relatório de complexometria-q analítica qualitativa
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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI - UFVJM
RELATÓRIO N0 03:
VOLUMETRIA DE COMPLEXAÇÃO
FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E SOCIAIS APLICADAS – FACESA
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA – DEQUI
DISCIPLINA - QUÍMICA ANALÍTICA QUANTITATIVA
DIAMANTINA, MAIO DE 2009
Relatório no 03: VOLUMETRIA DE COMPLEXAÇÃO
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I- Introdução
Muitos íons metálicos formam complexos estáveis, solúveis em água com um
grande número de aminas terciárias contendo grupos carboxílicos. A formação
destes complexos serve como base para a titulação complexométrica de uma
variedade de íons metálicos.
Apesar de existir um grande número de compostos usados na
complexometria, os complexos formados com o ácido etilenodiaminotetracético
(EDTA), são um dos mais comuns. Onde vários íons metálicos reagem
estequiometricamente com o EDTA. Este é um ácido tetracarboxílico, possuindo
quatro hidrogênios ionizáveis, sendo simplificadamente representado por H4Y. A
reação com íon metálico pode ser genericamente representa por:
Mn+ + Y4- MY -(4-n)
O EDTA na forma de ácido ou sal dissódico pode ser obtido em alto grau de
pureza, podendo ser usado como padrão primário, porém, se necessário pode ser
padronizado contra solução padrão de zinco.
Na complexação de íons metálicos com EDTA, a sua espécie ativa é o íon y -4,
cuja concentração depende do pH. Pois, somente em solução nitidamente alcalina o
EDTA se encontra presente predominantemente na forma de íon y-4, com o aumento
da concentração de íon de hidrogênio, cai a concentração da espécie y -4 ou seja, a
concentração do íon y-4 diminui com o decréscimo do pH.
Além do titulante (EDTA), certas substâncias presentes em solução podem
formar complexos com íons metálicos e, como consequência, competir com a
reação básica da titulação. [1].
1
[2].
2
Indicadores para as titulações com EDTA
Os indicadores usados na volumetria de complexação, chamados de
indicadores metalocrômicos, são agentes complexantes fracos que exibem cores
diferentes na forma complexada e na forma livre. Quando esse indicador é
adicionado à solução a ser titulada, ocorre a formação de um complexo colorido com
o analito.
M + In MIn
Onde M se refere ao íon metálico e In ao indicador. O frasco de titulação contém,
então, M e In. Quando o titulante é adicionado ocorre a reação com o metal livre até
que essencialmente ele acabe, e, nesse ponto, começa a acontecer o deslocamento
do metal do complexo MIn.
MIn + Y MY + In
Cor A Cor B
Isso constitui o ponto final da reação e é responsável pela mudança de cor
que sinaliza o fim da titulação. Para essa reação ocorrer, o complexo metal-titulante
deve ser mais estável que o complexo de metal-indicador.
Muitos indicadores são afetados pelo pH de maneira similar de EDTA. Isto é,
eles formam diferentes espécies protonadas que podem exibir diferentes
reatividades em relação ao íon metálico. Além disso, essas espécies
frequentemente apresentam cores diferentes. [3]
Alguns indicadores mais usados são:
- Preto de eriocromo T ou negro de eriocromo T é um indicador complexométrico
que é usado em titulações complexométricas. É usado exclusivamente na faixa de
pH entre 7 e 11, onde a forma azul do indicador predomina na ausência de íons
metálicos. Embora o Eriocromo T forme complexos vermelhos com
aproximadamente 30 metais, somente poucos desses complexos têm a estabilidade
necessária para permitir uma mudança de cor apropriada no ponto final de uma
titulação direta com o EDTA.
3
- Calmagita: A estrutura desse indicador é muito similar a do Erio T, de modo que
suas propriedades como indicador também são semelhantes. A calmagita é mais
estável do que o Erio T em solução aquosa o que justifica a sua crescente
popularidade como um substituto para o Erio T.
- Arsenazo I: É um excelente indicador para as titulações de terras raras com EDTA.
Também encontra alguma utilidades de cálcio e magnésio porque, ao contrário do
Erio T e da Calmagita, não é “bloqueado” por pequenas quantidades de íons cobre
de ferro (III).
- Alaranjado de xilenoI: Esse é um dos poucos indicadores que pode ser usado em
soluções ácidas. O indicador livre é amarelo em valores de pH menores do que 6,
enquanto os complexos metálicos são vermelhos ou violeta. É mais utilizado
comumente nas titulações diretas de Bi(III) e Th(IV) e nas contratitulações onde o
excesso de EDTA é titulado com Bi(III).
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- Muxerida: O indicador forma em solução alcalina complexos suficientemente
estáveis para encontrar interesse na complexometria com EDTA dos íons cálcio,
cobalto, níquel e cobre(II); os complexos formados com os três últimos s~]ao
amarelados. A solução aquosa do indicador é instável e deve ser preparada
diariamente, por isso é preferível usar uma dispersão sólida do resgente em cloreto
de sódio.
- Calcon (Solocromo Azul Escuro): Esse indicador é às vezes também designado de
Azul-Negro Eriocromo RC. Uma aplicação importante desse indicador é na titulação
de cálcio na presença de magnésio em pH acima de 12, para a interferência do
magnésio. Sob essas condições o magnésio fica quantitativamente precipitado como
hidróxido. A sua solução é preparada em metanol.
[2]
5
A água pode ser classificada como:
- Branda ou leve: < 75 mg/L de CaCO3
- Moderada: entre 75 e 150 mg/L de CaCO3
- Dura: > 150 mg/L de CaCO3 [4].
II- Objetivo
Preparar e padronizar uma solução de EDTA a 0,010 mol/L e determinar a
concentração de algumas soluções através da técnica de Volumetria de
Complexação, utilizando como titulante a solução de EDTA preparada.
III- Metodologia
3.1- Materiais e Reagentes
Nesses experimentos foram utilizados os seguintes materiais e reagentes:
- Sal Dissódico do EDTA.
- Leite de Magnésia.
- Ácido Clorídrico concentrado.
- Pisseta contendo Água Destilada.
- Indicador Ério T 1% m/m.
- Água Dura.
- Solução Tampão pH 10.
- Balança Analítica.
- 01 Balão Volumétrico de capacidade de 1L
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- 01 Balão Volumétrico de capacidade de 500 mL
- 01 Bureta de capacidade de 50 mL
- 03 Erlenmeyer de capacidade de 250 mL
- 01 Erlenmeyer de capacidade de 125 mL
- 02 Béqueres de capacidade de 50 mL
- 01 Pipeta de capacidade de 10 mL
- 01 Pipeta de capacidade de 2,0 mL
- 01 Proveta de capacidade de 25 mL
- 01 Pipetador
- 01 Conta-gotas
- 01 Bureta de capacidade de 50 mL
- 01 Suporte Universal
- 02 Garras metálicas para suporte universal
- 01 Espátula metálica
- 01 Bastão de Vidro
3.2- Procedimento Experimental
3.2.1- Preparo de uma solução de EDTA de aproximadamente 0,010 mol/L:
Foram feitos os cálculos para a determinação da massa do sal
dissódico do EDTA necessário para a preparação de 0,5L da solução de EDTA 0,01
mol/L desejada. Em seguida, preparou-se a solução adicionando a massa do sal
dissódico de EDTA necessário ao balão volumétrico parcialmente preenchido com
água destilada. Após realizada essa transferência, adicionou-se o restante de água
de modo a completar o volume do balão e agitou-se essa solução para sua
homogeneização. 7
3.2.2- Determinação da dureza da água:
Para o preparo das amostras, pipetou-se 100,00 mL da água dura e
transferiu-o para o erlenmeyer de 250,00 mL. Completou-se o volume com água
destilada e homogeneizou-se a solução.
Feito isso, em triplicata, adicionou-se 2,00 mL da solução tampão pH 10 a
cada um dos erlenmeyer de 250 mL. Adicionou-se a cada erlenmeyer uma pitada de
solução sólida do indicador Ério T 1% m/m e titulou-se as soluções usando como
titulante a solução de EDTA preparada anteriormente.
Calculou-se a dureza total da água, expressando-se os resultados em %mg/L
de carbonato de cálcio.
3.2.3- Determinação de hidróxido de magnésio em uma amostra de leite de
magnésia
Agitou-se vigorosamente o frasco de leite de magnésia. Pesou-se
imediatamente com o auxílio de um conta-gotas não mais que 0,3 g (com exatidão)
da amostra em um béquer de 50,0 mL. Adicionou-se algumas gotas de ácido
clorídrico (apenas o necessário para a completa dissolução do leite de magnésia) e
transferiu-se para um erlenmeyer de 125 mL. Utilizando-se no máximo 25 mL de
água destilada, esta foi transferida quantitativamente para o erlenmeyer e
adicionou-se 2,0 mL de solução tampão pH 10.
Feito isso, em triplicata, colocou-se uma pequena quantidade do indicador
Ério T a cada erlenmeyer de 125 mL.
Titulou-se cada uma das amostras com a solução de EDTA, calculou-se a
porcentagem de hidróxido de magnésio no leite de magnésia e comparou-se com o
valor teórico encontrado na embalagem.
IV- Resultados e Discussões
Com base nos procedimentos citados, foram realizados os seguintes cálculos:
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4.1- Preparo de uma solução de EDTA de aproximadamente 0,010 mol/L:
4.1.1- Cálculo da massa do sal dissódico de EDTA necessário para o preparo de
0,5 L de uma solução a 0,010 mol/L do mesmo:
m1 = 0,01 mol/L x 372,24 g/mol x 0,5 L
m1 = 1,8612g de EDTA
4.1.1- Cálculo concentração da solução de EDTA:
Como a massa de EDTA pesada foi de 1,8617 g, então:
4.2- Determinação da dureza total da água:
Quantidade da matéria de CaCO3 = Quantidade de matéria de EDTA
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Refazendo os cálculos para uma alíquota de 100,00 mL:
Temos, então, que o volume pipetado foi de 100,00 ml da amostra.
O volume de EDTA obtido após as titulações das alíquotas de água dura, é
dado na Tabela 1, a seguir.
Tabela 1 – Volume de EDTA obtido nas titulações:
Amostra Volume de EDTA
1 5,7 mL
2 5,7 mL
3 5,6 mL
4.2.1- Cálculo das concentrações de CaCO3 na amostra de Água Dura:
Quantidade de CaCO3 = Quantidade de EDTA
CCaCO3 x VCaCO3 = CEDTA x VEDTA
10
CCaCO3 = CEDTA x VEDTA
VCaCO3
Amostra 1:
CCaCO3 = 0,01 mol/L x 5,7 mL
100 mL
=
Amostra 2:
CCaCO3 = 0,01 mol/L x 5,7 mL
100 mL
=
Amostra 3:
CCaCO3 = 0,01 mol/L x 5,6 mL
11
100 mL
=
Pelo tratamento estatístico das amostras, tem-se que:
Obtem-se, então, que o valor da concentração de CaCO3 na água dura
analisada, foi de:
CCaCO3 = ( 56,67 ± 1,43) mg/L
Como a concentração de CaCO3 é menor que 75 mg, a água analisada é
considerada água branda ou leve.
Resultados obtidos pelos três grupos:
GRUPO [CaCO3]
1 (56,67 ± 1,43) mg/L
2 (56,10 ± 2,48) mg/L
3 (57,33 ± 1,43) mg/L
12
4 (57,50 ± 0) mg/L
4.3- Determinação de hidróxido de magnésio em uma amostra de leite de
magnésia
Os dados experimentais referentes à massa de Leite de Magnésia e o volume
de EDTA usados na titulação são dados na Tabela 2:
Tabela 2 – Dados experimentais:
Amostra Massa de Leite
de Magnésia
Volume de
EDTA
1 0,318 g 39,0 mL
2 0,302 g 37,0 mL
3 0,307 g 37,4 mL
4.3.1- Determinação da %Mg(OH)2 (m/V)
Amostra 1:
13
Amostra 2:
Amostra 3:
14
Pelo tratamento estatístico das amostras, tem-se que:
Obtem-se, então, que o valor de Mg(OH)2 no leite de magnésia analisado, foi
de:
= ( ± ) g/L
Cálculo do Erro relativo:
15
0,056
Resultados obtidos pelos três grupos:
GRUPO [ ] Erro
1 ( ± ) g/L 0,056
2
3
4
V- Conclusão
Através das titulações utilizando a solução de EDTA preparada, de
concentração aproximada de 0,01 mol/L, pode-se determinar a concentração de
CaCO3 na água, onde esta foi considerada uma água branda ou leve de acordo com
os padrões oferecidos pela literatura. Determinou-se também a concentração de
Mg(OH)2 no leite de magnésia, onde a mesma se mostrou inferior à contida no
rótulo.
Contudo, a solução de EDTA preparada foi uma ferramenta útil para a análise
e determinação de CaCO3 na água e de Mg(OH)2 no leite de magnésia.
VI- Bibliografia
[1] - http://www.geocities.com/ramos.bruno/academic/naoh.pdf
[2] - D. A. Skoog, D. M. West, F.J. Holler Analytical Chemistry, 6ª Edição,
16
Saunders College Publishing, USA, 1994.
[3] - http://www.fug.edu.br/adm/site_professor/arq_download/arq_124.doc
[4] – Apostila Química Analítica Quantitativa Experimental – UFVJM, 2009
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