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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE ODONTOLOGIA REMOÇÃO CIRÚRGICA DE LIPOMA : RELATO DE CASO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Yuri Gulart Oliveira Santa Maria, RS, Brasil 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE ODONTOLOGIA

REMOÇÃO CIRÚRGICA DE LIPOMA : RELATO DE CASO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Yuri Gulart Oliveira

Santa Maria, RS, Brasil 2015

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REMOÇÃO CIRÚRGICA DE LIPOMA:

RELATO DE CASO

Yuri Gulart Oliveira

Trabalho de Conclusão de Curso em Odontologia, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS),

como requisito para obtenção do grau de Cirurgião-dentista.

Orientador: Prof. Dr.Jorge Abel Flores

Santa Maria, RS, Brasil 2015

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Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciências da Saúde

Curso de Odontologia

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso

REMOÇÃO CIRÚRGICA DE LIPOMA: RELATO DE CASO

elaborado por

Yuri Gulart Oliveira

como requisito para obtenção do grau de

Cirurgião-dentista

COMISSÃO EXAMINADORA:

Jorge Abel Flores, Dr. (Orientador)

Pâmela Gutheil Diesel, Me. (UNIFRA)

Gustavo Nogara Dotto, Dr. (UFSM)

Diego Segatto Blaya, Dr.

(UFSM-suplente)

Santa Maria, 03 de Julho de 2015.

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Dedico a Deus, о qυе seria do homem sem а fé nele. Ao Professor Dr.

Jorge Abel Flores, companheiro dе caminhada ао longo dо Curso dе Odontologia.

Posso dizer qυе а minha formação, inclusive pessoal, nãо teria sido а mesma sеm а

sυа pessoa. A toda minha família que, cоm muito carinho е apoio, nãо mediram

esforços para qυе eu chegasse аté esta etapa dе minha vida.Аоs amigos е colegas,

pelo incentivo е pelo apoio constante.

5

Agradeço a Deus pоr tеr me dado saúde е força pаrа superar аs dificuldades.

À Instituição pelo ambiente criativo е amigável qυе proporcionou.Ao professor Dr.

Jorge Abel Flores, pela orientação, apoio е confiança.À família, pelo amor, incentivo

е apoio incondicional. A todos qυе direta оυ indiretamente fizeram parte dа minha

formação, о meu muito obrigado.

6

“Se vi mais longe foi por estar de pé, sobre o ombro de gigantes”. (Issac Newton)

7

RESUMO

Lipomas são neoplasias benignas de origem mesenquimal, esses correspondem aproximadamente, 5% dos tumores bucais. Clinicamente, apresenta-se como um aumento de volume nodular, de base séssil ou pedunculada, superfície lisa e consistência macia, assintomático e de crescimento lento. Sua coloração varia de amarelada para rósea dependendo da profundidade que se encontra nos tecidos. Este trabalho apresenta uma revisão de literatura sobre Lipomas Intraorais, suas características clínico-patológicas, os meios de diagnóstico, localizações mais frequentes, suas variantes, tratamento e prognóstico. Além do exposto o trabalho trás um relato de caso uma paciente com 51 anos, com lipoma intraoral localizado no fundo de sulco vestibular esquerdo, o qual foi realizado biópsia excisional e encaminhado para exame anato-patológico comprovando a hipótese diagnóstica de lipoma intraoral. Palavras-chave:Lipoma Intraoral. Neoplasias Bucais. Tecido Adiposo.Tumor Gorduroso. Biópsia Excisional.

ABSTRAT

Lipomas are benign tumors of mesenchymal origin, these account for approximately 5% of oral tumors. Clinically, it is presented as an increase in volume

nodular, sessile or pedunculated base, smooth surface and soft consistency, asymptomatic and slow growth. Its color ranges from yellow to pink depending on the

depth lying in the tissues. This paper presents a literature review on intraoral lipomas, their clinical and pathological features, diagnostics, most common locations, its variants, treatment and prognosis. Besides the above work behind a case report one patient with 51 years old, with intraoral lipoma located on the left buccal grove

fund, which was held excisional biopsy and sent for microscopic examination corfirming the diagnosis of lipoma intraoral.

Keywords: Lipoma Intraoral. Mouth Neoplasms. Fatty tissue Adiposo.Tumor. Excisional biopsy.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Aspecto clínico do lipoma em fundo de sulco esquerdo..........................15

Figura 2- Incisão sobre a lesão..................................................................................16

Figura 3.1- Divulsão e remoção da lesão...................................................................17

Figura 3.2- Lesão flutuando em formol 10% devido a densidade menor das células adiposas.....................................................................................................................17

Figura 4- Sutura da loja cirúrgica...............................................................................18

Figura 5- Após 2 meses de acompanhamento..........................................................18

9

LISTA DE ANEXOS

Anexo A – Diagnóstico Histopatológico ..................................................................... 24

10

SUMÁRIO

RESUMO E ABSTRACT............................................................................................. 7

INTRODUÇÃO E REVISÃO DE LITERATURA ........................................................ 11

RELATO DO CASO CLÍNICO .................................................................................. 15

DISCUSSÃO ............................................................................................................ 19

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 21

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 22

ANEXOS ................................................................................................................... 24

11

INTRODUÇÃO E REVISÃO DE LITERATURA

Os lipomas bucais são aumentos de volume nodulares e apresentam-se

como massa nodular, flutuante, de consistência borrachóide, com superfície plana e

lisa, que pode ser séssil ou pedunculada. A coloração varia de levemente amarelada

a rósea, dependendo da profundidade da lesão. Possuem crescimento lento e

assintomático até o momento que alcançam níveis estáticos, podendo passar

despercebidos por meses ou anos, antes do diagnóstico. Seu tamanho é variável, a

maioria inferior a 30 milímetros (mm) e, em alguns casos, podem interferir na fala e

na deglutição. A mucosa jugal e o vestíbulo bucal são os sítios intrabucais mais

comuns e essa localização representa 50% de todos os casos; língua, assoalho

bucal e lábios são sítios menos comuns (ANAVI; GROSS; CALDERON, 1995;

EPIVATIANOS; MARKOPOULOS; PAPANAYOTOU, 2000; FREGNANI et al., 2003;

NEVILLE, 2009 ).

De acordo com Valente(2003), tumor é a proliferação irreversível de tecido

com alterações celulares que modificam seu estado normal, estando as células

novas mutáveis. Inicialmente, é localizado, podendo ser de tecido simples ou

associado, embrionário ou adulto, de evolução variável e de caráter nocivo ao

organismo.Etimologicamente, o nome desse processo patológico é dado pelo sufixo

“oma”e pelo prefixo da origem tecidual ou seu tipo de variação. A etiologia dos

tumores é vaga e complexa, pois estes podem surgir de traumatismos constantes,

irritações químicas, certos vírus, alguns parasitos, fatores psicológicos, dentre

outros. O lipoma possui crescimento lento de células adiposas. Ele pode serlobulado

ou unitário, é indolor, embora sua característica seja de um tumor profundo.

O lipoma de face, por ser uma lesão de crescimento lento, assintomático e

que dependendo da localização pode não apresentar comprometimento estético ou

12

funcional, faz com que a maioria dos pacientes não procure os cirurgiões-dentistas

de forma imediata, observando-se, assim, a demora de meses a anos para se

realizar o tratamento do tumor (CAPELARI et al., 2010).

De maneira geral lipomas bucais, são indolores, bem circunscritos, de

crescimento lento, seja ele submucoso ou superficial, geralmente localizado na

mucosa bucal, de coloração amarelada e, sem alterações de superfície (CAPELARI

et al., 2010).

Lipomas são neoplasias mesenquimais benignas compostas por adipócitos

envolvidos por uma fina cápsula fibrosa. Configuram-se como tumores comuns de

tecido mole, sendo que cerca de 20% ocorrem nas regiões da cabeça e pescoço,

correspondendo a apenas 0,5% a 5% de todas as neoplasias bucais. (CAPELARI et

al.,2010).

Segundo estudos realizados por Avelar et al. (2008), este verificou que os

lipomas bucais e maxilofaciaistêm prevalência em indivíduos do sexo masculino e na

quinta década de vida, com a principal localização na mucosa jugal e de maneira

assintomática.Quando avaliada a localização anatômica, os lipomas orais

mostraram-se mais frequentes que os lipomas maxilofaciais, com 71,43% e 28,57%

dos casos, respectivamente. A mucosa jugal(50%), seguida do lábio inferior(20%) e

região retromolar(10%), mostraram-se ser as localizações intrabucais mais

frequentes.Quanto à localização topográfica maxilofacial, a região frontal(33,34%),

seguida da submandibular(25%) e supercílio(16,67%), foram mais frequentes.

De acordo com Neville et al.(2004), seu acometimento é mais frequente em

pessoas obesas, entretanto, o seu metabolismo é independente do metabolismo

lipídico corporal.

Segundo Boraks (2001), o diagnóstico é o conjunto de dados obtidos através

de sinais e sintomas que orientam e conduzem o cirurgião-dentista à determinação

de uma doença. O estabelecimento do diagnóstico inicia-se pela sintomatologia com

auxílio da semiotécnica, resultando em um quadro clínico e em hipóteses de

diagnóstico. No entanto, o diagnóstico final pode ser obtido através de exames

13

complementares que levem a um prognóstico favorável ou desfavorável dando

condições para o correto tratamento e proservação (PRADOet al., 2010).

O diagnóstico do lipoma está baseado nas suas características clínicas,

observadas após exame físico intrabucal minucioso associado à história da lesão. O

exame visual e a palpação são os principais métodos empregados.O diagnóstico

clínico diferencial dos lipomas se faz com o fibroma e a hiperplasia fibrosa

inflamatória. Para se estabelecer um diagnóstico definitivo, é necessário observar os

aspectos microscópicos da lesão (TATEYAMA et al., 2005).

Casos de fibromas situados em planos profundos, infiltrados entre músculos

ou até mesmo entre glândulas salivares maiores, requerem exames complementares

de imagem, tais como ressonância magnética ou tomografia computadorizada. Para

se estabelecer o diagnóstico definitivo, é necessárioobservar os aspectos

microscópicos da lesão (MENDITTI; PALOMBA; RULLO, 1990; DATTILO; IGE;

NWANA, 1996; CHIKUI et al., 1997; BURIC et al., 2001; DARLING; THOMPSON;

SCHNEIDER, 2002).

Segundo Ribeiro Neto et al. (2010), o diagnóstico presuntivo pode ser obtido

através de biópsia incisional ou excisional, colocando-se a peça em formol a 10%

para fixação e observando flutuação da mesma. Salientam, ainda, que a flutuação

deve-se ao fato de que a gordura é menos densa do que a solução fixadora.

Numa visão microscópica, lipomas consistem basicamente de células

gordurosas localizadas na periferia, com núcleos achatados. O citoplasma é nítido e

contém grânulos sudanófilos. Em alguns casos, vacúolos únicos ou múltiplos estão

presentes. As células são separadas em lóbulos por finos septos de tecido conectivo

e todo o tumor está cercado por uma cápsula fina. Entretanto, algumas vezes, a

cápsula está ausente (EPVATIANOS et al., 2000 apud WOLTMANN et al., 2004).

Gray e Barker(1991) salientaram duas formas de lipomas intra-orais: a forma

mais frequente, denominada encapsulada, localizada superficialmente, e a forma

difusa de lipomatose, localizada em tecidos profundos(RIBEIRO NETO et al., 2010).

14

A variante maligna, o lipossarcoma, usualmente não surge precedido pelo

lipoma. Alguns casos de malignidade do lipoma são descritos na literatura, mas são

extremamente raros, de acordo com Martin et al. (2009).

É imperativo o tratamento cirúrgico total dessas lesões para diminuir a

possibilidade de recidiva e manter o paciente em acompanhamento, apesar do curso

benigno da lesão (SOUZA et al., 2010).

Segundo Limpo (2008), o prognóstico é muito bom e a recidiva muito baixa.

No entanto, no caso dos lipomas infiltrantes, parece existir uma maior tendência

para a recidiva, embora, ainda assim, esta permaneça muito baixa.

Tem sido descrito um número de variantes microscópicas denominadas

fibrolipoma,angiolipoma, lipomas mixóides,lipomas de células espinhosas, lipomas

pleomórficose intramusculares. A mais comum destas é o fibrolipoma, caracterizado

por um componente fibroso significativo, misturado com os lóbulos de células

gordurosas. As outras variantes são raras (FREGNANI et al.,2003; LOMBARDI;

ODELL, 1994; DARLING;THOMPSON; SCHNEIDER, 2002).

Os lipomas são tratados pela excisão cirúrgica total e conservadora. Em

muitos casos,após o diagnóstico clínico, opta-se pelarealização de biópsia

excisional, com a finalidadede estabelecer o diagnóstico definitivo,e este

procedimento acaba por ser o tratamento da lesão. A maioria das variantes

microscópicas não afeta o prognóstico. Os lipomas intramusculares têm um alto

índice de recidiva por causa do seu padrão de crescimento infiltrativo, mas a

variante é rara na região oral e maxilofacial (FREGNANI et al., 2003;MIGHELL,

1994).

O Objetivo do presente trabalho é apresentar um relato de caso onde a

paciente que procurou atendimento em uma unidade básica de saúde por fratura de

um determinado dente, ao ser realizado o exame clínico completo, o Cirurgião-

Dentista observou variação de tecido na região de mandíbula esquerda e assim

encaminhou a mesma para a Universidade. E também relatar um caso incomum na

prática clínica do Cirurgião-Dentista onde os achados deste estudo subsidiariam tal

profissional na sua conduta clínica.

15

RELATO DO CASO CLÍNICO

Paciente de 51 anos, sexo feminino, leucoderma. Procurou atendimento

odontológico, na Unidade de Saúde da Família (USF)Urlândia, com queixa de dente

fraturado. Na anamnese não relatou nenhum problema de saúde. Durante o exame

físico, percebeu-se no fundo de sulco vestibular esquerdo um aumento de volume de

consistência macia, superfície lisa, séssil, amarelado de cerca de 30 milímetros

(Figura 1). A paciente foi encaminhada para a disciplina de Cirurgia e Traumatologia

Bucomaxilofacial da Universidade Federal de Santa Maria, onde reiterou-se essas

características tendo como hipótese de diagnóstico de um possível neoplasia. À

palpação, a lesão se mostrou flutuante e indolor. Foi aferida a pressão arterial da

paciente a qual apresentou-se elevada (170 mmHg sistólica, 100 mmHg diastólica),

a paciente foi encaminhada para avaliação médica.

Figura 1: Aspecto clínico do lipoma em fundo de sulco esquerdo.

16

Definido o quadro clínico, optou-se pela biópsia excisional. Para o

procedimento cirúrgico aferiu-se a pressão arterial novamente, a qual se apresentou-

se normal (130 mmHg sistólica, 90 mmHg diastólica) . O anestésico utilizado foi

Cloridrato de Mepivacaína 20mg/ml com epinefrina 0,01 mg/ml o qual foi injetado

pela técnica anestésica de bloqueio alveolar inferior e infiltrativa na periferia da

lesão,pois favorece a contenção do sangramento. A incisão foi linear sobre a lesão (

Figura 2). Foram divulsionados os tecidos ao redor da cápsula fibrosa, a lesão foi

pinçada, divulsionada (Figura3.1), removida e acondicionada em um recipiente com

formol 10% a qual mostrou uma característica de lipoma (Figura 3.2).Observou-se

que a lesão flutuou devido a densidade de tecido adiposo ser menor que a do formol

10%. Esse recipiente foi encaminhado para exame microscópico. A loja cirúrgica foi

avaliada se não tinha mais resquícios de anormalidades e após suturada (Figura 4).

Os achados histológicos da lesãoconfirmaram a hipótese de lipoma (Anexo 1). O

pós-operatório revelou cicatrização adequada da ferida e a paciente encontra-se em

controle clínico e sem sinais de recidiva da lesão (figura 5).

Figura 2: Incisão sobre a lesão.

17

Figura 3.1: Divulsão e remoção da lesão.

Figura 3.2: Lesão flutuando em formol 10% devido a densidade menor das células adiposas.

18

Figura 4: Sutura da loja cirúrgica

Figura 5: após 2 meses de acompanhamento.

19

DISCUSSÃO

Lipomas em cavidade bucal são raros e se iniciam subsuperficialmente e

ocasionam crescimentos geralmente em tecido mole. Exibem, do ponto de vista

clínico, comportamento benigno que se traduz em crescimento lento, expansão

tecidual sem infiltração, ausência de dor e de ulceração (MENDITTI; PALOMBA;

RULLO, 1990; ANAVI; GROSS; CALDERON, 1995; DATTILO; IGE; NWANA, 1996).

Para Capelari et al (2010), os lipomas correspondem de 0,5 a 5% das

neoplasias orais e 50% dos casos estão presentes na mucosa jugal e no vestíbulo

bucal, seguido das regiões lingual, assoalho da boca, palato e gengiva.

Seu tamanho é variável, a maioria inferior a 30 milímetros (mm) e, em alguns

casos, pode interferir na fala e na deglutição. A mucosa jugal e o vestíbulo bucal são

os sítios intrabucais mais comuns e essa localização representam 50% de todos os

casos; língua, assoalho bucal e lábios são sítios menos comuns (ANAVI; GROSS;

CALDERON, 1995; EPIVATIANOS; MARKOPOULOS; PAPANAYOTOU, 2000;

FREGNANI et al., 2003; NEVILLE, 2009 ).

O caso apresentado tem o tamanho de 23mm e estava localizado no

vestíbulo bucal de acordo com a literatura específica. Indo de encontro com a

literatura que relata uma lesão de geralmente 30mm.

Como foi realizado nesse caso, o processo de diagnóstico do lipoma em boca

segue a rotina do exame clínico. Deve ser realizada a anamnese e o exame físico

extra e intrabucal. Neste, se realiza a inspeção das estruturas e a palpação, o que

permite examinar estruturas profundas e observar sua compressibilidade,

sensibilidade e relações anatômicas (DATTILO; IGE; NWANA, 1996).

20

O diagnóstico clínico diferencial dos lipomas se faz com o fibroma e a

hiperplasia fibrosa inflamatória. Para se estabelecer um diagnóstico definitivo, é

necessário observar os aspectos microscópicos da lesão (TATEYAMA et al., 2005).

O tratamento dos lipomas orais e maxilofaciais, incluindo todas as variantes

histológicas, é a excisão cirúrgica, conforme foi apresentado neste caso clínico, pois

embora o crescimento do lipoma oral seja comumente limitado, eles podem alcançar

grandes dimensões (DATILLO et al, 1996).

No caso apresentado, ante as hipóteses de diagnóstico, optou-se pela

realização de biópsia excisional, seguida de exame histopatológico. Foi adotada

essa conduta por ser a biópsia excisional o método ideal para o diagnóstico de

lesões bucais isoladas, de crescimento lento, pequenas e sem ulcerações

(COLEMAN; NELSON, 1996).

Colocou-se a peça na solução de formol 10% e observo-se a flutuação, dado

este indicativo de que a lesão se tratava de lipoma.

No caso deste estudo, a biópsia excisional promove a remoção total da lesão

e coincide com o tratamento proposto. A paciente não exibiu sinais de recidiva no

tempo de 2 meses, sugerindo-se acompanhamento periódico da mesma pelos

próximos anos.

21

CONCLUSÃO

O lipoma em cavidade oral de não é muito frequente. São de consistência

macia e superfície lisa, estes podem ser sésseis e pedunculados. Normalmente é

assintomático e se encontram na cor amarelada ou rósea dependendo da

profundidade.

O correto diagnóstico da lesão é por meio de exame físico e histopatológico

para que o tratamento e o prognóstico sejam estabelecidos. É de grande importância

que o profissional de Odontologia conheça essa patologia para que esta seja tratada

de forma adequada.

No caso relatado foi optado pela biópsia excisional, que é um tratamento

conservador, o qual até o momento se mostra efetivo. A excisão do tumor foi

realizada pois este tem possibilidade de aumentar de volume e comprometer tanto

esteticamente como funcionalmente.Após a remoção da lesão, o fato de “boiar”

quando imersa em solução fixadora (formol a 10% ou soro fisiológico a 0,9%) é um

sinal da lesão.O prognóstico da lesão é excelente com pouca chance de recidivas.

O Presente trabalho conclui a importância de diagnóstico para lesões em

mucosa oral, sendo de extrema importância a análise incluindo incluindo

procedimentos cirurgicos de biópsia e laudo histopatológico para conclusão do caso

e adequado tratamento.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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23

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24

ANEXOS

Anexo A – Diagnóstico Histopatológico