relatorio_tecnico_-_retencao basico e secundario cnedu fev 2015.pdf
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RELATRIO TCNICO - RETENO ESCOLAR NOS ENSINOS BSICO E SECUNDRIO
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Relatrio Tcnico
Reteno Escolar nos Ensinos Bsico e Secundrio
Assessoria tcnico-cientfica:
Antonieta Lima Ferreira
Paula Flix
Rute Perdigo
Fevereiro 2015
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RELATRIO TCNICO - RETENO ESCOLAR NOS ENSINOS BSICO E SECUNDRIO
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NDICE
006 Lista de abreviaturas
007 Introduo
008 Reviso da Literatura
018 Enquadramento legislativo
029 A reflexo produzida no CNE
033 Contexto Internacional
042 Financiamento
045 Prticas de sucesso no combate ao insucesso
052 Evoluo da reteno no ensino: dados estatsticos
066 Balano das audies
076 Glossrio
079 Bibliografia
081 Apndices
Apndice A- Quadro sintico das audies
086 Anexos
Anexo 1- Estrutura da Classificao Internacional Normalizada na Educao
Anexo 2- Organograma do sistema de ensino
Anexo 3- Lista de Audies
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NDICE DE FIGURAS E TABELAS
033 Figura 1 Percentagem de alunos em atraso escolar no CITE 1 e CITE 2, 2007/2008.
033 Figura 2 Estimativa da Reteno no CITE 2, 2007/2008.
034 Figura 3 Progresso ao nvel 1 da CITE de acordo com a legislao vigente, 2009/2010.
035 Figura 4 Critrios que determinam a reteno escolar no nvel 1do CITE, 2009/2010.
035 Figura 5 Critrios que determinam a reteno escolar no nvel 2 do CITE, 2009/2010.
036 Figura 6 Limites reteno no nvel 2 da CITE, 2009/2010.
036 Figura 7 Percentagem de abandono precoce no sistema de ensino e formao, no perodo 2009-2013, metas nacionais e objetivo delineado na UE 2020.
038 Figura 8 Cobertura de dados ELET, 2013/2014.
039 Figura 9 Percentagem de alunos que repetiram pelo menos um ano no CITE 1, CITE 2 e CITE 3. PISA 2012.
039 Figura 10 Educao e orientao profissional como uma medida compensatria no combate ao ELET, 2013/2014.
042 Figura 11 Despesa anual por aluno, por ciclo, 2011 (USD).
043 Figura 12 Despesa anual por aluno, por instituio de ensino, por tipo de servio, 2011.
044 Figura 13 Despesa anual por aluno, por instituio de ensino, por nvel de ensino, 2011.
046 Figura 14 Evoluo (N.) de escolas s quais foi atribudo o estatuto TEIP, por ano letivo. Continente.
046 Tabela 1 Evoluo (N.) dos TEIP com Contrato de Autonomia, por fase. Continente.
049 Tabela 2 Evoluo do nmero de unidades orgnicas abrangidas pelo PMSE por
tipologia do projeto e NUTS II.
052 Tabela 3 Taxa de Reteno e Desistncia (%) por nvel de ensino, por natureza
jurdica. Portugal, 2012/2013.
053 Figura 15 Taxa de Reteno e Desistncia (%). Portugal, 2001-2013.
054 Figura 16 Taxa de Reteno e Desistncia (%), no Ensino Bsico, por ano de
escolaridade. Portugal, 2001-2013.
055 Figura 17 Taxa de Reteno e Desistncia (%), no Ensino Bsico, por NUTS II e ciclo
de escolaridade. Portugal, 2001-2013.
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056 Figura 18 Taxa de Reteno e Desistncia (%), no Ensino Bsico, por sexo e por ciclo
de escolaridade. Portugal, 2003-2013.
056 Figura 19 Taxa de Reteno e Desistncia (%), no Ensino Bsico, por natureza jurdica
e por ciclo de escolaridade. Portugal, 2001-2013.
057 Figura 20 Taxa de Reteno e Desistncia (%), no 2. ano, por natureza jurdica.
Portugal, 2003-2013.
057 Figura 21 Taxa de Reteno e Desistncia (%), no 3. ano, por natureza jurdica.
Portugal, 2003-2013.
058 Figura 22 Taxa de Reteno e Desistncia (%), no 6. ano, por natureza jurdica.
Portugal, 2003-2013.
058 Figura 23 Taxa de Reteno e Desistncia (%), no 8. ano, por natureza jurdica.
Portugal, 2003-2013.
059 Figura 24 Taxa de Reteno e Desistncia (%), no Ensino Secundrio, por orientao
curricular e por ano de escolaridade. Portugal, 2001-2013.
060 Figura 25 Taxa de Reteno e Desistncia (%), no Ensino Secundrio, por NUTS II.
Portugal, 2001-2013.
061 Figura 26 Taxa de Reteno e Desistncia (%), no Ensino Secundrio, por sexo.
Portugal, 2003-2013.
061 Figura 27 Taxa de Reteno e Desistncia (%), no Ensino Secundrio, por natureza
jurdica. Portugal, 2003-2013.
062 Tabela 4 Taxa de Desistncia (%), no 1. Ciclo do Ensino Pblico, por U.O., por ano
de escolaridade. Continente, 2012/2013.
063 Tabela 5 Taxa de Desistncia (%), no 2. Ciclo do Ensino Pblico, por U.O., por ano
de escolaridade. Continente, 2012/2013.
063 Tabela 6 Taxa de Desistncia (%), no 3. Ciclo do Ensino Pblico, por U.O., por ano
de escolaridade. Continente, 2012/2013.
064 Tabela 7 Desempenho escolar dos alunos do Ensino Bsico e Secundrio (%), segundo
a nacionalidade. Continente, 2012/2013.
065 Tabela 8 Alunos de nacionalidade estrangeira que transitaram/concluram o Ensino
Bsico e Secundrio (%) segundo os principais pases de nacionalidade. Continente,
2012/2013.
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Reteno Escolar nos
Ensinos Bsico e Secundrio
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LISTA DE ABREVIATURAS
CEB Ciclo do Ensino Bsico
CNE Conselho Nacional de Educao
ECEC Early Childhood Education and Care [Educao e Cuidados na Primeira
Infncia]
EFV Educao e Formao Vocacional
ELET Early Leaving from Education and Training [Abandono Precoce]
PLNM Portugus Lngua No Materna
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INTRODUO
O presente relatrio procura sistematizar a evoluo do fenmeno da reteno nos diferentes
nveis e ciclos de ensino no-superior.
Para tal, feito um enquadramento legislativo na rea da avaliao, nomeadamente das
condies de transio, aplicveis no sistema de ensino ao longo das ltimas duas dcadas. O
enquadramento recupera o histrico legislativo a partir do Despacho Normativo n. 98-A/92,
de 20 de junho, no caso do Ensino Bsico, e do Despacho Normativo, n. 338/93, de 21 de
outubro, no caso do Ensino Secundrio.
Apresenta-se, de seguida, a reflexo produzida pelo Conselho Nacional de Educao sobre o
sistema de avaliao dos alunos (designadamente os pareceres produzidos sobre os diplomas
legais acima referenciados) e o Plano Nacional de Preveno do Abandono Escolar.
O relatrio regista uma sntese de literatura, que rene perspetivas de investigadores sobre a
temtica em anlise, conceitos de referncia, bem como concluses de estudos e relatrios.
Complementarmente, inscrito um levantamento de programas e projetos desenvolvidos em
Portugal, no mbito das denominadas Prticas de Sucesso no Combate ao Insucesso.
Acresce informao mencionada, a apresentao de anlise de dados estatsticos respeitantes
ao panorama portugus (na srie temporal 2001-2013), assim como a sntese de dados
apresentados por relatrios e estudos, com vista ao estabelecimento de comparaes
internacionais (tendo por referncia a UE 28).
No sentido de melhor sustentar o estudo da temtica em apreo, realizaram-se audies de um
conjunto de personalidades, provenientes de diversas entidades, das quais resulta uma sinopse
das perspetivas abordadas pelos diversos intervenientes.
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REVISO DA LITERATURA
CONCEITOS E AUTORES DE REFERNCIA
Insucesso escolar
Martins e Parcho
(2000)
Dois tipos:
Quando os alunos no atingem as metas (fim dos ciclos) dentro dos limites temporais estabelecidos. Este fenmeno traduzido pelos indicadores: taxas de
reprovao/reteno, repetncia e de abandono escolar.
Outro no to facilmente quantificvel mas com grandes repercusses na aprendizagem, relativo (in)adequao entre os contedos transmitidos na
escola, as aspiraes dos alunos e a no conjugao destes fatores com as
necessidades do sistema social (particularmente do sistema poltico, cultural e
econmico) e dos seus subsistemas de emprego/trabalho e tecnolgico.
Justino et al.
(2014:37)
Entendido como a repetncia ou reteno, durante um ou mais anos ao longo do percurso escolar dos alunos. So vrios os estudos que apontam o insucesso
escolar, expresso pela acumulao de retenes, como a antecmara do
abandono. Essa relao, porm, no estritamente unvoca. Sendo
compreensvel que trajetos de repetncias acumuladas tendem a aumentar o
risco de abandono, tambm admissvel que o insucesso seja uma antecipao
de quem j optou, a prazo, pelo abandono. Ou seja, o abandono tanto pode ser o
resultado do insucesso, como este poder ser o resultado de uma deciso
antecipada de um abandono futuro. Perante essa perspetiva de um abandono a
prazo alguns alunos desinvestem no esforo para o sucesso.
Reteno: conceito e seus impactos
Conceito
Brophy (2006) Corresponde situao de um aluno se manter no mesmo nvel de
ensino durante um ano adicional, em vez de avanar para um nvel
superior junto com os pares da sua idade.
Xia e Kirby
(2009:ix)
the practice of keeping students at the same grade level for an additional year. The rationale behind retention is that it gives
low-achieving students an extra year to catch up to the grade-level
standard.
in Rebelo (2009:43) Reconhece a reteno como medida que sanciona e que, em maior ou menor grau e dependendo do nvel escolar e da idade em que os
alunos se encontrem, pode diminuir a sua autoestima, revolt-los,
desinteress-los pela escola e demov-los do empenhamento na
aprendizagem (Rebelo, 1992; 1999).
Impactos
Jimerson (2001)
Reter alunos no contribui para uma melhor aprendizagem nem para
alcanar os objetivos pedaggicos em anos subsequentes, mas
aumenta a probabilidade de abandono e diminui a autoestima.
Jimerson, Anderson
e Whipple (2002) in
EACEA/Eurydice
(2014)
Consideram a reteno como um preditor significativo do abandono
escolar de alunos no nvel secundrio de escolaridade.
Brophy (2006); Xia
e Kirby (2009)
Concluram, em estudos sobre a reteno que esta leva diminuio
da autoestima, prejudica o processo de socializao, contribui para a
alienao da escola, e aumenta a probabilidade de eventual
abandono; cria, igualmente, problemas oramentais e patrimoniais
para as escolas e sistemas de ensino.
It improves academic achievement temporarily, but over time, year repeaters fall further and further behind other low achievers who
were promoted. (in OCDE, 2013: 79)
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Pagani, Tremblay,
Vitaro, Boulerice e
McDuff (2001)
Realizaram um estudo longitudinal com uma amostra de 1830
crianas (875 rapazes e 955 raparigas) de escolas do Ensino Bsico
da provncia do Quebeque (Canad), com o qual pretendiam avaliar
os efeitos da reteno no desempenho escolar e no comportamento, a
mdio e a longo prazo dos alunos. Assim, identificaram
consequncias importantes da reteno, e de longa durao, no
desempenho escolar e no comportamento inadaptado (mais evidente
nos rapazes do que nas raparigas), tornando-os menos adaptados e
menos propensos a um bom desempenho acadmico.
Simes et al.
(2008:148)
A este propsito vale a pena referir o facto de a reteno escolar precoce poder provocar um decrscimo da autoestima do aluno e
conduzir quer ao enfraquecimento da vinculao escola quer
tendncia para interagir com pares desviantes. De salientar tambm a
necessidade de adaptar tais programas idade em que os alunos se
encontram, uma vez que os fatores de risco no so necessariamente
os mesmos nas diversas fases do desenvolvimento.
Flores et al.
(2013:82) []estes alunos tm expetativas de formao muito inferiores aos alunos que nunca repetiram, este um custo que se perpetuar por
vidas inteiras, tanto a nvel financeiro, como de capacidade criativa e
produtiva destes jovens, e consequente contribuio em capital
humano e financeiro para todo o sistema. in Jimmerson
(1997:3)
Grade retention refers to the practice of nonpromotion of students to the next grade level upon completion of the school year. The stated
goal of repeating the failed grade level is to remediate academic
failure or social immaturity. Many educators who support the
practice of retention believe that it is an effective solution to school
failure or maladjustment (Goodlad & Anderson, 1963).
in Jimmerson (2001:
433)
Shepard and Smith (1990:84) concluded Although grade retention is widely practiced, it does not help children to catch up. Retained children may appear to do better in the short term, but they are at
much greater risk for future failure than their equally achieving, non-
retained peers.
in Rebelo (2009: 30-
31)
Jackson fez a primeira reviso de 44 estudos: naturalistas, de pr e ps-teste e experimentais, publicados entre 1911 e 1973 de forma a
determinar se os alunos com fraco desempenho escolar ou que,
emocional e comportamentalmente, se no adaptam bem escola,
beneficiam mais em ser retidos do que em passar de ano (1975: 615).
Os estudos naturalistas compararam os efeitos da reteno e da
transio, usando um tipo de anlise (com base em medidas
administrativas escolares) em que os alunos retidos foram
observados e comparados com outros que passaram de ano.
O segundo tipo de estudos (pr e ps-teste) comparou o desempenho
escolar e a adaptao escola de alunos retidos, antes e aps a
transio de ano escolar. Embora os 3 grupos de estudos no sejam
comparveis entre si e apresentem, em vrios deles, lacunas
metodolgicas, Jackson sugere que possvel que a reteno
beneficie alguns alunos, contudo destaca que a passagem de ano traz
muitos mais benefcios. Conclui, assim, que No h um conjunto fidedigno de evidncias a indicar que a reteno escolar mais
benfica do que a passagem de ano para os alunos com dificuldades
escolares graves ou problemas de adaptao (1975: 627).
in Rebelo (2009) Pagani et al. (2001) fizeram um estudo longitudinal, para estudar os
efeitos da reteno no seu desempenho escolar e no seu
comportamento, a mdio e a longo prazo, sobre uma amostra de 1 830 crianas
de escolas do Ensino Bsico da provncia do Quebeque (Canad).
Reconhecem que, aps a reteno, os alunos experienciam o
falhano, a frustrao, a humilhao e a vergonha, sentimentos
negativos que interferem no processo de aprendizagem e no
desenvolvimento comportamental equilibrado. Assim os autores
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RELATRIO TCNICO - RETENO ESCOLAR NOS ENSINOS BSICO E SECUNDRIO
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concluem, perante os resultados do seu estudo prospetivo, a
necessidade de procurar estratgias eficazes para combater o
insucesso escolar, diferentes da reteno, pois esta, pelo modo como
aplicada, no parece beneficiar os alunos (2001: 313).
Almeida (2013:400-
402)
A percentagem de alunos a frequentar os diferentes ciclos de ensino com idade superior s idades ajustadas tem vindo a diminuir desde
1991. Essa reduo mais acentuada no 1. e 2. Ciclos que no 3. e
Secundrio. O 2. Ciclo apresentava em 1991 um valor muito
elevado, semelhante ao do Secundrio, acentuando-se a reduo j na
ltima dcada. A partir da dcada de 90, o 3. Ciclo e o Secundrio
estabilizaram a proporo dos alunos com idade superior idade
ajustada. O que significa que naqueles dois ciclos no se conseguiu
reduzir de forma significativa a acumulao da reteno. A partir das
taxas de atraso, calculmos o nmero mdio de anos de atraso.
O nmero mdio de anos de atraso ilustra bem a acumulao da
reteno no 3. Ciclo e no Secundrio e apresenta um valor
preocupante: uma mdia de 2 anos de atraso para os jovens retidos.
Transio escolar: conceito e impactos
Conceito
Saragoa,
Verdasca e
Oliveira
(2012)1
a mudana de ciclo, de nvel de escolaridade ou de contexto social que pode gerar um sentimento de comear de novo, uma iniciao na vivncia de novos contextos sociais e escolares que podem constituir um processo de rutura com uma
ordem j alcanada.
Impactos
in Saragoa,
Verdasca e
Oliveira (2012)
So: a diminuio de rendimento acadmico; o aumento da reteno escolar (Duarte et al., 2008); a oportunidade de abertura
e de novos padres relacionais (Abrantes, 2005); as alteraes no
bem-estar psicolgico (Rhodes, 2008); a diminuio da satisfao
com a escola (Rhodes, 2008); as modificaes no
desenvolvimento pessoal (Anderson et al., 2000). Reala-se, ainda, na confluncia de vrias dimenses e atores: o jogo de interaes entre alunos, pais e professores que enquadra e
d sentido ao processo de transio, com maior relevo nos
primeiros meses no novo ciclo de escolaridade (Pereira e
Mendona, 2005; Resende, 2008); as representaes e estratgias
organizacionais que balizam e constrangem a interao nesse
sistema social de ao concreto (Crozier e Friedberg, 1977); e as
morfologias e dinmicas do prprio sistema educativo.
Avaliao
Brophy (2006) Tem como objetivo identificar as necessidades educativas que ainda no foram
superadas, no servindo apenas para documentar o insucesso e depois avanar
sem qualquer reflexo ou anlise sobre o mesmo.
Fernandes
(2014:261-262)
O que, sob muitos pontos de vista, foi surpreendente nesta poltica foi o facto de se ter utilizado uma avaliao externa internacional para evidenciar que as
escolas pblicas portuguesas, os seus professores, os seus alunos e outros
intervenientes so to capazes como todos os outros. Nunca tnhamos tido algo
de semelhante no sistema educativo portugus, to pouco habituado a lidar com
objetivos para alcanar e com a utilizao dos meios para os poder alcanar. H
algo de novo que merece ser analisado e aprofundado pois poderemos
questionar se no estar igualmente ao nosso alcance melhorar as aprendizagens
dos alunos atravs das avaliaes internas, reduzindo assim o abandono e as
retenes.
1 Para saber mais: ver apresentao em diapositivos no mbito de RED - Rendimento Escolar e Desenvolvimento: um
estudo longitudinal sobre os efeitos das transies em alunos Portugueses (PTDC/CPE-CED/104884/2008)
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Barnett (2009) in
Fernandes
(2014:259)
Uma viso elaborada da educao, um projeto de inteligncia indispensvel para que a avaliao, processo destinado essencialmente a melhorar as
aprendizagens dos alunos conforme consta desde 1992 na legislao portuguesa,
possa ser definitivamente associada ao sucesso e melhoria generalizada do
sistema educativo portugus.
Fernandes
(2014:267)
Apesar do sistema de avaliao das aprendizagens parecer estar fundamentado em princpios e teorias (e.g., currculo, aprendizagem, avaliao) que tm
merecido consensos importantes no seio da comunidade educativa, a verdade
que persistem os problemas endmicos do sistema educativo portugus
relacionados com os nveis anormalmente elevados de reteno e abandono dos
alunos. Entre uma mirade de razes que podem ajudar a compreender esta
situao real preciso ter na devida conta que avaliar para classificar, para
selecionar ou para certificar continuam a ser preocupaes marcantes nas
prticas de avaliao. Por isso, as polticas educativas devero dar prioridade
melhoria das aprendizagens na sala de aula, isto , ao desenvolvimento de
prticas sistemticas de avaliao formativa.
Pinto, J. & Santos, L.
(2006:123)
Provavelmente, a reflexo sobre diferentes tipos de funcionamento e suas consequncias, atravs da anlise e discusso destes episdios [referindo-se ao
registo de dois episdios de sala de aula entendidos como diferentes formas de
praticar a avaliao], pode levar a uma reconstruo do sentido da prpria
avaliao, abrindo caminho a prticas de avaliao que apoiem e suportem a
aprendizagem dos alunos, de todos os alunos, criando condies para uma
atitude mais inclusiva na sala de aula. Esta prtica inclusiva no sinnimo de
baixar o nvel de aprendizagem, muito pelo contrrio, significa ser exigente com
a aprendizagem de todos os alunos, e reconhecer que esta tem de ser
sustentada.
Relao reteno/insucesso/abandono/indisciplina
Flores et al. (2013) Nas concluses do estudo que teve por base os dados PISA 2009,
compararam-se scores a matemtica de dois grupos de alunos portugueses a
frequentar o 9. ano: os que no apresentavam retenes no seu percurso escolar2
obtiveram em mdia um score muito mais elevado do que aqueles que j tinham
repetido uma vez 3 . Os resultados apontaro para uma no correo de
dificuldades de aprendizagem suscitada pela repetio de ano, i.e., a reteno
no estar a proporcionar a oportunidade extra para alinhar com o standard do ano de frequncia.
OCDE (2013) O Relatrio remete para o estudo de Field et al. (2007) e para um outro
documento tambm da responsabilidade da OECD Grade Expectations: How Marks and Education Policies Shape Students Ambitions (2012), para sustentar que h um claro reconhecimento em investigao educacional de que a reteno
uma interveno ineficaz no quadro de baixos desempenhos, ao mesmo tempo
que coloca riscos para a equidade devido ao peso do contexto social.
Justino et al.
(2014:90)
Quando os alunos constroem trajetos a partir de histrias de reteno, logo no primeiro ciclo, a probabilidade de insucesso reiterado e de abandono maior,
considerando que os conhecimentos e competncias bsicas indispensveis s
aprendizagens nos ciclos seguintes no esto consolidados (p.38). A reteno e a
repetncia nos primeiros quatro anos de escolaridade so fatores de insucesso e
de abandono que vo refletir-se nos anos seguintes. De um sistema de ensino em
que cerca de 35% dos alunos tm, pelo menos, um ano de atraso em relao
idade normal de concluso do ciclo de ensino, teremos de concluir que no est
concebido para promover o sucesso e a equidade.
Flores et al.
(2013:382)
De acordo com os dados PISA 2012, em que os alunos responderam pergunta qual a sua expectativa de formao? a distribuio de respostas entre os alunos que j repetiram e os que nunca repetiram extraordinariamente assimtrica.
No grupo dos alunos que nunca repetiram, mais de 70% tem como ambio ir
2 E que, estando no 9. ano, tero iniciado a escolaridade mais tarde. 3 Respetivamente, 504 (DP=70,93) e 440 (DP=57,29), cf. Flores et al. (2013).
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para a universidade, em comparao com 30% dos alunos que j repetiram. Por
sua vez, os cursos profissionalizantes so particularmente atrativos para os
alunos com um percurso j pontuado com insucesso.
Almeida (2013) Sobre a relao entre reteno e abandono, o autor remete para Benavente et al.,
1994; Roldo, 2004; Martnez, Enguita, Gmez, 2010, ao afirmar que as
repetncias so amplamente consideradas como causa do abandono.
Rodrigues
(2010:176)
As altas taxas de reteno no Ensino Bsico demonstravam a permanncia no nosso sistema educativo de uma prtica desprovida, regra geral, de efeitos
pedaggicos positivos para os alunos. A consequncia mais direta da reteno,
quando incide no mesmo aluno de forma repetida, o aumento da probabilidade
do seu abandono do sistema, sem completar a escolaridade obrigatria. Uma
escola que retm o aluno mltiplas vezes tem, aos olhos deste, pouco para lhe
dar para alm da repetida sano oficial do 'chumbo' e do rtulo social de
excludo.
in Simes et al.
(2008:136)
Assim, os alunos que abandonam precocemente os estudos (isto , que saem da escola sem obter um diploma) tendem a apresentar problemas de
comportamento logo nos primeiros anos de escolaridade (Jimerson, Egeland,
Sroufe & Carlson, 2000). Por comparao com aqueles que permanecem na
escola at obteno de um diploma, esses alunos manifestam maior nmero de
condutas delinquentes (v.g., roubos, vandalismo e infraes), respeitam menos
as regras, opem-se mais a autoridade do adulto, provocam mais vezes brigas,
denotam menos controlo de si e apresentam mais sintomas depressivos (Fortin,
Royer, Potvin, Marcotte & Yergeau, 2004). Do mesmo modo, tais alunos
mostram-se menos integrados na turma e menos cooperantes na sala de aula
(Fortin & Picard, 1999). Alm disso, tm desde cedo uma vivncia escolar
negativa que, muitas vezes, pontuada por dificuldades especificas de
aprendizagem, repetncias e absentismo (Blackorby, Edgar & Kortering, 1991;
Vickers, 1994), bem como por uma relao difcil com os professores.
in Ribeiro et al.
(2006:128)
A gravidade da situao, para alm de educativa, tambm social. Sabemos que a origem social se associa s taxas de insucesso e de abandono escolar, ao
mesmo tempo que uma reduzida escolarizao significa, tambm, baixa
qualificao profissional, comprometendo o futuro dos indivduos e das
famlias, perpetuando baixos ndices de literacia, frgeis projetos de
profissionalizao e parcas competncias de cidadania (Detry & Cardoso, 1996).
Uma escolaridade bsica no concluda ou mal sucedida traduz-se na
perpetuao da pobreza e baixa participao scio-cultural que caracterizam
muitas famlias portuguesas, fenmeno este que se tem perpetuado de gerao
em gerao (Detry & Cardoso, 1996; Roazzi & Almeida, 1988; Benavente,
1990, 1998).
Simes et al.
(2008:148)
Como seria de esperar, em termos escolares, persistentes e desistentes continuam a diferenciar-se claramente. Estes ltimos revelam, de facto, mais
dificuldades de aprendizagem, tm mais repetncias e apresentam mais atitudes
negativas em relao a escola.
in Rebelo (2009:43) necessrio promover o seu desenvolvimento, tanto precocemente como ao longo dos anos de escolaridade. Por esta ser longa e por a tarefa de
aprendizagem se tornar cada vez mais complexa, muitos alunos podero correr
risco de insucesso e de inadaptao emocional e comportamental. Assim, cada
vez mais necessrio que quem ensina conhea bem e utilize adequadamente
estratgias de preveno de dificuldades e facilite o processo de aprendizagem
de todos os alunos (Rebelo, 1992; 1999).
Lopes (2013:57) [] continua a no ser fcil para os agentes educativos acreditarem que uma causa to prxima e at to bvia como o insucesso acadmico possa ter alguma
importncia na configurao da indisciplina [] consequncias do insucesso acadmico do ponto de vista disciplinar so ainda relevantes pelo seu carcter
duradouro e mutuamente reforador. medida que o tempo passa, os alunos
com dificuldades acadmicas tm cada vez maiores problemas em aceder ao
currculo (por falta de bases), o que potencia os maus comportamentos, os quais,
por seu turno, inibem a centrao nas tarefas acadmicas. Daqui resulta uma
espiral negativa da qual muito difcil o sujeito libertar-se. Deste facto,
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RELATRIO TCNICO - RETENO ESCOLAR NOS ENSINOS BSICO E SECUNDRIO
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deveriam resultar duas concluses: (1) o ensino deve ser o melhor possvel, o
que limitar o nmero de insucessos e (2) quando surgem as primeiras
dificuldades, a interveno tem de ser imediata..
EACEA/Eurydice
(2014)
O relatrio Tackling Early Leaving from Education and Training in Europe:
Strategies, Policies and Measures associa a repetio de ano ao abandono
escolar, reportando-se investigao de Mena Martnez et al. (2010) baseada
nas experincias de 856 alunos que abandonaram a escola, dos quais 88 % tero
abandonado em resultado das suas experincias de reteno.
Processo de estruturao do sistema educativo
Abrantes (2009: 47-
48)
O prprio processo de estruturao dos sistemas educativos e, em particular, a
sua segmentao em ciclos escolares tendem a refletir no tanto uma viso
coerente, mas uma componente fundamental de processos sociais de fundo, em
particular a individualizao, a excluso social e a regulao sistmica, pois
estabelecem-se como momentos nevrlgicos dos percursos de escolaridade e de
vida (momentos de viragem) dos prprios atores-alunos, levando alguns a
mergulhar em espirais de insucesso, abandono e privao.
Ferreira (2001) in
Abrantes (2009:38).
No caso portugus, o aumento do insucesso e do abandono, em primeiro lugar,
essencialmente visvel no 7. ano (onde a subida da taxa de reteno mais
significativa), embora ocorra, na maioria dos casos, no interior de uma EB23,
quando a mudana decisiva no tipo de escola e na forma como o currculo se
organiza ocorre atualmente do 1. para o 2. Ciclo, pois no 5. ano que os
alunos tm de lidar, pela primeira vez, com uma escola de grandes dimenses e
com um nmero alargado de disciplinas e professores.
Justino (2012:364) possvel ter ensinos massificados que sejam fortemente inclusivos e que cumpram com os nveis de exigncia. O autor reconhece o carcter hiperselectivo ao longo do percurso do sistema
educativo portugus (mecanismos de reteno e desistncia), sustentando a
reorganizao dos ciclos em duas etapas, uma vez que a organizao do sistema
de ensino em ciclos, tal como est concebido, no facilitadora do sucesso.
Cultura de reteno
Eurydice (2011) Constatou a existncia de uma cultura de reteno num estudo realizado,
identificando-a como a principal razo para que a prtica seja mais usada em
alguns pases do que noutros. Nos pases em que a referida cultura existe estar
enraizada a ideia de que a repetio de ano benfica para a aprendizagem dos
alunos. Esta ideia ainda partilhada por professores, comunidade escolar e pais,
no obstante o facto de ter vindo a ser repetidamente posta em causa.
Conclui-se, assim, que o desafio residir mais em questionar tais assunes do
que em proceder a alteraes legislativas.4
OCDE (2013) O Relatrio Synergies for Better Learning: An International Perspective on
Evaluation and Assessment identifica, de acordo com os dados PISA 2009
(OECD, 2010), que a prtica da reteno (year repetition) especialmente
significativa nos seguintes pases: Blgica, Frana, Luxemburgo, Portugal e
Espanha, pases em que mais de 35,0% de estudantes, com 15 anos de idade,
repetiram um ou mais anos (contra uma mdia OCDE de 13,0%)5.
O estudo recupera dados do PISA 2012 para constituir grandes grupos de pases
europeus com comportamentos idnticos no que respeita reteno (alunos de
4 Sobre nveis de responsabilidade nas decises de reteno, intervenientes e enquadramento legislativo nos pases da
rede Eurydice, mais informaes em
http://eacea.ec.europa.eu/education/eurydice/thematic_studies_en.php (disponvel em lngua portuguesa) 5 O relatrio sobre Portugal (OCDE, 2012), que antecede o estudo completo a que nos referimos, apresenta dados
desagregados por dois ciclos de escolaridade (a partir dos dados PISA 2009): dos alunos com 15 anos, h 9,5% do 3.
ciclo do ensino bsico e 10% do Ensino Secundrio que ficaram retidos no ano anterior (de acordo com informaes
dos diretores de escola), o que constitui a segunda e a terceira taxas mais altas entre 29 pases da OCDE, que registam
3,2% e 4,5%, respetivamente nos ciclos referidos.
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RELATRIO TCNICO - RETENO ESCOLAR NOS ENSINOS BSICO E SECUNDRIO
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15 anos que reportam terem no seu percurso pelo menos uma reteno).
Destacam-se6:
1. Blgica, Espanha, Luxemburgo e Portugal todos com taxas superiores a 30%;
2. Frana e Holanda com taxas prximas dos 30%; 3. Alemanha e Sua com taxas prximas dos 20%; 4. Crocia, Litunia, Reino Unido e Islndia com taxas inferiores a 3% 5. Noruega com taxa 0%.
OCDE (2013:79) First, high levels of year repetition are not compatible with placing students at the centre of assessment as it extensively involves branding students a failure at
different stages of schooling, including in the very early stages of learning.
Second, it runs counter to the need for teachers to have the highest possible
expectations of what children can achieve if they always have the possibility of
retention in the back of their minds for children who do not respond well to their
teaching. It should be recognised, however, that in those countries where levels
of year repetition are high, there is typically a belief among teachers and parents
that year repetition is beneficial for low-performing students, leading such
practice to become part of the school culture.
Justino et al. (2014:
90-91)
Existe uma cultura de reteno e de abandono que necessrio modificar de forma a atenuar o carcter seletivo desse sistema. O facto reconhecido de os
primeiros anos de cada ciclo ( exceo do 1.) serem aqueles onde se registam
maiores taxas de reteno sugere uma deficiente articulao das aprendizagens e
de culturas escolares segmentadas em cada ciclo de ensino. [] A soluo no passar necessariamente por proibir a reteno ou de a iludir pela busca de
sucesso a qualquer custo. A soluo passa antes por preveni-la e, acima de tudo,
contrariar a cultura dominante que a aceita como algo de natural.
Rodrigues (2012:
182) in Rodrigues
(coord.) (2014: 262)
O tpico do insucesso escolar enfrenta, na poltica educativa, dificuldades relacionadas com a perceo pblica da repetncia e do chumbo. A ideia muito
divulgada, no interior da comunidade educativa e fora dela, de que chumbar faz
bem ao "carcter" de crianas e de jovens tem sido impeditiva do
desenvolvimento de uma atitude mais exigente para com os resultados escolares
dos alunos. Esta viso esquece que a alternativa repetncia e reprovao no
passar sem saber. A alternativa exigir tempo de trabalho e de estudo para que
os alunos aprendam o que no sabem, a alternativa a diversificao dos
mtodos pedaggicos de ensino, a alternativa exigir bons resultados escolares.
necessrio que os objetivos associados melhoria dos resultados escolares
entre na agenda e nas preocupaes de todas as escolas e do trabalho dos
professores. Trata-se de garantir no apenas o ensino para todos, mas tambm a
qualidade das aprendizagens de todos.
Custo da reteno7
Field et al. (2007);
OECD (2012);
OCDE (2013)
Os custos da reteno para os oramentos da Educao so substanciais. Em
suma, a reteno ineficaz, dispendiosa, tendo implicaes nos domnios da
eficincia e da equidade.
Justino et al.
(2014:91)
Por ltimo, mas no menos importante, importa avaliar quais os custos reais para o sistema de ensino da reteno e do abandono escolares. A ineficincia
associada a estes fenmenos tem repercusses que vo muito para alm da no
observncia do princpio da equidade e dos efeitos sociais que resultam da
espiral do atraso educativo. Sabendo-se muito pouco sobre os custos a mdio e
longo prazo de uma sada antecipada do sistema de ensino, existem j alguns
6 O Relatrio ressalva que a existncia de oportunidades catch-up no final do ano escolar na Litunia ou a progresso automtica (habitual/rotineira ou enquadrada legalmente) ao longo da escolaridade obrigatria (Reino
Unido, Islndia e Noruega) pode parcialmente explicar as reduzidas taxas de reteno nestes pases. No entanto,
esclarece que a grande variao de taxas de repetio entre pases europeus no est apenas relacionada com
diferentes enquadramentos legais. 7 Veja-se, a este propsito, os valores indicados no Relatrio Perspetivas das Polticas da Educao (OCDE, 2014) e
em Education at a Glance (OCDE, 2014) snteses dos dados reproduzidos na seco dedicada a Financiamento.
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RELATRIO TCNICO - RETENO ESCOLAR NOS ENSINOS BSICO E SECUNDRIO
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estudos sobre os custos da reteno. Admitindo que 35% dos alunos tm, pelo
menos, uma reteno e o custo mdio por aluno dos ensinos bsico e secundrio
de, pelo menos, 4 000 anuais, o desperdcio nunca ser inferior a 250 milhes de euros por ano.
Flores et al.
(2013:381)
Repetir um ano tem enormes custos para o pas, tanto a nvel imediato de Oramento de Estado cada aluno custa em mdia cerca de 4415 EUR por ano8. Se se considerar que aos 15 anos 35% de alunos reprovaram pelo menos uma
vez ao quais se juntam 7,5% com duas ou mais repeties, o custo direto para o
pas de cerca de 200.000.000 por ano!
Papel dos profissionais
Jimmerson
(2001:433) Most educational professionals and researchers recognize that neither repeating a grade nor merely moving on to the next grade provides the necessary
scaffolding to improve academic and social skills for students at-risk of
academic failure. Instead, it is necessary to implement and examine remedial
strategies that can facilitate academic success. Because of their unique training,
roles, and responsibilities, school psychologists are in an optimal position to
move educational systems and research forward, beyond the discussion of
retention or social promotion in order to facilitate the educational success of all
students. School psychologists are encouraged to explore alternative
interventions, empirically examine the efficacy of such efforts, document merits
and limitations of various strategies, and disseminate the results of current and
past research to other educational professionals.
Jimmerson (1997: 4) Parents, teachers, and principals seem to play a crucial role in the decision making process, and generally a veto from any of these consultants can result in
promotion instead of retention, regardless of performance on competency tests
(Niklason, 1984; Rose, et al., 1983). Thus, while retained children constitute a
group segregated from their peers reportedly on the basis of poor achievement or
immaturity, in fact their retention may reflect a subjective decision-making process based on a variety of factors. Because educators who retain children
refer to global attributes such as immaturity, attempts at quantifying and
measuring aspects of immaturity, as well as measuring academic failure, are
crucial to clarify the dynamics affecting nonpromotion decisions.
Jimmerson
(2001:434) All educational professionals, families, and students must collaborate to insure that everything is done to facilitate student progress towards educational
standards. Rather than focusing on whether or not to retain a child, educational
professionals are encouraged to implement intervention strategies to facilitate
student achievement. Given that assisting students at-risk has long been the focal
point of school psychology, school psychologists may seize this opportunity to
underscore the importance of appropriate remedial strategies and emphasize the
responsibility of all educational professionals and families in facilitating
achievement trajectories of these students.
Estratgias para melhorar o ensino e o desempenho dos alunos
Pagani et al. (2001) Recomendam a procura de estratgias eficazes para combater o insucesso
escolar, diferentes da reteno, pois esta, pelo menos como aplicada, no
parece beneficiar os alunos.
Darling-Hammond
(1998) in Conboy et
al. (2013).
Distingue quatro grandes estratgias para melhorar o ensino e o desempenho
dos alunos, diminuindo assim a incidncia da reteno: (a) desenvolvimento
profissional dos professores; (b) reorganizao do sistema escolar; (c) servios e
suportes dirigidos diretamente a quem precisa; e (d) melhor uso da avaliao de
conhecimentos para apoiar o desenvolvimento de um bom ensino.
Rebelo (2009) Aponta como estratgias de superao (e/ou de diminuio) a necessidade de
intervir, desde muito cedo, com a criao de equipas multi e transdisciplinares e
8 Segundo o Tribunal de Contas, dados de dezembro de 2012.
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RELATRIO TCNICO - RETENO ESCOLAR NOS ENSINOS BSICO E SECUNDRIO
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at mesmo atravs de programas, avaliados cientificamente como eficazes, de
interveno precoce na escola e para alm desta.
Xia e Kirby
(2009:30)
Identificam como frutferas avenidas de investigao: o impacto de intervenes de suporte (identificao precoce de perfis de risco de estudantes,
servios acadmicos de apoio, dentro e fora da escola, entre outros) no
desempenho dos alunos; o impacto dos contextos escolares na preveno do
insucesso de estudantes com perfil de risco.
Simes et al.
(2008:148)
Enfim, a implementao de programas para os alunos no dispensa o investimento na formao de professores que deve ir alm dos aspetos
pedaggicos relativos a uma disciplina especfica e, portanto, integrar
componentes relativas a grande diversidade de problemas envolvidos no
abandono escolar. Um desses problemas e precisamente o que diz respeito s
dificuldades de aprendizagem e reteno escolar logo nos primeiros anos do
Ensino Bsico.
in Jimmerson
(2001:433-434)
Instructional strategies producing the most powerful effect sizes in the meta-analyses were: (a) mnemonic strategies (Mastropieri & Scruggs, 1989); (b)
enhancing reading comprehension (Talbott, Lloyd, & Tankersley, 1994); (c)
behavior modification (Skiba & Casey, 1985); (d) direct instruction (White,
1988); (e) cognitive behavior modification (Robinson, Smith, Miller, & Br
ownell, 1999); (f) formative evaluation (Fuchs & Fuchs, 1986); and (g) early
intervention (Casto & Mastropieri, 1986). The meta-analyses also identify
several intervention strategies demonstrating little effectiveness (e.g., Feingold
diet). Results of such educational research warrant further attention by school
psychologists and other professionals attempting to facilitate developmental and
achievement trajectories of children.
in Rebelo (2009:43-
48)
Estas estratgias [de interveno eficaz] encontram-se bem elaboradas e explcitas em programas de preveno e interveno, cuja eficcia tem sido
avaliada por estudos cientficos.
a) Programas pr-escolares
O objetivo destes programas acompanhar e supervisionar o desenvolvimento
de crianas com atrasos e em situaes de risco, sobretudo sensorial, motor e
cognitivo, fazendo que adquiram as competncias necessrias para obter
sucesso escolar, e encontrar formas de o promover, muito precocemente, em
idade pr-escolar.
b) Programas de promoo social e de desenvolvimento acadmico
Estes programas fundamentam-se na investigao que mostra que o
desempenho acadmico depende de muitos mais fatores do que apenas o
cognitivo. Por isso, salientam que a escola dever ser organizada de modo a ir
ao encontro das diferenas individuais dos alunos, desenvolvendo as suas
aptides sociais e acadmicas, e tornando-os capazes de solucionar os seus
conflitos.
c) Programas de escola de Vero e ps-escolares
So programas para dar oportunidades adicionais aos alunos, quer em tempo,
quer no domnio da matria, para alm do horrio normal das aulas.
d) Turmas de atrasados (looping) com diferentes idades
Estas turmas podem constituir estruturas alternativas s das turmas normais, por
permitirem uma maior flexibilidade no apoio a certos alunos. Proporciona-se a
estes terem, durante 2 ou mais anos, o mesmo professor, que lhes d uma
formao mais consentnea com as suas necessidades e procura reforar as
capacidades de cada um.
e) Programas de sade mental para contextos escolares
So programas destinados a ajudar alunos com problemas de sade mental,
como distrbios de ateno com ou sem hiperatividade, depresso ou distrbio
por stress ps-traumtico, que andam frequentemente associados ao insucesso
escolar.
f) Envolvimento parental
importante que a escola encoraje e promova polticas de envolvimento
parental, com estratgias proactivas, envolvendo os pais, o mais possvel, na
educao dos filhos.
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RELATRIO TCNICO - RETENO ESCOLAR NOS ENSINOS BSICO E SECUNDRIO
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g) Programas de leitura elementar
So programas estruturados, com o objetivo de superar atrasos na aprendizagem
da leitura elementar, visto ser esta considerada fundamental para futuras
aquisies acadmicas.
h) Estratgias de instruo e avaliao
H inmeras estratgias que podero ser implementadas, na sala de aula, para
aumentar o sucesso escolar, de entre as quais se destacam a instruo direta, as
adaptaes curriculares, a aprendizagem cooperativa e a utilizao de
mnemnicas.
i) Modificao comportamental e cognitivo-comportamental
Combinar estratgias comportamentais clssicas, como as de modelao
(modeling), feedback e reforo, com estratgias cognitivas, como prestar bem ateno, no responder imediatamente antes de pensar bem, pensar e dizer em voz alta o que se est a pensar, pode ser eficaz para o empenhamento dos alunos na tarefa e ser uma excelente oportunidade para aumentar competncias
acadmicas.
Rodrigues (2010:
178)
Criar, em todas as escolas, a obrigatoriedade de, depois de conhecidos os resultados escolares do 1. perodo, estabelecer planos de trabalho suplementar
com os alunos com notas negativas, definindo a reteno como medida
pedaggica de ltima instncia aps esgotadas todas as estratgias pedaggicas
de recuperao;
Instituir mecanismos de recuperao de percursos escolares que permitam, numa lgica de proximidade s dificuldades do aluno, a deteo precoce das
necessidades de aprendizagem e de percursos de insucesso, evitando o
abandono ou a sada do sistema educativo;
Desenvolver aes preventivas e executar atividades concretas, substituindo a reteno pelo reforo do trabalho;
Apoiar o desenvolvimento de estratgias pedaggicas de acompanhamento dos alunos no contexto da sala de aula e da escola;
Melhorar a organizao do trabalho docente.
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RELATRIO TCNICO - RETENO ESCOLAR NOS ENSINOS BSICO E SECUNDRIO
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ENQUADRAMENTO LEGISLATIVO
Informao pertinente
Lei n. 46/86, de 14 de outubro escolaridade obrigatria de 9 anos.
Lei n. 85/2009, de 27 de agosto a escolaridade obrigatria alargada a 12 anos de
escolaridade, consagrando a universalidade da educao pr-escolar, a partir dos 5 anos
de idade.
HISTRICO DA AVALIAO EXTERNA
Ano letivo 1994/1995 realizaram-se pela primeira vez as provas globais no Ensino
Bsico.
Ano letivo 1995/1996 reintroduo dos exames no Ensino Secundrio.
Anos letivos 1999/2000 e 2000/2001 realizaram-se pela primeira vez as provas de
aferio, primeiro do 4. e, depois, do 6. ano (Portugus9 e Matemtica).
Agosto de 2001 publicitao dos resultados das provas de exame (gerao de
rankings).
Ano letivo 2002/2003 realizaram-se pela primeira vez as provas de aferio do 9.
ano (Portugus10 e Matemtica).
Ano letivo de 2004/2005 realizaram-se pela primeira vez os exames nacionais do 9.
ano.
Ano letivo de 2011/2012 realizaram-se pela primeira vez as provas finais do 6. ano.
Ano letivo de 2012/2013 realizaram-se pela primeira vez as provas finais do 4. ano.
Legislao do Ensino Bsico11
Sntese
Despacho Normativo n. 98-A/92, de 20 de junho segundo o ponto 53., a reteno
escolar acontece quando se verifica um grande atraso em relao aos objetivos e
9 A partir de 2012/2013 a disciplina de Lngua Portuguesa passa designar-se Portugus. 10 A partir de 2012/2013 a disciplina de Lngua Portuguesa passa designar-se Portugus. 11 O ensino bsico oferece formao de carcter geral e formao profissional e vocacional em regime
dual.
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RELATRIO TCNICO - RETENO ESCOLAR NOS ENSINOS BSICO E SECUNDRIO
19
capacidades definidas, a nvel central e local, para esse ano ou ciclo. Ainda de acordo
com o ponto 51., a reteno assume um carcter eminentemente pedaggico e
excecional. Decorre a avaliao sumativa extraordinria, caso a avaliao sumativa do
final do 2. Perodo indicie reteno, sendo necessrio elaborar um plano de
recuperao. A avaliao especializada advm do caso do aluno indiciar reteno
repetida num ciclo, estando sujeita a ratificao do Conselho Pedaggico.
Despacho Normativo n. 644-A/94, de 8 de setembro altera o Despacho Normativo
n. 98-A/92, de 20 de junho, objetiva o que se considera grande atraso para efeitos de
reteno. Nova redao do ponto 54.: Presume-se que o aluno revela grande atraso
em relao aos objetivos e capacidades definidas quando obtenha nvel inferior a 3 em
mais de trs disciplinas. Em anos de concluso de ciclo, presume-se ainda o grande
atraso quando o aluno obtenha nvel inferior a 3 em mais duas disciplinas quando nestas
se incluam, cumulativamente, as de Portugus e de Matemtica.12, prevendo no entanto
a possibilidade de o Conselho de Turma, excecionalmente, considerar a transio do
aluno nessas condies. Este despacho prev ainda a possibilidade de reteno mesmo
para os alunos que no tendo sido sujeitos ao processo de avaliao sumativa
extraordinria apresentem falta de assiduidade que inviabilize a sua avaliao.
Despacho Normativo n. 30/2001, de 19 de julho revoga o Despacho Normativo n.
98-A/92, de 20 de junho, e Despacho Normativo n. 644-A/94, de 8 de setembro, e
define que a deciso de progresso do aluno ao ano de escolaridade seguinte uma
deciso pedaggica e dever ser tomada sempre que o professor titular de turma,
ouvidos os competentes conselhos de docentes, no 1. Ciclo, ou o conselho de turma,
nos 2. e 3. Ciclos. Nos anos no terminais de ciclo, a deciso de progresso cabe ao
Professor titular de turma, no 1. CEB, ou ao Conselho de Turma, no 2. e 3. CEB, caso
se considere que as competncias demonstradas pelo aluno permitem o
desenvolvimento das competncias essenciais definidas para o final do respetivo
ciclo13. O despacho define ainda que no 1. ano do 1. CEB no h lugar a reteno e
prev que um aluno retido no 2. ou 3. ano de escolaridade dever integrar at ao final
do ciclo a turma a que j pertencia. Nos anos terminais do 2. e 3. CEB a deciso de
no progresso cabe ao Conselho de Turma caso o aluno no tenha desenvolvido as
competncias essenciais lngua portuguesa e a outra disciplina ou a mais de duas
outras disciplinas, incluindo nestas as competncias previstas no plano curricular de
turma para a rea de projeto. Prev, no obstante a situao descrita, a progresso do
aluno, exigindo unanimidade na deciso. , ainda, referido que a haver reteno, existe
a possibilidade de o aluno poder repetir apenas as reas onde no evidencie uma
12 Situao de No Transio/No Aprovao Classificao inferior a trs a:
a) Trs ou mais disciplinas; b) Nos finais de ciclo (2. e 3. CEB), trs ou mais disciplinas OU Portugus, Matemtica e outra disciplina.
13 Situao de No Transio/No Aprovao
Classificao inferior a trs a:
a) Trs ou mais disciplinas; b) Nos finais de ciclo (2. e 3. CEB), trs ou mais disciplinas OU Portugus e uma outra disciplina (incluindo
nestas as competncias previstas no plano curricular de turma para a rea de projeto).
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RELATRIO TCNICO - RETENO ESCOLAR NOS ENSINOS BSICO E SECUNDRIO
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aprendizagem satisfatria. Os alunos que fiquem fora da escolaridade obrigatria sem
completarem o 9. ano podem candidatar-se a exame nacional.
Despacho Normativo n. 1/2005, de 5 de janeiro revoga o Despacho Normativo n.
30/2001, de 19 de junho, e define que no final do 2. Ciclo o Conselho de Turma pode
decidir a progresso de um aluno que no desenvolveu as competncias essenciais,
quando a) tenha obtido classificao inferior a 3 nas disciplinas de Lngua Portuguesa e
de Matemtica; b) tenha obtido classificao inferior a 3 em trs disciplinas, ou em duas
disciplinas e a meno de No satisfaz na rea de projeto, desde que no integrem
cumulativamente as disciplinas de Lngua Portuguesa e Matemtica. No final do 3.
Ciclo, o aluno no progride e obtm a meno de No Aprovado se estiver numa das
seguintes situaes: a) tenha obtido classificao inferior a 3 nas disciplinas de Lngua
Portuguesa e de Matemtica; b) tenha obtido classificao inferior a 3 em trs
disciplinas, ou em duas disciplinas e a meno de No Satisfaz na rea de projeto14.
Neste diploma, retomam-se e reforam-se os princpios j expressos no Despacho
Normativo n. 30/2001, de 19 de junho, como a nfase no carcter formativo da
avaliao e a valorizao de uma lgica de ciclo, potenciando-se os seus aspetos mais
positivos. Apresenta os termos de avaliao sumativa interna e externa, explicitando as
condies de admisso aos exames de Lngua Portuguesa e Matemtica de 9. ano. A
haver reteno, obriga repetio de todas as reas e disciplinas do respetivo ano.
Despacho Normativo n. 50/2005, de 9 de novembro clarifica a reteno como
medida de exceo, constituindo uma medida pedaggica de ltima instncia, depois de
esgotado o recurso a atividades de recuperao desenvolvidas ao nvel da turma e da
escola. Aponta para a necessidade de reorganizao do trabalho escolar, levando a cabo
medidas de diferenciao pedaggica, nomeadamente atravs de (i) planos de
recuperao dirigidos a alunos a quem se detete no final do 1 perodo dificuldades de
aprendizagem; (ii) planos de acompanhamento a alunos sujeitos a reteno e (iii) planos
de desenvolvimento para alunos que revelem capacidades excecionais de aprendizagem
durante o 1 perodo. Esta conceo determina, necessariamente, a reorganizao do
trabalho escolar de forma a otimizar as situaes de aprendizagem. No que respeita
reteno repetida, determina-se que o aluno tem de ser submetido a uma avaliao
extraordinria que ponderar as vantagens educativas de nova reteno. A proposta de
reteno ou progresso do aluno est sujeita anuncia do conselho pedaggico, com
base num relatrio circunstanciado.
Despacho Normativo n. 1/2006, de 16 de dezembro regulamenta a constituio,
funcionamento e avaliao de turmas com percursos curriculares alternativos.
Determina que a avaliao dos alunos deve reger-se pelo regime definido no Despacho
Normativo n. 1/2005, de 5 de janeiro, sendo que, no caso do 3. CEB, h dispensa da
14 Situao de No Transio/No Aprovao Classificao inferior a trs a:
a) Trs ou mais disciplinas (considera-se neste cmputo a meno de NS em rea de Projeto); b) Nos finais de ciclo (2. e 3. CEB), trs ou mais disciplinas OU Portugus e Matemtica.
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RELATRIO TCNICO - RETENO ESCOLAR NOS ENSINOS BSICO E SECUNDRIO
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realizao de exames nacionais, exceo dos alunos que pretendam prosseguir estudos
de nvel secundrio em cursos cientfico-humansticos.
Despacho Normativo n. 18/2006, de 14 de maro estabelece os princpios e os
procedimentos a observar na avaliao das aprendizagens e competncias dos alunos do
Ensino Bsico. Refora alguns princpios j expressos no Despacho Normativo n.
1/2005, de 5 de janeiro, e regulados pelo Despacho Normativo n. 50/2005, de 9 de
novembro, no que concerne ao carcter formativo da avaliao, de modo a enquadrar a
reteno como uma medida pedaggica de ltima instncia na lgica de ciclo e de nvel
de ensino. Por outro lado, entre os elementos a considerar na avaliao sumativa
incluem-se, para alm da informao recolhida no mbito da avaliao formativa e das
provas globais, os exames nacionais de Lngua Portuguesa e de Matemtica, no final do
3. Ciclo. Ainda no domnio da avaliao sumativa, h a considerar para os alunos que
renem as condies definidas no presente despacho os exames de equivalncia
frequncia dos 2. e 3. Ciclos do Ensino Bsico.
Despacho Normativo n. 14/2011, de 9 de novembro, altera o Despacho Normativo
n. 1/2005, de 5 de Janeiro, e menciona que no final dos 2. e 3. Ciclos, o aluno no
progride e obtm a meno de No Aprovado(a), se: a) tiver obtido classificao
inferior a 3 nas disciplinas de Lngua Portuguesa e de Matemtica; b) tiver obtido
classificao inferior a 3 em quaisquer trs disciplinas15.
Despacho Normativo n. 24-A/2012, de 5 de dezembro regulamenta a avaliao do
Ensino Bsico. So revogados o Despacho Normativo n. 1/2005, de 5 de janeiro, na sua
redao atual e o Despacho Normativo n. 50/2005, de 9 de novembro. O diploma
define que no final de cada um dos ciclos do Ensino Bsico, o aluno no progride e
obtm a meno de No Aprovado, se estiver numa das seguintes condies: a) tiver
obtido simultaneamente classificao inferior a 3 nas reas disciplinares ou disciplinas
de Portugus (ou PLNM) e de Matemtica; b) tiver obtido classificao inferior a 3 em
trs ou mais disciplinas, no caso dos 2. e 3. Ciclos, e tiver obtido classificao inferior
a 3 em Portugus (ou PLNM) ou em Matemtica e simultaneamente meno no
satisfatria nas outras reas disciplinares, no caso do 1. Ciclo16. Refere ainda, no artigo
20., as medidas de promoo do sucesso escolar e situaes especiais de avaliao,
concretamente:
15 Situao de No Transio/No Aprovao Classificao inferior a trs a:
a) Trs ou mais disciplinas; b) Nos finais de ciclo (2. e 3. CEB), trs ou mais disciplinas OU Portugus e Matemtica.
16 Situao de No Transio/No Aprovao
Classificao inferior a trs a:
a) Portugus (ou PLNM) e Matemtica; b) No 1. CEB, Portugus (ou PLNM) ou Matemtica e meno no satisfatria nas outras reas
disciplinares;
c) No 2. e 3. CEB, trs ou mais disciplinas.
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RELATRIO TCNICO - RETENO ESCOLAR NOS ENSINOS BSICO E SECUNDRIO
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a) Medidas de apoio ao estudo, que garantam um acompanhamento mais eficaz do aluno
face s dificuldades detetadas e orientadas para a satisfao de necessidades especficas;
b) Estudo Acompanhado, no 1. Ciclo, tendo por objetivo apoiar os alunos na criao de
mtodos de estudo e de trabalho e visando prioritariamente o reforo do apoio nas
disciplinas de Portugus e de Matemtica, nomeadamente a resoluo dos trabalhos de
casa;
c) Constituio temporria de grupos de homogeneidade relativa em termos de desempenho
escolar, em disciplinas estruturantes, tendo em ateno os recursos da escola e a pertinncia
das situaes;
d) Coadjuvao em sala de aula, valorizando-se as experincias e as prticas colaborativas
que conduzam melhoria do ensino;
e) Adoo, em condies excecionais devidamente justificadas pela escola e aprovadas
pelos servios competentes da administrao educativa, de percursos especficos,
designadamente percursos curriculares alternativos e programas integrados de educao e
formao, adaptados ao perfil e especificidades dos alunos;
f) Encaminhamento para um percurso vocacional de ensino aps redefinio do seu
percurso escolar, resultante do parecer de psiclogos escolares e com o empenhamento e a
concordncia do encarregado de educao;
g) Acompanhamento extraordinrio dos alunos nos 1. e 2. Ciclos, conforme estabelecido
no calendrio escolar;
h) Acompanhamento a alunos que progridam ao 2. ou ao 3. Ciclos com classificao final
inferior a 3 a Portugus ou a Matemtica no ano escolar anterior.
2 - O plano de acompanhamento pedaggico de turma ou individual traado, realizado e
avaliado, sempre que necessrio, em articulao com outros tcnicos de educao e em
contacto regular com os encarregados de educao.
3 - Aos alunos que revelem em qualquer momento do seu percurso dificuldades de
aprendizagem em qualquer disciplina ou rea disciplinar aplicado um plano de
acompanhamento pedaggico, elaborado pelo professor titular de turma, no 1. Ciclo, ou
pelo conselho de turma, nos 2. e 3. Ciclos, contendo estratgias de recuperao que
contribuam para colmatar as insuficincias detetadas.
Ainda menciona, no que diz respeito reorientao do percurso escolar, que, sempre
que se verifiquem retenes, devero os alunos ser acompanhados pelo servio de
orientao escolar, de modo que possam ser propostas as medidas mais adequadas ao
seu percurso escolar, nomeadamente percursos curriculares alternativos, programas
integrados de educao e formao, cursos de educao e formao ou cursos
vocacionais.
Decreto-Lei n. 139/2012, de 5 de julho estabelece os princpios orientadores da
organizao e da gesto dos currculos, da avaliao dos conhecimentos e capacidades a
adquirir e a desenvolver pelos alunos dos ensinos bsico e secundrio.
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RELATRIO TCNICO - RETENO ESCOLAR NOS ENSINOS BSICO E SECUNDRIO
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Decreto-Lei n. 91/2013, de 10 de julho altera o Decreto-Lei n. 139/2012, de 5 de
julho: estabelece como referencial os programas das disciplinas e as metas curriculares a
atingir por ano de escolaridade e ciclo de ensino; define a obrigatoriedade do Apoio ao
Estudo no 1. Ciclo, (visando prioritariamente o reforo do apoio nas disciplinas de
Portugus e de Matemtica); define igualmente a obrigatoriedade da oferta de Apoio ao
Estudo no 2. Ciclo (podendo, por indicao do conselho de turma e desde que obtido o
acordo dos encarregados de educao ser de frequncia obrigatria para os alunos para
tal indicados); altera, no 1. Ciclo, a materializao da informao resultante da
avaliao sumativa interna: de forma descritiva em todas as disciplinas, com exceo de
Portugus e de Matemtica no 4. ano de escolaridade, a qual se expressa numa escala
de 1 a 5.
Legislao do Ensino Secundrio17
Sntese
Decreto-Lei n. 286/1989, de 29 de agosto estabelece os princpios gerais que
ordenam a reestruturao curricular prevista na alnea e) do n. 1 do artigo 59. da Lei
de Bases do Sistema Educativo. So aprovados os planos curriculares dos 1., 2. e 3.
Ciclos do Ensino Bsico e aprovado o plano curricular do Ensino Secundrio.
Despacho Normativo n. 338/1993, de 29 de setembro prev as diversas
modalidades de avaliao existentes: formativa, sumativa (interna e externa) e aferida,
regulamentando-as. Estas so encaradas como formas de estimular o sucesso educativos
dos alunos, melhorar a qualidade de ensino, certificar os conhecimentos, competncias e
capacidades dos alunos. Plena reintroduo dos exames nacionais (duplo propsito de
certificao e de seriao para acesso ao Ensino Superior) primeiros exames em
1995/1996.
Despacho Normativo n. 7/2001, de 18 de janeiro apresenta a reorganizao da
estrutura curricular do Ensino Secundrio e estabelece os princpios orientadores da
organizao e da gesto curricular dos cursos gerais e dos cursos tecnolgicos do
Ensino Secundrio regular, bem como da avaliao das aprendizagens e do processo de
desenvolvimento do currculo nacional. A avaliao definida como um processo
regulador das aprendizagens, orientador do percurso escolar e certificador das diversas
aprendizagens realizadas pelos alunos ao longo do Ensino Secundrio. Prev-se, ainda,
adequao das estratgias de aprendizagem estabelecidas pela escola s necessidades de
cada turma. Com este decreto pretende-se reforar os mecanismos e estruturas de
orientao e informao de forma a favorecer a transio entre a escolaridade bsica e
os diferentes percursos de educao subsequentes.
17 O Ensino Secundrio oferece duas possibilidades: o ensino regular, de carcter geral,
cientfico-humanstico e os ensinos profissional e vocacional, em regime dual.
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RELATRIO TCNICO - RETENO ESCOLAR NOS ENSINOS BSICO E SECUNDRIO
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Despacho Normativo n. 21/2002, de 10 de abril concretiza os princpios
orientadores e as principais disposies relativas avaliao das aprendizagens dos
alunos do Ensino Secundrio que foram consagradas no Decreto-Lei n. 7/2001, de 18
de janeiro; substitui o Despacho Normativo n. 338/1993, de 21 de outubro, com as
alteraes introduzidas pelo Despacho Normativo n. 45/1996, de 31 de outubro. Este
documento aprova ainda o regime de avaliao das aprendizagens dos alunos do Ensino
Secundrio regular, cursos gerais e cursos tecnolgicos.
Despacho Normativo n. 11/2003, de 3 de maro elimina as provas globais no
Ensino Secundrio como instrumento de avaliao obrigatrio.
Decreto-Lei n. 74/2004, de 26 de maro define o regime de avaliao do Ensino
Secundrio, entra em vigor progressivamente (enquanto o Despacho Normativo n.
11/2003, de 3 de maro, vai sendo revogado). Declara, em epgrafe, preocupaes de
combate ao insucesso e abandono escolares, fenmenos que assumem no nvel
secundrio de educao elevada expresso no conjunto do sistema educativo.
Despacho Normativo n. 4/2006, de 27 de janeiro elimina a obrigatoriedade da
realizao de exames finais nacionais para efeitos de concluso e certificao dos cursos
tecnolgicos. No entanto, para efeitos de candidatura ao Ensino Superior o aluno no
dispensado da sua realizao.
Decreto-Lei n. 24/2006, de 6 de fevereiro introduz alteraes no Decreto-Lei n.
74/2004, de 26 de maro, nomeadamente no que diz respeito ao afastamento da
obrigatoriedade da realizao de exames nacionais nos cursos tecnolgicos e artsticos
especializados profissionalmente qualificantes. Altera o processo de avaliao sumativa
externa dos cursos cientfico-humansticos, de forma a valorizar a respetiva componente
nuclear.
Despacho Normativo n. 25/2006, de 19 de abril de 2006 retifica o Despacho
Normativo n. 338/1993, de 29 de agosto, no que diz respeito avaliao interna obtida
pelo aluno.
Decreto-Lei n. 139/2012, de 5 de julho estabelece os princpios orientadores da
organizao e da gesto dos currculos, da avaliao dos conhecimentos e capacidades a
adquirir e a desenvolver pelos alunos dos ensinos bsico e secundrio.
Decreto-Lei n. 91/2013, de 10 de julho altera o Decreto-Lei n. 139/2012, de 5 de julho: estabelece como referencial os programas das disciplinas e as metas curriculares a
atingir por ano de escolaridade e ciclo de ensino.
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RELATRIO TCNICO - RETENO ESCOLAR NOS ENSINOS BSICO E SECUNDRIO
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Legislao em vigor Para os Ensino Bsico e Secundrio (Cursos do ensino regular)
Ensino Bsico
Despacho Normativo n. 13/2014, de 15 de setembro revoga o Despacho Normativo n.
24-A/2012, de 5 de dezembro. Constitui regulamentao dos princpios enunciados no
Decreto-lei n. 139/2012, de 5 de julho, alterado pelo Decreto-Lei n. 91/2013, de 10 de julho
avaliao e certificao dos conhecimentos adquiridos e das capacidades desenvolvidas, os
seus efeitos, bem como as medidas de promoo do sucesso escolar. Estabilizao dos
procedimentos para a concretizao do perodo de acompanhamento extraordinrio dos alunos
dos 4. e 6. anos, permitindo aos que dele necessitem a superao das dificuldades detetadas.
So feitos ajustes na concretizao das provas finais do 9. ano, que passam a ser realizadas
em duas fases, proporcionando assim uma nova oportunidade para alguns alunos recuperarem
os resultados da sua aprendizagem, aps um perodo de estudo.
Segundo os artigos 12. e 13. do Despacho Normativo n. 13/2014, de 15 de
setembro, no Ensino Bsico, nos estabelecimentos de ensino pblico, particular e
cooperativo:
Artigo 12. Efeitos da avaliao sumativa
1 As decises de transio e de progresso do aluno para o ano de escolaridade seguinte e para o ciclo subsequente revestem carcter pedaggico e so tomadas sempre que o professor
titular de turma, no 1. Ciclo, ou o conselho de turma, nos 2. e 3. Ciclos, considerem:
a) Nos anos terminais de ciclo, que o aluno adquiriu os conhecimentos e desenvolveu as capacidades necessrias para prosseguir com sucesso os seus estudos no ciclo subsequente
sem prejuzo do disposto no n. 11 do artigo 9. e no artigo 13. do presente despacho;
b) Nos anos no terminais de ciclo, que o aluno demonstra ter adquirido os conhecimentos e desenvolvido as capacidades essenciais para transitar para o ano de escolaridade seguinte.
2 No 1. ano de escolaridade no h lugar a reteno, exceto se tiver sido ultrapassado o limite de faltas e, aps cumpridos os procedimentos previstos no Estatuto do Aluno e tica
Escolar, o professor titular da turma em articulao com o conselho de docentes, decida
pela reteno do aluno.
3 Um aluno retido nos 1., 2. ou 3. anos de escolaridade pode integrar a turma a que pertencia por deciso do diretor, sob proposta do professor titular de turma, ouvido o conselho de
docentes.
4 A reteno em qualquer um dos ciclos do Ensino Bsico implica a repetio de todas as componentes do currculo do respetivo ano de escolaridade.
5 A avaliao sumativa d origem a uma tomada de deciso sobre a progresso ou a reteno do aluno, expressa atravs das menes, respetivamente, de Transitou ou de No Transitou,
no final de cada ano de escolaridade, e de Aprovado ou de No Aprovado, no final de cada
ciclo.
Artigo 13. Condies de transio e aprovao
1 A avaliao sumativa d origem a uma tomada de deciso sobre a progresso ou a reteno do aluno, expressa atravs das menes, respetivamente, de Transitou ou de No Transitou,
no final de cada ano de escolaridade, e de Aprovado ou de No Aprovado, no final de cada
ciclo.
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RELATRIO TCNICO - RETENO ESCOLAR NOS ENSINOS BSICO E SECUNDRIO
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2 No final de cada um dos ciclos do Ensino Bsico, o aluno no progride e obtm a meno de No Aprovado, se estiver numa das seguintes condies18:
a) Tiver obtido simultaneamente classificao inferior a 3 nas disciplinas de Portugus ou
PLNM e de Matemtica;
b) Tiver obtido classificao inferior a 3 em trs ou mais disciplinas, no caso dos 2. e 3.
Ciclos, e tiver obtido classificao inferior a 3 ou em Portugus ou PLNM ou em
Matemtica e simultaneamente meno Insuficiente nas outras disciplinas, no caso do 1.
Ciclo.
3 Os alunos autopropostos do Ensino Bsico no progridem e obtm a meno de No Aprovado se estiverem nas condies referidas no nmero anterior.
4 A disciplina de Educao Moral e Religiosa, nos trs ciclos do Ensino Bsico, as Atividades de Enriquecimento Curricular e o Apoio ao Estudo, no 1. Ciclo e as disciplinas de oferta
complementar, nos 1., 2. e 3. Ciclos, no so consideradas para efeitos de progresso de
ano e concluso de ciclo.
Artigo 20. - Medidas de promoo do sucesso escolar
1 - No mbito da sua autonomia, devem ser adotadas pela escola medidas de promoo do
sucesso escolar, definindo-se, sempre que necessrio, planos de atividades de
acompanhamento pedaggico orientados para a turma ou individualizados, com medidas
adequadas resoluo das dificuldades dos alunos, de acordo com o previsto no n. 4 do
artigo 2. do Decreto-Lei 139/2012, de 5 de julho, na sua redao atual, que se podem
concretizar designadamente atravs de:
a) Medidas de apoio ao estudo, que garantam um acompanhamento mais eficaz do aluno
face s dificuldades detetadas e orientadas para a satisfao de necessidades especficas;
b) Apoio ao Estudo, no 1. Ciclo, tendo por objetivo apoiar os alunos na criao de mtodos
de estudo e de trabalho e visando prioritariamente o reforo do apoio nas disciplinas de
Portugus e de Matemtica;
c) Constituio temporria de grupos de homogeneidade relativa em termos de desempenho
escolar, em disciplinas estruturantes, tendo em ateno os recursos da escola e a
pertinncia das situaes;
d) Coadjuvao em sala de aula, valorizando-se as experincias e as prticas colaborativas
que conduzam melhoria do ensino;
e) Adoo, em condies excecionais devidamente justificadas pelos rgos de
administrao e gesto, de coordenao e superviso da escola e aprovadas pelos
servios competentes da administrao educativa, de percursos especficos,
designadamente, percursos curriculares alternativos e programas integrados de educao
e formao, adaptados ao perfil e especificidades dos alunos;
f) Encaminhamento para um percurso vocacional de ensino aps redefinio do seu
percurso escolar, resultante do parecer de psiclogos escolares e com o empenhamento
e a concordncia do encarregado de educao;
g) Acompanhamento extraordinrio dos alunos nos 1. e 2. Ciclos, conforme estabelecido
no calendrio escolar;
h) Acompanhamento a alunos que progridam ao 2. ou ao 3. Ciclo com classificao final
inferior a 3 a Portugus ou a Matemtica no ano escolar anterior.
18 Situao de No Transio/No Aprovao (ver situaes anteriores, nomeadamente as estabelecidas pelos despachos normativos n.s.644-A/94, de 8 de setembro, 30/2001, de 19 de julho, 1/2005, de 5 de janeiro,
14/2011, de 9 de novembro, e 24-A/2012, de 5 de dezembro).
Classificao inferior a trs a:
a) Portugus (ou PLNM) e Matemtica; b) No 1. CEB, ou Portugus ou PLNM ou Matemtica e meno Insuficiente nas outras disciplinas; c) No 2. e 3. CEB, trs ou mais disciplinas.
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RELATRIO TCNICO - RETENO ESCOLAR NOS ENSINOS BSICO E SECUNDRIO
27
2 - O plano de acompanhamento pedaggico de turma ou individual traado, realizado e
avaliado, sempre que necessrio, em articulao com outros tcnicos de educao e em
contacto regular com os encarregados de educao.
Ensino Secundrio
Portaria n. 243/2012, de 5 de julho regulamenta a organizao, funcionamento e
avaliao das diversas ofertas formativas previstas no Decreto-Lei n. 139/2012, de 5 de julho.
Segundo os artigos 18. e 23. da Portaria n. 243/2012, de 5 de julho, no Ensino
Secundrio, nos cursos cientfico-humansticos de Cincias e Tecnologias, de Cincias
Socioeconmicas, de Lnguas e Humanidades e de Artes Visuais, ministrados em
estabelecimentos de ensino pblico, particular e cooperativo:
Artigo 18. - Aprovao, transio e progresso
1 A aprovao do aluno em cada disciplina depende da obteno de uma classificao final igual ou superior a 10 valores.
2 Para efeitos do disposto no nmero anterior, a classificao de frequncia no ano terminal das disciplinas plurianuais no pode ser inferior a 8 valores.
3 A transio do aluno para o ano de escolaridade seguinte verifica-se sempre que a classificao anual de frequncia ou final de disciplina, consoante os casos, no seja
inferior a 10 valores a mais que duas disciplinas, sem prejuzo dos nmeros seguintes.
4 Para os efeitos previstos no nmero anterior, so consideradas as disciplinas constantes do plano de estudo a que o aluno tenha obtido classificao inferior a 10 valores, sido excludo
por faltas ou anulado a matrcula.
5 Na transio do 11. para o 12. ano, para os efeitos previstos no n. 3, so consideradas igualmente as disciplinas em que o aluno no progrediu na transio do 10. para o 11.
ano.
6 Os alunos que transitam para o ano seguinte com classificaes inferiores a 10 valores em uma ou duas disciplinas, nos termos do n. 3, progridem nesta(s) disciplina(s) desde que
a(s) classificao(es) obtida(s) no seja(m) inferior(es) a 8 valores, sem prejuzo do
disposto no nmero seguinte.
7 Os alunos no progridem em disciplinas em que tenham obtido classificao inferior a 10 valores em dois anos curriculares consecutivos.
8 Os alunos que no transitam para o ano de escolaridade seguinte nos termos do n. 3 no progridem nas disciplinas em que obtiverem classificaes inferiores a 10 valores.
9 Para os efeitos previstos no n. 3 no considerada a disciplina de Educao Moral e Religiosa, desde que frequentada com assiduidade.
10 Os alunos excludos por faltas na disciplina de Educao Moral e Religiosa realizam, no final do 10., 11. ou 12. ano de escolaridade, consoante o ano em que se verificou a
excluso, uma prova especial de avaliao, elaborada a nvel de escola, de acordo com a
natureza da disciplina de Educao Moral e Religiosa.
11 A aprovao na disciplina de Educao Moral e Religiosa, nas situaes referidas no nmero anterior, verifica-se quando o aluno obtm uma classificao igual ou superior a 10
valores.
12 Nas situaes em que o aluno tenha procedido a substituio de disciplinas no seu plano de estudo, nos termos legalmente previstos, as novas disciplinas passam a integrar o plano de
estudo do aluno, sendo consideradas para efeitos de transio de ano, de acordo com as
condies estabelecidas no presente artigo.
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RELATRIO TCNICO - RETENO ESCOLAR NOS ENSINOS BSICO E SECUNDRIO
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Artigo 23. - Concluso []
1 Concluem o nvel secundrio de educao os alunos que obtenham aprovao em todas as disciplinas do plano de estudos do respetivo curso.
Legislao dos Percursos No-Regulares
A reforma do Ensino Secundrio levou flexibilidade da escolha do percurso formativo
do aluno, promovendo a integrao e potenciando a expanso do ensino profissional de
nvel secundrio nas escolas pblicas. Mediante o art. 14 do Decreto-Lei n. 74/2004,
26 de maro, ficou estabelecido, igualmente, que concluem o nvel secundrio de
educao os alunos que obtenham aprovao em todas as disciplinas e reas no
disciplinares do plano de estudos do respetivo curso, bem como aprovao:
a) No estgio e na prova de aptido tecnolgica, nos cursos tecnolgicos;
b) Na prova de aptido artstica e, consoante a rea artstica, na formao em
contexto de trabalho, nos cursos artsticos especializados;
c) Na prova de aptido tecnolgica e na prova de aptido artstica, respetivamente,
nos cursos tecnolgicos e nos cursos artsticos especializados do ensino
recorrente;
d) Na formao em contexto de trabalho e na prova de aptido profissional, nos
cursos profissionais.
Despacho 14758/2004, de 23 de julho procura regular a criao, organizao e gesto
do currculo, bem como a avaliao e a certificao das aprendizagens dos cursos
profissionais do nvel secundrio de educao, definindo, para tal, o funcionamento dos
cursos profissionais nas escolas secundrias pblicas. Para a concluso dos mdulos e
consequente transio os alunos tero de escolher um projeto a desenvolver, redigindo o
relatrio final a apresentar na Prova de Aptido Profissional.
Decreto-Lei 24/2006, de 6 de fevereiro determina a adoo de medidas tendentes ao
alargamento da oferta dos cursos tecnolgicos, artsticos especializados
profissionalmente qualificantes, profissionais e de educao/formao, por forma a
potenciar a procura de percursos educativos e formativos que proporcionem a dupla
certificao, valorizando, em simultneo, a identidade do Ensino Secundrio. Assim,
pretende-se fazer o enquadramento e tipificao da oferta formativa, quer pela
atribuio de uma qualificao e certificao prprias, quer com vista a assegurar a
unidade e a coerncia de tratamento entre diferentes tipos de formao
profissionalmente qualificante.
salvaguardado, no artigo 15., que, para a certificao da concluso de um curso
tecnolgico, artstico especializado profissionalmente qualificante, profissional ou do
ensino recorrente, no considerada, em caso algum, a realizao de exames nacionais.
No entanto, a certificao dos cursos de nvel secundrio de educao no dispensa o
aluno, para efeitos de candidatura ao Ensino Superior, do cumprimento dos restantes
requisitos a que estiver sujeito.
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RELATRIO TCNICO - RETENO ESCOLAR NOS ENSINOS BSICO E SECUNDRIO
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A REFLEXO PRODUZIDA NO CNE
No Parecer n. 2/1992,de 6 de novembro, o Conselho Nacional de Educao
pronuncia-se sobre o sistema de avaliao dos alunos do Ensino Bsico e mais
concretamente acerca do Despacho n. 98-A/1992, de 20 de junho.
Neste parecer, o CNE explicita como interrogao crtica
Se verdade que os alunos no aprendem mais por terem repetncias tambm verdade
que no passam a aprender mais s por serem mais dificilmente retidos. As exigncias de mltiplas justificaes escritas, formais, oficiais para a reteno no pode significar uma presso para a progresso facilitada. A qualidade das aprendizagens depende
fundamentalmente da qualidade do ensino, da sua adequao s necessidades dos alunos e
das condies em que se processa o ensino-aprendizagem. toda a vida escolar que est
em jogo. Assim, os apoios e complementos educativos no podem ser atividades menores e
marginais e exigem enorme investimento de saberes, de meios e de competncias. Como
sero assegurados?
Assim, embora considere neste parecer o Despacho n. 98-A/92, de 20 junho, como um
documento globalmente positivo, nomeadamente pela importncia atribuda avaliao
formativa, pela corresponsabilizao da escola pelas aprendizagens dos alunos, pela
valorizao da lngua materna e pela maior participao dos encarregados de educao,
alerta para
A sobrelotao, os espaos e tempos desadequados, as polticas de colocao de
professores, as dificuldades financeiras, as carncias de recursos, as rotinas pedaggicas
enraizadas, as representaes e as prticas centradas mais no ensino do que na
aprendizagem, mais na hierarquizao do que na promoo, a formao de professores
desligada do quotidiano escolar e do seu acompanhamento, as muitas exigncias por vezes
contraditrias que pressionam as escolas e os professores e a falta de uma poltica de apoio
inovao so outros tantos obstculos concretizao das orientaes mais positivas deste
Diploma.
Em relao ao Parecer n. 2/94, 16 de junho, relativo ao regime de avaliao dos alunos
do Ensino Secundrio, o Conselho Nacional de Educao, no que respeita avaliao,
entende haver lacunas no Despacho n. 338/93, de 21 de outubro que merecem
destaque enquanto recomendaes futuras, a saber:
a) Valorizao da avaliao de diagnstico e da avaliao formativa bem como o
estabelecimento da obrigatoriedade de medidas de apoio e complemento educativo quando
diagnosticada a sua necessidade ao longo do ano.
b) A avaliao aferida deve ser clarificada a nvel do seu objeto e localizada no final do ano
ou do ciclo, para que no interfira, pela altura em que feita, na gesto flexvel do
currculo.
c) Valorizao da avaliao de competncias do saber-ser e do saber empreender
manifestadas na participao e atuao do aluno a nvel das atividades interdisciplinares
bem como da sua interveno a nvel de qualquer outro tipo de atividades no mbito do
projeto educativo da escola.
d) Revalorizao do peso da avaliao ao longo do ano letivo versus o peso da prova global
escrita (reconsiderar mesmo a sua excluso se a investigao realizada o recomendar) no
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RELATRIO TCNICO - RETENO ESCOLAR NOS ENSINOS BSICO E SECUNDRIO
30
final do ano, no pressuposto de que aquela forma de avaliao permite avaliar competncias
mais diversificadas a nvel dos vrios tipos de saberes.
e) Considerao, na classificao final, de que uma disciplina que existe em dois anos deve
ter um peso maior do que uma que s existe em um dos anos do plano curricular.
f) A aproximao das mdias s unidades deve ser alterada, conhecidas que so as
consequncias nefastas de aproximaes sucessivas desta natureza, que podem levar a que
dois alunos inicialmente colocados ao mesmo nvel fiquem com uma classificao final
com diferena de quatro valores.
Recomenda-se ainda que seja elaborado para distribuio ampla pelos professores um
livro-guia com orientaes sobre avaliao, as suas vrias funes e modos correspondentes
de a realizar e com sugestes de vrios tipos de instrumentos de avaliao contemplando
tipos de saberes diversificados, atitudes e valores.
O Conselho Nacional de Educao pronunciou-se sobre o Plano Nacional de Preveno
do Abandono Escolar (PNAPAE) Eu no desisto, que foi apresentado publicamente
como um plano de ao da iniciativa do Governo. O Parecer n. 7/2004, de 25 de
agosto, fez a apreciao do mesmo.
No ponto 7. (Concluses e Propostas) do texto do Parecer, foi inscrito:
Sem pretender efetuar uma apreciao exaustiva de todas as componentes e medidas propostas,
faz-se uma apreciao geral e propem-se algumas pistas de aperfeioamento da estratgia e da
forma de a implementar.
Como ideias-fora, retemos que:
- o abandono um problema de desenvolvimento e tambm um problema de poltica educativa;
- no sabemos ainda, em profundidade, os contornos e fatores condicionantes, pelo que se torna fundamental conhecer melhor o seu contexto, e avaliar as intervenes que tm vindo
a ser implementadas ao longo dos ltimos anos;
- a tentativa de minorar este problema remete para e exige, necessariamente, um aprofundamento da reflexo sobre o sentido, a utilidade e as finalidades da educao bsica
e secundria;
- urge desafiar, apoiar e responsabilizar as escolas e instituies de formao; - indispe