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Secretaria Federal de Controle Interno Unidade Examinada: MUNICIPIO DE MONTE ALEGRE Introdução 1. Introdução Este Relatório trata do resultado de ação de controle desenvolvida em função de situações presumidamente irregulares ocorridas em Monte Alegre/PA, apontadas à Controladoria- Geral da União - CGU, que deram origem ao Processo nº 00190.016378/2015-20. A fiscalização teve como objetivo analisar os fatos apontados na demanda, na qual são relatadas irregularidades na aplicação de recursos federais transferidos ao município para construção de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), sendo informado também a ocorrência de transferência de recursos da conta específica para conta corrente estranha ao objeto do programa. Os trabalhos de campo foram realizados no período de 25 de abril a 6 de maio de 2016 sobre a aplicação de recursos federais do Programa 2015 - Aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde (SUS) / Ação 12L4 - Implantação, Construção e Ampliação de Unidades de Pronto Atendimento - UPA no município de Monte Alegre/PA. Os exames abrangeram o período de 01 de janeiro de 2014 a 31 de dezembro de 2015 e foram realizados em estrita observância às normas de fiscalização aplicáveis ao Serviço Público Federal, tendo sido utilizadas, dentre outras, técnicas de inspeção física e registros fotográficos, análise documental, realização de entrevistas e aplicação de questionários. Relatório de Demandas Externas Número do relatório: 00190.016378/2015-20 (OS 201600050)

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Secretaria Federal de Controle Interno

Unidade Examinada: MUNICIPIO DE MONTE

ALEGRE

Introdução

1. Introdução

Este Relatório trata do resultado de ação de controle desenvolvida em função de situações

presumidamente irregulares ocorridas em Monte Alegre/PA, apontadas à Controladoria-

Geral da União - CGU, que deram origem ao Processo nº 00190.016378/2015-20.

A fiscalização teve como objetivo analisar os fatos apontados na demanda, na qual são

relatadas irregularidades na aplicação de recursos federais transferidos ao município para

construção de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), sendo informado também a

ocorrência de transferência de recursos da conta específica para conta corrente estranha ao

objeto do programa.

Os trabalhos de campo foram realizados no período de 25 de abril a 6 de maio de 2016 sobre

a aplicação de recursos federais do Programa 2015 - Aperfeiçoamento do Sistema Único de

Saúde (SUS) / Ação 12L4 - Implantação, Construção e Ampliação de Unidades de Pronto

Atendimento - UPA no município de Monte Alegre/PA.

Os exames abrangeram o período de 01 de janeiro de 2014 a 31 de dezembro de 2015 e

foram realizados em estrita observância às normas de fiscalização aplicáveis ao Serviço

Público Federal, tendo sido utilizadas, dentre outras, técnicas de inspeção física e registros

fotográficos, análise documental, realização de entrevistas e aplicação de questionários.

Relatório de Demandas

Externas

Número do relatório: 00190.016378/2015-20

(OS 201600050)

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Os executores dos recursos federais foram previamente informados sobre os fatos relatados

por meio do Ofício nº. 12.924/2016/CGU-Regional/PA/CGU-PR, tendo se manifestado por

meio do Ofício nº. 180/2016/Gab. Pref. em 27/07/2016, cabendo ao Ministério supervisor,

nos casos pertinentes, adotar as providências corretivas visando à consecução das políticas

públicas, bem como à apuração das responsabilidades.

1.1. Informações sobre a Ação de Controle

Ordem de Serviço: 201600050

Número do Processo: 00190.016378/2015-20

Município/UF: Monte Alegre/PA

Órgão: MINISTERIO DA SAUDE

Instrumento de Transferência: Fundo a Fundo ou Concessão

Unidade Examinada: MUNICIPIO DE MONTE ALEGRE

Montante de Recursos Financeiros: R$ 1.050.000,00

2. Resultados dos Exames

Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito responsável pela

tomada de providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela

existência de monitoramento a ser realizada por esta Controladoria.

2.1 Parte 1

Os fatos apresentados a seguir destinam-se aos órgãos e entidades da Administração Pública

Federal - gestores federais dos programas de execução descentralizada. A princípio, tais

fatos demandarão a adoção de medidas preventivas e corretivas por parte desses gestores,

visando à melhoria da execução dos Programas de Governo ou à instauração da competente

Tomada de Contas Especial, as quais serão monitoradas pela Controladoria-Geral da

União.

2.1.1. Informações Gerais.

Fato

Em 28 de julho de 2011, o Ministério da Saúde habilitou o Município de Monte Alegre/PA

para receber recursos federais do Fundo Nacional de Saúde – FNS, objetivando a

implantação de uma Unidade de Pronto Atendimento – UPA, porte I, conforme Portaria

GM/MS nº 1.725, e Proposta nº 04838.496000/1100-01, cadastrada no Sistema de

Pagamentos – SISPAG.

Foi consignado no Plano de Trabalho aprovado o seguinte plano de aplicação dos recursos:

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Quadro - Plano de Aplicação dos Recursos (Data: 13 de outubro de 2010)

Natureza da Despesa Ministério da Saúde Secretaria Estadual

de Saúde

Secretaria

Municipal de Saúde

Capital R$ 140.000,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Construção Nova R$ 910.000,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Equipamento e Material

Permanente R$ 350.000,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Total R$ 1.400.000,00

Fonte: Proposta nº 04838.496000/1100-01.

Para movimentação dos recursos avençados foi aberta a conta corrente nº 22.081-7 FMS-

Monte A-FNS BLINV, agência 949-0, do Banco do Brasil.

Foram identificadas as seguintes transferências do Ministério da Saúde para o município de

Monte Alegre/PA:

Quadro - Transferências Data Discriminação Valor (R$)

15/08/2011 Ordem Bancária 140.000,00

14/09/2012 Ordem Bancária 910.000,00

Total (R$) 1.050.000,00

Fonte: Extratos Bancários.

A empresa Escala Três Arquitetos Associados Ltda (CNPJ: 04.866.868/0001-20), vencedora

da licitação Convite nº 005/2011, foi contratada para a elaboração dos projetos - Contrato nº

335/2011, em 20 de outubro de 2011, no valor de R$ 58.600,00, já integralmente pagos,

conforme quadro a seguir:

Quadro – Pagamentos Escala Data Discriminação Valor (R$) Impostos (R$)

24/01/2012 Transferência Eletrônica - TED 13.624,50

24/01/2012 Pagamento Imposto ISS 0,00 732,50

26/01/2012 Pagamento INSS 0,00 293,00

22/05/2012 Transferência Eletrônica - TED 13.917,50 0,00

23/11/2012 Pagamento Imposto ISS 0,00 732,50

18/12/2012 Pagamento Imposto ISS 0,00 1.465,00

21/12/2012 Transferência Eletrônica - TED 27.835,00 0,00

Subtotal 55.377,00 3.223,00

Total dos Pagamentos 58.600,00

Fonte: Extratos bancários.

Não ficou comprovado o registro da responsabilidade técnica pela elaboração dos projetos e

orçamento base junto ao Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Pará – CAU/PA e

Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Pará – CREA/PA.

Para dar prosseguimento à execução do objeto aprovado na retrocitada Proposta, a Prefeitura

Municipal de Monte Alegre - PMMA realizou a Concorrência Pública PMMA nº 002/2012,

cujo orçamento base foi estimado no valor de R$ 1.633.489,50 e na qual sagrou-se

vencedora a Construtora Pontes Ltda (CNPJ n° 03.121.930/0001-91) com proposta no valor

total de R$ 1.625.113,21.

Foi estabelecido o prazo de 240 dias corridos para a execução da obra, contados do

recebimento da “ordem de execução do serviço” e de 365 dias corridos de vigência

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contratual, contados da publicação do extrato no Diário Oficial da União, conforme Termo

de Homologação do processo licitatório e Contrato Administrativo nº 312/2012, assinados

em 14 e 20 de agosto de 2012, respectivamente.

A proposta da empresa contratada (Construtora Pontes Ltda) foi analisada e aprovada pela

PMMA, conforme Parecer Técnico assinado pelo engenheiro civil R.L.M.M. (CPF:

***.161.712-**).

Consta, ainda no processo, Parecer Jurídico assinado em 14 de agosto de 2012, confirmando

que os preços ofertados pelos licitantes estavam de acordo com os praticados no mercado.

A “Ordem de Execução dos Serviços nº 011/2012” foi assinada em 20 de agosto de 2012,

tendo sido autorizado o início da obra a partir do dia 22 do referido mês e ano.

A execução da obra foi registrada junto ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia

do Pará – CREA/PA, conforme Anotação de Responsabilidade Técnica – ART nº 12.175D

PA/143, de 06 de setembro de 2012.

Consta na documentação disponibilizada pela PMMA Termo Aditivo, assinado em 21 de

abril de 2013, cujo objetivo foi prorrogar o prazo de vigência do contrato em 120 dias,

contados da sua assinatura.

Foram identificadas as seguintes notas fiscais e respectivos boletins de medição emitidos,

correspondentes a 41,05% do valor total do contrato, conforme a seguir discriminadas:

Quadro – Boletins de Medição x Notas Fiscais

Discriminação Data NF de

Serviço Data Valor (R$) %

Saldo Contratual

(R$)

1º Boletim de

Medição 06/09/2012 000112 06/09/2012 102.853,03 6,33% 1.522.260,18

2º Boletim de

Medição 05/11/2012 000122 06/11/2012 218.766,01 13,46% 1.303.494,17

3º Boletim de

Medição 05/12/2012 000132 13/12/2012 86.204,63 5,30% 1.217.289,54

4º Boletim de

Medição 22/01/2013 000148 23/01/2013 95.234,64 5,86% 1.122.054,90

5º Boletim de

Medição 04/04/2013 000163 08/04/2013 82.440,26 5,07% 1.039.614,64

6º Boletim de

Medição 15/07/2013 000178 15/07/2013 81.661,91 5,02% R$ 957.952,73

Total (R$) R$ 667.160,48 41,05%

Fonte: Boletins de medição e notas fiscais.

Foram identificados pagamentos realizados para empresa executora da obra, Construtora

Pontes Ltda, conforme a seguir discriminados:

Quadro – Pagamentos Construtora Pontes Data Discriminação Valor (R$) Impostos (R$)

13/09/1012 Transferência Eletrônica - TED 93.270,44

09/11/2012 Transferência Eletrônica - TED 175.012,80

09/11/2012 Pagamento Imposto ISS 0,00 2.057,06

23/11/2012 Transferência Eletrônica - TED 3.000,00 0,00

23/11/2012 Pagamento INSS 0,00 4.525,53

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03/12/2012 Transferência Eletrônica - TED 29.752,19 0,00

06/12/2012 Pagamento Imposto ISS 0,00 4.375,32

10/12/2012 Pagamento INSS 0,00 9.625,70

18/12/2012 Transferência Eletrônica - TED 80.687,54 0,00

18/12/2012 Pagamento Imposto ISS 0,00 1.724,09

10/04/2013 Transferência Eletrônica - TED 95.234,64 0,00

29/04/2013 Transferência Eletrônica - TED 82.440,26 0,00

Subtotal R$ 559.397,87 R$ 22.307,70

Total dos Pagamentos R$ 581.705,57

A diferença de R$ 85.454,91, verificada entre a soma das notas fiscais emitidas pela

Construtora Pontes Ltda (R$ 667.160,48) e os pagamentos constantes dos extratos bancários

(R$ 581.705,57), se deve ao fato de não ter sido paga a Nota Fiscal nº 000178, no valor de

R$ 81.661,91, e a ausência de comprovação do recolhimento do INSS da Nota Fiscal nº

000132, no valor de R$ 3.793,00, a seguir demonstrado:

Quadro – Diferença pagamentos Construtora Pontes Ltda

Total das notas

fiscais emitidas

Total dos pagamentos

constantes dos extratos

bancários

Nota Fiscal não

Paga

Ausência de

comprovação do

recolhimento INSS

R$ 667.160,48 R$ 581.705,57 R$ 81.661,91 R$ 3.793,00

Diferença de R$ 85.454,91 Total dos pagamentos não efetuados R$

85.454,91

Foi constatado que, no dia 01 de outubro de 2013, ocorreu transferência indevida no valor de

R$ 448.000,00 da conta específica de movimentação dos recursos repassados (conta corrente

nº 22.081-7 FMS-Monte A-FNS BLINV, agência 949-0, do Banco do Brasil) para o Fundo

Municipal de Saúde (conta corrente nº 21.192-3, agência 0949-0, do Banco do Brasil),

incorrendo em desvio de finalidade e caracterizando irregularidade grave na aplicação dos

referidos recursos.

Na amostra selecionada dos custos/preços da planilha orçamentária contratual não foi

identificada materialidade significativa que caracterizasse sobrepreço ou superfaturamento

da obra em relação aos custos constantes do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e

Índices da Construção Civil – SINAPI e o nível de execução física da mesma.

A obra encontra-se paralisada, em estado de abandono, com aproximadamente 41% dos

serviços executados.

##/Fato##

2.1.2. Inspeção Física da Obra.

Fato

No dia 27 de abril de 2016, a equipe de fiscalização da CGU realizou inspeção física da

obra, tendo sido constatado que a mesma encontrava-se paralisada e em estado de abandono.

Segundo “Laudo de Vistoria” emitido pela Prefeitura em 09 de abril de 2015, a obra está

paralisada desde 22 de agosto de 2013.

O nível de execução da obra está compatível com as medições efetuadas, tendo sido

comprovado um percentual de serviços executados de 41%, aproximadamente,

correspondente à R$ 667.160,48, restando um saldo contratual de R$ 957.952,73. Contudo,

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verificou-se que as telhas de fibrocimento da cobertura estão soltas, sem parafusos de

fixação, com o agravante de que muitas delas se deslocaram e outras caíram, provocando

frestas e buracos no telhado.

Foi observado que a ferragem de estribo de uma viga de concreto armado, na parte frontal

interna do prédio, encontra-se exposta, o que pode comprometer a sua integridade caso a

falha não seja regularizada tempestivamente.

A seguir apresentam-se registros fotográficos da situação encontrada:

Foto – Placa da obra, Monte Alegre/PA, 27 de abril

de 2016

Foto – Vista frontal, Monte Alegre/PA, 27 de abril de

2016

Foto – Vista externa, Monte Alegre/PA, 27 de abril de

2016

Foto – Vista externa, Monte Alegre/PA, 27 de abril de

2016

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Foto – Fossa, filtro e sumidouro, Monte Alegre/PA,

27 de abril de 2016

Foto – Vista interna, Monte Alegre/PA, 27 de abril de

2016

Foto – Vista interna, Monte Alegre/PA, 27 de abril de

2016

Foto – Viga com ferragem exposta, Monte Alegre/PA,

27 de abril de 2016

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Foto – Vista interna, Monte Alegre/PA, 27 de abril de

2016

Foto – Telhas soltas, Monte Alegre/PA, 27 de abril de

2016

Foto – Vista interna, Monte Alegre/PA, 27 de abril de

2016

Foto – Telhas soltas, Monte Alegre/PA, 27 de abril

de 2016

Foto – Telhas soltas, Monte Alegre/PA, 27 de abril de

2016

Foto – Telhas soltas, Monte Alegre/PA, 27 de abril de

2016

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Foto – Vista interna, Monte Alegre/PA, 27 de abril de

2016

Foto – Vista externa, Monte Alegre/PA, 27 de abril

de 2016

##/Fato##

2.1.3. Ausência de registros de responsabilidade técnica referentes à elaboração dos

projetos básico/executivo, do orçamento base e da atividade de fiscalização junto aos

conselhos regionais dos profissionais de engenharia e arquitetura (CREA e CAU) e

ausência do livro "Diário de Obras".

Fato

Na documentação disponibilizada pela Prefeitura Municipal de Monte Alegre/PA –

PMMA/PA, referente ao processo da Concorrência Pública PMMA nº 002/2012 e Contrato

dele decorrente, não há comprovação da existência das Anotações de Responsabilidade

Técnica - ART’s ou Registros de Responsabilidade Técnica – RRT’s, referentes à

elaboração do projeto básico/executivo, orçamento base e atividade de fiscalização, junto ao

Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Pará – CREA/PA e Conselho de

Arquitetura e Urbanismo do Pará – CAU/PA, respectivamente. Por meio de manifestação

datada de 04 de maio de 2016, a PMMA/PA confirmou que as referidas ART’s e RRT’s não

foram emitidas.

No entanto, foi detectada a ART nº 12.175D PA/143, de 06 de setembro de 2012, referente,

apenas, à execução da obra em questão.

Consta no Processo da Concorrência Pública PMMA nº 002/2012 (folha 77) a ficha técnica

dos autores responsáveis pela elaboração dos projetos, conforme a seguir identificados:

Projeto Executivo de Arquitetura:

- Arquiteta A.L. dos S. B. - CAU/PA -9

- Arquiteta F.M.V.L. - CAU/PA -2

- Arquiteta K.R. de A. C. - CAU/PA -5

Projeto de Estruturas e Fundações:

- Engenheiro Civil A.M.M. - CREA 10. - D

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Projeto de Instalações Elétricas, Projeto de Instalações de Prevenção Contra Descargas

Atmosféricas, Projeto de Telefonia e Cabeamento Estruturado:

- Engenheiro Eletricista J.A.O. - CREA 11. - D

Projeto de Instalações Hidráulicas, Esgotamento Sanitário, Drenagem, Pluvial e de

Prevenção e Combate a Incêndio:

- Engenheira Civil A.J.S.R. - CREA 10. - D

Planilha de Quantitativos, Orçamento e Cronograma Físico-Financeiro:

- Engenheira Civil A.J.S.R. - CREA 10. - D

Os referidos registros (ART e RRT) são obrigatórios para elaboração de projetos e

orçamentos, bem como para a execução de obras, serviços de engenharia e atividade de

fiscalização das mesmas, conforme determinações contidas na Lei nº 6.496, de 07 de

dezembro de 1977, Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, Lei n° 12.378, de 31 de

dezembro de 2010, Resolução CONFEA nº 361/1991 (art. 7º), Resolução CONFEA n° 425

de 18 de dezembro de 1998 (art. 3°, art. 5º e art. 6°) e Resolução CONFEA n° 218, de 29 de

junho de 1973 (art. 1° atividade 09 - Elaboração de Orçamento).

O Tribunal de Contas da União (TCU) já se posicionou sobre o assunto por meio de

deliberações que tratam da exigência de ART dos autores de projeto básico, de planilhas

orçamentárias, execução, supervisão e fiscalização de obras, tais como:

-Súmula nº 260, de 30 de junho de 2010:

“É dever do gestor exigir apresentação de Anotação de Responsabilidade Técnica -ART

referente a projeto, execução, supervisão e fiscalização de obras e serviços de engenharia,

com indicação do responsável pela elaboração de plantas, orçamento-base, especificações

técnicas, composições de custos unitários, cronograma físico-financeiro e outras peças

técnicas.”

Em relação à ausência do livro “Diário de Obras”, a Lei nº 8666/93, quando trata da

fiscalização da execução do contrato, determina a manutenção de documento específico para

o registro de todas as ocorrências relacionadas à execução do contrato. No caso de obras, tal

registro próprio denomina-se diário de obras ou congênere.

“Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um

representante da Administração especialmente designado, permitida a contratação de

terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição.

§ 1o O representante da Administração anotará em registro próprio todas as ocorrências

relacionadas com a execução do contrato, determinando o que for necessário à

regularização das faltas ou defeitos observados.”

Do mesmo modo, o Decreto nº 2.271/97 que dispõe sobre a contratação de serviços pela

Administração Pública Federal, também determina o registro das ocorrências.

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“Art . 6º A administração indicará um gestor do contrato, que será responsável pelo

acompanhamento e fiscalização da sua execução, procedendo ao registro das ocorrências e

adotando as providências necessárias ao seu fiel cumprimento, tendo por parâmetro os

resultados previstos no contrato.”

A título exemplificativo, o TCU considerou irregular a falta do diário de obra por desrespeitar o

art. 67, § 1º da Lei 8.666/1993, conforme Acórdão 1.731/2009 – Plenário:

“9.4.2. falta de elaboração do livro diário de obras, inexistindo, portanto, registro de

ocorrências relacionadas com a execução dos serviços, em desrespeito ao que dispõe o art. 67,

§1º, da Lei 8.666/1993;”

Em outro Acórdão, nº 1.685/2009 – Plenário, o TCU ordenou ao Departamento de Estradas de

Rodagem do Estado do Acre que:

“9.5.3. mantenha, em todas as contratações ou execuções diretas, diário de obras em que sejam

anotadas as ocorrências relacionadas com a sua implementação, de forma a se manter registro

atualizado do seu acompanhamento e fiscalização, consoante o disposto no art. 67, § 1º, da Lei

8.666/1993.”

Ressalta-se que na cláusula quinta, itens IV (letra d), VI e XI do contrato de execução da

obra, também, foi prevista a adoção do livro “Diário de Obras”.

##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Ofício nº. 180/2016/Gab. Pref., de 27 de julho de 2016, a Prefeitura Municipal

de Monte Alegre/PA apresentou a seguinte manifestação:

“[...] Na certeza da observância aos princípios que regem a administração pública, e na

certeza da correta aplicabilidade da legislação pertinente, observamos e concordamos com

os termos dos relatórios preliminares, na certeza da correta aplicabilidade dos recursos

públicos”.

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Diante da ausência de manifestação da unidade examinada quanto aos fatos apresentados e

concordância do gestor com os termos do relatório preliminar, a análise do Controle Interno

sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.

##/AnaliseControleInterno##

2.1.4. Ausência de comprovação da notificação do recebimento dos recursos (Lei nº

9.452/97).

Fato

Em 4 de maio de 2016, a equipe de fiscalização da CGU enviou à Câmara de Vereadores de

Monte Alegre/PA Solicitação de Fiscalização para que se pronunciasse a respeito de

recebimento de comunicado de algum dos órgãos, ou entidade da administração federal,

informando da liberação de recursos financeiros que tenham efetuado, a qualquer título, para

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a Prefeitura Municipal de Monte alegre/PA – PMMA/PA, no prazo de dois dias úteis,

contados a partir da data da liberação, conforme inserido no art. 1º da Lei nº 9.452/97.

Em resposta, o Presidente da Câmara enviou o Ofício nº 065/2016-GAB/PRES, de 11 de

maio de 2016, no qual informa que:

“... via de regra, este Poder Legislativo recebe as notificações da União Federal, relativas

ao repasse de recursos para investimento em obras e serviços a serem realizados em

benefício da coletividade, entretanto, não se pode afirmar que essas informações digam

respeito à totalidade dos repasses.”

Nesses termos, não foi especificado se a Câmara de Vereadores recebeu notificação quanto a

liberação dos recursos referente à implantação da Unidade de Pronto Atendimento – UPA 24

horas no município de Monte Alegre/PA.

De forma análoga, a Prefeitura Municipal de Monte Alegre/PA foi questionada pela equipe

de fiscalização da CGU quanto à comprovação da notificação aos partidos políticos, aos

sindicatos de trabalhadores e as entidades empresariais, com sede no Município, da liberação

dos recursos em questão (Lei Federal nº 9.452, de 20 de março de 1997 – artigo 2º),

conforme item 6.14 da Solicitação de Fiscalização –Prévia (reiterada pela S.F. nº

001/201600050, item 1.14). Em resposta, a Prefeitura informou que não foi localizado

comprovante da referida notificação.

##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Ofício nº. 180/2016/Gab. Pref., de 27 de julho de 2016, a Prefeitura Municipal

de Monte Alegre/PA apresentou a seguinte manifestação:

“[...] Na certeza da observância aos princípios que regem a administração pública, e na

certeza da correta aplicabilidade da legislação pertinente, observamos e concordamos com

os termos dos relatórios preliminares, na certeza da correta aplicabilidade dos recursos

públicos”.

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Diante da ausência de manifestação da unidade examinada quanto aos fatos apresentados e

concordância do gestor com os termos do relatório preliminar, a análise do Controle Interno

sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.

##/AnaliseControleInterno##

2.1.5. Desvio de recursos da conta específica no valor de R$ 448.000,00.

Fato

Para realização da movimentação financeira dos recursos avençados na Proposta nº

04838.496000/1100-01 e Portaria GM/MS nº 1.725, de 21 de julho de 2011, relativas à

implantação de uma Unidade de Pronto Atendimento – UPA, porte I, no município de

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Monte Alegre/PA, no valor de R$ 1.400.000,00, foi aberta a conta corrente específica nº

22.081-7 FMS-Monte A-FNS BLINV, na agência 949-0, do Banco do Brasil.

O governo federal, através do Ministério da Saúde, efetuou dois repasses de recursos ao

município de Monte Alegre/PA, totalizando R$ 1.050.000,00.

Para o cumprimento do objeto pactuado no Plano de Trabalho aprovado, a Prefeitura

Municipal de Monte Alegre – PMMA contratou, por meio da licitação Convite nº 005/2011,

a empresa Escala Três Arquitetos Associados Ltda (CNPJ: 04.866.868/0001-20) para a

elaboração dos projetos. O Contrato nº 335/2011 foi firmado em 20 de outubro de 2011, no

valor de R$ 58.600,00, que foi pago na sua integralidade.

Para a execução da obra, a Prefeitura Municipal de Monte Alegre - PMMA realizou a

Concorrência Pública PMMA nº 002/2012, na qual sagrou-se vencedora a Construtora

Pontes Ltda (CNPJ n° 03.121.930/0001-91), com proposta no valor total de R$

1.625.113,21, conforme Termo de Homologação do processo licitatório e Contrato

Administrativo nº 312/2012, assinados em 14 e 20 de agosto de 2012, respectivamente.

Foram realizados pagamentos decorrentes da execução da obra no valor total de R$

581.705,57.

Foi constatado que, no dia 01 de outubro de 2013 ocorreu transferência indevida no valor de

R$ 448.000,00 da conta específica de movimentação dos recursos repassados (conta corrente

nº 22.081-7 FMS-Monte A-FNS BLINV, agência 949-0, do Banco do Brasil) para o Fundo

Municipal de Saúde – FMS (conta corrente nº 21.192-3, agência 0949-0, do Banco do

Brasil), incorrendo em desvio de finalidade e caracterizando irregularidade grave na

aplicação dos referidos recursos.

Conforme extratos da conta corrente do FMS, o recurso transferido irregularmente da conta

específica (R$ 448.000,00) misturou-se a diversos outros recursos do município, tendo sido

observado que, no mesmo dia 01 de outubro de 2013, ocorreram diversas outras

transferências da conta do FMS, sendo as maiores nos montantes de R$ 628.000,00 e R$

181.508,22.

A Prefeitura confirmou as transferências e movimentação irregulares dos recursos

repassados pelo governo federal, conforme manifestação formal de 04 de maio de 2016.

A transferência dos recursos da conta específica, retrocitada, para pagamentos de despesas

não previstas no objeto pactuado, caracteriza irregularidade grave e está fundamentada nos

seguintes instrumentos legais:

Portaria nº 342, de 04 de março de 2013:

Art. 24. Na hipótese de descumprimento dos prazos definidos no art. 21, a SAS/MS

notificará o gestor de saúde, para que, em até 15 (quinze) dias, apresente justificativa.

...............

§ 2º Em caso de aceitação da justificativa, será concedido prazo de 30 (trinta) dias,

improrrogável, para que o gestor de saúde efetive a medida considerada em situação

irregular por descumprimento de prazo para sua execução.

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§ 3º Em caso de não aceitação ou de não apresentação da justificativa pelo gestor de saúde,

a SAS/MS elaborará relatório circunstanciado com descrição dos fatos ocorridos e a

indicação das eventuais irregularidades na execução do programa e o encaminhará ao

Sistema Nacional de Auditoria (SNA) para realização de auditoria.

§ 4º Além do disposto no § 3º, o ente federativo beneficiário estará sujeito:

I - à devolução imediata dos recursos financeiros repassados, acrescidos da correção

monetária prevista em lei, mas apenas em relação aos recursos que foram repassados pelo

Fundo Nacional de Saúde para o respectivo fundo de saúde e não executados no âmbito do

programa; e

II - ao regramento disposto na Lei Complementar nº 141, de 3 de janeiro de 2012, e no

Decreto nº 7.827, de 16 de outubro de 2012, em relação aos recursos financeiros que foram

repassados pelo Fundo Nacional de Saúde para o respectivo fundo de saúde e executados

parcial ou totalmente em objeto diverso ao originalmente pactuado.”

Lei Complementar nº 141, de 03 de janeiro de 2012:

“Art. 12. Os recursos da União serão repassados ao Fundo Nacional de Saúde e às demais

unidades orçamentárias que compõem o órgão Ministério da Saúde, para ser aplicados em

ações e serviços públicos de saúde.

§ 2 Os recursos da União previstos nesta Lei Complementar serão transferidos aos demais

entes da Federação e movimentados, até a sua destinação final, em contas específicas

mantidas em instituição financeira oficial federal, observados os critérios e procedimentos

definidos em ato próprio do Chefe do Poder Executivo da União.

§ 4 A movimentação dos recursos repassados aos Fundos de Saúde dos Estados, do

Distrito Federal e dos Municípios deve realizar-se, exclusivamente, mediante cheque

nominativo, ordem bancária, transferência eletrônica disponível ou outra modalidade de

saque autorizada pelo Banco Central do Brasil, em que fique identificada a sua destinação

e, no caso de pagamento, o credor.”

“Art. 27. Quando os órgãos de controle interno do ente beneficiário, do ente transferidor ou

o Ministério da Saúde detectarem que os recursos previstos no inciso II do § 3º do art. 198

da Constituição Federal estão sendo utilizados em ações e serviços diversos dos previstos

no art. 3o desta Lei Complementar, ou em objeto de saúde diverso do originalmente

pactuado, darão ciência ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público competentes, de

acordo com a origem do recurso, com vistas:

I - à adoção das providências legais, no sentido de determinar a imediata devolução dos

referidos recursos ao Fundo de Saúde do ente da Federação beneficiário, devidamente

atualizados por índice oficial adotado pelo ente transferidor, visando ao cumprimento do

objetivo do repasse;

II - à responsabilização nas esferas competentes.”

Decreto nº 7.827, de 16 de outubro de 2012:

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Art. 23. Verificado o descumprimento das disposições da Lei Complementar nº 141, de

2012, ou deste Decreto, ou detectada a aplicação de recursos federais em objeto diverso do

originalmente pactuado, o Ministério da Saúde comunicará a irregularidade:

I - ao órgão de auditoria do SUS;

II - à direção local do SUS;

III - ao responsável pela administração orçamentária e financeira do ente federativo;

IV - aos órgãos de controle interno e externo do ente federativo;

V - ao Conselho de Saúde; e

VI - ao Ministério Público.

§ 1 A comunicação a que se refere o caput somente será encaminhada ao Tribunal de

Contas competente e ao Ministério Público com atribuição para o caso após o esgotamento

da via administrativa de controle interno do Ministério da Saúde, sem prejuízo do exercício

autônomo das competências e atribuições previstas na legislação.

§ 2 A atuação dos destinatários da comunicação de que trata o caput terá como objetivo

promover a imediata devolução dos recursos irregularmente aplicados ao Fundo de Saúde

do ente federativo beneficiário, nos termos do inciso I do caput do art. 27 da Lei

Complementar nº 141, de 2012.

§ 3 Para os fins do disposto no § 2º , em caso de aplicação de recursos previstos no inciso

II do § 3º do art. 198 da Constituição em ações e serviços diversos dos previstos no art. 3º

da Lei Complementar nº 141, de 2012, ou em objeto diverso do originalmente pactuado, a

devolução será efetivada com recursos do Tesouro do ente federativo beneficiário.

- Lei Nº 11.578, de 26 de novembro de 2007:

“Artigo 4º. Os recursos financeiros serão liberados aos órgãos e entidades dos Estados,

Distrito Federal e Municípios conforme o cronograma de desembolso estabelecido no termo

de compromisso, mediante depósito em conta vinculada mantida em instituição financeira

oficial.

Parágrafo único. Os saques da conta vinculada ficam restritos ao pagamento das despesas

constantes do termo de compromisso, devendo a instituição financeira disponibilizar

relatórios com informações dos saques efetuados sempre que solicitados.

Artigo 6º. No caso de irregularidades e descumprimento pelos Estados, Distrito Federal e

Municípios das condições estabelecidas no termo de compromisso, a União, por intermédio

de suas unidades gestoras, suspenderá a liberação das parcelas previstas, bem como

determinará à instituição financeira oficial a suspensão do saque dos valores da conta

vinculada do ente federado, até a regularização da pendência.

§ 1º A utilização dos recursos em desconformidade com o termo de compromisso ensejará

obrigação de o ente federado devolvê-los devidamente atualizados, conforme exigido para a

quitação de débitos para com a Fazenda Nacional, com base na variação da Taxa

Referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – SELIC, acumulada

mensalmente, até o último dia do mês anterior ao da devolução dos recursos, acrescido esse

montante de 1% (um por cento) no mês de efetivação da devolução dos recursos à Conta

Única do Tesouro Nacional.”

Texto contido na Aula 1 (pag.15), Módulo 1 do Curso de Obras Públicas de Edificação e de

Saneamento do Instituto Serzedello Corrêa (TCU):

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“Ainda que haja uma situação emergencial no município ou se perceba que o objeto não é

mais prioritário, é vedada a utilização dos recursos em despesas não previstas no plano de

trabalho. Esse fato é considerado uma irregularidade grave pelo TCU e pode levar a

instauração de Tomada de Contas Especial (TCE), para apuração de eventuais danos e

ressarcimento aos cofres públicos. Nesses casos, os gestores públicos serão notificados

para reembolsarem esses valores.”

##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Ofício nº. 180/2016/Gab. Pref., de 27 de julho de 2016, a Prefeitura Municipal

de Monte Alegre/PA apresentou a seguinte manifestação:

“[...] Na certeza da observância aos princípios que regem a administração pública, e na

certeza da correta aplicabilidade da legislação pertinente, observamos e concordamos com

os termos dos relatórios preliminares, na certeza da correta aplicabilidade dos recursos

públicos”.

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Diante da ausência de manifestação da unidade examinada quanto aos fatos apresentados e

concordância do gestor com os termos do relatório preliminar, a análise do Controle Interno

sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.

##/AnaliseControleInterno##

2.1.6. Ausência de comprovação de realização da garantia de execução do contrato.

Fato

Ficou determinado no item 26.1 do edital de licitação (Concorrência Pública PMMA nº

002/2012) e na cláusula décima quinta do Contrato nº 312/2012, referentes à implantação da

Unidade de Pronto Atendimento – UPA 24 horas, no município de Monte Alegre/PA, que

seria prestada garantia para execução do contrato, conforme a seguir transcrito:

“Garantia de execução - Como garantia de execução, será exigida das licitantes

vencedoras uma Caução de Execução Contratual, no valor de 5,00 % (cinco por cento) do

valor da proposta, que deverá ser integralizada até 10 dias úteis após a assinatura do

contrato, prestada conforme disposto no § 1°, do art. 56, da Lei N°. 8.666/93. A garantia

poderá ser prestada em uma das modalidades abaixo relacionadas, não sendo permitida

durante a vigência contratual a sua substituição por qualquer outra modalidade.

a) Caução em dinheiro ou título da dívida pública;

b) Seguro garantia;

c) Fiança bancária.”

No entanto, não foi identificada, na documentação disponibilizada pela Prefeitura,

comprovação da realização da referida garantia contratual, o que contraria o disposto no

item 26.1 do edital de licitação.

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A garantia contratual pode ser exigida pela Administração Pública nas contratações de bens,

obras e serviços, visando assegurar a plena execução do contrato e, assim, diminuir o risco

de prejuízos ao patrimônio público e uma vez prevista no instrumento convocatório deve ser

exigida.

##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Ofício nº. 180/2016/Gab. Pref., de 27 de julho de 2016, a Prefeitura Municipal

de Monte Alegre/PA apresentou a seguinte manifestação:

“[...] Na certeza da observância aos princípios que regem a administração pública, e na

certeza da correta aplicabilidade da legislação pertinente, observamos e concordamos com

os termos dos relatórios preliminares, na certeza da correta aplicabilidade dos recursos

públicos”.

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Diante da ausência de manifestação da unidade examinada quanto aos fatos apresentados e

concordância do gestor com os termos do relatório preliminar, a análise do Controle Interno

sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.

##/AnaliseControleInterno##

2.1.7. Desperdício de recursos públicos pela ausência de providências para a retomada

e conclusão da obra de construção da Unidade de Pronto Atendimento - UPA 24 horas

do município de Monte Alegre/PA.

Fato

O município de Monte Alegre/PA foi habilitado a receber recursos federais, através do

Fundo Nacional de Saúde – FNS, para a implantação de uma Unidade de Pronto

Atendimento – UPA 24 horas, porte I, conforme Portaria GM/MS nº 1.725, de 28 de julho

de 2011 e Proposta nº 04838.496000/1100-01, cadastrada no Sistema de Pagamentos –

SISPAG.

A referida habilitação ocorreu na gestão do Prefeito J.V.C (CPF: ***.916.122-**), que teve

o término do seu mandato em dezembro de 2012.

Foram realizadas pelo governo federal, através do Fundo Nacional de Saúde – FNS,

transferências dos recursos aprovados para o município de Monte Alegre/PA, no montante

total de R$ 1.050.000,00.

A Prefeitura de Monte Alegre/PA contratou, por meio do Convite nº 005/2011, a empresa

Escala Três Arquitetos Associados Ltda (CNPJ: 04.866.868/0001-20) para elaboração dos

projetos, tendo sido pago pelos mesmos o valor total de R$ 58.600,00.

Para execução das obras, foi realizada a Concorrência Pública PMMA nº 002/2012, na qual

sagrou-se vencedora do certame a Construtora Pontes Ltda (CNPJ n° 03.121.930/0001-91),

com proposta no valor total de R$ 1.625.113,21.

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A “Ordem de Execução dos Serviços nº 011/2012” foi assinada em 20 de agosto de 2012, e

autorizado o início da obra a partir do dia 22 do referido mês e ano.

Foram efetuados pagamentos para a Construtora Pontes Ltda, que totalizaram R$

581.705,57.

Ressalta-se que não foi realizado o pagamento correspondente à nota fiscal nº 000178, no

valor de R$ 81.661,91, assim como não foi identificada a comprovação do recolhimento do

INSS da Nota Fiscal nº 000132, no valor de R$ 3.793,00.

Em janeiro de 2013 iniciou-se a gestão do Prefeito R.S. de S.M. (CPF: ***.611.672-**), o

qual foi afastado pela Câmara de Vereadores em abril de 2014 e renunciou ao mandato em

agosto de 2014.

Foi firmado Termo Aditivo ao contrato, assinado em 21 de abril de 2013, cujo objetivo foi

prorrogar o prazo de execução da obra em 120 dias, contados da sua assinatura.

Considerando a data de publicação do extrato do contrato no DOU (15 de outubro de 2012),

a data de vigência do mesmo expirou em 15 de outubro de 2013.

Em 23 de setembro de 2014, assumiu o cargo de Prefeito do município de Monte Alegra/PA

o Sr. J. da C.A. (CPF n° ***.836.232-**), o qual foi afastado pela Câmara de Vereadores em

setembro de 2015 e renunciou ao mandato em novembro de 2015. Na sequência, assumiu,

interinamente, o Sr. A.R.C.P. (CPF n° ***.608.312-**), Presidente da Câmara no Exercício

do Cargo de Prefeito, no período de novembro a dezembro de 2015. Em 24 de dezembro de

2015 tomou posse no cargo de Prefeito o Sr. A. de B.C. (CPF n° ***.754.182-**).

Importante ressaltar que, dos recursos federais recebidos pelo município de Monte

Alegre/PA, no montante total de R$ 1.050.000,00, só ficou comprovada a aplicação, no

objeto pactuado, do valor de R$ 581.705,57.

Da análise procedida ficou evidenciada a ausência de providências efetivas, pelos gestores

municipais, para a retomada e conclusão da obra em tela. O prejuízo financeiro apurado,

sem a correção monetária devida, é de R$ 448.000,00, com o agravante de que a obra

encontra-se com as telhas da cobertura soltas (algumas já caíram e estão inutilizadas), uma

viga apresenta armadura (ferragem) exposta a intempéries, além do estado de abandono do

prédio inacabado, o que acelera o processo de deterioração de toda a edificação. Não

obstante ao dano material e financeiro existente, o prejuízo social causado é de impacto

significativo para a população do município, que não recebeu o objeto pactuado, o que

compromete o acesso ao atendimento e aos benefícios da saúde básica a que tem direito e

para os quais o governo federal disponibilizou os recursos necessários. Observa-se que a

situação vem se agravando, podendo chegar ao comprometimento de todo o investimento já

realizado, caso não sejam tomadas providências tempestivas.

Apesar do prejuízo apontado, não foram detectadas ações efetivas para a retomada e

conclusão do objeto, tanto por parte do FNS, quanto pelos retrocitados gestores do

Município de Monte Alegre/PA.

##/Fato##

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Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Ofício nº. 180/2016/Gab. Pref., de 27 de julho de 2016, a Prefeitura Municipal

de Monte Alegre/PA apresentou a seguinte manifestação:

“[...] Na certeza da observância aos princípios que regem a administração pública, e na

certeza da correta aplicabilidade da legislação pertinente, observamos e concordamos com

os termos dos relatórios preliminares, na certeza da correta aplicabilidade dos recursos

públicos”.

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Diante da ausência de manifestação da unidade examinada quanto aos fatos apresentados e

concordância do gestor com os termos do relatório preliminar, a análise do Controle Interno

sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.

##/AnaliseControleInterno##

2.2 Parte 2

Não houve situações a serem apresentadas nesta parte, cuja competência para a adoção de

medidas preventivas e corretivas seja do executor do recurso federal descentralizado.

3. Consolidação de Resultados

Com base nos exames realizados, conclui-se que a aplicação dos recursos federais não está

adequada e exige providências de regularização por parte dos gestores federais.

Do montante fiscalizado de R$ 1.050.000,00 (um milhão e cinquenta mil reais), foi

identificado prejuízo de R$ 448.000,00 (quatrocentos e quarenta e oito mil reais), referente

ao item 2.1.5, constatando-se, dessa maneira, a procedência dos fatos apontados na demanda

encaminhada à Controladoria-Geral da União.

Destacam-se, a seguir, as situações de maior relevância quanto aos impactos sobre a

efetividade do Programa/Ação fiscalizado:

##/Fato##

- Ocorrência de falhas no processo licitatório, face à ausência de documentação e de

informações necessárias à regularidade da contratação e a execução do objeto contratual;

- Desvio de recursos da conta específica no valor de R$ 448.000,00 para conta corrente

estranha ao objeto do programa fiscalizado;

- Desperdício de recursos públicos face à paralisação da construção da UPA 24 horas e

ausência de providências do gestor municipal para a retomada e conclusão da obra.