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RELATÓRIO PARA AUXÍLIO DE EVENTO Projeto Agrisus No: 1424/14 Nome do Evento: X Reunião Sul Brasileira de Ciência do Solo Interessado (Coordenador do Projeto): Prof. Dr. Rogério Oliveira de Sousa Instituição: Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM) Endereço: Campus Universitário s/n; Caixa Postal 354 CEP: 96010-900 Cidade: Pelotas Estado: RS Fone (53) 3275-7235 Cel.: (53) 8116 1352 Email: [email protected] Local do Evento: Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel - UFPEL Valor financiado pela Fundação Agrisus: R$ 9.800,00 Vigência: até 17/11/2014 RESUMO: A X Reunião Sul-Brasileira de Ciência do Solo foi realizada com o objetivo geral de reunir profissionais e estudantes de instituições dos estados do RS e SC, para debater a respeito de fatos e mitos relacionados às diferentes áreas da Ciência do Solo. Foram debatidos temas importantes relacionados à conservação do solo, como código de uso dos solos, práticas de manejo e conservação do solo, problemas e soluções para o Sistema Plantio Direto e insumos químicos e biológicos para a melhoria da fertilidade dos solos. Foram apresentadas uma conferência de abertura, nove palestras e 232 trabalhos na forma de Pôsteres . Participaram do evento 273 pessoas de 25 instituições dos estados do RS e SC. Foram distribuídos 273 Forders da Agrisus e dois baners da Agrisus foram expostos no evento. O vídeo institucional disponibilizado pela Agrisus foi apresentado após a conferência de abertura no auditório principal do evento. RELATÓRIO DO EVENTO: 1. INTRODUÇÃO: O conhecimento mítico pode ser um dos entraves à produção sustentável. Denominamos mito aquele conhecimento que é apropriado por um grupo de pessoas e torna-se uma tradição ou verdade inquestionável. Como o conhecimento científico avança, parte destes mitos pode ser desfeita e contribuir para o surgimento de um novo olhar, pautado na realidade científica. O planejamento de uso da terra e o desenvolvimento de sistemas de manejo de solo mais adequados, ou mesmo de políticas públicas em apoio à agricultura brasileira devem levar em consideração esta perspectiva. O evento foi composto de: apresentação de trabalhos científicos na forma de pôsteres, confe- rências e painéis, reuniões das sessões técnicas da SBCS e a assembleia geral. Nas conferências e painéis foram debatidos temas atuais como: o papel do NRS no estabelecimento de políticas públi- cas estaduais (código de uso do solo); interface pesquisa e extensão rural para difusão de práticas

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RELATÓRIO PARA AUXÍLIO DE EVENTO

Projeto Agrisus No: 1424/14

Nome do Evento: X Reunião Sul Brasileira de Ciência do Solo

Interessado (Coordenador do Projeto): Prof. Dr. Rogério Oliveira de Sousa

Instituição: Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM)Endereço: Campus Universitário s/n; Caixa Postal 354CEP: 96010-900 Cidade: Pelotas Estado: RSFone (53) 3275-7235 Cel.: (53) 8116 1352Email: [email protected]

Local do Evento: Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel - UFPEL

Valor financiado pela Fundação Agrisus: R$ 9.800,00

Vigência: até 17/11/2014

RESUMO:

A X Reunião Sul-Brasileira de Ciência do Solo foi realizada com o objetivo geral de reunir profissionais e estudantes de instituições dos estados do RS e SC, para debater a respeito de fatos e mitos relacionados às diferentes áreas da Ciência do Solo. Foram debatidos temas importantes relacionados à conservação do solo, como código de uso dos solos, práticas de manejo e conservação do solo, problemas e soluções para o Sistema Plantio Direto e insumos químicos e biológicos para a melhoria da fertilidade dos solos. Foram apresentadas uma conferência de abertura, nove palestras e 232 trabalhos na forma de Pôsteres . Participaram do evento 273 pessoas de 25 instituições dos estados do RS e SC. Foram distribuídos 273 Forders da Agrisus e dois baners da Agrisus foram expostos no evento. O vídeo institucional disponibilizado pela Agrisus foi apresentado após a conferência de abertura no auditório principal do evento.

RELATÓRIO DO EVENTO:

1. INTRODUÇÃO:

O conhecimento mítico pode ser um dos entraves à produção sustentável. Denominamos mito aquele conhecimento que é apropriado por um grupo de pessoas e torna-se uma tradição ou verdade inquestionável. Como o conhecimento científico avança, parte destes mitos pode ser desfeita e contribuir para o surgimento de um novo olhar, pautado na realidade científica. O planejamento de uso da terra e o desenvolvimento de sistemas de manejo de solo mais adequados, ou mesmo de políticas públicas em apoio à agricultura brasileira devem levar em consideração esta perspectiva.

O evento foi composto de: apresentação de trabalhos científicos na forma de pôsteres, confe-rências e painéis, reuniões das sessões técnicas da SBCS e a assembleia geral. Nas conferências e painéis foram debatidos temas atuais como: o papel do NRS no estabelecimento de políticas públi-cas estaduais (código de uso do solo); interface pesquisa e extensão rural para difusão de práticas

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sustentáveis de manejo do solo; atuação e perfil do profissional da Ciência do Solo (na iniciativa privada, na pesquisa e no ensino) e fatos e mitos em diferentes áreas da Ciência do Solo.

O objetivo da X RSBCS foi reunir profissionais (professores, pesquisadores e extensionistas) e estudantes de instituições públicas e privadas dos estados do RS e SC, para debater a respeito de fatos e mitos relacionados às diferentes áreas da Ciência do Solo e divulgar os trabalhos científicos relacionados à ciência do solo.

2. PROGRAMA DO EVENTO:

Dia 15/10/14 (Quarta-feira) Local10:00 – 14:00 h Inscrição Auditório da FAEM14:00 - 15:00 h Abertura Auditório da FAEM

15:00 – 17:00 h

Conferência – O papel do NRS no estabelecimento de políticas públicas estaduais: código de uso do solo. Dr. Ricardo Simão Diniz Dalmolin, UFSM.Palestra 1: Lei do Uso e conservação do solo Agrícola no estado de São Paulo: Fiscalização e resultados. Msc. Oswaldo Julio Vischi Filho, Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.Palestra 2: Lei do Uso e conservação do solo Agrícola no estado do Paraná: Fiscalização e resultados, Dr. Gonçalo Signorelli de Farias, Presidente da SBCS

Auditório da FAEM

17:00 - 18:30 h Apresentação de Posters e Coquetel Salão Nobre FAEMDia 16/10/14 (Quinta-feira) Local

08:30 – 12:00 h

Painel 1 – Fatos e Mitos em Ciência do SoloPalestra 1: Química e Fertilidade do Solo. Dr. Luciano Colpo Gatiboni, UDESC. Palestra 2: Biologia e Microbiologia do Solo. Dra. Maria Laura Turino Mattos, Embrapa Clima Temperado. Palestra 3: Física, Manejo e Conservação do Solo. Dr. Jose Eloir Denardin, EMBRAPA Trigo.

Auditório da FAEM

12:00 – 13:30 h Almoço Restaurante Universitário

13:30 – 15:00 h

Painel 2 – Interface pesquisa e extensão rural para difusão de práticas sustentáveis de manejo do soloPalestra 1: Experiência de SC: Dr. Milton da Veiga, EPAGRI Palestra 2: Experiência do RS: Dr. Edemar Valdir Streck, EMATER

Auditório da FAEM

15:00 – 16:00 h Reunião das Subcomissões e encaminhamentosSalão Nobre Auditório FAEM Auditório da ETB

16:00 – 18:00 h Assembléia do NRS-SBCS Auditório da FAEM20:30 h Jantar de confraternização Churrascaria LobãoDia 17/10/14 (Sexta-feira) Local8:30 – 10:00 h Apresentação de Posters Salão Nobre FAEM10:00 – 11:30 h Painel 3 – Atuação e perfil do profissional da Ciência do

Solo Auditório da FAEM

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Palestra 1: Na iniciativa privada: Dr. Nelson Horowitz, Consultor. Palestra 2: Na pesquisa e ensino: Dr. Carlos Alberto Ceretta, UFSM.

11:30 – 12:00 h Encerramento Auditório da FAEM

3. RESUMOS DAS PALESTRAS

O PAPEL DO NRS NO ESTABELECIMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS ESTADUAIS: CÓDIGO DO SOLO

Ricardo Simão Diniz Dalmolin – UFSM

A demanda sobre os recursos naturais tem sido muito intensa nos últimos anos, impactando negativamente o ambiente, em especial o solo e as águas superficiais. Muitos agricultores não respeitam a aptidão agrícola das terras e vem sistematicamente adotando práticas incompatíveis com aquelas que visam a conservação do solo, como a retirada de terraços, plantio na linha do declive, entre outras. O Núcleo Regional Sul da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (NRS-SBCS), há muito discute e incentiva o debate sobre as leis estaduais de conservação do solo agrícola. Em muitos estados brasileiros essa lei existe há mais de uma década, com destaque ao estado de São Paulo onde há inúmeros resultados obtidos pela aplicação da mesma, seguido pelo estado do Paraná, que foi um dos pioneiros nessa ação.

O Estado do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, integrantes do NRS-SBCS não possuem essa lei em vigor, sendo que no RS existe um Projeto de Lei (PL nº 294) do ano de 2005 para instituir o Código Estadual de Uso, Manejo e Conservação do Solo Agrícola. Infelizmente esse PL está parado há muitos anos e todos absurdos cometidos em relação ao uso inadequado do solo, que causam impactos muitas vezes irremediáveis ao ambiente são ignorados pelo poder público.

Os Artigos 2º e 3º resumem a pretensão deste PL: - O solo agrícola é um recurso natural, parte integrante do patrimônio ambiental estadual e bem de interesse comum a todos os cidadãos, devendo sua utilização sob qualquer forma, ser submetida às limitações que a legislação geral, e especialmente esta lei, estabelecem. - A utilização do solo no meio rural, para quaisquer fins, far-se-á através da adoção de práticas, técnicas, processos e métodos que visem a sua proteção, conservação, melhoria e recuperação, observadas as características geo-morfológicas, físicas, químicas, biológicas, ambientais, a capacidade e a aptidão de uso e as suas funções sócio-econômicas.

A discussão da Lei de Uso do solo agrícola é premente e o NRS-SBCS, enquanto sociedade científica organizada pode e deve ter um papel de destaque, pois assistimos, muitas vezes sem reação, o solo ser tão mal tratado. Conforme o Art. 4º do PL nº 294/2005 RS, todo usuário de solo agrícola é obrigado a conservá-lo e/ou recuperá-lo, mediante a adoção de práticas, técnicas, processos e métodos conservacionistas apropriados. Já que, muitas vezes, não conseguimos conscientizar os usuários para que adotem práticas conservacionistas adequadas, teremos a força da Lei, para que o solo seja tratado adequadamente garantido a produtividade necessária para a geração presente e as gerações futuras.

FATOS E MITOS EM CIÊNCIA DO SOLO: QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO

Luciano Colpo Gatiboni

O papel da ciência é produzir conhecimento através do método científico, onde os processos e produtos são descobertos, testados e aprimorados através da pesquisa. Assim como nas demais áreas

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do conhecimento, a da Química e Fertilidade do Solo deve seguir o mesmo protocolo para a obtenção de dados concretos que suportem a recomendação de processos e produtos para adequação do solo ao cultivo de plantas com segurança ambiental. Contudo, o método científico é naturalmente moroso, onde o conhecimento é gerado cumulativamente com base em inúmeras pesquisas e, ainda, com muitas repetições temporais e espaciais, para que se tenha relativa certeza de recomendar ao destinatário final uma técnica ou produto eficaz.

No caso da Química e Fertilidade do Solo, a grande diversidade de solos, de culturas utilizadas, clima e demais fatores ambientais fazem com que os resultados de pesquisa às vezes sejam conflitantes. Por isso, a recomendação de técnicas deve ser extremamente cautelosa e baseada em inúmeros experimentos, a fim de se evitar recomendações generalizadas baseadas em dados ainda incipientes, o que pode acarretar na não obtenção do resultado esperado. Isso é especialmente importante no setor de insumos agrícolas relacionados com a Fertilidade do Solo, pois o mercado de produtos agrícolas nunca foi tão eficiente quanto atualmente no lançamento de novos produtos fertilizantes e condicionadores de solo. Neste contexto, embora o mercado tenha aumentado a frequência de lançamento de novos produtos, além da adoção de eficientes estratégias de marketing, de outro lado a pesquisa científica continua amarrada ao tempo necessário para a obtenção de resultados consistentes e, também, aos escassos recursos financeiros disponíveis para a execução de pesquisas não viesadas.

Numa visão geral das discussões em destaque atualmente, há que se ter clareza que a classificação de um processo ou produto num sistema simplificado composto por dois extremos (“fato” ou “mito”) é passível de grande erro, pois há muitas gradações possíveis entre esses dois extremos. De um lado consideramos como “fatos” aquelas técnicas já amplamente conhecidas, estudadas, difundidas e adotadas na agricultura. De outro lado, consideremos como “mitos” aqueles processos ou produtos que não tem nenhum embasamento no amplo conhecimento científico existente na área de Química e Fertilidade. Finalmente, entre os dois extremos, temos uma grande variedade de processos e produtos cujos resultados ainda não foram suficientemente estudados ou, ainda, que possuem aplicabilidade em situações específicas.

Neste cenário, o Núcleo Regional Sul da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo assume papel importantíssimo como o interlocutor entre a sociedade científica e os usuários finais. Um de seus principais objetivos deve ser a de entregar aos agricultores uma informação isenta, baseada em dados obtidos segundo os preceitos do método científico, apontando quais são as técnicas adequadas, as inadequadas e aquelas que merecem o “benefício da dúvida”.

FATOS E MITOS EM CIÊNCIA DO SOLO: BIOLOGIA E MICROBIOLOGIA DO SOLO QUALIDADE E EFICIÊNCIA AGRONÔMICA DE INSUMOS BIOLÓGICOS

Maria Laura Turino Mattos

Nos Biomas Pampa e Mata Atlântida coexistem diversos agroecossistemas, cujas cadeias produtivas são responsáveis pela produção de alimentos, fibras e agroenergia. Essas atividades são desenvolvidas em empreendimentos agrícolas empresariais e familiares. Um dos grandes desafios das instituições públicas e privadas é desenvolver sistemas sustentáveis de produção, com oferta de produtos seguros e de elevada qualidade, garantindo a melhoria do ambiente, com reflexos positivos sobre o índice de desenvolvimento dos territórios e/ou regiões. Neste contexto, surgem alternativas racionais para o controle de pragas e para a fertilização das culturas, como processos naturais de Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) e promoção do crescimento de plantas. Nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina são cultivados grãos que alcançam altas produtividades, fruto da tecnificação das lavouras, das condições ambientais e da experiência dos agricultores. A aplicação de fertilizantes químicos nitrogenados, por sua vez, também desempenha importante papel no aumento dessa produtividade. Por outro lado, o custo elevado desses fertilizantes, a lacuna entre o fornecimento e a demanda de nitrogênio, considerando a possibilidade de lixiviação, escorrimento e perdas gasosas desse nutriente, está gerando preocupações quanto às questões ambientais e

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questionamentos quanto à rentabilidade das culturas. Nesse sentido, buscam-se soluções tecnológicas para a redução das emissões de gases de efeito estufa, minimização e/ou substituição de insumos poluentes, promovendo pesquisas para FBN nas plantas leguminosas e gramíneas de grãos, leguminosas arbóreas madeiráveis e/ou utilizadas para a recuperação de áreas degradas, leguminosas herbáceas e arbustivas utilizadas como adubos verdes e/ou forrageiras. FBN insere-se no Programa de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC), criado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), para mitigação e de adaptação às mudanças climáticas visando à consolidação de uma economia de ABC na agricultura. No Brasil, além da vanguarda na exploração e uso da tecnologia de FBN, há uma legislação de inoculantes que contribuiu para a melhoria da qualidade destes produtos ao longo dos anos e estabeleceu protocolos para avaliação da viabilidade e eficiência agronômica de cepas, inoculantes e tecnologias relacionadas ao processo de FBN em plantas leguminosas e gramíneas, bem como para inoculantes a base de microrganismos promotores de crescimento de plantas e cianobactérias para arroz. Apesar dos produtos fitossanitários com uso aprovado para a agricultura orgânica serem considerados produtos de baixo impacto ambiental e também de baixa toxicidade, há também legislação específica que regula a preocupação com a saúde, o meio ambiente e a eficiência agronômica. Além disso, a qualidade dos insumos biológicos é uma exigência para o registro. Esta ampla legislação brasileira reflete a preocupação com a qualidade dos produtos que são comercializados no país e, ao mesmo tempo, com os ganhos de produtividade respeitando os recursos hídricos e edáficos. Quanto à indústria de inoculantes, a sua evolução deve-se muito a parceria estabelecia entre pesquisa e empresas privadas que possibilitou a expansão da FBN para gramíneas e outras leguminosas além da soja e, atualmente, investiga a associação entre diferentes gêneros de microrganismos para o desenvolvimento de novos produtos que venham alavancar novos índices de produtividade. Finalmente, fatos e mitos sobre os insumos biológicos se intensificam em todo o mundo e, em especial no Brasil, onde é crescente o mercado desses produtos, sendo necessário avanço constante da área regulatória e de fiscalização e a chancela de instituições de pesquisa na avaliação da eficiência agronômica dos inoculantes, seguindo os protocolos oficiais, para subsidiar as instituições de extensão rural com informações fidedignas em benefício dos agricultores na utilização da tecnologia de FBN.

FATOS E MITOS EM CIÊNCIA DO SOLO: FÍSICA, MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

José Eloir Denardin

O mito da busca por aumento de produtividade em agricultura, alicerçado exclusivamente na fertilidade do solo expressa por atributos de natureza química, está sendo desfeito pelas diretrizes ora impostas pela agricultura conservacionista. O cenário em que a ampla base conceitual de fertilidade do solo construída antes da era cristã e que foi reduzida meramente a parâmetros químicos do solo a partir do trabalho revolucionário de Liebig, no século XIX, retoma, na atualidade posição de relevância. A otimização da produção de sistemas agrícolas, embasada em gestões incompatíveis com a noção de fertilidade do solo, que envolve aspectos biológicos, físicos e químicos do solo, mostra-se dessincronizada ante a expectativa de alcance de uma agricultura tendente à sustentabilidade. Neste contexto, o resgate do conceito de fertilidade do solo, no qual biologia, propriedades físicas e prevenção de perdas de solo de qualquer ordem desempenham papéis preponderantes, constitui-se em referência para a gestão conservacionista de sistemas agrícolas.

Em 42 d.C., a noção de fertilidade do solo passou a ser entendida como resultante da integração das faces biológica, física e química do solo, e interpretada como capacidade contínua e renovável do solo, assegurada pelo cultivo da terra com técnicas relacionadas à mobilização de solo, ao pousio da terra, à diversificação de culturas e à adubação com dejetos. Naquela época, afirmava-

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se: O agricultor deve cultivar plantas em beneficio da terra, pois os legumes a enriquecem. Esta percepção de fertilidade do solo serviu de base para os povos tirarem da terra seu sustento por cerca de 1.700 anos.

A partir do século XVIII, surgiu a teoria humista, que considerava ser o húmus o alimento das plantas. Esta teoria perdurou até o início do século XIX e a fertilidade do solo dependia do teor de húmus e era avaliada pela cor do solo.

Em 1804, surgiu a noção atual de fertilidade do solo, expressa pelo princípio da restituição, comprovando que o alimento das plantas não era o húmus e sim os sais solúveis contidos nele. Este princípio contempla dois enunciados: a fertilidade do solo depende da disponibilidade de elementos solúveis no solo; e a fertilidade do solo pode ser regenerada pelo suprimento destes elementos. Porém, apenas em 1842 estes dois postulados se consolidaram como de relevante importância científica para instaurar a teoria mineralista.

A teoria mineralista reduziu o conceito de fertilidade à capacidade do solo em fornecer nutrientes às plantas, em quantidade e proporção adequadas, e em prevenir a presença de elementos tóxicos para o seu desenvolvimento.

Como, nessa época, arações e gradagens eram práticas rotineiras e imprimiam homogeneidade física ao solo da camada de 0 a 20 cm de profundidade, as faces biológica e física da fertilidade do solo deixaram de ser enfatizadas, tratando-se a fertilidade do solo unicamente sob o ponto de vista químico. Em decorrência, estudos em fertilidade do solo se voltaram à identificação e quantificação dos elementos nutritivos das plantas, a partir da hipótese de que a fertilidade do solo resulta da riqueza do solo em elementos minerais solúveis.

Com base nesta teoria, a ciência da fertilidade do solo evoluiu e mitificou o conceito atualmente apregoado, restringindo-o às propriedades químicas do solo, pois as mobilizações de solo realizadas a cada safra, ao homogeneizarem fisicamente o solo da camada arável, induziram a percepção de que a ação da biologia do solo na estruturação e/ou condicionamento físico do solo para o desenvolvimento das plantas se tornara dispensável.

Na atualidade, cerca de 40 anos após a adoção do plantio direto, um novo fato desafia a necessidade de reintegrar, ao conceito vigente de fertilidade do solo, aspectos relativos à biologia e à física do solo, que por mais de 200 anos tiveram seus efeitos obscurecidos pelas operações de aração e gradagem do solo.

A fertilidade do solo, subsidiada pelos fundamentos da agricultura conservacionista, requer abrangência maior que a habitual, expressa apenas por atributos de natureza química. As propriedades físicas do solo - armazenamento e disponibilidade de água, armazenamento e difusão de calor, fluxo de oxigênio, permeabilidade ao ar e à água e resistência mecânica à penetração de raízes - constituem elementos indissociáveis da fertilidade do solo.

Com o advento do plantio direto, as propriedades físicas do solo deixam de ser recorrentemente alteradas pelas arações e gradagens e o condicionamento do solo às plantas passa a ser dependente da estrutura do solo que é desenvolvida e/ou mantida pelas próprias plantas ao longo das safras. Como a estrutura do solo, em considerável proporção, é resultante de ação da biologia do solo, em resposta ao sistema agrícola e ao modelo de produção adotados, e determinante das propriedades físicas do solo que interferem nos atributos químicos do solo, a acepção do termo fertilidade do solo assume a interação das faces biológica, física e química e não mais simplesmente à expressão de indicadores pertinentes à teoria mineralista ou a aspectos exclusivamente de natureza química.

O fato e o mito expostos suscitam um repensar de que o resgate do conceito de fertilidade do solo seja fruto de fatores intrínsecos do solo e de propriedades estruturais e comportamentais das espécies cultivadas, que qualificam a intervenção antrópica na preservação, manutenção ou recuperação dos elementos da biosfera ou dos recursos naturais.

INTERFACE PESQUISA E EXTENSÃO RURAL PARA DIFUSÃO DE PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS DE MANEJO DO SOLO: A EXPERIÊNCIA DE SANTA CATARINA

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Milton da Veiga; Leandro do Prado Wildner

O resgate da interface entre a pesquisa e a extensão rural para a difusão de práticas sustentá-veis de manejo do solo em Santa Catarina passa inevitavelmente pelo histórico de ocupação das áre-as agrícolas e das instituições que atuam no meio rural.

A intensificação do uso de áreas para produção agrícola resultou na necessidade de repassar orientações técnicas aos agricultores, o que levou o governo do estado a criar em 1956 a Associação de Crédito e Assistência Rural do Estado de Santa Catarina (ACARESC), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura. Os primeiros escritórios locais foram criados em municípios no Vale do Rio do Peixe e no Vale do Itajaí, levando-se em conta as boas oportunidades de desenvolvimento do tra-balho extensionista. Posteriormente foram sendo criados escritórios em outros municípios até atin-gir integralmente todo o território catarinense (Olinger,1996).

Na vertente da pesquisa agropecuária, o governo do estado passou a atuar sistematicamente a partir da criação, em 1975, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Santa Catarina (EMPASC), também vinculada à Secretaria da Agricultura. A EMPASC absorveu as cinco estações vinculadas ao Ministério da Agricultura através do Instituto de Pesquisas e Experimentação Agropecuária do Sul, e as três estações vinculadas ao Governo do Estado, com a competência de coordenar e execu-tar a pesquisa agrícola estadual (SANTOS et al., 2000).

Em 1991, após 35 anos de existência da ACARESC e 15 da EMPASC, como resultado de uma reforma administrativa do Governo Estadual, ocorreu a fusão das estruturas estaduais dessas e de outras instituições que atuavam no setor rural de Santa Catarina, dando origem à Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI).

O desenvolvimento de práticas sustentáveis de manejo do solo se iniciou no estado no final dos anos 70, através da extensão rural, depois de diagnosticado que o uso intensivo das áreas de en-costa com culturas anuais estava resultando em degradação do solo e redução de sua produtividade, que era alta em condições naturais. As primeiras estratégias para resolver tais problemas foram no sentido de orientar a recuperação da fertilidade e a redução da mobilização do solo. A partir de en-tão passou a ser difundido o uso da adubação verde, em especial com adubos verdes de inverno, e o cultivo mínimo do milho com tração animal, ações estas desenvolvidas no Oeste de Santa Catarina e difundida por todo o estado.

Na sequência foi estimulado o uso do solo de acordo com sua aptidão, associado à adoção de práticas complementares de controle da erosão, destacadamente os cordões de pedra no Oeste e os cordões vegetados nas demais regiões do estado. Na área de fertilidade do solo enfatizava-se o uso de calcário e de estercos de aves e suínos criados em confinamento.

O início dos trabalhos conjuntos se deu após a criação da EMPASC, quando foram constituí-das equipes de pesquisas em solos, uma em Chapecó e outra em Florianópolis, com pesquisadores das áreas de levantamento e classificação, fertilidade e manejo e conservação do solo. Naturalmente formaram-se “pares” entre extensionistas e pesquisadores, destacando-se inicialmente a atuação dos pesquisadores nas áreas de levantamento e classificação e fertilidade do solo.

Uma atuação integrada entre a pesquisa e a extensão rural em Santa Catarina ocorreu durante o Projeto de Recuperação, Conservação e Manejo dos Recursos Naturais em Microbacias Hidrográ-ficas, mais conhecido como Projeto Microbacias-BIRD, ou Microbacias 1. Esse projeto foi elabora-do em resposta às catástrofes ambientais ocorridas nos anos de 1982 e 1983 no estado e tinha por objetivo “aumentar a produção e a produtividade das explorações agrosilvopastoris através da ado-ção de práticas de recuperação, manejo e conservação do solo e da água como meio de garantir mai-or renda para o produtor rural e, simultaneamente, utilizar em base sustentável os recursos naturais”. O projeto previa ações em 520 microbacias distribuídas em todo o estado, no período de 1991-1997. Sua estratégia técnica estava alicerçada em medidas para promover a recuperação do solo através da incorporação de matéria orgânica, aumento da extensão e duração da cobertura ve-getal e melhoria da estrutura e drenagem interna para redução do escoamento superficial de água. Para embasar a execução dessa estratégia técnica, foi elaborado, com a participação de pesquisado-res e extensionistas, o “Manual de uso, manejo e conservação do solo e da água” (Santa

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Catarina,1994). O Projeto Microbacias 1 previa, em sua estratégia técnica, a realização de ações tanto de extensão como de pesquisa, com linhas de financiamento específicas para cada uma.

Na área de extensão enfatizou-se a capacitação de técnicos e de agricultores em técnicas sus-tentáveis de manejo e conservação do solo e da água, destacando-se o uso de plantas de cobertura do solo, cultivo mínimo e plantio direto, além de práticas complementares da erosão adequadas para cada condição de solo e culturas, como semeadura em contorno, terraços e cordões vegetados. A aquisição dos equipamentos necessários para adoção dessas práticas era subsidiada pelo projeto, o que resultou no desenvolvimento de várias empresas especializadas na confecção de equipamentos para uso em pequenas propriedades, grande parte deles com tração animal. Para dar fluência às ações de extensão e de fomento, o segmento de extensão rural se organizou em Secretarias Executi-vas Regionais, cujos responsáveis possuíam especialização na área de manejo e conservação do solo e da água e faziam a ligação entre as ações de pesquisa e de extensão do projeto. A Secretaria Exe-cutiva Estadual, por sua vez, estabelecia e acompanhava as metas para cada segmento do projeto.

As ações de pesquisa foram desenvolvidas nas unidades situadas nas áreas de maior atuação do projeto (Chapecó, Campos Novos, Canoinhas, Ituporanga e Urussanga). As ações de pesquisa de maior destaque foram: introdução, avaliação e produção de sementes de espécies de plantas para adubação verde e cobertura do solo; determinação de perdas de solo e água em sistemas representa-tivos de algumas regiões edafoclimáticas; adequação de máquinas e equipamentos para o cultivo mínimo e plantio direto; recomendação de adubação e calagem para o plantio direto; elaboração de mapas de solos em microbacias representativas de cada Secretaria Executiva Regional, entre outros.

Como resultado das ações conjuntas de extensionistas e pesquisadores, houve uma expansão significativa do uso de sistemas conservacionistas de manejo do solo (plantio direto e cultivo míni-mo) no período de execução do projeto, cuja área de cultivo passou de 124.000 ha na safra 1993/94 para 879.000 ha na safra 1998/99 (Icepa, 1999). A mudança do sistema convencional para sistemas conservacionistas de manejo do solo trouxe grandes benefícios para os agroecossistemas envolvi-dos, tanto do ponto de vista técnico-econômico, quanto ambiental conservacionista e de operaciona-lidade dos sistemas. De acordo com o relatório de avaliação final do projeto, o retorno econômico (margem operacional líquida por hectare) com o plantio direto aumentou de 58% a 164%, depen-dendo da cultura estudada (Icepa, 1999). O plantio direto experimentou um grande avanço em área, em especial pela difusão através de Seminários Municipais, Regionais e Estaduais sobre Plantio Di-reto, nos quais se apresentavam como palestrantes técnicos e agricultores de grande experiência no assunto. Em muitos destes eventos eram realizados concomitantemente Dias de Campo para difusão do uso de plantas de cobertura e demonstração de máquinas para manejo de coberturas, semeadura direta, manejo químico de coberturas e ervas daninhas, demonstração do uso de insumos agrícolas com novas tecnologias, entre outros. Em meados dos anos 90 foi realizado na região Oeste do esta-do o Projeto Pró-Palha, que tinha como objetivo a geração e difusão de tecnologias para o plantio direto, no qual participaram técnicos da pesquisa agropecuária e extensão rural oficiais, cooperati-vas e empresas de assistência técnica, empresas de insumos agrícolas, da indústria do tabaco e de máquinas agrícolas, em parceria com agricultores. Neste projeto foram contempladas ações de pes-quisa, difusão de tecnologia e treinamentos, tanto de técnicoscomo de agricultores (Andreola et al., 2000).

A fusão das instituições de pesquisa (EMPASC) e extensão rural (ACARESC) ocorreu em Santa Catarina na época de execução do Projeto Microbacias-BIRD, mas as ações continuaram sen-do executadas normalmente, pois eram definidas em planejamento de curto, médio e longo prazo pela Secretaria Executiva Estadual e pelas instituições envolvidas. Após a conclusão desse projeto muitas das ações sistêmicas na área de manejo e conservação do solo e da água não tiveram conti-nuidade, pois o projeto que o sucedeu não apresentava essas ações como prioritárias. Isso resultou numa desmobilização paulatina das equipes regionais de pesquisa e extensão rural na área de solos, resultando na sua quase extinção nos dias atuais.

Após o final do Projeto Microbacias-BIRD foram desenvolvidas apenas algumas ações regio-nais com o envolvimento de extensionistas e pesquisadores, como a “Campanha de Uso e Manejo do Solo” no Planalto Norte do estado e o desenvolvimento do “Sistema Plantio Direto de Hortali-

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ças” para as culturas do tomate, pimentão e moranga tetsukabuto no Alto Vale do Rio do Peixe; da cebola, melancia e fumo, no Alto Vale do Itajaí; e, por último, do chuchu, batatinha salsa, morangui-nho, repolho, entre outras hortaliças, na região da Grande Florianópolis.

INTERFACE PESQUISA E EXTENSÃO RURAL PARA DIFUSÃO DE PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS DE MANEJO DO SOLO

Edemar Valdir Streck

Desde que iniciou-se a derrubada das matas e as viradas dos campos nativos para os cultivos, preocupações começaram a ocorrer quanto às perdas de solo por erosão. Nos últimos 60 anos a Emater/RS – ASCAR, desde a sua fundação sempre desenvolveu projetos e ações e participou dos programas de uso e manejo e conservação dos solos, de forma integrada com as entidades de pesquisa, ensino, empresas públicas e privadas, tendo como objetivo em transferir e difundir a tecnologia aos agricultores para manter nossos solos produtivos. No primeiro planejamento do Programa Cooperativo da Extensão Rural (ASCAR, 1956) consta que não seria concebível a existência de um plano de soerguimento da agricultura nacional, orientado na elevação do índice da produtividade agrícola, em que não constasse uma ação especial que colocasse em destaque a recuperação da fertilidade do solo, bastante empobrecida, já naquela época, por uma exploração predatória, completamente divorciada do interesse e do bem estar coletivo, permitindo que a erosão completasse a obra destruidora do homem e transformasse áreas férteis em desertos irrecuperáveis. Naquele período o potencial produtivo dos campos (Latossolos), recobertos pela barba de bode, era totalmente desconhecido. Por isso, ocorria a exploração das áreas férteis cobertas por matas e havia a preocupação quanto à exploração irracional das riquezas naturais, permitindo que o machado campeasse livremente, destruindo o pouco que ainda restava das matas e não satisfazia às exigências mínimas da civilização, quando deveriam ao contrário, serem conservadas. Já naquela época existia uma preocupação sobre a má condução das práticas de uso, manejo e conservação do solo, como exemplo as arações, as aberturas de sulcos, os plantios e as capinas eram realizadas acompanhando o declive. E a monocultura era executada com a queima dos restos culturais que favoreciam a erosão do terreno. Diante desta realidade no ano de 1956, pergunta-se, porque o produtor realizava o cultivo no sentido do declive? Para facilitar as operações e seu trabalho? Facilitar o escoamento das águas? Mas enfim, o que mudou atualmente de lá para cá? Pelo que vemos, mudou o sistema de semeadura, que saiu do plantio convencional para o plantio direto, graças ao desenvolvimento de máquinas que permitem realizar a semeadura na palha. Mas no restante continuamos semeando, plantando e abrindo sulcos, porém de menor tamanho, da mesma forma como em 1956. Pergunta-se ainda, será que obtivemos um retrocesso na adoção das práticas conservacionistas, principalmente em relação à semeadura no sentido transversal ao declive?

De modo geral, todos os programas de conservação de solos desenvolvidos até o presente momento trouxeram resultados positivos, principalmente, em relação ao aumento da produtividade e a redução das perdas de solo por erosão. A elevação da produtividade, também, deve-se a outros fatores como no aumento dos níveis de adubação e do melhoramento genético das culturas. É sem dúvida que a semeadura direta, permite manter o solo coberto pelos resíduos culturais e é o principal fator na dissipação da energia da chuva para reduzir as perdas por erosão. Mas atualmente, desenvolve-se uma agricultura contraditória aos princípios conservacionistas, em que predomina a monocultura, ausência de rotação de culturas e práticas mecânicas de controle de erosão e semeadura no sentido do declive, resultando em baixa cobertura, estrutura de solo de baixa qualidade e perdas de muita água e nutrientes por erosão.

Pode-se dizer que nos últimos anos obteve-se uma evolução na conservação do solo, graças às pesquisas e aos programas e as ações desenvolvidas pelas entidades publicas e privadas e pelos agricultores. Cada programa tinha seus objetivos e metas a serem alcançadas. Por isso, é importante trazer ao conhecimento, de forma resumida, os programas de uso, manejo e conservação realizados

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do Rio Grande do Sul, bem como dos seus objetivos e benefícios e fazer uma análise crítica da situação atual que se encontram nossos solos, sob ponto de vista de uso, manejo e conservação.

Na década de 70, a transferência de tecnologia era entendida como uma sucessão articulada dos subprocessos de geração (pesquisa), difusão (extensão) e adoção da informação tecnológica (produtores), conforme representado na figura abixo, principalmente através de uma maior relação de aproximação do pesquisador com o agente de assistência técnica e o agente de assistência técnica com o produtor. Após 1990, desestruturou e/ou extinguiu empresas públicas de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), diminuindo essa relação. Coincidentemente, neste período também teve o início a difusão do plantio direto, surgindo no mercado empresas privadas de ATER e ONGs e ação de empresas de venda de insumos, máquinas, implementos agrícolas com interesse comercial, resultando num aumento dos grupos sociais envolvidos nos sistemas de produção agrícola, que estão presentes no momento em todos os setores. As empresas de insumos, sementes e máquinas aumentaram seus investimentos em pesquisa, desenvolveram máquinas de acordo com as recomendações da pesquisa e do interesse dos agricultores e iniciaram seu processo de desenvolvimento comercial e deassisttência técnica direta aos agricultores. A partir deste momento começam haver divergências nas recomendações e difusão de tecnologias, principalmente relacionadas às práticas conservacionistas complementares, como exemplo o terraceamento e a semeadura transversal ao declive, referidas no item anterior. E inicia-se uma divisão de opiniões do trinômio produtor-extensionista-pesquisador, tendo-se a dificuldade em fazer com que os agricultores rurais ponham em prática os resultados das pesquisas agropecuárias, principalmente em relação ao uso, manejo e conservação do solo.

Cada empresa tende difundir seus insumos de produção, tendo indiretamente os interesses comerciais. E muitas vezes estimulam os agricultores a não adotarem um sistema conservacionista que garanta a utilização do solo para as futuras gerações e de sustentabilidade ambiental. Os modelos de agricultura devem imprimir caráter de sustentabilidade econômica e ambiental. E para isso, é necessária a adoção na sua íntegra as práticas preconizadas pela agricultura conservacionista, como a utilização do solo de acordo com a aptidão agrícola das terras, terraceamento, cultivo no sentido transversal ao declive e rotação de culturas. Há muitos setores envolvidos na transferência de tecnologia aos agricultores e com divergências nas recomendações, deixando os agricultores muitas vezes em dúvida sobre a importância das práticas conservacionistas complementares. Neste sentido, é necessário que sejam nivelados conceitos e princípios da conservação do solo e construída uma organização com as entidades, técnicos do setor público e privado dos municípios, regiões e Estado, para melhorar a conservação do solo para o Rio Grande do Sul.

A criação do código Estadual de Uso do Solo e ter-se políticas públicas de incentivo à adoção de práticas conservacionistas e desenvolver projetos e programas de conservação do solo são sugestões que emergem em encontros e congressos. Porém, quando toca em assumir o compromisso de auxiliar e mobilizar os diversos segmentos do agronegócio, fica restrito a um número muito pequeno de técnicos, sendo incapazes de mobilizar todos os setores e tendo dificuldade na organização das entidades e, na maioria das vezes, sem força de ação, gerando desgaste físico dos técnicos preocupados sobre a questão. Além disso, há um despreparo na formação dos técnicos e tendem a ter dificuldades de levar aos debates coletivos, os problemas atuais da conservação do solo nas comunidades, envolvendo os variados segmentos do universo social. Pois, se foi o tempo que vigorou a idéia de que os serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) deveriam ser os promotores do desenvolvimento social e pensar que seus profissionais estariam habilitados para levar as soluções aos produtores rurais. Há necessidade se valorizar mais a questão da conservação do solo no ensino, promovendo debates e novas linhas de pesquisa.

Todas as ações referidas são importantes, mas a questão é como e quem irá construir as propostas. E aqui vão algumas sugestões e entendo que todas as propostas devem andar ao mesmo tempo, tanto da lei quanto às políticas públicas de incentivo, etc. Entendo, que Inicialmente temos que ter um Grupo de Trabalho estadual, envolvendo representantes de todos os segmentos do agronegócio, com a participação do setor público, através das Secretarias de Estado, as entidades de pesquisa, ensino, extensão, bancos, cooperativas, representantes dos agricultores (Sindicatos) e

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indústria de máquinas para estabelecer-se uma estratégia de ação, visando à melhoria da conservação do solo. A capacitação também é uma das ações que deve ser desenvolvida, tanto para agricultores e técnicos das entidades privadas e públicas e, principalmente os técnicos autônomos credenciados aos bancos que elaboram projetos e prestam assistência técnica aos agricultores. O projeto de lei de uso do solo é de suma importância, mas para isso terá que ter uma entidade que lidere o processo de condução. Também deverá ser conduzido um processo constante e continuado de mobilização das lideranças municipais e agricultores nos municípios e regiões, visando sugerir ações e políticas públicas que possam contribuir na conservação dos recursos naturais e de sustentabilidade do meio ambiente.

ATUAÇÃO E PERFIL DO PROFISSIONAL DA CIÊNCIA DO SOLO NA INICIATIVA PRIVADA

Nelson Horowitz; Aline Rosa

Com a evolução da agricultura brasileira, o profissional de Ciência do Solo teve ampliada a sua área de atuação também nas empresas da iniciativa privada. Entre estas, se destacam as de agricultura de precisão, de serviços ambientais e de fertilizantes. Tornou-se usual a contratação por parte destas de agrônomos com pós-graduação nesta área de conhecimento.

O setor de fertilizantes, onde os autores deste trabalho se inserem, passou nas últimas décadas por mudanças estruturais importantes. A maioria destas empresas eram nacionais e familiares e hoje pertencem a grandes grupos multinacionais. Com isto, as exigências qualitativas para a contratação de agrônomos aumentaram. Uma delas é a preferência de agrônomos com pós-graduação na área de solos principalmente para atuação nas equipes Marketing e de P&D. Estas companhias têm cada vez mais foco em desenvolvimento de tecnologias, em parcerias com órgãos oficiais de pesquisas brasileiro, que, no mínimo, mitiguem efeitos negativos ambientais pelo uso de seus produtos e que sejam sustentáveis no longo prazo. Em alguns casos, há trabalhos para a área técnico-comercial. Ultimamente, tem sido usual a contratação destes profissionais por que a comercialização de produtos de alto valor agregado requerem um processo de venda técnico.

Nos dias de hoje, o profissional com pós-graduação em Ciências do Solo preferido pelas empresas, tem que associar ao seu conhecimento técnico específico a outras características como o bom relacionamento interpessoal, a capacidade de trabalho em grupo, o desejo de auto desenvolvimento focado em gestão e o domínio de outros idiomas, principalmente, o inglês. Estas últimas duas exigências têm sido um fator limitante no mercado atual.

O profissional desejado por estas companhias devem ter uma formação adicional à puramente técnica. É necessário que seja um agrônomo que também tenha uma formação inicial, porém sólida e de boa qualidade, em áreas como economia e administração rural. Será cada vez mais solicitado por estas empresas que o profissional compreenda os movimentos mercadológicos no ramo agrícola.

Provavelmente, em um breve futuro, será exigido pela iniciativa privada que os jovens egressos das faculdade de Agronomia do Brasil, já tenham alguma educação adicional ao curso superior. Isto ocorre em alguns países desenvolvidos como os Estados Unidos e outros da Europa. Desta forma, a pós-graduação em Ciência do Solo será essencial para aqueles que pretendem ingressar nas companhias ligadas à esta área de conhecimento.

4. PARTICIPANTES

O Evento contou com a presença de 273 participantes de 25 Instituições de ensino pesquisa e extensão dos estados do RS e SC, sendo 86 estudantes de graduação, 96 estudantes de pós graduação e 91 profissionais.

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5. CONCLUSÕES:

Os objetivos do evento foram plenamente atingidos. Foram reunidos um número significativo de profissionais e estudantes relacionados à área de Ciência do Solo, que representaram 25 instituições dos Estados do RS e SC. Foram retomadas as discussões sobre a necessidade de um código de uso do solo e a participação do NRS-SBCS no processo de elaboração desse código. Foi apresentada uma estratégia de continuação dessa discussão junto a classe política para a retomada dessa discussão também em nível de Assembleia Legislativa. O ponto alto do evento foi o Painel Fatos e Mitos em Ciência do Solo, dada a qualidade das palestras apresentadas e o elevado nível de discussão proporcionado. O Painel 2, “Interface pesquisa e extensão rural para difusão de práticas sustentáveis de manejo do solo”, reafirmou a necessidade de intensificar as ações conjuntas de pesquisa e extensão, enquanto que o Painel 3, “Atuação e perfil do profissional da Ciência do Solo”, despertou nos estudante a reflexão sobre seu futuro profissional. Foram apresentadas na forma de Pôsteres 232 trabalhos científicos das instituições participantes. Os resumos expandidos desses trabalhos foram gravados em PenCards e distribuídos a todos os participantes do evento, e podem ser acessados livremente na página do evento (http://www.sbcs-nrs.org.br/rsbcs/), que permanecerá ativada. Houve uma interação muito interessante entre os profissionais de ensino, pesquisa e assistência técnica com os estudantes, principalmente nas sessões de Pôsteres e nas reuniões das subcomissões, o que promoveu um crescimento científico de todos os envolvidos.

6. COMPENSAÇÕES OFERECIDAS À FUNDAÇÃO AGRISUS:

- Foi apresentado o vídeo institucional disponibilizado pela Agrisus após a conferência de abertura no auditório principal do evento.

- Foram expostos dois Banners da Agrisus durante todo o evento, um no palco do auditório principal e outro no hall de entrada do prédio, ao lado da secretaria do evento, em locais de grande destaque.

- Foi projetado o logo da Agrisus no intervalo das palestras, e ao fundo do auditório principal foi exposto um grande banner do evento onde aparece o logo da Agrisus como instituição apoiadora.

- Na entrada do prédio foi colocado um grande banner de boas vindas aos participantes, onde constou o logo da Agrisus.

- No interior de cada pasta distribuída aos participantes foi colocado um folder da Agrisus.

- Nas notícias veiculadas na mídia e no material de divulgação do evento que foram confeccionados após a aprovação do projeto fez-se menção ao patrocínio da Agrisus ou colocou-se em destaque o logo da Fundação.

- Outros materiais onde constou o Logo da Agrisus: página eletrônica do evento; anais eletrônico; impressão nas pastas, crachás, blocos de anotações, certificados e guia dos participantes distribuídos a todos os participantes; impressão nos brindes oferecidos aos palestrantes e moderadores dos painéis. (ver material apresentado nos anexos)

DEMOSTRAÇÃO FINANCEIRA DOS RECURSOS DA FUNDAÇÃO AGRISUS:

PROJETO: X Reunião Sul Brasileira de Ciência do Solo

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NÚMERO DO PROJETO*: 1424/14COORDENADOR: Rogério Oliveira de Sousa

DESPESAS R$ Recursos utilizadosMaterial de Consumo 2.500,00 2.500,00Material Permanente Serviços de Terceiros (Pessoa Jurídica) 1.000,00 1.000,00Despesas com Hospedagem 3.500,00 3.500,00Despesas de Alimentação 1.000,00 990,00 Despesas de Transporte 1.800,00 1.480,00 Outros

TOTAL 9.800,00 9.470,00Saldo a devolver 330,00

Resumo dos recursos captadosFonte de recurso Valor

solicitado/arrecadado(R$)

Inscrições 43.510,00Fapergs 12.000,00Agrisus 9.800,00Patrocínios menores (Prolab, WF Científica, Puro Grão, G Gotuzzo) 1.950,00 Total 67.260,00

7. DATA E NOME DO COORDENADOR

Pelotas, 14 de novembro de 2014 Prof. Rogério Oliveira de Sousa

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Apêndices - Materiais de divulgação do evento com o Logo da Fundação Agrisus: contra capa do guia do participante; Crachá; certificados; logo no site do evento; Logo no banner com a programação do evento; logo nas pastas;

Apêndice 1: Crachá do evento com o logo da Agrisus

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Apêndice 2: Guia do Participante com o logo da Agrisus na contra capa

Apêndice 3: Material distribuído para divulgação nos sites da FAEM, Embrapa, UFPEL e SBCS, com o logo da Agrisus

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Apêndice 4: Banner de divulgação da programação do evento com o logo da Agrisus

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Apêndice 5: Capa do bloco de anotações distribuído aos participantes do evento com o logo da Agrisus

Apêndice 6: Canecas distribuídas aos palestrantes e moderadores dos painéis com o logo da Fundação Agrisus

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Apêndice 7: Modelo de certificado de participação com o logo da Agrisus

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Apêndice 8: Pasta do evento com o logo da Agrisus

Apêndice 9: Foto do auditório com o banner da Agrisus

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Apêndice 10: Foto do Hall principal da FAEM/UFPel com a secretaria do evento e o banner da Agrisus

Apêndice 11: Foto do banner de boas vindas com o logo da Agrisus