renan lucas ganassini

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA RENAN LUCAS GANASSINI O GERENCIAMENTO DE PROJETOS SOB A ÓTICA DA DINÂMICA DE SISTEMAS: O CASO DE UMA USINA SOLAR FOTOVOLTAICA. Florianópolis, SC 2019

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Page 1: RENAN LUCAS GANASSINI

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

RENAN LUCAS GANASSINI

O GERENCIAMENTO DE PROJETOS SOB A ÓTICA DA DINÂMICA DE

SISTEMAS: O CASO DE UMA USINA SOLAR FOTOVOLTAICA.

Florianópolis, SC

2019

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RENAN LUCAS GANASSINI

O GERENCIAMENTO DE PROJETOS SOB A ÓTICA DA DINÂMICA DE

SISTEMAS: O CASO DE UMA USINA SOLAR FOTOVOLTAICA.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de

Engenharia de Produção Elétrica, Centro Tecnológico da

Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito parcial

para a Obtenção do grau de Bacharel em Engenharia de

Produção Elétrica.

Florianópolis, SC

2019

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RENAN LUCAS GANASSINI

O GERENCIAMENTO DE PROJETOS SOB A ÓTICA DA DINÂMICA DE

SISTEMAS: O CASO DE UMA USINA SOLAR FOTOVOLTAICA.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de

Engenharia de Produção Elétrica, Centro Tecnológico da

Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito parcial

para a Obtenção do grau de Bacharel em Engenharia de

Produção Elétrica.

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Dedico este trabalho a minha mãe, dona Ieda

pelo apoio incondicional em todos os momentos que

foram necessários e que, mesmo estando longe,

nunca deixou de fazer parte dessa trajetória.

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Page 9: RENAN LUCAS GANASSINI

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que fizeram parte dessa longa trajetória, em especial aos

amigos Maurício Nesello, Leonardo Darli e Leonardo Giacomini os quais tive o prazer

de dividir uma casa por alguns anos e que foram, junto comigo, os pais da Linda.

Também, dois caras com quem tive o prazer de dividir apartamento por alguns

meses e que me proporcionaram uma visão diferente do que é compartilhar as coisas,

do que é viver, ou tentar, viver em harmonia. Leonardo Costa e Guilherme Schowantz,

meus budas preferidos.

Y, por último, pero tan importante cuanto los otros, a mi principal colega del

intercambio, Giampaolo Solami, con lo cual tuve el placer de compartir momentos de

aprendizaje y discusiones sobre muchos temas tal cuales sistemas de energía,

energías renovables y también sobre los ensañamientos del Mr. Thenx.

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“Quando a educação não é libertadora, o

sonho do oprimido é ser o opressor." (Paulo Freire)

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RESUMO

Já há algum tempo a energia solar fotovoltaica vem se mostrando uma alternativa

completamente válida para a diversificação da matriz energética mundial. Somada a

constante evolução tecnológica, os sistemas de geração de energia através de painéis

fotovoltaicos, sejam eles distribuídos ou concentrado em plantas extensas, estão

mudando a forma como enfrentamos as mudanças climáticas e possibilitando a

construção de uma base sólida no que diz respeito a utilização de fontes renováveis

para geração de energia elétrica. Contudo, em grande projetos de plantas solares,

assim como em grandes projetos de construção em geral, são evidenciados

problemas de execução envolvendo a tríade custo, prazo e escopo. Tais variáveis,

fundamentais para a consolidação e execução com sucesso de um projeto devem ser

mensuradas e controladas durante toda a fase de execução do mesmo sendo assim

necessária a utilização de ferramentas que facilitem e, sempre que possível,

antecipem qualquer necessidade de alteração que venha a interferir nesses três

pilares. Assim, o objetivo deste trabalho é analisar os efeitos que possíveis

perturbações possam causar no andamento de um projeto específico: a construção

de uma planta solar fotovoltaica com 223MW de potência instalada. Para isto

construiu-se um modelo de simulação sob a ótica da dinâmica de sistemas que

possibilita emular o comportamento do projeto em questão desde a parte da

contratação de mão-de-obra até a execução de uma parte do total das atividades que

serão postas em prática. O modelo incorpora as decisões que precisam ser tomadas

pelo gestor no momento de uma contratação, introduz a transição, a nível de

produtividade na execução das tarefas, de empregados novos para empregados

experientes bem como a demissão destes após a conclusão das atividades e

consequente finalização do projeto. O modelo ainda simula os atrasos causados por

perturbações que geralmente são apresentadas como: problemas com entregas de

fornecedores fora do prazo, baixa produtividade e retrabalhos em geral.

Palavras-chave: Energia Solar Fotovoltaica, Gerenciamento de Projetos, Dinâmica de

Sistemas.

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ABSTRACT

For some time, solar photovoltaic energy has been proving to be a completely valid

alternative for the diversification of the global energy matrix. Adding to the constant

technological evolution, photovoltaic power generation systems, whether distributed or

concentrated in large plants, are changing the way we deal with climate change and

making it possible to build a solid foundation for the use of renewable sources for

electricity generation. However, in large solar plant projects, as well as large

construction projects in general, implementation problems involving the triad cost, time

and scope are evidenced. These variables, which are fundamental for the successful

consolidation and execution of a project, must be measured and controlled throughout

the project execution phase, thus requiring the use of tools that facilitate and, whenever

possible, anticipate any need for changes that may interfere in these three pillars.

Thus, the objective of this paper is to analyze the effects that possible disturbances

may have on the progress of a specific project: the construction of a 223MW installed

solar photovoltaic plant. For this purpose, a simulation model was built from the

perspective of system dynamics that makes it possible to emulate the behavior of the

project from the part of hiring labor to the execution of a part of the total of the activities

that will be executed. The model incorporates the decisions that need to be made by

the manager at the time of hiring, introduces the transition, at the point of view of

productivity, from new employees to experienced employees as well as their dismissal

after the completion of activities and consequent completion of the job. The model also

simulates delays caused by disruptions that are often presented as: problems with late

delivery of suppliers, low productivity, and overall rework.

Keywords: Solar Energy, Project Management, System Dynamics.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Radiação solar global diária, média anual ............................................... 29

Figura 2 - Insolação diária, média anual.................................................................. 30

Figura 3 – Estrutura do trabalho .............................................................................. 35

Figura 4 - O sistema brasileiro de transmissão de energia elétrica em 2017 ........... 38

Figura 5 - Hierarquia da indústria de eletricidade no Brasil ..................................... 42

Figura 6 - As nove áreas de conhecimento dos processos gerenciais .................... 47

Figura 7 – Grupos de processos gerenciais ............................................................ 48

Figura 8 - Exemplo de seguimento de projeto através de um diagrama de Gantt ... 50

Figura 9 - Exemplo de seguimento de projeto através de EAP ............................... 51

Figura 10 - Problemas identificados com maior frequência na gestão de projetos .. 52

Figura 11 – O processo de modelagem e sua iteratividade ..................................... 55

Figura 12 – Os quatro elementos da DS ................................................................. 57

Figura 13 - Relação causal entre variáveis de uma população ............................... 58

Figura 14 - Exemplo de loop causal da população de uma determinada espécie ... 59

Figura 15 - Diagrama de estoques e fluxos ............................................................. 61

Figura 16 - Exemplo de feedback loop .................................................................... 63

Figura 17 - Diferentes fluxos de saída em relação à uma entrada........................... 65

Figura 18 - a. Crescimento exponencial. b. Decaimento exponencial ..................... 66

Figura 19 - Comportamento do crescimento populacional ...................................... 67

Figura 20 - a. Convergência para valor de referência aumentando a quantidade de

pessoal efetivo. b. Convergência para valor de referência diminuindo a quantidade de

pessoal efetivo ........................................................................................................ 68

Figura 21 - Oscilação em torno de um valor de referência ...................................... 69

Figura 22 - Visão do projeto pela Dinâmica de Sistemas ........................................ 71

Figura 24 - Criação de novos postos de trabalho .................................................... 82

Figura 25 - Contratação, transição e demissão de empregados ............................. 83

Figura 26 - Relação entre as produtividades de empregados novos e experientes . 84

Figura 27 - O Subsistema para o fluxo de atividades e o retrabalho ....................... 85

Figura 28 - Fator de carga para o retrabalho encontrado no decorrer do projeto .... 87

Figura 29 - Equipe total e alocação de mão de obra ............................................... 88

Figura 30 - Estoques de atividades originais e retrabalhos ..................................... 89

Figura 31 - Bloco responsável pelo acompanhamento real do andamento do projeto

................................................................................................................................ 90

Figura 32 - Atividades do caso 1 ............................................................................. 92

Figura 33 - Atividades do caso 2 ........................................................................... 102

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Evolução da capacidade instalada de energia solar fotovoltaica no mundo

................................................................................................................................ 26

Gráfico 2 - Evolução dos preços da energia solar fotovoltaica em USD/W.............. 26

Gráfico 3 - Consumo de energia por fontes no Brasil em 2016 ............................... 27

Gráfico 4 - Composição da atual matriz energética brasileira em 2018 ................... 28

Gráfico 5 - Cravação de hincas ............................................................................... 93

Gráfico 6 - Montagem de trackers ........................................................................... 94

Gráfico 7 - Montagem dos painéis fotovoltaicos ...................................................... 96

Gráfico 8 - Interligação elétrica do painéis solares fotovoltaicos ............................. 97

Gráfico 9 - Efetivo total empregado na atividade de cravação de hincas ................ 99

Gráfico 10 - Produtividade média - Cravação de hincas .......................................... 99

Gráfico 11 - Efetivo planejado x efetivo necessário ............................................... 100

Gráfico 12 - Instalação de cabos com secção transversal de 95mm2 ................... 103

Gráfico 13 - Abertura de valas e lançamento de cabos com secção transversal de

400mm2 ................................................................................................................ 104

Gráfico 14 - Instalação de String Combiner Box .................................................... 106

Gráfico 15 - Instalação das Power Station ............................................................ 108

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Característica fundamentais para a criação de um modelo gerencial usando

Dinâmica de Sistemas ............................................................................................ 72

Tabela 2 - Variáveis consideradas no modelo de gerenciamento de recursos humanos

................................................................................................................................ 80

Tabela 3 - Variáveis consideradas no subsistema de fluxo de atividades e retrabalho

................................................................................................................................ 86

Tabela 4 - Cravação de hincas ............................................................................... 92

Tabela 5 - Montagem dos trackers .......................................................................... 94

Tabela 6 - Montagem dos painéis fotovoltaicos ....................................................... 95

Tabela 7 - Interligação elétrica dos painéis fotovoltaicos ......................................... 97

Tabela 8 - Instalação de cabos com secção transversal de 95mm2 ...................... 103

Tabela 9 - Instalação de String Combiner Box ...................................................... 105

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

PVPS Photovoltaic Power System Programme

IEA International Energy Agency

IRENA International Renewable Energy Agency

Proálcool Programa Nacional do Álcool

BEN Boletim Energético Nacional

MME Ministério de Minas e Energia

EPE Empresa de Pesquisa Energética

CEPEL Centro de Pesquisas de Energia Elétrica

SIN Sistema Interligado Nacional

ONS Operador Nacional do Sistema

CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica

ACR Ambiente de Contratação Regulada

ACL Ambiente de Contratação Livre

CCEAR Contratos de Comercialização de Energia Elétrica no Ambiente

Regulado

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

CMSE Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico

LEE Leilão de Energia Existente

LEN Leilão de Energia Nova

LER Leilão de Energia de Reserva

EER Encargo de Energia de Reserva

CCEAR-Q Contrato de Comercialização de Energia no Ambiente Regulado

por Quantidade

CCEAR-D Contrato de Comercialização de Energia no Ambiente Regulado

por Disponibilidade

MRE Mecanismo de Realocação de Energia

TUST Tarifa de Uso dos Sistemas de Transmissão

TUSD Tarifa de Uso dos Sistemas de Distribuição

CONFAZ Conselho Nacional de Política Fazendária

ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

REIDI Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da

Infraestrutura

Page 24: RENAN LUCAS GANASSINI

SUDENE Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste

SUDAM Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia

SUDECO Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste

BNDES Banco Nacional do Desenvolvimento

FNMC Fundo Nacional sobre Mudança do Clima

MMA Ministério de Meio Ambiente

CEF Recursos da Caixa Econômica Federal

CPM Critical Path Method

PERT Program Evaluation and Review Technique

EPC Energy Performance Contracting

EMC Energy Management Corporation

REPE Regime Especial de Geração de Energia Elétrica

Page 25: RENAN LUCAS GANASSINI

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 25

1.1 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA ............................................................... 30

1.2 DESCRIÇÃO DO CASO ......................................................................... 31

1.3 OBJETIVOS ........................................................................................... 32

1.4 JUSTIFICATIVA ..................................................................................... 33

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................... 34

2 O SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO ..................................................... 37

2.1 GERAÇÃO, TRANSMISSÃO, DISTRIBUIÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO 37

2.2 LEILÕES E CONTRATOS DE ENERGIA ............................................... 42

2.3 PROGRAMAS DO GOVERNO ............................................................... 44

3 O GERENCIAMENTO DE PROJETOS .................................................. 47

4 DINÂMICA DE SISTEMAS .................................................................... 55

4.1 MODELO CONCEITUAL ........................................................................ 58

4.2 MODELO DE ESTOQUES E FLUXOS ................................................... 59

4.3 DESCRIÇÃO DOS COMPONENTES DO MODELO .............................. 62

4.4 A DINÂMICA DE SISTEMAS E O GERENCIAMENTO DE PROJETOS 69

5 METODOLOGIA .................................................................................... 73

5.1 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO .................................................... 73

5.2 DEFINIÇÃO DA HIPÓTESE DINÂMICA ................................................. 73

5.3 TESTES DE CONFIABILIDADE E VALIDAÇÃO .................................... 74

5.4 AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS .................................................................. 74

6 CONSTRUÇÃO DO MODELO DE SIMULAÇÃO ................................... 77

6.1 O GERENCIAMENTO DE RECURSOS HUMANOS .............................. 77

6.2 O FLUXO DE ATIVIDADES E O RETRABALHO.................................... 84

7 SIMULAÇÕES DOS CENÁRIOS E DISCUSSÃO .................................. 91

7.1 CASO 1 .................................................................................................. 91

7.2 CASO 2 ................................................................................................ 101

8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES............................................... 111

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 113

APÊNDICE ........................................................................................................... 117

APÊNDICE A – Equações do modelo .................................................. 117

Page 26: RENAN LUCAS GANASSINI
Page 27: RENAN LUCAS GANASSINI

25

1 INTRODUÇÃO

A década de 1970 ficou marcada pela crise da indústria petroleira e por

desencadear ideias de mudança que, do ponto de vista energético, contribuíram muito

para transformar a maneira como entendemos o mundo. Junto com a crise, as ideias

de um sistema produtivo mais sustentável e a utilização de fontes de energia

renováveis trouxeram uma nova visão sobre os sistemas de produção e o consumo

de energia.

Os conceitos de geração de energia por fontes renováveis já eram conhecidos

há tempos mas esbarravam nas limitações tecnológicas as quais impediam essas

novas fontes de serem utilizadas em grande escala. Também, os altos custos de

instalações e equipamentos tornavam inviável a competição com as fontes

convencionais. Tal inércia, natural, na adoção de novas formas de geração de energia,

foi gradativamente superada e hoje contamos com tecnologias maduras o suficiente

para mantermos uma matriz energética sustentável.

De acordo com o relatório PVPS (Photovoltaic Power System Programme) de

2017, da Agência Internacional de Energia (IEA – International Energy Agency), no

final de 2016, por exemplo, a capacidade total instalada em sistemas de energia

fotovoltaica no mundo era de aproximadamente 303 GWp. Capacidade essa que vem

crescendo exponencialmente desde 2003, como pode ser verificado no gráfico 1.

Anualmente, nesse período, identifica-se uma taxa de crescimento da potência

instalada de aproximadamente 41%.

Page 28: RENAN LUCAS GANASSINI

26

Gráfico 1 - Evolução da capacidade instalada de energia solar fotovoltaica no mundo

Fonte: PVPS... (2017)

Uma das justificativas para o aumento expressivo na capacidade instalada de

sistemas solares fotovoltaicos é a diminuição considerável dos preços dos

equipamentos e a constante evolução da tecnologia culminando num maior

aproveitamento da energia solar por parte dos painéis. Segundo o relatório

Renewable Power Generation Costs de 2014 da Agência Internacional de Energia

Renovável (IRENA), os preços dos painéis fotovoltaicos caíram em aproximadamente

75% no período compreendido entre 2009 e 2014 chegando a 0,5 USD/W para

algumas tecnologias. O gráfico 2 apresenta as curvas dos preços para as tecnologias

de silício cristalino e filme fino nesse período.

Gráfico 2 - Evolução dos preços da energia solar fotovoltaica em USD/W

Fonte: RENEWABLE... (2015)

Page 29: RENAN LUCAS GANASSINI

27

No caso brasileiro, de acordo com o Boletim Energético Nacional (BEN), em

2016 o consumo de energia de fontes renováveis representou pouco mais de 42% do

consumo total. No estudo feito pelo Ministério de Minas e Energia (MME) juntamente

com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), as fontes foram divididas em

renováveis: derivados de cana de açúcar, hidráulicas, lenha e carvão vegetal e outras

(eólica, solar e biogás); e não renováveis: gás natural, carvão mineral, petróleo e

urânio.

Gráfico 3 - Consumo de energia por fontes no Brasil em 2016

Fonte: Adaptado de MME - Balanço... (2017, p. 27)

Do ponto de vista de geração, a situação apresentada atualmente é

animadora, apesar da crise que o país atravessa neste momento. Investimentos estão

sendo feitos e os leilões para concessão de novas plantas solares voltaram a ser

realizados após quase dois anos de pausa. O leilão 001/2018 por exemplo da Agência

Nacional de Energia Elétrica ANEEL, permitiu a contração de 806,6 MW de fontes

fotovoltaicas, 114,4 MW de fontes eólicas, 61,8MW de bagaço de cana e 41,7MW de

fontes hidráulicas (ANEEL..., 2018, p. 1). Isso representa uma injeção de potência de

Der. Cana de açúcar15,4%

Hidráulica13,8%

Lenha e Carvão veg.9,1%

Outras4,1%

Gás natural11,5%

Carvão mineral5,4%

Petróleo39,2%

Urânio1,5%

Renováveis (42,4%) Não Renováveis (57,6%)

Page 30: RENAN LUCAS GANASSINI

28

pouco mais de 1,02GW de fontes renováveis para entrada em operação comercial a

partir de janeiro de 2021.

O gráfico 4 apresenta a composição atual da matriz energética nacional. Como

se pode observar, a presença da fonte fotovoltaica na composição do cenário atual de

geração de energia elétrica, ainda é tímida. Com aproximadamente 1.27GW de

potência instalada, representa apenas 0,8% do total (ANEEL..., 2018). Muitos são os

fatores que justificam a falta de investimentos nessa área, dos quais podemos citar os

altos custos de equipamentos, uma vez que boa parte deles tem origem internacional

e o atraso do governo federal em fomentar políticas que incentivassem a utilização e

o desenvolvimento dessa tecnologia.

Gráfico 4 - Composição da atual matriz energética brasileira em 2018

Fonte: Adaptado de ANEEL... (2018)

Tal situação contrasta com o potencial de geração existente em nosso país. O

primeiro estudo sólido realizado para avaliar as condições e comportamento da

irradiação solar no território brasileiro foi o Atlas Solarimétrico do Brasil, publicado em

2000 sob responsabilidade do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica –

CEPEL/ELETROBRÁS. Tal atlas teve por objetivo atualizar e aprimorar a base de

dados sobre o recurso solar de maneira a incentivar estudos e também nortear os

investimentos no setor. O Atlas Solarimétrico do Brasil consiste basicamente num

mapeamento da quantidade de irradiação por metro quadrado que incide na superfície

Page 31: RENAN LUCAS GANASSINI

29

terrestre brasileira e também o número de horas de insolação diária verificada nessa

mesma área. Essas duas informações juntas são suficientes para dar uma ideia geral

do potencial de geração de uma determinada região. No caso brasileiro, como pode-

se verificar nas figuras 1 e 2 a seguir, as regiões com maior potencial de geração de

energia solar fotovoltaica, devido a uma maior incidência de raios solares e também

maior número de horas diárias com exposição solar, se encontram na parte Centro

Oeste e Nordeste do país (CEPEL/ELETROBRAS, 2000).

Figura 1 - Radiação solar global diária, média anual

Fonte: CEPEL/ELETROBRAS (2000)

Page 32: RENAN LUCAS GANASSINI

30

Figura 2 - Insolação diária, média anual

Fonte: CEPEL/ELETROBRAS (2000)

1.1 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA

De acordo com (RODRIGUES; BOWERS, 1996) o gerenciamento de projetos

feito através da modelagem tradicional possui forte fundamentação na divisão do

trabalho do projeto em elementos, ou seja, em atividades. Essa atividades, segundo

os mesmos autores, podem ser representadas individualmente quanto a duração,

custo ou recursos exigidos com base na prévia experiência do gerente do projeto.

Seguindo a lógica da modelagem tradicional, os projetos que são constituídos

por redes destes elementos, terão seus parâmetros estimados através do cálculo dos

parâmetros individuais de cada elemento que os constitui. É dizer que a análise

individual dos parâmetros das atividades que compõem um projeto irá determinar o

comportamento do projeto como um todo.

Ainda segundo (Rodrigues; Bowers, 1996), "embora a estimativa de cada

elemento constituinte de um projeto possa ser muito precisa individualmente, uma das

preocupações sobre a lógica da modelagem tradicional é a de que a reconstrução do

projeto por meio de seus elementos possa ignorar influências e relações de

Page 33: RENAN LUCAS GANASSINI

31

interdependências importantes entre os elementos: o todo pode ser muito maior que

a soma das partes".

Tendo em vista as dificuldades apresentadas pela modelagem tradicional tais

como custos adicionais e atrasos no cronograma do projeto, (Sterman, 2000) sugere

a aplicação da Dinâmica de Sistemas no gerenciamento de projetos de modo a

complementar a abordagem tida pelas ferramentas tradicionais e classificando os

sistemas como dinâmicos e complexos considerando como fundamentais as análises

entre as interações e as atividades.

O emprego da Dinâmica de Sistemas junto ao Gerenciamento de projetos visa,

no presente trabalho, buscar uma maneira de mitigar ou até mesmo extinguir os

efeitos de problemas recorrentes em um projeto de construção, tais como atrasos em

entregas de materiais, baixa produtividade decorrente de má gestão de pessoal,

retrabalhos sabidos e retrabalhos ocultos ou ainda falhas na construção próprio

cronograma do projeto as quais poderão ser evidenciadas através das simulações do

modelo criado.

1.2 DESCRIÇÃO DO CASO

O projeto estudado é uma planta solar fotovoltaica com 223MW de potência

instalada composta por mais de 630 mil painéis solares fotovoltaicos e

aproximadamente 450 hectares de área construída, algo em torno de 450 campos de

futebol. Em sua concepção, em março de 2018, esta obra era a terceira maior planta

solar fotovoltaica a ser instalada em território brasileiro. Hoje esse feito já foi superado

por outros empreendimentos, o que não o exime das dificuldade técnicas e logísticas

de se construir algo tão grande em uma região de difícil acesso como é o sertão do

Piauí na região Nordeste do Brasil.

O período total entre o início e o fim do projeto está estimado em 2 anos,

estando agora, no momento em que este trabalho foi escrito, em sua fase final,

faltando somente algumas interligações elétricas e testes antes da energização

completa da planta e posterior conexão com a rede elétrica de transmissão que levará

a energia gerada até uma subestação do Governo Federal localizada distante 15 km

do empreendimento.

Com efetivo máximo registrado de 527 pessoas, entre engenheiros, técnicos,

eletricistas, pedreiros, marceneiros e demais profissionais relacionados, o projeto

movimenta a economia da cidade de São João do Piauí gerando emprego e renda

Page 34: RENAN LUCAS GANASSINI

32

para a população local, já que essa é uma das premissas para a execução da obra:

que no mínimo 70% da mão de obra contratada seja da cidade ou arredores.

O empreendimento é do tipo EPC (Engeneering-Procurement-Construction)

"chave em mão" o qual foi vencido na modalidade leilão (Leilão de Energia Nova LEN

001/2018) pela empresa nacional Celeo Redes e que será construído pela

multinacional Elecnor do Brasil LTDA. Nesse tipo de projeto, o construtor é

responsável pelas etapas de engenharia, compras e construção sendo responsável

por entregar o projeto em mãos da empresa proprietária a qual fará a exploração da

planta bem como a manutenção e operação do empreendimento durante sua vida útil

que é estimada em 25 anos.

O projeto em si é constituido por três grandes áreas: civil, elétrica e estrutural.

Na parte civil está tudo o que diz respeito a terraplenagem, construção de estradas,

sistemas de captação de água das chuvas bem como a construção do próprio canteiro

de obras. A parte estrutural diz respeito a montagem de toda a estrutura que irá

suportar os painéis solares que é composta basicamente pelos seguidores solares,

ou trackers. Já a parte elétrica constitui o coração do projeto uma vez que tudo precisa

estar interconectado para que a energia gerada possa ser escoada até a subestação

de energia e em seguida levada à rede elétrica de transmissão.

Dentro deste universo ainda existe uma complicação maior: a logística de

fornecimento de material. Por se tratar de uma zona remota perdida no meio do sertão

nordestino, todo e qualquer fornecimento sofre com prazos alargados e altos custos

de transporte devido a distância dos grandes centros e dá situação precária das

rodovias que dão acesso à cidade de São João do Piauí.

1.3 OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho é estudar, através da Dinâmica de Sistemas, o

comportamento de um projeto de construção de uma planta solar fotovoltaica frente a

possíveis problemas durante a sua execução que venham a acarretar em atrasos e

mudanças de cronograma.

Por se tratar de um projeto de construção que envolve diferentes variáveis não

só construtivas, mas organizacionais e de cunho pessoal e humano, este trabalho

também irá considerar as condições de contratações e tempos envolvidos neste

processo bem como as dificuldades inerentes a tal.

Page 35: RENAN LUCAS GANASSINI

33

Com a finalidade de garantir o objetivo geral, foram construídos os seguintes

objetivos específicos:

a. Levantamento de informações referentes a execução de atividades dentro

do projeto (tempos de tarefas, produtividades reais, tipos de contratos dos

colaboradores, etc);

b. Construção de um modelo dinâmico que represente a execução de toda

parte da construção e montagem elétrica do projeto com foco na análise dos

prazos e possíveis atrasos decorrentes das mais variadas situações reais

encontradas;

c. Teste dos diferentes cenários relacionados à atrasos causados por

problemas com fornecimento de matérias primas, baixa produtividade na

execução das atividades, e retrabalhos.

d. Análise dos resultados obtidos pela execução do modelo de simulação.

1.4 JUSTIFICATIVA

A justificativa deste trabalho é proveniente da constatação de (Santos, 2006) de

que "algumas organizações ainda enfrentam dificuldades em lidar com problemas na

área de gerenciamento de projetos, apesar de todo o conhecimento científico já

desenvolvido da área desde a Segunda Grande Guerra". Os fatores majoritários que

sustentam essa afirmação são os recorrentes atrasos de cronograma e custos finais

dos projetos que, com alguma frequência, são maiores do que os valores estimados.

A recorrência de tais problemas é fruto de uma análise simples quando seria

necessário o emprego de uma análise mais estruturada, completa e com maior

entendimento das interações entre as variáveis do sistema (RODRIGUES; BOWERS,

1996).

Ainda, os mesmos autores afirmam que as relações de interdependência não

capturadas pela modelagem tradicional podem ser responsáveis pelos atrasos e

custos dos projetos acima das suas estimativas iniciais.

Para (Sterman, 2000), os projetos são sistemas complexos, que apresentam

múltiplas interdependências entre suas variáveis e que sua dinamicidade exige uma

nova abordagem que seja igualmente dinâmica e complexa como é a Dinâmica de

Sistemas.

No caso da usina solar fotovoltaica estudada, por se tratar de um projeto de

construção o qual possui início, meio e fim bem definidos, o mesmo sofre com os

Page 36: RENAN LUCAS GANASSINI

34

problemas de gerenciamento de projetos supracitados da mesma forma que projetos

de construção civil em geral. Desta maneira, tendo em vista as inter-relações

existentes entre os elementos do projeto estudado e consequentemente, sua alta

complexidade, este trabalho está firmado sobre a justificativa econômica na tentativa

de aprimorar o gerenciamento de projetos, sua gestão de cronograma e custos

utilizando técnicas da Dinâmica de Sistemas em complemento à modelagem

tradicional.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho está organizado em oito capítulos.

No capítulo 1 é apresenta a introdução ao tema a ser desenvolvido neste

trabalho bem como o panorama mundial de geração e preços da energia solar, da

matriz energética brasileira e do potencial de geração de energia solar fotovoltaica

nacional. Também, são definidos os objetivos e a justificativa deste trabalho.

Já nos capítulos 2 (o Setor Elétrico Brasileiro), 3 (o Gerenciamento de Projetos)

e 4 (a Dinâmica de Sistemas) é construída a base teórica utilizada para

o desenvolvimento do modelo de simulação. São abordados temas como a estrutura

da indústria energética brasileira, os mecanismos de leilão utilizados pelo governo

federal bem como os programas de fomento à tecnologia. Ainda, são apresentadas

revisões bibliográficas sobre o gerenciamento de projetos fundamental para a

construção deste trabalho. Finalmente, são revisados os principais laços causais

empregados na Dinâmica de Sistemas os quais serão explorados no decorrer do

texto.

No capítulo 5 definiu-se a metodologia adotada para desenvolvimento deste

estudo bem como o detalhamento e a sequência de atividades necessárias a fim de

atingir os objetivos específicos, e com isso, atender ao objetivo geral.

No capítulo 6 (Construção do Modelo de Simulação) foram utilizados os

conhecimentos apresentados nos capítulos 2, 3 e 4 como base para realização do

que foi definido na Metodologia, portanto nesse capítulo foram construídos os

modelos de simulação que serão utilizados nos diferentes cenários posteriormente

estudados.

No capítulo 7 (Simulações de Cenários e Discussões) buscou-se verificar os

modelos criados com base na prospecção de diferentes cenários e consequente

observação dos resultados obtidos.

Page 37: RENAN LUCAS GANASSINI

35

Por fim, no capítulo 8 são feitas as conclusão pertinentes extraídas da análise

dos resultados apresentados pelo modelo e sugestões para futuros trabalhos.

Figura 3 – Estrutura do trabalho

Fonte: O autor (2019)

Page 38: RENAN LUCAS GANASSINI

36

Page 39: RENAN LUCAS GANASSINI

37

2 O SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO

2.1 GERAÇÃO, TRANSMISSÃO, DISTRIBUIÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO

O Sistema Interligado Nacional (SIN) é um sistema de produção e transmissão

de energia elétrica definido como sendo hidro-termo-eólico, tendo grande

predominância de geração hidrelétrica com usinas distribuídas em dezesseis bacias

hidrográficas distribuídas pelo país. O SIN é composto por quatro subsistemas ou

submercados (Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e, recentemente, grande parte da

região Norte) interconectados por malhas de transmissão que proporciona a

transferência de energia entre eles (ONS..., 2018). A linha que divide cada

submercado é determinada por limites de intercâmbio presentes no sistema de

transmissão, ou seja, restrições elétricas no fluxo de energia entre as diversas regiões

do país.

O SIN sofreu algumas transformações nos últimos anos com a introdução de

sistemas eólicos de geração, principalmente nas regiões Sul e Nordeste. Tal

introdução reforçou a robustez do sistema dando maior segurança para o atendimento

da carga. Importante notar que as usinas geradoras com maior capacidade instalada,

sejam hidráulicas, eólicas ou solares, estão distantes dos grandes centros de

consumo, o que torna compulsória a existência de linhas de transmissão com grande

capacidade para transportar tamanhos blocos de energia. Diferentemente das usinas

maiores, as usinas térmicas estão normalmente situadas cerca dos grandes centros

consumidores, onde desempenham papel fundamental para a segurança do

suprimento de energia.

Page 40: RENAN LUCAS GANASSINI

38

Figura 4 - O sistema brasileiro de transmissão de energia elétrica em 2017

Fonte: ONS... (2018)

O Sistema Interligado Nacional é coordenado e operado pelo Operador

Nacional do Sistema (ONS), entidade de direito privado sem fins lucrativos, o qual é

responsável pelo planejamento e programação da operação, despacho centralizado

da geração, com vistas à otimização do SIN, supervisão e coordenação dos centros

de operação de sistemas elétricos, supervisão e controle da operação do SIN e das

interligações internacionais, contratação e administração de serviços de transmissão

de energia elétrica e também pelo planejamento da operação dos sistemas isolados

do país (O que é o ONS..., 2018).

Como citado anteriormente, o Sistema Interligado Nacional engloba os

segmentos de geração e transmissão de energia elétrica no Brasil. Para definir

completamente a indústria energética brasileira faz-se necessário falar sobre mais

dois segmentos: a distribuição e a comercialização de energia.

O segmento de distribuição de energia é responsável por conectar fisicamente

o sistema de transmissão, ou mesmo unidades geradoras de médio e pequeno porte,

aos consumidores finais da energia elétrica. As redes de distribuição são compostas

por linhas de alta, média e baixa tensão. Apesar de algumas transmissoras também

possuírem linhas com tensão abaixo de 230 kV, grande parte das linhas de

Page 41: RENAN LUCAS GANASSINI

39

transmissão com tensão entre 69 kV e 138 kV são de responsabilidade das empresas

de distribuição (ABRADEE,..., 2018).

As distribuidoras de energia são monopólios regionais e por isso têm a

obrigação de atender totalmente a demanda energética de seus consumidores, sob

risco de penalização caso apresentem níveis de serviço insatisfatórios. Dessa

maneira, as mesmas desenvolvem estudos para a projeção de sua demanda

energética os quais são repassados aos órgãos responsáveis pelas políticas de

expansão do sistema elétrico e também ao ONS. Tais previsões, além de servirem de

base para o planejamento da expansão do sistema elétrico, também norteiam os

leilões de energia.

Pode-se dizer que o sistema de distribuição brasileiro é um dos mais regulados

do setor elétrico. As distribuidoras, por exemplo, não podem definir seus próprios

preços de energia já que são concessionárias do serviço público de distribuição e

signatárias de contratos de concessão que preveem métodos regulatórios para o

estabelecimento de preços aos consumidores (ABRADEE,..., 2018).

Por fim, no segmento de comercialização de energia é onde ocorrem as

negociações de compra e venda de energia elétrica. Aqui atua a Câmara de

Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). O papel da CCEE é fortalecer o

ambiente de comercialização, por meio de regras e mecanismos que promovam

relações comerciais sólidas e justas para todos os segmentos (geração, distribuição

e comercialização) (CCEE..., 2018).

Nesse segmento, as relações comerciais podem ser divididas em dois grandes

grupos: Ambiente de Contratação Regulada (ACR) e Ambiente de Contratação Livre

(ACL).

A compra e venda de energia no ambiente regulado é formalizada por meio de

contratos celebrados entre os geradores e os distribuidores, que participam dos leilões

de compra e venda de energia. Os contratos deste ambiente têm regulação específica

para aspectos como preço da energia, submercado de registro do contrato e vigência

de suprimento, não passíveis de alterações bilaterais pelos agentes (CCEE..., 2018).

Tais contratos são chamados de Contratos de Comercialização de Energia Elétrica no

Ambiente Regulado (CCEAR).

Já no ambiente livre, os geradores, comercializadores, importadores e

exportadores de energia e consumidores livres e especiais têm liberdade para

negociar e estabelecer em contratos os volumes de compra e venda de energia e seus

Page 42: RENAN LUCAS GANASSINI

40

respectivos preços (CCEE..., 2018). Todos os contratos firmados nos ambientes livre

e regulado são registrados na CCEE. Essa forma de contratação foi adotada para

garantir a liberdade efetiva dos agentes que desejam negociar livremente entre si,

dando maior flexibilidade e proporcionando uma alternativa para as condições

contratuais dispostas no ambiente regulado.

No âmbito operacional, uma das principais atividades da CCEE é contabilizar

as operações de compra e venda de energia elétrica, apurando mensalmente as

diferenças entre os montantes contratados e os montantes efetivamente gerados ou

consumidos pelos agentes de mercado. Para tanto, registra os contratos firmados

entre compradores e vendedores, além de medir os montantes físicos de energia

movimentados pelos agentes (CCEE..., 2018). A CCEE também determina os débitos

e créditos desses agentes com base nas diferenças apuradas, realizando a liquidação

financeira das operações.

No que diz respeito ao consumo da energia gerada, transmitida, comercializada

e distribuída, divide-se os consumidores em duas esferas: os consumidores cativos e

os consumidores livres.

Consumidor cativo é aquele que utiliza a energia distribuída pela companhia de

distribuição de maneira compulsória. Tais consumidores, normalmente são

residenciais e estão sujeitos aos preços, tarifas e reajustes definidos pela

concessionária a qual está conectado. Já os consumidores livres são aqueles que

possuem liberdade para negociar, através de contratos bilaterais, a energia que

consomem. Tal configuração permite que sejam negociados contratos de energia em

todos os seus termos, ou seja, quantidades, preços, prazos e etc.

Para que todo esse conjunto de atores possa funcionar de maneira

sincronizada são necessários alguns mecanismos regulatórios. Para tanto, foi criada

a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), autarquia em regime especial

vinculada ao Ministério de Minas e Energia, foi criada para regular o setor elétrico

brasileiro, por meio da Lei nº 9.427/1996 e do Decreto nº 2.335/1997 (ANEEL..., 2018).

Dentre as atribuições da ANEEL, pode-se citar: Regular a geração, transmissão,

distribuição e comercialização de energia elétrica, fiscalizar, diretamente ou mediante

convênios com órgãos estaduais, as concessões, as permissões e os serviços de

energia elétrica e implementar as políticas e diretrizes do governo federal relativas à

exploração da energia elétrica e ao aproveitamento dos potenciais hidráulicos

(ANEEL..., 2018).

Page 43: RENAN LUCAS GANASSINI

41

Um nível acima, estão os órgãos responsáveis pelas definições políticas e

estratégicas do setor:

○ EPE – Empresa de Pesquisa Energética: tem o objetivo de efetuar estudos,

pesquisas e projeções da matriz energética brasileira em subsídio ao

planejamento do setor energético;

○ CMSE – Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico: com a função de

acompanhar e avaliar permanentemente a continuidade e a segurança do

suprimento eletroenergético no País;

○ MME – Ministério de Minas e Energia: dividido em três secretarias de

interesse: Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético

(desenvolver ações de longo prazo para a implementação de políticas setoriais,

coordenar o sistema de informações energéticas, coordenar os estudos de

planejamento energético setorial, entre outras), Secretaria de Energia Elétrica

(monitorar a expansão dos sistemas elétricos para assegurar o equilíbrio entre

oferta e demanda, monitorar o desempenho dos sistemas de geração,

transmissão e distribuição de energia elétrica, considerando os aspectos de

continuidade e segurança, acompanhar as ações de integração elétrica com os

países vizinhos, nos termos dos acordos internacionais firmados, entre outras)

e Secretaria de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis (promover

estudos, propor planos e gerir o funcionamento de todas as atividades que

envolvem os setores de petróleo, gás natural e combustíveis renováveis).

A figura 5 apresenta de maneira simplificada a hierarquia previamente descrita.

Page 44: RENAN LUCAS GANASSINI

42

Figura 5 - Hierarquia da indústria de eletricidade no Brasil

Fonte: O autor

2.2 LEILÕES E CONTRATOS DE ENERGIA

Da forma como estão estruturados hoje, os leilões de energia permitem que os

agentes, normalmente distribuidoras e permissionárias de energia, concorram entre si

de maneira a comprar energia com um preço competitivo para o consumidor final.

Seguindo o conceito de modicidade tarifária, introduzido pela última grande reforma

do sistema elétrico ocorrida em 2002, os leilões de energia estão divididos da seguinte

maneira:

○ LEE – Leilão de Energia Existente: são leilões destinados a atender as

distribuidoras de energia no ano subsequente a sua realização, denominados

A-1. Em tais leilões são negociadas quantidades de energia de produtores que

já possuem seus empreendimentos em operação cujos investimentos já

tenham sido amortizados, o que configura um custo mais baixo de produção;

○ LEN – Leilão de Energia Nova: leilões destinados a contratação de energia

de fontes que ainda não entraram em operação. O objetivo desse tipo de

contratação é atender ao aumento das demandas energéticas das

distribuidoras. Os leilões de energia nova são divididos em dois grupos: A-3,

quando o empreendimento entrará em operação comercial em até 3 anos e A-

5, para aqueles que necessitem até 5 anos para conclusão;

○ LER – Leilão de Energia de Reserva: entendido como uma forma de elevar

a segurança do suprimento total da carga do SIN, os leilões de energia de

reserva podem ser de fontes de energia existentes ou novas. Tal tipo de

Page 45: RENAN LUCAS GANASSINI

43

contratação é contabilizada e liquidada no mercado de curto prazo operado

pela CCEE. Para que fosse possível operacionalizar esse tipo de contratação,

foi criado o encargo EER (Encargo de Energia de Reserva) o qual é rateado

entre todos os agentes que fazem uso desse tipo de energia (agentes de

distribuição, consumidores livres, consumidores especiais, agentes de geração

com perfil de consumo e agentes de exportação participantes da CCEE);

○ Leilão de Ajuste: destinados a ajustar a contratação de energia feita pelas

distribuidoras em situações onde houve desvios entre as previsões e a

demanda energética real identificada.

Sendo o leilão de energia um mecanismo que resulta na contratação de energia

por parte de uma distribuidora com respeito a um produtor, são gerados nesse

processo o que chamamos de contratos de energia. Tais contratos,

segundo (CCEE..., 2018), podem ser de dois tipos:

○ CCEAR-Q – Contrato de Comercialização de Energia no Ambiente Regulado

por Quantidade: essa tipologia de contrato, geralmente utilizada para

contratação de energia proveniente de fontes hidráulicas, preveem o

fornecimento de um montante fixo de energia a um determinado preço, também

pré-fixado. Nessa configuração, os agentes geradores estão sujeitados aos

riscos de sobras ou falta de energia. Tal risco é minimizado pelo Mecanismo de

Realocação de Energia (MRE) onde são re-alocadas as sobras/déficits de

energia das usinas participantes de forma a reduzir a exposição das mesmas.

○ CCEAR-D – Contrato de Comercialização de Energia no Ambiente Regulado

por Disponibilidade: na contratação de energia por disponibilidade, os riscos

associados à falta/sobra de energia ficam a cargo dos agentes compradores.

Os contratos por disponibilidade geralmente estão associados a usinas

termelétricas as quais recebem uma remuneração fixa para manter-se

disponíveis caso haja necessidade de utilização. Aqui, há a separação entre o

custo fixo de se manter uma usina disponível para utilização e também o custo

de combustível caso realmente ela seja utilizada. Quando há de fato o

despacho de usinas com esse tipo de contrato, fica a cargo das distribuidoras

pagar os custos variáveis associados, que posteriormente são repassados ao

consumidor final.

Page 46: RENAN LUCAS GANASSINI

44

2.3 PROGRAMAS DO GOVERNO

Apesar da geração de energia solar fotovoltaica no Brasil ainda apresentar

resultados tímidos com relação ao resto do mundo, existem diversos incentivos

governamentais para o aproveitamento dessa fonte. São apresentados a seguir os

principais incentivos existentes, conforme (NASCIMENTO, 2017):

○ Desconto de 80% na Tarifa de Uso dos Sistemas de Transmissão (TUST) e

na Tarifa de Uso dos Sistemas de Distribuição (TUSD) para empreendimentos

cuja potência injetada nos sistemas de transmissão e distribuição seja menor

ou igual a 30.000 kW e que entraram em operação até 31 de dezembro de

2017. O desconto diminui para 50% a partir do décimo primeiro ano de

operação da usina e para os empreendimentos que iniciaram a operação a

partir de 01 de janeiro de 2018;

○ Venda Direta a Consumidores Especiais (carga entre 500 kW e 3.000 kW)

para geradores de energia de fonte solar e demais fontes renováveis, com

potência injetada inferior a 50.000 kW;

○ Sistema de Compensação de Energia Elétrica para a Micro e Minigeração

Distribuídas: instituído pela Resolução Normativa ANEEL nº 482, de 17 de abril

de 2012, permite que consumidores com geração de até 5 MW a partir de fonte

solar ou demais fontes renováveis compensam a energia elétrica injetada na

rede com a energia elétrica consumida (sistema net-metering);

○ Convênio nº 101, de 1997, do Conselho Nacional de Política Fazendária

(CONFAZ): isenta do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

(ICMS) as operações que envolvem vários equipamentos destinados à geração

de energia elétrica por células fotovoltaicas e por empreendimentos eólicos;

não abrange, no entanto, alguns equipamentos utilizados pela geração solar,

como inversores e medidores;

○ Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura

(REIDI): instituído pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, suspende, por

cinco anos após a habilitação do projeto, a contribuição para o PIS/PASEP e

Cofins, no caso de venda ou de importação de máquinas, aparelhos,

instrumentos e equipamentos novos, de materiais de construção e de serviços

Page 47: RENAN LUCAS GANASSINI

45

utilizados e destinados a obras de infraestrutura, entre as quais as do setor de

energia;

○ Debêntures Incentivadas: instituído pela Lei nº 12.431, de 24 de junho de

2011, isenta rendimentos de pessoas físicas de Imposto de Renda sobre

rendimentos relacionados à emissão de debêntures, por sociedade de

propósito específico, e outros títulos voltados para a captação de recursos para

projetos de investimento em infraestrutura ou pesquisa e desenvolvimento,

entre os quais os destinados a geração de energia elétrica por fonte solar;

○ Redução de Imposto de Renda: projetos de setores prioritários (entre os

quais o de energia) implantados nas áreas de atuação da Superintendência do

Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), da Superintendência do

Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) e da Superintendência do

Desenvolvimento do Centro-Oeste (SUDECO) têm redução de imposto de

renda;

○ Condições Diferenciadas de Financiamento:

○ BNDES: financiamento para o setor de energia elétrica com taxas de juros

abaixo das praticadas pelo mercado (TJLP). Para a fonte solar, o BNDES

financia até 80% dos itens financiáveis, contra 70% para as demais fontes de

energia renováveis;

○ Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (FNMC): vinculado ao Ministério

de Meio Ambiente (MMA), o Fundo visa a assegurar recursos para apoio a

projetos ou estudos e financiamento de empreendimentos que visem à

mitigação da mudança do clima e à adaptação à mudança do clima;

○ Inova Energia: uma iniciativa destinada à coordenação das ações de

fomento à inovação e ao aprimoramento da integração dos instrumentos de

apoio disponibilizados pela Finep, pelo BNDES, pela Agência Nacional de

Energia Elétrica (ANEEL), sendo uma de suas finalidades apoiar as empresas

brasileiras no desenvolvimento e domínio tecnológico das cadeias produtivas

das seguintes energias renováveis alternativas: solar fotovoltaica, termosolar e

eólica para geração de energia elétrica;

○ Recursos da Caixa Econômica Federal (CEF): a CEF disponibiliza linha de

crédito por meio do Construcard que permite compra de equipamentos de

energia solar fotovoltaica para uso residencial;

Page 48: RENAN LUCAS GANASSINI

46

○ Projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D): fonte de recursos para

projetos realizados pelas empresas do setor elétrico e aprovados pela ANEEL

relacionados com desenvolvimento da geração de energia solar fotovoltaica no

Brasil;

Observa-se que são muitos e variados os incentivos proporcionados pelo

governo federal de maneira a fomentar o aumento da capacidade instalada da fonte

solar no país. Apesar do grande número de incentivos e dos animadores resultados

dos últimos anos, ainda há muito a ser feito para que a energia solar fotovoltaica se

consolide na matriz energética nacional.

Page 49: RENAN LUCAS GANASSINI

47

3 O GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Tendo como base o guia PMBOK (PMBOK, 2013), referência mundial no tema

de gerenciamento de projetos, definimos aqui um projeto como sendo um conjunto de

tarefas a serem planejadas, executadas, controladas e encerradas as quais

demandam algum tipo de recurso com o objetivo final de atingir alguma determinada

meta. Dentre todas as categorias as quais podemos classificar os distintos tipos de

projetos, podemos citar: obras civis, marketing, administração, pesquisa, etc. Ainda,

segundo (PMBOK, 2013) , os processos gerenciais estão divididos em nove áreas de

conhecimento: prazo, custo, qualidade, escopo, aquisição, comunicações, riscos,

recursos humanos, integração e as partes interessadas.

Figura 6 - As nove áreas de conhecimento dos processos gerenciais

Fonte: PMBOK (2013)

(PMBOK, 2013)) infere que Escopo, Tempo, Custo e Qualidade são os

principais processos gerenciais que determinam o objetivo de um projeto. Aquisições

e Recursos Humanos são inputs para produzir o trabalho demandado. Comunicações

e Riscos devem ser constantemente levados em consideração manter o rumo do

projeto e a Integração abrange todos os outros aspectos.

Page 50: RENAN LUCAS GANASSINI

48

O gerenciamento de um projeto consiste em executar os processos gerenciais

sobre as áreas de conhecimento supracitadas durante todo o seu ciclo de

vida. (PMBOK, 2013) divide os processos em cinco grupos: Iniciação, Planejamento,

Execução, Monitoramento/Controle e Encerramento. Tais grupos podem ser

entendidos como fases de um projeto as quais não são estanques e nem sucessivas,

mas que se superpõem em algum momento, no decorrer do projeto, havendo

mudanças de prioridades e/ou avanço em velocidades diferentes de determinadas

tarefas. A figura 6 dá uma ideia da dinâmica envolvida entre as diferentes fases.

Figura 7 – Grupos de processos gerenciais

Fonte: PMBOK (2013)

As categorias ou grupos, de acordo com o (PMBOK, 2013) são:

○ Grupo de processos de iniciação: Os processos executados para definir um

novo projeto ou uma nova fase de um projeto existente através da obtenção de

autorização para iniciar o projeto ou fase.

○ Grupo de processos de planejamento: Os processos necessários para definir

o escopo do projeto, refinar os objetivos e definir a linha de ação necessária

para alcançar os objetivos para os quais o projeto foi criado.

Page 51: RENAN LUCAS GANASSINI

49

○ Grupo de processos de execução: Os processos realizados para executar o

trabalho definido no plano de gerenciamento do projeto para satisfazer as

especificações do projeto.

○ Grupo de processos de monitoramento e controle: Os processos exigidos

para acompanhar, analisar e controlar o progresso e desempenho do projeto,

identificar quaisquer áreas nas quais serão necessárias mudanças no plano, e

iniciar as mudanças correspondentes;

○ Grupo de processos de encerramento: Os processos executados para

finalizar todas as atividades de todos os grupos de processos, visando encerrar

formalmente o projeto ou fase.

Todo projeto será composto por atividades que estejam relacionadas entre si,

diretamente ou não, que serão desenvolvidas sequencial ou simultaneamente.

Controlar a duração dessas atividades é crucial para o bom andamento e seguimento

do projeto e consiste num dos objetivos mais difíceis no que diz respeito ao

gerenciamento de projetos. Usualmente, se tratando de projetos pequenos em

quantidade de tarefas ou tempo, a utilização de gráficos de barras (diagrama de Gantt)

é bem aceita. O diagrama de Gantt funciona em função da duração estimada das

tarefas e é suficiente para realizar um bom acompanhamento do andamento das

atividades bem como o controle das operações e dos recursos.

Uma ferramenta importante dentro do escopo de ferramentas para o

gerenciamento de projetos é a Linha de Base ou Baseline. A Linha de Base, de acordo

com o (PMBOK, 2013) refere-se a uma versão aprovada de um modelo de

cronograma que pode ser mudada somente mediante procedimentos de controle

formais, e que é usada como uma base para a comparação com os resultados reais.

Tal referência tem por objetido gerar um “antes e depois” durante a execução das

atividades e proporcionar uma ideia de andamento do projeto facilitando assim o

seguimento do mesmo.

Na figura 8 pode-se ver como acontece o seguimento das tarefas pelo diagrama

de Gantt bem como a referência da Linha de Base.

Page 52: RENAN LUCAS GANASSINI

50

Figura 8 - Exemplo de seguimento de projeto através de um diagrama de Gantt

Fonte: O autor (2019)

A partir do momento em que o volume de tarefas cresce, torna-se interessante

utilizar outras ferramentas para fazer o seguimento do projeto e manter um controle

mais efetivo sobre as tarefas ditas críticas. Para isso, (PMBOK, 2013) indica a

utilização de algumas ferramentas:

○ Método do Caminho Crítico (CPM - Critical Path Method): baseado em uma

sequência lógica das atividades já especificadas, com datas de início e fim, o

Método do Caminho Crítico busca identificar quais atividades possuem menor

flexibilidade para ajustes e assim determinar o que seria o caminho crítico do

projeto (valor mais provável), ou seja, quais grupos de atividades devem

receber maior atenção devido a sua criticidade;

○ Programa de Avaliação e Revisão Técnica (PERT - Program Evaluation and

Review Technique): também faz uso de sequência lógica de atividades para

determinar a duração total do projeto. Diferentemente no método CPM, o

método PERT faz uma estimativa por média ponderada (distribuição de média

e valor esperado) para calcular a duração do projeto.

Outra maneira de visualizar o projeto como um todo e que torna mais fácil a

identificação e o seguimento das atividades é através do uso de uma estrutura

analítica do projeto EAP que nada mais é do que um diagrama com classes

Page 53: RENAN LUCAS GANASSINI

51

hierárquicas formado pelos pacotes de atividades que fazem parte do projeto

analisado.

A figura 9 apresenta um frame do EAP do projeto de construção da usina solar

fotovoltaica que foi estudada neste trabalho.

Figura 9 - Exemplo de seguimento de projeto através de EAP

Fonte: O autor (2019)

Assim mesmo, munido de ferramentas de seguimento de modo a controlar e

auxiliar a gestão integral de projetos, algumas pesquisas acabam mostrando que a

incidência de problemas nessa área ainda é grande e que muito precisa ser feito para

tentar mudar o panorama atual.

O “Estudo de Benchmarking em Gerenciamento de Projetos” de (Barcuí,

2012) identificou que as empresas pesquisadas focam seus esforços em três

principais áreas de conhecimento: prazo (98%), escopo (96%) e custos (85%). Apesar

dos esforços desprendidos pelos gestores de modo a mitigar os possíveis problemas

relacionados a esses grupos, o mesmo estudo de (Barcuí, 2012) expõem os principais

problemas evidenciados no gerenciamento de projetos. Na figura 10 são

apresentadas principais situações apontadas pelas organizações e suas respectivas

taxas de ocorrência.

Page 54: RENAN LUCAS GANASSINI

52

Figura 10 - Problemas identificados com maior frequência na gestão de projetos

Fonte: Adaptado de Lopes (2014)

Outro estudo realizado por (LYNEIS; COOPER; ELS, 2001) resultou em que

menos da metade dos projetos de pesquisa e desenvolvimento atendiam os seus

objetivos em relação ao cronograma previsto e o custo planejado. No mesmo sentido,

uma pesquisa da KPMG de 2003 envolvendo 1450 projetos de TI de organizações

públicas e privadas indicou que mais de 61% dos projetos analisados apresentaram

problemas de cronograma e/ou custo.

Ainda, (WANG; YUAN, 2017) elencaram em seu estudo os principais riscos

que impactam no cronograma de uma obra de infraestrutura, já na fase construtiva,

dentre eles:

1. Solicitações de mudança de engenharia pelos clientes: tais solicitações

podem aumentar as tarefas do projeto, e consequentemente, a duração de

tempo de execução do projeto;

2. Pagamento do projeto atrasado: o pagamento atrasado ou inadequado dos

clientes aos contratados pode atrasar o fornecimento de materiais, afetando

diretamente o progresso das atividades de construção;

3. Pressão devido ao cronograma apertado de projeto: a medida mais provável

para mitigar este risco seria a adoção de horas extras, a qual tem como

resultantes a fadiga do trabalhador e o aumento do retrabalho de projeto,

impactando assim no tempo de execução das atividades;

Page 55: RENAN LUCAS GANASSINI

53

4. Informações imprecisas sobre a investigação do local: informações sobre o

local interferem diretamente sobre as atividades reais de construção, portanto,

quaisquer informações novas poderão mudar as atividades, aumentando assim

a taxa de retrabalho do projeto;

5. Falta de mão-de-obra experiente: não encontrar mão-de-obra experiente

implicará na contratação de mão-de-obra sem experiência, e desta forma,

afetará diretamente a qualidade das tarefas, e diminuindo a taxa de aceitação

de trabalho concluído;

6. Má gestão dos contratados: existem várias causas para esta má gestão, mas

o fator mais importante considerado por (WANG; YUAN, 2017) é a

subestimação ou superestimação dos serviços ou produtos contratados, que

impactarão nas atividades remanescentes do projeto.

Fica claro aqui que a abordagem empregada na gestão de projetos ainda

possui algumas deficiências as quais carecem de melhorias para que o avanço seja

contínuo e a busca pela qualidade total não cesse.

Page 56: RENAN LUCAS GANASSINI

54

Page 57: RENAN LUCAS GANASSINI

55

4 DINÂMICA DE SISTEMAS

Publicado pelo engenheiro eletricista Jay W. Forrester (MIT – Massachusetts

Institute of Technology) entre as décadas de 1950 e 1960, o livro Industrial Dynamics

apresentou uma abordagem inovadora para o entendimento de sistemas complexos.

Através da análise e compreensão das partes que compõe um sistema, Forrester

desenvolveu uma metodologia interativa e de fácil assimilação onde a abordagem leva

em consideração o sistema como um todo buscando entender como todas as

variáveis presentes interagem entre si. O que a dinâmica de sistemas tenta fazer é

compreender a estrutura básica de funcionamento dos sistemas e antecipar o

comportamento do mesmo ao longo do tempo, comportamento esse justificado por

ações isoladas mas que produzem reações (causa e consequência) geralmente

distanciadas temporalmente, já que as variáveis estão interligadas por malhas de

retroalimentação (SERRA; RODRIGUES; PAQUETE, 2000). Isso permite testar os

vários tipos de comportamento que o sistema real pode experimentar, o que torna

viável a análise e identificação das potenciais melhorias.

Figura 11 – O processo de modelagem e sua iteratividade

Fonte: STERMAN (2000)

Ainda, segundo (SERRA; RODRIGUES; PAQUETE, 2000) , os sistemas são

formados por quatro propriedades características:

1. Agregação: pode-se agrupar os sistemas em categorias as quais podem ser

agrupadas em conjuntos de maior dimensão;

Page 58: RENAN LUCAS GANASSINI

56

2. Não linearidade: o todo não é igual à soma das partes. Uma dada ação pode

resultar em possíveis soluções completamente desproporcionais relativas a

ação inicial;

3. Fluxos: as redes conectam os indivíduos como agentes de um sistema.

Pode-se originar dois fenômenos importantes advindos dos fluxos no interior

da rede: efeitos multiplicadores e efeitos de reciclagem;

4. Diversidade: cada agente ocupa um espaço no sistema que posteriormente

poderá ser ocupado por outro. Isso irá depender de sua interdependência em

relação aos outros agentes do sistema.

Para (ANDRADE, 1997), os sistemas podem ser representados em sua

estrutura por enlaces de feedback que interagem entre si. Para esse entendimento

são utilizados dois tipos de notação: Diagrama de Enlace Causal (modelagem soft) e

Diagrama de Estoque e Fluxo (modelagem hard). Tais notações, soft e hard, podem

ser associadas, na maioria dos casos, a ideias de qualitativo e quantitativo,

respectivamente. (BLOIS; SOUZA, 2008) afirma que apesar da grande importância

da modelagem soft (Diagramas Causais), tal método não é apto para simulações de

estruturas sistêmicas ao longo do tempo. Também argumenta que para esse tipo de

situação faz-se mais adequada a utilização de uma abordagem quantitativa, ou seja,

a modelagem baseada em Diagramas de Estoque e Fluxo. Ainda segundo

(ANDRADE, 1997), a abordagem quantitativa proporcionada pelos Diagramas de

Estoque e Fluxo permite que sejam equacionadas as relações de causa e efeito entre

os agentes do sistema.

Na ótica da dinâmica de sistemas, todo e qualquer modelo pode ser construído

através de relações entre quatro elementos:

a. Estoques ou níveis (stocks): representam a ação de acumular algum recurso;

b. Fluxos (flows): positivos ou negativos. Representa o movimento de materiais

ou informações dentro do sistema culminando no acréscimo ou decréscimo de

níveis de estoques;

c. Auxiliares (conversores e constantes): podem ser fontes externas ao sistema

ou ainda componentes utilizados para realizar operações algébricas.

d. Conectores: enlaces de informações que descrevem as relações entre

estoques, fluxos e auxiliares.

Page 59: RENAN LUCAS GANASSINI

57

Figura 12 – Os quatro elementos da DS

Fonte: O autor (2019)

Cabe ainda explorarmos aqui uma definição mais precisa dos termos Sistema

e Dinâmica, já que serão largamente utilizados ao longo desse trabalho. De acordo

com (BUENO, 2010), os sistemas geralmente são conjuntos de elementos

organizados intencionalmente pela ação humana ou que simplesmente se auto

organizam para cumprir propósitos específicos. Uma terceira possibilidade é um

sistema composto pelas duas condições anteriores, ou seja, pode envolver elementos

de intencionalidade e auto organização simultaneamente. Sobre a complexidade dos

sistemas, (BUENO, 2010) comenta que os três tipos de sistemas supracitados

apresentam graus distintos de complexidade, mas somente os sistemas que possuem

parte auto organizáveis irão apresentar graus variados de complexidade dinâmica.

A complexidade dinâmica é entendida aqui como uma propriedade inerente a

sistemas que respondem de forma não intencional a informações ou excitações

exógenas a si, confirmando assim sua capacidade de auto organização. Dessa

maneira, (BUENO, 2010) completa afirmando que sistemas com extrema

complexidade de detalhes podem ser dinamicamente simples uma vez que não

possuam agentes capazes de responder a novas informações, ao passo em que

sistemas relativamente simples em detalhes podem ser dinamicamente complexos

devido a sua propriedade de auto organização.

Em seu livro, (STERMAN, 2000) afirma que a complexidade dinâmica não só

desacelera o loop de aprendizagem como também reduz o ganho de conhecimento

em cada iteração.

Uma vez definidas tais relações, passar-se-á a discutir os elementos que

compõem a dinâmica de sistemas e como acontecem as interações entre eles.

Page 60: RENAN LUCAS GANASSINI

58

4.1 MODELO CONCEITUAL

Partindo de um modelo simplificado do modelo final, é necessária a criação de

um modelo conceitual no qual são apresentadas as conexões entre as entidades do

sistema. Na construção do modelo conceitual são utilizados os diagramas de laços

causais ou CLD - Causal Loop Diagram. Por sua vez, os diagramas causais são

compostos pelas relações causais.

A relação causal, ou de causa e efeito, é representada pela conexão de duas

ou mais variáveis através de uma seta, de acordo com a figura 13.

Aqui podem ser identificadas três tipos de variáveis: variável causa, variável

afetada e também uma variável que é causa e afetada ao mesmo tempo. A seta indica

a direção de causalidade entre as variáveis, estando a variável causa no início da

flecha e a variável afetada na ponta dela.

Figura 13 - Relação causal entre variáveis de uma população

Fonte: Adaptado de SANTOS (2006)

No exemplo da figura 13 verifica-se que o total de morte influi na diminuição

da população de uma determinada espécie. Observa-se aqui a variável morte como

causa e a variável população como afetada negativamente (utiliza-se o sinal negativo

para identificar essa relação). Ao passo em que o total de indivíduos vivos dessa

mesma população, contribui diretamente para o aumento do número de nascimentos,

tendo aí uma relação causal positiva (sinal positivo). Nesse caso, a variável população

é a causa e a variável nascimentos é a afetada.

O próximo passo para a elaboração de modelos através da Dinâmica de

Sistemas é a construção de diagramas causais, ou causal loops, os quais,

segundo (SANTOS, 2006), representam as relações de interdependência entre as

variáveis do sistema.

Um exemplo de diagrama causal é o comportamento do crescimento da

população de uma determinada espécie. Partindo da relação causal entre mortes,

Page 61: RENAN LUCAS GANASSINI

59

população e nascimentos, onde o número de mortes afeta negativamente a população

total e a população total por sua vez afeta positivamente o número de nascimentos.

Nessa situação pode-se ainda verificar o comportamento inverso, ou seja, a número

de nascimento contribui para o aumento da população bem como o aumento da

população faz crescer a quantidade de mortes. Caso tivéssemos somente o loop

população-nascimentos, por exemplo, a tendência seria o crescimento infinito dessa

população já que mais indivíduos geram mais nascimentos e assim por diante. Da

mesma forma que se houvesse somente o loop população-mortes, a tendência seria

a extinção dessa população de indivíduos.

A figura 14 mostra como estão relacionadas as variáveis supracitadas. A

variável população possui duas entradas, sendo influenciada positivamente pela

variável nascimentos e negativamente pela variável mortes. A mesma variável

população ainda possui duas saídas as quais afetam positivamente as variáveis

nascimentos e mortes.

Figura 14 - Exemplo de loop causal da população de uma determinada espécie

Fonte: Adaptado de SANTOS (2006)

Para saber se a população total irá aumentar ou não ao longo do tempo, faz-

se necessário saber qual das duas variáveis domina as relações causais: nascimentos

ou mortes, já que essas possuem diferentes polaridades.

4.2 MODELO DE ESTOQUES E FLUXOS

As variáveis de estoque, da maneira como serão utilizadas nas simulações,

representam acumulações de materiais ou de informações. Tais acúmulos podem

gerar atrasos devido às diferenças entre o fluxo de entrada e o fluxo de saída de um

determinado processo. De maneira mais visual, podemos entender as variáveis de

estoques como banheiras, onde o fluxo de informação/materiais que chega ao

Page 62: RENAN LUCAS GANASSINI

60

processo é representado pela entrada de água nessa banheira e vazão de água na

saída representa o fluxo de saída dessas mesmas informações/materiais que estavam

armazenados. Assim pode-se entender que as diferenças de fluxo irão gerar ou não

acúmulos nesse processo.

As variáveis de fluxo, as quais alteram as variáveis de estoque representam

as mudanças ocorridas no sistema ocasionadas por ações externas ou mesmo

desencadeadas por outros processos. Não existirão variáveis de fluxo independentes,

ou seja, deverão sempre estar associadas a variáveis de estoque.

Segundo (STERMAN, 2000), uma maneira interessante de identificar quais

variáveis são de fluxo e quais são de estoque, seria fotografar o modelo e analisar

quais dessas variáveis podem ser medidas ou contadas. No caso da banheira, por

exemplo, pode-se identificar se a banheira está cheia ou vazia, mas não consegue-se

ter certeza se a mesma banheira está enchendo ou esvaziando.

Na figura 15 pode-se identificar a maneira como são representadas as variáveis

de estoque e fluxo. Os retângulos indicam quais variáveis possuem caráter cumulativo

enquanto as setas duplas com válvulas indicam os fluxos e suas respectivas direções.

Segundo (SANTOS, 2006) , na Dinâmica de Sistemas os fluxos físicos são

conservativos, ou seja, o nível de estoque só é alterado pela diferença de fluxos, sem

perdas (a quantidade que sai de um estoque é a mesma que entra em outro). Já nos

fluxos de informação não há a ideia de conservação, isto é, não sofrem alterações

devido a sua utilização (uma informação pode ser utilizada simultaneamente por

vários usuários). Ainda, as nuvens representam as variáveis de estoque que se

encontram fora da fronteira do sistema (são estoques que dão origem aos fluxos de

entrada e são destino dos fluxos de saída).

Page 63: RENAN LUCAS GANASSINI

61

Figura 15 - Diagrama de estoques e fluxos

Fonte: Adaptado de SANTOS (2006)

No exemplo da figura 15, nascimentos e mortes representam as taxas com que

a população aumenta e/ou diminui, ou sejam, são as variáveis de fluxo que alteram a

variável de estoque.

Matematicamente, as relações de estoque e fluxo podem ser representadas

por duas funções conhecidas: integral e derivada. Se entendermos um estoque como

a soma de tudo o que entra em um determinado processo menos tudo o que sai desse

mesmo processo, encontramos na função integral a ferramenta ideal para esse

cálculo. De mesma maneira, entendendo as variáveis de fluxo como taxas de

variações, ou seja, a taxa com que um material/informação flui para dentro de um

estoque, podemos fazer uso da função derivada para quantificar tais valores.

Assim, temos:

Equação 1 - Estoque

Fonte: SANTOS (2006)

Onde o nível atual de estoque (tempo t) é função da somatório dos fluxos

líquidos (fluxos de entrada menos os fluxos de saída) do instante 0 até o instante t,

mais o estoque inicialmente armazenado em t0.

Page 64: RENAN LUCAS GANASSINI

62

4.3 DESCRIÇÃO DOS COMPONENTES DO MODELO

Antes de iniciar o desenvolvimento do modelo de simulação, faz-se necessário

explicar alguns conceitos fundamentais de maneira a elucidar como as variáveis do

modelo irão interagir entre si. Como buscamos entender se o sistema é estável ou

instável, se oscila ou tende a algum equilíbrio ou ainda se cresce ou tende a declinar,

a busca por valores exatos não é exatamente o foco dessa análise, já que a Dinâmica

de Sistemas preocupa-se mais com tendências do que de fato com valores pontuais.

LAÇOS DE REALIMENTAÇÃO (FEEDBACK LOOPS)

Devido a maneira como estão relacionadas as variáveis do sistema, ações que

poderiam ser vistas como independentes podem desencadear uma série de outras

ações as quais irão provocar novas mudanças no estado do sistema.

Segundo (SANTOS, 2006) , essa busca pelo estado ideal do sistema é processada

por meio de realimentações (feedbacks) dos diagramas causais entre as variáveis do

mesmo. De maneira geral, a realimentação pode ser entendida como quando duas

variáveis afetam uma a outra: a variável X afeta a variável Y e Y, por sua vez, afeta a

variável X o que causa uma sequência circular de causa e efeito, o que na Dinâmica

de Sistema é representado através de um diagrama causal.

No ambiente de simulação da Dinâmica de Sistemas são aceitos somente dois

tipos de feedback loops: positivos e negativos. De acordo com (SANTOS, 2006) , um

laço de realimentação é positivo quando todas polaridades das variáveis relacionadas

são positivas ou quando o número de polaridades negativas das relações causais for

par. A realimentação positiva serve para reforçar o crescimento ou decrescimento de

um sistema, como o caso das populações citado

anteriormente. (SANTOS, 2006) afirma ainda que “sua tendência é amplificar

qualquer distúrbio do sistema”.

A figura 16 apresenta um exemplo de como dois laços de realimentação

distintos, positivos e negativos, podem afetar uma mesma variável. Do lado esquerdo

observa-se a interação entre as variáveis horas-extras, fadiga, qualidade e trabalho a

fazer. O acúmulo de trabalho a fazer justifica o aumento da quantidade de horas extras

trabalhadas pelos funcionários (relação positiva). Quanto mais horas-extras

trabalhadas, maior será a fadiga acumulada (relação positiva) e consequentemente

menor será a qualidade do trabalho realizado (relação negativa). Se a qualidade do

Page 65: RENAN LUCAS GANASSINI

63

trabalho realizado é baixa, implica na possibilidade da existência de retrabalho e

finalmente no aumento de trabalho a fazer (relação negativa). Assim, o que seria uma

solução plausível (aumentar as horas-extras para reduzir o trabalho acumulado)

acaba se tornando uma relação de amplificação (horas-extras e trabalho a fazer) que

tende a crescer exponencialmente.

Figura 16 - Exemplo de feedback loop

Fonte: Adaptado de SANTOS (2006)

Por outro lado, o laço de realimentação negativa (parte a direita da figura 16)

representado pelas variáveis horas-extras, trabalho a fazer e trabalho realizado,

contribui para a redução do trabalho total ser feito, já que um aumento nas horas-

extras significa maior força de trabalho, ou seja, maior quantidade de trabalho

realizado (relação positiva) o que leva a diminuição do trabalho que deve ser feito

(relação negativa).

Dessa maneira, quando vistos de forma conjunta, os laços de feedback

negativo e positivo se compensam levando o sistema a uma situação de estabilidade,

mantendo um equilíbrio mesmo após a geração de algum distúrbio (aumento do

número de horas-extras, por exemplo). Entretanto, somente essas relações de

realimentação não são suficientes para realizar um estudo robusto e simulação de um

sistema real.

ATRASOS

Da mesma forma que analisou-se os estoques, (STERMAN, 2000) afirma que

na Dinâmica de Sistema os atrasos podem ser de informação ou de material. O atraso

de material tem uma conotação física, ou seja, fluxo físico de matéria e que se justifica

Page 66: RENAN LUCAS GANASSINI

64

pelo acúmulo de material nos estoques, gerado pelas diferenças entre os fluxos de

entrada e saída. Já o atraso de informação representa o ajuste gradual de informações

no modelo (tempo entre a tomada da decisão até o efeito gerado por essa).

Quando tratamos de analisar os atrasos de materiais, devemos ter em conta o

que isso significa. Um atraso representa um processo em que a saída está defasada

em relação a entrada, como no caso de materiais em trânsito, por exemplo, os quais

constituem um estoque de materiais em movimento entre dois estados, ou seja, entre

o local de saída e o local de destino. Para a modelagem desse tipo de atraso, faz-se

necessária a determinação o tempo de atraso e a taxa de saída em relação a taxa de

entrada. A taxa de saída em relação a taxa de entrada pode ser representada de

diferentes maneiras, desde um modelo PEPS (primeiro que entra, primeiro que sai)

até atrasos de ordem n. Para atrasos de ordem n, (STERMAN, 2000) afirma que

pode-se sequenciar, de maneira aproximada, n atrasos de primeira ordem.

A figura 17 apresenta algumas distribuições de saída em relação ao tipo de

entrada no tempo 0. A saída A é chamada de atraso PEPS defasada por um tempo

de atraso K. Nas saídas B, C e D, os materiais não mantém a mesma ordem de

entrada, ou seja, o tempo de processamento não é o mesmo para todos (se vários

itens forem enviados simultaneamente, eles não chegarão juntos ao destino). A saída

B apresenta um atraso de primeira ordem (a ordem de um sistema é definida pelo

número de variáveis de estoque existentes no modelo), a saída C, um atraso de

segunda ordem e a saída D apresenta um atraso de terceira ordem. Percebe-se que

o aumento da ordem da taxa de saída implica no aumento da taxa com que os

materiais são movimentados.

Page 67: RENAN LUCAS GANASSINI

65

Figura 17 - Diferentes fluxos de saída em relação à uma entrada

Fonte: STERMAN (2000)

De outro modo, quando analisamos o comportamento dos atrasos de

informações podemos observar algumas diferenças. De acordo com (Santos, 2006)

os atrasos de informação estão relacionados a percepção e previsões já que

normalmente as ações não são tomadas imediatamente após a chegada de novas

informações. Dessa maneira, o tempo entre a chegada da informação e efetiva

tomada de decisão dá origem ao atraso da informação.

MODOS FUNDAMENTAIS

Para (Santos, 2006), a Dinâmica de Sistemas está baseada em padrões de

comportamento sobre os quais os modelos são construídos. Dessa maneira, uma vez

identificado algum padrão, busca-se a estrutura que o origina e então passa-se a

trabalhar de maneira a ajustar a estrutura fundamental ao resultado desejado.

(Santos, 2006) ainda afirma que as estruturas ou modos de referência (fundamentais)

podem ser distribuídos em quatro grupos: crescimento exponencial, convergência

para um valor de referência (goal seeking), oscilação em torno de um valor de

referência e crescimento S. É fundamental que o gerente conheça tais modos de

referência para que possa descrever outros modelos, mais complexos, como a

combinação desses modos fundamentais.

Page 68: RENAN LUCAS GANASSINI

66

CRESCIMENTO/DECAIMENTO EXPONENCIAL

Gerado por realimentação positiva, os crescimentos exponenciais são

representados por uma taxa percentual de crescimento fixa, ou seja, quanto maior a

quantidade, maior será o crescimento e maior a taxa líquida com que essa quantidade

cresce. Da mesma maneira acontece o decaimento exponencial.

A figura 18.a apresenta o comportamento da caderneta de poupança, onde

quanto maior for o saldo, maior serão os juros e consequentemente maior será o saldo

posterior, gerando assim um aumento exponencial. Já na figura 18.b observamos o

decaimento na quantidade de membros de uma equipe quando não são realizadas

novas contratações e a vida útil dos trabalhadores é de 10 anos.

Figura 18 - a. Crescimento exponencial. b. Decaimento exponencial

Fonte: SANTOS (2006)

CRESCIMENTO S

Esse tipo de comportamento ocorre quando alguma variável limita o

crescimento exponencial. O sistema cresce exponencialmente por um período de

tempo mas depois sua taxa de crescimento diminui gradativamente até alcançar o

equilíbrio. O crescimento S pode ser observado com clareza no exemplo do

Page 69: RENAN LUCAS GANASSINI

67

crescimento populacional da figura 19. A população tende a crescer

exponencialmente no período inicial até que a capacidade de sustentação seja

atingida. Uma vez atingida essa capacidade, ou seja, o número máximo de indivíduos

que esse sistema pode suportar foi atingido, a taxa de crescimento começa a diminuir

até atingir o equilíbrio populacional.

Da figura 19, observa-se que uma vez atingido o limite sustentável, a taxa de

natalidade diminui e consequentemente diminuem-se os nascimentos, ocasionando

assim a estabilização do crescimento da população total.

Figura 19 - Comportamento do crescimento populacional

Fonte: SANTOS (2006)

Tal modo fundamental será largamente utilizado durante as simulações deste

trabalho uma vez que estas estarão baseadas justamente nos avanços das atividades

do projeto e que, por sua vez, é medido é medido através de curvas S. A curva S nada

mais é do que uma curva de valores acumulados (eixo y) compreendida em um

horizonte de tempo (eixo x) definido pela análise a qual normalmente representa o

avanço físico de um projeto em valores percentuais, monetários ou mesmo em

número de atividades (modo utilizado neste trabalho).

CONVERGÊNCIA PARA UM VALOR DE REFERÊNCIA

Uma estrutura de realimentação cujo objetivo é atingir uma marca pré

determinada. Tanto de maneira positiva como de maneira negativa, entende-se como

uma ação corretiva aplicada a um processo de crescimento/decaimento o qual faz

sucessivas comparações objetivando uma meta. Tais ações corretivas diminuem a

taxa com que o sistema tende ao seu objetivo, fazendo com que haja uma suavização

na curva de atingimento.

Page 70: RENAN LUCAS GANASSINI

68

Na figura 20 pode-se identificar dois casos relacionados ao atingimento do

número ideal de funcionário na equipe. Na parte a, aumenta-se o contingente até o

total de 100 pessoas, já na parte b, reduz-se o efetivo em 100 trabalhadores.

Figura 20 - a. Convergência para valor de referência aumentando a quantidade de pessoal efetivo. b.

Convergência para valor de referência diminuindo a quantidade de pessoal efetivo

Fonte: SANTOS (2006)

OSCILAÇÃO EM TORNO DE UM VALOR DE REFERÊNCIA

Da mesma maneira que para a estrutura de convergência para um valor de

referência, o estado do sistema é comparado com o seu objetivo e ações corretivas

são tomadas de maneira a garantir tal equivalência. O que acontece nesse caso é que

tais ações sofrem com atrasos entre as relações causais o que provoca uma demora

na tomada efetiva dessas decisões, ou seja, o sistema continua sendo alterado

mesmo após atingir o seu objetivo e algum tempo depois as ações corretivas entram

em ação, levando assim a uma oscilação do comportamento em torno da sua meta.

Essas oscilações acontecem quando parte do sistema atinge o ponto de equilíbrio

antes de outra parte.

Page 71: RENAN LUCAS GANASSINI

69

Ainda, no caso de sistemas complexos, as oscilações verificadas não são

regulares, isso se deve ao grande número de iterações que geram uma combinação

não linear a partir dos efeitos da dinâmica interna do sistema com os fatores exógenos.

A figura 21 ilustra o comportamento de um estoque quando busca-se ajustar a

quantidade total estocada. Aqui ocorre uma oscilação em torno do valor desejado até

que o sistema atinja o equilíbrio depois de quase 60 dias.

Figura 21 - Oscilação em torno de um valor de referência

Fonte: SANTOS (2006)

4.4 A DINÂMICA DE SISTEMAS E O GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Tendo em vista a recorrência das situações previamente citadas,

(STERMAN, 2002) afirma que os fundamentos da teoria de dinâmica de sistemas são

pouco compreendidos apesar de serem intuitivos. (STERMAN, 2002) segue

justificando o uso dos diagramas de fluxo fazendo uma comparação com outros

métodos, como o método do caminho crítico. Para o mesmo autor, o método do

caminho crítico serve para identificar um aumento no tempo total do projeto uma vez

que tenha sido descoberto um retrabalho. Após a descoberta da falha, recalculam-se

os tempos das tarefas afetadas e também o tempo total do projeto. O que acontece

nessa situação é que não são considerados os efeitos colaterais sofridos pelas outras

atividades. Um retrabalho descoberto pode tornar obsoleta uma série de atividades

que já tenham sido iniciadas, cancelamentos e/ou congelamentos de compras de

materiais, possível contratação de mão de obra extra para compensar o tempo

perdido, etc. Assim, percebe-se que o método do caminho crítico deixa descoberta

algumas considerações importantes.

Cabe fazer algumas observações sobre as contribuições que a dinâmica de

sistemas apresenta em relação à modelagem tradicional:

Page 72: RENAN LUCAS GANASSINI

70

○ A dinâmica de sistemas proporciona uma visão dinâmica dos processos de

trabalho do projeto já que apresenta um fluxo contínuo de trabalho e não

atividades distintas que se inter-relacionam;

○ Auxilia na identificação de premissas gerenciais implícitas e fatores humanos

proporcionado pela possibilidade de analisar fatores subjetivos ligados aos

processos que se realimentam, diferentemente de uma análise de fatores

puramente quantitativos;

○ Possibilita o estudo dos impactos e dos riscos causados por decisões

estratégicas.

Para (AMARAL, 2003), a abordagem pela Dinâmica de Sistemas representa “a

quebra de um paradigma muito presente na gestão em projetos hoje em dia, aquele

que representa o projeto como uma estrutura composta de áreas estancas e que basta

saber gerenciar bem estas áreas para que tudo se resolva”.

De maneira a representar a gestão de projetos em termos de dinâmica de

sistemas, (SANTOS, 2006) propõem a utilização de um modelo baseado em quatro

blocos de análise:

1. Gerenciamento de Recursos Humanos: Os processos de gerenciamento de

recursos humanos envolvem a análise de variáveis como o nível de experiência

da equipe, treinamento de membros novos, tempo de aprendizagem e perdas

de comunicação interna devido ao tamanho da equipe de trabalho (ABDEL-

HAMID, Tarek, MADNICK, Stuart. 1991). Tal processo determina a força de

trabalho disponível para realizar o projeto;

2. Processos de Execução: Os processos de execução das tarefas do projeto

analisam os problemas relacionados a geração de erros que não são visíveis

durante o progresso do projeto (erros ocultos). Aqui é possível determinar o

progresso percebido pela equipe e assim entender a relação entre isso e o

progresso real do projeto;

3. Processos de Controle: Foca no controle do andamento do projeto,

monitorando constantemente seu status. Com base nas tarefas já concluídas

gera-se uma estimativa da força de trabalho necessária remanescente, re-

planejamento dos prazos do projeto e também para uma possível alocação de

mão-de-obra adicional necessária;

Page 73: RENAN LUCAS GANASSINI

71

4. Processos de Planejamento: Os processos de planejamento abordam a

decisão de ajustar o cronograma do projeto ou aumentar a força de trabalho de

modo a acelerar a produção.

A figura 22 mostra a relação entre os blocos citados anteriormente.

Figura 22 - Visão do projeto pela Dinâmica de Sistemas

Fonte: Adaptado de RODRIGUES (2000)

Segundo (RODRIGUES, 2000) , uma característica fundamental na

modelagem de projetos através da Dinâmica de sistemas é a incorporação de fatores

humanos e outros aspectos intangíveis e/ou difíceis de mensurar no status do projeto.

Fatores como: motivação da equipe, efeitos da pressão gerencial para o cumprimento

de prazos, tarefas com erros ocultos, influência do nível de experiência da equipe na

produtividade, etc. (RODRIGUES, 2000) ainda aponta que devem ser incluídos na

modelagem alguns fatores que não são controláveis. Tais fatores podem ser forças

externas como a escassez de mão-de-obra especializada ou internos como a queda

da produtividade da equipe devido a pressão exercida pelo gerente para o

cumprimento de prazos.

Ainda de acordo com (RODRIGUES, 2000) , existem mais dois fatores

importantes que devem ser considerados: a diferença de percepção entre o

andamento do projeto e o estado real do mesmo e o nível de detalhe da modelagem.

O primeiro, diz respeito ao progresso percebido e a influência disso na execução de

outras atividades. Aqui encontram-se os erros ocultos que por vezes são descobertos

somente no final do projeto mas que a existência dos mesmos deve ser levada em

consideração. O segundo, entra no mérito do detalhismo da análise, sendo de fato

Page 74: RENAN LUCAS GANASSINI

72

interessante possuir uma grande gama de variáveis proporcionando uma maior

cobertura das possíveis restrições encontradas mas apresentando dificuldade na

coleta e validação das informação para um grande número de parâmetros. Ao passo

em que um modelo mais simples e mais fácil de trabalhar esbarra na baixa cobertura

dos possíveis cenários de análise.

A tabela a seguir, adaptada de (SANTOS, 2006) , apresenta um resumo das

principais características apontadas por (RODRIGUES, 2000) como fundamentais

para a criação de um modelo de Dinâmica de Sistemas:

Tabela 1 - Característica fundamentais para a criação de um modelo gerencial usando Dinâmica de

Sistemas

Características Aspectos abordados

Execução de tarefas

do projeto

Estrutura de desenvolvimento do trabalho, distribuição da força de trabalho nas

atividades do projeto (desenvolvimento, retrabalho, treinamento, etc).

Processos gerenciais Estrutura de controle do progresso do projeto, restrições da organização e

atividades de re-planejamento.

Percepção do status

real do projeto

Tempo de atraso da detecção de erros nas tarefas encerradas. Diferença entre

o progresso real do projeto e o progresso percebido.

Fatores intangíveis Fatores relevantes na determinação da produtividade da equipe do projeto

como: fadiga dos trabalhadores, pressão gerencial, nível de experiência da

equipe.

Fatores não

controláveis

Fatores externos como a escassez de mão-de-obra especializada. Fatores

internos como a queda na produtividade da equipe pela pressão gerencial

excessiva, ou por aumento do número de demissões, etc.

Fonte: Adaptado de SANTOS (2006)

Page 75: RENAN LUCAS GANASSINI

73

5 METODOLOGIA

5.1 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

Nesta seção foram descritas as etapas necessárias para a construção do

trabalho. As pesquisas realizadas no meio acadêmico podem ser classificadas ou

divida de três maneiras: a primeira com base nos objetivos pretendidos, a segunda

com base na obtenção de informações e a terceira baseada nos procedimentos

utilizados pelo pesquisador.

Quanto aos objetivos pretendidos, esta pesquisa pode ser classificada como

descritiva pois trata da descrição das características de um fenômeno, ou seja, é

realizado o estudo, análise, registro e interpretação dos fatos do mundo físico sem a

interferência do pesquisador (BARROS; LEHFELD, 2000).

Já quanto a obtenção das informações a pesquisa pode ser classificada como

bibliográfica pois os dados foram obtidos por meio de fontes teóricas, ou seja, por

meio de material publicado em livros, revistas e artigos científicos

(GERHARDT; SILVEIRA, 2009).

Por fim, classifica-se a pesquisa quanto aos procedimentos utilizados. Desta

forma, a pesquisa desenvolvida se enquadra no tipo de pesquisa chamada

modelamento ou simulação. O modelamento ou modelagem compreende o uso de

técnicas matemáticas para descrever o funcionamento de um sistema ou parte de um

sistema produtivo. Uma complementação é o uso de simulação, que consiste no uso

de técnicas computacionais para simular a operação de sistemas produtivos, baseado

em um conjunto de variáveis em dado domínio, de forma a investigar a relação causal

e quantitativa entre essas variáveis (MIGUEL, 2007).

O software utilizado para construção do modelo de simulação foi o Stella em

sua versão 9.0.1. Tal software foi selecionado por possuir uma versão gratuita para

estudantes a qual atendia todas as necessidades do projeto. A seguir são

apresentadas as etapas necessárias para desenvolvimento do modelo de simulação

computacional.

5.2 DEFINIÇÃO DA HIPÓTESE DINÂMICA

A definição da hipótese dinâmica é a primeira e uma das etapas mais

importantes no desenvolvimento de modelo de simulação utilizando dinâmica de

Page 76: RENAN LUCAS GANASSINI

74

sistemas, uma vez que é através dessa definição que o modelo é construído. Para a

definição da hipótese dinâmica foi estudado o cenário passado e atual do mercado de

energia brasileiro bem como a situação atual do cenário solar fotovoltaico nacional,

também foram levantados mapeamentos de riscos envolvendo projetos semelhantes

ao estudado neste trabalho.

Para isso, foram levados em consideração artigos sobre o tema, Normas

Reguladoras, os mecanismos de contratação empregados atualmente pelas

empresas, curvas de aprendizado de empregados bem como as nuances da relação

gerente-empregado a qual define como o processo de contratação/demissão

funciona.

De posse deste material foi possível esboçar o conceito inicial sobre o

funcionamento da gestão e do andamento de projetos dentro das companhias, as

principais variáveis que impactam no seu funcionamento e como elas estão

interligadas. Por fim, apresentou-se a hipótese dinâmica levada em consideração para

desenvolvimento do modelo.

5.3 TESTES DE CONFIABILIDADE E VALIDAÇÃO

Dentro desta seção, a primeira etapa compreende a realização de testes sob

condições extremas, que não necessariamente ocorreriam no mundo real, a fim de

verificar se o modelo apresenta o comportamento esperado. Além desta etapa, para

garantir que o modelo represente o comportamento aproximado ao real é realizada a

validação das saídas geradas pelo mesmo com os reais valores encontrados. Esta

forma de teste pode ser realizada pois o início do período de simulação é igual

ao início do projeto.

Para (Sterman, 2000) o processo de teste começa a partir da construção da

primeira equação e ele envolve comparar o comportamento simulado no modelo com

o comportamento real do sistema. Durante o processo de teste o modelo foi alterado

inúmeras vezes, porém para o âmbito deste trabalho serão apresentados o resultado

final e o seu comportamento.

5.4 AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS

Uma vez que o modelo esteja construído e validado, parte-se para a avaliação

dos cenários que serão estudados neste trabalho. Para a avaliação dos cenários

Page 77: RENAN LUCAS GANASSINI

75

serão utilizados indicadores baseados nos valores obtidos pelas variáveis contidas

no modelo, a fim de classificar quais cenários proporcionam o melhor resultado para

o objetivo definido nas seções iniciais deste projeto de pesquisa.

Além de testadas separadamente, também serão estudadas algumas

combinações de situações envolvendo diferentes restrições já que, de acordo com

(Sterman, 2000), a iteração entre diferentes políticas deve ser considerada pois

os sistemas reais são altamente não lineares, ou seja, a soma dos impactos não

necessariamente é igual a soma dos impactos individuais de cada política.

Page 78: RENAN LUCAS GANASSINI

76

Page 79: RENAN LUCAS GANASSINI

77

6 CONSTRUÇÃO DO MODELO DE SIMULAÇÃO

O modelo de simulação apresentado neste trabalho foi desenvolvido com base

em dois sub-modelos: o sub-modelo para o gerenciamento de recursos humanos e o

sub-modelo para o fluxo de atividades e o retrabalho. Tal divisão foi explicitada desta

maneira pois ambos os blocos possuem suas peculiaridades e variáveis próprias as

quais fazem mais sentido quando separadas desta forma. Além disto, a comunicação

entre os dois sub-modelos é feita através de algumas variáveis como a produtividade

média das equipes ou mesmo o número total de colaboradores destas mesmas

equipes. Desta forma, com estas e outras variáveis, é possível criar um vínculo entre

o bloco que analisa as contratações e formação das equipes e o bloco que acompanha

a execução das atividades feita por estas mesmas equipes.

O modelo foi criado de forma que seja possível escaloná-lo. Esta estrutura

citada se repete para todas as atividades das cadeias de atividades analisadas, ou

seja, caso a cadeia possua 4 atividades, o modelo completo terá 4 blocos para o fluxo

de atividades e retrabalho e 4 blocos para o gerenciamento de recursos humanos

porém, cada um desses blocos irá conter valores específicos para cada variável. Por

exemplo, o tamanho das equipes irá variar de uma atividade para a outra, bem como

a produtividade do pessoal envolvido na execução das mesmas.

Tendo a estrutura montada de acordo com a cadeia de atividades que se deseja

analisar, o modelo poderá trazer inúmeras saídas sendo as mais relevantes para este

trabalho a produtividade média das equipes envolvidas, a quantidade de pessoas

necessárias para que as atividades sejam realizadas dentro dos prazos especificados,

a velocidade com que as atividades serão executadas (medida essa apresentada em

curvas S) ou ainda o volume de atividades que foi executado de forma correta ou com

retrabalhos envolvidos. Estas saídas do modelo poderão ser apresentadas e

trabalhadas das mais diferentes formas de acordo com a necessidade de utilização.

A seguir será apresentada a estrutura genérica dos sub sistemas criados e suas

respectivas variáveis. Todas as equações estão disponíveis no Apêndice A.

6.1 O GERENCIAMENTO DE RECURSOS HUMANOS

O subsistema para o gerenciamento dos recursos humanos apresenta uma

visão detalhada dos processos envolvidos na contratação de novos funcionários que

vai desde a análise para criação de novas vagas até a contratação de fato. Também

Page 80: RENAN LUCAS GANASSINI

78

são analisadas de forma separadas a produtividade real de empregados novos e

experientes e como essas contribuem de maneira distinta para o aumento da

produtividade total. A figura 23 apresenta a forma como o subsistema para o

gerenciamento de recursos humanos foi construído e que posteriormente será

analisada em mais detalhes.

O modelo para o gerenciamento de recursos humanos foi baseado no modelo

apresentado por (Sterman, 2000) “The labor supply chain”.

Page 81: RENAN LUCAS GANASSINI

79

Figura 23 - Subsistema para o gerenciamento de recursos humanos

Fonte: O autor (2019)

Page 82: RENAN LUCAS GANASSINI

80

Para tal foram consideradas as seguintes variáveis:

Tabela 2 - Variáveis consideradas no modelo de gerenciamento de recursos humanos

VARIÁVEL DESCRIÇÃO UNIDADE

Vagas Quantidade total de vagas abertas para a

contratação de novos funcionários

Pessoas

Vagas desejadas Total de funcionários que se deseja contratar Pessoas

Taxa de criação de

vagas

Velocidade com que as vagas para contratação

são abertas

Pessoas/Semana

Taxa desejada de

criação de vagas

Taxa com a qual deseja-se trabalhar. Entende-se

que existe uma diferença entre a taxa desejada e

a taxa real de criação de vagas

Pessoas/Semana

Taxa de

preenchimento de

vagas

Velocidade com a qual as vagas criadas são

preenchidas

Pessoas/Semana

Tempo esperado para

preencher vagas

Tempo desejado de espera desde a abertura da

vaga até o seu preenchimento

Semanas

Tempo médio para

preencher vagas

Tempo real que um posto de trabalho leva para

ser preenchido

Semanas

Razão de vagas

preenchidas

Quantidade de vagas preenchidas em relação a

quantidade de vagas abertas num determinado

intervalo de tempo

Pessoas/Semana

Tempo para ajuste de

vagas

Tempo necessário para que a vaga desejada

torne-se uma vaga real ou preenchida

Semanas

Novas contratações Volume de novas contratações Pessoas/Semana

Taxa de contratação

desejada

Taxa com a qual deseja efetuar as contratações Pessoas/Semana

Taxa de saída de

empregados novos

Taxa com que são desligados os empregados

novos

Pessoas/Semana

Taxa de saída de

empregados

experientes

Velocidade com que os funcionários experientes

são desligados do projeto

Pessoas/Semana

Taxa fracional de

assimilação

Tempo necessário para que um funcionário novo

seja considerado um funcionário experiente

Semanas

Taxa média de saída

de empregados novos

Taxa média de desligamento dos empregados

novos

Equipe nova Quantidade total de funcionários sem

experiência

Pessoas

Limite de equipe nova Quantidade de funcionários novos em relação a

funcionários experientes

Pessoas

Page 83: RENAN LUCAS GANASSINI

81

VARIÁVEL DESCRIÇÃO UNIDADE

Taxa de assimilação Velocidade com que um funcionário deixa de ser

novo e passa a ser experiente

Pessoas/Semana

Quantidade de equipe

necessária

Total de equipe necessária para realizar uma

determinada atividade de acordo com uma

produtividade específica

Pessoas

Equipe experiente Quantidade total de funcionários com

experiência

Pessoas

Equipe total Equipe total do projeto Pessoas

Déficit de equipe Relaciona a equipe total com a equipe

necessária através do tempo de ajuste da força

de trabalho

Pessoas/Semana

Equipe necessária Equipe total necessária para a realização das

tarefas do projeto

Pessoas

Tempo de ajuste de

força de trabalho

Tempo necessário para ajustar a equipe total à

equipe necessária para a realização do projeto

Semanas

Produtividade média Diferenciada entre funcionários novos e

experientes. Funcionários experientes possuem

produtividade maior que funcionários novos

Atividades/Pessoas/Semana

Resultado potencial Resultado esperado de acordo com a

produtividade respectiva dos empregados novos

e experientes

Atividades/Semana

Produtividade

empregado novo

Produtividade relacionada aos empregados

recém contratados

Atividades/Pessoas/Semana

Produtividade

empregado experiente

Produtividade relacionada aos empregados com

mais tempo de empresa

Atividades/Pessoas/Semana

Produtividade

desejada

Produtividade com a qual se deseja trabalhar

(relacionada ao tipo de tarefa a ser

desenvolvida)

Atividades/Pessoas/Semana

Valor inicial de equipe

nova

Quantidade já contratada de funcionários novos

antes do início das atividades

Pessoas

Valor inicial equipe

experiente

Quantidade já contratada de funcionários

experientes antes do início das atividades

Pessoas

Fonte: O autor (2019)

Dentro do subsistema de recursos humanos, pode-se analisar o processo de

contratação de novos funcionários bem como a influência deste na produtividade total

da equipe. De maneira a simplificar a análise, divide-se o subsistema em três frentes

as quais estão interconectadas.

Page 84: RENAN LUCAS GANASSINI

82

Em um primeiro momento, trata-se da criação de novos postos de trabalho:

Envolve todo o processo de contratação de um novo empregado. Com base no déficit

da equipe e na taxa com que novos desligamentos de pessoal vão acontecendo, é

gerada uma taxa de contratação desejada, ou seja, com que velocidade o gestor

desejaria repor os membros da equipe de projeto. A partir dessa velocidade de

reposição chega-se ao número de vagas desejadas e, desse número, descontando-

se o tempo necessário para a criação de novas vagas e também levando em

consideração que o número de postos de trabalho desejados será o número de postos

de trabalho criados, chega-se ao total de vagas abertas para contratação de novos

funcionários.

A figura 24 mostra as relações entre as variáveis supracitadas:

Figura 24 - Criação de novos postos de trabalho

Fonte: O autor (2019)

Segue-se com a assimilação de conhecimento e desligamento dos

empregados: é entendido que a contratação de novos funcionários representa a

incorporação de empregados com menor capacidade produtiva, ou seja, que por

Page 85: RENAN LUCAS GANASSINI

83

algum tempo irão contribuir em menor quantidade com a produtividade total da equipe.

A medida que o tempo passa, a taxa de assimilação se encarrega da transição de

estado dos empregados, de funcionário novo para funcionário experiente. Juntamente

a isso, considera-se a velocidade com que os funcionários são desligados da equipe

do projeto, tanto funcionários novos como experientes, cada um com sua respectiva

taxa de desligamento. Dessa maneira acontece a compensação do sistema:

empregados são contratados, demitidos ou ainda trocam de status de novo para

experiente fazendo com que as contratações se mantenham em equilíbrio dentro do

esperado.

A figura 25 mostra a dinâmica de transição e desligamentos comentada no

parágrafo anterior. Cabe observar que as atividades começam com alguns

colaboradores já contratados ou mesmo que foram transferidos de outras atividades

não sendo necessária, num primeiro momento, a contratação de toda a equipe

necessária para a realização das tarefas.

Figura 25 - Contratação, transição e demissão de empregados

Fonte: O autor (2019)

É importante ter claro que os efeitos negativos da contratação (redução da

produtividade total, por exemplo), funcionam como compensadores dos efeitos

positivos dessas mesmas contratações, podendo inclusive reduzir a taxa de execução

do projeto num primeiro momento até que os empregados novos se transformem em

empregados experientes.

Page 86: RENAN LUCAS GANASSINI

84

E finalmente a produtividade média e resultado potencial: é o resultado da

composição da equipe total. A produtividade média é função do percentual de

funcionários novos e experientes e suas respectivas produtividades as quais também

influem diretamente no resultado potencial da equipe. Por se tratar de um sistema

realimentado, as informações de produtividade e resultado potencial da equipe serão

usadas no subsistema de fluxo de atividades e retrabalho onde será analisada a forma

como as tarefas são desenvolvidas pela equipe. Cabe observar aqui que cada equipe

envolvida com suas respectivas tarefas possuirá produtividades diferentes, e

consequentemente, taxas de execução de tarefas também diferentes, já que o tempo

desejado para conclusão dos trabalhos e a complexidade dos mesmos variam.

Na figura 26 é possível identificar como está construído o cenário que conecta

os funcionários novos e experientes do ponto de vista da produtividade:

Figura 26 - Relação entre as produtividades de empregados novos e experientes

Fonte: O autor (2019)

6.2 O FLUXO DE ATIVIDADES E O RETRABALHO

O subsistema que se encarrega de simular o fluxo de atividades e o retrabalho

envolvido nelas é composto por 19 variáveis principais (e algumas outras variáveis de

suporte) as quais, interligadas entre si, representam como o retrabalho é originado a

partir das atividades originais ou ainda o retrabalho advindo de outras atividades

posteriores, criando assim uma espécie de cadeia onde erros em atividades

executadas no presente momento podem gerar a necessidade de retrabalhar

atividades que já haviam sido consideradas completas num momento anterior.

O modelo para o fluxo de atividades e o retrabalho foi baseado em (LYNEIS,

James, 2012).

Page 87: RENAN LUCAS GANASSINI

85

A figura 27 mostra a estrutura do subsistema citado:

Figura 27 - O Subsistema para o fluxo de atividades e o retrabalho

Fonte: O autor (2019)

Page 88: RENAN LUCAS GANASSINI

86

Para a construção de tal, foram consideradas as seguintes variáveis:

Tabela 3 - Variáveis consideradas no subsistema de fluxo de atividades e retrabalho

Variável Descrição Unidade

Equipe Total Total de empregados alocados em determinada

atividade

Pessoas

Staff on original work Total de empregados alocados para a realização

da atividade original

Pessoas

Staff on rework Total de empregados alocados para a realização

de retrabalhos

Pessoas

Fraction of staff to

rework

Fração de empregados destinada a execução de

retrabalhos

Produtividade média Produtividade média da equipe Atividades/Pessoa/Semana

Rework being

accomplished

Quantidade de retrabalho que está sendo

executado

Atividades/Semana

Original work being

accomplished

Quantidade de trabalho original que está sendo

executado

Atividades/Semana

Original work to do Total inicial de atividades que precisam ser

executadas

Atividades

Original work done

correctly

Total de atividades executadas corretamente Atividades/Semana

Rework generation on

original work

Total de retrabalho gerado a partir das atividades

originais

Atividades/Semana

Rework to do Total de retrabalho que necessita ser executado Atividades

Rework done correctly Total de retrabalho executado corretamente Atividades/Semana

Rework generation on

rework

Total de retrabalho que gera mais retrabalho Atividades/Semana

Undiscovered rework Total de retrabalho que ainda não foi descoberto Atividades

Rework discovery Retrabalho que está sendo descoberto após algum

tempo da conclusão da atividade

Atividades/semana

Work done Total de atividades que realmente é concluída com

sucesso e sem retrabalho

Atividades

Time to discover

rework

Tempo médio para o descobrimento de atividades

que precisam se retrabalhadas

Semanas

Work believed to be

done

Total de atividades que a equipe acredita ter

concluído

Atividades

Fraction of work really

completed

Fração das atividades que realmente foram

concluídas a qual muitas vezes é desconhecida

pela equipe

Atividades

Fonte: O autor (2019)

Page 89: RENAN LUCAS GANASSINI

87

No primeiro momento, coube analisar onde serão alocados os empregados, se

na execução das atividades originais ou nas atividades que precisam ser

retrabalhadas. Essa alocação é um pouco subjetiva, uma vez que não se sabe

exatamente a quantidade de retrabalho que será encontrada em determinada

atividade. O que se sabe é que o total de atividades que precisam ser retrabalhadas

aumenta no decorrer do projeto e diminui com a finalização do mesmo, sendo assim

optou-se por considerar um percentual padrão de 10% (quando não conhecido o

percentual real da atividade) para o total de atividades que precisam ser retrabalhadas

bem como um fator de carga aplicado sobre esse percentual, conforme a figura 28.

Figura 28 - Fator de carga para o retrabalho encontrado no decorrer do projeto

Fonte: O autor (2019)

Ainda, a produtividade média irá determinar a execução das atividades tanto

originais quanto as que precisam ser retrabalhadas. A variável que indica a

produtividade média bem como a variável de equipe total são advindas do subsistema

de gerenciamento de recursos humanos apresentado no capítulo anterior. Na figura

29 pode-se identificar a inter-relação citada.

Page 90: RENAN LUCAS GANASSINI

88

Figura 29 - Equipe total e alocação de mão de obra

Fonte: O autor (2019)

Tendo definido o contingente necessário em cada tipo de trabalho, cabe

observar como os estoque dos tipos de atividades se comportam e como os mesmos

influem uns sobre os outros.

Na figura 30 pode ser visto como o trabalho original (Original work to

do) flui (Original work done correctly) para o trabalho realmente concluído (Work

done) bem como para o estoque de atividades que são consideradas retrabalho mas

que ainda não foram descobertas (Undiscovered rework). Neste projeto considerou-

se que o tempo para que o retrabalho seja descoberto varia entre 0,25 e 4 semanas

uma vez que 0,25 semanas seria o tempo mínimo para algum tipo de inspeção de

qualidade e 4 semanas é o tempo considerado máximo para que as inspeções tenham

sido realizadas e a atividade dada como conforme. Além disso, a transição do

retrabalho que ainda não foi descoberto para o estoque de atividades que precisam

ser retrabalhadas (Rework to do) e ainda a conclusão correta das atividades que

sofreram retrabalho (Rework done correctly).

Page 91: RENAN LUCAS GANASSINI

89

Figura 30 - Estoques de atividades originais e retrabalhos

Fonte: O autor (2019)

Finalmente, o subsistema apresenta um bloco de variáveis que normalmente é

negligenciada pelo gerente do projeto e que culmina na "90% syndrome" (ABDEL-

HAMID, Tarek, MADNICK, Stuart. 1981), termo esse utilizado para descrever porque

um projeto, aparentemente, parece estar perto de sua conclusão mas na prática isso

não acontece. Tal situação é completamente justificada pelo progresso percebido

frente ao progresso real do projeto. No modelo apresentado, tal cenário é levado em

consideração através das variáveis work believed to be done, fraction reported to be

completed e fraction of work really completed. Dessa forma é possível estimar, com

base no retrabalho total, a quantidade de trabalho que ainda resta para a conclusão

real do projeto.

A figura 31 mostra a relação entre as variáveis supracitadas.

Page 92: RENAN LUCAS GANASSINI

90

Figura 31 - Bloco responsável pelo acompanhamento real do andamento do projeto

Fonte: O autor (2019)

Uma vez apresentado o modelo, seguir-se-a com as simulações dos cenários

e discussões.

Page 93: RENAN LUCAS GANASSINI

91

7 SIMULAÇÕES DOS CENÁRIOS E DISCUSSÃO

Este capítulo apresenta os dados coletados do projeto de construção de um

parque solar fotovoltaico. São discutidas algumas dificuldades no levantamento das

informações e na coleta dos dados, a análise preliminar dos cenários estudados e as

hipóteses assumidas com base na vivência do autor durante as fases construtivas do

projeto. Também, serão apresentados os resultados obtidos através das simulações.

Por se tratar de um projeto de construção que envolve diferentes etapas e

tecnologias associadas, optou-se, para fins de simplificação, estudar algumas das

atividades com maior teor de criticidade para a finalização da obra. Tais atividades

foram eleitas pelo autor por possuírem um grande volume de sub-atividades

relacionadas as quais serão descritas a seguir.

7.1 CASO 1

O caso 1 é composto pela instalação completa das estruturas de suporte

(trackers) dos módulos solares fotovoltaicos, a montagem dos módulos solares

fotovoltaicos sobre esta estrutura e sua interligação elétrica. Trackers são seguidores

solares responsáveis por movimentar os painéis durante o dia tornando possível o

máximo aproveitamento da energia proveniente do sol. Tais trackers são compostos

basicamente por estacas, aqui chamadas de hincas, e seu eixo de rotação ou torque

tube com suportes para os painéis fotovoltaicos. Além disso, a montagem dos painéis

consiste na fixação dos mesmos, através de parafusos, nestes suportes e a conexão

elétrica nada mais é do que a interligação entre os painéis através de cabos elétricos

com secção transversal de 4mm2 e munidos de conectores tipo MC4 em suas

respectivas pontas.

Page 94: RENAN LUCAS GANASSINI

92

Figura 32 - Atividades do caso 1

Fonte: O autor (2019)

O caso 1 foi selecionado pelo auto grau de dependência entre as atividades.

Por exemplo, é impossível montar um tracker sem que as hincas tenham sido

cravadas ou instalar os painéis fotovoltaicos sem que os trackers tenham sido

montados ou mesmo realizar a conexão elétrica dos painéis solares sem que estes

tenham sido devidamente fixados nas estruturas.

A seguir serão descritas com mais detalhes cada uma das atividades bem como

apresentados os tempos de execução e contingente de empregados envolvidos na

execução delas.

Tabela 4 - Cravação de hincas

CRAVAÇÃO DE HINCAS

Início Semana 5

Fim Semana 38

Retrabalho medido 2%

Número de tarefas 78.390 hincas cravadas

Empregados envolvidos 20 pessoas até a semana 25; 25 pessoas após

Produtividade média 123 tarefas/semana

Fonte: O autor (2019)

A cravação de hincas, atividade já finalizada no momento em que este trabalho

foi escrito, foi executada dentro dos padrões esperado no projeto não tendo qualquer

empecilho ou situações adversas. Atividades como essas serviram para validar o

modelo, conforme apresentado no gráfico 5. Neste gráfico é possível observar três

curvas: a execução esperada da atividade com base nas variáveis apresentadas na

Page 95: RENAN LUCAS GANASSINI

93

tabela 4 (curva marrom), a execução real da atividade medida em campo (curva azul)

e a execução esperada de acordo com a simulação do modelo (curva cinza).

Gráfico 5 - Cravação de hincas

Fonte: O autor (2019)

A validação do modelo se dá através da comparação entre a curva esperada

com base nos dados informados da atividade e a curva gerada pelo software também

com base nas informações originais da atividade. O que pode ser retirado dessa

análise é que em campo, durante a execução das atividades, as equipes conseguiram

obter uma maior produtividade semanal em relação ao que estava planejado, o que é

evidenciado pela curva azul. É claro que durante o dia-a-dia do projeto a produtividade

diária irá variar por fatores de campo como por exemplo a disponibilidade de material

ou ferramentas para o trabalho, início atrasado em relação ao início previsto, dias de

chuva que reduzem as horas úteis aproveitadas e outros fatores que dificultam

qualquer análise via software.

A segunda atividade do caso 1, a montagem dos trackers, atividade com

percentual de conclusão maior que 94% no momento em que este trabalho foi escrito,

também ocorreu de acordo com o planejamento da gerência do projeto. A tabela 5

R2 = 0,997503

Page 96: RENAN LUCAS GANASSINI

94

indica os detalhes da atividade em questão e o gráfico 6 mostra as três curvas:

execução esperada da atividade (curva marrom), a execução real da atividade medida

em campo (curva azul) e a execução esperada de acordo com a simulação do modelo

(curva cinza).

Tabela 5 - Montagem dos trackers

MONTAGEM DOS TRACKERS

Início Semana 10

Fim Semana 45

Retrabalho medido 1%

Número de tarefas 6354 trackers montados

Empregados envolvidos 50 até a semana 25; 60 após

Produtividade média 3,60 atividades/semana

Fonte: O autor (2019)

Gráfico 6 - Montagem de trackers

Fonte: O autor (2019)

R2 = 0,998963

Page 97: RENAN LUCAS GANASSINI

95

Novamente, pode-se inferir sobre a precisão do modelo tendo em vista que a

curva simulada apresenta comportamento muito similar ao comportamento desejado

pela gerência do projeto e as mesmas considerações podem ser feitas sobre a curva

azul, a execução real das atividades durante o dia-a-dia do projeto.

A terceira e a quarta atividades do caso 1 apresentaram características

peculiares e foram objeto de análises mais aprofundadas durante as simulações.

A terceira atividade, montagem dos painéis fotovoltaicos, estava concebida

para ter início na semana 26 seguindo o cronograma de atividades planejado pela

gerência. Por conta de atrasos no fornecimento de materiais, essa atividade só pode

ser iniciada na semana 35. Além disso, durante a sua execução, por um erro logístico,

aproximadamente 22% dos painéis instalados foram fixados em zonas indevidas do

parque, isto é, zonas as quais não admitiam as características dos painéis instalados,

sendo assim necessária a remoção destes e reinstalação nas zonas corretas. Este

caso é crítico já que está sendo necessário lidar com o atraso do fornecimento e com

os erros de execução fazendo com que a mão de obra empregada seja maior do que

o efetivo total planejado para que a data de conclusão da atividade seja mantida.

Tabela 6 - Montagem dos painéis fotovoltaicos

MONTAGEM DOS PAINÉIS FOTOVOLTAICOS

Início previsto/real Semana 26/ Semana 35

Fim Semana 50

Retrabalho medido 22%

Número de tarefas 656.640 painéis

Empregados envolvidos previsto 100 até a semana 30; 110 após

Empregados envolvidos real 250

Produtividade média prevista 300 atividades/semana

Produtividade média real 278 atividades/semana

Fonte: O autor (2019)

Nesta situação, o modelo de simulação foi utilizado para projetar o efetivo total

necessário, considerando o retrabalho envolvido e o atraso no cronograma, de modo

a concluir a atividade dentro do prazo esperado (semana 50).

O resultado da simulação é apresentado no gráfico 7.

Page 98: RENAN LUCAS GANASSINI

96

Gráfico 7 - Montagem dos painéis fotovoltaicos

Fonte: O autor (2019)

A curva S em azul é o resultado da simulação a qual apresenta um resultado

satisfatório, no que diz respeito ao cumprimento do prazo, para a execução da

atividade de instalação dos painéis fotovoltaicos tendo em vista as situações adversas

já citadas. O que ocorre é que o total de empregados deverá mais que dobrar durante

esse período (110 pessoas planejadas e 250 pessoas necessárias para a execução)

e a produtividade da equipe será reduzida (300 atividades/semana para 278

atividades/semana) devido as perdas inerentes ao fato de ter uma equipe tão grande,

pressão para execução do total de atividades num período de tempo menor e

desgastes físicos já que é uma atividade completamente manual.

Finalmente, a quarta atividade do caso 1, a interligação elétrica dos painéis

fotovoltaicos, também deslocada em relação a sua data de início (semana 30) por

conta no atraso de fornecimento dos painéis fotovoltaicos, teve seu comportamento

projetado através de simulações no modelo desenvolvido e apresentou os resultados

que podem ser vistos no gráfico 8.

R2 = 0,999833

R2 = 0,998392

Page 99: RENAN LUCAS GANASSINI

97

Gráfico 8 - Interligação elétrica do painéis solares fotovoltaicos

Fonte: O autor (2019)

A simulação apresentou resultados satisfatórios do ponto de vista do prazo de

execução da atividade, porém, da mesma forma que na atividade anterior, será

necessário incrementar a mão de obra total empregada na execução da mesma.

A tabela apresenta as características da atividade:

Tabela 7 - Interligação elétrica dos painéis fotovoltaicos

INTERLIGAÇÃO ELÉTRICA DOS PAINÉIS FOTOVOLTAICOS

Início previsto / real Semana 30 / Semana 38

Fim Semana 51

Retrabalho medido 3%

Número de tarefas 420.000 metros de cabo

Empregados envolvidos previsto 9 pessoas até a semana 34; 10 após

Empregados envolvidos real 34 pessoas

Produtividade média prevista 2500 atividades/pessoa

Produtividade média real 2315 atividades/pessoa

Fonte: O autor (2019)

R2 = 0,999786

R2 = 0,996602

Page 100: RENAN LUCAS GANASSINI

98

Como comentado anteriormente, do ponto de vista do cronograma, de acordo

com as simulações do modelo, seria possível sim executar todas as atividades

propostas dentro do prazo estipulado pela gerência, porém esta situação estaria

condicionada à necessidade de contratação de um efetivo maior do que o previsto

bem como arcar com as perdas de produtividade vinculadas à esse aumento de

pessoal.

A título de exemplo, no gráfico 9 pode-se verificar como o efetivo total

contratado variou no período compreendido para a execução da atividade de cravação

de hincas onde, a partir da semana 25 são incorporados mais 5 empregados fazendo

com que a equipe fique com um total de 25 colaboradores. Observa-se também a

transição que torna um funcionário novo em um funcionário dito experiente o qual é

capaz de aportar maior produtividade na execução das tarefas.

Para este caso, o tempo compreendido desde o início da contratação até o real

emprego do funcionário, foi estimado (com base na experiência do autor) em duas

semanas, portanto, por mais que seja criada uma necessidade imediata de

contratação, o modelo tarda algum tempo para processar tal solicitação, o que é

perfeitamente aceitável já que no caso real todo o trâmite de entrevistas, apresentação

e aprovação dos documentos, briefing de segurança e integração do funcionário giram

em torno desse período considerado.

Page 101: RENAN LUCAS GANASSINI

99

Gráfico 9 - Efetivo total empregado na atividade de cravação de hincas

Fonte: O autor (2019)

O gráfico 10 mostra como se comporta a curva de produtividade média da

equipe vista no gráfico 9 e compara com a curva de produtividade esperada.

Gráfico 10 - Produtividade média - Cravação de hincas

Fonte: O autor (2019)

Page 102: RENAN LUCAS GANASSINI

100

Mesmo sendo o exemplo de uma única atividade, o comportamento das curvas

é muito semelhante quando são analisados os outros casos. Isso se deve ao fato de

que, normalmente, são consideradas produtividades constantes ao longo do período

de execução das atividades o que, na prática, não funciona assim, levando o gerente

a acreditar que sua equipe está produzindo menos do que deveria o que na verdade

não é correto já que existe um tempo de ajustes por conta da adaptação dos novos

empregados que, no final das contas, acaba por representar uma fatia importante do

total que deveria haver sido produzido.

Finalmente, o gráfico 11 a seguir indica a diferença entre o efetivo planejado e

o efetivo real necessário para que as atividades do caso 1 sejam concluídas dentro

do prazo.

Gráfico 11 - Efetivo planejado x efetivo necessário

Fonte: O autor (2019)

Não fez parte do escopo deste trabalho a análise financeira do projeto porém

caso essa venha a ser feita, será de fundamental importância considerar estas

alterações no efetivo total a fim de entender e justificar se realmente é possível aceitar

o custo da contratação de mais pessoas frente a possibilidade de atrasar a entrega

das atividades em algumas semanas.

Page 103: RENAN LUCAS GANASSINI

101

7.2 CASO 2

Da mesma forma que no caso 1, para o caso 2 foram escolhidas atividades que

possuem alto grau de dependência entre si e que também sofreram com algum tipo

de distúrbio, seja por atraso no fornecimento dos materiais ou pela existência de

retrabalhos maiores do que o previsto em projeto.

A cadeia de atividades é iniciada pela cravação de hincas e pela montagem

dos trackers, ambas atividades já estudadas no caso 1. Estas atividades são seguidas

pela instalação dos cabos com secção transversal de 95mm2 os quais possuem

longitude média de 160 metros por polo, positivo e negativo. Tal cabo é preso à

estrutura do tracker e percorre toda a sua extensão até chegar a String Combine Box

(SCB). Paralelamente à instalação deste cabo, está a abertura de valas no chão com

medida aproximada de 80x60 centímetros (profundidade x largura) e o posterior

lançamento de cabos de baixa tensão (são cabos mais robustos com secção

transversal de 400mm2). A finalização destas duas atividades que envolvem o

lançamento de cabos é fundamental para que se possa instalar as SCBs. As SCBs

por sua vez são caixas de conexão elétrica responsáveis por juntar vários circuitos

elétricos e direcionar o fluxo de energia gerado até as estações de transformação,

aqui chamadas de Power Stations (PS). Uma PS é composta por três ou quatro

inversores de frequência e por um transformador a qual tem por finalidade a conversão

da corrente contínua gerada pelos painéis fotovoltaicos em corrente alternada (60

Hertz) e posterior elevação da tensão de 1.500 Volts para 34.500 Volts.

A figura 33 mostra, em forma de fluxo, as dependências das atividades

supracitadas.

Page 104: RENAN LUCAS GANASSINI

102

Figura 33 - Atividades do caso 2

Fonte: O autor (2019)

Uma vez que as atividades de cravação de hincas e montagem de trackers

tenham sido abordadas no caso 1, partir-se-á para a análise da atividade que

compreende a instalação de cabos com secção transversal de 95mm2. Tal atividade,

do ponto de vista de execução, é relativamente simples porém existiram duas

situações que comprometeram a sua correta execução: quase 15% dos cabos

lançados entre as semanas 30 e 38 tiveram problemas com seu isolamento ou, mais

precisamente, 15% dos mais de 175.000 metros de cabo lançado nesse período

sofreram com retrabalho pois foi necessário retirá-los de campo e lançar outra vez.

Além disso, a partir da semana 38 a atividade foi suspensa pela não conformidade do

isolamento do cabo já citado, ficando esta parada até que o total dos cabos em

estoque seja substituído por cabos novos e com isolamento conforme.

A tabela apresenta as características da atividade.

Page 105: RENAN LUCAS GANASSINI

103

Tabela 8 - Instalação de cabos com secção transversal de 95mm2

INSTALAÇÃO DE CABOS COM SECÇÃO TRANSVERSAL DE 95mm2

Início previsto Semana 26

Fim Semana 47

Retrabalho medido 15%

Número de tarefas 694.000 metros de cabo

Empregados envolvidos real 10 pessoas

Empregados evolvidos simulado considerando retomada de atividades 32 pessoas

Fonte: O autor (2019)

No momento em que este trabalho foi escrito, a atividade em questão

continuava suspensa aguardando a substituição dos cabos. Partindo disso, optou-se

por simular qual seria a necessidade de mão-de-obra caso a atividade fosse retomada

agora e tivesse sua data de término mantida.

O gráfico 12 apresenta os resultados da simulação.

Gráfico 12 - Instalação de cabos com secção transversal de 95mm2

Fonte: O autor (2019)

Mais uma vez, a curva de cor cinza apresenta o resultado da simulação

considerando as condições normais de execução dos trabalhos a qual corrobora com

R2 = 0,999976

R2 = 0,997362

Page 106: RENAN LUCAS GANASSINI

104

a curva de cor marrom (avanço esperado acumulado). A curva de cor azul indica o

andamento real da atividade e a curva de cor amarela simula o andamento dos

trabalhos caso os mesmos fossem retomados no presente momento. Novamente,

cabe observar que o intuito da simulação foi manter intacta a data de finalização das

atividades e que tal consideração irá supor um aumento no efetivo total empregado

para a execução dos trabalhos.

A segunda atividade analisada no caso 2 foi a abertura de valas e o lançamento

de cabos com secção trasversal de 400mm2. Este cabo é utilizado para conectar as

SCBs às PSs. Diferentemente das outras atividades já citadas neste trabalho, nesta

atividade são empregados meios mecânicos (escavadeiras e retroescavadeiras) e

dessa maneira a análise da produtividade média da equipe acaba sofrendo alguma

distorção uma vez que a abertura de valas possui uma velocidade de execução

enquanto o lançamento dos cabos possui outra. O que acontece é que uma atividade

não faz sentido sem a outra, por isso elas foram consideradas como uma só e o

resultado pode ser visto no gráfico 13 a seguir.

Gráfico 13 - Abertura de valas e lançamento de cabos com secção transversal de 400mm2

Fonte: O autor (2019)

R2 = 0,999691

R2 = 0,998057

Page 107: RENAN LUCAS GANASSINI

105

As curvas reais e simuladas para esta situação estão em concordância

refletindo o que realmente aconteceu durante a execução dos trabalhos. Para este

caso em específico, a curva de cor azul, a qual apresenta o andamento real medido

das atividades, sofre algumas variações durante o período de execução justamente

pela presença das máquinas que em determinados dias sofreram algum tipo de avaria

e ficaram paradas para manutenção, fazendo com que a produtividade média

diminuísse. Outro detalhe que cabe ser mencionado é que o total de cabos lançados

nessa atividade é de duas vezes o total de metros escavados, uma vez que o circuíto

é composto por dois pólos, positivo e negativo, sendo assim foram escavados 16.720

metros de valas e lançados pouco mais de 33.000 metros de cabo.

Também, observa-se que o início das atividades foi postergado em quatro

semanas, isso porque existiram algumas dificuldades na regularização da

documentação das máquinas que seriam utilizadas para os trabalhos. Tais

dificuldades como por exemplo a falta de um plano de manutenção das máquinas

assinado por um engenheiro mecânico ou mesmo a não apresentação de um

certificado de capacitação para operação de máquinas por parte do operador é algo

um pouco comum e que ocorreu com alguma frequência em outras atividades na parte

civil da obra.

A terceira atividade analisada no caso 2 é a instalação das String Combiner

Box (SCB). A tabela 9 resume as características desta atividade.

Tabela 9 - Instalação de String Combiner Box

INSTALAÇÃO DE STRING COMBINER BOX

Início previsto Semana 36

Fim Semana 44

Retrabalho medido ~1%

Número de tarefas 928 caixas de conexão

Empregados envolvidos 6 pessoas

Fonte: O autor (2019)

Uma das atividades com menor índice de retrabalho medido, a instalação das

caixas de conexão está sofrendo com os problemas evidenciados na atividade de

instalação de cabos com secção transversal de 95mm2. Isso se deve ao fato de que

não é possível completar a instalação de uma caixa de conexão sem a presença do

cabo o que compromete o andamento dos trabalhos fazendo com que estes, no

momento em que este trabalho foi escrito, estivessem suspensos. O gráfico 14 mostra

Page 108: RENAN LUCAS GANASSINI

106

a situação atual da atividade bem como uma projeção caso os trabalhos fossem

retomados imediatamente.

Gráfico 14 - Instalação de String Combiner Box

Fonte: O autor (2019)

O cenário simulado para esta situação é um tanto quanto difícil de ser

executado na prática e isso se deve ao fato de que, para que seja respeitada a data

final estipulada para a atividade, a equipe total empregada deverá ser dobrada já que

o total de atividades a serem executadas durante a última semana também será

dobrada, (90 atividades por semana, na média e 182 atividades a serem executadas

durante a última semana de trabalho) ou seja, precisar-se-ia contratar mais 6

empregados ou mesmo deslocar 6 empregados de outra atividade para esta. A

primeira das opções, a contratação de novos empregados esbarra no delay natural

desse processo (algo em torno de duas semanas) e portanto já não seria exequível.

A segunda opção, a transferência de empregados de outras frentes de trabalho

acarretaria na diminuição da quantidade produzida desta outra frente a qual, por sua

vez, poderia ocasionar algum atraso em sua respectiva cadeia de atividades. Além

disso, o tempo de adaptação destes empregados e sua curva de aprendizagem para

R2 = 0,998486

Page 109: RENAN LUCAS GANASSINI

107

a nova atividade, fariam com que a mesma não pudesse ser executada dentro do

período esperado.

A partir do momento em que a data final da atividade é postergada, as duas

situações citadas anteriormente tornam-se viáveis e a segunda delas, a transferência

de empregados de outras frentes de trabalho é vista como a ação que poderia trazer

melhores resultados em menor espaço de tempo. Isso irá depender basicamente de

quais outras atividades tenham alguma folga e que possam sofrer algum tipo de atraso

sem maiores comprometimentos.

Finalmente, a última atividade do caso 2, a instalação das Power Stations, será

alvo de uma análise diferente uma vez que os dados levantados não foram suficientes

para realizar simulações concretas. Tal atividade sofreu com um alto índice de

retrabalho o qual beirou os 80% devido a problemas na descarga dos inversores. Esta

atividade consiste, de forma resumida, na descarga (através de um guindaste) e

posicionamento dos inversores, em bases de concreto espalhadas pela área do

parque, e posteriormente a interligação mecânica destes inversores aos

transformadores que também serão descarregados nestas mesmas bases. Devido a

uma falha no desenho da base e no procedimento de descarga, os inversores ficaram

desalinhados em relação aos transformadores fazendo com que quase 80% destes

(27 unidades de um total de 34) tivessem que ser movidos para que a conexão

mecânica pudesse ser executada.

Como a atividade completa é composta pela descarga (aproximadamente 40%

do tempo total da atividade) e pela montagem (60% do tempo), considerou-se que

32% do tempo total estimado para a realização de tal foi retrabalho, logo, a atividade

que deveria durar 8 semanas acabou tendo duração maior que 11 semanas no total.

O gráfico 15 mostra como se comportou o retrabalho da atividade e como isso

influenciou no tempo total de execução da mesma.

Page 110: RENAN LUCAS GANASSINI

108

Gráfico 15 - Instalação das Power Station

Fonte: O autor (2019)

No gráfico 15 é possível identificar as curvas que mostram o que o retrabalho

gerado pela descarga incorreta dos inversores provocou no andamento geral da

atividade. A curva amarela, por exemplo, indica qual era o andamento esperado e a

curva azul mostra o andamento real da atividade. A curva marrom evidencia a

presença constante do retrabalho durante todo o período de execução dos trabalhos.

Já a curva cinza mostra o trabalho original que foi desenvolvido para que seja possível

criar um contraste entre a quantidade de trabalho originalmente planejada e a

quantidade de trabalho realmente realizada.

Nesta situação específica, o atraso na finalização da atividade representa um

sério problema uma vez que alguns testes estavam programados e não poderão ser

realizados em tempo já que as PSs não estão acabadas. A não realização destes

testes, como o teste VLF (very low frequency), por exemplo, implica em atrasar o que

seria o comissionamento total do parque e, possivelmente, atrasar também a

energização da planta. A não energização da planta dentro do prazo esperado abre

precedente para multas contratuais as quais seriam realmente um problema sério para

Page 111: RENAN LUCAS GANASSINI

109

o projeto. Daí a necessidade de poder simular condições de atrasos e retrabalhos

antes mesmo que estes aconteçam, para que ações possam ser tomadas em tempo

real e os problemas sejam mitigados ou até extintos.

Page 112: RENAN LUCAS GANASSINI

110

Page 113: RENAN LUCAS GANASSINI

111

8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Conforme mencionado no capítulo 1, o objetivo geral deste trabalho é estudar,

através da Dinâmica de Sistemas, o comportamento de um projeto de construção de

uma planta solar fotovoltaica frente a possíveis problemas durante a sua execução

que venham a acarretar em atrasos e mudanças de cronograma.

Para o primeiro objetivo específico, foram levantadas as informações

necessárias para a concepção de um modelo de simulação. Tais informações foram

colhidas junto aos documentos gerados pelas partes do projeto bem como obtidas

junto aos profissionais responsáveis pelas atividades que foram analisadas. Também,

alguns dados de produtividade e capacidade de equipe foram baseados em

experiências anteriores dos mesmos profissionais responsáveis pelas atividades.

Tendo isso considerado, o modelo de simulação foi construído sob dois

subsistemas: o subsistema de gerenciamento de recursos humanos e o subsistema

de fluxo de atividades e retrabalho. O primeiro módulo trata sobre as contratações e

suas variáveis bem como os tempos necessários para que elas aconteçam. Também

trata da transição de empregados dentro da empresa, onde empregados novos

adquirem experiência a conseguem aportar maior produtividade durante a execução

das tarefas. E trata também das demissões, sejam no decorrer do projeto ou quando

alguma atividade é finalizada. O segundo módulo o qual trata do fluxo das atividades

e do retrabalho está montado de forma dinâmica onde vários módulos podem ser

acoplados de maneira a criar as cadeias de atividades que se deseja analisar. A

junção dos dois módulos forma o modelo de simulação que era o segundo objetivo

específico deste trabalho.

O terceiro objetivo deste trabalho foi testar os diferentes cenários relacionados

à atrasos causados por problemas com fornecimento de matérias primas, baixa

produtividade na execução das atividades e retrabalhos. O modelo de simulação foi

testado exaustivamente até que conseguiu-se validá-lo com o comportamento real das

situações estudadas. A partir do momento em que houve a validação do modelo,

passou-se ao quarto e último objetivo específico deste trabalho que era analisar os

resultados obtidos pelas simulações do modelo. Foram criados cenários onde os

atrasos e retrabalhos existiram a partir dos quais foi construído o estudo sobre as

projeções feitas pelo modelo para estes casos.

Page 114: RENAN LUCAS GANASSINI

112

Dos resultados apresentados, pode-se destacar o quão danosa é a presença

dos retrabalhos para a conclusão correta das atividades dentro de um cronograma

especificado, mais até que os atrasos no fornecimentos de materiais, isso porque a

presença de atividades que precisam ser retrabalhadas implicam na necessidade de

se utilizar a mesma capacidade de mão de obra outra vez para executar a mesma

coisa, isso quer dizer que foi gasto o dobro de homem-hora ou ainda que a

produtividade total foi a metade do que seria a produtividade normal. Além disso, os

retrabalhos ocultos são responsáveis por danos ainda maiores já que os mesmos

podem demorar a ser descobertos e quando o são, criam necessidades novas as

quais, na grande maioria das vezes, já não possuem espaço no cronograma e podem

representar não só a necessidade de retrabalhar uma atividade como também a

necessidade de retrabalhar toda uma cadeia de atividades que depende desta.

Pela experiência do autor, vivida no dia-a-dia da obra, o modelo criado para

este trabalho foi importante não para prever números com casas decimais precisas,

mas sim para simular comportamentos e possibilitar a previsão de qual ação teria o

melhor efeito para a resolução dos problemas encontrados. Este trabalho retratou um

caso específico com atividades específicas as quais possuíam suas variáveis locais e

que representaram um cenário o qual dificilmente será repetido, porém, a estrutura do

modelo criado possibilita que, com pequenas alterações estruturais, o mesmo seja

utilizado nos mais diferentes projetos sendo necessário somente introduzir as

variáveis locais conforme a realidade de cada obra.

Page 115: RENAN LUCAS GANASSINI

113

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APÊNDICE

APÊNDICE A – Equações do modelo

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