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Relações Internacionais e Globalização DAESHR014- 13SB (4-0-4) Professor Dr. Demétrio G. C. de Toledo – BRI [email protected] UFABC – 2019.I Aula 12 4ª-feira, 27 de março

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Relações Internacionais e GlobalizaçãoDAESHR014- 13SB

(4-0-4) Professor Dr. Demétrio G. C. de Toledo – BRI

[email protected]

UFABC – 2019.I

Aula 12

4ª-feira, 27 de março

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Blog da disciplina:

https://rigufabc.wordpress.com/

No blog você encontrará todos os materiais do curso:

• Programa

• Textos obrigatórios e complementares

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Horários de atendimento extra-classe:

• São Bernardo, Bloco Delta, sala D-322, sexta-feira,das 13:00-14:00 e 19:00-20:00 (é só chegar)

• Atendimentos fora desses horários, combinar poremail com o professor:[email protected]

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O BRICS

e o Sul Global

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Módulo II: Breve introdução ao nosso futuro

Aula 12 (4ª-feira, 27 de março): O BRICS e o Sul Global

Texto base I:

VISENTINI, Paulo Fagundes (2013) “A dimensão político-estratégicados BRICS: entre a panaceia e o ceticismo”, p. 267-288, in:PIMENTEL, J. V. de Sá (2013).

Texto base II:

FIORI, J. L. (2011) “Brasil e América do Sul: o desafio da inserçãointernacional soberana”, p. 7-32.

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BRICS

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Os BRICS e o Sul Global: questões para refletir

• Qual a força do BRICS enquanto grupo?

• Prevalecerão as semelhanças ou as diferenças entre ospaíses do BRICS?

• O BRICS é contra-hegemônico? A favor de outrahegemonia? Qual?

• O BRICS vai avançar em sua institucionalização? Por quaismeios?

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Os BRICS e o Sul Global: questões para refletir

• Especificamente no caso do Brasil, como é que os eventos

políticos e econômicos domésticos afetaram nossa

inserção internacional e nossa política externa? Como

ficará nossa situação em relação aos BRICS?

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Os BRICS e o Sul Global

• O que/quem é o sul global? Como definir o sul global?

– Geograficamente?

– Politicamente?

– Associativamente?

– Historicamente?

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Os BRICS e o Sul Global

• O que/quem é o sul global? Como definir o sul global?

– Geograficamente: Brasil e África do Sul.

– Politicamente: os países contra-hegemônicos.

– Associativamente: membros dos BRICS, IBAS, UNASUL,ALBA etc.

– Historicamente: ex-colônias e áreas de influência eexploração das potências europeias e neo-europeias.

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Os BRICS e o Sul Global

• Precursores do Sul Global:

– Terceiro Mundismo (expressão cunhada por Alfred Sauvyem 1952);

– Conferência de Bandung (Bandung, Indonésia, 1955);

– Movimento dos Países Não-Alinhados - MNA (Belgrado,Iugoslávia, 1961);

– Conferência de Solidariedade aos Povos da África, Ásia eAmérica Latina/Conferência Tricontinental (Havana, Cuba,1966);

– Movimentos de libertação nacional e anti-colonial (Ásia,África e América Latina, 1945-1975);

– Maoísmo e marxismo-leninismo.11

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Os BRICS e o Sul Global

• Contexto atual:

– Globalização neoliberal;

– Crise/contestação da hegemonia estadunidense (sim,não, talvez?) e enfraquecimento das instituições dahegemonia dos EUA – ONU, FMI, BM, OTAN (muitas vezespor iniciativa dos EUA);

– Ascensão de novas potências regionais e globais: Brasil(?), China, Rússia, Índia, Japão, Alemanha, África do Sul,Turquia, Indonésia, México (?);

– Crescimento econômico do sul global, renascimentoafricano, aumento do preço das commodities.

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Os BRICS e o Sul Global

• “O acrônimo BRICs (...), abarcando as quatro maiores economias

emergentes, surgiu em Nova York [em 2001] como uma

ferramenta de análise prospectiva da economia mundial (...).

Permaneceu por vários anos como tal até adquirir um significado

político, assumido coletivamente por seus membros designados na

conjuntura da crise de 2008. Nesta ocasião os países da OCDE foram

duramente atingidos, enquanto Brasil, Rússia, Índia e China

mantinham seu crescimento econômico e buscavam atuar de

maneira articulada, propondo soluções para a crise. Em 2010 a

África do Sul passou a integrar o grupo.” (Visentini 2013: 269-270).13

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Os BRICS e o Sul Global

• “O termo foi cunhado em 2001 pelo economista Jim

O’Neill, do banco de investimentos americano Goldman

Sachs, em um relatório denominado “Building Better Global

Economic BRICs”, que buscava expor aos clientes do banco o

grande mercado que esses países poderiam representar no

futuro.” (Visentini 2013: 270).

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Os BRICS e o Sul Global

• “A formação de um agrupamento de Estados informal ou

institucionalizado normalmente resulta de iniciativa deles

próprios, com base em interesses comuns.” (Visentini 2013:

270).

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Os BRICS e o Sul Global

• “O que não se esperava, entretanto, era que uma ideia

baseada apenas em teorias econômicas fosse acabar

fazendo parte da agenda internacional global e dos próprios

membros, Brasil, Rússia, Índia e China, tornando este grupo

um fator importante não mais em relação a investimentos

unicamente, mas, principalmente, no que tange à

formulação da política externa destes países e de todos os

demais.” (Visentini 2013: 271).

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Os BRICS e o Sul Global

• “O diálogo político do BRIC como grupo começou quando,

durante a 61ª Assembleia Geral da ONU, em setembro de

2006, os Ministros de Relações Exteriores de Brasil, Rússia,

Índia e China se reuniram para discutir temas comuns à

agenda de todos. Depois deste primeiro encontro ad hoc

houve outros, incluindo uma nova reunião, fora do âmbito

da ONU, entre os Ministros de Relações Exteriores do BRIC,

realizada na cidade de Ecaterimburgo, na Rússia, em maio

de 2008.” (Visentini 2013: 272, grifos meus).17

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Os BRICS e o Sul Global

• “Em abril de 2010 foi celebrada a 2ª Cúpula do BRIC em

Brasília.” (Visentini 2013: 274).

• “A 3ª Cúpula dos BRICS (que ganhou o “S” com a adesão da

África do Sul em dezembro de 2010), também chamada de

Reunião dos Líderes dos BRICS, foi realizada em abril de

2011 em Sanya, na China. (...) O destaque da reunião foi a

participação, a convite da China, do presidente sul-africano

Jacob Zuma, que oficializou o ingresso da África do Sul ao

BRIC, tornando-o BRICS.” (Visentini 2013: 275).18

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Os BRICS e o Sul Global

• “A entrada da África do Sul nos BRICS denota a intenção do

grupo de se tornar um fórum de cooperação e diálogo

transcontinental sul-sul, uma vez que conta com os

principais países emergentes do “sul político.” (Visentini

2013: 276).

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Os BRICS e o Sul Global

• “Alguns analistas apontam que as disparidades entre estas

nações não constituem um obstáculo intransponível à unidade

política do grupo, enquanto outros duvidam da capacidade dos

BRICS de efetivamente fazer valer suas demandas em

decorrência da sua falta de coesão. O que se pode afirmar é que

os critérios elencados foram limitados, tendo sido superados por

elementos mais qualitativos e políticos; além disso, a crise

financeira que atinge mais fortemente os países da OCDE criou

um fator mais forte de coesão, propiciando a formalização do

grupo por seus próprios membros.” (Visentini 2013: 277).20

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Os BRICS e o Sul Global

• BRICS: iguais na diferença ou diferentes na igualdade?

– Demograficamente (população; fonte: BM, dados 2017):

• China: 1.386 bi

• Índia: 1.339 bi

• Brasil: 209.288 mi

• Rússia: 144.495 mi

• África do Sul: 56.717 mi

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Os BRICS e o Sul Global

• BRICS: iguais na diferença ou diferentes na igualdade?

– Extensão territorial (km2; fonte: BM):

• Rússia: 17.098.250 km2

• China: 9.562.911 km2

• Brasil: 8.515.770 km2

• Índia: 3.287.259 km2

• África do Sul: 1,219,090 km2

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Os BRICS e o Sul Global

• BRICS: iguais na diferença ou diferentes na igualdade?

– Economicamente (PIB US$; fonte: BM, dados 2017):

• China: US$ 12.237 tri

• Índia: US$ 2,6 tri

• Brasil: US$ 2.055 tri

• Rússia: US$ 1.577 tri

• África do Sul: US$ 348.871 bi

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Os BRICS e o Sul Global

• BRICS: iguais na diferença ou diferentes na igualdade?

– Economicamente (crescimento PIB US$; fonte: BM, dados

2017):

• Índia: 6,7%

• China: 6,9%

• Brasil: 1,0 %

• Rússia: 1,5 %

• África do Sul: 1,3%24

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Os BRICS e o Sul Global

• BRICS: iguais na diferença ou diferentes na igualdade?

– Economicamente (PIB per capita nominal; fonte: BM,

dados 2017):

• Rússia: US$ 10.743

• Brasil: US$ 9.821

• China: US$ 8.827

• África do Sul: US$ 6.151

• Índia: US$ 1.94025

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Os BRICS e o Sul Global

• “No interior dos BRICS há duas articulações mais sólidas paralelas

entre Estados-membros: a Organização de Cooperação de Xangai

(OCX), da qual fazem parte Rússia e China [além de Cazaquistão,

Uzbequistão, Quirguistão e Tadjiquistão], e o Fórum de Diálogo

IBAS, integrado por Índia, Brasil e África do Sul. Além das

peculiaridades das relações entre os países dos BRICS, há que levar

em consideração esta outra realidade. Se em muitos aspectos a OCX

e o IBAS possuem perspectivas semelhantes, é forçoso reconhecer

que o peso de seus membros difere consideravelmente. No entanto,

isso os torna menos capazes de aspirar a um lugar de destaque na

ordem internacional?” (Visentini 2013: 279).26

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Os BRICS e o Sul Global: OCX

• “No início do século XXI, as relações entre a China e a Rússia

adquiriram um significado novo, que pode vir a pesar decisivamente

nos desdobramentos da crise econômico-financeira mundial e, por

extensão, em seus impactos políticos internacionais. Trata-se,

respectivamente, da nação mais populosa e da mais extensa do

planeta; em conjunto, possuem notável complementaridade e integram

o grupo BRICS. Ambas têm grande relevância econômica: a China como

novo polo industrial do mundo, cuja acelerada taxa de crescimento a

destina a se tornar, em breve, a maior economia do planeta; já a Rússia

é uma potência energética, possui recursos naturais estratégicos e

tecnologia de ponta na área militar, aeroespacial e nuclear (herdadas da

antiga URSS).” (Visentini 2013: 279).27

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Os BRICS e o Sul Global: OCX

• “(...) A questão mais profunda é representada pelo

descompasso entre ambas as nações, pois, historicamente,

não ocorreram as condições necessárias para uma aliança

equilibrada. Durante a Guerra Fria, a URSS era qualitativamente

mais poderosa que a China, e hoje esta supera amplamente a

Rússia. É problemático pensar que a emergência de um espaço

econômico eurasiano seja acompanhada pela formação de um

“bloco” diplomático-militar, pois Moscou e Pequim defendem a

formação de um sistema mundial multipolar, o qual garantiria a

autonomia dos Estados pivôs. ” (Visentini 2013: 279).28

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Os BRICS e o Sul Global

• “Já o Fórum de Diálogo Índia, Brasil e África do Sul (IBAS, ou G3)

constitui um dos mais importantes esforços cooperativos do sul no

mundo pós-Guerra Fria. Seus críticos o consideram, com um tom de

ironia, uma forma tardia de um terceiro-mundismo ideológico dos

anos 1970. Todavia, sua estratégia é marcada pelo pragmatismo, pelo

peso político próprio e pela legitimidade para se apresentar como

interlocutor relevante para os grandes temas da agenda global. Assim, o

IBAS representa uma forma de concertação político-diplomática sobre

os mais diferentes temas, tendo em vista que há significativas sinergias

entre os três países, já que eles desenvolveram capacidades específicas

em diferentes setores ao longo de décadas.” (Visentini 2013: 281-282).29

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Os BRICS e o Sul Global

• “Os países do IBAS buscam, explicitamente, reforçar seu

desenvolvimento econômico por meio do caráter complementar

das suas indústrias, serviços, comércio e tecnologia. Como

exemplo de complementaridades a ser exploradas pelos três

países, podem ser citados: a indústria sul-africana de

combustíveis sintéticos; a experiência do Brasil na área da

aeronáutica e da produção de energia não convencional; e o

recente sucesso indiano no campo da tecnologia da informação e

na indústria farmacêutica.” (Visentini 2013: 283).

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Os BRICS e o Sul Global

• “As debilidades internas e limitações externas são

apontadas como indicadores de que Brasil, Rússia, Índia,

China e África do Sul não reúnem as credenciais

necessárias para aspirar à condição de integrantes do

grupo de países líderes da ordem mundial. Aqui cabe

ressaltar alguns aspectos históricos relevantes.” (Visentini

2013: 287).

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Os BRICS e o Sul Global

• “O primeiro deles demonstra que, quando a Inglaterra e, mais

de um século depois, os EUA se tornaram lideranças mundiais,

viviam situações internas caracterizadas por grandes

dificuldades sociais e desequilíbrios. Basta ler os romances de

Charles Dickens para ter uma ideia do que era a Inglaterra

durante sua revolução industrial. O cinema, por sua vez, nos

mostra uma América dominada por gangsters justamente quando

os EUA se convertiam em primeira potência mundial. Portanto, há

que refletir melhor quando se apontam as incapacidades das

nações integrantes dos BRICS.” (Visentini 2013: 287).32

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Os BRICS e o Sul Global

• “Na Inglaterra e nos EUA havia, no entanto, um processo dinâmico de

desenvolvimento, o que era fundamental. Mais ainda, as antigas

lideranças demonstravam estar voltadas para o passado. Todavia, há

outro aspecto decisivo: são precisamente certos elementos conflitivos

ou desequilíbrios internos que obrigam as nações a buscar, no meio

internacional, um melhor posicionamento. Os problemas gerados

pelo desenvolvimento produzem necessidades de maior inserção

internacional. Não é necessário se tornar uma Suíça para aspirar a um

lugar ao sol; é a luta por um lugar ao sol que permite a uma nação se

tornar uma Suíça. São as contradições que movem a realidade.”

(Visentini 2013: 288). 33

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Os BRICS e o Sul Global

• “Assim, os BRICS, apesar das diferenças estruturais de seus membros,

divergências pontuais e deficiências internas, se encontram em uma

situação semelhante no plano internacional, a qual propicia a articulação

de posições e ações comuns. (...) Por outro lado, os BRICS tentam evitar

confronto e mudanças bruscas na economia e na ordem mundial, às quais

procuram se integrar. No entanto, para que isso ocorra, esta ordem tem de

ser reformada. Rússia e China se articulam (apesar das divergências

bilaterais) na OCX eurasiana, próximas ao centro de poder mundial. Índia,

Brasil e África do Sul buscam na Cooperação Sul-Sul um espaço comum a

países mais afastados do anel hegemônico central norte-atlântico. E o grupo

BRICS acaba se convertendo em um fórum comum dos dois arranjos, o qual

ganhou relevância em um quadro de crise.” (Visentini 2013: 288).34