sucesso dasestratgias anteriormente mencionadas, principalmente em termos das articulaes entretais coalizes polticas e as arenas internacionais com vistas a ocupar espaoscompetitivos no novo cenrio.

    As instituies moldam a relao entre atores, o modo de implementao de polticas eo resultado e impacto das mesmas. Nesse sentido, a anlise da configurao poltico-institucional uma dimenso chave na possibilidade de se alterar a posio relativa doBrasil no contexto internacional. O fortalecimento da capacidade estatal se expressatanto nas reas estratgicas para uma agenda de desenvolvimento (polticas sociais,educao e formao tcnica, investimento em cincia e tecnologia, capacidade de

    agenda internacional, poltica macroeconmica para o desenvolvimento) quanto napotencial habilidade para articular consensos em torno de uma agendadesenvolvimentista (articulao entre atores estratgicos, formao de coalizes deapoio, capacidade de lograr estabilidade de polticas).

    A continuidade de trajetria no tocante ao papel do Estado tem gerado a acumulao decapacidades no plano da burocracia pblica em termos da definio de polticas ecapacidade de implementao. A associao de capacidades estatais e reforo dademocracia (Tilly, 2007) favorece, ademais, a produo de resultados negociados e maisconsensuais, alm de gerar credibilidade no sistema internacional, com impacto sobre onvel de investimentos estrangeiros no pas. Instituies democrticas podem aumentarcustos de transao, mas reduzem incertezas quanto a decises errticas. Alm disso, osncleos de carter neo-corporativo envolvendo Estado e sociedade civil, alm de umaestrutura eficiente de representao de interesses do setor empresarial, confluem nosentido da produo de respostas mais eficazes aos desafios externos. Em conseqncia,

    pode-se esperar uma possvel alterao nas posies relativas de poder em arenas denegociao internacional. No caso do Brasil possvel prevalecer a combinao maisvirtuosa de Estado, mercado, sociedade civil e corporao (Crouch, 2011) que tende a sedesgastar em alguns dos pases centrais como a alternativa ps-crise do neoliberalismo.

    A noo de capacidade estatal remete, fundamentalmente, habilidade que tem um

    Estado de estabelecer objetivos e poder cumpri-los. De um lado, tais capacidadesincluem, do ponto de vista de contedos, certas reas de polticas geralmente apontadascomo centrais na competio estratgica internacional. De outro lado, as capacidadesremetem dimenso burocrtica, no sentido precpuo da definio de polticas, suaimplementao e acompanhamento, alm do aspecto crucial da coordenao entre osdiversos segmentos e iniciativas em curso num dado momento de tempo. A capacidadede coordenao evoca tambm a centralidade dos mecanismos de consulta e asarticulaes entre o setor pblico e o setor privado no sentido de implementar metasconsideradas prioritrias por ambos e acompanhar as iniciativas levadas a cabo. No

    primeiro caso, poderamos citar como relevantes, a rea das inovaes tecnolgicas, e otema das polticas industriais, alm das atividades de financiamento e estmulo ao

    desenvolvimento. No segundo caso, focaliza-se mais de perto a atuao de diferentes

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    esferas do aparelho de Estado e os vnculos e redes que se estabelecem entre elas sob atica da eficcia das polticas.

    Na perspectiva de Weaver & Rockman (1993) entre as capacidades estatais se

    incluiriam: i) definir prioridades entre as diferentes demandas feitas ao poder pblico;ii) canalizar os recursos onde sejam mais efetivos; iii) inovar quando for necessrio,ouseja, sempre que velhas polticas demonstrem sinal de esgotamento; iv) coordenarobjetivos em atrito; v) poder impor perdas aos grupos poderosos; vi) garantir a efetivaimplementao das polticas logo aps terem sido definidas; vii) representar osinteresses difusos e menos organizados, alm dos poderosos e mais organizados; viii)garantir a estabilidade poltica para que as polticas pblicas possam ter tempo dematurao na sua implementao; ix) estabelecer e manter compromissos internacionaisem comrcio e defesa, de modo a alcanar o bem estar no longo termo; x) gerenciardivises polticas de modo de garantir que no haja atritos internos.

    Em termos da definio de um projeto estratgico de mais longo prazo, importanteatentar para o aspecto da sustentabilidade de determinadas polticas as quais nodeveriam ficar merc de redefinio e descontinuidades em diferentes governos, como o caso de algumas polticas industriais, mas que deveriam ser tratadas como polticasde Estado.

    Os pontos acima arrolados chamam a ateno para dimenses poltico-burocrticas dascapacidades estatais. De outro lado, do ponto de vista de dimenses estruturais, pode-seanalisar as capacidades estatais focalizando uma srie de arenas estratgicas no sentidode um projeto de desenvolvimento. Duas delas se destacam quando a questo central ade se pensar um projeto de pas no mdio prazo: a primeira diz respeito s polticas eestratgias de inovao; a segunda concerne precisamente definio, implementao eacompanhamento das polticas industriais, geralmente pensadas como o antdoto a

    processos de desindustrializao. No primeiro caso, o objetivo fundamental o de seavanar em direo a uma nova fronteira tecnolgica na qual o pas eventualmente setorna competitivo. No segundo caso, a proteo a indstrias existentes se funda,

    primordialmente, na necessidade de preservar empregos e, em conseqncia, todos osefeitos dinmicos resultantes da incluso de amplos segmentos da populao aomercado de consumo.

    Em primeiro lugar, a inovao, tanto privada quanto do setor pblico. A posio

    relativa de um pas ou regio no sistema internacional est atualmente cada vez maisrelacionada com a capacidade de gerar e ampliar o uso de tecnologia, entendida essacomo um fator chave para se alcanar ganhos de competitividade os quais, por sua vez,assegurariam uma maior presena nos mercados mundiais. Um exame histrico revelaque os processos de desenvolvimento se basearam na massificao de difusotecnolgica como garantia de irreversibilidade do progresso social. Esse foi o caminhodos modelos clssicos de desenvolvimento por revoluo industrial do sculo XIX(Estados Unidos, Alemanha, Japo) e dos Newly Industrializing Countries (NICs)asiticos na segunda metade do sculo XX (tanto os pioneiros drages Cingapura eCoria, como os posteriores tigres Malsia, Tailndia, Vietnam), ou o caso recente daIrlanda. Todas essas foram experincias nas que se concentrou esforo especial no

    sentido de aumentar a capacidade de gerao e captao de tecnologia por parte dapopulao em seu conjunto. Diferentemente da Amrica Latina, que teve sua fase de

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    crescimento assentada na exportao de matrias primas e de indstrias de matrizesestrangeiras, esses pases investiram enormes somas na pesquisa e desenvolvimento,sistemas universitrios, renovao tecnolgica e matrizes do aparato produtivo. bomlembrar que, por volta de meados dos anos 1970, o Brasil era caracterizado como um

    potencial candidato a alterar a sua matriz produtiva, juntamente com a Coria, numa

    direo inovadora e, no entanto, este ltimo avanou seu patamar tecnolgico pelainovao no segmento de eletrnicos, assumindo tambm primazia no terceiro ciclo doproduto da indstria automobilstica. Pode-se afirmar assim que, num mundocaracterizado pela primazia do conhecimento, potencializa-se o velho dilema deSchumpeter sobre a necessidade de inovar para sobreviver. A inovao, de fato, chave, pois desenvolvimento est sempre ligado substituio de produtos existentes

    por outros mais sofisticados. As novas tecnologias atuam como elementos capazes depropulsar a modernizao da estrutura produtiva em seu conjunto e elevar o nvel geralde produtividade.

    Outro aspecto da dinmica da inovao diz respeito ao fato de que os processos que

    envolvidos na gerao de inovao e de conhecimento tm passado por radicaistransformaes. Os processos de inovao esto dispersos por diferentes ncleos comouniversidades e instituies de pesquisa pblicas e privadas e, no apenas em empresas.Desta forma, novas formas de organizao da pesquisa e do desenvolvimento de

    produtos e processos, diferentes sistemas de gerao e difuso de inovaes, distintosmodelos de negcio, formas hbridas compostas de mercados e redes empresariais estoemergindo. Em vista do fato de que a fronteira tecnolgica se distancia velozmente,retardando o processo de atingi-la, pases de renda mdia, como Brasil, Argentina,China e ndia, correm o permanente risco de serem capturados por armadilhastecnolgicas que os coloque em situao de perda relativa da competitividadeinternacional de seus produtos. Desta forma, no se trata apenas de avaliar as vantagenscomparativas institucionais e as capacidades de implementao de estratgias e polticasinovadoras, mas de projetar a posio dos pases no horizonte na competiointernacional, desta forma minimizando a infindvel seqncia da persecuo de metascom o persistente atraso relativo, caracterizado como a armadilha tecnolgica de pasesde renda mdia (Angang, H. 2011).

    A concluso que se extrai de tal argumentao, segundo a leitura de Castro na qualrecupera a reflexo de Antnio Barros de Castro (2012) a de que a avaliao dachamada armadilha passa ento a depender das condies para uma inserocompetitiva e estratgica do Brasil, e de outros pases de renda mdia. A possibilidade

    de se escapar armadilha dependeria de trs fatores: 1. A definio de trajetrias deinovao secundria, ou seja, rotas tecnolgicas competitivas, situadas no entorno fronteira do produto/ processo/base do conhecimento; 2. A capacidade de ultrapassar acrise quase inevitvel dos limites das capacidades de inovar atravs de capacitaesdinmicas e de vantagens comparativas institucionais; e, finalmente, segundo a autora, oque apenas poucos pases conseguem, 3. ser capaz de definir a fronteira tecnolgica.

    A segunda rea de questes diz respeito concepo, definio e implementao depolticas industriaispara contra-restar, de um lado, o que Rodrik (2004) tem apontadocomo problemtico que o deslocamento da base industrial de um pas e, de outro, acompetio desigual de bens de consumo importados com a produo nacional. Aqui se

    situa, de maneira mais dramtica, a questo da desindustrializao, o que no autorizanem a eficcia de adoo indiscriminada de medidas de cunho protecionista, nem atentativa de recomposio da matriz produtiva na indstria como resultado inequvoco.

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    3. Re-industrializao como projeto: que tipo de estratgias?

    Desenvolvimento implica, necessariamente, uma mudana na estrutura produtiva. NaAmrica Latina, essa questo foi exaustivamente discutida, em especial por conta datensa relao que historicamente se desenvolveu entre campo e indstria. O argumentoda estrutura produtiva desequilibrada, por exemplo, se referia a um setor industrial queabsorvia divisas sem t-las gerado e um setor agro-pecurio que era responsvel pelagerao dessas divisas e apresentava um crescimento muito mais lento. A diversificaoda matriz produtiva requer a formulao e implementao de polticas setoriais. Importatanto o financiamento como uma estratgia clara em relao ao setor rural, industria eao setor de servios. O neoliberalismo imps a idia de que no seriam necessrias

    polticas setoriais, sendo estas vistas antes como nocivas por se constiturem num focode corrupo e rent-seeking. Para uma estratgia desenvolvimentista, ao contrario, estas

    polticas so imprescindveis no sentido de se gerar competitividade. Uma srie deabordagens sobre o desenvolvimento, desde as formulaes clssicas, como a deGershenkron (1962), at as mais recentes, como a de Chang (2004; 2007), reconheceque os pases com alto crescimento no foram os mais abertos e liberais. Pelo contrario,caracterizam-se por deslanchar uma srie de polticas ativas, basicamente polticasindustriais e macro-econmicas. As polticas setoriais, num mundo em que acompetio por acesso a mercados e gerao e difuso de tecnologias central, no

    podem ser deixadas de lado. O Estado deve assumir seu papel no fomento a indstriascompetitivas, financiar a inovao em produtos e processos e arrefecer os impactosdesiguais do chamado processo de destruio criativa. Porm, a utilizao destemecanismo deve ser feita com parcimnia e, sobretudo, em termos estratgicos,assegurando o apoio do setor privado local sem eliminar eventuais alianas no planoregional, para fazer face competio de atores globais com alto poder de alterar adinmica produtiva, como o caso com a emergncia da China nas ltimas dcadas.

    Em estudos recentes comparando polticas industriais num grupo selecionado de pases,Delgado, Cond, Salles e Esther (2010, 2011a, 2011b) chamam ateno para distintasacepes da poltica industrial, tendo esta variado de uma viso apenas condescendenteenquanto mecanismo de correo de falhas de mercado ao final da dcada de 1990, atvises controvertidas sobre o alcance de tais polticas na esteira da recuperao danoo em perodo mais recente. Neste processo de recuperao, de um lado, numa

    perspectiva que os autores qualificam de minimalista, a poltica industrial envolveriaatualmente um conjunto de medidas que serviriam superao da resistncia das firmas mudana e sua adaptao a um ambiente crescentemente competitivo, decorrente dasdificuldades que os atores econmicos apresentariam para dominar a complexidade dos

    processos de mudana e identificar seu sentido. De outro lado, numa viso maximalistaa poltica industrial envolveria aes para o desenvolvimento da infra-estrutura de

    pesquisa e a formao de capital humano, combinadas acentuao dos processos decolaborao entre mltiplas instituies nos mbitos local e regional, isto , envolvendouma articulao entre integrao interna e integrao externa. Citando Wade (2004), osautores indicam que a poltica industrial para os pases em desenvolvimento teria deincluir, por um lado, a preservao de instrumentos tpicos do processo de substituio

    de importaes, favorecendo a internalizao de atividades inovadoras capazes deampliar o potencial competitivo da produo interna, para dentro ou para fora e, por

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    outro lado, ela implicaria, tambm, a explorao de vantagens comparativas jexistentes para ampliao da presena no mercado mundial, articulada dinamizao deatividades que tanto estimulem a integrao interna, quanto a insero competitiva nombito da integrao externa, dentro de uma estratgia coerente de desenvolvimento.

    No mais recente livro em que se recuperam as reflexes de Antnio Barros de Castrosobre o desenvolvimento, levando em considerao o desafio irreversvel introduzidopela presena da China (Castro & Barros de Castro, 2012), este arguto analista dasperspectivas de pas para o Brasil indica que trs estratgias deveriam ser levadas emconta do ponto de vista das polticas industriais: a primeira acepo diz respeito superao de falhas de mercado; a segunda se refere aos esforos visando a rpidarecuperao do atraso acumulado e a ltima diz respeito aos que defendem anecessidade de as empresas competirem pela via da inovao, ou seja, mapeando ascondies para se continuar avanando. As polticas deveriam ajudar as empresas aavanarem na produo de variedades, na criao de sistemas nacionais de inovao, nocultivo aos novos empreendimentos, bem como a redefinio seletiva de estratgias,

    para o que seria necessrio a formulao de vises.Em outras palavras, a utilizao de polticas industriais como um instrumento para fazerface ao processo de desindustrializao, no pode ser pensada como uma panacia pararesolver, de um lado, os efeitos nefastos da competio internacional, mormente com aChina, mas tambm face a outros atores regionais como a Argentina e o Mxico numaescala mais reduzida e nem, de outro, como uma alavanca superao do atrasotecnolgico. Para que ambos os objetivos sejam de alguma forma contemplados tem quese levar em conta, principalmente, as articulaes do plano interno com o plano externo,

    potencializando vantagens institucionais e vantagens comparativas no sentido clssicodo termo e garantido-se uma perspectiva de desenvolvimento voltada ao mercado

    interno. Isto significaria a salvaguarda da expanso, via consumo, dos segmentos sociaisrecentemente includos pela via das polticas sociais e a proteo mnimas s condiesde trabalho, com polticas de valorizao salarial. Para dar certo, o pacto social do qualestamos aqui falando deveria incluir empresrios e as condies para o aumento dacompetitividade das empresas, mas tambm, num sentido mais expandido, o setortrabalho.

    O que queremos aqui salientar o fato de que a re-industrializao enquanto projetorequer estratgias que passam pelo mbito das polticas de inovao, das polticasindustriais num sentido amplo e de polticas de valorizao do segmento do trabalho,levando em conta processos de insero externa do pas e processos relativos criao

    de vnculos para dentro (backward linkages). Isto torna extremante complexa a tarefa decostura de um pacto social e de coalizes de apoio, internamente ao aparelho do estado,no seio do empresariado e garantindo a adeso de segmentos do trabalho.

    4. As elites empresariais como base de suporte

    Esta parte da anlise trata de realizar um apanhado preliminar das percepes das elitesempresariais e de suas entidades representativas no que diz respeito a uma visoestratgica incorporando os elementos centrais da argumentao acima desenvolvida. A

    partir de uma varredura em alguns rgos da mdia como a Folha de So Paulo, O

    Globo e o Valor Econmicono ano de 2012, lado a lado a um levantamento de posiesdas principais entidades de representao de interesses do empresariado industrial,

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    como a CNI, a FIESP e a FIRJAN, o objetivo identificar as temticas que constituema pauta de atuao destas associaes. Com base nisso, possvel ter indicaes acercado papel de alguns porta-vozes do empresariado na formao de coalizes de apoio aum novo projeto de desenvolvimento.

    O forte papel indutor que a China passa a ter na redefinio do sistema internacional,tendo-se tornado importante parceiro comercial, deslocando tradicionais relaes noplano hemisfrico, chama a ateno para a necessidade de uma viso estratgica decarter regional, no sentido de se reverter tendncias declinantes na industrializao oua tendncia re-primarizao que possivelmente se instauram. Esta perspectivaestratgica regional implica na formao de coalizes de apoio que escapem daarmadilha adoo de medidas protecionistas que coloquem em oposio algumas dasmais importantes economias na regio da Amrica do Sul, entre elas, certamente, aArgentina. At que ponto as elites empresariais so portadoras de uma viso queultrapasse o limite dos interesses de curto prazo e de vises protecionistas de alcancerestrito?

    A transio econmica efetivada com as reformas orientadas ao mercado e suaarticulao com a transio poltica na direo de uma democracia com graus crescentesde institucionalizao, processos esses que ocorreram quase simultaneamente no casodo Brasil, impuseram enormes desafios atuao dos grupos de interesse, com aconseqente busca por informaes sistemticas no plano das polticas pblicas. Ocenrio da democratizao conferiu maior centralidade ao Legislativo, para onde sedirigiram lobbiese ncleos de interesses organizados. O cenrio da globalizao e dodesempenho no contexto de uma economia aberta, por outro lado, reforaram otradicional e preponderante papel do Executivo, com maiores graus de intervencionismoe atividade regulatria, gerando a necessidade de grande interlocuo entre os grupos de

    interesse e as agncias da burocracia.

    Este duplo processo se reflete no padro de atuao das entidades da indstria, emalguns casos reiterando reas temticas clssicas como poltica tributria, polticacambial, poltica salarial e poltica industrial. Em outros casos, certamente impondonovos desafios em reas como, por exemplo, polticas de inovao tecnolgica, polticasrelativas ao meio ambiente e polticas na rea de energia ou diversificao da matrizenergtica, alm da responsabilidade social.

    inegvel, assim, que as associaes empresariais de topo tm se equipado

    sobremaneira no sentido de monitorar e acompanhar as iniciativas de polticas pblicasque afetam de perto o desempenho da indstria. Fruto de um padro de relacionamentoconstrudo ao longo do tempo, a interlocuo das associaes corporativas com oEstado, em diferentes arenas, pode ser vista como uma vantagem institucionalcomparativa no caso brasileiro. Para alm de temas tradicionais que caracterizaram a

    pauta de demanda do empresariado taxa de cmbio, juros e tributao - algumastendncias recentes podem ser identificadas no contexto das associaes de interesse doempresariado industrial. Tais novidades incluem reas temticas para a atuao daindstria que implicam estratgias e esforos na direo de anlise de polticas pblicas,como o caso da CNI com nfase em desburocratizao, educao, infra-estrutura,relaes externas, micro empresas, inovao tecnolgica, trabalho, responsabilidade

    social e outras. Alm disso, outra novidade consiste na criao de uma srie de ndicesvoltados orientao das estratgias de investimento das empresas, tais como o ndice

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    de Confiana do Empresrio Industrial (ICEI), o ndice Nacional de Expectativa doConsumidor (INEC), o ndice de Medo do Desemprego e a Pesquisa CNI-IBOPE. Nocaso da CNI a experincia do COAL (Conselho de Assuntos Legislativos da CNI)aparece como uma das mais relevantes a partir do cenrio ps- reformas (DINIZ &BOSCHI, 2004).

    A CNI teve papel importante, por exemplo, em termos de coordenao, ou seja, aarticulao pblico/privado para a implementao de um amplo projeto governamentalde poltica industrial. Assim, o governo federal nomeou a CNI como o coordenador dodilogo a ser estabelecido com a indstria brasileira para que fosse elaborada a novafase da Poltica de Desenvolvimento Produtivo (PDP), bem como a formulao de umanova estratgia de comrcio exterior1.

    Atuando numa faixa extremamente contempornea, mas ao mesmo tempo afinada comos seus interesses, outra iniciativa na rea de polticas foi o estudo para a baixa decarbono. Segundo a CNI, o Brasil um pas rico do ponto de vista da diversidade de sua

    matriz energtica, mas mesmo assim sua maior fonte de energia so as hidroeltricas. Acentralidade da energia hidroeltrica vem se tornando um problema para a indstrianacional na medida em que os custos da energia eltrica tm crescido acima da inflao,tornando a eletricidade no Brasil uma das mais caras no mundo. Por isso, a CNI fez umestudo com objetivo de aumentar o debate sobre o futuro da energia no Brasil, visandoaumentar a competitividade do produto nacional2. Os resultados recentes da alteraodas tarifas de energia no sentido de aumentar a competitividade da indstria nacionalatestam a importncia da atuao da CNI frente ao governo neste particular.

    No caso da FIESP e da FIRJAN, possvel identificar tambm novas atividades e

    rgos internos que aumentariam a capacidade analtica das organizaes empresariais.De um lado observa-se, como na FIRJAN, a criao de Conselhos Empresariais para aformulao de polticas em diversas reas que tratam de temas relevantes para aindstria, e de outro lado, como na FIESP, a criao de departamentos e reasestratgicas especializados em temas bastante contemporneos tais como energia, infra-estrutura, meio ambiente, responsabilidade social, inovao tecnolgica, recursoshdricos, relaes internacionais, poltica econmica e industrial alm de temas mais

    permanentes na esfera das relaes de trabalho, poltica social, assuntos legislativos,gesto estratgica para competitividade, e outros. Isto significa que nas federaes maisimportantes do setor industrial, aumentou tambm o grau de complexidade de suasestruturas e a criao de capacidades burocrticas para o enfrentamento dessas questes

    em termos de anlises e formulao de polticas.

    Num mesmo diapaso, mas expressando uma preocupao mais bem definida emtermos de um projeto, o IEDI trabalha com entidades que possuem interesse naindstria, em parceria com o Estado, no sentido primordial de formular e implementaruma poltica de desenvolvimento industrial que tenha como principais objetivos a

    1http://www.revistafator.com.br/ver_noticia.php?not=146583

    2 http://www.cni.org.br/portal/data/files/FF808081309A85400130AEBD59B220B0/Energia%20e%20Competitividad

    e%20na%20Era%20do%20Baixo%20Carbono.pdf

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    participao da indstria brasileira no cenrio de produo mundial da indstria e oaumento da produo de bens com maior valor agregado e contedo tecnolgico.

    Como uma entidade de orientao desenvolvimentista, em dezembro de 2010, IEDIlanou uma agenda3(Contribuies para uma Agenda de Desenvolvimento do Brasil)

    com sugestes de polticas sobre as reformas a serem implementadas em reas etemticas como: educao; infra estrutura e macroeconomia, indstria edesenvolvimento; inovao; sustentabilidade e financiamento de longo prazo.

    Apenas a ttulo de ilustrao, as tabelas a seguir resumem o contedo de todas asAnlises IEDI (que no possuem periodicidade definida) e as Cartas produzidas entre

    janeiro de 2003 e setembro de 2011. Os resultados indicam uma enorme regularidadeem termos da produo de conhecimentos ou capacidades analticas na linha em queestamos enfatizando ao longo deste trabalho. Todos os temas centrais para a indstrianuma perspectiva que se poderia denominar desenvolvimentista so contemplados tantonas Anlises quanto nas Cartas.

    Quanto s Cartas no perodo de janeiro de 2003 a setembro de 2011, o IEDI lanou, emseu site, 449 cartas focalizando indstria e poltica industrial, comrcio exterior,inovao e sustentabilidade e questes relativas ao trabalho, como se pode ver na tabelaabaixo:

    $Contribuies para uma Agenda de Desenvolvimento do Brasil

    http://retaguarda.iedi.org.br/midias/artigos/4da4d59d3157cfc9.pdf

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    O quadro acima descrito revela que, de fato, h iniciativas na direo de cumprir pelomenos duas das orientaes de polticas industriais apontadas anteriormente na anlisede Castro. At mesmo uma preocupao mais incisiva com a insero externa e oestabelecimento dos nexos entre esta e a matriz produtiva do pas objeto de

    preocupao das entidades de representao de interesses do empresariado. Contudo, oacirramento da tendncia desindustrializao e a preocupao com a competitividadeda indstria nacional impactou de maneira bastante visvel a agenda dos empresrios.

    Um rpido exame das posies do setor tal como veiculadas na imprensa ao longo do

    ano de 2012, embora no possam ser tomadas como evidncia, sugerem tendncias. Opessimismo tem sido a tnica do discurso e as reaes no revelam um esforo porpensar solues de longo prazo. Sobretudo no figura neste discurso, a preocupaocom a definio de uma viso que projete o pas adiante, a terceira das orientaes deCastro. A despeito de um quadro geral no qual duas das demandas tradicionais doempresariado vinham sendo contempladas pela poltica econmica do governo adesvalorizao cambial e a reduo da taxa de juros4 ainda prevalecia a insistncia nareduo da carga tributria como um elemento central do discurso pr-competitividade:

    O presidente da Confederao Nacional da Indstria (CNI), Robson Andrade, criticou a pesada cargatributria do Brasil. O presidente da CNI cobrou da presidente Dilma Rousseff (PT) medidas para alm

    do pacote de incentivos recm-anunciados. uma demonstrao positiva ao desonerar setores daindstria, reduzir encargos trabalhistas, ampliar o crdito e estimular as exportaes. Ainda no osuficiente, mas devemos reconhecer o primeiro passo; sobretudo devemos apoiar a presidente em suaguerra aberta contra juros elevados e os absurdos spreads cobrados pelo sistema financeiro disse 5.

    E na mesma ocasio, um pacto pela competitividade invocado nos seguintes termos:

    %http://oglobo.globo.com/economia/industria-comercio-comemoram-queda-da-selic-5074385 - 30/05/2012

    &

    http://oglobo.globo.com/economia/presidente-da-cni-critica-pesada-carga-tributaria-do-brasil-4708878 - 22/04/2012

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    Assim como fizeram os inconfidentes, h mais de dois sculos, imperativo que a sociedadebrasileira se una em um pacto a favor do pas trabalhadores, empresrios, o governo e o poderlegislativo, conclamou o presidente da CNI, principal orador da cerimnia promovida pelo governo deMinas Gerais, funo que coube pela primeira vez a um empresrio. Andrade, que criticou a alta cargatributria do Brasil, reclamando dos custos que asfixiam a produo e da desindustrializao do pas,enfatizou que a indstria brasileira paga o dobro da tarifa de energia eltrica cobrada nos EstadosUnidos, Coreia do Sul e Alemanha, quatro vezes mais do que nos Estados Unidos pelo gs natural, 11

    pontos percentuais acima dos encargos previdencirios do Mxico, Argentina e quatro outros pases.Acrescentou que o custo financeiro da indstria brasileira 7,3 vezes maior do que o das empresasinstaladas em pases desenvolvidos6.

    Em resumo, conquanto a declinante taxa de juros fosse bem recebida, a tnica dasdeclaraes que aparecem na imprensa no primeiro semestre de 2012, tanto por parte do

    presidente da CNI, quanto por parte do presidente da FIESP continuou sendo anecessidade de uma ainda maior reduo desta e dos custos de produo em geral7.

    Em junho de 2012, a imprensa noticia que o ICEI (ndice de Confiana do EmpresrioIndustrial) tinha cado aos seus mais baixos nveis:

    Os dados reforam desnimo j apontado pelo indicador de confiana da indstria quetambm foi divulgado hoje pela FGV (Fundao Getlio Vargas). De acordo com estainstituio, o ndice de Confiana da Indstria recuou 0,5% em junho na comparao com oms anterior interrompendo uma sequencia de seis pequenos avanos registrados desdedezembro do ano passado. O ndice foi de 103,4 pontos para 102,9 pontos 8.

    No ms seguinte, vm a pblico as primeiras constataes acerca de uma real retraoda atividade industrial, atravs da divulgao da sondagem da CNI, fato que refora o

    clima geral de insegurana e incerteza. O fato vem agravado de uma percepo tambm,j h algum tempo difundida, acerca da impossibilidade de se manter um modelo decrescimento baseado no consumo dos setores mdios:

    A atividade industrial voltou a recuar em junho, aps ter apresentado uma pequena recuperao noms anterior, mostram dados da CNI (Confederao Nacional da Indstria) O ndice que mede aatividade do setor recuou de 51,6 em maio para 45,5 no ms passado. Nmeros abaixo de 50 pontosindicam retrao. No primeiro semestre de 2012, o indicador apontou queda na atividade em quatromeses.

    A pesquisa da CNI divulgada mostrou piora no emprego industrial. O ndice de evoluo do nmero deempregados caiu de 49,5 pontos em maro para 47,2 pontos em junho, sinalizando que houve novaretrao na quantidade de pessoas trabalhando no setor.

    'http://oglobo.globo.com/economia/presidente-da-cni-propoe-pacto-pela-competitividade-4708921 - 22/04/2012

    (http://oglobo.globo.com/economia/industria-comercio-comemoram-queda-da-selic-5074385 - 30/05/2012

    http://oglobo.globo.com/economia/empresarios-sindicatos-elogiam-corte-na-selic-5074804 - 30/05/2012

    http://oglobo.globo.com/economia/juros-em-novo-patamar-historico-5452071#ixzz21mG6x1SX - 11/07/2012

    )http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1107487-confianca-dos-empresarios-cai-ao-menor-nivel-do-ano-em-

    junho.shtml - 20/06/2012

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    Alm dos problemas que a indstria j enfrentava no ano passado -- como forte concorrncia comimportados e dificuldades para expandir as exportaes devido crise externa --, o setor passou a sentir oimpacto da desacelerao do consumo interno.9

    Ainda no ms de julho, a imprensa destacava declarao do presidente do BNDES,considerado, juntamente com o ministro da Fazenda, os reais interlocutores do governo

    Dilma com o empresariado, na qual se afirmava que o pessimismo era prejudicial nosentido de uma retomada da atividade industrial, embora fosse importante que o nombito do Estado tivesse se formado um consenso acerca dos resultados negativos dasobrevalorizao da moeda, uma das principais bandeiras de luta da classe:

    Eu fui solitrio neste processo e acho que, depois, hoje, isso virou. Aquele sentimento meu, que erasolitrio, virou um sentimento de todos. O que me deixa muito feliz, porque finalmente acho quesociedade brasileira e o empresariado brasileiro comeam a compreender porque to relevante ter umaindstria forte e competitiva. Porque a indstria essencial hoje em nossa sociedade, no tanto paragerar empregos, porque a indstria cada vez mais eficiente vai para padres de automao mais

    profundos, mas porque, nos servios pr e ps-manufatura, ela cria empregos de alta qualificao. 10

    O tom pessimista e, at certo ponto, alarmista frente s possibilidades de recuperaocontinuou ao longo do semestre, com preocupao acerca da taxa de crescimento para o

    prximo ano e a constatao de que seriam necessrias mais medidas de estmulo demanda, atravs de polticas de concesso iniciativa privada11. O presidente da CNIrenova a sua preocupao, contestando a viso de economistas que afirmavam umatendncia recuperao:

    "No estamos vendo nada que indique que a indstria ter retomado no segundo semestre. Os

    economistas falam isso, mas ns no vemos", disse. "No tem otimismo na indstria em relao aosprximos meses.12"

    Houve poucas menes que revelassem uma preocupao com a dimenso regionalcomo fator estratgico para o aumento da competitividade, indicando uma falta de visoquanto importncia de um movimento de cooperao e maior integrao regionalcomo uma possvel sada:

    *http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1124986-atividade-e-emprego-industrial-recuam-em-junho-aponta-

    sondagem-da-cni.shtml - 24/07/2012

    !+http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1116716-pessimismo-empresarial-trava-retomada-diz-presidente-do-

    bndes.shtml - 07/07/2012

    !!http://www1.folha.uol.com.br/poder/1123229-para-empresarios-retomada-economica-ficou-para-ano-que-

    vem.shtml - 20/07/2012

    !#

    http://www1.folha.uol.com.br/poder/1123351-industria-segue-com-estoques-elevados-diz-cni.shtml - 20/07/2012

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    A ltima sondagem da Confederao Nacional da Indstria (CNI) mostra como as empresas brasileirastm alta dependncia do mercado argentino. Na mdia setorial, a Argentina representa 28% das vendas,mas atinge valores acima de 40% para nibus e caminhes, txtil, vesturio e fiao, produtos diversos equmicos.A indstria brasileira tem um conjunto de demandas que apresentou ao governo para facilitaras exportaes. Entre elas, linhas de financiamento com prazos mais longos aos exportadores e a

    possibilidade de facilitar o chamado sistema de moeda local, que permite aos dois pases exportar em

    real e em peso para no pressionar as contas em dlar13

    .

    A outra notcia nesta direo foi a propsito do artigo do presidente da FIESP no ValorEconmico intitulado A hora e a vez da Amrica do Sul no qual prope um pacote

    para investimentos em infra-estrutura na regio, um elemento de central importncia nadinmica de gerao de espaos continentais para a expanso econmica14.

    5. Concluses

    A questo da formao de coalizes de apoio a uma plataforma de desenvolvimentoabre um amplo numero de questes: os atores estratgicos que formam o bloco de

    poder, a motivao dos atores para aderir ou rejeitar a plataforma desenvolvimentista, omodo em que a existncia de instituies de articulao estratgica impacta na formaode uma coalizo de desenvolvimento, a relao entre atores predominantes e burocracia,o modo de formulao da agenda pblica, entre outros. Mesmo sendo difcil definirquais as polticas que levam ao desenvolvimento, sendo que as solues nem sempreso clarividentes para as elites em posies decisrias, pode-se afirmar que os pasesque menos avanaram nas reformas estruturais so aqueles que conservaram maioresgraus de liberdade para implementar uma agenda neo-desenvolvimentista e que foramrelutantes em copiar modelos a partir uma doutrina ecumnica, seguindo caminhos

    prprios. Esta , em suma, a natureza da agenda ps-neoliberal na direo de um novoprojeto de desenvolvimento.

    Nos ltimos quarenta anos os estudos sobre desenvolvimento foram marcados por duasgrandes transies. Os anos 1990 marcaram o ocaso do pensamento desenvolvimentistae a emergncia e consolidao do pensamento neoclssico, respaldado por comunidadesepistmicas, governos, setores financeiros, uma parte da academia e a imprensa. Oneoliberalismo procurou se conformar em pensamento ecumnico, na tentativa deexpressar um nico modelo de capitalismo eficiente. A chegada ao poder de coalizesde base trabalhista, em parte produto do grande fracasso do modelo neoliberal, tanto porsuas pobres taxas de crescimento, como pelos efeitos sociais adversos das polticasimplementadas, significou a rejeio do neoliberalismo e a busca por gerar novosmodelos de desenvolvimento. Os caminhos que se delineiam para a retomada docrescimento se situariam na definio de um modelo de desenvolvimento quecombinaria elementos de trajetrias, recuperando o papel protagonista do Estado que

    !$http://oglobo.globo.com/economia/brasil-quer-destravar-comercio-com-argentina-importando-mais-do-pais-

    vizinho-5271111 - 21/06/2012

    !%http://www2.fiesp.com.br/noticias/paulo-skaf-a-hora-e-a-vez-da-america-do-sul/ - 24/04/2012

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    remonta ao perodo desenvolvimentista mas, ao mesmo tempo, incorporando algunselementos do modelo instaurado pelo processo das reformas de mercado.

    A discusso sobre o novo-desenvolvimentismo (Bresser, 2005, 2006, 2009; Sics,Paula e Michel, 2005; Boschi & Gaitn, 2008) abre uma serie de questes que foram

    relegadas pela retrica neoliberal, entre as quais merecem ser salientados o papel doEstado, a relao com o mercado, a conformao da agenda pblica para lograrcrescimento sustentvel, o papel das instituies polticas e do governo e,fundamentalmente, a importncia da mudana institucional. O Estado recuperadocomo o ator chave para a gerao de uma dinmica de desenvolvimento. No intento deabordar a dinmica de funcionamento do aparelho estatal, necessrio analis-lo comoum conjunto de estruturas, atores e procedimentos no contexto do modo de produocapitalista. Definido desta forma, o campo estatal se apresenta como uma arena deconflito, pautada pelos grupos de interesse do capital e do trabalho, dos atores coletivosno interior e ao redor do aparato estatal e pela maneira pela qual se definem as metas,estratgias e meios para se alcanar o crescimento e o desenvolvimento.

    Ainda que uma parte dos estudos sobre o novo-desenvolvimentismo restrinja a anlise questo econmica, assumimos que a possibilidade de se consolidar uma plataformadesenvolvimentista apresenta relao direta com a formao de coalizes de apoio a um

    projeto de desenvolvimento nacional. Alis, assumimos como hiptese que odesenvolvimento s possvel com a existncia de lideranas que estabeleam umbloco histrico que seja eficiente no s em formar uma agenda desenvolvimentista,mas, tambm, em bloquear potenciais oposies de atores estratgicos com propostasalternativas. A eventual formulao de um projeto nacional de desenvolvimento, cadavez mais fundamental no capitalismo mundial em redefinio, depende estreitamente decoalizes de apoio domsticas que internalizam novas metas e vises comuns. A

    possibilidade de mudar uma trajetria viciosa depende da existncia de uma coalizoampla de apoio a um projeto ps-neoliberal, envolvendo as elites dos camposeconmico (empresrios e trabalhadores), poltico e social. Como salientado porGourevitch (1986) em seu estudo clssico sobre a relao entre circulao de idias,coalizes de apoio e instrumentos de poltica econmica, os perodos de crise abremcaminho para a inovao, a mudana de paradigmas e a adoo de novos instrumentosde poltica econmica. Gourevitch afirma que as crises cclicas do capitalismo gerammudanas nas polticas econmicas e que a natureza da atuao do Estado vai dependerde escolhas do governo e da possibilidade de se conformar um modelo dominante. Ascrises seriam mais propcias a gerar mudanas de trajetria, a depender da formao decoalizes de apoio s novas polticas.

    H mltiplas alternativas e atores envolvidos no processo de formulao eimplementao de polticas pblicas. Sendo assim, parece necessrio que o aparelho deEstado internalize uma orientao desenvolvimentista em seu funcionamento cotidiano.Isto tanto mais importante levando em conta a existncia de projetos alternativos que

    podem tentar obstaculizar as medidas do governo. As polticas de desenvolvimentotero apoio e oposies, derivados dos efeitos de sua implementao. O dilema complexo, trata-se no apenas de consolidar uma coalizo de governo que envolvaatores estratgicos em torno de um ncleo mais ou menos definido de polticas para odesenvolvimento, mas tambm de lograr obstaculizar projetos alternativos. Acapacidade do sistema poltico para fazer frente s situaes de atrito uma questo

    central. A formao de uma coalizo de apoio, consenso sobre um ncleo programticoe capacidade de implementao so elementos necessrios para se consolidar uma

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    estratgia de desenvolvimento. Como analisado em estudo focalizando as elitesestratgicas do Estado (Diniz & Boschi, 2011), no se pode ainda constatar aformulao de um projeto claro por parte de tais elites, tanto no plano da percepoacerca do contedos das polticas pblicas, quanto no mbito efetivo da coordenaoentre diferentes polticas que conferiram uma nova dinmica ao capitalismo brasileiro.

    Se de fato a prioridade conferida poltica social abriu uma janela de oportunidadespara um modelo calcado na incluso e no consumo de uma nova classe mdia e nomercado interno a partir dos governos do PT, ainda faltaria a definio de metascoerentes de mais longo prazo que pudessem ser complementares a tal perspectiva.

    No campo parlamentar, como analisado por Boschi (2009), tambm ocorrem percepesbastante diferenciadas quanto ao modelo de desenvolvimento no Brasil ao longo dadicotomia intervencionismo estatal vs. mercado, tomando-se por base os resultados deum survey levado a cabo em 2008. Embora comparativamente a pases como Chile eArgentina o Brasil apresente uma posio mais favorvel a certas modalidades deintervencionismo estatal, naquela altura o favorecimento a uma perspectiva de mercado

    ainda era em torno de 43%. possvel que esta percepo j tenha se alterado numadireo mais receptiva a um projeto capitaneado pelo Estado, mas ainda assim, aimpresso a de que os debates no mbito parlamentar revelam pouca preocupao coma dimenso de pas, tal como discutida no presente texto.

    bem verdade, neste sentido, que o novo desenvolvimentismo contemporneo,enquanto comparado s formulaes estruturalistas clssicas do perodo ISI, tenderia aser mais reativo e experimental, com a formulao de um iderio resultante das aes degoverno como resposta ao fracasso das polticas neoliberais. Em contraste com a

    perspectiva anterior, cujas formulaes orientavam as atuaes de governo, neste casotende a imperar um processo mais errtico de polticas ao sabor de uma reflexo de

    cunho igualmente mais conjuntural. Por outro lado, nem todas as formulaesapresentam uma agenda que contemple um leque mais amplo de interesses de diferentessegmentos sociais. Por vezes, tem-se a impresso de que a discusso e os projetosexpressam mais de perto uma agenda especfica do empresariado industrial (Bresser,2009), deixando de lado a perspectiva do segmento do trabalho, para no falar no

    prprio segmento do agro-negcio. Este ltimo colocado no centro de uma polmicarelativa ao retorno de um modelo de exportaes de produtos primrios, mas ao mesmotempo central, no apenas por conta da produtividade e do contedo de inovaes dosetor agrcola, mas tambm do ponto de vista estratgico a longo prazo, articulando os

    planos interno e externo.

    O desenvolvimento como um projeto nacional deve, assim, contar com a participaodos diversos atores sociais (empresrios, trabalhadores, polticos, tcnicos do governo).Nesse sentido, trata-se de recuperar a idia de projeto nacional, agregando tambm adimenso regional. Assim como a bibliografia ressalta, analisando as experinciashistricas, que no se observam casos de desenvolvimento sem papel ativo do Estado(Stiglitz, 1998; Rodrik, 2005), nenhum pas se desenvolveu tambm sem um projetoclaro de expresso de sentimento de nao (Bresser, 2005; 2006). A viabilidade deestratgias de desenvolvimento se vincula construo de um projeto nacional, sem quenecessariamente isso signifique nacionalismo, em seu sentido clssico. Na realidade,nacional se refere, em primeiro lugar, a um projeto que conte com o consenso deatores representativos e, por outro lado, que seja capaz de superar certas barreiras e

    projetar o pas num patamar superior em funo das inmeras oportunidades que seabrem. Esta ltima uma dimenso que ainda falta em termos de rumo e que depender

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    do ritmo da circulao das idias, da sua absoro por diferentes atores e da suadefinio pelas instituies do Estado.

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    *O presente texto reproduz alguns trechos inditos escritos em conjunto com FlvioGaitn para outros fins.

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