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Relatório Maio de 2012

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Relatório

Maio de 2012

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FICHA TÉCNICA DO DOCUMENTO:

Instituições organizadoras: AGENDHA e ISPN

Coordenação Geral: Fabio Vaz e Edvalda Aroucha

Coordenação Administrativa: Cristiane Azevedo, Fabiana de Castro e Carolina Gomes

Assessoria Técnica: Luis Valois e Rodrigo Noleto

Assessoria de Comunicação: Mardo David Oliveira

Registro Visual: Clara Campos (http://www.youtube.com/watch?v=EkgELPfUiTE)

Facilitação: Mara Vanessa F. Dutra

Relatoria de apoio: Isabel Figueiredo

Relatoria dos Grupos de Trabalho : Mauricio Aroucha, Fabio Vaz, Isabel Figueiredo, Ricardo Luna, Luis Valois, Guilherme Martins, Rodrigo Noleto, Fábio Dias, Alexandre Vasconcelos, José Gil Peres, Cristiane Azevedo, Luis Carrazza

Apoio: União Européia e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)

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Lista de Instituições Participantes

1. Organizações sociais e respectivos locais de ori gem1:

Alagoas - COOPEAGRO – Maragogi

Bahia - COOFASULBA – Ilhéus / COOMAF – São Desidério / SASOP – Remanso

Ceará - COOPERFAM – Maranguape / Fundação Mussambê – Juazeiro do Norte

Distrito Federal - A Casa Verde / Cooperativa Central do Cerrado

Goiás - Rede Terra - Cristalina

Minas Gerais - CAA – Montes Claros / COOPERSAM – Rio Pardo de Minas

Maranhão - ASSEMA - Lago do Junco / CENTRU/MA – Imperatriz

Mato Grosso - FASE/MT – Cáceres, COOPAVAM- Juruena/MT

Mato Grosso do Sul - IMS – Campo Grande

Paraíba - CINDEAS – Sapé

Pernambuco - ASA – Araripina / Casa da Mulher do Nordeste – Afogados da Ingazeira / Centro Sabiá – Recife / COOPERCAPRI – Floresta / COOPEVASF – Orocó / CPP Floresta – Petrolândia

Piauí - COMAVEG – Picos

Rio Grande do Norte - COOPAPAZ – Maxaranguape

Sergipe - COOPERAFIR – Indiaroba

Tocantins - APA-TO – Augustinópolis / COOPTER – Palmas

2. Representações de classe e outras organizações p articipantes:

CONTAG – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura

FETRAF – Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar

FETAPE – Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco

UNICAFES – União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária

AS-PTA – Agricultura Familiar e Agroecologia

CFN - Conselho Federal de Nutricionistas

PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

CNM - Confederação Nacional de Municípios

UNDIME - União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação

CECANE – Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição da UFG

1 Lista de participantes em anexo.

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CECANE – Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição da UFBA

CONSED - Conselho Estadual de Secretários de Educação

3. Órgãos do governo federal

ANVISA - Gerência de Inspeção e Controle de Riscos em Alimentos (GICRA/GGALI)

FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

MAPA - Coordenação de Agroecologia (COAGRE/DEPROS/SDC)

MDA - Departamento de Agregação de Valore Renda (DEGRAV/SAF)

MDS - Coordenadoria Geral de Aquisição e Distribuição de Alimentos (Departamento de Apoio à Aquisição e à Comercialização da Produção Familiar/SESAN)

MMA – Coordenadoria de Agroextrativismo /Departamento de Extrativismo (CEX/DEX/SEDR)

MMA – Diretoria de Conservação da Biodiversidade (DCBio/SBF)

USP - Faculdade de Saúde Pública - Departamento de Nutrição

DFDA – Delegacia Federal do Desenvolvimento Agrário

4. Órgãos dos governos estaduais

Secretaria de Educação do Estado do Goiás - SEDUC-GO / Gerência da Merenda Escolar

Secretaria de Educação Estadual da Paraíba / Gerência Alimentação Escolar

Secretaria de Estado da Educação de Estado do Tocantins - SEDUC-TO / Superintendência de Padrões Mínimos / Diretoria de Apoio Escolar

Secretaria de Estado da Educação de Mato Grosso - SEDUC-MT / Coordenadora da Merenda Escolar

Secretaria de Estado de Educação do Estado do Maranhão / Coordenação da Merenda

Secretaria Estadual de Educação de Alagoas – SEE / Diretora de Departamento da Alimentação Escolar

Secretaria Estadual de Educação de Pernambuco – SEE / Gerente de Merenda Escolar e Livro Didático

Secretaria Estadual de Educação e Cultura do Estado do Piauí – SEDUC

Secretaria Estadual de Educação e Cultura do Rio Grande do Norte - SEEC/RN

Superintendência da Agricultura Familiar do Estado da Bahia – SUAF

Subsecretaria de Agricultura Familiar do Estado de Minas Gerais

Instituto Agronômico de Pernambuco – IPA

5. Órgãos dos governos municipais:

Secretaria Municipal de Educação de Fortaleza – CE

Secretaria Municipal de Educação de Maceió – AL

Secretaria Municipal de Educação de Teresina - PI

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Introdução

O Programa Nacional Alimentação Escolar – PNAE surge como uma oportunidade de fortalecimento da agricultura familiar, por meio da Lei 11.947/2009. Contudo, no processo de implementação das ações, embora ainda esteja em estágio inicial, existem algumas dificuldades, entre as quais a efetivação da aplicação dos 30% dos recursos em compras de produtos oriundos da agricultura familiar, indígena ou quilombola com dispensa de licitação, utilizando o mecanismo da chamada pública, de acordo com o art. 14 e parágrafo 1º da citada lei.

Destaca-se também certa resistência, dúvida ou insegurança de gestores públicos (estados, municípios - Secretarias de Educação e setor jurídico) em relação à aplicação da Lei 11.947/2009, especificamente os dispositivos referidos acima. Tais resistências têm se fundamentado no argumento de que esses dispositivos estariam em contradição com a lei de licitações 8.666/93, e que é esta que regula o processo de aquisições dos órgãos públicos.

Para além das dificuldades legais, há ainda as especificidades características da produção da agricultura familiar e extrativista. Nesse contexto foi concebido o I Fórum Agricultura familiar e Sociobiodiversidade – oportunidades e desafios para inclusão na alimentação escolar, realizado em Recife/PE, no período de 21 a 23 de março de 2012. A proposta foi a análise de questões como a regularidade, quantidade, distribuição e apresentação dos produtos, regularização sanitária dos empreendimentos, documentação fiscal, entre outros, considerando a realidade dos agricultores, povos e comunidades tradicionais. Também fazia parte da proposta do I Fórum contribuir para desmistificar a concepção construída historicamente de que os produtos da sociobiodiversidade têm menor valor do que alimentos industrializados.

O I Fórum foi proposto por organizações da sociedade civil, sob a coordenação do Instituto Sociedade, População e Natureza - ISPN e da Assessoria e Gestão em Estudos da Natureza, Desenvolvimento Humano e Agroecologia - AGENDHA, a fim de contribuir para o esclarecimento de pontos que ocasionam resistência na aplicação da lei, gerando dificuldades de acesso dos agricultores ao programa.

Abertura, objetivo e resultados esperados do I Fóru m

A abertura do I Fórum foi feita com a apresentação do Maracatu Regional Estrela de Ouro. Para os que já conheciam o maracatu, um deleite; para os que não conheciam, uma maravilha total, o mergulho nas cores, sons, palavras e movimentos.

Com a linda energia do maracatu, a mesa de abertura foi iniciada.

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Edvalda Aroucha2, coordenadora da AGENDHA e coordenadora geral do NUTRE Nordeste, fez uma contextualização do evento, iniciando com a parceria entre o ISPN e a AGENDHA – uma relação antiga que se fortaleceu com a cooperação entre a Central do Cerrado e a Bodega de Produtos Sustentáveis do Bioma Caatinga, para realização e participação em diversas feiras nacionais e internacionais.

Compreendendo que as iniciativas do mercado institucional da Alimentação Escolar são oportunidades estratégicas para as Organizações Produtivas por ambas apoiadas, passaram a discutir estratégias e desenvolver ações para viabilizar esta inclusão socioambiental.

Ao falar sobre a preparação do I Fórum, Valda deixou claro que o diálogo para o desenho do evento ultrapassou o ISPN e a AGENDHA, passando a incluir muitas organizações da sociedade civil e também organismos governamentais, que aderiram à proposta. Ressaltou a participação de todos os estados do nordeste no Fórum, mais representações de Brasília, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Tocantins.

Basicamente, em encontros anteriores, já se havia discutido as principais dificuldades para incluir os alimentos produzidos por PCTAFs na alimentação escolar. Por isso, o Fórum foi pensado como um momento de se pensar propostas de forma conjunta.

Foco do Fórum:

Estes esforços culminaram na realização deste I Fórum, cujo foco é o artigo 14 da lei 11.947/2009 (lei que criou o Programa Nacional Alimentação Escolar – PNAE), que diz:

Art. 14: Do total dos recursos financeiros repassados pelo FNDE, no âmbito do PNAE, no mínimo 30% (trinta por cento) deverão ser utilizados na aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizações, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas.

Objetivo:

Considerando essa oportunidade de fortalecimento da agricultura familiar, o Fórum tem como objetivo:

Dialogar sobre as oportunidades e desafios da implementação do artigo 14 da Lei 11.947/2009 e das resoluções que o regulamentam, com os gestores públicos, nacionais, estaduais e representações municipais, organizações sociais e produtivas para a efetiva inclusão da produção da agricultura familiar e dos produtos da sociobiodiversidade no mercado institucional da alimentação escolar.

2 Apresentação em pdf disponível em anexo a este relatório.

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Resultados esperados:

No âmbito do objetivo geral do Fórum, há um elenco de resultados esperados, sendo que alguns são mais processuais, ou seja, resultados para os quais o Fórum pode contribuir, e outros são resultados mais específicos, ou seja, passíveis de serem alcançados ao final do evento:

Resultados esperados do Fórum:

• Gestores públicos e organizações produtivas mais esclarecidas sobre as chamadas públicas de compras;

• Contribuir para que as Organizações Produtivas consigam acessar o mercado institucional da alimentação escolar de forma mais segura (com maior domínio dos procedimentos legais);

• Ampliar o acesso aos produtos da sociobiodiversidade (animal e vegetal) e gerar maior interesse para a aquisição destes produtos no mercado da alimentação escolar;

• Discutir sobre a criação de uma articulação com atribuições de dialogar sobre o desenvolvimento dos programas de inclusão da agricultura familiar na alimentação escolar;

• Criar uma agenda para o acompanhamento dos encaminhamentos deste I Fórum;

• Incentivar os municípios a criarem o Serviço de Inspeção Municipal (SIM), realizado pela Vigilância Sanitária Local (Secretaria de Saúde) - SIE e SIF;

• Discutir e dirimir dúvidas sobre as interpretações das interfaces entre o art. 14 da Lei 11.947/2009 a Lei 8.666

Resultados em relação aos produtos da sociobiodiversidade:

• Levantar propostas e sugestões que possam melhorar a gestão e o acesso ao programa (simplificação de exigências para acesso pelos produtores interessados; melhoria do processo de socialização das informações para os agricultores e das condições produtivas e de infra-estrutura);

• Apresentar, discutir e definir uma estratégia para a inserção de novos produtos da sociobiodiversidade na alimentação escolar;

• Sensibilizar gestores públicos e nutricionistas e apresentar os produtos da sociobiodiversidade com potencial para serem incorporados à alimentação escolar.

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• Desmistificar a concepção construída historicamente de que os produtos da sociobiodiversidade têm menor valor do que alimentos industrializados;

• Identificar, discutir e dirimir os possíveis entendimentos divergentes no processo de implementação das exigências legais, que inviabilizam ou dificultam o acesso ao programa por parte do público interessado;

• Discutir as principais dificuldades encontradas pelos grupos interessados para acessar o programa (tanto as fragilidades internas das organizações, quanto às dificuldades externas);

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Mesa 1: Iniciando o debate

Marieta Pinho Barros – representando o Secretário de Educação do Estado de Pernambuco, Anderson Gomes

Pernambuco já tem 49 municípios entregando 8 tipos de produtos. Para chegar a esse resultado, o estado tem promovido reuniões com cooperativas; mas o processo, desde mobilizar até executar, é muito lento. O desafio agora é destravar os processos, aprimorando a lei, para aumentar os resultados.

Demetrius Fiorante, delegado do MDA em Pernambuco

No âmbito dos esforços feitos pelo MDA para valorizar e empoderar os saberes tradicionais brasileiros, terá um papel importante a realização, ainda em 2012, da primeira Conferência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural. Falou também de outras iniciativas feitas pelo Ministério, inclusive um evento sobre a Caatinga que será realizado em maio, no Ceará.

Rosane Maria Nascimento da Silva - Coordenação Técnica de Alimentação e Nutrição do FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.

Falou sobre o processo de construção da lei do Programa de Alimentação escolar, lembrando que contou muito com a participação da sociedade civil, sendo que o CONSEA teve um papel muito relevante. Reforçou a importância do controle social como o “grande apoiador” para a boa implementação da lei; nesse sentido, a realização deste I Fórum contribui para dar mais legitimidade com mais legitimidade ao FNDE para lutar pela melhoria dos processos de implementação da lei.

Rogério Dias – coordenador de agroecologia do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento)

Elogiou a iniciativa e o esforço dos organizadores e falou da importância de se levar para a escola algo que sempre deveria ter sido um espaço de integração de saberes - a importância dos alimentos. Reforçou a necessidade do resgate da discussão da alimentação escolar, que inclui a questão da produção dos alimentos e do distanciamento que a população urbana tem da produção no campo, hoje em dia. A lei do PNAE abre uma oportunidade para valorização da importância da alimentação escolar e, no que diz respeito à agricultura familiar, reforçou que não são os agricultores que têm que se adaptar a um cardápio pré-estabelecido e sim o cardápio tem que se adaptar a produção dos agricultores familiares.

Ana Luiza Müller – coordenadora geral do Departamento de Apoio à Aquisição e à Comercialização da Produção Familiar do MDS (Ministério do Desenvolvimento Social)

Falou do papel fundamental da agricultura familiar no abastecimento, na segurança alimentar, na qualidade alimentar; uma das vantagens é que o alimento, sendo produzido mais perto, não precisa ser transportado em longas distâncias. O MDS e o FNDE estão trabalhando para formatar um edital conjunto, sobre a estrutura mínima necessária para o abastecimento, que se sabe que é um dos problemas já identificados para a boa implementação do artigo 14.

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Camila Oliveira, representando Idio Coradin, Diretoria de Biodiversidade da Secretaria de Biodiversidade e Floresta do MMA.

Falou sobre um novo projeto do GEF, com apoio da FAO e do PNUMA, a ser executado no Brasil, Quênia, Sri Lanka e Síria, sobre biodiversidade para alimentação e nutrição. Esse projeto surgiu na COP8, em Curitiba, e vai começar a ser implementado no segundo semestre de 2012. O processo de implementação, que está ainda em fase de planejamento, contará com parcerias com o MDA, com o MAPA (Agricultura orgânica), e outros. A participação no I Fórum poderá trazer importantes contribuições para o desenho desse projeto com o GEF.

Moacir Chaves Borges – assessor da Secretaria de Política Agrária da CONTAG

Falou da importância da participação do estado para fortalecer a agricultura familiar, lembrando que, onde esta está mais fragilizada, é justamente onde a presença e proximidade do estado são mais necessárias para que de fato o programa possa atingir todos os municípios, como se propõe.

Ivaldo Ferreira da Silva – assessor da FETRAF

Ressaltou o problema da falta de assistência técnica, reconhecendo que o governo, embora de forma tímida, tem se esforçado para sanar essa situação em vários estados. Mas o problema é muito sério e os esforços não têm sido suficientes, é preciso avançar nessa questão. Ele acredita que, no caso de Pernambuco, o mesmo sucesso do PAA será obtido também pelo PNAE.

Edmar Gadelha, Subsecretário da Agricultura Familiar de Minas Gerais

Compartilhou a experiência do governo do estado de Minas, que, por considerar a importância estratégica do PNAE, criou um programa estruturador para poder cumprir com a lei da alimentação escolar. Trata-se de um programa que visa apoiar os agricultores para que estejam aptos a fornecer estes alimentos, incluindo comunidades tradicionais. Fez um apelo a que se veja a lei da alimentação de forma ampla, para além do artigo 14; considera que esta é uma lei “revolucionária”, porque é uma oportunidade de se repensar toda a questão da alimentação. Em Minas Gerais, estão aproveitando a oportunidade do PNAE para trabalhar com saúde nas escolas, reduzindo obesidade infantil e outros problemas já detectados nas crianças e que têm relação direta com a alimentação.

Luiz Valter de Lima, da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educac�ão-UNDIME

Falou sobre as dificuldades dos municípios para executar a lei: a maioria dos municípios não tem estrutura de licitação para poder realizar a implementação destas leis. Outro aspecto que dificulta é a questão da organização dos produtores familiares; citou o exemplo de Camaçari, BA, que tem dificuldade de atingir os 30%, pois, apesar de haver grande número de Agricultores Familiares, estes não estão organizados. Falou também da necessidade de seguir além das refeições complementares, e de se passar a discutir a refeição principal nas escolas. Disse que a UNDIME é um parceiro que pode dar capilaridade aos processos, pois estão presentes em todos os municípios. Na sua

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avaliação, é necessária uma flexibilização muito maior dos órgãos que avaliam as contas municipais, pois sem isso a dificuldade será muito maior para superar as dificuldades já identificadas nos processos de compra e aquisição de produtos da agricultura familiar para alimentação escolar.

Fábio Vaz de Almeida, coordenador executivo do ISPN

Concluiu a mesa de abertura do I Fórum, ressaltando como foi grande o retorno positivo das organizações no momento do convite. Falou também do apoio da Comunidade Européia e do PNUD ao evento. Reforçou a importância dos produtos da sociobiodiversidade dos biomas Caatinga e Cerrado, que são biomas “esquecidos” do ponto de vista da política pública, como temas centrais do trabalho da AGENDHA e do ISPN. A valorização desses produtos é também uma estratégia para garantir a melhoria da qualidade de vida das pessoas e ao mesmo tempo conservar o meio ambiente onde vivem.

Outras presenças ilustres na abertura do evento: Ivone Caetano, Secretária de Educação do Recife; Carlone Barroca, representando o Secretário Executivo da Agricultura Familiar do Governo do Estado de Pernambuco, Sr. Aldo Santos; Miguel Doerte, presidente do CAE de Pernambuco; Edmar Gadelha, Subsecretário da Agricultura Familiar de Minas Gerais; Ari Lúcio Sales, gestor da alimentação escolar da Secretaria Municipal de Educação de Fortaleza; Silvana Diniz, nutricionista da Secretaria Municipal de Fortaleza.

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1º. Painel de motivação dos diálogos

Análise de conjuntura: Contexto socioeconômico da a gricultura familiar na

alimentação escolar – Jean Marc von der Weid, da ASPTA.

O foco da palestra foi o contexto da agricultura familiar (AF) e do modelo de consumo

no país. No Brasil, desde os anos 70 foi iniciada uma internacionalização da agricultura,

mudando a alimentação: o modelo baseado no pão de milho mudou para o pão de trigo,

que não é um produto adaptado às condições edafo-climáticas brasileiras, de modo que

o país passou a ser um grande importador de trigo.

Na seqüência, houve a substituição da alimentação tradicional brasileira do arroz com feijão para arroz com macarrão (menos nutritivo); e o aumento do consumo de alimentos industrializados e processados. Isso aconteceu não somente com a população urbana, mas também no meio rural. Outro movimento dessa história foi quando a carne se tornou um objeto de desejo.

Um dos graves problemas do Brasil agora é a obesidade. Em muitos casos, é um problema aliado à desnutrição. A pessoa come muito, mas come mal. No caso da alimentação escolar, o padrão de consumo comum nem sempre é refletido, pois atende a regras de compra do governo – isso pode ser uma oportunidade para uma alimentação mais sadia.

Apesar dos esforços dos governos de Lula e Dilma, a Agricultura Familiar hoje está extremamente endividada: 65% a 75%, índice que vai além da inadimplência do PRONAF. Há uma depressão na capacidade de consumo das famílias. Hoje os Agricultores Familiares têm um acesso muito facilitado ao crédito, o que vem causando uma redistribuição espacial do crédito, saindo da concentração no Sul e ampliando-se nos demais estados do país. Isso foi consequência de política de crédito. No entanto, não houve uma reflexão sobre o destino do uso do recurso do crédito – a maior parte desse recurso foi usada para comprar agrotóxico, sementes de grandes empresas, etc., alimentando o ciclo vicioso de endividamento dos agricultores, igual ao que ocorre nos EUA e Europa, mesmo com os fortes subsídios estatais lá oferecidos.

A forma com que o PRONAF foi desenhado para a agroecologia (PRONAF Agroecologia e Semi-árido) não funcionou. Houve muito mais gente trabalhando com agroecologia por meio de outros créditos do que por meio dessas linhas específicas, pois são muito complexas e praticamente inviabilizam a proposta. O que se dissemina é o “agronegocinho”. Esse tema deverá ser discutido na conferência sobre ATER e extensão rural (abril 2012).

Está havendo uma tendência mundial de aumento do preço do petróleo, que no Brasil ainda não está sendo repassada para o consumidor, mas a qualquer momento isso irá acontecer. Fosfato e potássio estão escasseando no mundo e o preço, subindo muito. Ao mesmo tempo, os recursos renováveis estão sendo degradados – solo, água, etc.

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Hoje, 46% das terras de culturas anuais estão passando por algum processo de degradação - erosão do solo, erosão eólica e contaminação química dos solos e dos cursos d’água. A agroecologia tem se mostrado uma boa saída para esses problemas.

Voltando à alimentação escolar, o volume de recurso destinado por aluno é pouco para que haja uma alimentação saudável. Outro problema, que ocorre com o recurso do PAA e provavelmente com o do PNAE, é que fica concentrado nos agricultores mais capitalizados e bem organizados. Isso ocorre naturalmente, mas é importante que o governo se esforce para incluir os demais; para se atingir um objetivo social mais amplo de inclusão, é preciso atuar em desacordo com as forças de mercado.

Seria necessário, considerando os argumentos expostos, que esse tipo de programa favorecesse, no âmbito da AF, os produtores que utilizam agroecologia, buscando referendar formas de certificação que não sejam a certificação formal, que é custosa e complexa.

Debate:

Intervenções da plenária:

Luis Carrazza, da Central do Cerrado – Os bônus de 30% para produtos orgânicos e agroecológicos têm de fato estimulado os produtores a fazer uma conversão de seu processo produtivo. Quais têm sido as dificuldades, o que pode ser melhorado?

Sonia Lucena, do Conselho Federal Nutricionistas – A transição nutricional (gerada pelo subsídio para o trigo) tem gerado a “fome gorda”, com aumento de incidência de hipertensão e diabetes, levando a aposentadoria precoce e afastamento do trabalho. E agora tem ocorrido em crianças, até com menos de 5 anos de idade. Um exemplo: o governo de Pernambuco anunciou com muito entusiasmo a instalação de uma fábrica de miojo!

Rogério, da CONAB – Como as relações de consumo têm influenciado a produção? Como está a agroecologia nas escolas de agronomia?

Sérgio, da COOPERFAM-CE – Fala do programa de rádio da COOPERFAM e sugere que a comunicação via rádios comunitárias é a chave para fazer frente à comunicação de massa, a qual induz que a alimentação deve ser à base de macarrão, massas, hambúrgueres, etc.

Giuberto Ramos, do IPA-PE – Fala sobre transição agroecológica e ATER. A lei geral de ATER engessa o processo educativo de formação de extensionistas, que ficam exclusivamente cuidando de contratos e não mais trabalham o aspecto educativo, que poderia incluir a agroecologia.

Respostas do palestrante:

Com relação aos 30% (bônus): isso acaba gerando um mercado de nicho, pois não se pode pagar os 30% para todo mundo. A ASPTA não tem usado isso como estímulo.

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Acha que o que se deve valorizar é o processo de economia de custo e não apenas uma vantagem de 30% a mais na hora de vender.

Fala de uma pesquisa do governo americano sobre mudança de comportamento das crianças com a adoção de alimentação de produtos saudáveis e muitos orgânicos, deixando de ser hiperativas e agressivas. O tipo de desejo alimentar da criança é determinado desde o útero, de acordo com a alimentação da mãe.

Em pesquisa realizada por ele, Jean Marc, nos idos de 1983, buscou o que já existia de agricultura alternativa no Brasil e nas universidades e não havia quase ninguém. Hoje existem vários cursos de agroecologia pelo Brasil, principalmente de pós-graduação, mas a maioria dos profissionais sai formada em agricultura convencional. As EFAS (Escolas Família Agrícola) têm uma grande inserção na agroecologia. Os encontros brasileiros de agricultura alternativa na década de 80 foram muito importantes para a mudança do cenário.

A questão da ATER está “dramática”. O MDA agiu com boa intenção, mas o sistema de convênios arruinou com muitas organizações. O sistema age vendo as entidades que usam recursos do governo como “bandidos”, colocando tantos entraves que se torna inviável executar ATER com recursos de convênio, pois as regras são totalmente inflexíveis. O DATER pré-determina quantos participantes, quantas reuniões, ou seja, define a metodologia do trabalho, o que não caberia ao DATER definir. Assim, fica impossível para as entidades trabalhar. A ASPTA, como tantas outras entidades no Brasil, está em crise há quatro anos e tem perdido muita gente boa por conta disso. Porém, ainda há espaço para melhorar esta nova lei, e isso traz alguma esperança no cenário, que é “dramático”.

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Mesa 2: Iniciativas de desenvolvimento de cadeias de suprimentos para alimentação escolar com produtos d e origem controlada e da sociobiodiversidade

Maurício Aroucha (coordenador):

Falou sobre a importância das culturas tradicionais, tomando como referência a apresentação do maracatu. Solicitou que incluíssem os produtos de origem animal, ao se referirem aos produtos da sociobiodiversidade, e não apenas os produtos vegetais, com tem ocorrido. Falou da importância dos pescados, dos caprinos na Caatinga, e colocou uma questão interessante, no caso das abelhas: o mel das abelhas nativas é um produto da sociobiodiversidade; e o mel produzido pela apis a partir de floradas nativas?

Rogério Dias, do MAPA:

É possível manter a agricultura familiar mediante o envelhecimento da população rural? O que está levando a essa forte migração dos jovens para as cidades? O mesmo está acontecendo nos cursos de ciências agrárias, com menor procura a cada ano. A imagem de que o meio rural é atrasado é muito difundida, inclusive pelas próprias professoras e professores das escolas públicas do ensino fundamental, que não querem morar no meio rural. Essa imagem também é disseminada quando jovens vêem seus pais e tios tendo um meio de vida penoso e com doenças causadas por agrotóxicos.

Vários estudos da ONU apontam a agroecologia como a solução para a segurança alimentar. Um dado alarmante e que soa contraditório é que dois terços da população que passa fome está no meio rural. Que tipo de agricultura elas estavam praticando, que permitiu que chegassem a esse estado de fragilidade alimentar?

70% dos fertilizantes usados no Brasil são importados, o que cria grande dependência externa e elevação de custos. A Coordenação de Agroecologia do MAPA tem trabalhado para identificar os principais gargalos para o desenvolvimento da produção agroecológica e considera que é preciso trabalhar fortemente a consciência dos consumidores da cidade para poder influenciar a produção do campo, pois, se ninguém compra, se deixa de produzir.

O consumidor da cidade não sabe a origem dos produtos e assim não sabe se o produtor é um degradador ou se está pautado na agroecologia. O selo orgânico foi criado para possibilitar a rastreabilidade da produção, podendo gerar uma maior relação do consumidor com o produtor.

Com relação ao extrativismo, discutiu a questão da sustentabilidade da extração. Nem todo produto extrativista é sustentável e pode ser considerado orgânico. Falou da criação de normas (INs) para definir estes aspectos.

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Diz-se muito que para poder alimentar o mundo é necessário agricultura de alta tecnologia, no entanto, ele acha que o caminho é discutir os padrões de consumo. Fala da necessidade de mudar hábitos de alimentação. Por exemplo, precisamos mesmo comer tanta carne?

O espaço da alimentação escolar precisa ser um espaço de educação alimentar. As merendeiras são as agentes desta educação. O desafio vai além do fornecimento de alimento pelo agricultor familiar. Não é o agricultor que tem que se adaptar ao cardápio, mas o cardápio que deve ser sazonal e acompanhar o sistema natural e o tipo de produção local.

João D’Angelis, da Diretoria de Extrativismo, SEDR, MMA3 -

Falou sobre o Programa Nacional de Promoção das Cadeias da Sociobiodiversidade:

Identificação de APLs em todo território nacional: do total, 91,2% é agricultura, 6% silvicultura e 2,5% produção madeireira e apenas 0,44% da produção brasileira foi de produtos florestais não madeireiros (PFNM).

Grande parte destas pessoas (PCTAFs) fazem parte de uma economia invisível que não entra nas estatísticas, que é informal. Dessa forma, os números oficiais não correspondem à realidade.

Dos PFNM, os que se destacam são: erva-mate, açaí, piaçava, castanha, babaçu. São os que movimentam maior volume e maior recurso. Para exportação, a cera de carnaúba ganha de longe.

Exemplos da fragilidade do tema de acesso ao PAA ou a outros programas: no Médio Mearim, onde há forte produção de babaçu, há somente 357 DAPs e 4 DAPs jurídicas; apenas 4 municípios acessam o PAA e 3 operam com o PGPMBio. No norte de Minas o APL do pequi, com 65 pessoas envolvidas na cadeia, não tem nenhum acesso à PGPMBio.

O censo diz que 320.000 unidades produtivas brasileiras realizam ações de extrativismo nas propriedades.

Desafios:

• ATER para cadeias da sociobiodiversidade;

• Garantir a sustentabilidade ao longo do tempo dando atenção ao manejo;

• Garantir acesso as políticas públicas.

Arnoldo Campos, Departamento de Agregac�ão de Valor e Renda (DEGRAV/SAF) do MDA

3 Apresentação em pdf disponível em anexo a este relatório.

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Desde 2003 vem trabalhando nessa linha - participou da elaboração do texto do PAA, que foi aprovada no final de 2003, mas apenas em 2009/2010 conseguiram incluir a questão no PNAE, que já era uma idéia desde o início dos debates.

Como tudo é ainda muito recente, no caso do PNAE, as avaliações negativas são muito precoces. Alguns dados: no primeiro ano, metade dos municípios já comprou, o que é um grande avanço. Em 2012, estima que vai chegar a 90%. Em 2010, foram comprados 150-200 milhões de reais; talvez se chegue em 500 milhões, em 2011. Em 2012, ele acredita que se deve chegar perto dos 30% previstos (a compra da alimentação escolar proveniente da agricultura familiar). A lei dá várias aberturas e possibilidades para que os produtos saudáveis, dos PCTAFs e da agroecologia entrem na alimentação escolar.

Uma questão é a formação e o perfil da pessoa que trabalha com educação pública, que também é um militante e já tem muitos problemas, e que não domina o tema da agricultura familiar. Esta não pode se apresentar como mais um problema para essas pessoas.

Por outro lado, também não é muito fácil convencer a criança a comer coisas que ela não está acostumada. É preciso inovar na abordagem. Como os produtos da Agricultura Familiar (AF) se transformam em objeto de desejo do gestor, da nutricionista, da criança e da merendeira? O teste da aceitabilidade é cruel; uma idéia é oferecer prêmios para a criação de cardápios criativos. Também é necessário desenvolver produtos que insiram matéria-prima da sociobiodiversidade.

Um mercado local onde há grande oferta de produtos da sociobiodiversidade é um nano mercado; é preciso focar nos médios e grandes municípios também, pois 150 municípios representam metade do orçamento nacional. As entidades de apoio têm que olhar também “da porteira para fora” para ver como atender a população que está nas cidades.

Está sendo atualizada a regulamentação do PAA: também está havendo modificações a atualizações na lei da AF, regulamentando-a. Essas atualizações são necessárias. Haverá projeto de ATER focado na alimentação escolar e na gestão dos empreendimentos, que é um tema muito complexo e para o qual o agricultor familiar não tem preparo. Seria importante que se reivindicasse ATER para Pessoa Jurídica, o que ajudaria a viabilizar o fornecimento às escolas.

Falou de um novo Portal da Sociobiodiversidade, um sistema que irá “casar” a oferta e procura de produtos, de maneira a facilitar para os dois lados. Desta forma, os gestores públicos saberão onde encontrar os produtos e quem produz terá mais oportunidade para colocar sua produção. Um desafio para quem trabalha com a sociobiodiversidade é juntar todos os instrumentos das políticas públicas, para um trabalho articulado.

Intervenções da plenária:

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O gestor público precisa ter bom senso, pois se inseri muito intensamente um determinado produto, este será jogado fora porque as crianças vão enjoar. O mercado de alimentação escolar no Brasil é o quarto maior mercado de alimentos das Américas.

Marieta, da Coordenação de Alimentação Escolar de Pernambuco – Disse que se sentiu contemplada na fala de Arnoldo quando ele falou sobre a dificuldade de colocar produtos da AF na alimentação escolar; ela se sente muito só quando tem que tratar da AF no âmbito da educação, pois não é um tema que está dentro da área de atuação da educação. Pernambuco pretende ultrapassar os 30% em 2012, mas precisam de apoio.

UNDIME/BA – Compra eletrônica vai criar condições de arranjos para as refeições principais. Há grande necessidade de diálogo mais estreito entre os ministérios para aprimorar a integração entre as políticas. Há uma demanda por grande diversidade de cardápios e uma proposta de integrar o tema da alimentação – aquilo que se consome na escola - nos currículos.

Rosane, coordenadora técnica do PNAE – Ressaltou a importância do componente educacional da alimentação escolar, pontuado por Rogério Dias. A proposta é sair da pura oferta e demanda e gerar saúde, melhorar hábitos, etc. Um problema que está aparecendo é a oferta de produtos como doces e embutidos vindos da AF; a idéia não é substituir a compra dos mesmos tipos de produto do grande supermercado para os da AF, mas trabalhar mais nas escolas para que elas possam receber os alimentos da AF. De maneira geral, os produtores estão mais sensibilizados para produzir, mas a escola está pouco preparada para receber.

Edmir, da Cooperativa de Criadores de Caprinos e Ovinos (COOPERCAPRI), associado ao Slow Food e pequeno agricultor familiar, que fornece melancia para 6 municípios. Na sua Cooperativa, já realizaram 3 operações de PAA. Ele disse que não sabe se a AF está preparada para produzir e fornecer os 30% de produtos para a alimentação escolar, pois isso significa uma solicitação que às vezes chega a ser, no caso de alguns produtos, de 10 mil Kg! O Limite de R$ 9 mil por produtor, no PNAE, não é suficiente, não dá para a Cooperativa repassar este valor para o agricultor, pois é o preço de venda mais o custo da logística, que é cerca de 50% do total. Dessa forma, o PNAE não está apresentando melhoria concreta para o agricultor; e, se não significar melhoria, os agricultores estarão fora. Com relação à gestão, ele declarou que fez curso à distância de gestão de cooperativas pela internet, em sua propriedade rural, e se formou. Mas que essa formação ainda é, de fato, uma grande dificuldade para a maioria dos AF. Outro aspecto é o estoque: como fazer formação de estoque, se a maioria dos produtos é perecível? Chamou a atenção para a questão da produção animal. No caso dos caprinos e ovinos, o dinheiro da compra vem só 45 dias após o abate, mas o produtor não pode esperar. O bode é o produto numero 1 da sociobiodiversidade da Caatinga, mas tem sido pouco mencionado. Seria necessário existir um seguro-bode nos moldes do seguro safra.

Moacir, da CONTAG – Falou da necessidade de mais empenho de mão-de-obra das merendeiras, ao cozinhar com produtos menos processados, vindos da AF. O mesmo

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vale para os esforços das nutricionistas, ao desenhar cardápios para incluir sazonalidade e maior diversidade de produtos.

Sergio Lira, COOPERFAM - Ceará – Há um problema de abastecimento, é preciso aumentar a produção para atender a demanda. Há terras improdutivas, por um lado, e o agricultor precisando aumentar sua produção, por outro. Fala também da necessidade de se trabalhar com criatividade, utilizando alimentos antigos de novas formas, como, por exemplo, hambúrguer de caju.

Flávio Silva, da COOPEAGRO de Maragogi/AL – No caso da venda de polpa de frutas para a alimentação escolar, esbarra-se com o problema de não se ter onde acondicionar o produto nas escolas. Com isso, o Agricultor Familiar ou a Cooperativa, tem que entregar a polpa duas vezes por semana, encarecendo o produto, que perde a competitividade.

Rizoneide, do Instituto Marista de Solidariedade (IMS), DF – Há 30 mil empreendimentos de economia solidária no Brasil, muitos na zona rural. Os maiores desafios são a comercialização, a assessoria e o crédito. O mercado institucional, apesar de ser uma oportunidade, é um grande desafio. Acredita que via pregão eletrônico ficará mais difícil ainda a questão da compra e venda. No DF, por exemplo, só tem 3 DAP jurídicas! Quando não há vontade política, o gestor usa a lei nº 8.666 como desculpa para não comprar os 30% da AF. A questão é como desburocratizar o acesso, num cenário lamentável de criminalização dos movimentos sociais.

Fabiano, da A Casa Verde, Brasília- Pergunta onde se busca a segurança jurídica sobre a lei da alimentação escolar para que os gestores escolares possam de fato cumpri-la. Em relação a preço, pergunta como deve ser calculado o preço dos produtos para o PNAE; e questiona o rigor “tão grande” da legislação sanitária quando se trata do PNAE.

Veruska, representante do Centro Colaborador em Alimentac�ão e Nutric�ão-CECANE, da UFG – A informação das Chamadas Públicas não chega ao Agricultor Rural. Como fazer chegar a informação em municípios tão pobres? A DAP da mulher deve ser desvinculada da do homem.

Retorno dos palestrantes:

Arnoldo – O diálogo com a sociedade civil está estreitando. Temos que entender que a merendeira tem limites e que se pudermos processar os alimentos previamente, é melhor. Se o agricultor está vendendo embutido e doce é porque está na chamada pública. Precisa melhorar a infraestrutura das escolas para poder armazenar os produtos in natura vindos da AF. Desvincular os preços do PNAE do PAA. A DAP não é mais do principal (homem) e sim da família. O limite do PNAE vai passar de 9 mil para 20 mil. O PAA vai continuar com 4.500. O site (portal) é uma ferramenta complementar, não é obrigado a usar. Para que a alimentação escolar seja uma ferramenta de educação alimentar para formar o consumidor do futuro, é preciso que haja instrumentos pedagógicos de apoio para os professores.

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Rogério – Criamos um espaço de diálogo de fato, e os problemas só aparecem quando se tenta fazer algo. É a criação da realidade de conflito que permite que avancemos. No processo, está havendo a aproximação de atores que não conversavam: a nutrição com a produção, por exemplo.

João D'Angelis – O bode como produto da sociobiodiversiade, por que não? Estão se esforçando para criar instrumentos para que o bode seja incluído; o caju está no mesmo caso. Os problemas estão dispersos por toda a cadeia produtiva. As soluções antigamente vinham sempre do sul, mas agora é diferente.

O coordenador Mauricio Aroucha fez o fechamento da mesa, pontuando alguns dos aspectos mais relevantes do debate.

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Palestra: Instrumentos e mecanismos de controle do Programa Nacional de Alimentação Escolar. 4 Gil Pinto Loja Neto - Auditor-Chefe do Fundo Nacion al de Desenvolvimento

da Educação – FNDE

O FNDE é uma autarquia, com sistema de auditoria interna. O FNDE está presente em todos os 5.565 municípios no Brasil e não têm regionais. Em 2003, seu orçamento era 6,3 bilhões; hoje é de mais de 40 bilhões; destes, 3,5 bilhões são para o PNAE, que busca atender as 190 mil escolas, 47 milhões de alunos – isso representa um quarto da população brasileira.

Como o FNDE não tem regionais, os CECANES têm sido uma solução para a gestão regional.

A prestação de contas vai ser feita online, utilizando-se um sistema inteligente e rápido, mais proativo que o da Receita Federal, que está entrando no ar agora.

Ações de controle do FNDE – essas ações não são para atrapalhar, são para ajudar. O controle é uma ferramenta de gestão. A cadeia de controle é: controle interno municipal – controle do FNDE – controle pela CGU – controle do TCU. O controle precisa ser feito para 100% dos repasses de recursos, não é por amostragem.

O PNAE é um programa muito antigo, vem desde a década de 40, e vai além de fornecer alimentação; ele pretende fornecer condições para que as crianças possam se formar cidadãs. A lei atual é de 2009. O grande executor da política são os municípios. Alimentação escolar é qualquer alimento que esteja sendo oferecido dentro da escola. A lei tem um objetivo social de apoiar o desenvolvimento regional, buscando incentivar a produção local por meio de aquisições realizadas preferencialmente da AF, o que é uma política afirmativa, ou uma discriminação positiva. Criou-se uma nova modalidade de aquisição para o alimento da agricultura familiar – não é obrigado a fazer pregão, nem a fazer licitação. Mas para que o PNAE dê certo, é preciso haver uma rede de instituições que trabalham em cooperação.

Seus pilares:

� Gestão:

Execução do PNAE (nº de parcelas, dias atendidos, formas de gestão) – 10 parcelas para atender no mínio 200 dias; Com esse recurso só pode comprar comida, não pode contratar serviços;

� Nutrição:

Obrigatoriedade de haver nutricionista;

4 Apresentação em ppt disponível em documento anexo a este relatório.

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Direito Humano à Alimentação Adequada e saudável na perspectiva da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN)

� Controle Social

Conselhos de Alimentação Escolar (CAE´s)

� Controle Institucional

Órgãos de controle Interno (TCU, CGU, MP e CFN) e PNAE (monitoramento)

Importante compreender que, do ponto de vista do controle, há dois tipos de erro: quando se fez da forma errada, mas não causou prejuízo, é uma impropriedade; quando causa prejuízo, aí instala-se processo administrativo e criminal.

O recurso do PNAE é de caráter complementar, o estado e o município também têm que colocar recurso. Valores: escola comum: R$ 0,30 por aluno; indígenas e escolas de horário integral, R$ 0,90; quilombolas R$ 0,60, etc.

Falhas recorrentes e riscos: repassar recursos da conta específica do município com FNDE para outra conta para não haver controle; compra de coisas que não fazem parte da lista; contratos que não separam os custos dos alimentos dos custos de serviços, no caso de escolas que terceirizam o fornecimento de merenda; converter preço de quantidades pequenas para quantidades grandes, o que acarreta em maiores custos. A intenção não é escravizar o agricultor, mas observar preços reais.

Avanços: Os CAEs são de fato efetivos e ativos. Já identificou processos fraudulentos.

Rebrae – Rede Brasileira de Alimentação e Nutrição Escolar, tem cartilha online.

Debate com a plenária:

A conta do FNDE com o município é taxada pelo Banco do Brasil como uma conta comum.

R: eles não podem cobrar, mas quem tem que brigar por isso é o município por meio de ofício. É um problema de despreparo dos funcionários.

Moacir (CONTAG) – quanto do preço de alimento previamente processado é alimento e quanto é serviço? E a entrega?

R: serviço só é o preparo do alimento, o descascamento da mandioca, por exemplo, não é considerado serviço. O custo da entrega precisa ser embutido no preço, ou que o município pague de seu recurso próprio, não com o recurso do PNAE.

Zizo, Rede Terra, GO – estimular o reconhecimento de boas práticas da gestão publica por meio de prêmios e outras formas.

R: existe o Prêmio Gestor da Merenda Escolar – é do Fome Zero, para municípios pequenos. Além disso, internamente, no processo de auditoria, os pontos positivos são anotados para serem posteriormente disseminados.

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Guilherme, NUTRE/NE – diversidade de instrumentos de aquisição torna o processo doloroso e complexo. Quais são as penalidade para gestores públicos que não conseguirem comprar?

R: vê como positiva a diversidade de instrumentos. O problema da Lei 8.666 é que ela é aplicada desde o menor município até para a Petrobrás comprar a plataforma. O FNDE não aplica penalidades, mas todos os relatórios dele (auditor-chefe) são enviados para o Ministério Público que decide se vai abrir processo. Grande parte das fraudes é incapacidade do gestor. O FNDE faz caravanas para capacitar municípios pobres e há também uma plataforma na internet; 100 mil pessoas foram capacitadas em 2011, mas não há continuidade nos cargos. O controle precisa ser profissionalizado e fazer parte da gestão.

Fabiano, A Casa Verde – quando o preço inclui a distribuição, ele sai da competitividade. Em municípios que não possuem agência bancária, as transações ficam mais caras porque os produtores têm que se deslocar; e há ainda a questão dos atrasos nos pagamentos.

R: O FNDE não pode pagar serviço e distribuição é serviço. Conversar com o prefeito é a melhor saída. O FNDE não pode se meter na autonomia da prefeitura. O melhor, nos casos de atraso, ou não pagamento, seria falar com tribunal de contas do município, se houver, ou do estado.

Veruska, CECANE/UFG, GO - Por que o FNDE não faz uma normativa para que o prefeito seja obrigado a complementar o recurso? CAE nacional? Faltam normativas? Insiste sobre a penalidade para os municípios que não cumprem com os 30%, as justificativas na lei que permitem que os municípios não comprem são descabidas.

R: já foi criada portaria que cria o CAE nacional, ele já existe. Deve ser mais discutido no ComSocial que é o congresso sobre controle social.

Ricardo, do NUTRE/NE – mesma pergunta sobre a ausência de penalidades.

Valda Aroucha – presta serviço de ATER em todo o Nordeste, em 9 capitais e 6 regiões metropolitanas. Dessas, 6 ainda não compraram. Tem até parecer de Ministério Público dizendo que não há AF no município. Há um Projeto de Lei sendo tramitado no Congresso sobre a penalidade para quem não comprar. Controle social – como fortalecer os conselhos para que tenham autonomia para atuar sem ter medo de repressão? Se temos que profissionalizar o controle, poderíamos profissionalizar os CAEs?

R: não considera auditoria como algo punitivo. Esses temas poderão ser debatidos no congresso em Brasília em maio sobre transparência e controle social. Sim, o CAE está cada vez mais profissionalizado.

Fábio, do CAA Norte de Minas, Montes Claros – risco da não observância dos preços do PAA, que considera ultrapassado, e mais baixo que os preços de mercado, isso ainda incluindo a responsabilidade da logística para o agricultor.

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Propostas do I Fórum

Documento base

A elaboração de propostas para avançar na superação das dificuldades e limitações para a real implementação do artigo 14 da lei que cria o PNAE era um dos principais resultados esperados do I Fórum.

Para tanto, os organizadores preparam um documento base (ver em anexo), a partir da identificação prévia dos problemas. Tal identificação já havia sido sistematizada em documentos anteriores, tanto pela CONTAG, como pela AGENDHA (Carta de Paulo Afonso). A partir desses documentos existentes, o ISPN e a AGENDHA propuseram a organização do debate em 6 temas:

Tema 1: Declarações de Aptidão ao PRONAF (DAP Físic a e Jurídica), possibilidade de aperfeiçoamento e flexibilização

Tema 2: Produção, venda e comercialização de produt os da sociobiodiversidade (animal e vegetal) e agricultur a familiar (quantidade, qualidade e sazonalidade). Entrega dos gêneros alim entícios da agricultura familiar (projetos de venda, logística, formas de e ntrega: centralizada, descentralizada, etc.)

Tema 3: Estrutura e Gestão das Organizações Produti vas para que estejam aptas a atenderem as exigências do mercado instituc ional da alimentação escolar

Tema 4: Chamadas Públicas de Compras (diversos mode los de chamadas, simplificação, preços, resolução FNDE 38/2010 e int er-relação com a Lei 8.666)

Tema 5: Estrutura das unidades de ensino para armaz enamento, conservação e preparo da alimentação escolar que observe a incl usão de produtos da agricultura familiar

Tema 6: Arranjos legais (SUASA, SIM, SIF etc) e reg ularização sanitária

Para cada eixo, foi elaborado um texto orientador, apontando os principais problemas. No I Fórum, reuniram-se grupos de trabalho (selecionados de forma aleatória, de maneira a contribuir para a maior integração entre os saberes e as vivências) para elaborarem propostas, as quais foram posteriormente submetidas à plenária. Cada grupo teve um moderador e um relator, que receberam orientações específicas da facilitadora. Os relatórios de cada grupo estão em documento anexo a este relatório. Na sessão plenária, foram sugeridas alterações e correções, sendo que, em alguns casos, não se chegou a uma conclusão. Abaixo, apresentamos as propostas para cada tema e os principais comentários da plenária.

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TEMA 1

Declarações de Aptidão ao PRONAF (DAP Física e Jurídica ): possibilidade de aperfeiçoamento e flexibilização

Propostas:

1. Exigir a emissão da DAP da mulher independente da DAP do marido, o que já está previsto no manual, mas muitas vezes não é seguido;

2. Atualizar o manual de crédito rural de acordo com as novas estruturas familiares;

3. Permitir a emissão da DAP do jovem independente da DAP da família;

4. Realizar capacitação continuada de técnicos e emissores com relação às modalidades da DAP;

5. Criar a DAF (declaração de agricultor familiar), que seria mais abrangente que a DAP, que é apenas voltada ao crédito, e que teria o caráter de garantir também a comercialização para o mercado institucional.;

6. Adequar as exigências da DAP à realidade da economia familiar;

7. Realizar formação dos técnicos de ATER para a melhor implementação da política;

8. Pautar o MDA para a realização de processos de formação dos conselhos municipais de desenvolvimento rural sustentável para contribuir com o controle social e o acompanhamento das emissões de DAPs;

9. Emissão de DAP de forma coletiva/participativa - a exemplo do SPG (Sistema Participativo de Garantia);

10. Credenciar as organizações de ATER para emissão de DAP;

11. Remunerar a emissão de DAPs por organizações da sociedade civil;

12. Isentar agricultores familiares que fazem a venda institucional de taxas e impostos (ICMS principalmente) (Obs: esta proposta reaparece no tema 3 - comercialização);

13. Estruturar as organizações emissoras de DAP (Governamental e Não Governamental), assim como melhorar o sistemas online e de formulário para que a entrega da DAP seja mais acessível e ágil.

14. Realizar uma avaliação para diminuir ou aumentar o percentual de DAP Física para aquisição da DAP Jurídica, considerando as especificidades regionais.

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15. Que o valor de acesso aos recursos das políticas públicas seja calculado com base na quantidade de membros da família que está habilitada a acessar as políticas através da DAP.

Observações da plenária:

Em relação ao limite para o PNAE, de 9 para 20 mil reais: o limite não é por DAP e sim uma extensão; foi um compromisso anunciado pela presidenta Dilma na Marcha das Margaridas, portanto não há mais espaço para se discutir esse ponto (não é uma proposta, já é uma decisão anunciada pelo governo). A preocupação apontada pelo grupo de trabalho foi com o risco de concentração que esse aumento de limite pode gerar.

Em relação à proposta 5: Esta proposta precisa ser mais discutida e detalhada. A idéia é substituir a DAP por um Cadastro da Agricultura Familiar que extrapole o que cada política define para o seu respectivo teto.

Em relação à proposta 14: Alguns pensam que o governo transfere a responsabilidade da emissão de DAPs para a sociedade civil, o que não é justo. Outros, como a CONTAG, vêem como avanço o fato da sociedade civil poder emitir DAPs. Um ponto crucial é a lentidão do sistema, o que tem levado algumas pessoas a ter que postar de madrugada, o que pode gerar inclusive problemas trabalhistas mais tarde.

Em relação à proposta 15: houve uma primeira proposta da plenária, de redução da proporção de DAPs físicas para obtenção da DAP jurídica; mas a CONAB defendeu que seja aumentado para 90% dos associados, para garantir que apenas Agricultores Familiares acessem as políticas, de outro modo, outro tipo de agricultor poderia entrar na DAP jurídica da entidade e seria beneficiado em detrimento de verdadeiros agricultores familiares. O problema, na verdade, é a baixa capacidade instalada para a emissão de DAPs. Surgiu então a proposta de elaboração de um estudo para que isso possa ser melhor avaliado.

TEMA 2

Produção, venda e comercialização de produtos da sociobiodiversidade (animal e vegetal) e agricultura familiar (quantidade, qualidade e sazonalidade). Entrega dos gêneros alimentícios (projetos de venda, logística, formas de entrega: centralizada, descentralizada, etc.)

Propostas

1. Incluir como critério de seleção dos projetos de vendas os produtos da sociobiodiversidade;

2. Desvincular o preço do PAA como preço de referência do PNAE;

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3. Fazer mapeamento sobre o que se produz, como se produz, quando se produz e quanto custa o que se produziu por região. Informação das sazonalidades dos produtos regionais;

4. Desenvolver catálogos com os produtos da AF direcionados aos gestores públicos;

5. Organizar as chamadas públicas para atender a sazonalidade: realizar uma chamada pública de maior vigência com cronograma fragmentado de apresentação dos projetos de venda e passos seguintes; realizar chamadas a cada período sazonal; (Obs.: esta proposta pode estar contida também no Tema das Chamadas Públicas);

6. Infra-estrutura: uso de outros recursos com fonte do FNDE (como PDDE- Programa Dinheiro Direto na Escola); acordos políticos onde a própria entidade executora banca a logística; editais para a infra (Obs.: esta proposta pode estar contida também no Tema 5 - Estrutura das Unidades de Ensino);

7. Lançar editais para estruturação dos locais de produção da alimentação escolar;

8. Criar meios de divulgação e premiação, locais e regionais, das boas práticas de uso do recurso próprio das entidades executoras (prefeituras e estados);

9. Estimular as parcerias entre os PCTAFs para a distribuição dos produtos;

10. Estimular o uso de estruturas já existentes de Centrais de distribuição (CEASAS, centrais de abastecimento, bancos de alimentos e demais) para melhoria das condições de armazenamento e distribuição;

11. Aproveitar as estruturas já existentes e realizar contratações em parceria com outras organizações para realizar a distribuição;

12. Incentivar as cooperativas a realizar estudos sobre os custos de produção, de forma que se possa inserir o custo de logística no preço final do produto;

13. Valorizar o trabalho das merendeiras (manipuladoras de alimentos) e nutricionistas, realizando atividades de formação para essa categoria, com apoio de organizações como os CECANES; promovendo ações de estímulo à profissão;

14. Incluir no plano de cargos das secretarias de educação a profissão de merendeira;

15. Promover encontros com nutricionistas em dias de campo com a agricultura familiar.

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Observações da plenária:

Em relação à proposta 2: a CONAB defende que haja algum tipo de vinculação entre os preços do PAA e os do PNAE para que haja coerência, mas em sua fala na Mesa 2 deste Fórum, Arnoldo Campos, do MDA, foi enfático ao dizer que cada programa deve “seguir o seu caminho” de forma desvinculada. Este aspecto também foi debatido no Tema 4.

Em relação à proposta 13: as nutricionistas precisam ser valorizadas, pois a realidade não reflete o que a lei determina, que seria uma nutricionista para cada 500 alunos. Como elas acumulam muitas atividades, não têm tempo para conhecer melhor os produtos da AF e da sociobiodiversidade, tampouco acompanhar os testes de aceitabilidade. Houve também um debate sobre o termo “merendeira”ou “manipuladora de alimentos”, com a decisão de se usar o termo merendeiras e o outro, que é o termo técnico, depois, entre parênteses. Também houve debate sobre o gênero no qual se escrever o termo, que está sempre no feminino, mas poderia incluir também o masculino.

Em relação à proposta 11: a idéia é diminuir custos de logística, utilizando estruturas que já existem. Um exemplo, da Bahia: a cooperativa não é capaz de entregar os produtos de escola em escola, neste caso utilizaram um deposito da EBDA e contrataram uma empresa de logística. Outra coisa é que a responsabilidade de garantir que os produtos cheguem nas escolas é do estado e não do agricultor.

TEMA 3

Estrutura e Gestão das Organizações Produtivas para que estejam aptas a atenderem as exigências do mercado institucional da alimentação escolar

Propostas:

1. Em relação a infra-estrutura:

1.1 Ampliar os recursos disponíveis e assegurar novos para fomento e financiamentos públicos para a aquisição de equipamentos e infra-estrutura, que possam ser acessados diretamente pelas organizações produtivas;

1.2 Garantir o acesso permanente para esse tipo de financiamento. Isso não deve ser uma ação pontual;

1.3 Quando apropriado (considerando a especificidade do alimento), viabilizar o financiamento para equipamentos de pré-beneficiamento e processos simplificados para unidades descentralizadas de produção, inclusive ao nível doméstico;

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1.4 Que estas políticas sejam viabilizadas para todos os municípios, sem restrições quanto ao tamanho de sua população.

Observações da plenária:

O grupo deu o exemplo do que está sendo viabilizado pela CONAB para agricultores que acessam o PAA junto ao BNDES, ou o que o Ministério da Pesca também tem realizado para infra-estrutura de beneficiamento de pescado e o PRONAF Agroindústria e Proinfo nos territórios. No entanto, houve um esclarecimento na plenária de que esses recursos só podem ser acessados via organização pública, o que é uma limitação.

2. Solicitar que Câmara Setorial dos orgânicos também utilize o modelo do PAA de venda direta, para o PNAE, como comprovação de produção orgânica.

3. Que as políticas públicas, e especialmente a de ATER, contemplem formação para construção de projetos de venda para que as organizações produtivas de PCTAFs sejam capazes de acessar as chamadas públicas de compra.

4. Em relação a problemas com regularização fiscal, sanitária e tributária:

4.1. Fortalecimento dos empreendimentos produtivos de PCTAFs, emergencialmente disponibilizando competências profissionais para solução de passivos, com uma metodologia que qualifique e empodere as organizações. A partir daí a gestão do empreendimento pelos próprios produtores deve ser viabilizada, tendo acesso a profissionais e a informação em linguagem adequada sobre os temas pertinentes.

4.2. Revisão do marco regulatório, entendendo as especificidades dos empreendimentos da agricultura familiar.

5. Em relação a ATER:

5.1. Fortalecimento dos serviços públicos de ATER pública e gratuita, governamental e não governamental, realizado por seguimentos competentes para acesso aos mercados institucionais e com foco agroecológico e socioambiental. Para isso é necessário rever o volume de recursos para que sejam suficientes para este desafio.

5.2. Que as parcerias do Estado com a sociedade civil tenham prazos mais longos (pelo menos 5 anos). Esses processos não se resolvem em um ano.

6. Que os gêneros alimentícios provenientes dos PCTAFs e destinados a alimentação escolar tenham todos os tributos reduzidos ou isentados. (Obs: esta proposta reafirma/complementa a proposta 12 do Tema 1).

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7. Mapear todas as iniciativas e atuar junto a todas as instâncias inter-setoriais existentes (os conselhos de segurança alimentar, alimentação escolar, assistência social, educação e todos com relação com o tema, além de cada um dos projetos federais, estaduais e municipais) para assegurar maior integração, garantindo sinergia, otimização dos recursos e competências profissionais e institucionais.

8. Construção de um projeto pedagógico contextualizado (em função de cada realidade local) para a reeducação alimentar e nutricional.

8.1. Fazer pressão social sobre os governos, a fim de que esse tema seja priorizado.

8.2. Governos devem realizar o acompanhamento nutricional e fornecer instrumentos (equipamentos).

Observações da plenária:

Foi feita referência o exemplo de Minas Gerais, onde o governo entregou balanças a todas as escolas para acompanhamento nutricional. No debate foi dito que o governo já sabe as condições de saúde da população, mas não tem feito nada. O MDS está construindo um marco teórico para construção de uma política de nutrição e alimentação escolar. Há grande resistência do governo de inserir temas nutricionais nos conteúdos pedagógicos das escolas, por isso é preciso que haja pressão para que esta proposta se efetive.

TEMA 4

Chamadas Públicas de Compras (diversos modelos de chamadas, simplificação, preços, resolução FNDE 38/2009 e inter-relação com a Lei 8.666)

Propostas:

1. Em relação à prática de diversos modelos de chamadas:

1.1 Estratégia de interação entre agricultores e secretarias de educação para construção de chamadas públicas.

1.2 Publicização das chamadas públicas nas feiras de agricultores, nos programas de rádio de ampla divulgação, no site Rede Brasil, nos sindicatos, dentre outros.

1.3 Explicitar nas chamadas informações da lei 11.947 e Resolução FNDE 38/2009.

1.4 Que a chamada pública seja por meio de um modelo único, resguardando as especificidades locais e ou regionais.

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1.5 Traduzir as terminologias técnicas e legais nas chamadas públicas, para entendimento dos agricultores e agricultoras.

1.6 Que o Programa Rede Brasil Rural seja utilizado como referência de existência das organizações produtivas nas localidades.

Observações da plenária:

Sobre a proposta 1.3: explicitar que a lei 11.947 não é conflituosa com a Lei 8.666; esclarecer com os gestores que a lei do PNAE é afirmativa e não conflita com a Lei 8.666.

Sobre a proposta 1.4: Houve discussão sobre os tipos de grupos formais e informais e as faixas de valor.

2. Em relação à cotação de preço:

2.1. Incluir, como valor de referência, a cotação de preço entre produtores, o valor da feira do produtor, os valores dos processos licitatórios vigentes;

2.2. Retirar como preço de referência o valor do PAA;

2.3. Que o valor de referência seja o mais abrangente possível (regional).

3. Em relação à interação Resolução FNDE 38/2009 e Lei 8.666:

3.1. Deixar claro para os gestores que não existe conflito entre as Leis 11.947 e 8.666. Fazer chegar mais informações aos estados e municípios sobre esse aspecto.

TEMA 5

Estrutura das unidades de ensino para armazenamento, conservação e preparo da alimentação escolar que observe a inclusão de produtos da agricultura familiar

1. Inserir profissional da área de alimentos na equipe de planejamento e elaboração dos projetos de infra-estrutura das unidades de alimentação escolar, a fim de torná-las mais funcionais.;

2. Esses projetos deverão ser construídos com base em parâmetros técnicos para dimensionamento de áreas em unidades de alimentação e nutrição. Uma referência é a metodologia de Belo Horizonte de dimensionamento de unidade de alimentação escolar.

3. Exigir a construção de refeitórios nos projetos de infra-estrutura;

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4. Desenvolver, na unidade escolar, espaço educativo para a educação alimentar – unidades demonstrativas da produção para as crianças;

5. Ampliar recursos, principalmente para as pequenas prefeituras, para investimento em reforma, adequação e/ou criação de estrutura de armazenamento, conservação preparo e distribuição (refeitórios);

6. Garantir a formação continuada dos manipuladores de alimentos (merendeiras) e gestores escolares, contemplando a utilização de alimentos produzidos pela agricultura familiar e produtos da sociobiodiversidade, de acordo com cada região;

7. Incluir no currículo do curso de nutrição um aprofundamento do PNAE, dos produtos da Agricultura Familiar e sociobiodiversidade;

8. Incluir o cargo de nutricionista (onde não haja) nas secretarias de educação.

TEMA 6

Arranjos legais (SUASA, SIM, SIE, SIF, etc) e regularização sanitária

Propostas:

1. Formar consórcios intermunicipais de inspeção sanitária para a regularização da produção;

2. Prever na legislação nacional que um laudo técnico de organizações de ATER credenciadas possa ser garantia de segurança do produto para alimentação escolar;

3. Tendo o MEI (Micro Empreendedor Individual) como exemplo, poderia haver uma redução da incidência de imposto para a regularização tributária dos empreendimentos e produtos;

4. Viabilizar a implantação de Boas Práticas de Fabricação nas cadeias da sociobiodiversidade, respeitando suas especificidades por meio de editais para contração de ATER (ex.: via ministérios), promovendo também a aproximação com organizações da sociedade civil, os CECANES, universidades públicas e outros;

5. Criação de uma lei da agroindústria familiar de âmbito nacional, conforme a lei já existente no Estado de Minas Gerais nº 19.476/11 e Decreto nº 45.821/11;

6. Que os governos estaduais construam estruturas de abatedouros com inspeção sanitária em regiões de alta densidade animal;

7. Que seja mais ágil a resposta das visitas das autoridades sanitárias às cooperativas, quando solicitadas, com prazo definido, sob pena de advertência;

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8. Que as autoridades sanitárias tenham entendimento comum acerca das orientações.

Observações da plenária:

Em relação à proposta 6: é a questão de ausência dos abatedouros com SIM na região nordeste, onde a produção de caprinos é uma das principais fontes de renda. Para o PAA está dando certo, mas para o PNAE está tendo que abater os animais a 200 km de distância do local de produção, o que encarece demais o custo de produção.

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3ª. Mesa:

Panorama atual e concepções do Programa Nacional de

Alimentação Escolar – uma visão do Governo Federal

Discussão e debate sobre as alternativas de aperfei çoamento das

Ações/Programas à luz das propostas apresentadas pe lo I Fórum

Rosane Maria Nascimento da Silva, do FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da

Educação – Coordenação Técnica de Alimentação e Nutrição – COTAN5

Começou falando das bases legais do PNAE – Constituição Federal, LDB e outros, indo desde o direito à vida, até o direito a alimentação saudável na escola. Mostrou a relação do PNAE com as metas do milênio e a relação dos princípios do PNAE com o conceito de segurança alimentar.

Explicou que o PNAE está na educação, mas funciona à base de cooperação intersetorial com a saúde, com a agricultura, com o meio ambiente, com o desenvolvimento social e econômico e com a segurança alimentar e nutricional.

Apresentou os números do PNAE e em seguida mostrou os dez passos para o processo de compra e venda de produtos da AF para a alimentação escolar. Apresentou um demonstrativo do ano de 2010 das compras realizadas e em seguida, um quadro com os desafios, no qual as questões de falta de logística e da baixa organização da AF se destacam.

Em seguida, apresentou as categorias de gêneros alimentícios comprados da AF e as ações estratégicas do PNAE, como as restrições para compra de alimentos “obesogênicos” e a priorização da compra de alimentos agroecológicos, entre outros.

Ressaltou a importância dos CAEs e o papel das nutricionistas e merendeiras; apresentou a estrutura funcional do PNAE, sua participação nos planos interministeriais, os centros colaboradores com o PNAE e o trabalho dos CECANEs, finalizando com a importância da Rede Nacional de Alimentação Escolar como uma ação estratégica.

Arnoldo Campos, do MDA:

O PNAE também tem o papel de fortalecer a AF e não apenas melhorar a alimentação escolar. A nova versão da resolução 38 é para aprimorar com relação à experiência dos dois primeiros anos de sua implementação. Ele propõe discutir mais a questão de

5 Apresentação em pdf disponível em anexo a este relatório.

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punição do gestor público se não cumprir os 30% determinados pela lei, a partir da palestra do auditor-chefe do FNDE. Compreende que não se deve multar, pois agora o momento é de sensibilizar; mas deve haver algum tipo de punição administrativa para quem não cumprir a lei.

Fala do novo portal para compra e venda dos produtos: www.redebrasilrural.mda.gov.br e conclama as entidades a se cadastrar. O gestor do município vai receber uma senha para que possa publicar os editais e consultar a oferta da AF; haverá um catálogo de produtos da AF disponíveis. As cooperativas em breve terão que prestar contas também do que vendem ao PNAE.

O MDA vai aumentar o investimento no NUTRE e trazer, como novidade, o apoio à gestão – contabilidade, administração, advogado. Assessorar cerca de 200 cooperativas no novo Nutre.

Recursos: vão acordar como operacionalizar os 140 milhões direcionados para a modalidade formação de estoque.

Flexibilizar a emissão de DAP é complicado, pois pode gerar a entrada de agricultores que não são familiares, e no caso de um programa com muito subsidio e dispensa de licitação o controle precisa ser feito.

Não há interação entre a Secretaria de Agricultura e a Secretaria de Educação, quem promove esta interação é o CECANE. Essa falta de interação também ocorre entre os ministérios em Brasília.

Organização econômica: não defende grandes cooperativas e não tem nada contra grupos informais, mas a organização econômica é fundamental para resolver o problema na escala que é preciso. O MDA precisa reconhecer que dentro do custo do produto está o custo administrativo, qualquer empresa embute esses custos, que são verdadeiros. O MDA vai oferecer profissionalização e espera que as ONGs também incluam este tipo de profissional para a ATER.

Integração de cooperativas: defende que a fusão possa ser um bom caminho, pois traz benefícios para ambas – são soluções de conjunto para grandes mercados, já que o mercado local não absorve toda a produção.

Rogério Edwald, da CONAB

O nordeste foi a região que mais operacionalizou o PAA, 33% em 2011. A cara da agricultura familiar é mais do nordeste do que do sul, hoje em dia.

Padrões de consumo: é preciso trabalhar o aspecto da educação alimentar, sensibilizar os educadores para se alcançar sucesso com relação à mudança de hábitos alimentares.

É necessária uma estratégia de comunicação para a alimentação escolar com relação à grande diversidade de produtos da AF e sociobiodiversidade, inclusive para o público

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urbano. É preciso sensibilizar os consumidores. Os orgânicos são um bom exemplo a seguir, apesar de serem voltados para um extrato econômico avantajado.

Resume os problemas da DAP – acesso, gênero e geração.

Falta investimento para as estruturas e para gestão. Um avanço forte foi o projeto recém aprovado da CONAB com o BNDES para investimentos a fundo perdido para levar equipamentos, além de gastos com a gestão para empreendimentos que entregam para o PAA.

Falou da Política Nacional de Agroecologia, que será apresentada para a Casa Civil em poucas semanas.

Ana Muller, do MDS:

Já se pode ver grandes avanços em muito pouco tempo. No MDS, o diálogo é no sentido de valorizar a importância da AF na produção de alimentos, ajudando quem não tem renda suficiente para consumir. Está em elaboração um marco legal de alimentação escolar e de erradicação de obesidade, mas o governo tem dificuldade de entrar na cultura de cada família e de fato mudar hábitos alimentares.

PAA: estão tentando pactuar com os estados que, ao entrarem no PAA, tomem atitudes para estimular a AF, como por exemplo, isentar os produtos de ICMS. Junto com o recurso vai um conjunto de requisitos que contribuem para que a política pública seja de fato implementada, pois a lei sozinha não consegue.

Experiência de edital para que municípios construam centrais de abastecimento para colaborar com a chegada do PAA e do PNAE, com relação à logística, armazenagem, processamento, limpeza.

A lógica do PAA é de focar primeiro no produtor mais isolado e menos privilegiado, para que depois ele possa acessar outros mercados, no combate à extrema pobreza. Essas são ações que refletem as prioridades determinadas pela presidente Dilma.

Monica B. Sousa , da SAF/MDA

Anuncia que em 2012 serão organizadas duas feiras – Praça da sociobiodiversidade, na FENAFRA, e a Rio+20, com participação de quatro biomas.

Contatos pelo e-mail: [email protected]

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Encaminhamentos

Em relação às propostas do I Fórum:

� O documento gerado por este evento será encaminhado para as autoridades competentes pelas entidades organizadoras do evento (ISPN e AGENDHA).

� Cada um deve repassar e divulgar o documento em sua área de atuação – socializar e também encaminhar às autoridades competentes locais e regionais.

� Aproveitar todos os espaços das agendas institucionais para divulgar as propostas.

� ABRAÇO se comprometeu a divulgar as propostas em sua rede de rádios comunitárias.

� UNIDIME, CONSED e Confederação dos Municípios são também espaços importantes para divulgação das propostas em suas respectivas redes.

� Divulgar também na conferencia de ATER, em Brasília, e das Conferências Estaduais de ATER (PE e MA).

Em relação à articulação:

� Aproveitar espaços já existentes para encontros, como a Conferência Nacional de ATER.

� Criar uma lista de e-mails (um grupo) para funcionar como espaço de debate e comunicação.

� Iniciar uma articulação focada na inclusão da AF e sociobiodiversidade na alimentação escolar.

� Procurar interagir com o Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar.

Grupo motivador:

� Criação de um grupo motivador, que pode ter encontros presenciais e virtuais, formado por representantes da sociedade civil - AGENDHA, ISPN, CONTAG, CAA-NM, UNICAFES - e do governo - PNAE (Rosane); MDS (Ana Muller); PAA; Programa de Promoção das Cadeias da Sociobiodiversidade, DEGRAV/MDA, CENANES.

� Dentro desse grupo motivador, haveria um grupo focal formado por ISPN e AGENDHA, Ana Müller do MDS e Rosane do PNAE.

Segundo Fórum:

� Previsão de realização do segundo fórum, de âmbito nacional, organizado pelo grupo motivador, aproveitando neste percurso as oportunidades que existem,

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como o encontro do NUTRE, as conferências de ATER e outros. Indicativo de data – março de 2013. Local sugerido: Ilhéus, sul da Bahia.

� Promover encontros estaduais, organizados por iniciativa das próprias organizações estaduais, com apoio do Nutre. Esses encontros contariam com documento base e acompanhamento do grupo motivador e seriam preparatórios para o II Fórum.

� Os NUTRES deveriam fazer avaliação permanente em relação às propostas levantadas no I Fórum, para apresentação no II Fórum. Neste também deveria haver espaço para apresentação da própria trajetória dos NUTRES.

Continuidade e ampliação dos debates:

� Promover debates públicos na época das campanhas para as eleições 2012.

� Aproveitar os encontros dos CECANES e NUTRES.

� Aproveitar os espaços de preparação da Rio + 20.

Avaliação

Foi feita uma planilha de avaliação do evento retratada abaixo:

Muito bom!! Bom. Não tão bom...

Mesas (pertinência)

35 1

Participação 19 17

Organização prévia 33 3

Grupos de Trabalho

21 14 1

Propostas 19 17

Logística 23 13