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Página 1 de 13 GLOBALIZAÇÃO NO MUNDO ATUAL A aceleração do processo de globalização Nos últimos trinta anos, temos testemunhado numerosas transformações com impactes sobre os indivíduos, as sociedades e os territórios nem sempre fáceis de identificar e de compreender na totalidade. Com a política de reestruturação (Perestroiko) e de transparência (Glasnost), levada a cabo por Mikhail Gorbachov na antiga URSS desde que chegou ao poder, em 1985, a Guerra Fria terminou e os Estados Unidos proclamaram-se vencedores. A queda do Muro de Berlim, ocorrida em novembro de 1989, transformou-se no acontecimento com maior simbolismo, marcando o fim da Guerra Fria e da bipolarização das relações internacionais. A China comunista, por sua vez, que desde o final dos anos 70 do século XX adotara uma política de reformas visando a sua modernização, abriu-se em várias zonas especiais ao investimento e à implantação de indústrias estrangeiras. Face à fragmentação da URSS e à abertura progressiva da China à economia de mercado, a economia-mundo capitalista tornou-se hegemónica, não parecendo existir qualquer barreira consistente ao processo de globalização em curso. A globalização é um fenómeno económico, social, político e cultural que corresponde à etapa atual do capitalismo. O processo de globalização carateriza-se pela difusão, a todo o planeta, de modelos económicos, políticos e culturais de forte inspiração ocidental, baseados na economia de mercado e na organização social e política de tipo liberal, e traduz-se num fluxo crescente de bens, pessoas, capitais, informações e serviços comerciais à escala global. A globalização em curso foi impulsionada pelo desenvolvimento dos transportes, o que reduziu os custos e o tempo de deslocação, e pela revolução nas tecnologias de informação e comunicação (TIC), que se traduziu na transmissão universal e instantânea de informações - surgindo a Internet como um dos meios de comunicação cuja expansão foi mais rápida. No plano económico e financeiro, a aceleração do processo de globalização resulta da crescente liberalização dos mercados, dos movimentos de integração económica (na América do Norte, na Ásia e na Europa) e do papel das empresas transnacionais (ETN), que têm intensificado a deslocalização de segmentos do processo produtivo à escala global. Queda do Muro de Berlim, 1989 Disponível na Internet: http://noticias.r7.com/internacional/fotos/antes-e-depois-historias- surpreendentes-relembram-os-25-anos-da-queda-do-muro-de-berlim- 09112014#!/foto/1 Globalização económica Disponível na Internet: http://globalizacao.org/globalizacao- mundial.htm

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GLOBALIZAÇÃO NO MUNDO ATUAL

A aceleração do processo de globalização

Nos últimos trinta anos, temos testemunhado numerosas transformações com impactes sobre os

indivíduos, as sociedades e os territórios nem sempre fáceis de identificar e de compreender na

totalidade.

Com a política de reestruturação (Perestroiko) e de transparência (Glasnost), levada a cabo por

Mikhail Gorbachov na antiga URSS desde que chegou ao poder, em 1985, a Guerra Fria terminou e os

Estados Unidos proclamaram-se vencedores. A queda do Muro de Berlim, ocorrida em novembro de

1989, transformou-se no acontecimento com maior

simbolismo, marcando o fim da Guerra Fria e da

bipolarização das relações internacionais.

A China comunista, por sua vez, que desde o

final dos anos 70 do século XX adotara uma política

de reformas visando a sua modernização, abriu-se

em várias zonas especiais ao investimento e à

implantação de indústrias estrangeiras. Face à

fragmentação da URSS e à abertura progressiva da

China à economia de mercado, a economia-mundo

capitalista tornou-se hegemónica, não parecendo

existir qualquer barreira consistente ao processo

de globalização em curso.

A globalização é um fenómeno económico, social, político e cultural que corresponde à etapa atual

do capitalismo.

O processo de globalização carateriza-se pela difusão, a todo o planeta, de modelos económicos,

políticos e culturais de forte inspiração ocidental, baseados na economia de mercado e na organização

social e política de tipo liberal, e traduz-se num

fluxo crescente de bens, pessoas, capitais,

informações e serviços comerciais à escala global.

A globalização em curso foi impulsionada pelo

desenvolvimento dos transportes, o que reduziu os

custos e o tempo de deslocação, e pela revolução nas

tecnologias de informação e comunicação (TIC), que

se traduziu na transmissão universal e instantânea de

informações - surgindo a Internet como um dos

meios de comunicação cuja expansão foi mais rápida.

No plano económico e financeiro, a aceleração

do processo de globalização resulta da crescente

liberalização dos mercados, dos movimentos de integração económica (na América do Norte, na Ásia

e na Europa) e do papel das empresas transnacionais (ETN), que têm intensificado a deslocalização de

segmentos do processo produtivo à escala global.

Queda do Muro de Berlim, 1989 Disponível na Internet:

http://noticias.r7.com/internacional/fotos/antes-e-depois-historias-surpreendentes-relembram-os-25-anos-da-queda-do-muro-de-berlim-

09112014#!/foto/1

Globalização económica Disponível na Internet: http://globalizacao.org/globalizacao-

mundial.htm

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As dimensões do processo de globalização

A globalização é um processo multidimensional através do qual as pessoas, os governos e as

empresas trocam ideias, realizam transações financeiras e comerciais e difundem aspetos culturais à

escala planetária.

Sob o ponto de vista económico, o fenómeno da globalização teve origem no processo de

transnacionalização da produção levado a cabo pelas ETN, transformadas em atores principais de uma

nova economia mundial, e traduziu-se na emergência de uma nova divisão internacional do trabalho

(DIT).

As principais caraterísticas desta nova economia mundial são as seguintes:

economia sustentada num forte crescimento do comércio

mundial e dominada pelo sistema financeiro e pelo

investimento à escala global;

processos de produção flexíveis e multilocais;

baixos custos de transportes e comunicações;

revolução das tecnologias de informação e de

comunicação;

desregulação das economias nacionais;

domínio da chamada Tríade (EUA, União Europeia e

Japão);

afirmação de novas potências económicas emergentes, como a China.

Na sua dimensão social, os efeitos do processo de globalização fizeram-se sentir sobre o mercado de

trabalho, na cultura e nos domínios da segurança, da inclusão e da coesão das famílias e das sociedades,

nem sempre com consequências positivas.

Assiste-se à flexibilização do emprego, ao

aprofundamento das desigualdades nos

rendimentos e à fragilização dos sistemas de

proteção social.

A globalização deu, também, origem a uma

nova classe, que se reproduz socialmente à escala

global fora do controlo das organizações

nacionais de trabalhadores e dos Estados

localizados na periferia ou semiperiferia do

sistema mundial: a classe capitalista

transnacional. Fazem parte desta elite os

administradores, gestores e acionistas das ETN,

que concentram uma parcela importante do rendimento mundial.

Na sua dimensão cultural, a globalização corresponde à convergência dos modos de vida em

resultado da difusão de uma cultura universal, através de marcas acontecimentos emblemáticos,

facilitada pelo desenvolvimento das TIC. A com nação das tecnologias eletrónicas, especialmente da

televisão, com os fluxos migratórios em massa, está a gerar comunidades transnacionais, as

Trabalhador da Microsoft em regime de teletrabalho Disponível na Internet:

http://blogs.msdn.com/b/govtech/archive/2012/11/12/microsoft-embraces-telework.aspx

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diásporas, uni em torno de universos simbólicos transnacionais por sentimentos e identidade comuns,

partilhando gostos, prazeres e aspirações de caráter

coletivo e global.

Contudo, se há quem considere que as especificidades

das culturas locais e nacionais correm riscos perante a força

hegemónica em expansão, outros defendem que a

globalização tanto produz homogeneização como

diversidade.

No domínio

financeiro, a

globalização deu

origem à criação de um mercado unificado de dinheiro a

nível global e promoveu fluxos de capital. Um conjunto de

transformações nos sistemas financeiros, ocorrido a partir

das décadas de 80 e 90 do século XX, tornou possível a

globalização das poupanças: a liberalização da circulação de

capitais e da convertibilidade das moedas, o reforço da

intervenção dos mercados financeiros no financiamento das

economias, a internacionalização da gestão dos riscos, que

reforçam a integração dos mercados financeiros à escala

global, entre outros.

No que diz respeito às dimensões demográfica e

religiosa, a globalização está associada à intensificação dos

fluxos migratórios internacionais de trabalhadores, ao

aumento dos fluxos turísticos e ao crescente

multiculturalismo e multietnicidade, resultante de uma

maior diversidade cultural no interior dos países mais

desenvolvidos.

Do ponto de vista político, a nova divisão

internacional do trabalho, a visão “pró-mercado” da

política económica e as interações resultantes das

práticas transnacionais reforçaram a necessidade

de aprofundar as relações interestatais.

Esta forma de organização política do sistema

mundial moderno e policêntrico carateriza-se pelo

estabelecimento de acordos políticos e comerciais

interestatais (NAFTA - Acordo de Livre Comércio da

América do Norte, Mercosul - Mercado Comum do

Sul, UE - União Europeia) e pela constituição de

novas organizações que reúnem igualmente os

chamados países emergentes que procuram

A americanização do mundo

“Gigantes militares, económicos e financeiros,

os EUA constituem, também, uma poderosa

potência cultural, em resultado da difusão à

escala mundial do seu modelo de consumo. A

globalização recente corresponde a uma

ocidentalização ou, mesmo, a uma

americanização do mundo, "já que os valores,

os artefactos culturais e os universos simbóli-

cos que se globalizam são ocidentais e, por

vezes, especificamente norte-americanos,

sejam eles o individualismo, a democracia po-

lítica, a racionalidade económica, o utilita-

rismo, o primado do direito, o cinema, a

publicidade, a televisão, a Internet, etc..”

O dólar destronou a Iibra esterlina como meio

de pagamento internacional e moeda de

referência, enquanto 0 idioma inglês se

tornou a língua universal.

A sua supremacia militar tem sido criticada

por prestarem auxílio militar a países aliados

onde os direitos humanos nem sempre são

respeitados ou por recorrerem de forma

abusiva à intervenção militar em regiões onde

os seus interesses estão em jogo.”

Fonte: Santos, Boaventura de Sousa,..., 2001, p. 51

(adaptado).

Globalização cultural Disponível na Internet:

http://www.blogplanetacurioso.com.br/2013/05/o-lado-triste-da-globalizacao.html

Globalização e fluxos demográficos Disponível na Internet:

http://www.jornalismoeducativo.com.br/materias/redacao_teve_correcao_mais_criteriosa/

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afirmar-se em termos mundiais, como o G20 (que corresponde ao alargamento do antigo G8 e que

integra as dezanove maiores economias do mundo e a

UE) e os BRICS (Brasil, Rússia, índia, China e África do

Sul).

Na sua dimensão jurídica, a globalização carateriza-

se por um processo de desregulamentação dos

mercados de trabalho, de serviços comerciais e de

capitais, entre outros, que vai ao encontro das pressões

e dos interesses das ETN e das instituições financeiras

multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional

(FMI). Este fenómeno ocorre num contexto de

enfraquecimento dos poderes do Estado e da correspondente capacidade para regular os mercados

nacionais, o que é aproveitado pelos novos atores transnacionais para imporem as suas normas e

estratégias.

Os atores da globalização

O processo de globalização é o produto de interações complexas entre diversos intervenientes,

entre os quais se encontram: grandes empresas transnacionais (ETN), investidores, Estados, cidades e

regiões poderosas.

O comércio internacional, baseado na transação

entre empresas nacionais, sediadas num território

nacional em que o Estado é soberano em questões

fundamentais - direitos aduaneiros, taxas de câmbio e

de juros, emissão de moeda, impostos, etc. -, deu

lugar a um sistema de comércio caraterizado pela

integração entre economias nacionais e pelo papel

cada vez mais influente das ETN, que conduzem as

suas estratégias sem terem em conta os interesses dos

países onde se localizam.

Estas empresas desenvolvem estratégias de

deslocalização e relocalização das atividades, podendo

implantar segmentos de um processo produtivo em diferentes países, à procura das condições ótimas

de produção e dos mercados mais atrativos. Deste modo, o fenómeno de transnacionalização está

intimamente relacionado com a crescente importância destas empresas no funcionamento da economia

mundial. As ETN são, por isso, os principais motores da globalização da economia. Em alguns casos, o

poder destas empresas sobrepõe-se ao dos Estados, que vão perdendo progressivamente o controlo

sobre a ação das ETN.

Num cenário de aceleração das trocas comerciais, facilitadas pela redução dos custos de transporte e

pela generalização das TIC, outros atores da globalização, como a Organização Mundial de Comércio

(OMC), têm contribuído para organizar e incentivar as práticas comerciais à escala planetária.

Globalização e fluxos demográficos Disponível na Internet:

http://www.jornalismoeducativo.com.br/materias/redacao_teve_correcao_mais_criteriosa/

Empresas Transnacionais Disponível na Internet:

http://pt.slideshare.net/abnerdepaula/globalizao-13758169

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Enquanto a OMC arbitra o comércio mundial, trabalhando para que todas as formas de

protecionismo sejam eliminadas, instituições

financeiras multilaterais como o Fundo Monetário

Internacional (FMI) e o Banco Mundial contribuem

para garantir a regulação económica do sistema

mundial e viabilizam as transações financeiras

internacionais.

Vários blocos económicos regionais, quase

continentais, como a União Europeia (UE), o Acordo

de Comércio Livre da América do Norte (NAFTA), o

Merca Comum do Sul (Mercosul) ou a Associação

das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), constituem-

se como elementos polarizadores das trocas comerciais

a nível mundial. Estas organizações são alianças

económicas e políticas poderosas entre países, que cooperam entre si com o objetivo de se tornarem

mais fortes fé à competição económica mundial.

A União Europeia é a organização que apresenta um grau de integração mais elevado, o que lhe

permite competir com os EUA, o Japão e os BRICS como Polo do sistema-mundo.

Estas organizações económicas regionais apoiam-se territorialmente numa rede de grandes cidades,

chamadas cidades globais. Estas constituem os centros organizadores do sistema de relações

interestatais e dos fluxos de bens, pessoas, capitais e informação que se estabelecem entre os países

que integram estas organizações.

O G20, embora não seja considerado uma organização formal, representa a cúpula do poder

mundial, agrupando as vinte maiores economias mundiais. Desde 2008, o G20 passou a assumir uma

função central na regulação da economia mundial, substituindo o papel até então desempenhado pelo

G8 - organização constituída pelos 7 países mais industrializados do mundo e a Rússia. Os países

mais ricos têm procurado concertar

estratégias de ação comuns visando a

estabilidade financeira internacional e a

definição de uma agenda mundial em

diversas questões que os preocupam:

liberalização do comércio, políticas

económicas, terrorismo, ambiente, crime

internacional, etc.

Tal como o G8, também o G20 tem

ultrapassado as instituições vocacionadas

para resolver certas questões globais,

como, por exemplo a Organização das

Nações Unidas (ONU), pondo em causa a

sua legitimidade.

Logo da Organização Mundial de Comércio Disponível na Internet: http://comex-

solutions.webnode.com/news/etapa-2-acordos-economicos-internacionais-e-seu-impacto-no-direito-brasileiro-/

Cartaz a anunciar o Forum Social Mundial de 2016, em, Porto Alegre, Brasil

Disponível na Internet: http://forumsocialportoalegre.org.br/2015/06/12/memoria-da-plenaria-do-comite-organizador-do-fstematico2016-forum-social-mundial-15-

anos/

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Todos estes atores, à medida que promovem a expansão do comércio internacional, introduzem

regras e fomentam práticas que apenas se destinam a salvaguardar os seus próprios interesses e a

perpetuar ou a consolidar o seu domínio. Por isso, os opositores a esta forma de globalização

multiplicam-se, quer nos países mais pobres quer nos países mais ricos, preocupados com o aprofundar

das desigualdades socioeconómicas.

Inúmeros movimentos transnacionais constituem-se com o

objetivo de pressionar os outros atores da globalização e

alterarem as suas estratégias, demonstrando que existem

percursos alternativos mais sustentáveis e solidários. É a chamada

globalização alternativa ou alterglobalização.

Entre estes movimentos encontram-se as organizações não-

governamentais (ONG), que atuam com grande eficácia, constituindo uma rede à escala mundial. Estas

associações da sociedade civil trabalham de forma independente relativamente aos governos, agindo

em domínios diversos, como por exemplo: o desenvolvimento (OIKOS, CIDAC), os direitos humanos

(Human Rights Watch, Amnistia Internacional), a ajuda humanitária (Médicos Sem Fronteiras), a saúde

(Partners in Health) e o ambiente (Greenpeace).

Graças ao avanço tecnológico, nomeadamente no setor das telecomunicações e da informática, as

grandes empresas transnacionais, os novos atores da globalização, organizam a produção e

estabelecem estratégias empresariais à escala mundial, influenciando e conduzindo a implementação

planetária de padrões de produção e de consumo homogeneizados. Neste contexto, a dimensão

nacional de uma visão do mundo tende a relativizar-se

e a subordinar-se a uma cultura global marcada por

uma nova lógica capitalista de espacialização

transnacional e global, apoiada na crescente

mobilidade do capital e na liberalização dos mercados.

Esta nova lógica organiza-se num sistema em rede,

constituído por fluxos e por nós, que se adensa nos

espaços que prosperam e se globalizam e que se

rarefaz nos territórios que continuam marginalizados

ou excluídos desta dinâmica.

As ETN são as grandes responsáveis pelas

crescentes assimetrias de desenvolvimento entre as

áreas beneficiadas e as marginalizadas, pois estão na

origem de uma perigosa concentração do investimento em certas regiões em detrimento de outras.

Sediadas nas grandes metrópoles globais, a maioria das ETN contribui para a concentração da riqueza

nestas áreas. Por sua vez, as cidades globais estabelecem entre si relações preferenciais que reforçam o

seu poder e a sua capacidade de controlar os grandes fluxos mundiais.

O que antes funcionava numa lógica de rede hierarquizada de cidades e respetivas áreas de

influência parece ter sido substituído por um sistema de nós (hubs) e de fluxos. As cidades globais

constituem os nós de um sistema hierarquizado que promove a exclusão de vastos espaços, apenas

atravessados pelos fluxos que ligam os polos secundários às cidades principais.

As ETN são consideradas as grandes responsáveis pelas assimetrias do desenvolvimento

Disponível na Internet: https://portogente.com.br/portopedia/globalizacao-73980

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A globalização, não só está a evidenciar as desigualdades de acesso das regiões e dos indivíduos aos

recursos, como tem ajudado a aprofundar as assimetrias na distribuição da riqueza. Deste modo, a

globalização pode ser um fator de uniformização ou de divisão, sinónimo de novas liberdades para

uns e de constrangimentos para outros, de integração e inclusão para certos territórios, estratos

sociais ou indivíduos e de exclusão para outros.

A situação socioeconómica passou a ser um

elemento preponderante na divisão Norte-Sul.

Apenas um reduzido número de territórios e

indivíduos está a usufruir plenamente dos benefícios

do desenvolvimento proporcionado pela globalização.

Entre eles

estão

aqueles

que

possuem os recursos e dominam as inovações tecnológicas.

Os fluxos e os equipamentos de telecomunicações estão

concentrados nos países mais ricos, os países do Norte. Por

isso, embora possamos falar de um “sistema de

comunicações-mundo” e de acontecimentos globais (Jogos

Olímpicos, Live Aids, etc.), a expressão “aldeia global” tem

sido incorretamente utilizada.

Poderosas redes logísticas multimodais ligam entre si

territórios por vezes muito distantes. Mas esta ligação é sele-

tiva, pois depende da capacidade de cada país adquirir e

instalar infraestruturas modernas que exigem capital e

tecnologia.

O desenvolvimento das telecomunicações é dos principais

fatores impulsionadores da globalização (telefone, fibra ótica

de banda larga). Desde 2000, o número de telefones móveis

no mundo aumentou de 740 para 5300 milhões de

aparelhos. Em cinco anos, o número de utilizadores da

Internet duplicou, representando 35% da população mundial

em 2011.

Apesar dos progressos, o fosso digital entre o Norte e o

Sul continua a ser uma realidade.

Os mercados financeiros tornaram-se globais com os

progressos tecnológicos e as políticas de desregulamentação

dos Estados. Bancos, companhias de seguros, fundos de

pensões e os fundos especulativos vão deslocalizando os seus

O mito da aldeia global

A expressão "aldeia global"foi introduzida em

1968 por Marshall McLuhan e pelo seu colega

Quentin Fiore, quando o mundo assistia à

primeira guerra em direto pela televisão, a

guerra do Vietname, e reflete o resultado dos

extraordinários progressos das tecnologias de

comunicação. Na realidade, passou a ser

possível a circulação de informação (voz, texto

e imagem) em tempo real através de sistemas

de comunicação, utilizando tecnologia via

satélite (o caso da televisão) ou as redes te-

lefónicas (no caso do fax), mais tarde reunidas

em sistemas telemáticos (computador-

modem-telefone), permitindo que

supostamente todo o mundo estivesse ao

alcance de todos.

Contudo, as barreiras geográficas podem ter

caído para as comunicações, mas novas

barreiras quase impercetíveis estão a surgir.

No que diz respeito à Internet, estas são

evidentes. O seu utilizador típico é do sexo

masculino, tem menos de 35 anos, uma

formação universitária e rendimento médio a

elevado, vive numa área urbana e domina o

inglês - é membro de uma elite minoritária em

todo o mundo. Assim, a sociedade, ao

organizar-se em rede, está a criar dois

sistemas paralelos de comunicações:

- um para os que têm rendimentos, educação

e estão"ligados”, acedendo ou trocando abun-

dante informação com rapidez e a baixo

custo, não só através da Internet, mas

também por fax, por satélite ou por

telemóvel;

- outro para os que, devido a carências de

rendimento e educação, e às limitações de

mercado interno de telecomunicações, nos

seus países, não estão ligados".

Fonte: PNUD, Relatório do Desenvolvimento Humano.

2005

A globalização aprofundou as desigualdades entre o Norte rico e o Sul pobre

Disponível na Internet: http://resistir.info/patnaik/sul_global_20jul14.html

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investimentos à procura em encontrar o melhor rendimento nos mercados financeiros. Cinco bolsas

concentram 52% da capitalização de mercado do mundo.

A lógica financeira e especulativa domina a globalização. O stock de capital acumulado nos

mercados bolsistas representa 5 a 10 vezes o PIB

mundial. A capitalização bolsista do mercado global

aumentou sete vezes em vinte anos. Os atores desta

globalização financeira procuram tirar partido das

diferenças existentes entre territórios no que diz

respeito às taxas de câmbio, taxas de juro, preços das

ações, etc.). Este sistema muito instável esteve na

origem de vinte e quatro grandes crises, entre 1971 e

2008.

O sistema bancário global entrou em colapso

durante a crise de 2008, especialmente nos principais

países desenvolvidos. A crise financeira tornou-se

económica e social, levando os Estados e as

organizações internacionais (como o FMI) a intervirem.

Foram efetuadas nacionalizações, concedidos empréstimos e garantias financeiras, o que não impediu o

contínuo aumento do endividamento externo. O desenvolvimento dos principais países do Norte foi

profundamente comprometido.

A massificação cultural

Os habitantes do planeta são considerados trabalhadores e consumidores do vasto mercado

mundial, independentemente das desigualdades de acesso à “cultura global”, aos mercados financeiros

e a uma “visão global” do mundo.

A globalização dos mercados de consumidores intensificou os fluxos de novos produtos de acordo

com padrões de consumo cada vez mais homogéneos. Deste modo, as ETN que atuam como gestores

globais, sem quaisquer responsabilidades sociais, veem as suas estratégias compensadas e os seus

lucros a aumentar.

Mas a “cultura global”

que se está a difundir

corresponde ao modelo

americano, O American way

oflife. Nos domínios do

lazer, dos hábitos

alimentares, do desporto e

da música, os EUA estão a

impor o seu estilo de vida.

Apoiados no domínio da

língua inglesa e na

revolução das

Nº Ano Filme Distribuidor Bilheteria (US$)

1 2009 Avatar 20th Century Fox 2 787 965 087

2 1997 Titanic Paramount Pictures/20th C. Fox 2 186 772 302

3 2012 Os Vingadores Walt Disney Pictures 1 518 594 910

4 2015 Velozes e Furiosos 7 Universal Pictures 1 511 527 910

5 2015 Vingadores: Era de Ultron Walt Disney Pictures 1 367 847 357

6 2011 Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2 Warner Bros 1 341 511 219

7 2013 Frozen - Uma Aventura Congelante Walt Disney Pictures 1 274 219 009

8 2013 Homem de Ferro 3 Walt Disney Pictures 1 215 439 994

9 2011 Transformers: O Lado Oculto da Lua Paramount Pictures 1 123 794 079

10 2003 O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei New Line Cinema 1 119 929 521

A crise de 2008 que teve o seu epicentro em Wall Street, desencadeou uma série de

protestos contra a especulação financeira

Disponível na Internet: http://www.escolakids.com/a-crise-financeira-de-2008.htm

Disponível na Internet:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_filmes_de_maior_bilheteria

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telecomunicações, os norte-americanos estão a transformar os hábitos e os costumes mundiais.

Através do cabo e do satélite, uma diversidade de canais temáticos globais de notícias, cinema ou

música transmite 24 sobre 24 horas. As longas-

metragens produzidas em Hollywood são estreadas

mundialmente. Milhares de restaurantes de grandes

cadeias norte-americanas, como a McDonald's, a

Burger King ou a Planet Hollywood, estão presentes

em todo o mundo com os seus menus baseados em

hambúrgueres e em bebidas universais como a Coca-

Cola. O vestuário é influenciado pelas empresas

norte-americanas do setor, como a Nike ou a Levi's.

A Microsoft monopoliza o mercado do software.

O desenvolvimento das tecnologias de

informação e comunicação possibilita, em qualquer parte do mundo, observar as reportagens dos

últimos acontecimentos mundiais através das cadeias

televisivas CNN e BBC, assistir à última produção de

Hollywood, utilizar o mesmo cartão de crédito ou

adquirir produtos de marcas mundiais.

A aculturação surge como inevitável face às

estratégias de marketing e à publicidade. O crescimento

da cultura como um bem económico contribuiu para a

sua identificação como mercadoria que pode ser vendida

e negociada - artes, turismo, música, livros e filmes.

Verifica-se uma concorrência feroz para vender aos

consumidores, em todo o mundo, com publicidade cada vez mais agressiva, numa diversidade de

produtos que pretendem dar resposta às tendências e aspirações de um mercado mais massificado.

Embora a difusão de ideias e imagens enriqueça o mundo, há um risco de reduzir as questões

culturais às leis do mercado, negligenciando a comunidade, o costume e a tradição.

Aldeia global e aculturação

O desenvolvimento dos meios de transporte e de comunicação possibilitou, não só o aumento

exponencial das deslocações (migrações globais, turismo e trocas comerciais), como também os

contactos e trocas de informações a nível mundial. Daí a explosão de trocas sociais entre pessoas de

culturas completamente diferentes.

Os meios de comunicação ligam as pessoas em tempo real às notícias, às imagens e às informações,

tornando os indivíduos, os grupos e as nações cada vez mais interdependentes e transformando o

mundo em que vivemos naquilo que muitos autores designam por “aldeia global”.

Este contacto entre povos diferentes, consequência do processo de globalização, leva a que estes se

conheçam melhor, modificando atitudes e representações sociais que Ihes foram transmitidas através do

processo de socialização, criando outras. Estas transformações culturais correspondem ao processo de

aculturação.

Disponível na Internet:

http://www.mundoeducacao.com/geografia/globalizacao.htm

Disponível na Internet:

https://www.google.pt/search?q=cultura+globaliza.htm

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Situações de aculturação sempre existiram ao longo da história. Contudo, recentemente, este

processo tem vindo a acentuar-se.

Será, então, que se está a caminhar para uma cultura global? Será que essa cultura é dominada

pelos produtos e valores da cultura ocidental?

Com efeito, a globalização está associada aos

produtos materiais (Coca-Cola, McDonald's, etc.) e culturais

(filmes e séries americanas) ocidentais.

Mas, em muitos casos, as marcas globais foram

obrigadas a introduzir nos seus produtos elementos mais

adequados aos hábitos de consumo das populações locais.

Deste modo, também se poderá pensar que as

identidades e os modos de vida estão a transformar-se e a

dar lugar a novas formas de cultura compostas por

elementos de diferentes origens culturais, ou seja, em vez de uma cultura está a de desenvolver-se uma

pluralidade de formas culturais.

A rápida difusão da informação também tem aspetos positivos, nomeadamente gerando campanhas

de solidariedade internacional, por exemplo, quando ocorrem catástrofes naturais. Estes factos levam a

que as pessoas tomem consciência da sua responsabilidade social além-fronteiras, desenvolvendo

ações que implicam, por exemplo, intervenções de ajuda humanitária e assistência técnica ou apelos a

favor da defesa dos direitos humanos. A noção de cidadania alarga-se, passando os indivíduos a ser

cidadãos do mundo.

Globalização, padrões de consumo e estilos de vida

A globalização está associada à aceleração das trocas comerciais, o que significa que podemos

encontrar, pelo menos nos países mais desenvolvidos, os

mesmos produtos e das mesmas marcas.

Por outro lado, os meios de comunicação social e, em

particular, as campanhas publicitárias das grandes

marcas internacionais têm levado a uma adesão ao con-

sumo de alguns produtos, o que os torna “produtos

globais”.

Verifica-se, assim, uma tendência, pelo menos nas

sociedades mais desenvolvidas e com maior poder de

compra, para os hábitos de consumo serem idênticos, isto

é, para uma uniformização dos padrões de consumo a

nível mundial. Por exemplo, certos tipos de consumo juvenil, ao nível do vestuário, dos gostos musicais,

da alimentação ou da prática desportiva, são praticamente os mesmos em qualquer sociedade

desenvolvida.

Contudo, a uniformização do consumo é relativa, pois existem desigualdades no consumo entre:

- países desenvolvidos e países menos desenvolvidos, nos quais grande parte da população não tem

possibilidades económicas de ter os padrões de consumo dos países mais ricos;

Disponível na Internet:

http://ummundoglobal.blogspot.pt/2010/09/globalizacao-

oportunidade-ou-uma-ameaca.html

Contraste da globalização

Disponível na Internet: https://taboodada.files.wordpress.com/2011/03/g20-protests2.jpg

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- os diferentes grupos sociais dos países desenvolvidos.

Nos países desenvolvidos, persistem as desigualdades sociais, não podendo os grupos sociais mais

desfavorecidos ter hábitos de consumo idênticos aos dos grupos mais privilegiados.

Também encontramos nos países desenvolvidos grupos sociais com estilos de vida diferentes, ou

seja, com modos de vida e práticas de consumo diferentes. Por exemplo, atualmente, surgem novos

estilos de vida associados à vida saudável, à defesa do meio ambiente, etc.

Os fenómenos de resistência à uniformização cultural

A globalização aumentou, de um modo sem precedentes, os contactos entre os povos, facilitando a

difusão dos seus valores, ideias e modos de vida. As pessoas viajam com maior frequência e percorrem

distâncias mais longas. Atualmente, a televisão chega a comunidades que vivem nas áreas mais remotas

da China, difundindo um modelo civilizacional; é possível ouvir música portuguesa em Tóquio e ver

filmes africanos em Banguecoque;

podemos encontrar Shakespeare na

Croácia e livros acerca da história do

mundo árabe em Moscovo; ou receber as

últimas notícias do mundo através da

rede de televisão AI Jazeera, diretamente

do Qatar.

Para muitas pessoas, a globalização é

estimulante, pois é sinónimo de novas

oportunidades e de maior diversidade

cultural, ajudando a promover a

constituição de uma sociedade mundial,

com valores e princípios éticos

defendidos universalmente por todos os cidadãos. Outros receiam que os seus países possam

fragmentar-se e que os valores das culturas locais estejam a perder-se, à medida que cada vez mais

imigrantes trazem novos costumes e que o comércio internacional e os meios de comunicação

difundem, nas línguas mais faladas, um modelo cultural ocidental.

A construção de uma sociedade mundial é uma realidade para as elites dirigentes, mas a emergência

de uma elite mundializada não significa a constituição de uma cidadania mundial. Muitas comunidades e

indivíduos não se reconhecem numa cultura mundial, que, embora fundada sobre os valores da

modernidade ocidental como a liberdade, os direitos humanos e a democracia, tem um caráter

hegemónico e submete as identidades nacionais e locais à sua lógica. A globalização aparece-lhes,

assim, como a negação de um conjunto de valores e de referências familiares, religiosas e culturais

próprios.

É por isso que as alterações em curso têm impactes que ultrapassam o campo geopolítico e

económico e se repercutem nos modos de vida, pondo em causa a tradição, as culturas e os costumes

locais.

Globalização cultural Disponível na Internet: http://www.libertarianismo.org/index.php/artigos/a-globalizacao-

destroi-a-cultura/

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Segundo a Unesco, estima-se que uma percentagem elevada das línguas do mundo possa

desaparecer no decurso do presente século. Metade delas (entre 6 e 8 mil) é atualmente falada por

menos de 10 mil pessoas, e calcula-se

que a cada duas semanas desapareça

uma. O crescimento das línguas

veiculares, particularmente o inglês,

associado aos processos de

globalização, acarreta consequências

significativas para as línguas de todo o

mundo.

Embora o universalismo da cultura

e dos valores esteja em plena

expansão, é, simultaneamente, objeto

de grande contestação.

A resistência à globalização

cultural ocorre com frequência em

sociedades tradicionais, onde a religião tem um papel social importante. Por esse motivo, os

movimentos de contestação assumem, por vezes,

formas violentas e exclusivas que se baseiam no

nacionalismo e no fundamentalismo. No entanto, a

expansão deste tipo de movimentos que se opõem à

globalização não está só relacionada com o

renascimento de aspirações religiosas e nacionalistas;

na sua origem encontra-se também a generalização

de uma cultura de massas que impõe o “global” ao

“Iocal” e destrói as identidades territoriais.

Contudo, novos pontos de vista sobre os laços

que se tecem entre o global e o local emergiram,

rompendo com a ideia de que o domínio de uma

monocultura global é inevitável. A intensificação da

circulação dos fluxos culturais e a existência bem

real de uma tendência para a globalização da

cultura não conduz à homogeneização do planeta,

mas leva à criação de um mundo cada vez mais

mestiço. As identidades nacionais e locais parecem

resistir aos fenómenos de aculturação provocados pela globalização. As culturas locais aproveitam-se

dos meios que o capitalismo globalizante proporciona, afirmando-se pela diversidade, pela diferença.

Cinema indiano resiste à globalização americana:

Disponível na Internet: http://imagefriend.com/bollywood-

movies-online.shtm

Disponível na Internet: http://aslnguasabremcaminhos.blogspot.pt/2010/04/as-10-

linguas-mais-faladas-na-internet.html

Identidades locais ou património identitário

Significa o conjunto daquilo que os homens herdam ou

inventam, podendo também ser produzido a partir de

elementos físicos da paisagem, naturais ou construídos.

Estas identidades não surgem ao acaso. Resultam da pre-

sença permanente e do trabalho esforçado e meticuloso

dos indivíduos e das comunidades, ao longo da história.

Na formação deste património (identidades), assumem,

mais uma vez, papel de relevo as representações, as

crenças, os sistemas de ideias, os sonhos dos homens

que ocupam um determinado território.

Podem constituir elementos de identidade e recursos

específicos de uma comunidade ou território: a Iíngua ou

dialeto, a religião, a etnia, os costumes, as tradições, 0

saber-fazer, os artefactos relacionados com as atividades

económicas tradicionais locais, 0 património construído e

natural, etc.; uma identidade construída e natural, etc.;

uma identidade em contraste com outras comunidades e

territórios.

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Talvez por isso, as culturas nacionais e locais

estão a assumir um renovado vigor e significado,

lutando para preservar os elementos de

afirmação da sua identidade - a língua ou dialeto,

a religião, a etnia, os costumes, as tradições, os

artefactos, o património construído e natural,

etc.. Algumas são reativadas, como a cultura

celta ou crioula, através da língua, da música e da

literatura. O exemplo da Índia sublinha que as

especificidades nacionais e locais podem opor-se

à cultura global: O cinema indiano é o primeiro

do mundo em número de produções.

As novas ameaças e riscos

Os cenários históricos, políticos e económicos alteraram-se radicalmente nos últimos trinta anos.

As grandes decisões dos Estados e a organização das nações fazem-se a partir de condicionantes

externas, quase sempre mais determinantes do que as nacionais. O processo está a marginalizar os

mais pobres, não só os países como as pessoas. As assimetrias

sociais e a contestação estão, por isso a progredir.

As ameaças ao desenvolvimento são muito

diversas, podendo ocorrer a um nível mais local, onde as

desigualdades e as inseguranças se refletem, não só nos

rendimentos, mas também na participação política (nas

instituições, nos parlamentos e nos governos locais) e nas

condições sociais (educação, habitação e emprego. Esses

riscos podem ter, também, um caráter mundial, como resultado

do aumento do crime internacional (criminalidade

financeira, tráfico de crianças, de mulheres de órgãos) e das

ações de grupos terroristas, da expansão dos vírus da SIDA

e ébola, da proliferação do tráfico de droga, da crescente

internacionalização dos mercenários, da expansão da

venda clandestina de armamento perigoso (armas químicas, biológicas e nucleares) ou das alterações

sem precedentes no equilíbrio bioclimático do planeta, em resultado da ação humana.

Perante as novas ameaças e desafios que se nos colocam, várias analistas defendem que é

necessário construir um quadro de referência, de valores comuns considerados universais, que seja

aceite por todos os Estados e que dê resposta a questões à escala planetária - ambiente, direitos

humanos, droga, SIDA, terrorismo, etc. No entanto, para que esse cenário seja possível, é

indispensável atender às desigualdades de desenvolvimento que a globalização evidenciou e construir

um espaço democrático de governação global.

No essencial, o texto foi retirado de: Domingos, Cristina; Lemos, Sílvia; Canavilhas,

Telma (sd) Geografia C12. Lisboa: Plátano Editora

Rancho Folclórico de Santa Maria da Reguenga (Santo Tirso)

Disponível na Internet: http://blog-do-

pinhas.blogspot.pt/2011/02/encontro-de-folclore-de-inverno_8831.html

O reforço da democracia global como resposta

às novas ameaças resultantes da globalização

Disponível na Internet:

https://pixabay.com/pt/globaliza%C3%A7%C3%A3o-

democracia-450599/