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Universidade São Francisco Ana Cristina Menegatto
002200200511
RELATOS DE PACIENTES COM HIV EM FASE AVANÇADA E SUA
VISÃO DE MORTE APÓS EXPERIÊNCIA COM ESPIRITUALIDADE.
Itatiba, 2006
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RESUMO:
O presente estudo objetiva investigar a visão de morte e de espiritualidade, relatada por
pacientes portadores da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (HIV), em fase terminal,
internados em uma Organização Não Governamental, de orientação religiosa, localizada no
interior de São Paulo. A coleta de dados será feita através de um questionário fechado, e
posteriormente será realizada a análise dos dados obtidos, verificando a importância da
experiência espiritual frente à terminalidade, os benefícios e as dificuldades encontradas
pelos sujeitos neste âmbito.
Palavras Chaves: Doenças Terminais, Religião, qualidade de vida.
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Universidade São Francisco Ana Cristina Menegatto
002200200511
Itatiba, 2006
Projeto de pesquisa apresentado a disciplina, Projeto de Pesquisa em Psicologia do Curso de Psicologia da Universidade São Francisco para obtenção da aprovação da disciplina.
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SUMÁRIO
1. Introdução............................................................................................................ 01
1.1 Conceituando Religião, Crença e Espiritualidade.............................................. 02
1.2 O Estudo da Espiritualidade............................................................................... 04
1.3 Espiritualidade e Sofrimento............................................................................... 06
1.4 A experiência de Quase Morte e sua relação com a espiritualidade.................. 08
1.5 A morte e seu enfrentamento............................................................................... 09
1.6 AIDS.................................................................................................................... 12
1.7 Mobilização Social, Organizações Não Governamentais e Casas de Apoio...... 14
1.8 Qualidade de Vida............................................................................................... 15
2. Método................................................................................................................. 16
2.1 Participantes....................................................................................................... 16
2.2 Instrumentos........................................................................................................ 16
2.3 Procedimento....................................................................................................... 16
3. Resultados........................................................................................................... 18
4. Discussão............................................................................................................. 20
5. Referências Bibliográficas.................................................................................. 21
6. Anexos................................................................................................................. 26
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1. INTRODUÇÃO
A busca pelo sentido da vida, em algum momento da mesma, é inerente ao ser
humano, especialmente quando confrontado com sua terminalidade.
O interesse na investigação dos processos psíquicos relacionados à espiritualidade,
com portadores de HIV em estadiamento avançado, partiu da observação de casos
acompanhados através de um trabalho voluntário em um serviço de atendimento ao
portador, no qual foram notáveis os sentimentos de alívio e satisfação relatados pelos
pacientes envolvidos e apegados à experiência da espiritualidade.
A necessidade de compreensão dos aspectos psíquicos envolvidos com a
espiritualidade é pertinente já que, no meio científico, tal tema tem sido abordado com
freqüência, e seus estudiosos têm podido relacionar a importância de tais aspectos com a
melhoria da qualidade de vida dos indivíduos estudados.
Busca-se compreender como a experiência da espiritualidade pode contribuir para a
melhoria da qualidade de vida, especificamente de pacientes portadores de HIV em
estadiamento avançado, resgatando a valorização desta experiência como parte integrante e
necessária do ser humano, denotando sua importância na manutenção e melhoria da
qualidade de vida dos indivíduos relatados. Este tema torna-se relevante pois o indivíduo
hospitalizado, institucionalizado por sua condição física, tem necessidades que vão além
dos cuidados físicos bastante conhecidos. Suas necessidades se fazem nos aspectos bio-
psico-sociais, dentro dos quais a espiritualidade se faz presente e, como tentar-se-á
descrever, com especial importância.
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1.1. Conceituando religião, crença e espiritualidade
Os termos religião, religiosidade e espiritualidade são trabalhados como sinônimos
no que se refere aos estudos empíricos. Miller e Thorensen (apud Volcan, 2003) explicam
que religiosidade e religião são termos que dizem respeito a entidades ou instituições
caracterizadas por crenças e práticas específicas. Ainda pontuam que o termo
espiritualidade abrange, em seu contexto, estes dois aspectos, mas vai além, referindo-se a
aspectos não materiais da vida, os quais não são percebidos pelos sentidos.
Segundo a Enciclopédia Barsa (1990), religião é uma palavra que provém do latim
religio, cognato de religare, que significa atar, ligar para trás, ou seja, laços que unem o
homem à divindade, tudo aquilo controla o curso da natureza e da vida humana. Jung
(1976) a considera uma existência ou um efeito dinâmico não causado por um ato
arbitrário, ou seja, a religião é mais forte que o próprio indivíduo, algo que ele crê, porém
sem controle de sua própria crença, ou seja, numisoso, independente de sua vontade, no
entanto, é ligada a uma causa externa. Também pode ser considerada como a atitude do
espírito humano, fundada na experiência do numinoso, na fidelidade, na fé e confiança.
Martín-Baró (1998) explica que a experiência religiosa transita numa dupla
dimensão, correspondente a dois elementos fundamentais das representações religiosas. São
elas: relação entre homem e Deus, sendo Deus um ser distante e inacessível, estabelecendo-
se uma relação vertical de submissão hierárquica, na qual o homem pede e espera sua
salvação; e a salvação, entendida como a intervenção de Deus nos acontecimentos, através
da qual se estabelece a ordem e salvação e, portanto, o homem age como desígnio de Deus
para salvar-se.
Em uma visão sociológica, Ortiz (2001) explica que toda religião é um lugar de
memória e identidade. É capaz de agregar pessoas, criar laços sociais, adquirindo assim um
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poder maior. A religião abrange também a questão da linguagem, ideologia e concepção de
mundo, vinculando interesses e coordenando ações coletivas, através de ações
evangelizadoras promovidas por livros, cursos de catecismos, programas de rádio, cultos,
etc. Por fim, Guarnieri (1999) esclarece que a religião serve como intermédio entre a razão
e as angústias mais profundas de cada ser.
Crenças são sínteses dos dogmas de fé, promulgados por uma autoridade, de acordo
com cada religião. Por conseqüência, as crenças são influenciadas pela cultura, passadas de
geração em geração, e aprendidas de acordo com a fé e seus dogmas. (Enciclopédia Barsa,
1990).
Já a espiritualidade se faz na relação transcendental da alma com a divindade,
independentemente de dogmas e profissões de fé. Ela está relacionada a uma atitude, ação
interna e ampliação da consciência, resultando assim na personalidade de cada indivíduo,
de acordo com seus pensamentos superiores, sentimentos, amadurecimento e
fortalecimento (Jung, 1976).
Espiritualidade pode ser definida de acordo com diversas linhas de pensamento
científico. Na filosofia é definida como a crença de duas substâncias radicalmente diversas,
o espírito (pensamento e liberdade) e a matéria (expressão física da realidade). Na
Sociologia, entende-se por dois sistemas opostos que se dividem: alma e corpo. Já a
psicologia a define como um conjunto de fenômenos que não podem ser explicados pelo
mecanismo fisiológico (Enciclopédia Barsa, 1990).
Em linhas gerais, espiritualidade é a atividade através da qual se trabalha ou
desenvolve o espírito, a alma (Swirski, 2002).
Segundo Organização Mundial da Saúde (2001) espiritualidade é o conjunto das
emoções e convicções de natureza não material, com a suposição de que há mais no viver
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do que aquilo que é percebido ou compreendido, colocando em pauta o significado e
sentido de vida, excluindo limitações como religiões ou crenças específicas.
1.2. O estudo científico da espiritualidade
Desde a Assembléia Mundial de Saúde de 1983, a inclusão de uma dimensão "não
material" ou "espiritual" de saúde vem sendo discutida extensamente, a ponto de haver uma
proposta para modificar o conceito clássico "saúde", da Organização Mundial de Saúde,
para o conceito de "um estado dinâmico de completo bem-estar físico, mental, espiritual e
social e não meramente a ausência de doença". No entanto, existem vários problemas
metodológicos nos estudos da relação entre saúde e religiosidade, dentre eles as diferenças
genéticas, comportamentais e variáveis como idade, sexo, educação, etnia, nível sócio-
econômico e estado de saúde podem ser importantes vieses de confusão nesses estudos. Um
primeiro problema metodológico nessa área é o de como "medir" religiosidade. A avaliação
da religiosidade é feita de diversas maneiras nos diferentes estudos. Em geral, a variável
"religiosidade" é avaliada de acordo com sua afiliação (católica, budista e outras), sua
prática religiosa (praticante/ não praticante) ou freqüência aos cultos (semanal, mensal e
outras). Estas estratégias são limitadas para estudar uma variável de tal complexidade,
inclusive deixando de lado a espiritualidade desprovida de cunho religioso (Sloan et al.,
1999).
O bem-estar espiritual já foi muito estudado em pesquisas delineadas na área de
saúde, dando maior atenção aos idosos e portadores de patologias físicas. Contudo, não há
investigações sobre sua interação com a saúde mental (Volcan, 2003).
Em pesquisas realizadas em idosos com câncer, Fehring, Fensler (, apud Volcan,
2003) relataram, que o bem-estar espiritual representa fator de proteção, relacionando-se a
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atitudes positivas no combate à enfermidade, diminuição da ansiedade e demandas
impostas pela doença. Já entre estudantes universitários, associou-se à diminuição do risco
de depressão e suicídio.
Fleck et. al. (2003), expõem que não existem na literatura instrumentos para avaliar
a religiosidade que sejam ao mesmo tempo facilmente aplicáveis, satisfatórios aos aspectos
mais genéricos das religiões – isto é, aqueles presentes em todas ou na maioria delas – e
também capazes de incorporar realidades específicas de uma determinada religião. Além
disso, os poucos instrumentos disponíveis são desenvolvidos, na maioria das vezes, em um
único país (em geral, nos Estados Unidos) e são, provavelmente, pouco válidos para estudar
a prática religiosa em diferentes culturas.
Em função disso, a Organização Mundial da Saúde, por meio do Grupo de
Qualidade de Vida, incluiu um domínio chamado "religiosidade, espiritualidade e crenças
pessoais" no seu instrumento genérico de avaliação de qualidade de vida, o WHOQOL-100
(World Health Organization Quality of Life Instrument – 100 itens). Este domínio é
composto por quatro questões, que se mostraram insuficientes em testes de campo
realizados em vários centros. Assim, o Grupo de Qualidade de Vida decidiu desenvolver
um módulo do WHOQOL-100 específico para avaliar esta dimensão dentro de uma
perspectiva trans-cultural (Fleck et al, 2003).
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1.3. A Espiritualidade e o sofrimento
As experiências com a espiritualidade são consideradas importantes aliadas nos
processos de melhoria dos indivíduos portadores de sofrimento físico, psíquico, ou ambos.
Entretanto estas experiências, nos tratamentos da medicina ocidental como um todo e na
psiquiatria, não são valorizadas, sendo negligenciada por sua irrelevância, por não ser foco
de interesse da área, ou pela caracterização, por vezes errônea, das experiências de seus
pacientes como evidências de psicopatologias diversas. Por outro lado, a tradição da
medicina oriental busca integrar de forma explícita as dimensões religiosa e espiritual ao
binômio saúde-doença, valorizando assim a importância da união entre corpo e mente,
trazidos anteriormente na conceituação de ambas, transformando a espiritualidade em uma
determinada religião, respeitando as crenças de cada indivíduo e acompanhando seu
processo de evolução de determinada enfermidade (Rocha et al., 2003).
Pesquisas atuais têm evidenciado que indivíduos com maior vivência e relação mais
próxima da espiritualidade, possuem elevado nível de saúde mental. Em um estudo de
revisão, foi mostrada uma associação positiva em 50% dos casos e negativa em 25% deles.
Nessa revisão, a espiritualidade foi considerada como sendo um fator protetor para suicídio,
abuso de drogas e álcool, comportamento delinqüente, satisfação marital, sofrimento
psicológico e alguns diagnósticos de psicoses funcionais (Gartner et al., 1998).
Braam (1997), ao estudar a relação entre religiosidade e tempo de internação,
relatou que pacientes deprimidos, porém religiosos, permaneceram menos tempo internados
em relação aos não-religiosos.
Estudos qualitativos mostram a eficácia da intervenção psicoterapêutica para
pacientes terminais, desenvolvida através da integração das técnicas de relaxamento mental
e visualização de imagens mentais com os elementos que compõem a natureza da
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Espiritualidade, para assim ressignificar, ou não, a dor simbólica da morte, representada
pela dor psíquica e espiritual. Os pacientes obtiveram uma melhor qualidade de vida no
processo de morrer e uma morte mais serena e digna após serem atendidos através dessa
específica intervenção psicoterapêutica (Fleck et al., 2003).
Koenig ( 1998), estudando pacientes com AIDS por meio de uma escala para medir
bem-estar espiritual e desesperança, observou que os pacientes com escores maiores em
bem-estar espiritual tendiam a ser mais esperançosos.
No final do século XX, pesquisas abordando a importância da inclusão da
Espiritualidade nos tratamentos médicos convencionais, começaram a ser publicadas no
cenário científico internacional da área médica. Muitos destes estudos recomendaram que o
currículo de cursos da área da saúde tivessem a inclusão de uma matéria que abarcasse os
aspectos espirituais do sujeito atendido (Brady et al., 1999).
Segundo Oliveira (2001), uma interface entre o auxílio religioso e psicológico deve
existir, e salienta que as teorias psicanalíticas podem ser um referencial, com o objetivo de
orientar o pastor ou líder religioso, a respeito de alguns elementos referentes à vida psíquica
do sujeito. Ainda aponta que trabalhar com a espiritualidade no processo terapêutico não
deve se confundir com um trabalho de aconselhamento pastoral, mas que a experiência da
espiritualidade se refere ao incondicional, abstendo-se dos dogmas, crenças e religiões,
respeitando o ser humano pela sua essência e não por seus atos.
Bergin (1988) salienta o papel compensador da religião em situações de dificuldade.
Cita que a experiência religiosa compensa dificuldades vitais, de tal modo que a pessoa
possa atingir um nível de “ajustamento” além do esperado.
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1.4. A Experiência de Quase Morte e sua relação com a espiritualidade
Kübler-Ross (1998), em estudo sobre a experiência de quase morte, relacionou dois
tipos de sofrimento: a dor Psíquica (angústias, perdas, sentimentos conflituosos), e a dor
Espiritual. A dor espiritual, segundo o autor, possui uma faceta positiva, quando designa
explicações para a existência de uma doença degenerativa, que não proceda de uma punição
divina, mas de circunstâncias que resultam em experiências difíceis. Por outro lado
encontra-se sua negatividade quando as doenças são vistas como punição, purificação por
conseqüência de uma vida desregrada, o que historicamente se relaciona os indivíduos
portadores de HIV (MOOD JR, 1992).
Segundo a teoria Lacaniana, o sujeito humano constrói-se em 3 registros sendo
estes: o Real, o Imaginário e o Simbólico. Ao Real pertencem as inscrições imutáveis
(hereditariedade), ao imaginário, as idéias e pensamentos, e ao simbólico, as emoções e
sentimentos. Ainda nesta teoria, admite-se a espiritualidade como um elo entre estes
registros e, portanto, co-responsável pela manutenção da saúde integral do indivíduo. Desta
forma, ao existir uma vinculação saudável entre a espiritualidade e o processo de morte, a
estrutura psíquica adoecida pode ser reorganizada, melhorada, assim como é possível, a
partir dos princípios de fé e dogmáticos, existirem elementos que possam comprometer, de
forma negativa, o processo de morrer do indivíduo (Fleck et al., 2003).
Numa visão geral, os efeitos positivos da religião sobre a saúde ocorrem com maior
freqüência do que os negativos, portanto trabalhar com a espiritualidade trará maiores
benefícios ao sujeito e deve ser estimulado este trabalho (Larson, 1992; Paiva, 1998).
Segundo Panzini & Bandeira (2005), estes objetivos na busca da espiritualidade se
coadunam com os cinco objetivos-chave da religião: busca de significado, controle,
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conforto espiritual, intimidade com Deus e com outros membros da sociedade,
transformação de vida e com a busca de bem estar físico, psicológico e emocional.
1.5. A Morte e seu Enfrentamento
Segundo Kovács (1992), durante o processo de desenvolvimento vital, o ser humano
depara-se constantemente com a vida e a morte. Porém, acredita-se que a morte é um
problema a se pensar somente no final da vida. Na verdade, o que se tenta é esquecer,
ignorar e até mesmo “matar” a morte.
Kübler-Ross (1987), em estudo realizado a respeito das formas de enfrentamento de
pacientes ao receber a comunicação de ser portador de uma doença crônico-degenerativa,
com perspectivas de óbito, relatou ter encontrado um padrão de enfrentamento, em
estágios, abaixo descrita:
1. Negação: ao receber a notícia, geralmente de forma abrupta ou prematura, o
paciente não se dá conta e impede como mecanismos de defesa. Isto pode ocorrer no
primeiro momento ou também em diversas fase de sua doença, pois em relatos de
pacientes, e impossível lutar pela vida se pensamos que vamos morrer, sendo assim, a
negação é importante para a luta pela vida, ou ao menos, viver de forma plena enquanto
esta é oferecida. Provém de um mecanismo de defesa temporário, sendo posteriormente
substituída pela aceitação parcial.
2. O segundo estágio é a raiva, revolta, inveja e ressentimento, tendo como
pensamento automático “por que fulano não poderia ir em meu lugar, ele está pior de
saúde, por que acontecer comigo”. A raiva é o processo de negação, onde vem a
consciência de uma doença repentina e sem possibilidade de volta, um momento onde os
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indivíduos vêem que mudarão suas vidas a partir daquele momento, ou, caso não mudem de
vida, ao menos deverão vive-la até o fim com a notícia de que a vida deverá ser tirada pela
doença. Mediante tal situação é necessário que o paciente se sinta compreendido, sinta que
as pessoas estarão ao seu lado neste momento difícil.
3. O terceiro estágio e menos conhecido é o da barganha, pensando em outras formas
de enfrentar o problema, fazendo uma tentativa de adiar a situação que é inevitável.
Geralmente o indivíduo faz sua barganha com Deus, por isso é desconhecida, pois é
mostrada nas entrelinhas, nas unções pelos pastores ou líderes religiosos, podendo-se fazer
uma ligação com a espiritualidade, claro que de acordo com o nível de espiritualidade que
este paciente se encontra.
4. O quarto estágio ocorre geralmente quando novos sintomas e necessidades de novas
intervenções cirúrgicas acontecem, é a fase de depressão. Além das ocorrências em nível de
saúde, também começam a surgir as dificuldades financeiras pelo tratamento e também
num momento onde o paciente não pode mais esconder sua doença, ou seja, passa a
esconder-se de seus próximos por vergonha de mostrar que seu fim está próximo. As
restrições tendem a aumentar, debilitando-o, colocando-o frente a frente ao processo
degenerativo, à morte propriamente dita. A depressão torna-se instrumento na preparação
da perda iminente dos objetos amados, quebrando o elo de todas as fases anteriores onde o
paciente mergulha profundamente em sua dor, onde não existem palavras e gestos para
expressar quaisquer sentimentos.
5. O quinto estágio ocorre em pacientes que tenham tempo e tenham recebido ajuda
para poder superar as fases anteriores. É a fase em que ele aceita e abraça seu destino, no
entanto não é uma fase de felicidade e sim mais um mecanismo de defesa, uma fase onde o
paciente terá muito sono, sentir-se-á fraco, dê preferência a visitas curtas e silenciosas. É a
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fase onde ele passa a aceitar que é iminente e toma a imagem de Deus, antes abominada (na
fase de raiva) como seu principal consolo (Kübler-Ross, 1987).
Em estudo sobre a dor, Saunders (1991) relatou ser possível encontrar no
atendimento de pacientes com doenças terminais sofrimento físico, psíquico e espiritual,
dentro do conceito de dor total.
Segundo Elias (1999), o medo do sofrimento é gerado pelo humor depressivo
através de tristezas, angústias e culpas, e também através da dor espiritual, como o medo da
morte, suas culpas perante Deus e do pós-morte.
De acordo com a pesquisa de Seidl et al (2005), através da Escala de Modos de
Enfrentamento de Problemas (EMEP), seguindo uma linha Cognitivo Comportamental, os
pontos mais significativos foram o comportamento de esquiva (não acreditar, fugir do
problema, 15 itens, α = 0,81), outros apontaram pela busca de suporte social (5 itens, α =
0,70), enquanto que outros buscaram as práticas religiosas (7 itens, α = 0,74).
1.6. AIDS
A síndrome da imunodeficiência humana (ou AIDS) é uma doença infecciosa cujo
agente etiológico é o vírus da imunodeficiência humana (HIV) (Júnior, 2004).
A infecção pelo HIV, pode ser dividida em quatro fases clínicas. A fase inicial é a
síndrome retroviral aguda que é acompanhada por uma súbita diminuição na contagem de
linfócitos e altos níveis de carga viral plasmática. Após esta fase, ocorre um aumento do
número de linfócitos que, na maioria dos indivíduos, não retorna aos níveis pré-infecção, e
a carga viral plasmática diminui para um ponto de equilíbrio, ou set point, como resultado
da soroconversão e do desenvolvimento de uma resposta imunológica, caracterizando a
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segunda fase da infecção, ou fase assintomática, também conhecida como latência clínica
(Bartlett & Gallant, 2002).
A terceira é a fase sintomática precoce, caracterizada pela ocorrência de
manifestações que são mais freqüentes em indivíduos com imunodeficiência em fase inicial
(Rachid & Schechter, 2003).
A fase sintomática tardia (última fase), caracteriza-se pelo aumento de linfócitos no
organismo e pelo aparecimento de doenças oportunistas, definindo assim o quadro de AIDS
(Júnior, 2004).
Canini et al (2004) aponta também, através de suas pesquisas, as diversas alterações
que ocorrem no sistema nervoso de pacientes portadores de HIV/AIDS, associando-os a
depressão e estresse podendo influenciar na evolução da doença e diversas alterações nos
estados psíquicos e sociais, contribuindo desta forma para a vulnerabilidade biológica.
Estudos mostram relações entre enfrentamento da doença utilizando-se de apoio
social e espírito de luta associam-se a auto-estima, enquanto que o desamparo, preconceito
e a negação relacionaram-se a baixa auto-estima, gerando sentimentos de raiva enquanto
que o apoio social e participação em Organizações Não-Governamentais geraram
reavaliação positiva e espírito de luta (Leserman, Perkins e Evans, 1992).
De acordo com Portela & Lotrowska (2006) o Sistema Único de Saúde (SUS) ainda
apresenta grandes debilidades no que se refere à distribuição de anti retrovirais, importantes
inibidores da evolução e agravamento da doença, bem como um número estipulado de
leitos para portadores da doença, reduzindo assim o suporte do sistema de saúde, sendo
ainda mais deficitário em relação aos cuidados para a melhoria da qualidade de vida de tais
pacientes.
Um diagnóstico de infecção pelo HIV possui importantes implicações médicas,
psicológicas e sociais, apesar de vários tratamentos hoje utilizados a AIDS ainda sem cura,
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que tem caráter epidêmico e mobiliza a sociedade, necessita de intervenções como o
suporte social, os projetos de luta pela vida e sua qualidade de vida (Seidl, 2005).
Pesquisas mostraram a importância da religiosidade como um mecanismo para
enfrentar a doença significativa, geralmente em maior decorrência em indivíduos com
menor grau de escolaridade, buscando assim um mecanismo para conseguirem trabalhar
suas emoções (Seidl e Cols, 2001).
No entanto, desde a sua descoberta em 1981 até hoje, ainda é uma doença vista
acerca do preconceito e exclusão social, sendo então influenciada por dois fatores
importantes, internos (intenções pessoais, sob seu próprio controle) e externos (forças do
ambiente, fora de seu controle), podendo então ter alta influência de seu ambiente externo
de acordo com sua reação à doença (Regato, 2004).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que existiam ao final de 2003, 40
milhões (34 - 46 milhões) de pessoas vivendo com HIV/aids em todo o mundo, sendo 2,5
milhões (2,1 – 2,9 milhões) de crianças menores de 15 anos.
Em 2003, a estimativa é de que 5 milhões (4,2 – 5,8 milhões) de pessoas foram
infectadas pelo HIV, dos quais, 700 mil (590 – 810 mil) são crianças menores de 15 anos
de idade. Estima-se também, que 3 milhões de pessoas morreram vítimas da aids no mundo
durante o mesmo ano, sendo quase 17% crianças (UNAIDS, Dezembro de 2003).
No começo da década de 80, surgiram os primeiros casos de aids no Brasil, sendo
notificados até dezembro de 2002, 257.771 casos, segundo dados do Programa Nacional de
DST e Aids do Ministério da Saúde.
A taxa de incidência de aids, em 1991, foi de 8/100000 hab (1/100000 hab em
crianças até 12 anos e 11/100000 hab entres os maiores de 12 anos), atingindo 15,9 em
1998 (2,1/100000 hab em crianças e 21/100000 hab entres os maiores de 12 anos). Em
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2001, a taxa de incidência foi de 12,3/100000, sendo uma das possíveis causas deste
declínio, o atraso na notificação dos casos (Ministério da Saúde, PN-DST/AIDS, 2002a).
1.7. Mobilização Social, Organizações Não Governamentais e Casas de Apoio.
Devido ao grande índice de incidência surgiu a necessidade de serem criadas
associações, ou Organizações Não Governamentais que pudessem unir-se a causa política,
bem como lutar contra o preconceito, buscando maiores cuidados aos portadores,
misturando cristianismo, marxismo e profissionalismo inserido na cooperação internacional
não mundial que muitas vezes atrai a atenção de jovens universitários buscando uma causa
social, política. Desta forma estabelecendo relações formais, institucionais, em parcerias
com outros atores sociais, movidos pela avidez das pessoas soropositivos por informações
sobre sua real situação. (Silva, 1998).
Ainda segundo Silva (1998), grande parte dos paises passam a criar unidades
especiais com foco na luta contra a AIDS, sendo que, em 1987 é criado o Programa
Mundial de AIDS da Organização Mundial da Saúde, destacando-se como um dos maiores
na estrutura ministerial. Em seguida criou-se o Grupo de Apoio à prevenção à AIDS
(GAPA) tendo como presidente Herbert de Souza, atuando também com um papel principal
no Ibase, apontando a potencialização da infecção conseqüente de sua exclusão e
vulnerabilidade, permanecendo-se frente as lutas pelos cuidados paliativos aos portadores,
bem como seus familiares, além de sua prevenção.
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1.8. A Qualidade de Vida
Recentemente, estudos sobre a qualidade de vida na população portadora do HIV ou
AIDS, têm buscado avaliar os aspectos psicossociais e emocionais, apontando novas
estratégias de tratamento, proporcionando assim uma significativa melhoria na qualidade de
vida destas pessoas, bem como custo/benefício, sendo de grande valia na distribuição de
recursos e implementação de programas de saúde, uma vez que doenças crônicas como a
AIDS não devem ser baseadas somente em tratamentos medicamentosos (Canini et al.,
2004).
Remor (2002) aponta em sua pesquisa, resultados significativos considerando o
nível de apoio social para com o tratamento, apresentando diminuição do nível de
ansiedade, depressão e maior qualidade de vida, aumentando a freqüência de expectativas
positivas e otimismo frente ao tratamento.
As pesquisas de Galvão et al. (2004), apontam maior necessidade no que se refere
ao público feminino, sendo diretamente ligadas à inserção socioeconômica e à exclusão
social. Devido ao grande número de exclusão, as mulheres tendem a manter sua doença em
sigilo mais do que os homens, comprometendo desta forma seu nível de qualidade de vida.
No entanto, de acordo com sua pesquisa, contatou-se também que os números de demissões
devido ao diagnóstico da doença são mais freqüentes na população feminina, o que
aumenta a necessidade de manter-se sob sigilo, diminuindo assim sua possibilidade de
buscar apoio. Consequentemente, o sigilo diminui ainda mais a possibilidade de obter um
nível de qualidade de vida suficiente para que sua doença possa ser melhor trabalhada.
Desta forma, de acordo com Canini et al. (2004), pode-se concluir que o termo
qualidade de vida é bastante abrangente, estando relacionado a experiências individuais,
num dado momento, dentro de um contexto sociocultural.
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2. Método
2.1 Participantes
A amostra compôs-se de 16 pacientes soropositivos, 11 do sexo masculino e 5 do
sexo feminino, que estavam em acompanhamento clínico em uma casa de apoio localizada
no interior de São Paulo, cujas idades variaram entre 27 e 69 anos. Todos os participantes
residiam no interior de São Paulo, tendo sido acompanhados 11 internados e 5 assistidos
em suas residências, que freqüentam a casa de apoio em eventos como o FUMEC e aulas
de informática.
2.2 Instrumento
O instrumento deste estudo foi questionário fechado, contendo 11 questões, as quais
referiram-se à qualidade de vida e sua relação com a espiritualidade frente ao quadro
clínico atual.
2.3 Procedimento
O estudo foi avaliado e aprovado, inicialmente, pelo Comitê de Ética em Pesquisa,
bem como todos os participantes foram devidamente esclarecidos sobre o questionário e
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Os pacientes foram convidados a participar do estudo em questão durante uma
semana e, após verificados os participantes, foram agendados horários para aplicação do
instrumento em grupo ou individual, dependendo da necessidade do paciente, agendados
com a Psicóloga responsável pelo acompanhamento dos pacientes.
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Todas as aplicações foram realizadas por um profissional de psicologia que realizou
rapport inicial e, posteriormente, aplicou o questionário. Houve exceção em dois casos, nos
quais foi necessária a ajuda de uma fonoaudióloga na aplicação, como facilitadora da
aplicação.
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3. Resultados
A análise dos questionários demonstrou, inicialmente, que todos os participantes
possuem religião definida, sendo quatorze católicos, um evangélico e um praticante do
candomblé. A participação em eventos religiosos foi descrita da seguinte maneira: sete
possuem alta freqüência, seis possuem freqüência esporádica, um raramente participa e dois
não participam de qualquer evento.
Ao serem questionados sobre sua espiritualidade, todos os participantes apontaram
serem espiritualizados, ou seja, que acreditam em algo maior, exceto um participante que
não se considera espiritualizado. Também foi constatado que doze participantes acreditam
que a espiritualidade influencia muito na qualidade de vida, enquanto que um participante
respondeu que a espiritualidade influencia sim na qualidade de vida, e um participante
acredita que a espiritualidade não influencia na qualidade de vida de uma pessoa.
Na questão da relação das palavras com a espiritualidade, foi aberto aos
participantes assinalarem mais de uma alternativa, sendo que não apontam sentimentos
ruins em relação ao assunto em questão (esperança, com fé na cura, etc.;), no entanto, um
participante apontou não ter nenhum sentimento em relação à espiritualidade. Pode-se notar
que surgiram com freqüência palavras como, alegria, esperança, paz e felicidade.
Ao receberem o diagnóstico de soropositivo, cinco participantes afirmaram não ter
acreditado no diagnóstico (um destes participantes, aponta que ainda hoje não acredita, por
sentir-se bem, sem nenhuma alteração), quatro sentiram raiva, cinco sentiram-se tristes, um
dos participantes afirmou que “entregou nas mãos de Deus” e um relata que sentiu
desespero. Tal questão também foi aberta para que os participantes apontassem uma ou
mais alternativas.
23
Dentre os participantes, sete apontaram ter muita esperança na luta contra a doença,
dois participantes tiveram alguma esperança, um teve pouca esperança e quatro
participantes não tiveram nenhuma esperança em relação à luta contra a doença.
Ao ingressarem na casa de apoio, também foram questionados sobre como se
sentiram ao se perceberem em uma casa religiosa, os participantes escreveram outras
opções como, uma casa somente para lazer. Um participante não se sentiu bem por dividir
seu espaço com outros, alguns sentiram desesperança, um sentiu-se acolhido, outros que a
casa tinha como objetivo somente a evangelização, bem como outros sentiram que era um
“pedaço do céu”, ou sentiram-se muito alegres pela acolhida.
Após o contato com a espiritualidade de cada um que a casa proporcionou, oito
participantes apontaram terem melhorado muito, cinco que melhoraram, dois que
melhoraram pouco e um que sentiu desesperança.
Após experiência na instituição religiosa, sete participantes perceberam mudanças
maravilhosas, três participantes sentiram mudanças significativamente boas, três sentiram
boas mudanças, um sentiu poucas mudanças boas e um não sentiu mudança alguma, além
do participante que apontou ter tido mudanças boas e também ruins por partilhar seu espaço
com outras pessoas.
24
4. Discussão
Segundo dado do IBGE (2000), a religião acompanha a história do homem desde a
época mais remota. Independente da denominação que receba, baseia-sena pratica de
rituais individualmente ou em grupo, bem como na crença em uma força maior, à qual são
dedicados sentimentos de amor, confiança ou respeito. Apesar das diferentes religiões
presentes em todo o mundo, este fenômeno universal possui semelhanças que como a fé em
um ser superior, a intermediação de um sacerdote com tal força não humana e um senso de
comunidade, sociedade, grupo.
Ainda de acordo com tal pesquisa (2000), o cristianismo continua sendo a religião
com mais adeptos no mundo: cerca de um terço da humanidade. Os demais praticantes
religiosos estão divididos entre religiões não-cristãs, tais como o islamismo, budismo e
hinduísmo.
O Censo Demográfico de 2000, realizado pelo IBGE (2000), apresentou os
resultados relacionados à prática religiosa em toda população brasileira:
Distribuição percentual da população residente, por religião - Brasil 2000 (%) Católica Apostólica Romana 73,6 Evangélicos 15,4 Espíritas 1,3 Umbanda e Candomblé 0,3 Outras religiosidades 1,8 Sem religião 7,4
De acordo com os dados apresentados, a maioria dos brasileiros professa a fé
católica, dado este absolutamente congruente aos resultados obtidos na presente pesquisa,
25
na qual direcionou as três questões iniciais ao levantamento das práticas religiosas da
amostra populacional estudada.
De acordo com a pesquisa de Samano et al (2004), que buscou compreender o nível
de qualidade de vida correlacionado a orações e práticas alternativas além de tratamentos
antiretrovirais, a maior população pesquisada (63%) freqüenta regularmente algum tipo de
religião e 100% dos participantes da atual pesquisa, possuem algum tipo de religião.
Panzini & Bandeira (2005) apresentam em sua pesquisa, que procurou descrever o
modo como os indivíduos utilizam sua fé para lidar com o estresse associando-se com a
qualidade de vida, pessoas com maior envolvimento religioso possuem menor chance de
tornarem-se adictos, de adquirirem vícios como o tabagismo e o etilismo. De acordo com
tais resultados o Manual Diagnóstico e Estatístico das Doenças Mentais IV (DSM-IV)
realizou mudanças significativas em sua apresentação da religião, alterando ilustrações
negativistas. Segundo sua pesquisa, o ponto de vista anteriormente relatado contavam
denotações negativistas, como uma forma de redimir seus pecados e sentirem-se
merecedores de tais doenças.
No presente estudo foi de significativa relevância perceber a freqüência das práticas
religiosas na amostragem pesquisada. De acordo com Jung (1976), o processo de
enfrentamento da morte apresenta significativas melhorias quando tais questões são
trabalhadas em um grupo homogêneo. Em tais grupos, como freqüentado pelos
participantes da pesquisa em função da organização que os atende, há um bom convívio
social, que promove compartilhamento da sentimentos e desenvolve-se, como um processo
natural, o processo de aceitação de sua condição de enfermo.
Após levantar dados sobre religiões foi necessário pontuar o significado de
espiritualidade para que, assim, fosse introduzido o verdadeiro tema do trabalho:
espiritualidade e qualidade de vida. A espiritualidade é dotada de preconceitos como algo
26
metafísico, não acessível no que se refere à literatura científica, bem como a junção de
ambos os termos, podendo ser vista como uma abordagem falsa, sectária e enganosa, uma
vez que suas citações são frequentemente ligadas a práticas alternativas, sem fundamentos
científicos (Negreiros, 2003).
De acordo com o Dicionário Aurélio (1986), espírito é a parte imaterial do ser
humano, ou seja, a alma. A alma é o princípio de vida, nela constituem características
essenciais a vida e ao pensamento. Principio espiritual do homem concebido como
separável do corpo e imortal. Conjunto de funções psíquicas e estados de consciência que
determinam o comportamento, mesmo sem realidade física ou material. O espírito é a sede
dos sentimentos, afetos, paixões, enfim, sua essência.
Em contrapartida, segundo abordagem psicanalítica, compreende-se espiritualidade
como um escopo da religiosidade: expõe a importância da figura de Deus para o controle de
pulsões dos seres humanos. Por outro lado a psicologia analítica jungiana aborda o impulso
para a espiritualidade como uma expressão inerente ao ser humano, colocando a morte
como a realização plena do sentido da vida e sua verdadeira meta (Negreiros, 2003).
A importância de tal essência na ressignificação da dor, de acreditar em algo maior,
não somente no material, suscita esperanças de que há algo além. A questão abordada é a
importância de acreditar na espiritualidade e qual seu impacto mediante a situação de
enfermidade, quase morte.
Ao remeter aos pesquisados para o fator espiritualidade, nota-se que 100% dos
pacientes apresentaram respostas positivas. Através disso foi feito um comparativo em
relação a qualidade de vida. Notou-se que quão maior fosse o envolvimento com a
espiritualidade, maior eram as esperanças de cura e alívio de suas dores através da fé.
Segundo Negreiros (2003), a espiritualidade constitui-se num fator importante no
enfrentamento de desafios, frustrações e sofrimentos, conseqüente melhoria da saúde e
27
qualidade de vida. É o eixo organizador da própria existência, permitindo ampliar a visão
de morte como uma compreensão libertária, revelando assim sua humanidade na busca pelo
sentido da vida, na busca pelo significado de existir.
De acordo com análise dos questionários, notou-se que, mesmo os pacientes que não
freqüentam ativamente de sua religião, consideram-se espiritualizados e que tal condição
influencia muito em sua qualidade de vida, aumentando as respostas positivas em relação
ao enfrentamento de sua doença, principalmente no fator esperança. O avançado
estadiamento da doença apresentado pelos participantes, bem como seu pouco tempo de
internação, foram fatores que levaram inicialmente o pesquisador à curiosidades sobre o
enfrentamento de morte, termo que posteriormente foi notado como indevido, já que o mais
adequado deveria ser o estudo sobre a influência da espiritualidade sobre a qualidade de
vida.
Segundo Seidl et al (2005), evidencia-se a associação entre disponibilidade e
satisfação como suporte social, bem-estar psicológico e percepção, sendo fatores positivos
no que se refere à qualidade de vida, reforçando os indicativos do papel do apoio social
como moderador de estresse em contextos relacionados ao processo saúde e doença.
No que se refere ao diagnóstico de AIDS/HIV, tem sido sempre um tema delicado e
desconfortável para os médicos, colocando em pauta tabus, preconceitos, principalmente
em relação à sexualidade, uso de drogas ilícitas, entre outras formas de contágio. No
entanto, o diagnóstico coloca tal paciente em contato com a sua morte e sua forma de
aceitação, não permanecendo somente neste âmbito. Coloca-se em pauta também as
questões de impotência diante da morte e possíveis formas de melhoria do processo de
morrer para com o paciente. (Saldanha, 2003).
Conforme pesquisas de Massiah (2004), ainda existem paradigmas a serem
quebrados por profissionais da saúde, relacionando a AIDS com práticas homossexuais,
28
promíscuas ou de drogadição. Médicos do Caribe ainda sentem-se desconfortáveis e negam
o atendimento a homossexuais. No entanto, as equipes multidisciplinares que recebem
treinamento específico, tendem a trabalhar dotados de postura mais acolhedora, inclusive
de aconselhamento de sua equipe multidisciplinar.
Apesar dos trabalhos envolvendo o assunto, vale ressaltar que de acordo com a
Organização Mundial da Saúde, conta-se com mais de 20 milhões de pessoas mortas pelo
HIV e outras mais de 3,7 milhões de pessoas convivendo com o vírus em todo o mundo.
Desse total há mais de 1,6 milhões de pessoas que estão vivendo com o vírus da AIDS na
América Latina.
Ao final do questionário, notou-se a necessidade de abertura para novos relatos, pois
ricas foram as histórias comentadas durante a aplicação do questionário, até mais que os
resultados obtidos através dele. Houve o caso de um paciente que relatou não sentir-se
doente, cujas respostas indicaram negatividade quanto a sua internação na casa. A riqueza
de seu relato, não encontrado nas respostas do instrumento aplicado, está na elucubração de
que em poucas palavras, analisadas junto às respostas do instrumento, nos levam a perceber
que a negação lhe cabe como o mais utilizado mecanismo de defesa, na tentativa de
reservar seu ego da agressão do significado que esta doença lhe traz.
Conforme Freud (1936), quando o indivíduo se expõe a excessiva ansiedade e
angústia o ego procura defender-se de situações ameaçadoras, surgindo a partir desta os
mecanismos de defesa. São eles: repressão, negação, racionalização, formação reativa,
projeção, regressão, sublimação e deslocamento. Pode-se notar que alguns mecanismos de
defesa estão presentes em casos isolados de pacientes, sejam eles na época em que
receberam seu diagnóstico, sejam até os dias atuais. Abaixo estão os mecanismos e suas
descrições.
29
1. Repressão: Afasta determinado assunto, evento ou idéia do consciente. Tais
aspectos são provocados por ansiedade intensa, no qual o indivíduo opta por reprimi-lo em
seu inconsciente buscando a não manipulação, no entanto, ainda permanecendo em sua
psique, causando problemas. A repressão pode trazer a tona algumas doenças
psicossomáticas. Observando o presente estudo pode-se colocar um questionamento
relacionando a repressão de preconceitos por parte de familiares, facilitando assim a baixa
imunidade de seus pacientes.
Conforme observação dos pesquisados, pode-se notar um fator histórico de cunho
traumático. A paciente C., natural do Nordeste ao receber o diagnóstico foi mantida
afastada do convívio social, sendo cuidada como um cachorro, no fundo da casa de seus
pais onde recebia alimentação precária e banhos de ducha (mangueira). Tal comportamento
facilitou sua agressividade, atualmente, devido a toxoplasmose C. é muda , emitindo alguns
sons e dotada de comportamento infantilizado.
2. Negação: Tentativa de não aceitar na consciência algum fato que perturbe o Ego.
Em caso de indivíduos adultos a negação ocorre seguida de fantasias.
Pode-se notar em um dos casos atendidos, que nega até hoje seu diagnóstico de HVI
e de acordo com sua resposta que ao chegar na casa de apoio acreditou que fosse “algo
voltado para diversão”.
3. Racionalização: Busca-se motivos lógicos e racionais para pensamentos e ações
inaceitáveis. É um processo pelo qual a pessoa busca explicação lógica para uma atitude,
ação, idéia ou sentimento que causa angústia.
É uma forma de aceitar a pressão o superego, tornando o inaceitável mais aceitável.
Podemos fazer um comparativo com a amostra coletada para a pesquisa, o superego impõe
a culpa pelo contágio, fazendo com que o indivíduo aceite de forma mais ética, permitindo-
se encarar a doença como uma punição e merecida por seu histórico de vida, seja ele
30
através da drogadição ou prostituição. Logo o indivíduo pensando em ser merecedor de tal
culpa consegue rapidamente uma explicação lógica permanecendo na dor, como um
pagamento ou uma forma de redenção conforme aplica-se o superego diante de sua
personalidade.
4. Formação Reativa: Substitui comportamentos e sentimentos que são
diametralmente opostos ao desejo real, como uma inversão clara e inconsciente do
verdadeiro desejo. Tal formação reativa pode prejudicar relacionamentos sociais, bem
como sobressair comportamentos exagerados e radicais. O impulso, sendo negado deve ser
cada vez mais ocultado.
Observando alguns assistidos pela casa de apoio, pode-se notar alguns exemplos de
formação reativa, como jovens que viveram com vícios de drogadição ou optaram pela
homossexualidade. Ao optarem desta forma, após seu milagroso tratamento da casa de
apoio, contando com a colaboração da evangelização, reprimem sua homossexualidade e
optam pela vida sacerdotal.
5. Projeção: Os aspectos da personalidade de um indivíduo são deslocados de dentro
deste para o meio externo. A pessoa com projeção pode, então, lidar com sentimentos reais,
porém sem admitir ou estar consciente do fato de que a idéia ou comportamento temido é
dela mesma. Sempre que há a característica má de algo de fora, sem reconhecer que tais
características podem ser verdadeiras define-se desta forma a existência do mecanismo de
defesa denominado projeção.
Exemplificando num ambiente com pacientes com HIV, pode-se notar uma revolta
grande para com os enfermeiros e cuidadores, podendo notar de forma clara, sua revolta
com sua própria condição. Tais características são comuns, principalmente no início do
tratamento, onde o paciente é recente na casa de apoio e busca a todo custo diversas formas
de defesa, sendo esta mais em evidência e menos consciente para os mesmos.
31
6. Regressão: É o retorno a um nível de desenvolvimento anterior ou a um modo de
expressão mais simples ou mais infantil, aliviando assim a ansiedade, fugindo do
pensamento realístico para comportamentos que outrora já reduziram a ansiedade. Pode-se
colocar a regressão como um mecanismo de defesa bastante primitivo, deixando sem
solução a fonte de ansiedade original.
Através de observações, existem pacientes que optam pelo comportamento
infantilizado, prolongando-se mais nos tratamentos, sentindo-se mais indefesos, utilizando-
se desta forma de regressão. Tal mecanismo de defesa, não só é ineficaz na evolução do
tratamento da doença como prolonga seu quadro sintomático.
7. Sublimação: A energia associada a impulsos e instintos socialmente e
pessoalmente constrangedores é, na impossibilidade de realização destes, canalizada para
atividade socialmente meritosas e reconhecidas.
Tal mecanismo pode ser associado a trabalhos voluntários de portadores de HIV
para serem responsáveis por tarefas com êxito e reconhecimento, podendo fazer parte do
quadro de funcionários, tornando-se membro daquele nível e portador de responsabilidades.
Desta forma a visão de sublimação não é vista como um mecanismo de defesa ao todo
negativo, podendo trabalhar suas necessidades em relação a doença em paralelo com suas
atividades, pelas quais sente-se responsável e assume papel de confiança, bem como alguns
casos que são reintegrados a sociedade em programas de empregabilidade, com a condição
ainda de serem assistidos com freqüência pela equipe multidisciplinar da casa de apoio.
8. Deslocamento: É o mecanismo psicológico onde a pessoa substitui a finalidade
inicial de uma pulsão por outra diferente e socialmente mais aceita.
Os casos exemplificados acima também podem ser analisados como um
deslocamento, no entanto, este pode ser mais complexo e apresentar-se de forma mais
agressiva. Notou-se, de acordo com o histórico da casa de apoio, pacientes com quadros
32
psicóticos e agressivos para com seus cuidadores, sendo relatado pela psicóloga da
instituição o afastamento de três enfermeiras por motivo de agressividade de seus pacientes.
Podendo este ser um caso explicado pelo mecanismo de defesa de deslocamento, de sua
raiva, indignação interior perante a doença, expor pelo impulso de agredir a equipe
multidisciplinar.
No entanto, analisando todas as respostas retiradas do questionário, pode-se retirar a
informação de que um indivíduo que nega sua religião (pouco freqüente em seus
encontros), não aponta grandes esperanças na luta contra sua doença, podendo ser um fato
inerente ao indivíduo, mesmo antes de contrair a patologia. Porém outros, apresentaram
pouca ou nenhuma esperança, não se colocaram em posição contra sua religiosidade,
assimilando ainda assim como um fator positivo, sendo fonte de sentimentos altruístas.
Negreiros (2003) enfatiza que a espiritualidade é um valor que dá rumo à vida e
gera esperança.
A palavra esperança, segundo Dicionário Aurélio (1986), significa esperar algo que
se deseja, ter fé, expectativa. Tal fator é de suma importância no enfrentamento da morte
bem como seu aspecto levantado no questionário que, 69% dos pacientes sentiram
esperanças ao receberem o diagnóstico da doença.
No que se refere a Instituição, ou casa de apoio, a nona questão (vide anexo pág.44)
foi colocada, uma vez que houve insegurança por parte do pesquisador, de que seus
participantes poderiam ser tendenciosos aos responder seu questionário, por serem
atendidos por instituição católica, com regras impositivas sobre o comparecimento aos
grupos de evangelização. Desta forma, buscou elucidar aos pacientes de que era uma
pesquisa idônea e independente de sua instituição, buscando aumentar a fidedignidade de
seu instrumento.
33
Segundo dado s do IBGE, em 2002, cerca de 26% das 276 mil Fundações Privadas e
Associações Sem Fins Lucrativos do Brasil eram relacionadas à religião. Parte delas se
dedicavam a atividades confessionais, como ordens religiosas, templos, paróquias, centros
espíritas etc. E as demais apenas tinham origem religiosa, como os colégios, faculdades e
hospitais.
Em segundo lugar no ranking vinham as organizações voltadas para a promoção do
desenvolvimento e defesa dos direitos - centros comunitários, associações de moradores e
de defesa de grupos específicos ou de minorias. Elas quadruplicaram seu número, passando
de pouco mais de 11 mil associações em 1996 para 45 mil em 2002 - o que representava
uma participação de 16% no total das organizações sem fins lucrativos.
Além do questionário aplicado, pôde-se observar um pouco da rotina da instituição,
notando que a psicóloga ocupa posição neutra no que se refere às religiões, apontando ser
foco de grande elo de confiança, e que, ao receber um paciente de outra religião, de acordo
com a ética, opta por não envolver-se, embora não negue as evoluções de casos a partir da
espiritualidade.
É necessário que o papel do cuidador seja perceber as necessidades de seu paciente,
um cuidado em dimensão mais ampla. Tal cuidado humano é considerado como ética
mínima e universal. O respeito pela sua individualidade, sendo imprescindível o
conhecimento acerca da ética e da moral. Predominando este, os sentimentos e atitudes
voltadas para o amor ao próximo (Pinheiro et al, 2005).
Retomando a questão da paciente C. que sofreu de exclusão e preconceito familiar,
Sousa et al (2004), salienta a questão cultural como predominante no comportamento
familiar ao receber tal diagnóstico. Ambas as reações, sejam de seus familiares como do
portador em si, podem ser influenciados por uma gama de significados estigmatizantes que
34
envolvem a doença e que foram construídos socialmente, podendo interferir nas relações
dentro e fora do grupo familiar. Tal atitude familiar pode estar relacionada a seus crenças e
valores, que foram formados ao longo da existência.
Segundo relato da paciente, através de ajuda de equipe multidisciplinar a mesma
relata ter encontrado uma família na casa de apoio, onde foi recebida com carinho e tratada
como um ser humano, contrário de sua família. Relata também, pela região e falta de
informação ter sofrido grande preconceito, ser vista como sinal de vergonha de sua família
e seus valores.
35
5. Conclusão
A Declaração de Compromissos sobre HIV e ADIS das Nações Unidas, aponta dois
principais aspectos em relação aos cuidados paliativos, o fortalecimento dos sistemas e
saúde, incluindo ações no campo das políticas e práticas farmacêuticas e o desenvolvimento
de estratégias de cuidado e suporte (psicossocial) dos pacientes, bem como de seus
familiares no âmbito dos sistemas de serviços de saúde. Apontando alguns aspectos como
objetos de estudo (Portela & Lotrowska, 2006).
Segundo Panzini & Bandeira (2005) no Brasil ainda não existem instrumentos para
avaliação de religião/espiritualidade com saúde e qualidade de vida. Tal escassez de
estudos no Brasil motivou Canini et al (2004) a realizar um estudo exploratório com base
em levantamentos bibliográficos. Tais estudos apontaram novas estratégias de tratamento,
podendo melhorar a qualidade de vida destas pessoas. Sendo assim imprescindível sua
mensuração, facilitando o estudo de novas estratégias de tratamento e custo/benefício,
sendo importante no direcionamento de recursos e implementação de programas de saúde.
Segundo Samano et al (2004), em sua pesquisa correlacionando a oração e
qualidade de vida em pacientes oncológicos, apontam que 77,5% dos pacientes melhoraram
a qualidade de vida através das orações, podendo enfatizar os resultados da pesquisa acima
que apontaram que 75% dos participantes afirmam o fator espiritualidade como ponto
importante na melhoria da qualidade de vida. Concluindo que a busca pelas religiões,
trouxe aos seus pacientes uma significativa melhoria na fé e eficácia do tratamento durante
as orações, bem como melhoria na qualidade de vida.
Conforme notado na presente pesquisa, o cuidado ao paciente envolve, também, a
atenção à sua espiritualidade, da forma como a conhece e vivencia. A proximidade às suas
36
crenças pode trazer intensos benefícios à sua estabilidade emocional, auxiliando na
aderência ao tratamento, à manutenção de esperança e à aceitação de sua nova condição de
vida.
A qualidade de vida dos pacientes pesquisados foi significativamente alterada,
positivamente, quando inseridos em instituição religiosa. Desta maneira, conclui-se que há
benefícios na atenção constante às crenças espirituais de pacientes portadores de HIV,
especialmente no que tangencia a qualidade de vida dos mesmos.
O instrumento não foi completo conforme esperado, no entanto as observações e
estudos de caso abordados, enriqueceram e puderam elucidar a importância de tais cuidados
paliativos, principalmente no que se refere ao respeito para com o paciente, bem como a
aceitação de sua fé, independente de dogmas, religiões e pragmatismos.
37
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45
TERMO DE CONSENTIMENTO
PESQUISA: Relatos de paciente com HIV em fase avançada e sua visão de morte após experiência com espiritualidade.
Eu, ..........................................................................................................................................., RG........................................., idade............anos.
Residente à.............................................................................................................................., abaixo assinado, dou meu consentimento livre e esclarecido para participar como voluntário do projeto de pesquisa supra-citado, sob a responsabilidade da pesquisadora Lylian Cristina Pilz Penteado do Curso de Psicologia – Itatiba, da Universidade São Francisco.
Assinando este Termo de Consentimento estou ciente de que:
1 - O objetivo da pesquisa é relatar a visão de morte após experiência com espiritualidade;
2- Durante o estudo será aplicado um questionário fechado e entrevista mediante gravação para posterior análise de dados;
3- Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre minha participação na referida pesquisa;
4 – A participação neste estudo não implica em nenhum risco para a saúde física e mental;
5 - Estou livre para interromper a qualquer momento minha participação na pesquisa;
6 – Os dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos através da pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima, incluída sua publicação na literatura científica especializada;
7 - Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco para apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa ou ensaio clínico através do telefone: 11 - 4534-8023;
8 - Poderei entrar em contato com o responsável pelo estudo, Profª Lylian Cristina Pilz Penteado sempre que julgar necessário pelo telefone (11) 4034-8000;
9 - Este Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em meu poder e outra com o pesquisador responsável.
Itatiba, de Setembro 2006.
Assinatura:............................................................................................................
46
QUESTIONÁRIO
Iniciais:____________________________________________Idade:_________
Sexo: Feminino ( ) Masculino ( ) Cidade: _________________
Instituição: ________________________________________________________
Instruções:
Por favor, assinale o ponto que mais lhe parecer apropriado:
1. Você possui uma religião? Sim ( ) Não ( )
2. Qual?
Católica ( )
Protestante ( )
Evangélica ( )
3. Participa ativamente de sua religião, freqüentando eventos como cultos, missas,
grupos de oração etc.?
( ) Sim, frequentemente.
( ) Sim, de vez em quando.
( ) Raramente participo.
( ) Não participo.
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4. Possuir um lado espiritualizado significa ter contato com a alma, com algo divino,
algo que não seja comprovado, mas que existe. Significa acreditar em algo maior,
independente de ser adepto de uma religião. Você se considera uma pessoa
espiritualizada?
( ) Sim ( ) Não
5. Independente de você possuir ou não um lado espiritualizado, você acredita que a
espiritualidade pode influenciar na qualidade de vida de uma pessoa:
( ) Com certeza, influencia muito.
( ) Sim, influencia.
( ) Acho que pode influenciar.
( ) Não
6. Quando nos machucamos, podemos relacionar as palavras “dor, medo, susto” a este
evento. Ao pensar em espiritualidade, que palavras você relaciona com esta
experiência?
( ) Raiva
( ) Nenhum sentimento
( ) Alegria
( ) Esperança
( ) Felicidade
( ) Paz
( ) Outros: ______________________________________________________.
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7. Pensando novamente em palavras, quais você relaciona com o momento em que
recebeu a notícia de ser HIV positivo?
( ) Raiva
( ) Não acreditei
( ) Indignação
( ) Tristeza
( ) Outros: _____________________________________________________.
8. No momento em que recebeu a seu diagnóstico, você teve esperanças em relação à
luta contra a doença?
( ) Sim, Muita
( ) Alguma esperança
( ) Pouca esperança
( ) Nenhuma
9. Ao conhecer a instituição em que está hoje internado, e perceber que ela é uma
instituição religiosa, em que palavras você define como sua primeira impressão a
respeito da instituição?
( ) Prisão
( ) Raiva
( ) Desesperança
( ) Somente de evangelização
( ) Outros: ______________________________________________________.
49
10. Nesta organização a busca pela força espiritual é constante. Pensando em seu bem
estar emocional, em como você se sente, você acha que algo melhorou após seu
contato com este lado espiritual, proporcionado pela organização?
( ) Sim, mas pouco
( ) Não mudou nada
( ) Melhorei sim.
( ) Melhorei muito
11. Em que palavras você descreveria as mudanças ocorridas em sua vida após sua
experiência nesta organização religiosa?
( ) Nenhuma mudança boa
( ) Poucas mudanças boas
( ) Mudanças significativamente boas
( ) Boas mudanças
( ) Mudanças Maravilhosas