relações com o público
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RESUMO: O presente artigo é um estudo de caso, que pretende descrever e refletir sobre o fenômeno: CID – Centro de Informação e Documentação do GAPA/RS - Grupo de Apoio à Prevenção da AIDS, e as relações que mantém com seus públicos. Contextualiza a importância da atuação das ONGs/AIDS - no Brasil, e apresenta o GAPA/RS, contando sua história e sua trajetória de luta por melhores condições de vida. A partir da análise de documentos e entrevistas com públicos específicos, mostramos a atuação do CID e os relacionamentos que este mantém com os mesmos. Desta forma, descrevemos e contextualizamos o CID como um centro de informação e documentação necessário aos seus públicos para elaboração de trabalhos acadêmicos, esclarecimentos, pesquisa científica, jornalismo científico, subsídio de informações aos voluntários e resgate da memória do GAPA/RS.TRANSCRIPT
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Relações com o Público CID – Centro de Informação e Documentação do GAPA/RS
Programa de Pós- Graduação: Mestrado em Comunicação e Informação
Trabalho de Conclusão da Disciplina: Comunicação Científica
UFRGS: PPGCOM - Porto Alegre, 1999
Por: João Carissimi
Mensagem:
“ A verdadeira questão: há vida antes da morte?”.
Slogan criado por Herbert Daniel, líder gay brasileiro.
RESUMO: O presente artigo é um estudo de caso, que pretende descrever e refletir sobre o
fenômeno: CID – Centro de Informação e Documentação do GAPA/RS - Grupo de Apoio à
Prevenção da AIDS, e as relações que mantém com seus públicos. Contextualiza a
importância da atuação das ONGs/AIDS - no Brasil, e apresenta o GAPA/RS, contando sua
história e sua trajetória de luta por melhores condições de vida. A partir da análise de
documentos e entrevistas com públicos específicos, mostramos a atuação do CID e os
relacionamentos que este mantém com os mesmos. Desta forma, descrevemos e
contextualizamos o CID como um centro de informação e documentação necessário aos seus
públicos para elaboração de trabalhos acadêmicos, esclarecimentos, pesquisa científica,
jornalismo científico, subsídio de informações aos voluntários e resgate da memória do
GAPA/RS.
1 INTRODUÇÃO
O tema CID – Centro de Informação e Documentação faz parte do objeto de estudo de
minha dissertação de mestrado em Comunicação e Informação, que abordará as Estratégias de
Comunicação na Construção da Imagem Organizacional.
A razão deste trabalho é de compreender o papel de mediador que é exercido pelo CID,
no relacionamento com os seus públicos, de forma a verificar a sua estrutura organizacional,
características, acervos, públicos-alvos, relacionamentos, tipos de fontes utilizadas,
necessidades dos públicos, destino da informação e relacionamento com a imprensa.
O trabalho pretende identificar e descrever o GAPA/RS – Grupo de Apoio à Prevenção
da Aids, sua missão e função. Detalhar o Núcleo de Comunicação, em especial o CID –
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Centro de Informação e Documentação, no seu papel de mediador, e verificar a existência de
ações que se configuram na prática do jornalismo científico.
É importante a atuação do GAPA/RS, diante do atual quadro de pessoas portadoras do
vírus no Brasil e no Mundo. E, através de suas políticas de comunicação, o CID tem uma
responsabilidade social, uma vez que sendo um acervo de informações pode contribuir para a
democratização e socialização do conhecimento sobre a AIDS, bem como ser subsidiário de
informações que levem à prática de um jornalismo científico responsável. Neste sentido, o
CID poderá cumprir com o seu papel uma vez estando a serviço da mídia, da sociedade
científica, do jornalismo científico e de toda a comunidade.
Importa saber, então, qual é a contribuição do CID, como mediador no relacionamento
com o seu público, em especial com a Imprensa.
Neste sentido, o CID, no mesmo tempo e espaço deve fortalecer e estabelecer um forte
vínculo entre as necessidades dos seus públicos, e em especial do jornalismo científico,
oportunizando:
- políticas de comunicação e informação;
- pesquisa vinculadas;
- investimentos em ciência e tecnologia;
- informação a serviço da comunidade;
- manter boas relações com a comunidade;
- conscientizar e sensibilizar a comunidade da importância do CID;
- democratizar e socializar a informação;
- manter relações com a imprensa, com vista à divulgação de assuntos sobre a AIDS;
- buscar atuar em conjunto com os jornalistas, permitindo a construção de uma comunicação
científica;
- atuar com ética e estética;
- e finalmente, para que o CID possa atuar na gestão da própria política de comunicação da
organização não-governamental GAPA/RS, recebendo os recursos necessários e apoio da
opinião pública.
1.1 TEMA E OBJETO DE ESTUDO
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O tema desenvolvido trata das relações estabelecidas entre o Grupo de Apoio à
Prevenção da AIDS – GAPA/RS , e seus públicos, que ocorre através do Centro de
Informação e Documentação – CID.
O GAPA/RS tem como objetivo desenvolver ações preventivas à epidemia, que são
confirmadas pelo objetivo específico de associar todos os trabalhos desenvolvidos pela
organização com a prática sistemática de pesquisa e produção de conhecimento.
O CID, foi fundado em 1992, e atualmente é o único no Estado do Rio Grande do Sul
com acervo específico sobre DSI, AIDS, sexualidade e saúde reprodutiva.
Os objetivos enfocados serão o histórico, públicos beneficiados, tipos de canais de
comunicação e informação, fontes de informação, recursos humanos e materiais, produção de
comunicação científica, necessidades dos clientes, e a difusão da comunicação e informação.
1.2 ESCOLHA DO TEMA
O interesse pelo tema em exame nasceu do processo de participação como mestrando
na disciplina Comunicação Científica. A partir das aulas expositivas-dialogadas, foi possível
compreender a comunicação da ciência, como um fenômeno a ser estudado, nos seus diversos
aspectos: contexto, produção, veiculação e transferência do conhecimento.
A escolha do tema de pesquisa foi preferência individual, necessidade social e
institucional.
Outro motivo pelo qual elegi o assunto em questão foi porque a Organização Não-
Governamental - ONGs – GAPA/RS, é objeto de estudo de minha dissertação de mestrado em
Comunicação e Informação. O campo de estudo será Estratégias de Comunicação na
Construção da Imagem Organizacional.
1.3 DEFININDO O PROBLEMA
A Universidade tem o papel fundamental de preparar profissionais pesquisadores, e
isto é possível através da participação na disciplina Comunicação Científica. Sendo então,
mestrando e professor, creio ser importante aceitar o desafio proposto de elaborar um “paper”
na disciplina, aplicando os ensinamentos transmitidos, como forma de avaliação e
compreensão do fenômeno Comunicação Científica.
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Estabelecendo uma relação com a minha dissertação, e já conhecendo a existência de
um Centro de Informação e Documentação no GAPA/RS, fui estimulado pela professora Dra.
Ida Stumpf, a estudar as pessoas em seu ambiente natural, e os relacionamentos entre a
organização e a comunidade científica.
Diante da escolha para analisar fenômenos ou processos , tendo como campo de estudo
o CID – Centro de Informação e Documentação, um desconhecido, propus desenvolver o tema
partindo de indagações:
1. Quem é o CID? Como é o seu funcionamento?
2. Quem são os seus públicos beneficiados?
3. Até que ponto o GAPA/RS, através do CID, estabelece relações com o público?
4. Que tipos de serviços o CID presta a comunidade?
5. Quais são os tipos de canais e as fontes de informações e de divulgação?
Quanto ao aspecto particular de Comunicação Científica, necessitamos saber:
6. De que forma se estabelece as relações com a comunidade científica?
7. Quais são as relações entre o CID e a Comunidade Científica?
8. Existe produção científica no CID?
9. O CID é uma fonte de subsídio para a comunidade científica?
1.4 JUSTIFICATIVA
O ponto forte do estudo, reside em sua capacidade de explorar processos e questões
sociais importantes no momento em que o Terceiro Setor representa grandes perspectivas de
mercado.
Através de ações preventivas a epidemia pode ser controlada, portanto a informação
tem um papel importante na modificação de comportamentos, principalmente nos que se
referem à postura diante da AIDS. Ou seja, conhecer a doença em todos os seus aspectos:
contágio, prevenção, tratamento etc.
A Comunicação Científica permite a comunidade em geral compreender os fenômenos
que ocorrem, quanto a questão ONGs/Saúde/AIDS. A socialização da informação científica
será possível, quando pesquisadores, organizações e a mídia, mantiverem relações e interesses
comuns. A comunicação e a divulgação de informação quando tem um uso científico,
desempenha um papel social, sendo então a comunidade beneficiada. Manter relações de
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compreensão mútua, estreitar estas relações com os públicos estratégicos é fator vital para as
organizações.
1.5 OBJETIVOS
É preciso pesquisar as várias relações que são estabelecidas entre o GAPA/RS, através
do Centro de Informação e Documentação – CID e seus públicos.
O propósito da pesquisa é de verificar como ocorrem estas relações e que condições
podem facilitar o intercâmbio de informações.
1.5.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
. Levantar dados e informações sobre o Terceiro Setor – ONGs – Organização Não-
Governamental, especificamente as ligadas à questão SAÚDE/AIDS;
. Levantar dados e informações sobre o funcionamento do GAPA/RS e o CID;
. Identificar os processos de relacionamentos mantidos pelo CID com seus públicos;
. Identificar e descrever a comunicação científica : tipos de canais, fontes de informação,
divulgação de informação, produção científica, relacionamento CID e comunidade científica;
. Detectar o uso do CID como subsidiário de informação a comunidade científica.
1.6 MÉTODO
Para execução da pesquisa usamos uma combinação de técnicas:
. Pesquisa de campo, histórica e descritiva;
. Coleta de dados e informações, através de pesquisa bibliográfica;
. Entrevistas livres-narrativas e informais, não estruturadas;
. Questionário estruturado, com perguntas abertas;
. Pesquisa documental;
. Análise de materiais ( impressos e documentos );
. Contatos com informantes;
. Observação indireta;
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1.7 DELIMITAÇÃO DO UNIVERSO E AMOSTRA
Tipo de Amostragem
Para execução da pesquisa de campo, identificamos uma amostra ao acaso e aleatória.
. Um jornalista voluntário do GAPA/RS;
. Um estagiário de biblioteconomia do CID – GAPA/RS;
. Um repórter científico do Jornal Zero Hora;
. Um bibliotecário do CID - Jornal Zero Hora.
2. AIDS/ONGs
A AIDS começou a se desenvolver no Brasil, mais precisamente, no ano de 1983 em
São Paulo, quando o primeiro caso é conhecido. A sociedade brasileira dava os seus primeiros
passos em direção ao estabelecimento de uma democracia participativa, após viver duas
décadas de regime autoritário1.
Conforme salienta Pereira (apud Didoné, 1995, p.173), ocorrendo a morte social, e
com essa a morte biológica, esses sujeitos ficam condenados à pauperização, ao abandono, ao
preconceito e à solidão.
Dessa forma, segundo Fernandes (1994, p.48), o cenário não-governamental abriu
espaço para uma variedade de “atores sociais”, entre eles os “homossexuais”, que emergiram
no cenário público, abrindo uma agenda política que se traduziu na presença ativa das
ONGs/AIDS que pleiteavam a igualdade de direitos.
Talvez por essas razões, surge a primeira ONG/AIDS (Organização Não-
Governamental) no Brasil, GAPA/SP, fundado em 1985, com o objetivo de combater
não apenas a epidemia da infecção pelo HIV, mas a epidemia do preconceito e da
discriminação.
Em suma, entre outras razões, falar de AIDS/ONGs é contrapor-se às forças do
preconceito, revertendo tendências profundas, em que a vida, a cidadania, a solidariedade, são
lembradas pelo slogan criado por Herbert Daniel, líder gay brasileiro: “A verdadeira questão:
há vida antes da morte?” (Fernandes, 1994, p.64).
1 Segundo Peruzzo (1998, p.30) “[...] setores das classes subalternas, que durante 21 anos de ditadura (1964 –
1985) se viram afastados do acesso pleno à cidadania, começam a denunciar, a resistir, a organizar-se em torno da
reivindicação de seus direitos”.
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3 Políticas de Comunicação das ONGs
Atualmente as ONGs estão saindo da “clandestinidade”, o que se explica em
função da maioria ter nascido nas décadas de 70 e 80. As ONGs, nesse período, desenvolviam
estratégias de comunicação voltadas especialmente para seus pares, para as pessoas e grupos
ligados à própria ONG, ou comprometidos com a mudança do sistema político.
Conforme Soares (1995), as ONGs praticavam uma comunicação de resistência,
sendo uma alternativa ao sistema massivo de comunicação. Nesse sentido, as ONGs, ao longo
dos últimos trinta anos, não tinham políticas de comunicação definidas, então, suas práticas
comunicacionais estavam voltadas para o público interno.
Talvez por essas razões, de acordo com Soares (1995), as ONGs tenham
sobrevivido e permanecido na “clandestinidade”, no Brasil, durante o período de repressão
política dos anos 60 e 70.
Conforme salienta Ruth Cardoso (1997), “muitos cidadãos gostariam de expressar
sua generosidade mas não encontram canais adequados através dos quais chegar às
organizações de voluntários e comunidade”.
De maneira geral, as ONGs, dentro de suas limitações econômicas, cumpriram sua
missão social, educacional, econômica, etc. Em virtude do agravamento de problemas sociais
no País, as ONGs tiveram que se manifestar, comunicar-se com a comunidade, a fim de buscar
recursos financeiros, humanos e materiais. Bem como apresentar-se à comunidade,
justificando-se e dizendo o que estão fazendo.
Como ajudar uma ONG se os seus canais de comunicação não estão adequados?
Ou ainda, quantas ONGs conhecemos, e que tipo de serviço prestam e para quem? Quais são
as suas necessidades? Quem são os seus clientes?
Percebemos que algumas ONGs querem e falam para toda a sociedade. Assim,
poderíamos dizer que é fundamental para qualquer ONG estabelecer uma política de
comunicação e de informação, o que passa obrigatoriamente pelas estratégias de comunicação
organizacional.
Conforme salienta Soares (1995), a comunicação deixa de ser apenas “meios” ou
“mídia”, para ser reconhecida como processo.
Nesse sentido, ao estudar uma ONG, em especial o GAPA/RS, é preciso pensar
que os processos de comunicação implicam analisar, segundo Soares (1997), “os movimentos
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entre os grupos humanos e seus discursos, os veículos e sua linguagem, a constituição
ideológica”.
3. GAPA/RS
O Grupo de Apoio à Prevenção da AIDS – GAPA/RS, uma organização não-
governamental, sem fins lucrativos, autônoma, de base comunitária e estruturada a partir do
trabalho voluntário, foi fundado em 3 de abril de 1989, tendo como objetivos básicos:
- lutar por melhores condições de vida;
- assistir as pessoas com HIV/AIDS;
- desenvolver ações preventivas à epidemia.
Destacam-se, também, os seguintes objetivos específicos:
- priorizar os segmentos economicamente marginalizados e socialmente
excluídos;
- combater todos os preconceitos que envolvem a doença;
- estimular a construção de auto-estima e provocar a cidadania;
- estimular a busca de condições dignas de existência e ampliação da qualidade
de vida;
- associar todos os trabalhos desenvolvidos pela entidade com a prática
sistemática de pesquisa e produção de conhecimento;
- garantir acesso ao atendimento de qualidade nos serviços públicos de saúde.
O GAPA/RS tem como estratégia de comunicação a promoção de campanhas
preventivas temáticas e sistemáticas, desenvolvendo práticas preventivas de infecção (HIV –
DST), prestando assistência psicológica, jurídica, social e nutricional aos portadores do vírus,
bem como através do Disque-Solidariedade, aconselhando e informando ao público em geral.
Presta, também, um serviço de visitação domiciliar e hospitalar.
O GAPA/RS utiliza os seguintes instrumentos de comunicação: publicações,
organizações de eventos, sistemas de contra-informação, programas de rádio/TV, plantões de
atendimento e formação de multiplicadores de informação.
Aproximadamente 70 voluntários regulares atuam no apoio e na prevenção,
partilhando dos mesmos princípios éticos e políticos de trabalho.
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Atendendo em sua sede2, na rua, nos hospitais e residências, estima-se um público
de 500 pessoas por mês, o que permite um alcance indireto de 100 mil pessoas/ano.
A direção do GAPA/RS é composta pela Diretoria Executiva e pelo Conselho
Deliberativo, que tem caráter executivo e de implementação das ações gerais
da entidade, estabelecidas em conjunto com as Coordenações de Núcleos. Os membros da
direção são eleitos em assembléia geral de sócios e representam politicamente a entidade,
estabelecendo parcerias com outras organizações não-governamentais, nacionais e
estrangeiras, e outros movimentos sociais, com vistas ao reforço da expressão da sociedade
civil organizada.
Estabelecem, também, a articulação com diferentes níveis governamentais, através de
vários órgãos públicos ligados à questão da AIDS.
4.1 Estrutura Organizacional
Com relação à estrutura organizacional do GAPA/RS, identificamos e
apresentamos o seguinte modelo:
Figura 1 – Organograma GAPA/RS.
As atividades do GAPA/RS estão divididas em cinco núcleos: Núcleo de
Informação e Comunicação (NIC), Núcleo de Ação e Estudos da Prostituição (NAESP),
Núcleo de Atendimento Social (NAS), Núcleo de Projetos com Populações Específicas
(NUPPE) e Núcleo de Estudos e Aconselhamento Jurídico (NEAJ).
2 GAPA/RS – Rua Luís Afonso, 234 – Porto Alegre – CEP 900050-310 – Brasil – Fone/Fax (051) 221-6363 e
221-6367 – home page: www.plung-in.com.br/gapars/somos.htm e E-mail [email protected]
Direção
Diretoria Conselho Deliberativo
Coordenadores de Núcleos
NEAJ NAESP NAS NUPPE
NIC
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Considerando que o objetivo do estudo de caso é analisar as estratégias de
comunicação e de informação utilizadas pelo GAPA/RS, passamos a detalhar somente o
Núcleo de Informação e Comunicação, em especial a área de atuação do CID – Centro de
Informação e Documentação.
O Núcleo de Informação e Comunicação (NIC) tem como objetivo principal a
implementação de trabalhos de prevenção à epidemia do HIV/AIDS junto à população em
geral, e de apoio aos soropositivos e doentes de AIDS. O NIC utiliza os meios de comunicação
como parceiros na luta contra a AIDS, desmistificando idéias pré-concebidas, estimulando a
solidariedade e combatendo os preconceitos.
4.2 NIC – Núcleo de Informação e Comunicação
Apresentamos as quatro áreas de atuação dos NICs :
JORN – Jornalismo; RR.PP – Relações Públicas e Campanhas; MKT – Marketing; CID – Centro de Informação e
Documentação
Figura 2 – Estrutura do NIC – Núcleo de Informação e Comunicação.
O trabalho no NIC está dividido em quatro áreas de atuação, a saber:
- Jornalismo: atua na formação e manutenção de uma imagem positiva para a
instituição, procurando reforçar a credibilidade já conquistada e transformar o GAPA em fonte
de informação e opinião, sempre que o assunto for a AIDS em seus diversos aspectos. Além
do atendimento à imprensa estadual e nacional, a área de jornalismo é responsável pela edição
e circulação de um boletim interno semanal e pela clipagem diária de notícias veiculadas em
vários jornais, relacionadas à AIDS, sexualidade e direitos humanos, entre outros.
- Relações Públicas e Campanhas: é a área que planeja, produz e acompanha
campanhas temáticas e atividades específicas, como a Vigília e Mobilização Internacional em
Solidariedade às Pessoas Atingidas pela AIDS e o 1º de Dezembro – Dia Mundial de Luta
contra a AIDS. Também é responsável pela área de comunicação interna e atualização e
manutenção do cadastro (mala-direta).
NIC
JORN RR.PP MKT CID
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- Marketing: engloba os trabalhos de criação, atuação em eventos, nos quais
possam ser vendidos os materiais (camisetas, bonés, pins, etc.), e o agendamento de palestras e
oficinas de prevenção ao HIV/AIDS.
- CID – Centro de Informação e Documentação: através de um convênio firmado
entre o GAPA e a Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS (FABICO), foi
possível reunir um acervo de materiais sobre DST/AIDS e temas ligados à sexualidade.
4.3 CID – Centro de Informação e Documentação
Considerando a justificativa do projeto, segundo documento do GAPA/RS – CID
( xerox ), a implantação do CID – Centro de Documentação e Informação, assim denominado,
aconteceu em 1992, justificando-se pelo que segue:
- Porto Alegre, era a terceira capital, com um maior número de casos de AIDS
notificados;
- o crescimento da epidemia, junto ao público jovem;
- as ações de informação e prevenção eram tímidas e incipientes, tanto na rede
pública escolar ( municipal e estadual ), quanto na rede privada;
- em função dos propósitos do GAPA/RS, que são educação, informação,
pesquisa e extensão.
O CID, é único no Estado, com acervo específico sobre DSI, AIDS, sexualidade, e
saúde reprodutiva, desempenha um papel de suma importância neste contexto, principalmente
através de recursos e serviços que coloca à disposição de seus usuários, voluntários e
comunidade em geral.
De acordo com o documento analisado, passamos a citar alguns dados baseados no ano
de 1997, onde o CID, atendeu 960 pessoas, sendo distribuídos 543 cartazes, 693 boletins
informativos, 567 folders, 314 folhetos e realizou 220 reproduções xerográficas.
Dentre os diversos públicos que procuraram o CID, em 1997, 70% são jovens e
adolescentes que buscam materiais e informações para elaborarem seus trabalhos escolares.
Aproximadamente, 15% são estudantes de 1º grau, 45% estudantes de 2º grau e 15%
estudantes de curso superior.
Então a proposta do CID não e só permitir o acesso à informação adequada, mas
propiciar a troca, a reflexão e a sensibilização, que extrapola o “tema de casa “, motivo que
traz os estudantes ao GAPA. Desta forma, entendemos que o CID, tem se mostrado em seu
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papel de mediador, um excelente espaço estratégico de comunicação e informação, uma vez
que se aproxima e se relaciona com os seus públicos, visando à prevenção da DST/AIDS.
Ainda, conforme o documento, o CID/GAPA/RS, hoje referência nacional, tem
como objetivo arquivar todos os trabalhos desenvolvidos nas ONGS/GAPA/RS, fortalecendo a
prática sistemática de pesquisa e produção de conhecimento. Fazem parte do acervo do CID,
publicações próprias, textos, artigos e trabalhos apresentados em congressos e seminários
nacionais e internacionais.
5. Metodologia
Utilizou-se inicialmente de entrevista informal como método de coleta de dados. Foi
executada num campo expositivo-dialogado, não se utilizou questionário estruturado. As
questões foram colocadas e o entrevistado fazia seus comentários, inclusive com oportunidade
para abordar outras questões, bem como novos assuntos, que serviam de subsídio para novos
questionamentos. A entrevista não teve um tempo determinado, ocorrendo em uma tarde, no
próprio local de funcionamento do CID, o que oportunizou observar os movimentos internos,
ou seja consultas, atendimento ao público, organização, enfim o funcionamento operacional do
CID.
Em virtude da ampliação da amostra, novos contatos foram mantidos, e de comum
acordo se adotou o sistema de questionário, com perguntas abertas e transmitido por e-mail.
Esta decisão partiu dos próprios entrevistados, que manifestaram o interesse pelo envio por e-
mail, argumentando a disponibilidade de tempo e facilidade operacional. Neste sistema não é
possível ter contato com a realidade do entrevistado, bem como, visualizar o ambiente natural
de trabalho do deste, não possibilitando a pesquisa participante.
Utilizou-se vários métodos ( entrevistas, análise de documentos, pesquisa na Internet,
bibliografia, observação participante, etc.. ), e coleta de dados para alcançar os objetivos deste
trabalho.
6. Entrevistas
6.1 CID – GAPA/RS
Passamos a descrever o CID – Centro de Informação e Documentação, a partir da
entrevista informal realizada com a bolsista de biblioteconomia da UFRGS, Débora Jardim
Jardim, que atua no CID, com a principal função de organizadora do acervo da biblioteca. O
CID é um projeto da UFRGS, criado em outubro de 1995, com verba governamental,
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coordenado pela própria universidade. Atuam no CID uma bolsista de biblioteconomia
( funcionária ) e três voluntários ( uma estudante de cursinho, uma historiadora e um
funcionário público da FEBEM ). O horário de funcionamento é de Segunda a Sexta-feira das
10h às 18h para atendimento interno, sendo que somente nas Quartas-feiras das 13h30min às
18h30min para o público externo. Os seus públicos estratégicos internos são a diretoria e os
voluntários. Quanto aos públicos estratégicos externos são estudantes de 1º , 2º e 3º Graus,
alunos de mestrado e doutorado, profissionais que atuam na área da saúde, especificamente
ligados à Saúde/AIDS e outras ONGs – Organização Não-Governamentais que tem discussão
informal sobre o tema. Conforme a opinião da estagiária-bolsista Débora Jardim, os estudantes
que utilizam mais o serviço do CID estão na seguinte ordem : 2º Grau, 3º Grau e 1º Grau. A
informação que mais interessa aos alunos de 2º Grau é como se contrai ou não a AIDS, o
vírus. Também, destacou que o departamento de comunicação do GAPA/RS não utiliza muito
os serviços do CID, bem como a área jurídica, pois esta tem material de consulta em sua
própria sala. O público-alvo que utiliza os serviços do CID é na sua maioria do sexo feminino.
Ainda sobre o público-alvo, importa saber quais são os profissionais que mais utilizam os
serviços do CID. Destacamos as seguintes áreas dos profissionais e a informação que
mais procuram: enfermagem ( cuidados ), fisioterapia ( novas formas de tratamento ),
psicologia ( comportamento do paciente, como viver melhor ), odontologia ( cuidados
bucais ), direito ( legislação sobre a AIDS ) e segurança do trabalho. Do público que utiliza o
CID, 65% tem sua origem em Porto Alegre e o restante na região metropolitana.
Passamos a descrever sobre o CID e seu acervo: - não existe um sistema
informatizado de cadastro e consulta - o catálogo de assuntos é organizado por autores e feito
manualmente - o acervo é separado por data e número, não sendo separado por assunto, o que
não permite a recuperação da informação – são guardados sempre dois exemplares - há 2.800
documentos cadastrados, sendo: livros, vídeos, revistas, periódicos, folhetos, relatórios de
pesquisas, jornais, boletins, cartazes, artigos, guias ( direito da mulher e humanos ),
produção intelectual ( teses e dissertações ), catálogo de ONGs e filmes, Banco de eventos (
acontecimentos relacionados com a questão da AIDS ).
O CID realiza taxação/clipagem de notícias sobre a AIDS, em que é feito a leitura
diária dos jornais, com o simples recorte das notícias, que são separadas por assunto, data e
veículo. Este material não circula internamente, bem como não é feita nenhuma análise de
conteúdo, quantitativa, muito menos qualitativa sobre a matéria publicada. Todo material
coletado vai para um arquivo, que somente é consultado quando motivado por interesse
individual de um pesquisador.
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O acervo do CID foi constituído por doações de órgãos públicos, particulares,
ONGs e permutas com outras ONGs. O CID não recebe doações de outras bibliotecas e
sempre que tem exemplares repetidos faz doações para bibliotecas de escolas públicas.
Segundo, a estagiária-bolsista as revistas científicas são pouco procuradas, sendo os manuais e
folhetos, mais solicitados por alunos de 2º Grau; livros, teses e dissertações pelos alunos de 3º
Grau. Os referidos materiais são utilizados para trabalhos escolares, trabalhos institucionais,
comunitários, palestras, elaboração de matéria jornalística, e uso pessoal ( conhecimento ).
Conforme o depoimento da estagiária-bolsista, nunca um jornalista procurou o CID para
elaborar suas matérias.
6.2 Caderno Vida – Jornal Zero Hora
Nesta segunda entrevista, realizada com questionário estruturado, e via e-mail,
forma pela qual a entrevistada solicitou; comentamos então a entrevista seguindo a ordem das
questões.
A responsável pela informação é a repórter Clarinha Glock, do departamento de
Editoria Geral, Caderno Vida do Jornal Zero Hora.
Segundo a entrevistada são fontes de informação para as matérias jornalísticas
sobre AIDS as seguintes: representantes dos programas municipal e estadual de DST/Aids,
membros do GAPA/RS e da Rede de Pessoas Vivendo com o HIV, especialistas da área dos
hospitais universitários, professores de infectologia. A entrevistada também destaca que são
utilizadas como fonte, matérias de divulgação e depoimentos de representantes de outras
ONGs, como o Grupo Gay da Bahia, Grupo Pela Vida, Grupo Sim à Vida e GAPA da Bahia.
Quanto à questão de realização de pesquisas, Clarinha Glock diz que são feitas a
partir de dados do Ministério da Saúde ( Coordenação Nacional de Aids ), das secretarias
estadual e municipal de Saúde ( como pesquisas, epidemiologia, etc). Salienta, também que é
freqüente realizar pesquisas de dados na Internet, em especial nas páginas da Organização
Mundial de Saúde e Organização Pan-americana de Saúde. Destaca que são utilizadas
também como fontes as pesquisas feitas pelo GAPA e por entidades que lidam com
populações específicas, como por exemplo o Programa de Redutores de Danos ( que tem
como objetivo evitar a propagação da Aids entre os usuários de drogas injetáveis ), ou ainda
conforme diz a repórter, o Grupo Nuances – Porto Alegre/RS, que trabalha com os
homossexuais.
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Quanto as relações mantidas entre o Caderno Vida e o GAPA/RS, a repórter
coloca que o GAPA , através da assessoria de imprensa tem sugerido pautas, e que é
consultado quando necessita de dados sobre a Aids. Informa que já utilizou cartazes de
campanhas realizadas pelo GAPA para ilustrar as matérias, bem como, divulga essas
campanhas. Que as pessoas entrevistadas, portadores do HIV ou doentes da Aids, são sempre
indicadas pelo GAPA.
A questão também procurou identificar se a repórter conhecia e já tinha
utilizado os serviços do CID – Centro de Informação e Documentação do GAPA/RS. Em
relação a esta questão, que nos parecia relevante, uma vez que o estudo busca identificar as
relações do CID com o jornalismo científico, não houve nenhuma manifestação por parte da
jornalista.
Perguntada se recebe matérias jornalísticas, releases, documentos, relatórios,
revistas, boletins informativos do GAPA/RS, a repórter manifestou que tem recebido release
via Internet ( e-mail ) e também por fax. Destacou que entre os instrumentos de comunicação
dirigida da organização tem recebido boletins informativos.
Segundo ela, as pessoas em geral, ainda querem ler no Caderno Vida como se contrai a
doença, como usar a camisinha e o que é ter Aids. Pois, afirma que as pessoas ainda não
sabem como se pega a Aids.
Em relação aos assuntos que mais são abordados no Caderno Vida sobre Aids, a
repórter explica que as matérias buscam em primeiro lugar diminuir o preconceito e ampliar a
informação, de forma a tirar dúvidas, esclarecendo sobre novos tratamentos e perspectivas
para o futuro. Matérias também sobre o uso de preservativos, o aumento de casos da infecção
entre as mulheres e os jovens. Entre outras, também ressaltam a importância da aderência ao
tratamento e das perspectivas de novos remédios e tratamentos.
Perguntada se o assunto Aids no Caderno Vida tem um espaço fixo, ou de que
forma é tratado, a repórter respondeu que não tem espaço fixo e o tema é abordado à medida
que surgem notícias da área: novos remédios, campanhas ou estatísticas.
6.3 CID – Jornal Zero Hora
A terceira entrevista, com perguntas semi-estruradas, foi concedida na Recepção
do Jornal Zero Hora pela bibliotecária Denise Pazetto, supervisora do CID – Centro de
Informação e Documentação do Jornal Zero Hora. Perguntada sobre as atribuições do
departamento, a entrevistada destacou os seguintes pontos: - indexação do Jornal Zero Hora (
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textos e fotos ), - processamento técnico, - catalogação e classificação de periódicos, livros e
folhetos recebidos pelo ZH, - preparação de material para micro filmagens, - empréstimos de
material bibliográfico, - pesquisa e levantamento de dados no acervo, na Internet, em outros
bancos de dados e outras bibliotecas, que a organização mantém acordos.
Em relação ao acervo mantido pelo CID Jornal Zero hora, a entrevistada destacou
os seguintes: Jornais editados pelo Grupo RBS – RS e SC, Zero Hora, Diário Catarinense,
Jornal de Santa Catarina, Pioneiro e jornais do Brasil , como Folha de São Paulo, Estado de
São Paulo, O Globo, Jornal do Brasil, Jornal da Tarde e da Argentina o Clarin.
Entre as revistas destacam-se: Veja, Isto é, Época, Caras, manchete, Exame,
Amanhã, Superinteressante, Imprensa. Compõem o acervo também livros gerais e obras de
referencias ( guias, enciclopédias e dicionários), como também folhetos e micro fichas ( perfil
de pessoas ) e microfilmes do Jornal Zero Hora, Diário de Notícias, Jornal Hora e revista veja
até 1988.
Questionada sobre a existência no acervo de revistas científicas, foi categórica em
afirmar que não tem, nenhum exemplar.
Quando lhe foi perguntado sobre o público-alvo do CID, destacou jornalistas e
repórteres do Grupo RBS: jornais do RS e SC, Rádio e TV. Salientou que quem mais procura
o CID é o Segundo Caderno e Editorial sobre Política, do Jornal Zero Hora, que tem
circulação diária. Foi questionada se o Caderno Vida procura pelos serviços do departamento,
informou que sim, mas como editado semanalmente, tem menos freqüência. Além disso,
também, a TV, utiliza o CID para pesquisa de assuntos variados.
Em relação ao assunto Aids, informou que recebe informativos regularmente das
Secretarias da Saúde Municipal e Estadual, bem como do GAPA/RS. É comum o setor de
redação após utilização de material que recebe, enviar para o CID para ser catalogado como
acervo.
Durante a conversa, a entrevistada detalhou a estrutura do CID, sendo então
dividido em arquivo fotográfico e pesquisa. Quanto ao setor de pesquisa, este realiza a
pesquisa de quaisquer temas solicitados. Consultada novamente sobre o assunto Aids, foi-lhe
perguntado quem mais pesquisa sobre o tema, então foi respondido que o Editorial Geral e o
Caderno Vida são os que mais solicitam informações. Quanto ao tipo de informação que mais
procuram e dados; buscam principalmente estatísticas sobre a Aids no Rio Grande do Sul.
Perguntada se tinha conhecimento do CID – GAPA/RS, se o utilizava para consultas, a
entrevistada diz conhece-lo, mas nunca havia utilizado os seus serviços. Porém, recebe
material do GAPA/RS, principalmente boletins informativos.
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7. Análise das Informações
Neste momento do trabalho apresentamos uma análise geral das informações que
confirmam os objetivos gerais e específicos, e apontam para uma continuidade do estudo. A
partir das entrevistas identificamos que as organizações pesquisadas mantém relações com o
GAPA/RS, e este fornece as mesmas material de divulgação. Em especial o enfoque do estudo
trata sobre o CID – GAPA/RS, e as relações que mantém com seus públicos. Portanto, não
identificamos que o CID mantenha um relacionamento com a comunidade científica, ou seja,
com jornalista, no caso estudado Jornal Zero Hora. Por outro lado o CID mantém um forte
relacionamento com o público estudantil, servindo de fonte de consulta, quando da realização
de trabalhos acadêmicos. Mas sendo o nosso objeto de estudo a produção científica, ou de que
forma o CID GAPA/RS pode ser fonte de consulta para o jornalismo científico, concluímos:
- Não existe um relacionamento com a comunidade científica;
- Internamente também não é utilizado como fonte de pesquisa;
- É reconhecido como departamento, mas não é utilizado como fonte de
informação, principalmente, pelo público interno;
- Não produz material científico que possa ajudar ao jornalismo científico;
- O verdadeiro papel do CID não é conhecido pela comunidade científica;
- O CID, não é portanto uma fonte de pesquisa científica, mesmo possuindo um
acervo único, tanto para o jornalismo do próprio GAPA, bem como para os
veículos de comunicação e de informação.
Ainda, reconhecemos que o tema da pesquisa necessita de uma maior investigação
quanto ao CID – GAPA/RS e seus relacionamentos com a comunidade científica e veículos de
comunicação.
Os serviços que o CID presta a comunidade podem ser ampliados, a partir de
recursos de gerenciamento do sistemas de informação, e passando a ser produtor e distribuidor
da informação, não apenas como um acervo para consultas. Desta forma, o CID passa a ser um
agente ativo, sujeito transformador de mudanças de comportamento.
Então, o CID não sendo uma fonte de subsídio de informação para a comunidade
científica, nunca poderá cumprir o seu papel de socializador da informação, proporcionando a
comunidade uma melhor compreensão da questão AIDS.
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É importante que o CID, defina a sua missão e objetivos, e em primeiro lugar atue
junto ao seu público interno estabelecendo fortes relações, esclarecendo as suas atividades e as
possibilidades de pesquisa, execução e divulgação de comunicação científica.
8. Conclusões
Olhar o CID – Centro de Informação e Documentação a partir de sua
complexidade e de sua visão de socializar a informação a todos os seus públicos, possibilita
novas relações interpretativas, importantes para superar algumas limitações apresentadas no
estudo de caso. A falta de recursos, a não utilização do acervo pelos jornalistas, e tão pouco
pelo departamento de comunicação do próprio GAPA/RS, podem apontar disfunções, uma vez
que o CID se propõe a ser o maior e único acervo sobre AIDS no Estado do Rio Grande do
Sul.
As relações mantidas com escolas, no que diz respeito à busca de informações
elementares para os estudantes ( principalmente do sexo feminino, do Ensino Médio ), podem
apontar que se faz necessário desenvolver uma ação de relacionamento com os professores das
Escolas de 1º e 2º Graus, como forma de trocar dados, conhecimentos para que possam gerar
informações mais amplas para permitir aos alunos um novo questionamento sobre a AIDS,
não simplesmente como se contrai. Mas que, socializando a informação, os públicos possam
pesquisar e cientificamente, descrever uma nova maneira de ver a questão AIDS, contribuindo
para a mudança de comportamento.
É importante utilizar todos os recursos disponíveis, que são muitos, diante do
acervo que o CID mantém, mas na sua totalidade pouco utilizados. Incentivar e trocar com a
mídia informações, para que a mesma possa trabalhar o conhecimento científico, ou seja, o
jornalismo científico. É necessário estabelecer um programa de relacionamento GAPA/RS-
CID e Imprensa, ocupando o espaço da mídia – socializando a informação. Onde todos os
sujeitos possam construir, tratar e divulgar a informação de diferentes tipos e em parceria, ou
seja, a partir da definição conjunta por parte dos produtores e usuários, que tem as mesmas
necessidades e desejos, em socializar a informação, combatendo então o vírus da AIDS, ou da
não informação.
Concluindo, é importante o papel do CID, sendo um centro de informação e
documentação para todos que se dirigem até ele, ou levando, transformando os dados em
informação para que mais pessoas possam aproveitá-la. Desta forma, contribuindo na
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produção do conhecimento, pesquisa e intervenção para mudanças de comportamento frente
ao HIV/AIDS. O CID é um espaço estratégico de aproximação com os seus públicos, ou
através do CID, o GAPA/RS socializa e resgata a informação. A troca, a reflexão e a
experiência, a partir desta pesquisa, sensibilizou-me; o que extrapolou o simples, o “tema de
casa “ , motivo que me aproximou ainda mais do GAPA/RS.
9. Conclusões e recomendações
Registramos o grau de dificuldade em obter informações junto aos entrevistados,
uma vez que os mesmos decidiram em participar da pesquisa, desde que o questionário fosse
transmitido por e-mail, pois alegaram a questão tempo e facilidade operacional.
Sem dúvida esta nova tecnologia é muito utilizada em pesquisa acadêmicas e
inclusive, por institutos de pesquisa, mas acreditamos que a demora ou o não envio da resposta
esta caracterizado pela nossa falta de cultura em participar de pesquisas de pesquisa, bem
como a não valorização do processo de estudo dos fenômenos.
Destacamos que infelizmente não conseguimos realizar a entrevista, seja ela
pessoalmente ou por via e-mail, com o jornalista responsável pela assessoria de imprensa do
GAPA/RS. O trabalho, desta forma ficou com algumas limitações. Sem dúvida, esta entrevista
se faz necessário, o que se pretende realizá-la posteriormente, a fim de permitir uma melhor
compreensão do objeto em estudo e uma melhor análise das informações.
O presente trabalho desenvolvido não se esgota aqui, portanto se pretende dar
continuidade, estudando o fenômeno na dissertação de mestrado sobre as estratégias de
comunicação do GAPA/RS.
Entrevistas
GLOCK, Clarinha – Repórter do Caderno Vida – Jornal Zero Hora
JARDIM, Débora Jardim – Estagiária de biblioteconomia, atuando no CID.
PAZZETO, Denise – Supervisora do CID – Jornal Zero Hora.
Bibliografia
: GAPA/RS-CID – Xerox – 3 folhas – descreve o perfil da instituição, objetivos,
estrutura organizacional e justificativa do projeto ( CID ).
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