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MARIA LUIZA CRUZ DE OLIVEIRA
RELAÇÃO ENTRE O USO DE “MÍDIAS ELETRÔNICAS” E OS HÁBITOS DE
SONO, SONOLÊNCIA DIURNA E PROCESSOS COGNITIVOS EM
ADOLESCENTES
Dissertação apresentada à
Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, para obtenção
do título de Mestre em
Psicobiologia.
Natal
2016
MARIA LUIZA CRUZ DE OLIVEIRA
RELAÇÃO ENTRE O USO DE “MÍDIAS ELETRÔNICAS” E OS HÁBITOS DE
SONO, SONOLÊNCIA DIURNA E PROCESSOS COGNITIVOS EM
ADOLESCENTES
Orientadora: Dra. Carolina Virginia Macêdo de Azevedo
Co-orientadora: Dra. Katie Moraes de Almondes
Co-orientador: Dr. Pablo Valdez Ramírez
Natal
2016
Oliveira, Maria Luiza Cruz de. Relação entre o uso de "mídias eletrônicas" e os hábitos desono, sonolência diurna e processos cognitivos em adolescentes /Maria Luiza Cruz de Oliveira. - Natal, RN, 2016. 115 f: il.
Orientador: Prof.ª Dr.ª Carolina Virginia Macêdo de Azevedo. Coorientador: Prof.ª Dr.ª Katie Moraes de Almondes. Coorientador: Prof. Dr. Pablo Valdez Ramirez.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grandedo Norte, Centro de Biociências, Pós-graduação em Psicobiologia.
1. Ciclo sono e vigília - Dissertação. 2. Sonolência diurna -Dissertação. 3. Adolescente - Dissertação. 4. Mídias eletrônicas- Dissertação. 5. Processos cognitivos - Dissertação. I.Azevedo, Carolina Virginia Macêdo de. II. Almondes, Katie Moraesde. III. Ramirez, Pablo Valdez. IV. Título.
RN/UF/BCZM CDU 159.963.2:316.7
Catalogação da Publicação na FonteUniversidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBICatalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede
Título:
RELAÇÃO ENTRE O USO DE “MÍDIAS ELETRÔNICAS” E OS HÁBITOS DE SONO, SONOLÊNCIA DIURNA E PROCESSOS COGNITIVOS EM ADOLESCENTES Autora: MARIA LUIZA CRUZ DE OLIVEIRA Data da defesa: 05/04/2016
Banca Examinadora: ___________________________________ Prof. Dr. Fernando Mazzilli Louzada Universidade Federal do Paraná, PR ___________________________________ Prof. Dr. John Fontenele Araújo Universidade Federal do Rio Grande do Norte, RN ___________________________________ Profa. Dra. Carolina Virginia Macêdo de Azevedo Universidade Federal do Rio Grande do Norte, RN
“Todo caminho da gente é resvaloso.
Mas também, cair não prejudica demais
A gente levanta, a gente sobe, a gente
volta!
O correr da vida embrulha tudo, a vida é
assim:
Esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa,
Sossega e depois desinquieta.
Ser capaz de ficar alegre e mais alegre no
meio da alegria,
E ainda mais alegre no meio da tristeza...”
Guimarães Rosa
Agradecimentos
Por tudo o que sou e tenho e por todas as chances que terei: obrigada a minha Mãe, Maria de Lourdes. Pelo dom da vida e por todo amor dedicado. A você e ao meu pai, José Marcolino, por sempre dizer: “Estude, a sua educação é tudo o que podemos te dar”. Ao meu irmão, Bruno, pelo cuidado em tentar impedir que eu passasse por tudo de ruim que já teve que passar. Crescer ao seu lado foi uma grande lição de vida. Agradeço a minha cunhada, Adriana, por, junto com meu irmão, fortalecer em mim a noção de união. À minha família, minha gratidão por todas as palavras de incentivo, pelo amor e pela paciência. À Vanessa, por acreditar mais em mim que eu mesma, pela cumplicidade de quem me entende com um olhar. Cumprimos mais uma etapa! À Carol, por me ensinar muito mais que Cronobiologia. Obrigada pela confiança, pela paciência, pela retidão, pelo exemplo de profissional e por me fazer querer dar o meu melhor. Só espero poder continuar crescendo, pessoal e profissionalmente, aos cuidados dessa orientadora que, pode não saber, nasceu para ensinar. Aos meus co-orientadores, Katie Almondes e Pablo Valdez. Obrigada pelas sugestões, questionamentos e por me fazer pensar de formas diferentes. À Aline Belísio, “querida co-orientadora” não-oficial. Não tenho palavras para dizer o quanto nossas conversas foram importantes para que eu conseguisse chegar até aqui. Muitíssimo obrigada! À Ivanise Sousa pelo suporte durante a ausência de Carol e pelas valiosas sugestões na qualificação. À Rosane, Fabiana e Jane, pela receptividade, pelos risos e por terem me ensinado tanto em tão pouco tempo. Aos alunos da Psicologia que ajudaram muito nas coletas, Sharline, Milena e, principalmente, a Wilson. Aos colegas de base que ajudaram, direta ou indiretamente, nesse projeto, pelas palavras de apoio ou por apenas me ouvir desabafar tantas vezes: Galileu, Sabinne, Jonathas, Jackeleyde, Edileusa e Karlyne. A todos os adolescentes que, pacientemente, participaram da coleta e às escolas que abriram suas portas. Obrigada!
Aos amigos que estiveram ao meu lado em tantos momentos da minha vida: Marcel, Wadjha, Bernard, Luisa, Gleyson, Wilton, João Henrique, Rayane, Gaby e Suelayne. Muito obrigada por todos os conselhos, puxões de orelha e pelo colo. Vocês se tornaram parte da minha família.
Aos professores do programa de Pós-graduação em Psicobiologia, vocês contribuíram muito para o meu crescimento.
À CNPq pelo apoio financeiro, que permitiu a realização dessa pesquisa. Por fim, a todos que, por falha de memória de alguém muito privada de sono,
não tenham sido citados aqui, mas que contribuíram para que eu conseguisse terminar essa etapa.
Resumo
O atraso de fase em relação aos horários de deitar e levantar na adolescência somado ao crescente uso de mídia pode ocasionar exposição à luz em horários impróprios, irregularidade nos horários e privação de sono, bem como influenciar os processos cognitivos básicos que regulam o desempenho dos indivíduos, como a atenção, a memória operacional e a flexibilidade cognitiva. Esse contexto pode acarretar em redução na performance cognitiva, prejudicando a aprendizagem. Nesse trabalho, investigamos a relação entre o uso de “mídias eletrônicas” e os hábitos de sono, sonolência diurna e desempenho cognitivo de adolescentes do ensino médio de escolas privadas de Natal/RN. Assim, 83 estudantes (60 meninas, 23 meninos) da segunda série do ensino médio de escolas privadas de Natal/RN responderam questionários (A saúde e o sono, Avaliação do Cronotipo de Horne-Östberg e Escala de Sonolência de Epworth) e uma bateria de testes cognitivos (avaliação da atenção por uma Tarefa de Execução Contínua; memória operacional, pelo Subteste de dígitos; e Flexibilidade cognitiva pelo teste de trilhas e de Berg de classificação de cartas). Além disso, preencheram o diário de sono durante 10 dias e um protocolo diário de uso de mídia por dois dias na semana e dois no final de semana. No geral, o uso de mídia foi maior no fim de semana em relação à semana, e o dispositivo mais utilizado foi o celular, seguido de televisão e computador. Não foram encontradas correlações entre a estimativa diária de uso semanal de mídia e os parâmetros relacionados ao sono. Contudo, foram encontradas correlações fracas entre a estimativa diária de uso e: a sonolência ao acordar na semana (r=0,38; p<0,05), estabilidade geral na atenção (r=-0,23; p<0,05), os pontos (r=0,22; p<0,05) e escore total (r=0,22; p<0,05) na ordem direta do subteste de dígitos, e os erros únicos (r=-0,26; p<0,01) do teste de Berg. Em relação à frequência de uso de mídia antes de dormir, a televisão aparece como o dispositivo preferido pelo grupo que mais usa mídia neste horário (G3). Os horários de deitar, levantar e o tempo na cama, em geral, diferiram entre os dias de semana e fim de semana (Anova, p<0,05). De forma geral, os indivíduos do G1 apresentam os padrões de sono com horários mais avançados quando comparados aos adolescentes dos outros grupos. O G1 diferiu dos demais grupos no horário de levantar no fim de semana (Anova, p<0,05) e do G3 no tempo na cama na semana (Anova, p<0,05 – Bonferroni, p=0,06). A maioria dos estudantes apresentou sonolência diurna excessiva, com diferenças nas proporções entre os grupos. Porém, os maiores percentuais foram observados sucessivamente no G1 e G3 (X², p<0,05). Quanto ao desempenho nos testes cognitivos, o G1 apresentou menor percentual de omissões no alerta fásico (Mann-Whitney, p<0,05), uma tendência a um menor percentual de omissões em relação à atenção sustentada (Kruskal-Wallis, p=0,06), maior número de pontos na versão indireta do subteste de dígitos (Mann-Whitney, p<0,05) e maior eficiência na versão A do teste de Trilhas (Mann-Whitney, p<0,05). De maneira geral, esses resultados corroboram nossas hipóteses de que o uso de mídia influencia o sono, a sonolência diurna e a performance cognitiva, principalmente quando a utilização dos dispositivos eletrônicos ocorre próximo ao horário de deitar. Porém, estudos adicionais com um maior número de indivíduos são necessários para confirmar estas evidências. Palavras-chave: Ciclo sono e vigília, sonolência diurna, adolescente, mídia, processos cognitivos.
Abstract The phase delay with respect to schedules of bedtime and wake up time in adolescence added to the growing media use can cause exposure to light at inappropriate times, irregularity of sleep schedules and sleep deprivation, as well as influence the basic cognitive processes, which modulate the performance of the individuals, such as attention, working memory and cognitive flexibility. This context can lead to reduced cognitive performance, impairing learning. In this work, we examine if the sleep habits, daytime sleepiness and cognition in adolescent attending to school at morning shifts vary in function of the media usage. Thus, 83 (60 girls, 23 boys) second grade high school students of private schools in Natal/RN answered questionnaires (Health and Sleep, Horne and Östberg’s Morningness-Eveningness Questionaire and Epworth Sleepiness Scale) and a battery cognitive tests (evaluation of attention by a continuous performance task, working memory, the subtest of digits, and cognitive flexibility for trail making and Berg’s card sorting test). In addition, they completed the sleep diary for 10 days and daily media use log for two weekdays and two weekend days. Overall, media usage was higher in the weekend compared to the weekdays, and the most widely used device is the mobile phone, followed by television and computer. There were no correlations between the estimated weekly use of media and the parameters related to sleep. However, weak correlations were found between the weekly estimate and use: the overall stability in attention (r = -0.23; p <0.05), points (r = 0.22; p <0.05) and total score (r = 0.22; p <0.05) in the direct order of the digit subtest, and the isolated errors (r = -0.26; p <0.01) on Berg’s test. Concerning frequency of media use before bed, television appears as the preferred device for the group that have the higher frequency media use before bed (G3). The schedules of bedtime, wake up time and time in bed, in general, differ between weekdays and weekend (ANOVA, p<0,05). Overall, the G1 individuals have sleep patterns with more advanced times when compared to adolescents from others groups. G1 differ from others groups in wake up time in the weekend (ANOVA, p<0,05) and from G3 in time in bed on week (ANOVA, p<0,05 – Bonferroni, p=0,06). Most students had excessive daytime sleepiness, with differences in proportions between groups. However, the highest percentages were observed successively in G1 and G3 (X², p <0.05). For performance on cognitive tests, the G1 had a lower percentage of omissions in phasic alert (Mann-Whitney test, p <0.05), a tendency to a lower percentage of omissions in relation to the sustained attention (Kruskal-Wallis, p = 0 , 06), most points in the indirect order of the digit subtest (Mann-Whitney test, p <0.05) and greater efficiency in version A of the trail making test (Mann-Whitney test, p <0.05 ). Overall, these results support our hypothesis that the media use affects sleep, daytime sleepiness and cognitive performance, especially when the use of electronic devices occurs near the bedtime schedules. However, further studies with a larger number of individuals is required to confirm this evidence. Key-words: Sleep-wake cycle, daytime sleepiness, adolescent, media, cognitive processess.
Sumário
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1
1. O CICLO SONO E VIGÍLIA NA ADOLESCÊNCIA ........................................................................................................... 1 2. PROCESSOS COGNITIVOS ................................................................................................................................. 12
2. OBJETIVOS: ...................................................................................................... 20
2.1. OBJETIVO GERAL: ..................................................................................................................................... 20 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: ............................................................................................................................. 20 2.3. HIPÓTESES E PREDIÇÕES: ............................................................................................................................ 21
3. METODOLOGIA ................................................................................................. 22
3.1. PARTICIPANTES DO ESTUDO ......................................................................................................................... 22 3.2. PROCEDIMENTOS PRÉVIOS: ......................................................................................................................... 22 3.3. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E DE EXCLUSÃO: ....................................................................................................... 23 3.4. COLETA DE DADOS E ESTUDO PILOTO ............................................................................................................. 23 3.5. AVALIAÇÃO DOS HÁBITOS DE SONO E REGISTRO DO USO DE MÍDIA ....................................................................... 25
3.5.1. Questionário a saúde e o sono .................................................................................................... 25 3.5.2. Questionário de classificação econômica .................................................................................... 25 3.5.3. Escala de Sonolência de Epworth ................................................................................................ 26 3.5.4. Questionário de avaliação de cronotipo de Horne & Östberg ..................................................... 26 3.5.5. Protocolo diário de atividades ..................................................................................................... 27 3.5.6. Diário do sono ............................................................................................................................. 27 3.5.7. Avaliações cognitivas .................................................................................................................. 28 3.5.8. Tarefa de Execução Contínua – CPT ............................................................................................ 28 3.5.9. Subteste de dígitos da Escala Wechsler de Inteligência para crianças (WISC IV) ........................ 30 3.5.10. Teste de Trilhas............................................................................................................................ 30 3.5.11. Teste de Berg de classificação de cartas ..................................................................................... 30
3.6. ANÁLISE DE DADOS ................................................................................................................................... 32 3.6.1. Variáveis ...................................................................................................................................... 32 3.6.2. Testes estatísticos ....................................................................................................................... 35
4. RESULTADOS ................................................................................................... 38
4.1. CLASSIFICAÇÃO SÓCIO-DEMOGRÁFICA DA AMOSTRA ......................................................................................... 38 4.2. CARACTERIZAÇÃO DO USO DE MÍDIA ............................................................................................................. 39 4.3. ESTIMATIVA DIÁRIA DE USO DE MÍDIA E PADRÕES TEMPORAIS DO SONO ............................................................... 39 4.4. USO DE MÍDIA E ATENÇÃO........................................................................................................................... 40 4.5. USO DE MÍDIA E MEMÓRIA OPERACIONAL ...................................................................................................... 41 4.6. USO DE MÍDIA E FLEXIBILIDADE COGNITIVA ..................................................................................................... 42 4.7. ANÁLISE POR FREQUÊNCIA DE USO DE MÍDIA ANTES DE DORMIR.......................................................................... 43
4.7.1. Atividade antes de dormir ........................................................................................................... 43 4.7.2. Motivo para o horário de acordar ............................................................................................... 45 4.7.3. Forma de despertar ..................................................................................................................... 46 4.7.4. Padrões temporais de sono ......................................................................................................... 48 4.7.5. Avaliação da atenção .................................................................................................................. 54 4.7.6. Avaliação da memória operacional ............................................................................................. 56 4.7.7. Avaliação da Flexibilidade cognitiva ........................................................................................... 57
5. DISCUSSÃO ...................................................................................................... 62
6. CONCLUSÕES .................................................................................................. 74
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 75
ANEXOS ................................................................................................................... 85
1
1. INTRODUÇÃO
1. O ciclo sono e vigília na adolescência
Um dos marcos comportamentais da adolescência é o atraso de fase
observado nos horários de sono que ocorrem juntamente com a transição da
infância para a adolescência (Carskadon et al., 1993; Andrade et al., 1993). Esse
atraso de fase pode estar relacionado a modificações ligadas à fase púbere.
Andrade et al. (1993) utilizaram os estágios de amadurecimento propostos por
Tanner (1962) para comparar os horários de dormir dos adolescentes e mostraram
que quanto mais maduros, mais tardios são os horários de sono.
Enquanto o fim da puberdade pode ser facilmente definido como o momento
em que cessa o crescimento ósseo, o final da adolescência é uma etapa muito mais
complexa para se definir, pois depende de uma série de medidas físicas,
psicológicas, sociais e mentais (Bahadur et al., 2000). Segundo Roennenberg et al.
(2004), o máximo atraso nos horários de dormir por volta dos 20 anos de idade pode
servir como um marcador do final da adolescência.
O ciclo sono e vigília (CSV) varia entre a infância e a adolescência como
consequência de um conjunto de modificações nos mecanismos reguladores de
sono e no contexto psicossocial (Carskadon, 2002; Carskadon, 2011).
A partir do modelo dos dois processos de regulação do sono (Borbély, 1982;
Daan et al., 1984; Borbély & Acherman, 1999; Borbély et al., 2016), Carskadon et al.
(2004) propuseram uma explicação para o atraso de fase visto na adolescência,
segundo a qual, modificações nos processos regulatórios afetariam a expressão do
ritmo dos adolescentes. De acordo com o modelo de Borbély e Acherman (1999), o
CSV é regulado pela interação de dois processos: o “processo C” e o “processo S”.
2
O “processo C”, chamado de componente circadiano, é descrito como um
ritmo diário de propensão ao sono, controlado pelo sistema de temporização
circadiano, que, em condições normais, é sincronizado principalmente ao ciclo de
claro e escuro do ambiente, o que permite alocar a vigília na fase de claro e o sono
na fase de escuro, em animais diurnos. Há evidências de que durante a
adolescência (Carskadon et al., 2004), mudanças nos mecanismos de geração e
sincronização do ritmo afetam: (a) a sensibilidade do sistema de temporização
circadiano aos efeitos da luz dependente de fase (Crowley et al., 2007; Hagenauer
et al., 2009; Crowley et al., 2015), promovendo mais atrasos que avanços; e (b) o
aumento do período endógeno do ritmo (Duffy et al., 2001).
Segundo Pittendrigh et al. (1958), os momentos de maior sensibilidade à luz
ocorrem nas transições entre os estados alternantes de um ciclo claro e escuro. Isso
porque o sistema de temporização responde ao estímulo luminoso desencadeando
um atraso de fase no final da atividade e início do repouso, e o oposto no final do
repouso e início da atividade, que ocorrem, em condições naturais, ao anoitecer e ao
amanhecer, respectivamente. Assim, os indivíduos tendem a atrasar seus ritmos
ainda mais quando expostos à luz à noite.
Crowley et al. (2015) demonstraram que há uma maior resposta inibitória de
melatonina à luz à noite em adolescentes com estágio mais avançado de
desenvolvimento puberal. Esse resultado corrobora a proposta de Carskadon et al.
(2004) de que o sistema de temporização dos adolescentes é mais sensível à luz à
noite. As evidências apontam ainda para uma menor sensibilidade à luz pela manhã,
momento em que as respostas à luz são menos intensas Crowley & Carskadon,
2010; Sharkey et al., 2011). Essa combinação de respostas modificadas da
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sensibilidade à luz à noite e pela manhã em adolescentes promoveria um aumento
no atraso de fase.
O aumento do período endógeno é outra modificação no Processo C que
ajuda a explicar o atraso de fase dos adolescentes. Carskadon & Acebo (2005)
encontraram maiores períodos endógenos em adolescentes, quando comparados a
adultos, em experimentos de protocolo de dessincronização forçada. Alguns estudos
em adolescentes (Andrade, et al., 1993; Carskadon et al., 1993) corroboram esse
fenômeno ao demonstrar uma tendência crescente à vespertinidade verificada ao
longo da adolescência. Além disso, experimentos em laboratório demonstraram que
os padrões temporais de secreção de melatonina sofrem atraso em adolescentes
mais maduros, mesmo quando os horários de escuro foram fixados (Carskadon et al,
1997; Carskadon et al., 2004).
Segundo o modelo dos dois processos, o segundo fator regulador do CSV é o
“Processo S”, ou componente regulatório homeostático do sono, que sofre influência
do sono e da vigília prévios. De modo que a pressão homeostática para o sono
aumenta à medida que o tempo em vigília se estende, e se dissipa durante o tempo
em que estamos adormecidos. Assim influenciando a intensidade e, em menor
escala, a duração do sono. Propõe-se que esse componente esteja associado à
acumulação crescente de um subproduto do metabolismo energético, a adenosina
(Porka-Heiskanen et al., 2002), nas fendas sinápticas a medida em que se prolonga
a vigília, o que atua como inibidor da atividade neuronal. Durante o episódio de
sono, ocorreria uma remoção de adenosina acumulada.
Jenni et al. (2005), utilizando o marcador eletrofisiológico do processo S,
ondas tetas na eletroencefalografia (EEG), demonstrou que há uma redução na
velocidade de acumulação da propensão ao sono em adolescentes mais velhos.
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Além disso, Taylor et al. (2005) relacionaram o estágio de desenvolvimento de
Tanner com a latência do sono, e encontraram que adolescentes mais maduros
apresentam maiores latências quando comparados aos mais imaturos. Indicando
que, no horário fixado para dormir, os indivíduos mais velhos ainda não haviam
atingido a pressão homeostática suficiente para adormecer, resultando em mais
tempo acordados na cama. Por outro lado, não foi encontrada diferença na
velocidade de dissipação da pressão homeostática durante o episódio de sono.
Dessa forma, apesar do início do sono demorar mais a ocorrer, a duração não sofre
alteração, em dias livres.
Os processos C e S, embora independentes, interagem de maneira que o
sono ou a vigília sejam mantidos até o momento em que os dois processos apontem
para a mesma direção (Borbély, 1982). No final da tarde, apesar da forte pressão
homeostática, o indivíduo não adormece devido à baixa propensão circadiana ao
sono. O sono acontece quando a pressão homeostática acumulada é alta e
coincidente com o aumento na propensão circadiana. Durante o episódio sono,
quando a pressão homeostática é dissipada, a propensão circadiana mantém o
indivíduo adormecido. O despertar acontece quando, somado à dissipação
homeostática, o processo C começa a reduzir seu efeito de propensão ao sono.
Outras propostas de modelos para explicar a regulação do sono incluem um
terceiro processo. Akerstedt & Folkard (1996) propuseram uma modificação no
modelo de dois processos de regulação do sono, ao sugerir que o alerta de um
indivíduo pode ser previsto pelos componentes circadiano e homeostático somados
à inércia do sono, ou Processo W, que pode ser definido como um fenômeno de
desorientação ou redução no desempenho, que ocorre imediatamente após o
despertar (Tassi et al., 1992; Tassi & Muzet, 2000). Assim como os processos S e C,
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a inércia do sono modula o desempenho cognitivo (Burke et al., 2015), de maneira
que, ao acordar, a inércia reduz o desempenho cognitivo. Logo após, o ritmo
circadiano de alerta mantém um nível estável de processos cognitivos, apesar do
aumento da pressão homeostática.
Além da regulação homeostática e circadiana, o sono apresenta um
componente ultradiano, que se expressa por meio da alternância entre os dois
estágios de sono: Sono não-REM, que é, atualmente, subdividido em três estágios
(N1, N2 e N3), em que o primeiro representa a transição da vigília para o sono, e o
N3, o sono profundo ou de “ondas lentas”; e o sono REM, também conhecido como
“paradoxal” ou “sono ativo”, em que a atividade eletroencefálica é semelhante à
vigília. Em adultos humanos saudáveis, um ciclo completo de sono leva cerca de
noventa minutos para ocorrer e em uma noite habitual temos por volta de cinco
ciclos completos (Carskadon & Dement, 2011).
Além dos processos de regulação já citados, Bjorvatn & Pallesen (2009)
sugerem um fator capaz de sobrepor os demais: o comportamental. É importante
entender quais comportamentos podem influenciar o sono e como as atividades
realizadas próximo ao horário de deitar afetam o sono (Fossum et al., 2014). Os
ciclos sociais, tais como horário de trabalho, de estudo, de lazer, por exemplo,
exercem forte efeito sobre esse sistema e podem influenciar a sincronização do CSV
diretamente ou indiretamente, modulando a exposição dos indivíduos à luz (Aschoff
& Wever, 1976).
Carskadon et al. (2004; 2011) propõem que, além das modificações nos
processos regulatórios do CSV, a adolescência é uma faixa etária pela qual os
indivíduos passam por profundas modificações psicossociais e que o balanço entre
os sistemas que regulam o CSV é desafiado (Crowley et al., 2014) por fatores que
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podem exacerbar o atraso de fase habitual (Carskadon et al., 1997; Carskadon,
2011). Entre esses fatores psicossociais podemos citar o aumento na autonomia
para decidir por quanto tempo os jovens podem permanecer acordados noite
adentro (Loessl et al., 2008), o aumento de socialização via redes sociais (Lemola et
al., 2014), a necessidade de estender a vigília para cumprir as obrigações
acadêmicas (Carskadon,1997), maior acesso e tempo de uso de “mídias eletrônicas”
(Calamaro et al., 2009), e o aumento da exposição à luz à noite associado a essas
situações (Gellis & Lichstein, 2009; Calamaro et al., 2009; Van der Lely et al., 2015).
Nas últimas décadas, observa-se um aumento na disponibilidade e no uso de
dispositivos eletrônicos, além disso, o avanço tecnológico permite que esses
equipamentos se tornem mais leves e portáteis, sendo mais fácil o uso na cama,
próximo aos horários de dormir (Fossum et al., 2015; Brunborg et al., 2011).
Desde o advento dos dispositivos eletrônicos de mídia, os profissionais da
área educacional buscam um meio de inseri-los no contexto escolar de modo que
promovam a facilitação do aprendizado (Atif, 2013). Por algum tempo, a propaganda
de várias instituições educacionais trazia como diferencial o ensino por meio de
equipamentos digitais.
Ao longo dos anos, enquanto um grupo permaneceu apoiando o uso,
ressaltando as vantagens, um outro grupo de profissionais e pesquisadores surgiu,
defendendo a ideia de que existam mais problemas que soluções vinculados ao uso
de dispositivos eletrônicos pelos jovens estudantes (Atif, 2013). Entre as vantagens
apontadas pelo grupo que defende o uso da tecnologia em favor da educação estão:
a promoção de aprendizado independente, acesso mais fácil a informação e a
promoção de um meio atraente de educar. Enquanto entre as desvantagens aponta-
se: preguiça para estudar, pois os dispositivos eletrônicos fornecem meios mais
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fáceis de obter respostas; o esquecimento da forma básica de se estudar; e que a
mídia digital seria apenas mais uma forma de obter conhecimento, não garantindo
eficiência diferenciada (Clark, 1994).
A disputa sobre o papel do uso de mídias eletrônicas no ensino produziu
resultados contraditórios. Anderson et al. (2006), em uma pesquisa envolvendo
processamento de uma sequência de vídeos de ação por um adulto, encontraram a
ativação de 17 áreas cerebrais distintas diante do uso, o que indica uma maior
ativação cortical, o que estaria relacionado com a promoção de efeitos positivos da
mídia. Os efeitos do uso de mídia, quando se considera o conteúdo acessado
através dos dispositivos, também podem ser positivos ou negativos quando se avalia
o comportamento dos indivíduos. Isso surge quando se considera que os indivíduos
aprendem a partir do acesso à mídia, de acordo com o que eles assistem e que esse
aprendizado influência o comportamento (Fisch, 2005). Desta forma,
comportamentos violentos poderiam ser aprendidos a partir de filmes e jogos que os
banalizem. Por outro lado, novos conteúdos poderiam ser aprendidos através de
documentários e programas educativos. Quando há uma medida mais objetiva de
processos cognitivos, Colzato et al. (2010) encontraram resultados que apontam
melhor flexibilidade cognitiva em indivíduos que praticaram jogos de tiros em
primeira pessoa (Colzato et al., 2010).
Entretanto, parece ser menos controverso dizer que, atualmente, utilizamo-
nos intensamente de dispositivos digitais de mídia para concluir diversas tarefas
diárias e que esse uso parece interagir com as diversas atividades, afetando,
inclusive, os horários e a qualidade de sono dos indivíduos (Orzech et al., 2016).
O uso de mídia à noite parece estar relacionado com a duração do sono em
dias letivos (Calamaro et al., 2009; Van den Bulck, 2004; Cain & Gradisar, 2010) e
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com atraso nos horários de dormir (Gamble et al., 2014). Esse efeito da mídia nos
horários de sono pode ser ocasionado diretamente, devido ao efeito ativador sobre o
sistema nervoso, característico das atividades de entretenimento, ou indiretamente,
através do efeito sincronizador da luz emitida pelos dispositivos eletrônicos,
resultando em um deslocamento nos horários de dormir dos jovens.
Apesar dos atrasos observados nos horários de sono dos indivíduos dessa
faixa etária, não há uma redução na necessidade de sono durante o curso da
adolescência (Carskadon et al., 1990, 2011; Hagenauer et al., 2009), como é visto
durante a infância. Contudo, se vê uma redução da duração de sono praticada
nessa faixa etária. Esse encurtamento do sono pode ser explicado por uma
interação entre o crescente atraso de fase ao longo da adolescência e o aumento de
pressões sociais (Carskadon, 2011; Boergers et al., 2014), como os horários
escolares matutinos, que atuam como um forte sincronizador dos horários de
acordar em dias letivos (Andrade et al, 1993). Além disso, Fischer et al. (2003),
propõe que os horários de trabalho de alguns jovens também podem ser
considerados responsáveis pelo encurtamento na duração do sono em dias da
semana.
Devido à discrepância entre o tempo biológico e o tempo social (Wittmann et
al., 2006) no qual um indivíduo está submetido, os adolescentes tendem a se privar
de sono durante os dias da semana e a tentar compensar o sono perdido nos dias
livres (Acebo et al., 2002). Fenômeno que confere ao padrão de sono dos jovens um
caráter irregular.
A redução na duração do sono vista ao longo da adolescência, segundo
Willinghan (2012) apresenta, também, relação com as preferências individuais nos
horários do dia para a realização de atividades. Essas preferências individuais foram
9
caracterizadas e denominadas como cronotipo por Horne & Östberg, em 1977.
Segundo os autores, existem três tipos de cronotipos por meio dos quais podemos
classificar os indivíduos: 1 – matutinos, aqueles que dormem e acordam cedo; 2 –
intermediários, aqueles que possuem horários intermediários de sono e 3 –
vespertinos, aqueles que dormem e acordam tarde. Segundo Martynhak et al.
(2010), ainda existe um quarto tipo de classificação de indivíduos segundo o
cronotipo, que seriam os bimodais, que, em algumas respostas assemelham-se aos
matutinos e em outras, aos vespertinos.
Para Willingham (2012), a redução na duração do tempo de sono vista ao
longo da adolescência está correlacionada com a idade e com o cronotipo. De forma
que quanto mais velho for o adolescente, maior será a privação de sono na qual
estará submetido. E em relação ao cronotipo, os indivíduos vespertinos se
submetem a maior redução no tempo de sono que intermediários e matutinos,
principalmente porque possuem horários de acordar impostos pelo contexto social.
Wittmann et al. (2006) demonstrou que os indivíduos adultos de cronotipo vespertino
apresentavam maiores diferenças nos horários de dormir e acordar, entre a semana
e o final de semana, refletindo o desalinhamento observado entre os ritmos
biológicos e sociais que resultam numa pior qualidade de sono devido tanto à
redução na duração do sono, quanto à alocação temporal inadequada desse sono,
quando comparada a outras variáveis fisiológicas com ciclo circadiano conhecido
(Roenneberg, 2012). Além disso, as preferências individuais por horários do dia
possuem efeitos sob o desempenho cognitivo, de modo que os indivíduos
apresentam melhores performances em medidas de atenção, memória e
funcionamento executivo quando os testes são realizados no horário do dia preferido
do participante.
10
Tais características da sociedade moderna podem produzir perda de sono e
até uma diminuição da qualidade de vida (Alhola & Polo-Kantola, 2007), bem como
uma desincronização circadiana, denominada de “Cronorruptura”. Esse processo é
definido por Erren & Reiter (2009) e por Pittendrigh (1960) como sendo um grande
distúrbio na organização circadiana da fisiologia, assim como do comportamento,
capaz de gerar uma quebra nas relações de fase dos sistemas biológicos entre si e
em relação a fatores externos. Esse fenômeno pode ocorrer pela exposição à luz
excessiva à noite (especialmente à luz azul, associada a telas de computadores,
tablets, celulares e demais dispositivos com telas de LED), o que reduz a secreção
de melatonina, hormônio sinalizador da noite para o restante do organismo (Cipolla-
Neto, 2015).
O desalinhamento crônico entre o tempo biológico e o tempo ambiental é
mais comum em adolescentes que em outras faixas de idade, uma vez que esse
fenômeno se torna mais frequente à medida que a preferência de horários para
realização de atividades se torna mais tardia, ou seja, à medida que os indivíduos
passam a apresentar tendências vespertinas, fato comum entre os púberes
(Carskadon et al., 1999, 2001), independente do cronotipo. A curto prazo, a privação
de sono pode ter como possíveis consequências: aumento no cansaço (Van den
Bulck, 2004) e na sonolência diurna (Dahl, 1999). Enquanto a longo prazo, esse
fenômeno pode ocasionar um risco crescente de desenvolvimento de distúrbios do
sono (Blask, 2009), alterações cognitivas (Gronfier et al., 2007), síndromes
metabólicas e problemas cardiovasculares (Garaulet & Madrid, 2010), obesidade
(Roennenberg et al., 2012), desregulação reprodutiva (Gamble et al., 2013) e câncer
(Davis & Mirick, 2006; Blask, 2009).
11
Essas alterações provocadas pela desorganização temporal do sono reforçam
a afirmação de que o sono parece ser uma necessidade básica universal, assim
como a necessidade de comer (Willingham, 2012). E embora não exista um
consenso sobre as funções do sono, várias teorias foram propostas para explicar
porque dormimos. Frank (2006) as divide em: (a) somáticas, aquelas que indicam
que o sono é primariamente para o corpo, permitindo que processos anabólicos
ocorram; e em (b) neurais, aquelas que argumentam que o sono é primariamente
para o cérebro.
As teorias neurais são divididas em (a) metabólicas, que se baseiam nas
ideias de que o sono atua como um processo de desintoxicação, defesa e
recuperação do organismo dos danos causados pelo estresse oxidativo, além de
processo restaurador de algo no cérebro que foi reduzido pela vigília (suprimento
energético); e em (b) cognitivas. Entre as teorias cognitivas, podemos citar: 1) o
sono como promotor da memória e da plasticidade neural, que é a base dos
processos mnemônicos (Kopasz et al., 2010); 2) a consolidação da memória através
de um sono de duração suficiente e com arquitetura que obedece uma sequência
adequada (Ribeiro et al., 2014); e 3) a relação entre privação de sono e diminuição
da atenção e da concentração durante as aulas (Fischer et al., 2003).
A falta de um sono adequado além de estar relacionada com uma redução na
produtividade, no bem-estar e na segurança dos indivíduos, possui efeitos negativos
sobre o pensamento crítico, a criatividade e a tomada de decisão (Durmer & Dinges,
2005; Harrison & Horne, 2000; Alhola & Kantola, 2007).
Dessa forma, o impacto dos hábitos impróprios de sono no desenvolvimento
de crianças e adolescentes se torna um ponto de grande discussão e preocupação
entre pesquisadores, educadores e familiares.
12
2. Processos cognitivos
O contexto de sala de aula e as cobranças da vida acadêmica demandam que
os indivíduos estejam em boa forma para ter o melhor desempenho, que, segundo
Schmidt et al. (2007) e Rogers et al. (2003), flutua influenciado pela ação da
interação entre a pressão homeostática e a variação circadiana em processos
cognitivos. A atenção, a memória operacional e a flexibilidade cognitiva são
processos básicos, capazes de interferir nos processos cognitivos humanos.
Segundo o modelo de Posner e Rafal (1987), a atenção é um processo
neuropsicológico básico não unitário. Composta por quatro componentes, a atenção
confere ao indivíduo a capacidade de responder ao ambiente, selecionar um sinal e
uma resposta específicos e se manter responsivo ao longo do tempo. De acordo
com esse modelo, os processos que compõe a atenção são: o alerta tônico, que por
ser o componente mais basal, permite ao indivíduo responder ao ambiente a
qualquer momento; o alerta fásico, que é a capacidade do indivíduo de responder a
um estímulo ambiental após um sinal de aviso; a atenção seletiva, que permite que
respondamos a um determinado estímulo, enquanto os demais são ignorados; e a
atenção sustentada, que é a capacidade de permanecer responsivo ao ambiente por
tempo prologado (Posner & Rafal., 1987; Cohen & O’Donell, 1993; Valdez et al.,
2005). Embora se saiba que existem mecanismos neurais distintos responsáveis por
cada componente do sistema atencional, ainda não há completo esclarecimento
desse substrato neural (Posner & Petersen, 1990; Posner & Berger, 2000). Contudo,
compreende-se que uma lesão em qualquer uma das estruturas envolvidas com a
atenção produzirá déficits no desempenho de diversas outras tarefas, independente
da natureza da lesão (Fernandez-Duque et al., 2001).
13
Farrant et al. (2014) encontraram correlação entre baixo desempenho em
tarefas de flexibilidade cognitiva e distúrbios atencionais, como hiperatividade, o que
demonstra uma integração da atenção e das funções executivas.
As funções executivas (FE), também denominadas de controle executivo ou
de controle cognitivo (Diamond, 2013), são definidas por alguns autores como um
grupo de funções mentais complexas constituídas de habilidades e capacidades
necessárias para organizar uma sequência de ações que nos permite realizar um
determinado objetivo (Consenza & Guerra, 2011; Fuster, 2009; Malloy-Diniz et al.,
2008). São responsáveis pela capacidade de iniciar, programar e controlar o
comportamento de um indivíduo (Valdez et al., 2012) e, nas últimas décadas,
começaram a ser intensamente estudadas e utilizadas na clínica para a realização
de avaliação neuropsicológica (Barros & Hazin, 2013). São as funções executivas
que permitem aos indivíduos: tomar decisões, ter autocontrole e resolver problemas.
Essa organização e direcionamento dos pensamentos permitida por tais habilidades
é essencial tanto para o sucesso acadêmico, bem como no dia-a-dia (Jurado &
Rosselli, 2007).
Apesar de existir muitas formas de divisão dos subcomponentes das funções
executivas e da dificuldade para ser definida, Jurado & Rosselli (2007) afirmam que
há um acordo quanto à importância e complexidade das funções executivas para o
comportamento adaptativo humano. Ainda segundo os autores, muitas questões
permanecem sem resposta quanto ao entendimento das funções executivas, como,
por exemplo, se existe uma habilidade base que pode explicar todos os
componentes ou se esses componentes constituem processos relacionados, porém
distintos. Essas duas hipóteses são chamadas, respectivamente, de teoria da
unidade e da não-unidade.
14
Mesmo diante de uma conceituação geral, não existe um consenso sobre
como definir esses processos regulatórios do comportamento. O que existe são
modelos teóricos desenvolvidos durante a busca por tentar explicar o funcionamento
executivo (Tirapu-Ustárroz et al., 2002).
O modelo de Lezak (1995, cit. Stuss, 2011; Valdez et al., 2012) considera,
entre as subdivisões das funções executivas, os seguintes componentes: Iniciativa,
inibição, flexibilidade, planejamento e verificação e correção.
Atualmente, há um consenso de que existem três funções executivas
principais: o controle inibitório, a memória operacional e a flexibilidade cognitiva
(Diamond, 2013). Nesse trabalho foram utilizadas, a memória operacional e a
flexibilidade cognitiva como medidas de desempenho do funcionamento executivo.
De acordo com Baddeley (1996, 2012), para desempenhar tarefas complexas
é necessário reter informação por tempo suficiente para completar o objetivo. A
memória operacional constitui o sistema responsável por esse processo. O conceito
de memória operacional envolve o conceito inicial de memória de curto prazo
(Baddeley, 2012), diferenciando-se dessa última por utilizar um número de
subsistemas e não um módulo unitário; e por estar envolvido em diversas outras
tarefas cognitivas, como: aprendizado, raciocínio e compreensão (Baddeley, 1996).
Segundo o modelo revisado por Baddeley (2000), a memória operacional é
constituída por quatro componentes: a alça fonológica, processo pelo qual o
indivíduo reverbera informação obtida através da linguagem; o esboço visuo-
espacial, considerado um paralelo da alça fonológica, permite armazenar
informações visuais e espaciais; o buffer episódico, que é um sistema de
armazenamento temporário de informações de diferentes naturezas, promovendo a
formação de um código multimodal; e o executivo central, que é uma espécie de
15
controle atencional da memória operacional, “decidindo” como a alça fonológica e o
esboço visuo-espacial devem ser utilizados (Baddeley, 1996, 2000, 2001).
Segundo Fuentes et al., (2008), flexibilidade cognitiva é a capacidade de
alternar o curso das ações ou dos pensamentos de acordo com a exigência
ambiental, criativamente combinando conhecimentos e hábitos familiares para
produzir novas sequencias de ações ou representações (Deák, 2003). Segundo
Diamond (2013), um dos aspectos da flexibilidade cognitiva é a capacidade de
mudar perspectivas espaciais ou interpessoais, que permitem ao indivíduo visualizar
uma determinada situação por meio de diferentes direções e pontos de vista.
Segundo Déak (2003) realizar diferentes respostas em diferentes situações
não é necessariamente um sinal de flexibilidade, se cada resposta for aprendida
separadamente e apenas solicitada em contextos diferentes. Dessa forma, o
aprendizado de diversos pares de estímulos e respostas não é equivalente à
flexibilidade, sendo um pré-requisito desta, uma vez que essa capacidade exige a
habilidade de conseguir escolher uma resposta dentro de uma faixa de respostas
possíveis.
Embora o aprimoramento das funções executivas inicie desde o nascimento
do indivíduo e progrida até o final da adolescência/início da vida adulta, mudanças
importantes no desempenho são vistas dos 2 aos 5 anos de idade (Zelazo et al.,
2003). Entre os 7 e os 9 anos de idade, verifica-se um pico do desenvolvimento
dessas funções. Por volta dos 16 aos 19 anos ocorre outro período de
desenvolvimento rápido dessas capacidades (Anderson et al., 2001).
Esse desenvolvimento tardio tem relação com o amadurecimento do provável
sítio neuroanatômico dessas funções: o córtex pré-frontal. Segundo Goldberg
(2002), essa região atua como um maestro de uma orquestra, mediando o
16
funcionamento executivo através da regência da atividade de diversos circuitos
neurais (Barros & Hazin, 2013). Essa região somente atingirá pleno funcionamento
ao final da adolescência (Consenza & Guerra, 2011), quando ocorre um acelerado
amadurecimento, sendo sensível às variações ambientais, incluindo, nesse caso, o
sono (Del Ciampo, 2012).
Espy (1997), em estudos com crianças de 2 a 6 anos, encontrou que essa
capacidade emerge por volta dos 3 aos 5 anos de idade, demonstrando, ainda, que
à medida que a complexidade de uma tarefa de classificação de cartas aumenta,
mais erros perseverativos são cometidos pelas crianças. No estudo, a maioria dos
participantes não conseguiu passar da primeira categoria, o que demonstra um
amadurecimento incompleto dessa capacidade.
Segundo Zezalo & Frye (1998) e Anderson (2002) – ambos citados por
Jurado et al., 2007 – a flexibilidade cognitiva, assim como outras funções executivas,
apresenta um gradual amadurecimento ao longo do desenvolvimento do indivíduo,
sendo uma das últimas capacidades a completar seu processo de pleno
desenvolvimento, o que ocorre por volta do final da adolescência.
Durante a adolescência ocorrem modificações psicossociais profundas e
rápidas (Carskadon et al., 2004; Carskadon et al., 2011; Andrade et al., 1993), o
que, exige habilidades adaptativas, que demandam acentuada flexibilidade cognitiva
(Hauser et al., 2014). Além disso, as novas demandas e a maior autonomia podem
influenciar os hábitos e horários de sono dos jovens.
Estudos correlacionando a regulação ultradiana do sono e a flexibilidade
cognitiva (Walker et al., 2002) mostraram que indivíduos, quando acordados durante
a fase REM do sono apresentavam melhores desempenhos nas tarefas de avaliação
cognitiva quando comparados com aqueles que foram acordados durante a fase
17
NREM do sono. Os autores do trabalho sugerem que a vantagem no desempenho
do primeiro grupo não está relacionada apenas com o nível de excitação cortical,
mas estaria ligada a mudanças neurofisiológicas específicas influenciando as redes
cognitivas dos indivíduos.
Considerando os horários matutinos dos compromissos escolares dos
adolescentes e a conhecida arquitetura do sono normal, em que as maiores
porcentagens de sono REM ocorrem ao final do episódio de sono (Carskadon &
Dement, 2011), o estudo de Walker et al. (2002) sugere que pode haver uma
influência desses despertares nas redes cognitivas que promovem o correto
funcionamento da flexibilidade cognitiva.
A privação de sono afeta, virtualmente, todas as funções cognitivas humanas,
com destaque para o decréscimo na atenção e na memória operacional (Goel &
Rao, 2009; Durmer & Dinges, 2005). Várias teorias tentam explicar como ocorre
essa diminuição na performance cognitiva em situação de privação de sono, uma
delas é a “hipótese da instabilidade do estado de vigília” (Durmer & Dinges, 2005).
Para compreender essa teoria, primeiro deve-se considerar que o sono é um estado
ativo e que existem sistemas neurofisiológicos promotores da vigília e do sono.
Quando ativo, o sistema promotor de vigília, além de exercer seu próprio efeito
(excitar o córtex de maneira que se mantenha alerta e desperto) inibe o sistema
promotor do sono (Aloé et al., 2005). A hipótese da instabilidade do estado de vigília
argumenta que o desempenho se torna instável a medida que o tempo em privação
de sono progride, uma vez que ocorrem breves interferências dos sistemas
promotores de vigília e de sono, promovendo instabilidade do estado de vigília
(Alhola & Polo-Kantola, 2007). Goel & Rao. (2009) afirmam que essa instabilidade
somada ao aumento da pressão homeostática, proveniente do tempo em vigília,
18
pode causar “ataques” de sono, “microssonos”, em que os indivíduos se tornam
incapazes de se relacionar com o ambiente. Esse fenômeno ocorre quando o
indivíduo, apesar de demonstrar estar acordado, apresentar um padrão de atividade
cerebral semelhante àquela vista durante o sono (Alhola & Polo-Kantola, 2007).
Segundo a “Hipótese da vulnerabilidade pré-frontal”, proposta por Horne
(1993), existem regiões cerebrais que se beneficiam mais do sono que outras e que,
nenhuma delas se beneficia tanto quanto o córtex pré-frontal, o que torna essa
região mais afetada pela privação do sono (Boonstra et al., 2007).
Sabe-se que as cobranças da sociedade moderna, bem como as facilidades
que o desenvolvimento tecnológico proporciona, promoveram o desenvolvimento de
uma rotina intensa, cujo início ocorre por volta da metade da adolescência. Esse
estilo de vida frenético impulsiona muitas das atividades do nosso cotidiano para
momentos inadequados. A adolescência é uma etapa de mudanças e descobertas,
os jovens utilizam, intensamente, a tecnologia para se manter conectados com o
mundo (Calamaro et al., 2009), o que, segundo uma pesquisa da National Sleep
Foundation (2008) está relacionado com uma redução de 1 a 2 horas a duração do
sono dos adolescentes. Segundo Calamaro et al. (2009), adolescentes que
conseguem dormir entre 8 e 10 horas de sono por noite em dia letivo apresentam
um uso de mídia, cerca de, 2 vezes menor que aqueles jovens que dormem menos
que 8 horas. Essa pesquisa ainda sugere que esse padrão comportamental pode
ocasionar um aumento na sonolência diurna excessiva, e consequentemente,
comprometer a capacidade dos indivíduos de permanecer alertas e funcionais
durante o dia. Além desses fatores capazes de influenciar no desempenho, alguns
estudos (Wolfson & Carskadon, 1998; Carskadon et al., 1998; Medeiros et al., 2001;
Wolfson & Carskadon, 2003) encontraram relação entre a irregularidade do sono e a
19
performance acadêmica, de maneira que a performance tende a piorar com o
aumento da irregularidade.
Para avaliar como a mídia pode interferir nos hábitos de sono, na sonolência
e funcionamento diurno de adolescentes, é importante avaliar o uso dos dispositivos
eletrônicos tanto de forma geral como antes de dormir. Ainda são poucos estudos
que avaliam a implicação do uso de mídia em parâmetros do sono e nos processos
cognitivos, em conjunto, e que usem medidas de controle precisas.
A constante conexão dos jovens ao mundo por meio de dispositivos
eletrônicos, a exposição à luz em horários impróprios, a irregularidade dos horários
de sono e a constante privação de sono decorrente desse conjunto de fatores
parece ser impactar o desenvolvimento de um indivíduo adulto saudável.
Considerando esse estilo de vida, é importante avaliar a relação entre essas
variáveis. Entre as perspectivas de uma pesquisa desse tipo, podemos citar o
potencial para a criação de programas que visem educar jovens e preparar a
comunidade escolar e os pais para lidar com situações que são prejudiciais à saúde
e ao desenvolvimento cognitivo dos jovens, ajudando-os a adotar hábitos de uso de
mídia e de sono saudáveis. Para isso, desenvolvemos uma pesquisa com uma
amostra de adolescentes, estudantes de escolas privadas, da cidade do Natal/RN.
20
2. Objetivos:
2.1. Objetivo Geral:
Verificar a relação entre o uso de “mídias eletrônicas” sobre os hábitos de
sono, sonolência diurna e desempenho cognitivo de adolescentes do ensino médio.
2.2. Objetivos específicos:
Descrever os hábitos de sono, a sonolência diurna e o desempenho na tarefa
de atenção e nos testes de memória operacional e flexibilidade cognitiva em
função do uso semanal de mídia;
Comparar os hábitos de sono, a sonolência diurna e o desempenho na tarefa
de atenção e nos testes de memória operacional e flexibilidade cognitiva em
função da frequência de uso de mídia antes de dormir;
21
2.3. Hipóteses e predições:
Hipótese 1: Os hábitos de sono dos adolescentes, o nível de sonolência
diurna e o desempenho nos testes de processos cognitivos variam de acordo
com o uso semanal de mídia.
Predição 1: Adolescentes que apresentam maior uso semanal de mídia terão
horários mais tardios de ir para a cama e de levantar, menor tempo na cama na
semana, maior irregularidade nos horários de sono, maior sonolência diurna, maior
propensão a cochilar durante o dia e pior desempenho nos escores da tarefa de
atenção, no subteste de dígitos e nos testes de trilhas e de Berg.
Hipótese 2: Os hábitos de sono, a sonolência diurna e o desempenho
nos testes cognitivos variam em função do uso de mídia antes de dormir.
Predição 1: Indivíduos que usam mais frequentemente dispositivos eletrônicos antes
de dormir apresentam horários de dormir e de acordar mais tardios, bem como
menor tempo na cama na semana, maior irregularidade nos horários de sono, maior
sonolência diurna, maior propensão a cochilar durante o dia e pior desempenho nos
escores da tarefa de atenção, no subteste de dígitos e nos testes de trilhas e de
Berg.
22
3. Metodologia
3.1. Participantes do estudo
O estudo foi desenvolvido numa população de 83 estudantes da 2ª série do
Ensino Médio de escolas privadas do município de Natal/RN. Os dados foram
coletados entre setembro de 2014 e novembro de 2015 em 4 (quatro) escolas de 3
(três) zonas da cidade do Natal/RN, sendo: 1 escola na zona Leste (25
adolescentes), 1 escola na Zona Norte (19 adolescentes) e 2 escolas da Zona Sul
(39 adolescentes). A pesquisa foi apresentada a 411 adolescentes, dos quais 115
assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido e 92 deles participaram da
coleta de dados. Após a aplicação dos critérios de exclusão, a amostra final foi
composta por 83 adolescentes (Meninas: 60 - Meninos: 23).
3.2. Procedimentos prévios:
Alguns procedimentos foram tomados antes do início da coleta de dados,
obedecendo a seguinte ordem:
Envio do projeto de pesquisa, do qual essa dissertação faz parte, ao
Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN. O projeto foi aprovado conforme o parecer
em anexo (CEP/UFRN - Parecer 650.621 – Anexo 1);
Apresentação dos objetivos e da metodologia do projeto à equipe
pedagógica e psicológica da escola para solicitar autorização da instituição mediante
assinatura de carta de anuência e elaborar a programação para coleta de dados;
23
3.3. Critérios de Inclusão e de Exclusão:
Foram incluídos adolescentes de ambos os sexos matriculados em escolas
privadas do município de Natal/RN, cursando a 2ª série do Ensino Médio que
aceitaram participar voluntariamente da coleta de dados, por meio da assinatura do
termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo 2). Indivíduos que relataram a
presença de algum distúrbio do sono ou neurológico e uso de algum psicofármaco
que pudesse interferir no desempenho dos indivíduos nos testes de avaliação
cognitiva foram excluídos da amostra no início da coleta de dados.
3.4. Coleta de dados e estudo piloto
Entre os dias 12/09 e 02/10/2014 foi realizado um estudo piloto. O objetivo
dessa etapa foi verificar a efetividade e ajustar o tempo de aplicação dos
questionários, equipamentos e testes de avaliação neuropsicológica. O estudo
contou com a adesão, via assinatura de termo de consentimento, de 28 alunos da 2ª
série do ensino médio de uma escola da Zona Sul de Natal/RN. Após desistências e
perda de dados e aplicação dos critérios de exclusão, o total de participantes do
estudo foi de 22 adolescentes. Os dados coletados durante o estudo piloto fizeram
parte da amostra final analisada no estudo, na medida em que não houve diferença
na metodologia aplicada posteriormente.
Antes de iniciar a coleta de dados o projeto foi apresentado ao público alvo da
pesquisa, os alunos da escola. Na sequência, foi feita a entrega do termo de
consentimento livre e esclarecido aos estudantes para serem entregues aos
pais/responsáveis legais. Em seguida, ocorreu a devolução dos términos assinados.
24
A coleta ocorreu em duas etapas, utilizando os instrumentos citados no Quadro 1. A
primeira etapa consistia de um levantamento sobre saúde, sonolência, cronotipo,
avaliação econômica e hábitos de vida. A aplicação desse bloco de questionários foi
feita em sala de aula, durante, aproximadamente uma hora, em dia normal de aula,
agendado previamente com a escola. A segunda etapa de coleta iniciava sempre
nas sextas-feiras, quando os alunos recebiam um envelope contendo o diário do
sono e protocolo diário de uso de mídia; e sua conclusão acontecia 11 dias após a
entrega desse material. Os dados sobre o uso de mídia foram coletados: 1- através
da frequência de uso de mídia antes de dormir, por meio de uma questão no diário
do sono; e 2- através da estimativa diária de uso de mídia protocolo de atividades,
por meio do protocolo diário de uso de mídia.
A avaliação cognitiva aconteceu em um dia dentro dos 10 dias de coleta de
dados de sono, para isso os adolescentes eram retirados, individualmente e apenas
uma vez, de sala de aula e levados a uma outra sala, na tentativa de diminuir ao
máximo as interferências externas. Para reduzir a influência da transição do fim de
semana para a semana no alerta dos indivíduos, a tarefa era realizada entre terça e
sexta-feira.
Quadro 1 – Instrumentos utilizados e duração de uso em cada etapa da coleta.
Etapas Instrumentos utilizados Duração
1ª A Saúde e o Sono com questões referentes à saúde geral e avaliação econômica da população;
Escala de Sonolência de Epworth; Cronotipo Horne & Östberg;
Aplicação única;
2ª Diário de sono; 10 dias;
Protocolo diário de uso de mídia; 2 dias na semana e 2 dias no fim de semana;
Tarefa de Execução Contínua Aplicação única
Subteste de Dígitos da Escala Wechsler de Inteligência para crianças (WISC IV)
Aplicação única
Teste de Trilhas Aplicação única
Teste Berg de Classificação de cartas Aplicação única
25
3.5. Avaliação dos hábitos de sono e registro do uso de mídia
3.5.1. Questionário a saúde e o sono
Questionário proposto por Miriam Andrade (Mathias et al., 2006), contendo
originalmente 40 questões sobre saúde geral, conhecimento sobre o sono e hábitos
dos indivíduos. Como o foco dessa pesquisa não era o conhecimento dos indivíduos
sobre o sono e o objetivo da aplicação deste questionário era a coleta de dados para
caracterizar os hábitos de sono gerais dos indivíduos e para aplicação dos critérios
de exclusão, utilizamos uma versão modificada do questionário, removendo toda a
sessão acerca dos conhecimentos sobre o sono e adicionando onze alternativas
sobre questões relacionadas à saúde geral. Esse procedimento foi feito para
caracterização dos problemas de saúde e o uso de medicamentos capazes de afetar
o desempenho nos testes de desempenho executivo e os hábitos de sono (Anexo
3).
3.5.2. Questionário de classificação econômica
A classificação econômica foi feita a partir de modelo de questionário
modificado, adotado em outras pesquisas (Belísio, 2010, 2014), elaborado utilizando
o Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB) proposto pela Associação
Nacional de Empresas de Pesquisa (ANEP, 2008) e inserido no questionário “A
saúde e o sono” (Mathias el al., 2006). Esse levantamento permitiu classificar a
amostra em oito classes econômicas de acordo com a pontuação referente às
respostas quanto às posses e grau de instrução, como mostrado no Quadro 2.
26
Quadro 2 - Pontos e Renda familiar média de acordo com o Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB).
Classe Pontos Renda Familiar Média (R$)
A1 42 a 46 9.733,00
A2 35 a 41 6.564,00
B1 29 a 34 3.479,00
B2 23 a 28 2.013,00
C1 18 a 22 1.195,00
C2 14 a 17 726,00
D 8 a 13 485,00
E 0 a 7 277,00
3.5.3. Escala de Sonolência de Epworth
A escala de Epworth (Johns, 1991) foi desenvolvida utilizando situações
cotidianas hipotéticas, por meio das quais se pode medir o grau de sonolência
diurna de um indivíduo. São 8 perguntas que devem ser pontuadas de 0 (menor
possibilidade de adormecer) a 3 (maior possibilidade de adormecer) (Anexo 4). O
objetivo da utilização desse questionário era contabilizar o total de participantes que
apresentava sonolência diurna excessiva e os que tinham pouca sonolência, para
isso foi utilizado o escore gerado por meio desse levantamento, que varia entre 0 e
24, valores abaixo de 10 pontos são considerados indícios de pouca sonolência,
enquanto valores acima de 10 pontos indicam sonolência excessiva.
3.5.4. Questionário de avaliação de cronotipo de Horne & Östberg
Esse questionário (Horne e Östberg, 1977) consiste em 19 questões, que
devem ser respondidas respeitando a sequência em que estão dispostas. Para essa
pesquisa, foi utilizada a versão adaptada para a população brasileira por Benedito-
Silva et al. (1990). O objetivo dessa ferramenta era avaliar a preferência de horários
de um indivíduo para a realização de atividades ao longo de um dia. Dessa forma,
27
seus escores permitiram classificar o participante em uma das três categorias de
cronotipo: Matutino, intermediário e vespertino. Os menores valores obtidos a partir
das respostas indicam maior tendência à vespertinidade e os maiores, tendência à
matutinidade (Anexo 5).
3.5.5. Protocolo diário de atividades
O uso semanal de mídia foi estimado por meio de uma versão adaptada do
protocolo proposto originalmente por Knauth et al. (1983) e adaptado para língua
portuguesa por Fischer et al. (1987). O preenchimento foi feito durante dois dias no
meio da semana e dois dias de um fim de semana. Neste protocolo são registrados
os horários de início e fim, e consequentemente a duração do uso de diferentes tipos
dispositivos eletrônicos (celular, computador, tablet, televisão e vídeo-game). Numa
escala de intervalos de quinze minutos que monitora às 24 horas do dia. O uso de
cada dispositivo eletrônico foi registrado por uma reta traçada entre os horários de
início e fim do uso do dispositivo (Anexo 6).
3.5.6. Diário do sono
Objetivava registrar os hábitos de sono tais como horário de deitar e levantar,
forma de despertar, e frequência e duração de cochilos. A este questionário foi
adicionada uma escala para avaliação de sonolência ao acordar. Foi utilizada uma
versão adaptada por Belísio (2014) da Escala de Sonolência ilustrada com faces de
Maldonado et al. (2004) (Anexo 7). O diário foi preenchido durante os 10 dias de
coleta.
28
O uso de mídia antes de dormir foi avaliado por meio de uma questão do
diário do sono “O que estava fazendo antes de dormir?”, calculando a frequência
com a qual os indivíduos fazem uso de dispositivos eletrônicos antes de deitar.
3.5.7. Avaliações cognitivas
Entre as terças e sextas, os alunos eram, individualmente, levados a outra
sala para a aplicação dos testes cognitivos, essa bateria de testes durava em média
50 minutos por pessoa e era realizada apenas uma vez com cada participante. A
aplicação era realizada entre às 8:00h e 10:15h.
3.5.8. Tarefa de Execução Contínua – CPT
Os componentes da atenção foram avaliados por meio de uma versão da
Tarefa de execução contínua (Figura 1) modificada por Valdez et al. (2005). Esta
tarefa consiste na apresentação de estímulos numéricos exibidos na tela branca de
um computador, com medição de 15 polegadas, localizada 60 cm a frente do
participante com fonte do dígito Arial 60.
Para responder aos estímulos, os jovens devem utilizar os dedos indicador,
médio e anular para pressionar respectivamente as teclas 1, 2 e 3. O número 1
deverá ser acionado quando aparecer qualquer número entre “0” e “8”. O número 2
é pressionado quando surgir no centro da tela o número “9”; quando após o número
“9” surgir um “4”, o participante deve acionar a tecla “3”.
A tarefa consiste em 27 blocos de 20 estímulos, sendo 14 estímulos
diferentes de “9”, 4 estímulos “9” e 2 estímulos “4” após o “9”. A duração da
29
apresentação dos estímulos é de 100 milissegundos e os intervalos entre os
estímulos variam entre 1000 a 1400 milissegundos. A duração total da tarefa é de 12
minutos e 12 segundos, totalizando, ao final, a apresentação de 540 estímulos.
Na execução da tarefa, respostas diferentes de “9” são aceitas como medidas
do alerta tônico, as respostas aos estímulos iguais a “9” são consideradas como
medidas da atenção seletiva, enquanto o alerta fásico é considerado responder o “4”
após um “9”. Por fim, a atenção sustentada ou vigilância corresponde à capacidade
do indivíduo de manter o foco na tarefa que está realizando ao longo dos 12 minutos
e 12 segundos de teste.
Ao chegar na sala de aplicação, o participante era colocado frente ao
computador a ser usado, onde era instruído sobre as regras da tarefa e realizada um
breve treino de duas etapas. Na primeira, o aplicador controlava a velocidade com a
qual os estímulos apareciam, na segunda parte do treino, acontecia uma breve
simulação do que acontece durante a execução da tarefa. Os resultados dos treinos
não foram incluídos na análise dos dados.
Figura 1 - Teste de execução contínua (CPT).
30
3.5.9. Subteste de dígitos da Escala Wechsler de Inteligência para crianças
(WISC IV)
O subteste de dígitos faz parte da Escala Wechsler de Inteligência para
crianças (WISC IV) e é uma medida de memória de curto prazo e de memória
operacional, sendo constituído de duas etapas, em que o indivíduo deve responder a
sequências numéricas crescentes de duas formas: na ordem direta, o indivíduo deve
repetir os números na sequência que lhe foi informada, enquanto na ordem indireta,
os indivíduos devem repetir a sequência no sentido inverso ao que lhe foi informado.
3.5.10. Teste de Trilhas
O teste de Trilhas foi utilizado como medida de flexibilidade cognitiva, uma
vez que é constituído por duas partes: (A), que investiga o rastreamento
visuoperceptual, velocidade de processamento e atenção; e (B), que investiga,
adicionalmente, a flexibilidade cognitiva e a inibição (Strauss & Spreen, 2006;
Howieson & Lezak, 2014). Na parte A, os indivíduos devem ligar, de maneira
crescente, 25 círculos numerados, e na parte B os indivíduos devem ligar, de
maneira crescente e alternada, 25 círculos contendo letras e números, de modo que
nunca dois números ou duas letras estejam ligadas.
3.5.11. Teste de Berg de classificação de cartas
Uma das medidas de flexibilidade cognitiva foi realizada por meio do teste de
Berg de Classificação de Cartas (Berg’s Card Sorting Test – BCST) (Figura 2), que
31
foi originalmente desenvolvido por Esta A. Berg, na Universidade de Wisconsin
(EUA), em 1948 e publicado no artigo “A simple Objective Technique for Measuring
Flexibility in Thinking”, com o objetivo de medir a capacidade de raciocínio lógico de
adultos saudáveis. Contudo, hoje em dia, este teste é bastante utilizado como um
instrumento de avaliação neuropsicológica. Por meio desse teste é avaliado o
funcionamento executivo, especificamente o processo de flexibilidade cognitiva,
podendo ainda avaliar outros processos, como planejamento e abstração (Heaton et
al., 1993).
Nesse teste, os escores obtidos pelos indivíduos são comparados a
pontuações padronizadas para a faixa etária. A versão utilizada na pesquisa é obtida
gratuitamente através do Psychology Experiment Build Language (PEBL), que é um
conjunto de programas que permite a criação de testes computadorizados para uso
experimental e para testes neuropsicológicos. Sua utilização segue as mesmas
regras da padronização realizada por Heaton et al. (1993; 2005), que consiste em
quatro cartas chaves, utilizadas como estímulo, porém com apenas um baralho de
64 cartas resposta. As cartas respostas podem ser classificadas de acordo com três
critérios: cor (amarelo, azul, vermelho e verde), forma (cruz, bola, triângulo e estrela)
e número (de um a quatro desenhos com a mesma forma). O participante deve
classificar as cartas do baralho com o critério que escolher entre as cartas chaves,
precisando, dessa forma, entender qual o critério que está sendo usado. Após dez
respostas corretas consecutivas, o aplicador muda a forma de classificar, sem que o
participante saiba e este, novamente, precisará descobrir qual é o novo classificador.
A aplicação desse teste foi realizada por alunos do curso de Psicologia da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, juntamente com os demais testes
cognitivos.
32
Figura 2 - Teste de Berg de classificação de cartas
3.6. Análise de Dados
3.6.1. Variáveis
De acordo com os objetivos do trabalho, selecionamos as variáveis de
interesse e todas as outras que possam interferir na análise, conforme organizadas
nos Quadros 3, 4 e 5.
Os dados de mídia foram coletados por meio: 1- do protocolo diário de
atividades, que era preenchido durante dois dias na semana (terça e quarta-feira ou
quarta e quinta-feira) e durante um fim de semana, fornecendo uma estimativa diária
de uso de mídia; e 2- por meio da pergunta “O que estava fazendo antes de dormir?”
33
inclusa no Diário do sono, essa questão foi respondida ao longo dos 10 dias de
coleta e forneceu uma frequência de uso de mídia antes de dormir.
Para a caracterização dos hábitos de sono, utilizamos os horários de deitar e
levantar, a partir dos quais calculamos o tempo na cama na semana e no fim de
semana. Além disso, utilizamos medidas de irregularidade do sono, calculadas a
partir do desvio padrão dos horários de deitar e levantar ao longo dos dias de coleta.
A irregularidade do tempo na cama foi obtida pela diferença entre a média do tempo
na cama no fim de semana em relação à semana. Por fim, analisamos os cochilos
por meio da frequência de cochilos e da duração média na semana e fim de
semana.
A sonolência diurna foi obtida através da escala de sonolência de: (a)
Epworth, que a partir de um escore classifica os indivíduos entre aqueles que
apresentam sonolência excessiva e aqueles com pouca sonolência; e (b)
Maldonado, que quantifica o nível de sonolência em uma escala que varia de 1 a 9.
Por fim, os dados de desempenho cognitivo foram avaliados através dos
escores dos testes. Para a tarefa de atenção, utilizamos 3 escores (tempo de
reação, respostas corretas e percentual de omissões) para os 4 componentes. Para
a atenção sustentada acrescentamos os escores de estabilidade, calculados pela
regressão linear entre os blocos da tarefa e: o número de respostas corretas e o
tempo de reação médio em cada bloco. Para a avaliação da memória operacional,
selecionamos os escores da ordem inversa do substeste de dígitos, utilizando o
número de dígitos recordados, os pontos e os escores alcançados.
Por fim, a flexibilidade cognitiva foi analisada por dois testes. No teste de
Trilhas, utilizamos o tempo total necessário para realizar a versão B do teste.
34
Enquanto no teste de Berg de classificação de cartas, utilizamos todos os escores
produzidos pelo teste, tanto o valor total, quanto em percentual.
Quadro 3 - Variáveis de Interesse, dependentes e formas de medidas.
Variáveis de Interesse Variáveis Forma de medir
Hábitos de Sono Tempo na cama na semana; Tempo na cama no final de
semana; Horário de deitar; Horário de levantar; Irregularidade nos horários
de sono;
Diário de sono;
Cochilo: Horário de Início, Horário de Final, Duração
Diário;
Sonolência Diurna Índice de Epworth (%Sonolência Excessiva/ %Pouca sonolência); Índice na Escala de
Maldonado
Escala de Sonolência de Epworth; Escala de Sonolência de Maldonado;
Atenção Escores do CPT CPT
Memória operacional Escores do Subteste de Dígitos Subteste de Dígitos
Flexibilidade cognitiva Escores do Teste de Berg; Escores do teste de Trilhas;
Teste de Berg; Teste de Trilhas;
Quadro 4 - Escores dos testes utilizados na coleta de dados cognitivos.
Instrumento de medida Escores
Tarefa de execução contínua
% respostas corretas dos componentes da atenção; Tempo de reação dos componentes tônico, fásico e
seletivo; Eficiência da estabilidade ao longo da tarefa (em
termos do tempo de reação e do percentual de respostas corretas);
Subteste de dígitos Número de dígitos, pontos e escores na ordem direta e indireta;
Teste de trilhas Escore na versão A e na versão B;
Teste de Berg de Classificação de cartas
Total de: categorias completadas, respostas corretas, erros, respostas perseverativas, erros perseverativos, erros não perseverativos e erros únicos;
Percentual de: respostas corretas, erros, respostas perseverativas, erros perseverativos, erros não perseverativos;
Tentativas para completar a primeira categoria; Fracasso em manter o contexto; Nível de resposta conceitual;
35
Quadro 5 - Variáveis independentes e formas de medir.
Variáveis Independentes Forma de Medir
Estimativa diária de uso de mídia Protocolo diário de uso de mídia
Frequência do uso de mídia antes de dormir Diário de sono
3.6.2. Testes estatísticos
A análise dos dados desse trabalho foi realizada a partir de duas formas de
medição do uso de mídia dos participantes. A primeira forma, através do protocolo
diário de atividades, forneceu uma estimativa do tempo diário de uso de mídia, que
foi calculado a partir da soma dos tempos de uso de cada um dos dispositivos
eletrônicos (televisão, tablet, computador, videogame e celular) durante os dois dias
de coleta na semana e os dois dias de coleta no fim de semana. Para estimar o
tempo de uso diário de mídia, os valores de tempo de uso de mídia nos dias da
semana foram somados e divididos por 2, o mesmo foi feito para o valor obtido no
fim de semana, obtendo, assim, o tempo diário de uso de mídia na semana e no fim
de semana, respectivamente. A estimativa diária total foi gerada a partir da divisão
do valor total encontrado por 4.
A segunda maneira de medir o uso de mídia dos adolescentes, através da
pergunta “O que estava fazendo antes de dormir?” presente no diário do sono,
forneceu um escore diário. Esse escore estimou a frequência de uso de mídia antes
de dormir, correspondendo a um escore gerado a partir de respostas binárias para o
uso dos dispositivos eletrônicos (0 para “não” e 1 para “sim”). Esse escore podia
variar de 0 a 40, pois foram registrados 4 equipamentos (televisão, computador,
videogame e celular) ao longo de 10 dias. A partir disso, a amostra foi dividida em
36
três grupos, caracterizados por uma frequência de: até 6 dias de uso (Grupo 1);
entre 6 e 9 dias de uso (Grupo 2); e por usar todos os dias (10 dias), podendo utilizar
mais de um dispositivo por dia (Grupo 3). Estes grupos corresponderiam a um uso
baixo, moderado e elevado de mídia antes de dormir, respectivamente. Para chegar
a esses valores, utilizamos a mediana do escore gerado para frequência de uso, que
dividiu a amostra em dois grupos desbalanceados. Em seguida, utilizamos uma
análise de quartis para estabelecer um ponto de corte que criou os grupos 1 e 2.
Em função do tempo diário e geral de uso de mídia, foram realizadas
correlações com os parâmetros de sono, sonolência diurna e os escores dos testes
cognitivos (atenção, memória operacional e flexibilidade cognitiva).
Para a comparação dos padrões de sono, sonolência diurna e desempenho
cognitivo entre os grupos em função da frequência de uso de mídia antes de dormir,
utilizamos os dados de 7 dos 10 dias de aplicação do diário de sono, excluindo o
primeiro fim de semana de coleta devido a um evento social pontual nos estudantes
de uma escola que alterou os horários de sono.
Para testar a hipótese de que existe diferença nos padrões temporais de sono
(horários de deitar, levantar e o tempo na cama ao longo dos dias de coleta) e
sonolência ao acordar (escala de Maldonado) entre os grupos de adolescentes em
função da frequência de uso de mídia antes de dormir, foram realizados testes
ANOVA Fatorial, com os grupos e o dia da semana (“semana” e “fim de semana”)
como fatores, com pós-teste de Bonferroni para identificar entre quais grupos havia
diferença.
A irregularidade de deitar e levantar, calculadas pelo desvio padrão dos
horários de deitar e levantar ao longo dos 7 dias de aplicação do diário de sono, e a
37
diferença do tempo na cama entre fim de semana e semana, foi comparada através
de ANOVA One-way e Kruskal-Wallis, respectivamente.
Os hábitos de sono (motivo para acordar, forma como foi acordado e o que
estava fazendo antes de dormir), a classificação econômica e a sonolência diurna
excessiva entre os grupos de acordo com a frequência de uso de mídia antes de
dormir foram analisados através do teste de Qui-quadrado (X²).
Os escores de cada componente dos testes cognitivos (CPT, Subteste de
dígitos, Teste de Trilhas e o Teste de Berg de classificação de cartas) foram
comparados entre os grupos em função da frequência de uso de mídia antes de
dormir utilizando o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis, seguido do Mann-
Whitney como pós-teste.
38
4. Resultados
4.1. Classificação sócio-demográfica da amostra
A amostra final foi de 83 adolescentes, cuja média de idade foi de 15,8 (±0,8)
anos. Apesar da maioria dos indivíduos ser do sexo feminino, não encontramos
diferenças entre as médias de idade de acordo com o sexo. Em relação a
classificação econômica dos indivíduos, a maioria da população (76%) está
distribuída entre as classes A2 e B2.
Na comparação entre os grupos de frequência de uso de mídia antes de
dormir, pôde-se observar um maior percentual de indivíduos entre as classes A2 e
B1 no Grupo 2 quando comparado ao Grupo 1 (X²=21,7; p<0,05), e quando
comparado com o Grupo 3 (X² = 136,07; p<0,01). Não houve diferença entre os
grupos 1 e 3 quanto à classificação econômica (X²=8,65; p=0,27).
Tabela 1 - Percentual de indivíduos por sexo, média e desvio da idade em função dos grupos de frequência de uso de mídia antes de dormir.
Sexo (%)
Grupo 1 (n=18)
Grupo 2 (n=41)
Grupo 3 (n=24)
p
Feminino 61,11% 73,17% 79,17% p<0,05¹²* p=0,13³
Masculino 38,89% 26,83% 20,83%
Idade (Anos) 16 ± 0,59 15,68 ± 0,75 15,75 ± 0,84 p=0,20**
¹Qui-quadrado G1xG2; ²G1XG3;³G2XG3; *Qui-quadrado, p<0,05; **Kruskal-Wallis, p>0,05
Tabela 2 - Classificação econômica dos indivíduos dos grupos de uso de mídia antes de dormir
Classificação econômica Grupo 1
(%) Grupo 2
(%) Grupo 3
(%) Total Geral
(%)
A1 0 0 0 0
A2 6,0 12,1 4,8 22,9
B1 3,6 19,3 2,4 25,3
B2 9,6 8,4 9,6 27,7
C1 2,4 6,0 10,8 19,3
C2 0,0 3,6 1,2 4,8
D 0 0 0 0
39
4.2. Caracterização do uso de mídia
Independente dos dias da semana, o dispositivo mais utilizado pelos
indivíduos é o celular seguido pelo computador e televisão (Anova, F(1,820)=97,15,
p<0,05 – Bonferroni, p<0,05 – Figura 3). O tempo de uso total é maior no fim de
semana em relação à semana (Anova, F(1,820)=4,64, p<0.05 – Figura 3).
Figura 3 – Estimativa diária de uso (média ± erro padrão) de cada dispositivo de mídia na semana e no fim de semana. a,b,cLetras diferentes representam diferenças significativas (Anova, p<0,05).
4.3. Estimativa diária de uso de mídia e padrões temporais do sono
Não foram encontradas correlações estatisticamente significativas entre os
parâmetros do sono e a estimativa diária de uso de mídia (Tabela 3 - Pearson,
p>0,05). Contudo, foi encontrada uma correlação negativa moderada entre a
estimativa diária de uso de mídia e a duração dos cochilos no fim de semana, ou
seja, a medida que aumenta o tempo de uso de mídia, ocorre uma redução na
duração dos cochilos no fim de semana; e uma correlação positiva fraca entre a
40
duração do uso de mídia e a sonolência ao acordar, de modo que os indivíduos que
utilizam mais mídia reportaram maiores níveis de sonolência ao acordar.
Tabela 3 - Correlações entre os parâmetros de sono e o tempo total de uso de mídia.
Parâmetros r p
Escore de cronotipo -0,018a 0,869
Escore de sonolência 0,075b 0,502
Sonolência ao acordar
Semana 0,380*a 0,001
Fim de semana 0,200b 0,06
Horário de deitar
Semana -0,284 0,239
Fim de semana 0,151a 0,538
Horário de levantar
Semana -0,394b 0,095
Fim de semana -0,010a 0,967
Tempo na cama
Semana 0,215b 0,376
Fim de semana -0,108a 0,66
Irregularidades
Deitar 0,030b 0,877
Levantar 0,168a 0,129
Tempo na cama -0,026b 0,816
Duração do tempo na cama entre fim de semana e semana 0,119b 0,283
Cochilo
Semana -0,011b 0,964
Fim de semana -0,659b* 0,002*
Tempo diário na cama (Sono noturno e cochilo) Semana 0,048a 0,663
Fim de semana 0,120b 0,279 aCorrelações de Spearman; bCorrelação de Pearson, * p<0,05.
4.4. Uso de mídia e atenção
Foi encontrada, apenas, uma correlação negativa fraca (Pearson, r=-0,23,
p=0,03) entre o tempo total de uso de mídia dos indivíduos e um dos indicadores da
atenção sustentada, a estabilidade da eficiência ao longo da tarefa (medida pela
regressão linear entre os blocos da tarefa e o tempo de reação médio de cada
41
bloco), indicando que os sujeitos que utilizavam mais mídia tinham um valor mais
negativo para o coeficiente de regressão desse indicador, ou seja, um menor tempo
de reação com o decorrer da tarefa (Tabela 4). Os demais escores da Tarefa de
execução contínua não apresentaram resultados significativos.
Tabela 4 – Correlações entre a estimativa diária de uso de mídia e os componentes da atenção.
Componentes r p
Alerta Tônico Tempo de reação médio -0,025368a 0,819
Percentual de respostas corretas 0,062207a 0,576
Percentual de omissões -0,005879a 0,957
Atenção Seletiva Tempo de reação médio -0,040219a 0,718
Percentual de respostas corretas 0,016599a 0,881
Percentual de omissões 0,003154a 0,977
Alerta Fásico Tempo de reação médio -0,026710a 0,811
Percentual de respostas corretas -0,079387a 0,475
Percentual de omissões -0,028468a 0,798
Atenção Sustentada Tempo de reação médio -0,023153a 0,835
Percentual de respostas corretas 0,032701a 0,769
Percentual de omissões 0,000909a 0,993
Estabilidade Geral 0,036535a 0,742
Estabilidade da eficiência ao longo da tarefa (tempo de reação)
-0,237300*b 0,031*
Estabilidade da eficiência ao longo da tarefa (respostas corretas) 0,056700b
0,611
aCorrelações de Spearman; bCorrelação de Pearson, * p<0,05.
4.5. Uso de mídia e memória operacional
Não foram encontradas correlações entre o uso total de mídia e os
componentes do Subteste de Dígitos, que são indicativos do funcionamento da
memória operacional (Pearson, p>0,05 - Tabela 5). Apenas os indicadores de
memória de curto prazo se correlacionam, positiva e fracamente, com o tempo total
42
de uso de mídia, ou seja, os indivíduos que apresentam maiores tempos de uso de
mídia semanal são aqueles que tendem a apresentar melhor desempenho na ordem
direta do subteste de dígitos, um indicativo de melhor desempenho na atenção
básica.
Tabela 5 - Correlação de Pearson entre o tempo total de uso de mídia e os componentes do Subteste de dígitos.
Componentes r p
Subteste de Dígitos
Dígitos na ordem direta 0,181808 0,100
Dígitos na ordem inversa 0,068823 0,536
Pontos na ordem direta 0,222845* 0,043*
Pontos na ordem indireta 0,146505 0,186
Escore total na ordem direta 0,229370* 0,037*
Escore total na ordem indireta 0,083055 0,455
* p<0,05.
4.6. Uso de mídia e flexibilidade cognitiva
Houve apenas uma correlação negativa fraca (Pearson, r=-026, p<0,05) entre
o total de uso de mídia e o total de erros únicos do Teste de Berg de classificação de
cartas, de modo que os indivíduos que mais utilizavam mídia cometiam menos erros
aleatórios (Tabela 6). Os demais escores não apresentaram correlações
significativas com a estimativa diária de uso de mídia.
43
Tabela 6 - Correlações de Pearson entre os componentes dos testes de Flexibilidade cognitiva e o tempo total de uso de mídia.
Componentes r p
Teste de Berg
Total de categorias completadas 0,075290 0,499
Total de respostas corretas 0,117967 0,288
Percentual de respostas corretas 0,110657 0,319
Total de erros -0,125082 0,260
Percentual de erros -0,121861 0,272
Total de respostas perseverativas 0,157358 0,155
Percentual de respostas perseverativas 0,151318 0,172
Total de erros perseverativos 0,074711 0,502
Percentual de erros perseverativos 0,072690 0,514
Total de erros não perseverativos -0,162320 0,143
Percentual de erros não perseverativos -0,136602 0,218
Tentativas para completar a primeira categorias -0,107285 0,334
Fracasso em manter o contexto -0,119260 0,283
Nível de resposta conceitual 0,132287 0,233
Total de erros únicos -0,262200* 0,017*
Teste de Trilhas
Trilhas A -0,118701 0,285
Trilhas B 0,021261 0,849 * p<0,05.
4.7. Análise por frequência de uso de mídia antes de dormir
4.7.1. Atividade antes de dormir
Durante a semana, a televisão e o celular foram mais relatados como a atividade
que estavam fazendo antes de dormir pelos grupos 2 e 3 (G2xG3: X²=9,70, p=0,20)
quando comparado ao grupo 1 (G1xG2: X²=24,59, p<0,05; G1xG3: X²=41,31,
p<0,05) como representado na Figura 4. Enquanto o G1 relatou celular em menor
proporção e maior proporção de outras atividades (que incluem ler, ouvir música e
conversar)
44
No fim de semana, a televisão foi relatada como principal atividade antes de
dormir pelo grupo 3, quando comparado aos grupos 1 (X²=145,86, p<0,05) e 2
(X²=36,09, p<0,05). Os grupos 1 e 2 não diferiram significativamente, porém o G2
apresentou maior percentual de indivíduos que relataram o uso do celular antes de
dormir. O grupo 1 apresentou mais relatos de festa e de estudo antes de dormir.
Figura 4- Frequência das atividades realizadas pelos adolescentes de cada grupo antes de dormir.
Pe
rce
ntu
al
de
ad
ole
sce
nte
s
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Semana Fim de semana
Televisão Computador
Videogame Estudo
Trabalho Festa
Celular Outras atividades
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Semana Fim de semana
Televisão Computador
Videogame Estudo
Trabalho Festa
Celular Outras atividades
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Semana Fim de semana
Televisão Computador
Videogame Estudo
Trabalho Festa
Celular Outras atividades
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
0%
100%
Semana Fim de semana
Outras atividades
Celular
Festa
Trabalho
Estudo
Videogame
Computador
Televisão
45
4.7.2. Motivo para o horário de acordar
Não há diferença entre os grupos quanto ao motivo de acordar, predominando
o horário escolar como principal motivo para acordar durante a semana.
No fim de semana, foram encontradas diferenças entre todos os grupos. Entre
os grupos 1 e 2 (X²=23,38, p<0,05), a diferença está entre os relatos de: acordar
para ir para escola e acordar para passear, apontados por um maior percentual de
indivíduos do grupo 2, e de acordar para realizar alguma atividade religiosa, mais
relatado pelo grupo 1.
Figura 5 – Frequência dos relatos dos motivos para acordar por grupo de uso de mídia.
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
Semana Fim de semana
Outro motivo
Passear
Atividade religiosa
Viajar
Atividade física
Escola
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
Semana Fim de semana
Outro motivo
Passear
Atividade religiosa
Viajar
Atividade física
Escola0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
Semana Fim de semana
Outro motivo
Passear
Atividade religiosa
Viajar
Atividade física
Escola0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
Semana Fim de semana
Outro motivo
Passear
Atividade religiosa
Viajar
Atividade física
Escola
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Per
cen
tual
de
ado
lesc
ente
s
46
4.7.3. Forma de despertar
Na semana, o despertador foi a forma de despertar mais utilizada pelo Grupo
2 (Figura 6), quando comparado com os grupos 1 (X²=16,89, p<0,05) e 3 (X²=19,31,
p<0,05). Os grupos 2 e 3 (X²=32,49, p<0,05) diferem na semana quanto ao maior
percentual de indivíduos que relatam usar o despertador no grupo 2 e um maior
percentual de jovens que acordam com a ajuda de alguém, no grupo 3.
No fim de semana, os grupos 1 e 2 (X²=5,6, p=0,06) tendem a diferir devido a
um maior percentual de indivíduos que são acordados por alguém no grupo 1,
enquanto no grupo 2 o maior percentual é de indivíduos que relatam acordar
espontaneamente. Os grupos 1 e 3 (X²=3,72, p=0,15) apresentam um padrão de
despertar semelhante. Enquanto os grupos 2 e 3 (X²=6,48, p=0,03) diferem quanto a
um maior percentual de indivíduos que relatam acordar com a ajuda de alguém no
grupo 3, e um maior percentual de indivíduos que dizem acordar espontaneamente
no grupo 2.
47
Figura 6 – Forma de despertar dos indivíduos por grupo de frequência de uso de mídia.
34,4%
13,9%
44,4%
22,2%
20,0%
58,3%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
Semana Fim de semana
Despertador Alguém chamou Sozinho
50,2%
12,2%
27,8%
14,6%
14,6%
68,3%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
Semana Fim de semana
Despertador Alguém chamou Sozinho
30,0%
8,3%
55,8%
22,9%
8,3%
58,3%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
Semana Fim de semana
Despertador Alguém chamou Sozinho
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
30,0%
8,3%
55,8%
22,9%
8,3%
58,3%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
Semana Fim de semana
Despertador Alguém chamou Sozinho
Perc
entu
al d
e ad
ole
scen
tes
48
4.7.4. Padrões temporais de sono
Os grupos diferiram quanto ao horário de deitar (Anova F(2,564)=8,03 p<0,05 -
Bonferroni, p<0,05 - Figura 7 e Tabela 8), de modo que os indivíduos do G1 deitam
cerca de 21 e 44 minutos mais cedo que os indivíduos do G2 e G3, respectivamente.
Independente do grupo, os horários de deitar na semana e no fim de semana
também diferiram. De maneira geral, os indivíduos deitam cerca de 1h e 10 min mais
cedo na semana (Anova F(1,564)=61,7,29; p<0,05 – Bonferroni, p<0,05 - Figura 7 e
Tabela 8). Porém, não foram encontradas diferenças significativas quando os
horários de deitar dos grupos são comparados na semana e no fim de semana,
separadamente (Anova F(2,564)=0,30, p=0,73).
Os grupos diferiram quanto aos horários de levantar (Anova F(2,556)=9,76;
p<0,01 – Bonferroni, p<0,05). De maneira geral, os indivíduos do G1 levantam cerca
de 20 e 31 minutos mais cedo que os grupos 2 e 3, respectivamente. No fim de
semana, os adolescentes do G1 levantam cerca de 1h e 06 min mais cedo que os
jovens do G2 e cerca de 1h e 28 min mais cedo que os do G3 (Figura 7 e Tabela 8).
Além disso, a amostra como um todo difere nos horários de levantar da semana e do
fim de semana (Anova F(2,556)=8,11; p<0,01 – Bonferroni, p<0,05). A diferença média
nos horários de levantar desses dias é de cerca de 3h e 09 min (Figura 7 e Tabela
8).
Os grupos não diferiram em relação ao tempo na cama ao longo dos dias da
semana e fim de semana (Anova F(2,553)=0,211; p=0,80 - Figura 7 e Tabela 8).
Quando comparado o tempo na cama, de maneira geral, entre a semana e o fim de
semana, foram encontradas diferenças significativas (Anova F(1,553)=152,55, p<0,05),
de cerca de 2h e 02 min a mais de sono no fim de semana. Além disso, quando o
49
tempo na cama na semana e no fim de semana, foi comparado entre os grupos, foi
encontrada diferença significativa (Anova F(2,553)=4,32, p=0,01 – Bonferroni, p=0,06),
de modo que os adolescentes do G1 passam cerca de 34 minutos a mais na cama
quando comparados ao G3.
O tempo diário na cama (sono noturno e cochilo) não diferiu entre os grupos,
quando desconsideramos o dia da semana (Anova F(2,575)=0,76, p=0,46), porém
diferiram entre semana e fim de semana (Anova F(2,575)=62,03, p<0,05). Na semana,
foi encontrada diferença no tempo diário na cama entre os grupos 1 e 3 (Anova
F(2,575)=3,11, p=0,04 – Bonferroni p<0,05), na qual os indivíduos do grupo 1
apresentam maior tempo diário na cama, quando comparados aos adolescentes do
grupo 3. Nenhuma diferença entre os grupos foi encontrada no fim de semana
(Anova, p>0,05).
50
Tabela 8 - Médias e desvios padrões dos horários de sono, duração e frequência dos cochilos dos grupos por frequência de uso de mídia.
¹Qui-quadrado G1 x G2; ²Qui-quadrado G1 x G3; ³Qui-quadrado G2 x G3. 4Anova Fatorial; 5Kruskal-Wallis; 6Anova One-way.aDiferenças entre G1 e G2; bDiferença entre G1 e G3; cDiferença entre G2 e G3.
Características Grupo 1 (n=18)
Grupo 2 (n=41)
Grupo 3 (n=24)
p (grupos)
p (dias)
Horário de deitar (h: min)
p<0,054 p<0,054
Semana 22:52 ± 01:06 23:14 ± 01:16 23:37 ± 01:21 p>0,054
Fim de Semana 23:55 ± 01:58 00:31 ± 01:37 00:43 ± 02:08 p>0,054
Horário de levantar (h:min)
p<0,054 p<0,054
Semana 06:09 ± 00:55 06:07 ± 00:43 06:15 ± 00:50 p>0,054
Fim de Semana 08:21 ± 02:07 09:27 ± 02:14 09:49 ± 02:05 p<0,054ab
Tempo na cama (h:min)
p=0,804 p<0,054
Semana 07:08 ± 00:55 06:54 ± 01:13 06:37 ± 01:20 p=0,064c
Fim de Semana 08:31 ± 02:12 09:01 ± 02:05 09:02 ± 02:04 p>0,054
Cochilo (h:min)
p=0,024
Semana (%) 35,6 28,8 28,3 p>0,05¹²³
Início 12:17 ± 00:35 14:07 ± 00:27 13:34 ± 00:48 p=0,784
Fim 13:36 ± 01:01 15:37 ± 00:26 15:23 ± 00:28 p=0,854
Duração 01:28 ± 01:18 01:34 ± 00:55 02:20 ± 01:43 p=0,804
Fim de semana (%) 25 13,41 14,58 p<0,05¹²³
Início 11:31 ± 00:49 13:24 ± 00:52 12:46 ± 00:13 p=0,784
Fim 11:51 ± 00:45 14:55 ± 00:56 15:50 ± 00:11 p=0,854
Duração 02:00 ± 00:38 01:46 ± 00:52 02:30 ± 01:18 p=0,804
Tempo diário na cama (h:min) p=0,464 p<0,054
Semana 07:45 ± 01:40 07:06 ± 01:50 06:42 ± 02:16 p=0,0454b
Fim de semana 08:40 ± 02:47 09:07 ± 02:42 09:02 ± 03:18 p>0,054
Irregularidades (h:min)
Deitar 01:09 ± 00:38 01:11 ± 00:39 01:04 ± 00:29 p=0,755
Levantar 01:32 ± 00:38 01:53 ± 00:47 01:56 ± 00:49 p=0,195
Tempo na cama 01:33 ± 00:38 01:37 ± 00:46 01:45 ± 00:39 p=0,666
Sonolência ao acordar
p<0,054abc p<0,054
Semana 5,65 ± 2,28 4,85 ± 1,88 4,37 ± 2,19 p>0,054
Fim de semana 3,97 ± 2,26 3,48 ± 1,94 2,86 ± 1,81 p>0,054
51
Figura 7 – Horários de deitar, levantar e o tempo na cama (média ± erro padrão) dos grupos em função da frequência de uso de mídia antes de dormir.
52
Irregularidade nos horários de deitar e levantar
Os grupos não diferiram em relação à irregularidade nos horários de deitar e
levantar ao longo dos dias da semana e fim de semana (Kruskal-Wallis, p>0,05 -
Tabela 8).
Irregularidade no tempo na cama entre semana e fim de semana
Não há diferença entre os grupos quanto à irregularidade do tempo na cama
dos indivíduos entre semana e fim de semana (Anova, p>0,05). Embora exista uma
diferença de 01:00h na diferença média no tempo na cama entre fim de semana e
semana do G1 em relação aos demais.
Cochilos
A frequência de cochilos não diferiu entre os grupos durante a semana
(Tabela 8 – G1 x G2: X²=1,95; p=0,16; G1 x G3: X²=2,02; p=0,15; G2 x G3: X²=1,15;
p=0,28). No final de semana, o grupo 1 teve uma frequência de cochilos maior que
os grupos 2 (X²=10,76; p<0,05) e 3 (X²=8,48; p<0,05).
De maneira geral, o G1 diferiu do G2 quanto aos horários de início de cochilo
(F(2,141)=4,41; p=0,01 – Bonferroni, p<0,01) e dos demais grupos quanto aos horários
de término do cochilo (F(2,141)=4,96; p=0,02 – Bonferroni, p<0,05), iniciando e
terminando os cochilos mais cedo. O G3 diferiu dos demais grupos quanto à
duração dos cochilos (F(2,141)=3,80; p=0,02 – Bonferroni, p<0,05), apresentando
maiores durações de cochilos.
53
Sonolência diurna excessiva
De uma forma geral, os estudantes apresentam sonolência diurna excessiva.
Em cada grupo, há maiores percentuais de sonolência excessiva, o que se reflete no
resultado geral. Entre os grupos, o maior percentual de sonolência excessiva foi
observado no grupo 1 (G1 x G2: X²=28,23, p<0,05; G1 x G3: X²=9,96, p<0,05; G2 X
G3: X²=5,42, p<0,05 -Figura 8).
Figura 8 – Percentual de indivíduos com sonolência diurna excessiva nos grupos de frequência de uso de mídia (Escala de Sonolência de Epworth).
Sonolência ao acordar
Os grupos diferiram em relação aos níveis de sonolência ao acordar
(F(2,564)=9,79; p<0,01 – Bonferroni, p<0,05), de maneira que o G1 reportou níveis de
sonolência mais elevados que o G2 e G3, e o G2 relatou níveis de sonolência mais
elevados que o G3. Independente do grupo, há uma redução nos níveis de
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Geral
%
Pouca sonolência
Sonolência excessiva
* *
54
sonolência no fim de semana em relação à semana (F(1,564)=57,40; p<0,05 –
Boferroni, p<0,05 – Figura 9 e tabela 8).
Figura 9 - Sonolência ao acordar (médias e erro padrão) entre os grupos de frequência de uso de mídia (Escala de sonolência ilustrada com faces de Maldonado).
4.7.5. Avaliação da atenção
Os grupos não diferiram em relação aos componentes da atenção, quando o
critério de avaliação foi percentual de respostas corretas e tempo de reação de cada
componente (Kruskal-Wallis, p>0,05 – Figura 10).
Os indivíduos do grupo 1 apresentaram um menor percentual de omissões no
indicador de alerta fásico em relação ao grupo 2 (H(2,83)=9,86; p<0,05 – Mann-
Whitney, p<0,05). Além disso, houve uma tendência a um menor percentual de
omissões em relação à atenção sustentada neste grupo (H(2,83)=5,49; p=0,06 –
Mann-Whitney, p<0,05 – Figura 11).
Em relação aos demais indicadores da atenção sustentada, representados
pela regressão linear do número de acertos e o tempo de reação médio ao longo da
tarefa, não foram encontradas diferenças significativas (Anova, p>0.05 – Figura 12).
Independente do grupo, os indivíduos passaram a acertar mais questões (aumento
Sonolência
Alerta
55
da eficiência) ao longo do tempo da tarefa, porém apresentavam maiores tempos de
reação.
Figura 10 – (A) Percentual de respostas corretas (média ± erro padrão) e (B) Tempo de reação (média ± erro padrão) dos componentes da atenção dos grupos de frequência de uso de mídia.
Figura 41 - Percentual de omissões (média ± erro padrão) por grupos de frequência de uso de mídia.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
Alerta Tônico Atenção Seletiva Alerta Fásico Atençãosustentada
%
Omissões
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
*
A B
56
Figura 52 - Regressão linear (média ± erro padrão) entre blocos da tarefa e o número de respostas corretas e o tempo de reação médio de cada bloco por grupos de frequência de uso de mídia.
4.7.6. Avaliação da memória operacional
O grupo 1 teve maior número de pontos que o grupo 2 na versão indireta do
teste (Kruskal-Wallis H(2,83)=6,59; p<0,05 – Mann-Whitney, p<0,05 – Figuras 13 e
14).
-0,4
-0,3
-0,2
-0,1
0
0,1
0,2
0,3
0,4
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3
Re
gres
são
Lin
ear
% Respostas corretas Tempo de reação
57
Figura 13 - Componentes do Substeste de Dígitos da Escala de Wechsler de inteligência para crianças. (A) Número de dígitos recordados pelos indivíduos e (B) número de pontos feitos pelos indivíduos (média ± erro padrão).
Figura 14 - Escore total (média ± erro padrão) dos grupos por frequência de uso de mídia antes de dormir na ordem direta e inversa do subteste de dígitos.
4.7.7. Avaliação da Flexibilidade cognitiva
Teste de Berg de classificação de cartas
Os escores do Teste de Berg de classificação de cartas não diferiram entre os
grupos (Anova, p>0,05; Kruskal-Wallis, p>0,05 – Figuras 15 a 21).
0
10
20
30
40
50
60
70
Direto Indireto
Esco
re t
ota
l
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
#
* #
58
Figura 15 - Número de categorias completadas (média erro padrão) por grupo de frequência de uso de mídia antes de dormir. Esse escore pode variar de 0 a 6.
Figura 16 - Respostas perservarativas, erros perserverativos e erros não perseverativos (média ± erro padrão) dos grupos de frequência de uso de mídia antes de dormir.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3
Cat
ego
rias
co
mp
leta
das
0
5
10
15
20
25
30
Respostasperseverativas
Erros perseverativos Erros nãoperseverativos
Tota
l Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
59
Figura 17 - Total de respostas corretas e de erros (média erro padrão) dos grupos de frequência de uso de mídia antes de dormir.
Figura 18 - Nível de resposta conceitual (média erro padrão) dos grupos de frequência de uso de mídia antes de dormir.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Respostas corretas Total de erros
Tota
l Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
Nível de resposta conceitual
Un
idad
es
arb
itrá
rias
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
60
Figura 19 - Total de erros únicos (média erro padrão) dos grupos de frequência de uso de mídia antes de dormir.
Figura 20 - Fracasso em manter o contexto (média ± erro padrão) dos grupos de frequência de uso de mídia antes de dormir.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
Erros únicos
Tota
l Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
Fracasso em manter o contexto
Un
idad
es
arb
itrá
rias
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
61
Figura 21 - Ensaios para completar a primeira categoria (média erro padrão) dos grupos de frequência de uso de mídia antes de dormir.
Teste de Trilhas
O grupo 1 levou menos tempo para a realização da tarefa quando comparado
ao grupo 2 na versão A do teste Trilhas (Kruskal-Wallis H(2,83)=5,92; p=0,05 – Mann-
Whitney, p<0,05). Os grupos não diferiram nos indicadores da versão B do teste
(Kruskal-Wallis, p>0,05 – Figura 22).
Figura 22 - Componentes de Trilhas (média ± erro padrão). (A) Versão A do Teste de
Trilhas e (B) Versão B do Teste de Trilhas.
0
5
10
15
20
25
Ensaios para 1ª categoria
Nú
me
ro d
e jo
gad
as (
mé
dia
)Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
*
62
5. Discussão
Esse estudo objetivou verificar a associação entre o uso de mídia e: hábitos de
sono, sonolência diurna e o desempenho em testes de atenção, memória operacional
e flexibilidade cognitiva. Para isso, consideramos o auto relato dos adolescentes
sobre o perfil de uso de mídia individual, utilizando duas formas de registrar essa
atividade: (A) o uso total concentrado em dois dias de semana e dois dias de fim de
semana, configurando a estimativa diária de uso de mídia; e (B) o uso antes de dormir
durante todas as noites de coleta, ou seja, a frequência de uso de mídia antes de
dormir. Medido dessa forma, o uso de mídia pode ser caracterizado tanto por tempo
total diário gasto com cada dispositivo e com todos os dispositivos, bem como a sua
relação com o uso antes de dormir, os hábitos de sono, sonolência diurna e
desempenho cognitivo dos jovens.
Como esperado, o maior uso de mídia acontece nos dias livres e o equipamento
mais utilizado é o telefone celular, uma vez que acumula diversas funções atualmente
(player de música, jogos, internet, redes sociais). Esse resultado é semelhante ao que
foi encontrado por Fossum et al. (2014), caracterizando bem o perfil de uso de mídia
dos jovens.
De acordo com o que esperávamos, deveria existir uma relação entre a
estimativa diária de uso de mídia e as variáveis do sono. Porém, não foram
encontradas correlações estatisticamente significativas entre a variável de mídia e o
sono dos indivíduos, exceto pela correlação fraca e positiva entre a estimativa diária
de uso de mídia e a sonolência ao acordar. Este resultado pode ser decorrente de
limitações da ferramenta e por outro lado, pelo tamanho da amostra. A ferramenta
utilizada para monitorar o uso total de mídia pelos adolescentes foi uma versão
63
modificada do Protocolo diário de atividades adaptada para a língua portuguesa por
Fischer et al. (1987). O preenchimento dependia do comprometimento do jovem, uma
vez que deveria responder simultaneamente ao uso ou recordar o que usou e a que
horas usou cada dispositivo durante os intervalos de 48 horas em que eram
monitorados. Rich et al. (2015) discute que esse tipo de medida é confiável quando a
atividade praticada é intensa ou duradoura o suficiente para ser recordada. Além
disso, afirma que podem haver erros de recordação quando os indivíduos usam
dispositivos para realizar atividades que são encorajadas pelos pais e professores
(por exemplo, ler em um tablet). Nesse caso, o jovem pode considerar o tempo gasto
com estudo e não associar ao uso de mídia.
A falta de correlação entre os dados de uso de mídia e os horários de acordar
também pode ser decorrente da força dos horários escolares matutinos sobre o
horário de acordar dos jovens (Andrade et al., 1996; Carskadon et al., 2002).
Entretanto, o fato de termos encontrado apenas uma correlação fraca entre a
estimativa diária de uso de mídia em um dos parâmetros do CSV não implica na
ausência de relação entre o uso demasiado de dispositivos de mídia e o sono. King
et al. (2013) demonstraram que o uso patológico de mídia foi associado a
interferências no sono de jovens australianos, produzindo efeitos, inclusive no
deslocamento do horário de início do sono. No presente trabalho, observamos que o
protocolo diário de atividades capturou bem as diferenças entre semana e fim de
semana, o que demonstra a eficiência da ferramenta para o tipo de pesquisa
realizada. Nesse caso, o aumento da amostra pode, de maneira mais consistente,
favorecer o aparecimento de correlações ou confirmar a ausência de correlações
entre as variáveis.
64
Além dessas limitações, vale ressaltar que essa é uma parcela da população que
se utiliza de dispositivos eletrônicos com muita frequência. Considerando o acesso à
internet, um estudo conduzido, em 2002, pela “Kaiser Family Foundation” revelou que
74% dos adolescentes, entre 15 e 17 anos, reportaram ter internet em casa, com 31%
desses jovens relatando acesso em seus quartos. Dessa forma, os possíveis efeitos
do uso de mídia sobre as demais variáveis podem ser difíceis de detectar, uma vez
que todos os jovens utilizam muito os dispositivos eletrônicos.
De acordo com o que previmos, o tempo de uso de mídia e o desempenho dos
adolescentes em todos os testes cognitivos deveriam estar relacionados. Porém,
entre os escores gerados pela tarefa utilizada para avaliar a atenção dos estudantes,
o único que apresentou correlação estatisticamente significativa, embora fraca, foi a
estabilidade geral ao longo da tarefa, calculada por meio de uma regressão linear
entre os blocos da tarefa e o tempo de reação médio em cada bloco. Diferente do que
esperávamos, a correlação negativa entre essas variáveis indica que quanto maior for
a estimativa diária de uso de mídia dos indivíduos menor será o coeficiente dessa
regressão, ou seja, menores tempos de reação médios surgem à medida que a tarefa
progride. Em outras palavras, esse resultado parece ser indicativo de maior eficiência
na tarefa.
Entretanto, este dado pode ter interferência de erros de comissão, que são bem
comuns na aplicação de testes de vigilância psicomotora, em que a resposta do
indivíduo, também, é medida através do tempo de reação. O que acontece, nesses
casos, é que o indivíduo pode antecipar a resposta, na expectativa de conseguir um
bom resultado no teste ou ter um desempenho ruim por estar desmotivado ou privado
de sono (Lim & Dinges, 2008; Goel et al., 2009; Chua et al.,2014). Em outras
situações em que a resposta é lenta, os indivíduos tendem a perder alguns estímulos,
65
então as suas respostas são contabilizadas no estímulo seguinte, como se o indivíduo
respondesse quase simultaneamente. Nessas condições a velocidade média dos
blocos reduz e a tendência é que esse fenômeno ocorra mais frequentemente com o
decorrer do tempo. Em estudos futuros se faz necessário analisar os erros de
comissão para avaliar esse efeito.
No subteste de dígitos, foi encontrada correlação estatisticamente significativa,
fraca e positiva, entre o tempo de uso de mídia e os escores da ordem direta. Porém,
na ordem indireta não foi encontrado resultado. A ordem direta avalia a memória de
curto prazo, enquanto a indireta avalia a memória operacional propriamente dita. O
resultado indica que um maior tempo de uso de mídia está relacionado com melhor
desempenho na memória de curto prazo.
Nos testes para avaliar a flexibilidade cognitiva foi encontrada correlação entre a
estimativa diária de uso de mídia e o escore de erros únicos, sendo fraca e negativa.
Esse resultado mostra que um maior uso de mídia estaria acarretando em menor
quantidade de erros aleatórios durante o teste e, portanto, melhor desempenho.
Quanto aos resultados do teste de trilhas, não foram encontradas correlações
estatisticamente significativas.
Diferente do que esperávamos, a partir da combinação dos resultados dos testes
cognitivos podemos sugerir um aparente efeito positivo do tempo de uso de mídia na
performance cognitiva dos adolescentes. Colzato et al. (2010) relacionou a prática de
jogos em computadores e consoles com um aumento na agilidade dos indivíduos,
através da redução do tempo de reação e do número de erros. Além disso, apesar
dos processos cognitivos avaliados serem independentes e possuírem substratos
neurais distintos, estão interligados, o que pode ajudar a esclarecer os resultados
encontrados. Encontramos efeito da mídia no componente da tarefa que avalia a
66
memória de curto prazo, que está fortemente relacionada à atenção, ou seja,
indivíduos mais atentos possuem melhor desempenho, também, na memória de curto
prazo. Esse resultado reforça os que foram encontrados para a avaliação da atenção.
Outros fatores podem ser propostos para a explicação do resultado: (a)
familiaridade dos adolescentes com o uso de computadores, (b) a complexidade do
teste de Berg e (c) o tamanho da amostra. O computador foi utilizado em dois dos
quatro testes cognitivos (teste de Berg e a CPT), em ambos houve correlação positiva
entre o tempo de uso de mídia e o desempenho. Apesar do teste de Berg de
classificação de cartas ter sido originalmente desenvolvido para a aplicação em
indivíduos saudáveis (Berg, 1948), a capacidade de aferir múltiplas dimensões
cognitivas de uma vez (Strauss & Spreen, 2006) confere uma complexidade na
interpretação dos resultados. Ademais, este teste é mais sensível para a detecção de
disfunções pré-frontais quando comparado a efeitos sutis ocasionados pelo uso de
mídia ou pela privação e do soo e irregularidade nos horários de sono.
Além disso, uma limitação desse trabalho foi não ter sido analisada a relação do
desempenho nos testes e a duração de sono na noite anterior, bem como o consumo
de bebidas e alimentos estimulantes na manhã de aplicação dos testes. Segundo
Calamaro et al. (2009), na tentativa de compensar os efeitos da privação de sono e da
sonolência diurna, muitos adolescentes consomem estimulantes (café, bebidas
energéticas), que aumentam o alerta e podem, consequentemente, melhorar o
desempenho.
O uso de mídia, também, foi avaliado antes de dormir através da frequência de
noites em que os dispositivos eram utilizados. De acordo com essa forma de analise,
a amostra foi dividida quanto a frequência de uso de mídia antes de dormir em três
grupos de uso: baixo, moderado e elevado. Como era esperado, a maioria dos
67
indivíduos apresenta uma frequência de uso de moderada a intensa. Além disso,
foram encontradas diferenças, nos parâmetros e hábitos de sono e no desempenho
cognitivo dos adolescentes.
Em relação às atividades desempenhadas pelos participantes antes de dormir,
encontramos que, de maneira geral o celular é o dispositivo mais utilizado. Algo
esperado devido a quantidade de funções disponíveis nesses aparelhos, o que o
torna muito atraente para essa faixa etária. O que diferencia o grupo de maior
frequência de uso de mídia antes de dormir dos demais é que, além do uso elevado
de celular, os jovens desse grupo relataram utilizar muito televisão.
Como esperado, não foram encontradas diferenças nos relatos dos jovens
quanto aos motivos para despertar ao longo dos dias da semana, o que reafirma os
horários escolares matutinos como principal obrigação social para esses jovens.
Contudo, diferenças foram encontradas nos relatos da forma de despertar entre a
semana e o fim de semana. Durante os dias letivos a maioria dos adolescentes
necessita de algum tipo de ajuda para despertar, por outro lado, no fim de semana,
sem compromissos pela manhã e, portanto, com liberdade para escolher os horários
de levantar, os jovens tendem a levantar espontaneamente. Isso é mais um indicativo
do quão desafiador é o horário escolar matutino. Quando consideramos o uso do
despertador e a necessidade de alguém para despertar o indivíduo como uma forma
de acordar não espontânea, percebemos que o grupo que tem maior frequência de
uso de mídia antes de dormir também é o que mais necessita de algo para auxiliar ao
seu despertar pela manhã. Nossos resultados corroboram os trabalhos que apontam
o horário de início das aulas como um forte sincronizador social, bem como um
grande desafio, no cotidiano dos adolescentes (Boergers et al., 2014; Andrade et al.,
1993). No Brasil, o horário de início das aulas varia das 07:00 às 07:30 e pode ser um
68
dos principais responsáveis pela redução do tempo na cama (Brandalize et al., 2011)
e consequente privação de sono dos alunos.
De acordo com nossas hipóteses, era de se esperar que os padrões temporais
do sono variassem em função da frequência de uso de mídia antes de dormir. No
geral, foram encontradas diferenças no horário de deitar entre os dias da semana e os
dias do fim de semana, sendo uma diferença média entre a semana e o fim de
semana de, aproximadamente, 1h e 10 min. Também foram encontradas diferenças
significativas no horário de deitar em função do uso de mídia. Como esperado, os
jovens do grupo de menor frequência de uso de mídia antes de dormir apresentaram
horários de deitar mais cedo que os horários dos demais grupos. Esperávamos que,
durante a semana, não fossem encontradas diferenças nos horários de levantar, o
que pode ser justificado pela força do horário escolar como sincronizador os horários
de levantar, como demonstrado há muito tempo por Andrade et al. (1993). Diferente
do esperado, os jovens que estavam no grupo de menor frequência de uso de mídia
relataram horários de levantar mais adiantados que os demais grupos. Esse resultado
pode ser um indicador da influência do uso de mídia nos hábitos e horários de sono
dos jovens, mesmo quando esses horários estão submetidos a uma pressão social
(horários da escola) forte. No fim de semana, foram encontradas diferenças em
função da frequência de uso de mídia, com os indivíduos do grupo de menor uso de
mídia acordando cerca de 1h e 06 min e 1h e 28 min mais cedo que os grupos 2 e 3,
respectivamente. Essa diferença pode estar associada ao menor uso de mídia neste
grupo antes de dormir.
Dessa forma, nossos resultados corroboram dados de estudos anteriores.
Orzech et al. (2015) encontraram efeitos negativos nos parâmetros de sono devido ao
uso de dispositivos eletrônicos próximo ao horário de dormir. Esses efeitos podem ser
69
ocasionados por: (A) deslocamento dos horários pelo uso de mídia (Li et al., 2007;
Zimmerman, 2008), (B) pelo aumento da excitação fisiológica associada com o uso de
mídia digital perto do horário de dormir (Higuchi et al., 2003; Zimmerman, 2008) e (C)
pela inibição de marcadores fisiológicos ligados ao sono (melatonina) pelo brilho das
telas utilizadas (Cajochen et al., 2011; Figueiro et al., 2011).
Independente da frequência de uso de mídia, verificamos um padrão de horários
de sono atrasado, com redução do tempo na cama nos dias letivos e extensão nos
dias livres, de maneira que os indivíduos passaram cerca de 2 horas a mais na cama
no fim de semana, quando comparado à semana. A partir desse dado podemos
sugerir que existe uma tentativa de compensação do déficit de sono dos indivíduos no
fim de semana. Essa diferença contribui para a irregularidade do tempo na cama, que
não diferiu em função do uso de mídia. Esse cenário é semelhante ao observado por
outras pesquisas em adolescentes (Andrade et al., 1993; Wolfson & Carskadon, 1998;
Carskadon et al., 1998; Wolfson & Carskadon, 2003).
De um modo geral, a amostra apresenta um quadro de sonolência diurna
excessiva, com redução desse efeito durante o fim de semana. Diferente do que
previmos, o grupo de menor frequência de uso de mídia exibiu o maior percentual de
sonolência diurna, bem como, a maior frequência de cochilos no fim de semana.
Quando comparamos os horários de sono com os dados de sonolência, cochilos
e os motivos para acordar dos jovens, notamos que, apesar dos adolescentes do
Grupo 1 utilizarem com menor frequência dispositivos de mídia antes de dormir,
passarem mais tempo na cama, deitarem e levantarem mais cedo, eles são, também,
mais sonolentos e cochilam com mais frequência, embora a duração do cochilo seja
menor. Quando consideramos que o fim de semana desse grupo é um pouco atípico
quando comparado aos demais grupos, devido a maior frequência de compromissos
70
relatados como motivo para acordar, podemos supor que esses jovens não estejam
compensando suficientemente o sono, como os demais, e isso explicaria a maior
sonolência e o maior percentual de jovens relatando cochilos.
Além disso, é possível que os indivíduos que utilizem dispositivos eletrônicos
com mais frequência antes de dormir, também o façam ao acordar, o que pode ter um
efeito mascarador da sonolência. É necessário, portanto, adaptar as ferramentas de
medidas de uso de mídia ao contexto dos jovens e avaliar os efeitos que esses
dispositivos possuem sobre o funcionamento diurno dos adolescentes e o quanto
pode mascarar os efeitos negativos.
Quanto aos componentes da atenção, não foram encontradas diferenças
significativas em função da frequência de uso de mídia, quando a medida utilizada foi
o tempo de reação ou o percentual de respostas corretas. Tampouco foram
encontradas diferenças significativas para os indicadores de atenção sustentada
calculados por regressão linear. Contudo, quando comparamos as omissões em
função da frequência de uso, encontramos um efeito significativo para o alerta fásico
e uma tendência na atenção sustentada. De maneira que o grupo que utiliza mídia
menos frequentemente é o que apresenta menor número de omissões e, portanto,
melhor desempenho. Segundo o modelo de atenção de Valdez (2005), o alerta fásico
faz parte de um conjunto de reações específicas que demandam um processamento,
seleção do estímulo e da resposta. Esse nível de resposta está vinculado ao córtex
pré-frontal, que, segundo a “teoria da vulnerabilidade pré-frontal” (Horne, 1993), tende
a se beneficiar, mais que as demais regiões cerebrais, de um sono adequado. Dessa
forma, o uso mais frequente de mídia antes de dormir pode estar influenciando
negativamente o sono e, consequentemente, o desempenho diurno.
71
Embora tenhamos encontrado um possível impacto da frequência de uso de
mídia nos componentes da atenção, existem fatores que podem atenuar esse efeito.
Pashler et al. (2001) destacam que a atenção sustentada, em alguns casos, pode ser
influenciada pela motivação do indivíduo, através do controle pré-frontal, ou “controle
Top-down”, de modo que o indivíduo motivado aumenta a atenção que direciona a
uma atividade, o que pode permitir que mantenha respostas específicas por mais
tempo.
Quanto à avaliação da memória operacional, foi encontrada uma tendência entre
os indivíduos do G1 (grupo de menor frequência de uso de mídia) a acertarem mais
na ordem direta do teste de dígitos, quando comparados aos adolescentes do G2
(grupo intermediário quanto à frequência de uso de mídia). Essa etapa do teste avalia
a memória de curto prazo, sendo assim, os indivíduos que utilizam menos mídia,
tendem a apresentar melhor memória de curto prazo. Além disso, foi encontrada uma
diferença significativa entre os mesmos indivíduos na versão indireta, de forma que os
indivíduos que utilizavam menos mídia obtiveram maior número de acertos, nessa
etapa, quando comparados aos indivíduos do grupo de maior uso. A ordem indireta
do teste de dígitos avalia a capacidade de armazenar e manipular uma informação,
sendo assim, os jovens que obtiveram melhor desempenho nessa etapa, apresentam
melhor memória operacional. A falta de diferença quando comparados aos indivíduos
que usam todos os dias e mais de um dispositivo simultaneamente, pode ser devido à
menor quantidade de indivíduos no grupo promover maior variabilidade nos dados.
Apesar disso, o resultado mostra que os indivíduos que utilizam menos mídia
conseguem fazer mais pontos na ordem indireta do subteste de dígitos, o que aponta
melhor desempenho, corroborando dados encontrados por Schmidt & Vanderwater
72
(2008), que mostram a existência de relação entre o aumento no uso de mídia e
queda na performance dos indivíduos.
Para a avaliação da flexibilidade cognitiva, foram usados dois testes. No primeiro,
o teste de Berg de classificação de cartas, não foram encontradas diferenças
significativas quando consideramos a frequência de uso de mídia. No segundo teste,
o de trilhas, a diferença encontrada foi apenas na versão A do teste, que avalia
atenção e rastreamento visuoperceptual. Algumas limitações podem ser apontadas
para justificar esse resultado, o teste de Berg é muito complexo e avalia uma gama de
funções, não apenas a flexibilidade. Além disso, foi utilizada uma versão
computadorizada e, sabe-se que os adolescentes apresentam muita familiaridade
com computadores. Esse teste, também, não é muito sensível para detectar efeitos
discretos, considerando que a amostra da pesquisa é saudável e não faz uso de
nenhum medicamento que possa prejudicar o funcionamento cognitivo. Outro fator, já
citado, que pode influenciar nos resultados é o tamanho da amostra, que dividida em
3 grupos pode resultar numa maior variabilidade nos dados.
Para pesquisas futuras, são necessárias algumas modificações no atual
protocolo. É importante estudar a relação das variáveis de interesse com a duração
de sono na noite anterior à bateria de testes cognitivos, além de controlar a
sonolência antes da aplicação dos testes, o uso de bebidas e alimentos estimulantes
e procurar maneiras mais objetivas, ou seja, que dependam menos da motivação do
participante, de medir o uso de mídia. Além disso, aplicar testes mais específicos para
flexibilidade cognitiva, capaz de detectar efeitos mais sutis, diferente do teste de Berg,
que é mais adequado para identificação de indivíduos com síndromes pré-frontais.
Outra limitação importante do trabalho é a dificuldade que se tem em obter um espaço
adequado para a realização dos testes cognitivos, especialmente o de atenção, que
73
necessita do mínimo possível de interferência sonora ou visual. No ambiente escolar,
a coleta de dados fica sujeita às condições da escola, isso significa que, muitas
vezes, o local de aplicação dos testes não está bem isolado e pode acontecer de
funcionários da escola entrarem na sala ou o toque do horário acontecer durante uma
aplicação.
Apesar de todas as limitações, a partir dos dados podemos sugerir que existe
uma influência do uso de mídia, principalmente próximo ao horário de deitar, nos
hábitos de sono, sonolência diurna e processos cognitivos de adolescentes.
Comparando as duas formas de verificar a influência de mídia sobre os hábitos e
desempenho dos jovens, sugerimos que o uso antes de dormir impacta de forma
negativa a rotina dos adolescentes, enquanto que o uso ao longo do restante do dia
parece desempenhar um efeito positivo sobre o desempenho dos jovens nos testes
cognitivos. Faz-se necessário ampliar a amostra para confirmar estas evidências.
74
6. Conclusões
A partir da descrição dos hábitos de sono, sonolência diurna e processos
cognitivos dos adolescentes em função do uso de mídia, sugerimos que:
A maioria dos adolescentes utiliza mídias eletrônicas.
O dispositivo mais utilizado pelos adolescentes é o celular, seguido por
televisão e computador.
Existe uma relação entre o tempo total de uso de mídia e o desempenho
na atenção sustentada, memória de curto prazo e flexibilidade cognitiva,
com impactos positivos sobre o desempenho.
Existe uma relação entre a frequência de uso de mídia antes de dormir e o
desempenho em tarefas de atenção e memória operacional, com impactos
negativos sobre o desempenho.
O impacto causado pela frequência de uso de mídia no desempenho é,
provavelmente, modulado pelo efeito causado nos parâmetros de sono.
75
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ANEXOS
ANEXO 1 Parecer do Comitê de Ética da UFRN
UNIVERSIDADE FEDERAL DORIO GRANDE DO NORTE /UFRN CAMPUS CENTRAL
PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP
Pesquisador:
Título da Pesquisa:
Instituição Proponente:
Versão:
CAAE:
Avaliação dos hábitos de sono, sonolência diurna e funcionamento executivo emadolescentes usuários de novas tecnologias.
Carolina Virginia Macêdo de Azevedo
Centro de Biociências
1
30410114.0.0000.5537
Área Temática:
DADOS DO PROJETO DE PESQUISA
Número do Parecer:
Data da Relatoria:
650.621
25/04/2014
DADOS DO PARECER
O estudo ora apresentado será financiado a partir de recursos obtidos pelo Edital 43/2013 de Ciências
Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas/CNPq e compreenderá um projeto de mestrado e um de doutorado
vinculados ao Programa de Pós Graduação em Psicobiologia da UFRN. A pesquisa tem como objetivo
avaliar o efeito do uso de dispositivos eletrônicos (celular, computador, tablet, televisão, vídeo-game) sobre
hábitos de sono, sonolência diurna e funções executivas em adolescentes de escolas privadas de Natal/RN.
O estudo será realizado com 200 adolescentes de ambos os sexos do 1º e 2º anos do ensino médio de
escolas privadas do município de Natal/RN. Os hábitos de sono, as condições socioeconômicas, o cronotipo
e a sonolência diurna serão avaliados pelos questionários “A saúde e o sono”, Questionário de
Classificação econômica, Questionário de Horne-Ostberg e Escala de sonolência de Epworth,
respectivamente. Durante 10 dias serão registrados o uso de dispositivos eletrônicos (no Protocolo de
atividades diárias), a exposição à luz, e os horários de início e fim do sono (por actímetros com sensores de
iluminação). Paralelamente, os horários de deitar e levantar, e os níveis de sonolência diurna serão
anotados no diário de sono. Para avaliação das funções executivas serão utilizados: Escala de inteligência
Wechsler para crianças - WISC III, Teste Wisconsin de classificação de cartas – WCST, Tarefa de Execução
Contínua, Teste Stroop de cores e palavras, Iowa Gambling Test e Teste da
Apresentação do Projeto:
CNPQPatrocinador Principal:
59.078-970
(84)3215-3135 E-mail: [email protected]
Endereço:Bairro: CEP:
Telefone:
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Torre de Londres (ToL).
Objetivo primário:
Avaliar o efeito do uso de dispositivos eletrônicos (celular, computador, tablet, televisão, vídeo-game) sobre
hábitos de sono, sonolência diurna e funções executivas em adolescentes de escolas privadas de Natal/RN.
Objetivos secundários:
1. Caracterizar os hábitos de sono de adolescentes que fazem uso de dispositivos eletrônicos (celular,
computador, tablet, televisão, vídeo-game).
2. Caracterizar os níveis de sonolência diurna em adolescentes que fazem uso de dispositivos eletrônicos
(celular, computador, tablet, televisão, vídeogame).
3. Caracterizar os processos cognitivos das funções executivas em adolescentes que fazem uso de
dispositivos eletrônicos (celular, computador, tablet, televisão, vídeo-game).
4. Comparar os hábitos de sono, sonolência diurna e funções executivas em adolescentes que fazem o uso
de dispositivos eletrônicos e os que não fazem destes dispositivos.
5. Comparar os hábitos de sono, sonolência diurna e funções executivas em adolescentes, de acordo o tipo
de dispositivo eletrônico.
6. Comparar os hábitos de sono, sonolência diurna e funções executivas em adolescentes, de acordo o
gênero, que fazem o uso de dispositivos eletrônicos e os que não fazem destes dispositivos.
7. Correlacionar os hábitos de sono, sonolência diurna e processos cognitivos das funções executivas entre
adolescentes que fazem o uso de dispositivos eletrônicos e os que não fazem destes dispositivos.
Objetivo da Pesquisa:
Os participantes da pesquisa estarão sujeitos apenas ao risco mínimo inerentes à sua participação. Será
realizada uma conversa prévia com a equipe pedagógica das escolas selecionadas em que serão
explicados os procedimentos da pesquisa. Posteriormente, será realizada uma reunião com
pais/responsáveis para entrega do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE. Caso ocorra um
desconforto, tais como questões psicológicas que venham à tona, ou detecção de distúrbios de sono e
diagnóstico de alguns padrões dos processos cognitivos com necessidade de
Avaliação dos Riscos e Benefícios:
59.078-970
(84)3215-3135 E-mail: [email protected]
Endereço:Bairro: CEP:
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Intervenção, os pesquisadores se disponibilizam a esclarecer qualquer dúvida. Em caso de algum problema
que os participantes possam apresentar os responsáveis pela pesquisa mencionam que ele terá direito a
assistência gratuita que será prestada pelo Ambulatório do Sono (AMBSONO), ou pelo Serviço de
Psicologia Aplicada (SEPA) da UFRN. Os benefícios da pesquisa superam os riscos.
Os resultados da pesquisa poderão fornecer subsídios para elaboração e implantação de intervenções no
ambiente escolar levando à prática de hábitos mais saudáveis de sono, tais como a regularidade e maior
tempo de sono, assim como a redução da sonolência diurna excessiva contribuindo para um melhor
desempenho cognitivo.
Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:
O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE está adequado ao público alvo. Os instrumentos de
pesquisa foram apresentados e estão adequados. Foram apresentadas 4 cartas de anuência referentes as
instituições de ensino que participarão da pesquisa. As cartas de anuência dos colégios Complexo
Educacional Contemporâneo e Hipócrates não trazem o carimbo do responsável. Nenhuma das cartas está
em papel timbrado. Os demais documentos apresentados estão adequados.
Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:
Recomendações:
Após revisão ética do protocolo em questão, concluímos que o mesmo se encontra bem instruído e
obedecendo às normas e diretrizes regulamentadoras de pesquisas envolvendo o ser humano.
Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:
Aprovado
Situação do Parecer:
Não
Necessita Apreciação da CONEP:
Em conformidade com a Resolução 466/12 - do Conselho Nacional de Saúde - CNS e Manual Operacional
para Comitês de Ética - CONEP é da responsabilidade do pesquisador responsável:
1. elaborar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE em duas vias, rubricadas em todas as
suas páginas e assinadas, ao seu término, pelo convidado a participar da pesquisa, ou por
Considerações Finais a critério do CEP:
59.078-970
(84)3215-3135 E-mail: [email protected]
Endereço:Bairro: CEP:
Telefone:
Av. Senador Salgado Filho, 3000Lagoa Nova
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seu representante legal, assim como pelo pesquisador responsável, ou pela (s) pessoa (s) por ele
delegada(s), devendo as páginas de assinatura estar na mesma folha (Res. 466/12 - CNS, item IV.5d);
2. desenvolver o projeto conforme o delineado (Res. 466/12 - CNS, item XI.2c);
3. apresentar ao CEP eventuais emendas ou extensões com justificativa (Manual Operacional para Comitês
de Ética - CONEP, Brasília - 2007, p. 41);
4. descontinuar o estudo somente após análise e manifestação, por parte do Sistema CEP/CONEP/CNS/MS
que o aprovou, das razões dessa descontinuidade, a não ser em casos de justificada urgência em benefício
de seus participantes (Res. 446/12 - CNS, item III.2u) ;
5. elaborar e apresentar os relatórios parciais e finais (Res. 446/12 - CNS, item XI.2d);
6. manter os dados da pesquisa em arquivo, físico ou digital, sob sua guarda e responsabilidade, por um
período de 5 anos após o término da pesquisa (Res. 446/12 - CNS, item XI.2f);
7. encaminhar os resultados da pesquisa para publicação, com os devidos créditos aos pesquisadores
associados e ao pessoal técnico integrante do projeto (Res. 446/12 - CNS, item XI.2g) e,
8. justificar fundamentadamente, perante o CEP ou a CONEP, interrupção do projeto ou não publicação dos
resultados (Res. 446/12 - CNS, item XI.2h).
NATAL, 16 de Maio de 2014
Dulce Almeida(Coordenador)
Assinado por:
59.078-970
(84)3215-3135 E-mail: [email protected]
Endereço:Bairro: CEP:
Telefone:
Av. Senador Salgado Filho, 3000Lagoa Nova
UF: Município:RN NATALFax: (84)3215-3135
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ANEXO 2 Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Estamos solicitando a você a autorização para que o adolescente pelo qual você é responsável participe da pesquisa AVALIAÇÃO DOS HÁBITOS DE SONO, SONOLÊNCIA
DIURNA E FUNCIONAMENTO EXECUTIVO EM ADOLESCENTES USUÁRIOS DE NOVAS
TECNOLOGIAS, que tem como pesquisadores responsáveis Carolina Virgínia Macêdo Azevedo & Katie Moraes de Almondes.
Este estudo pretende avaliar o efeito do uso de dispositivos eletrônicos (celular, computador, tablet, televisão, vídeo-game) sobre hábitos de sono, sonolência diurna e funções executivas (que são processos cognitivos, tais como: a capacidade de planejamento, a tomada de decisões, a resolução de problemas, a capacidade de ser flexível no pensamento, ou seja, ter flexibilidade cognitiva, a memória operacional, a atenção, a criatividade) em adolescentes de escolas privadas de Natal/RN. O motivo que nos leva a fazer este estudo é que, como o uso de dispositivos eletrônicos (celular, televisão, vídeo-game, iPod, computador com Internet, entre outros) está cada vez mais frequente entre adolescentes, há relatos na literatura da influência negativa nos padrões de sono desses adolescentes, com repercussões, por exemplo, na duração (encurtamento ou privação) do sono, além de queixas de cansaço durante o dia. Além disso, o uso destes equipamentos é frequentemente associado à exposição à iluminação artificial ambiental (luz do quarto, luz do computador, luz do celular e televisões com LED), criando um ambiente propício para o prolongamento da atividade dos indivíduos à noite, no momento em que deveriam estar dormindo, o que pode levar a maior privação de sono por estar mais tempo disperso, sonolência diurna e repercussões no funcionamento diurno, afetando, principalmente, o desempenho cognitivo. Porém, é desconhecido o efeito do impacto do uso destes recursos, de forma concomitante, sobre os hábitos de sono, sonolência diurna e funções executivas em adolescentes no ambiente escolar.
Caso você decida autorizar, ele(a) passará pela aplicação de um questionário de classificação econômica, por questionários de avaliação de sono (Questionário “A saúde e o sono”;
Questionário de Horne-Ostberg para avaliação de cronotipo; Escala de sonolência de Epworth; Diário do sono com escala para avaliação de sonolência; Actimetria (relógio de pulso que registra atividade e repouso) com sensor de iluminação); por testes neuropsicológicos para avaliação dos processos das funções executivas mencionados acima (Escala de inteligência Wechsler para crianças e adolescentes - WISC III (subteste span de dígitos); Wisconsin de classificação de cartas – WCST; STROOP; Iowa Gambling Test; Teste da Torre de Londres (ToL); Tarefa de Execução Contínua (TEC).
Durante a realização da aplicação a previsão de riscos é mínima ou inexistente. Caso ocorra um desconforto, tais como questões psicológicas que venham à tona, ou detecção de distúrbios de sono e diagnóstico de alguns padrões dos processos cognitivos com necessidade de intervenção, os pesquisadores estão amplamente abertos a ajudar e esclarecer qualquer dúvida.
Em caso de algum problema que ele(a) possa ter, relacionado com a pesquisa, ele(a) terá direito a assistência gratuita que será prestada pelo Ambulatório do Sono (AMBSONO), ou pelo Serviço de Psicologia Aplicada (SEPA) da UFRN. Durante todo o período da pesquisa você
poderá tirar suas dúvidas ligando para Maria Luiza Cruz (94586103), Francisco Wilson(87045174) ou Sharline Dionízio (94532333).
O participante tem o dircito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, emqualquer fase da pesquisa, sem nenhum prejuizo para o mesmo. Os dados que ele(a) irános fornecer seráo confidenciais e seráo divulgados apenas em congressos ou publicagóes
cientfficas, náo havendo divulgagáo de nenhum dado que possa identificá-lo. Esses dadosseráo guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em local seguro e por umperíodo de 5 anos.
Se o participante tiver algum gasto pela sua participagáo nessa pesquisa, ele será assumidopelo pesquisador e reembolsado para vocé. Se o participante sofrer algum danocomprovadamente decorrente desta pesquisa, será indenizado. Qualquer dúvida sobre a éticadessa pesquisa, vocé ou o adolescente deverá ligar para o Comité de Ética em Pesquisa daUniversidade Federal do Rio Grande do Norte, telefone 3215-3135. Este documento foiimpresso em duas vias. Uma ficará com vocé e a outra com o pesquisador responsável.
Consentimento Livre e Esclarecido
representante legal do
autorizo sua participagáo
Eu,
adolescente
na pesquisa da pesquisa lvllllgÁo ooS HÁelros DE soNo, sot¡olÉtctA DIURNA E
FUNCIONAMENTo ExECUTIVO EM ADOLEScENTES usuÁnIos DE NovAS
TECNOLOGIAS e autorizo a divulgagáo das informagóes por ele(a) fornecidas em congressos
e/ou publicag6es cientlficas desde que nenhum dado possa me identificar.
Natal,_ de de
Assinatura do participante da pesqu¡sa
o"J'il35"oii."o.participante
Declaragáo do pesquisador responsável
Como pesquisador responsável pelo estudo, declaro que assumo a inteira
responsabilidade de cumprir fielmente os procedimentos metodologicamente e direitos que
foram esclarecidos e assegurados ao participante desse estudo, assim como manter sigilo e
confidencialidade sobre a identidade do mesmo.
Declaro ainda estar ciente que na inobserváncia do compromisso ora assumido estarei
infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolugáo 466112 do Conselho Nacional de
Saúde - CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo o ser humano.
Natal, ,_ de _ de _
Müry-n\*Assinatura do pesquisaEor responsável
(XXXXXXXX),
(XXXXXXXX) (XXXXXXXX).
ANEXO 3 A Saúde e o Sono
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA
LABORATÓRIO DE CRONOBIOLOGIA
Questionário: A Saúde e O Sono
Adaptado de Mathias et al. Incentivar hábitos de sono adequados: um desafio para os educadores. In: Pinho, SZ, Saglietti, JRC. orgs.
Núcleos de Ensino da Unesp. São Paulo: Unesp, 2006; 718-731. LeBourgeois et al. The relationship between reported sleep quality
and sleep hygiene in Italian and American adolescents. Pediatrics 2005; 115: 257-265.
Essa pesquisa pretende conhecer alguns aspectos do cotidiano de estudantes como você, os hábitos de sono e as condições de saúde. Responda com sinceridade e precisão. Se você tiver alguma dúvida pergunte ao pesquisador. A sua colaboração é muito importante para nós. Obrigado! 1. Nome completo: Telefone residencial: 2. Sexo: M F 3. Data de nascimento: / / 4. Ano no qual você estuda: Ano turma 5. Período de estudo na escola: Manhã Tarde Noite 6. Endereço: 7. Quantas pessoas moram em sua casa? Eu moro com mais pessoas 8. Quantas pessoas dormem no mesmo cômodo que você? a) Eu durmo sozinho 0 pessoas b) Eu durmo com mais pessoa(s) 9. Marque com um "x" qual (is) desses itens existem em sua casa e indique a quantidade:
Itens Número de itens possuídos 0 1 2 3 4 5 6 ou mais A Televisor em cores B Rádio C Banheiro D Automóvel E Empregada mensalista F Aspirador de pó G Máquina de lavar roupa H Videocassete/DVD I Geladeira 10. Você trabalha? (em caso negativo pule para a pergunta 12) Sim Não
11. Se você trabalha, responda as horas em que você trabalha: A Segunda-feira às B Terça-feira às C Quarta-feira às D Quinta-feira às E Sexta-feira às F sábado às G Domingo às
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12. Marque um "x" na letra correspondente ao grau de escolaridade do chefe de família (considere o chefe de família aquele(a) que mais contribui com a renda familiar): A Não alfabetizado B Estudou até ______ano do Ensino Fundamental (1ª a 8ª série do ginásio) C Estudou até ______ano do Ensino Médio (1ª a 3ª série do colegial) D Estudou até ______ano do Ensino Superior (Universidade/Faculdade) E Completou o Ensino Superior 13. Como é sua freqüência na escola: (marque apenas uma alternativa) A Nunca ou raramente falto às aulas. B Falto às aulas cerca de uma vez por mês. C Falto às aulas cerca de uma vez por semana. D Falto às aulas mais de uma vez por semana. 14. Avalie o seu desempenho escolar: (Faça um risco vertical na reta abaixo) Muito ruim Muito bom 15. Na hora de dormir ou até duas horas antes de dormir, você costuma: A Fumar. B Tomar café. C Tomar chá (preto ou mate). D Tomar refrigerante do tipo cola (ex : coca-cola) e guaraná. E Tomar bebidas alcóolicas. F Tomar mais de 2 copos de água ou outro tipo de líquido G Nenhuma das alternativas anteriores. 16. Quando você está com fome antes de dormir, você costuma: A Tomar um copo de leite B Fazer uma refeição leve C Fazer uma refeição pesada D Dormir com fome 17. Você pratica atividade física (ex: caminhadas, musculação, basquete, etc.)?
18. Qual o horário mais freqüente em que você realiza esta atividade física? Das horas minutos às horas minutos 19. Se você faz algum curso fora da escola, marque os dias e os horários das aulas. A Segunda-feira às B Terça-feira às C Quarta-feira às D Quinta-feira às E Sexta-feira às F sábado às G Domingo às
20. Como é a qualidade do seu sono durante a noite? (Faça um risco vertical na reta abaixo):
20.1 A qualidade do meu sono nos dias de semana é: Muito ruim Muito boa 20.2 A qualidade do meu sono nos finais de semana é: Muito ruim Muito boa
A Não B Sim Qual? Com que freqüência? a Diariamente.
b Várias vezes por semana. c Uma vez por semana. d Ocasionalmente.
3
21. Sobre seu local de dormir, você o considera: Bom Ruim Se ruim, por quê? A É muito claro. B É muito barulhento. C É muito movimentado. D É muito quente. E É muito abafado. F Outros ______________________________________ 22. Você apresentou algum desses problemas no último mês? (marque UMA opção para cada uma das alternativas) Não Uma vez
por mês De 2 a 3 vezes/mês
De 1 a 2 vezes por semana
De 3 a 6 vezes por semana
Todos os dias
A Levar mais do que 30 minutos para adormecer.
B Acordar à noite e ter dificuldade em voltar a dormir.
C Acordar muito cedo e ter dificuldade em voltar a dormir.
D Sentir sono durante o dia. E Falta de ar enquanto dorme. F Pesadelos. G Ter câimbra dormindo ou ao
acordar.
H Roncar. I Andar dormindo. J Chutar as pernas dormindo. L Bater a cabeça dormindo. M Falar dormindo. N Gritar dormindo. O Ranger os dentes dormindo. P Se mexer muito dormindo.
23. Você gostaria de mudar algum aspecto do seu hábito de sono? (Pode marcar mais de uma alternativa) Durante a semana Finais de semana A Dormir mais cedo. B Dormir mais tarde. C Acordar mais cedo. D Acordar mais tarde. E Dormir por mais tempo. F Dormir por menos tempo. G Não mudaria nada. 24. Você dorme por: (Faça um risco vertical na reta abaixo) Prazer
Necessidade
25. É comum acontecer com você: Durante a semana Finais de semana A Antes de dormir, ir para a cama e ficar fazendo coisas que lhe mantêm
acordado (assistir TV, ler, jogar vídeo game, usar o celular)
B Ao deitar, não conseguir dormir pensando nas coisas a fazer C Ao deitar, ficar relembrando os eventos do dia D Olhar as horas no relógio várias vezes por noite E Usar a cama para outras coisas (falar ao telefone, estudar, ver TV, jogar
vídeo game, usar celular/computador/tablet)
F Não conseguir dormir e ficar na cama por mais de 1h G Fazer uso de medicamentos para conseguir dormir H Acordar e ficar na cama por mais de 30 minutos
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26. Você costuma se sentir sonolento durante o dia? (marque apenas UMA alternativa para os dias de semana e uma alternativa para os finais de semana)
Durante a semana Finais de semana A Não. B Sim, das 08 às 10 horas. C Sim, das 10 às 12 horas. D Sim, das 12 às 14 horas. E Sim, das 14 às 16 horas. F Sim, das 16 às 18 horas. G Sim, das 18 às 20 horas.
27. Que meio de transporte você usa para ir para a escola todos os dias ? Carro ônibus a pé outros Quais?___________
28. Você:
a) Se incomoda com alguma coisa no quarto quando está dormindo (ruído, luz, rádio, tv, irmãos)
( ) Não ( ) Sim. Qual (is)? _____
g) Tem TV no quarto ( ) Não ( ) Sim h) Tem computador ou laptop no quarto ( ) Não ( ) Sim
29. Você:
a) Apresenta algum problema de saúde ( ) Não ( ) Sim. Qual?_______________ b) Está tomando algum remédio ( ) Não ( ) Sim c) Está fazendo algum tratamento médico ( ) Não ( ) Sim d) Tem ou teve: (Caso você não tenha ou teve essas doenças, por favor, marque a opção nenhuma ao lado)
( ) Hipertensão ( ) Meningite ( ) Embolia ( ) Insônia ( ) Diabetes ( ) Encefalite ( ) Derrame cerebral ( ) Obesidade ( ) Dor de cabeça ( ) Déficit de atenção ( ) Dificuldade para falar
( ) Transtorno de aprendizagem ( ) Tumor cerebral ( ) Câncer ( ) Epilepsia (convulsões) ( ) Coma ( ) Infarto cardíaco ( ) Infarto cerebral ( ) Asma ( ) Nenhuma ( ) Outras. Qual?___________
e) Bateu forte com a cabeça ( ) Não ( ) Sim Perdeu a consciência? ( ) Não ( ) Sim Por quanto tempo?__________ Vomitou? ( ) Não ( ) Sim Foi ao hospital? ( ) Não ( ) Sim Teve fratura craniana? ( ) Não ( ) Sim
f) Fez alguma operação no cérebro ( ) Não ( ) Sim g) Desmaiou no último mês ( ) Não ( ) Sim h) Urinou ou evacuou por acidente no último mês
( ) Não ( ) Sim
i) Se perde frequentemente ( ) Não ( ) Sim j) Às vezes vê ou escuta coisas que outras pessoas não percebem
( ) Não ( ) Sim
k) Em alguns momentos não responde ao que estão dizendo
( ) Não ( ) Sim
32. Você gostaria de saber alguma informação a respeito do sono? Qual? _______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
ANEXO 4 Escala de Sonolência de Epworth
Nome: _______________________________________________data: ___/____/____.
Escola da pesquisa: _____________________________________________________.
Avaliação da sonolência (Johns, 1991)
Gostaríamos de saber qual a possibilidade de você cochilar ou mesmo dormir nas
situações seguintes (não estamos falando de CANSAÇO e sim de SONOLÊNCIA). Tais
situações referem-se a seu modo de vida usual e em termos recentes. Ainda que não
tenha passado por uma dessas situações ultimamente tente imaginar como você teria
agido.
Use a seguinte escala para escolher o número mais apropriado para cada situação:
0 = NÃO COCHILARIA NUNCA
1 = PEQUENA CHANCE DE COCHILAR
2 = MODERADA CHANCE DE COCHILAR
3 = GRANDE CHANCE DE COCHILAR
SITUAÇÃO
CHANCE DE
COCHILAR
1. Sentado, lendo.
2. Assistindo TV.
3. Sentado e passivo em lugar público (teatro, reuniões, aulas etc.).
4. Como passageiro numa viagem sem paradas, com duração de uma hora.
5. Deitado para descansar à tarde, quando as circunstâncias permitem.
6. Sentado, conversando com alguém.
7. Sentado tranquilamente após um almoço, sem ingestão de bebida alcoólica.
8. No carro, enquanto parado por alguns minutos no tráfego.
ANEXO 5 Cronotipo de Horne & Östberg
QUESTIONÁRIO DE MATUTINIDADE/VESPERTINIDADE
Nome: _________________________________________________________________ Sexo: __________
Escola da pesquisa: ___________________________________________________
Idade: ____________ Data de nascimento: ___/___/___
INSTRUÇÕES:
1. Use caneta esferográfica para responder às questões.
2. Leia com atenção cada questão antes de responder.
3. Responda a todas as questões.
4. As questões devem ser respondidas na seqüência da numeração e não podem ser alteradas.
5. Para cada questão coloque apenas uma resposta.
6. Responda a cada questão com toda a honestidade possível. Suas respostas e os resultados são
confidenciais.
1. Considerando apenas o seu bem-estar pessoal e
com liberdade total de planejar seu dia, a que horas
você se levantaria?
a) 05h00 – 06h30
b) 06h30 – 07h45
c) 07h45 – 09h45
d) 09h45 – 11h00
e) 11h00 – 12h00
2. Considerando apenas seu bem-estar pessoal e com
liberdade total de planejar sua noite, a que horas você
se deitaria?
a) 20h00 – 21h00
b) 21h00 – 22h15
c) 22h15 – 24h30
d) 24h30 – 01h45
e) 01h45 – 03h00
3. Até que ponto você depende do despertador para
acordar de manhã?
a) nada dependente
b) não muito dependente
c) razoavelmente dependente
d) muito dependente
4. Você acha fácil acordar de manhã ?
a) nada fácil
b) não muito fácil
c) razoavelmente fácil
d) muito fácil
5. Você se sente alerta durante a primeira meia hora
depois de acordar?
a) nada alerta
b) não muito alerta
c) razoavelmente alerta
d) muito alerta
6. Como é o seu apetite durante a primeira meia hora
depois de acordar?
a) muito ruim
b) não muito ruim
c) razoavelmente bom
d) muito bom
7. Durante a primeira meia hora depois de acordar
você se sente cansado?
a) muito cansado
b) não muito cansado
c) razoavelmente em forma
d) em plena forma
8. Se você não tem compromisso no dia seguinte e
comparando com sua hora habitual, a que horas você
gostaria de ir deitar?
a) nunca mais tarde
b) menos que uma hora mais tarde
c) entre uma e duas horas mais tarde
d) mais do que duas horas mais tarde
9. Você decidiu fazer exercícios físicos. Um amigo
sugeriu o horário das 07h00 às 08h00 da manhã, duas
vezes por semana. Considerando apenas seu bem-
estar pessoal, o que você acha de fazer exercícios
nesse horário?
a) estaria em boa forma
b) estaria razoavelmente em forma
c) acharia isso difícil
d) acharia isso muito difícil.
10. A que horas da noite você se sente cansado e com
vontade de dormir?
a) 20h00 – 21h00
b) 21h00 – 22h15
c) 22h15 – 00h45
d) 00h45 – 02h00
e) 02h00 – 03h00
11. Você quer estar no máximo de sua forma para
fazer um teste que dura duas horas e que você sabe
que é mentalmente cansativo. Considerando apenas o
seu bem-estar pessoal, qual desses horários você
escolheria para fazer esse teste?
a) das 08:00 às 10:00
b) das 11:00 às 13:00
c) das 15:00 às 17:00
d) das 19:00 às 21:00
12. Se você fosse deitar às 23:00 horas em que nível
de cansaço você se sentiria?
a) nada cansado
b) um pouco cansado
c) razoavelmente cansado
d) muito cansado
13. Por alguma razão você foi dormir várias horas
mais tarde do que é seu costume. Se no dia seguinte
você não tiver hora certa para acordar, o que
aconteceria com você?
a) acordaria na hora normal sem sono
b) acordaria na hora normal, com sono
c) acordaria na hora normal e dormiria
novamente
d) acordaria mais tarde do que seu costume
14. Se você tiver que ficar acordado das 04:00 às
06:00 horas para realizar uma tarefa e não tiver
compromissos no dia seguinte, o que você faria?
a) Só dormiria depois de fazer a tarefa
b) Tiraria uma soneca antes da tarefa e dormiria
depois
c) Dormiria bastante antes e tiraria uma soneca
depois
d) Só dormiria antes de fazer a tarefa
15. Se você tiver que fazer duas horas de exercício
físico pesado e considerando apenas o seu bem-estar
pessoal, qual destes horários você escolheria?
a) das 08:00 às 10:00
b) das 11:00 às 13:00
c) das 15:00 às 17:00
d) das 19:00 às 21:00
16. Você decidiu fazer exercícios físicos. Um amigo
sugeriu o horário das 22:00 às 23:00 horas, duas
vezes por semana. Considerando apenas o seu bem-
estar pessoal o que você acha de fazer exercícios
nesse horário?
a) estaria em boa forma
b) estaria razoavelmente em forma
c) acharia isso difícil
d) acharia isso muito difícil
17. Suponha que você possa escolher o seu próprio horário de trabalho e que você deva trabalhar cinco horas
seguidas por dia. Imagine que seja um serviço interessante e que você ganhe por produção. Qual o horário
que você escolheria? (Marque a hora do início)
12:00
1:00 2:00 3:00 4:00 5:00 6:00 7:00 8:00 9:00 10:00 11:0000:00
13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00
18. A que hora do dia você atinge seu melhor
momento de bem-estar?
a) 24h00 – 05h00
b) 05h00 – 08h00
c) 08h00 – 10h00
d) 10h00 – 17h00
e) 17h00 – 22h00
f) 22h00 – 24h00
19. Fala-se em pessoas matutinas e vespertinas (as
primeiras gostam de acordar cedo e dormir cedo, as
segundas de acordar tarde e dormir tarde). Com qual
desses tipos você se identifica?
a) tipo matutino
b) mais matutino que vespertino
c) mais vespertino que matutino
d) tipo vespertino
ANEXO 6 Protocolo diário de Atividades
Protocolo diário de uso de mídia: Nome do aluno(a)___________________________________________________Data: ____/___/______. Dia da semana:______________
Nome do aluno(a)___________________________________________________Data: ____/___/______. Dia da semana:______________
Computador Tablet Televisão Vídeo-game Celular
Computador Tablet Televisão Vídeo-game Celular
Computador Tablet Televisão Vídeo-game Celular
Computador Tablet Televisão Vídeo-game Celular
Hora do dia 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Hora do dia 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Hora do dia 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Hora do dia 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
ANEXO 7 Diário do Sono
Nome do aluno(a)_________________________________________
Data: Dia:_____ Mês:_______ ano:_____. Dia da semana:________
1. A que horas você foi deitar ontem?_______
2. O que você estava fazendo antes de dormir?
a) Estava assistindo TV.
b) Estava usando o computador.
c) Estava usando videogame/jogos eletrônicos.
d) Estava estudando/fazendo atividade da escola
e) Estava no trabalho
f) Estava em uma festa
g) Estava usando o celular
h) Outra atividade. Qual (is)? _____________
3. Você acordou durante a noite?
Não ( )
Sim ( ) Quantas vezes ? ______
4. A que horas você acordou hoje? _______
5. Por que você acordou nesse horário?
a) Por causa do horário da escola
b) Por causa de atividades físicas/esportivas
c) Para viajar
d) Para participar de atividades religiosas
e) Para passear ou ir ao praia/clube/parque.
f) Outro motivo. Qual (is)? _________
6. Como você foi acordado (a) pela manhã:
a) Pelo despertador ( ) b) Alguém chamou ( ) c) Sozinho ( )
7. Como você está se sentindo ao despertar? (Marque com um X)
8. Você cochilou durante o dia? Hora de Início Hora de término
Não ( )
Sim ( ) Quantas vezes ? ____
9. Uso do Actímetro:
Horários em que tirou o actímetro Horários em que colocou o actímetro
Nome do aluno(a)_________________________________________
Data: Dia:_____ Mês:_______ ano:_____. Dia da semana:________
1. A que horas você foi deitar ontem?_______
2. O que você estava fazendo antes de dormir?
a) Estava assistindo TV.
b) Estava usando o computador.
c) Estava usando videogame/jogos eletrônicos.
d) Estava estudando/fazendo atividade da escola
e) Estava no trabalho
f) Estava em uma festa
g) Estava usando o celular
h) Outra atividade. Qual (is)? _____________
3. Você acordou durante a noite?
Não ( )
Sim ( ) Quantas vezes ? ______
4. A que horas você acordou hoje? _______
5. Por que você acordou nesse horário?
a) Por causa do horário da escola
b) Por causa de atividades físicas/esportivas
c) Para viajar
d) Para participar de atividades religiosas
e) Para passear ou ir ao praia/clube/parque.
f) Outro motivo. Qual (is)? _________
6. Como você foi acordado (a) pela manhã:
a) Pelo despertador ( ) b) Alguém chamou ( ) c) Sozinho ( )
7. Como você está se sentindo ao despertar? (Marque com um X)
8. Você cochilou durante o dia? Hora de Início Hora de término
Não ( )
Sim ( ) Quantas vezes ? ____
9. Uso do Actímetro:
Horários em que tirou o actímetro Horários em que colocou o actímetro