relatÓrio final de estÁgio técnicas realizadas em viveiro...

41
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Técnicas realizadas em viveiro florestal Acadêmico: Lucas Kosvoski de Ourique Curso de Engenharia Florestal São Gabriel, RS, Brasil Junho de 2011.

Upload: doantuong

Post on 08-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO

Técnicas realizadas em viveiro florestal

Acadêmico: Lucas Kosvoski de Ourique

Curso de Engenharia Florestal

São Gabriel, RS, Brasil

Junho de 2011.

2

Técnicas realizadas em viveiro florestal

Por:

Lucas Kosvoski de Ourique

Relatório de estágio final apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Florestal, Área de Silvicultura, da Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheira Florestal.

Orientadora: Prof. Dra. Nirlene Fernandes Cechin

São Gabriel, RS, Brasil

Junho de 2011.

3

Universidade Federal do Pampa

Campus São Gabriel

Engenharia Florestal

A Comissão Examinadora, abaixo assinada,

Aprova o Relatório de Estágio

Técnicas realizadas em viveiro florestal

Elaborado por

Lucas Kosvoski de Ourique

Como requisito parcial para obtenção do grau de

Engenheiro Florestal

COMISSÃO EXAMINADORA:

______________________________

Prof. Dra Nirlene Fernandes Cechin

______________________________

Prof. Dr. Ítalo Filippi Teixeira

______________________________

Gestor Ambiental Marcelo Rodrigo Muller

São Gabriel, Junho de 2011.

4

Resumo

Universidade Federal do Pampa

Campus São Gabriel

Engenharia Florestal

Técnicas realizadas em viveiro florestal

Por: Lucas Kosvoski de Ourique

Orientadora: Prof. Dra Nirlene Fernandes Cechin

No período de 01 de abril de 2011 a 10 de junho de 2011, foi realizado o estágio prático

profissional do acadêmico Lucas Kosvoski de Ourique, no viveiro da Floricultura Amor

Perfeito, localizada no Município de São Gabriel - RS. Durante este período foram

realizadas diversas atividades, dentre as quais algumas técnicas utilizadas em viveiros

florestais. Foram desenvolvidos três testes para determinar o mais adequado para a

quebra da dormência tegumentar da Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit., com o

intuito de verificar o potencial germinativo desta espécie, buscando determinar um

método que possa ser facilmente utilizado, para obter, em menor tempo, os melhores

resultados e os menores custos na produção de mudas da espécie nos viveiros

florestais de pequeno e médio porte. Também foi realizada a produção de mudas de

espécies nativas, como a Erythrina crista-galli (corticeira-do-banhado) e o Ficus enormis

(figueira), pela propagação vegetativa por estaquia. Ainda foi realizada a semeadura,

em tubetes, de outras espécies nativas e exóticas, cujas sementes foram coletadas no

Município de São Gabriel. Outra técnica de viveiro realizada foi o transplante de mudas

arbóreas de algumas espécies que estavam em sacos plásticos para “baldes”.

Finalmente, foi realizado um estudo para proporcionar uma melhor reestruturação da

área do viveiro da Floricultura Amor Perfeito.

Palavras-chaves: Viveiro Florestal, Quebra de dormência, Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit.

5

Lista de Ilustrações

Figura 1 – Exemplar de Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit– Praça Fernando Abbott – São

Gabriel – RS..........................................................................................................................................

14

Figura 2 – Aspecto de alguns frutos coletados de Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit, São

Gabriel – RS, 2011................................................................................................................................

15

Figura 3 – Sementes de leucena perfuradas por inseto da Ordem Thysanura São Gabriel – RS,

2011.............................................................................................................................................

15

Figura 4 – Quebra de dormência das sementes de Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit, São

Gabriel – RS, 2011.........................................................................................................................

16

Figura 5 – Substrato e recipientes utilizados nos testes de germinação da leucena (a) substrato (b)

bandeja com 200 células (c) tubetes, São Gabriel – RS, 2011..........................................................

17

Figura 6 – Bandeja com os 5 tratamentos do primeiro teste (a) e detalhe das sementes nos

espaços da bandeja (b), São Gabriel – RS, 2011...........................................................................

19

Figura 7 – Sementes de Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit com perfurações, utilizadas no

tratamento T1, São Gabriel – RS, 2011..........................................................................................

20

Figura 8 – Irrigação diária realizada no teste 3, às 16:00 horas da tarde, São Gabriel – RS,

2011.............................................................................................................................................

22

Figura 09 – Transplante de Ipê amarelo Handroanthus chrysotrichus (Mart. ex DC) para balde,

com diminuição de copa para fins de adaptação da espécie, São Gabriel – RS, 2011......................

24

Figura 10 – Estacas de figueira em tubetes na casa de sombra. São Gabriel, 2011......................... 25

Figura 11 – Tamanho médio das estacas selecionadas de corticeira do banhado, São Gabriel –

RS, 2011......................................................................................................................................

26

Figura 12- Estacas de corticeira do banhado dispostas na casa de sombra, São Gabriel –RS......... 27

Figura 13 - Área do viveiro, São Gabriel – RS, 2011....................................................................... 28

Figura 14- Germinação da semente de leucena (a) teste dois, com o detalhe do furo da semente

aparecendo no folíolo. (b) Bandeja com o teste um ao final dos 30 dias..........................................

29

Figura 15 – Comparativo do percentual de germinação, ao final de 15 dias, entre o primeiro e o

terceiro testes com os mesmos tratamentos realizados, São Gabriel – RS, 2011.............................

31

Figura 16 – Comparativo do percentual de germinação, ao final de 30 dias, entre o primeiro e o

terceiro testes com os mesmos tratamentos realizados, São Gabriel – RS, 2011. ..........................

32

Figura 17 – Comparativo do percentual de germinação, ao final de 30 dias, entre os três testes

realizados, São Gabriel – RS, 2011. ..............................................................................................

33

Figura 18 – Croqui do viveiro da Floricultura Amor Perfeito, São Gabriel – RS, 2011........................ 34

Figura 19 – Modelo de bancada para tubetes no Viveiro da floricultura Amor Perfeito - São Gabriel,

2011...............................................................................................................................................

35

Figura 20 – Croqui área de casa de sombra 1, São Gabriel – RS, 2011............................................ 36

6

Figura 21 – Bancada na área de rustificação dos Pets, com divisórias de taquara, São Gabriel –

RS, 2011......................................................................................................................................

36

Figura 22 – Croqui área de rustificação com as embalagens Pets................................................... 37

7

Lista de tabelas

Tabela 1 – Primeiro teste – cinco tratamentos realizados para a quebra de dormência tegumentar

da Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit São Gabriel – RS, 2011..................................................

18

Tabela 2 – Segundo teste - quatro tratamentos realizados para a quebra de dormência tegumentar

da Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit, para sementes com tegumento furado, São Gabriel –

RS, 2011.......................................................................................................................................

20

Tabela 3 – Terceiro teste – cinco tratamentos realizados para a quebra de dormência tegumentar ar

da Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit.........................................................................................

21

Tabela 4 – Total de sementes germinadas após 15 dias e após 1 mês no primeiro teste e seus

respectivos percentuais de germinação.........................................................................................

29

Tabela 5 – Total de sementes germinadas após 15 dias e após 1 mês no segundo teste e seus

respectivos percentuais de germinação...............................................................................................

30

Tabela 6 – Total de sementes germinadas após 15 dias e após 1 mês no terceiro teste e seus

respectivos percentuais de germinação...........................................................................................

30

Tabela 7 – Áreas das Dependências do viveiro Florestal com suas dimensões com a

reestruturação................................................................................................................................

32

Tabela 8 – Cronograma das atividades realizadas no estágio em abril de 2011, São Gabriel............ 40

Tabela 9 – Cronograma de Atividades realizadas no estágio em maio de 2011, São Gabriel............ 41

8

Sumário

Organização.................................................................................................................... 9

1. INTRODUÇÃO............................................................................................................ 10

1.1 Objetivos................................................................................................................... 11

1.2 Revisão Literatura.................................................................................................... 11

1.2.1 Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit.................................................................. 11

2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS............................................................................... 13

2.1. Quebra de dormência Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit................................ 13

2.1.1Coleta dos frutos.................................................................................................... 14

2.1.2 Quebra de dormência da leucena........................................................................ 15

2.1.3 Substrato e recipientes....................................................................................... 16

2.1.4 Testes realizados................................................................................................. 17

2.1.4.1 Primeiro teste.................................................................................................... 18

2.1.4.2 Segundo teste................................................................................................... 19

2.1.4.3 Terceiro teste..................................................................................................... 20

2.1.5 Luminosidade....................................................................................................... 21

2.1.6 Irrigação................................................................................................................ 21

2.2 Transplantes de Mudas Nativas de sacos plásticos para Baldes............................... 22

2.3 Reproduções vegetativas de árvores nativas.......................................................... 24

2.3.1 Estaquia realizada com Ficus enormis (Figueira)................................................ 24

2.3.2 Estaquia realizada com Erythrina crista-galli (L.) - Corticeira do

Banhado........................................................................................................................

25

2.4 Reestruturações do viveiro florestal da Floricultura Amor Perfeito......................... 27

3. RESULTADOS.......................................................................................................... 28

3.1. Quebra de dormência Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit............................... 28

3.2 Reestruturações do viveiro florestal da Floricultura Amor Perfeito......................... 33

3.2.1 Reestruturação da casa de sombra..................................................................... 34

3.2.2 Reestruturação da Área Rustificação 7– Pets...................................................... 36

3.2.3 Construção de um laboratório para as atividades no viveiro florestal.................. 37

4. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES................................................................... 38

5. REFERÊNCIAS......................................................................................................... 39

6. ANEXOS...................................................................................................................... 40

9

Organização

A empresa Floricultura Amor Perfeito tem como responsável técnico o Gestor

Ambiental Marcelo Rodrigo Muller, estando situada na Rua Coronel Soares, 867, sala 2,

no centro do Município de São Gabriel - RS.

O viveiro onde são produzidas as mudas comercializadas pela floricultura fica

localizado na Rua Francisco Silva, Nº 3571, no Bairro Medianeira.

A floricultura Amor Perfeito atua em diversos ramos relacionados à produção de

mudas, sendo que esta direciona suas atividades para a produção de flores de corte,

hortaliças e mudas de árvores nativas e exóticas para diversas finalidades (frutíferas,

arborização urbana, recuperação de áreas degradas, plantios comerciais, etc).

A produção da floricultura é comercializada para diversas pessoas, empresas e

órgãos públicos relacionados à sua área de atuação.

10

1. INTRODUÇÃO

Atualmente a crescente preocupação ambiental quanto à degradação da flora e

da fauna e a conseqüente perda da diversidade é pauta na mídia e inquieta a população.

A degradação tem como grande responsável o homem, com a exploração massacrante

e desenfreada das matas nativas, sem nenhum comprometimento em recuperar estas

áreas, tornando este recurso cada vez mais escasso.

Com o novo paradigma ambiental, referente à degradação de florestas naturais, a

partir dos anos 70, começou uma maior dificuldade na obtenção de madeira. Sendo

assim, o interesse para o uso de espécies exóticas se tornou mais vigente, pois na

maioria das vezes, as espécies exóticas podem se adaptar bem ao ambiente e

apresentam crescimento mais rápido que as nativas. Logo, o produtor poderá obter uma

produção maior em menor tempo. A entrada de espécies exóticas muitas vezes é

oportuna, pois pode suprir a necessidade energética, tirando a pressão das poucas

espécies nativas ainda encontradas na região.

O viveiro florestal é o local aonde acontecem às primeiras pesquisas com relação

à introdução de espécies. Para obter sucesso na implantação de uma espécie, devem

existir técnicas de reprodução em viveiros que apresentem bons resultados e que

possam diminuir o tempo de produção das mudas, bem como aumentar a eficiência de

sua produção.

Estudos comprovaram a eficácia da quebra da dormência pelo uso de diversos

métodos, mas alguns com a necessidade de serem realizados em laboratórios, com

produtos que apresentam alguma periculosidade e com custos um tanto altos.

A obtenção de um método mais fácil, e que possa ser feito de forma mais simples,

em qualquer local, é essencial para a utilização em viveiros de pequeno e médio porte.

A Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit. é originária da América Central, de onde

se dispersou para outras partes do mundo devido a sua versatilidade de utilização. É

uma espécie arbórea considerada invasora, mas que surge como uma alternativa a

dificuldade de produção de madeira para diversas finalidades, como na produção de

madeira, carvão vegetal, no melhoramento do solo, na recuperação de áreas

degradadas, para fazer adubação verde, pois esta é uma espécie leguminosa e fixadora

de nitrogênio e as suas folhas podem ser utilizadas como forrageira, servindo como

fonte de alimento para o gado por ser altamente palatável.

11

As sementes da leucena apresentam uma dormência tegumentar que impede

muitas vezes, a curto espaço de tempo, a sua germinação. Para superar a dormência

tegumentar podem ser utilizadas três técnicas: a imersão das sementes em água

quente, a escarificação ácida e a escarificação mecânica.

1.1 Objetivos:

O presente estágio teve como principal objetivo determinar o teste mais adequado

para a quebra da dormência tegumentar da Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit., a fim

de verificar a viabilidade e o potencial germinativo das sementes da espécie, procurando

determinar um método que possa ser facilmente utilizado para obter, em menor tempo,

os melhores resultados e os menores custos na produção de mudas da espécie nos

viveiros florestais de pequeno e médio porte.

Os objetivos secundários deste trabalho foram, a realização de algumas

atividades técnicas, como a produção de mudas de Erythrina crista-galli (corticeira-do-

banhado) e o Ficus enormis (figueira), por meio da propagação vegetativa por estaquia;

a semeadura, em tubetes, de outras espécies nativas e exóticas, o transplante de mudas

de Ipê amarelo Handroanthus chrysotrichus (Mart. ex DC) que estavam em sacos

plásticos para baldes e a realização de um estudo para a reestruturação da área do

viveiro da Floricultura Amor Perfeito.

1.2 Revisão Literatura

1.2.1 Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit

As espécies exóticas, muitas vezes introduzidas de forma correta, não se tornam

invasoras, enquanto que outras viram um problema aos ambientes naturais. A gravidade

do impacto é, principalmente, pela falta de manejo adequado e pela falta de controle na

dispersão da espécie introduzida. O manejo de espécies exóticas invasoras é parte

12

fundamental das estratégias de conservação da biodiversidade e deve ser feito de forma

multidisciplinar e integrada (ZILLER et al 2008).

Para Blum et al (2008), o sucesso na implantação de espécies arbóreas depende

do planejamento a introdução das árvores na paisagem urbana, proporcionando, assim,

diversos benefícios, contudo deve-se ter cuidado com àquelas espécies que tem

capacidade de realizar invasão biológica, denominadas atualmente “exóticas invasoras”.

Segundo Teles (2000), a leucena (Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit é uma

leguminosa arbórea, originária da América Central, e com diferentes e diversificados

usos.

A leucena é considerada uma excelente forrageira, com níveis de proteína bruta e

digestibilidade elevados, podendo ser utilizada na alimentação animal como alternativa

alimentar para o rebanho, devendo ser fornecida principalmente sob a forma de feno ou

de silagem (SANTOS, 2009). Assim, a leucena torna-se uma alternativa para maximizar

o aproveitamento da forragem de boa qualidade produzida na época chuvosa, e ser

armazenada em forma de feno para épocas mais secas.

De acordo com Peixoto (2007), a leucena é uma espécie fixadora de nitrogênio e

em alguns locais é freqüentemente encontrada no estágio secundário de sucessão

florestal, sendo muito utilizada em solos degradados e em reflorestamentos. A leucena

pode produzir de 4 a 6 toneladas de matéria seca e 750 quilos de sementes em um

hectare.

A leucena (Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit. é uma forrageira de alto valor

nutritivo, difundida em quase todo o Brasil e outras regiões tropicais do mundo. Possui

teores de proteína capaz de suprir as necessidades dos rebanhos de ovinos e de

bovinos com tranqüilidade (REIS , 2001).

Segundo Aleixo et al.(2008), a Leucena apresenta um crescimento muito rápido, o

que a qualifica para auxiliar em restaurações de áreas degradadas, no controle de áreas

com presença de erosão, na melhoria da fertilidade do solo pela fixação de nitrogênio, e

na fixação de CO² atmosférico.

Segundo Fowler et al (2001), a dormência das sementes se caracteriza quando

os tecidos que as envolvem exercem um impedimento que estas não podem superar,

sendo conhecida como dormência tegumentar. Esta é a dormência mais comum, e está

relacionada com a impermeabilidade do tegumento empregando certa resistência

mecânica ao crescimento do embrião.

13

A dormência das sementes é uma estratégia adaptativa das espécies, no que se

refere à sobrevivência e perpetuação. Porém, muitas vezes é uma característica

negativa para o homem manejar e fazer as sementes germinarem (COSTA et al, 2010).

Conforme Oliveira et al.(2003), um dos principais problemas que dificultam a

produção de mudas de espécies florestais é a dormência apresentada por algumas

espécies, principalmente as da família das leguminosas. Inúmeros são os tratamentos

para a superação da dormência, entre eles se destacam as escarificações mecânica e

química, e a imersão em água quente.

Assim Teles (2000), verificou em um estudo onde foi realizada a quebra de

dormência de sementes de leucena, que os métodos de escarificação ácida e por água

quente demonstraram grande eficiência na superação da dormência, apresentando altos

índices de germinação.

Para a produção das mudas de leucena, é necessário quebrar a dormência

natural das sementes, causada pela impermeabilidade do tegumento à água, a qual se

denomina semente dura (TELES, 2000).

2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

O estágio foi realizado no período de 01 de abril a 10 de junho de 2011, no

viveiro da floricultura Amor Perfeito, localizada em São Gabriel.

O Município está localizado na metade sul do estado do Rio Grande do Sul, na

região da Campanha. Apresenta um clima subtropical, com temperaturas mínimas

durante o ano de 14°C, e temperaturas máximas de 25°C, com precipitação média

mensal de 132 mm e média anual perto de 1600 mm (TEMPO AGORA, 2011).

2.1. Estudo da quebra de dormência tegumentar da Leucaena leucocephala (Lam.)

de Wit.

O estudo da quebra da dormência tegumentar da Leucaena leucocephala (Lam.)

de Wit. foi realizado nos dias 11 de abril de 2011, com dois testes, e no dia 29 de abril

de 2011 com o terceiro teste.

14

2.1.1 Coleta dos frutos

Os frutos de leucena foram coletados, de forma aleatória, em duas árvores

localizadas na esquina Norte da Praça Fernando Abbott, na região central de São

Gabriel (Figura 1).

Figura 1 – Exemplar de Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit – Praça Fernando Abbott – São Gabriel –

RS, 2011.

Fonte: Cechin, 2011.

Os frutos apresentaram um total de 300 sementes, sendo que alguns destes

estavam perfurados (Figura 2).

Após a retirada das sementes dos frutos, foi possível perceber que algumas

apresentavam um pequeno furo no tegumento. As perfurações foram feitas por um

pequeno inseto da ordem Thysanura, conforme pode ser observado na figura 3.

15

Figura 2 – Aspecto de alguns frutos coletados de Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit, São Gabriel –

RS, 2011.

Fonte: Cechin, 2011.

Figura 3 – Sementes de leucena perfuradas por inseto da Ordem Thysanura, São Gabriel – RS, 2011

Fonte: Cechin, 2011.

16

2.1.2 Quebra de dormência da leucena

A quebra de dormência das sementes da Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit

foi realizada em copos plásticos descartáveis, nos quais foram identificados com o

auxilio de uma caneta de ponta molhada, o tipo de tratamento que seria realizado

naquele recipiente (Figura 4).

Na quebra de dormência das sementes foi utilizada água, a qual foi colocada nos

recipientes em diferentes tempos de imersão das sementes e a temperatura de 85°C,

de acordo com os tratamentos propostos pelos testes. Nos tratamentos que

necessitavam de água quente foram utilizados recipientes metálicos, e a água foi

aquecida até, aproximadamente 85° C, antes que a mesma começasse a ferver, o que

poderia ser prejudicial de forma geral as sementes. O volume de água utilizado nos

tratamentos foi 4 vezes maior que o volume das sementes.

Figura 4 – Quebra de dormência das sementes de Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit.

Fonte: Ourique, 2011.

2.1.3 Substrato e recipientes

O substrato utilizado no experimento foi o MECPLANT (Figura 5a), produzido pela

indústria Wolf Klabin LTDA. A composição do substrato utilizado é à base de casca de

pinus, vermiculita, corretivo de acidez e fertilizantes minerais. Este tem capacidade de

17

retenção de água de 60%, capacidade de troca catiônica (CTC) de 200 mmol c/Kg e

natureza física sólida.

Os recipientes utilizados no primeiro e segundo testes foram bandejas de isopor

(Figura 5b) com 200 células para semeadura. As bandejas foram numeradas com a

numeração 30 e 31 para teste um e teste dois, respectivamente, seguindo a numeração

das bandejas utilizadas no próprio viveiro.

Os recipientes utilizados no teste três foram os tubetes para árvores nativas

(Figura 5c), os quais foram preenchidos com 100 gramas, em média, de substrato.

Figura 5 –Substrato utilizado nos testes de germinação da leucena (a), bandeja de isopor com 200 células

(b) e tubetes (c). São Gabriel – RS, 2011.

Fonte: Ourique, 2011.

2.1.4 Testes realizados

Na análise da quebra de dormência das sementes de leucena foram

determinados 3 (três) testes.

No primeiro teste foram realizados 5 tratamentos: Testemunha (T1), Água a

temperatura ambiente e imersão das sementes por 24 horas (T2), Água quente ( 85°C)

e imersão por 5 minutos (T3), Água quente ( 85°C) e imersão por 10 minutos (T4) e

Água quente ( 85°C) e imersão por 15 minutos (T5).

18

No segundo teste foram repetidos apenas os tratamentos T1, T2, T3 e T4 que

foram realizados no primeiro teste (Tabela 2) e no terceiro teste foram repetidos todos os

5 (cinco) tratamentos conforme os mesmos foram realizados no primeiro teste. O

Terceiro teste foi encerrado no dia 30 de maio de 2011.

2.1.4.1 Primeiro teste

No primeiro teste foram utilizados 5 (cinco) tratamentos para a quebra da

dormência tegumentar das sementes de leucena, sendo todos realizados com a

utilização de água em diferentes temperaturas e em diferentes tempos de imersão

(Tabela 1). Os processos de quebra de dormência das sementes foram realizados nos

dias 10 e 11 de abril de 2011.

No tratamento um (T1) não foi realizada nenhuma intervenção, pois o mesmo

serviu como testemunha, para verificar a viabilidade das sementes. No tratamento dois

(T2) foi colocada água da torneira nos copos que continham as 30 sementes, onde estas

ficaram de “imersas” na água por 24 horas. Nos tratamentos três (T3), quatro (T4), cinco

(T5), foi utilizada a água aquecida a temperatura de 85°C. Após, esta foi colocada nos

3 copos referentes aos três tratamentos (T3, T4, T5) e as sementes ficaram submersas

na água pelo tempo de 5, 10 e 15 minutos, respectivamente.

Tabela 1: Primeiro teste – cinco tratamentos realizados para a quebra de dormência

tegumentar da Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit, São Gabriel – RS, 2011.

Tratamentos Metodologia

T1 Testemunha

T2 Água a temperatura ambiente e imersão por 24 horas

T3 Água quente ( 85°C) e imersão por 5 minutos

T4 Água quente ( 85°C) e imersão por 10 minutos

T5 Água quente ( 85°C) e imersão por 15 minutos

19

No teste foram utilizadas, para cada tratamento, 30 (trinta) sementes sadias

(n=150), sem nenhuma perfuração ou algum tipo de patógeno presente nas mesmas. A

semeadura foi realizada no dia 11 de abril, em uma bandeja de isopor (Figuras 6a e 6b).

A bandeja foi numerada com o número 30 e, após a semeadura, esta foi colocada na

estufa para a germinação.

Figura 6 – Bandeja com os 5 tratamentos do primeiro teste (a) e detalhe das sementes nas células da

bandeja (b), São Gabriel – RS, 2011.

Fonte: Ourique, 2011.

2.1.4.2 Segundo teste

Na análise da viabilidade das sementes, aquelas que já apresentavam o

tegumento furado no momento da coleta também foram testadas (Figura 7).

6a 6b

20

Figura 7 – Sementes de Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit com perfurações, utilizadas no tratamento

T1 São Gabriel – RS, 2011.

Fonte: Ourique, 2011.

Neste teste foram realizados 4(quatro) tratamentos, com a finalidade de verificar o

percentual de germinação que estas poderiam apresentar (Tabela 2). As sementes

também foram semeadas em uma bandeja de isopor, na qual foi colocado o número 31,

e após esta foi colocada na estufa para a germinação.

Tabela 2: Segundo teste - quatro tratamentos realizados para a quebra de dormência

tegumentar da Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit , para sementes com tegumento

furado, São Gabriel – RS, 2011.

Tratamentos Metodologia

T1 Testemunha

T2 Água a temperatura ambiente e imersão por 24 horas

T3 Água quente ( 85°C) e imersão por 5 minutos

T4 Água quente ( 85°C) e imersão por 10 minutos

Após 15 dias foi realizada a contagem do número de sementes germinadas no

primeiro e segundo testes. A avaliação final da germinação da leucena nestes testes foi

realizada ao termino do período de 1 (um) mês.

21

2.1.4.3 Terceiro teste

Nesta avaliação foram realizados os mesmos tratamentos utilizados no teste um,

conforme a metodologia utilizada no mesmo (Tabela 3). Foi realizada uma nova coleta

de sementes da espécie e, neste caso, foram utilizadas somente as sadias. A

semeadura foi realizada no dia 29 de abril de 2011, em tubetes plásticos. Após, estes

foram colocados diretamente na casa de sombra.

Tabela 3: Terceiro teste – cinco tratamentos realizados para a quebra de dormência

tegumentar da Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit., São Gabriel – RS, 2011

Tratamentos Metodologia

T1 Testemunha

T2 Água a temperatura ambiente, imersão por 24 horas

T3 Água quente (aprox. 85°C), imersão por 5 minutos

T4 Água quente (aprox. 85°C), imersão por 10 minutos

T5 Água quente (aprox. 85°C), imersão por 15 minutos

2.1.5 Luminosidade

No primeiro e segundo testes, as bandejas foram cuidadosamente colocadas na

estufa, que consegue manter a temperatura mais alta, acelerando o processo de

germinação. No Terceiro teste, os tubetes foram colocados diretamente na bancada da

casa de sombra, ficando embaixo do sombrite com 50% de luminosidade.

22

2.1.6 Irrigação

Nos três testes foram realizadas irrigações periódicas, no mínimo duas por dia,

dependendo da situação climática. A primeira irrigação era realizada às 8:30 da manhã e

a segunda irrigação às 16:00 horas da tarde (Figura 8). De acordo com as necessidades

diárias de água, foram realizadas mais algumas irrigações neste intervalo.

Figura 8 – Irrigação diária realizada no teste 3, às 16:00 horas da tarde.

Fonte: Ourique, 2011.

2.2 Transplantes de Mudas Nativas de sacos plásticos para “Baldes”

No estágio, também foram realizadas atividades referentes ao transplante de

mudas nativas de sacos plásticos para baldes.

As maiorias destas mudas já apresentavam um elevado grau de deterioração das

embalagens (sacos plásticos), dificultando o seu manejo e inviabilizando a

comercialização das mesmas. Algumas mudas estavam em tamanho tão avançado que

os sacos plásticos não conseguiam mais sustentá-las.

23

No presente trabalho foram realizados transplantes com mudas nativas de Ipê

amarelo - Handroanthus chrysotrichus (Mart. ex DC), Ipê Roxo - Handroanthus

heptaphyllus (Vell.) Mattos, Ipê Ouro - Handroanthus alba (Cham.) Mattos e Angico

Vermelho - Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan.

No transplante foi utilizado podão, baldes, terras reformadas do próprio viveiro, pá

de jardineiro, guiam de taquara e barbantes.

Primeiramente, foram realizados 2 (dois) furos na parte inferior de cada balde,

para que não ocorresse o acúmulo de água nos recipientes, o que acarretaria em

problemas com patógenos.

Os sacos que envolviam as mudas foram retirados, e estas foram

cuidadosamente acondicionadas no centro de cada balde. Após, foram colocadas duas

pás rasas de terra, preenchendo os espaços laterais, sempre de forma mais firme e

“socada” para que não ocorressem bolhas de ar dentro do balde.

Logo, foi realizada redução foliar nas mudas, para fins de adaptação ao novo

recipiente e diminuição da atividade fotossintética das mesmas, e os conseqüentes

impactos gerados, como a dificuldade de enraizamento pelo transplante. Para finalizar,

junto às mudas foram colocaram “guias” para orientar o crescimento vertical da planta,

evitando que as mudas bifurcassem e perdessem valor comercial.

Após os transplantes das mudas, estas foram levadas para a área de rustificação

e foram colocadas em linha, estando prontas para a comercialização (Figura 9).

24

Figura 9 – Transplante de Ipê amarelo Handroanthus chrysotrichus (Mart. ex DC) para balde, com

diminuição de copa para fins de adaptação da espécie, São Gabriel - RS.

Fonte: Ourique, 2011.

2.3 Reproduções vegetativas de árvores nativas

Outra técnica desenvolvida para a produção de mudas foi a estaquia. Esta

atividade foi realizada com duas espécies nativas do pampa gaúcho, de muita

importância para o bioma local, e que apresentam muita dificuldade na produção de

mudas. As duas espécies utilizadas foram a Erythrina crista-galli (L.), comumente

conhecida como corticeira do banhado e o Ficus enormis, a figueira, as quais têm o

corte proibido, em todo o Estado, pela lei Nº 9.519, de 21 de janeiro de 1992,

posteriormente reeditada pela lei nº 11.026/97 que institui o Código Florestal do Estado

do Rio Grande do Sul e apresenta outras providências, nos artigos 33 e 34.

“Art. 33 - Fica proibido, em todo o território do Estado, o corte de: I - espécies nativas de figueiras do gênero Ficus e de corticeiras do gênero Erytrina; II - exemplares de algarrobo (Prosopis nigra) e inhanduvá (Prosopis affinis). Art. 34 - O corte das espécies a que se refere o artigo anterior poderá ser autorizado pelo órgão

florestal estadual, em caráter excepcional, quando a medida for imprescindível à execução de obras de relevante utilidade pública ou interesse social do Estado e as espécies não sejam passíveis de transplante sem risco a sua sobrevivência. (Redação dada pela Lei nº 11.026/97). “

25

2.3.1 Estaquia realizada com Ficus enormis (Figueira)

A figueira selecionada como árvore matriz para a obtenção de estacas fica

localizada na Praça Fernando Abbott, no centro do Município de São Gabriel - RS,

próxima a Câmara de Vereadores. No total foram retiradas 200 estacas, com

aproximadamente 12 centímetros de comprimento e largura aproximada de uma caneta.

(Figura 10). As estacas foram colocadas nos tubetes, a uma profundidade média de 5

cm, tendo como substrato um composto de casca de pinus, vermiculita, corretivo de

acidez e fertilizantes minerais.

Figura 10 - Estacas de figueira em tubetes na casa de sombra. São Gabriel, 2011

Fonte: Ourique, 2011.

Foi realizada uma redução foliar nas estacas, almejando uma melhor adaptação

das mudas e um maior índice de “pega” das mesmas. Após, as estacas foram levadas

para a casa de sombra.

Até o final do período de estágio, não foi possível verificar resultados conclusivos

na técnica de estaquia com Ficus enormis (Figueira).

26

2.3.2 Estaquia realizada com Erythrina crista-galli (L.) - Corticeira do Banhado

A corticeira do banhado escolhida como árvore matriz para a retirada das estacas

fica na propriedade rural do Sr. Marcelo Muller, localizada no Corredor do Mudador, a 5

km da área do viveiro.

As estacas foram retiradas da corticeira, com aproximadamente 12 centímetros

de comprimento e largura aproximada de 6-8 milímetros (Figura 11). Foi realizada ainda

uma redução foliar nas estacas, sendo que estas, também, foram colocadas nos

tubetes, a uma profundidade média de 5 cm, tendo como substrato um composto de

casca de pinus, vermiculita, corretivo de acidez e fertilizantes minerais. Após, as estacas

foram levadas para a casa de sombra (Figura 12).

Assim como ocorreu na estaquia da figueira, também não foi obtido nenhum

resultado conclusivo para a estaquia com a corticeira até o final do período de estágio.

Figura 11 – Tamanho médio das estacas selecionadas de corticeira do banhado, São Gabriel – RS, 2011

Fonte: Ourique, 2011.

27

Figura 12 – Estacas de corticeira do banhado dispostas na casa de sombra, São Gabriel – RS, 2011.

Fonte: Ourique, 2011.

2.4 Reestruturações do viveiro florestal da Floricultura Amor Perfeito

O viveiro no ano de 2010 sofreu uma grande avaria ocasiona por uma tempestade

de verão, que derrubou a casa de sombra e devastou uma grande parte da área de

rustificação.

A fim de melhorar a estrutura do viveiro, com o reaproveitamento do espaço, foi

elaborado um trabalho de reestruturação da área nos seguintes pontos:

- Área de rustificação das espécies produzidas com a utilização de recipientes

alternativos (garrafas Pets) e comercialização das mudas.

- Área de rustificação das espécies arbóreas e ornamentais e comercialização de

mudas.

- Reestruturação e construção da casa de sombra

- Construção de um local com espaço maior para trabalhar com as mudas, guardar os

materiais, com banheiro para o viveiro e um pequeno laboratório para realizar algumas

técnicas de produção de mudas que necessitam de tal ambiente.

O viveiro possui uma área com dimensões de 35 metros de frente, por 120 metros

de extensão, até a beira da BR 290 (Figura 13).

28

Na sua estrutura, conta com uma área de rustificação e comercialização, que têm

mudas de árvores nativas e exóticas produzidas em garrafas pets. Existe ainda uma

estufa, direcionada a produção de hortaliças e de flores para a floricultura. Ao lado das

estufas fica a casa do viverista, uma dependência com amplo espaço.

Figura 13 - Área do viveiro, São Gabriel – RS, 2011

Fonte: Google Earth, adaptado pelo autor.

3. Resultados

3.1. Quebra de dormência Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit

No dia 12 de maio de 2011, foi feita a última análise e contagem do primeiro e

segundo testes de germinação das sementes de Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit

Conforme é possível observar na tabela 4, no primeiro teste de germinação das

sementes foram os tratamentos T5 (15 minutos de imersão), T3 (5 minutos de imersão)

e T4 (10 minutos de imersão), respectivamente, que apresentaram os melhores

percentuais de germinação 1 mês após a semeadura. De acordo com o primeiro teste, o

29

tratamento T4 é o método mais indicado para quebra de dormência das sementes de

leucena.

Tabela 4: Total de sementes germinadas após 15 dias e após 1 mês no primeiro teste e

seus respectivos percentuais de germinação, São Gabriel – RS, 2011.

Tratamentos Total de sementes germinadas após

15 dias

Percentual de germinação após

15 dias (%)

Total de sementes germinadas após

1 mês

Percentual de germinação após

1 mês (%)

T1 2 6,67 4 13,3

T2 2 6,67 6 20,0

T3 12 40,0 21 70,0

T4 14 46,67 24 80,0

T5 11 36,67 19 63,3

Assim, a partir dos bons percentuais de germinação obtidos no primeiro teste de

quebra de dormência, os tratamentos T1, T2, T3 e T4 foram repetidos, só que desta vez

diretamente embaixo do sombrite, com a finalidade de verificar a confiabilidade e o

sucesso dos tratamentos.

Figura 14- Germinação da semente de leucena (a) teste dois, com o detalhe do furo da semente

aparecendo no folíolo. (b) Bandeja com o teste um ao final dos 30 dias.

Fonte: Ourique, 2011.

30

O segundo teste apresentou percentuais de germinação bem inferiores aos

obtidos no primeiro teste, principalmente nos tratamentos T1 e T2 (Tabela 5). Tal fato

evidência que, possivelmente, as sementes foram prejudicadas pelo ataque de insetos

que se encontravam presentes no interior dos frutos no momento da coleta. Estas

sementes apresentavam o seu tegumento perfurado, o que pode propiciar uma

diminuição na viabilidade das mesmas.

Segundo Peixoto et al. (2007), a predação é desfavorável para as plântulas

quando a dormência natural das sementes já foi quebrada, pois diminui muito a

viabilidade. Porém, se as sementes de leucena estiverem ainda em estado dormente, a

predação das sementes podem ajudar a acelerar a quebra de dormência, e pode ser um

ponto positivo para a germinação das sementes.

Tabela 5: Total de sementes germinadas após 15 dias e após 1 mês no segundo teste e

seus respectivos percentuais de germinação, São Gabriel – RS, 2011.

Tratamentos Total de sementes germinadas após

15 dias

Percentual de germinação após

15 dias (%)

Total de sementes germinadas após

1 mês

Percentual de germinação após

1 mês (%)

T1 0 0,00 1 3,33

T2 1 3,33 1 3,33

T3 1 3,33 3 10,0

T4 2 6,67 4 13,3

Na tabela 6 é possível verificar que apenas no tratamento T2 o percentual de

germinação duplicou após 1 mês da semeadura das sementes, quando comparado ao

valor obtido após 15 dias. Nos demais tratamentos houve um aumento muito significativo

no percentual de germinação após 1 mês da realização da semeadura.

Tabela 6: Total de sementes germinadas após 15 dias e após 1 mês no terceiro teste e

seus respectivos percentuais de germinação, São Gabriel – RS, 2011.

Tratamentos Total de sementes germinadas após

15 dias

Percentual de germinação após

15 dias (%)

Total de sementes germinadas após

1 mês

Percentual de germinação após

1 mês (%)

T1 2 6,67 8 26,7

T2 1 3,33 2 6,67

T3 6 20,0 17 56,7

T4 10 33,3 21 70,0

T5 8 26,7 18 60,0

31

Na figura 15 é possível verificar que no tratamento T1 do terceiro teste, as

sementes germinadas após 15 dias de semeadura apresentaram o mesmo percentual

de germinação daquele obtido no primeiro teste (6,67%). Ainda considerando o

percentual de germinação após 15 dias, nos tratamentos T2 (6,67) e T3 (40,0) do

primeiro teste os percentuais de germinação duplicaram, quando comparados aos

mesmos tratamentos realizados no terceiro teste, onde T2 apresentou um percentual de

3,33% e T3 de 20,0%.

De acordo com a figura 15, podemos observar a partir de uma análise preliminar

realizada após 15 dias, que o teste um apresentava diferenças em praticamente todos

os tratamentos, com uma superioridade significante.

Figura 15 – Comparativo do percentual de germinação, ao final de 15 dias, entre o primeiro e o terceiro

testes, com os mesmos tratamentos realizados, São Gabriel – RS, 2011.

Ao final da análise dos testes um e três, pode-se verificar que os experimentos

tiveram sucesso na quebra de dormência da leucena, e em ambos, o teste 4, com água

quente por 10 minutos, se sobressai aos demais, ficando com índices de germinação

entre 70% a 80% (Figura 16).

32

Figura 16 – Comparativo do percentual de germinação, ao final de 30 dias, entre o primeiro e o terceiro

testes com os mesmos tratamentos realizados, São Gabriel – RS, 2011.

Segundo estudo realizado por Teles et al. (2000), a imersão em água a uma

temperatura de 80ºC por 5 minutos foi eficiente para quebrar a dormência das sementes

e não influiu na germinação e no vigor das sementes de leucena. O índice de

germinação das sementes de leucena com o tratamento de água quente a 5 minutos

ficou em 93%, e com água quente por 10 minutos com 83% de índice de germinação.

Em tratamento com água quente por 15 minutos o índice de germinação ficou em 63%,

sendo estes valores muito próximos aos valores obtidos neste estudo.

De acordo com a figura 17, é possível verificar o baixo percentual de germinação

das sementes do teste dois, que são as sementes semeadas com pequenos furos. O

percentual máximo de germinação obtido neste teste foi no tratamento T4, onde este

apresentou um percentual de 13%.

Em teste realizado com sementes perfuradas por Peixoto et al (2007), este

apresentou um nível de germinação muito baixo, cerca de 24% de germinação, em

relação as sementes que estavam intactas que apresentaram em média um percentual

de 63% de germinação, demonstrando a diminuição no percentual germinativos de

sementes perfuradas .

33

Figura 17 – Comparativo do percentual de germinação, ao final de 30 dias, entre os três testes realizados,

São Gabriel – RS, 2011.

3.2 Reestruturações do viveiro florestal da Floricultura Amor Perfeito

Após as medições tomadas do viveiro e estimativa das novas estruturas, o viveiro

apresentará as seguintes dimensões.

Tabela 7: Áreas das Dependências do viveiro Florestal com suas dimensões com a

reestruturação, São Gabriel – RS, 2011.

Dependências

Dimensões (m)

Área (m2)

1 Casa sombra 44 x 8,5 352

2

2.1

“Galpão”

Mini Laboratório

12 x 12

5 x 5

144

25

3 Estufa de Hortaliças 35 x 6,5 227,5

4 Casa do viverista 7 x 10 70

5 Área rustificação – Árvores 15 x 65 975

6 Área rustificação - ornamental 15 x 45 675

7 Área Rustificação – Pets 17 x 21 357

34

A figura 18 apresenta as mudanças estruturais que serão realizadas no viveiro

florestal.

Figura 18: Croqui do viveiro da Floricultura Amor Perfeito, São Gabriel – RS, 2011

Fonte: ZWCAD, adaptado pelo autor.

3.2.1 Reestruturação da casa de sombra

A casa de sombra terá uma área de 374 m2, sendo 44 metros de comprimento e

8,5 metros de largura. Na casa serão construídas bancadas com 8 metros de

comprimento por 1 metro de largura, para a colocação dos tubetes (Figura 19). Cada

uma das bancadas terá capacidade para armazenar aproximadamente, 2000 tubetes

para a produção de mudas de espécies nativas.

35

.

Figura 19: Modelo de bancada para tubetes no Viveiro da floricultura Amor Perfeito - São Gabriel, 2011.

Fonte: Ourique, 2011.

Para a casa de sombra serão confeccionadas 5 bancadas, totalizando 10000

mudas em tubetes. O espaço entre as bancadas será de 0,75 metros, permitindo

facilmente a locomoção e a realização das atividades nestes espaços. (Figura 20).

A área restante será destinada para as mudas de espécies florestais que

necessitam ter maiores cuidados em relação à ação das geadas e dos ventos. Assim,

como as mudas de Delonix regia (flamboyant) que necessitam ficar um período maior

dentro da casa de sombra, para somente mais tarde poderem ir, com mais vigor, para a

área de rustificação,

36

Figura 20: Croqui área de casa de sombra 1, São Gabriel – RS, 2011.

Fonte: ZWCAD 2008, adaptado pelo autor.

3.2.2 Reestruturação da Área Rustificação 7– Pets

Na área localizada, atualmente, na entrada principal do viveiro, foram realizadas

divisões para poder acomodar melhor as mudas nas embalagens pets (Figura 21).

Figura 21: Bancada na área de rustificação dos Pets, com divisórias de taquara, São Gabriel – RS, 2011.

Fonte: Ourique, 2011.

37

As bancadas têm em média 3,5 metros de comprimento e podem acomodar, em

média, 100 a 120 mudas produzidas em embalagens Pets de refrigerantes. São 4

bancadas por linha e 16 linhas de bancadas, totalizando 64 bancadas com 6400 a 7680

mudas na área de rustificação.

As bancadas ainda foram dispostas de forma classificada, separando as

embalagens em tamanho e cor (pet transparente e pet esverdeado).

Figura 22: Croqui área de rustificação com as embalagens Pets.

Fonte: ZWCAD 2008, adaptado pelo autor.

3.2.3 Construção de um laboratório para as atividades no viveiro florestal

No local será construído um pequeno laboratório, com 25 m2 de área, sendo 5

metros de comprimento e 5 metros de largura. No laboratório serão colocados alguns

equipamentos e utensílios, visando o manejo adequado das sementes que,

posteriormente, serão utilizadas na produção de mudas.

38

Na lista de equipamentos que serão colocados constam: freezer horizontal para a

conservação das sementes, balança analítica, computador para o controle das

atividades de produção e de comercialização das mudas, estufa esterilizadora,

termômetro digital para o controle de temperatura e escarificador de sementes.

Os utensílios utilizados serão: pinças, lixas, objetos cortantes (facas, estiletes)

recipientes para líquido de diversos volumes (100 ml, 500 ml, 1litro, 5litros), fogareiro

(manejo com água quente), pia, bancada para o manejo das sementes, entre outros

utensílios necessários as atividades operacionais de um viveiro.

4. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

No teste de quebra de dormência da Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit, foi

possível concluir que a espécie pode ter a sua dormência tegumentar facilmente

quebrada, a partir da imersão das sementes, por 10 minutos, em água quente, a uma

temperatura aproximada de 85°C.

O espaço físico do viveiro poderá ser melhor utilizado, a partir da adaptação e

reestruturação de algumas de suas dependências, deixando o viveiro mais organizado e,

assim, facilitando a realização das atividades no mesmo.

De maneira geral, inúmeras são as possibilidades de experimentos e técnicas que

podem ser utilizadas em viveiros.

Recomenda-se aos futuros estagiários buscar por informações nos diversos

canais de comunicação (internet, jornais e revistas especializadas nas áreas dos

estudos realizados) disponíveis atualmente. Assim, quaisquer atividades desenvolvidas

terão uma fundamentação teórica adequada. Logo, a situação prática precisará,

somente, ser adaptada para a realidade do viveiro.

39

5. REFERÊNCIAS

ALEIXO, V. et al.; Relações alométricas para Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit. Ciência Florestal, v. 18, n. 3, jul.-set. 2008. BLUM, C. T.; BORGO M., SAMPAIO A. C. F.; ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS NA ARBORIZAÇÃO DE VIAS PÚBLICAS DE MARINGÁ-PR 3 Rev. SBAU, Piracicaba, v.3, n.2, jun. 2008, p.78-97

COSTA, P.A. et al; QUEBRA DE DORMÊNCIA EM SEMENTES DE Adenanthera pavonina L. Pesq. Agropec. Trop., Goiânia, v. 40, n. 1, p. 83-88, jan./mar. 2010.

FOWLER, J. A. P., MARTINS, E. G. Manejo de Sementes de Espécies Florestais Documentos 58 ISSN 1517-536X Novembro, 2001 Colombo, PR.

OLIVEIRA, L.M. et al.; AVALIAÇÃO DE MÉTODOS PARA QUEBRA DA DORMÊNCIA E PARA A DESINFESTAÇÃO DE SEMENTES DE CANAFÍSTULA (Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert. Revista Árvore, Viçosa-MG, v.27, n.5, p.597-603, 2003.

PEIXOTO, P. B.; HEMÉTRIO, N. S. & GUILHERME, F. C. EFEITOS DA PREDAÇÃO DE SEMENTES SOBRE A GERMINAÇÃO EM LEUCAENA LEUCOCEPHALA. Anais do VIII Congresso de Ecologia do Brasil, 23 a 28 de Setembro de 2007, Caxambu – MG. SANTOS L. L.; AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA MANIÇOBA (Manihot pseudoglaziovii) SOB DIFERENTES FORMAS DE CONSERVAÇÃO. Tese de mestrado Universidade Federal de Sergipe, núcleo de pós-graduação e estudos em recursos naturais, 2009, 78 pag. SOUZA, E.R.B.; EFEITO DE MÉTODOS DE ESCARIFICAÇÃO DO TEGUMENTO EM SEMENTES DE Leucaena diversifolia L . Pesq Agropec Trop 37(3): 142-146, set. 2007. REIS, J. B. C.; COMPOSIÇÃO QUÍMICO-BROMATOLÓGICA DE LEUCENA (Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit) E DE PAU-FERRO (Caesalpinia ferrea Mart.) EM TRÊS ALTURAS DE CORTE. Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Piauí, mestrado em produção animal. Teresina – Piauí, 2001, 34 pag. TELES M. M. et al. Métodos para Quebra da Dormência em Sementes de Leucena (Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit. Revista. brasileira zootec., 29(2):387-391, 2000. ZILLER et al; PROGRAMA ESTADUAL PARA ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS Instituto Ambiental do Paraná – IAP do Estado do Paraná. 2008.

RIO GRANDE DO SUL. Lei nº 9.519, de 21 de janeiro de 1992. Institui o Código Florestal do Estado do Rio Grande do Sul e dá outras providências. Diário Oficial do Estado do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 21 jan. 1992. p. 6. Disponível

40

em:“http://www.al.rs.gov.br/legiscomp/arquivo.asp?Rotulo=Lei%20n%C2%BA%209519&idNorma=954&tipo=pdf Acesso em: 25 abr 2011.

Jornal Tempo Agora. Disponível em: http://jornaldotempo.uol.com.br Acesso em 12 de maio de 2011.

ANEXO A - CRONOGRAMA DE ATIVIDADE REALIZADO NO PERIODO DE ESTÁGIO

As atividades desenvolvidas no período de estagio estão descritas nas tabelas

abaixo para o mês de abril e maio do ano de 2011.

Tabela 8: Cronograma das atividades no estágio em abril de 2011, São Gabriel.

Dias (Abril) Atividades

1 Visita as dependências do viveiro florestal – floricultura amor perfeito

4 Reuniões composição cronograma de trabalhos

5 Coleta de sementes – Erythrina crista-galli

6 Coleta de sementes – Leucena leucocephala

7 Coleta de sementes - Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan

8 Limpezas e desinfestação de bandejas de germinação

11 Quebra de dormência de sementes Leucena leucocephala, e semeadura

12 Semeadura Parapiptadenia rigida - 250

13 Composição de bancada suporte para tubetes

14 Composições de bancada suporte para tubetes

15 Coleta de sementes – Plátano

18 Semeadura Erythrina crista-galli - 10

19 Semeadura guapuruvu - 52

20 Estaquia de corticeira do banhado - 104

23 Semeadura - arbustiva - 48

25 Enchimento tubetes – 300. Semeadura plátano - 50

26 Semeadura aroeira piriquita – schinus molle - 56

27 Semeadura ariticum - 30

28 Estaquia – salgueiro

29 Quebra de dormência e semeadura de Leucena – Terceiro teste

41

Tabela 9: Cronograma de Atividades realizadas no estágio em maio de 2011, São

Gabriel.

Dias (maio) Atividades

2 Limpeza de tubetes – retirada de inços

3 Estaquia de figueira – Ficus enormis

4 Estaquia de figueira – Ficus enormis

5 Transplante de mudas de Ipê ouro de sacos plásticos para baldes.

6 Transplante de mudas de ipê amarelo de sacos plásticos para baldes.

9 Transplante de mudas de ipê roxo de sacos plásticos para baldes.

10 Transplante de mudas de pitangueira de sacos plásticos para baldes.

11 Transplante de mudas de Jerivá de sacos plásticos para baldes.

12 Transplante de mudas de Jambolão de sacos plásticos para baldes.

13 Transplante de mudas de jambolão de sacos plásticos para baldes.

16 Projeto de revitalização da área de rustificação.

17 Coleta a campo de material (taquara) para área de rustificação.

18 Projeto de revitalização da área de rustificação.

19 Projeto de ampliação e cobertura para área de sombrite

20 Projeto de ampliação e cobertura para área de sombrite

23 Execução de ampliação e cobertura para área de sombrite

24 Execução de ampliação e cobertura para área de sombrite

25 Execução de ampliação e cobertura para área de sombrite

26 Limpeza de tubetes – retirada de inços

27 Transplante de mudas Leucena – bandejas para os tubetes

30 Contagem e fechamento do experimento com a leucena

31 Fotografar as dependências do viveiro com as modificações.