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RELATÓRIO FINAL EXCELÊNCIA EM TURISMO: APRENDENDO COM AS MELHORES EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS 2008/2009 PORTUGAL – REGIÃO NORTE TURISMO CULTURAL E RURAL OUTUBRO DE 2008

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RELATÓRIO FINAL

EXCELÊNCIA EM TURISMO:

APRENDENDO COM AS MELHORES EXPERIÊNCIAS

INTERNACIONAIS 2008/2009

PORTUGAL – REGIÃO NORTE

TURISMO CULTURAL E RURAL

OUTUBRO DE 2008

MINISTÉRIO DO TURISMO

Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho, Ministro de Estado

Secretaria Nacional de Políticas do Turismo

Airton Pereira, Secretário

Diretoria de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico

Tânia Brizolla, Diretora

Coordenação Geral de Segmentação

Rosiane Rockenbach, Coordenadora

EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo

Jeanine Pires, Presidente

Diretoria de Turismo de Lazer e Incentivo

José Luiz da Cunha Viana, Diretor

Gerência de Apoio à Comercialização

Karem Basulto, Gerente

Alice Plakoudi Souto Maior

Célia Borges

Kalinka Cavalcante

SEBRAE NACIONAL –Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

Paulo Tarciso Okamotto, Presidente

Diretoria de Administração e Finanças

Carlos Alberto dos Santos, Diretor

Diretoria Técnica

Luiz Carlos Barboza, Diretor

Gerência da Unidade de Atendimento Coletivo, Comércio e Serviços

Ricardo Guedes, Gerente

Aryanna Nery

Dival Schmidt Filho

Lara Franco

Germana Magalhães

Valéria Barros

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BRAZTOA – Associação Brasileira das Operadoras de Turismo

José Eduardo Barbosa – Presidente

Monica Eliza Samia – Diretora Executiva

Domenico Palma Neto – Coordenador Geral

Jaqueline Gil

Lilian La Luna

Márcia Neves

Rafael Frias

Liderança Técnica

Anete Ferreira

Fátima Trópia

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SUMÁRIO

1. Apresentação do Projeto Excelência em Turismo - Aprendendo com as melhores

experiências internacionais ..................................................................................................... 5

2. Apresentação Institucional ................................................................................................. 6

3. Metodologia de Benchmarking utilizada .......................................................................... 7

4. Participantes da Viagem Técnica ............................................................................................ 12

5. Portugal – Turismo Rural e Cultural ............................................................................... 15

6. Boas e melhores práticas observadas .................................................................................... 19

6.1 Roteiro de Viagem ............................................................................................................ 19

5.2 Práticas identificadas ....................................................................................................... 23

5.3 Experiências observadas no roteiro ............................................................................ 27

Conclusão .................................................................................................................................... 65

Referências bibliográficas ........................................................................................................... 69

Este relatório é parte integrante dos resultados desta viagem técnica. Veja também o vídeo, a galeria de

imagens e depoimentos dos empresários participantes – www.excelenciaemturismo.gov.br.

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1. Apresentação do Projeto Excelência em Turismo - Aprendendo com as melhores experiências internacionais

O Projeto Excelência em Turismo: Aprendendo com as Melhores Experiências Internacionais foi idealizado em 2005 e conta com a parceria do Ministério do Turismo, do Instituto Brasileiro de Turismo – Embratur – e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, sendo a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo – Braztoa – a executora do projeto.

Baseado em técnicas de benchmarking1, o projeto proporciona a empresários de turismo, dos mais diversos pontos do país, a vivência de práticas de excelência na operação turística.

A 1ª edição do Projeto foi, do ponto de vista institucional, um marco na história do turismo brasileiro. Setenta operadores de turismo receptivo local participaram de viagens técnicas para Costa Rica, Peru, México, Nova Zelândia, Espanha e Argentina, e puderam observar e analisar, em cada um desses destinos, boas e melhores práticas em ecoturismo, turismo cultural, mergulho, turismo de aventura e em turismo de pesca esportiva. Após as viagens, cada um desses empresários realizou ações de multiplicação do conhecimento em suas respectivas localidades, o que levou a atingir, até o momento, aproximadamente 2000 outros atores da cadeia produtiva do turismo no Brasil.

Em sua segunda edição, no ano de 2006, o projeto Excelência em Turismo – Aprendendo com as Melhores Experiências Internacionais, contemplou 45 empresários com atuação focada nos segmentos de Ecoturismo & Aventura, Sol & Praia, Eventos & Entretenimento e Eventos Culturais & Esportivos. As viagens aconteceram aos países: África do Sul, St. Marteen/Caribe, Estados Unidos e Espanha, e favoreceu indiretamente aproximadamente 2800 empresários e profissionais do turismo pelas ações de multiplicação. No ano de 2006 o projeto contou com o apoio à gestão do Instituto Marca Brasil – IMB.

No ano de 2008, em sua terceira edição, o projeto busca apoiar outros 48 empresários, com atuação nos segmentos de Turismo Social – Melhor Idade, Turismo Rural e Cultural, Gestão e Tecnologia com foco em operadoras e Turismo de Eventos – Copa do Mundo. Os países visitados são, respectivamente, Chile, Portugal, Estados Unidos e Alemanha. Estima-se um número de aproximadamente 1500 empresários, acadêmicos, consultores e profissionais em geral beneficiados indiretamente pelo projeto, especialmente por meio das ações de multiplicação dos participantes de cada viagem.

Os objetivos do Projeto Excelência em Turismo estão contextualizados dentro das políticas públicas prioritárias, de dinamizar a expressiva economia de serviços que é o turismo, de forma a gerar renda, postos de trabalho, divisas e contribuir de forma decisiva na preservação e exploração sustentável dos patrimônios naturais e culturais do Brasil. Para tanto, é imperativo que os destinos turísticos brasileiros sejam reconhecidos pela elevada qualidade dos serviços que oferecem nos mais diversos aspectos que compõem o produto turístico, tornando-os competitivos no mercado externo e atraentes ao mercado interno, levando também os brasileiros a consumi-los com maior freqüência.

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Benchmarking: trata-se de um processo dinâmico e contínuo de aprimoramento e melhoria em negócios/empresas ou instituições, com base na observação e análise de outras experiências de referência, adaptações, implementações e constante avaliação.

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Público-alvo

Prioritariamente pequenos e médios empresários, representantes ativos da cadeia produtiva do turismo, que focam sua atuação principalmente nos 65 Destinos Indutores do Desenvolvimento Turístico Regional, identificados pelo Ministério do Turismo, e atendem especialmente ao turismo receptivo internacional, nos segmentos/temas de cada uma das viagens técnicas.

Objetivo Geral

Identificar, observar e analisar, em destinos internacionalmente reconhecidos, práticas de excelência, possibilitando que outros destinos turísticos com vocações semelhantes tenham como referência as estratégias e os modelos levantados e possam adaptá-los a sua cultura e as suas peculiaridades, com vistas a uma mudança que leve o desenvolvimento da atividade turística no País a melhores resultados.

Por meio da organização de quatro viagens técnicas, o projeto foca na observação da operação e da estratégia de desenvolvimento de produtos turísticos nos segmentos-tema, que são hoje referências internacionais. Enfoca também o aprendizado e o fomento à implementação das boas práticas observadas, visando o aprendizado pelos participantes e o conseqüente aprimoramento dos serviços, da qualidade e da competitividade dos produtos turísticos brasileiros.

Este relatório apresenta a experiência vivenciada em Portugal, para observação de práticas de turismo cultural e rural.

2. Apresentação Institucional

���� Ministério do Turismo/EMBRATUR

Com a criação do Ministério do Turismo, em janeiro de 2003, a autarquia especial EMBRATUR passou a cuidar exclusivamente da promoção do Brasil do exterior. Responsabiliza-se pelo alcance das metas estabelecidas no Plano Nacional de Turismo em relação ao turismo internacional.

Papel no projeto – Instituição Realizadora

Propôs o projeto e acompanha os resultados

� Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE Nacional)

Trabalha pelo desenvolvimento sustentável das empresas de micro e pequeno porte, promovendo cursos de capacitação, facilitando o acesso a serviços financeiros, estimulando a cooperação entre as empresas, organizando feiras e rodadas de negócios e incentivando o desenvolvimento de atividades que contribuam para a geração de emprego e renda.

Papel no projeto – Instituição Realizadora

Propôs o projeto e acompanha os resultados

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���� Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (BRAZTOA)

É uma sociedade civil, sem fins lucrativos, fundada em 1989. Sua finalidade é:

•••• Promover a valorização das atividades desenvolvidas por seus associados, no País e no exterior;

• Promover ações que aproximem seus associados das agências de viagens e dos demais segmentos do setor turístico;

• Promover o aperfeiçoamento das relações comerciais entre seus associados e empresas de transporte aéreo, hotéis e demais fornecedores;

• Aproximar os associados de entidades congêneres nacionais ou internacionais, podendo participar também de suas ações promocionais;

• Promover pesquisas, capacitação e ensino, visando o desenvolvimento institucional;

• Promover, por meio de projetos e parcerias, a divulgação de informações, atividades e outras demandas de interesse da entidade e de seus associados em qualquer meio falado, escrito, eletrônico ou virtual, procedendo-se os eventuais registros nos órgãos competentes, se necessário.

Papel no projeto – Executora

Executa as ações previstas no projeto

3. Metodologia de Benchmarking utilizada

O benchmarking é um procedimento de comparação contínuo e sistemático que tem como objetivo principal verificar o estado de evolução de organizações, produtos, processos, estratégias ou atividades em relação a outras com características similares e/ou passíveis desta comparação. O benchmarking também tem como objetivo criar os padrões de referência para que as organizações e pessoas possam melhorar seu rendimento (desempenho) e, portanto, obter resultados mais adequados para a diferenciação competitiva no mercado.

Para o processo da aplicação de benchmarking se utilizam alguns procedimentos de pesquisa estruturados em uma metodologia adequada às necessidades do tipo de observação e análise que se está efetuando. No caso do Projeto de EXCELÊNCIA EM TURISMO – Aprendendo com as Melhores Experiências Internacionais, a metodologia foi estruturada considerando cinco etapas, subdivididas em ações específicas, conforme demonstra a figura 1, a seguir.

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Figura 1. Etapas da Pesquisa

2 - Pesquisa de Campo

3 - Avaliação

4 - Sistematização Final de

informações técnicas

1 - Pré-viagem

5 - Disseminação

- Identificação do destino e organização da metodologia; - Realização de treinamento sobre benchmarking; - Reunião de Pactualização com empresários

- Observação das boas e melhores práticas; - Entrevistas e aplicação dos questionários. - Análise do observado, com foco nas possíveis implementações no Brasil; - Análise final;

- Tabulação dos dados coletados pelos empresários; - Análise dos dados;

- Organização das informações em relatório final, DVD e banco de boas práticas (website);

- Disseminação do conhecimento obtido, por meio de ações de multiplicação; - Aplicação do aprendizado em empresas e instituições – implementações;

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Na primeira etapa (chamada pré-viagem) foi identificado o destino mais adequado para observação de boas e melhores práticas para o segmento escolhido. Também foi capacitada a equipe técnica do projeto, de forma a compreender o processo de benchmarking e a aplicação das ferramentas metodológicas. Os empresários selecionados foram capacitados por meio de um treinamento sobre o conceito do projeto e puderam se preparar para a viagem;

Também foi realizada a Reunião de Pactualização, no Brasil, com a liderança técnica, empresários e técnicos participantes da viagem, com o objetivo de informar detalhadamente a metodologia do projeto, alinhar os conhecimentos de benchmarking e explicar os principais aspectos a serem observados ao longo da viagem, na aplicação dos questionários e na realização das entrevistas.

Os principais temas selecionados para observação durante as visitas e entrevistas, estão divididos em nove tópicos, e são:

•••• Aspectos de Gestão – Este item é relativo ao processo de gestão dos negócios. A observação foi efetuada considerando quais os elementos do processo que apóiam ou contribuem para a boa gestão dos negócios de turismo e se tornaram boa ou melhor prática no empreendimento visitado.

•••• Aspectos de Infra-estrutura – Este item é relativo à disponibilidade do equipamento em relação à estrutura/capacidade física e de adaptação para atendimento a diversificados públicos/tipos de clientes. Refere-se, também, à apresentação, estética, decoração, acessibilidade e funcionalidade da estrutura do negócio. A sinalização é um ponto igualmente observado.

•••• Aspectos do Negócio – Produtos e Serviços Ofertados – Este item é relativo ao negócio propriamente dito, considerando as características específicas de cada equipamento turístico. É relacionado com a definição e estratégias dos 4 Ps do marketing (produto, praça, promoção e preço), e, principalmente, atendimento.

•••• Aspectos de Certificação – Este item é relativo ao processo de padronização e validação de procedimentos para a devida certificação dos produtos e/ou serviços turísticos. Corresponde a avaliação da existência de normas, regulamentos/leis e padrões mínimos para o estabelecimento de procedimentos de estruturação, avaliação e certificação dos produtos turísticos locais e/ou regionais.

•••• Aspectos de Formação e Qualificação – Este item observa as ações relativas à formação de profissionais para executar os serviços turísticos, bem como as políticas de gestão de pessoas. Também observa a relação da formação profissional com os aspectos culturais e suas especificidades. Identifica qual a infra-estrutura de instituições de formação e qualificação profissional existente e que contribui para o desenvolvimento do turismo.

•••• Aspectos de Segurança – Neste item é importante a observação dos aspectos relativos à segurança pessoal dos turistas/clientes, sua integridade física e moral durante o período de estada no destino. Observa a segurança de equipamentos utilizados no produto turístico, a gestão de riscos das atividades e as respectivas normas de conduta.

•••• Aspectos de Parcerias - Networking – Neste item são observados os aspectos relativos à parceria entre empresas, entre o setor público e privado e as entidades de classe e representação empresarial. Também investiga e identifica as melhores práticas de articulações interinstitucionais que promoveram o desenvolvimento dos negócios do turismo no destino.

•••• Aspectos de Envolvimento da Comunidade – Este item investiga como ocorre o envolvimento e a participação da comunidade local no negócio,

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considerando suas características e especificidades. Observa a existência de projetos de inclusão social e desenvolvimento da comunidade. Também verifica a integração e utilização dos aspectos culturais do local nos produtos turísticos, como artesanato, costumes e outros, sob o ponto de vista da sustentabilidade social/cultural.

•••• Segmento específico - Neste item são observadas as características e detalhes específicos dos espaços e atividades relacionados ao segmento analisado, sua forma de constituição e a importância como negócio.

Na segunda etapa (pesquisa de campo – durante a viagem) foram realizados os levantamentos de informações, a aplicação dos questionários, a observação das boas e melhores práticas e as respectivas entrevistas nos destinos visitados. O elemento principal da pesquisa de campo foi a busca de informações, norteada pela visão dos empresários nas experiências práticas de cada viagem. Esta etapa compreendeu a observação e análise da realidade, registro das principais boas e melhores práticas e possibilidades de implementação das mesmas em seus negócios.

Na terceira etapa (chamada Avaliação) foram realizadas as respectivas tabulações e análises dos instrumentos de levantamento de informações utilizados. Nas análises quantitativas, os equipamentos foram agrupados de acordo com o tipo de atividade do negócio, sendo que as respostas foram transformadas em porcentagens. A análise das questões teve como objetivo principal validar as boas e melhores práticas identificadas no destino e nos equipamentos visitados.

Na quarta etapa (chamada Sistematização final de informações técnicas) foram efetuados os cruzamentos dos dados necessários e a identificação e respectivas conclusões de cada uma das boas e melhores práticas verificadas em cada destino. Como resultados desta etapa foram constituídos um relatório final, um DVD e demais informações apresentadas no website do projeto.

O presente relatório é resultado final desta quarta etapa, que descreve as boas e melhores práticas observadas em cada visita, e faz referência aos principais exemplos que caracterizam a aplicação prática da gestão no turismo, infra-estrutura, negócios e produtos turísticos, certificação e segurança nas operações de turismo, qualificação e formação de pessoas, parcerias empresariais e governamentais para desenvolver o turismo, envolvimento da comunidade no turismo e do segmento específico.

Para facilitar o entendimento do leitor, destacam-se as diferenças entre boas e melhores práticas.

• Boas práticas são aquelas que refletem a aplicação de técnicas e ações já amplamente conhecidas em outros negócios e setores, que proporcionam algum grau de diferenciação do negócio ou destino turístico, mas que, no setor do turismo, ainda não estão totalmente disseminadas. Também é importante ressaltar que um conjunto de boas práticas poderá ajudar a construir uma melhor prática, evidenciando o processo de melhoria contínua que os negócios podem obter com uma boa gestão.

• Melhores práticas são aquelas que refletem uma implementação de técnicas e ações com alto grau de excelência, resultando, portanto, em uma diferenciação significativa no negócio ou destino turístico. Importante ressaltar que a prática de excelência pode tornar o negócio ou destino turístico diferenciado entre seus concorrentes, proporcionando alta competitividade empresarial (negócio turístico) e regional (destino turístico).

A partir da análise das boas e melhores práticas, iniciam-se os procedimentos da última etapa (chamada Disseminação), que contempla a realização de reuniões, palestras e oficinas em várias regiões do Brasil para que os participantes (empresários, consultores e técnicos) das viagens possam disseminar os

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conhecimentos aprendidos e informações com o objetivo de promover novas práticas para o desenvolvimento do turismo.

O grande resultado do projeto e de todas as etapas acontecem quando os empresários implementam em seus negócios as práticas de referência observadas e conseguem por meio dessas inovações, alcançar melhores resultados do ponto de vista da qualidade e da satisfação de seus clientes.

Esse relatório evidencia as boas e melhores práticas observadas durante a viagem técnica a Portugal, seguindo as etapas apresentadas acima.

Para ilustrar cada prática observada, foi adaptada a seguinte iconografia:

Verde - BOA PRÁTICA

Azul - MELHOR PRÁTICA

Gestão

Infra-estrutura

Negócio

Certificação

Segurança

Qualificação e Formação

Parcerias

Envolvimento da Comunidade

Segmento Específico

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4. Participantes da Viagem Técnica

O grupo da viagem técnica foi composto por:

EMPRESA PARTICIPANTE SEGMENTOS EM QUE OPERA DESTINO E TIPO DE

OPERAÇÃO CONTATO

Brasil Central Alessandra Helena Schneider

Ecoturismo , Cultura, Esporte, Negócios e eventos, Produtos focados.

Pirenópolis/GO Receptivo

[email protected]

Casa de Campo - Engenho de Lazer

Maria Lúcia Cavalcanti Carneiro Leão

Cultural, Ecoturismo, Esporte, Negócios e eventos, Produtos Focados

Itambé/PE Meio de hospedagem

[email protected]

Cavalgadas Brasil Andreia Maria Roque Ecoturismo, Cultura, Esporte. Atibaia/SP Receptivo

[email protected]

Chez Domaine Joaquim Ferreira Silva Filho

Ecoturismo, Cultura, Negócios e eventos, Produto Focado, Outros (Gastronomia e Agricultura Orgânica).

Domingos Martins/ES Meio de Hospedagem

[email protected]

Spa Relaxante Don Ramon

Esther Maria Rodrigues Atz

Ecoturismo, Cultura, Esporte,Negócios e eventos e Produtos focados.

Canela/RS Meio de Hospedagem

[email protected]

Hotel Fazenda Campo dos Sonhos

Fernando Augusto Palazi

Ecoturismo, Cultura, Esporte, Negócios e Eventos, Produtos Focados

Socorro/SP Meio de Hospedagem

[email protected]

Hotel Fazenda Saint Moritz

Nauro Eduardo Grehs Ecoturismo, Cultura, Esporte, Negócios e eventos, Produtos focados.

Teresópolis/RJ Meio de Hospedagem

[email protected]

MoraisTur José Raimundo da Sol e Praia, Ecoturismo, Cultura, Rio Branco/AC [email protected]

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Silva Morais Esporte, Negócios e eventos. Receptivo Opzzione Turismo Douglas Guimarães Ecoturismo, Cultura, Esporte,

Negócios e eventos, Produtos focados.

Bento Gonçalves/RS Receptivo

[email protected]

Pousada Mirante do Café Maria Cristina Capanema Gonçalves

Ecoturismo, Cultura, Esporte, Negócios e eventos.

Ouro Preto/MG Meio de Hospedagem

[email protected]

Restaurante Trem da Serra

Maria do Carmo Peixoto Bravo

Ecoturismo Cultura, Negócios e eventos, Produtos focados.

Sobradinho/DF Restaurante

[email protected]

Spa Outeiro de Minas Ana Lucia Bovi Ecoturismo, Cultura, Esporte, Produtos focados.

Itabirito/MG Meio de Hospedagem

[email protected]

INSTITUIÇÃO REPRESENTANTE ORIGEM CONTATO Embratur Kalinka Vieira Cavalcanti Brasília/DF [email protected] Ministério do Turismo Ana Clévia Guerreiro Brasília/DF [email protected] Sebrae Nacional Valéria Barros Brasília/DF [email protected] Braztoa Alexandre Flório São Paulo/SP [email protected] Consultora Anete Ferreira Rio de Janeiro/RJ [email protected] Roteirista Lincoln Shedd São Paulo/SP [email protected] Cinegrafista João Akira Nishimura São Paulo/SP [email protected] Associação das Cidades Históricas de Minas

Miriam Rocha Belo Horizonte/MG [email protected]

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De forma ilustrativa, as seguintes Unidades da Federação tiverem representantes durante a viagem:

Participantes viagem técnica

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Fonte: Arquivo participantes 5. Portugal – Turismo Rural e Cultural

Ponte de Lima

Lamego

Alijó

VALE DO MINHO

VALE DO DOURO

A região Norte de Portugal é formada por cidades, vilas e aldeias centenárias, algumas remontam ao período romano. Os vestígios desse passado distante se encontram por toda parte e conduz o visitante numa viagem no tempo, por pontes de pedra, fortalezas, muralhas, castelos, praças, ruelas estreitas, casinhas, jardins coloridos. A vida conserva um ritmo diferente, num ambiente mais tranquilo, menos frenético que a contemporaneidade impõe, é o cotidiano do espaço rural que resiste no imaginário e se tangibiliza no estilo de vida da população, nas tradições que são mantidas, em práticas que sobrevivem e são valorizadas. O contraponto se estabelece com as cidades que o passado não impediu seu encontro com o futuro, algumas passaram por transformações estruturais, seja modelo de ocupação urbana, na atividade econômica determinante, na arquitetura, como é o caso do Porto.

A visita técnica do projeto Excelência em Turismo se concentrou na cidade do Porto e nos Vales do Minho e do Douro, território onde a produção do vinho tem um papel determinante na vida e na economia há centenas de anos. Por sua localização próxima da fronteira com a Galícia, muitos caminhos dos peregrinos de Santiago de Compostela passavam por essa região, criando também os primeiros meios de hospedagem e a tradição da hospitalidade.

O Porto é a cidade que deu nome à nacionalidade portuguesa, é a capital do Norte e o portão de entrada para quem quer conhecer a região. Com raízes profundas na história, traduzidas no encanto e características de seus bairros antigos, o Porto oferece todas as vantagens de uma moderna cidade cosmopolita européia. Seu Centro Histórico, que é classificado pela UNESCO como Patrimônio Mundial, inclui o burgo medieval limitado pelas muralhas do século XIV e as caves do mais tradicional vinho que leva sua alcunha. Mas nem só de história se faz a cidade, que oferece restaurantes, centro comercial amplo, opções de entretenimento e lazer, mas se destaca pela excelência dos equipamentos culturais, que vai de museus a centros de arte.

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No Minho e no Douro, o interessante do ponto de vista do interesse turístico, é a combinação equilibrada e harmoniosa de passado e presente. A modernidade se apresenta nas autoestradas que garantem excelentes condições de acesso, nas instalações confortáveis adaptadas em edificações centenárias, em equipamentos sofisticados, nos serviços impecáveis e no profissionalismo do atendimento. O passado resiste na paisagem natural e cultural, no modo de vida, nas atividades tipicamente rurais, na diversidade da gastronomia, no tempo dedicado aos pequenos prazeres cotidianos, nos amplos espaços ao ar livre.

Na faixa próxima ao Atlântico fica o Vale do Minho, mais fria por causa dos ventos oceânicos, se destaca pelo típico vinho verde e por abrigar manifestações culturais singulares e relevantes conjuntos arquitetônicos nas áreas urbanas e rurais. O Minho está sempre em festa, verdadeiros banquetes para o corpo e a alma. Alegria, música, dança, cores, sabores compõem o ritual das festas minhotas.

No Vale do Douro as temperaturas vão aos extremos, no verão os termômetros chegam próximos aos 50ºc e no inverno a neve cobre as colinas. Essas características climáticas associadas às especificidades do solo estabelecem condições únicas e necessárias para a produção do vinho do Porto, reconhecido internacionalmente desde o período do grande império português ultramarino e que foi durante muito tempo o produto e a moeda de Portugal no comércio mundial.

O Vale do Douro é a mais antiga região produtora de vinho demarcada do mundo, encanta pelo deslumbrante cenário das vinhas que se estendem ao longo do rio e descem em patamares pelas encostas até suas margens, com nuances e cores que mudam conforme a estação. A paisagem cultural do Alto Douro Vinhateiro foi reconhecida pela UNESCO em 2001 como Patrimônio Mundial, conceito que permeia toda a atividade turística na região. Verifica-se que a valorização da paisagem é um de seus mais importantes diferenciais e isso é aproveitado na estruturação dos empreendimentos, que respeitam os princípios da preservação e da efetiva integração a este contexto cenográfico.

Técnicas de produção ancestrais, que passam pelos procedimentos da colheita, pela alegria contagiante da serpetina presente nos lagares durante a pisa das uvas, pelo processo de armazenamento nas caves em tonéis de madeira. A arquitetura tradicional das quintas, das vilas, os solares com sua estrutura nobre, as aldeias com seus ambientes rústicos. O cerimonial em torno das refeições, com pratos típicos acompanhados de muito vinho. Tudo remete ao contexto do espaço rural, mas surpreende pelo bom gosto existente na estrutura física, em alguns casos com luxo e sofisticação, pela qualidade do atendimento com serviços impecáveis. Os produtos e as atividades turísticas da região estão sendo desenvolvidos dentro dos princípios e conceitos contemporâneos de sustentabilidade, com integração de cultura e natureza, oferecendo possibilidades para que o turista conheça a região através de vivências e experiências únicas.

O desenvolvimento do turismo no âmbito do espaço rural foi desencadeado pelo segmento do turismo de habitação, um conceito genuinamente português, cunhado no começo dos anos de 1980 para designar os meios de hospedagem de natureza familiar adaptados em antigas casas apalaçadas ou residências de membros da nobreza, de reconhecido valor histórico e arquitetônico, localizadas fora dos centros urbanos. Uma associação foi criada para coordenar as ações voltadas para o incremento dessa nova atividade e função, a TURIHAB (Turismo de Habitação) que tem sua sede em Ponte de Lima e que tem como uma de suas principais lideranças o Conde de Calheiros, que fez da residência de sua família a experiência piloto.

O projeto de Turismo de Habitação foi abraçado pelo programa LEADER2 da União Européia e impulsionou mudanças significativas, suscitando a formação de redes de

2 Criado em 1991 por iniciativa da União Européia, o Programa LEADER é um instrumento de intervenção no espaço rural, que tem por objetivo criar alternativas de desenvolvimento respeitando a

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cooperação para a qualificação do setor de turismo no espaço rural. Fruto direto desse novo momento, a marca Solares de Portugal da TURIHAB foi criada em 1993, e culminou com a união da TURIHAB e da Associação do Turismo de Aldeia (ATA) para a criação de uma central de reservas on line no ano 2000, a CENTER (Central Nacional de Turismo no Espaço Rural), que nasceu com o objetivo de ser um instrumento de divulgação e comercialização dos produtos e serviços oferecidos pelas marcas associadas. O portal www.center.pt utiliza sistema Centernet que é uma ferramenta web completa para o gerenciamento e a gestão das reservas e promoção das ofertas.

No começo dos anos de 1990, como conseqüência do processo de amadurecimento do mercado turístico internacional que se consolida no surgimento dos grupos de interesse por segmento de atividade, começam a se organizar na Europa as primeiras rotas turísticas temáticas. Dentro do Programa Dyonisius da União Européia, Portugal estrutura 11 rotas turísticas em torno da temática do vinho e do enoturismo. É quando começa o processo de sensibilização dos produtores do Vale do Alto Douro Vinhateiro para o potencial do turismo na região. A Rota do Vinho do Porto é criada e são iniciadas as primeiras operações comerciais, principalmente em cruzeiros fluviais.

O surgimento da ADETURN Turismo Norte de Portugal, que é a Agência Regional de Promoção Turística do Porto e Norte de Portugal, oficialmente certificada pelo Instituto de Turismo de Portugal e pela Confederação do Turismo Português, foi um passo determinante. Como é uma associação de caráter privado, sem fins lucrativos, cuja ação é sustentada através de uma série de parcerias estabelecidas com entidades públicas e privadas do setor do turismo, a ADETURN abriu novas perspectivas para o turismo regional, tendo no processo produtivo do vinho seu principal atrativo. A ADETURN foi responsável por organizar a oferta existente na região no Plano de Marketing Turístico, que estabelece a estratégia promocional e a ação do destino por mercados prioritários.

O enoturismo em Portugal

A vitivinicultura é um dos setores mais dinâmicos da agricultura portuguesa, sendo um dos que melhor se adaptou à concorrência no mercado internacional, após a adesão de Portugal à União Européia. No contexto comunitário, o país é o quinto maior produtor de vinho, com volumes médios próximos aos da Alemanha, mas a uma distância considerável dos maiores produtores e exportadores europeus, respectivamente Itália, França e Espanha.

Com a integração comunitária, Portugal iniciou uma política de qualificação da produção de vinho, reorganizando institucionalmente o setor, criando novas denominações de origem e apoiando com investimentos massivos a produção de vinhos de qualidade. Para se ter uma idéia desse processo, existe atualmente 33 denominações de origem em Portugal, à época data da adesão à Comunidade Européia, eram 11 denominações de origem, das quais 8 que remontavam ao começo do século XX e 3 que datavam dos anos de 1980.

A vitalidade comercial do setor vitivinícola português proporcionou a articulação da vinha e do vinho com outras atividades complementares, nomeadamente no setor do turismo. O enoturismo pressupõe o contato direto do turista com os processos produtivos, o conhecimento e a prova dos vinhos das regiões visitadas, passeios e percursos que envolvem o patrimônio paisagístico e arquitetônico relacionados à cultura da vinha e à produção do vinho. E são essas as características e os aspectos

dimensão ambiental, econômica, social e cultural desses territórios e de suas populações. O turismo é uma das estratégias adotadas para atender esse desafio. Mais informações consultar www.leader.pt

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que colocam o turismo como uma das melhores alternativas de valorização dos espaços rurais visando seu desenvolvimento sustentável.

Em Portugal, o projeto das rotas do vinho nasceu em 1993, com a participação do país no Programa Dyonisios promovido pela União Européia. No Norte de Portugal e, mais especificamente no Vale do Douro, o roteiro de enoturismo conseguiu mobilizar os vinicultores, sobretudo, partir do trabalho consistente da ADETURN e da compreensão que a atividade turística é uma excelente oportunidade para a promoção do vinho.

Hoje a visão predominante é que o turismo é uma atividade associada fundamental, não pelos recursos financeiros que ela mobiliza diretamente, mas por sua capacidade como instrumento promocional. A mídia espontânea e a imagem charmosa que envolve o ambiente das quintas, o que representa a possibilidade da visita e degustação do vinho no local de produção, que o colocam em outro patamar de mercado inserido nos sonhos de consumo de um público extremamente seleto. Essa perspectiva é interessante para o produto de enoturismo, pois confere autenticidade e originalidade, afinal o que se oferece é a experiência de conhecer uma região produtora singular, que tem na vinha e no vinho sua vocação primordial e que, indiretamente, contribui para uma imagem do destino como um todo. E também é fundamental do ponto de vista da sustentabilidade das atividades de turismo no espaço rural, pois não provoca mudanças drásticas no modo de vida da população, pois depende da existência desse modelo produtivo.

Como o mercado foi muito bem definido, a formatação dos produtos derivados ou de suporte foram sendo estruturados para o atendimento desse público que aprecia ou consome vinhos. Quintas que foram incorporando atividades turísticas buscaram a harmonia com a paisagem cultural, combinando a rusticidade da natureza e da arquitetura local com instalações confortáveis, que evidencia atenção em todos os detalhes, na decoração, no local das refeições, nos serviços, etc.

Nos próximos capítulos, vamos apresentar as boas e melhores práticas observadas pelos empresários brasileiros em visita ao país.

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6. Boas e melhores práticas observadas

Portugal desenvolveu uma série de ações com o objetivo de dinamizar o turismo cultural e rural em seu território, conforme introdução apresentada no capítulo anterior.

Diante de todas as opções para observações de Boas e Melhores Práticas no país, optou-se por conhecer a experiência de acordo com o roteiro abaixo apresentado.

6.1 Roteiro de Viagem

Período da viagem: 11 a 19 de outubro de 2008

Localidades visitadas: Ponte de Lima, Barcelos, Pinhão, Régua, Lamego, Pocinho, Marialva, Alijó, Favaios, Mesão Frio, Ferrão, Mesão Frio, Guimarães, Braga, Amares, Porto

Data Hora Evento/atividade Objetivo/foco da atividade

11/10

9:30 Reunião de pactualização Primeiro encontro presencial do grupo. Apresentação dos participantes e projeto.

13:30 Almoço

17:00 Embarque vôo TP 192 - Porto

12/10

8:40 Desembarque aeroporto Sá Carneiro

10:00 Transfer Ponte de Lima

11:00 Check in Paço de Calheiros – refeição

14:00 Visita ao Festival de Jardins e ao Centro Histórico de Ponte de Lima

18:30 Visita aos jardins históricos do Solar do Paço de Calheiros e reunião com o Conde de Calheiros

Uma referência no turismo de habitação em Portugal, onde os proprietários fazem o atendimento do público.

21:00 Jantar e pernoite no Paço de Calheiros

13/10

7:30 Café da manhã e check out no Paço de Calheiros

8:00 Encontro com Paulo Lopes da Oficina da Natureza e transfer para Barcelos

9:30 Visita a Barcelos: artesãos

11:00 Atividade de artesanato pintura dos galos de Barcelos

13:00 Almoço no Restaurante Bagoeira em Barcelos

14:30 Conversa com Paulo Lopes da Oficina da Natureza

O trabalho da agência de receptivo no desenvolvimento do conceito de animação turística e de atividades de vivência no espaço rural e em ambientes naturais.

16:30 Transfer para o Pinhão

20

18:00 Check in no CS Vintage House Hotel

18:30 Reunião de Avaliação

21:00 Jantar e ritual do vinho do porto vintage

14/10

9:00 Transfer para Lamego

10:00 Visita a Quinta da Pacheca e conversa com a proprietária

A excelência de seu principal produto, o vinho, que soube manter tradições e valores culturais e desenvolver as atividades turísticas como valor agregado e de promoção da produção vinícola.

12:00 Almoço na Quinta da Pacheca

15:00 Transfer: Comboio da Régua – Pocinho – Marialva

17:30 Visita as Casas do Côro e conversa com Paulo Romão

O empreendedorismo que transformou uma aldeia em ruínas em uma referência entre as guesthouses portuguesas. Atendimento personalizado e qualidade nas instalações e serviços.

19:30 Reunião de avaliação

20:30 Jantar nas Casas do Côro

22:00 Retorno ao CS Vintage House Hotel no Pinhão

15/10

9:00 Café da manhã e check out

9:30 Transfer para Alijó

10:00

Visita a Quinta da Romaneira e conversa com a Gerente de Atendimento, Srta. Carol

Luxo e sofisticação no espaço rural, mas com total integração à paisagem cultural. Atendimento personalizado, qualidade e criatividade na estrutura e nos serviços.

13:00 Almoço na Quinta da Romaneira

14:30 Transfer Favaios

15:00 Visita a Enoteca da Avessada do Douro e conversa com Luis Henriques

Museu Interativo sobre a história e a cultura da vinha e do vinho na região do Douro, que oferece vivência e experiências sensoriais no contexto do ambiente rural e da produção do vinho.

18:00 Transfer para Mesão Frio

19:00

Check in CS Pousada Solar da Rede e entrevista o Diretor Comercial Sr. Franscisco Silva

A adequação da estrutura de uma unidade produtiva para meio de hospedagem, que aproveitou o núcleo principal, as instalações de serviço e manteve as atividades originais do espaço rural: vinho, horta e o pomar.

21:00 Jantar na CS Pousada Solar da Rede

16/10 8:30 Café da manhã

21

9:00 Transfer para Lamego

9:30

Visita ao Aquapura Douro Valley e entrevista com a Diretora Comercial Sra. Sofia Brandão

A estrutura privilegia a tecnologia, conforto e a total integração à paisagem cultural. Sinalização indoor e projeto de segurança em harmonia com o conceito visual do espaço interno.

11:30 Transfer de barco Régua-Ferrão

12:00

Visita e almoço no Hotel Rural Quinta Nova Nossa Senhora do Carmo Conversa com a Diretora Comercial Sra Paula Souza

A adequação da casa senhorial do Século XVIII para meio de hospedagem e cardápio de atividades turísticas que incorporou as práticas rurais.

16:00 Reunião de avaliação

18:30 Transfer comboio Ferrão - Régua

19:15 Visita e jantar na Quinta do Vallado

22:00 Transfer Régua – Mesão Frio (CS Pousada Solar da Rede)

17/10

8:00 Café da manhã – check out e tranfer Mesão Frio – Guimarães

10:00 Visita ao Centro Histórico de Guimarães

11:00 Reunião com o responsável pelo turismo da cidade de Guimarães

Tema: Cidade Capital Européia da Cultura 2012. Planejamento para a candidatura e ações públicas de preservação do patrimônio

12:30 Almoço em Guimarães

14:00 Transfer Guimarães - Amares

14:30 Check in na Pousada Santa Maria do Bouro

15:00 Seminário superestrutura

ADETURN: Jorge Osório e Nuno Fazenda O turismo no Norte de Portugal e a busca da excelência O plano de turismo e marketing do Norte de Portugal TURIHAB (Turismo de Habitação) e os Solares de Portugal – Conde Francisco de Calheiros Rota do Vinho – Associação do Vinho do Porto Turismo de Portugal – Maria José

20:30 Jantar na Pousada

18/10 9:00 Visita às instalações da Pousada e conversa com a Diretora Comercial

A pousada histórica de design instalada em um antigo monastério se diferencia pela adequação da estrutura física, que respeitou as referências históricas e garantiu o atendimento das necessidades e funcionalidades atuais.

22

10:00 Check out e tranfer Amares - Porto

11:00

Check in no Hotel Infante Sagres Visita às instalações e conversa com o Diretor Sr. Paulo Carvalho

A estrutura das instalações, acervo de peças de antiquário e o serviço personalizado.

13:00 Almoço no restaurante D. Tonho

16:00

Visita a Casa da Música e conversa com a Diretora de Marketing Sra. Gilda Velloso

A gestão do equipamento cultural, a excelência na estrutura e a qualidade da programação.

18:00 Reunião de Avaliação

19:30 Jantar no restaurante Kool

19/10

12:00

Visita a Fundação de Serralves Conversa com o Gerente de Marketing e Turismo

Gestão empresarial de um centro de arte e cultura, a perspectiva de produto turístico de qualidade conferida ao espaço e à programação e o envolvimento da comunidade.

14:00 Almoço na Fundação de Serralves

16:00 Reunião final de avaliação na Caves Calém

19:00 Jantar de despedida na Caves Calém

20/10 11:00 Check out Hotel e transfer aeroporto Viagem de volta

23

5.2 Práticas identificadas

A partir de todo o aprendizado obtido nas visitas, os participantes identificaram as boas e melhores práticas de cada experiência para implementação em seus empreendimentos, que foram sistematizadas no quadro abaixo:

Nº Empreendimentos/Negócios visitados

Ações

Práticas de Referência

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specífico

1 Paço de Calheiros

O conceito e as práticas do turismo de habitação no espaço rural

X X X

O receptivo familiar: o proprietário e familiares é que fazem o atendimento X

Refeições comunitárias, uma mesa única para a família e hóspedes

X

Revitalização dos jardins X Associativismo e desenvolvimento de parcerias X

2 Oficina da Natureza Capacidade, criatividade e diversidade dos produtos turísticos – vivência e experiência

X

24

Planejamento de marketing, o trabalho da assessoria de imprensa e o uso da mídia espontânea

X

O envolvimento dos parceiros e colaboradores X X

3 Quinta da Pacheca

O turismo como atividade agregada à produção do vinho.

X

Gestão familiar, compromisso com o desenvolvimento e a preservação da cultura local X X

Tematização do serviço e nos detalhes da decoração

X X

4 Casas do Côro

Visão empresarial em perceber oportunidades em uma aldeia histórica em ruínas

X

Estrutura funcional X X Arte de servir X X

5 Quinta da Romaneira

Soluções criativas, originais e exclusivas X O luxo como tranqüilidade, despojamento X Simplicidade nos uniformes e excelência nos serviços

X X

6 Enoteca da Avessada do Douro

O planejamento como prática cotidiana X Um atrativo turístico dentro do contexto cultural local como alternativa para reduzir a sazonalidade

X X

O desenvolvimento de experiências sensoriais como produto turístico

X

7 Pousada Solar da Rede Adequação de um conjunto arquitetônico rural em meio de hospedagem, com a integração das atividades produtivas do espaço rural

X X

8 Aquapura Douro Valley

Estrutura física integrada ao contexto do ambiente: o destaque é a paisagem do Douro

X X

Informações e normas para uso dos equipamentos e serviços

X

Valorizar a comunidade no entorno do empreendimento, com investimento no patrimônio natural e cultural da região

X

25

Formação no equipamento e qualificação pela vivência dos serviços X

9 Hotel Rural Quinta Nova N.S. do Carmo

Atividades ao ar livre e experiências no espaço rural

X X

Integração ao ambiente e ao contexto do espaço rural, mas com estrutura e serviços de qualidade

X

10 Pousada Santa Maria do Bouro

A adaptação arquitetônica do prédio de valor histórico

X

Um meio de hospedagem certificado, um produto de turismo cultural

X X

Eficiência no atendimento e qualidade nos serviços X X

11 Hotel Infante Sagres

Buscar excelência como processo de melhoria contínua e disponibilidade para mudança

X

A realização de eventos, mostras e exposições de arte, como estratégia de imagem e renovação de público, envolvimento da comunidade e artistas locais

X X

Serviço personalizado, agilidade, gentileza e hospitalidade no atendimento

X

12 Casa da Música

Excelência do produto: qualidade na estrutura, nos equipamentos e na programação

X X

Visão empresarial da cultura X X Atividades e programas para famílias com capacidade de atendimento do público infantil

X X

Gestão empresarial de um espaço de arte e cultura: planejamento e dinamismo

X

Renovação permanente do produto oferecido: a cada 4 meses é um novo museu

X

Diversificação do produto, integração e harmonia entre cultura e meio ambiente

X

Programa educativo (formação de público) e iniciativas para o desenvolvimento econômico local X

26

13

Fundação de Serralves

Compromisso e parcerias para a promoção do destino nos mercados internacionais e não do produto

X

A oferta de arte e cultura como um produto turístico estratégico

X

Boa prática

Melhor prática

27

5.3 Experiências observadas no roteiro

De acordo com o roteiro proposto para a viagem técnica, primeiro foram visitados os empreendimentos no espaço rural e no final os equipamentos culturais em área urbana.

1 Paço de Calheiros

O Conde Francisco de Calheiros recebe os visitantes na entrada do solar

Fonte: Fátima Trópia

O imponente solar erguido no alto da colina remonta ao século XV que se avista de toda a cidade de Ponte de Lima, é considerado uma das mais nobres casas do Vale do Minho e se destaca por seus jardins históricos, pela integridade da construção e dos ambientes internos.

Há quase 30 anos a edificação se transformou em meio de hospedagem integrando a rede Solares de Portugal. Hoje o Paço é uma referência do turismo de habitação, onde é o próprio Conde de Calheiros e seus familiares que recebem os visitantes.

O conceito de Turismo de Habitação adotado em Portugal é a hospedagem em residências que têm como elemento significativo a presença das famílias que ainda vivem nas casas, que convivem com o turista durante a sua permanência, passando uma visão profunda dos costumes e modo de vida na localidade. No convívio com os anfitriões, o visitante tem a possibilidade não apenas de conhecer a história da família que o recebe, que muitas vezes é contada durante as refeições ou em passeios pela propriedade, mas também partilhar hábitos cotidianos, de saborear a culinária tradicional, algo que se traduz em vivência cultural por excelência. É considerada como uma atividade indutora do desenvolvimento local e

28

uma alternativa importante para a preservação do patrimônio cultural em geral e do arquitetônico em particular.

Em Portugal, o turismo de habitação foi o primeiro modelo de alojamento no espaço rural, segmento responsável por motivar outras alternativas de hospedagem e de produtos turísticos na área rural. O país foi pioneiro na formulação do conceito e na definição dos parâmetros para a certificação internacional do turismo de habitação no espaço rural, criando as categorias e gêneros que permitiram a consolidação de práticas específicas3, a formação de redes e associações com central de reservas que é referência no setor, e o desenvolvimento de uma legislação própria.

A associação Turihab (Turismo de Habitação) criada em 1983 levou à formação da rede Solares de Portugal, que se constitui na mais importante instituição do setor no território português, com reconhecimento internacional e é uma iniciativa em fase de expansão para outros países. O Paço de Calheiros foi a experiência piloto do segmento e o Conde Francisco de Calheiros exerceu e exerce um papel de liderança no processo, sendo atualmente o presidente da Turihab.

Em 2008 foi publicada a nova legislação portuguesa que estabelece os requisitos mínimos de funcionamento dos empreendimentos de Turismo de Habitação (TH) e de Turismo no Espaço Rural (TER) e estabelece distinção entre os diferentes empreendimentos de cada categoria.

De acordo com a lei em vigor, os empreendimentos de TH são os “estabelecimentos de natureza familiar instalados em imóveis antigos particulares que, pelo seu valor arquitetônico, histórico ou artístico, sejam representativos de uma determinada época, nomeadamente palácios e solares, podendo localizar-se em espaços rurais ou urbanos; a natureza familiar é caracterizada pela residência do proprietário ou entidade exploradora ou do seu representante nos empreendimentos de turismo de habitação durante o período de funcionamento”4.

Por sua vez, os empreendimentos de TER são considerados todos os equipamentos que oferecem alojamento a turistas, dispondo para o seu funcionamento de um adequado conjunto de instalações, estruturas, equipamentos e serviços complementares, tendo em vista a oferta de um produto turístico completo e diversificado no espaço rural. Os empreendimentos são classificados em casas de campo, agroturismo e hotéis rurais e não dependem da natureza familiar ou presença física de seus proprietários para seu funcionamento regular.

Contato

www.pacodecalheiros.com

Tel: 351 258 947164 (Ponte de Lima)

Conde Francisco de Calheiros

3 A Turihab elaborou e publicou em 2005 o Manual de Boas Práticas dos Solares de Portugal e o guia para a certificação dos empreendimentos de Turismo no Espaço Rural, cujo arquivo encontra-se disponível no site: www.solaresdeportugal.pt/PT/pdfs/manual_PT.pdf 4 Portaria nº 937/2008 publicada em 20 de agosto

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Práticas observadas:

, e O conceito e as práticas do turismo de habitação no espaço rural

A despeito das mudanças da legislação aprovada, a prática observada no Paço de Calheiros é de uma experiência de turismo de habitação marcado fortemente pela presença da família, seja o próprio Conde, sua mulher ou filhos durante toda a permanência do hóspede na casa e impregnado pela cultura do ambiente rural.

O turismo é efetivamente uma atividade que possibilita a sustentabilidade do patrimônio edificado e da cultura imaterial, como fonte geradora de recursos para o financiamento das ações de manutenção e conservação e instrumento motivador de atitudes proativas nesse sentido. Na propriedade da família Calheiros, vimos que essa concepção é viável e proporciona excelentes resultados: todo o conjunto arquitetônico e áreas de entorno evidenciam os cuidados permanentes, as intervenções de melhorias e/ou qualificação da estrutura para melhor receber o turista.

E todo processo de intervenção, de manutenção e conservação da estrutura física, dos jardins e pomares históricos, respeita a integridade original e identidade das edificações. É visível o cuidado para garantir qualidade na infra-estrutura e nos equipamentos, para criar soluções de conforto, para atender às expectativas do público, mas com o cuidado para não comprometer o legado histórico e cultural.

Essa prática decorre de uma visão clara e objetiva do significado e do valor do patrimônio tangível e intangível que o conjunto encerra para seus proprietários. A tudo é atribuído um sentido histórico-cultural e conferido valor como atrativo turístico. A arquitetura da casa, os materiais utilizados na sua construção, o mobiliário, a decoração, os jardins, as áreas de produção com suas vinhas e castanheiras seculares, as formas de lidar com essa produção e seus os frutos, a história da família, seus hábitos e costumes. Isso é efetivamente vivenciado pelo visitante, pelo hóspede.

Áreas externas do Paço de Calheiros: a fonte, o caramanchão com a videira, a piscina

panorâmica Fonte: Anete Ferreira

O receptivo familiar: o proprietário e familiares é que fazem o atendimento

É o próprio Conde Francisco de Calheiros, sua esposa ou filhos que recebem os visitantes. A presença da família é constante durante toda a permanência do hóspede. Participam das refeições, conduzem os passeios pelos jardins, apresentam os ambientes da residência. Nesses momentos a história da família e dos

30

antepassados, da casa e de sua importância na região, a memória e as tradições é contada aos visitantes, de forma muito agradável e até divertida.

A sensação de quem observa é que o turismo, da forma como ele está organizado e estruturado, constitui-se em uma atividade vital, não apenas para a geração de recursos, mas também para a preservação da memória cultural daquela família e daquela região, promove a auto-estima. A hospitalidade e o bem receber são parte da tradição das casas nobres do Minho e o turismo cria essa possibilidade como rotina. Os Calheiros recebem com naturalidade e profissionalismo. O cliente é tratado como um convidado, como um amigo, mas com estrutura e os serviços adequados, buscando criar alternativas para proporcionar conforto e atender às expectativas dos visitantes.

Refeições comunitárias, uma mesa única para a família e hóspedes

As refeições mantêm a tradição de uma única mesa compartilhada pela família e seus convidados (hóspedes). É uma grande mesa que comporta mais de 20 pessoas e um aparador na lateral para o serviço. Esse é um velho hábito ainda presente no espaço rural, sobretudo nas principais refeições. É um verdadeiro ritual que se repete no pequeno almoço e no jantar. O Conde senta à cabeceira e define o lugar de cada hóspede, acomodando todos. São momentos de integração, de longas conversas, para contar histórias.

E à mesa o visitante encontra os frutos colhidos na propriedade, como frutas, hortaliças e até o vinho feito com as uvas ali produzidas. Existe sempre a preocupação em evidenciar que o cardápio segue as tradições da culinária local, comenta-se a forma de preparar o prato em questão, quais os ingredientes utilizados colhidos na horta ou no pomar, evidenciando que a propriedade é produtiva, que mantêm sua função original, e que o produto tem qualidade, é de boa procedência.

Revitalização dos jardins

Jardins históricos

Fonte: Anete Ferreira

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O Jardim, público ou privado, encerra a idéia de um espaço paisagístico com função ornamental. Contemporaneamente a concepção dos jardins, sobretudo os residenciais, compreende também uma função produtiva, que combina o cultivo de espécies florais, árvores frutíferas, horta, plantas medicinais, etc. É uma forma de intervenção na paisagem e, como tal, é considerado como uma composição de arquitetura cujo material constituinte é predominantemente de origem vegetal. É, por consequência, um organismo vivo, perecível e renovável.

Entre a grande quantidade de jardins existentes, um tipo se destaca pela sua beleza e importância: os jardins históricos, que são monumentos vivos, legados através da paisagem deixados pelas gerações passadas. E como tal são reconhecidos pela Unesco, através do ICOMOS, que em 1981 elaborou a Carta de Florença ou Carta dos Jardins Históricos. Na Europa é extramamente difundida a preocupação com a valorização e conservação inclusive com os jardins privados, localizados no entorno das residências. Em Portugal os jardins sempre ocuparam uma função ornamental e paisagística determinante nas cidades, nas áreas públicas e privadas, mas a mobilização em torno dos jardins de natureza histórica é relativamente recente, porém com interesse crescente. Existe inclusive uma Associação Portuguesa dos Jardins e Sítios Históricos.

No Brasil esse tema vem ganhando importância. O IPHAN tem se dedicado ao estudo e incentivado à preservação e a recuperação desses espaços da paisagem, sobretudo em área urbana e no entorno de monumentos classificados como patrimônios nacionais. Mas é ainda um assunto distante da sociedade como um todo, não se verifica a preocupação em se ter jardins ornamentais contemporâneos e menos ainda uma mobilização para se recuperar os jardins históricos.

No Paço de Calheiros, o jardim histórico inclui toda a faixa de paisagem no entorno da residência: árvores ornamentais e florais, as vinhas, as castanheiras, a horta, o pomar, as fontes, os acessos em pedra, o sistema de contenção das encostas. Foi elaborado um projeto específico para a revitalização dos jardins, ao que se atribui o valor histórico-cultural e um papel determinante como componente de atratividade turística do empreendimento, que é usado para passeios, atividades e contemplação.

Associativismo e desenvolvimento de parcerias

O Conde Francisco de Calheiros exerce um papel fundamental no desenvolvimento do turismo de habitação em Portugal e na expansão do modelo para outros países, é uma liderança associativista e na formulação de parcerias. Por meio da Turiahab (Turismo de Habitação) e da rede Solares de Portugal, que contribuiu decisivamente na consolidação de novos conceitos de hospedagem e de comercialização em rede, ele hoje é considerado uma referência internacional.

A experiência e a participação do empresário também são determinantes no desenvolvimento do destino, na promoção de iniciativas que garantem visibilidade e atrai público, como é o caso do festival de jardins, que acontece anualmente em Ponte de Lima.

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2 Oficina da Natureza

Uma empresa que trabalha dentro do conceito de “animação turística”, algo próximo ao que seria no Brasil a uma agência de receptivo, mas diferencia-se por trabalhar diretamente a estruturação e o desenvolvimento de suas atividades turísticas em espaços rurais e naturais, procurando articular inovação e tradição nas ofertas que propõe.

O conceito de animação turística tem uma estreita relação com a noção de turismo ativo e compreende o conjunto de atividades lúdicas, culturais, desportivas ou de lazer disponibilizadas para o consumo turístico. A animação atua para oferecer opções de fruição plena da experiência turística, levando simultaneamente à interpretação do espaço e ao desenvolvimento de atividades físicas e intelectuais. Neste sentido, a animação é um elemento fundamental de qualquer destino turístico, que se integra à cadeia produtiva do setor, ao lado dos meios de hospedagem, alimentos e bebidas, transportes e demais serviços, podendo concorrer decisivamente para a diferenciação de uma cidade ou região e, assim, garantir-lhe uma vantagem competitiva face a outros destinos.

Em Portugal, o turismo de sol e praia é um segmento determinante e altamente concentrado na região sul do país e nas ilhas, que tem como mercados os públicos da própria Europa que buscam lugares para descanso e banhos de mar e de sol. A animação turística surgiu motivada pela tendência de novos grupos de interesse do mercado mundial e como uma opção para o desenvolvimento turístico sustentável das regiões mais rurais, sobretudo o Norte, nos vales do Minho, do Douro e na Serra da Estrela.

A importância crescente atribuída à existência destas atividades em zonas rurais levou ao surgimento de pequenas iniciativas empresariais com o objetivo específico da prestação de serviços nesse domínio. As empresas de animação turística exercem um papel de articulação entre entidades e promotores, de identificação de novos nichos de mercado, de apoio à estruturação da oferta, qualificação dos agentes e promotores, apoio à criação de novas atividades. As empresas são criadas dentro do Programa LEADER, isso permite orientar e direcionar esta intervenção dentro da lógica de um território ou região, de forma a conjugar com a história, o patrimônio natural e cultural, mas também com as economias locais provendo o desenvolvimento sustentável.

A legislação turística portuguesa possui um conjunto de normas específicas que regulamentam as empresas de animação turística. O decreto lei 204/2000 define os procedimentos para o funcionamento desses empreendimentos, estabelecendo com precisão a distinção destas para as agências de viagem e turismo ou das operadoras turísticas.

A Oficina da Natureza foi criada dentro deste contexto. Uma empresa sediada em Ponte de Lima no Vale do Minho, voltada exclusivamente para o trabalho de desenvolver e oferecer aos turistas um conjunto de atividades características dessa região, relacionadas ao seu ambiente natural e cultural. A proposta do empreendedor é oferecer experiências únicas de lazer, de descoberta e interpretação como resposta a um desejo crescente, de quem vive nos meios urbanos, de aproximação à natureza e de conhecimento e fruição dos valores e saberes dos territórios rurais. Na prática, a empresa atua permanentemente no sentido de identificar e desenvolver novos produtos ligados aos segmentos de turismo cultural e rural, com a estruturação de atividades que possibilitam a vivência da paisagem cultural, a gastronomia e a singularidade das tradições ancestrais da região minhota.

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Animação turística: o pão caseiro e o folclore minhoto

Fonte: Banco de imagens da Oficina da Natureza Contato

www.oficinadanatureza.pt

Tel: 351 936 077 462 (Ponte de Lima)

Paulo Lopes

Práticas observadas:

Capacidade, criatividade e diversidade dos produtos turísticos – vivência e experiência

A Oficina da Natureza oferece um portfólio diversificado de programas divertidos, simples e flexíveis, buscando sempre ajustar o produto às necessidades e expectativas do cliente: passeios a pé, de bicicleta, a cavalo; viver experiências impensáveis no espaço urbano, como acompanhar a debulha do milho, fazer uma oficina de pão ou de compotas, utilizando as frutas colhidas diretamente no pomar. São atividades com pequena duração, algumas horas, às vezes todo o dia, podendo incluir pernoites. Mas tem sempre uma novidade para apresentar ao cliente. Isso exige um monitoramento constante das tendências de mercado e um conhecimento profundo das características e possibilidades que a região oferece, além da capacidade para atuar diretamente na formatação das ofertas e na qualificação das atividades de vivência. Essa prática envolve também uma capacidade de articulação de parcerias junto às comunidades tradicionais, às lideranças comunitárias e aos demais colaboradores. É um trabalho bonito de valorização e envolvimento da população e dos produtores rurais com a atividade turística.

Planejamento de marketing, o trabalho da assessoria de imprensa e o uso da mídia espontânea

Um empreendimento pequeno, mas que adota um planejamento sistemático, com monitoramento, pesquisas de mercado, estudos de marketing e cuidadoso trabalho de marca e imagem. Essa é uma ferramenta importante para dar dinâmica ao portfólio de produtos, é importante conhecer bem as tendências de mercado, o desejo dos clientes para apresentar sugestões factíveis com o desejo desse público,

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produtos personalizados e adaptados às necessidades e especificidades de cada cliente.

O principal canal de distribuição e divulgação é a internet. O site é simples, funcional, com informações objetivas, boa navegabilidade e excelentes imagens. O site tem a versatilidade e a dinâmica necessária para a divulgação regular dos novos produtos criados. Utiliza exclusivamente a web para comunicação direta com os clientes, para ações promocionais e o contato personalizado, através do sistema de cadastro eletrônico.

Na promoção conta com o trabalho de assessoria de imprensa, que está focada sempre na divulgação da atividade, da região e não do negócio, isso rende uma mídia espontânea em veículos formadores de opinião, de credibilidade junto ao público. Isso funciona porque o empreendedor sabe que o seu público faz pesquisas na internet e no sistema de busca vai chegar ao site da Oficina da Natureza.

e O envolvimento dos parceiros e colaboradores

Toda a atividade e o funcionamento da Oficina da Natureza como empresa de animação turística, relacionados à vida da população rural e do seu modo de vida. Desta forma o trabalho empresarial depende da capacidade de articular e manter parcerias, envolver efetivamente as pessoas desse ambiente no processo turístico, atuando na capacitação para o atendimento e no desenvolvimento das atividades de animação nesses contextos.

A compreensão estabelecida é que a atividade turística deve necessariamente ser indutora do desenvolvimento sustentável, capaz de gerar benefícios econômicos para todos os envolvidos na prestação de serviço e no atendimento, de proporcionar melhoria da qualidade de vida para as comunidades inseridas no processo e contribuir na preservação dos patrimônios naturais e culturais.

3 Quinta da Pacheca

Nas encostas escarpadas do Vale do Douro tem-se produzido vinho desde há mais de três séculos, os documentos datam o ano de 1678 como o marco inicial da produção do Vinho do Porto propriamente dita. E para garantir a qualidade e a integridade da produção a região produtora do Alto Douro foi demarcada em 1756 pelo Marquês de Pombal, constitui-se na primeira em todo o mundo. Nesta área que podemos encontrar várias quintas centenárias, que ao produzirem vinho têm participado ativamente na história do Douro e do Vinho do Porto.

Uma das mais tradicionais propriedades do Douro é a Quinta da Pacheca, conhecida pela qualidade de seus produtos e por ter liderado o engarrafamento de vinhos com marca própria. No jardim da entrada encontramos um dos marcos de pedra utilizado na demarcação feita em pleno século XVIII, localizado às margens do rio em uma prospecção arqueológica realizada na propriedade.

A gestão familiar vem conseguindo equacionar os processos de modernização e a diversificação das atividades sem comprometer a tradição da produção e a qualidade de seus vinhos. A nova geração que está a frente da administração da Quinta da Pacheca são três irmãos que têm funções e formações diferentes e complementares: uma enóloga, um especialista em comunicação e mercado e uma enoturismóloga.

Ainda que fosse um desejo das gerações anteriores, apenas recentemente a Quinta tenha conseguido desenvolver e implementar as atividades turísticas como valor agregado e de promoção da produção vinícola. Primeiro com as visitas e

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degustações, depois com a loja, as refeições sob agendamento e o espaço para evento e agora com a construção de um hotel rural.

Durante a visita uma das características que mais chamou a atenção do grupo foi a cuidadosa combinação do ambiente rústico e autêntico, com a decoração elegante e serviços sofisticados.

Quinta da Pacheca: salão interno

Fonte: Fátima Trópia

Contato

www.wonderfulland.com/pacheca

Tel: 351 254 313 228 (Peso da Régua/Lamego)

Catarina Serpa Pimentel Práticas observadas:

O turismo como atividade agregada à produção do vinho, o que confere autenticidade ao produto turístico

O principal produto da Quinta é o vinho; o turismo é uma atividade agregada, que concorre na racionalização de uso da estrutura, que proporciona visibilidade e contribui na promoção do vinho.

Por outro lado, como tudo no empreendimento gira em torno da produção vinícola, não há dúvidas de que essa é a atividade fim, e como tal se mantém fiel aos rituais

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e procedimentos tradicionais. As intervenções realizadas se concentram na qualificação da estrutura, na renovação das vinhas. Existe na matriarca um orgulho em falar da história do vinho na propriedade e no Douro e sua filha, presente ao encontro, também demonstra altivez ao abordar o patrimônio cultural que o vinho e seu processo encerram. Esses aspectos e características conferem à atividade turística forte identidade e singularidade.

Tematização do serviço e nos detalhes da decoração

Quinta da Pacheca: cave decorada para o almoço

Fonte: Anete Ferreira

O aproveitamento do ambiente rústico da Cave para fins de atividade turística (visitação e refeições), mas com decoração cuidadosa e serviços sofisticados, isso confere autenticidade ao produto turístico. Cabe destacar capacidade de adequação dos serviços e da estrutura de acordo com as necessidades dos clientes, tudo é moldado para as especificidades do atendimento.

A ampliação progressiva da estrutura conforme a diversificação dos produtos e atividades turísticas: a loja, o espaço para eventos, o hotel rural, etc.

As atividades turísticas oferecidas estão inseridas no contexto do espaço rural e com forte valorização cultural, que se expressam no comprometimento com as práticas tradicionais de produção do vinho e nas iniciativas de conservação da integridade da paisagem do Douro.

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e Gestão familiar, compromisso com o desenvolvimento e a preservação da cultura local

A visão do turismo como atividade agregada à produção do vinho desencadeou as ações de planejamento e a prospecção de novos negócios que valorizam o contexto do espaço rural, da paisagem e da cultura do Vale do Douro. A gestão do empreendimento está dividida de forma a ter profissionais capacitados à frente de cada uma das áreas: o vinho, o turismo e as relações com o mercado.

A criação da área de eventos que utiliza uma tenda simples é um exemplo da visão que se dá ao negócio. O que se oferece para a realização de um evento não é a estrutura física para o mesmo, mas a paisagem cultural do Douro classificada como patrimônio mundial, são as vinhas da mais antiga área demarcada do mundo. O aspecto efêmero e singelo da tenda funciona para mostrar que a situação que está acontecendo é exclusiva, singular, destinada a pouquíssimos eleitos. No entanto, a decoração é requintada e o serviço impecável, porque afinal o evento acontece em uma quinta tradicional, reconhecida internacionalmente pela qualidade do seu vinho.

4 Casas do Côro

As Casas do Côro surgiram sobre as ruínas de uma antiga vila de pedra esquecida no tempo. Aldeia histórica é o nome utilizado em Portugal para designar os pequenos núcleos fortificados erguidos em áreas elevadas, que caracterizam pela arquitetura militar, pelo castelo e suas muralhas, pela datação anterior à dominação romana e pelo fato de terem sobrevivido sem o desenvolvimento urbano de outras vilas e cidades. A Aldeia de Marialva estava praticamente em ruínas e como tal, seu destino seria se converter em um sítio arqueológico, essa era a decisão encaminhada pelos órgãos responsáveis do patrimônio histórico.

Carmem e Paulo Romão viram nas ruínas da aldeia uma oportunidade única de negócio: decidiram fazer ali um empreendimento turístico altamente personalizado. Montaram uma cuidadosa estratégia para a aquisição de um conjunto de casas, que mesmo praticamente abandonadas, tinham proprietários.

O projeto ganhou feições do conceito de guesthouse (casa de hóspedes). Bastante difundido na Europa, essa é uma opção para quem gosta de viajar sem deixar de se sentir em casa. Atendimento personalizado, áreas compartilhadas que estreitam relações e, muitas vezes, vínculos de amizade que se criam após a hospedagem, são as principais características que traduzem esta forma peculiar de alojamento. Elas seguem o modelo de uma residência em termos de tamanho e estrutura, que podem acomodar até famílias inteiras, funcionando como uma espécie de casa de campo para situações e momentos especiais. No caso das Casas do Côro, os empreendedores criaram estruturas para atender este mercado, mas com a funcionalidade e a versatilidade para casais e grupos pequenos e com um conjunto de atividades de animação turística capazes de despertar o interesse inclusive para mais de uma temporada.

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Casas do Côro: o ambiente externo e a aldeia

Fonte: Anete Ferreira

Externamente as casas respeitam a arquitetura local, nos materiais utilizados para a recuperação e na integração com o ambiente, mantendo a rusticidade das edificações originais, as características da paisagem e a ancestralidade impregnada em toda a aldeia. Mas nos interiores, a pedra dá lugar à madeira salvaguardando o conforto do ambiente. A decoração harmoniza o clássico e o contemporâneo, numa atmosfera intimista. Internamente os detalhes encantam o mais exigente dos hóspedes, qualidade nos materiais, sofisticação na medida certa e bom gosto nas combinações diferentes para cada espaço.

Casas do Côro: a piscina e os quartos

Fonte: Anete Ferreira

As Casas do Côro são um ótimo exemplo de serviço de qualidade, de alternativa para o desenvolvimento turístico e a preservação do patrimônio edificado. A internet é a principal ferramenta de promoção do empreendimento, que também é utilizada no sistema de reservas. A ficha online traz todas as informações necessárias para efetuar adequadamente os procedimentos e informa o telefone para o esclarecimento de alguma dúvida ou questão específica. O sistema exige 30% de pagamento do total da reserva nos 2 dias úteis seguintes à confirmação, o restante é pago no check-out.

Contato

www.wonderfulland.com/wonder2006/sleep/casasdocoro

Tel: 351 91 755 2020

Paulo Romão

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Práticas observadas:

Visão empresarial em perceber oportunidades em uma aldeia histórica em ruínas

O que chama a atenção nas Casas do Côro é a visão empresarial de Carmem e Paulo, que conseguiram vislumbrar um negócio novo, diferente em uma área isolada e até então “perdida no tempo”. Uma aldeia em ruínas que foi transformada em um equipamento de hospedagem sofisticado, de bom gosto, sem comprometer o sentido histórico, a atmosfera aldeã e as características rústicas do ambiente externo.

A consolidação do empreendimento seguiu um cuidadoso planejamento, mesmo que não tenha sido formalizado em um plano de negócio ou em um projeto concreto. É a capacidade empresarial que se coloca na ação prática, que se vislumbra no processo de aquisição coletiva das casas, com a implementação da primeira unidade e o crescimento progressivo que seguiu a expansão da demanda. O foco que se estabelece na definição do conceito para o equipamento e o mapeamento do mercado, com a compreensão clara da qualidade que teria que imprimir à estrutura e aos serviços para atender e superar as expectativas deste público, incluindo a flexibilidade de procedimentos para atender completamente as necessidades e desejos do cliente.

Mesmo sem um projeto arquitetônico formal, a estrutura física do empreendimento conseguiu se integrar harmoniosamente com o ambiente rústico original, mas garantindo excelência na estrutura física e serviços e, o mesmo tempo, estimulando a revitalização do patrimônio histórico cultural da aldeia e de sua valorização perante a própria comunidade.

E é a visão empresarial que aponta para a diversificação dos serviços e atividades como alternativa para aumentar o valor agregado e o tempo de permanência do hóspede: roteiros de caminhada e percursos de bicicleta, vôos de balão, passeios de barco, entre outros.

e Estrutura funcional, compatível com a freqüência de grupos familiares e de amigos

As principais marcas são a sofisticação e o bom gosto nos espaços internos e rusticidade no ambiente externo, em harmonia com o contexto social e histórico da aldeia. As casas têm tamanhos diferentes e são funcionais, com estrutura compatível para alojar grupos maiores de famílias ou amigos, adequadas a organização de encontros e comemorações. Mas reversíveis, com áreas que podem ser isoladas, criando também suítes privativas para duas pessoas.

A estrutura está sempre sendo renovada, de acordo com as necessidades dos hóspedes.

e A arte de servir

Os funcionários do empreendimento são originários da aldeia, formados e capacitados na rotina de trabalho diretamente pelos empresários, e tudo funciona

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como numa orquestra, mas sem formalidades excessivas ou a necessidade de um regente, a equipe permanece atenta o tempo todo e se antecipa sempre que percebe diante de uma solicitação, seja colocar uma música, abaixar o som, trazer um chá. A esse comportamento, o grupo nominou como a “arte de servir”, que se traduz em eficiência, presteza, gentileza, discrição, elegância no atendimento.

5 Quinta da Romaneira

Para satisfazer uma fantasia ou um desejo pessoal, que quase sempre estão no domínio dos sonhos de consumo, das extravagâncias e não das necessidades, muitas pessoas gastam com produtos exclusivos e serviços de excelência, isso é considerado o “mercado de luxo”. No turismo, o conceito de luxo não significa necessariamente excesso ou ostentação; está mais relacionado a estilo de vida, serviços diferenciados, com emoção, mas passa, necessariamente, pela excelência das instalações e serviços.

A Quinta da Romaneira é um meio de hospedagem no espaço rural voltado para o segmento de luxo, que aposta num ambiente sofisticado e integrado à paisagem cultural. A inspiração é cosmopolita com ênfase no design contemporâneo, na tecnologia visível no projeto de iluminação, nas soluções técnicas que minimizam o impacto visual, nos detalhes e na decoração onde predominam os elementos da natureza, os tons suaves e neutros. Estilo, elegância e bom gosto. E o conceito vendido pelo empreendimento é que o maior luxo da contemporaneidade é a tranqüilidade, o contato com a natureza em seu estado “quase” puro.

Quinta da Romaneira

Fonte: Fátima Trópia

Todas as suítes são diferentes, na estrutura física, no padrão de cores, no mobiliário, na decoração e na paisagem. São oferecidos amenities exclusivos

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desenvolvidos a partir de ervas e aromas da tradição dos monastérios. O atendimento funciona para garantir privacidade e conforto, os funcionários estão sempre à disposição, mas não ficam visíveis. A proposta dos serviços é surpreender o hóspede por meio de diferentes ações criativas, tal como refeições em locais pouco previsíveis ou projeção na lâmina de água da piscina coberta.

Contato

www.quintadaromaneira.pt

Tel: 351 253 732432 (Alijó) Práticas observadas:

Luxo como tranqüilidade

O empreendimento tem um conceito de luxo como tranqüilidade, como privacidade, como despojamento. Pela propriedade circulam apenas os automóveis do empreendimento, que chegam até a entrada, depois apenas carros elétricos fazem o transporte internamente.

Quinta da Romaneira: o uso de carros elétricos para circulação na propriedade e pátio da piscina interna

Fonte: Anete Ferreira

O serviço personalizado, exclusivo, que começa na identificação das necessidades e preferências do cliente pelo sistema de reserva, passa por todos os mimos e cuidados oferecidos durante a estadia. As refeições são servidas sempre em locais diferentes, à beira da piscina ou no pátio, um piquenique no jardim, sem horários determinados como estratégia para surpreender permanente o cliente. Existe sempre um funcionário à disposição, agindo para que o atendimento seja rápido e eficiente, mas não é uma presença ostensiva, existe completa discrição.

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Soluções criativas, originais e exclusivas

Pátio externo preparado para uma refeição, exemplo de um quarto que utiliza cortinas para fechamento dos armários e a piscina coberta (da esquerda para direta, de cima para baixo)

Fonte: Banco de imagens do site www.quintadaromaneira.pt

Toda a estrutura física e os serviços foram pensados e estruturados para oferecer conforto, bom gosto, mas dentro das possibilidades do contexto de uma quinta histórica, pensada para se integrar à paisagem cultural que é o mais forte atrativo da região.

Soluções criativas e originais, ao mesmo tempo simples e eficientes, encontradas para a estrutura e os serviços: as diferenças contrastantes entre todos os quartos; o sistema de ar condicionado que passa pelo piso; as cortinas utilizadas para o fechamento dos armários; não existe um espaço fixo pré-determinado para as refeições, a chocolateria é o lugar para os lanchinhos especiais a qualquer hora; a decoração que valoriza os elementos da natureza e do cotidiano, mas a paleta de cores adotada e o uso de peças de design evidenciam a preocupação com cada detalhe; as roupas dos funcionários; entre outros.

No marketing, o trabalho é focado no direcionamento a um público que quer viver experiências diferentes, exclusivas, únicas, onde a vivência da paisagem e a utilização dos sentidos estão em pauta. Mas o atendimento confirma essa expectativa criada pela promoção. O sistema de reserva capaz procura identificar necessidades para proporcionar atendimento personalizado. Para atender integralmente os anseios dos hóspedes, o cuidado vai da escolha das suítes, passando pela sugestão de atividades durante a estadia, o cardápio personalizado.

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e Simplicidade nos uniforme e excelência nos serviços

Entrada da Quinta da Romaneira e o exemplo dos uniformes dos funcionários

Fonte: Banco de imagens do site www.quintadaromaneira.pt

Reuniões diárias da equipe, para manter o bom funcionamento e trabalhar cotidianamente as propostas para surpreender o cliente, isso é um diferencial no trabalho de formação da equipe, no qual os mais novos contratados vão sendo integrados e treinados.

Os uniformes da equipe são em linho claro, com modelos que se diferenciam conforme a função e a atividade do funcionário. A cor e o tecido funcionam bem nas estações de clima mais elevado, que é quente e seco no Douro.

A proporção de funcionários é grande em relação ao número de UHs disponíveis: a média é superior a 2 funcionários /UH.

6 Enoteca Quinta da Avessada do Douro

Localizada dentro de uma vinha, a Enoteca constitui-se em um museu interativo que utiliza a tecnologia para dar vida à história do processo de produção do vinho, onde é possível experimentar, na época certa, a tradicional pisa das uvas ao divertido som da serpentina.

O empreendimento funciona também como espaço de eventos, local de degustação e comercialização dos vinhos produzidos no entorno.

Contato

www.enotecadouro.com

Tel: 351 91 700 9947 (Favaios)

Luis Henriques

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Práticas observadas:

e Um atrativo turístico dentro do contexto cultural como alternativa para reduzir a sazonalidade

Enoteca: parte da exposição interativa e o Sr. Luis Henriques no ambiente externo

Fonte: Fátima Trópia

O empreendimento conseguiu criar um produto turístico no contexto cultural do lugar, aproveitando o ambiente da produção do vinho, com o desenvolvimento de vivências e experiências sensoriais (a degustação do vinho, a colheita e pisa da uva, a refeição típica, entre outros); que integra o calendário produtivo e é uma alternativa para os períodos de entressafra e para diminuir a sazonalidade. E que funciona também para a promoção da auto-estima da comunidade, fortalecendo as parcerias locais, criando opções de trabalho para a população.

O produto valoriza a identidade cultural da região, as práticas rurais, as tradições locais, que foi buscar apoio na tecnologia para dar vida à proposta, bonecos com movimento, interatividade e recursos audiovisuais. Mas a estrutura física mantém as características tradicionais. O espaço utilizado é resultado da adaptação de um antigo espaço de armazenamento da produção, nas atividades propostas, na imagem e marca.

O desenvolvimento de experiências sensoriais como produto turístico

O empreendimento oferece uma série de atividades e experiências sensoriais; a proposta é possibilitar ao turista vivenciar o ambiente da produção do vinho em suas práticas mais tradicionais. Isso inclui a prova dos vinhos que são produzidos na região, por cooperativas do entorno, e que são comercializados pela loja da própria enoteca. A atividade de degustação é feita sob orientação de um enólogo que também é um antigo produtor, o que permite uma abordagem mais cultural que técnica da experiência.

Entrar no lagar e fazer a pisa das uvas, seguindo o ritmo da serpentina e entoando cantos de trabalho, como fazem os trabalhadores do vinho a centenas de anos é

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uma das propostas de experiência. O contato dos pés com as uvas frias, o bagaço das casas e sementes, o cheiro, tudo é novidade e se transforma aos poucos em diversão, com alegres cantos e danças.

Uma refeição ao ar livre compartilhados com os trabalhadores que acabaram de chegar da colheita; no cardápio, os embutidos típicos assados em um braseiro, tudo acompanhado de um bom vinho. Simplicidade da vida no espaço rural.

O perfil das atividades propostas na Enoteca guardam uma similaridade com os produtos turísticos da Economia da Experiência que estão sendo implantados no Brasil em um projeto realizado em parceria com o Instituto Marca Brasil, Sebrae e Ministério do Turismo, que teve como piloto exatamente a Região da Uva e do Vinho na Serra Gaúcha.

Planejamento como prática cotidiana

O desenvolvimento do negócio teve um cuidadoso planejamento, um plano de negócios, estudos de viabilidade, mapeamento de soluções técnicas, formas de envolvimento da comunidade, estabelecimento de parcerias. Tudo foi pensando e sistematizado pelo empreendedor em seu projeto original, que é revisado permanentemente.

7 Pousada CS Solar da Rede

Pousada Solar da Rede

Fonte: www.cs-solardarede.com

A pousada utiliza a estrutura de uma Quinta do século XVIII - unidade principal e instalações de serviço - e é totalmente integrada ao ambiente rural, com a rotina produtiva incorporada ao contexto da hospedagem, a produção do vinho, do vinagre de vinho, do azeite, além da horta e do pomar. Aos visitantes são

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oferecidos circuitos comentados para apresentar toda a propriedade e o processo vitivinícola.

A adequação do solar em pousada respeitou a integridade da edificação histórica, incorporou funcionalidade e recuperou a suntuosidade dos ambientes internos, cuidadosamente decorados. Atendimento personalizado e os cuidados em todos os serviços conferem distinção à hospitalidade do empreendimento.

A gestão do empreendimento tem uma peculiaridade, ele integra a rede Pousadas de Portugal, que é gerenciada pelo grupo Pestana, mas é administrado pelo grupo CS. Na conversa com o Diretor Francisco Silva, verificou-se que isso cria situações gerenciais específicas, tanto em termos de planejamento, quanto de administração, mas que são equacionadas sem maiores problemas. Contato

www.cs-solardarede.com

Tel: 351 254 890 130

Francisco Silva

Práticas observadas:

e Adequação de um conjunto arquitetônico rural em meio de hospedagem, com a integração das atividades produtivas do espaço rural

Solar da Rede: vista do Vale do Douro e salão de estar

Fonte: Anete Ferreira

A adequação de uma edificação histórica em meio de hospedagem, garantiu funcionalidade e o atendimento das novas necessidades estabelecidas, mas sem comprometer a identidade e a integridade do monumento. A decoração conseguiu recuperar a suntuosidade da estrutura física do Solar, a sinalização indoor é eficiente e se adapta perfeitamente ao conceito visual do ambiente.

O empreendimento de hospedagem foi estruturado e ajustado ao contexto produtivo do espaço rural, as atividades rurais foram integradas e agregadas às novas funções do lugar. Os frutos e a rotina das vinhas, das oliveiras, da horta e do pomar são componentes importantes do produto.

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8 Aquapura Douro Valley

O projeto arquitetônico utilizou referências asiáticas e buscou inspiração nas cores e na paisagem do Douro. A estrutura privilegia o design contemporâneo, a tecnologia e o conforto.

No SPA, para proporcionar relaxamento e bem estar, é utilizada combinação de rituais ancestrais e de modernos procedimentos aliados à autenticidade dos produtos típicos da região.

Aquapura Douro Valley (fachada)

Áreas externas: piscina, jardins e quadra de tênis

Fonte: site www.aquapurahotels.com e Anete Ferreira

Contato

www.aquapurahotels.com

Tel: 351 254 660 600

Sofia Brandão

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Práticas observadas

e Estrutura física integrada ao contexto do ambiente: o destaque é a paisagem do Douro

Piscina externa e varanda

Quarto e banheira integrada

Fonte: Anete Ferreira e Fátima Trópia

O empreendimento tem um conceito de integração da estrutura física ao contexto do ambiente, onde a paisagem é o grande destaque. Cores escuras internamente contrastam com a luminosidade e a vibração externa, as janelas panorâmicas funcionam como telas, que mostram os jardins coloridos, a sinuosidade do Douro, as vinhas que mudam conforme a estação.

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Sistema de segurança adaptado ao projeto dos ambientes (extintor na cor preta) e o padrão

de cores da sinalização indoor que acompanha os tons da pintura

Fonte: Anete Ferreira

A decoração é minimalista, privilegia as peças de design arrojado e a interface com a tecnologia. Tudo obedece ao conceito visual estabelecido, inclusive o sistema de sinalização e de segurança, que atende as exigências previstas, mas se integra perfeitamente ao desenho proposto. Nos espaços externos o padrão de cores segue as variações do tom de vinho, nos uniformes, no mobiliário, na cor da piscina.

Informação e normas para uso dos equipamentos e serviços

A prática de comunicação prévia das normas e procedimentos para uso dos equipamentos esportivos e do SPA é um diferencial. Em cada espaço específico é colocada uma placa informativa, que também segue o padrão visual adotado na decoração, fundo preto com o texto aplicado em branco e o título em tom de vinho.

Quadro com as normas para a utilização da sala de ginástica ao lado

Fonte: Anete Ferreira

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Formação no equipamento e qualificação pela vivência dos serviços

Os funcionários foram selecionados na região e o treinamento começou antes da abertura do empreendimento. Um dos procedimentos adotados no processo de formação é a de vivência pela equipe de todos os serviços oferecidos, principalmente no SPA. Essa prática é considerada eficiente e com bons resultados relativos ao conhecimento da rotina, dos diferenciais oferecidos, com impacto positivo na qualidade operacional, na motivação e no envolvimento do grupo.

Valorizar a comunidade no entorno do empreendimento, com investimentos em ações relacionadas ao patrimônio natural e cultural do Douro

O empreendimento busca ter uma participação efetiva na comunidade existente em seu entorno e áreas próximas, através do patrocínio em eventos culturais relacionados à temática do Vale do Douro e de ações de cunho educacional e de conscientização sobre o patrimônio natural e cultural da região. 9 Hotel Rural Quinta Nova Nossa Senhora do Carmo

Localizada na região demarcada do Douro, é considerado o primeiro hotel de vinho de Portugal, que utiliza a estrutura de casa senhorial oitocentista construída em torno da Capela dedicada a Nossa Senhora do Carmo que lhe dá o nome, com adega datada de 1764. O projeto arquitetônico de adequação conserva o estilo de suas origens e se amplia na decoração marcada pelo conforto e requinte, com revestimentos em xisto (pedra utilizada nas muretas de sustentação das vinhas), isolamentos térmicos e acústicos em cortiça e pintura que favorece a integração com a cor da manta do lagar de vinho. Na adega, subterrânea, o cuidado foi extremo, as paredes foram totalmente revestidas de xisto, bem como as paredes do pavimento externo, seu interior foi revestido com isolamento negro de cortiça.

Houve o cuidado em manter a harmonia da edificação com a paisagem do Vale do Douro, favorecendo vistas panorâmicas em diferentes perspectivas tanto dos ambientes interiores quanto das áreas externas. A proposta revela comprometimento com o patrimônio cultural e envolvimento com a comunidade local. Um exemplo é a capela e seus altares, que remontam ao período entre os séculos XVI e XVII e foram inteiramente restaurados por marceneiros e pintores da região.

A Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo pertence ao um dos maiores grupos econômicos de Portugal, o Grupo Amorim, e neste empreendimento evidencia a preocupação com a preservação e a valorização da paisagem cultural, ou seja, das tradições locais. Um exemplo foi o trabalho de restauração da capela e seus autores, que envolveu exclusivamente marceneiros e pintores da região, mas também expressam em iniciativas e práticas dentro do espaço da quinta e de seu entorno:

•••• Adaptação arquitetônica

•••• Gastronomia típica, com pratos regionais que utilizam a produção da horta e do pomar e é um dos destaques do restaurante que é aberto ao público, porém, necessitando reserva.

•••• No investimento em espaços museológicos como a Fundação Museu do Douro, que conta um pouco da história do vinho e da produção de azeite na região,

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com espaço para refeições, provas de vinho e azeite. Outro museu deve ser inaugurado com o acervo da própria família.

•••• Uma parceria com o pólo de biotecnologia da Universidade Católica, articulada com as populações locais, está desenvolvendo uma linha de produtos regionais centrada na vinha e na oliva, explorando os aromas e sabores da região.

O empreendimento se destaca pela oferta de atividades turísticas ao ar livre, por ter incorporado ao cardápio as práticas rurais ligadas à rotina da produção do vinho e da vida no campo.

•••• Três pomares históricos produtivos – África, Laranjeiras e Marco Pombalino – que oferecem frutos para as refeições e para a linha de produtos da Quinta, estão entre os destaques para roteiros de caminhada e as possibilidades de piqueniques oferecidos aos hóspedes.

•••• 5 roteiros de caminhada demarcados e homologados possibilitam a visita aos locais mais interessantes da Quinta, procurando evidenciar e valorizar o patrimônio existente e o ordenamento/enriquecimento.

•••• Winecaching é uma atividade lúdica que percorre a quinta e os seus lugares mais marcantes e emblemáticos, onde o participante se orienta por GPS em uma programação de desafios e de descobertas. A inspiração vem do geocaching, uma espécie de caça ao tesouro, que tem adeptos em todo o mundo e consiste num desafio de encontrar tesouros escondidos, com a ajuda de um dispositivo GPS, de forma individual ou em grupo, é vitorioso quem conclui primeiro o jogo.

O extremo cuidado com o hóspede se evidenciam em atitudes e práticas que fazem a diferença dos serviços oferecidos:

•••• Carta de boas vindas colocadas nos quartos, saudando a visita dos hóspedes.

•••• Atenção especial às crianças, que inclui carta aos pais sugerindo formas de entretenimento para os filhos, uma sala de brinquedos e jogos para este grupo, um menu descartável infantil ilustrado com sugestões de atividades.

•••• Cartão “ambiente” colocado nos banheiros, apelando para a redução da troca de toalhas.

•••• Cartão de “boa noite” acompanhado de rebuçado (caramelo típico) colocado no quarto indicando as condições meteorológicas do dia seguinte.

•••• Pedido de manutenção para ser colocado na porta do quarto em caso de alguma necessidade.

•••• Cartão de piquenique colocado na porta do quarto indica sugestões e possibilidades para o hóspede, acompanhado de ficha de solicitação do serviço.

•••• Cartão de compra do roupão, colocado no roupão, sugere a possibilidade de aquisição da peça pelo hóspede.

•••• Cartão cortesia Caudalie colocado no banheiro do quarto, indicando que os amenities e os kits de ensaio são um oferecimento desse fabricante.

•••• Manual ecológico detalhado apresenta a natureza, o meio ambiente e as tradições que envolvem o Vale do Douro e recomenda ao hóspede os cuidados e procedimentos em relação ao lixo, a uso racional de água e energia.

O empreendimento conquistou o reconhecimento através de prêmios:

•••• Enoturismo do Ano 2006 da Revista de Vinhos, edição portuguesa

•••• Best Wine Tourism Award 2007 na categoria alojamento.

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•••• Best Wine Tourism Award 2008 na categoria arquitetura, parques e jardins.

Contato

www.quintanova.com

Tel: 351 254 730 430

Paula Souza

Práticas observadas:

e Atividades ao ar livre e experiências no espaço rural

O empreendimento conseguiu implementar uma série de produtos diversificados relacionados ao espaço rural e natural (trilhas homologadas e sinalizadas, atividades esportivas e vivências de práticas rurais, como oficinas de pão artesanal) e da produção associada integrados à oferta turística.

Produtos, atividades e serviços para atendimento de todos os públicos, adultos e crianças, incluindo o sistema de day use e a comercialização da produção própria, tais como compotas, chás, azeite e vinho.

Mapa com os circuitos de caminhada existentes na área do empreendimento

Fonte: Anete Ferreira

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A integração ao ambiente e ao contexto do espaço rural, mas com estrutura e serviços de qualidade

Valorização da produção rural, do patrimônio cultural e arquitetônico, em que a atividade turística é um instrumento estratégico para garantir a manutenção e conservação dos mesmos. As áreas ao ar livre têm destaque no empreendimento, varandas, refeições sob o caramanchão de parreira, o deck da piscina que se integra às vinhas.

Ambientes externos: mesa de refeição, alpendre, deck da piscina e jardins

Fonte: Anete ferreira e site www.quintanova.com (foto maior)

O projeto arquitetônico de adequação soube respeitar as características originais da construção, mas incorporou uma série de espaços que garantem conforto e funcionalidade ao meio de hospedagem, imprimindo uma visão contemporânea ao seu uso atual. Isso se percebe nos quartos, na sala infantil, nos ambientes de convivência.

Ambientes internos: sala de estar, sala de brinquedos, banheiro e quarto

Fonte: Anete ferreira

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10 Pousada Santa Maria do Bouro

Criadas em 1942, a rede Pousadas de Portugal é formada por aproximadamente 40 empreendimentos que aproveitam a rica diversidade e as melhores tradições das regiões em que se inserem.

A formação da rede, hoje integrada ao Grupo Pestana, busca oferecer um produto de qualidade, confortável, acolhedor, moderno e original, com serviços personalizados e exclusivos. O conceito de hospedagem valoriza o contexto histórico, o mobiliário e decoração procuraram estabelecer harmonia com o lugar ou simplesmente evocam a ambiência do próprio monumento (móveis de estilo, tapeçarias, quadros, etc).

As Pousadas de Portugal exercem um papel importante na valorização do patrimônio arquitetônico, que privilegia a recuperação e conservação das edificações de reconhecido valor histórico. Por isso, a rede recebeu em 1995 o prêmio da ASTA (American Society of Travel Agents) e da Smithsonian Foundation, ao atribuir em 1995, pela contribuição na defesa do patrimônio cultural e do ambiente para fins turísticos.

Pousada Santa Maria do Bouro

Fonte: www.pousadas.pt

A Pousada de Santa Maria do Bouro integra a rede das Pousadas de Portugal, que funciona em um antigo Mosteiro Cisterciense do século XII, considerado um dos monumentos mais relevantes da arquitetura portuguesa.

O projeto de restauração é de Eduardo Souto de Moura, um dos mais conceituados arquitetos portugueses da atualidade, e soube garantir as referências históricas e a imagem da edificação, da estrutura, adequado ao atendimento das necessidades e funcionalidades atuais.

Externamente o mínimo de interferência, internamente foram mantidas as características e originais, com decoração que privilegia materiais simples e sóbrios, mantendo de certa maneira os preceitos da vida monástica.

Contato

www.pousadas.pt/historicalhotels/PT/pousadas/Portugal/Norte/SantaMariadoBouro/home/PousadaSantaMariadoBouro

Tel: 351 253 37 19 70

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Práticas observadas:

A adaptação arquitetônica do prédio de valor histórico

Ambientes externos privativos: deck do bar, detalhe das janelas e tratamento paisagistico

Fonte: Anete Ferreira

O projeto de adaptação de uma edificação de reconhecido valor histórico, onde funcionava um mosteiro, em um meio de hospedagem diferenciado e com excelente estrutura física, que privilegiou os traços originais da arquitetura, valorizou suas características, incorporou a ambiência da vida monástica, buscou novos conceitos, garantiu a funcionalidade, segurança e conforto das instalações.

e Um meio de hospedagem certificado, um produto de turismo cultural

A identidade cultural que foi mantida na estrutura do empreendimento é um instrumento fundamental no marketing, na promoção e na comercialização do produto.

O conceito de pousada histórica de design se tangibiliza no projeto arquitetônico da adaptação, assinado por um dos mais conceituados arquitetos portugueses da atualidade na decoração despojada, na utilização do espaço físico para eventos de arte. A formalização através da rede de Pousadas de Portugal também é um instrumento importante para que não sejam apenas referências conceituais, mas atitudes práticas cotidianas, com normas e procedimentos que conferem à certificação como uma pousada histórica de design.

O restaurante, quarto e a piscina

Fonte: www.pousadas.pt

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e Eficiência no atendimento e qualidade nos serviços

Destaca-se ainda a qualidade do atendimento, prática que chamou a atenção dos participantes da viagem técnica, sobretudo nos procedimentos do check in.

A qualificação da equipe é feita por meio de um programa de treinamento que inclui intercâmbio em outros empreendimentos da rede e a alternância entre os funcionários.

11 Hotel Infante Sagres

Hotel Infante Sagres: sala de estar e o restaurante

Fonte: Fátima Trópia

O hotel que integra a rede Small Luxury Hotels of the World, é o único na categoria 5 estrelas na área do Centro Histórico do Porto. A construção dos anos de 1950 combina a atmosfera neo-barroca, com decoração exuberante e o ambiente de uma galeria de arte. Características da arquitetura e da ambiência, somadas ao serviço personalizado, encantam hóspedes ilustres de diferentes partes do mundo.

Contato

www.hotelinfantesagres.pt

Tel: 351 223 398 500

Paulo Carvalho

Práticas observadas:

Buscar excelência como processo de melhoria contínua e disponibilidade para mudança

O empreendimento foi planejado e idealizado para ser um hotel de luxo e atender públicos privilegiados. Logo, preza pela localização estratégica, cuidadosa

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decoração e demais detalhes que fazem a diferença. A nova administração imprimiu a estratégia de renovação progressiva da estrutura física, dos serviços, mas sem perder ou comprometer a imagem de tradição e sofisticação consolidada ao longo de décadas.

e A realização de eventos, mostras e exposições de arte, como estratégia de imagem e renovação de público, envolvimento da comunidade e artistas locais

As estratégias de marketing trabalham o rejuvenescimento da marca, por meio da diversificação de eventos e atividades, como exposições de artes, mostras de design, jóias e antiquários. São iniciativas que garantem a freqüência dos públicos locais e atraem novos segmentos e mercados.

Serviço personalizado, agilidade, gentileza e hospitalidade no atendimento

O tradicional hotel conseguiu manter-se fiel aos princípios de gentileza e hospitalidade no atendimento que fazem parte de sua história, os funcionários da recepção e do serviço de mesas são gentis e solícitos, atentos e ágeis no encaminhamento das demandas dos clientes.

Existe a preocupação em fazer com agilidade o serviço de check in, sem rigidez no horário de entrada. Na recepção, gesto de cortesia com o drinque de boas vindas e um cálice de vinho do porto.

12 Casa da Música

Casa da Música

Fonte: Anete Ferreira

Espaço dedicado exclusivamente à música. A iniciativa nasceu no planejamento da candidatura do Porto à Capital Européia da Cultura, em 2001, quando a cidade iniciou um amplo processo de revitalização urbana. Concebida para ser a casa de todas as músicas, o projeto do arquiteto holandês Rem Koolhaas foi vencedor de um concurso, a ousadia e excelência da estrutura encontram correspondência na proposta artística, sempre em construção e alvo de experiências contínuas.

Inaugurada em 2005, no ano seguinte obteve o estatuto de fundação. A Casa é um pólo ativo da área musical e cultural, com ações de fidelização do público e

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programação que coloca a cidade do Porto e Portugal nos roteiros internacionais da música.

Uma casa de todos os sons, do erudito ao jazz, do fado à música eletrônica, da grande produção internacional ao projeto mais experimental, tudo tem espaço na programação dinâmica, ousada e de prestígio.

A Casa da Música também desenvolve um importante trabalho de produção e pesquisa, promovendo encontros de músicos e musicólogos, investindo em pesquisas sobre as origens da música portuguesa e apostando fortemente no seu papel de elemento nuclear na educação musical.

A casa abriga três grupos residentes: a Orquestra Nacional do Porto, o Remix Ensemble (jazz) e a Orquestra Barroca. É um equipamento pioneiro em Portugal, que oferece programação de concertos, recitais e performances, trabalho de pesquisa, estudo e produção, exercendo ainda o papel importante na formação de platéia.

Excelência na estrutura, soluções arrojadas, acústica próxima à perfeição, a Casa da Música reúne condições técnicas e de serviços para atender aos mais exigentes padrões artísticos em todas as linguagens musicais.

Contato

www.casadamusica.com

Tel: 351 22 609 2876

Gilda Velloso Práticas observadas:

e Excelência do produto: qualidade na estrutura, nos equipamentos e na programação

A excelência nas instalações, na estrutura física, nos equipamentos são os diferenciais do empreendimento. No projeto arquitetônico soluções originais e inovadoras que se traduzem em contemporaneidade e harmonia com o conjunto do patrimônio histórico do entorno: acessibilidade, versatilidade e funcionalidade de espaços para atender adequadamente público/equipe técnica e artistas; a utilização do vidro como elemento para estabelecer a acústica adequada e permitir a integração com o ambiente externo.

Dois ambientes do bar que envolve a sala concertos (à direita), a utilização do vidro (permitir a entrada de luz, a integração ao ambiente externo e elemento de isolamento acústico)

Fonte: Fátima Tropia

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e Atividades e programas para famílias com capacidade de atendimento do público infantil

A Casa da Música tem uma contribuição importante de inclusão cultural, de formação de platéia e do gosto musical da comunidade na qual se insere: desenvolve inúmeros programas educativos, incluindo concertos didáticos em horários alternativos e a preços populares; tem atividades para atender as crianças enquanto os pais assistem a concertos da programação principal; tem programação especial voltada aos portadores de deficiências, aos presidiários, entre outros.

e A visão empresarial da cultura

É um produto cultural de excelência, que exerce um papel importante na diversificação das ofertas turístico-culturais da cidade do Porto e contribui para a consolidação da imagem de destino cosmopolita, com programação cultural de qualidade. E existe, por parte da administração, uma preocupação com práticas de gestão eficiente visando a sustentabilidade do projeto e atitudes em criar atividades para os diferentes públicos dentro de todas as tendências musicais, da música clássica, passando pelo jazz, até badaladas raves de música eletrônica.

13 Fundação de Serralves

O parque urbano de 18 hectares, localizado no coração da cidade pertenceu a um importante industrial do Porto e integra uma casa art déco e seus jardins planejados, cuja construção remonta às primeiras décadas do século XX. Em 1986 o governo português adquiriu a propriedade, três anos depois criou a Fundação de Serralves numa inédita parceria público-privada para a gestão de um centro de arte e cultura, que atualmente integra mais de 100 empresas parceiras.

Em 1999, a Fundação de Serralves ampliou a estrutura e a proposta com a construção do Museu de Arte Contemporânea, como um espaço inovador para exposições, projetado por Álvaro Siza, um dos mais conceituados arquitetos portugueses. Em menos de uma década em funcionamento se transformou no museu mais visitado de Portugal e um dos mais freqüentados da Europa.

O conjunto integra espaços diferenciados, que oferece intensa programação de arte, cultura e lazer, de sensibilização ambiental focada no aspecto da paisagem e sustentabilidade, programa educativo diversificado, com ações também no campo do desenvolvimento local e regional através do incentivo às indústrias criativas.

A Fundação trabalha com o binômio qualidade e dinamismo aplicado à programação e à estrutura.

•••• Exposições temporárias em co-produção com grandes museus internacionais como MOMA, Tate, Guggenheim, entre outros;

•••• Performances com grandes nomes da música e dança experimental;

•••• Mais de mil atividades educativas por ano voltadas aos diferentes públicos;

•••• Diversas visitas temáticas guiadas, com foco institucional, arquitetura, paisagem, exposições, sons e cheiros, texturas, etc.

•••• Biblioteca especializada em arte e arquitetura que é considerada a melhor de Portugal;

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•••• Restaurante com chefs estrelados no Michelin;

•••• Eventos da instituição e realizados pelo público, produtos, livraria, loja de design. Na livraria a parceria é com a Leitura, que é considerada uma das melhores da Europa.

Do ponto de vista da atividade turística, a Fundação Serralves tem uma prática muito interessante. Eles têm um departamento específico que cuida da promoção nos mercados e na atração direta do público. Na promoção se vêem como um produto complementar de atração turística (da cidade, da região e do país) e desta forma trabalham em sinergia com as diferentes instituições responsáveis (Turismo de Portugal, Adeturn, Porto Convention Bureau e a Câmara Municipal) e de forma independente e autônoma, inclusive nos mercados internacionais. E também como produto turístico independente, capaz de motivar e atrair visitas exclusivas, atua diretamente junto ao seu público alvo e na formatação de pacotes junto aos operadores.

Fundação de Serralves: alameda do Museu, escultura “Colher de Jardineiro de Claes Oldenburg e Coosje Van Bruggen, jardins e fonte em frente à casa de Serralves

Fonte: Fátima Trópia

Contato

www.serralves.pt

Tel: 351 226 156 500

Odete Patrício

Práticas observadas:

Gestão empresarial de um espaço de arte e cultura: planejamento e dinamismo

A perspectiva empresarial está presente em toda a gestão do empreendimento. A Fundação tem plano estratégico global e por área de atuação, muito bem definido com objetivos, metas, visão de futuro e tratamentos diferenciados por área. Práticas e procedimentos refletem organização e cuidado com a qualidade, toda a equipe é envolvida nesse processo, o que gera motivação e comprometimento.

O que chama a atenção, no entanto, é a visão da arte, da cultura e do patrimônio paisagístico como negócio, onde a gestão busca eficiência, sustentabilidade

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econômica, mas com total envolvimento com a comunidade. A instituição se orienta no sentido de conquistar a liderança no setor, o “mais visitado museu de Portugal e um dos mais visitados da Europa”; o reconhecimento pela qualidade, pela excelência, “chefs estrelados no Michelin” ou “o curador mais reconhecido da atualidade”; isso evidencia uma idéia de competitividade que não é comum aos produtos e equipamentos de cultura.

Por trás dessa visão existe um trabalho permanente e constante de planejamento, com o uso de pesquisas, de estudos específicos, que alimenta e forma os processos internos da gestão, no desenvolvimento de novos produtos e na otimização do espaço físico.

A oferta de arte e cultura como um produto turístico estratégico

O grande destaque é o fato de terem um departamento inteiro dedicado exclusivamente ao gerenciamento do turismo, que trata a programação, o equipamento e a própria estrutura física do empreendimento como produto turístico diferenciado indutor de fluxo. Essa é uma tendência que vem crescendo no mundo. O Guggenheim de Bilbao talvez seja a principal referência neste campo, mas que foi concebido para ser isso. A Fundação de Serralves não, ela foi criada a partir de um espaço e acervo existente, desenvolveu novas áreas e atividades e redefiniu seu papel como produto cultural e turístico privilegiado.

O departamento de turismo tem um papel bem definido, atua no planejamento das ações de marketing nos mercados em sintonia com as instituições do setor em nível nacional, regional e local. Participa de feiras, de eventos, ações de divulgação (sites, guias, revistas especializadas) e comercialização (visitas e workshops com operadores, desenvolvimento de pacotes). A mídia presencial na cidade é concentrada nos modais e terminais de transporte internacional e entorno, nos postos de informações turísticas, nos hotéis e restaurantes. Estabelece tratamento diferenciado à promoção da Fundação e de suas exposições temporárias.

O turismo também é uma atividade empresarial. A Fundação, através do seu núcleo específico, desenvolve programas e roteiros de turismo cultural em outros países apenas para o grupo de amigos do museu. É a marca da instituição associada a produtos turísticos que são desenvolvidos em parceria com operadores locais e destinados ao público locais. Este serviço começou em 2002 e já foram realizadas mais de 30 viagens a destinos culturais por excelência, que incluem países como a Espanha, a China, Índia, Rússia, Austrália, Chile, Argentina, Bélgica, Itália, França, Portugal, entre outros, mas que têm identidade com os produtos e serviços da Fundação (museus, artes, paisagens culturais, etc).

Renovação permanente do produto oferecido: a cada 4 meses é um novo museu

A estrutura do Museu, que foi projetado em 1999, criou um conceito versátil e de extrema funcionalidade. A proposta é que a cada exposição seja um espaço físico absolutamente novo, paredes, janelas, portas, cores. São 3 grandes exposições por ano, planejadas com antecedência superior a um ano. Em cada inauguração é um novo museu que se abre para o público.

Isso é uma estratégia interessante porque a idéia de museu traz implícita a noção de um acervo estável, mas que neste caso se renova a partir das mostras temporárias e do tratamento dado ao espaço físico para receber essas exposições. Isso garante a atratividade do público local e o interesse de turistas que retornam

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ao destino, principalmente do segmento de negócios que no caso do Porto é bastante expressivo.

Diversificação do produto, integração e harmonia entre cultura e meio ambiente

Na parte superior os diferentes espaços dos jardins e embaixo os eventos que acontecem nas áreas externas utilizando os espaços dos jardins.

Fonte: www.serralves.pt/imagens

Na Fundação de Serralves tudo se transforma em produto, com aproveitamento máximo das possibilidades e a integração total entre cultura e natureza (ou espaço na natureza). Um excelente exemplo é o uso que se dá ao jardim, que na maioria das situações apenas gera despesas, recebe um tratamento especial e é fonte para a diversificação de novas ofertas. Toda área externa é considerada como patrimônio da paisagem em Portugal, que sintetiza as transformações ao longo do tempo que acontecem no território, no espaço e no tempo, num contexto cultural. Atribui-se valor ao esforço de recuperação e revitalização, convertendo-se a própria iniciativa em instrumento de conciliação do espaço às necessidades do homem contemporâneo e em um dos pilares do programa de educação e sensibilização da sociedade para a salvaguarda do patrimônio de paisagem. O trabalho específico desenvolvido no jardim é reconhecido em Portugal e no exterior, tendo conquistado os prêmios de inovação no domínio da educação ambiental da Associação Portuguesa de Museologia – APOM (1996) e o “Henry Ford Prize for the Preservation of the Environment” (1997).

O próprio esforço para a conservação e manutenção dos jardins, para qual foi necessária a montagem de uma equipe de profissionais, se converteu em serviços oferecidos pela Fundação. O núcleo constituído por especialistas e de técnicos formados na área oferece trabalhos práticos de tratamento e conservação de árvores para o equilíbrio fisiológico, sanitário e estético, bem como na prestação de serviços de jardinagem em complemento aos serviços específicos da arboricultura.

O jardim é oferecido ao público como uma nobre área de lazer, espaço privilegiado para eventos pessoais com serviços oferecidos pela Fundação como festas de aniversário, por exemplo; roteiro para visitas guiadas; estudo e interpretação da paisagem; atividades de educação ambiental; eventos do calendário regular da instituição como o Serralves 40 horas non stop (no aniversário da Fundação é

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realizada uma festa com 40 horas de programação ininterrupta e atividades contínuas para todos os públicos); cursos de técnicas de jardinagem e conversas com a natureza (em 2008 foram 22 cursos diferentes ao longo do ano); as folhas, sementes também são aproveitadas no processamento de papéis artesanais, sabonetes e outros artigos cosméticos.

Compromisso e parcerias para a promoção do destino nos mercados internacionais e não do produto

A Fundação tem uma política clara e objetiva de parcerias, como instituição de natureza pública, utilizando-se das leis de incentivo do governo português e oferecendo às empresas e pessoas físicas um vasto conjunto de modalidades de colaboração no âmbito do mecenato, tanto para a manutenção ou por projeto específico, com investimentos plurianuais em três formas categorias diferentes: institucional, por atividades ou por coleção. Também desenvolve ações de voluntariado, incorporando o trabalho de pessoas e grupos em seus projetos e iniciativas.

A política de financiamento também é adotada na prática de promoção, quando a Fundação assume o papel como instituição de destaque no destino e atua ao lado de outros empreendimentos e instituições do setor turístico para fazer a promoção nos mercados internacionais, inclusive com o aporte financeiro das ações.

Programa educativo (formação de público) e iniciativas para o desenvolvimento econômico local

A Fundação tem uma atuação forte na área educativa, visando a formação e a renovação de público, a sensibilização e motivação dos diferentes públicos para as temáticas da arte, da arquitetura, do ambiente e da cidadania. Ao mesmo tempo, integra atividades pedagógicas de longo prazo, de troca de conhecimentos, emoções e valores que estimulam uma aproximação crítica e criativa à cultura contemporânea, potencializando a fruição de um espaço com características singulares, intensificando a relação estabelecida com a comunidade, incentivando a criação de hábitos culturais e a integração de jovens e crianças em risco de exclusão social.

O núcleo educativo, formado por profissionais de várias áreas, é responsável pela formulação e desenvolvimento de todas as ações, e por um contingente de monitores especializados que acompanham todas as atividades incluindo as visitas guiadas.

É um programa permanente e abrangente, com produtos e serviços para as famílias, férias escolares (colônias de férias), focados em atividades pedagógicas de caráter lúdico, incluindo vivências nos espaços da Fundação (museu, casa, jardins, biblioteca, etc.); e programações temáticas relacionadas às exposições em pauta.

Atividades para professores, oficinas temáticas por faixa etária e para portadores de deficiência física e projetos temáticos bienais também são oferecidos pela Fundação. No período 2008/2009, o tema se articula com a exposição que abriu a programação em 2008, de Mickey Mouse a Andy Warhol, e se intitula “LIVROS À SOLTA”, que considera a produção literária infanto-juvenil e propõe reflexões sobre o suporte e a experimentação, numa aproximação às linguagens da arte contemporânea.

Uma prática de responsabilidade social, mas que demonstra a capacidade de compreender que as ações nesse campo podem garantir o futuro da própria

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instituição, pois motivam a freqüência de público e a formação de novos hábitos e interesses culturais, em todas as faixas etárias.

Desenvolve também o INSERRALVES - Indústrias Criativas - que tem como objetivo estimular a capacidade criativa, inovadora e empreendedora de indivíduos e empresas através da criação e gestão de uma incubadora que se insere no ambiente físico da própria Fundação. Também é proponente e executora de um estudo macroeconômico, que procura avaliar qual o impacto que as atividades das indústrias criativas podem desempenhar na sociedade e na economia da região Norte de Portugal, visando o desenvolvimento de um cluster do setor.

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Conclusão

Identidade, autenticidade: o turismo como atividade agregada à produção do vinho

Durante a visita técnica ao Norte de Portugal percebeu-se que a atividade turística está em processo de desenvolvimento, sobretudo na região do Vale do Douro, onde a relação com o enoturismo e a produção do vinho começa a despertar com a implantação de vários empreendimentos estruturados para o aproveitamento do potencial que a região oferece. O turismo começa orientado por instrumentos de planejamento e políticas de incentivo, capazes de estabelecer diretrizes de desenvolvimento no longo prazo associadas a um trabalho promocional nos mercados prioritários. Existem iniciativas de ordenamento territorial e de marketing promocional em todas as esferas e elas se complementam: no âmbito nacional por meio da agência Turismo Portugal e na esfera regional por meio da ADETURN, que lidera o processo de promoção nos mercados, baseado em uma consistente estratégia de marketing.

O turismo no Douro Vinhateiro, como a região é identificada por sua população, nasce como uma atividade agregada ao seu produto principal que é o vinho, vocação confirmada ao longo de centenas de anos. Nas tradicionais quintas, o turismo é visto como alternativa para diversificar as atividades comerciais, ampliar a venda direta ao público, gerar imagem positiva e mídia espontânea ao vinho. São mantidos os processo produtivos, a estrutura rústica das edificações, o estilo de vida nas vinhas, ao que se incorpora, em alguns casos, a adequação de espaços físicos específicos para o atendimento do visitante (alojamentos, restaurantes, lojas), com melhorias nas instalações, de forma a garantir conforto e evidenciar a hospitalidade do anfitrião, com bom gosto e qualidade nos serviços. No Vale do Douro encontramos identidade, autenticidade, valorização da cultura e auto-estima elevada.

Os empreendimentos eminentemente turísticos, que são em menor proporção, destacam-se pelo foco estabelecido no mercado de luxo, que potencializa exatamente a identidade e autenticidade da região, seus hábitos, tradições e valores, com ênfase na paisagem cultural que é classificada como Patrimônio Mundial. O conceito de luxo adotado passa longe da idéia de extravagância, de ostentação, pelo contrário, a aposta é na exclusividade, na tranqüilidade, no conforto, na qualidade da estrutura e dos serviços. Bom gosto, charme e sofisticação, que neste contexto ganha o sentido de “aprimoramento” da natureza e da cultura local.

A singularidade da beleza da paisagem cultural, a autenticidade de tradições outorgadas pelo selo de mais antiga região produtora de vinho demarcada do mundo são aspectos que são valorizados e motivo de orgulho para produtores de vinho e meios de hospedagem, aliados a uma estrutura qualificada para atendimento do público e serviços personalizados que estão construindo a excelência do destino. Como uma atividade relativamente nova, há muito por fazer para o desenvolvimento pleno do turismo na região, mas o que funciona é muito bom e existe a motivação para melhorar sempre, numa busca permanente por qualidade. A prática mostra que excelência é um processo contínuo, constante, o que aumenta a capacidade para se adequar aos desafios e mudanças de cenários.

No Brasil, o modelo adotado no Vale do Douro teria ótima aplicação, por exemplo, nas áreas produtoras de cachaça que valorizam os procedimentos artesanais, principalmente onde essa atividade está associada a outros produtos e atividades manuais. Na Região dos Vinhedos do Rio Grande do Sul ou do Vale do Rio São Francisco, como os sistemas produtivos do vinho se diferem na essência, uma experiência que está crescendo no Norte de Portugal e teria aplicabilidade seria a implantação de empreendimentos tematizados de alto padrão para o mercado

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brasileiro, dentro da faixa de luxo. Outra perspectiva com excelente aplicabilidade é o desenvolvimento de atividades sensoriais, dentro do conceito da Economia da Experiência que já vem sendo desenvolvido no Brasil, que permitem a diversificação da oferta turística nos destinos e permitem ao turista uma vivência efetiva do contexto sócio-cultural.

O conceito de turismo no espaço rural

A viagem técnica possibilitou a observação do conceito de turismo no espaço rural adotado em Portugal, que compreende o conjunto das atividades, experiências e vivências realizadas para além do ambiente urbano. Seja no contexto da atividade produtiva rural ou não, isso mantém uma interface com os aspectos de cultura e natureza. É um referencial mais simples que os parâmetros utilizados pelo Ministério do Turismo para a definição do segmento de turismo rural no Brasil, que compreende “o conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometidas com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade”5. A principal diferença, no entanto, não se restringe ao conceito do segmento, antes se refere à realidade do mundo rural, ao sentido de espaço e das práticas rurais em Portugal e no Brasil. A comparação entre as formas de ocupação do solo e os modelos da produção agropecuária de um país e outro, mostra que as diferenças não são apenas conceituais.

A definição de espaço rural aceita no território português e em outros países europeus compreende núcleos populacionais de até 10 mil habitantes, abrange um universo rural centrado no estilo de vida, no modelo das relações sociais e do homem com o meio, nos valores da ancestralidade; portanto, próximo ao que no Brasil se define como sendo “interiorano”, que está fortemente enraizado no imaginário das populações das grandes cidades brasileiras. O desenvolvimento de produtos turísticos neste contexto poderia resultar em novas perspectivas de mercado para o segmento de turismo rural no Brasil.

A experiência portuguesa de turismo no espaço rural mostra que o turista das grandes cidades busca no campo a tranqüilidade, a simplicidade; mas não abre mão de instalações confortáveis, serviços de qualidade. Dormir e comer bem são absolutamente fundamentais, assim como a integração e harmonia com o contexto da produção rural, que conferem autenticidade ao que está sendo oferecido. Mas é preciso disponibilizar ao turista um cardápio de atividades diversificadas e diferenciadas: é importante garantir “animação”, possibilidades que esse visitante provavelmente nem irá utilizar, mas ele precisa se sentir seguro de que a sua permanência no lugar não será entediante. Outra perspectiva importante é entender que as atividades rurais propriamente ditas não são suficientes para proporcionar o entretenimento do público essencialmente urbano, que normalmente se cansa e se aborrece com uma proposta com várias horas de uma mesma tarefa. As soluções não precisam necessariamente de grandes investimentos. Na maioria dos casos são oferecidas vivências culturais que podem ser uma oficina de culinária (a preparação de um prato típico ou de um pão caseiro), acompanhar um momento importante da colheita, participar de uma festa tradicional ou de um ritual da produção rural; passeios ao ar livre e que podem ser organizados em parceria com outros estabelecimentos ou com agências de receptivo.

5 Turismo Rural: Orientações Básicas. Ministério do Turismo, Brasília, 2008, página 19. Documento disponível para consulta a partir do site www.turismo.gov.br/regionalizacao, em “documentos para download”.

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Excelência na cultura: qualidade na estrutura e na programação, diversidade de ofertas, práticas de responsabilidade social, gestão empresarial.

As cidades também propiciaram inúmeros exemplos de boas e melhores práticas no segmento de turismo cultural. No Porto, foram realizadas visitas técnicas a dois equipamentos culturais que encantaram pela qualidade da estrutura e da programação oferecida, pela capacidade de oferecer atrações para todos os públicos, com iniciativas de inclusão sócio-cultural, compromisso com o desenvolvimento da arte e formação de platéias por meio de programas educativos consistentes. São produtos culturais por (e de) excelência, mas a cultura é gerida como um negócio, isso imprime uma dinâmica saudável, onde se busca eficiência nos processos e uma administração empresarial, para garantir resultados positivos no campo da arte e da sustentabilidade econômica. Existe a percepção e práticas de que a oferta cultural, de que os espaços físicos se constituem em atrativos turísticos singulares, no sentido da promoção do destino e da captação de público, representando uma alternativa como fonte geradora de recursos financeiros.

São conceitos e experiências que podem ser aplicadas a qualquer produto ou equipamento cultural, mas também aos empreendimentos turísticos, porque se utilizam instrumentos de planejamento, têm um trabalho cuidadoso na diversificação da oferta, buscam qualidade e excelência, querem falar efetivamente com os diferentes públicos, demonstram capacidade de inovação e estabelecem estratégias de integração com o ambiente e o meio social.

A formação de redes, associativismo e parcerias

A visita técnica possibilitou o contato com iniciativas importantes relacionadas à organização do turismo em Portugal, onde as experiências de associativismo e a formação de redes são a base de sustentação ao longo do tempo.

•••• A rede Pousadas de Portugal remonta ao período da Segunda Guerra; são mais de 60 anos de uma história em que o turismo se confirma como alternativa para a preservação e a valorização do patrimônio arquitetônico do país.

•••• A associação de Turismo de Habitação (Turihab) se mostrou capaz de definir um novo segmento, de organizar a atividade no país e ser uma referência internacional; criou uma marca Solares de Portugal e implantou uma Central de Reservas online que é um modelo.

•••• A ADETURN é uma agência regional, uma associação privada sem fins lucrativos, constituída pelo setor turístico, criada para atuar na promoção e ações de mercado. É financiada com recursos da iniciativa privada e por meio de uma série de parcerias estabelecidas com instituições públicas vinculadas a projetos específicos. Um modelo interessante que poderia ser aplicado às regiões turísticas brasileiras ou aos roteiros integrados, dentro do Programa de Regionalização do Turismo.

O convívio dos participantes brasileiros com estas experiências motivou o surgimento durante a viagem da Rede Brasil – Experiência em Turismo, uma associação que visa referendar e recomendar uns aos outros, porque se conhece e reconhecem em suas propostas e objetivos, por que partilham de idéias e práticas comprometidas com a excelência do turismo no país. Para mais informações sobre a rede, sugere-se contatar um dos participantes da viagem técnica.

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Comunicação: eficiência na informação, legibilidade, marcas bem posicionadas, uso adequado de imagens, qualidade e bom gosto.

O trabalho da área de comunicação, marketing e promoção se mostraram muito bem tanto em termos do destino quanto dos empreendimentos visitados. Materiais gráficos e sites impecáveis, funcionais, organizados e sem excessos, bem ilustrados, com imagens cuidadosamente selecionadas, textos curtos e objetivos, com informações claras, mapas, programação visual impecável, versão em pelo menos 2 idiomas. O tratamento das marcas também se destaca pela simplicidade dos traços, pelo uso de tipologia exclusiva e economia no uso das cores, mas com força e impacto visual.

A aplicabilidade no Brasil das experiências observadas em Portugal são absolutamente factíveis. Os empresários participantes deste projeto puderam concluir que ter um planejamento estratégico, trabalhar pela sua aplicação e para atingir metas estabelecidas pode ser uma receita de sucesso também na área de turismo rural e cultural, especialmente quando se busca valorizar o patrimônio natural e cultural da região e conta-se com a comunidade local para atingir a excelência.

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Turismo Rural: orientações básicas. Ministério do Turismo, Secretaria Nacional de Políticas de Turismo, Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico, Coordenação Geral de Segmentação. 2008

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www.quintadapacheca.com

www.wonderfulland.com/pacheca

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www.enotecadouro.com

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www.casadamusica.com

www.assec.pt/casa-do-coro

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70

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www.visitportoenorte.com

www.cm-guimaraes.pt/

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www.visitportoenorte.com

www.center.pt

www.jardinshistoricos.pt/index1.php

www.revistamuseu.com.br/legislacao/patrimonio/florenca.htm

www.unesco.org.br